JORNALZEN ANO 16
SETEMBRO/2020
Nº 187
www.jornalzen.com.br
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Renato Pizzutto
ZENTREVISTA
Tatiana Pimenta Pág. 3
ARTIGO
Que mundo estamos construindo? Pág. 7
PRIMAVERA DIGITAL Projeção de girassóis em prédios da zona oeste de São Paulo (acima). A flor é símbolo da campanha “Na Direção da Vida”, cujas ações integram o movimento Setembro Amarelo. O ponto alto ocorreu em 10 de setembro, Dia Mundial de Combate ao Suicídio. A iniciativa é da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata). Divulgação
PAISAGENS SONORAS O canal 100% Pure New Zeland, no Spotify, traz quatro faixas de áudio meditativo, que transportam os ouvintes para a Nova Zelândia, ajudando-os a se desconectar do estresse e acalmar suas mentes. Intitulado Mindful Journeys, o álbum traz sons únicos das Ilhas Norte e Sul do país da Oceania, incluindo pássaros nativos, piscinas de lama geotérmica borbulhantes, ruídos suaves do chão da floresta e som suave da brisa se movendo por ela.
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PANORAMA
CLÉLIO BERTI
Caminho da meditação A meditação tem inúmeras vantagens. Será uma das grandes habilidades do futuro. As pessoas que sabem meditar terão uma vantagem competitiva significativa. Quem tentou sabe o quanto é difícil acalmar a mente e mantê-la no presente. Ela foge, em todas as direções. Então, como fazer? O primeiro passo é entender o processo como uma caminhada. Quanto mais você perseverar na trilha, mais longe você chegará. Esse processo não é linear. Terá alguns momentos que você conseguirá boas práticas e outros momentos serão difíceis. O segundo passo é escolher uma boa metodologia. Como as pessoas são diferentes, um bom método para
um pode não ser para o outro. Ou seja, escolher uma metodologia que combine com a sua personalidade. O terceiro passo é ter a orientação de quem conhece. Com a popularização da meditação, surgiram muitos “professores” sem qualificação. Escolha quem tem conhecimento. Mesmo que você pague um pouco mais, os resultados compensarão. O quarto passo é ficar atento às indicações do professor. Pequenas dicas fazem a diferença. Por falar em dicas, você deixa os olhos imóveis quando faz meditação? Preste atenção nesse detalhe e terá rendimento melhor. Quer fazer uma semana experimental? Mande uma mensagem para o número de WhatsApp abaixo.
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Publicado por JORNALZEN EMPRESA JORNALÍSTICA LTDA. Fundado em janeiro/2005
FÓRUM DE QUALIDADE DE VIDA O Sesc São Paulo está promovendo neste mês de setembro, sempre às quartas-feiras, às 10h, o fórum on-line “Qualidade de Vida nas Organizações – Saúde Mental”. Durante as palestras, o público pode enviar perguntas na página do YouTube do Sesc Pompeia – youtube.com.br/sescpompeia. As inscrições são gratuitas em bit.ly/forum-qdvno-sesc-2020 VAGÃO DO ACOLHIMENTO O Movimento Falar Inspira Vida chega este mês à linha 4-amarela do metrô, em São Paulo, e transforma o local em um espaço de conscientização sobre a depressão. Até o dia 30, um vagão estará personalizado com expressões que utilizamos quando falamos da doença e que, muitas vezes, vêm carregadas de julgamentos, prejudicando quem precisa de ajuda. TATUAGEM DO BEM O tatuador Mahadevil criou uma ação solidária em apoio ao Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio. A ação irá acontecer durante todo o mês, de forma gratuita. Os interessados em participar devem enviar um e-mail para cicatrizes@mahadevil.com.br, com o assunto “cicatrizes”, contando um pouco sobre sua história, e inserir no corpo do e-mail o Estado e cidade onde mora. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA A CPFL Paulista implementou projeto de eficiência energética no Centro Boldrini, em Campinas. A ação contempla a instalação de uma usina solar fotovoltaica com a qual o hospital alcançará uma redução de cerca de 105,91 MWh ao ano, consumo equivalente ao de 44 residências. A obra ainda evitará a emissão de 7,95 toneladas de CO2 – o mesmo que o plantio de 48 árvores. APOIO AO INSTITUTO RONALD McDONALD A empresa Gocase está promovendo o projeto “Go For Good”. Toda a compra de cases para celular personalizadas com o tema “Conecte-se ao Amor” terá 20% do valor revertido ao Instituto Ronald McDonald, referência no combate ao câncer infantojuvenil. As estampas são produzidas com silicone maleável e alta qualidade de impressão. A case pode ser adquirida em bit.ly/capinhairm
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mpreender não é algo fácil num país repleto de oportunidades, mas também de muita burocracia. Abrir uma empresa em um setor até então desconhecido pode parecer loucura. Não para a engenheira civil Tatiana Pimenta. Depois de encontrar dificuldades no tratamento de uma depressão e enfrentar outro problema de saúde na família, ela decidiu criar uma plataforma para facilitar o encontro entre psicólogos e pessoas que desejam fazer terapia. Nascia, em 2016, a Vittude. Hoje, a marca – junção das palavras “vital” e “saúde” – atua em mais de 50 países e superou a marca de 6 mil psicólogos e 130 mil vidas cobertas. Ao longo de 13 anos, Tatiana construiu uma carreira executiva atuando em grandes corporações, tendo circulado por áreas como logística, operações e vendas. Nesta última, descobriu sua verdadeira vocação. Aos 39 anos, a sul-mato-grossense mora em São Paulo, aonde voltou em 2010 depois de passar por Rio de Janeiro, Santos e Salvador. Nesta entrevista ao JORNALZEN, Tatiana fala mais sobre a ideia bem-sucedida e avalia o cenário pós-pandemia, em que o atendimento on-line veio para ficar. Quando e como surgiu a ideia de criar uma startup de psicologia? Surgiu de um problema pessoal. Em 2012 tive depressão e enfrentei uma grande dificuldade para encontrar um psicólogo que pudesse me ajudar. Mesmo tendo acesso a plano de saúde, não consegui utilizar o serviço de forma adequada. Acabei escolhendo alguém que tivesse consultório próximo da minha casa e passei por três experiências frustrantes. Só consegui começar um processo de terapia depois de receber indicações de amigos. Nesse momento, deparei com outro desafio: me deslocar pela cidade de São Paulo para fazer terapia. Cheguei a levar mais de duas horas entre ida e volta do consultório. Anos depois, durante a crise que vivemos no Brasil em 2015, acabei sendo desligada da empresa onde trabalhava e enfrentado um problema de saúde familiar. Essas experiências me fizeram identificar um problema em nosso sistema de saúde, que é a falta de acesso a profissionais experientes e qualificados. Nesse momento decidi apostar no empreendedorismo e criar uma plataforma que pudesse facilitar o encontro entre psicólogos e pessoas em busca de terapia. Quais as tendências para a tera-
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ZENTREVISTA: Tatiana Pimenta
CAMINHO SEM VOLTA Fundadora de plataforma que liga psicólogos a pessoas em busca de terapia vê atendimento a distância como tendência irreversível pia a distância depois de passada a pandemia? Atendimento on-line, em qualquer área da saúde, tornou-se um caminho sem volta. Com a liberação das regulamentações na medicina, nutrição, fisioterapia e demais áreas, ficou evidente a importância do teleatendimento para a democratização do acesso. A tendência que vejo no póspandemia é de um crescimento gigantesco dessa oferta de serviços, principalmente pela adesão dos próprios profissionais. Se antes era preciso ficar em um grande centro para conseguir manter-se atualizado, agora deixou de ser. Com a digitalização crescendo, será possível que um profissional em qualquer canto do planeta possa exercer sua profissão. Não podemos deixar de lembrar que vivemos em um país onde 50% dos municípios não têm psicólogos e onde a única forma de atendimento possível é digital. Antes mesmo da pandemia, ¼ dos pacientes da Vittude era formada por pessoas falantes de língua portuguesa residentes em mais de 52 países. Pessoas que querem falar com um psicólogo em português, mas não encontravam nas cidades onde residem.
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De que foma é possível manter a saúde mental durante uma quarentena? Gerenciar o estresse é uma arte que devemos praticar todos os dias. Envolve autoconhecimento, autocuidado e, principalmente, saber dizer não. É responsabilidade de cada indivíduo cuidar de si. Não é porque estou em casa que preciso ultrapassar todos os limites. A psicoterapia é uma superaliada e uma ferramenta surpreendente no que tange especialmente a reconhecer nossas limitações e conseguir encontrar o equilíbrio necessário. Um dos elementos mais importantes no gerenciamento do estresse é a manutenção de pelo menos oito horas de sono muito bem dormidas. Além disso, é preciso garantir que façamos refeições equilibradas e que nosso organismo esteja hidratado, ingerindo pelo menos de dois e meio a três litros de água diariamente. Parece muito simples, mas a grande maioria das pessoas encontra dificuldade. E, incrivelmente, as telas dos smartphones, notebooks e televisores são grandes vilões, uma vez que interferem na produção de melatonina, afetando nossa saúde.
“Falar sobre saúde mental, informar e levar conteúdo relevante é essencial para derrubar barreiras e tabus”
Particularmente, como lidou com o período de isolamento social? Foi bastante produtivo. O primeiro ganho que tive foi de tempo. O fato de não precisar me deslocar para o trabalho diariamente foi revertido em horas de exercício físico, meditação ou um pouquinho a mais de tempo na cama. O foco no trabalho e as sessões de terapia semanais me mantiveram emocionalmente saudáveis. Tenho pais que moram em outro Estado, no grupo de risco. No início da pandemia fiquei muito aflita, com receio de que algo pudesse acontecer com eles. Mas aos poucos percebi que eles estavam se cuidando e que eu poderia manter a calma. Uma coisa fundamental foi estabelecer uma rotina. Descobri algumas novas atividades de lazer. Aprendi a cultivar orquídeas, comecei a escrever um diário e tenho dedicado bastante tempo para leitura e escrita. Além disso, praticamente eliminei a televisão dos meus hábitos. Como vê a proposta do JORNALZEN? Sensacional, começando pela missão de informar para transformar. Sou suspeita para falar, uma vez que sou apaixonada por leitura. Acredito muito no poder transformador da informação, da educação, da conscientização. Quando falo que trabalho com saúde mental, boa parte das pessoas pensa em doença. Quase ninguém associa saúde mental com alegria e felicidade. Falar de saúde mental, informar e levar conteúdo relevante é fundamental para derrubar barreiras e tabus. Vejo que o JORNALZEN está focado em falar de qualidade de vida e bem-estar, um passo muito importante para uma sociedade mais saudável. Que mensagem gostaria de deixar para os nossos leitores? Meu recado para qualquer pessoa sempre é o do autocuidado. A pessoa mais importante da nossa vida somos nós mesmos. Precisamos nos cuidar. Corpo e mente bem cuidados farão a diferença para uma vida longeva e feliz.
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O mundo pós-coronavírus
JOÃO SCALFI A Bíblia e a reencarnação (1) A simples leitura de algumas passagens do Novo Testamento faz ressaltar logo a naturalidade com que o renascimento era encarado pelos discípulos de Jesus, e por Ele próprio. Vejamos algumas dessas passagens. Mateus é o evangelista que fez maior número de referências ao renascimento de João Batista. Segundo Mateus, João Batista era a reencarnação de Elias: “Pois todos os profetas e a lei até João Batista profetizaram; e se quereis recebê-lo, ele mesmo é o Elias. O que tiver ouvidos, ouça.” (Mateus, XI – 13 a 15). “Indo Jesus para as bandas de Cesareia de Felipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do homem? Responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias, e outros: Jeremias ou alguns dos profetas.” (Mateus, XVI – 13 a 14). Nessa passagem destaca-se a naturalidade com que se encarava não só o retorno de Elias, mas também a possibilidade da reencarnação dos demais profetas. Transparece nessa passagem que tanto Jesus como seus discípulos tinham como coisa natural o fato de um profeta tornar a nascer e continuar sua tarefa de esclarecimento e orientação aos judeus. Deviam discutir tais questões, como pode verse pela seguinte passagem do mesmo evangelista: “Perguntaram-lhe os discípulos: Por que dizem, então, os escribas que Elias deve vir primeiro? Respondeu ele: Na verdade, Elias há de vir, e restaurará todas as coisas: declaro-vos, porém, que Elias já veio, e não o conheceram, antes fizeram-lhe
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tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer às suas mãos. Então os discípulos entenderam que lhes falava a respeito de João Batista.” (Mateus, XVII – 10 a 13). Em Marcos, podemos ler a mesma passagem: “Então lhe perguntaram: Como é que os escribas e fariseus dizem que Elias há de vir primeiro? E respondendo ele disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e todas as coisas restaurará: e, como está escrito acerca do Filho do homem, que deve padecer muito e ser desprezado. Mas digo-vos que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como dele está escrito.” (Marcos, IX – 9 a 13) Referindo-se ao retorno de Elias, Lucas explica a missão de João Batista: “Ele irá adiante do Senhor no espírito e virtude de Elias, para reunir os corações dos pais aos filhos, e converter os incrédulos à prudência dos justos e preparar ao Senhor um povo perfeito” (Lucas I: 17) João Batista, pessoalmente, não parecia saber que ele próprio era Elias renascido, conforme Jesus atestava. Isso é natural, pois as recordações reencarnatórias não são tão comuns assim. O esquecimento do passado é uma bênção de Deus porque, se essa lembrança viesse à mente, teríamos graves problemas de convivência com inimigos do passado. A lembrança poderia nos humilhar ou exaltar o nosso orgulho, bloqueando o livre arbítrio. O Espírito renasce frequentemente no mesmo meio em que viveu no passado. (continua)
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por Andrea Ladislau
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pandemia do coronavírus é uma realidade triste e muito preocupante. Vivemos a incerteza e imprevisibilidade por não sabermos exatamente o que virá amanhã. No entanto, não podemos negar que estamos passando por um processo construtivo de uma nova visão de mundo. Um novo mundo após a Covid-19, onde o aprendizado nos leva a estar mais atentos a todas as possibilidades vivenciadas nestes tempos difíceis. Fato é que o ser humano possui um potencial surpreendente no que tange às adaptações. E, ao ser testado, ativa a sensação de impotência que o leva a fazer autoquestionamentos e autoanálises de suas capacidades. Pegando esse gancho e trazendo o positivo para a reflexão, classificamos a evolução do indivíduo a partir das mudanças enfrentadas. Com isso, é muito importante agora olhar menos para o vírus e mais para as contribuições que o momento atual nos trazem. A tristeza e a apreensão causadas por uma epidemia, olhadas por outro viés, mostram que muitos hábitos adquiridos em tempos de Covid-19 trouxeram a consciência do senso de urgência, o decreto das prioridades e a potencialização do senso de coletividade como estratégias de contribuição para a evolução humana. A colaboração com o próximo nunca foi tão intensificada. Exemplos empáticos se espalham pelo mundo. Ações louváveis. Afinal, cuidar é um ato glorioso que tende a tornar o mundo muito melhor. A mudança na relação de higiene e cuidado, evitando doenças e promovendo uma melhor qualidade de vida, também se destaca dentro das novas rotinas evidenciadas. Também se destacam as soluções encontradas para suportar o isolamento social estimulando a criatividade, o que demonstra que podemos adaptar a nossa capacidade de enfrentamento conforme o desafio proposto. E entender que o decreto das prioridades e o modus operandi da comunicação global, sofreram alterações drásticas, mas, ao mesmo tempo, muito favoráveis. Estamos aprendendo a planejar horários e a descontruir a necessidade presencial nas empresas. A modalidade ho-
me office trouxe, com certeza, o conceito de comodidade, aliado a uma maior flexibilização, possibilitando o aumento da produção e da entrega. E, mais que isso, está contribuindo para orientar e canalizar melhor a autodisciplina. A necessidade de convivência 24 horas contribui para a aceitação e reconhecimento dos limites, de forma a fortalecer as relações interpessoais, trazendo ao consciente as aplicações do senso de pertencimento, da comunicação e da união. São excelentes aliados na proteção de nossa sobrevivência física e mental. Não haverá milagre após a pandemia, mas uma coisa é certa: o mundo estará diferente. O homem estará diferente. A percepção da ruptura de pensamentos arcaicos e engessados é evidente. Valorizar os detalhes e fazer escolhas conscientes pode controlar a sensação de impotência – que faz parte da condição humana. É urgente a necessidade de fortalecimento de nossa esperança em relação ao amanhã, modificando o indivíduo frente ao novo mundo pós-Covid -19. Um indivíduo que aprendeu a lidar melhor com suas fraquezas. Que compreende o quão frágil pode ser frente a situações maiores, que fogem ao seu controle e que, apesar de tudo, tem aprendido a gerenciar conscientemente suas emoções. A mudança de hábitos e os novos posicionamentos poderão fazer com que sejamos mais fortes, mais empáticos, mais cooperativos e menos imediatistas. Contribuindo também para que possamos valorizar mais os pequenos detalhes, os afetos e, dentro da evolução humana, acrescentar ingredientes carregados de harmonia, leveza e, principalmente, responsabilidades. Onde teremos, cada um de nós, a plena certeza do nosso papel e de nossos valores. Andrea Ladislau é psicanalista
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KARINA FERRARI
Emagrecer com florais de Bach? Como abordamos na edição anterior, vamos lembrar que o terapeuta holístico precisa levar seu cliente a um olhar para dentro de si mesmo e, com ele, pesquisar as causas das suas desarmonias. Por isso, os florais de Bach não “emagrecem” nem “curam” distúrbios alimentares. Entendemos que a cura está dentro de cada indivíduo, e à medida que ajudamos o cliente a se conectar com sua própria verdade interna, ele encontra o seu caminho de cura. Quando atendemos uma pessoa que está tendo problemas de saúde por conta do sobrepeso, vamos precisar fazer perguntas profundas para compreender a causa dessa desarmonia. Como é sua relação com a comida? Em que momentos percebe que precisa comer mais? Como está sua saúde física? Como se sente antes de buscar os alimentos? Como se sente logo após comer? O que você ouvia sobre comer quando era criança? O que você acredita que está te impedindo de conseguir os resultados que você deseja? Aos poucos vamos identificando o estado emocional em que a pessoa se encontra no momento e identificando as essências florais que ela irá precisar. Lembrando que a terapia floral deve seguir um processo terapêutico, onde vamos ajudando o
cliente a restabelecer o equilíbrio para aquilo que está mais consciente, na superfície, e aos poucos ele vai se conscientizando daquilo que está mais interiorizado, mais inconsciente para ele. Vamos a alguns exemplos de como a terapia floral de Bach pode contribuir para um caso como esse: Cherry Plum: come por compulsão, não consegue se controlar. Cherry Plum traz autocontrole e equilíbrio. Gorse: sente-se sem esperanças com relação a mudar os hábitos alimentares. Tentou várias formas de perder peso, sem sucesso. Gorse traz luz e confiança para continuar seu caminho com esperança. Hornbeam: sente preguiça de emagrecer, exercitar-se ou preparar alimentos saudáveis. Vai deixando para depois e nunca começa. Hornbeam traz energia e disposição para entrar na rotina saudável. Chestnut Bud: dificuldade em aprender com as experiências. Sabe o que precisa fazer, mas comete os mesmos erros. Chestnut Bud ajuda a assimilar o aprendizado com mais facilidade. Clematis: está com a mente no futuro, imaginando coisas. Quando se dá conta, já comeu mais do que devia. Clematis traz presença e atenção no aqui e agora. White Chestnut: come quando está preocupado e ruminando pensamentos. White Chestnut
traz paz mental e serenidade para lidar com as preocupações. Impatiens: fica agitado e ansioso quando está com pressa e acaba descontando na comida. Impatiens traz paciência e ritmo equilibrado. Agrimony: come por conta de uma ansiedade interior, que muitas vezes disfarça. Agrimony ajuda a trazer paz interior para aquilo que lhe causa tormento. Crab Apple: não se aceita com relação à sua aparência. Crab Apple ajuda a aceitar a si mesmo e enxergar a própria beleza, processo importantíssimo para que uma transformação possa ocorrer. Star of Bethlehem: algum trauma,
5 mesmo que antigo, leva a pessoa a buscar a comida como válvula de escape. Star of Bethlehem limpa os traumas, possibilitando um novo entendimento da situação passada. Temos, no total, 38 essências florais de Bach, e a causa da desarmonia alimentar poderia ser diferente dos exemplos acima mencionados. Lembre-se sempre que o terapeuta holístico deve olhar o indivíduo como um todo, jamais tratando sintomas, mas sim ajudando o cliente a compreender as razões de seu sofrimento para que ele possa encontrar um caminho para harmonia integral. Karina Ferrari é psicanalista clínica, especialista em florais de Bach, mestre em reiki e coach
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RENÉ SCHUBERT
Corrente do bem “Nenhuma atividade no bem é insignificante... As mais altas árvores são oriundas de minúsculas sementes” (Chico Xavier) “Palavras gentis podem ser curtas e fáceis de falar, mas seus ecos são verdadeiramente infinitos” (Madre Teresa de Calcutá) Nestes tempos de pandemia, de isolamento social, com seus medos e tristezas – falamos muito da falta do contato, do abraço, da troca. De disponibilizar-se ao outro e estar junto, contribuindo, plantando, colhendo, crescendo. Neste sentido vem a reflexão sobre a qualidade da gentileza. O ato gentil, o calor humano, no meio social. Gentileza é a qualidade do que é gentil, do que é amável. É uma forma de atenção, de cuidados, que torna os relacionamentos mais humanos e flexíveis. Quem pratica a gentileza não tem má vontade, não é indiferente, mas é cuidadoso e delicado. Com olhar amplo inclui ao outro, da forma como este é. A gentileza é uma forma de empatia. É uma ação feita por alguém que se importa e que busca mudanças positivas a partir da postura em seu entorno. No filme A Corrente do Bem, dirigido por Mimi Leder, há uma lição de perseverança e atitude em meio a um mundo frio e pessimista. O longa conta a história de Eugene Simonet (Kevin Spacey), um professor de Estudos Sociais, que faz um desafio aos seus alunos, ele quer que eles criem algo que possa mudar o mundo. Trevor McKinney (Haley Joel Osment), um de seus alunos é incentivado pelo desafio e cria um novo jogo, chamado “pay it forward”, em que a cada favor que recebe o indivíduo retribui a três outras pessoas. Surpreendentemente, a ideia funciona, ajudando o próprio Eugene
a se desvencilhar de segredos do passado e também a mãe de Trevor, Arlene (Helen Hunt), a encontrar um novo sentido em sua vida. Durante as aulas de Eugene os alunos são instigados a pensar sobre o valor que eles têm para o mundo estando somente na 7ª série, mesmo não sendo livres para ir e vir, o professor os ensina a pensar sobre como eles querem ver o mundo quando puderem tomar as próprias decisões. Os alunos ficam pensativos, assustados pelo tamanho do desafio, no entanto, Trevor consegue fazer um questionamento pertinente já na primeira provocação, perguntando: “O que o senhor faz para mudar o mundo?”. Neste sentido, quantos adultos, atarefados com suas obrigações, responsabilidades, dispõe de tempo, espaço para fazer gentilezas e cuidar dos colegas, comunidade, meio social? Hoje em dia, quais atitudes ou desafios poderiam fazer o ser humano “sair da caixa” e propor algo relativamente simples, porém, modificador para a sociedade como um todo? Uma forma cada vez mais disponível de altruísmo voltada ao bem comum é o trabalho voluntário. Talvez esta seja a ação que mais lembre o que configura no filme Corrente do Bem. O trabalho voluntário tem sido incentivado em instituições educacionais e empresas visando alcançar uma sociedade mais cuidadosa e solidária. É uma ação de prestígio social, visto que o voluntário ajuda quem precisa, contribuindo para um mundo mais justo e inclusivo. Em minha agenda social, profissional, pessoal... Qual o tempo, a atividade, o talento, o diferencial que eu poderia disponibilizar e estender ao outro, desconhecido e mesmo assim próximo, que poderia usufruir e crescer com isto?
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Uma dose de vitamina N por Ginessa Corrêa Lemos
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os poucos as portas foram se fechando, primeiro as empresas, depois o comércio e por fim as nossas casas. Conforme as recomendações das autoridades de saúde e para a segurança de todos, no dia 17 de março os parques nacionais também foram fechados e, na sequência, outras áreas naturais protegidas, como parques municipais, reservas particulares e até mesmo as praias. Parques Nacionais protegem áreas naturais com atrativos turísticos importantes, como as Cataratas do Iguaçu, o Cristo Redentor e as praias de Jericoacoara. A procura desses ambientes por visitantes gera renda para inúmeros pequenos negócios e comunidades. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em 2017 os visitantes gastaram cerca de R$ 2 bilhões, foram gerados aproximadamente 80 mil empregos diretos e R$ 2,2 bilhões em renda. Com o fechamento dos parques todos esses empregos e receita foram drasticamente reduzidos, afetando famílias que dependem destes recursos para sobreviver. Criatividade, solidariedade e coletividade estão sendo fundamentais para encontrar alternativas que buscam minimizar a difícil situação de tantos trabalhadores. Algumas comunidades afetadas se organizaram. Na Área de Proteção Ambiental da Ilha do Combu (PA), por exemplo, onde a população local passou a vender seus produtos via internet e criou vouchers promocionais para visitas futuras. Contudo, como nem todos têm essa opção, a alternativa foi contar com o movimento de esforços coletivos. Para atender as comunidades diretamente impactadas no entorno dos parques onde atua, o Grupo Cataratas, lançou uma campanha de arrecadação onde os doadores são contemplados com ingressos para as Cataratas do Iguaçu, o BioParque do Rio, o Cristo Redentor e o AquaRio. Com o valor arrecadado estão sendo distribuídas cestas básicas para as comunidades e equipamentos de proteção individual (EPIs) para profissionais de saúde que estão na linha de frente dos hospitais do Rio de Janeiro. Na região do Parque Nacional da
Chapada dos Veadeiros (GO), a Associação de Amigos dos Parque Nacional dos Veadeiros (AVE) estima que 3 mil pessoas estão em situação de vulnerabilidade devido ao fechamento do parque e ao encerramento das atividades de turismo. Uma campanha solidária foi criada para segurança alimentar dos afetados enquanto a região se prepara para o retorno dos turistas. Estar ao ar livre nunca foi tão desejado. Estar na natureza sempre significou saúde. E somente a vitamina N (N de natureza), como afirma o escritor e pesquisador Richard Louv, nos traz restauração e qualidade de vida, entre muitos outros benefícios. Não precisa ser no meio de uma floresta ou em uma praia paradisíaca, basta abrir a janela de casa que ela está ali convidando para uma experiência por meio do céu, das nuvens, ou até mesmo daquele vasinho de flores que exige o seu cuidado. O importante é procurar o que mais te agrada, te deixa confortável e se conectar. Enquanto isso, podemos aproveitar para planejar onde e como vai ser a próxima dose de saúde em uma área natural. A natureza nos mostra o quanto cada ser precisa estar conectado e em cooperação para que tudo esteja em equilíbrio. É com essa lição que comunidades, empresas e instituições estão conectadas, se preparando para receber a todos de forma segura, no tempo certo e contando, é claro, com a cooperação dos visitantes para que tudo volte ao equilíbrio. Seja para cochilar na sombra ou tomar um banho de sol para repor as vitaminas; seja em trilhas para diversão ou para se exercitar. Meditar, orar, brincar, ou apenas observar. Quando puder, tome sua dose de vitamina N! Os parques e as áreas naturais oferecem saúde e esperam a todos com o cenário perfeito para as selfies. Ginessa Corrêa Lemos é administradora da Reserva Natural Salto Morato na Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
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SANDRA APOLINARIO
Um conto sobre felicidade Todos vivemos esta jornada da vida em busca dessa tal felicidade. Muitas vezes está ao nosso lado ou nas pequenas coisas e não percebemos... Diz lenda que a felicidade é um animal selvagem. Que caminha pelas trilhas das florestas, esconde-se entre as árvores, raramente exibindo a sua beleza ao olhar passageiro. A lenda diz que a felicidade é um animal raro, um ser misterioso que causa cobiça e confusão naqueles que tanto desejam compartilhar da sua presença. Há muito tempo os seres humanos perseguem esse animal. Carregados de armas e forças, um por um, cada humano se aventura entre a mata escura, esperando a sua chance de capturar a felicidade despercebida, mas a felicidade não se deixa aprisionar. E quanto mais o ser humano se esforça, mais para longe a felicidade corre. Deixando para trás apenas uma pluma, um pequeno vislumbre da sua natureza indecifrável. E dia após dia a felicidade se esconde novamente, se tornando apenas uma lenda, uma fábula de algo que um dia existiu entre as
profundezas da terra. Os seres humanos, desesperados, um dia decidiram subir a montanha e perguntar para um velho sábio que todos diziam conhecer a felicidade e perguntar-lhe qual era o segredo para conquistá-la. No caminho até o topo, já se armavam com seus livros de autoajuda, suas sacolas cheias de moedas pesadas, seus espelhos que refletiam imagens imaculadas de si próprios. “Alguma dessas armas deve conter o segredo da felicidade, em algum desses apetrechos nós devemos encontrar o que ainda está nos faltando”. Mas ao chegar ao topo da montanha, para sua surpresa, lá estava ela: a felicidade. Repousando pacificamente aos pés do seu mestre. Com olhos de cristais e plumas coloridas que formavam pequenos arco íris refletindo os raios de sol. Os seres humanos, atônitos, perguntaram ao mestre: “O que fizeste para que a felicidade repouse aqui com tanta facilidade?” E o mestre, em toda sua calmaria, respondeu: “Eu simplesmente deixei a porta aberta.” A felicidade gosta de espa-
ços quentes e amorosos. A felicidade se atrai pela risada de uma criança, pelo cheiro fresco da gratidão. Se a porta estiver aberta, a felicidade irá entrar. Ela gosta de ser livre, de caminhar entre a mata. A felicidade sempre irá partir novamente. Mas se a casa se mantiver aberta, ela há de retornar.
Que mundo estamos construindo? por Marcella Zambardino
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oje, grávida – mais especificamente, aos oito meses de gestação –, imagino o mundo que gostaria para essa criança que está vindo. Um lugar mais igualitário e com valores, onde a saúde seja mais importante que o dinheiro, são os meus principais grandes sonhos. A pandemia tem gerado um grande despertar de consciência no mundo em relação ao nosso impacto e o que é realmente necessário. A desigualdade social e a diferença de privilégios ficaram escancaradas, e deixa claro que a maioria da população está sem segurança do básico, como casa, água limpa, ar puro e alimento saudável. Com grande parte das pessoas passando mais tempo em casa, o isolamen-
to social também proporcionou uma análise sobre os hábitos de consumo. Nossa sociedade por muito tempo conectou o sucesso com os bens materiais e o valor econômico das coisas, mas hoje vemos que isso nem sempre será o motivador da felicidade e que os grandes exemplos podem ser pessoas que vivem de uma forma muito mais simples. Há alguns anos venho me reconectando com a Terra, aproximando-me de pessoas como agricultores familiares e orgânicos, comunidades locais e povos indígenas. Para promover a mudança que eu quero no mundo, no meu trabalho eu busco dar visibilidade para essas populações que estão em contato com a natureza, produzindo itens necessários sem agredir nosso planeta. Sei que nem todo mundo tem uma
profissão ou um trabalho como o meu, onde é possível promover a mudança de forma real e escalável, mas se cada um de nós começar uma pequena mudança, o impacto positivo será enorme. E para isso, não é preciso atitudes radicais. O simples ato de refletir sobre os produtos que consumimos e o impacto da produção e existências deles para o mundo já é uma evolução muito grande. Cada escolha que você faz tem impacto e automaticamente te conecta com quem produz, logo você se torna parte da solução ou do problema. Eu também já estive em um lugar em que achava que minha parte era muito pequena para uma mudança positiva no todo. Hoje, busco gerar reflexão em todos a minha volta, porque, sim, a sua atitude vai se refletir no futuro. E ela
7 A felicidade não é uma conquista, ela jamais se deixa aprisionar. Ela é uma dança que acontece na arte da entrega e da procura. É uma presença que mesmo quando longe, sempre deixa as suas plumas permeando beleza por onde passou. A felicidade não precisa de esforço ou apetrechos complicados, porque para recebê-la, só é necessário que você mantenha as portas abertas. E como está a sua porta para a felicidade?
não ocorre somente para o benefício individual, mas para todos. O maior legado que quero deixar para as próximas gerações é que uma empresa pode ser regenerativa para a natureza e economicamente sustentável, com reconhecimento justo para todos os envolvidos na cadeia. Não é fácil, já que temos que quebrar paradigmas, mas a cocriação funciona e as soluções sociambientais se tornam mais lucrativas a médio prazo para empreendedores, produtores, consumidores e para o planeta! Te convido a fazer parte desta mudança com essa reflexão: assim como tratamos uns aos outros, tratamos a Terra e todas as relações. Como você quer ser tratado? Como quer tratar a Terra? O que deseja deixar para as futuras gerações e qual impacto você causa dia a dia? Marcella Zambardino é formada em design e cofundadora da marca verde Positiv.a
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ELPIDIO A. PINHEIRO Quem somos nós? Desde o início de maio, passada a quarentena (40 dias) da pandemia da Covid-19 no Brasil, a inquietação e ansiedade se acentuaram na maioria das pessoas. Isoladas e convocadas a olharem para si mesmas, evitaram se postar diante do espelho e a escutar a pergunta genuína que não cala: “Quem sou eu? Qual o objetivo de minha existência?”. Assustaram-se, angustiaram-se e, algumas, renderam-se à depressão. Os muitos afazeres da vida moderna, que ocupavam nosso cotidiano, nos distraiam e nos distanciavam de nossa essência e do desejo anímico pelo conhecimento e descoberta de nosso dom e missão de vida: “Por que faço o que faço? Para quem posso fazer algo? Como seguir me aperfeiçoando como ser, respeitando meus limites e expondo minha vulnerabilidade, decorrentes de minha humanidade?” Ao transitar de carro pelas ruas das cidades, para cumprir algumas tarefas inadiáveis, deparo-me com aglo-
merações de pessoas pelos bares, confraternizando-se e expondo-se destemidas (descuidadas?) da infecção pelo invisível vírus. Melhor se arriscar no contato com eventuais pessoas contaminadas do que vivenciar o cárcere privado que provoca a inquietação da barulhenta mente e nos impede de silenciar e induzir ao mergulho dentro de nós mesmos? Neste momento, as dores e sofrimentos mais recônditos de nossa criança ferida emergem como as lavas de um vulcão enfurecido, em um corpo enrijecido, mental e fisicamente. Hora propícia para nos desconectarmos do tempo cronológico e nos permitir sentir “kairós” – o eterno presente. Com apoio da respiração diafragmática, vivenciar o “aqui e agora”. E buscando humildemente a ajuda adequada, se entregar ao fluxo da vida: “Eu estou aqui! Faça de mim instrumento de Sua Vontade!”
Setembro/2020
Marcelo Sguassábia Kindle como pano de fundo É a unanimidade pandêmica por excelência, como pano de fundo das lives de jornalistas, escritores, políticos, infectologistas e congêneres: a estante de livros, repleta de volumes os mais variados e organizados por ordem alfabética, cor da capa, gênero, assunto ou autor. Em alguns casos, de propósito, são dispostos sem separação alguma, resultando em uma espécie “casualidade” meticulosamente estudada por decoradores, para conferir um ar blasé ou de robusta cultura geral. Uma coisa meio “bagunça organizada”, dando a entender que o proprietário da biblioteca é de fato um devorador dos próprios alfarrábios. Personal stylists (ou personal cults, melhor dizendo) de todos os naipes e orçamentos divergem quanto a escolher livros que escancarem os títulos nas lombadas ou optar por um toque mais discreto e até misterioso, com capas mais clássicas, puídas e cheias de arabescos, sem os títulos estampados. E dá-lhe garimpos incansáveis nos sebos para comprar metros e metros
de livros que ostentem tais lombadas, independente do que tenham dentro. Só que é tanto disso, a toda hora e em todas as telas, que o background ficou velho. Virou paisagem, cansou como cansados estamos dessa pandemia interminável. Agora, tudo indica que atingimos o platô da neurose intelectualoide, elevando a coisa à enésima potência do minimalismo: as toneladas de livros começam a ser substituídas por três ou quatro kindles, escorados por aqueles elefantinhos de granito ou mármore, que serviam de aparadores dos então livros de papel – que já cansaram a beleza. Que evolução, gente! Para se ter uma ideia, um Kindle Oasis de 32 GB tem armazenamento suficiente para encurralar um mínimo de 16 mil e-books, em meros 224 centímetros quadrados (16 x 14). Isso, em volumes analógicos, daria quase a metade da antiga biblioteca do José Mindlin, o maior bibliófilo desta inculta Terra Brasilis. Aí, para não perder a pose e reverter o aparente miserê bibliográfico às suas costas, o dono da live saca displicentemente, sem tirar os olhos da câmera, um dos três kindles que “lotam” a sua estante, e cita uma frase de Nietzsche para encerrar sua transmissão. Chic. Ponto para o personal cult. Marcelo Sguassábia é redator publicitário
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Setembro/2020
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VIDA EM HARMONIA “Quando entrar setembro, e a boa nova andar nos campos. Quero ver brotar o perdão, onde a gente plantou juntos, outra vez. Já choramos muito, muitos se perderam no caminho. Mesmo assim não custa inventar uma nova canção, que venha nos trazer sol de primavera, abre as janelas do meu peito. A lição sabemos de cor, só nos resta aprender.” Essa letra da música de Beto Guedes espelha muito bem o nosso tempo e a esperança em começar a primavera, trazendo os encantos das flores que brotam e nos lembra da beleza da vida. A primavera nos desperta o sentimento de gratidão por novas oportunidades de nos reinventar e brotar para uma nova caminhada. E um bom exercício para fazer é arregaçar as mangas e começar a mexer na terra, plantas, sementes... É saudável e relaxante.
OPERAÇÃO PRIMAVERA Antes de ter um jardim em sua casa, é preciso que conheça algumas dicas, truques e as reais necessidades das plantas para cuidar bem delas. Em troca, elas envolverão sua casa numa suave e tranquila onda verde. • Lave as folhas das plantas, para elas respirarem melhor. • Vaporize suas plantas ao menos duas vezes por semana. Elas adoram esse “banho”.
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• Qualquer cantinho da sua sala pode ser o “terreno” ideal para fazer um jardim. Mas uma coleção muito grande de plantas num único ambiente pode acabar parecendo um amontoado de verde. • As plantas colocadas próximas às janelas tendem a crescer em direção à luz. Para que elas cresçam por igual, vire os vasos de vez em quando – para receberem luz de todos os lados. • Use vasos de barro, xaxim ou amianto, que permitem que as raízes respirem livremente.
• Olho clínico: folhas murchas são consequência de apodrecimento da raiz. Folhas amarelecidas e caídas são sintomas de superirrigação. Se as folhas começam a ficar menores, é sinal de que está na hora de trocar de vaso. Uma planta murcha com folhas caindo indica que ela não está recebendo luz suficiente.
BELEZA E SAÚDE LEGUMES E VERDURAS • Ao se cozinhar a beterraba, deve-se deixar 3 centímetros de talo e não cortar a sua parte terminal. Esses cuidados evitam que a beterraba perca líquidos durante o cozimento, o que acentua seu sabor e deixa com cor mais concentrada. • Para cozinhar brócolis, deve-se colocá-los em pouca água fervente e sal, mantendo-se a panela destampada durante o cozimento.
A alimentação é um fator importante para sua beleza, principalmente num clima quente como o nosso. Se a alimentação for pesada, gordurosa e condimentada, facilmente aumentará a oleosidade da pele. Não sobrecarregue o seu organismo com alimentos difíceis de ser digeridos. Se comer carnes, coma magras e brancas. Abuse das frutas, sucos e muita água. Evite carnes de porco, frios, alimentos em conserva e congelados, álcool, cigarros, frituras e muito tempero. Cuide bem de você e do planeta!
FRUTAS DO MÊS Abacaxi, banana, figo, laranja, mamão, melão, morango, nêspera, pera, maçã * Comprando as frutas da estação, economizamos na hora da compra e comemos tudo mais fresco
* O figo é rico em açúcar. Portanto, fermenta facilmente e não deve ser guardado por muito tempo.
PARA ANUNCIAR NESTA PÁGINA: 19 99561-4785 (WhatsApp)
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Setembro/2020
SABRINA AMARAL
NATÁLIA MIGUEL
Hipnose e terapia de vidas passadas
A saúde é dinâmica
Não é incomum as pessoas me questionarem se trabalho com terapia de vidas passadas, pois acreditam que seu problema “x” tenha origem espiritual ou algo do tipo. A terapia regressiva é uma das principais ferramentas da hipnose e foi o doutor em psicologia Morris Netherton, o pioneiro no assunto. Na prática, proporcionamos um estado ampliado de consciência ao paciente, para acessar seu reservatório mnemônico e provocar o que Freud definiria como catarse. Ou seja, ao acessar o passado ele se liberta de traumas trazendo alívio aos sintomas para o aqui e agora. Estudos mostram que a técnica trata tanto questões emocionais quanto físicas, e já existem pesquisas que evidenciam os resultados. Mas a pergunta que não quer calar: é possível regredir a vidas passadas? Brian Weiss, autor do best-seller Muitas vidas, muitos mestres relata inúmeros casos clínicos de regressão espontânea a vidas passadas que trouxeram cura aos pacientes.
Não vou entrar aqui no viés de crenças desta terapia. Gostaria de trazer três linhas de pensamento que se propõem a sustentá-la: a primeira defende a existência de memória genética, a qual é acessada durante o processo; a segunda se baseia nos arquétipos do inconsciente coletivo e a terceira diz que são representações simbólicas das metáforas do inconsciente. Se ela existe ou não, não me cabe julgar. Se alguém crê que a causa de sua claustrofobia foi o fato de ter sido trancado num porão em 457 a.C., e puder se curar com a regressão à vida passada, então vou defender a prática até o fim. Afinal, como diria Jung, “domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Isso para mim é o suficiente. Sabrina Amaral, psicóloga e hipnoterapeuta clínica, é fundadora da Epopéia® e atua há 20 anos com desenvolvimento humano. É embaixadora da Rede Mulher Empreendedora, mentora na HCN (ONU e Unicef) e membro Ibhec (Int. Board Hypnosis Educ. & Certification). www.epopeia.com.br sabrina@epopeia.com.br Insta e Face: @epopeia.com.br
Muitas vezes nos apoiamos no conceito de ter e procurar uma vida equilibrada, um lugar de estabilidade. Mas este é um estado possível de alcançar? Manter por mais que alguns instantes ou dias? Nesse mundo, dificilmente. Os fenômenos são muito voláteis, inconstantes e mudam a todo o tempo, principamente nesta era digital. O que é ter saúde, então? Como sei que estou caminhando para um equilíbrio dinâmico? O nosso organismo está a todo momento sofrendo pequenas flutuações e variações, em todos os níveis, celular, metabólico, emocional, mental, há milhares de interações ocorrendo a todo segundo. A ideia é fazer com que estas flutuações oscilem de maneira menos intensas. É importante saber que na
vida teremos momentos de grandes flutuações e desequilíbrios, mas, se no dia a dia conseguimos nutrir em sua maioria do tempo pequenas flutuações e oscilações, conseguiremos rápido, voltar para o estado de equilíbrio dinâmico, e períodos de caos intensos nos servirão como aprendizado e desenvolvimento da saúde a níveis mais profundos. Pois bem, poema para introduzir mais ainda a esta reflexão: “Caos, ordem no caos, caos não é aleatório nem insatisfatório, em tudo há sua regra de ouro, tudo está em seu espaço, sem acaso nefasto. Tranquiliza e suaviza, sente a brisa, suave serena, a centelha que lhe acompanha também permeia, tudo e todos. Atento, intento, percebo... Há harmonia, magia, alquimia... No caos está a sabedoria.”
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INDICADOR TERAPÊUTICO
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Setembro/2020
CULTURAZEN Rafael Scucuglia
O arte-educador Silval Oliveira com o livro que serviu de base para Eureka, nova peça produzida em vídeo pela ONG Embaixadores da Prevenção que está disponibilizada nas redes sociais
Divulgação
Em meio à pandemia, voluntários da Associação Griots continuam levando histórias para crianças e idosos hospitalizados por meio de vídeos, podcasts, lives e contatos por telefone
Andressa Cruz Fotografia
Veridiana e Wilson Mellilo na inauguração do Centro de Referência do Autismo de Jaguariúna
Ítalo Castro
Profissionais de saúde receberam buquês de tulipas distribuídos em hospitais de São Paulo pela Câmara de Comércio Holando-Brasileira na campanha “Fazendo o Bem Juntos”