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entrevista Pedro Remy Um “estratega cultural” ao som do jazz e das tesouras de cabelo Há 18 anos a trabalhar na indústria dos cabelos, Pedro Remy, cabeleireiro e “estratega cultural” na cidade de Braga, diz sentir-se uma pessoa realizada. A oferta de um espaço diferente, que primazia a cultura, procura dar reposta à falta de alternativas em Braga. Pedro Remy tece mesmo uma crítica ao facto de a cidade não proporcionar espectáculos culturais, defendendo uma política que aposte na criação de público em Braga. Página 08 e 09

Jornal Oficial da AAUM DIRECTOR: Vasco Leão DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 146 / ANO 6 / SÉRIE 3 TERÇA-FEIRA, 05.ABR.11

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universidade do minho

Quatro listas de estudantes para eleições no Conselho Geral da UM Página 05

campus “Padrinhos” Xutos & Pontapés e “tio” Quim Barreiros regressam ao gatódromo Página 05

cultura Um diário onde cabem sonhos, objectos e um dinossauro fossilizado Uma dupla de criadores a mostrarem as obras que, nestes últimos anos, andaram a congeminar em conjunto. A galeria Show Me inaugurou este fim-de-semana uma nova exposição, assinada pela dupla Bárbara Fonte e António Machado. Um universo pessoal e íntimo desvelado em peças de dimensões admiráveis, para ver até final de Abril. Página 16

CONTAS E ACTIVIDADES APROVADAS POR MAIORIA


FICHA TÉCNICA

SEGUNDA PÁGINA

FICHA TÉCNICA // Jornal Oficial da Associação Académica da Universidade do Minho. // Terça-feira, 05 Abril 2011 / N146 / Ano 6 / Série 3 // DIRECÇÃO: Vasco Leão // EDIÇÃO: Daniel Vieira da Silva // REDACÇÃO: Ana Lopes, Bruno Fernandes, Carlos Rebelo, Cátia Alves, Cláudia Fernandes, Cláudia Rêgo, Daniela Mendes, Diana Sousa, Diana Teixeira, Diogo Araújo, Eduarda Fernandes, Eduardo Rodrigues, Fabiana Oliveira, Filipa Barros, Filipa Sousa, Franscisco Vieira, Goreti Faria, Goreti Pêra, Inês Mata, Iolanda Lima, Joana Neves, José Lopes, Lucilene Ribeiro, Maria João Quintas, Mariana Flor, Neuza Alpuim, Patrícia Painço, Rita Vilaça, Sofia Borges, Sónia Ribeiro, Sónia Silva, Tânia Ramôa e Vânia Barros // COLABORADORES: Cátia Castro, Elsa Moura e José Reis, // GRAFISMO: gen // PAGINAÇÃO: Daniel Vieira da Silva e Luís Costa // MORADA: Rua Francisco Machado Owen, 4710 Braga // E-MAIL: jornalacademico@rum.pt // TIRAGEM: 2000 exemplares

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BARÓMETRO

EM ALTA

NO PONTO

EM BAIXO

Pedro Remy Chamam-lhe “estratega cultural” e prevêem-lhe um pelouro da cultura na Câmara Municipal. O que é certo é que, na humildade dos seus cabeleireiros/espaços culturais/sala de bom gosto, vai deixando algumas achegas a quem manda na cultura de Braga (se é que ela existe).

Debate fundacional A AAUM solicitou, e bem, a presença do reitor da UM numa sessão de esclarecimento (6 de Abril) acerca da questão que irá marcar o dia-a-dia na Universidade nos próximos tempos. Este é um grande passo e os estudantes terão um papel fundamental nesta decisão do Conselho Geral.

SCBraga/AAUM Depois de tantas vezes “Em alta” neste barómetro, a equipa, em si, esteve em baixo nesta jornada. O empate do 2º classificado minimizou os estragos. Apesar de ainda em primeiro lugar, os minhotos precisam de concentração para esta importante fase final da época. Eles são capazes! Força!

DANIEL VIEIRA DA SILVA // daniel.silva@rum.pt

EDITORIAL

Fundação. Sim ou não? É esta a questão que vai andar nas bocas da comunidade académica nos próximos tempos. Este importante passo será decidido em Conselho Geral no próximo dia 30 de Maio. 23 pessoas têm nas suas mãos o destino da Universidade do Minho. Entre elas estão, como não podia deixar de ser, estudantes que irão bater-se pelo melhor para os seus pares. Sobre esta questão permitam-me que recupere as palavras de um docente e que me chegaram ao e-mail. O professor em causa sublinha “colocar algumas reticências à auscultação dos alunos para a tomada de decisão neste domínio. Será que os alunos que por cá passam um, dois ou três anos, deverão decidir sobre o futuro de quem cá está e continuará a estar, feliz ou infelizmente, mais anos, ou até a sua vida laboral inteira?” Por norma, palavras de um professor são sábias. Quase sempre as entendi assim. Mas neste caso, e não querendo revelar nomes, resta-me considerar este excerto um (precioso) absurdo . Corrijam-me se estou enganado, mas não devem ser os estudantes o motor e cerne de uma universidade. Não terão os docentes a função de “fazer transmissão de conhecimentos” aos seus educandos? Corrijam-me mesmo se estiver enganado, mas não são os alunos a razão da existência de professores numa universidade? Se estou enganado, então retiro o que disse. Mas, sinceramente, aprecio a “coragem” deste docente em exprimir a sua posição. Ainda assim, isso levanta um receio. Não será este o pensamento de outros tantos? Estarão mesmo a mais os estudantes numa universidade? Parece-me que não. Muito honestamente. Fiquemos com o bom senso daqueles estudantes que saberão, melhor que ninguém, defender os seus pares no Conselho Geral. Até para a semana! PUB.


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LOCAL

alunos da UM em missão de voluntariado rumo a moçambique Equipa do EDUCA num posto de venda goreti faria goreti.fcs@gmail.com

Moçambique, um país em que 55% da população vive abaixo da linha de pobreza estabelecida a nível nacional, em que a esperança média de vida à nascença é apenas de 48 anos de idade, em que 21% das crianças com menos de 5 anos de idade estão mal nutridas, em que apenas 47% da população tem acesso a uma fonte de água melhorada e em que apenas 1.6% da população utiliza a Internet, entre muitos outros dados que divergem completamente da realidade a que estamos habituados. Moçambique acolhe uma população que vive em condições altamente precárias, acolhe crianças que não podem estudar, crianças que não podem sonhar e, muitas vezes, crianças que não chegam a poder crescer. A diferença que faz a parte do globo em que cada pessoa nasce.

ses que apresentam carências semelhantes ou ainda mais graves. No entanto, há muitas pessoas que gostariam de ajudar e não o podem fazer porque partir em missão implica custos e o número de voluntários que cada instituição consegue suportar é limitado. Foi assim que, com vontade de ajudar, se juntarem oito estudantes da Universidade do Minho – dos cursos de Economia, Educação Básica e Medicina – para levarem a cabo um projecto de voluntariado. Projecto que tem como vector estruturante uma missão de um mês em Moçambique onde os conhecimentos que estes alunos tiveram oportunidade de adquirir possam ser em parte transmitidos a

É com a venda de bolos e doces que o projecto EDUCA tenta conseguir recursos quem essa oportunidade não foi dada. Contudo, a preocupação destes estudantes não é apenas aquilo que se passará ao longo da missão – é também garantir que o projecto terá continuidade, na forma de organização de mais missões

Destino: Moçambique Há várias instituições a levarem a cabo iniciativas para ajudar Moçambique e outros paí-

Projecto EDUCA junta estudantes da UM

(com outros voluntários), programas de apadrinhamento, constituição de fundos e afins. Um Projecto Chamado EDUCA A Filipa conhecia o Firmino, o Firmino conhecia a Isa e assim sucessivamente e todos tinham vontade de ajudar. Feitas as apresentações, foi altura de começar a planear. O Instituo de Educação da Universidade do Minho voluntariou-se para ajudar estes estudantes e contactou ainda uma associação de cooperação para o desenvolvimento, chamada Kutsemba e criada como resultado de uma missão a África no Verão de 2009, que proporcionou as condições para existir um local de missão, Matola. O nome do projecto, EDUCA, surgiu por acaso, numa das reuniões semanais que o grupo tem agendadas. Etapa 1: Financiamento O primeiro passo foi uma can-

didatura ao programa “Youth in Action” promovido pela Comissão Europeia, programa que financia um projecto de voluntariado, escolhido entre mais de 300 candidaturas. Cerca de 30 páginas e dois formulários de candidatura depois, o apoio financeiro não foi conseguido – falhou um pormenor técnico. Assim, a angariação de fundos assume agora um papel preponderante neste projecto, tomando a forma de venda de bolos, rastreios, concertos de música rock e de música clássica, aulas de culinária, aulas de dança, uma banca no mercado da Braga Romana, almoços africanos e tudo o que vier à cabeça destes estudantes. A angariação já se encontra em curso e pode ser encontrada pelos quatro cantos da cidade de Braga (e também num bocadinho da cidade do Porto). Nas próximas semanas terão lugar várias actividades – toda a informação poderá ser encontrada na página de Facebook da iniciativa, Projecto EDUCA. PUB.


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CAMPUS

orçamento e plano de actividades da aaum aprovados por maioria em rga RITA VILAÇA riiita_@hotmail.com

Foi na passada quarta-feira, dia 30 de Março, que a Reunião Geral de Alunos (RGA) teve lugar no CP2 de Gualtar. Contando com a presença de Luís Rodrigues, presidente da Associação de Estudantes da Universidade do Minho (AAUM), e da restante equipa de direcção, a última RGA teve como objectivo a discussão e aprovação do relatório de contas de 2010 e do orçamento e actividades para 2011, elaboradas pela AAUM. Começando por enumerar algumas actividades conduzidas pela AAUM, como o Entrepreneurship day @AAUMinho, a Dádiva de Sangue e a 1ª formação pedagógica para delegados, Luís Rodrigues abordou alguns temas mais polémicos, levantados pela oposição. “Podemos passar o tempo nas ruas a ripostar, ou então podemos fazer alguma coisa e lutar

de outras formas”, corroborou o presidente, quando confrontado sobre a posição da AAUM relativamente à manifestação de dia 12 Março, intitulada “Geração à Rasca”.

Orçamento aprovado por maioria Foi com 54 votos a favor, 4 contra e nenhuma abstenção que o orçamento e o plano de actividades para 2011 foi aprovado. Paralelamente à discussão relativa ao orçamento de 2011, o presidente da AAUM expôs o plano de actividades para o presente ano, bem como os respectivos gastos, explicando ainda a viabilidade e pertinência de cada departamento da AAUM. Depois de apresentado o relatório de contas de 2010, dando especial ênfase a actividades como o “Enterro da Gata” ou a “Recepção ao Caloiro”, o Conselho Fiscal e Jurisdicional

(CFJ), na voz de José Carvalho, deu um “parecer final”, questionando gastos como os da nova sede da AAUM dentro do campus de Gualtar, gastos com o evento University Fashion e com o Departamento Desportivo. “O Departamento Recreativo tem um grande peso no orçamento”, explicou Luís Rodrigues, respondendo e justificando todos os gastos anteriormente apresentados. O relatório de contas 2010 foi aprovado com 55 votos a favor, 3 abstenções e nenhum voto contra. O líder associativo enumerou ainda algumas inovações com o objectivo de dinamizar e desenvolver a comunicação da Associação: como a remodelação total dos sites relacionados com a AAUM, assim como uma parceria com a AAUM TV e com os alunos de Ciências da Comunicação. A associação académica explicou ainda

gestão de tempo volta a ser tema de formação na aaum Mariana flor mar1ana.f@hotmail.com

Sob o mote “o tempo é precioso”, realiza-se nos dias 8 e 9 destes mês , o curso de “Gestão de Tempo”, na Universidade do Minho. A iniciativa, promovida pelo Gabinete de pós-graduação da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) já vai na sua 4ª edição. Este curso pretende ajudar na organização do tempo no controlo de situações de stress, de forma a melhorar o rendimento e a qualidade do trabalho. Segundo Margarida Sousa, responsável pelo Gabinete de

pós-graduação da AAUM, esta iniciativa “tem tido um bom feedback por parte dos participantes e por essa razão decidiram realizá-la várias vezes”. “A temática justifica-se, por essa razão, quase todos os anos se tem realizado este curso”, sublinha a responsável. Inicialmente destinado apenas aos alunos de pós-graduação e a investigadores bolseiros, este curso viu-se alargado a toda a comunidade universitária em consequência do elevado interesse mostrado por parte dos restantes alunos. Apesar de inicialmente ter data a 23 e 24 de Março, esta foi adiada para os dias 8 e 9 des-

te mês para agradar a todos os participantes. Nestes dias o horário do curso será pós-laboral, sexta-feira ao final da tarde e sábado de manhã, o que permite que mais alunos possam participar. Com um custo de 50 euros para não-sócios da AAUM e 40 euros para sócios, o curso já têm as vagas todas preenchidas.O professor Manuel Firmino será este ano, tal como nas outras edições, o formador responsável pelo curso. Segundo Margarida Sousa, as expectativas neste evento são “elevadas”, contribuindo, para isso, os bons resultados conseguidos nas edições anterior.

55 votos a favor, 3 abstenções e nenhum voto contra o relatório de contas 2010

estar disposta à edição de uma newsletter mensal. Luís Rodrigues declarou a continuidade de fornecer apoios às diversas tunas minhotas. O Gabinete

de pós-graduação será também um “projecto pioneiro da AAUM”, contando com formações e apoios, como declarou o estudante.


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bom jesus é meta no dia da actividade física josé lopes jose.sepol@hotmail.com

Está agendada, para o próximo dia 6 de Abril, a primeira caminhada “UMexe-te”. Esta iniciativa, levada a cabo pelo Instituto de Educação e pela Escola de Enfermagem de Braga, em parceria com os Serviços de Acção Social da UM terá, como objectivo, apelar todos os participantes para um estilo de vida mais saudável. O evento consiste numa caminhada de cerca de sete quilómetros que terá início pelas 09h30, cujo ponto de partida e de chegada será a nave 1 do

pavilhão desportivo do campus de Gualtar, e levará os participantes até ao Bom Jesus, por percursos alternativos às estradas locais e nacionais. O preço de participação será de 1 euro. De acordo com a organização, o projecto surgiu como uma tentativa de incentivar a comunidade académica à prática da actividade física. Deste modo, a principal finalidade é a promoção de hábitos que permitam prevenir doenças como a obesidade, a hipertensão arterial ou mesmo o stress, obstáculos à qualidade de vida. A actividade, que decorrerá no

quatro listas de estudantes na corrida pela representação no conselho geral da universidade do minho redacção informacao@rum.pt

São quatro as listas apresentadas pelos estudantes para ocupar os lugares a que estes, estatutariamente, têm direito no Conselho Geral. Relembre-se que os estudantes ocupam quatro lugares neste órgão da universidade composto por 23 elementos e presidido por Luís Braga da Cruz. Segundo os estatutos aprovados há dois anos, o Conselho Geral é o órgão colegial máximo de governo e de decisão estratégica da Universidade. Esta estrutura é composta por 12 professores, quatro estudantes, um funcionário e ainda

por seis elementos externos cooptados pelos representantes designados. Até ao momento os quatro estudantes que representavam os seus pares neste órgão eram: Alexandra Fernandes, Nélson Cerqueira, o presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), Luís Rodrigues e Avelino Gomes. Todos estes elementos pertenciam a uma lista, encabeçada por Pedro Soares, ex-presidente da AAUM, que conquistou os quatro lugares a que os estudantes têm direito no Conselho Geral. As eleições neste órgão realizam-se a 30 de Maio.

contexto das celebrações do dia mundial da actividade física, não se dirige apenas a estudantes dos diferentes ciclos, mas também a docentes, funcionários, ou outros elementos da comunidade académica que desejem participar e foi pensada para pessoas sem muita experiência em actividades desportivas. Para além de uma t-shirt alusiva à UMexe-te, os participantes poderão ganhar, por sorteio, bilhetes gerais para o Enterro da Gata (prémio cedido pela AAUM), um fim-de-semana radical, ou até um baptismo de surf.

U Mexe-te

Dia Mundial da Actividade Física

6 de Abril’11 09h30

Todos os participantes recebem a t´shirt alusiva à caminhada e ficarão habilitados ao sorteio de bilhetes gerais para o Enterro da Gata 2011, um fim de semana radical e um baptismo de surf.

A iniciativa levada a cabo pelo Instituto de Educação e pela escola de Enfermagem também dá prémios aos participantes

“padrinhos” xutos & pontapés e “tio” quim barreiros regressam ao gatódromo Percurso: Gualtar - Bom Jesus - Gualtar - 7km Concentração: Complexo Desportivo de Gualtar - Braga Inscrição: 1 passada

redacção informacao@rum.pt

Eles estão de volta. Por muito que alguns estudantes ousem dizer que estão “cansados” de os ver no palco do Enterro da Gata, o que é certo é que, ano após ano, é com Quim Barreiros e Xutos & Pontapés que o Gatódromo ganha especial energia. Já é assim há uns valentes anos e, de novo, a aposta

inscrições em: www.ie.uminho.pt; da Associação AcadémicaInformações da eDepois de QuimUMexe.te@gmail.com Barreiros e Universidade do Minho recai Xutos & Pontapés, e depois de sobre estesOrganização: nomes. Se Quim ter sido anunciado nas últimas Apoio: Barreiros tem na sua “Cabriti- semanas a presença, também nha” e na “Garagem da Vizi- confirmada, de Rui Veloso e nha” os seus grandes hits, os dos brasileiros Natiruts, o carXutos & Pontapés recolhem-se taz do Enterro da Gata 2011 cono epíteto de pais do rock em meça a ganhar forma apresenPortugal. Chegam a Braga com tável e ainda faltam algumas uma carreira recheada de gran- surpresas e novidades que irão des êxitos e sucesso que ento- surgir, certamente, nos próxiam nas vozes de todos aque- mos dias. O ACADÉMICO esles que assistem ao concerto. tará cá para as revelar.

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comunica+ , as jornadas de engenharia de comunicações carlos rebelo c.covasr@gmail.com

Irá decorrer nos dias 11 e 12 de Abril, no pólo da Universidade do Minho em Azurém, as primeiras jornadas de Engenharia de Comunicações. Apresentadas pelo Núcleo de Estudantes de Engenharia de Comunicações (NEECUM) da Universidade do Minho, estas jornadas serão um espaço de discussão que incluirá, para além da demonstração dos melhores projectos dos alunos finalistas do curso de Engenharia de Comunicações, jobshops e palestras científicas e tecnológicas sobre temas actuais na área das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Em entrevista ao ACADÉMICO, o presidente e vicepresidente do NEECUM, Rui Rodrigues e Rui Ferraz, respectivamente, confidenciaram

que esperam grande adesão nestas jornadas por parte da comunidade académica, visto ser uma área que está presente na maior parte dos cursos ligados às TIC. Como surgiu a ideia destas jornadas e os seus objectivos? As jornadas surgem da necessidade de apresentar aos estudantes da UM e ao mercado de trabalho o curso de Engenharia de Comunicações. Sendo um curso significativamente recente e como está sobre a alçada de três departamentos (DEI, DSI, DI), achamos necessário criar este evento para apresentar à comunidade académica o seu resultado e o que se espera do mercado de trabalho, dando também a conhecer aos alunos da U-Minho possíveis saídas profissionais. Sendo Guimarães o pólo onde estão concentradas mais enge-

nharias, queremos com este evento oferecer novas soluções aos alunos dos diversos cursos interligados com a área. Contaram com a colaboração de várias entidades “dentro e fora” da Universidade do Minho? Sim. Para criar este evento necessitamos de vários apoios. O evento foi bem recebido tanto pelas entidades da Universidade do Minho como por outras entidades exteriores. As empresas sentem a necessidade de se mostrarem perante os alunos, e para elas estes eventos são uma grande ajuda na divulgação. Contamos também com diversos colegas que efectuaram o curso e já se encontram no mercado de trabalho.

divulgação que já foi feita estamos bastante optimistas. Esperamos atingir entre os 80 a 100 participantes, e penso que estamos no bom caminho. O que esperam para o futuro com estas jornadas? Esperamos que este evento seja o início de muitos. Queremos continuar a mostrar o que se faz no curso e as possíveis saídas profissionais. Será sempre uma mais valia para todos os alunos, pois permitirá uma melhor ligação entre a universidade e o mercado de traba-

lho. Sendo as comunicações uma área em grande expansão tecnológica, é necessário continuar com o evento para que os alunos fiquem melhor preparados para o seu futuro. Sendo as jornadas do curso de Engenharia de Comunicações, fez-se um inquérito a vários alunos deste curso sobre a sua participação nas jornadas, ao qual a esmagadora maioria respondeu afirmativamente que iria estar presente neste evento. As jornadas realizam-se já para a próxima semana.

O número de pessoas inscritas até ao momento é satisfatório? Sim. Apesar de estas serem as primeiras jornadas e com a

UM é palco para as II jornadas da ciência e medicina inês mata inesnfmata@hotmail.com

As Jornadas de Ciência e de Medicina, organizadas pelo NEMUM (Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade do Minho), realizar-se-ão na Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho no próximo dia 9 de Abril de 2011.

As “Neurociências” fazem parte da área que servirá de tema para as Jornadas. O dia 9 de Abril estará dividido por uma Sessão de Abertura, por três tópicos: “NeuroAddicted”, onde serão desenvolvidos assuntos como os “Canabinóides e o Cérebro” e o “Stress e Tomada de Decisões”, “NeuroAttack”, que servirá de fundo para a abordagem da “Neuroimunologia” e do “Stress e Alzheimer” e

“NeuroHiTech”, que estará relacionado com a “Estimulação Cerebral Profunda” e o “Interface Cérebro-Máquina”. No fim, haverá uma Sessão de Encerramento. Como convidados do evento, estarão o Prof. Doutor Nuno Sousa, a Prof. Doutora Ana Franky Carvalho, o Dr. Pedro Morgado, a Prof. Doutora Margarida Correira-Neves, o Prof. Doutor Ioannis Sotiropoulos, o

Prof. Doutor João Bessa, a Dra. Joana Damásio e, por fim, o Prof. Doutor Nuno Dias. De acordo com o site das Jornadas, estas servirão para “fomentar o conhecimento e esclarecer os futuros profissionais das áreas de saúde, psicologia, engenharia e bioquímica, entre outras, e investigadores no que concerne à abordagem multidisciplinar desta temática”. PUB.


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NACIONAL censos 2011 a causar polémica iolanda lima iolandaisabellima@hotmail.com

Na passada terça-feira o movimento “Fartos d’Estes Recibos Verdes” (FERVE), a Plataforma dos Intermitentes do Espectáculo e do Audiovisual, os Precários Inflexíveis e ainda os promotores do protesto Geração à Rasca entregaram no tribunal uma acção judicial para alterar a pergunta 32 dos CENSOS 2011. Esta campanha estatística na-

cional, que visa actualizar os dados referentes ao país, está, na opinião destes movimentos, a “encobrir a realidade dos recibos verdes”. No inquérito, a pergunta está a causar polémica, porque as indicações para a população responder sobre o modo como cada um exerce a sua profissão passam por assinalar a opção “por conta de outrem” todos aqueles que “trabalhem a recibos verdes mas têm um local de trabalho fixo dentro de uma

empresa com subordinação hierárquica efectiva e um horário de trabalho”. Para estes movimentos, esta questão tenta “esconder a fraude social” que se vive no país, e, por isso, apelam a todos para que protestem junto do Instituto Nacional de Estatística (INE) e que enviem queixas a título individual para Alfredo José de Sousa, o Provedor da Justiça. O INE persiste em não reconhecer o erro. Ainda assim, estes movimentos exigem que

a pergunta seja substituída e admitem recorrer a todas as vias para não deixar que esta situação passe impune. Em declarações à Agência Lusa, Adriano Campos do FERVE afimou ainda que a ideia é que haja uma “reclamação em massa” contra esta pergunta, e afirmou que “não permitirá contabilizar as pessoas a falsos recibos verdes”. Adriano Campos admitiu ainda que, caso não haja nenhuma reacção por parte do governo ou do INE,

“os movimentos precários recorrerão à justiça”. Essa situação acabou por verificar-se dias mais tarde. Os representantes dos movimentos garantem que esta “guerra não é de hoje” e que já tinham alertado o INE para esta situação. Em pouco tempo o Provedor da Justiça recebeu cerca de 435 queixas contra a pergunta sobre os recibos verdes no CENSOS, e por este facto Alfredo José de Sousa já pediu esclarecimentos ao INE.

startup weekend chega ao porto e coimbra MARIA JOÃO QUINTAS miaquintas@hotmail.com

O Startup Weekend vai decorrer em Maio, nos dias 13, 14 e 15 no Porto e 20, 21 e 22 em Coimbra. Este evento destinase a estudantes universitários que pretendem desenvolver ideias de negócio e competências empreendedoras. Para tal, promove o contacto entre jovens de diferentes áreas de formação e empresários experientes e disponíveis para partilhar o seu conhecimento. Estes dois eventos vão reunir mais de cem participantes que serão organizados em equipas e, ao longo de 54 horas, irão desenvolver ideias de negócio com a ajuda de mentores e apresentá-las a potenciais investidores. No final, os projectos serão avaliados e vão premiar-se os melhores. Segundo Inês Silva, uma das

responsáveis pela organização de ambos os eventos, qualquer pessoa pode inscrever-se no Startup Weekend desde que tenha “muita vontade de trabalhar, partilhar ideias e desenvolver um produto, plano de negócios, modelo de negócio ou mesmo criar uma empresa”. Depois do Startup Weekend Lisboa, em 2010, que contou com mais de 120 participantes, Pedro Santos, facilitador do evento a nível europeu e coordenador do evento em Portugal, quis levar o Startup Weekend a outras cidades do país, em parceria com Inês Silva e André Magalhães. Quanto à escolha do Porto e de Coimbra para realizar as próximas edições deste evento em Portugal, Inês Silva refere: “escolhemos estas duas cidades porque são duas cidades centrais, já com alguma tradição ao nível do

Iniciativa que promove o empreendedorismo chega a Coimbra e Porto empreendedorismo, e que estão próximas de outras cidades, também elas importantes ,como Braga, Aveiro, Vila Real, Viseu, Leiria, Guarda ou Guimarães. Queremos que este seja um evento que chegue a

todo o lado e que cative e atraia participantes das mais diversas zonas do país”. “Este é claramente um evento reconhecido a nível internacional, com um potencial imenso e acima de tudo com resulta-

dos à vista”, afirma Inês Silva. “Sem dúvida esta é uma excelente oportunidade para crescerem, aprenderem e saírem mais enriquecidos no final do fim-de-semana”, conclui a organizadora.


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ENTREVISTA Pedro remy “Em Braga falta uma direcção, um caminho na área da cultura” * com colaboração de Sónia Ribeiro

Há 18 anos a trabalhar na indústria dos cabelos, Pedro Remy, cabeleireiro e estratega cultural na cidade de Braga, diz sentir-se uma pessoa realizada. A passagem pela música foi o impulso para a criação de um espaço cultural, caracterizado por uma forte relação humana com os clientes. O jazz marca presença na sua vida, funcionando como inspiração na sua actividade profissional. A oferta de um espaço diferente, que primazia a cultura, procura dar resposta à falta de alternativas em Braga. Pedro Remy tece mesmo uma crítica ao facto de a cidade não proporcionar espectáculos culturais, defendendo uma política que aposte na criação de público. Como é que o músico, o desportista e o cabeleireiro convivem todos numa mesma pessoa? São experiências de vida, são

as tais ferramentas da vida que nos fazem crescer. O desporto e o gosto pela cultura tinham que dar nisto, num cabeleireiro e espaço cultural. Começa em 1993 a minha vida como empresário na indústria dos cabelos e vamos caminhando no sentido da procura da novidade e inovação. Criando-se um espaço que é diferente na cidade, com bons equipamentos e boa leitura no momento da espera, ter uma relação humana correcta, no sentido estético e profissional. Sempre foi claro para ti que este era o caminho a seguir ou houve um momento de indefinição em que pensaste o contrário? Desde muito jovem fiz tudo para me tornar cabeleireiro. Fiz um curso de três anos e fez-me pensar que tinha capacidades para abrir o meu próprio espaço. Quando lançaste o espaço, estava longe este conceito cultural? Quando se dá esta viragem? Tudo aconteceu lentamente à Hugo Delgado/WAPA

No novo espaço, Pedro Remy pretende dar continuidade à programação cultural

Hugo Delgado/WAPA

José Reis jose.reis@rum.pt

De músico a estratega cultural, Remy assume-se como uma figura importante na cultura de Braga medida que fui crescendo como jovem. Fui procurando a modernidade. Abro em 1995 e começo a trazer para o meu habitat de trabalho as ferramentas que eu gosto, uma boa selecção musical, o jazz e os livros, e começo a desenvolver um gosto. Como foi aceite? Tinha gente que gostava e gente que não gostava. Acabo por ser persistente e conseguir escrutinar as pessoas que se identificam comigo. Mas este novo espaço foi criado porque sentiste que o primeiro já não era suficiente? O espaço cultural é um espaço que vai ter que continuar a ter uma continuidade de qualidade de programação a que habituámos a cidade. Mas penso também que a marca, daqui a dez anos, necessitará de fazer alguma coisa. Temos outras valências que queremos desenvolver com a cidade e também com o sector. Pretendíamos daqui a cinco ou seis anos abrir uma academia para o sector, com alguma experiência, e pusemos

já em prática essa mesma ideia. Este espaço tem também o cuidado da sua estética musical ser direccionada para a música electrónica, porque ainda não existe um espaço em Braga que o faça. Há gente que está preparada para connosco apoiar este projecto. Há uns meses, fiz o convite à Ângela Berlinde para criar uma escola onde os artistas possam trocar ideias, impressões sobre o seu trabalho, experiências. Crias uma nova sala, porque existe falta de espaço para as bandas? Existe falta de espaços com este tipo de condições. Eu acredito que o Theatro Circo não tem que ser a sala para este tipo de experiência jovem. Acredito que um espaço com estas características, amplo, possa receber os jovens para uma noite interessante com os seus amigos. Este espaço foi criado há cerca de dois meses. Para quem não conhece, é muito diferente do outro? É completamente diferente... Em termos de arquitectura é um edifício fantástico. O factor

humano é o contributo que poderá dar alguma cor a um espaço amplo, com muito betão. É um espaço que está em Braga, mas que poderia estar em Nova Iorque, Berlim, Tóquio, porque realmente é vanguardista. É uma nova ideia que fazia falta, para ajudar a colocar Braga no mapa-mundo. Tem sido referência? É uma referência importante. É importante para a cidade haver espaços e empresas a desenvolver esta procura do estético. Como reages a pessoas que acham completamente irrelevante a existência destes espaços? Acho que é uma falta de sensibilidade muito grande. Há pessoas, aqui em Braga, que não valorizam a cidade e que são críticas. Eu já disse uma vez que Braga tem muitos críticos de bancada. Ser um estratega cultural surgiu por uma espécie de impulso? A minha experiência como músico prepara-me para o entusiasmo.


ENTREVISTA PÁGINA 09 // 05.ABR.11 //ACADÉMICO

Tiveste uma forte carreira na área musical, aliás fizeste parceria com Rui Veloso e Jorge Palma. Perdeuse um músico, mas ganhou-se um melhor cabeleireiro? É verdade. Não se pode fazer muitas coisas, senão a pessoa divide-se. Mas o facto é que a música desperta em mim uma vontade. O saber carregar e montar o som é muito importante. O nosso espaço é já um clube de jazz, os músicos sentem um carinho, é uma visita diferente. Como fui músico, sei pôr-me no lado do músico e como ele gosta de ser recebido no espaço. Foram vários os impulsos que te levaram a dinamizar culturalmente o teu espaço e esta foi a forma para contornares a questão? Foi, gostava muito de ouvir jazz no Theatro Circo e dá-me um gozo enorme receber músicos na minha própria sala. Como reages à extinção do festival de jazz em Braga? Reajo muito mal e critico a administração do Theatro Circo e a força do Pelouro da Cultura. Trata-se de um festival com 11 edições, um festival modesto, criado pelo José Carlos Santos, meu director artístico e amigo. E vê-se mais uma bandeira da cidade, um trabalho de onze anos, (o próprio festival chegou a ser uma arma política) e que mostrava que Braga era uma cidade culta a ser abandonado as-

sim, deixando que desapareça. São este tipo de eventos que nos fazem falta, porque a resposta que foi dada de que não havia público não chega. Porque há outros eventos que se fazem no Theatro Circo que também não têm público e que continuam a ser feitos. Acho que foi uma má resolução que deram para o festival, era preferível ter dito à equipa que, este ano, só iríamos fazer uma noite de jazz ou um fim-de-semana e se calhar só com artistas portugueses. O que é preciso ter e fazer para criar um espaço com conceito para funcionar? A base de tudo é a pessoa que está por detrás ser uma pessoa dinâmica, mas acima de tudo ter a tal relação humana, ser uma pessoa honesta, verdadeira, que acredita naquilo que é e no conceito de vida que desenvolve. Pode ser um espaço de música brutal, hard rock, jazz ou de fado, mas aquilo que está a promover tem que ser de dentro para fora. As pessoas em Braga querem este tipo de oferta que estás a dinamizar? Eu acredito numa cidade culta e isto é cultura. É cultura sadia que pretendo trazer. Tento trazer boa música, porque acredito nela. Não é com as festas que se fazem regularmente na nossa cidade - também critico os espectáculos académicos, Hugo Delgado/WAPA

Pedro Remy não vê na falta de verba a justificação para o “atraso” cultural em relação a Guimarães

que também são medíocres. A responsabilidade universitária deve ser no sentido da qualidade.

Com o novo espaço Pedro Remy pretende, também, valorizar a sua cidade

Sentes que os jovens universitários estão desligados da cidade? Temos de tudo, temos jovens que apoiam a cidade, que fazem a sua vida pessoal e nocturna, mas também temos jovens que já nem nela acreditam. Estamos a falar de uma cidade que é considerada a mais jovem do país e terceira cidade a nível internacional... É verdade. Braga tem muitas lacunas, em que os jovens se possam inserir nela e sentir empatia. Faltam escolas de artes, espaços nocturnos com uma área musical, falta alguém a quem dêem valor e encaminhe a juventude para uma caminho mais positivo. Essa ferramenta seria a autarquia. Acho que não é desculpa só a falta de verba. Há quem defenda que seria um excelente vereador da Cultura... Eu sou cabeleireiro. Já fui convidado para várias coisas a nível de política, mas eu tenho um contributo muito importante a dar à minha indústria. Mas não fecha a porta? Se for para dar um contributo positivo à cidade, com a experiência que fui desenvolvendo ao longo deste anos, estarei ao dispor da cidade. Eu amo a minha cidade, aquilo que eu faço é pela minha cidade também. O que é que Braga precisa? O que falta? A nível de cidade falta realmente uma direcção, um caminho na área da cultura. Estamos sempre a falar de Guimarães (e não é à sorte), porque a estratégia de Guimarães é realmente fazer com que seja uma bandeira a nível cultural em termos nacionais. É uma política diferente, cada grupo político tem a sua maneira de ver o mundo e a bandeira de Braga não tem demonstrado este interesse. Socialmente, é importante educar a população, no sentido da qualidade e do rigor social. Eu acredito que a educação, o desporto e a cultura sejam a base das pirâmides das sociedades de hoje. A nossa cidade nem sempre se direcciona para aí. Acreditas no futuro em Braga? Acredito, eu quero continuar

Hugo Delgado/WAPA

em Braga. Acreditas nas escolhas futuras que possam ser feitas na cidade? Acredito, com outro grupo de trabalho. Com este, não acredito, sinceramente. Neste momento acho que não se tem criado público. As pessoas vêem que o Theatro Circo tem o número de público que nem sempre deveria ter, não houve uma política de construção de público. Fico espantando porque está fechado ao Domingo. Braga, se quer ter público daqui a dez anos, tem já que pegar numa forma de o fazer. Acho estranho não haver espectáculos para as famílias e para os mais pequenos, porque esse é o público de amanhã. Consideras que o serviço educativo não é o ponto fundamental para criar público no espaço cultural? Sem dúvida, eu desenvolvo jazz no meu espaço. Mas o importante seria também realizar espaços para as famílias, envolver as famílias na própria construção de espectáculo. Acredito que haja público para isso. Tenho dois filhos e tento levá-los o mais possível ao teatro, nas cidades vizinhas porque Braga não tem. Eu vou ao Theatro Circo e há lá jovens de 15 e 16 anos que não sabem estar, não sabem aplaudir e que incomodam quem lá está. São coisas que acontecem porque o público não foi educado a estar numa sala de espectáculo. É importante educar as pessoas? É fundamental, e isso constrói-

se nas visitas aos espectáculos, no momento que somos miúdos. E eu defendo que o gosto pelas artes de palco tem que estar disponível para todos e não só uma classe média que pode pegar nos filhos e levá-los a uma sala cara. Porque isto não é a justiça social. É uma falsa questão dizer que os espectáculos são caros, porque têm uma equipa muito grande. Braga tem artistas que poderiam dar o seu contributo no Domingo das famílias e fazer espectáculos com preços bastante acessíveis. Acredito que esse Domingo de família poderia resultar numa possível compra de bilhetes para outras datas nocturnas para os adultos, pais e avós. São espectáculos que, com baixa verba, podem encher o Theatro Circo, uma casa que merece ter respeito, aplauso, atenção e gosto pelo que se lá faz. O teu espaço é o único espaço na Europa com um conceito como este. Deve ser um duplo orgulho para Braga? Sim, este é um espaço que está no centro histórico junto à Sé de Braga. É já um espaço de visita, que recebe muitos turistas. É um espaço que tem dado um contributo enorme para as escolas educativas de Braga, nas suas visitas de estudo, pela criatividade e inovação que o espaço demonstra e pela dinâmica cultural que vai trazendo, as exposições. É um espaço que nos enche de orgulho e acredito que daqui a 10 ou 15 anos já nem se corte lá cabelo.




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INQUÉRITO

lagos. praia da batata. estás a pensar ir à 10ª edição da gata na praia? Não irei participar no evento pois já tenho o meu calendário organizado em função de algumas entregas de trabalhos. Contudo, penso que o evento é bastante atractivo, mas apesar disso é sempre bom inovar para que cada vez mais os estudantes se sintam cativados a participar na Gata na Praia, visto que é uma mais valia para os mesmos, uma vez que são oferecidas inúmeras actividades desportivas e muita diversão. Nunca fui à Gata na Praia, o que me deixa curioso para saber como será o ambiente. Por isso, tentarei com certeza participar. Quem sabe já no próximo ano. diogo lopes 2º ano // arquitectura

tiago dias 2º ANO // Ciências da Comunicação

Não vou à Gata na Praia porque nem sequer cheguei a pensar nisso. Mas julgo que o evento é atractivo porque, desde logo, está garantida a praia e convívio de uma semana entre os alunos da Universidade do Minho que participam. Penso que, para que mais estudantes aderissem, dever-se-ia publicitar mais o evento, e talvez baixar um pouco os preços. Contudo, até ao momento, a Gata na Praia nunca me despertou grande interesse, mas talvez ainda possa vir a ter vontade de participar.

Este ano não vou à Gata na Praia porque tenho demasiado trabalho para a altura do evento. Relativamente à organização, acho que as inovações são sempre necessárias, contudo o pacote oferecido pela Associação Académica é bastante atractivo. Apesar de não poder ir para Lagos este ano, gostava muito de participar no evento na próxima edição, em 2012.

joão gonçalves 2º ANO // ciências da comunicação

ana lopes 2º ANO // ciências da comunicação

Não vou à Gata na Praia este ano porque estive de Erasmus no primeiro semestre e em termos económicos é difícil conciliar ambas as coisas, especialmente numa altura de crise como a que vivemos agora. Acho que o evento é muito atractivo. Penso, também, que a ideia de inovar alguns aspectos poderá levar ao aumento da participação na Gata na Praia, motivando os alunos a participarem de modo mais frequente. Mas gostava muito de participar na actividade no próximo ano, pois parece-me algo muito divertido.

sónia silva sonia.silva.8@hotmail.com

Está a aproximar-se a 10º edição da Gata na Praia. De 16 a 21 de Abril, a Gata ruma à praia da Batata em Lagos, oferecendo uma semana repleta de actividades e diversão. Os interessados em participar podem inscrever-se no dia 5 de Abril através da Associação Académica da Universidade do Minho, organizadora destas férias desportivo/recreativas. O ACADÉMICO foi falar com a comunidade estudantil para auscultar a opinião dos alunos sobre o evento e para descobrir quem vai com a Gata para a praia da Batata.

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Erasmus Page welcome to enterro da gata ANDREA MOSERINI andrea.cultura.rum@gmail.com

During the first days of my stay here in Minho, walking down the corridors of the headquarters of the Student Association, my attention was more than once caught by some colourful posters on the wall: they constantly made me wonder, what is this strange macabre fascination with dead cats all about? I’m talking about the posters for the previous edition of “Enterro da Gata”, literally “the burial of the (female) cat”. I soon learned there is nothing morbid after all in it: it is in fact an academic festival, organized by the Associação Académica da Universidade do Minho with the collaboration of the Universidade Católica de Braga and the Instituto Politécnico do

Cavado e do Ave, which takes place every year in Braga, at the beginning of May. The “gata”, in the Minho students’ slang, represents an unwanted school failure, which students are going to “bury” (“enterrar”) towards the end of the academic year, after a week of mourning, i.e. of concerts and wild partying and drinking! There will be a wake, the so called “velório”, during which the “gata” will be carried through the streets of Braga in a funeral procession where all the mourners are crying for the passing of the deceased (“a finada”). The tradition of the burial of the cat is quite ancient, much older than Universidade do Minho itself. The first reference in the press regarding the “Enterro da Gata” can be found in the year of 1889, in an article

published in the newspaper “Aurora do Minho” which talks about a group of students meeting “to celebrate the end of the year and to bury the cat”. Back then, the students’ association was represented by the students of the Liceu Nacional (today Escola Secundária Sá de Miranda), which was hosted in the Convento dos Congregados.

design competition KASIA Alichniewicz kasia.cultura.rum@gmail.com

Dear Erasmus students! Have you heard about Enterro da Gata already? If you haven’t then you should quickly find out as much about it as you can. It is the biggest student party here in Braga and it’s history reaches back to 1889. This year’s edition will take place from the 6th till the 14th of May and – trust me – you do not want to miss it! In fact, I suggest you mark this date in your calendars right now, cause it really is a spectacular event! Enterro da Gata – which means The Funeral of the Cat - is the big finale of the ritual called praxe (i’m pretty sure you’ve seen it happening around the campus and in the city centre). Praxe is basically a series of «tortures» the freshmen students have to go through to

become rightful members of the University. Once this rite of passage is done – the funeral of the cat takes place. For the event each faculty from Universidade do Minho prepares a special t-shirt with a logo and a symbol of their discipline. This year we thought it might be a good idea for Erasmus students to preapre a t-shirt as well! And here is a place for all of you to show your talents and creativity! We ask you to design a logo for a t-shirt which will

represent Erasmus students during the Enterro da Gata festivities. We want you to be a part of this event, we want you to feel like real members of University, even if you are here just for one semester! It is important you enjoy and explore the University traditions! In your design we want you to show the diversity, the uniqueness of Erasmus community and how it enriches the life of Minho University. Make your logo stand out among others! All the works should be sent by email to this adress: kasia.cultura.rum@gmail.com The winner of the competition will obviously be lavishly awarded. Not only will we materialize his/hers design into a real, wearable t-shirt, but also he/she will receive a ticket for the whole event. Hope you will have lots of fun with this one! And I hope my mailbox will be full really soon!

The first break in the festivities took place between 1934/35 and 1959: the irreverence of the students of the Minho was silenced by Salazar’s regime. The “mourning” (“luto académico”) decreed by Coimbra after the student contestation of 1969 (the so called “crise académica” of Coimbra) would lead to the second interruption between 1970 and 1989.

In a study requested in 1989 by the AAUM to the Director of the Biblioteca Pública of Braga, Dr. Henrique Nunes Barreto, it was determined at last that the first “Enterro da Gata” took place in May 1889. So, exactly 100 years after its birth, the tradition was taken over, this time in the hands of the students of the recently founded Universidade do Minho.

jam sessions promoted by rum

KASIA Alichniewicz kasia.cultura.rum@gmail.com

Are you a music freak? Do you play any instruments? Did you bring one to Portugal in your suitcase despite the

20kg luggage weight limit? Maybe you need to get one? Do you need a place to practice? If you answered YES to any of these questions – then we got a solution for you! We’re looking for musicians who would like to jam a bit with others. So if you feel like meeting new people, playing some nice tunes with them, developing your musicial talents...just let us know and we will arrange that for you! Every person who is interested should contact me under this email adres: kasia.cultura. rum@gmail.com and we’ll get back to you as soon as possible! Let’s make jam and some noise!


TECNOLOGIA E INOVA censura não é só a oriente bruno fernandes micanandes@gmail.com

Supostamente, o Ocidente vive sem qualquer tipo de censura à liberdade de expressão. Mas um estudo vem contrariar esta visão: no âmbito do projeto “OpenNet”, foi revelado que os programas que os regimes ditatoriais usam para controlar e censurar conteúdos na internet são produzidos pelo Ocidente. Segundo o mesmo estudo, citado pelo jornal “SOL”, os programas proibiram cerca de 20 milhões de pessoas de acederem a sites com conteúdos incómodos, como é o caso do ateísmo, sexualidade ou com preceitos contrários à lei islâmica. Os autores, Helmi Noman e Jillian C. York, referem que as empresas produtoras dos programas sabem qual o fim a que se destina o seu produto.

apagão é em maio

A pesquisa teve como principal objectivo perceber o papel das empresas de internet na censura de conteúdos, durante as manifestações nos países árabes. Já anteriormente, a “Repórteres Sem Fronteiras” havia revelado uma lista de países que estavam a censurar alguns conteúdos na rede e que iria manter em vigilância como é o caso da França ou da Austrália.

DR

Sofia borges sofiaborges24@sapo.pt

DR

É já no próximo dia 12 de Maio que vai ter lugar em Alenquer a primeira emissão de televisão, apenas por sinal digital. O processo é muito simples. Nesta data, o retransmissor de Alenquer vai apenas emitir o sinal digital, deixando de enviar o sinal analógico, que costuma acompanhar o digital. Depois da iniciativa pioneira em Alenquer, este chamado

apagão analógico vai continuar, desta feita, a partir do dia 16 de Junho, no Cacém, e na Nazaré, a partir de 13 de Outubro. A Anacom (Autoridade Nacional das Comunicações) explicou que a televisão digital terrestre, para além de oferecer uma melhor qualidade de imagem e de som, possibilita o acesso a funcionalidades avançadas, como parar a imagem ou gravar programas. Tudo isto chega, finalmente, à casa de todos os portugueses.

Para que o processo se cumpra e se consiga aceder ao novo sinal, só é necessário possuir um televisor compatível com a forma MPEG 4 e ligar o cabo de antena ao equipamento. No entanto, se o televisor não for compatível com a norma, será necessário obter um descodificador. A Anacom sublinha que não será necessário qualquer tipo de serviços de televisão paga ou o pagamento de mensalidades, para aceder ao sinal digital.

“conquista e unifica todo o Japão feudal” Total War: Shogun 2 Francisco Vieira dmvieira04@hotmail.com

Total War: Shogun 2 é o mais recente título da aclamada série Total War. Como todos os outros jogos da saga Shogun 2 é um jogo de estratégia e já está disponível para compra desde 15 de Março. O jogo passa-se no Japão feudal do século XVI, surgindo assim na sequência de Shogun Total War, lançado em 2000, e que marcou e iniciou toda a série Total War. Em Shogun 2, o Japão é um país

extremamente dividido, sendo todos os clãs existentes rivais entre si na luta pelo poder total. O jogador escolherá controlar um destes 8 clãs rivais, o que resultará numa posição inicial diferente no mapa e em ideologias políticas e militares distintas. Como todos os Total War, em Shogun 2 o jogador controla não só o general de guerra como também o chefe do clã, havendo lugar para todas as negociações diplomáticas ou bélicas com as outras facções e também para a batalha propriamente dita. Shogun 2 revela um salto qua-

litativo bastante grande na série, sendo que é um jogo muito pormenorizado e que requer algum pensamento sobre a melhor maneira de conseguir alcançar os objectivos. Todo o processo diplomático ou bélico requer não só um bom sentido de negociação como também muita astúcia para prevenir eventuais traições daqueles que se pensava serem aliados. O modo multiplayer está muito bem desenhado, principalmente a nível online. O único problema de Shogun 2 desvendado até à data é apenas o facto de, por vezes e nem com todas

DR

as placas gráficas, crashar. Problema que um save regular resolve facilmente. Shogun 2 é, com efeito, completamente

indispensável para quem gosta de jogos de estratégia. Site Oficial: http://www.totalwar.com/shogun2 PUB


VAÇÃO

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twittadas clarisse Abreu anaclarisse@portugalmail.com

OMG e LOL já fazem parte do Oxford English Dictionary As iniciais de Oh My God (OMG), Laughing Out Loud (LOL) e o coração digital “to heart”, já têm lugar no Oxford English Dictionary. Os responsáveis pelo dicionário afirmaram que estas palavras vão, a nível semântico, para além da estrita abreviatura, e que estão tão fortemente associadas à linguagem das comunicações electrónicas, que acabaram por entrar na linguagem corrente. Acerca da expressão “to heart”, o dicionário refere que esta deve ser a primeira, proveniente de t-

shirts e autocolantes, a integrar um dicionário. Apesar de correntemente se associar estas expressões a uma geração “mais jovem”, é de notar que OMG surgiu em 1917, e LOL em 1960, embora significasse “Little Old Lady”. iPad 2 não chegam para as encomendas A Apple está com dificuldades em responder à procura do novo modelo do iPad. Em Portugal, o modelo esgotou logo no primeiro dia. A escassez do modelo também se fez sentir nos outros países europeus, algo que já se antecipava, devido ao número reduzido de unidades disponibilizados. Parte do problema está no

LIFTOFF AAUM www.liftoff.aaum.pt Liftoff promove:

facto de os fornecedores de alguns componentes terem fábricas no Japão, onde a produção abrandou, devido ao sismo. O primeiro iPad, que já desceu de preços, continua a ter imensa procura em Portugal, nomeadamente no mercado empresarial. No que respeita aos números globais de venda do iPad 2, estes não são ainda conhecidos Um triciclo que permite voar sem sair do chão Estudantes norte-americanos, motivados pelo “sonho de voar”, criaram um triciclo de design arrojado, de nome “StreetFlyer”. Este possibilita ao condutor uma sensação de “pássaro”, sem ser preciso sair do chão.

recção de Marketing e Vendas e Mestrado em Direcção de Ma<rketing e Vendas. É Managing

Próximas Actividades:

Workshop “Empreendedorismo e Marketing”-Incubit Irá decorrer no próximo dia 12 de Abril, pelas 15h00, no Campus de Gualtar (sala a confirmar).

Curso:

“Inteligência Emocional” - 14 horas - Braga

Este é um projecto posto em prática pelo professor Carsten Mehring e seus alunos, e que poderá ajudar deficientes motores que nunca tiveram oportunidade de explorar o mundo exterior. O “StreetFlyer” é um triciclo constituído por arcos que se ligam a 3 rodas de bicicleta e o condutor fica suspenso, no meio do veículo, segurado por um cinto de asa-delta. O próximo passo é comercializar o “StreetFlyer”, principalmente para fins recreativos. Facebook pode causar depressão nos jovens A Academia Americana de Pediatria alerta que a rede social Facebook pode originar uma

- Dia 12,15,26 e 28 de Abril, das 19h00 às 22h30 - Lotação para 15 participantes;

Conferência: “Desenvolvimento Vocacional” - VII Edição - dia 9 de Abril

nova forma de depressão e classifica-a até como nova patologia: a “depressão Facebook”. Gwenn Okeeffe, pediatra de Boston e principal autora das directrizes da American Academy of Pediatrics, explica que há aspectos no Facebook que o podem tornar prejudicial para crianças que já lidam com problemas de auto-estima. As actualizações de estados, o registo de novos amigos, as fotos felizes, podem fazer com que algumas crianças e adolescentes se sintam mal, por acharem que não estão à altura. Isto porque na “rede” tudo adquire uma dimensão diferente que a pediatra classifica de “visão distorcida” do que acontece de facto.

Inscreve-te aaum.pt

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Mais informações: Através do email: liftoff@aaum.pt Ou visita-nos no Liftoff , localizado nas Pirâmides, no campus de Gualtar, em Braga.

Participação gratuita, mediante inscrição. Objectivos: No final do Workshop, os formandos deverão ser capazes de: • Compreender o conceito e a importância do empreendedorismo; • Identificar as carácteristicas e o perfil empreendedor, • Dominar conceitos, teorias e ferramentas de marketing; • Conhecer a função Marketing no interior de uma empresa, • Explorar novas oportunidades e/ou potenciar negócios utilizando as redes sociais; Conteúdos • Empreendedorismo, Porquê e para quê? • O processo Empreendedor (cultura empreendedora, Ideia/ oportunidade; Projecto, Recursos, Startup) • Marketing Dinamizadores: Marco Lamas Licenciado em Relações Internacionais, MBA, Mestre em Educação, Doutorando em Educação e Desenvolvimento Humano. Paulo Novais Licenciado em Gestão de Marketing, Pós-graduado em Di-

>21 MARÇO ‘11 Entrepreneurship Day @AAUMinho

>12 de ABRIL ‘11 > 12 de ABRIL ‘11 Início Curso “Inteligência Workshop “ EmpreendeEmocional” - Braga dorismo e Marketing”

> 23 a 26 de MAIO ‘11 Feira de Saídas profissionais e Empreendedorismo


CULTURA um diário onde cabem sonhos, objectos e um dinossauro fossilizado DR

Uma dupla de criadores a mostrarem as obras que, nestes últimos anos, andaram a congeminar em conjunto. A galeria Show Me inaugurou este fim-desemana uma nova exposição, assinada pela dupla Bárbara Fonte e António Machado. Um universo pessoal e íntimo desvelado em peças de dimensões admiráveis, para ver até final de Abril. José Reis jose.reis@rum.pt

Espalhado no chão da galeria está um conjunto de pontos que parecem emergir debaixo dos nossos pés. Parecem lascas de um qualquer animal feroz de outros tempos. Parece ser (e, depois, ficamos a saber que, afinal, é mesmo) um dinossauro ainda por extinguir. “É uma peça horizontal que se distribui por todo o chão da galeria. Chama-se ‘Uma escultura que é um dinossauro fossilizado’. Uma ironia e uma crítica ao meu trabalho pessoal, que tem uma história muito curiosa”, revela António Machado. Histórias “curiosas” e “pessoais” estão presentes, de resto, em todos os objectos que avolumam a exposição inaugurada no passado sábado na galeria Show Me e que fez com que, pela primeira vez, elaborasse algo em conjunto com

Bárbara Fonte – para além da vitalidade artística que os une, há um relacionamento pessoal consolidado que lhes permite abrir a página do diário livremente e criarem a partir das situações pessoais do dia-a-dia. “Este objecto [dinossauro] é, no fundo, uma crítica à escultura. Comecei há dez anos a fazer explorações nesta área mas este foi um objecto que, depois de criado, ficou encostado no atelier. A Bárbara não gostava dos objectos”, ri António, sob o olhar cúmplice de Bábara. Em cerca de dezena e meia de objectos, podemos ver “fragmentos, objectos, desenhos que expressam o nosso diário” mais ou menos materializado, asseguram. Pensamentos, ideias pessoais, “folhas soltas que se materializam em objectos de escalas diferentes”, do mais pequeno a um canto da galeria ao mais que quase toca no céu do espaço e abraça

Galeria Show Me habituada a receber algumas exposições de arte o local. A madeira é o material privilegiado nesta mostra mas “porque nesta altura era o que fazia sentido. Amanhã pode ser outro”, admitem.

Momento certo “São narrativas, histórias que nos acontecem diariamente. Cada situação é depois transformada em desenho e ganham um novo significado”, desvela Bárbara, acrescentado que o processo de criação do objecto pode surgir de tudo o que os rodeia. “Pode ser uma

imagem que vmos num documentário. Uma situação que se passou connosco na escola [ambos são professores]. Uma conversa que tivemos. Tudo pode dar origem a uma ideia e um objecto”, corporiza. É notória a cumplicidade. Admitem que foi preciso alguma paciência. Mas tudo para se chegar ao “momento certo”. Este, o da primeira exposição em dupla. “Sentimos que este era o momento. Começamos a pensar nisto há muito tempo, em trabalharmos em conjunto, mas as coisas demoram o seu

tempo a ganhar forma. Sentimos que, nesta altura, faz todo o sentido”, admite António. Bárbara Fonte é licenciada em pintura pela Faculdade de Belas Artes de Universidade do Porto. Já António Machado é licenciado em escultura pela mesma faculdade e, para complementar os seus trabalhos na área, decidiu ingressar no curso de arquitectura recentemente. O trabalho em dupla, esse, vai continuar, asseguram. Quem sabe em Braga, no Porto, em Lisboa ou pela Europa fora.

organização da capital europeia da cultura 2012 enfrenta moção de censura CLÁUDIA RÊGO claudiarego-cs@hotmail.com

Dentro de nove meses, Guimarães será a Capital Europeia da Cultura (CEC). Já todos os preparativos arrancaram. Contudo, as decisões da administração do evento e a política de comunicação de Guimarães 2012 têm sido criticadas. O Conselho Geral da Fundação Cidade de Guimarães (FCG), presidido por Jorge Sampaio, aprovou mesmo uma moção de censura que pede mais dinâmica à organização da CEC.

Os responsáveis pelas diferentes instituições vimaranenses já se tinham queixado de um afastamento da administração da CEC relativamente às propostas feitas por agentes locais. Em demorada reunião, no sentido de avaliar a preparação do evento, o Conselho Geral concluiu que, de facto, “o ambiente local em torno do projecto tem sido marcado por episódios desgastantes”. Foi então aprovada, por unanimidade, uma moção de censura que frisa ser necessária uma melhor articulação entre a CEC e os agentes

culturais, sociais e económicos de Guimarães. O documento exige, no fundo, melhorias rápidas e eficazes à organização da Capital Europeia da Cultura 2012. O presidente do Conselho Geral, Jorge Sampaio salienta que é fundamental que a CEC

seja também um projecto dos vimaranenses, apostando-se numa maior aproximação à comunidade local e numa maior expressão do evento em todo o país. O ex-chefe de Estado revelouse algo descontente com a organização da Capital Europeia

da Cultura 2012 e pediu à administração uma “lufada de esperança” que recupere o entusiasmo em torno do projecto e traga uma nova dinâmica. Porém, a administração da CEC, presidida por Cristina Azevedo, desvaloriza as críticas que têm sido feitas. A responsável diz que a moção de censura aprovada pelo Conselho Geral é apenas uma oportunidade para que se encontre uma metodologia que permita evidenciar melhor o que está a ser preparado para Guimarães 2012.


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RUM BOX

AGENDA CULTURAL

TOP RUM - 13 / 2011

BRAGA

01 ABRIL

12 PJ HARVEY The words that maketh murder

1 LUÍSA SOBRAL Not there yet

13 STROKES, THE Under cover of darkness

2 RADIOHEAD Lotus flower

14 PZ For sure

3 ARCADE FIRE The suburbs

15 MÃO MORTA Estância balnear

4 GUTA NAKI Novo mundo

16 CHK CHK CHK Am Fm

5 B FACHADA Questões de moral

17 CACIQUE’97 Chapa 97

6 PORTUGALS, THE Les aventures des boniface

18 AEROPLANE We can´t fly

7 BLACK KEYS, THE Everlasting light

19 TV ON THE RADIO Will do

8 KILLS, THE Satellite

20 BUNNYRANCH No crime scene

9 JOAN AS POLICE WOMAN The magic

POST-IT

10 ANNA CALVI Suzanne & I

ONE MAND HAND - red lighthouse PATRICK WOLF - the city PETER, BJORN & JOHN second chance

11 PEIXE AVIÃO Um acordo qualquer

04 Abril > 08 Abril

MÚSICA 7 de Abril Camané – Do amor e dos dias – Fadu Theatro Circo TEATRO 5 de Abril Teatro para Escolas – Jangada Teatro Theatro Circo 8 e 9 de Abril Odisseia - (A) Mostra – Transit – CTB Theatro Circo

LITERATURA 6 de Abril “Inquietudes” de Maria Antónia Ribeiro Livraria 100ª Página

GUIMARÃES MÚSICA 9 de Abril Joana Amendoeira – Sétimo Fado São Mamede

FAMALICÃO TEATRO 6 de Abril

Malhar em Ferro Frio Casa das Artes CINEMA 7 de Abril Aniki Bóbó + Douro faina Fluvial Noites do Cineclube Casa das Artes

BARCELOS MÚSICA 8 de Abril Murdering Tripping Blues Subscuta

LEITURA EM DIA 5/4 - Big Nate de Lincoln Peirce. Ed. Arte Plural. A irreverência juvenil, a amizade e a escola pelo “olhar” criativo de um adolescente;

7/4 - O Cientista Disfarçado de Peter J.Bentley. Ed. Pub. Europa-América. A ciência ao mais alto nível e os precalços do dia a dia. Um dos grandes livros de divulgação científicaobrigatório;

6/4 - É Menina de Rick Kirkman e Jerry Scott. Ed. Bizâncio. A gravidez inesperada e a família mais disfuncional da actualidade. Grandes gargalhadas.

8/4 - Método Prático da Guerrilha de Marcello Ferroni. Ed. Pub. Dom Quixote. Os últimos dias de Che Guevara, da floresta africana à selva boliviana. Um bom primeiro romance.

Para ouvir de segunda a sexta (9h30/14h30/17h45) na RUM ou em podcast: podcast.rum.pt Um espaço de António Ferreira e Sérgio Xavier

CD RUM

bill callahan - apocalypse

O ex-Smog regressa com um disco cru, gravado ao vivo no estúdio, sem cortes e sem pós-produção DR

PAULO SOUSA paulo.sousa@rum.pt

Esta semana destacamos o novo trabalho de Bill Callahan, o terceiro em nome próprio, se excluirmos o brilhante disco ao vivo editado no ano passado. Em “Rough Travel For A Rare Thing”, Callahan demonstrou toda a espontaneidade de um concerto gravado e, ao que tudo indica, gostou do que depois ouviu. Em “Apocalypse” manteve o espírito e os sete temas são tocados live e editados sem cortes, sem efeitos, sem varinhas de condão. Como li algures na web, “se a fita magnética

fosse carne, este disco seria o porco inteiro, sem cortes”. Bill Callahan nasceu em 1966 em Silver Spring, no Maryland, e foi com experiências feitas em casa, com o recurso a um gravador a quatro pistas, que o norte-americano deu a conhecer ao mundo o seu alterego Smog. Receoso que a sua música pudesse ser adulterada se a entregasse a um estúdio ou a um engenheiro de som, as primeiras gravações foram feitas em cassete, tendo enveredado pelo lo-fi do rock alternativo. Depois do álbum de estreia com edição de autor passou a lançar os discos com o selo da

Callahan já não aborda tanto as questões de auto-análise

Drag City. Com “Apocalypse” já lá vão 14 discos de originais, sendo os últimos três assinados com o nome próprio. Mas neste último trabalho, Callahan muda ligeiramente o conceito; já não aborda tanto as questões de auto-análise e aventura-se por caminhos mais externos a ele próprio, entrando mesmo no complicado mundo da geopolítica actual. Quando confrontado com esta interpretação abana a cabeça, negando. Prefere afirmar que este é também um disco introspectivo, mas que pode ser usado como um espelho, contemplado por quem o escuta.


PÁGINA 18 // 05.ABR.11 // ACADÉMICO

DESPORTO scbraga/aaum empata e adversários aproximam-se

DR

EDUARDO RODRIGUES e_du_rodrigues@yahoo.com.br

Ao contrário do que tem sido habitual, a 20ª jornada não foi positiva para os minhotos. A equipa do SCBraga/AAUM viajou até ao Porto para enfrentar o conjunto do FC Foz e saiu derrotada por 5-3. Os bracarenses entraram no jogo algo permeáveis no sector defensivo, no entanto, pouco a pouco, foram subindo de produção. O adversário dispôs de algumas oportunidades para inaugurar o marcador, mas foi o SCBraga/AAUM que fez o 1-0, através de Zé Rui. Aos 18 minutos, o FC Foz igualou o marcador e as equipas foram empatadas para os balneários. No princípio da segunda parte, o FC Foz aproveitou uma

rápida transição ofensiva e deu a volta à contenda. A partir do minuto 33´, o SCBraga/AAUM passou a jogar com um guarda-redes avançado, contudo, a aposta não surtiu efeito. Os da casa marcaram três golos de rajada e praticamente sentenciaram a partida. Os bracarenses ainda diminuíram a desvantagem, por intermédio de Coroas e de André Machado, porém, o tempo já era escasso para uma reacção mais significativa. Apesar da derrota, o SCBraga/ AAUM continua na liderança

Mesmo saindo derrotado desta jornada, o SCBraga/AAUM permanece na liderança da competição, com mais dois pontos que o segundo classificado, a Académica de Coimbra

Os minhotos já não sentiam o sabor amargo da derrota desde a 8ª jornada, altura em que perderam no reduto do Boavista e mais 10 que o terceiro, o Póvoa Futsal. Na próxima ronda,

o conjunto do Minho recebe o Boavista. A partida terá lugar

no Sábado, dia 09 de Março, às 17h30.

sobre rodas, minhotos seguem para os cnu’s de hóquei em patins FILIPA SOUSA ivanilda_25@hotmail.com

Na última semana do mês de

Março, o pavilhão do Hóquei Clube de Braga recebeu mais um torneio de hóquei em patins. Nele participaram seis equipas Nuno Gonçalves/Dicas

que pretendiam alcançar um lugar nas fases finais de Coimbra. O primeiro dia foi dedicado à fase de grupos, tendo início a competição com um confronto disputado entre a AAUM e o Politécnico de Leiria (do grupo A) que terminou empatado por três golos. Também neste grupo, a Universidade de Lisboa venceu a equipa de Leiria, contudo os lisboetas viriam a perder a partida ante a AAUM. Um empate e uma vitória bastaram para os

minhotos seguirem em frente, a par da ULisboa. Já no grupo B, a Universidade do Porto, campeã em título, saiu vencedora em todos os seus jogos. A formação da cidade invicta rumou assim para as meiasfinais, juntamente com a AAC (Associação Académica de Coimbra). No segundo e último dia do torneio houve lugar para as meias-finais. A Universidade do Porto e a Universidade de Lisboa empa-

taram a um golo, o vencedor do jogo foi ditado pelas grandes penalidades, que deram vantagem de 3-1 à UPorto. Na final a equipa da briosa tomou de vencida a UP, por 5-4. Por sua vez, a AAUM conquistou o 3º lugar, após ter ganho a partida frente à Universidade de Lisboa por 7-2. O Campeonato Nacional Universitário Masculino de hóquei em patins decorrerá de 12 a 14 de Abril, em Coimbra, contando com a participação da equipa minhota.


Joana Barra Vaz

Hugo Alexandre Cruz

Vera Marmelo

DAVID SANTOS

David Santos criou o projecto Noiserv no ano de 2005 quando alinhou um conjunto de ideias sonoras em 3 demos que foram editadas on-line pela extinta Merzbau. Esse primeiro EP mostra, desde logo, o universo intimista e acústico criado pela guitarra e pelo metalofone. Igualmente pela netlabel fundada por Tiago Sousa foi editado One Hundred Miles from Thoughtlessness, um álbum que foi muito bem aceite pelo público que continha alguns temas já consagrados como “Bullets on Parade”. Em Julho do ano passado David lança pela Optimus Discos “A day in the day of the days”, um disco conceptual que tem como objectivo servir como banda sonora para um qualquer dos nossos dias. O último passo dado por David Santos foi a composição de mais de uma dezena de temas para a banda sonora do documentário José e Pilar. Yann Tiersen - Comptine d’un autre été: L’après-midi (BSO Amélie, 2001) Acho que o Yann Tiersen é o único músico que fiquei a conhecer através de uma banda sonora e não através de um disco. Desde sempre que tenho interesse pela música que aparece nos filmes, fico na sala até passarem os créditos finais... e foi o que aconteceu com o Amélie. Por tudo - pela música, pelo filme por aquilo que representa para a vida de cada um... então quando cheguei a casa fui logo pesquisar sobre o Yann Tiersen. Sunset Rubdown - I’m Sorry I Sang On Your Hands That Have Been In The Grave (Shut Up, I am Dreaming, 2006) Descobri esta banda porque um dos elementos, o Spencer Krug, pertence aos Wolf Parade, de quem gosto muito. Como uma pessoa vai

pesquisando acerca das bandas, vai conhecendo melhor os seus elementos, projectos paralelos... gosto muito da voz do Spencer, neste registo mais agudo, foi quase amor à primeira vista... todas as melodias, nomeadamente em termos de voz, são perfeitas. Era uma das bandas que não me importava ter fundado. Contudo, eu não me vejo para já a formar uma banda... neste momento sinto-me confortável como Noiserv, um projecto a solo com todas as suas vantagens e desvantagens. Radiohead - Exit Music for a Film (OK Computer, 1997) É assim... eu não sei se são ou não uma influência no meu trabalho... só sei que são a influência da minha vida! São na minha opinião a melhor banda de sempre, por tudo o que representam em termos musicais, em termos da alternativa que representaram na altura a quem estava a sair da onda de Seattle, era eu adolescente. Patrick Watson - The Great Escape (Close to Paradise, 2006) Acho que é talvez o concerto que mais me surpreendeu nos últimos tempos... na altura só conhecia uma música e pensava, antes do concerto começar, que seria uma série de músicas todas iguais umas à outras... e não foi assim! Achei interessante como uma banda de 3 músicos conseguiu dar uma roupagem diferente a cada um dos temas... pareceu-me tudo menos “mais do mesmo”.

Sigur Rós - Popplagid (“()”, 2002) Acho que eles se destacam das restantes bandas nórdicas pela sua intensidade sonora. Eles tentaram utilizar a voz como mais um instrumento, criando melodias que não estão ligadas a uma letra, daí talvez eles terem criado um “dialeto próprio”, por entre o inglês, o islandês e algumas palavras inventadas. Para mim não há assim uma grande regra em termos de composição ou da escolha dos elementos sonoros quando estou a trabalhar a componente dos arranjos, aos quais dou muita importância. O caso do som da máquina fotográfica na Bulletts on Parade foi uma coincidência: foi a minha namorada quem mostrou aquele som, e aquilo acabou por “fechar o ciclo” daquela música.



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