A garantia é deixada pelo reitor da UM numa iniciativa inédita de todas as instituições de ensino superior no nosso país
“A vida na Universidade do Minho será muito difícil em 2013”
Jornal Oficial da AAUM DIRECTOR: Vasco Leão DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 178 / ANO 8 / SÉRIE 4 TERÇA-FEIRA, 13.NOV.12
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FICHA TÉCNICA 13.NOV.12 // ACADÉMICO
EM ALTA
NO PONTO
EM BAIXO
Guimarães 2013- Cidade Europeia do Desporto Depois da cultura, realmente, Guimarães não pára. Apesar de não ser um acontecimento tão grandioso como a Capital Europeia da Cultura, esta cidade europeia do desporto, ainda que partilhada com outras cidades, merece que as “gentes” de Guimarães se empenhem em trazer algo de benéfico para o futuro da cidade que tão apaixonadamente vive o desporto. É levar para o terreno esse amor e determinação.
Estudantes precisam de voz No dia em que o reitor António Cunha falou à comunidade académica contavam-se pelos dedos os estudantes no auditório. Um péssimo sinal. Não sei como se fizeram os estudantes representar nas outras academias, mas, ainda assim, é de louvar que agora , os mesmos, convoquem uma manifestação para gritar/lutar pelo que defendem e que está a ser posto em causa. Não sei que adesão terá, mas se o tempo é de luta... Vamos a ela!
Cortes no Ensino Superior “Situação dramática” sublinhou o reitor da UM, António Cunha, quando falou ao ACADÉMICO há três semanas. O Ensino Superior está com a “corda na garganta” e, assumem as universidades, não há mais por onde cortar. Salve-se o ensino, salve-se a investigação, salvem-se os jovens, salve-se o futuro do país. Tanto por e para salvar num país onde as prioridades se inverteram e onde se hipoteca o que de esperança nos resta!
SEGUNDA BARÓMETRO PÁGINA
FICHA TÉCNICA // Jornal Oficial da Associação Académica da Universidade do Minho. // Terça-feira, 13 Novembro 2012 / N178 / Ano 8 / Série 4 // DIRECÇÃO: Vasco Leão // EDIÇÃO: Daniel Vieira da Silva // Chefes de redacção: Cláudia fernandes e Rita Magalhães // REDACÇÃO: Adriana Couto, Alexandre Rocha, Ana filipa Gaspar, ana Pinheiro, Bárbara martins, Bruna Ribeiro, Bruno Fernandes, Carla Serra, Catarina Moura, Catarina silva, Cátia Alves, Cátia Silva, Cláudia Fernandes, Daniel mota, Dinis Gomes, Diogo Lemos, Filipa Barros, Filipa Sousa Santos, Isabel Ramos, Joana Martins, Joana Valinhas, Joana Videira, João Pereira, Judite Rodrigues, Marta Soares, Raquel Miranda, Rita Magalhães e Vânia Barros // COLABORADORES: Elsa Moura e José Reis // GRAFISMO: gen // PAGINAÇÃO: Daniel Vieira da Silva // MORADA: Rua Francisco Machado Owen, 4710 Braga // E-MAIL: jornalacademico@rum.pt //TIRAGEM: 2000 exemplares // IMPRESSÃO: GráficaAmares // Depósito legal nº 341802/12
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LOCAL
guimarães formalizada em bruxelas como cidade europeia do desporto Comitiva à espera de receber, no Parlamento Europeu, o título de Cidade Europeia do Desporto
DANIEL VIEIRA DA SILVA daniel.silva@rum.pt
Depois da Capital Europeia da Cultura, mais um evento internacional a marcar o ano na “cidade-berço”. Guimarães irá ser um dos palcos europeus do desporto. A atribuição oficial da bandeira decorreu na passada semana em Bruxelas num momento que era esperado com alguma expectativa pela comitiva (que integrou responsáveis, convidados e jornalistas) que se deslocou à cidade belga, a convite do eurodeputado José Manuel Fernandes. Após a cerimónia, o “deputado do Minho”, sublinhou o que motivou o seu envolvimento no projeto, no caso, a qualidade do mesmo. José Manuel Fernandes assumiu que Guimarães “tem todas as condições que garantam o sucesso deste evento que irá marcar a cidade no próximo ano”. Um dos pilares desta iniciativa na cidade vimaranense é Amadeu Portilha, o vereador do desporto na cidade. O mesmo, também em declarações ao ACADÉMICO, assumiu o compromisso de
Daniel Vieira da Silva
que Guimarães será “uma cidade profundamente apaixonada pelo desporto”. Portilha acredita que Guimarães “vai mostrar à Europa e ao Mundo, uma vez mais, que é capaz de grandes feitos e eventos”. Recorde-se que o Governo português reconheceu na passada semana o evento como sendo de interesse público.
Por parte do Instituto do Desporto e Juventude, Ricardo Araújo juntou-se a esta comitiva e elogiou o trabalho desenvolvido onde sublinhou a postura assumida pelo Governo que “esteve, desde a primeira hora, ao lado de Guimarães nesta candidatura”. Este evento vai juntando alguns embaixadores que
vão, fruto da sua exposição pública, dando algum mediatismo ao mesmo. São os casos dos ex-futebolistas Neno e Pedro Mendes que integraram, de igual forma, esta comitiva. O ex-guarda-redes assume que o evento dá a oportunidade de Guimarães “marcar uma nova era”. Já o ex-médio e internacional português
Pedro Mendes avançou que este é uma “oportunidade para Guimarães dar um passo no sentido do desenvolvimento”. Desporto partilhado pela Europa Com objetivos bem definidos, este ano do desporto em Guimarães pretende, também, estimular a produção de conhecimento, a qualificação e formação profissional, promover uma cultura de saúde e de exercício físico, sempre com uma forte interação com a sociedade. Guimarães 2013 – Cidade Europeia do Desporto, junta-se às cidades italianas de Cremona, Modena, Alba e Reggio Calábria, às espanholas de Lorca, Castelldefels e Estepona e ainda à cidade britânica de Lisburn. Para um ano especial em matéria financeira, o evento não deverá, em termos orçamentais, exceder o milhão de euros, verba que, ainda assim, no entender de Amadeu Portilha, “permite cumprir ideias e projetos que há para 2013”. O arranque oficial dá-se a 19 de janeiro do próximo ano. PUB.
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CAMPUS
chuva de estrelas no university fashion Ana pinheiro anafilipapinheiro1@hotmail.com
O glamour invadiu o Instituto de Design de Guimarães que foi o palco, na passada sexta-feira, da final da 11ª edição do University Fashion. Foi nesta noite que os alunos da academia tiveram a oportunidade de desfilar e mostrar o seu talento dentro da passerelle. O tema deste ano foi “Butterfly Effect”, que significa que tudo pode mudar num bater de asas. Esta iniciativa do Departamento de Saídas Profissionais da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) visa promover e proporcionar uma experiência aos alunos da academia e lançá-los para esta área da moda. Entre o júri desta edição estava Hélder Castro, presidente da AAUM, Rosa
Vasconcelos, da Escola de Engenharia da UM, a estilista Elsa Barreto, e alguns lojistas de marcas que se apresentaram também no desfile. Os 16 candidatos tiveram oportunidade de desfilar marcas como a Fred Perry, SMK, Boneca, Camport, criações da estilista Elsa Barreto e coordenados elaborados pelos alunos do curso de Design e Marketing de Moda. O prémio final desta edição proporciona aos vencedores a oportunidade de poderem trabalhar um ano para a Botique Boneca, Skills e Fred Perry e ainda terão a possibilidade de serem agenciados pela Agência DXL. Dânia Neto e Hélder Silva, vencedor do concurso de apresentador do University Fashion, foram os apresentadores desta final, que conseguiram manter o público
Os vencedores do concurso, radiantes pela conquista
Ana Pinheiro
sempre interativo e animado durante uma noite muito fria. Dânia Neto, falou ao ACADÉMICO e confessou: “Apresentar não é a minha área, eu sou atriz! Mesmo assim penso que correu bem e que as pessoas gostaram. Estamos numa noite muito fria, não deve ter sido fácil para as pessoas que estavam a assistir. Tirando isso penso que foi um espetáculo muito bonito. Os estilistas eram ótimos, os vestidos eram lindos e os manequins tiveram muito bem!” Foi uma noite cheia de surpresas com ofertas destinadas também ao público, pela Touch Clinic que sortearam tratamentos de beleza, a atuação da Azeituna e uma demonstração de Break Dance. Cláudia Tomé, eleita a vencedora, não quis acreditar quando ouviu o seu nome: “Não estava mesmo nada à espera de ganhar. Gostei muito de estar aqui estes dois dias com todos os participantes. Fantástico mesmo! Acho que é uma boa iniciativa da Associação
Académica para os alunos que gostam de moda e têm este sonho.” Já Jorge Costa, o vencedor masculino, sublinha: “Foi uma experiência agradável,
entrei aqui para me divertir e nunca pensei sair o vencedor. Nestes últimos dois dias de preparação aprendemos muito com a produtora. Tivemos um grupo engraçado e foi muito divertido este percurso todo”. André Miranda, vice-presidente do departamento de Saídas Profissionais e Empreendedorismo da AAUM, fez uma retrospetiva do evento e sublinhou: “A AAUM com a Guimarães 2012: Capital Europeia da Cultura criaram as condições ideais para transformar o University Fashion num grande momento para os nossos participantes. Conseguimos também aqui um público bastante vasto, tanto alunos da universidade como também a população local. Foi excelente, o ambiente estava ótimo e o feedback dos participantes até agora tem sido muito bom”.
CAMPUS PÁGINA 05 // 13.NOV.12 // ACADÉMICO
quase 80% de alunos ainda sem bolsa na uminho ISABEL RAMOS quita_ramos@hotmail.com
A Direcção Geral de Ensino Superior (DGES) está atrasada no pagamento dos processos já deferidos. Das cerca de 3800 bolsas aprovadas na Universidade do Minho, apenas 860 vão ser pagas este mês, o que corresponde a 21% dos alunos bolseiros. Em declarações ao ACADÉMICO e à Rádio Universitária do Minho, o administrador dos Serviços de Acção Social (SASUM), Carlos Silva, frisou que já foram analisadas 77% das candidaturas e que o atraso que se observa entre a decisão e a entrega da bolsa aos estudantes acontece desde que a DGES é a entidade responsável pelo pagamento. “As razões eu desconheço com-
pletamente, mas no ano anterior este processo já tinha um ritmo que não era muito diferente do que está a acontecer. Agora, no meu ponto de vista, não faz sentido porque o estudante precisa do dinheiro”, conclui. O responsável pelos SA-
SUM perspectiva que o número de candidatos a bolsas venha a ser superior ao do ano anterior e afirma que este ano a decisão é mais favorável aos alunos. “Isto não quer dizer que os critérios sejam mais favoráveis ao estudante, o que quer di-
DR
Ainda assim, os processos estão a ser analisados com mais rapidez do que no ano passado
zer é que este ano a análise sócio-económica da família está em pior estado. Há um aumento de 10% dos casos deferidos em relação aos processos que já estão analisados”, justifica. Ainda que sem uma análise definitiva, Carlos Silva fala
de um valor médio da bolsa semelhante ao do ano lectivo de 2011/1012, devendo rondar os 200 euros. A grande diferença no regulamento de este ano prende-se com o facto do processo estar sempre aberto. Os alunos podem candidatar-se em qualquer instante, mas só recebem a bolsa a partir do momento em que se candidatam. “O estudante pode concorrer a qualquer altura, quando sentir que tem alguma razão que o leve a concorrer à bolsa de estudo, concorre”, sublinha Carlos Silva. Os processos estão a ser analisados mais rápido em comparação a 2011, perspectivando-se que ainda em Novembro se atinjam os 90% dos processos que entraram até ao final de Outubro.
cecri realiza recolha de alimentos ANA PINHEIRO anafilipapinheiro1@hotmail.com
Com a aproximação da época natalícia, chega também a vontade de ajudar os menos favorecidos. Este ano o Centro de Estudo do Curso de Relações Internacionais (CECRI), realizará durante o mês de novembro uma recolha de alimentos não perecíveis. A entrega dos donativos pode ser feita na sede do CECRI, na Escola de Economia e Gestão no campus de Gualtar, ou nas
“Caixas Solidárias” que se encontram nos bares de todos os complexos pedagógicos de segunda à sexta-feira, até ao dia 30 de novembro. Todos os produtos que conseguirem adquirir com esta campanha serão entregues posteriormente ao Banco Alimentar Contra a Fome no Pingo Doce (Braga Parque) no 1º fim de semana de dezembro. O CECRI convida toda a comunidade académica a aderir, para poderem com a ajuda de todos tornar este Natal melhor. PUB.
CAMPUS PÁGINA 06 // 13.NOV.12 // ACADÉMICO
“a vida na uminho será muito difícil em 2013” ELSA MOURA elsa.moura@rum.pt
O Reitor da Universidade do Minho, António Cunha alertou, na sexta-feira, estudantes e funcionários para a gravidade da situação económica da instituição em 2013 caso o Governo avance com o corte de quatro milhões e meio de euros à Universidade. Despedimentos, redução de despesas de manutenção e eletricidade, assim como a redução do horário das bibliotecas e das cantinas são as hipóteses que a instituição pondera tomar. O Reitor alertou a academia minhota para a escassez de possibilidades de redução das despesas da instituição, já que muitos cortes têm sido efetuados nos últimos anos, e reconheceu que a Universidade do Minho já não tem mais por onde cortar. No entanto, caso o ministro da Educação, Nuno Crato, não volte atrás no corte financeiro anunciado, o ano de 2013 será extremamente difícil com este “orçamento impossível”, sublinhou António Cunha. “Portugal e as Universidades”, o grito dos Reitores Na passada sexta-feira os reitores das universidades portuguesas ‘abriram o jogo’ para docentes, funcionários e alunos. Todos falaram à mesma hora (12h) para a sua comunidade académica. Explicaram as implicações do Orçamento do Estado
2013 e consideraram-no um “orçamento impossível”. Desde 2005 que os cortes são constantes e as universidades têm-se esforçado a aumentar receitas próprias. Em sete anos, o financiamento público das instituições de ensino superior foi reduzido em 200 milhões de euros. O reitor António Cunha admitiu no campus de Gualtar, em Braga, num auditório repleto de funcionários, professores e alunos preocupados, que a iniciativa dos reitores foi “o primeiro grito” com a declaração conjunta, o que demonstra o “dramatismo” da situação, mas também a “união” das universidades neste momento particularmente difícil. “Trabalhar no cenário apresentado pelo Governo é impossível”. E mesmo que Nuno Crato volte atrás nalguns dos cortes, António Cunha não tem dúvidas de que “mesmo assim a vida será muito difícil no próximo ano”. O último ano letivo já funcionou com menos docentes e funcionários, admitiu o reitor, que disse também que a UM se tem esforçado para “encontrar soluções” e formas de reduzir despesas. O reitor fez questão de “agradecer o facto de a universidade se ter conseguido acomodar fazendo mais com menos” recursos, mas alertou: “há limites”. O Reitor da Universidade do Minho garantiu que a mesma “não se quer colocar de fora da situação que o país
atravessa e quer contribuir” para dar a volta, “mas não com tiros nos pés”. António Cunha terminou o seu discurso dizendo estar “consciente das condições de trabalho e de vida da comunidade académica”, mas também “crente no futuro da universidade”. Fundo de apoio aos estudantes mantém-se António Cunha garantiu que o fundo de apoio aos estudantes carenciados não estará em risco, “esse fundo é um compromisso do reitor e do conselho geral, com certeza que esse fundo vai ser mantido”. Recorde-se que o fundo será financiado pelo aumento em 30 euros
Nuno Gonçalves
no valor das propinas neste ano letivo. Estudantes atentos à situação Carlos Videira, aluno de mestrado em Direitos Humanos, considera que os “cortes afetam a qualidade do ensino e o percurso académico de cada aluno”. O jovem de 21 anos abordou o significado das propinas que os estudantes pagam para sublinhar a injustiça de mais cortes no ensino superior. “Quando a propina deveria ser uma taxa para justificar um melhor serviço serve agora apenas para garantir a sustentabilidade” das universidades. Outro aluno que ouviu com aten-
ção as palavras que o reitor António Cunha dirigiu à comunidade universitária foi Luís Pinheiro, de Psicologia, que considera que “será a destruição de qualquer entidade de ensino superior”. O aluno está preocupado com os possíveis cortes apresentados por António Cunha e espera que não se corte mais na ação social, defendendo este “bater do pé” do CRUP ao Governo. Esta semana os reitores reúnem com o Ministro das Finanças, Vítor Gaspar e esperam chegar a um possível acordo. Sexta-feira, dia 16 os reitores reúnem-se em Coimbra onde farão uma comunicação ao país. Greve poderá ser umas das possibilidades em cima da mesa.
Universidades organizaram comunicação conjunta
CAMPUS PÁGINA 07 // 13.NOV.12 // ACADÉMICO
aaum conhece novo presidente a 4 de dezembro CLAÚDIA FERNANDES alaufernandes@hotmail.com
As eleições para a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) vão realizar-se no dia 4 de dezembro de 2012, após aprovação em Reunião Geral de Alunos (RGA), realizada na passada quarta-feira, no campus de Gualtar, em Braga. Assim, nesse dia, os alunos da UMinho conhecerão o seu novo representante para o ano de 2013. Relativamente ao restante do calendário eleitoral, até dia 17 de novembro decorrerá o processo de apresentação de listas à Comissão Eleitoral (CE), que também ficou eleita na mesma reunião. Henrique Sousa, presidente da CE eleita referiu que o
seu maior objetivo para estas eleições será o “combate à abstenção”. No dia 18 de novembro serão verificadas todas as listas, havendo, de seguida, um período de regularização das mesmas, no caso de ser necessário, até 15 de novembro. Por sua vez, a campanha eleitoral decorrerá, então, entre os dias 27 de novembro e 2 de dezembro. Caso haja necessidade de se recorrer a uma segunda volta, o sufrágio será a 11 de dezembro. Esta RGA serviu também para que o presidente da AAUM, Hélder Castro, explicasse publicamente o contrato de compra e venda do autocarro da AAUM, que havia sido levantado na RGA anterior. De acordo com o representante dos
alunos, o anterior veículo “começava a apresentar problemas e elevados custos de manutenção, na ordem dos 16 mil euros por ano”. “Ao analisarmos a situação percebemos que seria mais vantajoso economicamente
subcontratar um outro veículo do que usarmos o nosso”, referiu Hélder Castro. O novo autocarro, de acordo com o presidente da AAUM, “consome 38 litros aos 100, ou seja menos 6 litros que o antigo”. “Apesar da subida
dos impostos e combustíveis, a AAUM tenta sempre manter equilibradas as receitas e as despesas e tenta não prejudicar os estudantes. Neste momento o serviço entre Braga e Guimarães fica por mais de três euros num autocarro normal e nós conseguimos fazer por menos de metade”, explicou Hélder Castro. Este negócio foi, então, a votação, tendo sido retificado com 35 votos a favor e 40 abstenções. Um dos alunos presentes aproveitou também o momento para falar de um abaixo-assinado que está a ser levado a cabo por um grupo de estudantes, no qual se mostram em desacordo com os cortes no aquecimento das salas, entre outros.
aluna da uminho desenvolve aparelho que identifica tipo de sangue em cinco minutos bruna ribeiro brunatdr@hotmail.com
Aluna de Engenharia Biomédica na Universidade do Minho, Sara Pimenta venceu o primeiro prémio do concurso de ideias organizado pelo centro de inves-
tigação Fraunhofer AIOCS, na categoria de Mestrado do Fraunhofer Portugal Challenge 2012. Este concurso desafiou estudantes e investigadores das universidades portuguesas a exporem ideias inovadoras e com utilidade prática. Assim sendo, Sara Pimenta criou um dispositivo por-
tátil capaz de identificar o tipo de sangue de um paciente (sistema ABO-Rh) em apenas cinco minutos. Enquanto que os procedimentos já existentes tendem a demorar cerca de 30 minutos a decifrar o tipo sanguíneo, o dispositivo pelo qual a estudante minhota foi distinguida pode vir a ser
bastante útil em situações de emergência, pois torna as transfusões de sangue mais rápidas e seguras. Em declarações ao ACADÉMICO, Sara afirmou ter a esperança que o seu projeto “salve muitas vidas”. Este dispositivo inovador foi desenvolvido no Centro Algoritmi e recebeu um
prémio de 2000 euros. “A ideia partiu das minhas orientadoras que me propuseram este projeto para a minha tese de mestrado”, referiu a jovem de 23 anos, natural de Felgueiras, que já iniciou o doutoramento em Engenharia Biomédica na UMinho, na área da eletrónica médica. PUB.
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UNIVERSITÁRIO
estudantes organizam “manif” para travar cortes no ensino ANA FILIPA GASPAR afilipa.gaspar@hotmail.com
Os cortes orçamentais nas instituições do Ensino Superior, o corte do financiamento estatal no passe sub-23 e as restrições na atribuição de bolsas são os motivos que levaram à convocação de uma manifestação no próximo dia 22, em que estudantes universitários de todo o país se vão reunir em Lisboa, para protestarem em defesa de um ensino superior público de qualidade e contra o novo Orçamento de Estado. Segundo o diário Público, o protesto organizado pelas associações de estudantes do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), da Faculdade de Letras da Universi-
dade de Lisboa, da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Nova de Lisboa e do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, tem início marcado às 14h30 na praça Marquês de Pombal, seguindo posteriormente para a Assembleia da República. O apelo a este manifesto é feito a toda a comunidade universitária e promete reunir um grande número de jovens. O corte nas bolsas tem levado a um aumento de pedidos de financiamento à banca, e consequentemente ao aumento do endividamento estudantil. Em declarações ao Público, João Mineiro, aluno do ISCTE, baseia-se num recente estudo de Luísa Cerdeira, para afirmar que 12 mil estudan-
LUSA
tes devem um total de 200 milhões de euros à banca, com o intuito de pagar os estudos. A mesma pesquisa afirma ainda que uma família portuguesa, gasta 63% do seu rendimento para pagar os estudos universitários ao filho.
Aprovado pela maioria, o Orçamento de Estado de 2013 irá refletir-se na vida dos estudantes, e também os reitores e presidentes dos institutos politécnicos, demonstram o seu descontentamento perante tais medidas.
O ACADÉMICO tentou apurar informações sobre a participação ou não de estudantes organizados da Universidade do Minho nesta manifestação, não conseguindo, no entanto, obter a informação desejada.
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INQUÉRITO
vais votar nas eleições da aaum? Artur Duarte Carvalho, a frequentar o mestrado em Mediação Cultural e Literária - Literatura e Cinema afirma que os alunos de uma licenciatura se encontram mais informados relativamente às eleições para a Associação Académica. Segundo o estudante, a proximidade com os candidatos e os membros das listas desperta outro interesse nos alunos quando têm de afluir às urnas. Por esse motivo, este ano decidiu não votar nas eleições da Associação Académica da Universidade do Minho. O aluno que frequenta atualmente o 2º ano do Mestrado, refere a primeira Reunião Geral do Aluno a que assistiu – no primeiro ano de licenciatura – como uma forma de conhecer a Universidade e a própria Associação, relembrando, portanto, a importância destas reuniões. Acrescenta que reconhece o esforço da Associação Académica na luta pelos interesses dos estudantes e que, até agora, todos os representantes dos alunos da UM fizeram um bom trabalho. artur duarte carvalho 2º ano// Mest. Mediação Cultural e literária
ana gonçalves 2º ano// química
Assumindo o desinteresse pelas eleições para os Órgãos de Governo da AAUM, Ana Gonçalves, confessa que no dia 4 de dezembro não vai votar. A aluna do 2º ano da licenciatura em Química diz não conhecer os candidatos, as listas e os órgãos a eleger. Do mesmo modo admite nunca ter assistido a nenhuma Reunião Geral dos Alunos, não estando familiarizada com os assuntos abordados nas RGA’s. No entanto, Ana Gonçalves afirma que não se encontra suficientemente informada sobre as eleições por falta de divulgação o que, segundo a própria, provoca a sua indiferença. Acrescenta ainda que muitos estudantes só falam da AAUM em alturas de festa, nomeadamente na Receção ao Caloiro ou no Enterro da Gata. A jovem refere também que prefere abster-se nestas eleições porque diz que apesar de mudarem os representantes a Associação Académica fará sempre o mesmo, nem melhorará nem piorará.
O aluno do 3º ano de Bioquímica garante que por saber a importância da eleição dos representantes dos estudantes da academia minhota vota todos os anos, como tal, este ano não vai ser exceção. Henrique Machado encontra-se informado acerca dos candidatos e dos órgãos a eleger. Apesar de não ter estado presente na RGA da passada semana, o estudante reconhece a sua utilidade para a nomeação da comissão eleitoral e tenciona informar-se acerca das decisões tomadas na mesma. Relativamente ao funcionamento da Associação Académica, Henrique afirma que assistiu a uma passividade muito grande por parte da AAUM no que toca à luta pelos direitos dos estudantes. Refere ainda que acha extremamente duvidosas as despesas apresentadas no relatório de contas, acrescentando que o valor apresentado é irrisório. Posto isto, o aluno da academia minhota afirma que como em qualquer processo democrático a esperança é a mudança.
henrique machado 3º ANO // bioquímica
ana luísa pereira 2º ANO// administração pública
marta soares msf_soares@hotmail.com
As eleições para os Órgãos de Governo da Associação Académica da Universidade do Minho realizam-se, por norma, no final de todos os anos civis – este ano decorrerão a 4 de dezembro.
Aluna de Administração Pública do 2º ano, Ana Luísa Pereira afirma que não vai votar nas eleições para a AAUM. A estudante minhota referiu que reconhece a importância da associação na vida académica dos alunos, no entanto, confessa não se interessar pelos candidatos e órgãos a eleger para a AAUM. Ainda sobre a eleição dos representantes dos estudantes, a jovem argumenta que mesmo que exista uma grande mudança quer a nível das pessoas que se encontram dentro dos órgãos quer a nível da gestão dos próprios departamentos, não acredita que os problemas que envolvem os estudantes minhotos sejam resolvidos. Ana Luísa refere que o maior problema dentro da AAUM é a má gestão do dinheiro. Indica que existem falhas no relatório de contas o que a deixou com uma certa dificuldade em acreditar na AAUM. Acrescenta que este entrave, de um modo pessoal, não vai mudar mesmo que se alterem os representantes.
A campanha eleitoral está agendada para o período de 27 de novembro a 2 de dezembro, com a primeira volta das votações será realizada no dia 4 de dezembro. Apesar da importância da eleição dos seus representantes alguns estudantes minhotos não tencionam votar. A falta de informação sobre os órgãos a eleger e os respetivos candidatos foi apontada como uma das razões para a abstenção, para além disso, alguns alunos reconhecem a importância das Reuniões Gerais de Alunos e das eleições para a AAUM no entanto admitem que existe uma falta de interesse para com estes órgãos.
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ENTREVISTA sergio denicoli DR
Tese de doutoramente de Denicoli está a dar que falar em todo o país
O jovem investigador Sérgio Denicoli denunciou, na sua tese de doutoramento, indícios de corrupção na implementação da Televisão Digital Terrestre (TDT) em Portugal. As conclusões do investigador levantaram polémica, tendo sido ameaçado pela Portugal Telecom (PT) e Anacom com um processo em tribunal. Desde logo se constituiu um forte apoio a Sérgio Denicoli, nomeadamente através de uma petição online que, em poucos dias, atingiu as 7 mil assinaturas. De acordo com Denicoli, durante o processo existiram “fortes indícios de captura, que teria ocorrido devido, sobretudo, ao fenómeno da ‘porta giratória’, que diz respeito às trocas de cargos entres as agências reguladoras, o governo e o mercado”. O ACADÉMICO esteve à conversa com o investigador, tentando saber o teor da sua investigação e ainda a sua reação às ameaças que recebeu.
“Acredito que um eventual processo em Tribunal, caso ele se configure, será uma oportunidade para debatermos a TDT na esfera pública” claúdia fernandes alaufernandes@hotmail.com
Defendeu recentemente a sua tese de doutoramento, na qual investigou a implementação da TDT em Portugal. Genericamente, a que conclusões chegou? O estudo conclui, entre ou-
tras questões, que as vantagens obtidas pela Portugal Telecom no processo de implementação da TDT, com o aval da Anacom, levaram às suspeitas de que o regulador teria sido capturado pela empresa, passando a agir em seu benefício. Ao analisarmos essa possibilidade, observamos fortes in-
dícios de captura, que teria ocorrido devido, sobretudo, ao fenómeno da ‘porta giratória’, que diz respeito às trocas de cargos entres as agências reguladoras, o governo e o mercado. Os sintomas mais claros de que havia uma captura foram a ação do regulador de forma a facilitar a formação de mo-
nopólios por parte da PT, as ligações da direção da Anacom, diretas ou indiretas, com a Portugal Telecom e seus acionistas, a anulação da obrigação da empresa arcar com os custos para a receção televisiva nas zonas de sombra, e as assimetrias de informações referentes à TDT.
Em relação às assimetrias de informação, verificamos que os representantes da Anacom não divulgavam, nas suas declarações públicas, aspetos importantes sobre o processo de implementação da TDT. Entre as omissões da Anacom, podemos destacar a não divulgação do número de
ENTREVISTA PÁGINA 11 // 13.NOV.12 // ACADÉMICO
DR
Investigador sublinha que com o processo de implementação da TDT no nosso país os mais pobres e idosos foram prejudicados. cidadãos beneficiados com os subsídios para compra dos descodificadores e kits satélite; a falta de explicação a respeito dos locais exatos que seriam afetados pelo apagão no litoral, referente à primeira fase do switch-off analógico; a não clarificação do argumento de que quem era assinante de um serviço TV paga não precisaria da TDT; e a não divulgação dos critérios utilizados para o reforço da cobertura TDT em alguns concelhos. Além disso, a direção da Anacom sempre elogiava publicamente as ações empreendidas pela PT, mesmo havendo problemas. Diz que a implementação da TDT foi influenciada pelo
que os teóricos chamam de “captura regulatória”. O que é isso de “captura regulatória”? A Teoria da Captura critica as intervenções regulatórias por parte do Estado, desconstruindo a ideia de que elas são motivadas pela defesa do bem público ou quando os mercados falham. As principais ideias desta teoria foram desenvolvidas no âmbito da linha de investigação económica da Escola de Chicago, sobretudo por nomes como George Stigler, que recebeu o Prémio Nobel de Economia, Richard Posner e Sam Peltzman. Stigler lançou as bases da teoria económica da regulação, ao concluir que o processo regulatório pode ser captura-
do pela indústria, de forma a agir em seu benefício. Falou, de certa forma, em que a Anacom beneficiou a PT no processo. Em que se baseou para isso? Durante o período de consulta pública aos projetos de regulamento dos concursos que dariam à Portugal Telecom a concessão para a utilização das frequências digitais, as sugestões da PT foram as mais acatadas. Isto deu ao grupo uma vantagem competitiva em relação aos demais concorrentes. O grupo conseguiu reduzir a percentagem de cobertura exigida, o que criou zonas de sombra, onde a população só conseguiria aceder aos canais generalistas me-
diante uma cobertura complementar não terrestre, via satélite, através da tecnologia DTH (direct-to-home). Isto, posteriormente, revelar-se-ia como mais um dos fatores de incentivo à migração da população para a TV paga, devido ao alto custo para a instalação e compra de equipamentos para a receção DTH. Feitas as alterações, somente a PT concorreu às licenças relativas à transmissão dos sinais dos canais da TV aberta. Já no concurso que daria as licenças para a difusão de serviços de TDT por subscrição, a PT enfrentou a concorrência do grupo sueco AirPlus TV, mas também foi a vencedora. As vitórias da PT vieram acompanhadas pela formação de monopólios. Somente a empresa vencedora dos concursos poderia emitir sinais televisivos terrestres no país, o que não ocorria na época da TV analógica, quando cada operador, além de gerir o conteúdo dos canais, poderia ser um difusor de sinais. A PT também ganhou o monopólio para a venda de equipamentos de receção via satélite nas zonas de sombra. Para receber estes canais, os investimentos eram discrepantes em relação às zonas cobertas. Nesse interregno, agentes das empresas de TV paga, iam às aldeias do país oferecer pacotes de TV por subscrição, inclusive o serviço MEO, da própria PT, conforme foi divulgado pela comunicação social. O monopólio da Portugal Telecom nas transmissões terrestres impediu que os concelhos pudessem investir, por conta própria, na instalação de repetidores para reduzir as zonas de sombra no país. As autarquias que o fizessem ficariam sujeitas aos rigores da lei, pois estariam a transmitir sinais de forma pirata. Portanto, ou se investia na compra do kit satélite da PT nas zonas de sombra, ou se assinava um serviço de TV paga. Caso contrário, uma grande parcela da população não teria acesso a qualquer cobertura televisiva. Desde o início da instalação da rede da TDT, em 2009, até o apagão analógico, em 2012, o serviço MEO, da
PT, obteve 715 mil novos clientes, um crescimento de 185,7% em apenas três anos. A sua tese motivou reação por parte da PT e da Anacom, sendo ameaçado com tribunal. O que pensa sobre essa atitude e como reagiu a ela? Esperava por algo deste género? Acredito que a atitude da PT foi uma tentativa de intimidação e de censura de uma tese académica, aprovada por unanimidade. Reagi ao anúncio como reagiria qualquer pessoa íntegra que vive numa sociedade democrática e que cumpre seus deveres de cidadão. Ou seja, achei uma atitude lamentável. Por outro lado, acredito que um eventual processo em Tribunal, caso ele se configure, será uma oportunidade para debatermos a TDT na esfera pública. Aliás, é algo que deveria ter sido feito no decorrer do processo. Acha que foi uma tentativa de o intimidarem? Acho que foi uma tentativa de impedir que as pessoas discutissem a TDT, pois, ao verificarmos o processo de implementação do sistema, vamos constatar que as pessoas mais pobres e mais idosas foram prejudicadas. Por vezes a ambição desmedida pelo lucro por parte de grandes grupos económicos é algo desumano que a sociedade deve combater. Desde logo se construiu um movimento de apoio em seu redor, numa petição que rapidamente atingiu as 7 mil assinaturas. Que importância teve isso para si? Senti-me confortado em saber que as pessoas perceberam que a academia estava a ser vítima de uma tentativa de censura. Foi uma grande prova de solidariedade por parte dos milhares de pessoas que assinaram a petição. Cabe ressalvar que a minha tese insere-se no campo teórico da Economia Política, que é uma vertente académica interventiva por natureza. Como eu disse recentemente numa entrevista, se um dia uma nação tiver os seus intelectuais a trabalhar sob a tutela dos grandes grupos económi-
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A TDT já tinha sido um tema abordado no ano passado no ACADÉMICO
DR
cos, será o fim da democracia. Hoje, as ciências humanas são essenciais para que possamos construir uma sociedade mais justa e mais equilibrada, pois é um momento de mudança de paradigmas. Acha que a sua tese servirá, de facto, para que as entidades competentes averiguem o que aconteceu e punam os responsáveis? Espero que sim. É o que eu venho pedindo ao longo do processo de implementação da TDT. Aliás, em janeiro estive num simpósio na Assembleia da República, a convite da Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, e, na altura, solicitei aos deputados que pedissem a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o papel da Anacom. No entanto, a sugestão não foi acatada.
De que forma toda esta situação suscita uma reflexão quanto à liberdade de imprensa e investigação no nosso país? Acho que este episódio nos traz um alerta que não podemos deixar de analisar, e que diz respeito não apenas à liberdade, mas também à própria reconstrução social
e económica do país. Portugal precisa de olhar para os seus problemas de frente, pois só assim conseguirá voltar a crescer dignamente e a permitir que os seus jovens possam ter esperança no futuro, sem ter a necessidade de emigrar para conseguir ter uma carreira. A tentativa de castramento da liberdade é consequência
de uma política partidária enferma, cujos principais líderes estão cada vez mais distantes do povo que representam e cada vez mais próximos de grandes grupos económicos para os quais as pessoas parecem ser o que menos importa. Quem é o Sérgio Denicoli? Sou um jovem investigador
que acredita que cada um deve fazer a sua parte para que possamos construir um mundo melhor, seja em Portugal ou em qualquer outro lugar. A responsabilidade pelo futuro é de todos nós e temos que assumi-la de forma a deixarmos para as próximas gerações uma sociedade mais digna e, sobretudo, mais humana. DR
Investigador não teme que o caso vá parar a vias judiciais
TECNOLOGIA E INOV tanto, a relação das plantas e saúde sempre foi uma área que achamos que teria grande potencial. Quantas pessoas é que se lançam neste projecto...Houve crescimento? Começou com quatro pessoas, ainda que duas delas tenham saído entretanto. Ainda assim, há pouco tempo, dois alunos
DANIEL VIEIRA DA SILVA daniel.silva@rum.pt
Qual foi o momento em que sentiram que se deviam lançar no mercado? Aconteceu naturalmente ao longo do curso. Os três alunos que formaram esta empresa foram, desde cedo, desenvolvendo esta ideia. Foi aí que perceberam que exis-
do mesmo departamento juntaram-se a nós. São pessoas com perfis idênticos. Sentiram o apoio inicial que era necessário? Sem dúvida. Até porque foi daquele meio que tomamos o conhecimento que depois deu origem à ideia. Foi aí [no departamento] que a nossa ideia geminou para aquilo que é hoje.
tia um “nicho de mercado” que poderiam explorar? Sim, percebemos que era uma área onde o conhecimento científico não era muito forte. Não havia relação entre o que a ciência revela e o que diz a tradição. Não havia essa junção e percebemos que era isso que fazia falta. Estamos numa área das plantas aromáticas e medicinais e temos inclusive uma pessoa ligada à área da saúde, por-
twittadas catarina hilário katarina-kosta@hotmail.com
Liderança da Apple ameaçada Os dados do relatório da International Data Corporation (IDC) são surpreendentes. No terceiro trimestre deste ano, a Apple perdeu mais de 50% da cota de mercado, no que toca aos tablets, enquanto a Samsung ganhou terreno e cresceu de 6,5% para uns notáveis 18,4%. Apesar de parecer invencível, a liderança da Apple parece amea-
çada e revela uma nova tendência deste segmento de mercado. Segundo a IDC, a Samsung vendeu 5.1 milhões de tablets em todo o mundo no período analisado, representando um aumento de 115% em relação ao segundo trimestre deste ano e de 325% relativamente ao terceiro trimestre de 2011.
expectativas dos analistas e, ao contrário de outras empresas ligadas à Internet como a Facebook Inc. ou a empresa de jogos Zynga, o valor das ações da LinkedIn duplicaram desde o início da negociação em mercado.
Tecnologia e crise = aumento das vendas LinkedIn distingue-se seus resultados
pelos
No terceiro semestre, os resultados da LinkedIn superam as
Em tempos de crise, a Alvo (empresa tecnológica nacional) e a Microsoft dizem ser possível potenciar o aumento das ven-
das entre 10% e 300%, isto se as empresas adotarem os softwares ideias de gestão e marketing do negócio. No Microsoft Lisbon Experience, foi possível conhecer a solução. As duas empresas demonstraram que com um CRM (Customer relationship management), uma ferramenta de Gestão de Clientes, em conjunto com o ERP (Sistemas Integrados de Gestão Empresarial), é possível aumentar as vendas. Foi ainda possível conhecer o testemunho de um cliente e perceber como esta
solução ajudou o seu negócio. Japoneses fizeram chamadas equivalentes a quase 260 mil anos Segundo dados oficiais do Ministério das Comunicações nipónico, os japoneses, utilizadores de telemóvel, fizeram, num ano, o equivalente a 259.123 anos em chamadas. Isto representa 59,17 mil milhões de chamadas, com a duração de 2,27 mil milhões de horas. Mesmo assim, o valor é 1,8% inferior ao do ano passado.
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OVAÇÃO
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CULTURA o mundo da dança no centro de braga É uma loja dedicada à dança que surge em pleno centro da cidade. Para responder a uma lacuna no comércio local ou para responder a um sonho, eis a loja que promete encantar miúdos – apaixonados pela dança – e graúdos – com curiosidade pela dança. da Braga 2012 – Capital Europeia da Juventude, através do programa “Encaixa-te” – que prevê a abertura de novos espaços nos próximos meses. “A ideia já tinha sido pensada [abertura da loja], mas aproveitamos o comboio para concorrer e acabamos por ser seleccionados”, revela o músico. O programa visa o apoio a jovens empreendedores de lançarem um negócio no centro da cidade, com apoios ao nível das rendas e promoção do local. E o que se pode, afinal, encontrar neste local? “Podemos encontrar material diverso, sendo que nesta altura temos a loja mais ‘ballética’. Mas podemos encontrar muito merchandising, malas e livros ligados à dança, mas ainda roupa de diferentes tamanhos ou mesmo sapatilhas”. Um verda-
A loja está situado no Largo São João do Souto, em Braga JOSÉ REIS jose.reis@rum.pt
É um local assente na lógica do “Prêt a porter”. Ou seja, no pronto a vestir, mas vocacionado aos artigos de dança (e dá o nome da loja, tão simples quanto dois mais dois serem quatro). A “Prêt a Danser” aposta no comércio de material ligado à dança – “desde o ballet às danças de salão” – e procura dar resposta a um nicho de mercado pouco respeitado
na cidade. “Existem lojas de vários artigos mas não existia uma loja na cidade vocacionada para a dança”, revela Pedro Andrade, em início de conversa, que juntamente com Diana Basto dá corpo (e alma) a este projecto. “Eu e a Diana trabalhamos nesta área, da dança, há alguns anos. Eu como pianista [que acompanha as aulas e exercícios de avaliação] e ela como professora. Já tínhamos uma empresa de revenda de material de dança e esta foi a forma ideal de o fazermos chegar a mais pessoas”, re-
Loja é um dos negócios lançados com a ajuda do programa Encaixa-te
deiro mundo da dança, em pleno centro da cidade, com preços acessíveis a todos. “Essa sempre foi uma preocupação nossa, ter produtos que procurassem responder a todas as carteiras e disponibilidades”, destaca. Marca própria Porque o sonho era mesmo este: “ter uma loja de rua”. Mas o sonho, esse, não se esgota agora que a loja abriu, há já alguns meses. “A nossa ideia agora passa por ter uma marca própria”, assume Pedro Andrade. Uma ideia que deve ainda demorar mais alguns meses. Um pianista que até pensou ser bailarino. “Era muito novo quando pratiquei ballet, foi entre os 6 e os 8 anos. Mas fiz ballet como pratiquei natação, por exemplo. Acabei por fazer opções”, revela. E a opção do piano foi a que levou a melhor.
vela Pedro Andrade. Material diverso A loja, pequena e encaixada entre edifícios, é um dos negócios lançados com a ajuda
O sonho destes dois empreendedores de Braga é lançar uma marca própria
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RUM BOX TOP RUM - 45 / 2012
14 PATTI SMITH April fool
1 CAT POWER - Ruin
15 WHO MADE WHO Inside world
9 NOVEMBRO
2 DIABO NA CRUZ - Luzia 3 ALT-J - Breezeblocks 4 BEACH HOUSE - Myth
16 WRAYGUNN Don’t you wanna dance 17 BAT FOR LASHES All your gold
5 GRIZZLY BEAR - Yet again 18 DJ RIDE - Here before 6 MANUEL FÚRIA Que haja festa não sei onde
19 DJANGO DJANGO Hail bop
7 A NAIFA - Gosto da cidade 20 WE TRUST – Again 8 B FACHADA - Carlos T
AGENDA CULTURAL
BRAGA
TEATRO 15 de novembro O gigante Theatro Circo MÚSICA 17 de novembro António Pinho Vargas Theatro Circo
GUIMARÃES
MÚSICA 14 de novembro Jacam Mandricks Band CCVF
15 de Novembro Projecto Toap Guimarães Jazz CCVF 16 de novembro The Jazz Passengers CCVF 17 de novembro WDR Big Band Collogne plays the music of Randy Brecker 30 novembro a 2 dezembro Primavera Club CAE - São Mamede
FAMALICÃO
TEATRO 15 e 16 de Novembro “SENTI UM VAZIO…” de Lucy Kirkwood Casa das Artes EXPOSIÇÃO De 7 a 30 de novembro Tráfico Desumano Casa das Artes MÚSICA 17 de novembro Anatomia do piano Casa das Artes
LEITURA EM DIA
Para ouvir de segunda a sexta (9h30/14h30/17h45) na RUM ou em podcast: podcast.rum.pt Um espaço de António Ferreira e Sérgio Xavier.
9 DRUMS, THE - Money 10 OS CAPITÃES DA AREIA Beijos espaciais
POST-IT 12 novembro > 16 novembro
11 SUPERNADA Arte quis ser vida
VALETE Meu País
12 BEST COAST The only place
WILD NOTHING Paradise
13 HEAVY, THE What makes a good man
JASON COLLETT I Wanna Rob a Bank
Enciclopédia da Estória Universal. Recolha de Alexandria de Afonso Cruz - Alfaguara. A efabulação literária, na linha de Borges, do imaginário narrativo das Mil e Uma Noites, de um dos novos autores portugueses mais interessantes. A Mão do Diabo de José Rodrigues dos Santos Gradiva. A crise e a hecatombe económica “explicadas” em forma de romance.
José de Rubem Fonseca Sextante. Os primeiros anos e o crescimento literário de um dos nomes maiores da Literatura em português.
Baby Blues 29. Cocó, Ranheta e Facada de Jerry Scott, Rick Kirkman - Edições Bizâncio. As diabruras das crianças típicas da classe média. Hilariante e corrosivo As Trapalhadas da Bruxa Mimi de Laura Owen; Ilust. Korky Paul - Gradiva. A incontornável e inimitável Bruxa Mimi e do seu comparsa o Gato Rogério. Obrigatório ler e oferecer
CD RUM
“the haunted man” – o regresso de
bat for lashes ELISABETE APRESENTAÇÃO elisabete.apresentacao@rum.pt
Em 2006 Natasha khan, sob o pseudónimo de Bat For Lashes, apresentava-se ao mundo da música com o disco “Fur and Gold”, trabalho que recebeu uma nomeação para o conceituado Mercury Prize em 2007, recebendo ainda duas nomeações para o Brit Awards, para os prémios de Melhor Artista Revelação e Melhor Artista Feminina. Em 2009 saiu para as lojas
“Two Suns” que apresentou o tema “Daniel” muito batido nas rádios e que fez com que Bat For Lashes catapultasse para a ribalta. Depois de um bloqueio musical em 2010, Bat For Lashes regressa agora mais amadurecida com o trabalho “The Haunted Man”, disco que foi bem recebido tanto público como pelos críticos. Os singles que antecederam este trabalho chamam-se “Laura” e “All Your Gold”. O álbum teve coprodução de Natasha Khan, Dan Carey e David Kosten e que conta
ainda com a colaboração de vários nomes, como Beck, Rob Ellis (PJ Harvey), Davi Sitek (TV On The Radio) ou Adrian Utley (Portishead). Na capa do disco, Bat For Lashes surge nua carregando um rapaz igualmente nu. Para mais informações sobre a artista ou o disco podem consultar o site www. batforlashes.com, www. myspace.com/batforlashes e ainda www.facebook.com/ batforlashes. Para escutar no CD Rum de 12 a 16 de novembro, cinco temas de “The Haunted Man”.
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DESPORTO
“o desejo é sempre alcançar o lugar mais alto do pódio” RITA MAGALHÃES ritasmaga@gmail.com
A equipa minhota de taekwondo arrecadou várias medalhas no Open da Sérvia, deixando prever uma época vitórias O taekwondo ainda é para muitos um desporto desconhecido. Esta arte marcial que nasceu como forma de renascimento após o domínio japonês em território coreano, integrou o role de desportos dos Jogos Olímpicos no ano 2000. Tae (pés) kwon (mãos) do (mente) significa, num sentido global, uma técnica de combate sem armas para defesa pessoal e foi introduzida em Portuga em 1974 pelas mãos Grão-Mestre Chung Sun Yong. O taekwondo, para os mais distraídos, está dividido em dez “níveis” que são distinguidos pela cor do Ti, faixa que os atletas usam na cintura. Estes níveis chamados de gubs vão diminuindo consoante aumenta o nível de conhecimento dos praticantes e, consequentemente, a sua humildade. Cada cor tem um significado diferente, começando pelo branco que representa a “pureza e ino-
cência” do atleta terminando no preto, que significa dignidade, dedicação, postura e liderança. Quando atingem a faixa preta os atletas são novamente graduados em dez níveis, chamados de dan, desta vez por ordem crescente, sendo que o décimo grau é vitalício e apenas uma pessoa o pode possuir. Provavelmente demasiado complexa e confusa para um leigo neste desporto, a explicação sobre o que é o Taekwondo torna-se importante para apresentar os senhores que se seguem. Rui Bragança, José Fernandes e Nuno Pinto e Costa, três atletas que formam a equipa de taekwondo ABC/ Uminho, não seriam tão importantes na história do desporto da Universidade do Minho não fossem eles dois estudantes de Medicina e um de Arquitetura, respetivamente, que conciliam os estudos com várias e múltiplas medalhas nacionais e internacionais em torneios desta arte marcial. O Open da Sérvia, que decorreu no mês passado, foi a segunda prova realizada pela equipa esta época e, como tal, “as expetativas não eram muito altas e o objetivo era
Dicas
Os três atletas continuam a elevar bem alto o nome da UMinho voltar ao ritmo” como explicou ao ACADÉMICO, Rui Bragança. O atleta e estudante de medicina da Universidade do Minho arrecadou a medalha de ouro na categoria -58kg, enquanto Nuno Costa conquistou o primeiro lugar do pódio na categoria 63kg. Já José Fernandes, após uma longa paragem por várias lesões, conseguiu a medalha de bronze, provando que ainda está em forma e que os lugares do pódio lhe pertencem. Os excelentes resultados dos três atletas concederam à equipa o segundo lugar por equipas em seniores absolutos. Quando confrontado com a
dificuldade em conciliar os estudos com o taekwondo, Rui Bragança salienta que “é preciso muita organização, esforço e sacrifício, já que tanto o taekwondo como a Medicina ou a Arquitetura exigem muito tempo”. No que diz respeito ao Open da Sérvia, Bragança não esconde a satisfação e “a sensação de dever cumprido” já que a equipa ABC/Uminho tinha apenas 3 atletas numa competição com 833 participantes e equipas que tinham, em muitos casos, mais de dez elementos. O atleta vimaranense realça ainda que sem os seus colegas de equipa e o treinador
Hugo Serrão nunca teria conseguido tudo o que alcançou até hoje, considerando-os “essenciais para conseguir treinar ao mais alto nível e, ao mesmo tempo, conseguir conciliar o taekwondo com tudo o resto”. Rui Bragança só lamenta que em Portugal o taekwondo seja ainda tão pouco conhecido, acentuando a importância de “aproveitar os bons resultados para divulgar a modalidade”. O estudante de medicina e praticante de taekwondo garante que os bons resultados são para continuar, já que “o lugar mais alto do pódio” é sempre a meta a atingir. PUB