aldeia_abril

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Ano 1, nº06 - maio de 2011 - 20.000 exemplares

Falando de Umbanda

Que saudade do compadre e da comadre!

Vale dos Orixás - CASA DE PAI BENEDITO DE ARUANDA Esses dias li uma crônica do Prof. José Antonio Oliveira de Resende* intitulada “QUE SAUDADE DO COMPADRE E DA COMADRE!” *José Antonio Oliveira de Resende – Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa do Depto de Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei). Quando dei por mim estava lá, naqueles dias de infância, tão duros, mas tão belos. O professor diz: “Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me da minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família

grande, todos a pé. Geralmente, à noite...” (...) “E os donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um: - Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre”.

nossa também era assim”.

Eram dias felizes. Lembro-me de visitar minhas primas (da parte rica da família) e ficar encantado com o luxo, o piano, a cantoria. Como eram lindas minhas primas. E o meu tio, como cantava bem!

E ele continua: “Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança. (...) Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade... (...) Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em

Ele segue: “A conversa rolava solta. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. E eu meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora. A

Eu não tinha irmãos, mas, também voltava para casa encantado com a visita. A barriga cheia de guloseimas e dormia como um anjo.


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