Músico leva “Literatura na MPB” a escolas do DF Página 8
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Chico Sant’Anna – Página 10
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Medo de “jabutis” adia votação da Luos
Ano XII - número 558
Brasília, 19 a 25 de março de 2022
Rosilene Corrêa vira estrela na comemoração dos 43 anos do Sinpro-DF (Foto) Pelaí – Páginas 2 e 3 e página 5
A CULPA É... ANTÔNIO SABINO
FOTOS: REPRODUÇÃO/TV
...de São Pedro
...do Conselho da Fecomércio
GDF afirma que nova rede de drenagem de Vicente Pires, que já consumiu R$ 300 milhões de recursos públicos, dá vazão a, no máximo, 40mm de chuva por hora. No domingo (13), o índice atingiu 61mm, fazendo a cidade reviver seus piores dias
(fotos acima). José Aparecido Freire (à esquerda), apelidado de “marajá da Fecomércio-DF”, transfere para os diretores da entidade a responsabilidade pela criação de um subsídio mensal de R$ 43 mil para ele próprio. Páginas 6 e 7 e Pelaí – Páginas 2 e 3
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Ex pedien te
Nada feito – Apesar de “O Antagonista” ter cravado que ACM Neto e Lula teriam fechado acordo para garantir a vitória do ex-prefeito de Salvador na disputa pelo governo da Bahia, fontes do União Brasil negam. A verdade é que Jacques Wagner abriu mão da candidatura ao perceber que o atual governador Rui Costa estaria colocando as asinhas de fora. Wagner quis mostrar quem é que canta de galo no terreiro baiano.
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Aparecido culpa diretores da Fecomércio-DF Após a publicação da matéria “O marajá da Fecomércio-DF” – edição 557 do Brasília Capital, sábado (12) –, o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal, José Aparecido da Costa Freire, convocou, na segunda-feira (14), uma reunião extraordinária presencial da diretoria da entidade para a terça-feira (15) para tratar de “assuntos institucionais da Fecomércio-DF”. MARAJÁ – Oficialmente, a assessoria de Aparecido não quis se pronunciar sobre o que foi tratado na reunião, ressaltando apenas que ele determinou a suspensão do pagamento do salário, que lhe conferiu, entre os filiados, o apelido de “marajá da Fecomércio-DF”. SUBSÍDIO – No entanto, a reportagem apurou que ele tentou eximir-se da
Solteirona Expulsa do Partido Novo, a deputada Júlia Lucy lançou em suas redes sociais uma questão: “com quem eu devo me casar?”. Lucy não está à procura de um marido e, apesar do tom amoroso, a plataforma usada para a pergunta não foi o Tinder. Em primeiro mandato e sem legenda, ela procura um partido. Internautas sugeriram várias siglas. Do centro à direita, praticamente todas foram citadas. Recentemente, a distrital foi cotada no União Brasil. Mas não deve se filiar à legenda fruto da fusão entre DEM e PSL.
responsabilidade pela aprovação, no dia 25 de novembro do ano passado, de uma ajuda de custo de R$ 800 para cada um dos 28 conselheiros e a criação de um subsídio para ele próprio correspondente a 36 salários mínimos (R$ 43.632). Somados, os valores totalizam uma despesa mensal de R$ 66.032 para os cofres da entidade (R$ 792.384 por ano). REELEIÇÃO – Candidato à reeleição à presidência da Fecomércio-DF para o próximo quadriênio – a inscrição de chapas ocorre até terça-feira (22) e o pleito está marcado para o dia 3 de maio – José Aparecido pode estar gerando um custo fixo de R$ 3,169 milhões para sua futura gestão. Isto sem contar as despesas com os chamados “cartões corporativos”, com os quais são pagas despesas como refeições e compra de ternos, por exemplo.
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SILÊNCIO – Procurada pelo Brasília Capital, a assessoria do presidente da Fecomércio-DF preferiu não se manifestar.
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Aqui se faz... A deputada Jaqueline Silva tem encontrado dificuldade para arrumar uma legenda para disputar a reeleição. Seus desafetos espalham o boato de que ela “não cumpre acordos”. Por isso, muitos dirigentes partidários não estão dispostos a conceder sigla para ela. Jaqueline é persona non grata no PTB, após discutir com o cacique Roberto Jefferson. Também dificulta a vida da distrital a formação de nominatas em torno de seu nome, por ela ter tido expressiva votação em 2018.
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Os machismos de ontem e de hoje Zélio Maia da Rocha (*)
Festa do Sinpro reúne nata da esquerda Sessão solene proposta pela deputada Arlete Sampaio (PT) em homenagem aos 43 anos do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) reuniu, quinta-feira (18), as principais lideranças petistas do Distrito Federal – o distrital Chico Vigilante, a federal Erika Kokay e o presidente local da legenda, Jacy Afonso. Mas a estrela da festa foi a professora Rosilene Corrêa, que disputa com o ex-deputado Geraldo Magela a vaga de candidata ao Buriti. ACLAMAÇÃO – Ao ser chamada para fazer seu pronunciamento, foi aclamada por parte dos convidados como “governadora”. Rosilene se disse emocionada por integrar a diretoria do Sindicato. “Nós fazemos a luta pela educação em todos os lugares, em cada trabalhador. A gente sabe o caráter de um governo pela forma que ele trata a educação”, afirmou, atacando o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador Ibaneis Rocha (MDB). ATAQUES – O secretário para Assuntos Legislativos da Central Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Gabriel Magno, exaltou as lutas históricas do sindicato. “Prestigiar o Sinpro é assumir, nesses tempos de ataques à democracia e à educação, uma postura política
cidadã”, discursou. O presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, concordou com a autora da homenagem. “O Sinpro é um sindicato que não se envolve apenas na defesa dos interesses da categoria, mas por todas as causas dos trabalhadores”. DEMOCRACIA – Vice-presidente da Internacional da Educação, Roberto Leão, defendeu que o Sinpro “está empenhado em fazer do Brasil uma democracia”. O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes-DF), Rafael Lucas Ribeiro, reforçou a importância da entidade neste momento histórico. “Estamos unidos neste período em que a Educação está sob ataque”, disse. “Independentemente de governos, o Sinpro sempre esteve ao lado da defesa da categoria e da democracia”, discursou o líder do Bloco PT/PV, Chico Vigilante. ESCOLA – Também participaram da homenagem o representante da AdUnB, Jaques Novion, o dirigente do Movimento dos Sem Terra (MST), Marco Antônio Baratto, o deputado Leandro Grass (PV), e a professora Olgamir Amância, representando a Universidade de Brasília (UnB), para quem “o Sinpro desempenha o papel da outra escola, onde se desenvolve o ambiente da luta de classe”.
Família, família, política à parte A secretária da Mulher, Ericka Filippelli, vai deixar o MDB e concorrer a uma vaga na Câmara Legislativa, disputando uma das 24 cadeiras com o sogro, Tadeu Filippelli. O ex-vice-governador decidiu ficar no
partido mesmo depois de perder a presidência para Rafael Prudente. O MDB promete ter candidato próprio à Presidência da República, o que não impediria Ibaneis Rocha de fazer palanque para Bolsonaro.
Mesmo sendo notório o avanço da consciência política da sociedade quanto à desigualdade entre homens e mulheres, ainda nos deparamos com pessoas que desconsideram os desafios que são específicos às mulheres no desempenho de suas atribuições diárias. Naturalizam as violências a que são submetidas (especialmente a violência simbólica) ou pregam como suficientes os avanços já conquistados, como se já tivéssemos atingido plena isonomia de gênero. É importante destacar fatos recentes que revelam a permanência desse problema. Em especial, por demonstrar de forma eloquente que muitas dificuldades enfrentadas pelas mulheres, na família, no mercado de trabalho e na vida se originam na estrutura ideológica do machismo. Desse diagnóstico pode surgir despertamento para o problema e o início de um engajamento de todos os gêneros em direção à isonomia. Quero relacionar exemplos da legislação: até novembro de 1997, estava contido artigo no Código de Processo Penal que exigia da mulher casada a necessidade de obter autorização do marido para poder oferecer queixa-crime. Somente em 2009 foi abolido do CPP a expressão “mulher honesta”. Até então, somente era considerada crime, no texto literal da lei, “induzir mulher honesta a praticar ou permitir que com ela se pratique ato libidinoso”. As demais, tidas como “desonestas”, não podiam recorrer aos tribunais nessas circunstâncias. Outro exemplo é a “tese da legítima defesa da honra”, que era utilizada pelas defesas dos acusados de feminicídio ou agressões contra mulheres para atribuir às vítimas a causa de suas próprias mortes e/ou lesões. Muitos algozes foram absolvidos por supostamente terem agido em legítima defesa da honra e “matado por amor”. Apenas em 2021 o STF considerou essa aberração in-
constitucional, banindo-a do ordenamento jurídico do País. Ainda que o Direito pareça acompanhar a evolução da sociedade, o fato dessas normas terem sido abolidas tão recentemente revela quão desafiador é eliminar o entulho machista do cotidiano do sistema de Justiça criminal. Não à toa, são comuns relatos de constrangimentos, culpabilização e violência de mulheres em órgãos públicos, ainda que a maioria dos servidores esteja de fato comprometida a acolher e proteger. Nos outros âmbitos da vida social, os exemplos são eloquentes. No trabalho, os indicadores revelam que as mulheres receberam, em média, 77,7% do montante auferido pelos homens, conforme dados do Ministério do Trabalho. A taxa de desocupação dos homens está em 9%, enquanto a de mulheres bate nos 13,9%. Nas tarefas familiares elas são ainda mais penalizadas: segundo levantamento do IBGE de 2019, as mulheres dedicam quase o dobro de tempo que os homens (21,4 horas semanais contra 11 horas) no cuidado das pessoas e afazeres domésticos. A sobrecarga do trabalho doméstico prejudica a mulher na inserção e manutenção no mercado de trabalho. Isso é demonstrado em outra estatística exibida no mesmo levantamento: mulheres que compõem os 20% da população com os menores rendimentos são as que dedicam mais de 24 horas semanais aos afazeres domésticos. No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, devemos buscar não apenas a promoção da imagem da mulher, mas realçar os desafios que lhes são específicos, assim como as desigualdades e violências que ainda existem. Espero, com este artigo, contribuir com argumentos fáticos para esse propósito, de maneira a permitir uma compreensão dos direitos subtraídos das mulheres, subtração que as relega a uma intolerável e odiosa desigualdade que, infelizmente, ainda está presente entre nós de forma velada. (*) Advogado (licenciado), subprocurador-geral do DF, professor de Direito Constitucional e atual diretor-geral do Detran-DF
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EUA: democracia ou plutocracia? Júlio Miragaya (*) AGÊNCIA BRASIL
Mais uma vez, a grande mídia repete a velha ladainha de que, à frente da OTAN, os EUA surgem como defensor da liberdade. Se “vendendo” como exemplo de democracia, se autodefinem como modelo ideal de sistema político e se arvoram no direito de classificar os demais países como democráticos ou não. Na verdade, tudo não passa, desde os tempos dos chamados “paises fundadores”, de uma cortina de fumaça para encobrir sua verdadeira natureza: uma ditadura velada da burguesia. Provas? Instituído em 1776, o direito de voto era privilégio dos homens brancos e ricos, sendo negado aos negros, mulheres, analfabetos e pobres (votava quem tivesse posses e pagasse uma taxa). O direito de voto conferido às mulheres em 1920 contemplou apenas as brancas
e ricas. A democracia só valia para os anglo-saxônicos, notadamente os mais ricos. Sob a Doutrina do Destino Manifesto, empreenderam a Marcha para o Oeste, massacrando os indígenas (população reduzida de 20 para 2 milhões) e roubando terras dos mexicanos; prosperaram com base no trabalho escravo dos negros; perseguiram imigrantes asiáticos (recolhendo a campos de concentração os 120 mil nipo-americanos após o ataque japonês à Pearl Harbor), latinos e eslavos. Na Guerra Civil, eram liberados do alistamento aqueles que pagavam taxa de 300 dólares (US$ 7.500 atuais). Erigiram um sistema alicerçado na economia de mercado com representação parlamentar, que nada mais é que “o direito do povo escolher, a cada quatro anos, quem vai lhe explorar e oprimir”. Fizeram e fazem uso dos aparelhos judiciário e repressivo; da grande mídia, literatura e indústria do entretenimento para desqualificar qualquer projeto alternativo ao do capitalismo neoliberal. Impõem a desregulamentação do mercado de trabalho, a mercantilização
da educação e da saúde e submetem o meio ambiente à sanha capitalista. O resultado é que hoje os 5% mais ricos detém 65% da riqueza (54% em 1980) e o 0,01% mais rico (10 mil famílias) tinha 25% da riqueza (7% em 1980). Bela democracia! Dois partidos burgueses (Republicano e Democrata) se revezam no poder há 170 anos. Há um direcionamento dos eleitores. Quando o cidadão tira o título de eleitor, lhe são apesentadas fichas de filiação apenas desses partidos. Com a legalização do Caixa 2 (SuperPAC), pilotam um sistema político dominado pelo dinheiro, com os lobbies comprando votações no Congresso. A eleição para presidente é decidida nos 538 votos no Colégio Eleitoral e não no voto popular. O voto distrital (não proporcional), associado às reconfigurações dos distritos eleitorais propicia a eleição apenas de parlamentares democratas e republicanos. Acrescente-se a isso a perseguição ao comunismo (Macartismo), as restrições ao funcionamento dos sindicatos , a repressão e massacres de trabalhadores e negros.
No plano externo, o “império” usa e abusa de suas FFAA. Aponta China e Rússia como ameaças à democracia e ao mundo, quando é ele a maior ameaça. O orçamento militar de US$ 800 bilhões é 40% do total mundial, 17 vezes superior ao da China em termos per capita. De 248 conflitos armados de 1946 a 2001, 201 (81%) foram iniciados pelos EUA. Promovem golpes (Chile), sustentam ditaduras sanguinárias (Arábia Saudita), fomentam rebeliões e secessões, financiam grupos terroristas (Al Qaeda, Taliban, Tahir al-Sham e os neonazistas da Ucrânia) e acumulam crimes de guerra (Massacre de My Lai, no Vietnam, genocídio de 1 milhão de filipinos de 1898 a 1912, execução sumária de prisioneiros japoneses e as matanças em Hiroxima e Nagasaki). Em suma, é preciso corrigir Abraham Lincoln: “governo dos ricos, pelos ricos e para os ricos”, pois a dita democracia não passa de descarada plutocracia. (*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia
Mineração no Brasil – Uma história de espoliações (1) J. B. Pontes (*) DIVULGAÇÃO
A história da mineração no Brasil é de pilhagens dos nossos recursos naturais por potências internacionais, com a conivência de autoridades brasileiras, facilitada pelo desinteresse da nossa sociedade e a pouca atenção da mídia sobre a relevância das nossas riquezas e a sua exploração. A exportação de minérios in natura foi sempre priorizada, em detrimento de um projeto de industrialização em solo nacional, com agregação de valor, geração de empregos e renda. No ciclo colonial, destacou-se a mineração de ouro e diamante, levados para Portugal. Posteriormente, a mineração passou para o quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, nas minas de ouro e de ferro, da qual fica a degradação ambiental
e os graves acidentes, como os recentes rompimentos de barragens de rejeitos. Na Amazônia, o primeiro grande empreendimento minerário foi no Amapá, com o manganês da Serra do Navio, estratégico na siderurgia. No simulacro de concorrência feita pelo então governador do ex-Território Federal, a exploração das jazidas foi concedida à empresa nacional Icomi sem nenhuma condição técnica ou financeira para tocar o projeto. No primeiro contrato, a Icomi obrigou-se a pagar ao governo do Amapá 4% da venda do minério e a investir 20% do lucro líquido em novas empresas e atividades no Território. Isso gerou enorme euforia, diante da possibilidade de um surto de desenvolvimento econômico e social na área. Pela falta de capacidade técnica e financeira, a Icomi logo se associou à norte-americana Bethlehem Steel Company, produtora de aço. Em seguida, pleiteou empréstimo ao Eximbank, obtido mediante aval do “bondoso” gover-
no norte-americano, que deu garantias de que, no mínimo, 5,5 milhões de toneladas do minério seriam adquiridas pela agência estatal encarregada de manter os estoques de matérias-primas estratégicas para os EUA. Uma das exigências do Eximbank foi que as receitas vindas das vendas aos EUA seriam para o pagamento do empréstimo, e que, nesse período, a empresa suspenderia a aplicação no Amapá de 20% do lucro líquido. Exigências aceitas pela empresa e pelo governo brasileiro. Cerca de 60 milhões de toneladas de manganês da Serra do Navio foram exportadas, a preços pífios, para os EUA, durante 50 anos. Em 1997 a Icomi encerrou as atividades. Em 1999, foi acusada, por CPI da Assembleia Legislativa do Amapá, de não ter cumprido as cláusulas contratuais em relação ao meio ambiente e pela falta de conversão de parte do lucro em benefícios para o Estado. Esse ciclo se fechou sem qualquer registro na imprensa.
Não aprendemos a lição. O mesmo cenário está desenhado para a maior província mineral do mundo, a Serra de Carajás - rica em ferro, manganês, níquel, zinco, cobre, ouro, prata, bauxita, cromo, estanho, tungstênio e urânio (assunto do próximo artigo). Adiantamos que a Vale, detentora da concessão das minas da Serra de Carajás, hoje é a segunda maior empresa do Brasil e a terceira mineradora do mundo. Seu valor de mercado está avaliado em R$ 300 bilhões. No segundo trimestre de 2021, registrou lucro líquido de R$ 40 bilhões. E a estatal Companhia Vale do Rio Doce, que antes desenvolvia o empreendimento e as minas de ferro de Minas Gerais, foi vendida, em 1997, por apenas R$ 3,3 bilhões, como parte do programa de privatização do governo Fernando Henrique Cardoso. Um verdadeiro crime de lesa Pátria. (*) Geólogo, advogado e escritor
Brasília Capital n Cidades n 5 n Brasília, 19 a 25 de março de 2022 - bsbcapital.com.br INF OR M E FOTOS: ARQUIVO SINPRO
Sinpro, 43 anos N
a segunda-feira, 14 de março, o Sinpro-DF completou 43 anos. Em mais de quatro décadas, lutamos contra a ditadura militar, fomos às ruas pela redemocratização, comemoramos os avanços socioeconômicos, tentamos interromper o golpe jurídico-político-midiático de 2016, nos chocamos com a eleição de um dos maiores defensores do ódio, juntamos os cacos da democracia, choramos com as famílias que perderam seus amores para a covid-19; e nos reerguemos fortes, resilientes, prontos para seguir e (re) construir. Afinal, existimos para lutar. Em todos esses momentos, a educação esteve na pauta, por ser estratégica: ou propositalmente sucateada para viabilizar um Estado ditatorial, ou valorizada para pavimentar uma sociedade democrática. Independentemente do governo, construímos diálogos para entender os momentos e o que cada um deles exigia. Com a compreensão dos ‘agoras’, vislumbramos futuros. Em 1979, ano de fundação do Sinpro-DF, realizamos greve de 23 dias pelo Plano de Carreira, Estatuto do Magistério e contratos de 40 horas e 20 horas. Uma afronta àqueles que governavam para calar a classe trabalhadora no DF e no Brasil. Na década seguinte, conquistamos o primeiro escalonamento de padrão, em 1986. Com a promulgação da Constituição Cidadã, avançamos. Em 1990, foi con-
quistado o primeiro Plano de Carreira da categoria do magistério público do DF. Já estamos na quarta versão desse programa, que viabiliza a valorização e qualificação dos nossos docentes. No final da década de 1980, o Sinpro-DF garantiu que a formação superior dos docentes fosse reconhecida e valorizada. Isso beneficiou não só a categoria, como também a sociedade, que passou a contar com profissionais que encontraram mais uma motivação para se aperfeiçoar no que fazem. Os anos 1990 foram de arrocho, com política privatista e um governo inábil ao diálogo. Foi nessa toada que o Sinpro-DF
encontrou na conquista de gratificações uma alternativa ao cenário imposto. A partir dos anos 2000, o aprimoramento deu o tom da luta. Reformulamos o Plano de Carreira, ampliamos licença maternidade, conquistamos reajuste salarial, lutamos e garantimos convocação de docentes concursados. Durante a pandemia, lutamos pela vacinação dos profissionais de educação e encampamos a campanha para a imunização pediátrica. Também reivindicamos o ensino remoto, que, diante da ausência de políticas públicas para a educação, só foi garantido (ainda que com deficiências) porque professores (as) e estudantes fi-
zeram o impossível. Foi durante a crise sanitária, marcada por índices de desemprego históricos, que o Sinpro-DF garantiu o emprego de mais de 10 mil professores (as) de contratação temporária. Após dois anos de um processo educativo complexo, com déficits de difícil recuperação, e estrutura precária – salas superlotadas, falta de professores, de monitores, estudantes com deficiência desamparados e tantas coisas que deixam de dialogar com uma sociedade que não aceita mais ser impedida de exercer o pensamento crítico, alcançado através da educação – sabemos que enquanto houver classe trabalhadora, haverá luta sindical. Queremos que o cenário atual seja virado do avesso, e que a educação passe a ser prioridade. Não se trata de corporativismo. O que está em jogo é o amanhã de toda uma geração que vivencia a institucionalização do negacionismo, do revisionismo, do machismo, do racismo, da homofobia, da devastação do meio ambiente. Seguimos firmes na lição do esperançar de Paulo Freire, fazendo da luta a nossa história.
Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital
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Faltou combinar com FOTOS: DIVULGAÇÃO
GDF afirma que chuva em Vicente Pires foi acima da capacidade da rede de drenagem, projetada dentro de uma média pluviométrica
Chuvas do fim de semana provocam estragos em Vicente Pires
José Silva Jr As chuvas que caíram em Vicente Pires no fim-de-semana passado voltaram a colocar a cidade no noticiário das calamidades públicas. Ruas alagadas; casas invadidas pela água; carros arrastados e outros submersos; asfalto novo que acabou cedendo em meio ao aguaceiro. Esse foi o rastro de destruição que se viu pelas imagens gravadas pelos próprios moradores. Mas, desta vez, o caos tem um culpado: São Pedro. O santo controlador das chuvas teria mandado mais água do que o combinado para que a rede de drenagem de Vicente Pires pudesse suportar. Pelo menos, foi essa a resposta da Secretaria de Obras ao Brasília Capital ao ser questionada sobre qual a razão para tamanho transtorno, uma vez que o GDF anuncia que já investiu mais de R$ 300 milhões em obras na cidade. Parece brincadeira com o imaginário popular, mas não é. De acordo com a Pasta, no domingo (13) choveu 61mm em 40 minutos naquela região e em Taguatinga. “Quantidade muito acima da média”, diz a nota da Se-
cretaria de Obras. E completa: “Uma rede de drenagem é calculada com base em inúmeros critérios técnicos, dentre eles, a média pluviométrica anual de cada Região Administrativa. Quando chove muito acima dessa média, infelizmente, em alguns casos, a rede de drenagem acaba não suportando a demanda”. Portanto, a culpa é de São Pedro, que mandou chuva acima dos 40mm previamente combinados. E os prejuízos ficaram para a população. Mas a Secretaria de Obras recomenda que quem se sentir prejudicado deve buscar seus direitos na Justiça. “A situação das pessoas afetadas já é um processo jurídico. Em tese, elas devem recorrer ao poder Judiciário contra o Governo do Distrito Federal pedindo reparação. Sugiro que faça contato com algum jurista para mais informações”, diz a mesma nota.
Sofrimento dentro de casa A situação em Vicente Pires ficou caótica naquele dia. O sofrimento chegou dentro das casas invadidas pelas águas. Os moradores não tinham como dar vazão ao aguaceiro. Alguns muros foram derrubados pela força do temporal e teve gente que fez buracos nas paredes para a água escorrer. A orientação da Secretaria de Obras para que as pessoas buscas-
sem seus direitos na Justiça só aumentou o desespero de Degmar Machado Aguiar, 58 anos. Moradora da Rua 17, ela teve a casa invadida pelo aguaceiro, que estragou eletrodoméstico, como televisão e geladeira, e outros móveis da residência: sofá e mesa. “Tenho de procurar um lugar seguro para morar. Aqui não vai ter jeito mesmo”, lamentou.
Ibaneis monta força-tarefa Desde o início do governo, Ibaneis Rocha (MDB) promete que resolverá o problema das inundações em Vicente Pires até o fim de sua gestão. O governador chegou a montar uma força-tarefa composta por vários órgãos do GDF, que se instalaram na cidade. Diuturnamente, se vê caminhões, tratores, pás mecânicas e homens de capacete nas ruas. Nesses pouco mais de três anos, Ibaneis investiu R$300 milhões nas obras de asfalta-
mento e drenagem – os técnicos diagnosticaram que o motivo de o asfalto esfarelar durante as chuvas é a falta de escoamento pelas redes de águas pluviais. Então, a Secretaria de Obras e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) construiriam 22 lagoas de contenção para captar a água da chuva e lançar no córrego Vicente Pires. Além disso, haveria o alargamento da rede de águas pluviais.
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m São Pedro ANTÔNIO SABINO
Engenharia não passou no teste Mas a engenharia não passou no primeiro teste mais próximo da antiga realidade de Vicente Pires, quando as torrentes de água abriam crateras nas ruas. E foi pelo ralo abaixo, entupindo a encanação e transbordando para avenidas e residências, fazendo os moradores reviverem seus piores dias. Na Rua 3, o asfalto novinho em folha, que demorou anos para ser feito, cedeu em poucas horas de chuva. O trecho de 35 metros danificado estava do mesmo jeito até quarta-feira (16/3), quando a reportagem foi ao local. Havia apenas sinalização vertical desviando o trânsito. “Isso aqui vai ficar assim até quando? Sei lá. A obra do governo nunca se sabe quando vai terminar”, desabafa Bruno Júnior, 26, o morador da localidade.
Casas interditadas Segundo a Defesa Civil, foram atingidas 17 residências. Desse total, seis tiveram consequências mais graves. Três acabaram interditadas parcialmente e outras três foram notificadas em relação a instalação do muro de divisa, que impede a entrada de água. Março ainda não acabou. E a ameaça de novas chuvas é constante. Só resta ao morador de Vicente Pires rezar a São Pedro e pedir que o Santo não exceda o volume de 40mm, compatível com a capacidade da rede pluvial da Região Administrativa.
Por que fazer hoje algo que posso fazer amanhã? Mateus Gianni Fonseca (*) DIVULGAÇÃO
Há Problemas rotineiros da cidade que aparecem ano após ano e que, em determinada época, nossos representantes se pronunciam: “Vamos aguardar, já estamos trabalhando nisso”. Alguns até complementam: “A população precisa ter paciência”. Mas, o que acontece depois? O dinheiro e o esforço são direcionados a outras frentes. Quando “bem aplicado”, os recursos vão para obras que geram manchetes. Afinal, é necessário criar um portfólio para a próxima eleição. Mas, e as melhorias necessárias que não geram manchetes? Parece que vão se constituindo uma herança repassada eternamente. A procrastinação é presente em nossas vidas. Dificilmente uma pessoa consegue resolver todas as suas demandas com a mesma atenção e velocidade. Até porque, há dias em que o indivíduo está mais disposto e outros em que o único desejo é deitar no sofá com um balde de pipocas e procurar por um bom filme para assistir. Mas, existe uma grande diferença entre a procrastinação de um indivíduo para com suas próprias atividades, cujo beneficiado ou prejudicado seja apenas ele, e a procrastinação entre representantes do Estado para com a coisa pública, que atinge a população de determinada localidade ou do país inteiro. O Estado não pode comer pipoca e procurar pelo filme em plena terça à tarde. Há quanto tempo o Teatro Nacional, um marco cultural que se configura cartão-postal da capital do País, está parado?
Um fato tão absurdo que parece gerar precedentes para que cidades menores também acumulem monumentos em “restauração”. Parece que ninguém irá notar ou sentir falta! Se tais monumentos, que contribuem para o turismo e para a geração de renda, não são vistos como prioridades, o que acontece com as melhorias de proporções menores? Ninguém lê uma manchete: “Fulano investiu X reais para trocar a instalação elétrica do museu A, B ou C”. O motivo? Apesar de sabermos que instalações elétricas em condições ruins podem gerar incêndios que liquidem toda uma construção, o público não vê os cabos. Na cabeça desses falsos representantes da população, ou melhor, da procrastinação, é preferível pintar uma fachada que pode ser consumida meses depois por incêndio iniciado por curto-circuito ou outra complicação do gênero. É um hábito ruim não antecipar a solução e acreditar que aquilo não irá acontecer. A população não precisa de paciência. Ela precisa receber satisfações e ver a solução se materializar. Constatar o mesmo problema todo ano e nada fazer é contraproducente, na medida que se empreende equipes inteiras para estudo e planejamento de soluções que nunca saem do papel. Um grande problema é que muitos representantes não agem em seu trabalho como agem em casa – certamente lá a manutenção está em dia. Se olharmos com cuidado ao nosso redor, não será difícil encontrar problemas que já deveriam ter sido solucionados há anos. E a eleição se aproxima...
(*) Professor
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VIA
Satélites
IGES – Nova operação da Polícia Civil investiga um velho crime: irregularidades nos contratos de informática do Iges-DF. Operação deflagrada na quarta-feira (16) teve como alvos a Secretaria de Saúde e o ex-titular da Pasta, Francisco Araújo. A Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde, do MPDFT, e o Gaeco conduzem as investigações sobre superfaturamento num contrato de R$ 33 milhões.
Músico leva projeto Literatura na MPB a escolas do DF DIVULGAÇÃO
Adriano Rocha fará apresentações em unidades da rede pública em Planaltina e Sobradinho I e II
Sobradinho (CEF 3 e CEM 1) e Sobradinho 2 (CED 4 e CEF 8), especificamente para a comunidade escolar, além da Vila Rua do Mato e da feira permanente do Engenho Velho (Fercal-DF), ainda sem datas definidas, em versões abertas ao público.
SEEB-DF Escola é lugar de música. Ao menos se depender do artista Adriano Rocha, idealizador do projeto "Literatura na Música Popular Brasileira", realizado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Adriano, que estará acompanhado dos músicos José Cabrera (teclados), Deth Santos (bateria) e Gean Carlos (baixo), selecionou um repertório todo inspirado na literatura – livros, poemas e fragmentos. Em cada unidade escolar, os estudantes receberão o programa com a letra e a história de cada composição. Alguns exemplos: “Funeral de um lavrador”, poema do livro Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, musicado por Chico Buarque; e “E agora, José?”, de Carlos Drummond de Andrade musicado por Paulo Diniz. Os alunos também saberão um pouco mais sobre “Caçador de mim”, de Sérgio Magrão e Luiz Carlos Sá, com interpretação de Milton Nascimento. Os autores se inspiraram em O apanhador no campo
Sobre o artista
Artista Adriano Rocha leva projeto musical a escolas públicas do DF
de centeio, de J. D. Salinger, e “Réquiem para Matraga”, música de Geraldo Vandré inspirada em Sagarana, de João Guimarães Rosa. Adriano Rocha conta que na sua infância, já apaixonado por música, foi mais influenciado pelos festivais da sua escola. “Acredito nessa influência. É uma forma de apro-
ximar os estudantes da literatura por meio da música. De quebrar esse gelo que, infelizmente, existe. E, claro, aproximá-los, também, do mundo da música. Quem sabe algum talento não seja despertado?”. As apresentações serão realizadas em escolas da rede pública de Planaltina (CED 3 e CEM 1), de
Adriano Rocha vive de música desde os 18 anos, sempre defendendo a MPB. Nasceu e cresceu em São José da Vitória (BA), onde iniciou sua trajetória com o violão. Chegou em Brasília em 1995. Aqui, abriu shows de João Bosco, pelo Projeto MPB Petrobras, na sala Villa Lobos do Teatro Nacional; de Alceu Valença, no Taguatinga Shopping; de Chico César, no Terraço Shopping; e de Tom Zé, no Conjunto Nacional, entre outros. Em 2016, ganhou o prêmio de melhor letra no Festival de Música da Nacional FM com a composição “Eterna musa”. Seu primeiro CD, Adriano Rocha & a Catraca, foi lançado em 2019, pelo FAC-DF
Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital
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Denúncias de corrupção e aniversário dos problemas Na quarta-feira (16), Brasília acordou com a notícia de mais uma operação policial que investiga irregularidades e indícios de corrupção em contratos firmados pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal, o IGESDF. A investigação é conduzida pela Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF. Friso a destinação do grupo policial: combate ao crime organizado. Na mesma manhã, recebi uma denúncia de colegas profissionais de saúde do Hospital Regional de Ceilândia: o HRC não tinha como imprimir os exames de raio-x na emergência da ortopedia. Para que o médico analisasse o exame (para dar o encaminhamento necessário ao caso), o paciente tinha que fotografar com a tela do celular e mostrar ao médico, ou o médico tinha que interromper o atendimento a quem aguardava na fila para ir até ao aparelho de raios-x avaliar o exame. De uma forma ou de outra, a falta da impressão aumenta muito a chance de erro de diagnóstico e de condução do tratamento. Momentos depois, recebi queixa da emergência da clínica médica do Hospital do Gama: estava sem clínico. Nem na sala vermelha, onde ficam os
pacientes graves, tinha um profissional de plantão. O HRG sofre com falta de clínicos há um ano. Denunciamos isso em junho de 2021. Pedimos até a interdição ética no serviço, porque estão ocorrendo óbitos evitáveis dentro do hospital por falta de profissionais que acompanhem os pacientes. O Conselho Regional de Medicina do DF deu um ultimato à Secretaria de Saúde há poucas semanas – ou se resolvem os problemas na emergência da clínica médica do HRG ou será adotada a medida da interdição ética. Enquanto não dão solução, os poucos profissionais lotados na unidade estão sobrecarregados e os pacientes sofrem e correm risco, caso precisem de internação. Pela torneira de recursos públicos do IGESDF escorre dinheiro mal aplicado ou desviado criminosamente. Pelo contagotas que abastece as unidades de saúde sob administração direta do GDF não sai o suficiente para o básico: contratação de pessoal e insumos mínimos para o atendimento aos pacientes. Desde que foi criado, o IGESDF acumula um histórico sem fim de denúncias de irregularidades, de piora no atendimento prestado e de escândalos. E todo mês, se não em menos tempo, se acrescenta um novo capítulo à
história de desacerto do Instituto: Em janeiro, o IGES foi condenado a pagar indenização e pensão vitalícia a um paciente que perdeu a visão por demora no atendimento. Em fevereiro, a notícia foi o desabastecimento nos estoques de medicamentos, luvas e outros insumos básicos. Neste mês de março, além da operação policial para investigar irregularidades em contratos de informática, o Ministério Público do DF já apontou falhas nos processos da Corregedoria do IGES e na transparência das informações que o Instituto tem de prestar, como repasses financeiros recebidos. Além disso, foi condenado em uma Ação Civil movida pela Defensoria Pública a voltar a prestar o atendimento de Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE) – um exame de imagem pré-operatório, suspenso em maio de 2021 – só o Hospital de Base e o HRT fazem o exame na rede pública de saúde. Nunca se teve tantos escândalos na saúde pública do DF quanto desde a criação do IGESDF pelo atual governo. E é outro escândalo que continua impondo esse modelo de gestão de serviços e recursos públicos à po-
Dr. Gutemberg Fialho Médico e advogado Presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal
pulação que depende do SUS no DF. Quase um ano se passou desde a suspensão das CPRE e da denúncia inicial da insuficiência de clínicos na emergência do Hospital do Gama. Esperamos que não seja necessário realizar atos públicos em maio e junho para marcar o aniversário dos problemas que o IGESDF, a Secretaria de Saúde e o GDF não resolvem.
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I N FOR M E
Sinpro lança minidocumentário sobre questão racial Como parte da programação do aniversário de 43 anos, o Sinpro-DF lançará, segunda-feira (21), o minidocumentário “O Baobá”. No mesmo dia é celebrado o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. O lançamento da obra será às 19h, no auditório Paulo Freire, na sede do Sinpro-DF, no Setgor de Indústrias Gráficas (SIG). Produzido pelas Secretarias de Raça e Sexualidade e de Imprensa e Divulgação do Sinpro-DF, o minidocumentário é ambientado no plantio de baobás na chácara do Sinpro. Realizada em novembro de 2021, a ação criou o Recanto dos Baobás, em homenagem às mulheres negras brasileiras que protagonizaram a luta antirracista. Em nove minutos, a obra traz entrevistas com especialistas e militantes históricos (as) da luta antirracista no Distrito Federal, que falam sobre a importância do Baobá para os povos africanos no continente e na diáspora. “Para muitos povos africanos, os Baobás são símbolo de ancestralidade, locais de aprendizagem, pois é à sombra dessa árvore que os mestres griô transmitem os valores e saberes ancestrais aos mais novos. No Brasil, essas árvores representam a resistência dos povos escravizados. Sua presença é marcante nos
REPRODUÇÃO/TV
O evento A exibição do minidocumentário “O Baobá” será celebrada com um coquetel de lançamento, no auditório Paulo Freire do Sinpro-DF.
Programação:
Sinpro homenageia mulheres negras que lutam contra o racismo
locais de maior ocupação negra no período escravocrata. E isso demonstra a ligação entre os africanos e suas origens, trazidos para cá à força”, contextualiza a coordenadora da pasta de Assuntos de Raça e Sexualidade, Márcia Gilda. CONTEXTO DE LUTAS – Dia 21 de março foi declarado pela ONU Dia Internacional
pela Eliminação da Discriminação Racial, em memória ao Massacre de Shaperville. Nessa data, em 1960, 20 mil negros e negras protestavam contra uma lei que limitava os lugares por onde podiam circular. A manifestação era pacífica, mas tropas do Exército atiraram contra a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186.
19h – Recepção 19h20 – Fala de abertura 19h30 – Apresentação Cultural 19h40 – Exibição do filme 19h55 – Mesa de encerramento 20h10 – Coquetel 21h – Encerramento da atividade
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Brasília
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Por Chico Sant’Anna
Medo de ‘jabutis’ adia votação da Luos Depois de fechar um acordo de liderança para votar a reformulação da Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) na terça-feira (15), a Câmara Legislativa adiou a votação, para a terça (22), diante da apresentação de 120 emendas de última hora com os lobbies de diversos grupos de interesse que buscam garantir mudanças nas regras de ocupação de imóveis no Distrito Federal. Há até emenda que permite o funcionamento de casas funerárias em áreas residenciais nas diversas regiões administrativas. Os deputados Chico Vigilante e Arlete Sampaio, do PT, e Reginaldo Veras (PDT) defenderam a análise prévia das propostas pelas comissões de Economia, de Assuntos Fundiários e de Constituição e Justiça, para evitar a aprovação de “jabutis” – a Luos abarca todas as RAs do DF, exceto a área tombada de
Brasília, que será tratada pelo PPCUB. MODELO – Os moradores de bairros estritamente residenciais, como o Park Way, Lagos Sul e Norte e Taquari, querem assegurar o seu modelo urbanístico, sem a implantação de empresas em imóveis residenciais. A pressão é grande. Firmas de arquitetura querem ter o mesmo direito que escritórios de advocacia obtiveram em 2019, de implantar empresas em casas. Moradores alegam que os bairros são importantes para a preservação da capacidade hídrica do Paranoá, abastece vários bairros do DF e é uma faixa de amortecimento da área tombada do Plano Piloto e alegam a falta de infraestrutura para receber esses empreendimentos. São ruas sem saída e estreitas para muito fluxo de veículos. No
Park Way, a eletrificação é a mesma dos anos 1970, em padrão rural – cai toda hora –, não há coleta seletiva de lixo nem captação de esgoto. Até a fibra ótica de internet não atende a maioria das 29 quadras do bairro. GDF POUCO RECEPTIVO – A reação do secretário de Assuntos Parlamentares, Mauricio Carvalho, não foi das mais receptivas. Agora, as entidades comunitárias contam com a palavra empenhada do relator do projeto, deputado Cláudio Abrantes (PDT). Ele garante que não irá autorizar o funcionamento de atividades econômicas nesses bairros, permanecendo apenas as representações diplomáticas e os escritórios de advocacia, aprovados em 2019. Moradores do Plano Piloto acompanham com atenção o desdobramento, pois muita coisa da Luos
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Moradores do Park Way querem preservar córrego que abastece o Lago Paranoá
poderá ser aproveitada – inclusive atividade econômica nas casas das quadras 700 –, para o PPCUB, próxima lei urbanística que o GDF vai encaminhar, junto com o PDOT.
Fake news temperam movimentações partidárias Março é crucial no calendário eleitoral. É quando ocorre a migração de políticos, sem que sejam penalizados pelos partidos de origem. E a debandada tem sido marcada por muitas fakes news, especialmente nas bases partidárias de Jair Bolsonaro (PL) e Ibaneis Rocha (MDB). Na semana que passou, postagens em blogs simpáticos a um e a outro lado apontavam rumos diferentes para a deputada Flávia Arruda (PL). Uns garantiam que ela tinha acordado com o presidente da República de ser candidata ao Senado, coligada à reeleição de Ibaneis. Outros davam conta de que ela seria candidata ao GDF, o que colocaria em risco a permanência do atual governador. UNIÃO BR – Mesmo tiroteio de informações contraditórias ocorreu na
DIVULGAÇÃO
Migração de políticos de seus partidos de origem, é movimentada por fakes news
escolha do comando do União Brasil – fusão do DEM com o PSL – no DF. Na terça-feira (15), diferentes notícias davam como certa a indicação de Manuel Arruda (aliado do ministro da Justiça, Anderson
Torres) e do coronel Alberto Fraga como presidente da nova sigla. Fraga acordou lendo o noticiário de que havia perdido para o grupo palaciano, mesmo contando com as bênçãos do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. E foi à luta encarar os caciques do UniãoBR. À coluna, disse que foi surpreendido pela informação e questionou a veracidade dela. Disse que há um acordo nacional de que, em Goiás e no DF, a designação da direção é competência do governador goiano, Ronaldo Caiado. Na reunião com os caciques do UniãoBR, disse não haver legitimidade na indicação de Arruda, pois as regras internas estabelecem que um conselho formado por antigos representantes do DEM e do PSL é que formalizará as direções regionais.
NO CASO DE ARRUDA – informa Fraga – a definição do nome foi de Antônio Rueda, vice-presidente nacional, para atender o desejo do ministro Anderson Torres. NOVOS RUMOS – A confirmação de Manuel Arruda no comando no DF significa reforço à candidatura de Ibaneis ao Buriti. Fraga negocia a filiação do senador Reguffe (Podemos) e diz que o apoiará, caso ele saia candidato. A permanecer Arruda na presidência do UniãoBR, Fraga pretende ir para o PL. Em 2006, quando José Roberto Arruda, marido de Flávia, se elegeu governador, Fraga foi secretário de Transportes. Nessa história com tanta Arruda, quem vai ficar com mau olhado é Reguffe. Quanto mais o senador demora em suas definições, menos escolhas tem para optar.
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NUTRIÇÃO
Caroline Romeiro Por que buscar orientação profissional do nutricionista? Influenciadores digitais têm propagado informações perigosas, estimulando comportamentos alimentares não condizentes com a saúde Nos últimos anos, a preocupação com a saúde e a alimentação tem sido cada vez maior. Porém,
isto não significa que as pessoas têm buscado mais cuidados profissionais. Como assim, Carol,
ESPÍRITA
José Matos Filhos adotivos Os vínculos entre filhos adotados e seus pais adotivos podem ser mais fortes que os laços entre esses filhos e seus pais biológicos O psicanalista americano Brian Weiss, autor do clássico “Muitas Vidas, Muitos Mestres”, fala em seu livro “A cura através da terapia de vidas passadas”, da descoberta genial que fez sobre filhos adotivos. Vejamos: “A regressão a vidas passadas, às vezes, proporciona grande alegria a famílias onde existem
TV Comunitária lIGADA EM BRASÍLIA
crianças adotadas (...) Tenho feito regressões que indicam que os vínculos entre filhos adotados e seus pais adotivos podem ser mais fortes que os laços entre esses filhos e seus pais biológicos. Quando vários membros dessas famílias passam por regressão, costumam reconhecer uns aos outros em existências anteriores.
você me perguntaria? É fato que a obesidade tem crescido exponencialmente no Brasil e no mundo. E um dos principais fatores de risco associados a ela é a alimentação. Nossa dieta ocidental, rica em alimentos ultraprocessados ricos em sódio, açúcar e gordura, tem sido a grande vilã da obesidade. Apesar de sabermos que esse padrão alimentar não é saudável, a obesidade e as doenças crônicas que também têm a má alimentação como fator de risco não param de crescer. O interessante é que, no consultório, as pessoas, muitas vezes chegam falando que sabem o que devem fazer. Será que realmente elas sabem? Porque temos visto muitas informações distorcidas em redes
sociais, especialmente relacionadas à alimentação e nutrição. Portanto, se você de fato precisa mudar seu padrão alimentar, se busca saúde e qualidade de vida, a procura por orientação e acompanhamento profissional são fundamentais, para que você não corra riscos. Muitos influenciadores digitais têm propagado informações perigosas, estimulando comportamentos alimentares que não são condizentes com a saúde. O risco está exatamente aí: pessoas que divulgam informações sem nenhum filtro e sem conhecimento.
“A prática tem mostrado que, se um relacionamento entre pais e filhos está destinado a ocorrer e o caminho físico está bloqueado, outro canal é aberto. Relacionamentos entre pais e filhos nunca são aleatórios. Um amigo meu, astrólogo, descobriu a mesma coisa: se você comparar os mapas astrais vai constatar as mesmas correspondências e ligações que são vistas nos mapas das famílias biológicas. “É a ciência apoiando Jesus, quando Ele referiu-se à família dele como todos aqueles que fazem a vontade de Deus, e não só a família sanguínea. No início da humanidade não havia famílias; homens e mulheres se acasalavam como os animais. Com o tempo, nasceu a família, a sociedade e o Estado. Agora, é preciso ir além da família sanguínea e formar a sociedade fraterna, na qual todos sintam-se filhos de
Deus e irmãos”. Brian e seu amigo astrólogo, mostram que as ligações entre pessoas vêm de antes da vida atual, fato que a psicóloga americana Edite Fiore, autora do livro “Você já viveu antes”, também já tinha descoberto por meio da regressão. Mas foi a também psicóloga americana Hellen Wambach que viu aprovada sua tese de doutorado sobre vidas passadas, transformada no livro “Vida antes da vida”. No seu trabalho sobre regressão, Dra. Hellen regrediu no tempo centenas de voluntários. É a ciência confirmando a reencarnação há muito defendida por budistas, hinduístas e espíritas. “Nascer, morrer, viver, renascer ainda, evoluir sempre, tal é a lei”, ensinou Leon Denis.
(*) Presidente do Conselho Regional de Nutricionistas 1a Região Instagram: @carolromeiro_nutricionista
Professor e palestrante
CANAL 12 NA NET WWW.TVCOMUNITARIADF.COM @TVComDF
TV Comunitária de Brasília DF
Brasília Capital n Gastronomia n 12 n Brasília, 19 a 25 de março de 2022 - bsbcapital.com.br
Gastronomia Bastidores dos restaurantes
Dedé Roriz
CLASSIFICAÇÃO $ - BARATO $$ - MÉDIO $$$ - ALTO $$$$ - CARÍSSIMO
Empresário e radialista divulgando a boa gastronomia e eventos de Brasília Instagram: @dederoriz Fotos: divulgação
FESTIVAL RESTAURANT WEEK
O pecaminoso almoço no Peccato Conheça também o Paris 6 e o Confraria do Camarão, todos participantes do evento que vai até 27 de março O Peccato, um dos restaurantes mais pecaminosos de Brasília, participa do festival Restaurant Week servindo, no almoço, um prato principal de chorizo angus com arroz biro-biro, tendo como sobremesa o tradicional Romeu e Julieta. A entrada é salsa com torrada. Ao todo, são 50 restaurantes inscritos com pratos a partir de R$ 59,90 incluindo entrada, prato principal e sobremesa. O festival vai até 27 de março e o tema deste ano é Sabores de Infância. Outra excelente casa participante é o francês Paris 6, que tem no cardápio nomes dos famosos. Para o festival, colocou, de entrada, torradas com salmão e prato principal ceviche de tilápia e sobremesa. A ex-BBB Jade Picon dá o nome à saborosa cheesecake de frutas vermelhas. Para quem aprecia frutos do mar, a pedida é conhecer o Confraria do Camarão. A dica é entrada camarão à milanesa e prato principal de espaguete mediterrâneo, seguido de pétit gateau na sobremesa.
MAIS INFORMAÇÕES INSTAGRAM: @PECCATO_BISTRO @PARIS_6 @CONFRARIADOCAMARAO