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Biomassa da canganha força como fonte de energia alternativa . . . . . . . . . . . . . . . .18 e

Patrícia Iglecias

LÍDER ENERGIA

Roberto Giannetti da Fonseca

Aposta a curto prazo

A presidente da Companhia Am− biental do Estado de São Paulo (Ce− tesb), Patrícia Iglecias, disse que o eta− nol é uma aposta a curto prazo para acelerar essa transformação. "Os veí− culos híbridos e flex são grandes al− ternativas para eliminar problemas de infraestrutura. O álcool, por exemplo, emite 90% a menos de gases de efeito estufa" , disse.

“Nós tivemos o Protocolo Etanol Mais Verde que foi celebrado volun− tariamente com setor. Esse protocolo, por exemplo, em termos de elimina− ção da queima da palha da cana signi− ficou sair de 1,5 milhão hectares de queima para 7 mil hectares. Se vamos falar em dados como a questão dos ônibus, em termos práticos, significa menos 270 mil ônibus circulando por ano ” , destacou Patrícia.

Roberto Giannetti da Fonseca, presidente do LIDE Energia, avaliou que a atual crise de abastecimento é benéfica, pois acelera o processo de transição na matriz. "Traz a cons− ciência e dimensão do problema. Não dá para mudar condições cli− máticas, mas cada dia é importante para termos ações para combater es− se dilema" , frisou.

Para Giannetti, a política ener− gética do Brasil tem equívocos que precisam ser corrigidos para garan− tir a eficiência do sistema. "Temos de avaliar qual a mudança estrutural que temos de fazer para a seguran− ça energética, descarbonizada, com− petitiva. O país tem condições de ser uma potência mundial neste sé− culo. É uma oportunidade históri− ca" , salientou.

O sócio da GO Associados, Ges− ner de Oliveira, também professor da FGV e ex−presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), disse que é importante trans− mitir às pessoas a gravidade da atual crise energética. "As pessoas não estão entendendo porque a conta está su− bindo tanto. Há uma desinformação geral. O que é ruim, porque haverá necessidade de um esforço para expli− car a situação" .

Oliveira afirmou que avalia o re− torno do horário de verão como uma medida importante para trazer eco− nomia de energia. “A colocação de placas solares em prédios públicos e a substituição de equipamentos − ine− ficientes no ponto de eficiência ener− gética − também são uma boa estra− tégia. Inclusive, algumas empresas do setor privado já começaram a investir nisso" , disse.

O presidente da Enel Distribuição São Paulo, Max Xavier Lins, destacou o crescimento da produção renovável de energia. "As fontes eólica e solar saíram do zero e hoje representam 10 % de toda a energia gerada, em 11 anos. Ganharam escola, se mostraram competitivas em relação ao preço e criaram uma cadeia de produção e serviços" , avaliou.

O presidente do Banco de Desen− volvimento de Minas Gerais (BDMG), Sérgio Gusmão, lembrou do cresci− mento da energia térmica que, segun− do ele, "tem relação direta com a cri− se" . "Temos um pipeline robusto de pequenas centrais elétricas com dina− mismo solar, que pode atuar para a mudança da matriz enérgica" ,lembrou.

Zilmar Souza, da UNICA, refor− ça que a biomassa é uma fonte reno− vável e não intermitente e que as energias eólica e solar são coirmãs e devem continuar agregando ao siste− ma.

“A diversificação dá mais estabi− lidade ao portfólio, e o melhor dos mundos seria agregar todas as renová− veis e estimular o aproveitamento da bioeletricidade ” , afirma.

Em busca de rentabilidade usinas otimizam processos de cogeração de energia

O baixo nível do reservatório das hidrelétricas aumenta a demanda pela geração elétrica de biomassa

Monitoramento de consumo na planta, recuperação e modernização de equipamentos, osmose reversa e a transferência de uma caldeira com modificação de sistema foram temas abordados durante a 9ª SINATUB Caldeira,Vapor e Energia Otimização na Cogeração, promovida pelo Jor− nalCana, no dia 24 de agosto.

O webinars contou com a parti− cipação de Fernando Mello, gerente de projetos corporativo da Tereos, Guilherme Morais, coordenador de geração de vapor e utilidades da SJC Bioenergia, Luiz Fernando Bezerra, consultor técnico da Buckman e Luiz Fernando Cremonez, gerente indus− trial da Usina Santa Adélia – Unidade Pereira Barreto.

Sob a mediação do jornalista e diretor do ProCana, Josias Messias, o webinars foi patrocinado pelas em− presas AxiAgro, Buckman e S−PAA Soteica.

A cogeração em operação comer− cial no Brasil já conta com 639 usinas, representando 18,81 GW de capaci− dade instalada — o que corresponde a 10,8% da matriz elétrica brasileira (174,7 GW). Isso equivale à capacida− de instalada de 1,3 usinas hidrelétricas de Itaipu (14 GW).

Deste total, 62,4% representam a cogeração a partir da biomassa da ca− na−de−açúcar. Para se ter uma ideia, ao longo de 2020 a cogeração apre− sentou um incremento de 233 MW (+1,2%). As informações fazem parte de um levantamento mensal da Asso− ciação da Indústria da Cogeração de Energia (Cogen).

Nesse cenário, otimizar a cogera− ção significa também obter maior rentabilidade para as usinas.

Com 20,9 milhões de toneladas de cana processadas na safra 20/21, o Grupo Tereos, segundo maior produ− tor de açúcar no Brasil e no mundo, vem obtendo excelentes resultados nas áreas de balanço energético, geração e consumo de vapor e de energia gra− ças a utilização de uma metodologia e uma tecnologia que reduz significati− vamente o consumo de vapor da planta industrial e consequentemente aumenta a receita da companhia.

De acordo com Fernando Mello, gerente de projetos corporativos daTe− reos, a metodologia utilizada pelo gru− po monitora o consumo energético da planta. “É um tipo de visualização de gráficos de análise que nos ajuda a identificar os três principais tipos de fontes de consumo energético. Uma atrelada ao ritmo de produção da plan− ta; a outra atrelada a engenharia da planta, ou o projeto da planta em si; e o outra atrelado à performance ” ,informa.

Fernando citou como exemplo a unidade de Cruz Alta, onde foi feito um processo de otimização em tem− po real (ROT). “Usamos a ferramen− ta SPAA, com uma planta virtual que lê todos os dados da planta real, e ge− ra visualizações em tempo real, per− mitindo a melhor definição para o objetivo do negócio; fazer mais açú− car, etanol, enfim até ele encontrar o ponto ótimo da planta “Essa curva de aprendizado envolve participação de gestor e operador pa− ra planejar as ações e encontrar os li− mites ” , destaca.

Guilherme Morais, coordenador de geração de vapor e utilidades da SJC Bioenergia

Retrofit de caldeira

A SJC Bioenergia vem alcançan− do excelentes resultados em cada no− va safra. Na temporada passada, por exemplo, na intitulada Safra da Trans− formação, a companhia processou 9,3 milhões de toneladas de cana equiva− lente e produziu 570 mil m3 de eta− nol total, gerando 685 mil MWh de energia, além de 350 mil toneladas de açúcar VHP e 185 mil toneladas de produtos para nutrição animal.

Nessa safra a perspectiva é de que os números continuem bem, sobretu− do na geração de bioenergia. Guilher− me Morais, coordenador de geração de vapor e utilidades da SJC Bioener− gia explica o porquê. “Fizemos um retrofit de uma caldeira de 250 para 270 toneladas. Além disso, temos um projeto de direcionamento dos gases, onde melhoramos o fluxo desses ga− ses na parte interna da caldeira, iden− tificando pontos de oportunidades e onde era possível ter melhor fluxo e estabilizar mais a operação ” .

Para modernizar a caldeira e am− pliar a produção de vapor a Usina in− vestiu R$ 4.900.000,00 promovendo o aumento da superfície de queima, sistema de retirada de fuligem (CSC), mudança dos exaustores após captador de fuligem, elevando assim a produção de vapor para 270 ton/h.

Numa segunda fase, Guilherme explicou que a usina investiu num pro− jeto de direcionamento dos gases, pro− curando aproveitar a área de troca tér− mica da caldeira, reduzindo o desgaste da superfície. “Fizemos simulações em CFD (Dinâmica dos Fluídos Compu− tacional) e implantamos defletores em pontos estratégicos para que o desgaste fosse feito por igual,o que permitiu um ganho de vapor em 22 ton/h.

Guilherme também destacou os ganhos operacionais como o ganho da temperatura na entrada do secundário com redução na rotação do ventilador secundário em 8% e 15% no ventila− dor primário, possibilitando um maior poder de queima, ampliando a efi− ciência energética.

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