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Abiogás anuncia certificado de biometano

Setor teve um crescimento de 15% este ano, com 45 novas usinas conectadas à rede

A Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) vai lançar um certificado de biometano, adequado à realidade brasileira, e com base nas melhores prá− ticas do mercado.

A novidade foi anunciada pelo presidente da ABiogás,Alessandro Gardemann, noVIII Fórum do Biogás, realizado no dia 25 de novembro, em São Paulo. Gardemann também apresentou o balanço do ano, que registrou crescimento do setor de 15%.

“A integração é a grande força do biometano. Tivemos um crescimento de 15% este ano, com 45 novas usinas conectadas à rede. Considero um re− sultado excelente, diante das dificuldades que en− frentamos nos últimos anos. Na geração distribuí− da os números são ainda melhores, crescemos 37%, mostrando a importância que este modelo de ge− ração de energia tem para o biogás ” , afirmou Ales− sandro na abertura do evento.

Alessandro falou ainda sobre o papel do biogás na COP26, representado pela ABiogás. “O Brasil assinou o compromisso global do metano, e para atingir a meta de redução de 30% nas emissões precisamos construir uma indústria no Brasil des− carbonizada, gerando eficiência na cadeia produ− tiva. Isso gera uma demanda de descarbonização que não tem outra solução. O Brasil precisa do biometano ” , afirmou.

Outro destaque do Fórum foi a apresentação do Fundo Garantidor do Biogás, primeiro fundo com foco ambiental no Brasil, lançado em setembro pe− lo The Lab (Laboratório Global de Inovação para Finanças Climáticas) junto com a ABiogás.

O Fundo tem como objetivo destravar inves− timentos para projetos de biogás. Segundo o consultor do Lab, Felipe Borschiver, a ideia sur− giu a partir de uma proposta feita pela ABiogás que constatou um gargalo na exigência de garan− tias pelas instituições de crédito no financiamen− to do biogás.

“Não existe falta de crédito, o problema está na exigência de garantias, especialmente no período de construção. O Fundo foi criado para resolver este dilema ” , explicou.

O portfólio inicial tem R$ 1 bilhão em ope− rações de créditos mapeadas. Serão destinados R$ 300 milhões em garantias para 16 projetos selecio− nados e o fundo terá duração de 10 anos

Descarbonização de setores

A gerente executiva da ABiogás,Tamar Roit− man, afirmou que o biogás pode dobrar a produ− ção de gás natural nacional. “Todo ano a ABiogás calcula o potencial do energético. Hoje, já pode− ríamos dobrar a produção e ter o nosso pré−sal caipira, um gás renovável e distribuído por todo o país ” , afirmou.

Tamar fez a moderação do primeiro painel do dia, que reuniu representantes de empresas como Unilver e Raízen, que vêm investindo no biogás para atingir suas metas de redução de emissões.

Responsável pela logística da Unilever, Ricar− do Gomes revelou que a companhia pretende ze− rar as emissões até 2039 e reduzir pela metade até 2030. “Este é um compromisso público firmado pela companhia, no caminho da descarbonização e da sustentabilidade ” , afirmou.

Para isso a companhia investe em combustíveis menos poluentes em sua frota, como o biometano, que pode reduzir em até 96% as emissões. Um dos projetos apresentados foi o da fábrica em Pouso Alegre (MG), no qual os resíduos produzidos no local serão usados para a geração de biogás e pro− dução de biometano que vai abastecer os cami− nhões que sairão desta fábrica para levar os produ− tos para os centros de distribuição.

Lara Terra, coordenadora de Energia e Gás Na− tural naYara Fertilizantes, apresentou a unidadeYa− ra Clean Ammonia criada com foco no desenvol− vimento de projetos e soluções com base na amô− nia de baixo carbono.

Anunciado em setembro, o contrato de forne− cimento de biometano com Raízen−Geo é o pri− meiro passo para produção de amônia verde e, consequentemente, fertilizantes e soluções indus− triais verdes no Brasil, com reduzida pegada de car− bono, a partir de 2023.

“A rota do biometano vai abrir caminho para aceleração da amônia verde e descarbonizar indús− trias que são difíceis de descarbonizar como a nos− sa, de fertilizantes ” , afirmou.

Alessandro Gardemann

Futuro no setor energético

O segundo painel do dia, apresentado pelo vi− ce−presidente da ABiogás, Gabriel Kropsch, focou no futuro do biogás, abordando a parte da regula− mentação e projetos em desenvolvimento. A mesa contou com Rafael Barros, da EPE, Margarete Gan− dini, do Ministério da Economia, Paula Campos, da ARSESP, Fernando Camargo e Alessandro Cruvi− nel, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas− tecimento, Gustavo Bonini, da Scania, e SidneiVi− tal Guimarães da Aggreko.

Para o secretário de Inovação, Desenvolvimen− to Rural e Irrigação, Fernando Camargo, do Minis− tério da Agricultura o biogás brasileiro é diferencia−

do.

“Ao contrário de outros países, o nosso biogás está desvinculado de qualquer tipo de subsídios, porque ele vai se pagar.

Resolvemos um passivo ambiental e geramos energia. Sem falar das possibilidades do hidrogênio verde ” , comentou. Rafael Barros, consultor da Em− presa de Pesquisa Energética, apresentou um pano− rama do biogás no Brasil, que embora ainda seja pouco explorado, vem crescendo ano a ano. Em 2020, foram produzidos 2,2 bilhões de metros cú− bicos de biogás, totalizando 675 plantas. Só neste ano, 148 novas usinas deram partida, um crescimento de 22% em relação a 2019.

“O biogás ainda tem uma participação reduzi− da dentro de outras renováveis, porém vem apre− sentando uma evolução constante nos últimos 10 anos, com potencial gigantesco para a próxima dé− cada ” , informou.

Marco Legal do Biogás e do Biometano

O último painel do dia foi dedicado ao Marco Legal do Biogás e do Biometano, projeto de lei apresentado pelo deputado Arnaldo Jardim (Cida− dania/SP), vice−presidente da Frente Parlamentar de Energia Renovável.

Segundo o deputado, a ideia do PL 3865 foi construída com a contribuição da ABiogás, Cogen e UNICA e tem como objetivos ampliar a parti− cipação das energias renováveis na matriz energé− tica nacional, fomentar o aproveitamento da bio− massa e da biodigestão em escala industrial e co− mercial, estimular o desenvolvimento tecnológico do biogás, fomentar a pesquisa e desenvolvimento, estimular a utilização do biometano no transporte público e incentivar a utilização do digestato na fertilização do solo.

Presidente da FER, o deputado Danilo Forte (PSDB/CE) disse que o projeto vai trazer regula− mentação, estímulo e diversificação às energias re− nováveis. “O PL vai se transformar no grande marco regulatório deste projeto de geração de energia que ainda é pequeno. O biogás ocupa me− nos de 1% da nossa matriz, mas tem um potencial gigantesco para ajudar a limpar a nossa pauta energética ” , disse.

Alessandro Gardemann comparou a evolução do biogás com o processo de maturidade de outras energias renováveis no Brasil, como a solar e a eó− lica.

“Quando o Brasil resolve fazer, faz rápido, bem−feito, com escala e de forma competitiva. E o biogás pode ser a próxima energia a ganhar esca−

la ” , comentou.

Evandro Gussi, presidente da União da Indústria da Cana−de−Açúcar (UNICA), destacou o enorme potencial energético brasileiro. “Nosso país é o úni− co lugar onde podemos falar de opção energética em caixa alta.Temos muitas alternativas possíveis e de− vemos optar por todas ” .

Fechando o painel, Leonardo Santos, represen− tante da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), destacou as características do bio− gás:

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