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“A cana vai virar o novo petróleo” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 a

Usinas irão substituir a petroquímica

Confira a entrevista com Thiago Lopes, professor da Poli−USP e que está à frente do Laboratório de Célu− las a Combustível do Centro de Pes− quisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI).

Em l lin nhas ge er ra ais s, quando s sur rgiu a pro oposta a e e qual é s se eu cr ronograma?

Thi iag go Lopes − − Começamos em agosto de 2021 e a proposta é chegar− mos a uma prova de conceito. Ela se− rá a prova de que a tecnologia funcio− na já para aplicações práticas.A previ− são é de ter isso em seis anos.

E daí a tecnol logi ia e ent tr rará em tes stes? ?

Sim. Eu vejo a solução chegando ao mercado em aproximadamente se− te anos [2028].

Como o se dá a conc centração da vin nhaça v via r reator r ele etrolítico? ? Ou el la a é empregada para produzir ferti− − liza ante, v via hidr ro og gê ên nio o, ou como co om mbustão para g ge era ar eletricidade via a oxigênio?

Todos são possíveis, e podemos ir muito além.

Ci ite e um m exemplo.

A usina hoje vende energia elétri− ca para a rede. Na média são 50 kilo− watts−hora (kWh) por tonelada de cana. Com a tecnologia em desenvol− vimento, usa−se estes 50 kWh para fazer a concentração da vinhaça. E, no final, você tem vinhaça concentrada e, de só evaporar e jogar fora a água, tem−se a quebra desta água e a con− sequente geração de hidrogênio e oxigênio. Além disso, com a mesma tonelada de cana consegue−se produ− zir mais energia elétrica.

Qu ua al é a a economia de despesas q que se e pode obter com a vinhaça concen− tr rada an nte e a a vinhaça tradicional?

Apenas com estes 50 kWh, a vi− nhaça concentrada gera uma econo− mia de custos em transporte e distri− buição de 20%. Dependendo do caso, essa economia já pagaria o Capex do investimento necessário para a tecno− logia, com uma safra apenas.

A v vinh haça concentrada é f fruto do tr rabalho d do o Laboratório que o senhor coo ord de en na. Quando estiver disponível, com mo uma u usina produzirá essa versão con nce ent trada?

De uma forma simplista e apenas ilustrativa, será um canal. De um lado sai hidrogênio, de outro sai oxigênio e, no meio, sai a vinhaça concentrada. Lembrando que o processo é alimen− tado por bioeletricidade, onde se o hidrogênio for empregado para pro− duzir fertilizante nitrogenado, será um produto de baixas emissões de carbo− no, ao contrário do fertilizante com hidrogênio feito de gás natural, gera− dor de emissões.

Com m a v vinhaça concentrada, o i in− dicado se eri ia ter fábricas de fertil lizantes s nit troge en nad do os ao lad do o ou junto às s usinas s para reduzir r c cu us st to os s de transporte?

Sim. Assim, produziria fertilizante nitrogenado para o mercado e para a usina, pois a quantidade de hidrogênio seria suficiente para isso e com muito excedente. E tudo com matéria−pri− ma com pegada negativa de carbono.

Como é é a a a arm mazenag gem da vi− nh haç ça conce entra ad da a?

Em princípio ela segue os mesmos caminhos da vinhaça tradicional, po− rém com bem menos impactos am− bientais. E com volume menor.

Que e mais se po oderá ter com a tec cnolo og gi ia em desen nv volv vi imento?

Pode−se produzir amônia com o hidrogênio, além de metanol verde e etc! Ou seja: a usina terá um círculo virtuoso tão grande que terá condi− ções de idealmente substituir os pro− dutos da petroquímica.

E o ox xi igê ênio l lib be erado p pela tecno− lo og gi ia?

Thiago Lopes − Pode−se em− pregá−lo em oxicombustão (subs− tituição do comburente para oxi− gênio puro), por exemplo, com o bagaço atual. Com isso, se produzi− rá mais energia elétrica para venda à rede ou para concentrar ainda mais a vinhaça.

E mais: ao se queimar, será gerado CO2 puro (após condensação da água). E, assim, todos os produtos da usina começam a ter uma pegada ne− gativa de carbono.

Qua an nd do o o o s sr r. . diz gera aç ção de CO2 puro, , se el le for ‘ armazen nado ’ poderá aju udar a ze erar a p pe ega ad da a de carbono do Pa aí ís e ser r v ven nd di ido?

Sim.

Sobre a tecno ologia em m desenvol− − vimento na Unicamp de célula com− − bustível a etanol (que emprega a o bio− − combustível p para g gerar hidrogênio e, , assim, pro oduzir elet tri icidade par ra o motor r híbrido), o h hidrogênio da a vi i− − nhaça também m poderá ser usado?

O conceito de célula trabalhado [na Unicamp] usa o etanol direto. Aqui, produzimos hidrogênio e ele, sim, pode ser utilizado na célula. Mas em minha avaliação, se você precisa de hidrogênio descentralizado, deve usar o gerado pelo etanol. Ele já está dis− tribuído pelo território nacional.

E no caso do hidro og gênio da vi i− − nhaça?

Ele é centralizado, com foco em escala industrial em plantas junto às usinas. É para gerar vários produtos da alcoolquímica que, com valor agrega− do, serão transportados. Em resumo: a cana irá virar o novo petróleo.

Para finaliza ar, hoje j já temos hidro− − gênio verde. Qual sua av valiação?

Ele é feito a partir da eletrólise (quebra de moléculas) da água pelo consumo de eletricidade. Fala−se muito sobre esse hidrogênio. Mas não se fala sobre de onde virá a água. Já vivemos situação de estres− se com a água. Ninguém irá pegar uma tubulação do pré−sal para ex− trair água do aquífero Guarani.Tem a dessalinização da água do mar, mas aí se adiciona uma etapa [consumo de energia elétrica e custos] ao pro− cesso global.

Por isso, no caso do hidrogênio da vinhaça, ela habilita à usina um cír− culo virtuoso: habilita novos produ− tos a partir da cana, habilita novos mercados.

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