Jornal de Azeitão - abril 2021

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[ F. CORREIA

Jornal de Azeitão "A liberdade não é mais do que uma oportunidade para sermos melhores", Albert Camus

Grat uito

DIRETOR: BERNARDO COSTA RAMOS

PERIODICIDADE: MENSAL

ANO 25

N.º 295

ABRIL DE 2021

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PREÇO: 0,60 €

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Misericórdia de Azeitão: 400 anos a cuidar PÁG. 08/09

A Mesa administrativa da SCMA Conheça os elementos que gerem e representam a Santa Casa [ BCR

Casa-Memória Joana Luísa e Sebastião da Gama

Histórias com Emoções

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Novo espaço para a Educação Socioemocional

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A Arrábida no Bronze Final, leituras e narrativas (1ªparte)

Inauguração oficial será no dia 10 de abril

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SFPA Recebe apoio de 10 mil euros

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1.ª edição do Arrábida Walking Festival Um festival de caminhadas nos dias 28, 29 e 30 de maio


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Jornal de Azeitão

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Editorial

A mais bela invenção: a narrativa [ DR

POR BERNARDO COSTA RAMOS – DIRETOR DO JA

Graças à narrativa, o inventar de algo que pertence ao imaginário, conseguimos unir os esforços de pessoas estranhas e funcionar em grupo, em sociedade. Esta constrói-se à volta de pequenas ou grandes narrativas, umas ancestrais e outras mais recentes. São elas, na sua ficção, que permitem o surgir das grandes cidades, países, das grandes empresas, dos sistemas que nos equilibram (Justiça, por exemplo) enfim, tudo aquilo a que os estudiosos da sociologia indicam como um grupo superior a 150 pessoas. A partir deste número, deste limiar, parece que é necessário um outro tipo de organização, algo que se constrói ao longo dos anos, dos séculos e a que podemos chamar de mitos comuns. Ora, esses mitos comuns existem apenas na imaginação desse grande grupo de pessoas, porque acreditam neles e assim, estes começam a tomar forma de realidade, ou seja, a ficção começa a deixar o seu campo e a transformar-se em algo concreto na men-

te das pessoas. Esta é a grande dificuldade, contar histórias em que as pessoas acreditem. Como refere o famoso autor Yuval Noah Harari: «Não há deuses no Universo, não há nações, não há dinheiro, não há direitos humanos, não há leis e não há justiça fora da imaginação coletiva dos seres humanos.» E vivemos assim numa realidade dupla, aquilo que de facto existe e aquilo que não existindo, não tendo uma base real e objetiva se torna, por vezes, mais poderosa e capaz de destruir a própria realidade. A religião, com os seus deuses, dá-nos exemplos vários deste poder. Os homens, cons-

truindo narrativas conseguem dominar multidões, por exemplo, os políticos. As empresas que perduram vão construindo símbolos, mitos, segredos escondidos (pastéis de Belém, licor Arrabidine, por exemplo). As aldeias, vilas, cidades, as próprias famílias, todas elas se constroem à volta destas histórias, a que chamamos tradições e que perduram entre gerações. Em Azeitão temos as Procissões, algumas instituições centenárias, escritores, doces, vinhos, queijos…todos eles têm a sua narrativa. Como esta «cooperação em grande escala é baseada em mitos, a forma como as pessoas

colaboram pode ser alterada mediante a mudança dos mitos – contando histórias diferentes.» Passarmos da monarquia para a República, de um país à “beira mar plantado” para integrar uma União Europeia, de uma moeda única para uma moeda comum, tudo foi uma mudança de narrativa que presenciámos e aceitámos (alguns ficam sempre por aceitar). E é assim que se explica também o surgir de novos partidos políticos, uma pequena narrativa que com a ajuda dos media vai construindo a sua narrativa, tentando criar mitos comuns, fazendo acreditar alguns através de um líder, de uma “luta”/objetivo (nós e os outros), de uma ideologia (tudo ficção) e de palavras para as propagar. Chegamos assim a uma conclusão rápida. Quem domina a linguagem, as palavras, a comunicação, é quem constrói as melhores narrativas e com elas tem a capacidade única de fazer acreditar, ou seja, que a sua narrativa cresça e perdure. Quando descer o limiar dos 150 indivíduos, quando deixarem de acreditar, deixam de existir. Assim, se pode justificar que uma nação tenha acredi-

tado num homem, na sua narrativa, nas suas palavras e tenham cometido em nome de uma ficção algo muito real, as maiores atrocidades da nossa história moderna na 2ª Guerra Mundial, numa Alemanha que hoje respeitamos e naquela altura temíamos. Fernando Pessoa conseguiu resumir tudo isto num poema, dentro da sua obra enigmática e simbólica a que deu o nome de «Mensagem». Pessoa sabia que o MITO era a cola que unia (e une) uma nação. No seu poema “Ulisses” ele diz:

o rigor estatístico mesmo nos níveis geográficos detalhados. Em particular, os Censos 2021 devem assegurar o cumprimento das obrigações internacionais a que Portugal está sujeito, facilitar a resposta dos cidadãos através de um sistema flexível, seguro e cómodo e assegurar que os resultados são divulgados de modo adequado, compreensível e acessível à sociedade. Devido à crise pandémica, foi delineado um plano de contingência que reforça a resposta aos Censos através da Internet,

com apoio à população através de uma linha telefónica, o que permite uma abordagem fácil, segura e rápida para os cidadãos, reduzindo, ao indispensável, os contactos entre recenseadores e população, em número e duração. Os grupos de cidadãos com maior dificuldade na resposta através do recurso à internet ou que estejam impedidos de contacto presencial por razões de saúde pública podem responder aos Censos 2021 através de linha telefónica, com número a divulgar atempadamente.

Para situações em que a resposta pela internet ou telefone não seja praticável, funcionam e-balcões nas juntas de freguesia, mediante as condições de acessibilidade locais e em função da respetiva situação de saúde pública, e, por fim, há a possibilidade de resposta através do preenchimento dos questionários em papel, seguindo todas as medidas de segurança previstas no Protocolo de Saúde Pública. Mais informações sobre os Censos 2021 em http://censos. ine.pt

O mito é o nada que é tudo. O mesmo sol que abre os céus É um mito brilhante e mudo — O corpo morto de Deus, Vivo e desnudo. Este, que aqui aportou, Foi por não ser existindo. Sem existir nos bastou. Por não ter vindo foi vindo E nos criou. Assim a lenda se escorre A entrar na realidade, E a fecundá-la decorre. Em baixo, a vida, metade De nada, morre.

Censos 2021

Recolha de dados A recolha de dados para os Censos 2021, com início a 5 de abril, decorre preferencialmente pela internet ou por telefone no âmbito do plano de contingência estabelecido para debelar as dificuldades causadas pela crise pandémica. A partir do dia 5 de abril começam a ser distribuídas pelas caixas de correio cartas com os códigos que vão permitir aos cidadãos responder pela internet ou por telefone ao inquérito relativo aos Censos 2021. Uma vez recebida a carta com

os códigos, os cidadãos devem fornecer os dados do programa censitário entre 19 de abril e 3 de maio, algo que se assume como imprescindível para obter um retrato fiel do país e das regiões. Os Censos 2021 incluem o XVI Recenseamento Geral da População e o VI Recenseamento Geral da Habitação. O principal objetivo do recenseamento da população e da habitação é a quantificação rigorosa e a caracterização dos edifícios, alojamentos, agregados domésticos e indivíduos, preservando

Administrador: Jorge Maria de Carvalho - Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão • Director: Bernardo Costa Ramos • Redacção e Colaboração: Sofia Fernandes, David Alvito, Ju Mendão, Luís Miguel Almeida, Anabela Santos, Ana Cristina Farto, Joana Canhoto, Nuno Birrento, Ana Clara Birrento, João Guilherme Sousa Santos, José Paulo Diniz, Isabel Fernandes • Fotografia: Hugo Silva - Brejarte • Proprietário e Editor: Santa Casa da Misericórdia de Azeitão – NIPC 502 130 733. • Sede da SCMA e sede da Redacção: Rua José Augusto Coelho, 154 - Vila Nog. Azeitão - Telefone: 21 2198900 - Fax: 21 219 89 01 - E-mail: jornaldeazeitao@gmail.com Execução Gráfica e Impressão: Tipografia Rápida de Setúbal, Lda - Travessa Jorge D'Aquino, 7 - 2900-427 Setúbal • Depósito Legal: 218604/04 nº de registo na ERC 120298 • Tiragem 1.000 ex. Os textos publicados e assinados são da responsabilidade dos seus autores. nota: O Jornal de Azeitão publica os trabalhos dos seus jornalistas e colaboradores de acordo com a ortografia por eles escolhida. Estatuto Editorial: O Jornal de Azeitão é uma publicação periódica de âmbito regional, de carácter informativo e não doutrinário, que respeita os princípios deontológicos da imprenssa e a ética profissional. (Deliberação da Alta Autoridade para a Comunicação Social de 1 de Outubro de 1997).

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Memórias

Passeio à Lapa de Santa Margarida POR ALICE SOUSA

Muitos recantos no Portinho da Arrábida têm encanto, têm beleza e têm alma, mas há um lugar que além de tudo, tem mistério. Um dia, em que o Verão se tinha apresentado um pouco mais frio e cinzento, e por isso, não apetecia ir para a água, juntou-se o grupo todo e resolvemos ir explorar novos lugares pelo Portinho. Saímos sem destino e rumámos estrada acima, levando apenas água. Pelo caminho falávamos alto e ríamos muito, com os disparates de alguns de nós. Mas o nosso ruído não incomodava ninguém, e parecia que as plantas no caminho se riam também. A estrada, na curva do Gama, estava um pouco escorregadia e houve alguém que não se apercebeu e já quase a chegar ao cimo, escorregou e teve que voltar a subir, sem se ter magoado muito. Neste espaço de tempo, e antes de subir a curva, virei-me para trás e olhei para o mar, e ao fundo, lá estava ela! Imponente e misteriosa, com alguns barcos à sua volta, como se quisessem descobrir os segredos que ela encerra. A Pedra da Anicha, num dia mais cinzento, como aquele, ainda parece mais misteriosa!… Ao passar o Forte de Santa

Maria, que outrora tinha sido um restaurante, onde fui muitas vezes passear com os meus pais e avós, indo visitar os amigos, Sr. Sérgio e D. Aurora, reparei que, aquele lugar, podia ter sido destinado a tratar pessoas doentes da alma, de tão solitário que era. Ali, mesmo à curva, debruçado sobre o mar e um pouco abandonado, dava um aspecto de castelo e levava-me a sonhar… Eles falavam alto, mas eu nada ouvia, de tão absorta nos meus pensamentos que estava. Fomos subindo pela estrada, e, de repente, na minha esquerda abria-se o imenso mar azul. Lá em baixo, a pequena praia dos pilotos estava descoberta, pois a maré estava vazia, mostrando aquela rocha lá à frente, onde tantas vezes mergulhámos. A casa lá no alto, à direita, que já fora dos pilotos da barra, vigiava toda a costa. Era um ponto branco, no imenso verde da serra. Poucas vezes me aventurei a subir aquelas escadas de tão alto que ficava. E fomos seguindo, passando pelas casas mais pitorescas que conheci ali, até chegar à estalagem de Santa Maria, onde nos sentámos um pouco para beber água. Só víamos verde à nossa volta, salpicado por algumas casas, algumas de madeira. Mas, ali

à nossa frente estava o próximo destino… A Lapa de Santa Margarida! Ainda pensámos em desistir e seguir a estrada até Alpertuche, mas a maioria venceu e fomos revisitar a Lapa. Ao descer a imensa escadaria, o grupo fazia uma fila, porque era mais fácil caminhar pelo muro ao lado direito da escada, embora, naquele tempo, o muro já apresentasse grandes falhas, tendo que ter cuidado redobrado a descer, para não cair. Aos poucos, já se vislumbrava o imenso mar azul e a cada curva da escadaria a animação aumentava. Com o tempo acinzentado e um pouco húmido, o verde das plantas parecia que tinha sido encerado, de brilhante que estava. Pelo caminho ao descer, estava ainda e só, aquele banquinho de pedra onde tantas vezes me sentei para descansar quando vinha de regresso. O coração de todos nós, batia acelerado. E eu pensava que tínhamos que fazer todo aquele caminho de volta, e subir mais de duzentos degraus não era fácil, mesmo para nós que ainda tínhamos o folego intacto, sem vícios de tabaco ou de bebida. Finalmente chegámos à entrada da velha e misteriosa gruta. Olhando pela abertura da entrada, estava escuro lá em baixo e não

tínhamos levado lanternas… Atrás de nós o mar abeirava-se das rochas, mesmo com a maré vazia e mostrava um fundo tão límpido que parecia feito de vidro. Não me lembro quem foi o primeiro a aventurar-se a descer para a gruta, mas alguém começou a descer aqueles degraus de pedra tão antigos e os outros seguiram logo atrás. A luz que entrava na gruta deixava no ar apenas uma penumbra, mas era o suficiente, para podermos admirar a capelinha que ela escondia naquelas paredes de pedra. Naquele tempo ainda tinha um altar e algumas imagens que alguém ali colocou, e que, davam a impressão que iria realizar-se uma missa, de tudo tão arrumadinho que estava. Toda a volta da capelinha estava escrita nas traves que seguravam o pequeno telhado. Eram promessas de namorados, eram corações gravados, eram dedicatórias ou simplesmente nomes a “dizer” que estiveram ali. Ouvia-se o mar a tocar nas rochas lá na frente e o cheiro dentro da gruta era intenso. Fomos até junto ao mar e por ali permanecemos mais um pouco. Nos recantos escuros dava sempre a impressão que ia aparecer alguém. Olhei mais atentamente e, numa abertura pequena escavada na rocha, estava muito

escuro e daquele lado metia um certo medo. Tanto que, eu nunca me atrevi a ir à Lapa de Santa Margarida sozinha! Os mais afoitos entraram por todo o lado, nos recantos da gruta sem ter medo. E eu fiquei ali, olhando o mar azul com aquele céu cinzento e que me deixava a pensar, no que teria sido a experiência, da primeira pessoa que se lembrou, de fazer ali, uma capelinha. Com a curiosidade, mais tarde fui saber para entender, como a fé pode ser tão grandiosa, que um homem comum, acredite numa imagem, sem ser de carne e osso! A nossa aventura na Lapa de Santa Margarida estava a chegar ao fim, e era chegada a hora do regresso e ainda tínhamos muita escada para subir. Mas como éramos jovens, nada disso nos preocupava. E lá fomos por ali acima, falando e rindo, e eu, olhando para trás e vendo aquela entrada escura, pensei para mim, que mistérios, que agradecimentos, que promessas, que pedidos aflitos, terão acontecido naquela pequena capelinha, ali tão sozinha, dentro daquela gruta escura, mas para sempre acompanhada, pelo imenso mar do Portinho da Arrábida…

Albarquel, Figueirinha, Galapos, Galapinhos e Portinho da Arrábida

Gestão das praias: assinatura de protocolo A transferência de competências de gestão das praias marítimas do Estado para as autarquias locais, definida por lei, motivou um protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Setúbal e a Capitania, assinado no dia 24 de março. O acordo, com um prazo de vigência de três anos, resulta da transmissão para os municípios de competências acrescidas em matéria de licenciamento de atividades que se desenvolvam nos espaços balneares, assumindo, igualmente, um papel fundamental na gestão desses mesmos espaços. Na cerimónia de assinatura do acordo, a presidente do município, Maria das Dores Meira, lamentou a “falta de diálogo” do Governo com a autarquia sobre “como é que devia ser feita esta transferência” de competências. “O Governo diz que a lei é assim e pronto. Mas também nos devemos

sentar e organizar, porque ficamos todos a lucrar com essa organização. E, além disso, o cidadão merece respeito sobre este assunto. Fazemos todos parte do mesmo país e é pena que não se perceba que tem de haver mais diálogo entre os portugueses.” Paulo Alcobia Portugal, enalteceu a importância do acordo firmado: “As condições para a transição suave da gestão das praias para a autarquia estão reunidas. Os cidadãos merecem esta atenção, porque não têm culpa dos diplomas sobre descentralização que são elaborados. Estamos aqui para o lado da solução e vamos acompanhar todo o processo.” A cooperação institucional incide nas principais praias marítimas de Setúbal, concretamente Albarquel, Figueirinha, Galapos, Galapinhos e Portinho da Arrábida. O protocolo incide nos atos técnicos enquadrados no âmbito

dos procedimentos de atribuição de autorizações, licenças e concessões, no quadro das competências transferidas para os municípios no domínio da gestão das praias marítimas. Esses procedimentos incidem nas concessões, licenças e autorizações de infraestruturas, equipamentos, apoios de praia ou similares nas zonas balneares, bem como de infraestruturas e equipamentos de apoio à circulação rodoviária, incluindo estacionamento e acessos. Incluem, ainda, concessões, licenças e autorizações de fornecimento de bens e serviços e da prática de atividades desportivas e recreativas. O protocolo de cooperação tem também como objeto a definição dos termos de articulação procedimental entre a Direção-Geral da Autoridade Marítima e a Câmara Municipal para tramitação de pro-

cessos tendentes à prática de atos de licenciamento ou de permissões, competências que são, agora, da autarquia. No âmbito da cooperação técnica, a Capitania do Porto de Setúbal, enquanto órgão local da Direção-Geral da Autoridade Marítima, concretiza vistorias técnicas aos objetos de concessão, licença ou autorização, nomeadamente de mediação e confirmação das áreas ocupadas nos termos em que foram licenciadas, avaliação da localização das estruturas e equipamentos a implantar, avaliação e confirmação dos quantitativos de equipamentos e respetivo estado de conservação e avaliação e confirmação documental dos elementos necessários ao exercício de atividade. Compete também à Capitania do Porto de Setúbal a emissão de pareceres técnicos relativos a pedidos de atribuição de concessões,

licenças ou autorizações de utilização do domínio público hídrico e assessoria técnica em matéria de utilizações balneares desse mesmo domínio, nomeadamente apoios balneares e recreativos, mediante solicitação do município. A Capitania deve, ainda, integrar o júri de procedimentos concursais para atribuição de título do domínio público para instalação e exploração de apoio balnear ou recreativo. O protocolo de colaboração não abrange, todavia, atos técnicos de vistoria específicos do foro da Autoridade Marítima local.

Luís Filipe Amaral Engº. Téc. Civil Fiscaliz. /Acompanh. Obras

tel. 92 438 1100


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Escola Básica 2. 3 de Azeitão

Remoção de amianto – visita do Executivo municipal [ CMS

O Executivo municipal visitou dois estabelecimentos de ensino que foram alvo de uma operação recente liderada pela autarquia de substituição de coberturas em fibrocimento, num processo que inclui intervenções em cinco escolas, algumas geridas pelo Estado. A comitiva, com a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, vereadores e o presidente da Assembleia Municipal, André Martins, visitou as instalações da Escola Básica de Azeitão e da Escola Secundária D. Manuel Martins, dois estabelecimentos da tutela do Estado onde os trabalhos de substituição das antigas coberturas com materiais em amianto já se encontram concluídos. “Demonstramos com mais esta operação que temos capacidade para resolver o que é nosso e o que é dos outros. Se não fosse o Poder Local, neste país tudo estaria muito mais atrasado”, frisou Maria das Dores Meira. As intervenções de substituição de coberturas em fibrocimento, com amianto, que ainda existiam

em algumas escolas do concelho, comparticipadas por fundos comunitários, abrangem as escolas básicas de 2.º e 3.º ciclos de Aranguez e Azeitão e a Escola Secundária D. Manuel Martins, da tutela do Estado, e as escolas básicas de 1.º ciclo de Santa Maria e das Amoreiras, da responsabilidade da autarquia. No caso dos estabelecimentos geridos pelo Estado, o município assumiu uma parceria com o Ministério da Educação que permitiu a concretização das obras, as quais, apontou Maria das Dores Meira no decorrer da visita â Escola Secundária D. Manuel Martins, já deveriam ter sido realizadas há muitos anos. “Foi o próprio Governo que legislou a obrigatoriedade de se retirar o fibrocimento dos edifícios, mas, mais uma vez, não cumpriu e são os municípios que estão a fazer as intervenções”, sublinhou a autarca. Para o vereador da Educação, Ricardo Oliveira, a remoção das coberturas com materiais em amianto, que “em determinadas condições podem constituir perigo para

a saúde”, é uma intervenção importante, pois “as escolas têm de ser um espaço saudável e seguro para quem lá passa parte significativa das suas vidas”. No caso do concelho de Setúbal, com estas intervenções completa-se a remoção das coberturas de fibrocimento em todos os edifícios escolares da rede pública, depois de o município, no âmbito deste processo, já haver substituído as coberturas das escolas do 1.º ciclo dos Arcos, de São Gabriel, do Monte Belo, da Azeda e do Peixe Frito Os trabalhos na Escola Secundária D. Manuel Martins e EB de Azeitão, visitadas esta manhã, já se encontram concluídos, e na EB de Santa Maria estão em fase de conclusão, faltando apenas algumas pequenas reparações relacionadas com a substituição da cobertura. A intervenção na EB das Amoreiras começou no dia 16 de março, num processo com a duração prevista de duas semanas. Durante este período, as aulas do 1.º ciclo do ensino básico decorrem na escola sede do Agrupamento de Escolas Barbosa du Bocage, a EB

du Bocage. Na EB de Aranguez, por se tratar de um edifício com uma extensa área de intervenção, o que motiva uma operação mais demorada, as obras realizam-se nas férias letivas de verão. No decorrer deste processo, a autarquia constatou que as escolas da competência do Governo, sobretudo as escolas de Aranguez e de Azeitão, “têm problemas estruturais que o Ministério da Educação tem vindo a ignorar e necessitam de intervenções profundas”, apontou Ricardo Oliveira. De salientar, igualmente, que

as escolas Secundária D. Manuel Martins e EB de Azeitão não têm pavilhões gimnodesportivos, o que, para a presidente Maria das Dores Meira, “significa que os alunos destes estabelecimentos de ensino da responsabilidade do Governo têm sido discriminados”, pois “têm o direito a ter Educação Física como em qualquer outra escola”. Ricardo Oliveira garantiu que a Câmara Municipal de Setúbal “está a preparar, para apresentar em breve, um levantamento de todas as necessidades e dos investimentos necessários por parte do Governo nestas escolas”.

Bem-vindos às Histórias com Emoções! [ FOTOS DR

POR CRISTINA CAVACO

Este é um espaço de Educação Socioemocional e, através dele, as crianças vão poder desenvolver a sua Inteligência Emocional e aprenderem Competências para a Vida. É fundamental ensinarmos as nossas crianças a reconhecerem o seu mundo interior, saberem pensar, colocarem-se no lugar do outro, trabalharem perdas e frustrações, reconhecerem aquilo que sentem, expressarem-se e saberem gerir as suas emoções. Pretendemos ser um espaço de troca, partilha e crescimento. Aqui, irei partilhar sugestões de livros, histórias, vídeos, artigos, jogos e atividades que considero importantes para o desenvolvimento socioemocional das nossas crianças. Para esta edição de Abril de 2021, escolhi partilhar o livro “O Tesouro” de Manuel António Pina. O Tesouro é uma história para miúdos e graúdos que nos fala de algo muito precioso, a nossa Liberdade. Este livro foi publicado, pela primeira vez em 1994, e, em 1999 deu origem ao premiado filme de João Botelho: Se a Memória Existisse. Neste livro, o autor fala-nos sobre

um valioso tesouro deixado pelos nossos avós. Ele conta-nos que há muito tempo, num país muito distante, vivia um povo muito triste, porque lhes tinham retirado o mais belo tesouro do mundo: A LIBERDADE. Naquele país as pessoas não podiam dizer o que pensavam, nem fazer o que queriam. Sentiam que viviam numa prisão e por isso diziam que era o País das pessoas tristes. “As pessoas eram perseguidas, os meninos não podiam ouvir músicas, nem ver os filmes, nem ler os livros que queriam”. Mais estranho ainda é que as raparigas e os rapazes tinham que andar em escolas separadas e brincar em recreios divididos por muros e grades. Mas um belo dia, as pessoas tristes revoltaram-se e através do poder da palavra, Acreditar, conseguiram resgatar o mais belo

tesouro, há muito esperado. O povo saiu à rua e começou a gritar: “Viva a Liberdade! Viva a Liberdade!”. As pessoas sentiam-se muito felizes, riam e choravam ao mesmo tempo e espalharam cravos vermelhos por todo o país para mostrar a sua alegria. Todo o país estava em festa! Era o dia 25 de Abril e, esse dia, passou para sempre a ser chamado: Dia da Liberdade! Foi o dia em que aquele país recuperou o seu tesouro mais valioso: A LIBERDADE. A partir daquele dia, o país das pessoas tristes passou a ser o país das pessoas alegres. Esse país chama-se Portugal. Esta é uma história verdadeira, que aconteceu em 1974, no tempo dos nossos avós e bisavós. Esta foi a semente que nos deixaram e o maior dos tesouros, sermos livres. Agora cabe-nos a nós cuidarmos e guardá-

-lo bem, para que nunca, jamais nos voltem a tirar esse tesouro. Hoje somos livres para sonhar e voar bem alto! Para assistirem a esta história basta aceder a este link: https://mundodasemocoes.pt/jornal-de-azeitao-5-de-abril-de-2021/ Atividades: Inspirada neste livro, proponho 2 atividades, para fazer em família: Resgatar memórias e Plantar Valores. Para fazerem estas atividades podem aceder a este link: https://mundodasemocoes.pt/atividades_abr_2021/ 1. Resgatar Memórias: Vamos perguntar aos nossos avós uma história que queiram partilhar sobre o dia 25 de Abril, o dia da Liberdade. Como eles se sentiram e como viveram esta revolução dos cravos vermelhos. Ao escrevermos juntos, estas histórias, estamos a criar memórias afetivas e a receber valores que são passados de geração em geração e que nós vamos levar para a vida toda. 2. Plantar Valores: Quais são as sementes que queremos deixar para as futuras gerações? Depois de refletirmos sobre esta frase proponho esta atividade que vai trabalhar

competências como: a paciência, a resiliência, o cuidado. Cada um vai agarrar em feijões brancos, crus, e com uma caneta de bico fino, vão escrever, em cada feijão, aquilo que querem oferecer às nossas futuras gerações, Ex: Amor, Paz, Amizade, Bondade, etc. Cada um escreve o que quer. Depois, vão colocar, 2 ou 3 feijões num pote, com algodão embebido em água e com muito cuidado e carinho vão ver os feijões a germinarem e a crescerem. Vamos construir memórias em família, --acolhendo a individualidade de cada um, semeando os valores que queremos deixar para o mundo e confiando na forma de receber esses valores e de como irão ser cultivados e espalhados pelo mundo. Vamos semear e crescermos juntos! Gostaria de agradecer aos meus avós, Maria e Gabriel, pelas sementes que plantaram e que fazem parte da pessoa que eu sou hoje. Muito obrigada pela semente do Amor e da Liberdade para poder ser quem sou! Com Amor, Cristina Cavaco me@mundodasemocoes.pt


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Demolição do restaurante em Galapos e obras nos acessos Segundo a agência LUSA, começou a 11 de março a demolição do restaurante em Galapos (estrutura em cimento), que nos últimos anos foi várias vezes fortemente afetado pela ação do mar. A obra está orçamentada em mais de 156.000 euros e tem um prazo de execução de 80 dias. O Jornal de Azeitão esteve no local (10 de março) e constatou o avanço destas obras. O caminho até à praia está a ser alargado e o restaurante estava a retirar materiais através de

máquinas no local. O financiamento das obras está assegurado através de uma candidatura ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), no âmbito da estratégia de prevenção de riscos do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Sintra-Sado. "A intervenção visa a proteção do litoral e suas populações, antecipando riscos e cenários potenciados pelas alterações climáticas e tem como objetivo

principal a prevenção e mitigação do risco associado à erosão e inundação oceânica", justifica a APA em nota de imprensa. "Em simultâneo, pretende-se dotar esta praia [Galapos] de um caminho de emergência, melhorando as suas condições de acessibilidade, uma vez que atualmente esta é uma pequena praia com acessos muito precários", acrescenta o documento. A conclusão dos trabalhos está prevista para a primeira semana de maio de 2021.

Casa-Memória Joana Luísa e Sebastião da Gama

Inauguração oficial será no dia 10 de abril POR BERNARDO COSTA RAMOS

A Casa-Memória Joana Luísa e Sebastião da Gama, em homenagem à paixão de Joana Luísa e Sebastião da Gama e situada no centro de Vila Nogueira de Azeitão, será oficialmente inaugurada no dia 10 de abril, a data de nascimento do poeta Sebastião da Gama (10 de abril de 1924 – 7 de fevereiro de 1952). Esta inauguração, prevista para 23 de dezembro, foi adiada devido a atrasos nas obras e aos constrangimentos causados pela pandemia. O município de Setúbal e a Junta de Freguesia de Azeitão foram as grandes impulsionadoras desta obra e financiaram a mesma. A casa onde viveu a viúva de Sebastião da Gama (Sebastião nunca lá viveu) e que foi doada em testamento à ACSG, concretiza o desejo maior de Joana Gama. Para se tornar realidade, e segundo o protocolo tornado público em maio deste ano, acessível online, a CMS atribuiu a esta obra uma verba de 100 mil euros. No âmbito do protocolo coube e caberá ao Município de Setúbal: a) Disponibilizar uma verba no valor de cem mil euros, para as obras de remodelação e adaptação do edifício onde irá funcionar a Casa-Memória de Joana Luísa e Sebastião da Gama, na Rua José Augusto Coelho, n.º 105, Vila Nogueira de Azeitão, 2925-542 Azeitão; b) Assegurar o apoio técnico

[ DR

especializado para a inventariação, tratamento, conservação e disponibilização do espólio ao público; c) Providenciar os necessários recursos humanos para o funcionamento da Casa e sua abertura ao público. A Junta de Freguesia de Azeitão teve também um papel decisivo para a criação deste novo espaço cultural em Vila Nogueira. A Presidente da Junta, Celestina Neves, acompanhou de perto a obra, fazendo a ligação entre a Associação e o poder camarário. No âmbito do protocolo a Junta de Freguesia de Azeitão ficou com a responsabilidade de: a) Adquirir o mobiliário e o equipamento necessário para o correto funcionamento da Casa-

Memória de Joana Luísa e Sebastião da Gama; b) Garantir a manutenção e conservação desse equipamento. No que diz respeito à Asso-

ciação Cultural Sebastião da Gama será sua responsabilidade: a) Garantir a gestão da Casa-Memória de Joana Luísa e Se-

bastião da Gama, de acordo com os seus objetivos e as disposições testamentárias de Joana Luísa Gama; b) Assumir o pagamento das despesas resultantes da gestão corrente e referentes a telecomunicações, alarmes, água e eletricidade; c) Elaborar e promover um Programa de Atividades para a Casa-Memória, para a divulgação da vida e obra de Sebastião da Gama, que respeite de forma integral as disposições testamentárias de Joana Luísa Gama na gestão dos bens e coleções. d) Garantir a adequada segurança, gestão e conservação dos bens legados no testamento de Joana Luísa Gama ao Município de Setúbal/Museu Sebastião da Gama.


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Prevenção de incêndios florestais

Limpeza de terrenos e gestão de rede viária [ FOTOS: CMS

A Câmara Municipal de Setúbal procedeu à limpeza e desmatação de mais de 170 hectares de terrenos municipais em vários locais do concelho, com maior incidência na Serra da Arrábida, no âmbito da prevenção dos incêndios florestais. De acordo com a legislação em vigor, os proprietários, arrendatários, usufrutuários ou entidades que, a qualquer título, detenham terrenos que possam constituir perigo de incêndio e para a saúde pública devem realizar anualmente um conjunto de ações de proteção e segurança com vista à mitigação de riscos. Até ao final de fevereiro, a

autarquia procedeu à limpeza e desmatação de 79 hectares de terrenos municipais e de uma extensão de perto de 18 quilómetros ao longo de várias redes viárias, de forma a criar faixas de proteção em ambos os lados das vias. Uma intervenção prioritária, e que se encontra atualmente em curso na Serra da Arrábida, consiste na limpeza e corte de vegetação em ambos os lados da via entre o Portinho e o cruzamento com a EN 379-1, numa extensão total de 14 quilómetros. Outra ação, realizada entre o início de dezembro e o final de janeiro, incidiu na Rua do Alto das

Necessidades, ao lado da EN10, em Azeitão, com o corte de árvores e de outra vegetação ao longo das duas bermas da rede viária, numa extensão total de sete quilómetros. Neste local do concelho, a vegetação e os ramos das árvores praticamente cobriam a estrada, o que constituía um perigo quer a nível dos incêndios florestais, quer para a segurança dos automobilistas que ali circulam. A criação do SRIFLOR, em janeiro de 2019, reforçou a estratégia da autarquia de prevenção dos incêndios florestais, que tem resultado numa diminuição da área ardida. Até 15 de outubro de 2020, o concelho de Setúbal registou um total de 13,67 hectares de área ardida, face aos 17,42 hectares de 2019 e com a média dos últimos dez anos cifrada em 35,36 hectares. “Tentamos durante o inverno avançar ao máximo com este trabalho complexo. De salientar que apenas procedemos ao corte de árvores que constituem perigo para a via pública, de forma a proteger a circulação rodoviária e limpar as faixas de gestão de combustível”, frisa Marcelo Pujol Alves. Além das intervenções em terrenos municipais, a Câmara Municipal de Setúbal procede à limpeza de terrenos privados de

forma coerciva, quando os proprietários não o fazem por iniciativa própria, nem após notificação até à data prevista na lei, que este ano foi alargada de 15 de março para o dia 15 de maio. Em 2020, entre ações realizadas por administração direta pela autarquia e outras realizadas através de empresas externas, foi intervencionada uma área de cerca de 20 hectares de terrenos privados, cujos custos, mais de 80 mil euros, são cobrados aos proprietários que não cumpriram a legislação em vigor. No âmbito da legislação, deve ser feita a limpeza do terreno e criada uma faixa de proteção de 50 metros à volta de todas as casas, armazéns, estaleiros, oficinas

ou fábricas. É obrigatório criar aceiros, garantir a descontinuidade e diminuir a densidade da vegetação existente ao redor das habitações, devendo os terrenos estar limpos de material facilmente consumível pelo fogo, como eucaliptos, pinheiros, giestas e acácias. Informações sobre terrenos abrangidos por faixas de gestão de combustível podem ser obtidas junto do Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros de Setúbal pelo endereço smpc@ mun-setubal.pt. Nos contactos efetuados, deve ser fornecida a localização exata do terreno, a qual pode ser indicada na cópia de um mapa ou da caderneta predial.

Juventude promove novas ações de formação Três ações de formação gratuitas a realizar entre abril e junho, com inscrições a decorrer, visam fornecer ferramentas e competências nas áreas da nutrição, expressão plástica e massagem ayurvédica para pessoas com idades entre os 18 e os 35 anos. As ações “Oficina de Expressão Plástica”, “Nutrição: Princípios e Dietética” e “Massagem Ayurvédica: Técnicas e Conceitos” inserem-se numa parceria estabelecida entre a Câmara Municipal de Setúbal e o Instituto do Emprego e Formação Profissional. O curso “Nutrição: Princípios e Dietética” ensina a reconhecer os princípios da nutrição e alimentação, a classificarem os

constituintes alimentares e as suas funções e a aplicarem os princípios e regras fundamentais da nutrição e dietética na confeção de diferentes tipos de dietas e na composição de ementas saudáveis. Quanto à “Oficina de Expressão Plástica” proporciona, entre outros, a aprendizagem de técnicas e materiais de modelação, técnicas de impressão, exploração plástica no espaço bidimensional e tridimensional, conceção e execução de construções bi e tridimensionais, esboço, maquetas e memória descritiva, reutilização e revocação de materiais, utensílios e suportes. Já a iniciativa “Massagem Ayurvédica: Técnicas e Conceitos” ajuda a identificar, por

exemplo, os conceitos subjacentes a esta massagem, também conhecida como indiana, a conhecer as suas indicações e contraindicações, a reconhecer o conceito de energia e os chakras e identificarem a localização dos doshas no corpo. O projeto formativo é uma iniciativa desenvolvida pela autarquia, através da Divisão de Juventude, em parceria com o IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional, que pretende dotar pessoas com idades entre os 18 e os 35 anos de ferramentas e competências que sejam uma mais-valia para o futuro. Todos os cursos têm a duração de 50 horas, com uma componente teórica, à distância, e

outra presencial, e garantem aos formandos subsídio de alimentação no valor de 4,77 euros por dia e certificação pelo IEFP. A participação é gratuita e é necessário que existam, no mínimo, 15 pessoas por turma. Apenas é pedido que os formandos tenham o 9.º ano de escolaridade concluído. As inscrições estão abertas desde início de março e podem ser feitas na página https:// tinyurl.com/265formacao2021. As datas e os horários são anunciados em breve. As aulas presenciais realizam-se em Setúbal, mediante levantamento das restrições inerentes à pandemia e estando garantidas todas as condições de segurança de acordo com as nor-

mas da Direção-Geral da Saúde, nomeadamente a desinfeção dos espaços e o uso obrigatório de máscara individual. Esclarecimentos suplementares sobre as formações podem ser obtidos na Divisão de Juventude da Câmara Municipal, com o e-mail dijuve@mun-setubal.pt e o telefone 265 421 082, ou pelo Facebook https://www.facebook. com/265juventudeinquieta/ e o Instagram @juventudesetubal. Este novo projeto integra um conjunto de ações de formação dinamizadas pela Divisão de Juventude da autarquia voltadas para a formação, casos de “CTRL + [E]studo”, sessões de estudo acompanhado para jovens que frequentem entre o 7.º e o 12.º ano, e o “Workshop do Mês”.


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1.ª edição do Arrábida Walking Festival Um festival de caminhadas percorre nos dias 28, 29 e 30 de maio o Parque Natural da Arrábida com o objetivo de desvendar o património natural e os vestígios arqueológicos deste território que abrange os concelhos de Setúbal, Palmela e Sesimbra. O evento, intitulado Arrábida Walking Festival, uma organização conjunta entre os municípios de Setúbal, Palmela e Sesimbra e a Biotrails, disponibiliza vários percursos pedestres por todo o Parque Natural da Arrábida, como um trilho entre o Forte de S. Filipe, em Setúbal, e o Castelo de Palmela e uma caminhada pelo Cabo Espichel, em Sesimbra. Além de estimular estilos de vida saudáveis, o evento proporciona uma oportunidade diferente aos participantes de conhecer locais da Arrábida que muitas vezes passam despercebidos, em experiências que possibilitam uma interação muito próxima com os vários ecossistemas que constituem esta área protegida. O festival inicia-se, a 28 de maio, com o “Percurso-O Entre Castelos (Grande Rota Arqueológica)”, com partida do Castelo de Palmela e paragens no Forte de São Filipe, na estrada romana do Grelhal e nos conventos de São Paulo e dos Capuchos.

Seguem-se os passeios “Percurso de São Luís a Palmela” e “Serra do Louro by night”. O segundo e o terceiro dias do evento reservam vários passeios em simultâneo pelas serras de São Francisco, dos Pinheirinhos e do Louro, e pela Serra da Azoia, com passagens, por exemplo, pela Praia da Baleeira, outrora palco da pesca à baleia e abrigo de embarcações romanas, e pelo Santuário do Cabo Espichel. Os participantes têm ainda a oportunidade de conhecer a Ilha da Ácala, o nome dado pelos romanos à Península de Troia. A par do programa central de passeios pedestres, focado no tema “A Grande Rota Arqueológica”, o evento apresenta um programa complementar de atividades, nomeadamente para crianças e jovens, bem como com passeios fora do âmbito da serra propriamente dita, casos de visitas guiadas aos centros históricos das cidades organizadoras, degustações gastronómicas e provas de vinhos. Há ainda visitas acompanhadas por guia ao Palácio e Quinta da Bacalhôa e aos conventos de S. Paulo e dos Capuchos de Alferrara, em Setúbal, e aos Moinhos do Vento de Palmela. Na página www.biotrails.pt/ awf estão disponíveis mais in-

formações sobre o evento, além de ser possível a aquisição dos bilhetes. O passe para o festival dá acesso a várias caminhadas, enquanto que a modalidade de bilhete simples permite um passeio pedestre. O passe tem o valor de 24 euros até 15 de maio e de 28 euros no decurso do evento. Os bilhetes simples custam 13 euros até 15 maio. O valor sobe para 15 euros a partir dessa até ao fim de Arrábida Walking Festival. Oficialmente apresentada a 20 de janeiro de 2020, na Quinta do Piloto, em Palmela, a primeira edição do Arrábida Walking Festival foi adiada de março desse ano para maio de 2021, devido às restrições impostas pela crise sanitária mundial. Devido ao contexto pandémico, a programação do Arrábida Walking Festival foi reorganizada de forma a garantir uma maior segurança, com menos participantes por atividade. O evento conta com o patrocínio da Setubal Bay – Associação da Baía de Setúbal e os apoios da Quinta do Piloto, Rota de Vinhos da Península de Setúbal, Caetano Drive Volkswagen, Associação de Municípios da Região de Setúbal, Revista Passear.com e New in Setúbal.

A sua consultora imobiliária responde Para mais informações ou para colocar questões: info@elsabraga.com; elsabraga.com

Vou colocar a minha casa à venda! Se fizer obras ela valerá mais? POR ELSA BRAGA

Sim e não! Há uma tendência natural para acharmos que ao fazer benfeitorias num imóvel isso possa, imediatamente, valorizá-lo. Na verdade, qualquer obra, à partida, irá valorizar. A questão é se vai valorizar o suficiente para que valha a pena o investimento e o trabalho que, inevitavelmente, dará. Se falarmos de uma pequena pintura, reparação de pequenos detalhes, isso será benéfico porque a casa estará mais cuidada. Como sabemos, a primeira impressão que temos sobre qualquer coisa é muito importante e o mesmo se aplica aos imóveis. Se estivermos a falar de pequenas remodelações, aqui, já é controverso e terá de ser analisado caso a caso. O investimento que é feito pode não ter o impacto desejado no valor final. Na minha opinião, com a experiência que tenho, quer como profissional da mediação imobiliária, quer como investidora imobiliária, teremos de ter muita atenção aos investimentos que fazemos versus a rentabilidade que iremos obter. Remodelar, por exemplo, uma casa de banho pode não reflectir,

o que expectamos, no preço final de venda. Até porque o tempo que demora a remodelação, também terá de ser considerado nas contas finais. Enquanto estou a remodelar, não estou a vender. O seu dinheiro parado na obra, também tem um custo, certo? Ou temos, de facto, capitais e tempo para investir numa remodelação bem feita, ou se é para remendar temos de ter muita cautela. Mesmo uma obra completa de remodelação, tem de ser bem pensada. Não é certo que invisto 20K e vou recuperar estes 20K e mais qualquer coisa. E essa qualquer coisa tem de valer a pena. De qualquer das formas há imensos profissionais no mercado que lhe podem dar este aconselhamento: se deve fazer obra e que obra deve fazer. Lembre-se que cada bairro tem um limite de preço que consegue suportar. Eu falo muito nisto e digo meio a brincar e muito a sério: “Não é por colocar torneiras de ouro na sua casa que o imóvel irá valorizar” É preciso saber onde investir, como investir, até onde pode ir esse investimento e que rentabilidade terá! Boas obras se for caso disso!

Prevenção de incêndios florestais

Gestão de combustível – prorrogação de prazo O prazo para os proprietários procederem à limpeza de terrenos no âmbito da prevenção dos incêndios florestais foi alargado até 15 de maio, decisão governamental motivada pela evolução da pandemia de Covid-19. A legislação indica que proprietários, arrendatários, usufrutuários ou entidades que, a qual-

quer título, detenham terrenos confinantes a edifícios inseridos em espaços rurais devem realizar anualmente, até 15 de março, um conjunto de ações de proteção e segurança com vista à mitigação de riscos. Os trabalhos de gestão de combustível, este ano prolongados até 15 de maio, contemplam a limpe-

za do terreno e a criação de uma faixa de proteção de 50 metros à volta de todas as casas, armazéns, estaleiros, oficinas ou fábricas. Devem, igualmente, ser removidas a vegetação mais inflamável e sem qualquer tipo de tratamento e as árvores necessárias de modo a deixar um intervalo entre copas de, pelo menos, quatro metros.

No acesso aos edifícios, deve ser mantida uma faixa de gestão de combustível de dez metros para cada um dos lados, bem como uma zona que permita a inversão do sentido da marcha de veículos de maiores dimensões, designadamente de veículos de emergência. Informações sobre terrenos abrangidos por faixas de gestão

de combustível podem ser obtidas junto do Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros de Setúbal pelo endereço smpc@mun-setubal.pt. Nos contactos efetuados, deve ser fornecida a localização exata do terreno, a qual pode ser indicada na cópia de um mapa ou da caderneta predial.


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Santa Casa da Misericórdia de Azeitão: 400 anos

Mesa administrativa da SCMA [ FOTOS: DR

POR BERNARDO COSTA RAMOS

Compete à Mesa Administrativa gerir e representar a SCMA. Esta Mesa é constituída por sete elementos – um Provedor, um Vice-Provedor, um Secretário, um Tesoureiro e três Vogais. Em caso de falta ou impedimento por parte dos Mesários, estes são substituídos por três Irmãos Suplentes que são eleitos conjuntamente com os efetivos. Fomos conhecer melhor quem são estas pessoas e o que as motiva para estarem, como voluntários, à frente do destino da Santa Casa, instituição que nasceu há 400 anos e que deseja permanecer durante muitos mais.

Ana Clara Birrento

Os seus desejos para os próximos 400 anos da SCMA? Que a SCMA continue a cumprir a sua missão – praticando as catorze obras de Misericórdia, defendendo acima de tudo a dignidade humana dentro dos princípios basilares dos princípios humanistas e cristãos, que dão corpo a toda a nossa acção.

Ana Prata “Desejo que se mantenha o espírito da missão alicerçado nas obras de Misericórdia”

“Poder ajudar a comunidade de Azeitão, aqueles que me viram crescer, os que, de uma forma ou de outra, me ajudaram a ser quem sou hoje.”

Qual o seu nome, profissão e que cargo ocupa? Ana Clara Birrento, Docente Universitária, Vogal Efectiva da Mesa Administrativa Qual a razão maior que o levou a ser membro da Mesa? Poder ajudar a comunidade de Azeitão, aqueles que me viram crescer, os que, de uma forma ou de outra, me ajudaram a ser quem sou hoje. Encaro esta tarefa de Voluntariado, como um devolver à comunidade algum do meu tempo. E mesmo os que não fazendo parte das minhas memórias merecem todo o apoio quando estão em situação de carência social. Essa é uma das principais missões das Misericórdias – apoiar os mais necessitados, seja em que situação for. Que medidas considera prioritárias na ação da SCMA? O que já hoje a SCMA faz: o apoio domiciliário integrado – esta é uma resposta social para a qual as instituições e o Estado têm de olhar de forma cada vez realista e como a resposta que melhor se enquadra no actual panorama social e de saúde. Mais do que institucionalizar os nossos idosos, de construir mais es-

Qual o seu nome, profissão e que cargo ocupa? Carlos Jorge Gomes Alves, atualmente na situação de reformado, tendo exercido funções de gestão de empresas ligadas ao sector das telecomunicações.

truturas residenciais (lares), temos de criar equipas de resposta integrada (de apoio social e de saúde) que cuidem com dignidade dos que, chegando ao fim da vida, possam ser cuidados nas suas casas.

Qual o seu nome, profissão e que cargo ocupa? António Maria de Souza Soares Franco, economista e Presidente da José Maria da Fonseca. Na SCMA tenho o cargo de Vice-Provedor. Qual a razão maior que o levou a ser membro da Mesa? Solidariedade com os outros membros da equipa que retomaram as instalações de volta. Que medidas considera prioritárias na ação da SCMA? O apoio aos mais idosos de Azeitão, especialmente aos que mais precisam que infelizmente são cada vez mais numerosos.

Qual o seu nome, profissão e que cargo ocupa? Ana Maria Prata Ferreira, Engenheira Química, reformada, Vogal da Mesa Administrativa. Qual a razão maior que o levou a ser membro da Mesa? Fazer parte da Mesa Administrativa da SCMA aconteceu por convite do Senhor Provedor Dr. Jorge Maria de Carvalho, em 2001/2002, o que constituiu para mim uma enorme honra por me identificar com os princípios e valores que regem esta Misericórdia no acto de bem fazer ao próximo. Que medidas considera prioritárias na ação da SCMA? O trabalho em equipa de modo a ser possível dar continuidade à ajuda ao próximo, através das valências já instituídas que se encontram direcionadas para a população mais idosa. Os seus desejos para os próximos 400 anos da SCMA? Desejo que se mantenha o espírito da missão alicerçado nas obras de Misericórdia adequados à realidade dos próximos 400 anos.

António Soares Franco “Espero que as Misericórdias continuem a ser um parceiro fundamental na sociedade portuguesa”

Os seus desejos para os próximos 400 anos da SCMA? Não sou bom em futurologia, muito menos a 400 anos de prazo, mas espero que as Misericórdias continuem a ser um parceiro fundamental na sociedade portuguesa, apoiando na medida do possível todos os que necessitam. É claro que com a esperança de vida a aumentar, os problemas dos mais idosos irão certamente estar cada vez mais na ordem do dia e temos que cuidar ainda melhor deles, tanto na vida quotidiana como na saúde. Havendo disponibilidades financeiras poderemos sempre pensar em crescer no número dos que apoiamos tanto em casa como no lar. Para isso, teremos que aumentar as nossas instalações para termos melhores condições de trabalho. Podemos ainda, no futuro, analisar outras áreas de apoio que façam sentido para a população da nossa área.

Qual a razão maior que o levou a ser membro da Mesa? Dar a minha contribuição ao desafio lançado pelo Sr. Provedor. Que medidas considera prioritárias na ação da SCMA? Continuar a ajudar quem mais precisa, nomeadamente junto da população mais idosa da comunidade, apesar dos escassos meios disponíveis e sem nunca perder de vista de vista a sustentabilidade da Instituição. Mobilizar os jovens a juntarem-se a esta Casa com o mesmo espírito altruísta existente, trazendo novas ideias e formas de trabalhar inovadoras permitindo a renovação dos Compromissos desta secular Instituição. Os seus desejos para os próximos 400 anos da SCMA? É difícil responder, mas face às gritantes dificuldades com que as Misericórdias atualmente exercem a sua atividade, irá haver, certamente no futuro, alterações quanto ao papel a desempenhar pelo Estado e a missão que irá caber às Misericórdias. Uma coisa é certa, continuo a acreditar na importância da existência independente das Misericórdias e na ajuda ao próximo, conforme consta nos seus Compromissos.

Que medidas considera prioritárias na ação da SCMA? A saúde, o apoio à terceira idade, quer na vertente de Apoio domiciliário (SAD) ou Centro de Dia (CD), continuam a ser as prioridades da Instituição. Os confinamentos decretados são prova disso: os nossos utentes continuaram a receber em casa todo o apoio que necessitavam (saúde, refeições e higiene diária). O SAD e CD são áreas deficitárias que consomem uma enorme fatia dos recursos da SCMA, é urgente que o Estado aumente o valor dos subsídios para os apoios à 3ª idade. Os seus desejos para os próximos 400 anos da SCMA? Mais 400 anos.

Maria da Graça Wengorovius “Considero prioritário criar respostas na linha de manter o idoso como um cidadão autónomo e ativo.“

Eduardo Chainho “Recebemos da SCMA uma resposta pronta, profissional, com toda a atenção e carinho, da qual estarei para sempre grato.“

Qual o seu nome, profissão e que cargo ocupa? Maria da Graça Pitta Bastos Wengorovius. Fui Educadora de Infância e exerço o cargo de Vogal da Mesa Administrativa.

Carlos Alves “Mobilizar os jovens a juntarem-se a esta Casa com o mesmo espírito altruísta existente, trazendo novas ideias e formas de trabalhar inovadoras”

e, nesse momento difícil para nós, recebemos da SCMA uma resposta pronta, profissional, com toda a atenção e carinho, da qual estarei para sempre grato. É esta uma das razões que me levou aceitar a missão de fazer parte dos Azeitonenses que, de geração em geração, têm contribuído das mais variadas formas para que esta instituição, que já conta com 400 anos de vida, chegue aos dias de hoje com a vitalidade e o propósito bem vivo de apoiar a sua comunidade nas áreas da Saúde, Apoio Social e do Culto.

Qual o seu nome, profissão e que cargo ocupa? Eduardo Manuel Seixas Chainho, chefe de vendas e ocupo o cargo de Tesoureiro na SCMA. Qual a razão maior que o levou a ser membro da Mesa? A minha mãe, na sua velhice, necessitou de apoio desta instituição

Qual a razão maior que o levou a ser membro da Mesa? Após alguns anos de acompanhamento do Centro de Dia e estando atenta às questões do envelhecimento ativo, e às respostas a dar neste sector, adquiri competências nesta área de ação da SCMA. Desde que me reformei que sempre mantive interesse em participar


Jornal de Azeitão ativamente e em contribuir com os conhecimentos adquiridos para um novo olhar sobre o envelhecimento e para diminuir o estigma da terceira idade. Como profissional sempre me preocupei com as questões da Educação e pedagogia ativa e participativa o que coincidiu com o convite que, entretanto, me foi feito. Que medidas considera prioritárias na ação da SCMA? Na melhor integração dos idosos e que se atendam às caraterísticas individuais e ao percurso de cada um, permitindo respostas diferenciadas e consoante as necessidades. Considero prioritário criar respostas na linha de manter o idoso como um cidadão autónomo e ativo. Os seus desejos para os próximos 400 anos da SCMA? Desejo que a Santa Casa seja sempre fiel aos seus princípios na participação e resposta à sociedade. Que haja sempre resposta para quem lhe bata à porta e uma mão que o acolha, tal como hoje.

Jorge Maria de Carvalho Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão “Somos uma Confraria do “FAZER”, por isso a prioridade “primeira” é a prática efetiva do Humanismo Cristão.”

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Que medidas considera prioritárias na ação da SCMA? Ajudar a recuperar e a melhorar a missão da Santa Casa, fazendo equipa coesa com todos aqueles que foram e vão dando o seu melhor, ao longo de tantos anos. Tendo por berço esta terra, não poderia ter tido maior felicidade que poder colaborar nesta Instituição, apoiando e amparando aqueles que me vincaram o Ser. Somos uma Confraria do “FAZER”, por isso a prioridade “primeira” é a prática efetiva do Humanismo Cristão, não o da falsa retórica de hoje em dia “tão perto das causas mundiais” e tão longe do amparo do vizinho mais próximo, mas no fazer concreto consubstanciado nas simples “Obras de Misericórdia”, com 500 anos de existência, validadas pela proximidade, disponibilidade e amor ao próximo, onde o sofrimento tem um rosto e a solidariedade/ caridade não se exerce no abstrato. Os seus desejos para os próximos 400 anos da SCMA? À Misericórdia, na intensidade brutal da vivência do Presente, pouco lhe interessa o Futuro longínquo que constitui uma abstração que nos afasta da realidade em que temos de agir todos os dias. Não sendo futurista, nem “Zandinga” de profissão, o meu desejo vai em que haja Fé e Esperança.

José Augusto Pires “Que nos próximos 400 anos haja Homens e Mulheres de Fé para continuarem a Missão que os nossos antepassados nos deixaram”

Qual o seu nome, profissão e que cargo ocupa? Jorge Maria Soares Lopes de Carvalho, Médico, Provedor da SCMA. Qual a razão maior que o levou a ser membro da Mesa? Em 24 novembro de 1982, fui convidado pela Mesa Administrativa de então a participar numa reunião na Casa do Povo de Azeitão, dado que as instalações da Misericórdia se encontravam ocupadas, desde a nacionalização em 1975/1976, resultante dos Decreto-Lei 704/74 e Decreto-Lei 618/75, do Ministério dos Assuntos Sociais, pela Secretária de Estado Maria de Lourdes Pintassilgo, sendo então primeiro ministro, Vasco Gonçalves. A Irmandade, apesar de ilegalizada, mantinha a sua atividade reduzida à organização das festas religiosas do Senhor dos Passos. Foi então nesta data conturbada que fui feito irmão e nomeado Provedor, cargo que ainda hoje desempenho, desde há 39 anos.

Qual o seu nome, profissão e que cargo ocupa? José Augusto Silva Pires, Militar da Guarda Nacional Republicana, Secretário da Mesa Administrativa. Qual a razão maior que o levou a ser membro da Mesa? Contribuir de alguma forma para a nossa Comunidade, minimizando sempre que possível o sofrimento dos mais necessitados, porque embora se pense que nos tempos actuais não existem pessoas carenciadas ou necessitadas, a nossa proximidade com a população diz-nos precisamente o contrário. É com enorme orgulho que faço parte desta grande equipa de homens e mulheres que contribuem voluntariamente com o seu tempo em prol da nossa Comunidade e desta Instituição. Ao longo destes 400 anos já viu por aqui passar muitos

dos nossos antepassados, que conseguiram, com maiores ou menores dificuldades, manter de pé a nossa Misericórdia, cumprindo assim com o seu Compromisso. Quando me perguntam porque é que o faço, costumo dizer que “ser voluntário não se explica sente-se”. Que medidas considera prioritárias na ação da SCMA? Dar continuidade ao que já está a ser feito no Apoio Domiciliário pela nossa Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos, 7 dias por semana, 365 dias por ano, mantendo a proximidade com a Comunidade, especialmente junto dos mais desfavorecidos. Fomentar cada vez mais o nosso Apoio Domiciliário, disponibilizando aos nossos utentes no seu domicílio todo o apoio de saúde e social, atrasando assim, e na medida do possível, as institucionalizações em lares. Tendo em conta a actual situação pandémica, a incerteza e o medo com que vivemos, penso que num futuro próximo terá que se rever o modo de funcionamento dos Centros de Dia. Os seus desejos para os próximos 400 anos da SCMA? Que a SCMA continue a cumprir o seu Compromisso, praticando as Obras de Misericórdia, principalmente junto dos mais necessitados, e que nos próximos 400 anos haja Homens e Mulheres de Fé para continuarem a Missão que os nossos antepassados nos deixaram, mantendo de pé esta grande Instituição que é a Misericórdia de Azeitão.

Os seus desejos para os próximos 400 anos da SCMA? Projectar os próximos 400 anos seria uma tarefa impossível, tendo em consideração que não sabemos como o mundo vai evoluir. No entanto, se tomarmos como referência o mundo actual, o meu desejo é que a Misericórdia consiga crescer para poder alargar o apoio que dá aos mais necessitados. Para isso é necessário que mais gente contribua com donativos e com voluntariado, pois a Misericórdia é uma Instituição sem fins lucrativos, que está muito dependente dos apoios dos beneméritos.

Maria do Rosário Castanha “Os conhecimentos que adquiri no terreno dão-me uma visão real das situações.”

Qual o seu nome, profissão e que cargo ocupa? Maria do Rosário Conceição Correia Escravana Castanha, presentemente

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reformada, anteriormente na aérea de Turismo, desempenhando funções de Directora Comercial numa Multinacional. Qual a razão maior que o levou a ser membro da Mesa? Desde 2010, que, como voluntária na SCMA, apoiei diariamente inúmeras famílias com visitas ao domicílio e foi para mim um trabalho muito gratificante. Presentemente ainda recebo alguns telefonemas dessas pessoas que hoje, mais do que nunca, estão sós. O ser membro da Mesa foi por convite, é uma forma diferente de ajudar a SCMA; os conhecimentos que adquiri no terreno dão-me uma visão real das situações. Que medidas considera prioritárias na ação da SCMA? É prioritário a reabertura do Centro de Dia, nestes tempos de pandemia tem sido muito doloroso para as pessoas mais idosas o terem ficado sós e sem possibilidade de convívio com outras pessoas. Os seus desejos para os próximos 400 anos da SCMA? Para os próximos 400 anos peço a Deus que se mantenha o fio condutor que guia a SCMA há 400 anos mantendo vivas as 14 obras de Misericórdia.

MESA ADMINISTRATIVA em funções PROVEDOR

Jorge Maria Soares Lopes de Carvalho

“o meu desejo é que a Misericórdia consiga crescer para poder alargar o apoio que dá aos mais necessitados”

VICE – PROVEDOR

António Maria Souza Soares Franco

SECRETÁRIO

José Augusto Silva Pires

TESOUREIRO

Eduardo Manuel Seixas Chaínho

Qual o seu nome, profissão e que cargo ocupa? José Alberto Alves Ribeiro de Magalhães, vogal suplente.

VOGAL EFECTIVO

Ana Clara de Sousa Birrento Matos Silva

VOGAL EFECTIVO

Maria do Rosário da Conceição Correia E. Castanha

VOGAL EFECTIVO

Carlos Jorge Gomes Alves

VOGAL SUPLENTE

José Alberto Alves Ribeiro de Magalhães

Qual a razão maior que o levou a ser membro da Mesa? Sou membro da mesa porque quero dispor de algum tempo da minha vida pessoal para contribuir para que a Santa Casa consiga prestar o seu serviço à comunidade.

VOGAL SUPLENTE

Ana Maria Flor de Sousa Prata Ferreira

VOGAL SUPLENTE

Maria da Graça Pita Bastos Wengorovius

José Magalhães

Que medidas considera prioritárias na acção da SCMA? A Santa Casa rege-se pelos princípios das catorze obras corporais e espirituais, de origem cristã e é em conformidade com elas que exerce a sua acção. Por isso todas as medidas que visem garantir o bem-estar e a dignidade do ser humano, são sempre prioritárias. Deste modo, a Santa Casa tem tido um especial foco em apoiar e acarinhar as pessoas que estão mais vulneráveis, através dos serviços que presta. Será sempre esta uma prioridade que constitui a razão de ser da Misericórdia.

O Brasão

O Brasão é composto por uma coroa real, na parte superior, que representa a origem régia da instituição, ao centro dois escudos, o da direita representa as armas de Portugal, enquanto o escudo do lado esquerdo apre-

senta os seguintes elementos simbólicos: – a cruz que representa o calvário – a caveira representa o conforto na agonia e na morte, revelando o princípio base da não perda de dignidade defendido em todas as obras da Misericórdia, para aqueles que se encontram sobre a sua proteção representada pela sigla Miza, a antiga abreviatura da Misericórdia. Sobre os dois Escudos, está representada a concha de Santiago, tudo rodeado por dois ramos verdes de oliveira com azeitonas e um ramo de lírio.


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1ª parte

A Arrábida no Bronze Final: leituras e narrativas Notas introdutórias Genericamente, o trabalho aqui apresentado pretende contribuir para a construção de um modelo relativo às estratégias de povoamento das comunidades que habitaram o território da região da Arrábida, no decorrer do período histórico convencionalmente designado de “Bronze Final” (entenda-se em lato sensu). Trata-se do resumo possível da investigação produzida pelo signatário ao longo de cinco anos, apresentada em 2013 na fórmula de Dissertação de Mestrado à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,

sob o título A Arrábida no Bronze Final – a Paisagem e o Homem. A investigação focou-se nas áreas da Serra da Arrábida, propriamente dita, e da Serra do Risco, estendendo-se para poente até às serras dos Pinheirinhos e da Azóia, na plataforma de abrasão do Cabo Espichel, e para nascente até à “Pré-Arrábida” de São Luís, dominante sobre a foz do Sado. Para o efeito, a Arrábida, cordilheira que coroa a Península de Setúbal, foi entendida como um território “entre águas”, definido e circunscrito pelo Tejo, pelo Sado e pelo Oceano, um território de charneira entre o Atlântico e o Mediterrâneo,

entre o litoral e o interior, um excepcional ponto de convergência de linhas naturais de acessibilidade e transitabilidade (terrestres, fluviais e marítimas). Um território que, sendo favorecido por um conjunto de particularidades geográficas, designadamente as suas excelentes condições de defesa e abrigo de costa, disponibilidade de recursos hídricos, marinhos e cinegéticos e fertilidade dos seus vales, proporcionou um oportuno quadro, em termos de fixação humana e ao longo da história, particularmente no decurso do Bronze Final. Neste quadro também foram considerados os locais de culto, ou

seja, as necrópoles e os prováveis “santuários naturais”, e a dimensão estética das paisagens, aspecto que talvez não tenha sido indiferente às comunidades que por lá se instalaram. Tratando-se de um tema e de uma região deficitariamente estudados, mas onde já afloravam contextos arqueológicos particularmente sugestivos, nomeadamente o povoado do Castelo dos Mouros, a Lapa do Fumo e o monumento funerário da Roça do Casal do Meio, entendeu-se (pois) oportuno avançar com uma tentativa de síntese, complementada pelas novidades emergentes das campanhas de prospecção arqueo-

TELEFONES ÚTEIS

RICARDO SOARES, ARQUEÓLOGO

lógica e espeleológica enquadradas pelas cartas arqueológicas de Sesimbra (Calado et al., 2009) e de Setúbal-Arrábida (Calado, no prelo), projectos coordenados por Manuel Calado e integrados pelo signatário na qualidade de arqueólogo, espeleólogo e fotógrafo, e que têm permitido ampliar significativamente a base de dados relativa a algumas facetas da questão. Assume-se, é claro, como um exercício parcialmente especulativo, tendo em conta o facto de os disponíveis dados de povoamento resultarem unicamente de recolhas de

continua na página 11

Junta de Freguesia São Lourenço São Simão

21 219 99 30 21 218 06 94

EDP (Avarias) Serviços de Águas CTT Azeitão

800 50 65 06 707 109 019 707 262 626

GNR Azeitão

265 242 672

Posto Médico

21 219 95 00

Táxis Brejos de Azeitão Vila Nogueira “ “

96 40 04 300 96 61 48 429 96 40 29 110 96 61 16 583

Farmácias Vila Nogueira Brejos

21 218 00 35 21 218 79 83

Sta. Casa da Misericórdia

21 219 89 00

Igrejas Paroquial de São Lourenço Paroquial de São. Simão

21 219 05 99 21 219 08 33

Biblioteca Municipal de Azeitão Biblioteca 21 218 83 98 Museu 21 218 83 99


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continuação da página 10 superfície, com carências em termos de sincronias e diacronias. Recorde-se, aliás, que as únicas escavações realizadas em contextos da Idade do Bronze da Arrábida se reportam exclusivamente a sítios de vocação ritual/funerária, levadas a cabo na Lapa do Fumo, na Roça do Casal do Meio e na Lapa da Furada. Ainda assim, facto é que a Arrábida se afigura hoje como um interessante “iceberg de Bronze”, no qual se pode descortinar uma florescente e vigorosa cota emersa no horizonte cultural da última fase da Idade do Bronze do Sul da Estremadura. “Prequela” – os indícios conhecidos (1897-2007) Até 2007, a informação relativa aos achados enquadráveis na Idade do Bronze identificados na região da Arrábida resumiam-se aos seguintes contextos e artefactos: os dois machados de alvado em bronze supostamente referenciados em “Alfarim”, Sesimbra (Serrão, 1967, 1973, 1975, 1994); os bronzes de Pedreiras, em Sesimbra, concretamente um machado de alvado de duplo anel lateral e uma foice de talão (ob. cit.); o povoado de altura do Castelo dos Mouros, na vertente norte da Serra da Arrábida, em Setúbal (Rasteiro, 1897; Silva e Soares, 1986; Ferreira et al., 1993); o monumento e espólio funerário da Roça do Casal do Meio, em Sesimbra (Spindler et al., 1973-74; Vilaça e Cunha, 2005;

Harrison, 2007); o espólio cerâmico da Lapa do Fumo, na Serra dos Pinheirinhos (Sesimbra), com destaque para a primeira aparição publicada no nosso país dos chamados “ornatos brunidos” (Serrão, 1958, 1959, 1973, 1975, 1994); o conjunto arqueológico exumado na Lapa da Furada, na Serra da Azóia, em Sesimbra (Serrão, 1973, 1994; Cardoso, 1993, 1997; Cardoso e Cunha, 1995). De acrescentar, ainda, o Castro de Chibanes, na Serra do Louro em Palmela, e a já desaparecida Lapa da Rotura, na Serra de São Luís em Setúbal, arqueossítios onde foram referidas cerâmicas de “ornatos brunidos” (Silva e Soares, 1986, cf. Spindler et al., 1973-74). “Sequela” – os novos dados (2007-2012) A estes dispersos vestígios, no conjunto bem insinuantes, uma mais recente investigação (incorporada pelo signatário) tem vindo a averbar novas evidências de ocupação humana enquadráveis em cronologias do Bronze Final e da 1.ª Idade do Ferro: Carta Arqueológica de Sesimbra (2007-2009 – Calado et al., 2009); Carta Arqueológica de Setúbal-Arrábida (2010-2013 – Calado, no prelo); escavação da Lapa da Cova, na Serra do Risco, Sesimbra (2010-2011 – Soares, 2013); prospecções espeleológicas do Centro de Estudos e Actividades Especiais da Liga para a Protecção da Natureza

(2008-2010 – Soares, 2013); e investigação pessoal do autor (2007-2012 – Soares, 2009, 2013). Nestes trabalhos, os antigos sítios foram revisitados à luz de perspectivas mais panorâmicas e actualizadas, havendo mesmo casos de redefinição de cronologias de ocupação anteriormente publicadas. O “mundo quotidiano” – sítios de habitat Chegados aqui, torna-se possível propor um esboço para um emergente complexo populacional, manifestado por diversos sítios de habitat aparentemente inter-relacionáveis e com funções distintas, mas complementares: o povoado de altura do Castelo dos Mouros – o povoado central? (Soares, 2013); o povoamento aberto das Terras do Risco – a base agro-pastoril? (Calado et al., 2009; Soares, 2013); o povoado de altura da Serra da Cela, anteriormente classificado como “Neolítico/Calcolítico” (Costa, 1907; Ferreira et al., 1993), redefinindo-se agora a sua cronologia para “Bronze Final” – a “porta do mar”, a base portuária? (Soares, 2009, 2013); o povoado de cumeada de Valongo – o “vértice de atalaia”? (Soares, 2013); e o sítio da Quinta do Picheleiro – um “casal agrícola”? (ob. cit.). O “universo do sagrado” – necrópoles e “santuários

naturais” Entre os conhecidos sítios de vocação mágico-religiosa, individualiza-se, pela sua muito discutida excepcionalidade, o monumento funerário da Roça do Casal do Meio, a única estrutura destinada ao culto dos mortos até ao momento identificada na Arrábida do Bronze – um tholos calcolítico reconstruído e reocupado no Bronze Final (Harrison, 2007; Calado et al., 2009; Soares, 2013). No horizonte poente, na “rota do cabo”, a “finisterra sagrada” das lapas do Fumo (uma “gruta-santuário”?) e da Furada (outra “gruta-santuário”?), espaços produzidos por acção da Natureza e posteriormente explorados pelo Homem, enquadrando-se no âmbito dos eventuais “santuários naturais”. No epicentro da presumível área de povoamento do bronze, em pleno Portinho da Arrábida, destaque, ainda, para um possível “santuário natural” na Fenda (Soares, 2013) e para a Gruta do Médico, cavidade onde recentemente foram documentados restos antropológicos associados a cerâmica manual brunida – “gruta-santuário”/necrópole (Soares, 2013). A rede de povoamento – leituras e narrativas Feito o ponto da situação no estado da investigação, mesmo

descontando a falta de escavações e de informações cronométricas que permitam atestar diacronias e confirmar presumíveis sincronias, torna-se possível, a partir dos dados coligidos, tecer um conjunto de observações que permitem considerar um complexo demográfico, durante os finais da Idade do Bronze (entenda-se em sentido muito amplo) e num território específico e individualizado, com algum grau de diferenciação e de ordenamento político-administrativo, sugerindo, desde logo, uma forte articulação com as vias de comunicação, muito em especial as fluvio-marítimas. A leitura do terreno permite, ainda, uma certa distinção entre duas diferenciadas áreas geológicas e de ocupação: a “Pré-Arrábida” (serras de São Luís, do Louro e de São Francisco) como preferencial território calcolítico; e as serras da Arrábida e do Rico como território de eleição para a Idade do Bronze. À partida destaca-se, na história da investigação e pela própria invulgaridade, o monumento funerário da Roça do Casal do Meio, a que faltava, contudo, uma efectiva compreensão fundacional, ou seja, um povoado (ou povoados) que tenham justificado este empreendimento dos vivos, dedicado aos seus mortos. Com as re-

continua na página 12

O extremo do isolamento social – o fenómeno do Hikikomori [ DR

POR ISABEL FERNANDES

O isolamento social que atualmente experienciamos fruto do contexto pandémico atual tem sido difícil de cooperar, no entanto jovens há, que já anteriormente se remetiam a um isolamento voluntário, ficando meses e até anos fechados nos seus quartos. O Hikikomori é uma forma emergente, única, de isolamento social extremo que tem sido estudada no Japão. Ainda que conhecida entre a comunidade psiquiátrica, é ainda pouco conhecida entre a população ocidental. Este quadro de profundo isolamento social é observado fundamentalmente em adolescentes e jovens adultos, que se tornam “reclusos por opção” na casa dos pais. Estes jovens excluem-se do contacto com a família, raramente têm amigos, não vão à escola nem têm trabalho. O Hikikomori foi inicialmente identificado em finais dos anos 70 e tem-se vindo a tornar numa epidemia silenciosa, com milhares de casos estimados no Japão. Os jovens Hikikomori tipica-

mente desistem da escola por falta de motivação, ainda que anteriormente possam ter sido bons alunos. Sentem-se desiludidos e afastados da escola, sociedade, pares e não têm motivação para interagir com o mundo. Quando questionados sobre os seus sentimentos, pensamentos, ambições ou interesses tipicamente respondem: “não sei.” Não vêm interesse em buscar um trabalho nem na sua emancipação dos pais. Dormem durante o dia e, durante a noite, ocupam o seu tempo nos jogos online, vídeos, animes e chats online. Em termos neuropsicológicos podem não apresentar déficits podendo ser diagnosticados com depressão devido à ausência quase total de expressão emocional. As razões que estão na base desta condição ainda não são bem conhecidas, sendo apontados alguns fatores socioculturais preditores do Hikikomori. Por exemplo, o conforto económico das famílias leva a que o trabalho deixe de ser visto como uma necessidade, deixa de haver a necessidade de trabalhar porque as necessidades básicas estão garantidas. O

conforto económico também leva que o jovem possa ter um quarto só para si, criando condições para o isolamento quando a tendência se manifesta. Cada vez mais os jovens se mantêm em casa dos pais até casar e os jovens desempregados podem manter-se durante anos sob a generosidade dos pais. Também há traços de personalidade que parecem ser comuns, como a timidez e a inerente ansiedade social. Este traço parece ser particularmente comum na comunidade japonesa, o que pode indiciar uma predisposição genética. Por detrás deste comportamento atípico pode estar a incapacidade de autoafirmação com receio de não se integrarem ou falharem. O isolamento torna-se uma defesa que os impede de transitarem da

adolescência, de se tornarem adultos numa sociedade com a qual discordam ou na qual não se revêm. Foi o Psiquiatra Japonês Tamaki Saito que popularizou o termo Hikikomori com a publicação de um livro sobre o tema em 1998. Desde essa data que no Japão surgiram inúmeros movimentos e guidelines estatais, que visam dar suporte aos pais de modo a melhor ajudarem os filhos. No Japão, o paciente Hikikomori é tipicamente um jovem adulto do sexo masculino, geralmente o primogénito, proveniente de uma família economicamente confortável. O rácio homem mulher é de 4:1. A idade do diagnóstico varia entre os 20 e os 27 anos, ainda que os primeiros sintomas ocorram mais precocemente na ado-

lescência. A história dos pacientes revela frequentemente experiências adversas ou traumáticas na infância como famílias disfuncionais, sobreprotecionismo por parte dos progenitores e o bullying, que é um problema proeminente no Japão. Uma das características também algo comuns são os ataques de raiva que podem levar estes jovens a partirem ou danificarem equipamentos, paredes, portas ou até exercerem algum tipo de violência contra os membros da família. O tratamento destes quadros envolve uma combinação de psicoterapia individual, psicofarmacologia, grupos de suporte e terapia familiar. Ainda que o Hikikomori Japonês possa parecer uma realidade afastada (ou não) talvez seja importante perceber que os nossos filhos precisam não apenas de conforto, mas também de desafios, de um propósito, de uma razão para se levantarem de manhã e encararem a vida como uma aventura fascinante em que eles são os protagonistas! isabel@mentescristalinas.pt


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Domingos Soares Franco

Eleito “Enólogo Vinhos Generosos do Ano” [ DR

Domingos Soares Franco, enólogo que soma 40 vindimas e 39 anos na José Maria da Fonseca, foi eleito em março “Enólogo Vinhos Generosos do Ano”, pela revista Vinho Grandes Escolhas. Nesta gala, o vinho Hexagon 2015 foi também premiado, integrando o Top 30 – vinhos de sonho 2020 da revista. Domingos Soares Franco é uma referência incontornável no moscatel de setúbal, tanto na tradição como na inovação, mantendo e acrescentado o vasto legado da José Maria da Fonseca na área, tendo sido sempre fiel aos princípios da casa. Os vinhos de 2020 atestam a continuidade do seu teor criativo e tem sido um lutador em prol do moscatel de Setúbal, tendo desenvolvido novos produtos como os brilhantes moscatéis feitos com aguardentes de Cognan e Armagnac. Domingos Soares Franco, re-

cebeu esta nomeação com muita alegria e surpresa. Ao receber o

prémio, Domingos recordou o seu tio António e todo o pequeno

grupo de enólogos e viticultores formados em frança que foram as pessoas que deram o pontapé de saída em Portugal nos vinhos. Domingos demonstrou também o seu agradecimento para com a sua equipa de enologia que muito o tem ajudado. Além do prémio conquistado por Domingos Soares Franco, nesta gala, o vinho Hexagon 2015 foi considerado um dos melhores vinhos de 2020 para o painel de provas da “VINHO Grandes Escolhas”, integrando o Top 30 – vinhos de sonho 2020 desta revista. Este tinto, oriundo na Península de Setúbal, revelou-se “um dos trabalhos mais aprimoramos do enólogo Domingos Soares Franco” pela prestigiada publicação, na sua Gala de Entrega de Prémios. Para a revista, o Hexagon 2015 foi considerado “o melhor Hexagon até à data", após um histórico de oito colheitas. A

primeira colheita de Hexagon foi lançada em 2000 pela José Maria da Fonseca, tendo nascido de um desafio feito ao enólogo Domingos Soares Franco, para criar um vinho de classe mundial produzido a partir da Península de Setúbal. Produzido com o recurso a seis castas (que se mantêm desde a primeira colheita) - Touriga Nacional, Syrah, Trincadeira, Tinto Cão, Touriga Francesa e Tannat – este vinho revela uma complexidade única, uma cor rubi intensa e um aroma denso e fechado. Na boca, os taninos estão bem integrados e o seu final é longo. Este vinho estagiou durante 10 meses em barricas novas de carvalho francês e acompanha na perfeição pratos de caça e queijos. O Hexagon 2015 tem um potencial de guarda alargado, seguramente de pelo menos 16 anos após o seu engarrafamento.

Portugal 150 Anos". Lisboa: Associação dos Arqueólogos Portugueses

(Este artigo tem continuação. A 2º parte será publicada na nossa edição de maio)

continuação da página 11

A Arrábida no Bronze Final: leituras e narrativas centes e já referidas campanhas de prospecção, foi finalmente revelado este lacunar mundo quotidiano: o povoado do Neolítico Final/ Calcolítico dos Ouriços, identificado nas Terras do Risco, à vista da Roça do Casal do Meio e onde terão habitado os presumíveis construtores do tholos original (Calado et al., 2009; Soares, 2013); e a extensa malha de povoamento do Bronze Final, assinalada ao longo de todo o perímetro prospectável das Terras do Risco, onde aparentemente terão habitado alguns dos indígenas reconstrutores do monumento (ob. cit.). Mas qual seria o papel do monumento funerário da Roça do Casal do Meio, reerguido entre as Terras do Risco e o Castelo dos Mouros? Quem seriam aqueles homens notavelmente diferenciados na morte, sepultados a meio caminho entre o seu “Castelo” e as suas “Terras”, dominando-as mesmo além morte? É de admitir que esta extensa área de povoamento aberto nas Terras do Risco se encontraria associada a um vasto complexo

geoestratégico de ocupação, do qual fariam parte outros sítios atribuíveis ao Bronze Final: os “clássicos” povoados de altura e de cumeada (o Castelo dos Mouros, a Serra da Cela e Valongo) e os respectivos “santuários”/ necrópoles (a Roça do Casal do Meio e as grutas). Nesta conjuntura, ainda devem ser considerados o pequeno “casal agrícola” da Quinta do Picheleiro e, eventualmente, o mal conhecido (tendo em conta os crónicos condicionalismos da arqueologia urbana) povoamento de Caetobriga, instalado na foz do Sado, na actual cidade de Setúbal (Silva e Soares, 1986; Silva, 1990; Soares, 2000a; Arruda, 19992000). Todos estes indícios podem ser ponderados numa coerente rede de povoamento, na qual os elementos mais destacados são, evidentemente, o Castelo dos Mouros, pelo seu investimento construtivo e inexpugnável defensabilidade; a área de povoamento das Terras do Risco, ocupando uma área excepcionalmente ampla; e a Serra da Cela, controladora da “porta do mar” do Portinho.

SOARES, R. (2013) – A Arrábida no Bronze Final - Leituras e Narrativas. In "Arqueologia em

A Península da Arrábida na transição Bronze Final /1.ª Idade do Ferro. O vermelho refere-se aos sítios do Bronze Final, o verde refere-se aos sítios da 1.ª Idade do Ferro: 1 - povoamento do Risco (base agro-pastoril); 2 - povoado do Castelo dos Mouros (povoado central); 3 - povoado da Serra da Cela/Portinho da Arrábida (povoado portuário); 4 - povoado de Valongo (I); 5 - atalaia de Valongo (II); 6 - casal agrícola da Quinta do Picheleiro; 7 - Bico dos Agulhões (Bronze Final?/1.ª Idade do Ferro? - atalaia de costa?); 8 - núcleo artefactual de Pedreiras (integrável nas Terras do Risco); 9 - monumento funerário da Roça do Casal do Meio; 10 - Lapa do Fumo (gruta-santuário?); 11 - Lapa da Furada (gruta-santuário?); 12 - Gruta do Médico (gruta-santuário?/gruta-necrópole); 13 - Lapa da Cova (gruta-santuário); 14 Fenda (santuário natural?); 15 - povoado da Casa Nova (Bronze Final?/1.ª Idade do Ferro); 16 - povoado da Meia Velha (Bronze Final?/1.ª Idade do Ferro); 17 - Necrópole do Casalão (Bronze Final?/1.ª Idade do Ferro); 18 - Bronzes de Alfarim?


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A subida da serra [ DR

POR MANUEL JOÃO RAMOS

É possível que eu tivesse estado distraído até então, mas a primeira memória que tenho de manifestações colectivas em que os carros (e as suas buzinas) se tornaram protagonistas em Portugal foi em Setembro de 1999, em Lisboa, durante o movimento popular de apoio à independência de Timor-Leste. Não desvalorizando os cordões humanos e as concentrações em frente à sede da ONU e da embaixada dos EUA, as imagens que mais me impressionaram então foram as dos buzinões na Praça do Marquês do Pombal e na Av. Fontes Pereira de Melo. Pela primeira vez, o automóvel era usado pela população para exprimir-se colectivamente. Nada de extraordinário, claro. No final do século, o carro tinha-se finalmente tornado ubíquo e a mobilidade automóvel tornou-se predominante. Em dez anos, de 1985 a 1995, o parque de viaturas ligeiras tinha passado de 400 mil para mais de 4 milhões, o que correspondeu a uma igual decuplicação do número de conduto-

res encartados no país. Outra imagem forte desta transformação, nas minhas memórias desse período, é a da presença nas televisões da figura anafada, inchada, obesa do campeão maratonista Carlos Lopes, antes um magrinho escanzelado. O final do séc. XX correspondeu em Portugal, não apenas a uma transformação nos modos de mobilidade e transporte, mas a uma alteração profunda dos corpos: mais velhos, porque o país envelheceu à custa de uma diminuição drástica da natalidade, e mais gordos. Portugal tornou-se país de nómadas sedentários, circulando como nunca até então, mas permanentemente sentados no banco de automóveis. Com esta preponderância simbólica, esfumou-se a noção de mortificação do corpo, que tinha sido tão emblemática na construção da figura do maratonista franzino vencedor dos jogos olímpicos ou no esforço do ciclista da Volta a Portugal, subindo e descendo as íngremes fragas nortenhas. A mortificação do corpo pela redenção da alma é o sedimento da

peregrinação que tem, como sabemos, na marcha até Fátima o seu epítome em termos de expressão colectiva nacional. Na minha memória, pelo menos, os buzinões por Timor-Leste tiveram o condão de ser um dos primeiros – mas certamente não os últimos – actos de absurdização dos rituais milenares de glorificação comunal da mortificação. A peregrinação colectiva é antitética da busca do

prazer imediato individual, sendo o automóvel uma das expressões mais conseguidas do individualismo (isto é, até à chegada do telemóvel). Uma manifestação – ou uma peregrinação – feita a partir do confortável assento do automóvel pareceu-me na altura – e parece-me ainda hoje – um total contrassenso. Embora infinitamente mais modestas que Fátima ou Santiago

de Compostela como expressões comunais desta intenção de redenção (e também de expiação) por via da marcha flageladora, os círios da Arrábida merecem ser aqui relevados, numa altura em que, evocados os motivos de saúde pública em período pandémico, estão proibidas. É verdade que há muito que a peregrinação à ermida de Nª Senhora do Cabo Espichel deixou de ser praticada a pé a partir das freguesias saloias, mas, até ter sido proibidas no ano passado, a romaria de Sexta-feira Santa até à praia do Portinho e o Círio de Nª Senhora da Arrábida, em Julho, continuavam a ser praticadas a pé (embora reconheça que parte substancial dos peregrinos, por mil razões individuais, já prefira fazê-la de carro). O galgar a serra até ao topo e descer depois o penhasco íngreme da face sul, integrado num ritual de devoção mariana, é árduo e doloroso. Mas nos dias de hoje, em que o diabo é o sedentarismo e a obesidade, merecem ser evocadas como importantes exemplos de redenção não apenas das almas, mas também da saúde pessoal e pública.

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Apoio financeiro

Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense recebe 10 mil euros

A Câmara Municipal de Setúbal aprovou a atribuição de um apoio financeiro, no valor de 10 mil euros, à Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense. O apoio a conceder visa a comparticipação das obras de substituição do palco da sala de espetáculos da sede da coletividade sediada na freguesia de Azeitão, o qual se en-

contra degradado e fragilizado devido ao passar do tempo e à falta de manutenção. Os trabalhos de retirada do antigo palco e colocação da nova estrutura estão orçados em 14.642,70 euros e têm uma comparticipação de 10 mil euros ao abrigo do Programa Municipal de Apoio ao Movimento Associativo.

Acordo

Iniciativa Educação – Curso Profissional de Técnico do Desporto A Câmara Municipal de Setúbal aprovou, em reunião pública, a celebração de um acordo de cooperação com a Iniciativa Educação, para o desenvolvimento de cursos profissionais na área do desporto nas escolas e instituições parceiras. A Teresa e Alexandre Soares dos Santos – Iniciativa Educação foi criada em 2018 com o propósito de promoção e melhoria da qualidade do ensino através de programas que apoiem os jovens a atingir sucesso na vida escolar, de que é exemplo o Programa Ser Pro. Este programa visa o desenvolvimento de cursos profissionais numa estreita colaboração entre escolas, empresas e outros parceiros, com os objetivos de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino profissional e para a promoção do sucesso escolar e a inclusão dos jovens em risco. Neste âmbito, a Câmara Municipal de Setúbal vai celebrar um acordo com a Iniciativa Educação e outras entidades, designadamente Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama, empresa Bicasco, o FOR-MAR – Centro de Formação Profissional das Pescas e do Mar, Clube Naval Setubalense, Remo Clube Lusitano e Clube de Vela do Sado, que visa estabelecer uma parceria ativa no planeamento, gestão e operacionalização de ações nos

domínios da educação e formação profissional. O objetivo é mobilizar os parceiros a desenvolverem ofertas profissionalizantes de dupla certificação de nível secundário – escolar e profissional – que se diferenciem pela qualidade da formação do público-alvo, nas vertentes científico-humanística, técnica e prática em contexto de trabalho, de forma a facilitar o acesso a um emprego qualificado e digno ou o prosseguimento de estudos. Deste modo, os parceiros comprometem-se na dinamização conjunta do curso profissional de Técnico de Desporto, com componente Náutica, de nível secundário, correspondente ao nível 4 do Quadro Nacional de Qualificações, com fundamento nos pressupostos e nos objetivos do Programa Ser Pro. Durante a vigência do acordo de cooperação podem aderir novos parceiros que, pelo perfil técnico e institucional, contribuam para valorizar a qualidade dos cursos profissionais ministrados e a empregabilidade dos alunos. O acordo vigora durante três anos, período estimado para a duração do ciclo de formação, sendo automaticamente prorrogável pelo prazo necessário para assegurar a conclusão e avaliação dos cursos de formação profissional que não se encontrem encerrados.


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Ser Solidário Sem Custos

Jardinar é fácil!

Ajudar não custa nada

ROSA DE SHARON "Hypericum calycinum"

Consignação do IRS – O QUE É? Da sua declaração anual de rendimentos vai resultar a liquidação do IRS, isto é, o IRS a pagar ou a receber depois de deduzidas as despesas aos rendimentos obtidos no ano anterior. IRS consignado é a parte do imposto que pode entregar a uma entidade quando preencher a declaração de rendimentos. A consignação do IRS permite doar uma parte do imposto a favor de uma organização. E sem qualquer custo: se tiver reembolso não recebe menos e se pagar, não paga mais. Não tendo voz ativa para decidir onde o Estado deve gastar o que arrecada de impostos, pode encaminhar 0,5% do que o Estado iria receber da sua parte para uma

instituição. Esse é um direito de cidadania que pode exercer, ajudando a Misericórdia no apoio aos que na nossa comunidade mais necessitam. Nada lhe é retirado a si. Por cada 100 euros que paga de imposto ao Estado, este, através da Administração Fiscal, atribui à Misericórdia 50 cêntimos. Por isso, PENSE, se todos nós consignarmos 0,5% do imposto pago ao Estado à Santa Casa da Misericórdia de Azeitão, não nos custa nada e estamos a SER SOLIDÁRIOS com uma instituição que pode, através desta contribuição gratuita para os cidadãos, ajudar muitos outros em Apoio Domiciliário, Centro de Dia e em todas as outras valências de que dispomos. Por isso, NÃO SE ESQUEÇA Entre abril e junho

A seleção da entidade pode ser efetuada no IRS Automático ou na declaração de rendimentos (Modelo 3). Em ambos os casos é necessário indicar: • Tipo de entidade que pretende apoiar - neste caso será Instituições Particulares de Solidariedade Social ou Pessoas Coletivas De Utilidade Pública

502 130 733 NIF da entidade; SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE AZEITÃO COLABORE COM AS OBRAS ESPIRITUAIS E CORPORAIS DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA - 0,5% FAZEM A DIFERENÇA PARA MUITOS E A SI NÃO LHE CUSTA NADA.

Instituto Politécnico de Setúbal

Universidade E³UDRES² aposta na cocriação para melhorar nível de vida das regiões A Universidade Europeia E³UDRES², uma aliança que une o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) a cinco parceiros europeus, da Áustria, Hungria, Bélgica, Roménia e Letónia, foi esta semana oficialmente lançada, no âmbito de uma conferência online que reuniu cerca de 300 participantes em torno do tema “Rumo às universidades do futuro para regiões inteligentes e sustentáveis”. O evento inaugural, distribuído por dois dias (22 e 23), deu a conhecer à população e organizações destes seis territórios o que se propõe com este projeto de três anos que se inscreve num novo paradigma para o ensino superior europeu. Palestras e sessões informais de partilha, com reputados especialistas e representantes oficiais da E³UDRES², foram os pontos fortes de um programa em que destacaram as intervenções dos altos representantes Manuel Heitor, ministro português da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elmar Pichl, responsável pela pasta do Ensino Superior no ministério austríaco da Educação, Ensino e Investigação, e de Tine Delva, responsável pela Unidade de Ensino Superior da Comissão Europeia. O programa incluiu igualmente a apresentação dos projetos inovadores resultantes de um concurso de ideias recentemente lançado, três deles provenientes da região da Península de Setúbal.

A E³UDRES², sigla inglesa de Universidade Europeia Empreendedora e Envolvida como motor para Regiões Europeias Inteligentes e Sustentáveis, é um projeto financiado pela Comissão Europeia cujo foco é o desenvolvimento de um novo campus multi-universitário, ramificado pelos seis países parceiros, que potencie a criação de centros de conhecimento capazes de contribuir ativamente para tornar as respetivas regiões de influência mais inteligentes e sustentáveis. Centrando-se em cidades de pequena e média dimensão e áreas rurais circundantes, o projeto E³UDRES² distingue-se por abordar as regiões como “laboratórios vivos” onde se produzem soluções para problemas concretos e com verdadeiro impacto na sociedade, através nomeadamente de uma educação baseada em desafios, de uma pesquisa orientada para a missão, e de uma inovação centrada no ser humano, além de uma troca aberta de conhecimento. Para o presidente do IPS, Pedro Dominguinhos, um dos oradores da conferência, “a grande inovação proposta pela aliança E³UDRES², e destacada pela Comissão Europeia, é a capacidade de, através de um processo de cocriação, contribuir para melhorar o nível de vida dos territórios onde as instituições se inserem”.

Na prática, tal implicará “um forte envolvimento dos estudantes, professores e de toda a comunidade, entre empresas, autarquias, hospitais, organizações da economia social, num processo de coaprendizagem entre os diferentes agentes”, considera. O novo conceito exige também das instituições de ensino superior, adianta o responsável, “cursos mais alinhados com as regiões, mais flexíveis, em contextos distintos de aprendizagem, facilitando o desenvolvimento de so skills e metodologias de aprendizagem mais ativas, a partir de desafios lançados pelas organizações locais”. No que toca à componente de investigação, sai reforçada sua “perspetiva internacional e de ligação às necessidades identificadas pelas organizações”, passando a estar alicerçada em três grandes temáticas, “economia circular, envelhecimento ativo e bem-estar e o contributo humano para a inteligência artificial”, destaca ainda o responsável. Coordenado pela St. Pölten University of Applied Sciences (Áustria), o consórcio integra a Hungarian University of Agriculture and Life Sciences (Hungria), UC Leuven-Limburg (Bélgica), Politehnica University Timișoara (Roménia), e Vidzeme University of Applied Sciences (Letónia), além do IPS (Portugal), sendo uma das 41 universidades europeias criadas por iniciativa comunitária.

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POR JÚ MENDÃO

É nas planícies de Sharon, região de Israel, que o ipérico tem a sua origem, mas não só, ele é também nativo da Ásia e do Sudeste Europeu. Da família das Hipericáceas, este pequeno arbusto pode perder as folhas no Inverno se a temperatura baixar muito, mas desde o Verão até ao Outono transporta consigo uma profusão de flores amarelo dobrado, sendo incrementadas por uma espécie de penacho central, formado por estames cor de ouro. É sem dúvida uma planta extraordinariamente bonita, mas atenção! pois é bastante invasora. Por isso, depois de darem flores convém podá-las a uns trinta centímetros do solo. Como têm uma grande capacidade de regeneração, as podas adensam a folhagem, tornando a planta muito mais

bonita. Pode aproveitar os ramos podados para fazer novas plantas pois elas enraízam facilmente. Os ipéricos dão-se bem em qualquer tipo de solo, quer em meia sombra ou em pleno Sol. São excelentes plantas para revestir taludes ou fazer bordaduras em torno do tronco de grandes árvores, formando uma verdadeira coroa florida.

Música portuguesa

ROSA SPARKS – “Social Distancing” [ DR

POR DAVID ALVITO

Os tempos turbulentos em que vivemos são terreno fértil para que a inspiração surja de forma espontânea. Mas o passado faz parte do nosso ADN, e é aí que, muitas vezes, se vai buscar o combustível necessário para dar corpo às ideias. Terá sido assim que surgiu o projeto ROSA SPARKS, que foi buscar o nome à ativista negra que, em 1955, se recusou a ceder o lugar a uma pessoa branca, num autocarro, e que acabou por dar início a um movimento anti-segregação nos Estados Unidos. O quarteto, que junta amigos de longa data e com passado e presente no meio underground, deu-se a conhecer com o EP “SOCIAL DISTANCING”, composto por quatro temas. Ao longo do trabalho, onde o punk rock e o hardcore são reis, mas as incursões pelo funk ou até mesmo pelo jazz também são audíveis, as críticas social e política não deixam ninguém in-

diferente, e levam qualquer um a questionar o meio que o rodeia. O mundo está em constante mutação. E música é um dos meios privilegiados para relatar essa mutação, colocando o dedo na ferida e levando da reflexão sobre o que se passa à nossa volta.

ROSA SPARKS – “SOCIAL DISTANCING” - HTTPS://WWW.FACEBOOK.COM/ROSASPARKS.LX/ EDIÇÃO DE AUTOR FORÇA TOTAL À MÚSICA NACIONAL! DAVIDALVITO@GMAIL.COM


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Jornal de Azeitão

abril de 2021

Oliveiras milenares de Azeitão fazem parte do

Receita Vegetariana

A Câmara Municipal de Setúbal lançou no Dia Mundial da Árvore e Dia Internacional da Floresta, um mapa interativo das árvores classificadas e propostas a classificação no concelho, disponibilizado no site Setúbal em Bom Ambiente. A nova ferramenta, já acessível na secção Viver – Espaços Verdes e Árvores do site municipal Setúbal em Bom Ambiente, permite conhecer, em modo interativo, as localizações das 21 árvores do concelho que são classificadas como de interesse público e as 14 que o município propôs recentemente para

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classificação ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. As oliveiras milenares com mais de dois mil anos que se encontram em Azeitão, junto da Estrada Nacional 10, e a melaleuca, que tem a particularidade de crescer na horizontal e que se apresenta como um autêntico monumento vivo de grande efeito cenográfico e

artístico à beira-rio, no jardim Eng.º Luís da Fonseca, são algumas das árvores classificadas que se podem encontrar no mapa. É ainda possível identificar o famoso plátano que se encontra no Largo Dr. Francisco Soveral, antigo Largo da Ribeira Velha, e as seis Araucárias-de-Norfolk, centenárias, com 26,6 metros de altura, localizadas no Largo José Afonso. De entre as 21 árvores propostas para classificação, são de salientar os dois exemplares de magnólias que se encontram na placa central da Avenida Luísa Todi, árvores centenárias que na primavera brindam os

transeuntes com grandes flores brancas e aromáticas. O mapa dá a conhecer a localização, altura, idade e curiosidades destas e de outras espécies de árvores de interesse público do concelho de Setúbal, de com o objetivo de facilitar a sua identificação e valorizar o património vegetal em meio urbano. O portal, em constante atualização, indica iniciativas, conteúdos e projetos em curso em Setúbal na área do ambiente, da sustentabilidade e do bem-estar animal, assim como um espaço de aprendizagem totalmente dedicado a crianças.

Centro Municipal de Natação de Águas Abertas O Centro Municipal de Natação de Águas Abertas de Setúbal, equipamento de apoio aos praticantes de atividades aquáticas instalado no Parque Urbano de Albarquel, entra em funcionamento a 7 de abril e tem inscrições abertas. O novo espaço desportivo está direcionado ao apoio de todos os amantes de desportos aquáticos, principalmente na modalidade de natação em águas abertas, dos iniciantes aos mais experientes, a título individual ou coletivo, e dá particular atenção à componente formativa e de recreio. A promoção de aulas para toda a população e o apoio à realização de eventos desportivos que decorram no espaço natural

envolvente organizadas por clubes e outras entidades privadas são algumas das vertentes do centro, a par do desenvolvimento de atividades com escolas e com o movimento associativo. O Centro Municipal de Natação em Águas Abertas proporciona, também, o acolhimento de treinos e estágios de clubes e equipas em competições desportivas. Além de um edifício central, de fácil identificação no interior do Parque Urbano de Albarquel pela cor verde, o centro desportivo tem um conjunto de outros espaços de apoio, equipados com cacifos individuais e chuveiros exteriores. A infraestrutura dispõe também de balneários e sanitá-

rios, sala de reuniões e de formação, zona de lavagem de material desportivo e de um conjunto de informações sobre como se devem desenvolver as atividades aquáticas em segurança. Nesta fase inicial, o Centro Municipal de Natação de Águas Abertas funciona às segundas, quartas e sextas-feiras, num horário com dois períodos, entre as 10h00 e as 14h00 e das 15h30 às 18h00. Aos sábados abre apenas de manhã, das 09h00 às 12h30. As inscrições contemplam cartão de utente, seguro desportivo e taxa de utilização dos serviços do centro, podem ser concretizadas pelo telefone 969 754 511 ou pelo endereço de correio eletrónico centroa-

Rua José Agusto Coelho, 142 • 2925-539 Azeitão

guasabertas@mun-setubal. pt. As primeiras vinte pessoas que se inscreverem não pagam inscrição. Os utilizadores devem utilizar os seus próprios fatos isotérmicos e restante material necessário à prática da natação. No entanto, caso necessitem, o centro coloca à disposição boias de sinalização, equipamento obrigatório para a prática desportiva. Oficialmente inaugurado a 15 de setembro de 2020, o Centro Municipal de Natação em Águas Abertas só abre portas agora devido a questões técnicas da Capitania do Porto de Setúbal e ao levantamento das atuais restrições às atividades desportivas ao ar livre.

Trouxinhas de legumes e frutos secos [ DR

Mapa interativo das árvores classificadas e propostas a classificação

POR SOFIA FERNANDES

Preparação: Lavar os legumes e cortá-los em juliana. Numa frigideira aqueça o azeite e junte os vegetais. Temperar com o sal e a pimenta. Tapar a frigideira e deixar refogar até os legumes ficarem moles. Triturar ligeiramente os frutos secos e juntar ao preparado anterior, com o lume já desligado. Desenrole a massa em cima de uma superfície plana, corte-a ao meio no sentido do comprimento e depois em 3 no sentido da largura, de

Ingredientes · 1 curgete média · 1 cenoura grande · 1 alho francês pequeno · 100 gr de mistura de frutos secos · Sal e pimenta q.b. · 2 embalagens de massa folhada quadrada · 50 ml de azeite

forma a obter 6 partes iguais. Em cada uma colocar um pouco do recheio (já arrefecido). Juntar as pontas da massa e fechar com cuidado, formando uma trouxa. Levar ao forno pré-aquecido a 200º cerca de 15-20 minutos. Contatos do Meu Vegetariano: 919775555 (Sofia Fernandes) meuvegetariano@gmail. com Av. 22 de Dezembro, 27-B Setúbal Facebook: Meu Vegetariano

Tel. 212 190 910 - Fax: 212 180 190 Tlm. 966 001 238 • 968 034 403 • 935 423 912 • 916 323 078 E-mail: geral@funerariaazeitonense.com


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