[ F. CORREIA
Jornal de Azeitão “Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida.”
DIRETOR: BERNARDO COSTA RAMOS
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PERIODICIDADE: MENSAL
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ANO 23
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N.º 284
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MAIO DE 2020
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Platão
PREÇO: 0,60 €
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Covid-19
Grande Entrevista
Manuel Queiroz Presidente da AURPIA PÁGS. 08/09
Retrato concelhio de uma pandemia
“Estamos todos motivados para que os nossos utentes passem incólumes a esta pandemia”
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Rua 9 de abril Casa-Memória de Joana Luísa e Sebastião da Gama Requalificação de Pinhal de Negreiros Aldeia da Piedade
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Obras em marcha PÁG. 04
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Jornal de Azeitão
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Editorial
O todo (não) é maior do que a soma das partes POR BERNARDO DA COSTA RAMOS
O Eu+Tu não é, definitivamente e para muitos, igual a Nós. E não é pois há quem acredite e defenda que existem eventos, acontecimentos, pessoas acima do que está implementado para a soma das partes. As comemorações do 25 de Abril e do 1º de Maio deste ano foram um atentado contra o bom senso e as regras instituídas para toda (ou quase…) população portuguesa. Não tenho nada contra as comemorações. O que está aqui em causa é a inabilidade política, esta forma pequenina e portuguesinha de lidar com certas situações para se estar na graça ou cair nela. Isso e também alguns que
se pensam maiores e, certamente, com mais autoridade nas matérias da liberdade e da sindicância. É preciso não confundir o conteúdo com a forma e a grande diferença é que todos (ou quase…) estamos em estado de emergência e com regras muito bem definidas. No 25 de Abril a Assembleia quis comemorar a data com o mesmo figurino dos outros anos. Ora, o que estava em causa nunca seria o 25 de Abril e os seus valores, mas sim a forma como se comemorava, com pessoas a discursar num espaço fechado. Todos aceitariam algo excecional para esta data e para qualquer outra devido ao estado de emergência. Um Presidente da República e
Unidade de Saúde de Azeitão
um Presidente da Assembleia, sozinhos naquela sala, cravos no lugar dos deputados, será que não seria suficiente e representativo do Povo? Lembremo-nos da bênção “Urbi et Orbi” do Papa Francisco numa Praça de São Pedro completamente vazia. E que força teve essa imagem e discurso! O Papa deu o exemplo de igualdade, a nossa Assembleia e deputados o exemplo de que são exceção. O 1º de Maio, Dia do Trabalhador, foi o segundo acto infeliz de um Governo que sucumbiu à vontade de outros. Decidiu regulamentar a exceção para as manifestações sindicais. Decidiu que o confinamento e a circulação entre concelhos eram letra
solta para todos aqueles. Decidiu ainda dividir a sociedade em dois: os que se acham no direito de continuar a ter os seus direitos e aqueles que são obrigados a abdicar dos seus. Ninguém conseguirá explicar a um familiar de alguém falecido que não pode ir ao enterro (algo que nunca se repetirá) e que centenas de pessoas podem estar juntas numa manifestação (algo que para o ano lá estará). A falta de coragem política fica a marcar estas duas datas, bem como a falta de moral para exigir. Mais uma vez afirmo que nada do que aqui refiro é contra as datas e aquilo que elas representam. É contra a falta de justiça, a falta de discernimento e coragem, o pensar que
se é mais do que, o não ter o discernimento para arranjar uma alternativa quando toda a sociedade o anda a fazer. Para todos e para o bem de todos (ou talvez não…)
Covid-19
Despacho de autorização para Ensino a distância – escolas do concelho de Setúbal As escolas de Setúbal estão a dos continuem a aprendizagem du- plementação destes planos, nomeacontrato-programa desenvolver planos de ensino a dis- rante o contexto social atual. damente equipas de apoio tecnológico, O Governo autorizou a celebração de um contrato-programa entre a Câmara Municipal de Setúbal e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo para a construção da nova Unidade de Saúde de Azeitão. O despacho, publicado em Diário da República, permite a concretização de uma reivindicação antiga da população e das autarquias locais, pois o atual Centro de Saúde de Azeitão funciona provisoriamente, desde 1978, numa moradia sem as condições adequadas para a prestação de cuidados de saúde. “Considerando as necessidades crescentes da população da freguesia de Azeitão em matéria de saúde tornou-se absolutamente necessário proceder à substituição da infraestrutura de apoio à prestação de cuidados de saúde existentes”, pode ler-se no diploma governamental. Tendo em conta a necessidade de promover a melhoria das condições em que os referidos cuidados são prestados à população abrangida, a Câmara Municipal de Setúbal cedeu o terreno para a
construção do novo equipamento e elaborou o respetivo projeto de especialidades. A autarquia assume, igualmente, a execução da empreitada, a qual será financiada pela ARSLVT – Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo “até ao limite de 923.400 euros”, de acordo com o despacho publicado hoje. O projeto da Unidade de Saúde de Azeitão tem aprovada uma candidatura a fundos comunitários do POR Lisboa 2020, com uma taxa de cofinanciamento de 50 por cento do investimento elegível. Os montantes de financiamento, os modos de pagamento e os encargos de cada uma das partes serão definidos no contrato-programa, autorizado pelo presente despacho, a celebrar entre a Câmara Municipal e a ARSLVT. A futura Unidade de Saúde de Azeitão terá duas unidades funcionais, cada uma para atender 11.400 utentes, num total de 22.800 cidadãos, e também uma URAP – Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados.
tância adaptados às diferentes realidades e contextos familiares dos alunos, no seguimento da suspensão das atividades letivas presenciais devido à crise sanitária atual. No contexto atual de encerramento das escolas devido à pandemia da Covid-19, foram colocados às escolas e às famílias novos desafios e necessidades de adaptação a uma nova realidade para que a ligação à escola não seja corrompida. Com as escolas fechadas e as atividades letivas presenciais suspensas desde março, o terceiro período letivo arrancou com a maioria dos alunos a estudar à distância, num modelo de ensino novo para a maioria das famílias. No concelho de Setúbal, as novas medidas de ensino não presencial apostam na promoção das aprendizagens possíveis, procurando manter o papel da escola de educar para o entendimento do mundo. Os agrupamentos de escolas e estabelecimentos não agrupados do concelho elaboraram planos de ensino à distância baseados nos princípios orientadores do Ministério da Educação, que visam, como objetivo principal, garantir que o maior número de crianças, alunos e forman-
Os planos de ensino elaborados pelas escolas do concelho apostam no uso de meios tecnológicos à distância e em medidas de proximidade adaptadas às diferentes realidades e contextos familiares, assegurando a sua flexibilidade, a inclusão de alunos e famílias e a rentabilização dos recursos a que têm acesso. Educadores, professores titulares, diretores de turma, professores de educação especial, professores do apoio tutorial específico, professores bibliotecários e psicólogos asseguram um contacto regular com os seus alunos e as famílias através da disponibilização de planos de trabalho semanais e quinzenais e de materiais pedagógicos. Estes materiais pedagógicos têm por base manuais escolares, guiões e fichas de trabalho e recursos digitais e são complementados pela telescola Escola TV, no caso dos alunos do 1.º ao 9.º ano, em http://estudoemcasa.dge.mec.pt Aos alunos que em casa têm acesso a equipamento informático e internet realizam-se sessões síncronas e assíncronas através de diversas plataformas online. Foram também constituídas equipas para apoiar e acompanhar a im-
equipa de monitorização e avaliação da implementação do plano. Informações sobre o Plano de Ensino à Distância desenvolvido pelos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas do concelho de Setúbal podem ser consultadas nos sites das escolas respetivas. Agrupamento de Escolas de Azeitão http://site.aveazeitao.pt/ Agrupamento de Escolas Ordem de Sant’Iago https://www.aveordemsantiago.pt/ Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama https://www.aesgama.pt/ Agrupamento de Escolas Lima de Freitas http://www.agrupamentolimafreitas.org/site/ Agrupamento de Escolas Luísa Todi http://www.avelt.org/ Agrupamento de Escolas Barbosa du Bocage http://avebocage.net/ Escola Secundária du Bocage http://www.esbocage.com/ Escola Secundária Dom Manuel Martins http://escoladmanuelmartins.com/ Escola Secundária D. João II https://www.djoaoii.com/
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Memórias
“Aprender a remar” POR ALICE SOUSA
O Portinho da Arrábida, era um conjunto de pequenas e grandes maravilhas, criadas pela natureza, que durante muitos anos, foram respeitadas e que, deram aos seus parcos habitantes, uma qualidade de vida saudável e natural, que, embora também muito dura, faziam daquele lugar, um “portinho” acolhedor e muito apetecível. Quem lá vivia, tinha naquele mar, todas as fontes de alimentação piscícola e muito variada, com fartura de todas elas. Os carros, naquela época eram poucos, mas os barcos, as lindas aiolas, pintadas de todas as cores, eram os típicos transportes do Portinho. Nos tempos de juventude da minha mãe e tios, eram as aiolas que os levavam até quase meio caminho, para irem estudar em Setúbal. Estes pequenos botes de madeira, eram baptizados com nomes escolhidos pelos seus donos, como homenagens a alguém, ou algum lugar, ou facto, e davam-lhes uma graça natural. As aiolas, por serem feitas de madeira, tinham que ser cuidadas com alguma regularidade e a do meu avô Manelzinho, não era excepção. Estes pequenos barcos, embora pesados, deslisavam pelas águas cal-
mas do Portinho, com muita graciosidade. Os movimentos dos remos, em conjunto ou alternados, conferiam uma visão tão serena naquelas águas, que me fascinavam. Os homens que os levavam para perto ou para mais longe, tinham nos braços uma força, que só percebi, quando aprendi a remar. As aiolas, tinham uma vantagem em relação aos barcos de fibra, que, entretanto, apareceram anos mais tarde. Se, sem querer, o casco batesse com fundo em cima de uma rocha, como me aconteceu algumas vezes, praticamente nada, se estragava na aiola. O mesmo já não se podia dizer dos barcos de fibra. Até as formas das aiolas eram suaves, e todas elas, davam ao Portinho, um ar pitoresco, de uma pequena e pacata, aldeia piscatória. Nasci no dia de S. João e, naquele tempo, as estações do ano ainda estavam bem definidas. Tínhamos um Outono, que se manifestava nas cores das folhas das plantas e árvores da serra. E era a época dos medronhos, que eram muito apreciados por todos, e a cor vermelha, do medronho maduro, salpicava a serra pela grande quantidade de medronheiros que havia por todo o lado. Tínhamos um Inverno, que além da baixa tempe-
ratura, trazia muitas vezes ao estado do mar, alguma agressividade, pois ficava mais agreste e salpicado com espuma branca, provocada pelas pequenas ondas. Tínhamos uma Primavera, que trazia o cheiro das novas flores silvestres, que despontavam por toda a serra e que a minha querida mãe tanto apreciava. E tínhamos o Verão, que fazia as delícias de crianças e adultos, pelo calor que voltava, pelo Sol, que enchia de luz o pequeno Portinho e pelo mar, que voltava a ser calmo e tão sereno. Por ser Verão, e eu ter nascido nesta época, a minha querida mãe dizia que, passadas algumas semanas, em Julho já me molhava os pés na água. Por isso, a minha paixão pela bela baía do Portinho da Arrábida, começou desde cedo, tendo-a trazido sempre comigo, e está fortemente gravada no meu coração. Quando fiz 4 anos, a minha querida mãe, num desses dias quentes de Verão, levou-me até à praia. Deixou-me na areia e nadou até à aiola do avô, que estava perto do viveiro das lagostas, que mais parecia uma pequena jangada, com cestos redondos e grandes debaixo dela. A minha querida mãe, subiu para a aiola, desamarrou-a e trouxe-a para a praia, para junto de mim. Depois ajudou-me
“Estava nu e vestiste-Me” (Mateus 25:36). Todos sabemos o que é a nudez no sentido literal da palavra, mas a nudez vai bem mais além do que a simples falta de roupa, como vestir também ultrapassa o simples conceito de cobrir o corpo com roupa. É neste contexto que a acção da Santa Casa da Misericórdia toma especial abrangência, revestindo-se de múltiplas nuances ligadas aos aspectos físicos e espirituais. Tal como São Martinho, que numa noite chuvosa e fria, num gesto de generosidade, cortou a sua capa ao meio para a partilhar com um pobre que estava nu, também a Misericórdia faz chegar aos que mais precisam vestes, alimentação e apoio emocional. Através de equipas incansáveis e dedicadas presta apoio domiciliário a pessoas que se encontram fragilizadas, “vestindo-as” com cuidados de higiene, fornecendo-lhes alimentação e dando-lhes carinho. Todas as valências desta Santa Casa têm a mesma finalidade:
“vestir” o próximo, através da partilha do que uns podem dar, em benefício dos outros. “Vestir os nus”, é também dar dignidade, sobretudo aqueles que por motivo de doença, velhice ou desamparo social estão dela despidos encontrando-se por isso fragilizados. A Misericórdia é o manto que cobre e aconchega os frágeis, não permitindo que as pessoas deixem de ter dignidade, mesmo quando já
Candidatura de Setúbal aprovada pouco ou nada lhes resta. Aqueles que servem na Misericórdia de Azeitão “despiram-se” dos seus papéis sociais, para “vestir” uma causa maior, que é a de servir os que mais precisam, não deixando que percam a dignidade, condição que nos define como humanos.
As 14 Obras da Misericórdia As Obras de Misericórdia - sete corporais e sete espirituais - são o guião ético destas instituições que tiveram o seu início há 500 anos, as Santas Casas da Misericórdia.
Obras Corporais: 1ª Dar de comer a quem tem fome (publicado fev.20); 2ª Dar de beber a quem tem sede (publicado abril 20) ; 3ª Vestir os nus; 4ª Dar pousada aos peregrinos; 5ª Visitar os enfermos (publicado
mundo, a minha querida mãe, deixou-me fazer tudo no meu tempo e ritmo, até já não me atrapalhar mais. Um dia, eu e ela, descemos à praia em frente à nossa casa e estava toda a gente no muro a olhar. O avô Manelzinho, a avó Alice, o papá, as manas e os tios e primos, observavam o que a minha querida mãe me fazia. Sentou-me sozinha na aiola do avô, preparou-me os remos e dando um suave empurrão, disse: - Agora meu amor! Rema sozinha! Sempre atenta, a minha querida mãe, e não me deixando ir para longe, sorriu orgulhosa, porque a sua menina, com apenas 4 anos já remava sozinha!... Toda a família bateu palmas e eu fiquei toda vaidosa. Já era grande! “Entre tantas coisas, que me ensinaste, na tua curta existência, guardo com muito carinho, estes momentos, os nossos momentos, em que, sendo eu tão pequenina, me deixaste ser crescida, na aiola do avô Manelzinho. Obrigado, mamã!”
7 Maravilhas da Cultura Popular
Vestir os nus JOSÉ MAGALHÃES VOGAL DA MESA ADMINISTRATIVA DA SCMA
a subir e sentou-me ao lado dela, no banco do meio. Com todo o carinho e sempre com um sorriso no lindo rosto, disse-me: - Agora a mamã vai-te ensinar a remar! E, fiquei atenta, a todos os movimentos da minha querida mãe, que colocou as minhas mãos a segurar um dos remos, juntamente com uma mão dela, e levava o outro remo com a outra mão. Em movimentos leves, descia o remo à água, fazendo uma espécie de roda, que voltava a subir e a mergulhar de novo. Fizemos isto durante um bom tempo, as duas, e eu adorei! Ao fim de muitas vezes e tendo eu, já alguma prática, a minha querida mãe, saiu do banco do meio e sentou-se à ré, mas ainda tinha as suas mãos junto das minhas, para me ajudar a fazer os movimentos dos remos. Enquanto eu não aprendi a coordenar os movimentos dos remos, a minha querida mãe, esteve sempre a ajudar-me. Mas passado um tempo, ela disse: - Meu amor, estás preparada? Hoje vais remar sozinha! Que grande que eu já era, pensava eu. E, sentando-se à ré, deixou-me a remar sem ela segurar nos remos. Ainda me atrapalhei algumas vezes, mas com toda a paciência e calma do
jan.20); 6ª Visitar os presos; 7ª Enterrar os mortos (publicado mar.20).
Obras Espirituais: 1ª Dar bons conselhos; 2ª Ensinar os ignorantes 3ª Corrigir os que erram; 4ª Consolar os tristes; 5ª Perdoar as injúrias; 6ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; 7ª Rogar a Deus por vivos e defuntos.
As quatro candidaturas apresentadas pela Câmara Municipal de Setúbal ao concurso 7 Maravilhas da Cultura Popular, que visa evidenciar o património cultural material e imaterial de Portugal, foram aprovadas pelo conselho científico do certame. A CMS candidatou-se a quatro das sete categorias do concurso, concretamente Festas e Feiras, com a Feira de Sant’Iago, Lendas e Mitos, com a Lenda da Arrábida, Artefactos, com o Chapéu Descarregador de Peixe, e Procissões e Romarias, com a Festa de Nossa Senhora do Rosário de Troia. As candidaturas foram aceites e validadas pelo conselho científico e o município de Setúbal já recebeu os selos de nomeados para cada um destes importantes elementos do património e da identidade setubalenses. Com a participação nas 7 Maravilhas da Cultura Popular, a autarquia pretende promover e valorizar as tradições culturais e populares do concelho, com a candidatura de quatro patrimónios que unem os setubalenses há vários séculos.
Na próxima fase, o painel de especialistas vota para escolher três patrimónios em cada categoria, num total de 21 por distrito ou região autónoma. Na segunda fase de votação, a lista de 21 patrimónios regionais é reduzida a sete finalistas, independentemente da categoria em que estiverem inscritos, num total de 140 patrimónios finalistas a nível nacional, igualmente selecionado pelo painel de especialistas do concurso. Os finalistas são apresentados para votação pelo público em vinte programas transmitidos em direto pela estação televisiva RTP entre julho e agosto. A gala final em que são anunciadas as 7 Maravilhas da Cultura Popular deve decorrer em setembro. Setúbal tem marcado presença nas várias edições do concurso Maravilhas de Portugal. O Portinho da Arrábida foi um dos vencedores das 7 Maravilhas Naturais de Portugal, em 2010, e a sardinha assada foi eleita uma das 7 Maravilhas da Gastronomia, em 2011.
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Obras avançam naquela que será a Casa-Memória de Joana Luísa e Sebastião da Gama
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Protocolo
Associação da Baía de Setúbal A Câmara Municipal de Setúbal aprovou no início de abril, em reunião pública, a celebração de um protocolo de colaboração com a Associação da Baía de Setúbal, de gestão da ponte-cais e espaços de amarração do Portinho da Arrábida e do Parque Marinho Luiz Saldanha. O município celebrou, a 27 de maio de 2017, com a Agência Portuguesa do Ambiente e com a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, protocolos de delegação de competências e exploração para uma gestão e requalificação da orla costeira municipal mais eficiente e efetiva, tendo recuperado o projeto de execução da Ponte-Cais do Portinho da Arrábida, prevista no POOC Sintra-Sado. Em 2019, foi atribuída ao município de Setúbal a gestão da utilização da Ponte-Cais localizada no Portinho da Arrábida e dos espaços de amarração do Portinho da Arrábida e do Parque Marinho Luiz Saldanha. Segundo a proposta camarária, a gestão daquele espaços “implicava a alocação imediata de recursos, o que não se apresentava viável, tendo sido estabelecida uma parceria com a Associação da Baía de Setúbal”, executada em 2019, e que contribuiu "para a fruição
sustentada” das praias da Arrábida e constituiu “um bom serviço à comunidade”. A Associação da Baía de Setúbal é uma instituição cujos fins são, designadamente, o desenvolvimento turístico sustentável da baía e a sua promoção como destino turístico e a apresentação e gestão de projetos e equipamentos de interesse turístico, individualmente ou em conjunto. Como a direção da Associação da Baía de Setúbal manifestou disponibilidade de princípio para renovar a parceria estabelecida, o município aprovou o protocolo de gestão de utilização da ponte-cais do Portinho da Arrábida e do Parque Marinho Luiz Saldanha. O presente protocolo vigora no ano de 2020, entre a data da sua celebração e o termo do último fim de semana do mês de outubro, renovando-se a vigência a cada ano. A Associação da Baía de Setúbal deve apresentar à Câmara Municipal de Setúbal contas pormenorizadas das receitas e despesas realizadas, no prazo de 60 dias após o termo de cada período de exploração, e proceder à entrega do município do valor correspondente a 25 por cento do eventual resultado líquido da exploração, nos 60 dias seguintes.
As obras para a construção da futura Casa-Memória de Joana Luísa e Sebastião da Gama já começaram. Durante a última semana de abril a Câmara Municipal de Setúbal e Junta de Freguesia de Azeitão deram início às mesmas. Na antiga casa onde morou Joana Gama (mas nunca em vivência com o seu marido), na Rua José Augusto Coelho, ficará o espólio de Sebastião da Gama, exposição permanente, temporárias, área de consulta de manuscritos etc e, ainda, a sede da Associação Cultural Sebastião da Gama. Joana Gama deixou em testamento (este testamento arrastou-se em Tribunal por contestação de familiares da viúva, mas foi ganho pela Associação) quase todo o espólio literário de Sebastião da Gama, objetos pessoais, tal como o imóvel onde agora se constrói este novo espaço. Entre esse espólio, que enriquecerá o conteúdo da futura casa-museu, contam os manuscritos de importantes obras de Sebastião da Gama, como o “Diário” e “A Região dos Três Castelos”, assim como a tese de licenciatura e o texto da conferência “Lugar de Bocage na nossa Poesia de Amor”. A obra é da responsabilidade da Camara Municipal de Setúbal, que também realizou o projeto, em parceria com a Junta de freguesia de Azeitão. O prazo de conclusão está previsto em quatro meses. Sebastião Artur Cardoso da Gama nasceu a 10 de abril de 1924, em Vila Nogueira de Azeitão, tendo completado a licenciatura em Filologia Românica em 1947 na Faculdade de Letras de Lisboa. “Serra-Mãe”, de 1945, foi a primeira obra do poeta editada em
vida, seguindo-se “Cabo da Boa Esperança”, de 1947, e “Campo Aberto”, 1951. No dia 7 de fevereiro de 1952,
Sebastião da Gama morre, com apenas 27 anos, vítima de tuberculose renal, doença que sofria desde a adolescência.
Obras
Beneficiação Rua 9 de Abril – Vila Nogueira de Azeitão [ CMS
Azeitão
Detido por violência doméstica O Comando Territorial de Setúbal, através do Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas de Setúbal, deteve no dia 14 de abril um homem de 55 anos, por violência doméstica, em Azeitão. Na sequência de uma investigação foi possível apurar que o suspeito exercia violência psicológica, através de injúrias e ameaças de agressões físicas, sob a sua
mãe, de 81 anos. O indivíduo foi presente no Tribunal Judicial de Setúbal, tendo-lhe sido aplicadas as seguintes medidas de coação de apresentações semanais, abandono imediato da residência da vítima e proibição de contactos com a vítima, por qualquer meio. Esta ação contou com o reforço do Núcleo de Investigação Criminal de Setúbal.
Uma operação urbanística na Rua 9 de Abril, em Vila Nogueira de Azeitão, concelho de Setúbal, está a reforçar as condições de drenagem pluvial e de mobilidade pedonal e rodoviária naquela via azeitonense. A intervenção liderada pela Câmara Municipal de Setúbal, a decorrer desde o início de março, centra trabalhos na reconstrução do coletor de águas pluviais existente naquele arruamento, com o objetivo de solucionar situações recorrentes de escoamento ineficaz aquando da ocorrência de períodos de pluviosidade mais intensa. A obra, com conclusão prevista para o final do primeiro semestre do ano, inclui ainda uma componente de reforço das condições de segurança e conforto da
mobilidade pedonal e rodoviária na Rua 9 de Abril, localizada entre as ruas José Augusto Coelho e a da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense. Em matéria de acessibilidade
e mobilidade, a operação tem prevista a construção de uma área de circulação pedonal num dos lados daquele arruamento, assim como a repavimentação da faixa rodoviária.
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Obras
Requalificação em Pinhal de Negreiros – 1.ª fase A urbanização de Pinhal de Negreiros está a ser beneficiada numa operação urbanística em curso, destinada a melhorar as condições de conforto, segurança e utilização do espaço público naquela área residencial. A obra, que materializa um investimento global de 68 407,11 euros, é executada pela Junta de Freguesia de Azeitão, em parceria com a Câmara Mu-
so desde o início de abril, está centrada nas ruas Luísa Todi e Augusto Costa, com a execução de ações direcionadas na reabilitação de passeios e na criação de mais bolsas de estacionamento automóvel. Inclui ainda a instalação, em locais devidamente preparados, de contentores enterrados para a deposição de resíduos sólidos urbanos, a criação de novas zonas de atravessamento
de competências na Junta de Freguesia de Azeitão, que financia a obra no valor de 50 mil euros. A conclusão das obras, prevista para o final de maio, depende da evolução da crise pandémica do coronavírus Covid-19, sendo que todas as operações são executadas com a garantia das condições de segurança individual e coletiva dos trabalhadores contra possível contaminação. [ CMS
COVID-19
Entrega de materiais a instituições O Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros de Setúbal entregou hoje cem litros de desinfetante à Santa Casa da Misericórdia de Azeitão e à AURPIA – Associação Unitária dos Reformados, Pensionistas e Idosos de Azeitão. Os materiais cedidos às duas instituições de Azeitão fazem parte de uma oferta solidária por parte da Bacalhôa Vinhos de Portugal, empresa sediada no concelho, entregue no dia 9 de abril à Câmara Municipal de Setúbal, juntas de freguesia, SMPCB – Ser-
nicipal de Setúbal e confere uma resposta direta às pretensões de munícipes identificadas no âmbito do programa de cidadania participada “Ouvir a População, Construir o Futuro”. A primeira fase de trabalhos de requalificação da urbanização de Pinhal de Negreiros, em cur-
pedonal e trabalhos de repintura de passadeiras já existentes naqueles arruamentos. Esta intervenção, com a comparticipação financeira da autarquia no montante de 18 mil e 407,11 euros e acompanhamento dos serviços técnicos, é executada por empreitada, após delegação
Esta é a primeira de um conjunto de três fases de intervenções de beneficiação programadas para a urbanização de Pinhal de Negreiros, a executar posteriormente, com ações relacionadas com construção de zonas de lazer e de circuitos de manutenção ao ar livre.
viço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros e outras entidades locais. O material entregue ao SMPCB destina-se a ser distribuído pelas instituições locais que necessitem, como são os casos da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão e da AURPIA, que solicitaram álcool gel. Os cem litros de desinfetante foram entregues esta manhã às duas instituições pelo coordenador do SMPCB, José Luís Bucho, e a presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, Celestina Neves.
COVID-19
Comércio Local: medidas de apoio A Câmara Municipal de Setúbal aprovou hoje, em reunião pública, a isenção do pagamento de rendas de concessão devidas ao município relativamente aos estabelecimentos comerciais proibidos de exercerem atividades durante a vigência do Estado de Emergência. Em face da pandemia da Covid-19 declarada pela Organização Mundial de Saúde, o Grupo de Trabalho do Plano de Contingência COVID-19 do município de Setúbal propôs à autarquia a isenção do pagamento das rendas de concessão de estabelecimentos que estejam proibidos de exercer atividade comercial, bem como das taxas de ocupação de via pública, respeitantes a esplanadas. A Câmara Municipal de Setúbal considera que a excecionalidade da situação “justifica e impõe a adoção de medidas também excecionais que contribuam para reduzir o impacte económico severo que está a afetar o país”. Com a adoção destas medidas, “o município procura dar um contributo e estímulo de apoio aos
comerciantes locais, fortemente penalizados com esta pandemia e cujos rendimentos dependem diretamente da sua atividade”. Deste modo, aprovou a Câmara Municipal de Setúbal, ao abrigo do Regime Jurídico das Autarquias Locais, isentar o pagamento de rendas de concessão devidas ao município, relativamente a estabelecimentos que estejam proibidos de exercer atividade comercial. Esta isenção das rendas aplica-se ao período entre 1 de março e até ao final do mês seguinte aquele em que se verifique o termo do Estado de Emergência, instituído no dia 18 de março pelo Presidente da República e prorrogado pelo mesmo, no dia 2 de abril. A autarquia submeteu, igualmente, à Assembleia Municipal a deliberação “da isenção do pagamento das taxas de ocupação de via pública, respeitantes a esplanadas”, durante o mesmo período de vigência do Estado de Emergência, e sem prejuízo de ser suspensa desde já a respetiva liquidação e cobrança.
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Memórias
Efeitos do isolamento e confinamento POR ISABEL FERNANDES
Estamos em confinamento e isolados socialmente e esta necessidade de distanciamento uns dos outros e, agora, “mascarados” afasta-nos do contacto humano que precisamos. Sim, biologicamente precisamos de contacto humano, precisamos de proximidade, do toque físico, do abraço, de ver o sorriso do outro… O ser humano é um ser social, é inegável. A ciência sabe hoje que bebés negligenciados em termos afetivos e pouco estimulados pelo convívio possuem cérebros mais pequenos e não desenvolvem ligações neurais importantes para a vida adulta. Estas crianças, filhas da negligência emocional, apresentam défices cognitivos e problemas de relacionamento que as impedem de viver uma vida plena. Também no adulto a ausência de contacto social prolongado tem efeitos importantes a vários níveis. Estes efeitos têm sido estudados noutros contextos e grupos desde astronautas, crianças imuno suprimidas, prisioneiros, cientistas da Antártida, idosos, etc. O cérebro humano precisa da interação social para manter níveis de funcionamento ótimos. Precisamos
dos desafios que os relacionamentos nos trazem. Precisamos do feedback do outro, precisamos de ser ouvidos, de ser desafiados por ideias diferentes, precisamos de ser compreendidos, sentidos pelo outro. Esta dança comunicacional complexa é a base da saúde mental e física. Sabemos hoje que as pessoas mais isoladas vivem menos anos e que os mais longevos são os que têm junto de si pessoas significativas e mantêm vida social. Poderíamos dizer que o “isolamento mata” e a vida social nos traz longevidade! Em termos psicológicos e segundo os estudos o isolamento tem como principais efeitos a depressão e a ansiedade. Investigadores sugerem que estes quadros podem ser particularmente intensos durante este isolamento relativo ao Corona vírus devido ao facto de não haver uma data clara sobre quando vai terminar e quando tudo voltará a normalizar-se. Os estudos com cientistas em zonas remotas revelam que o humor torna-se progressivamente depressivo com o passar do tempo mas, ao chegar a meio do tempo de isolamento previsto, o humor eleva-se e as pessoas melhoram pois sabem que terá um fim em breve.
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Num estudo de janeiro de 2020 publicado na prestigiada revista cientifica The Lancet é confirmado que a separação social traduz um sentimento de isolamento que gera sintomas de depressão e ansiedade. No entanto, os investigadores acrescentam que quando os sintomas de depressão e ansiedade aumentam, o sentimento de isolamento aumenta e a pessoa tem tendência a isolar-se mais em termos sociais! Podemos refletir em que medida estará a ser criado um ciclo crescente de depressão e isolamento com esta pandemia, um ciclo que poderá ser difícil de reverter… Os estudos de isolamento em
maiores de 60 anos revelam que o isolamento social leva ao agravamento de condições médicas preexistentes desde doenças cardiovasculares a patologias como o Alzheimer. Mas também os mais jovens e fisicamente saudáveis são afetados pelo isolamento como revela o estudo com os participantes da Missão Espacial Marte 500. Os participantes, selecionados por serem saudáveis e robustos, também experienciaram os efeitos do isolamento a que estiveram sujeitos por 3 meses. Para além dos efeitos ao nível metabólico, hormonal e imunitário os participantes apresentaram pertur-
bações de sono, alterações de humor e decréscimos a nível do desempenho cognitivo. Para contrariar os efeitos deste confinamento necessário é positivo estabelecer contactos regulares, por telefone ou redes sociais, com familiares e amigos. E, como dizia Antoine de Saint-Exupéry podemos lembrar que “não é a distância que mede o afastamento”. Lembre-se também de se acompanhar a si mesmo acarinhando-se e compreendendo-se sempre. Estamos a viver uma altura inédita no planeta, sem precedente na história, nem sempre vamos reagir e agir da melhor maneira, nem sempre teremos a mesma motivação, nem sempre teremos a disciplina que gostaríamos, nem sempre estaremos felizes e alegres. Não há um guião de como viver da melhor forma esta fase, pois nunca a tínhamos vivido. Cada um de nós está a fazer história, criando o seu próprio guião, testando as suas próprias hipóteses sabendo, de antemão, que não há a forma perfeita, há o melhor que podemos fazer a cada dia, a cada hora. Para si, um abraço de ser humano para ser humano. isabel@mentescristalinas.pt
Covid-19
Nova máquina de limpeza A desinfeção dos espaços municipais interiores de Setúbal foi reforçada com uma nova máquina de limpeza à base de ozono e que não liberta produtos nocivos para a saúde da população. O novo equipamento adquirido pela Câmara Municipal de Setúbal tem como propósito a desinfeção de instalações e viaturas municipais, com recurso a um processo de limpeza a seco e sem químicos. Esta solução, a mais indicada em tratamentos de desinfeção em espaços interiores, por não apresentar efeitos colaterais para a saúde, é feita através do recurso a água e ozono.
O equipamento foi utilizado pela primeira vez na limpeza geral das instalações do Fórum Municipal Luísa Todi. Esta solução também está a ser usada para a higienização diária da Escola dos Arcos, transformada num centro de testes da Covid-19. O ozono é um composto natural que quando combinado com água desenvolve-se como um potente desinfetante ecológico, extremamente oxidante e que se torna eficaz na eliminação de diversos microrganismos, tornando-se, deste modo, um aliado no combate à propagação do novo coronavírus. À semelhança do que tem vin[ CMS
do a acontecer ao longo do último mês, a rota de intervenções das brigadas especiais da autarquia, que continuam a atividade diária, intensa e permanente de desinfeção do território, mantém-se ativa. Os trabalhos de limpeza e desinfeção dos espaços públicos do concelho de Setúbal são desenvolvidos freguesia a freguesia, bairro a bairro, rua a rua, em especial em locais com maior fluxo de circulação de pessoas. A campanha de higienização intensa do concelho decorre em permanência e insere-se na operação de larga escala desencadeada pelo município no âmbito do plano de contingência criado para lidar, no concelho, com a atual crise de saúde pública. A Câmara Municipal de Setúbal apela à população para a adoção de comportamentos cívicos que contribuam para manter a salubridade e limpeza do concelho, respeitando as regras de deposição de resíduos sólidos urbanos nos contentores e os horários de recolha.
Agradecimento Neste tempo de pandemia, em que todos somos obrigados a alterar hábitos e procedimentos, a Santa Casa da Misericórdia continua o seu trabalho de ajuda e de apoio, contribuindo para que todos os seus utentes e quem nos procura tenham uma resposta eficaz, próxima e em segurança, garantindo, de igual modo a segurança das nossas colaboradoras e equipa médica e de enfermagem. Este nosso trabalho tem sido possível graças aos gestos de solidariedade de muitos beneméritos em nome individual e de entidades e empresas, que nos têm doado equipamentos de proteção individual e desinfectante, assim como bens essenciais, fazendo da Santa Casa
o fiel depositário, garantindo que todos possam beneficiar. A Mesa Administrativa regista com gratidão estes gestos e deixa uma palavra de agradecimento ao André Crespo e Daniel Anselmo, a todos os outros beneméritos locais que preferem permanecer no anonimato, bem como às seguintes empresas e entidades: José Maria da Fonseca Bacalhoa Vinhos (através da União de Freguesias de Azeitão e Protecção Civil de Setúbal) União Geral de Trabalhadores – UGT A Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão
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Covid-19
Estruturas residenciais para idosos – visitas e testes [ CMS
As condições dos lares de idosos do concelho de Setúbal para fazer face à Covid-19 começou a ser avaliada na última semana de abril, no âmbito de um conjunto de visitas que se destina à realização de testes aos profissionais destes equipamentos. A medida, decidida em reunião dos municípios da AML – Área Metropolitana de Lisboa com o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, visa testar, numa primeira fase, todos os funcionários das estruturas residenciais para pessoas idosas dos serviços de apoio domiciliário da Península de Setúbal nos quais ainda não
houve qualquer registo positivo de casos por infeção do novo coronavírus. Os rastreios são complementados por visitas às instituições e prosseguem com o objetivo de analisar a situação em que se encontram os equipamentos no âmbito do combate à Covid-19. Oito lares de idosos do concelho já foram visitados por técnicos do Serviço Municipal de Proteção Civil, da Segurança Social e da Autoridade de Saúde Publica, que avaliaram questões como a existência de planos de contingência e a preparação dos profissionais para a eventualidade de se registar um caso positivo na instituição.
Os testes aos funcionários começam a ser efetuados, nas próprias instituições sociais, por téc-
Covid-19
Junta de Freguesia resume o esforço coletivo efetuado POR CELESTINA NEVES, PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DE AZEITÃO
Enfrentamos tempos muito difíceis. A contingência, provocada pela pandemia, obrigou-nos a todos a arregaçar mangas, a dar o nosso melhor. E perante a tamanha privação que vivemos e que se impôs nas nossa vidas, cuja dimensão e duração ainda não sabemos, é reconfortante saber que a Freguesia de Azeitão está a dar resposta, a apoiar os mais vulneráveis. A pandemia não é igual para todos e não atinge todos da mesma forma. Atinge com mais incidência os mais desprotegidos. As Instituições da Freguesia, a CASA, a Igreja e a Misericórdia mantiveram o seu trabalho, continuaram a apoiar todas as famílias que já vinham apoiando, agora com maior determinação. A Junta de Freguesia fez o levantamento de quase 180 casas com pessoas idosas. Destas: - Muitas, porque têm apoio familiar, só solicitaram ajuda para receituário médico e na aquisição/ entrega de medicamentos, o que está a ser assegurado. - Trinta famílias não tinham qualquer suporte, pediram ajuda em todas as compras. Todas estas famílias estão a ser apoiadas, com a ajuda inestimável de voluntários. - Dez famílias, além de não terem apoio familiar, encontravam-se em situação de carência económica. A todos estamos a dar resposta pronta e atempada,
com a coordenação dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Setúbal. Ademais: - Temos procedido à desinfeção dos espaços públicos, que irá continuar. - No âmbito do Plano de Ensino à Distância, e em coordenação com o Agrupamento de Escolas de Azeitão, a Junta de Freguesia colocou internet na casa de todas as crianças/alunos que a não tinham. - Procedemos, em conjunto com a Proteção Civil à oferta de 100 litros (50 /cada) à AURPIA e à Misericórdia. Azeitão mobilizou-se e organizou-se, sem regatear esforços, para garantir apoio aos mais desprotegidos, nomeadamente por via dos seguintes exemplos: - Uma bolsa de voluntários que realiza um trabalho extraordinário, pronto, eficaz e cuidado. - As três farmácias de Azeitão, também elas, desde o primeiro contato, mostraram a sua disponibilidade para ajudar. Já fizeram mais de 200 entregas de medicamentos. Têm disponibilizado dezenas de embalagens de higiene diária para famílias carenciadas. - O Agrupamento de Escolas de Azeitão tem tido um trabalho de exceção, junto das crianças mais desprotegidas e em todas as vertentes. - O Centro de Saúde de Saúde de Azeitão sempre disponível quer para facilitar receituário quer noutro tipo de ajuda. - A G.N.R. de Azeitão, também
ela, tem sido um “parceiro” ativo e colaborante. - Os Bombeiros de Azeitão têm sido parceiros imprescindíveis nestes tempos difíceis. - Os Serviços Sociais da Câmara têm estado sempre presentes no terreno. - Pessoas que estando confinadas, pela idade, nas suas casas disponibilizam-se para fazer ESSES de Azeitão para o pessoal hospitalar e para a Proteção Civil. Outras para costurarem. - Empresas ofereceram-nos materiais de proteção para os funcionários e ajudaram-nos na desinfeção das ruas da Freguesia: Bacalhoa Vinhos, Vestion, Xisérre. - Os funcionários da Junta, que nunca deixaram de trabalhar e de fazer o seu melhor, mesmo com todos os perigos inerentes à pandemia. - A Proteção Civil de Setúbal com quem trabalhamos diariamente e que desde a primeira hora tem coordenado, acompanhado e apoiado todo o trabalho no Concelho. Em nome da Junta de Freguesia, a todos um bem-haja, do tamanho do Mundo. É muito reconfortante constatar toda esta mobilização, pois é em alturas de crise que uma Terra mostra o que tem de Melhor. E Azeitão mostra. Esta é uma Batalha que é de Todos e para Todos. Respeite as Medidas de Proteção. Estamos aqui para ajudar. Conte connosco
nicos da Faculdade de Ciências, do Instituto Superior Técnico e do Instituto de Medicina Molecular,
todos da Universidade de Lisboa, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e da Cooperativa de Ensino Egas Moniz. A medida, que abrange toda a região metropolitana de Lisboa, num total de oito mil profissionais de lares de idosos e serviços de apoio domiciliário, permitir assegurar, na primeira semana, cerca de 500 testes por dia. Nas semanas seguintes, será possível aumentar a capacidade de realização de testes devido ao envolvimento do Instituto Politécnico de Setúbal e da Fundação Champalimaud.
PDM: período de discussão pública A Câmara Municipal de Setúbal, em face da atual crise sanitária pandémica, suspendeu a contagem do tempo da discussão pública da revisão do Plano Diretor Municipal do concelho, medida que não invalida o prosseguimento da apresentação de contributos pela população. A contagem do período disponível para que cidadãos e entidades coletivas deem contributos que visem a melhoria da atual proposta de revisão do PDM de Setúbal deveria ter tido início passados seis dias úteis da publicação de aviso em Diário da República, o que ocorreu a 9 de abril. A partir dessa data, a população, a título individual ou coletivo, teria 30 dias úteis para a apresentação de sugestões de melhoria da proposta de revisão atualmente em discussão e do respetivo Relatório Ambiental. A Câmara Municipal de Setúbal publicou agora um despacho, fundamentado na legislação nacional, nomeadamente na Lei n.º 1-A/2020, de 19 de março, a qual determina, “na redação que lhe foi conferida pelo artigo 2.º da Lei n.º 4-A/2020, de 6 de abril, no que aos processos administrativos diretamente concerne, no seu artigo 7.º, n.º 9, alínea c), a suspensão dos prazos no que respeita à prática de atos por particulares”. Esta fundamentação representa, assim, a suspensão integral da contagem do prazo para
o decurso da discussão pública do PDM, com a autarquia a esclarecer, na mesma redação, que essa contagem se inicia “no momento da cessação do regime excecional de suspensão de prazos, que será definido pelo Governo, através da aprovação e entrada em vigor de decreto-lei”. O despacho camarário reforça, igualmente, que a atual situação pandémica “provocou uma substancial mutação dos comportamentos sociais e uma correspetiva adequação do ordenamento jurídico a essas circunstâncias de cariz absolutamente excecional, que, inclusivamente, fundamentaram o Estado de Emergência”. A medida de suspensão do prazo para discussão pública do PDM do concelho de Setúbal não invalida que continuem, entretanto, a ser apresentadas sugestões ou pedidos de esclarecimentos sobre o processo de revisão, o que, de resto, tem vindo a registar-se. Na página www.mun-setubal. pt/pdm encontram-se disponíveis para consulta todos os documentos referentes à atual proposta de revisão do Plano Diretor Municipal de Setúbal e Relatório Ambiental, além de um formulário para submissão online de sugestões ou pedidos de esclarecimento, bem como informações complementares para a apresentação de contributos através de vias alternativas à plataforma digital.
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Grande Entrevista
Manuel Queiroz Presidente da AURPIA - Associação Unitária dos Reformados, Pensionistas e Idosos de Azeitão POR BERNARDO COSTA RAMOS
Manuel Queiroz é um construtor. Do seu percurso pessoal e profissional, da sua família, daquilo que faz e fez em prole dos outros. Gosta de fazer e não desiste perante as dificuldades. Fale-nos um pouco de si e do seu percurso. Apesar de ter nascido em Lisboa em 1949, sou Azeitonense desde há 60 anos, pois foi em 1961 que cheguei a Azeitão com os meus Pais. Tenho uma família numerosa, unida e com valências variadas: tenho 3 irmãos, sou casado, tenho quatro filhos, duas noras e duas netas, para além de muitos sobrinhos, primos e dos meus amigos, que para mim são parte integrante da família. Em termos de habilitação escolar, frequentei e conclui a chamada Instrução Primária, 4ª Classe, pois as condições económicas não permitiram mais. Mas porque a vontade aprender e estudar sempre foram muitas, mais tarde frequentei o curso secundário à noite e vários pequenos cursos de formação para adquirir conhecimentos que necessitava. Tive também um excelente curso, que foi o da vida, e neste tive o privilégio e a sorte de ter como Professor, o meu grande amigo Engº. António Francisco D'Avillez, pois a este Senhor devo grande parte da minha formação. Em relação ao meu percurso profissional o que me ocorre é mais ou menos isto: mesmo em miúdo e desde os meus 10 anos, já fazia pequenos trabalhos de forma a auferir algum dinheiro, tendo trabalhado também na construção civil numa pequena empresa do meu Pai; obviamente que cumpri o serviço militar, fiz uma comissão no Ultramar, na Guiné, e foi um período onde adquiri grandes conhecimentos, maturidade e que me serviu muito na vida futura. Após, e dos 23 aos 30 Anos, trabalhei na Empresa José Maria da Fonseca, Internacional Vinhos S.A. como Chefe de manutenção na área da Construção Civil, conservação de máquinas, lubrificação e pintura, limpeza das instalações e responsável pelo economato de peças. Todas estas vivências determinaram a minha vida profissional, como adulto: trabalhei como asses-
sor do Engº António F. Avilllez na construção do edifício para as Seleções do Reader’s Digest e, desde os meus 31 anos até aos 64, trabalhei nas empresas João Pires, Vinhos e BACALHOA, Vinhos de Portugal, todas elas com a administração do Engº. António Avillez, onde desempenhei funções como gerente de um descasque de arroz durante três anos e no restante período fui Diretor Industrial. Este é um pequeno resumo da minha vida familiar e profissional, com a qual me sinto satisfeito e ao mesmo tempo agradecido a Deus por me ter permitido estar onde estive e fazer o que fiz.
“mantemos a vontade de criar, para além das existentes, outras instalações para respondermos às necessidades da região” O Manuel é um homem intimamente ligado ao associativismo em Azeitão. Como começou esta vontade de ser útil neste tipo de entidades? Bom, foi sem dúvida por sentir que tinha obrigação de ajudar as instituições da terra e não fazer o que muitos fazem, segundo dizem, só se servem delas e não as ajudam. Comecei com esta vontade
quando em 1974 formei uma comissão que se chamou Comissão de Melhoramentos de Azeitão. A mesma tinha como objetivo fazer algumas obras no Hospital da Misericórdia de Azeitão. Ainda me lembro de algumas das pessoas que constituíram este grupo…estou a lembrar-me do Amadeu Pereira (Filho), do José Manuel Formiga, Amélio Madeira, Joaquim Gil, Fernando Bravo e outros que de momento não me recordo. Foi fantástico o trabalho realizado, fizemos festas, organizámos peditórios à população e às empresas e todos ajudaram com grande entusiasmo. Conseguimos então reunir o dinheiro necessário para avançarmos com a obra que tínhamos como objetivo realizar, ou seja, tratava-se de melhorar o Banco de Urgências do hospital e conseguimos. Foi um gosto ver o pequeno Banco do Hospital da Misericórdia todo muito bem arranjado e a passar a ser muito útil para a população. Seguidamente à obra, o Provedor na altura, Dr. Francisco Aguiar, agradeceu muito toda a obra realizada e convidou os elementos da Comissão a fazerem parte da sua lista para os novos corpos gerentes da Mesa da Misericórdia. Então, na eleição que se realizou, fomos eleitos, ficando o Dr. Francisco Aguiar como Provedor. Infelizmente, pouco tempo depois da eleição, aconteceu o falecimento do Dr. Francisco Aguiar (1975) e foi nessa altura que fui nomeado Provedor, cargo que desempenhei até 1976. Foi assim que comecei a minha participação nas instituições da terra e nunca mais parei, pois, a seguir fui eleito Presidente da Junta de Fregue-
sia de S. Lourenço, cargo que apesar de exigir muito trabalho e responsabilidade foi muito interessante. Nele consegui realizar uma série de melhorias que me deram muita satisfação. Enumero algumas de que me lembro e que foram as mais significativas na altura: tornar possível a abertura ao público da sede da Junta de Freguesia das 9 às 20 horas que até então funcionava das 18 às 20 horas; melhorar o abastecimento de água em toda a freguesia com a construção de dois grandes reservatórios ainda hoje existentes no início da rua dos Picheleiros; melhorar a Iluminação publica que era muito deficiente em toda a freguesia; instalar uma pequena unidade de Bombeiros nas instalações onde atualmente está a Biblioteca Sebastião da Gama; preparar a instalação na rua do Fisco (atual casa dos Escuteiros) para ser utilizada pela secção de limpeza da Camara Municipal de Setúbal; instalar várias cabines telefónicas publicas em vários pontos da freguesia; implementar o Jardim de Infância na Casa do Povo; alargar a rua na Aldeia Rica (conhecida pela estrada funda); melhoramento dos pisos de várias ruas em toda a freguesia; levantamento, organização e diversas melhorias no cemitério; levantamento, organização do Mercado Mensal (na altura a funcionar no centro da Vila; apoio às instalações da G.N.R.; recenseamento da população da freguesia. Enfim, e muitas outras coisas que não me ocorrem de momento, mas foram bastantes as melhorias realizadas nessa altura na nossa terra e eu senti-me muito feliz e orgulhoso por ter participado na sua implementação. Para além de ter feito o trabalho
como autarca anteriormente referido, a favor da população, participei também numa ação que em muito beneficiou uma serie de famílias Azeitonenses. Trata-se de uma venda realizada por um valor simbólico, no final dos anos 70, pelo falecido Sr. Jorge Alfredo Lopes de Carvalho de um terreno a ser urbanizado e com destino a Azeitonenses sem habitação própria poderem fazer a sua casa. Estou a falar da conhecida Urbanização da Torre situada entre Aldeia Rica e Oleiros. Este terreno, com uma área aproximada de 2,5 Hectares foi confiado pelo Sr. Jorge Alfredo Lopes de Carvalho a três pessoas desta terra, foram elas: o Joaquim Paulo dos Santos Bravo, eu e o António José Bravo, para exatamente tratarem da respetiva Urbanização. Seguidamente tratou-se de acordo com o que tinha ficado combinado, ou seja, eleger o grupo dos Azeitonenses a ficarem com os 45 lotes de terreno. Demorámos cerca de três anos a aprovar a Urbanização e a fazer as obras de infraestruturas. Após este período, chegou a hora de
Fotografia "à la minute" de Manuel Queiroz Livro: Um Longo Caminho para a Liberdade, Nelson Mandela. Filme: Música no Coração Frase: Não pare jamais de trabalhar para o bem. Palavra: Família Objeto: Relógio Música: Coro dos Escravos (Verdi)
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se fazer as contas a preço do custo real de cada lote e proceder-se à realização das respetivas escrituras por um valor muito reduzido, pois cada Lote custou cerca de 150 contos, e, só para ter uma ideia do beneficio que todos tiveram, um Lote equiparado a estes custava, bem próximo de nós, à volta de 800 contos. Foi mais uma ação para o bem da comunidade. Foi durante muitos anos Presidente da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense. O que significou para si estar a dirigir esta coletividade centenária? Foi um prazer, pois senti que respeitei o pedido que em determinada altura me foi feito pelo grande homem que esteve na origem daquela instituição, Carlos Alberto Ferreira Júnior. Tive dois mandatos na Direção, um de 1992 a 2001 e o segundo de 2010 a 2015 (catorze anos). Ambos foram iniciados com grandes dificuldades, pois as instalações estavam bastante degradadas e com uma situação financeira difícil, mas com o empenho e muito trabalho de todas as pessoas que fizeram parte das Direções e outras, tudo se conseguiu ultrapassar e todos no final nos sentimos felizes por cumprirmos a missão. Foi um trabalho fantástico, conseguimos em qualquer destes perío-
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“foram bastantes as melhorias realizadas nessa altura na nossa terra e eu sentime muito feliz e orgulhoso por ter participado na sua implementação” dos de Direção melhorar substancialmente todas as instalações, fortalecer as atividades existentes e desenvolver outras, assim como também criar equilíbrio económico.
-estar aos nossos utentes, pois são eles as pessoas mais importantes na instituição.
Hoje em dia é o Presidente de Direção da AURPIA, instituição fundada em 1985. Há quanto tempo está no cargo e quais são as suas prioridades? Estou no cargo desde 2014, portanto há sete anos, e termino o mandato em dezembro de 2021. As minhas prioridades, desde o início, foram sempre as de melhorar as instalações, as condições de trabalho e a organização, para assim poder oferecer o máximo de qualidade e bem-
"Devemos dar como gostaríamos de receber ". Esta é a frase que nos dá as boas-vindas no vosso site. Explique-nos o alcance desta frase para o contexto da AURPIA. A frase " DEVEMOS DAR COMO GOSTARIAMOS DE RECEBER " está relacionada intimamente com o serviço que prestamos ao nosso utente pois temos de tratá-lo como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos na sua situação. Tendo em conta o assunto principal destes dias e que alterou toda a nossa dinâmica social, o COVID-19. Como tem sido a adaptação da instituição a esta realidade? Tem sido uma adaptação calma e serena, temos seguido as instruções recebidas e implementado tudo o que nos tem sido possível. De salientar a atuação da nossa Diretora Técnica pois tem conseguido que tudo se esteja a passar com tranquilidade. Estamos todos motivados para que os nossos utentes passem incólumes a esta pandemia. Quais as principais medidas implementadas?
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Elaboração dos Planos de Contingência 1 e 2; evitar ao máximo a entrada de pessoas nas instalações; cumprir os requisitos de desinfeção e continuar com o melhor acompanhamento, como sempre temos feito, ao nível de alimentação, higiene, saúde e lazer, agora mais confinado. Readaptámos também os espaços comuns utilizados pelos nossos utentes e foram criadas duas salas de isolamento. Aliás temos tido especial cuidado e perseverança ao incentivar os contatos dos utentes, via videochamada, de modo a continuar a fortalecer os laços familiares. Como têm reagido os utentes e os familiares? Em relação aos Utentes têm estado razoavelmente bem. Quanto aos familiares dos utentes, aceitaram muito bem a proibição de visitas e todas as medidas. Quais as valências que a instituição oferece atualmente? Atualmente fornecemos as valências ERPI e CENTRO DE DIA A AURPIA consegue dar resposta à atual realidade populacional da região? Não conseguimos, pois não temos espaço para poder responder à procura que existe.
Que projetos tem a instituição planeados para o futuro? Neste momento é difícil planear o futuro devido ao que está a acontecer; no entanto, mantemos a vontade de criar, para além das existentes, outras instalações para respondermos às necessidades da região. Mensagem final para os habitantes da região de Azeitão. Apelo a todos os PORTUGUESES para não perderem a ESPERANÇA, pois Deus irá ajudar-nos a ultrapassar este maldito COVID-19. Apelo também a todos os Azeitonenses para não se esquecerem da AURPIA, pois ela, para se manter, precisa de ser apoiada por todos, para assim poder, cada vez mais, melhor servir.
“Tem sido uma adaptação calma e serena, temos seguido as instruções recebidas e implementado tudo o que nos tem sido possível”
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José Maria da Fonseca
22 Instituições da região recebem álcool-gel lidariedade para com várias instituições de saúde, solidariedade social, forças de segurança e socorro. Estamos conscientes do papel preponderante que cada uma delas desempenha junto da comunidade local e quisemos contribuir desta forma para que elas disponham de uma maior quantidade de desinfectante para as mãos, de forma a prevenirem e tratarem a infecção do Covid-19”, refere o presidente da José Maria da Fonseca, António Soares Franco. Para além disso, a JMF aderiu ao movimento “Eu Apoio a Produção Nacional”. Este movimento quer
manter dinâmica a economia promovendo o consumo de produtos nacionais e ao mesmo tempo ajudar os hospitais que estão na linha da frente no combate à pandemia. Em período de quarentena, e com as limitações impostas pelo Estado de Emergência, muitos dos produtores nacionais viram os seus principais canais de escoamento encerrados. A José Maria da Fonseca participa nesta iniciativa de cariz solidário e compromete-se a reverter 10% das suas vendas na loja online em toda a gama de vinhos Periquita aos Hospitais de Santa Maria em Lisboa e São João no Porto.
TELEFONES ÚTEIS
22 instituições de saúde, segurança e de solidariedade social de Azeitão, Setúbal e Palmela receberam esta semana os 5000 litros de álcool-gel produzido pela José Maria da Fonseca em parceria com a Destilaria Levira. O álcool vínico destinado à produção de Moscatel de Setúbal da José Maria da Fonseca foi transformado pela Destilaria Levira em gel desinfetante para as mãos, cumprindo todas as normas da Organização Mundial de Saúde. “Através desta doação, queremos mostrar o nosso apoio e so-
Junta de Freguesia São Lourenço São Simão
21 219 99 30 21 218 06 94
EDP (Avarias) Serviços de Águas CTT Azeitão
800 50 65 06 707 109 019 21 219 05 07
GNR Azeitão
265 242 672
Posto Médico
21 219 95 00
Táxis Brejos de Azeitão Vila Nogueira “ “
96 40 04 300 96 61 48 429 96 40 29 110 96 61 16 583
Farmácias Vila Nogueira Brejos
21 218 00 35 21 218 79 83
Sta. Casa da Misericórdia
21 219 89 00
Igrejas Paroquial de São Lourenço Paroquial de São. Simão
21 219 05 99 21 219 08 33
Biblioteca Municipal de Azeitão Biblioteca 21 218 83 98 Museu 21 218 83 99
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SFPA – 138 ANOS [ DR
POR CARLOS ZACARIAS
Na sequência de um post que fiz no Facebook, onde dava os parabéns à Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense - SFPA e no qual expressava a falta que sinto de poder conviver com os colegas das atividades em que colaboro, foi-me solicitado pela Direção do Jornal de Azeitão, que escrevesse alguns parágrafos sobre as minhas memórias relacionadas com a SFPA. Apesar de me encontrar num período muito difícil em termos de trabalho, dadas as circunstâncias atuais decorrentes da Pandemia, pensei que a nossa Perpétua, como carinhosamente os colaboradores e amigos a designam, merecia da minha parte um pouco de tempo, um tempo transformado em memórias, neste momento a única forma de visitar a Perpétua sem prevaricar ao nível da quarentena e sem por em causa a segurança de todos. Esta é uma situação que o vírus ainda não conseguiu roubar-nos, as nossas memórias e, no que à SFPA diz respeito, as minhas recuam no tempo mais de três décadas. Uma coletividade tem como o
próprio nome anuncia um sentido humano plural que faz perceber que é muito mais do que o seu espaço físico ou a sua sede. É, sobretudo, o grupo humano que a compõe. A Perpétua é muito mais do que aquele edifício, já velhinho, com 43 anos. Ela é composta pelas memórias dos que a ajudaram a criar, a construir e a manter, para que possa fazer jus ao seu nome e possa perdurar no tempo.
Assim sendo, o tempo que estou a despender para redigir este pequeno texto está a ser aproveitado como forma de me lembrar de todos aqueles que fazendo parte da História antiga e recente da SFPA fizeram e alguns ainda fazem, felizmente, parte da minha vida associativa. Do Teatro às Marchas Populares, passando pelo Ballet, pelo Coral, pela Orquestra e pela Filarmónica, com todas colaborei, em todas aprendi. A
coletividade foi para mim também um lugar de aprendizagem, no que à democracia diz respeito. É impossível esquecer que as coletividades foram pequenos polos democráticos, mesmo no tempo da ditadura. Se a família e a escola me incutiram os valores necessários para uma vida em sociedade, posso garantir-vos que a Perpétua me ajudou a consolidá-los porque me exigiu pô-los em prática.
É muito usual que as pessoas ligadas às coletividades, e a comunidade que as apoia e avalia com críticas construtivas importantíssimas para a regulação das formas de atuar, enfoquem a sua análise no que as pessoas dão à coletividade, no entanto, há também o reverso da medalha, ou seja, o retorno que a coletividade lhes dá, medido em termos de satisfação pessoal, aprendizagem, fruição cultural e amizades para a vida. Neste caso, até os aspetos negativos que também existem são momentos formativos, ao nível pessoal e social. Termino com uma muito sentida homenagem a todos os que fizeram e fazem parte da História da nossa Perpétua, nestes 138 anos de existência, nomeadamente a atual Direção que tem em mãos um período difícil de afastamento físico, mas que tal como eu também já afirmei, “longe da vista não quer dizer forçosamente longe do coração”, e muito menos da preocupação. Tenho uma saudade imensa do convívio entre os colaboradores e as atividades e despeço-me com uma mensagem de esperança: Todos juntos vamos conseguir. PARABÉNS PERPÉTUA!
Covid-19
Linha de emergência [ FOTOS: CMS
Dezenas de voluntários percorrem, diariamente, o concelho para levar bens essenciais e medicamentos a pessoas pertencentes a grupos de risco, no âmbito de uma linha de emergência criada pela Comissão Municipal de Proteção Civil de Setúbal. À janela ou à porta de casa. É assim, por estes dias, que muitos setubalenses têm recebido os bens de que mais necessitam para evitar saídas à rua que podem colocar em risco a sua saúde. Os pedidos são feitos através de uma linha de emergência gratuita criada a 24 de março pela Comissão Municipal de Proteção Civil de Setúbal e que conta com voluntários da Câmara Municipal, das juntas de freguesia do concelho e de diversas entidades com responsabilidades na área da intervenção social. O 800 212 216 está disponível, à distância de uma chamada telefónica, para os munícipes identificados como pertencentes a grupos de risco neste cenário de pandemia Covid-19. Perto de três centenas de pessoas, entre idosos com mais de 70
anos, doentes oncológicos, portadores de deficiência ou em quarentena por Covid-19 e até algumas pessoas com insuficiência económica, já ligaram para esta linha a pedirem ajuda para que lhes levem a casa o que mais precisam. Os voluntários anotam a lista de compras e inicia-se uma rede de apoio que passa pela aquisição de produtos alimentares ou de higiene nos supermercados e de medicamentos nas farmácias e termina à porta ou à janela de quem solicitou ajuda. “Protejam-se e avisem se precisarem de alguma coisa”, diz uma voluntária que entrega as compras, sobretudo bens alimentares, a uma idosa acompanhada pelo filho. A mulher sorri e o homem responde. “Obrigado. É que não podemos sair de casa, sobretudo por ela, e isto é uma grande ajuda”, diz, enquanto carrega o cesto de compras. Está concluída mais uma entrega. Segue-se a próxima paragem. A janela de alguém que está doente e não pode sair. Os voluntários entregam os medicamentos e alguns pro-
dutos essenciais e, de volta, recebem um sorriso e um agradecimento. É assim, todos os dias, que esta rede de solidariedade se move por todo o concelho. Até à data, foram recebidos perto de três centenas pedidos de ajuda, sobretudo de grupos de risco, mas também já foram identificadas e integradas na rede situações de grande fragilidade económica, decorrente dos problemas gerados pelas situações de perda de emprego ou da capacidade de autofinanciamento. Para que ninguém fique de fora, é, igualmente, possível que outras pessoas que não se enquadrem nos grupos de risco solicitem apoio através da linha de emergência. O pedido é analisado pela DISOC, Rede de Apoio Social e pela junta de freguesia do requerente para eventual integração em redes de apoio de distribuição de alimentos e medicamentos. O banco de alimentos criado para dar resposta à distribuição de bens essenciais fica instalado na Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal.
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Jornal de Azeitão
maio de 2020
Covid 19
Bacalhôa Vinhos oferece máscaras e desinfetante [ CMS
Setúbal recebeu 8500 máscaras de proteção e 1700 litros de desinfetante, que foram distribuídos por diversas entidades locais, câmara municipal e juntas de freguesia, numa oferta solidária destinada a dar resposta à escassez destes materiais imprescindíveis durante a pandemia. Coordenada com instituições locais e nacionais, a Bacalhôa Vinhos de Portugal, empresa sediada em Azeitão, mobilizou-se para arranjar soluções que conseguissem suprir as carências que profissionais de saúde, elementos de proteção civil, forças de segurança, autarquias, e lares têm enfrentado no combate ao coronavírus. Câmara Municipal de Setúbal, juntas de freguesia, Centro Hospitalar de Setúbal e unidades de saúde do concelho, delegação
local da Cruz Vermelha Portuguesa, Proteção Civil e forças de segurança levantaram, esta manhã, o material de proteção contra a Covid-19 na sede da empresa. Do material médico e de proteção encomendado pela própria em-
Agrupamento de escolas de Azeitão
Em tempo de pandemia POR BERNARDO COSTA RAMOS
Em tempo de pandemia quem manda é o vírus. No dia 13 de março as aulas presenciais foram suspensas, os alunos enviados para casa, os professores e funcionários esperaram por indicações e a direção começou a preparar o embate. Estávamos quase no final do 2º período e, pela primeira vez na nossa história, toda a comunidade ia ficar obrigatoriamente confinada em casa e as escolas teriam que arranjar novas maneiras de chegar aos alunos e minorar os “estragos”. Surge o ensino remoto de emergência (que o ensino a distância tem características um pouco diferentes…) para todos os alunos. A diretora do Agrupamento, Clara Félix, falou connosco e enunciou as várias etapas percorridas para enfrentarem as dificuldades. Refere o cansaço destas semanas, mas também a satisfação do esforço coletivo da comunidade escolar para continuarem a ensinar os estudantes. Numa primeira fase foi efetuado o levantamento dos alunos que não tinham equipamento informático, ligação à internet ou ambos. Foram identificados menos de 20 casos e, como primeira ação, a Direção emprestou os computadores da Biblioteca a esses alunos. Para além disso, a Junta de Freguesia de Azeitão deu verba para serem pagas 10 ligações à internet de alunos do escalão social A. Foi ainda efetuada uma campanha para angariar mais equipamento de quem quisesse doar. Um pai voluntariou-se para com os professores ficarem encarregues de “reciclar” e limpar o equi-
pamento doado para ser entregue aos alunos necessitados. Os professores iam comunicando com os alunos e Encarregados de Educação de forma síncrona e assíncrona e a comunidade construiu um documento orientador intitulado “Plano de Ensino a Distância (E@D) do Agrupamento de Escolas de Azeitão”, publicado no dia 7 de abril no site do Agrupamento e distribuído digitalmente a todos. Ali se encontra a definição de papéis, estratégias, plataformas a usar (Moodle ou Classroom), modelo de ensino, planos de trabalho… enfim, a definição do “modus operandi” para todos enfrentarem esta situação de emergência. Entretanto mais donativos e ajudas foram chegando. Como exemplos, para além dos já citados, Clara rFélix, refere que «A Brigada do Mar», a Associação Novo Mundo e a Empresa Social Varina, entregaram 10 computadores doados por uma seguradora. Para além disso, elogia o trabalho dos pais. Dá como exemplo a Associação de Pais da Brejoeira que se disponibilizou para tirar cópias de material didático para os alunos carenciados e entregarem as mesmas. Outro aspeto das escolas é a ajuda dada na alimentação dos alunos carenciados e este Agrupamento não é exceção. Assim, fornecem entre 14 e 18 refeições diárias e são também uma escola de acolhimento para os filhos de elementos de forças de segurança, médicos, enfermeiros e outros que não pararam as suas atividades durante a pandemia. Uma coisa é certa, novas competências estão a ser adquiridas e esse é o papel principal de qualquer escola.
presa vinícola para Setúbal, consta um total de 8500 máscaras, que chegaram esta semana da China, e 1700 litros de álcool gel, produzidos graças à cooperação de uma unidade de destilação nacional. Para a presidente da Câmara
Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, as ações de solidariedade tomadas por inúmeras instituições e empresas do concelho “neste momento de crise” traduzem-se “em verdadeiros exemplos para Portugal”. Esta ação integra-se numa campanha de âmbito nacional desenvolvida pela Bacalhôa Vinhos, que angariou quatro mil litros de gel desinfetante e 15 mil máscaras cirúrgicas para distribuição nos concelhos do Porto, Setúbal, Aveiro, Anadia, Oliveira do Bairro, Águeda e Estremoz, com os quais a empresa tem uma ligação especial. A disponibilização de tratores, utilizados normalmente no tratamento de vinhas, para a desinfeção das ruas é outras das medidas envolvidas neste projeto, o que,
no caso de Setúbal, decorre desde o final de março, com quatro unidades. Estes meios, postos ao dispor do município, permitiram reforçar a intervenção de higienização do concelho desenvolvida para garantir as condições de segurança da população. Cada veículo, com capacidade de dois mil litros e equipado com um nebulizador, ou seja, um instrumento que espalha o desinfetante em forma de vapor, chegando a todos os locais, assegura a lavagem de sete quilómetros de rua por hora. Até à data, já percorreram mais de quinhentos quilómetros de vias nas cinco freguesias de Setúbal numa tentativa de reduzir os riscos de contaminação e de infeção por Covid-19.
O Monstro do Parque POR MANUEL JOÃO RAMOS
A estrada que liga, junto ao mar, o Vale da Rasca ao Portinho da Arrábida é uma estrada emblemática e, como se sabe, agora com trânsito muito condicionado. A ligação foi rasgada no início dos anos setenta e sempre causou tensão entre o apetite popular pelo acesso facilitado às praias e as intenções conservacionistas do Parque Natural. O risco de queda de rochas, sendo real, tem servido como justificação mal explicada e, por isso, mal compreendida, para um progressivo controlo draconiano do trânsito e do estacionamento dos veículos de quem vai a banhos na Figueirinha, em Galápos ou no Creiro. Até 1970, parava umas centenas de metros antes da praia de Galápos. Hoje, quase invisível na rocha, ainda se podem adivinhar os vestígios da pequena tasca que ali havia e depois se deslocou para a praia (é hoje o Restaurante O João). A estrada servia sobretudo de acesso a duas estruturas antitéticas nascidas no início do século XX, uma para curar os males que a outra amplificava: o sanatório, agora hospital, do Outão e a cimenteira da SECIL. Atravessar o perímetro da cimenteira é uma experiência visual perturbante, tanto porque impressiona como porque choca. É difícil não nos perguntarmos, de cada vez que por lá passamos, porque razão uma cimenteira – e a pedreira anexa - é autorizada a operar bem no âmago de um parque natural, como uma chaga purulenta numa paisagem protegida reconhecida como
das mais belas do país. Mas antigamente a experiência era muito mais intensa: à aproximação da cimenteira, os odores execrandos dos fornos penetravam nos pulmões como facas e as poeiras giravam no ar e manchavam toda a paisagem. Hoje em dia, a poluição tornou-se mais insidiosa. Como a dos automóveis, deixou de ser tão visível, mas nem por isso menos perigosa. As micropartículas que se libertam dos fornos de co-incineração (onde se queimam resíduos quimicamente nocivos) são, por virtude dos ventos dominantes na zona, geralmente transportadas para a baía de Setúbal, preservando os doentes do hospital do Outão, poucos quilómetros para Oeste. Em Setúbal, misturam-se com as micropartículas emitidas pelos motores a diesel, pelo fuel dos navios e pelo sem número de fábricas poluentes da região. Ao contrário das partículas de monóxido de carbono, as micropartículas conseguem penetrar na corrente sanguínea e atingem todos os órgãos (dos seres humanos, como dos animais e dos vegetais). São, globalmente, responsáveis pela morte de quatro a sete milhões de pessoas todos os anos. É por isso irónico que uma das causas principais de poluição ambiental da região tenha a sua origem num parque natural, que
deveria ser precisamente um espaço sacro de protecção ambiental. A cimenteira deveria, não fosse a renovação da concessão motivada precisamente pelo programa de coinceneração, encerrar portas em 2021. Assim, vai continuar a contribuir para adoecer e matar a população de Setúbal até 2044. É também irónico que o Hospital do Outão, que nasceu como sanatório para curar doenças respiratórias, esteja em vias de ser desactivado e deslocado para a cidade, onde os doentes serão muito mais afectados pela poluição atmosférica que junto à beira-mar, numa paisagem idílica. Neste momento em que o mundo se confronta com a pandemia de uma doença respiratória que mata sobretudo quem tem as defesas imunitárias enfraquecidas pela poluição atmosférica, há que reconhecer que somos vítimas de más opções passadas e aproveitar esta crise como oportunidade para repensar o futuro, valorizando em vez de continuar a destruir o extraordinário património que é o Parque Natural da Serra da Arrábida. Uma opção sensata seria encerrar já a cimenteira e voltar a dar ao hospital do Outão a sua nobre função de unidade para recuperação de doentes com doenças respiratórias. Houvesse coragem política para tal...
Jornal de Azeitão
maio de 2020
Prémio 5 Estrelas Regiões
Obras Aldeia da Piedade
Redes de saneamento e abastecimento Uma operação liderada pela Câmara Municipal de Setúbal leva a um aglomerado habitacional da Aldeia da Piedade um conjunto de infraestruturas urbanas que se traduzem na melhoria da qualidade de vida da população local. A obra, um investimento superior a 90 mil euros, centra trabalhos nas ruas Celestino Cachão e da Vitória, com a criação de novos troços da rede de drenagem de águas residuais domésticas e a renovação de infraestruturas de abastecimento de água. A intervenção, a decorrer desde o início de abril, contempla a construção de mais de 700 metros de novos coletores domésticos, câmaras de visita e a execução de ramais domiciliários nas edificações existentes naqueles arruamentos. O prolongamento desta rede de saneamento resulta na eliminação de um conjunto de fossas séticas, o que se traduz em benefícios ambientais e num melhor serviço público prestado àquela população.
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[ CMS
Tortas de Azeitão, em “Doçaria Regional”, e o Portinho da Arrábida, em “Praias” [ DR
Esta operação, inclui ainda a beneficiação da rede de distribuição de água, neste caso com a instalação de mais mil metros de novas tubagens e execução de ramais domiciliários. Este investimento enquadra-se no conjunto de requalificações que a autarquia tem vindo a implementar na Aldeia da Piedade, tanto por empreitada como por administração direta, com vista ao reforço da qualidade de vida urbana.
Neste caso, trata-se ainda de uma intervenção sinalizada na última edição do projeto "Ouvir a População, Construir o Futuro", que leva o Executivo da Câmara Municipal de Setúbal a percorrer o território para a identificação de necessidades. O prazo para a conclusão dos trabalhos, previsto para o terceiro semestre, dependerá, contudo, da evolução da crise pandémica do coronavírus Covid-19.
Setúbal venceu cinco das onze categorias de reconhecimento de ícones de referência nacional na terceira edição do Prémio Cinco Estrelas Regiões, com destaque para a Feira de Sant’Iago, distinguida pela primeira vez nesta votação dos consumidores. Recursos naturais, gastronomia, arte e cultura, património e outras áreas regionais de referência nacional foram avaliados numa votação nacional, na qual os portugueses identificaram, para cada um distritos e regiões autónomas, o que consideram extraordinário a vários níveis. Em 2020, são cinco os ícones setubalenses reconhecidos como sendo extraordinários e merecedores do Prémio Cinco Estrelas Regiões no Distrito de Setúbal, que exal-
ta o que de melhor existe no país. A Feira de Sant’Iago, na categoria “Festas, Feiras e Romarias”, ganhou pela primeira vez neste evento, a que se juntaram o choco frito, em “Cozinha Tradicional Portuguesa”, o Moscatel de Setúbal, em “Vinhos”, as tortas de Azeitão, em “Doçaria Regional”, e o Portinho da Arrábida, em “Praias”, que já haviam vencido em 2019.
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Jornal de Azeitão
maio de 2020
A cultura é tudo o que nos salva em vida [ DR
POR RAQUEL BENTO CHEGANÇAS
Cresci com os filmes da Disney. Cresci a acreditar na mensagem que os meus filmes de infância transmitiam. Mensagem carregada de elementos positivos como esperança, tolerância e resiliência. Cresci com incentivo pelos meus pais à curiosidade. Descobri que o mundo era muito maior do que a minha casa e a minha rua quando visitei a EXPO 98, evento que decorreu onde é hoje o Parque das Nações, em Lisboa. Aí percebi que o mundo era a minha casa, a nossa casa, com todas as suas diferenças. Os filmes, os livros, as pessoas e as viagens que acompanharam o meu crescimento, moldaram a minha personalidade. Mas as minhas opiniões e perspetivas são maleáveis de acordo com as circunstâncias. Até porque se há algo que não existe, são certezas absolutas e infalíveis. A experiência não é aquilo que nos acontece mas sim, aquilo que fazemos com o que nos acontece. Ou seja, acredito que a verdadeira transformação ocorre de dentro para fora. E é essa mudança interior, que nos está a ser exigida, nesta realidade tão atípica que estamos a viver. Desde que o vírus chegou, a linha da frente tem sido assegurada pelos três mais importantes pilares de um estado democrático: os profissionais de saúde que travam uma dura batalha nos corredores dos hospitais contra um adversário invisível e silencioso, tentando salvar o máximo de vidas que conseguem; as forças armadas e forças de segurança que trabalham para garantir o cumprimento das regras de saúde pública, apelando ao bom senso e espirito de cooperação dos cidadãos; os professores que trabalham incansavelmente para que a educação continue a ser uma ferramenta essencial no presente e no futuro. Mas há tantos outros, cujo esforço deve ser igualmente louvado: os funcionários dos supermercados, os camionistas, os responsáveis pelo pequeno comércio de bens essenciais e serviços, uma vasta rede de voluntários que se organizam para fazer chegar refeições e bens alimentares a quem mais precisa. E claro os encarregados de educação que têm de se dividir em multitarefas, para além do teletrabalho. Todos são dignos de reconhecimento. Existem ainda aqueles que entram na nossa casa todos os dias e noites, através da televisão e das redes sociais, desde que a quarentena e o isolamento começaram. E é a esses, a quem dirijo agora, a minha especial atenção. Os agentes culturais. Todos os museus dispo-
nibilizam as suas coleções online e promovem visitas virtuais. As livrarias independentes correm o risco de encerrarem e lançaram um apelo à sociedade: “Comprem livros, os portes são gratuitos”. Peças de teatro e filmes tornam o nosso serão em família ou sozinhos, mais aconchegante. A música acompanha-nos durante o dia e noite. O próprio Jornal de Azeitão iniciou a sua distribuição gratuita no formato físico e disponibilizou uma versão digital para que a leitura possa chegar a todos. Não obstante a toda esta solidariedade, a verdade é que a cultura é sempre última a ser lembrada por aqueles que colocam a economia em primeiro lugar. Não estou a invalidar o papel da economia pois esta faz o mundo avançar, com todos os seus resultados bons e menos bons. Mas a cultura remete-nos para uma compreensão mais humana e espiritualista da nossa essência. Há tempos encontrei a seguinte frase: “Cultura é tudo aquilo que a gente se lembra após ter esquecido o que leu. Revela-se no modo de falar, de sentar, de comer, de ler um texto, de olhar o mundo. É uma atitude que se aperfeiçoa no contato com a arte. Cultura não é aquilo que entra pelos olhos, é o que modifica o seu olhar”. O autor foi José Paulo Paes, um poeta brasileiro falecido em 1998. Mais do que a autenticidade da autoria, é a autenticidade das palavras, do sentido humanista, de cidadania. Se soubermos colocar e manter a cultura na base da pirâmide, estaremos a investir no conhecimento (não confundir conhecimento com informação). Estaremos a criar uma ponte de compreensão e respeito entre nós e para com todos os seres vivos, a natureza, a nossa casa comum. Todos os filmes vistos (e os que ainda estão por ver), todos os livros lidos (e os que ainda estão por ler), todas as minhas experiências culturais vividas (e todas as que ainda estão por viver), sejam estas, traduzidas em espaços ou pessoas, são aquilo a que eu posso chamar como sendo verdadeiramente meus. São todo um conjunto que me têm permitido aprender e crescer. A cultura é o que fica, quando tudo o resto se perde. A cultura dá-nos humildade e despoja-nos de preconceitos e materialismos. É tudo o que nos salva em vida.
Jornal de Azeitão
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Jardinar é fácil!
Setúbal
CRINO
Comemorações 25 de Abril [ CMS [ DR
POR JÚ MENDÃO
Muito semelhantes aos lírios, os crinos são plantas ornamentais da família das amarilidáceas. Na maioria das espécies apresentam um bolbo grande de onde nascem folhas, que podem medir mais de um metro de comprimento. As flores, que vão do puro branco ao rosa e ao avermelhado, aparecem agrupadas no ápice de um talo firme, desprovido de folhas e organizadas em forma de umbela.
Em cada talo desabrocham cerca de quatro a seis flores, desde a Primavera até ao Verão. Os crinos, apesar de tolerarem sítios sombrios, desenvolvem-se melhor em pleno Sol. Para maior sucesso no cultivo, a terra deve ser
rica em matéria orgânica e com regas frequentes. O método mais comum de propagação é através da divisão das touceiras, mas como as folhas dos crinos são bastante longas, procure deixar pelo menos cinquenta centímetros entre um bolbo e outro. Plantas bastante ornamentais, os crinos são excelentes opções para canteiros. A delicadeza das flores, aliada ao delicioso perfume, vão de certeza enriquecer qualquer projecto paisagístico.
Música portuguesa
DINO D’ SANTIAGO – “KRIOLA” [ DR
POR DAVID ALVITO
Vivemos tempos complicados. Fechados em nossas casas, vemos o mundo cultural praticamente parado, sem espetáculos, sem discos para lançar e sem livros para apresentar. Dino D’Santiago quis romper com esse estigma e, em pleno estado de emergência, lançou o seu mais recente disco de originais “KRIOLA”. O novo trabalho do músico algarvio de origem cabo-verdiana é uma fusão de sons e ritmos africanos, como o batuque e o funaná, envolvidos em vozes
de desafios. Confinados ao nosso espaço, procuramos formas de lutar e de criar. Dino D’Santiago aproveitou este momento único na história para deixar a sua marca e fazer aquilo que sabe fazer melhor: música. Acreditem, este é um trabalho que ficará marcado na cultura de língua oficial portuguesa. melodiosas e toques eletrónicos, numa viagem que passa pela Ilha de Santiago, em Cabo Verde, Lisboa, Lagos, na Nigéria, Londres e Luanda, em Angola. Os tempos são de resiliência,
DINO D’ SANTIAGO – “KRIOLA” - HTTPS://WWW.FACEBOOK.COM/ DINODSANTIAGO/ EDIÇÃO SONY MUSIC PORTUGAL – WWW.SONYMUSIC.PT FORÇA TOTAL À MÚSICA NACIONAL! DAVIDALVITO@GMAIL.COM
Obras Estrada dos 4 Castelos
Acabamento slurry – ciclovia HUB10 A Câmara Municipal de Setúbal, que, em conjunto com os municípios de Palmela e Sesimbra, impulsionou uma obra de requalificação urbana na Estrada dos Quatro Castelos, está a finalizar as intervenções no troço cuja gestão lhe pertence. “HUB10 – Plataforma Humanizada de Conexão Territorial” é a designação da operação intermunicipal dinamizada ao longo da Estrada dos Quatro Castelos, via que se encontra na orla dos municípios de Setúbal, Palmela e Sesimbra e que foi alvo de uma profunda requalificação urbana. Esta ação, concretizada com financiamento comunitário assegurado ao abrigo do Lisboa 2020 – Programa Operacional Regional de Lisboa, englobou trabalhos de reabilitação da rede viária e pedonal, incluindo a criação de uma ciclovia, arranjos paisagísticos, iluminação pública e a criação de redes de drenagem de águas pluviais. No que respeita à intervenção
liderada pela Câmara Municipal de Setúbal, os trabalhos estiveram centrados num troço com cerca de 900 metros compreendido entre a ponte da Ribeira de Coina, antes da entrada para a Quinta do Conde, e o novo nó giratório criado naquela estrada para acesso, entre outros, à A2. No âmbito deste investimento, a autarquia setubalense tem em curso a finalização da nova ciclovia criada neste troço com gestão municipal, o qual está a receber um revestimento superficial slurry, composto por uma argamassa sintética colorida de elevada resistência. O HUB10 foi dinamizado com o intuito de promover a melhoria de um eixo de comunicação numa perspetiva integrada e inclusiva do território e das comunidades, com a promoção de melhores acessibilidades e a harmonização do modo rodoviário com a mobilidade suave. O projeto tem como objetivo promover a Península de Setúbal como
uma área privilegiada e dinâmica de expansão da região metropolitana de Lisboa, através da melhoria desta via de comunicação estruturante no contexto da conurbação urbana composta pelas duas margens da cidade de Lisboa. No caso de Setúbal, esta ação é dinamizada em articulação com o projeto Ciclop7 – Rede Ciclável e Pedonal da Península de Setúbal, em curso na cidade sadina, e que se traduz na implementação de novas soluções de mobilidade urbana, incluindo novos troços urbanos de ciclovia. Esta operação urbanística, igualmente em curso e já com várias secções finalizadas, abrange um troço rodoviário e pedonal compreendido entre o final da Avenida 5 de Outubro e o limite norte do concelho de Setúbal, numa extensão total de aproximadamente três mil metros.
“Vivemos um tempo difícil, que nos une num combate severo para defender a vida de todos”, sublinhou Maria das Dores Meira, ao afirmar que esta é uma nova razão para recordar que a liberdade e a dignidade têm um preço. “A defesa do bem comum, uma sociedade mais justa, mais solidária, inovadora, criativa e corajosa.” A pandemia do coronavírus Covid-19, apontou a autarca, “obriga-nos a meditar que nada nesta vida é garantido se não soubermos defender as conquistas que Abril nos trouxe e, de entre elas, está o Serviço Nacional de Saúde, que protege e cuida de todos os portugueses”. As valiosas conquistas da Revolução dos Cravos perduram. “Nesta data, há 46 anos, se fez a mudança que nos devolveu a liberdade e a dignidade.” Contudo, advertiu, este é um caminho que não está terminado. ”Há tanto por concretizar numa sociedade em que todos, sem exclusão, usufruam de uma vida digna.” A saudação das comemorações do 25 de Abril de 1974 foi, pela primeira vez, partilhada por Maria das Dores Meira por um meio audiovisual, algo que a presidente da autarquia espera que não se repita mas, devido ao distanciamento social a que população está sujeita, foi necessário para celebrar a Liberdade. “Ao cumprirmos as regras do Estado de Emergência protegemos o bem maior que é a vida de todos nós, louvando a coragem e a dedicação de todos os profissionais do Serviço Nacional de Saúde, forças de segurança, proteção civil, bombeiros, serviços municipais e freguesias, instituições e voluntários que estão na linha da frente no combate contra um inimigo invisível mas implacável.” A presidente da Câmara Municipal de Setúbal frisou ainda que na adversidade vale muito mais a união. “A doença contagiosa que varre todo o planeta vem-nos ensinando como juntos valemos mais do que a manta de retalhos de um mundo dividido, arrogante, destrutivo e sem cooperação.” Os 46 anos da Revolução dos Cravos, salientou o presidente da Assembleia Municipal de Setúbal, André Martins, em intervenção na sessão solene difundida ontem ao final da noite em vídeo nos canais digitais, são assinalados num momento em que o país enfrenta a maior crise sanitária da democracia. “Apesar dos condicionalismos que vivemos e com a convicção de que o 25 de Abril se deve comemorar no espaço público, a Assembleia Municipal de Setúbal, respeitando as regras do confinamento e do isolamento social, não quis deixar de assinalar o Dia da Liberdade”, indicou. “Ontem como hoje, a nossa luta
como povo continua. Em 25 de Abril de 1974 saímos à rua para derrubar a ditadura e o fascismo e afirmar a liberdade na construção de um Estado democrático. Hoje ficamos em casa para combater o coronavírus. Assumimos responsavelmente a luta pela defesa da vida.” André Martins elogiou o cumprimento generalizado “das exigências de confinamento e isolamento social” motivadas pela Covid-19 e deixou uma saudação especial pelo “esforço e dedicação de todas e de todos os que, com risco da própria vida, continuam a trabalhar para o bem comum”. Num paralelismo entre o passado e o presente, o presidente da Assembleia Municipal de Setúbal enalteceu o prestígio português. “Ontem, a Revolução dos Cravos mereceu-nos o reconhecimento e a admiração da comunidade internacional. Hoje somos elogiados pela forma serena, mas determinada, como combatemos a pandemia.” Assim, salientou, estas são razões para que nos sintamos orgulhosos de ser portugueses “e, por maioria de razão, setubalenses e azeitonenses, nestas terras onde Abril floriu”, para depois desafiar a população para, às 15h00, a partir de casa, em nome da Liberdade, ir à janela para cantar “Grândola, Vila Morena”. O filme da sessão solene contou ainda com intervenções de representantes de todas as forças partidárias com assento na Assembleia Municipal. Esta sessão especial começou com a Marcha do MFA e terminou com o Grândola, Vila Morena cantado com vozes feminina e masculina e o Hino Nacional. As comemorações dos 46 anos do 25 de Abril incluíram, no período da manhã, a cerimónia protocolar de hastear da bandeira nos Paços do Concelho e a deposição de flores no monumento à resistência antifascista na Avenida Luísa Todi, com a União de Resistentes Antifascistas Portugueses. Da parte da tarde, a festa de Abril, este ano afastada das ruas de Setúbal, é assinalada de forma inédita com um programa que exalta a celebração da Liberdade em casa, com um conjunto de atividades no âmbito da iniciativa Dentro de Casa, integrada no programa Setúbal em Casa com Arte.
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Jornal de Azeitão
maio de 2020 [ SFPA
Receitas vegetarianas
Bolo de maçã e canela
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Marchas Populares
“Setúbal é um Tesouro” eleita a Grande Marcha “Setúbal é um Tesouro”, com música de Carlos Pinto e texto de José Condeça, foi eleita a Grande Marcha de Setúbal para 2020, a interpretar pelas coletividades participantes nos desfiles, que este ano, decorrem excecionalmente em setembro devido ao coronavírus. Os vencedores, com direito a um prémio de 2500 euros, foram escolhidos em decisão tomada a 9 de abril pelo júri do concurso promovido anualmente pela autarquia, composto pelas fadistas Piedade Fernandes, presidente, e Inês Duarte e pelo maestro Raul Avelãs. A canção “Setúbal é um Tesouro” será interpretada por todas as coletividades no certame, adiado para setembro.
Clube Recreativo da Palhavã, Grupo Desportivo Independente, Núcleo Bicross de Setúbal, Núcleo dos Amigos do Bairro Santos Nicolau, União Cultural, Desportiva e Recreativa Praiense e União Desportiva e Recreativa das Pontes são as seis coletividades participantes. Recorde-se que o evento, que deveria realizar-se em junho por altura dos santos populares com desfiles na Avenida Luísa Todi e na Praça de Touros Carlos Relvas, foi remarcado para setembro, passando a integrar a programação das Comemorações Bocagianas. No final de maio, realiza-se uma nova avaliação sobre a avaliação do cer-
tame, tendo em conta as informações disponíveis nessa altura sobre a evolução da pandemia de Covid-19. Como noticiamos na nossa edição de abril, a Perpétua Azeitonense, com um longo historial nas Marchas e que ficou em 1º lugar nas do ano passado, não irá participar na edição de 2020. Segundo informação que chegou à nossa redação conseguimos apurar que esta decisão se deve à falta de disponibilidade do “núcleo duro” das marchas, ou seja, um grande número de marchantes femininas encontra-se grávida e, como tal, a coletividade não conseguiria garantir a qualidade necessária para a sua marcha.
Rua José Agusto Coelho, 142 • 2925-539 Azeitão
POR SOFIA FERNANDES
Preparação: Lavar bem as maçãs, cortá-las em quartos, manter a casca, mas retirar os caroços do centro. Reservar uma para a cobertura. Triturá-las junto com o açúcar e geleia de agave, num processador de alimentos, a uma velocidade máxima, durante cerca de 30 segundos. Juntar o fermento, o bicarbonato e o vinagre. Adicionar o óleo em alternância com a água a ferver e misturar bem. Por fim adicionar a farinha e envolver tudo. Cortar a maçã reservada em fatias finas e dispor sobre o bolo a gosto. Polvilhar com um pouco de canela por cima.
Levar ao forno a 180º em forma untada ou forrada com papel vegetal, durante cerca de 30 minutos. Desenformar, deixar arrefecer e cobrir com a cobertura de chocolate, feita no micro-ondas ou num pequeno tacho em banho-maria, juntando todos os ingredientes, envolvendo-os durante uns minutos até obter um creme homogéneo.
Ingredientes 4 maçãs médias (1 para a cobertura) 100 gr de açúcar de coco 60 gr de geleia de agave 320 gr de farinha (de trigo ou espelta) 1/2 chávena de óleo vegetal (girassol, linhaça ou côco) 1 chávena de água bem quente (200ml) 2 colheres de sopa de fermento em pó 1 colher de café de bicarbonato de sódio 2 colheres de sopa de vinagre de cidra 1 colher de chá de canela
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