Jornal de Azeitão - Março

Page 1

[ F. CORREIA

Jornal de Azeitão “Imaginar é mais importante que saber, pois o conhecimento é limitado enquanto a imaginação abraça o Universo.”

DIRETOR: BERNARDO COSTA RAMOS

PERIODICIDADE: MENSAL

ANO 23

N.º 282

MARÇO DE 2020

Albert Einstein

PREÇO: 0,60 €

[ DR

Grande Entrevista

Manuel João Ramos Entre a palavra e o desenho, uma viagem PÁG. 08/09

PÁG. 08 e 09

"A minha ligação à Serra da Arrábida, e ao seu mar, vem de longe, de uma infância passada em Galapos, Portinho e Sesimbra." [ DR

Obras: Brejos de Azeitão Requalificação de vias

PÁG. 03

Desporto

PÁG. 16

Barista azeitonense

Tiago Nunes

Onda Azeitão em destaque no Meeting Internacional de Lisboa

[ CMS

“Servir algo que consiga mexer com quatro dos cinco sentidos é provocar emoções nas pessoas”

PÁG. 05


02

Jornal de Azeitão

março de 2020

março.28

Editorial

As decisões dos especialistas POR BERNARDO DA COSTA RAMOS

Portugal é, sem dúvida, um país de especialistas. Especialistas estes que fazem estudos, estudos estes que, em geral, não servem para quase nada, correção, servem para alguém ou algum organismo se escudar por detrás dos mesmos para bits e bytes de desinformação ou de conversa demagógica. Há mais de 30 anos que se refere a necessidade de mais um aeroporto para Lisboa. Vários Governos, várias localizações, vários estudos, várias opiniões, várias defesas deste ou daquele espaço. Mas o resultado até agora é este: zero. Não existe um consenso. O único consenso é que já gastámos milhões em estudos e ainda não existe uma tomada de decisão definitiva. Erro quando refiro que não existiu uma decisão definitiva. Este Governo tomou-a, numa espécie de “estamos fartos disto, ou vai ou racha. Dentro das opções vamos por esta!” Com uma decisão sem recuo, por entre aves, natureza, poluição, pista curta demais, níveis de ruido para os habitantes das rotas…etc etc as polémicas iam e vinham ao sabor das marés, mas íamo-nos convencendo que o caminho era aquele. Mas não era. Em Portugal existe sempre mais qualquer coisa e neste caso lá estava, uma lei. O que me deixa perplexo é o “esquecimento” da legislação. Como é que passados tantos anos ninguém notou que a lei exigia a concordância de todos os Municípios? Como é que se gastam milhões de euros em estudos, em especialistas e se ignora uma lei fundamental? Mas

a solução para dar a volta ao problema é ainda mais estonteante e tipicamente “portuga”, ou seja, para este Governo a solução passa por mudar a lei para levar a sua vontade avante. É caso para dizer “Se o aeroporto não vai à lei, vai a lei ao aeroporto”. Enfim…

Novo Banco O Novo Banco é nosso. Depois de tantos milhões de milhões injetados pelo Estado e pensando que o Estado somos todos nós, então aquele Banco é financeiramente nosso. É incompreensível para os comuns mortais o que se passa com aquela instituição, com os milhões que todos os anos são precisos para ela se aguentar à tona financeira e conseguir estar a funcionar. A lei da eutanásia deveria ser aplicada a este Banco, está ligado à máquina e precisa de alguém que acabe com o seu sofrimento. Foi anunciada mais uma auditoria a este Banco. O mais caricato é que até 2016 este banco foi auditado pela PwC, depois pela EY e agora pela Deloitte. Estão a trabalhar nesta nova auditoria 40 auditores da Deloitte e mais 20 funcionários do banco dedicados só a isto, revelou António Ramalho, presidente do Novo Banco. Serão avaliadas as decisões sobre grandes créditos tóxicos cobrindo dados entre 2000 e 2018. O que me deixa perplexo, tal como no aeroporto, é o desleixo. O Novo Banco esteve a ser auditado, durante aquele período, por empresas que cobram somas milionárias e agora vai ser auditado ao que aquelas empresas já deviam ter auditado? Sou apenas eu a considerar que isto é, no mínimo, esquizofrénico? Enfim…

16.ª Meia Maratona Fotográfica Uma maratona fotográfica de dez horas, no dia 22 de março, e com inscrições abertas até dia 15, desafia fotógrafos profissionais e amadores a registarem imagens que representem o espírito do tempo. Iniciativa da Câmara Municipal com o propósito de estimular o gosto e interesse pela fotografia, despertando a atenção dos participantes para os recursos naturais, arquitetónicos e humanos do concelho, a 16.ª Meia Maratona Fotográfica dirige-se a profissionais ou amadores, de todas as idades e de qualquer ponto do país. Com o tema “O Espírito do Tempo” pretende-se que os participantes se sintam inspirados por sentimentos de nostalgia, reflitam sobre o choque de gerações e de culturas

e procurem captar a mudança inevitável do avanço do tempo. As inscrições para o concurso fotografia, inserido no m@rço.28, programa municipal que assinala localmente o Mês da Juventude, têm um custo de cinco euros e podem ser feitas até dia 15, sendo necessário o preenchimento de um formulário online, acessível através do endereço https://tinyurl.com/16MMF. Cada participante só pode inscrever-se num dos suportes indicados, analógico ou digital, e tem que, obrigatoriamente, efetuar um registo para cada um dos quatro subtemas da competição, revelados apenas no dia da odisseia fotográfica, a 22 de março. A Casa do Largo – Pousada da Juventude, no Largo José Afonso, é o ponto de partida

da maratona, a realizar entre as 10h00 e as 20h00, e que, depois da passagem por dois postos de controlo, no Moinho de Maré da Mourisca e auditório da Pousada da Juventude, termina com um momento de confraternização. A 16.ª Meia Maratona Fotográfica atribui prémios, patrocinados pela União das Freguesias de Setúbal e Junta de Freguesia do Sado, para os três melhores fotógrafos. 250 euros, 100 euros e uma máquina instantânea Fujifilm Instax Mini, respetivamente. Já as vinte melhores películas selecionadas, após a decisão do júri, composto por um representante da Divisão da Juventude do município e dois fotógrafos profissionais, serão integradas numa exposição coletiva, a inaugurar em maio.

Protocolos

Apoios financeiros às bandas filarmónicas [ DR

A Câmara Municipal de Setúbal aprovou, em reunião pública, a celebração de protocolos para a atribuição de apoios financeiros ao desenvolvimento de atividades de bandas filarmónicas do concelho. A verba, no total de 4500 euros, destina-se a financiar os programas artísticos a desenvolver em 2020, através da renovação dos protocolos estabelecidos entre a autarquia e as respetivas entidades. As sociedades filarmónicas Perpétua Azeitonense, Providência e Capricho Setubalense recebem, cada uma, 1500 euros para a atividade das respetivas bandas. Os protocolos a celebrar com as instituições definem o compromisso de realização de di-

versos espetáculos pelas bandas filarmónicas durante o corrente ano, em calendário acordado com a Câmara Municipal de Setúbal. A deliberação camarária sublinha que as bandas filarmónicas locais assumem “um papel preponderante na dinâmica sociocultural da cidade, enquanto testemunho e património cultural do meio onde se encontram

inseridas”, além de serem “um importante vetor do ensino da área da música e promotores da identidade associativa e artística do território”. Desde modo, a autarquia procura “criar condições para a manutenção de práticas culturais e pedagógicas, dotando as bandas filarmónicas de mais e melhores recursos para o exercício e ensino da atividade musical”.

Administrador: Jorge Maria de Carvalho - Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão • Director: Bernardo Costa Ramos • Redacção e Colaboração: Sofia Fernandes, David Alvito, Ju Mendão, Luís Miguel Almeida, Anabela Santos, Ana Cristina Farto, Joana Canhoto, Nuno Birrento, Ana Clara Birrento, João Guilherme Sousa Santos, José Paulo Diniz, Isabel Fernandes • Fotografia: Hugo Silva - Brejarte • Proprietário e Editor: Santa Casa da Misericórdia de Azeitão – NIPC 502 130 733. • Sede da SCMA e sede da Redacção: Rua José Augusto Coelho, 154 - Vila Nog. Azeitão - Telefone: 21 2198900 - Fax: 21 219 89 01 - E-mail: jornaldeazeitao@gmail.com Execução Gráfica e Impressão: Tipografia Rápida de Setúbal, Lda - Travessa Jorge D'Aquino, 7 - 2900-427 Setúbal • Depósito Legal: 218604/04 Empresa jornalística registada sob o nº 120298 • Tiragem 1.000 ex. Os textos publicados e assinados são da responsabilidade dos seus autores. nota: O Jornal de Azeitão publica os trabalhos dos seus jornalistas e colaboradores de acordo com a ortografia por eles escolhida. Estatuto Editorial: O Jornal de Azeitão é uma publicação periódica de âmbito regional, de carácter informativo e não doutrinário, que respeita os princípios deontológicos da imprenssa e a ética profissional. (Deliberação da Alta Autoridade para a Comunicação Social de 1 de Outubro de 1997).

2925 AZEITÃO TAXA PAGA

PORTE PAGO


Jornal de Azeitão

maeço de 2020

03

[ DR

Memórias

"O primeiro salto" POR ALICE SOUSA

O Portinho da Arrábida, sempre foi palco de brincadeiras e de momentos maravilhosos de amizade, carinho e cumplicidade. Cumplicidade essa, que existia principalmente entre mim e o meu primo Luisinho. Tínhamos um mês de diferença de idade e para mim, era um irmão! De todos os primos, o Luisinho era o que mais tinha dificuldade em nadar, mas isso não impedia que fosse para a água com todas nós! Era uma das pessoas mais sensíveis que conheci e o seu amor pelos animais era imenso! Os seus lindos caracóis e os seus olhos, que pareciam sempre assustados, faziam dele, um menino muito especial! Um dia, estávamos os dois na antiga rampa dos barcos, em frente ao posto da Guarda Fiscal, a olhar para a água e a ver as minhas irmãs e as nossas primas, a nadar e a saltar da dita rampa. Ele olhava muito sério para elas e não saltava. Então, eu perguntei porque não

saltava ele. Ao que ele respondeu: - Licita, eu não sou capaz!... - Mas tu sabes nadar!... Disse eu, sem perceber porque não saltava para a água, ali tão perto. Ele preferia descer a rampa até ao fim para ir nadar. Como a confusão era muita e a agitação na água era ainda maior, deixei para depois e fui saltar também. O Luisinho ficou por ali a brincar na água com todas as primas e divertimo-nos imenso. Mas eu não percebia, porque não saltava o Luisinho. Deixei que todas elas, as primas e irmãs se fossem embora e fui ter com ele para perguntar porque não saltava da rampa. Ele só respondeu: - Não sou capaz, Licita!... E fez uma cara triste. E eu voltei a perguntar: - Mas queres aprender a saltar comigo? Vamos os dois! Confia em mim Luisinho! Ele olhou para mim e disse com voz trémula: - Licita, eu tenho medo de não vir acima e ficar lá no fundo!... Ao ouvir isto, pensei um pouco,

de que maneira eu poderia ajudar o meu primo a saltar na rampa e disse: - Luisinho, vais dar-me a tua mão e saltamos os dois ao mesmo tempo e eu vou ao fundo contigo! Combinado? Ele olhou para mim e senti o medo no olhar dele, mas a confiança que tínhamos um no outro, fez com que ele agarrasse a minha mão com força e lá fomos para a rampa, os dois. Ficámos à beira da água por um bom tempo. Depois, apertámos as nossas mãos, olhámos um para o outro e lá demos o primeiro salto, juntos. Fomos ao fundo e eu puxei o Luisinho, para cima. Quando ele ficou com a cabeça fora de água, com um grande sorriso, disse: - Vamos outra vez Licita? Mas não largues a minha mão, está bem? - Não largo, não! Confia em mim! E lá saltámos muitas e muitas vezes. Divertimo-nos muito, os dois. Depois, foi só uma questão de tempo, até o Luisinho apren-

der a saltar sozinho. A confiança e o carinho que eu tinha com o meu primo Luisinho, já vinha desde pequeninos e ficou para o resto das nossas vidas, até ao dia em que ele partiu, deixando um vazio na minha vida, que nunca mais foi preenchido! Ele era uma pessoa sensível e um companheiro fiel! Muitas vezes, essa confiança

e cumplicidade de primos/irmãos foi necessária para nos ajudarmos mutuamente, a superar as dificuldades que a vida apresentava de vez em quando. Hoje, passados todos estes anos, fica uma certeza! As nossas mãos, estarão para sempre unidas e o mar do Portinho da Arrábida, é a maior testemunha da nossa cumplicidade!

vimos partir familiares e amigos, nesta sua última passagem pela vida terrena. Gostaríamos de lhe dar uma maior utilização, que não fosse somente no piedoso acto de Capela Mortuária, mas estamos cientes também da importância que tem para a nossa comunidade poder velar os seus entes queridos neste espaço sagrado que é de todos nós.

“Não se podendo fazer coisas grandes, cuidemos de fazer as coisas pequenas, mas com grandeza de coração”. (Madre Teresa de Calcutá)

Sétima Obra de Misericórdia Corporal “ENTERRAR OS MORTOS”

OBRAS DE MISERICÓRDIA “São estrada do amor que Jesus ensina” (Papa Francisco) POR JOSÉ AUGUSTO PIRES SECRETÁRIO DA MESA ADMINISTRATIVA

Em 1997, João Fernandes1 escreveu: “As Misericórdias, logo na sua matriz quinhentista, confiaram aos Irmãos uma alta missão semelhante à que a Igreja, com tanta insistência, recomenda aos leigos de hoje.” Com efeito, “As Misericórdias não foram historicamente instituições clericais, mas criação da actividade dos leigos.” As Santas Casas da Misericórdia, inicialmente apoiadas no trabalho institucional e voluntário dos Irmãos, foram-se desenvolvendo dentro do Direito Canónico e obedecendo aos preceitos da Igreja Católica e sempre viveram sem outro ideário que não o cumprimento das catorze Obras de Misericórdia. A última, mas não menos importante obra de Misericórdia Corporal é “Enterrar os Mortos”. Sabe-se que o acto de enterrar os corpos é quase tão antigo quanto o próprio ser humano. Enterrar os mortos parece um mandato supérfluo, porque de

[ DR

facto todos são enterrados. Mas, em tempo de guerra, pode ser um mandato muito exigente. Porque é que é importante dar sepultura digna ao corpo humano? Porque o corpo humano foi alojamento do Espírito Santo. Somos “templos do Espírito Santo”. (1 Cor 6, 19) Desde a primeira hora da sua instituição, e seguindo uma devota tradição que já vinha das mais antigas confrarias da Idade Média, as Misericórdias sempre dispuseram de um esquife, para cumprirem segundo a letra e o espírito do Compromisso a sétima obra de Misericórdia Corporal, “Enterrar os Mortos”, o que as levou a encarregar Irmãos mordomos deste serviço exequial, ficando assim

na tradição das Misericórdias não só cuidar dos funerais dos pobres, como ainda promover as celebrações exequiais. Nas palavras de Manuel Maria Madureira da Silva: “Desde sempre a morte é olhada com respeito e temor por ser radicalmente contrária ao instinto de conservação. Acresce que, desde há algumas décadas, como se fosse um tabu, evita-se qualquer discurso sobre a morte, como se ela não nos olhasse bem de perto. Pois bem, crer na ressurreição e na vida eterna faz parte da nossa fé. E respeitar em dignidade a pessoa humana, enquanto viva ou depois de ter morrido, faz parte da nossa tradição cultural católica.”2 É neste respeito pela dignidade da pessoa humana, que em 2016 fizemos um enorme esforço orçamental e levamos a cabo uma importante obra de restauro na Igreja da Misericórdia. Com este restauro orgulhamo-nos, agora, de poder proporcionar uma maior dignidade à nossa comunidade na utilização deste espaço sagrado, de onde já

1

O Papel dos Leigos. Apud, Silva, Manuel Ferreira da. A Rainha D. Leonor e as Misericórdias Portuguesas. Rei dos Livros. p.198. 1998 2 Silva, Manuel Maria Madureira da. Catorze Obras, O Rosto da Misericórdia. Santa Casa da Misericórdia de Évora. p.45. 2016

As 14 Obras da Misericórdia As Obras de Misericórdia - sete corporais e sete espirituais - são o guião ético destas instituições que tiveram o seu início há 500 anos, as Santas Casas da Misericórdia.

Obras Corporais: 1ª Dar de comer a quem tem fome (publicado fev.20) 2ª Dar de beber a quem tem sede; 3ª Vestir os nus; 4ª Dar pousada aos peregrinos; 5ª Visitar os enfermos (publicado jan.20);

6ª Visitar os presos; 7ª Enterrar os mortos (publicado mar.20).

Obras Espirituais: 1ª Dar bons conselhos; 2ª Ensinar os ignorantes 3ª Corrigir os que erram; 4ª Consolar os tristes; 5ª Perdoar as injúrias; 6ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; 7ª Rogar a Deus por vivos e defuntos.


04

Jornal de Azeitão

março de 2020

Carnaval

Remoção de ervas infestantes

A comunidade escolar de Azeitão saiu à rua

Aplicação de novo herbicida biológico

A miudagem saiu à rua para comemorar o Carnaval. O desfile da comunidade escolar de Azeitão, na sexta-feira, dia 21 de fevereiro, encheu por completo as ruas da freguesia em dois momentos. De manhã, em Vila Nogueira, a parada infantil seguiu um trajeto entre a Escola Básica de Azeitão e o Rossio, local onde terminou com um espetáculo para os pequenos foliões. Muita animação, cor

e folia enchia a cara e as fatiotas dos mais novos, acompanhados por muitos educadores e pais que também se divertiam ao longo do trajeto. O segundo desfile escolar do programa azeitonense, organizado pela Junta de Freguesia de Azeitão, em parceria com a Câmara Municipal, decorreu entre a Escola Básica da Brejoeira e o Parque do Morango, em Brejos de Azeitão, onde se realizou um espetácu-

[ CMS

lo infantil muito animado. Na cidade de Setúbal a folia carnavalesca também encheu a Praça de Bocage com crianças e adultos a participarem num conjunto de animações e brincadeiras. Às artes circenses juntaram-se outras animações de rua e workshops sobre magia/malabarismo, hula hoops, ginástica acrobática, expressão dramática “clown”, pinturas faciais e bolas de sabão gigantes. [ FOTOS: CMS

A Câmara Municipal de Setúbal iniciou no Bairro Salgado a aplicação de um novo herbicida, para a remoção de ervas infestantes, que não apresenta riscos para a saúde de pessoas e animais e para o ambiente. A eliminação de ervas infestantes no espaço urbano é uma atividade indispensável e regular desenvolvida pela Câmara Municipal por motivos de imagem urbana e de salubridade. A autarquia tem apostado na procura de soluções alternativas aos produtos químicos habitualmente utilizados para este fim os quais incluem glifosato na composição, substância que a comunidade científica aponta como potencialmente carcinogénea. Nesse sentido, foram reforçados os trabalhos de corte de ervas daninhas com recurso a meios mecânicos, nomeadamente com equipas apetrechadas com roçadoras mecânicas e equipamentos de monda térmica. Por outro lado, o município tem vindo a testar, de forma con-

trolada, a eficácia de novos produtos, nomeadamente biológicos, que não representem riscos para a saúde de pessoas, animais e ambiente. O herbicida Chikara, cujo princípio ativo é extraído de uma planta, é um produto com aplicação totalmente segura em zonas residenciais, por não apresentar riscos para a saúde pública e para o ambiente, pelo que está a ser aplicado hoje, amanhã e sábado para a remoção de ervas infestantes das calçadas do Bairro Salgado. Esperemos que em breve chegue a todos os locais do Concelho e, em especial, à região de Azeitão.

AZEITÃO CAR Promotor de Vendas e Reparador Autorizado Peugeot Oficina Multimarcas Rua de Lisboa 19, 2925-558 Azeitão – Tel. 21 218 12 57 - Oficina 963 323 601 - Stand 968 818 419 – email: geral@azeitaocar.com Promotor de vendas de veículos novos vinculado ao Concessionário Peugeot Caetano Motors – Azinhaga Cruz de Peixe – 2914-511 Setúbal - Tel. 265 521 810 – www.caetanomotors.pt


Jornal de Azeitão

março de 2020

05 [ FOTOS DR

Tiago Nunes

O barista azeitonense “O que começou como uma simples curiosidade e brincadeira tornou-se em algo com bastante impacto na minha vida profissional” POR BERNARDO DA COSTA RAMOS

O Tiago já participou em diversos campeonatos de baristas. O que significam os mesmos e que resultados espera alcançar?

Tomou o gosto pelo café e, cada vez mais, sonha com o mesmo. Tiago Nunes é um barista, ou seja, um especialista na preparação de cafés e de bebidas à base de café. Especializar-se neste mundo é percorrer um mundo de curiosidades e adquirir um mundo de conhecimentos. Desde a sua produção, à torra, às misturas, enfim, dar sentido a um mundo de aromas e sabores que invadem desde a nossa infância o ar das nossas casas e, mais tarde, é sempre a desculpa perfeita para estarmos à mesa com os amigos. Mais do que beber um café, este momento diário também é um importante momento social de encontros e desencontros.

Fale-nos um pouco de si e do seu percurso. O meu nome é Tiago Nunes, tenho 41 anos e vivo há mais de 20 anos em Azeitão. Tenho, em conjunto com a minha esposa, um espaço em Azeitão que se chama “Café Nica”. Este meu percurso começa no meu café, quando tive a minha primeira formação na área de Barista, através da Academia de Baristas Nestlé. A partir daí o meu interesse começou a crescer! Aos poucos fui tentando aperfeiçoar o meu conhecimento, pois na altura ainda era tudo muito básico. Por ironia, o meu formador teve conhecimento do que já andava a fazer na altura e convidou-me para o meu primeiro serviço como Barista. Foi no dia 14 de abril de 2016 (Dia internacional do Café) o mesmo que agora é festejado a 1 de outubro. A partir dessa altura os eventos de barista começaram a aparecer e a formação era, também, cada vez mais necessária. Foi então que resolvi tirar a SCA - Speciality Cooffe Association - na vertente de barista SKILLS. Não estando totalmente satisfeito, e um pouco mais tarde, tirei uma formação com um dos maiores mestres mundiais em “latte art”, nível avançado. Aposto muito nas formações porque nos ajudam a crescer bastante, tanto a nível profissional como pessoal. Trabalho atualmente como Master Barista numa das maiores marcas de café, a nível nacional e internacional, onde também dou apoio na área de formação. A nível individual presto os meus serviços de barista a outras entidades, como eventos privados, congressos, etc. O que começou como uma simples curiosidade e brincadeira tornou-se em algo com bastante impacto na minha vida profissional.

O que significa ser barista? Para se ser barista, em primeiro lugar, tem que se ter gosto e um respeito enorme pelo café. Não só enquanto matéria prima, mas também como produto alimentar. O Barista é o profissional que tem o conhecimento de todos os processos pelos quais os cafés passam, desde as suas plantações, métodos de colheita, a forma como são processados, tipos de torra…até chegar aos consumidores. Aí sim, o Barista está apto a preparar o espresso perfeito, deliciosas bebidas com leite, assim como várias receitas que têm o café como o seu ingrediente principal. Temos também que ter um excelente conhecimento técnico dos equipamentos que se usa no dia a dia: máquinas de café, moinhos, niveladores, bem como outras máquinas artesanais de preparação de café.

Refere (perfil Facebook) que ser barista é, para além da dedicação e paixão, uma “arte”. Porque o considera assim? Esta é uma expressão que me é muito particular e tem uma história. Paixão, porque temos que gostar muito do que se faz e demostrar isso mesmo na atitude enquanto profissional. Dedicação, porque se quisermos evoluir temos que estar em constante formação e a par do que se faz de novo nesta área. Por fim a Arte, ou seja, servir algo que consiga mexer com quatro dos cinco sentidos é provocar emoções nas pessoas…imagine servir um capuccino onde se sente a bebida, com uma temperatura certa ao tato, um aroma perfeito ao olfato, visualmente apresentando algo que não se encontra no dia a dia e, para finalizar, um sabor perfeito. Isto é arte.

Sim, é verdade, para ser mais correto, participei em oito concursos. O nono está a caminho… será no dia 21 de março, inserido no Lisbon Coffee Fest, em Lisboa, no LX Factory. Irá realizar-se o 6º Campeonato Nacional de Baristas, onde o campeão irá representar Portugal no WBC, World Barista Champions. No campeonato somos avaliados por vários júris, 2 técnicos, 4 sensoriais, e 2 juízes internacionais. Temos 15 minutos de prova para apresentar o nosso café e o conhecimento do mesmo. Preparamos 4 espressos perfeitos, 4 bebidas de leite e 4 bebidas de assinatura. Parece fácil, mas não é. Digo-vos que, por experiência, a bebida mais difícil de acertar é o Café espresso, se esse não estiver bem, todas as outras bebidas terão nota negativa. Convido-vos a aparecerem por lá e verem que o Café é um mundo fantástico! Para mim, o objetivo final nunca são as vitórias, mas sim a experiência, conhecimento, camaradagem que tiramos deste tipo de eventos. São sempre uma mais valia para o meu dia a dia como profissional.

Ser barista é perceber o mundo do café. O que é mais importante nesse mundo? Tudo é importante neste mundo do café. O café é a segunda bebida mais consumida do mundo, a seguir à água. A nível económico, como social, nos países produtores, como não produtores, tem um

grande impacto. Como Barista é importante saber todos os processos pelos quais os cafés passam para podermos oferecer ao consumidor um produto final de qualidade. Todo o processo começa pela colheita seletiva da cereja do café, passando por vários processos intermédios até à torra do grão.

Qual é o melhor café do mundo? Essa é uma pergunta que me costumam fazer em todos os eventos e workshops que faço (risos). Pessoalmente não existe o “melhor” do mundo, mas sim um vasto leque de opções para todos os gostos. Dou dois exemplos bastante diferentes, e que fazem parte das minhas preferências, ambos cafés arábicos de diferentes regiões do globo: cafés da Etiópia, pelas suas notas florais e cítricas e os cafés da Nicarágua, pelas suas notas de bagas silvestres e chocolate negro.

não estavam habituadas a beber café. Por ser tão amargo naquela altura, o responsável da pastelaria escreveu um cartaz que dizia “Beba Isto Com Açúcar” daí nasceu a famosa B. I. C. A. Hoje em dia os cafés já não são necessariamente tão amargos, devido também ao uso de cafés arábicos nos nossos “blendes” (misturas) e de uma torra menos escura do grão.

Quais os seus projetos futuros? Projetos futuros não faltam, como é óbvio (risos)…vou continuar a dar e a receber formação na área do café, nas vertentes sensoriais e torra. Para o próximo ano talvez já participe no campeonato nacional como júri. A nível internacional penso participar em concursos e certames como Barista, mas tudo a seu tempo.

O café que bebemos e como nos é servido tem a qualidade necessária? Aqui está uma pergunta com resposta complicada (risos). Como é óbvio existem cafés bons e menos bons, mas muito depende de como o profissional (barista ou não) o trabalhe. A formação é muito importante para se poder servir um produto com qualidade ao consumidor, nunca esquecendo que o café é um produto alimentar.

Café com açúcar ou sem açúcar? Há uns anos atrás, na antiga pastelaria " A Brasileira", as pessoas

Curiosidades sobre o café O café tem origem na Etiópia e, segundo parece, foram as cabras as primeiras a experienciarem os efeitos desta planta. Os pastores etíopes ficaram surpreendidos quando repararam que as cabras saltavam freneticamente após comerem os grãos de café. Em Constantinopla, no ano de 1495, abriu a primeira cafeteria do mundo. Chamava-se Kiva Han. Esta é uma das bebidas mais consumidas a nível mundial e, em Portugal, as vendas de café atingiram em 2018 os 535 mi-

lhões de euros. Cada português consome, em média, 4,7kg por ano. Nos restantes países europeus o consumo de café está próximo dos 6,4 kg. O maior produtor de café do mundo é o Brasil, contando com 30% da produção mundial, mas o café mais caro do mundo (cerca de 930€/kg) vem da Indonésia e tem o nome de “Kopi Luwak”. É produzido através de uma técnica, no mínimo, peculiar, pois tem que passar pelo sistema digestivo de primatas.


06

Jornal de Azeitão

março de 2020

Assinatura de protocolo

Setúbal vai ter uma “Cidade do Conhecimento” O protocolo que visa a elaboração do Plano Estratégico da Cidade do Conhecimento, projeto apontado para uma área de 180 hectares no Vale da Rosa, foi celebrado a 20 de fevereiro entre a Câmara Municipal de Setúbal e o The Pitroda Group LLC. “Isto é História”, disse Sam Pitroda, fundador do The Pitroda Group LLC, enquanto assinava o protocolo de cooperação ao lado da presidente da autarquia, Maria das Dores Meira, numa cerimónia realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho. A importância deste “dia histórico e memorável”, segundo o empresário e filantropo indiano, foi, igualmente, sublinhada pela autarca, que, há cerca de dois meses, recebeu de Sam Pitroda o “fascinante desafio” de construir em Setúbal uma Cidade do Conhecimento. “A assinatura deste protocolo é a primeira etapa de um longo caminho que temos pela frente, mas é também um sinal claro da vontade e da eficiência que ambas as partes colocaram neste desafio”, confessou Maria das Dores Meira. “Escolhi Setúbal, em primeiro lugar, pela excelente localização. Faz parte de uma grande área metropolitana, vai ter um novo aeroporto aqui ao lado e está perto de Lisboa. Mas, o mais importante para mim, é que há vontade política por parte da presidente da Câmara Municipal de Setúbal. Sem apoio político, nenhum empresário consegue concretizar este tipo de projetos.” referiu Sam Pitroda. Este quer construir “uma

[ CMS

verdadeira cidade com diversos usos” no Vale da Rosa, numa área de 180 hectares, na proximidade das instalações do BlueBiz Global Parques e do campus do Instituto Politécnico de Setúbal, correspondendo à zona ocidental da área de intervenção do Plano de Pormenor do Vale da Rosa e Zona Oriental de Setúbal I. A Cidade do Conhecimento de Setúbal idealizada pelo empresário destina-se a escritórios, área residencial, um hotel, um centro de conferências, um hospital, escolas e universidades, comércio, parques de estacionamento e espaços de divertimentos, arte e cultura. “A ideia é criar uma cidade que não será isolada, estará aberta e fará parte da comunidade. Já fizemos projetos desta natureza, por exemplo, no México e na Índia,

mas queremos construir algo em Setúbal que será um exemplo em todo o mundo.” Os custos do projeto dependem de vários fatores, mas Sam Pitroda estima que o investimento possa situar-se entre 700 milhões a 1000 milhões de euros e assume que, apesar de ainda há “muito trabalho árduo” pela frente. O empresário indiano já começou a procurar potenciais parceiros e investidores e garante que “há muito entusiasmo” em torno do projeto que visa criar um ambiente propício à inovação e à troca de conhecimento entre diferentes agentes económicos, sociais, culturais e de ensino/investigação, num espaço geográfico especificamente concebido para o efeito. De acordo com Maria das Dores Meira são objetivos gerais da

Cidade do Conhecimento criar um local onde “as pessoas e as empresas vivem, trabalham, colaboram e inovam em conjunto”, bem como uma “plataforma que concentra geograficamente os stakeholders de um determinado setor, permitindo a troca de conhecimentos entre todos de modo eficaz”. Advertiu também que “é fundamental que o modelo de ocupação da Cidade do Conhecimento seja diferenciado, urbanisticamente muito qualificado e que se assegurem as melhores práticas ambientais e de sustentabilidade”. A Cidade do Conhecimento enquadra-se na estratégia definida no PEDS 26 – Plano Estratégico de Desenvolvimento de Setúbal 2026 e na Revisão do Plano Diretor Municipal de Setúbal, “contribuindo para a concretiza-

ção dos desafios traçados nestes dois instrumentos”. O PEDS 26 preconiza que a implementação de “uma estratégia de especialização inteligente para o concelho é um desafio crucial, face à dimensão económica e competitiva de Setúbal”, referiu Maria das Dores Meira. O protocolo celebrado ontem entre a Câmara Municipal e o The Pitroda Group LLC dá início ao processo de elaboração do Plano Estratégico da Cidade do Conhecimento (PECC), no qual, além da articulação funcional e urbanística com a envolvente e com a cidade, serão identificadas as áreas de conhecimento adequadas aos objetivos e à realidade de Setúbal e da região. “Sei que este projeto é aliciante, mas não é simples. Exige vontade, saber, persistência e forte e permanente articulação entre promotores e com os organismos da administração central”, reconhece Maria das Dores Meira. “O trabalho que já desenvolvemos nestes dois meses reforça a nossa convicção de que estamos ambos a trabalhar empenhadamente e de que as nossas equipas conseguiram excelentes resultados em tão pouco tempo.” Ao longo das últimas quatro décadas, Sam Pitroda desenvolveu atividade no setor das telecomunicações nos Estados Unidos da América, Europa e Índia, país onde, enquanto consultor do primeiro-ministro Rajiv Ghandi, contribuiu fortemente para a transformação das infraestruturas de telecomunicações e tecnologias de informação locais.

Até 11 de maio

IPS abre candidaturas para concurso Maiores de 23 O Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) tem a decorrer até ao próximo dia 11 de maio, o período de candidaturas, exclusivamente online, para as provas de acesso ao concurso Maiores de 23 anos (M23). O concurso especial possibilita o acesso às licenciaturas e CTeSP (Cursos Técnicos Superiores Profissionais) do IPS, independentemente do nível de habilitações académicas, a todos os interessados em prosseguir estudos que tenham completado 23 anos até ao dia 31 de dezembro de 2019.

[ DR

Os interessados podem candidatar-se a vários cursos, considerando o limite de candidaturas estipulado pelas escolas superiores do IPS e que cada candidatura necessita de um processo próprio, respetiva documentação e pré-requisitos (se necessários). Cada prova de acesso realizada é válida apenas na escola e para o curso pretendido. Para esclarecimento de dúvidas e preparação dos candidatos, foram agendadas, como habitualmente, três sessões públicas, nomeadamente a 16 de abril, na Escola Superior de Tecnologia

de Setúbal (campus de Setúbal do IPS); a 21 de abril, na Escola Superior de Tecnologia do Barreiro (campus do Barreiro); e 23 de abril, na Escola Superior de Ciências Empresariais/Escola Superior de Saúde (campus de Setúbal). Recorde-se que o concurso M23 é uma modalidade de ingresso no ensino superior que decorre dos objetivos de promoção da aprendizagem ao longo da vida e de garantia de uma igualdade de oportunidades para formação e qualificação, em especial para os recursos humanos da região.


Jornal de Azeitão

março de 2020

07

Obras: Brejos de Azeitão

Requalificação de vias A Rua do Mel, em Brejos de Azeitão, é requalificada numa empreitada que arrancou no início de fevereiro, com um conjunto de infraestruturas que criam novas soluções de mobilidade urbana. A intervenção liderada pela Câmara Municipal de Setúbal, num investimento de 80 mil e 422,96 euros, centra trabalhos na criação de uma zona de circulação pedonal em toda a extensão daquele arruamento do Bairro da Jardia, localizado entre as ruas da Padaria e Nova da Jardia. Além do novo passeio, construído numa extensão aproximada de 250 metros lineares, com zonas de rebaixamento no acesso aos lotes habitacionais, são definidas caleiras para a plantação de árvores e implementado um sistema superficial de drenagem de águas pluviais. A empreitada inclui, também, o asfaltamento da Rua do Mel, atualmente em terra batida, assim como a instalação de um sistema de sinalização viária horizontal e vertical, operações executadas com o objetivo de melhorar as condições de conforto, segurança e circulação rodoviária. Esta operação urbanística, com conclusão prevista para o primeiro semestre do ano, enquadra-se no conjunto de requalificações que a autarquia tem vindo a implementar naquela zona habitacional, tanto por empreitada como por administração direta.

Repavimentações: Ruas José Afonso e Vasco Santana A Câmara Municipal de Setúbal tem igualmente em curso uma operação de repavimentação nas ruas José Afonso e Vasco Santana, na Brejoeira, concelho de Setúbal, destinada à melhoria das condições de segurança e circulação rodoviária. A operação, executada por administração direta, ou seja, com recurso a meios técnicos e humanos

17ºs Jogos do Sado

Arrábida Challenge

próprios da autarquia, consiste na repavimentação de troços naqueles arruamentos de Azeitão. Os trabalhos, que incluem a fresagem do pavimento degradado e a aplicação de novas massas asfálticas, decorrem em troços da Rua José Afonso, entre as ruas da Serração e Almada Negreiros, assim como na Rua Vasco Santana, neste caso no troço compreendido entre as ruas José Afonso e Maria Lamas.

O Arrábida Challenge, prova de atletismo com obstáculos naturais e artificiais numa distância de dez quilómetros, realiza-se no dia 14 de março, com partida e chegada no Parque Urbano de Albarquel, em Setúbal. O evento, organizado pela Associação de Atletismo Lebres do Sado, em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal e o apoio técnico da WeRun, divide-se nos escalões de competição e de lazer e destina-se a atletas com mais de 18 anos de idade, que podem participar a título individual ou em equipas com, pelo menos, quatro elementos. A corrida, integrada na programação da 17.ª edição dos Jogos do Sado, tem início às 10h00 e coloca em prova a capacidade física dos atletas num trajeto de dez quilómetros com 20 a 30 obstáculos naturais e artificiais, de cariz militar, e com uma duração estimada de uma hora e 45 minutos. As inscrições, que devem ser efetuadas através da página www.werun.pt, têm o valor de 27 euros para os atletas na categoria de competição e de

22 euros para a de lazer, caso sejam feitas até 8 de março. Depois de 8 de março e até ao dia da prova, têm um custo de 30 euros para a vertente de competição e de 25 para a de lazer. O Arrábida Challenge, com partida e chegada no Parque Urbano de Albarquel, atribui prémios, a partir das 12h30, aos seis primeiros femininos e seis primeiros masculinos, bem como às três primeiras equipas masculina, feminina e mista.

Câmara aprova moção que exige ao Governo a construção de três unidades de saúde no concelho [ DR

A Câmara Municipal de Setúbal aprovou uma moção na qual exige ao Governo a concretização da ampliação do Hospital de S. Bernardo e a construção de três centros de saúde no concelho. No documento, a autarquia sublinha que os responsáveis governamentais pelas pastas das Finanças e da Saúde devem tomar “todas as medidas políticas e financeiras necessárias ao imediato lançamento do concurso público internacional para a empreitada de ampliação do Hospital de S. Bernardo”, previsto no Programa de Investimentos na Área da Saúde. É exigida, igualmente, a abertura de linhas de financiamento para a concretização do protocolo de cooperação celebrado entre a Administração Regional de Saú-

de de Lisboa e Vale do Tejo e a Câmara Municipal de Setúbal, de forma a assegurar a construção de três unidades de saúde no concelho. Os novos equipamentos deverão servir os utentes das freguesias de Azeitão e S. Sebastião

e da União das Freguesias de Setúbal. A autarquia recorda que o Programa de Investimentos na Área da Saúde, publicado em Diário da República a 2 de maio de 2019, prevê a construção de um novo edifício para o Serviço de

Urgência do Hospital de S. Bernardo, do Centro Hospitalar de Setúbal, no montante de 17.163 291,82 euros. Nessa altura, pode ler-se ainda na moção, foi anunciada na comunicação social que a ampliação do Hospital de S. Bernardo estaria prevista iniciar-se ainda em 2019, que 2020 seria o ano principal da construção e que a conclusão estaria prevista em 2021. Segundo informações recolhidas junto do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Setúbal, o lançamento do concurso público internacional relativo à empreitada da construção da ampliação do Hospital de S. Bernardo carece, no entanto, de cabimentação orçamental para assegurar a aprovação pelo

Tribunal de Contas. No Relatório do Orçamento do Estado para 2020, o Programa de Investimentos na Área da Saúde tem previstos encargos de 11,1 milhões de euros para o Centro Hospitalar de Setúbal financiados pelo Orçamento do Estado para 2020. No entanto, “após uma análise aprofundada”, conclui-se que o +Mapa de Desenvolvimentos Orçamentais dos Fundos e Serviços Autónomos do Ministério da Saúde que acompanha a Proposta do Orçamento do Estado para 2020 “apenas prevê em investimento para construção de edifícios no Centro Hospitalar de Setúbal uma verba de 1.623.797 euros”, o que “contraria compromissos públicos e deliberações do anterior Governo”.


08

Jornal de Azeitão

março de 2020

Grande Entrevista

Manuel João Ramos “Há anos que esta coisa extraordinária de haver em Portugal um parque natural que alberga no seu interior duas pedreiras e uma cimenteira, sem que isso cause escândalo, é matéria apetecível de reflexão”

Manuel João Mendes Silva Ramos, nasceu em Lisboa no dia 8 de maio de 1960. Foi na Arrábida que passou parte da sua infância e juventude, em lazer e por via estudantil e onde ainda mantém moradia. Dedicado à Antropologia há 40 anos, área onde é Mestre, Doutor e Investigador, com variadíssimas obras publicadas, e que cujo maior benefício considera ser “o conhecimento que se adquire dos outros e de nós próprios”. Tem uma carreira paralela artística, como desenhador e ilustrador de viagem, pois “via o seu pai desenhar” e desenha (é o filho mais velho do actor Jacinto Ramos), tal como “os meus filhos vêm-me desenhar, e desenham”. Apesar disso, ainda encontra tempo para se empenhar activamente, não só a nível nacional, como também europeu e mundial, à segurança rodoviária, tendo exercido vários cargos, como membro e também de direcção, em diversas organizações.

“Porque todo o Jesus merece ter um Judas que o alerte para os excessos da vaidade.”

numa ciência da razão humana no mundo. Mas a sua história académica tem sido bem mais modesta: colada a projectos imperiais europeus, às administrações coloniais; hoje é, sobretudo, praticada como um pretenso discurso iconoclasta bem pensante e, por isso, como pequeno caniche cuja função é ladrar esganiçadamente. Os poderes públicos e privados gostam de alimentar esta condição da disciplina (é para aí que vão os parcos financiamentos). Diria que o mais proveitoso da antropologia é o conhecimento que se adquire dos outros e de nós próprios no terreno. As teorias e o palavreado caro aborrecem-me sobremaneira.

Como surgiu o interesse pela área e porque enveredou pela antropologia? No final dos anos setenta, no meio das opções tradicionais que eram oferecidas aos jovens que deixavam o ensino secundário, o curso de antropologia surgiu como alternativa nas candidaturas ao ensino superior. Escolhi-o sem pensar muito, como é próprio de um português típico. Mas a

Se lhe pedisse para descrever a sua visão de ser humano, em qual das suas dimensões mais se deteria, pela sua complexidade? Se me pedisse uma coisa dessas, a resposta que eu daria é que para tentar entender a complexidade do ser humano há que o ver como um interessante e agressivo cancro na ordem natural do planeta. Fascina-me a sua ambiguidade, multiplicidade, capacidade de sobrevivência e ao mesmo tempo a sua pulsão para a auto-destruição. Não vejo que haja predestinação ou determinismo na história humana. Somos uma praga dificilmente insuplantável, porque precisamente somos uma coisa e o seu contrário.

E um ser humano que gostasse de prestar homenagem?

[ DR

Investigador com um vasto currículo na área da Antropologia, como define, com palavras suas, esta ciência social? Intimida-me, logo na primeira pergunta. Ando em roda da antropologia há já 40 anos e vejo-a mais (e menos) do que uma “ciência social”. É uma disciplina com o grande potencial de ser indisciplina, de nos ajudar a pôr todos os nossos adquiridos sobre a humanidade em causa. Kant inventou-a como ciência total, e pensava sobretudo

antropologia em que me revejo é muito diferente daquela que é normalmente praticada em Portugal. Para mim, é uma lanterna que uso para me aventurar noutros caminhos: na literatura, na história, na filosofia, nos estudos políticos, na psicologia. Tomo-a mais como um estado de espírito que como uma “disciplina científica”.

Há vários candidatos. Por um lado, figuras que involuntariamente provocaram transformações avassaladoras na forma como nos relacionamos e pensamos: fundadores de religiões, visões filosóficas e práticas políticas. Mas por outro, admito que tenho especial atracção pelos seus críticos.

Porquê? Porque todo o Jesus merece ter um Judas que o alerte para os excessos da vaidade. Boufon, Cervantes, Rabelais, Jonnathan Swi , ou por cá Camilo Castelo Branco. Gente que se ri na cara das convenções sociais, mas com elegância.

É regente e docente de algumas disciplinas na sua área de formação no ISCTE. Quais são os maiores desafios do ensino universitário nos dias de hoje? O maior, diria, é admitir o quanto o sistema mudou: já não existe universidade como herdeira das corporações medievais. Hoje, as universidades são geridas e pensadas como empresas de produção maciça de certificados, em que o conhecimento é mercantilizado, o trabalho é precário e os docentes foram proletarizados. Não vejo mal nisso, necessariamente. Mas há que o admitir e que perguntar se é mesmo necessário perpetuar a sua existência. As universidades perderam o lustre de serem templos de intelectualidade e conhecimento, e vingam como entidades certificadoras, fazendo-se pagar por isso.

“Desenhar é a minha aspirina. Desligo o cérebro como se desliga uma dor de cabeça”

[ JMF

POR ANA CRISTINA FARTO

Para além disso, é detentor de dezenas de publicações no domínio da Antropologia, nas quais vários estudos sobre a Etiópia, em particular. A que se deve esta especial dedicação? Costumo dizer que o Corno de África é bom para pensar a Cauda da Europa. A Etiópia foi historicamente o improvável destino do empreendimento cruzadístico dos chamados “descobrimentos portugueses”. Trabalhei sobre lendas medievais europeias e o fascínio do Oriente: os passos do Preste João das Índias levaram-me a interessar-me pela Etiópia e por um cristianismo muito diferente do ibérico.

Ainda tenciona publicar mais alguma obra? Pergunta temível! Na universidade não publicamos por gosto


Jornal de Azeitão

março de 2020 [ DR

[ MJR

Não. A minha ligação à Serra da Arrábida, e ao seu mar, vem de longe, de infância passada em Galapos, Portinho e Sesimbra. E a uma juventude dedicada a estudar a pesca e pescadores de Sesimbra.

Por outro lado, também se dedica à Antropologia simbólica, visual e artística, nomeadamente na vertente da ilustração e do grafismo… São elas que se dedicam a mim, na esperança que eu faça mais por elas que tenho feito até hoje.

E acha que tal lhe adveio por via genética ou em consequência da sua área de especialização? Boa pergunta. Há talento ou persistência e reprodução de gostos? Eu via o meu pai desenhar, e desenho. Os meus filhos vêm-me desenhar, e desenham. Desenhar não é diferente de escrever, neste sentido.

Que mais gosta de desenhar? E com que meios? mas por obrigação contabilística, mas gratuitamente. Por outro lado, o mercado editorial português é demasiado acanhado e eu nunca tive paciência para fazer choradinhos junto de editores para me publicarem. Para responder à sua pergunta de forma mais directa: a notícia da minha morte é ainda prematura. Ainda tenho muito que escrever sobre a Etiópia, mas gostava de me virar para a soleira da porta, também. E há anos que esta coisa extraordinária de haver em Portugal um parque natural que alberga no seu interior duas pedreiras e uma cimenteira, sem que isso cause escândalo, é matéria apetecível de reflexão.

É daqui que surge a sua ligação a Azeitão?

09

Sou demasiado impulsivo para fazer linhas direitas. Desenho mais pessoas que edifícios, mais árvores que postes. Habituei-me a desenhar sem borracha e por isso nunca apago o que faço. E tenho preferência por meios humildes: um papel, uma caneta e pouco mais.

O que sente quando faz ilustração, ou melhor, que efeito produz em si o acto de desenhar? Desenhar é a minha aspirina. Desligo o cérebro como se desliga uma dor de cabeça.

Na sua vida, ainda há espaço para a Segurança Rodoviária e seus assuntos conexos, fazendo inclusive parte de ONG’S. Qual a razão?

265 539 690 geral@tipografiarapida.pt • www.tipografiarapida.pt

“As universidades perderam o lustre de serem templos de intelectualidade e conhecimento, e vingam como entidades certificadoras, fazendo-se pagar por isso.” Poderia dizer-lhe que foi a indiferença social perante a morte da minha filha de cinco anos que me escandalizou e me levou a um luto feito de revolta. Mas mais de vinte anos passados, e constatando que a indiferença generalizada continua tão viva como antes, diria que tenho dificuldade em encontrar razão de ser para servir de grilo falante.

De que forma a Antropologia se relaciona e poderá contribuir para a melhoria das condições na condução na estrada? [ MJR

Não vejo que possa, ou sequer que deva. Não entendo a antropologia como um instrumento de prática política e distancio-me dos meus colegas que acham que reclamar ser antropólogos para intervir política ou socialmente é legítimo. É uma falácia reclamar autoridade académica para intervir publicamente. Mas acho importante que a antropologia se dedique ao assunto e tenho procurado fazê-lo, na medida da minha disponibilidade e capacidade.

No seu ponto de vista, de que Portugal precisa para que se reduza o número de acidentes na estrada? Em primeiro lugar, deixar de pensar que desastres – colisões, despistes e atropelamentos – são “acidentes”, ou seja, acontecem por acaso, ou pior, por destino. Não vejo que as pessoas estejam preparadas para pensar desta maneira. Portugal, como sempre, vai fazer o que sempre faz: seguir as modas europeias. E as modas que vêm do norte da Europa protestante dizem que uma única morte na estrada é ética e humanitariamente inadmissível, que o transporte rodoviário pode acontecer sem que alguém tenha de morrer como dano

colateral. O drama é se por acaso a União Europeia vier a desmembrar-se...

Para terminar, uma mensagem para os nossos leitores. Comprem-no, leiam-no, apoiem-no, acarinhem-no. É admirável que um Jornal como este possa existir e vingar, como projecto voluntário. Como cantava o Bob Dylan: “arrancaram todas as árvores e puseram-nas num museu de árvores. Cobram um dólar e meio às pessoas para as ver. Nunca sabemos o que temos até o perdermos”.

“[antropologia] é uma lanterna que uso para me aventurar noutros caminhos: na literatura, na história, na filosofia, nos estudos políticos, na psicologia.”


10

Jornal de Azeitão

março de 2020

Empresários

Formações e workshops Perto de uma dezena de ações de formação e workshops sobre diversas temáticas especialmente orientados para o tecido empresarial do concelho de Setúbal, de participação gratuita, têm início a 10 de março. A iniciativa é organizada pela Câmara Municipal de Setúbal, através do Gabinete de Apoio ao Empresário, em parceria com o IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional, o IPS – Instituto Politécnico de Setúbal e a empresa ActionBest. O calendário das formações, num total de seis, abre com uma ação sobre “Legislação Comercial”, em parceria com o IEFP, nos dias 10, 12, 17 e 19 de março, nas instalações do NNIES – Ninho de Novas

Iniciativas Empresariais de Setúbal, no primeiro piso do Mercado do Livramento. No mesmo local e em parceria com o IEFP realizam-se igualmente as ações “Noções de Gestão de Recursos Humanos”, a 12, 14, 19 e 21 de maio, “Higiene e Segurança no Trabalho”, a 22, 24 e 29 de setembro e 1 de outubro, e “Contabilidade e Informação Financeira”, a 17, 19, 24 e 26 de novembro. Em parceria com o IPS, há as formações “Logística e Gestão da Cadeia de Abastecimento”, a 27, 28 e 29 de maio, e “Marketing Digital”, a 2 de junho, ambas na Escola Superior de Ciências Empresariais. Os workshops, ministrados pela empresa ActionBest, neste caso no

NNIES, sempre das 15h00 às 17h00, têm início com a ação “De Bom a Excelente em 6 Passos – Saiba se está a contemplar todos os aspetos práticos no desenvolvimento do seu negócio”, no dia 3 de abril. Seguem-se as sessões “Como ter uma equipa que realmente veste a camisola”, a 5 de junho, e “Quer crescer mais de 60% em 2021? Saiba o que tem de fazer”, a 2 de outubro. As inscrições, gratuitas, quer para as ações de formação, quer para os workshops, devem ser feitas junto do Gabinete de Apoio ao Empresário da Câmara Municipal de Setúbal, através do telefone 265 545 390 ou do endereço de correio eletrónico gae@mun-setubal.pt.


Jornal de Azeitão

março de 2020

11

O livro da minha vida POR ANA CLARA BIRRENTO

Quando me foi lançado o desafio de escrever sobre o livro da minha vida, pensei de imediato que isso seria uma tarefa impossível. Pedirem-me, Professora de Literatura, para escolher o livro da minha vida, é quase, por analogia, como pedir a um pai ou a uma mãe para escolher o filho preferido. Tenho andado a pensar no assunto e revolvido a minha memória, as minhas emoções, desde livros que li desde muito nova, aos que li na Faculdade (uns por obrigação, outros nem por isso) aos que ensino na Universidade, aos que leio por entretenimento, de diversas línguas e culturas, para chegar a uma conclusão. Difícil. Decidi então falar de 2 livros que, não sendo de autores actuais, se mantêm actuais pelos temas tratados, pela qualidade da escrita e pelas estruturas de sensibilidade que representam ao longo da sua poesia e prosa, respectivamente, e porque, de formas diferentes, tratam do mesmo tema: a dualidade do ser humano, a oposição dos estados de alma, as contradições da sociedade. Falo-vos de um poeta inglês e artesão, William Blake, que escreveu Songs of Innocence and of Experience – Showing the two contrary states

of the human soul (1789) - Canções de Inocência e Experiência – Mostrando os dois estados contrários da alma humana. E de um dos maiores romancistas portugueses -Eça de Queiroz e de A Cidade e as Serras (1901), um romance publicado postumamente e ao qual a crítica não tem sido muito sensível. Inicialmente compostas como hinos religiosos, as Canções de Inocência e de Experiência são poemas com um ritmo, rima, métrica e harmonia facilmente adaptáveis, e representam a sensibilidade de um visionário, pouco reconhecido no seu tempo, mas considerado hoje uma figura seminal da poesia e das artes visuais do período Romântico britânico, em finais do século XVIII. Todos os poemas são ilustrados com imagens de uma beleza extraordinária, plenas de cor e de força. Cada poema que encontramos no conjunto Canções de Inocência, com crianças, animais ou flores, tem o seu contraponto em Canções de Experiência. Alguns com títulos claramente opostos: O Cordeiro/O Tigre, deixa-nos a interrogação se o Deus, que fez o Cordeiro, símbolo de inocência, de paz, fez o Tigre, que representa o Fogo, o Medo, o Escuro; outros poemas com o mesmo título em ambos os conjuntos representam realidades totalmente

distintas: na Inocência as histórias relatam-nos momentos bucólicos, idílicos, amor divino, ao passo que na Experiência, as mesmas personagens estão expostas à corrupção da sociedade, à repressão do Estado, à pobreza causada pela Revolução Industrial, ao abuso do trabalho infantil Em A Cidade e as Serras, encontramos na mestria genial e satírica da pena de Eça a oposição entre a Civilização da grande cidade – Paris e a ruralidade de Portugal oitocentista. Jacinto, um jovem rico, neto de apoiante de D. Miguel, que fugira para Paris, quando este foi enviado para o desterro, e José Fernandes são os protagonistas do último romance de Eça, que não tendo tido o papel relevante na carreira do autor que outros títulos tiveram, me parece uma obra de leitura muito interessante para o meu objectivo: falar-vos de 2 livros, de entre tantos, da minha vida. Jacinto considerava que “o homem só é superiormente feliz, quando é superiormente civilizado” (p. 14). Uma ideia de Civilização directamente ligada à imagem de Cidade, como se só com a parafernália das

[ DR

Autoimagem POR ISABEL FERNANDES

Que pessoa é? Como se vê a si mesmo? Que pensa da pessoa que é? Que pensa que os outros pensam sobre si? A resposta a estas questões integra aquilo que, na Psicologia, se designa da nossa Autoimagem. A autoimagem é a imagem mental que temos de nós próprios e inclui a nossa aparência, biografia e a integração das nossas experiências, desejos e sentimentos. A autoimagem é a perceção que temos sobre nós mesmos e determina, não só o que pensamos sobre nós mesmos, mas também aquilo que acreditamos ser possível para nós e aquilo que os outros pensam sobre nós. A autoimagem está diretamente relacionada com o quanto acreditamos (ou não) em nós mesmos e no nosso auto valor. Se frequentemente se autoderrota a si mesmo antes de iniciar algo ou regularmente hesita em fazer algumas coisas devido ao que os outros podem pensar pode ter uma autoimagem que o limita e por isso, pouco saudável. A autoimagem é uma construção pessoal nossa, uma internalização daquilo que pensamos ser e que é aprendida. Geralmente, é na infância que internalizamos este sentido de ser. São

os pais ou cuidadores primários que lançam os alicerces da autoimagem que adotaremos para nós. Por vezes crescemos com uma autoimagem que somos insuficientes, ou pouco talentosos, ou desmerecedores, ou culpados, ou vítimas das circunstâncias. Esta autoimagem guiará as experiências a que nos vamos predispor a viver. Se me vejo sem talento, não me irei inscrever nas aulas de dança, ou de pintura ou de música que desejaria. Se me vejo como um fracasso, limitarei as minhas iniciativas e não correrei riscos fazendo coisas novas e diferentes. Para alterar e melhorar a sua autoimagem existem várias ideias que podem ser úteis e a seguir deixo alguns exemplos. Parar com o autocriticismo - Todos nós criticamos num momento ou outro mas, se isso passou a ser a forma de comunicação habitual consigo, o melhor é parar. O autocriticismo permanente mina a nossa capacidade e criatividade, deixa-nos exaustos e infelizes connosco. Aprender Meditação Mindfulness O Mindfulness é uma prática que aumenta a capacidade do cérebro para mudar e criar novas ligações, novas formas de pensar, novas formas de ser.

Sorria quando se vê ao espelho Este gesto tão simples pode melhorar a sua autoconfiança. Faça coisas que sejam interessantes para si - Quando fazemos coisas que gostamos sentimo-nos realizados. Pode investir na sua autorrealização e bem-estar promovendo atividades que gosta. Podem ser coisas tão simples como arranjar tempo para tomar um café com um amigo, fazer uma caminhada, ou investir tempo num hobbie. Iniciar um Diário da Gratidão - Para ensinar o seu cérebro a estar atento às coisas boas que já tem na vida, diariamente faça uma lista de 5 coisas pelas quais está grato, ou 5 coisas que apreciou durante o dia, ou 5 coisas que gosta em si. Esta prática é transformadora modificando a imagem que temos da nossa vida. Descontraia e divirta-se - Deixe que a alegria entre na sua vida. Por vezes nem nos apercebemos que a seriedade é um hábito automatizado, condicionado por uma sociedade que vê a seriedade como uma virtude e a alegria como sinal de imaturidade e infantilidade. A vida é um milagre que pode ser vivido de forma alegre. isabel@mentescristalinas.pt

ruas a abarrotar de gente, a ânsia das fábricas, os fios dos telefones, os veículos, os cavalos, os “2 milhões de uma vaga humanidade (…) o homem do século XIX pudesse saborear, plenamente, a delícia de viver!” (p. 19). Mas esta é uma experiência que se vai revelando cinzenta, estéril, entediante, doentia, cheia de aparência, só compensada pela religação à terra de Jacinto, chamado a Portugal para reconstruir o túmulo dos seus avós. Uma religação que transforma o homem citadino num homem que aprecia a natureza da serra: “O ar fino e puro entrava na alma, e na alma espalhava alegria e força (….) Obrigado irmão melro! Ramos de macieira, obrigado! (…) serra tão acolhedora, serra de fartura e de paz, bendita entre as serras” (p. 136). Aqui come-se a boa galinha, arroz com favas (que em Paris abominava), bom vinho de Tormes, há um laranjal, dorme-se numa enxerga. Exposto à naturalidade sincera, saudável da vida do campo, em oposição à opulenta, mas enganadora

vida da cidade, Jacinto evolui na sua relação com a Natureza, passando da contemplação à acção. “Jacinto lançara raízes (…) preso ao chão, como as árvores que ele tanto amava. E depois o que o prendia à serra era o ter nela encontrado o que a Cidade, apesar da sua sociabilidade, não encontrara nunca, - dias tão cheios, tão deliciosamente ocupados, de um saboroso interesse, que sempre penetrava neles como numa festa ou numa glória” (p.176). Neste espaço necessariamente curto para falar de Literatura, deixo 2 livros para leitura e reflexão sobre os estados contrários da alma humana, as contradições do ser humano, a dualidade da vida, pois nada é só branco ou preto, mas na vida temos de ter a capacidade crítica de perceber o que está mal e mudar e, sobretudo, ajudar a mudar. Referências Blake. William. Cancões de Inocência e Experiência. Assírio e Alvim. 2017. Eça, de Queiroz. A Cidade e as Serras. Livros do Brasil. Lisboa. s.d.


12

Jornal de Azeitão

março de 2020 [ FOTOS: DR [ ISA SILVA

Manifesto dos Urban Sketchers

1º Encontro dos Urban SKetchers de Azeitão POR BERNARDO DA COSTA RAMOS

Riscar, como entre a comunidade “sketcher” se chama ao desenhar, é uma arte séria. Mas parece que perdemos essa noção de seriedade quando olhamos para quem o faz e tudo parece tão fluido e fácil. Um bloco de desenho, o olhar que se levanta e baixa numa cadência compassada, os riscos que vão surgindo na folha branca ao ritmo dessa cadência e, assim, o papel vai adquirindo as parecenças com o espaço que o circunda. Ganha cor depois, em alguns pois outros escolhem não o fazer, com umas pinceladas de aguarela aqui e acolá. A aguarela tem uma beleza própria, meio desbotada, transparente, permitindo através da cor ver ainda o riscado do traço. O Sketcher é um filtro da realidade, o desenho final a sua prova. Ao observarmos estes “riscos” pensamos que também conseguimos fazer aquilo. Pensamos até ao momento que tentamos e…ficamos a léguas dos resultados observados. Treino, muito treino, técnica, o uso de pinceis X ou Y, de carvão XPTO, comprado logo ali ou no Ali, uns de

centenas de euros, outros mais baratos, as tintas…etc etc mas o pulso, o traço, esse é diferenciador de sketcher para sketcher, ou melhor, destes Urban Sketchers. Os Urban Sketchers são um coletivo de autores que desenham em diários gráficos as cidades onde vivem, os sítios por onde viajam e encontram-se para desenhar de vez em quando e respeitam o manifesto (ver caixa). Para oficializar a criação do recém-formado núcleo regional de Urban Sketchers de Azeitão, Vila Nogueira recebeu, no dia 8 de fevereiro, o seu primeiro encontro. Gilberto Gaspar e Fernando Correia foram os seus promotores, reunindo 16 participantes (número limitado devido a limites do espaço onde decorreu). Para além deles compareceram: André Kanami Kano, António Tavares, Duarte Gomes, Eduardo Salavisa, Isa Silva, João Carvalho, João Pedro Ramos, José Leal, José Manuel Ferreira, Manuel João Ramos, Mariana Blanc, Pedro Loureiro, Raul Lopes e Sofia Gomes. O Encontro decorreu durante todo o dia e o objetivo foi “Pintar a Adega do José Maria da Fonseca”. O almoço foi oferecido pela Santa Casa da Misericórdia de Azeitão nas suas instalações e durante a tarde o grupo voltou à José Maria da Fonseca para realizarem mais alguns desenhos. No final, os organizadores referiram que "Foi com grande orgulho que recebemos por parte de todos os 16 participantes os agradecimentos e elogios à organização do 1º Encontro dos USKAzeitão. Participaram como parceiros o Jornal de Azeitão, a Santa Casa da Misericórdia de Azeitão e a firma José Maria da Fonseca, que pôs ao nosso dispor as suas instalações, o que agradecemos publicamente.” E como o 1º Encontro foi um

sucesso logo foi referido que já estão a preparar o 2º Encontro para o mês de abril, com local a ser divulgado oportunamente. Para participarem basta inscreverem-se no Grupo USKA, atra-

vés dos emails: fcorreia3840@ gmail.com ou gilbertogaspar.1@ gmail.com. Podem também seguir o grupo na sua página de Facebook USKAzeitão. Ficam as imagens para ilustrarem um pouco da arte criativa deste dia.

• Desenhamos in situ, no interior e no exterior, registando diretamente o que observamos. • Os nossos desenhos contam a história do que nos rodeia, os lugares onde vivemos e por onde viajamos. • Os nossos desenhos são um registo do tempo e do lugar. • Somos fiéis às cenas que presenciamos. • Usamos qualquer tipo de técnica e valorizamos cada estilo individual. • Apoiamo-nos uns aos outros e desenhamos em grupo. • Partilhamos os nossos desenhos online. • Mostramos o mundo, um desenho de cada vez. [ ANDRÉ KANO

[ JOAO CARVALHO

[ JOSÉ MANUEL FERREIRA


Jornal de Azeitão

março de 2020 [ CMS

UniRaid 2020

Solidariedade por aldeias remotas de Marrocos Oito jovens partiram no dia 14 de fevereiro de Setúbal para se juntarem a uma aventura solidária que percorre o deserto de Marrocos durante nove dias para entregar bens a crianças necessitadas. Duas raparigas e seis rapazes, distribuídos em duplas. Carros com vinte e trinta anos. Mais de quatro mil quilómetros pela frente em território marroquino, apenas com mapas e bússolas a servirem de guia. Mais de quarenta quilos de material solidário, por viatura, para distribuir por crianças daquele país africano. Os estudantes universitários Filipa Rocha, João Dupont, Gonçalo Rosa, Mariana Relvas, Diogo Moreira, Filipe Reynaud, Luís Lopes e João Ferreira partilham o mesmo espírito empreendedor e a vontade de ajudar quem mais precisa. Por isso decidiram inscrever-se na 10.ª edição do UniRaid, projeto que promove viagens humanitárias destinadas a jovens entre os 18 e os 28 anos e a frequentar o ensino superior. Do itinerário constam

cidades marroquinas como Tânger, Mèknes, Gourrama, Marrakexe e o deserto de dunas de areia de Erg Chebbi. Quando o pai de Filipa Rocha chegou a casa e lhe falou do evento solidário ela não pensou duas vezes. A estudante de Medicina, de 21 anos, decidiu integrar o UniRaid juntamente com o namorado, João Dupont, estudante de Engenharia Mecânica. A transportá-los nesta grande aventura contam com um Citroën Saxo do ano 2000, com 1.1 de cilindrada, que pertenceu à avó de Filipa. “A verdade é que a mecânica sempre me fascinou e esta é uma oportunidade para acompanhar toda a transformação do carro, aplicando os conhecimentos que tenho adquirido ao longo do curso”, referiu João. Filipa e João intitulam-se “Os Roazes”, nome da equipa que formaram e que partiu a meio da manhã, da Praça de Bocage, com cem quilos de roupas, brinquedos e material escolar, em direção a Algeci-

ras, Espanha, ponto de encontro da caravana composta por um total de 150 viaturas que irá percorrer aldeias remotas de Marrocos. De Setúbal partiram mais três equipas. “Inshallah”, com Mariana Relvas, 22 anos, e Gonçalo Rosa, 21, num Renault Twingo de 1995, “Fura Dunas”, com Diogo Moreira, 23 anos, e Filipe Reynaud, 21, num Opel Kadett de 1984, e “Epic Riders”, numa Renault 4 L, com Luís Lopes e João Ferreira Nunes, ambos de 23 anos. “Todo o projeto se adequa às nossas personalidades e ambições”, referiu Luís Lopes, que esteve na Praça de Bocage, de onde deram simbolicamente início à aventura após um encontro com a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, e elementos do Executivo. No total, participam 56 equipas portuguesas do UniRaid, um projeto de origem espanhola e que conhece agora a décima edição com um número recorde de trezentos participantes.

Praia do Portinho da Arrábida com areia e… javalis Um passeio ao Portinho e uma alegre constatação, a praia tem areia! Um uauuu soltou-se da nossa boca ao ver um areal a tapar o tapete de calhaus que forrava a praia e obrigava os veraneantes a usarem chinelos para irem tomar um banho. Não sabemos se é algo passageiro, se as marés trouxeram e depois irão levar, mas nesta data, 26 de fevereiro, a areia lá estava. O que também lá estava, e não tão alegre constatação, era uma família de javalis a usufruir do areal. Os progenitores e três crias já adolescentes usufruíam do bom tempo e do bom areal. Sem medo algum das poucas

13

[ BCR

pessoas que por ali passavam iam foçando aqui e acolá à procura de alimentos para tornar, quem sabe, este belo dia de praia mais agradável. Vem a areia, ficam os javalis e vão-se as pessoas!

Março Mulher 2020 [ DR

“Feminismo, Igualdade e Comunidades” é o mote do Março Mulher 2020, programa com exposições, música, teatro, cinema, encontros literários, conferências e colóquios, a realizar entre março e maio em vários espaços e equipamentos do concelho de Setúbal. O vasto calendário de iniciativas, organizado pela SEIES – Sociedade de Estudos e Intervenção em Engenharia Social em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal, com a colaboração de diversas instituições, empresas e voluntários/as, assinala, a 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, com diversos eventos ao longo de três meses. A abertura da programação de março começa na Biblioteca Municipal com a tertúlia “Encontro de Mulheres: Conversas de Vidas”, que proporciona a 6, às 15h00, conversas com várias mulheres, ocupações e de todas as idades e na qual é apresentado o livro de Sónia Louro “Amália – O Romance de Sua Vida”. Na véspera do Dia Internacional da Mulher, a 7, inauguram-se duas exposições. “Caminhos da Paisagem”, com inauguração prevista para as 16h00, no Museu do Traba-

lho Michel Giacometti, apresenta ao público trabalhos de pintura de Laurinda Silvério até 19 de abril. Já a mostra coletiva de artes plásticas “Artistas no Feminino”, com inauguração às 16h30, fica patente na Biblioteca de Azeitão até ao dia 31 de março, numa organização da Junta de Freguesia de Azeitão. A programação do Março Mulher 2020 tem agendadas mais três exposições entre fevereiro e abril. “As Mulheres na Proteção Civil”, patente até 31 de março, no 1.º piso do Mercado do Livramento, numa organização conjunta do Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros de Setúbal e da VOST Portugal, mostra fotografias de Isabel Silva, numa homenagem às mulheres que trabalham nos diversos agentes de proteção civil. Já a Biblioteca Pública Municipal de Setúbal acolhe as mostras “Presenças Ocultas & Sagrados Profanos”, de 29 de fevereiro a 17 de março, na qual o pintor José Robalo revela diversas representações do feminino, e “Percursos”, de 21 de março, com inauguração às 17h30, a 2 de abril, com trabalhos de pintura e fotografia de Emília

Pessoa, Margarida e Isabel Pessoa. A Câmara Municipal de Setúbal e a Casa da Poesia organizam, a 20 de março, a pretexto da 10.ª edição da Maratona da Poesia e do ciclo Autor do Mês, a homenagem “Amália na Poesia e a Poesia em Amália”, com iniciativas literárias em diversos locais da cidade. A abrir o calendário de atividades no campo cinematográfico, no dia 13, no Espaço 50 Cuts, o ciclo Cinema no Feminino exibe “Duas Horas na Vida de Uma Mulher”, filme de Agnès Varda, de 1962. Os bilhetes custam 2 euros para o público em geral e 1 euro para sócios. Mais tarde, a 22, pelas 16h00, também no Espaço 50 Cuts, realiza-se uma “Tarde de Mulheres”, na qual um conjunto de mulheres de diferentes gerações fala de vivências e lutas pessoais. Inclui um momento musical com A Garota Não, projeto musical de Cátia Mazari Oliveira. Entre os meses de março e maio, o Março Mulher sai fora do armário e aposta num ciclo de cinema, a realizar em diversos espaços da cidade, para tornar visível a vida e a experiência das pessoas LGBTI - Lésbicas, Gays, Bissexuais,

Trans e Intersexo, numa organização conjunta entre o grupo LGBTI da SEIES e o município. A Casa d’Avenida, acolhe, a 14, pelas 15h00, um debate sobre a violência no feminino, baseado no livro “Voar no Quarto Escuro”, de Márcia Balsas, que participa na sessão, organizado pela União Geral dos Trabalhadores de Setúbal. As comemorações do Dia Internacional da Mulher ficam também marcadas pela caminhada “Estórias e Memórias”, um pedipaper a realizar a 28 de março, às 15h00, pelos bairros dos Pescadores e Gri-

to do Povo, com início no Jardim Aqui Sou Livre, e inscrições pelo telefone 265 541 500 e disoc@ mun-setubal.pt. As comemorações incluem, igualmente, o Arraial Março Mulher Maio 2020, a 22 de maio, certame recheado de música, teatro, gastronomia internacional, artesanato, oficinas e jogos tradicionais, a realizar no Largo da Fonte Nova. A iniciativa, com início às 12h30, integra também o programa Maio – Mês do Diálogo Intercultural, promovido pela autarquia. A completar a lista de iniciativas de celebração do Dia Internacional da Mulher está o “Encontro Final MM20 – Igualdade de Género e Desenvolvimento Sustentável”, a realizar a 30 de maio, entre as 15h00 e as 18h00, no Centro de Cidadania Ativa. Informações e inscrições sobre este evento, que pretende explorar os desafios que se colocam na construção de um desenvolvimento global e sustentável, beneficiando igualmente homens e mulheres, podem ser obtidas através do contacto telefónico 265 547 450 ou do email luciliaferrosantos@cooperativaseies.org


14

Jornal de Azeitão

março de 2020

Revisão do PDM de Setúbal: Sessões de esclarecimento

Azeitão, 11 de março, na Escola Básica da Brejoeira A Câmara Municipal de Setúbal realiza, entre os dias 3 e 17 de março, um ciclo de quatro de sessões públicas de esclarecimento sobre a revisão do Plano Diretor Municipal do concelho. Os encontros, de entrada livre, destinam-se a apresentar à população a atual proposta de revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) de Setúbal, no âmbito da fase de discussão pública do documento. As sessões públicas de esclarecimento, sempre com início às 21h00, realizam-se em locais distintos, de forma a abranger os territórios de todas as freguesias do concelho. A primeira reunião está agendada para o dia 3, na sede da Junta de Freguesia do Sado, localizada na Rua Cooperativa de Habitação da Sapec. Segue-se, no dia 6, uma sessão nas instalações da Junta de Freguesia de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra, na Rua da Junta, junto da Estrada Nacional 10, na localidade de Pontes. A freguesia de Azeitão recebe o terceiro encontro público de esclarecimento da revisão do PDM de Setúbal, agendado para 11 de março, na Escola Básica da Brejoeira, com endereço na Rua João Villaret. A última sessão pública de apresentação do documento final da revisão abrange as duas freguesias do centro da cidade de Setúbal, São Sebastião e União das Freguesias de Setúbal. O encontro realiza-se no dia 17, no Fórum Municipal Luísa Todi, localizado na Avenida Luísa Todi. A Câmara Municipal decidiu dar início ao processo de revisão do Plano Diretor Municipal de Setúbal a 5 de maio de 2004, processo com-

plexo e sujeito a vários condicionalismos. Após a revisão do PDM de Setúbal ter passado por uma fase de concertação com as entidades que integram a Comissão Consultiva, a Câmara Municipal, em reunião pública ordinária de 5 de fevereiro de 2020, deliberou dar início ao período de discussão pública. O período de discussão pública inicia-se formalmente assim que for publicado o aviso em Diário da República. Os documentos relativos ao Plano podem ser consultados, em formato digital, em www.mun-setubal.pt/pdm, página que fica acessível ao público a partir do dia 3 de março, bem como no Geoportal do Município de Setúbal, em www. mun-setubal.pt/sig-geoportal-de-setubal, plataforma que disponibiliza para consulta todas as plantas que constituem o processo de revisão do PDM setubalense. A partir dessa data poderão também ser apresentadas as sugestões via digital. Aquando do início da discussão pública formal, a proposta de PDM pode ser consultada, presencialmente, na Divisão Técnica Administrativa do Departamento de Urbanismo, localizada no Piso 0 do Edifício Ciprestes, Avenida dos Ciprestes, n.º 15, das 09h00 às 15h30, sem interrupção para almoço, nos dias úteis. A Secção de Atendimento e Gestão Documental, localizada nos Paços do Concelho, Praça de Bocage, com horário de funcionamento das 09h00 às 16h00, sem interrupção para almoço, aos dias úteis, também disponibiliza, para consulta, a proposta de PDM.


Jornal de Azeitão

março de 2020

Jardinar é fácil!

AS VINCAS Sendo de cultivo muito fácil, as vincas são muito populares e amplamente difundidas na jardinagem. Os seus finos ramos podem chegar a um metro ou mais de comprimento e as suas folhas surgem aos pares, podendo ser matizadas de verde e creme, ou completamente verdes. Na Primavera, a partir das axilas das folhas, as vincas emitem singelas flores azuis de cinco pétalas que, dependendo da variedade, também podem ser brancas.

Doenças da Próstata

[ DR

POR JÚ MENDÃO

Os longos ramos, ao encostarem na terra, tendem a enraizar e dar origem a novas plantas, mas se forem podados na base, estimularão o adensamento da planta. São duas as principais espécies de vinca; a VINCA MINOR E A VINCA MAJOR, e a diferença básica entre elas, reside no tamanho das folhas. Não sendo sujeitas a doenças e pragas, as vincas dão pouco

trabalho. Preferem lugares sombrios e frescos, mas também toleram lugares onde recebam um pouco de Sol. No Verão devem ser regadas mais frequentemente, de modo a manter o solo ligeiramente húmido. As vincas são indicadas como forração para jardins rochosos ou taludes. Com os seus longos ramos também se podem decorar os troncos de árvores ou arbustos, e nas varandas ajudam a compor arranjos em vasos ou floreiras. Na linguagem poética as singelas flores das vincas, significam ternura e amizade.

Música portuguesa

FONZIE – “96”

[ DR

POR DAVID ALVITO

Todas as bandas, quando ultrapassam um certo patamar em termos de longevidade, passam por processos de amadurecimento que as levam a experimentar coisas novas. No entanto, a esmagadora maioria das vezes, esse processo faz com que retornem às origens, com toda a bagagem que a idade traz. No final de 2019, os FONZIE regressaram com um EP de 4 temas. De regresso às origens punk rock, mas com uma solidez que só uma carreira com mais de 20 anos acarreta, “96” apresenta uns FON-

ZIE mais coesos e maduros, ainda que com a marca melódica que sempre os caracterizou. “Saudades”, “Não me vou perder”, “Olhos nos teus olhos” e “Renascer” são as quatro músicas do novo trabalho do grupo lisboeta, que, formado em 1996, pretende assim regressar aos

primórdios. E os concertos de apresentação são sintomáticos disso mesmo: espetáculos em salas mais pequenas, como sucedia no início, e bem ao espírito do it yourself. Nem sempre é fácil seguir uma certa linha e evoluir, sem perder a marca distintiva. Mas os FONZIE souberam crescer com a idade e amadurecer, tal como um bom Vinho do Porto. FONZIE – “96”, HTTPS://WWW.FACEBOOK.COM/ FONZIEBANDA/ EDIÇÃO RASTILHO RECORDS - HTTPS://WWW. RASTILHORECORDS.COM/EN/ FORÇA TOTAL À MÚSICA NACIONAL! DAVIDALVITO@GMAIL.COM

Freguesias

Aditamento a acordos e contratos A Câmara Municipal de Setúbal aprovou no dia 5 de fevereiro, em reunião pública, aditamentos aos acordos de execução e contratos interadministrativos celebrados com as juntas de freguesia, que incluem o reforço de verbas no valor superior a 300 mil euros. Um dos aditamentos diz respeito aos contratos interadministrativos celebrados entre o município e as juntas de freguesia de Azeitão, de São Sebastião e a União das Freguesias de Setúbal, com vista à adjudicação de obras de requalificação no espaço público. No caso da Junta de Freguesia de Azeitão é transferida uma verba de 50 mil euros para comparticipação da obra, orçada num total de 90 mil euros, de requalificação do Largo 5 de Outubro, em Vila Nogueira. Para a União de Freguesias de Setúbal são canalizados 4 mil e 360,35 euros para a aquisição de armaduras

LED para a EB dos Arcos, 11 mil e 812,50 euros para a requalificação do Largo Aquilino Ribeiro e 42 mil e 500 euros para a beneficiação do espaço envolvente à União Desportiva e Recreativa do Casal das Figueiras. A Câmara Municipal de Setúbal deliberou, igualmente, no âmbito dos contratos interadministrativos celebrados com as cinco juntas de freguesia do território, reforçar as verbas destinadas à manutenção da sinalização vertical não luminosa, num total de 9 mil euros. À Junta de Freguesia de Azeitão é atribuído 2 mil euros. As juntas de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra e de São Sebastião recebem, respetivamente, 2 mil e 500 euros, enquanto a junta do Sado e a União das Freguesias de Setúbal vêm as respetivas verbas reforçadas em mil euros. Na reunião pública de ontem foi também deliberado um conjunto de aditamentos aos acordos de execu-

15

ção estabelecidos entre a autarquia e juntas de freguesia, que incluiu o reforço de verbas destinadas a várias esferas de intervenção. No âmbito da transferência de responsabilidades da gestão e manutenção de novos espaços verdes e áreas de varredura, foi decidida a atribuição de 106 mil e 103,31 euros à Junta de Freguesia de Azeitão, 31 mil e 403,28 euros à junta do Sado, 14 mil e 432,19 euros à junta de São Sebastião e 28 mil e 854,38 euros à União das Freguesias de Setúbal. Foi ainda deliberado, em matéria de aditamentos a acordos de execução, a transferência mensal de 5 mil e 350 euros para a Junta de Freguesia de São Sebastião para suportar os custos de aluguer de uma varredoura e o reforço financeiro de 5 mil e 200 euros para a Junta de Freguesia do Sado para comparticipar a aquisição de novos equipamentos de limpeza urbana.

POR DR. FRANCISCO VAZ ANTUNES (UCSP AZEITÃO) uma viagem longa. E DR. CÉSAR MATOS • O stress e o nervosismo po-

A Próstata é glândula do tamanho de uma noz exclusiva do género masculino. Rodeia a uretra e está situada por baixo da bexiga e à frente do reto. Várias doenças podem afetar a próstata, destacando-se neste artigo a Hipertrofia Benigna da Próstata, a Prostatite e o Cancro da Próstata. A Hipertrofia Benigna da Próstata (HBP) é o aumento do tamanho da Próstata, sendo diferente de Tumor da Próstata e frequente nos homens com mais de 50 anos. Uma próstata grande pode comprimir a uretra tornando difícil a micção. Os primeiros sintomas poderão ser a diminuição do jato urinário, o desejo de urinar mais frequentemente (sobretudo durante a noite) ou a necessidade de fazer um maior esforço para conseguir urinar. Numa fase mais tardia pode surgir o gotejar após a micção ou a dor ao urinar. O diagnóstico da HBP é realizado pelo toque retal, que poderá ser complementado com análises sangue e urina e, por vezes, com ecografia e/ou biópsia. Existem medidas de autocuidado que poderão conferir vantagem aquando do aparecimento dos primeiros sintomas, tais como: • Beber líquidos em pequenas quantidades e em intervalos regulares de tempo. • Evitar ingerir grandes quantidades de líquidos em pouco tempo, sobretudo ao jantar. Evitar as refeições copiosas. • Evitar alimentos indigestos (salsichas, picantes, salgados, especiarias) e cafeína. • Diminuir a ingestão de álcool devido ao seu efeito irritante sobre a próstata. • Urinar sempre que sinta necessidade, não atrasando a micção. • Manter a calma mesmo que demore alguns segundos a começar a urinar. • Exercer uma pressão progressiva e nunca brusca com os músculos abdominais. • Evitar estar sentado muito tempo. É aconselhável realizar passeios diários com o fim de descongestionar a região pélvica. • Evitar as viagens longas faça paragens de 10 minutos para caminhar e urinar. • Evitar a obstipação. • Lembrar-se de urinar antes de sair de casa ou antes de fazer

dem fazer com que urine mais vezes. Já a Prostatite é uma infeção da próstata que pode aparecer em qualquer idade, podendo, para além dos sintomas da HBP, causar arrepios, febre ou dor (lombar, supra-púbica, perineal, escrotal ou no pénis). O tratamento poderá ser realizado através de antibioterapia e os sintomas poderão ser amenizados através de analgésicos, antipiréticos, entre outros. O Cancro da próstata o raramente ocorre antes dos 50 anos, aumentando a sua incidência à medida que avança a idade do homem. Numa fase inicial pode-se revelar assintomático, evoluindo para uma fase intermédia (aumento do tamanho do tumor) com sintomas urinários semelhantes aos da HBP ou ainda: • Urina com sangue • Gotejar após acabar de urinar, • Pus na urina • Dor durante a ejaculação • Retenção urinária súbita. • Dor na anca ou nas costas persistente que por vezes pode piorar durante a noite Em muitas ocasiões, uma vez confirmado o cancro da próstata é suficiente realizar um tratamento hormonal com comprimidos e injeções. Noutras ocasiões, este tratamento deve associar-se a sessões de radioterapia. Atualmente a cirurgia é utilizada com menos frequência. O Valor do PSA – globalmente conhecido, o PSA é um tipo de proteína produzida pelas células da próstata, podendo os seus níveis aumentar nas análises ao sangue devido ao cancro da próstata, mas também em doenças benignas como a HBP ou a prostatite. Atualmente não existem provas científicas que comprovem a importância do PSA na deteção precoce do cancro da próstata em pessoas que não tenham sintomas. Assim, o PSA não permite fazer o diagnóstico de cancro da próstata - este só pode ser feito mediante uma biópsia positiva. Frequentemente é necessário repetir as análises de PSA, avaliar a próstata por ecografia e se as suspeitas forem altas realizar uma biópsia prostática (que não requer internamento hospitalar). Caso tenha dúvidas, consulte o seu médico!


16

Jornal de Azeitão

março de 2020

Onda Azeitão

Receitas vegetarianas

Meeting Internacional de Lisboa

Leite Creme

[ DR

O nadador Diogo Mateus, da equipa Onda Azeitão, esteve em destaque no Meeting Internacional de Lisboa, que decorreu no Complexo de Piscinas do Jamor, em Oeiras, a 8 e 9 de fevereiro.

Na competição, reconhecida como evento de qualificação para os Europeus e para Jogos Olímpicos Tóquio 2020, Diogo Mateus venceu a final B de absolutos ao terminar os 50 metros bruços no tempo

30m99s. O atleta do clube de Vila Nogueira de Azeitão esteve perto da vitória nos 100 metros bruços, mas foi batido por Francisco Nunes, do Sporting Clube de Portugal, que acabou com um tempo 35m81s, enquanto o nadador setubalense fez 35m88s. Já na prova de 200 metros bruços obteve o sétimo lugar. David Lopes, João Mateus, Rodrigo Lopes, Ricardo Ferreira, Miguel Silva, Martim Cortes, Gonçalo Gracioso, Hugo Silva, Gonçalo Augusto e Bernardo Augusto, da equipa de Vila Nogueira de Azeitão, alcançaram,

igualmente, resultados de destaque na competição. A Onda – Associação Orientadora para a Natação Desportiva em Azeitão, com o antigo nadador olímpico Tiago Venâncio no cargo de técnico principal, é responsável pela gestão da valência de natação desportiva nas Piscinas Municipais de Azeitão por protocolo de colaboração celebrado com a autarquia setubalense. O Meeting Internacional de Lisboa contou com a participação de 663 nadadores em representação de 72 clubes, uma seleção nacional e duas seleções regionais.

[ DR

Ténis

Dupla jornada com dupla vitória Na 2ª fase do Campeonato Regional de Inter Clubes Seniores, a equipa da Academia de Ténis de Azeitão Alberto Queiroz, cumpriu o objetivo e carimbou a passagem às meias finais da prova. Os últimos resultados

alegram esta Academia e os seus atletas. Em deslocação fora, a ATAAQ levou de vencida a AT Fabril no Lavradio por claros 5-0. Já em Azeitão, numa grande tarde de ténis, a equipa da casa levou de vencida, por 3-2, a AT Setúbal.

Rua José Agusto Coelho, 142 • 2925-539 Azeitão

[ DR

POR SOFIA FERNANDES

Preparação: Colocar o leite vegetal num tacho e levar ao lume. Quando começar a ferver, juntar o Custard dissolvido previamente num pouco de leite e a geleia de agáve. Sempre em lume brando, mexer continuamente, até começar a ficar com uma consistência cremosa. Retirar do lume e despejar numa taça. Deixar arrefecer, polvilhar de canela e levar ao frigorífico até servir.

Ingredientes 1 litro de leite vegetal 10 colheres de sopa de geleia de agáve 60 gr de Custard (amido de milho com cor) Canela q.b.

Contatos do Meu Vegetariano: 919775555 (Sofia Fernandes) meuvegetariano@gmail.com Av. 22 de Dezembro, 27-B Setúbal Facebook: Meu Vegetariano

Tel. 212 190 910 - Fax: 212 180 190 Tlm. 966 001 238 • 968 034 403 • 935 423 912 • 916 323 078 E-mail: geral@funerariaazeitonense.com


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.