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Cinema e cultura afro-brasileira
Sessão do projeto na biblioteca Saul Martins, no Campus
Januária
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Coordenador: Leandro de Aquino Mendes Bolsista: João Guilherme Neres de Sousa Ferreira Colaboradores: Rosemere Freire Fonseca, Cristiane Gonçalves Rodrigues Sarmento e
Gilmara Maria Rodrigues Casagrande Texto: Leandro de Aquino Mendes e João
Guilherme Neres de Sousa Ferreira Campus: Januária
cinema e cultura afro-brasileira Projeto Combatendo o racismo com o uso da sétima arte:
Oprojeto “Combatendo o racismo com o uso da sétima arte: cinema e valorização da cultura afro-brasileira” trabalhou, com alunos do 9º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Professor Onésimo Bastos, do município de Januária (MG), a exibição de documentários e filmes que possibilitaram a discussão acerca do racismo e da valorização da cultura afro-brasileira. Buscamos fomentar o debate com os alunos acerca da necessidade de se combater o racismo e os preconceitos para com a cultura de matriz africana, estimulando a discussão a respeito das relações étnicoculturais no processo educacional, visando ao convívio harmônico entre os alunos. Além disso, o projeto propôs a reflexão a respeito da utilização de filmes e documentários como produções que podem ou não contribuir para a construção de estereótipos acerca da cultura afro-brasileira e/ou africana, incorporando, assim, a arte processo seletivo para a entrada nos cursos técnicos oferecidos pela instituição. A partir de abril, fizemos uma pré-seleção dos vídeos a serem exibidos. Após a escolha, visitamos a escola, onde explicamos, aos alunos das turmas do 9º ano, os objetivos do projeto, e fizemos o convite para que participassem dele. O professor da disciplina na escola também contribuiu, fazendo a interlocução entre
O projeto desenvolvido com alunos da série final do ensino fundamental da Escola Estadual Professor Onésimo Bastos, no município de Januária, buscou trabalhar o uso da sétima arte, por meio de documentários e filmes, como instrumento de estímulo ao debate acerca do combate ao racismo, utilizando obras que tratam não somente do racismo em si, mas da valorização da cultura afro-brasileira. do cinema ao repertório cultural dos discentes, ampliando sua potencialidade no exercício de uma postura crítica e reflexiva nas relações sociais.
A escolha de turmas da série final do ensino fundamental de uma escola estadual não foi por acaso. Queríamos, durante o projeto, que os alunos não só participassem da exibição dos filmes, mas também conhecessem o campus do IFNMG em Januária, no intuito de estimulá-los a tentarem o
Filmes foram exibidos para alunos da Escola Estadual
Professor Onésimo Bastos, de Januária
os alunos e o coordenador do projeto para a efetivação das visitas. Tais visitas ocorreram entre maio e novembro.
Ao longo dos meses, com três turmas do 9º ano, o projeto foi se desenvolvendo com boa aceitação e participação dos discentes. O trajeto da escola até o campus era feito de ônibus, com motoristas cedidos pelo setor de transporte do próprio IFNMG, sem o qual o projeto seria inviável, dada a distância da escola estadual até o Instituto. Ao se deslocarem, sempre em companhia de um professor da escola, os alunos conheciam as estruturas do Campus Januária, ainda que de forma superficial, mas já suficiente para despertar a curiosidade quanto ao processo de ingresso na instituição. Já nas dependências da biblioteca Saul Martins, sempre no período da tarde, puderam assistir a filmes e documentários que tinham, como foco, o combate ao racismo e a valorização da cultura afro-brasileira. Após a exibição dos filmes, os alunos eram instigados a refletirem e debaterem acerca das obras. Vários relatos surgiam, sobretudo, depoimentos acerca do racismo e como o mesmo podia ser percebido no dia a dia. Os depoimentos dos alunos também contribuíram para a socialização da importância da discussão do tema em sala de aula. I nfelizmente, em virtude, por vezes, da indisponibilidade dos ônibus para os alunos fazerem o trajeto até o campus e das constantes paralisações das escolas estaduais, ao longo de 2018, assim como da greve dos professores da rede estadual, não conseguimos trabalhar todas as obras elencadas no cronograma do projeto. Contudo, as sessões realizadas com as três turmas de 9º ano da Escola Estadual Professor Onésimo Bastos foram muito proveitosas, gerando debates e reflexões entre os alunos, contribuindo, assim, para uma visão mais crítica acerca da cultura brasileira e das formas como o racismo nela se manifesta.
A partir das discussões, buscamos compreender, junto com os alunos, como ocorre a construção do racismo e suas consequências para a vida social, assim como os meios para combatê-lo. Com tal prática pedagógica,
esperou-se contribuir para a percepção dos estudantes acerca da necessidade de se combater o preconceito de origem étnico-racial, para a construção de uma comunidade/sociedade menos desigual e discriminatória, e mais conhecedora e atenta às suas origens culturais.
Os resultados foram alcançados a partir da percepção de que os alunos compreenderam a necessidade de se discutir a questão do racismo e da valorização da cultura afro-brasileira, como algo fundamental para a desconstrução de preconceitos. Compreenderam também a importância das obras cinematográficas, não como detentoras de uma “verdade”, mas instigadoras da busca por um melhor entendimento acerca da realidade, no caso, a existência do racismo e como ele se revela (ou se esconde) na nossa cultura.