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Povos Indígenas do Vale do Jequitinhonha
Coordenadora: Lillian Gonçalves de Melo Bolsistas: Hemylle Arifa Antunes, Eloíza Cardoso Chaves, Luan Vieira Silva, Iara dos Santos e Ana Júlia Jardim Viana Colaboradores: Grácia Lorena da Silva Jorge, Jean Henrique de Sousa Câmara, Jeancarlo Campos Leão, Michelly Borges Ladislau Lopes, Shirlene Aparecida da Rocha, Tatiana da Costa Sena, Geralda Soares Chaves, Ernani Calazans de Oliveira e Aneuzimira Caldeira de Souza Texto: Lillian Gonçalves de Melo Campus: Araçuaí
A indigenista e pesquisadora
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Geralda Soares: retomada histórica dos povos indígenas
Povos Indígenas do Vale do Jequitinhonha: Projeto conhecer para preservar
Antes do processo de colonização, a região do Vale era habitada por povos indígenas que viviam em abundância de caça, pesca e coleta. Da mata e dos rios, eram vindos os recursos para a sobrevivência e desenvolvimento das tradições de cada tribo que ali vivia. Mas o processo de colonização foi bárbaro e destrutivo, com a imposição de outra identidade aos indígenas. Nesse período, muitos povos foram dizimados, para ceder espaço ao processo de exploração de pedras preciosas e outros minérios.
O Vale do Jequitinhonha também despertou o interesse de exploradores, invasores e lapidadores. Sociedades indígenas que residiam na região sofreram o processo de colonização,
Calcado nos pilares do ensino, da pesquisa e da extensão, o projeto promoveu discussões sobre noções introdutórias da história, cultura e identidade dos povos indígenas que habitavam e habitam a região do Vale do Jequitinhonha. A fonte dos dados para estudo e promoção das ações de extensão foram oriundos do acervo/plataforma digital indígena (em desenvolvimento no Campus Araçuaí, com inauguração para outubro de 2019), cujo fomento foi oriundo da Pró-Reitoria de Pesquisa, PósGraduação e Inovação do IFNMG, por meio de um projeto de pesquisa que propôs a organização, digitalização e promoção de uma plataforma virtual da cultura indígena, cujas mídias e documentos pertencem aos diversos anos de estudo da pesquisadora indigenista Geralda Chaves Soares. em virtude da legião de mineradores e faiscadores que chegaram ao baixo Jequitinhonha, a procura de pedras preciosas e ouro, além dos que buscavam a conquista de novas terras para agricultura. Esse processo não aconteceu de forma pacífica, mas de modo cruel e desumano, tratando-se de uma verdadeira guerra, genocídio e etnocídio dos povos indígenas.
As riquezas do Vale não devem ser atribuídas apenas à centralidade que a historiografia mineira relacionada às minas de ouro e demais atividades de mineração, pois se trata de uma região cujos primeiros habitantes foram povos indígenas. Além disso, durante as expedições em busca de ouro e minérios, essas populações nativas foram dizimadas, cabendo às gerações seguintes o resgate e valorização desses povos, que tiveram sua identidade aculturada.
Hodiernamente, há, na região do Vale do Jequitinhonha, povos indígenas que lutam pelo espaço e reconhecimento social e cultural. Cabe destacar também os registros de pesquisadores da região que rememoram esse período de colonização e resguardam aspectos memorialísticos das etnias que ocuparam a região antes da chegada do homem branco. Dentre esses pesquisadores, cabe citar Geralda Chaves Soares – Gêra, que, há mais de trinta anos, investiga esses povos indígenas que habitaram a região do Vale. Essa pesquisadora possui memórias, registros orais e escritos que nos possibilitam compre-
ender esse cenário histórico e social dos povos indígenas da região.
Com base nesse contexto histórico e social do Vale do Jequitinhonha, o Campus Araçuaí está desenvolvendo, com previsão de inauguração para outubro de 2019, uma plataforma virtual dos povos indígenas do Vale do Jequitinhonha. Essa plataforma disponibilizará ao público documentos, fotos, vídeos, indicações de livros, pesquisas, cuja temática é direcionada para os povos indígenas do Vale do Jequitinhonha. Esse acervo digital é oriundo dos mais de trinta anos da pesquisadora indigenista Gêra que, em parceria com o IFNMG - Campus Araçuaí, por meio de um projeto de pesquisa, disponibilizará esse material para o público, a fim de fomentar a pesquisa e o conhecimento nessa área.
Desse modo, sabendo da relevância dessa temática, foi desenvolvido um projeto de extensão cujo objetivo pautou-se na promoção de momentos de estudo e discussão de noções introdutórias sobre a história e cultura dos povos indígenas do Vale do Jequitinhonha. O público participante do projeto de extensão foram alunos do 9º ano da Escola Estaudal Isaltina Fulgêncio Cajubi e do Ensino Médio do IFNMG/Campus Araçuaí. Nesses momentos de discussão, houve a participação da pesquisadora indige
Gêra – retomada histórica dos povos indígenas
nista Geralda Chaves e dos professores do IFNMG que compõem a equipe desse projeto.
Ao final das atividades de extensão, foi possível perceber a necessidade de continuidade dessa prática. Os discentes relataram que os conhecimentos partilhados foram de suma importância para compreender o porquê da existência dos povos indígenas na região. Além disso, destacaram que não sabiam que o processo de dizimação e aculturação indígena, relatado nos livros de História, referente ao período do descobrimento do Brasil, também ocorreu na região do Vale do Jequitinhonha. Dessa forma, consideramos primordial dar continuidade a esse projeto, tendo em vista a necessidade de fomentar ações de extensão que promovam a compreensão do próprio lugar de existência dos sujeitos que residem no Vale do Jequitinhonha.
A relevância do projeto “Povos Indígenas do Vale do Jequitinhonha”, sob o viés da extensão, justifica-se pela presença de diversas nações indígenas que resistem e lutam para terem seus direitos reconhecidos e suas histórias e memórias valorizadas, pois é nítida também a violência informacional que esses povos têm vivenciado. Desse modo, o projeto de extensão oportunizou momentos de discussão, resgate histórico, cultural e promoveu reflexões aos educandos em formação sobre os desafios que se perpetuam na região e o quanto esses povos são primordiais nas representações identitárias, históricas e culturais do Vale do Jequitinhonha.