911 Edição 28.07.2017

Page 1

Braganรงa Paulista

Sexta 28 Julho 2017

Nยบ 911 - ano XVI jornal@jornaldomeio.com.br

jornal do meio

11 4032-3919


2

Jornal do Meio 911 Sexta 28 • Julho • 2017

Alugar

Veja quando alugar um imóvel é melhor que comprar por CAROLINA MUNIZ/FOLHAPRESS

Nem sempre pagar aluguel é jogar dinheiro fora. Em alguns casos, locar um imóvel em vez de comprá-lo pode ser mais vantajoso financeiramente. Mas, antes de fazer a escolha, é preciso analisar uma série de variáveis. Para quem já tem o montante suficiente para comprar à vista, o primeiro critério a ser analisado é o tempo de permanência no imóvel. “Se a pessoa pretende ficar menos do que cinco anos, o aluguel é a melhor escolha, por causa dos altos custos da documentação”,diz Lucas Vargas, diretor-executivo do portal imobiliário VivaReal. O passo seguinte é a pessoa calcular o quanto conseguiria obter se investisse esse dinheiro em aplicações conservadoras como poupança e CDB em vez de usá-lo na compra. Se os rendimentos forem maiores que o valor do aluguel, pode ser melhor continuar inquilino. A empresária Raquel (nome fictício), 69, deve receber uma herança de R$ 1 milhão até o fim deste ano. Com isso, teria condições de adquirir o apartamento de 120 metros quadrados onde mora, em Higienópolis, na região central de São Paulo. “Para que vou comprar um imóvel nessa idade se posso ter uma renda extra e viver melhor?”, diz a empresária, que paga, juntando aluguel e condomínio, R$ 3.900 e espera receber cerca de R$ 7.000 por mês com os rendimentos da

aplicação da herança. “Essa é a conta financeira pura, mas também é preciso analisar se a tendência do imóvel é de valorização ou não”, afirma Alberto Ajzental, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. A analista de sistemas Ludmila Milochi, 29, sempre ouviu dos pais que morar de aluguel era mau negócio. Quando ela e o arquiteto Marcel Bioni, 29, ficaram noivos, em 2013, decidiram comprar um apartamento de 85 metros quadrados na planta, em Diadema, na região metropolitana de São Paulo. Como não tinham o valor para a entrada, precisaram pagar 30%

do imóvel em parcelas iguais até março de 2016, quando pegariam as chaves e iniciariam um financiamento. Foi aí que Bioni perdeu o emprego, e os planos foram por água abaixo. “Como sou pessoa jurídica, não conseguimos o financiamento e tivemos que desfazer o contrato”, conta Milochi. “Percebemos que pagaríamos uma fortuna para o banco, mais que o dobro do valor do imóvel.” Desde novembro do ano passado, quando se casaram, eles alugam um apartamento de 50 metros quadrados no Jardim Aeroporto, na zona sul da capital paulista.

Como o preço do aluguel é quase a metade da parcela que pagariam no financiamento, os dois conseguem economizar a diferença. Hoje, ela vai para a poupança, mas a ideia é investir no Tesouro Direto. Segundo Mauro Calil, especialista em investimentos do Banco Ourinvest, todo mundo deve ter pelo menos um imóvel em seu nome. Mas isso não significa entrar logo de cara em um financiamento. “O aluguel pode fazer parte da estratégia para conseguir comprar imóvel no futuro em condições melhores.” Para isso, ele recomenda fazer as contas. Primeiro, estabelecer o

prazo do financiamento e calcular quanto o imóvel vai custar até lá, incluindo os juros. Em seguida, a pessoa deve ver quanto teria de rendimento se aplicasse o valor da entrada e da diferença entre a parcela e o aluguel. “Se em 15 anos vou pagar R$ 1 milhão por um imóvel de R$ 500 mil no financiamento, devo ver em quanto tempo chego nos R$ 500 mil se investir esse dinheiro”, exemplifica. Se esse prazo for bem inferior, vale seguir no aluguel e aplicar esse valor. Se for quase igual ou maior, melhor ir para o financiamento.

Foto: Marcelo Justo/Folhapress

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS

O casal Ludmila Milochi e Marcel Bioni, no apartamento de 50 metros quadrados em que vivem, em São Paulo

Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às SextasFeiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.


Reflexão e Práxis

Jornal do Meio 911 Sexta 28 • Julho • 2017

3

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

Parte do esturjão usada no caviar A existência de civilizações alienígenas

Fogueiras mortuárias Sem curvas (fem.)

Neste momento

Praças no centro de aldeias indígenas

Fita usada na medição de terrenos

Técnica de fotografia em 3 dimensões

No (?): em suspenso

Coração, em inglês Raça canina alemã A maior região brasileira (abrev.)

Mantém (alguém) sob domínio

Método de miniaturização de plantas Silvio Luiz, locutor esportivo paulistano Substância secretada pela mamba

Que não revela largueza de ideias

Olivier Toni, regente e compositor

A bomba baseada na fusão nuclear

Saudação jovial

Sentimento evidenciado na face ruborizada

Livro do padre Marcelo Rossi

"Memory", em RAM e ROM (Inform.)

Palco da Revolta da Vacina (Hist.) Emirados Árabes Unidos (sigla) Ruminante camelídeo andino Aqui

Echo, no alfabeto fonético

Fora, em inglês

Obra platônica sobre a morte de Sócrates Avião não tripulado

Motivo da exploração no trabalho Massacre nazista na 2a Guerra

BANCO

20

Solução C I C O M P A R T I L H A M E N T O

Política, Estado, governo e afins antes de escreverem bobagens sob o falso e perigoso véu de “consciência política”. Além disso, os textos das reformas, algumas já esquecidas, do atual governo fica claro que o projeto iniciado no governo Collor está se concretizando, mas, desta vez, de forma anticonstitucional, pois vários pontos desrespeitam a Constituição. Estranho, mas não surpreendente, perceber que pessoas que serão prejudicadas por estas reformas, ainda assim, a defendam. Por outro lado, dependendo do lado que as pessoas estão nesta equação é possível imaginar a felicidade de muitos. Alguns dizem, mas temos as negociações. Sim. Entretanto, temos, mais ainda, que trabalhar, infortunamente, alguns sob quaisquer condições e, portanto, a capacidade de negociação favorece quem emprega e não quem é empregado, o que, por si só, torna a situação do trabalho no Brasil delicada para milhões de pessoas que não têm condição de firmar acordos justos com seus empregadores. Enfim, perdem os mais carentes, abandonados ou manipulados por pessoas que lhes negam a dignidade, as possibilidades de melhora, mas lhes impondo a fome, a violência, a opressão e a permanência da pobreza, da miséria e do esquecimento. E nem mesmo as organizações Globo conseguem explicar o absurdo do que está sendo feito, pois como justificar, legitimar ou explicar as ameaças, atropelos, compras de votos, entrega de ministérios, barganhas políticas, mais concessões aos ruralistas, uma Justiça injusta, Exército nas ruas, institucionalização da corrupção, dentre tantos outros atos praticados nos últimos meses?

Arte em que se destacou Andy Warhol

P O I C A A R S A S E N H O R D O U S T

Liberação de bilhões de reais para emendas parlamentares, que nunca se concretizam, pelo governo Temer, notadamente para seus aliados para que votassem o arquivamento das acusações contra o presidente. Um político do PT propõe que políticos não sejam presos e nem impedidos oito meses antes das eleições, uma clara e escandalosa tentativa de garantir a candidatura do ex-presidente Lula nas eleições de 2018, após a sua condenação pelo juiz Moro, um fato político e jurídico que apresenta os dois heróis de grupos políticos rivais, mas que têm como semelhanças seus véus de lisura, de honestidade e de justiça, além dos frágeis pés de barro. O PSDB se cala frente às acusações contra o senador Aécio Neves, que viu seus pares arquivarem as acusações, mais que provadas, contra ele. Vale lembrar que inúmeros políticos deste partido, que para alguns salvará o país, estão envolvidos e citados em depoimentos e delações, mas seus processos investigatórios nunca caminham. E, ao que parece, este mesmo partido que se calou frente as acusações contra Aécio Neves sinaliza abandonar o senador, por conveniência ou oportunismo eleitoreiro. E, então, ignorantes, no sentido mais clássico do termo, sem um pingo de preocupação ou de responsabilidade política, praticantes de atos de corrupção por conveniência ou “esperteza”, somados a um grupo que se proclama de “esquerda” sem saberem o peso e a responsabilidade de tal afirmação, ou de direita, sem terem a mínima ideia do que tal termo encerra, ficam brigando como crianças mimadas sem assumirem a responsabilidade sobre suas falas ou sobre o que escrevem crendo, como manda o comportamento irresponsável e inconsequente, agirem de forma politizada. Além do mais, as pessoas deveriam procurar estudar sobre as noções básicas de

Retrocesso Verdor da vegetação

S I G R A A N G EL R E C U O V I I M I P O T E T Ç V A R O R A H E E B O N N T R O L A A X O T V ER G O A P E R I C U N H A A E F E N A N C I A L O C A U

por pedro marcelo galasso

Prática de consumo típica da economia colaborativa Vitamina antigripal

HO

(Parte 2)

Conteúdo do freezer Fio da espada

F A D L H A A G E C O L O A G V I C G A

a corrupção como meio

Preposição craseada em várias locuções 556, em romanos

© Revistas COQUETEL

Instiga; incentiva Hiato de "baeta"

Descontinuidade rochosa como a de San Andreas, na Califórnia

3/out. 4/viço. 5/ágape — fédon — heart. 7/vicunha. 11/fra angelico.

A Mentira como regra,

Pintor dos afrescos da capela Nicolau V, no Vaticano


4

Jornal do Meio 911 Sexta 28 • Julho • 2017

por MARIANA VERSOLATO/FOLHAPRESS

A, B, O ou AB? Quase 40% dos brasileiros não sabem responder essa questão, aponta pesquisa Datafolha feita no mês passado. “Junho Vermelho”, afinal, é o nome da campanha cujo objetivo é estimular as doações de sangue. O mês não foi escolhido à toa: é quando os voluntários esmorecem. Férias, resfriados típicos da época e um resguardo de 30 dias pós-vacina da gripe explicam o menor movimento nos bancos de sangue no inverno. “A gente fica falando ‘vamos doar sangue!’, mas uma parcela significativa da população nem sabe seu tipo sanguíneo. Olha a distância que existe até a ação. Já sabíamos que o brasileiro não tem a cultura de doar sangue e, agora, sabemos também que ele não tem esse conhecimento”, diz Debi Aronis, fundadora do Movimento Eu Dou Sangue –que encomendou a pesquisa– e do Junho Vermelho. Os números, porém, podem ser piores, segundo ela. “Esse é o percentual de pessoas que admitiram não saber. Muitas têm vergonha de dizer que não conhecem seu próprio tipo sanguíneo.” De acordo com a pesquisa, o desconhecimento diminui conforme aumenta o grau de instrução –só 20% entre os mais instruídos não sabem seu tipo sanguíneo, ante 50% entre os menos instruídos– e a renda familiar mensal do entrevistado (20% entre os mais ricos ante 47% entre os mais pobres). Mais mulheres sabem esse dado do que os homens. “Essa informação é dada quando o bebê nasce, mas depois pode acabar se perdendo. Mais tarde existe a possibilidade de ser oferecida novamente na doação de sangue, só que poucos doam. Esse desconhecimento reflete a realidade do nosso país”, diz Roberta Fachini, vice-diretora médica do Banco de Sangue do Hospital Sírio-Libanês, O bancário Guilherme Funicelli, 29, conta que descobriu o seu tipo sanguíneo neste ano, em sua segunda doação. A primeira foi aos 22 anos. “Me falaram naquela época e eu esqueci, nunca precisei dessa informação. Acho que muita gente não sabe e aposto que meus pais não fazem ideia do tipo de sangue que têm”, afirma ele. Nos últimos 12 meses, 8% dos brasileiros adultos declararam ter doado sangue, segundo a enquete, mas, novamente, a taxa pode estar superestimada devido a um constrangimento em responder de forma negativa. Segundo o Ministério da Saúde, só 2% da população brasileira doa sangue, e aqui a coisa se inverte: mais homens doam sangue do que as mulheres. Debi Aronis lembra que esse índice na França é de 10%; em Israel, chega a 12%. “Países que têm história recente de catástrofes, ataques terroristas e guerras estão mais atentos para a importância da doação. Apesar de vivermos uma guerra urbana no Brasil e termos um número alto de acidentes de trânsito, as pessoas não estão sensibilizadas para incluir a doação em seus hábitos”, afirma ela. No Sírio, por exemplo, 80% dos doadores são de repetição –ou seja, quem doa sangue doa sempre ou quase sempre. “O desafio é sensibilizar toda a população saudável que nunca doou e convencê-la de que esse é um ato de solidariedade seguro e rápido”, diz Fachini. Com a campanha, o movimento Eu Dou Sangue calcula que houve aumento de 25% de doações no mês de junho deste ano em comparação com o mesmo mês do ano passado. Na Grande São Paulo, o aumento foi de cerca de 10% em comparação com o mês de maio. Os números oficiais serão contabilizados no próximo mês de acordo com o Ministério da Saúde. Para doar, é preciso ter de 18 a 65 anos (maiores de 16 podem doar acompanhadas de responsável), ter mais de 50 kg e estar em boas condições de saúde. Homem doa sangue pela 244ª vez e cria rede de doadores contumazes

Nascido na Bolívia e criado no Brasil, Alfredo Quiroz, 52, fez sua primeira doação de sangue aos 20 anos. Não parou mais a pedido de um sobrinho que teve leucemia e lhe fez esse pedido antes de morrer. Na última quarta (5), ele fez sua 244ª doação. “No período em que ele ficou na UTI, vi como era importante existir alguém que doava sangue, que se doava”, conta. Mais tarde, Alfredo conheceu sua esposa, Aruane, que sugeriu aumentar o impacto da boa ação e criar um clube de doadores, a Doadores Adv, hoje com 8.000 membros. Trata-se de uma rede organizada de doadores contumazes, que organiza uma agenda regular de doações e atende pedidos quando há alguém precisando ou em caso de estoques baixos. “Às vezes à 1h toca o telefone com gente dizendo que tem parente internado precisando de sangue. Nos finais de semana vamos no HC, no Sírio, no São Luiz e no A.C.Camargo. Consigo transporte e lanche, às vezes tiro do próprio bolso, fazemos festa para manter o grupo unido. É melhor do que falar ‘vai lá e doa sangue’.” Cerca de duas vezes por mês, Alfredo doa plaquetas, componentes do sangue que participam do processo de coagulação e ajudam no controle de hemorragias. Pacientes com câncer, por exemplo, têm considerável queda no número de plaquetas. “As pessoas ficam com medo porque o sangue sai por um agulha e entra por outra para separar as plaquetas, mas é seguro e indolor.” O intervalo para a doação de plaquetas é menor. Já a doação comum deve ser mais espaçada –homens podem fazer quatro por ano e mulheres, três. “Posso fazer uma confissão?”, pergunta ele. “Tenho pânico de agulha. Mas é melhor enfrentar do que deixar de salvar o próximo por causa de um medo de infância.” Foto: Danilo Verpa/Folhapress

O boliviano radicado no Brasil Alfredo Quiroz, no hemocentro do Hospital Sírio-Libanês, em sua 244ª doação de sangue.


Jornal do Meio 911 Sexta 28 • Julho • 2017

5

Autocontrole Teste de autocontrole é usado para desempatar seleções

Por ANNA RANGEL/FOLHAPRESS

Programas que ajudam a desenvolver a inteligência emocional para evitar que funcionários percam a cabeça em nome das metas são um dos principais investimentos das empresas em tempos de crise. Boa parte delas usa o conceito em testes tanto para identificar lideranças potenciais quanto para desempatar uma seleção. O conceito de inteligência emocional está relacionado à capacidade do indivíduo de conhecer, analisar e gerir bem as próprias emoções. A teoria foi desenvolvida pelo psicólogo e escritor norte-americano Daniel Goleman e popularizada a partir da publicação de seu primeiro livro sobre o tema, em 1995, que virou um best-seller. “No Brasil, o uso dessas estratégias cresceu nos últimos cinco anos, quando as empresas passaram a ver que custa caro fazer contratações e promoções precipitadas. E a maioria das demissões ainda é causada por mau comportamento”, afirma Sócrates Melo, gerente regional da consultoria de RH Randstad. A Pernod Ricard, multinacional do setor de bebidas, adotou o método há três anos. Para novos líderes, além de aplicar o questionário, oferece um programa de coaching. A advogada Lila Guarany, 32, participou do treinamento de oito sessões quando foi promovida a um cargo de supervisora, no início deste ano. “Vi que era um pouco desconfiada, tinha baixa tolerância ao estresse e o hábito de impor minha forma de trabalhar à equipe”, afirma. O programa ajudou a advogada a permitir que seus colaboradores tivessem mais autonomia. “A primeira coisa que fazemos ao receber um diagnóstico desses é rejeitá-lo, mas resolvi abraçar a oportunidade e foi valioso até nas relações fora do trabalho. Amigos e parentes dizem que passei a ouvir mais.” Em um ambiente competitivo, os colaboradores tendem a deixar suas competências emocionais de lado porque acham que o resultado virá mais rápido, segundo o doutor em psicologia Sigmar Malvezzi, professor da USP. “Mas essa estratégia mina seus potenciais e influencia o resto da equipe”, afirma. Se a inteligência emocional é desenvolvida “o profissional passa a conhecer seus gatilhos e a ideia é que tome decisões mais objetivas”, diz a administradora Chris Melchiades, da consultoria Fellipelli, que aplica testes desse tipo no Brasil. Para aprimorar o comportamento esperado em um ambiente corporativo, ler livros ou ver palestras é um bom começo. Mas é preciso, também, tentar agir com empatia e conduzir da melhor maneira as emoções no dia a dia, segundo o psicólogo canadense Steven Stein, criador de um dos testes de inteligência emocional e autor de livros sobre o assunto. A assistente de RH Ana Paula Alves, 26, que foi submetida a essa forma de avaliação durante a seleção da consultoria Crowe Horwath, diz que passou a se policiar no trato com colegas. “Estou aprendendo a me colocar no lugar do outro. Vi melhora em meus relacionamentos, avanço que pode ajudar a me destacar em ambientes mais competitivos.” Para o coach Roberto Deski, sai na frente quem assume a falta das competências de inteligência emocional sem atribuir culpa aos outros. “Em geral, a pessoa percebe que tem um problema quando não reage de forma adequada a determinadas situações e sofre as consequências disso. Mas essas habilidades podem ser treinadas, não vêm de fábrica”, diz Deski. SIMPLIFICADO DEMAIS Se a ideia é estourar menos, é preciso equilibrar melhor a balança entre vida e trabalho, segundo o pedagogo José Augusto Minarelli, especialista em transição de carreira para executivos. “O profissional precisa ter formas saudáveis de descarregar o estresse após o trabalho. Quem está bem tende a se relacionar melhor com todos a sua volta”, afirma. Fatores externos também influenciam no resultado do teste, contrapõe Tania Casado, doutora em administração e professora da USP. “Uma alta pontuação não significa que a pessoa sempre agirá de forma emocionalmente inteligente. Por isso, levantamentos do tipo podem ignorar

questões importantes, simplificando demais um diagnóstico complexo.” Descubra seu grau de inteligência emocional Responda sim ou não às questões abaixo de forma espontânea e rápida: 1. Tenho facilidade para tomar decisões com rapidez 2. Demonstro os meus sentimentos autênticos na frente dos outros 3. Costumo me divertir em atividades sociais 4. Acredito na minha intuição 5. Mantenho contato com pessoas que me fazem sentir inferior, culpado e com vergonha 6. Percebo com facilidade o que os outros esperam de mim 7. Sinto que tenho equilíbrio entre pensar e agir 8. Tenho facilidade para lidar com pessoas diferentes de mim 9. Encaro bem situações que me causam mal-estar 10. Sinto que compreendo minhas emoções e sei quando usar cada uma delas Resultado De 1 a 3 respostas positivas: baixa inteligência emocional Você se deixa levar muito facilmente pelas emoções dos outros e perde o controle com facilidade. Procure manter o equilíbrio e não se envolver tanto com sentimentos

alheios De 4 a 6 respostas positivas: nível médio de inteligência emocional Você ainda se perde em alguns momentos. Respire fundo e procure manter o autocontrole. Preocupe-se mais com você e faça atividades que lhe tragam equilíbrio De 7 a 10 respostas positivas: alta inteligência emocional Você sabe se controlar em momentos difíceis, passa segurança e demonstra espírito de liderança Fonte: SBIE (Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional) Habilidades analisadas nos testes AUTOPERCEPÇÃO Envolve os conceitos de autoestima, autorrealização e consciência emocional. É a capacidade que uma pessoa tem de compreender seus pontos fortes e fraquezas e de buscar evolução contínua. O teste também procura mensurar se a pessoa compreende seus próprios sentimentos AUTOEXPRESSÃO Pode ser definida como a habilidade de informar aos outros e a si mesmo sobre seus sentimentos, seja verbalmente ou por meio das atitudes e da linguagem

Foto: Robson Ventura/Folhapress

corporal. Os testes também consideram a assertividade (capacidade de se comunicar e defender ideias) e a independência da pessoa ao tomar decisões COMPETÊNCIAS INTERPESSOAIS É a capacidade de alguém em desenvolver e manter relações benéficas com colegas e amigos. Nesse quesito também são levadas em conta a empatia da pessoa (que envolve não apenas compreender os sentimentos dos outros, mas também articular opiniões que respeitem as emoções alheias) e sua preocupação em contribuir com o bem-estar da sociedade TOMADA DE DECISÕES Habilidade de contornar adversidades mesmo quando há emoções envolvidas. Quem consegue se distanciar do problema e enxergá-lo com objetividade, sem criar desculpas, leva vantagem nesse aspecto. Os testes consideram ainda a capacidade de conter impulsos e evitar decisões imprudentes GERENCIAMENTO DE ESTRESSE Envolve os conceitos de flexibilidade, tolerância ao estresse e otimismo. Quem tem essa competência consegue se adaptar mais facilmente a circunstâncias ou ideias imprevisíveis e não cede ao nervosismo nem perde a esperança Fonte: Fellipelli Consultoria Foto: Karime Xavier/Folhapress

A assistente de RH Ana Paula Alves, 26, na consultoria onde trabalha, em SP. Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

A advogada Lila Guarany, 32, na empresa em que trabalha, em SP.


6

Jornal do Meio 911 Sexta 28 • Julho • 2017

Inteligência artificial Empresas adotam inteligência artificial para ganhos de produção

Por FILIPE OLIVEIRA/FOLHAPRESS

Atividades que antes eram feitas unicamente por humanos, como decidir qual será o tratamento de um paciente, escrever uma petição, atender clientes ou escolher profissionais em um processo seletivo, começam a ser aprendidas por sistemas de inteligência artificial. Programas do tipo vêm sendo testados no mercado brasileiro, com a promessa de aumentar a produtividade e melhorar a tomada de decisões nas companhias. Oncologistas do Hospital do Câncer Mãe de Deus, em Porto Alegre, não dependerão apenas de seus conhecimentos para atender pacientes a partir desta semana. Um grupo de 25 médicos do hospital terá ajuda do Watson, sistema de inteligência artificial da IBM, para definir qual tratamento será usado para pacientes que possuem sete tipos de tumores. Carlos Barrios, oncologista e diretor do hospital gaúcho, explica que a tecnologia irá permitir aos médicos ter acesso instantâneo a milhões de artigos científicos sobre câncer, indicações de tratamentos possíveis em cada caso por ordem de confiabilidade. Para isso, os profissionais informarão ao sistema dados sobre o paciente que estão atendendo e, em alguns segundos, receberão as sugestões do serviço. “A quantidade de informações médicas vem se multiplicando a cada poucos meses. O volume não é manejável. Uma pessoa só não tem condições de se manter atualizada”, diz Barrios. Ele afirma que o sistema não irá decidir o que o médico fará, mas dará informações organizadas para que ele converse com o paciente e tome decisões embasadas. De acordo com Ricardo Chisman, diretor-executivo da consultoria Accenture, entre as principais funções da inteligência artificial está justamente ajudar na análise de grandes volumes de informações. Ele diz que essa tecnologia vem ganhando espaço devido ao aumento da capacidade dos computadores para realizar essas operações e com um custo cada vez menor. SELEÇÃO ARTIFICIAL A inteligência das máquinas deve automatizar processos repetitivos e as tomadas de decisões baseadas em muitas variáveis. O processo de seleção de trainees da Kraft Heinz recebe anualmente cerca de 10 mil candidatos. Até 2015, o currículo de cada um deles era avaliado até que os 700 mais promissores fossem convocados para entrevistas. Agora, um software da start-up Gupy analisa currículos de todos os inscritos e os questionários de áreas como lógica, inglês e comportamento respondidos pelos candidatos -os profissionais de melhor desempenho da empresa também respondem testes semelhantes. Com as informações geradas no processo, o software computacional compara os resultados dos dois grupos para entender quais os fatores que aumentam as chances de sucesso dentro da empresa e identifica os melhores candidatos para ela. Com a seleção feita a partir da inteligência artificial, foi possível reduzir o número de candidatos chamados para entrevistas de 700 para cerca de 250, diz Raphael Bozza,

gerente de gente e performance da Kraft Heinz. Segundo ele, o processo agora ficou mais simples, ágil e organizado. TEMPO PARA PENSAR No escritório de advocacia Veirano, que tem há dois anos projetos com a start-up Linte para usar inteligência artificial, já é possível que um profissional confeccione documentos como petições e contratos só respondendo a questões em formulário simples. O sistema analisa as respostas que foram dadas pelo advogado e as compara com uma base de documentos produzida pelo escritório para decidir a melhor forma de fazer a tarefa, diz Guilherme Potenza, associado do Veirano. De acordo com ele, a ideia é automatizar atividades trabalhosas que tomam muito tempo e exigem pouco conhecimento e reflexão. “Não queremos os advogados fazendo cópia e cola. Queremos eles pensando, falando com clientes, criando novas teses.” Potenza diz que, apesar de o sistema estar sendo usado apenas em tarefas simples, o plano do escritório é aumentar a sofisticação do sistema, o que exige grande trabalho para refiná-lo. Porém ele não revela detalhes do que vem sendo desenvolvido. FIM DE TAREFAS REPETIDAS Empresas que desenvolvem e aplicam a inteligência artificial em seu cotidiano afirmam que o avanço da tecnologia no mercado não tornará o trabalho humano obsoleto, mas irá acabar com muitas atividades repetitivas e que não exijam qualidades como empatia e criatividade. Guilherme Novaes, líder de Watson (plataforma de inteligência artificial) na IBM Brasil, diz que a tecnologia não irá substituir o trabalho humano, mas será uma ajudante para tornar as atividades mais produtivas. “A inteligência artificial visa aumentar o conhecimento do ser humano. Tarefas repetitivas ou que tomam muito tempo de pesquisa podem ser feitas por sistemas cognitivos, com a vantagem de ter uma capacidade de leitura e memória muito melhor do que a nossa.” Carlos Barrios, diretor do Hospital do Câncer Mãe de Deus, parceira da IBM na adoção do Watson em tratamentos, afirma que robôs podem armazenar conhecimento, mas não possuem qualidades humanas essenciais. “O Watson não tem empatia, não entende o que o paciente precisa no momento, não pega na mão dele. Ele te dá conhecimento. É importantíssimo, mas não é tudo o que o médico precisa.” Raphael Bozza, gerente da Kraft Heinz (que usa inteligência artificial na seleção de trainees), afirma que o contato humano não deve ser deixado de lado no momento do recrutamento. “Posso estar sendo mais antigo, mas acredito que o brilho no olho, a comunicação frente à frente são imprescindíveis no processo de seleção.” O advogado do futuro também será menos dependente de memória e fará menos tarefas repetitivas, afirma Gabriel Senra, cofundador da Linte, empresa que desenvolve inteligência artificial para o setor jurídico.

Ricardo Chisman, diretor da Accenture, diz que transformações tecnológicas sempre tornam empregos obsoletos, mas têm o potencial de criar novas atividades, como profissionais que possam treinar os sistemas baseados em inteligência artificial. * INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Tecnologia ganha espaço em empresas e assume funções variadas Advogado As empresas Linte e Tikal desenvolvem softwares que ajudam profissionais a criar rapidamente documentos que possuem preenchimento padronizado e repetitivo O escritório Veirano possui projeto de adoção da tecnologia há dois anos, por enquanto para a elaboração de contratos e petições Recrutador A Gupy desenvolveu sistema que analisa o perfil dos melhores profissionais de uma empresa e lista novos candidatos de acordo com as chances de eles terem sucesso A Kraft Heinz faz processos para a primeira fase de seleção de trainees, reduzindo o tempo de triagem de currículos em 70% Treinador A Hondana criou o aplicativo Indica, que usa formato de chat para dar instruções a profissionais, personalizando o conteúdo de acordo com as interações do funcionário A Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) vem usando o app para reforçar treinamentos de liderança desde maio

Atendente Conhecidos como “chatbots”, robôs que conversam a partir de textos com clientes para tirar dúvidas e resolver problemas vêm se disseminando pelo mercado O Poupatempo fez em maio cerca de 150 mil agendamentos dos 1,1 milhão de atendimentos do mês usando chatbot feito pela start-up Nama Planejador A empresa Tevec possui sistema que combina variáveis como desempenho da economia, clima, efeitos sazonais e histórico de vendas para ajudar a estimar a demanda de produtos A Kopenhagen adotou o sistema no final de 2015 para dar sugestões a franqueados de quanto devem comprar de cada item Médico A IBM, a partir de sua plataforma de inteligência Watson, tem serviço que analisa informações de pacientes e faz recomendações a partir da consulta a milhões de artigos científicos O Hospital do Câncer Mãe de Deus, em Porto Alegre, vai usar a tecnologia para auxiliar no tratamento de sete tipos de câncer Perícia A IDwall checa a autenticidade de documentos e informações fornecidas por clientes a partir de sistema que automatiza a conferência de dados e checagem de histórico da pessoa Segundo a 99, a adoção da tecnologia há quatro meses permitiu tornar o processo de aprovação de motoristas mais rápido e rigoroso Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

Funcionários da IBM trabalhando em aplicativo Big Data no setor de RH da empresa.


Jornal do Meio 911 Sexta 28 • Julho • 2017

7

Cigarro

Cigarro e má higiene aumentam chances de ter câncer de boca por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS

Médicos dizem que, quanto mais cedo o tumor na região for diagnosticado, maior possibilidade de cura Os médicos são unânimes em dizer: o cigarro é a principal causa de câncer de boca. São cerca de 15 mil casos por ano no Brasil, e a maioria deles é relacionada ao consumo de tabaco. Segundo dados do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), 60% dos pacientes com câncer de boca são ou já foram fumantes. “A principal causa do câncer de boca é o tabaco. A bebida também contribui, mas o número maior vem do cigarro”, diz Rafael Schmerling, oncologista do Hospital Beneficência Portuguesa. Além disso, a falta de higiene também deixa a pessoa exposta a esse tipo de doença, segundo os médicos. “É uma doença que provem de alguns costumes, como tabagismo e alcoolismo, mas também é ocasionada por falta de higiene bucal. Às vezes, próteses mal adaptadas também podem causar algum tipo de tumor na boca”, afirma Edson Myai, cirurgião dentista da SucessOdonto Prime. Assim como o câncer de mama, o autoexame é essencial para que a pessoa possa detectar alguma anomalia na região bucal. Se notar algo de diferente, um médico tem que ser procurado o quanto antes. “A diferença da herpes para um câncer de boca é que a herpes não demora para curar. Se a pessoa for negligente, o problema pode ser maior. Qualquer lesão nova na boca tem que ser avaliada”, diz Schmerling. O tratamento para esse tipo de câncer é a cirurgia. O paciente ainda pode ser levado a uma quimioterapia ou radioterapia. Segundo Myai, a mutilação causada pelo procedimento cirúrgico aumenta conforme a demora para tratar o tumor. “Quanto mais cedo for diagnosticado, menor é a mutilação. Numa mutilação maior, o paciente tem a cura, mas perde um monte de coisa, o prazer da alimentação, por exemplo”, diz Schmerling. “Não é uma doença que está na mente da pessoa, mas não é tão incomum. Porém, a perspectiva de cura é grande”, completa o oncologista.

Arte: Folhapress


8

Jornal do Meio 911 Sexta 28 • Julho • 2017


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.