923 Edição 20.10.2017

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Braganรงa Paulista

Sexta

20 Outubro 2017

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Jornal do Meio 923 Sexta 20 • Outubro • 2017

Expediente

Em alta, modelo trans

estreia no cinema

Única brasileira em desfile da L’Oréal em Paris, Valentina Sampaio estreia como atriz no filme ‘Berenice Procura’, na elite de uma safra de transexuais na moda, cearense vira referência de beleza e é aventada até na Victoria’s Secret por PEDRO DINIZ/FOLHAPRESS

Paris esbanjava euforia na tarde de domingo passado (1º) para celebrar a beleza da cidade e das mulheres no desfile da grife de cosméticos L’Oréal. Entre as beldades que posavam para fotos ao lado das atrizes Helen Mirren e Jane Foda, estava Valentina Sampaio, 20, única brasileira em uma seleção que incluía tops como Doutzen Kroes, Joan Smalls e Barbara Palvin. Transexual e com pouco mais de um ano de carreira no exterior, a modelo já estampou capa da “Vogue” francesa, campanha da Balmain e, no sábado (7), estrearia no cinema em “Berenice Procura”, de Allan Fiterman, dentro do Festival do Rio. A via-crúcis de Isabelle, cantora a cuja identidade Valentina dá corpo e alma no longa, em nada se compara à trajetória da modelo, segunda filha de um pescador e uma professora primária da pequena Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza (CE). Ao contrário de sua personagem, renegada pela família biológica, a modelo e atriz foi aceita desde cedo pelos pais e pelas pessoas que acompanharam sua mudança. Ainda na escola, aos dez anos, passou a ser chamada pelo nome social. O da certidão de nascimento ela não revela e, hoje, tenta colocar no registro social aquele que escolheu para a vida.

“Percebi que havia algo diferente em mim quando me colocavam roupas de menino e eu não me reconhecia. Sempre me senti mulher, e isso logo ficou claro para todo mundo”, conta à Folha. Foi só após se mudar para Fortaleza, onde cursou moda em uma faculdade e começou por brincadeira uma carreira em frente à câmera, que sentiu o incômodo dos outros sobre sua condição. “Estava tudo bem, até que comecei a perder trabalhos, já agendados, quando o dono da marca ou da loja descobria que eu era transgênero. Sempre diziam, ‘O que meus clientes vão pensar?’, e comecei a me sentir errada”, relembra a modelo. “Daí percebi que isso seria um motivo para lutar por mim.” O nocaute veio em 2015, quando o diretor Allan Fiterman escalou Valentina para o papel em seu filme. A modelo se preparou por três meses, com aulas de atuação, corpo e canto, e encarou o set antes mesmo do estouro na moda, que ocorreu em 2016, quando a L’Oréal a convidou para gravar um vídeo para o Dia Internacional da Mulher, e a “Elle” brasileira lhe deu a primeira capa. O filme trata de Berenice (Claudia Abreu), taxista que, violentada pelo marido (Eduardo Moscovis) e cansada do trabalho, se

envolve numa trama policial para investigar a morte de uma cantora transgênero chamada Isabelle. “Não queria atrizes para o papel, por achar mais interessante mostrar trans fazendo o papel de trans. Mas não poderia ser alguém ‘fake’. A Valentina tem uma pureza que a torna genuína”, explica Allan Fiterman. Ele também é um dos diretores da novela “A Força do Querer”, da TV Globo, cuja trama levanta a temática dos transgêneros. Participam do longa a atriz Vera Holtz, o ator Emílio Dantas, o cantor Johnny Hooker e as transexuais Carol Marra, também modelo em ascensão, e Thalita Zampirolli. A reportagem apurou que o filme foi incluído na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a ser realizada entre os dias 19 deste mês e 1º de novembro. TRANS-FORMAÇÃO Valentina figura ao lado da brasileira Lea T. e da bósnia Andreja Pejic no olimpo de uma safra de modelos transexuais, masculinos e femininos, que tomaram revistas e campanhas nesta década. Além do trio, a americana Hari Nef estrela campanha de um perfume da Gucci, e três transexuais estampam peça publicitária da grife Proenza Schouler lançada

em abril. “Seria mentira dizer que não há mais preconceito [contra trans], mas a moda se tornou uma das áreas mais abertas para a mudança de pensamento sobre sexualidade e beleza”, diz Valentina. Aberta, sim, mas ainda não ao ponto de realizar o maior sonho da modelo: tornar-se a primeira transexual no time das tops “mais sexy do mundo”, o das “angels” da grife Victoria’s Secret. No último mês, aventou-se a possibilidade de Valentina integrar o “casting” do desfile anual da marca, que tem as brasileiras Adriana Lima, Alessandra Ambrósio e Laís Ribeiro no portfólio. O boato, porém, não se confirmou. “Tudo acontece na hora certa. Há até pouco tempo, ficava ansiosa para receber um telefonema [da Victoria’s Secret]. Hoje, rezo todos os dias e agradeço a Deus pelo que me aconteceu”, afirma. A modelo se diz religiosa e vê com assombro propostas de “cura gay” que ganharam o noticiário recente. “É tão absurdo pensar que esse discurso coloca minha sexualidade como doença. Doentes são os que pensam assim.” Ela completa: “Nunca me senti diminuída e recomendo a quem se sinta atingido que não o faça; somos especiais assim, do jeito que nascemos”.

Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.


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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

English (?): a seleção inglesa (fut.) Sugestão útil de caráter prático Produto da indústria de software (pl.) Licença para uma empresa funcionar

Diretório (abrev.)

Tem como símbolos o compasso e o esquadro

(?) pé do ouvido: em segredo A arte de Marcel Marceau Lista

Detentor do 3º grau na Maçonaria

Rumavam Impulso súbito (fr.) Tonelada (símbolo) Rio que banha as cidades italianas de Florença e Pisa

Textos teatrais Entrada; início (fig.)

Encantamento; êxtase

Tomada cinematográfica (ingl.) Standard Observar and (?)'s, agência internacional de classificação de risco

3,14 (Mat.) Condescendente

Fator que molda a evolução adaptativa Proposta artística de André Breton

Níquel (símbolo) Abreviatura no endereço do site da ONG

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Solução

M M

I C L A DI

A Ç Ã O R A E A S

BANCO

Partícula cuja existência foi teorizada pelo cientista Michael Faraday

Veículo exposto no museu ferroviário

Frio, em inglês

O A L M I R A N T E N E G R O

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

Diversificar

Alcoólicos Anônimos (sigla)

A K R N T O R E S M

citados em casos de corrupção, alguns cujas participações são mais que provadas, que destilam o veneno de suas mentiras em entrevistas e pronunciamentos que ferem o bom senso, negando conversas e filmagens de forma descarada, marcados por serem os políticos mais corruptos e ineficientes do mundo, segundo as avaliações de organismos internacionais de pesquisa, e que, nesta semana, aumentam suas ações perversas ao venderem seus votos para o arquivamento de denúncias contra seus pares em função da possibilidade de salvarem seus nomes e mandatos para se perpetuarem na roda quase eterna de atos corruptos e corruptivos e que condenam milhões de brasileiros à morte e à pobreza, sem que sejam vistos como criminosos já que há uma perversa aceitação da corrupção como algo que é inerente a nossa vida pública, na verdade, uma das maiores mentiras alimentadas no Brasil. País justo? Um país que condena milhões de pessoas em nome de alguns grupos não é um país justo. País justo? Um país que destina verbas de bilhões para compra de votos de congressistas para evitar a condenação de poucos políticos enquanto milhões de pessoas passam por carências que nos envergonham não é um país justo. Triste é constatar e poder afirmar que nada de novo irá ocorrer nos próximos anos, ou seja, nossa classe política, corrupta e injusta, será a mesma por vários anos, nossas instituições continuarão injustas e nossas leis interpretadas segundo a vontade e os interesses particulares de pessoas que deveriam evitar tal situação. Desespero? Não, não é hora de desespero, pois muitas pessoas dependem da conscientização e da mobilização de quem não suporta mais tal situação e que pretendem construir um país mais justo e honesto, tal qual ele deve ser. A questão é que caminho seguir.

"A (?) dos Extremos", livro do historiador marxista Eric Hobsbawm

R E C I A N N F E M O I A R T G R A M A A O A R M I M A R A E P E Ç A S E V O T N R P L A C E O R O O I O N R E A L I

Na última semana, o caráter falso do atual governo atingiu um grau sem precedentes de cinismo e escancarou uma prática política antiga e notória – a compra de votos para o impedimento ou arquivamento de denúncias contra políticos, neste caso, contra o próprio presidente do Brasil. É um fato inegável que o desastre conduzido pelo atual presidente já era esperado e que as razões para o impeachment da péssima presidente Dilma não eram políticas e nem justas, mas sim o conjunto de interesses de grupos políticos e econômicos que viram a possibilidade de favorecimento e de ganhos imensos. Alguém pode perguntar – o mesmo não ocorria no governo Dilma? E a reposta é sim, ao que tudo indica, já ocorria. Então, por qual razão ocorreu o impeachment? E a resposta tem a ver com a velocidade dos ganhos. Sabemos que o governo Dilma caminhava na mesma direção suja e corrupta só que fazia isso com passos mais lentos, talvez tentando manter uma aparência de honestidade. Entretanto, os passos lentos significam, em uma economia capitalista, a perda de ganhos vultuosos e, por isso, a necessidade de mudança no governo. O pior é que as instituições que deveriam resolver tais questões de corrupção estão atoladas e claramente envolvidas, ou seja, a ideia de Justiça foi corrompida por interesses de grupos políticos e econômicos. As decisões do STF são vexatórias e incoerentes, as suas discussões tratam de nada, aparentando uma preocupação que não passa de suas salas. Além disso, a menção de membros de tão nobre Casa tem se tornado recorrente, o que aumenta as especulações sobre as decisões aí tomadas. O que falar, então, sobre o vergonhoso e corrompido Congresso Nacional? Duas casas, o Senado e a Câmara de Deputados, que são conhecidas por sua ineficiência, altos gastos, no montante de 7 bilhões de reais por ano, com um número inaceitável de parlamentares

O "eu" instintivo (Psic.) Artéria da coxa Via navegável da Amazônia

Perda do valor de um produto, pelo desgaste (Econ.)

Cognome do marinheiro João Cândido, que em 1910 liderou a Revolta da Chibata

Região autônoma de Portugal no Atlântico Registra na agenda

D E P D I G R V A R P R O A L O A L V A E N L P I C O M M E I A S U R

por pedro marcelo galasso

© Revistas COQUETEL

2.100, em romanos Sensação de tédio

2/pi. 4/arno — cool — élan — poor — take — team. 5/pirro. 6/enfaro.

País justo?

Autor de "Histórias Vitória de (?): é obExtraordinárias", a ele tida a um Romeo, no é creditada a criação custo alfabeto do conto policial altíssimo fonético


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por Shel Almeida

Pode levar séculos, mas as religiões vão cair em desuso. A predição é de Michael Shermer, historiador da ciência e escritor americano que fundou a Sociedade dos Céticos nos EUA. “Em países europeus, onde há bons sistemas de proteção social, eles não precisam de religião. Essa é uma das razões por que os percentuais de religiosos são bem mais baixos lá do que em países americanos, incluindo a América do Sul”, diz Shermer. O escritor esteve em São Paulo para participar do 1º Seminário Internacional Scientific American Ciência e Sociedade e conversou com a reportgem sobre os desafios de disseminação da cultura científica no momento atual, permeado por “fake news” e ataques à ciência. Otimista, Shermer acredita que o momento atual seja um caso típico de “três passos à frente, dois atrás”, mas se preocupa com o fenômeno das “bolhas” de isolamento criadas pelas redes sociais. “Somos xenofóbicos e você pode classificar pessoas em qualquer categoria que quiser, não apenas cor da pele ou gênero, mas partido político, ideologia, crenças religiosas.” E como se elevar acima da cacofonia da internet e vencer a noção errônea de que a ciência é apenas uma “narrativa”, uma “versão” dos fatos? Para ele, o segredo está na educação infantil. “Precisamos ensinar às crianças que há um mundo real e que podemos saber algo a respeito dele, e a ciência é a melhor ferramenta que temos, e ensinar aos estudantes não só os fatos da ciência, mas como os cientistas pensam sobre as coisas.” Reportagem “” Como o sr. vê o cenário da divulgação científica? Há dificuldades ou é uma impressão criada pelas redes sociais? Michael Shermer - As duas coisas. Quer dizer, há mais ataques à ciência e à verdade, há mais “fake news”, fatos alternativos, clickbait [caça cliques], todo esse lixo na internet, mas, por outro lado, nós todos podemos ter nossas páginas web, nossos próprios canais no YouTube, podemos fazer nossos filmes, programas de TV, blogs, podcasts e assim por diante. Então é como as publicações de papel, que cortam para os dois lados. Ela imprime Shakespeare e imprime “Mein Kampf” [autobiografia de Hitler]. Tudo que podemos fazer é seguir adiante e bolar ferramentas melhores de comunicação. Outro problema é o fato de as empresas de redes sociais, como o Facebook, terem algoritmos que o alimentam com notícias baseadas no que você já está buscando, então sua bolha vai ficando cada vez pior, mesmo que você não se esforce para isso. Você tem de ativamente procurar e ler pontos de vista contraditórios. Mas as pessoas não fazem isso. Não fazem. Acho que uma solução é alguém bolar um aplicativo –provavelmente alguém já fez– que contorne isso e envie automaticamente para você informações que são de algum outro jornal com o qual você não concorda. Não seria uma forma limitada de contornar? A maioria das pessoas não ficaria irritada? Está certo. O que fazer quanto a isso? Então, eu não sei. Isso o preocupa? Sabemos por estudos de cientistas políticos que os partidos estão ficando mais extremados, estão se afastando do centro.

Quer dizer, os eleitores indecisos, aquele grupo do centro está ficando menor, enquanto esquerda e direita estão ficando maiores e se afastando. E isso, em parte, é alimentado pela bolha. Isso me preocupa, porque a mente humana é projetada para fazer isso. Somos muito xenofóbicos e você pode dividir, classificar pessoas em qualquer categoria que quiser, não apenas cor da pele ou gênero, mas partido político, ideologia, crenças religiosas. Parece que a maioria das pessoas vê a ciência como uma narrativa, mais uma versão, e não algo que você teste e deixe a natureza arbitrar. Acho que a resolução disso começa com educação primária. Precisamos ensinar às crianças que há um mundo real e que podemos saber algo a respeito dele, e a ciência é a melhor ferramenta que temos, e ensinar aos estudantes não só os fatos da ciência, mas como cientistas pensam sobre as coisas. Que não há certezas. Há hipóteses provisórias que testamos e progredimos e temos modelos cada vez melhores de como o mundo funciona, mas é um processo contínuo. É mais como um modo de pensar sobre o mundo e abordar questões. É disso que se trata o pensamento crítico. Nós ensinamos como pensar, não ensinamos o que pensar. Mudando de assunto para a ameaça nuclear, ainda não nos livramos dela, como podemos ver no noticiário. Há bem menos armas nucleares agora do que quando elas atingiram o pico, em 1987. Havia, acho, cerca de 70 mil armas nucleares no mundo inteiro. São cerca de 10 mil agora. Então tivemos algo como uma redução de 80%. Isso é bastante. Mas teríamos de chegar abaixo de mil para impedir a extinção da nossa espécie ou outra grande catástrofe. Trump tuitou dizendo que Clinton, Bush

e Obama fracassaram com a Coreia do Norte, e que ele não ia fracassar. Eles não falharam. Nada aconteceu e isso é sucesso. Nós não queremos que esse cara faça nada, então é só apertar as sanções econômicas e é assim que funciona. Não houve guerras, então na verdade está funcionando.Mas também há o argumento de que a Coreia do Norte é um perigo crescente. Sim, talvez sim, porque Kim Jong-un desenvolveu mísseis. Pode ser que os queira para defesa. Para que seria? Ele realmente os usaria? Duvido. Ele não é um doido religioso. Eu ficaria mais preocupado se o Estado Islâmico pegasse uma arma nuclear, porque esses caras, eles querem morrer, eles acham que vão para o céu, eles realmente acreditam nesse papo de doido. O sr. já foi religioso e se tornou ateu. Como lidou com essa grande mudança? Eu não fui criado com religião. Foi uma experiência pela qual eu passei com meus colegas no ensino médio, mas fiz isso por sete anos e levava a sério. E fico feliz de ter feito isso, porque eu realmente entendo a mentalidade religiosa. Em uma bolha, como uma escola religiosa, cercado por colegas de religião, há um escudo em torno de você protegendo-o de ideias de fora. Quando eu abandonei minha religião, foi meio que “tanto faz”. Acho que meus amigos e minha família ficaram aliviados, porque parei de pregar para eles. Evangélico, sabe como é, a coisa toda é sobre evangelizar, contar às pessoas sobre Jesus para salvar as almas deles. Acho que eu era chato. Mas agora entendo isso, por que eles fazem aquilo. Eles sentem que têm de fazer. O sr. acha que a religião ainda tem uma função na sociedade? Claro, no passado foi importante para criar coesão social, mas atualmente...

Em países europeus, onde há bons sistemas de proteção social e tudo mais, eles não precisam de religião. Essa é uma das razões por que os percentuais de religiosos são bem mais baixos lá do que em países americanos, incluindo a América do Sul. Visito catedrais na Europa e elas estão vazias ou fechadas. Eles as alugam para festas ou as usam como museus de arte –o que é ótimo, porque são construções bonitas. É um sinal de que a religião está declinando, porque não precisamos dela para explicar o mundo. A ciência faz isso. Você não precisa dela para cuidar dos pobres, o governo e instituições de caridade estão fazendo isso. Prevejo que não vá acontecer logo, mas em séculos acho que a religião vai cair em desuso. E isso é uma coisa boa? É uma coisa boa. É, porque ela é repleta de bagagem, isso não é bom para a sociedade. A crença no sobrenatural e a na vida após a morte não é boa. Eu não acho, quer dizer, eu entendo por que pode confortar, quando há um ente querido morrendo e há a promessa de uma vida após a morte. Entendo isso. Mas a ideia de bancar um pós-vida pode levar você a perder o aqui e o agora. Agora é a hora de tentar fazer o mundo melhor. “Precisamos ensinar às crianças que há um mundo real e que podemos saber algo a respeito dele, e a ciência é a melhor ferramenta que temos, e ensinar aos estudantes não só fatos da ciência, mas como cientistas pensam Nós ensinamos como pensar, não ensinamos o que pensar “Visito catedrais na Europa e elas estão vazias ou fechadas. Eles as alugam para festas ou as usam como museus de arte –o que é ótimo, porque são construções bonitas. É um sinal de que a religião está declinando, porque não precisamos dela para explicar o mundo. A ciência faz isso Foto: Bruno Santos/Folhapress

Michael Shemer, mestre em psicologia pela Universidade Estadual da Califórnia e doutor pela Claremont Graduate University.


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Confie, mas investigue Follow-up constante com a equipe é passo importante para aprimorar as táticas de gestão empresarial

por ANNA RANGEL/FOLHAPRESS

Embora ninguém goste de cobrar nem de ser cobrado, fazer follow-ups frequentes com os funcionários ainda é a única forma eficaz de acompanhar o trabalho, segundo o consultor e coach executivo Silvio Celestino. Para ele, o chefe que deseja acompanhar seus colaboradores do jeito certo deve apresentar suas expectativas e colocar prazos, além de explicar a importância das atividades em curso para o andamento do projeto. É melhor do que passar uma lista de pendências ou estabelecer uma série de metas com números, exigindo resultados o tempo todo. “É importante que o empreendedor saiba mostrar sua forma de pensar para a equipe, incluindo o que aprendeu durante sua trajetória profissional e até os erros que cometeu”, afirma Celestino. Reuniões diárias, de 15 minutos, são uma alternativa. Nelas, cada colaborador deve apresentar ao chefe suas atividades da semana e o que foi feito até ali. A tática, criada pelo americano Jeff Sutherland, virou moda nas start-ups dos Estados Unidos. Sistematizar o follow-up, mesmo por meio de conversas rápidas, abre espaço para que a chefia se dedique a tarefas estratégicas, como encontrar clientes e criar ou aprimorar produtos, segundo Luciana Ferreira, professora de liderança do Insper. “Além de acompanhar e apontar erros, é uma hora boa para destacar em que o profissional tem acertado, tática útil para que a pessoa saiba quais são as expectativas dos gestores e aja de acordo”, diz. Não se encastelar em uma sala também ajuda. Foi a tática de Luiz Godoy, 49, sócio da consultoria Equipo Gestão. Ele divide o espaço com os funcionários, em baias, e

acompanha tudo de perto. “Fazemos uma reunião quinzenal, mas o follow-up acontece no dia a dia. Fica mais fácil identificar problemas em tempo real”, afirma. A empresa cresceu 53% em 2016, segundo Godoy. Com a prática já estruturada, o próximo passo é dividir mais as responsabilidades. A administradora Marcela Miranda, 40, da start-up de cartões Trigg, empreende há dez anos e começou com um site que entregava cervejas geladas em até duas horas por toda a capital paulista. “Atendia, embalava e enviava. Acho que precisava entender toda a produção para ser uma boa empresária”, diz. Hoje, Miranda não resolve tudo sozinha. “Não deixo de acompanhar tudo, mas consegui formar gestores de confiança que me ajudam nisso.” Essa relação, construída com o tempo, envolve uma dose de flexibilidade do chefe, segundo Ferreira, do Insper. Mas é uma chance de dividir problemas e opiniões. DE PERTO Identificar um erro com rapidez foi o que salvou uma tonelada de massa de pão de queijo da Formaggio Mineiro, dos sócios Marcello Lage, 50, e Mirany Soares, 42. A fábrica, que era terceirizada, entregou um produto que não crescia. A saída foi criar o waffle de pão de queijo, hoje um dos itens mais vendidos da marca, que faturou R$ 3,5 milhões em 2016. O episódio fez os sócios desistirem de terceirizar a produção, embora fosse mais barato, e investiram R$ 600 mil em uma fábrica própria. “Agora acompanhamos tudo, da matéria-prima à distribuição, e podemos cobrar melhor a equipe”, diz Soares.

Foto: Karime Xavier/Folhapress

Os sócios Marcello Lage e Mirany Soares, da Formaggio Mineiro, na sua fábrica em SP.


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Informe Publicitário

Depois do sucesso do Bragança na Brasa do ano passado, durante os dias 28 e 29 deste mês, acontecerá a edição de número dois, que terá quase o dobro do tamanho, muito churrasco, mais cerveja e Rock and Roll, pelo menos é o que prometem os organizadores do evento, Júlio Leme do WineHouse e Chefe Lino da Cantina Bella Itália. Durante o sábado e domingo, a fazenda Santa Petronilla, no bairro da Santa Helena, receberá uma equipe profissional de churrasqueiros, com os mais variados tipos de carnes, além da renomada linguiça Autêntica e prometem esfumaçar o céu de Bragança Paulista. Sete barracas com cervejas artesanais entre tantas outras opções gourmets trarão mais alegria a festa. O som oficial, como aconteceu no ano passado, é o mais puro Rock and Roll dos bons tempos e as 8 bandas escolhidas para este ano, com certeza irão agradar desde os mais jovens até a velha guarda. No sábado a principal atração será os Velhas Virgens, que se apresentam às 20 horas, tendo como abertura às 13h o For Friends, 15h The Rockaholics e as 17h The Bruces. Já no domingo, às 20 horas o velho parceiro de Raul Seixas, Marcelo Nova, se apresenta com o incoerente grupo Camisa de Venus e contam com as bandas de abertura Ruble Beatles Kids (especialmente trazida para os pequenos) às 13 h, o Babilônia às 15 h e o Hey

Charles as 17 h. No intervalo entre as bandas, em um segundo palco, acontecerão intervenções gastronômicas dos cursos de gastronomia da USF de Campinas, trazendo professores que ensinarão vários truques na preparação de periféricos do churrasco, pratos feitos com insetos (sucesso no ano passado) e até mesmo degustação de jacaré. Este ano, com o crescimento da festa, um encontro de mais de uma centena de motos especiais, além de carros fora de série, acontecerá no interior do evento. Teremos uma verdadeira frota de Harleys, BMWs, Porsches e Ferraris, além de outros fora de série. Nossos amigos do Bodes do Asfalto (um grupo com quase mil Top Motos e os carros esportivos da Top Prime, marcarão sua presença. As crianças não podem ser esquecidas e um parque infantil repleto de brinquedos infláveis, tobogãs, piscinas de bolinhas estarão a disposição para entreter os pequenos, com palhaços e monitores. Tudo está sendo pensado para realizar novamente a melhor festa de Bragança. Certamente este evento será uma excelente oportunidade de entretenimento, unindo o velho e bom rock and roll, gastronomia, cervejas gourmets e muita emoção. A festa conta com o apoio de grandes parceiros e maiores informações podem ser encontradas no site www.bragancanabrasa.com.br.


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