928 Edição 24.11.2017

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Braganรงa Paulista

Sexta

24 Novembro 2017

Nยบ 928 - ano XVI jornal@jornaldomeio.com.br 11 4032-3919


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Jornal do Meio 928 Sexta 24 • Novembro • 2017

Expediente

Não seja omisso(a)! Devolva! por Mons. Giovanni Baresse

Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão.

Estamos chegando ao final

empregados e necessitados, capaz

capacidade. Ao voltar recebe o

assumiu? Não se omita! Devolva ao

de mais um ano. Na Igreja

de deixar seu marido totalmente

lucro: dois empregados devolveram

“banco”! Em meados deste mês de

Católica também! Só não

tranquilo nos negócios da cida-

o dobro. Um, medroso, preguiçoso

novembro foi realizada Assembleia

há coincidência de datas. Na Igreja

de. E, ainda, elogiadíssimo pela

enterrou o dinheiro e devolveu o que

Diocesana com a convocação dos

o ano da Liturgia se encerra com a

mulher que tinha como esposa!

recebeu. A parábola quer mostrar

ministros ordenados, seminaristas e

festa de Cristo Rei e, já no começo

Esse texto tinha a finalidade de

que o Senhor é Jesus que entrega

agentes da pastoral dos sacramen-

de novembro, começa um novo ano

fazer pensar sobre a Sabedoria

sua riqueza aos empregados: o

tos da Iniciação Cristã (Batismo,

nós, vive e é o Senhor! No fundo é

com o Advento. Tempo de prepa-

(que A Bíblia compara, muitas

Evangelho e sua Igreja que será o

Crisma, Eucaristia) e agentes dos

uma revitalização, um retomar os

ração para comemorar a presença

vezes, à mulher sonhada naquela

seu “banco” para administrar os

Encontros para Noivos. Foi feita

caminhos da formação da Fé nos

de Deus feito carne humana entre

época). Ela é a chave para que a

sacramentos. Confia, a cada um,

uma explanação extensa sobre o

primórdios da Igreja. Somos todos

nós. Nestes últimos domingos a

vida seja feliz e plena. O texto dos

parte da sua missão. De acordo

necessário retorno à iluminação

chamados a não ter medo de ousar.

comunidade é chamada a fazer a

Provérbios iluminava o anseio da

com a capacidade de cada um. A

catecumenal, especialmente dirigida

Agradecer tudo o que foi feito ao

revisão da caminhada realizada.

comunidade de Tessalônica (1ª Ts

questão não é a capacidade. Essa

aos cristãos católicos deficientemente

longo dos séculos de evangelização,

Verificar o quanto se correspondeu

5,1-6) que, esperando a vinda imi-

todos têm! A questão está em co-

evangelizados. Tristemente, não é

mas reconhecer que estamos em

ou não à missão de continuar o

nente do Cristo Triunfante, queria

mo trabalhar a riqueza. E me fixo

novidade para nós, que muitos dos

outras situações. Vivemos mudança

anúncio do Evangelho nas palavras

saber a data para não ser pega de

naquele que enterra a riqueza! Se

batizados não cresceram na Fé e

de época onde tudo é colocado em

e atitudes. A liturgia da Palavra

surpresa. Paulo afirma que a data

tem medo, preguiça ou não tem

no conhecimento de Jesus Cristo.

discussão. Parece que não temos

do domingo que passou ofereceu,

é decisão divina. À comunidade

tempo deve devolver a riqueza ao

Daí o voltar-se da preocupação

mais parâmetros. Tudo é liquido,

de modo bem claro, a chance de

cristã cabe vigiar e continuar agindo

“banco”, para que a riqueza não

do Papa Francisco e dos nossos

como afirma Zigmunt Bauman.

um repensar a responsabilidade

preparando a Vinda do Senhor. E

se desvalorize ou não possa ser

bispos para a necessidade de rever

Nós cristãos temos, não para nós

de quem se diz cristão. Começava

como isso se faz? Entra o texto

utilizada porque alguém a retira

a forma como está o processo da

somente, aquele que é Caminho,

com o texto de Provérbios (31,10ss)

do Evangelho de Mateus (25,14-

de circulação. Boa advertência a

Evangelização. Salienta-se a “Igreja

Verdade e Vida! Nossa missão é

onde a Sabedoria é comparada à

30). Fala-se do senhor que dá sua

todos os que têm algum ministé-

em saída”! Ir aso encontro das pes-

faze-lo conhecido. Possibilitar o

uma mulher fantástica. Sonho de

riqueza para que os empregados a

rio ou serviço na Igreja: sente que

soas onde elas estão e a retomada

encontro com Ele. Para que conhe-

todo homem semita. Cuidadora

façam crescer. A cada um entrega

não tem vontade, tem medo, não

do “querigma”, o anúncio alegre

cido e encontrado seja a resposta

do lar, trabalhadora, generosa com

uma quantia de acordo com sua

tem mais tempo para aquilo que

do Senhor que deu sua vida por

para todo ser humano!

As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.


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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

Efeito comum na sala vazia Andava

Capital folclórica da Amazônia peruana Estirpe (Biol.) Piauí (sigla)

Poema homérico sobre Ulisses

Ordem de Serviço (abrev.) O PT, em relação ao governo Temer

(?) freudiano, estudo da Psicanálise

Agente (?): o barbeiro, em relação à doença de Chagas

Aprecie Bebida dos deuses (Mit.)

“A (?)”, sucesso de Lulu Santos Ícone, em inglês Time de AL (fut.)

Carros de lotações Chico (?), chargista de “O Globo” Mineral esverdeado Setor do porto (pl.)

Rede fundada por Silvio Santos (TV)

Black (?), tática Aí está (pop.)

Papéis nos quais se registram os números sorteados no bingo Cada elemento do círculo cromático

O foco, no cinema Tempo verbal 32

Solução

J T A C S

BANCO

Objetivo, em inglês Titânio (símbolo)

C

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

Livro que reúne poemas bíblicos Fã (fem.)

P D O O LO U G R A O S T R O N O M I C O

da nossa população e nenhum grupo de pessoas sofreu de forma tão explícita e constante o horror da violência que escravidão traz para as pessoas, ou seja, há a necessidade de uma conscientização do que foi a Diáspora Africana, sua violência inerente e de como a população negra foi segregada e posta em segundo plano durante um período tão longo de nossa História. O feriado, portanto, não é um simples feriado, mas a lembrança histórica de um fato significativo para a vida social de todos nós. Vergonhoso é ler alguns comentários, preconceituosos e até criminosos, sobre a data em questão, envolvendo inclusive outras demandas sociais urgentes, que defendem o fim da data ou uma data similar, o Dia da Consciência Branca, um pedido tão absurdo e estúpido quanto a Intervenção Militar Constitucional, e defendida por pessoas ignorantes sobre nossa História e Política, que veem na exclusão e na violência a solução mágica para nossos problemas, sejam eles quais forem. Vergonhoso é ler que os negros deveriam a cumprir os papeis que tinham no período escravocrata brasileiro e perceber que estas mensagens são aplaudidas e bem vistas por setores mais conservadores, ricos ou pobres, do país. O Dia da Consciência Negra, que simboliza a data da morte de Zumbi dos Palmares, é um marco social importante e deve ser lembrado como um ato de valorização das pessoas negras que ajudaram, com o seu suor e seu sangue tirados a golpes de açoite, o reconhecimento e o respeito que merecem e que se justifica no combate ao racismo, exclusão e opressão de todos os grupos excluídos, como os grupos indígenas, dentre tantos outros, a quem devemos um momento de reflexão e de compensação histórica nas suas mais diversas formas, como acesso à educação, a direitos básicos, bem como uma vida digna, plena e segura.

O P O S I T O R

Como já deveria ser notório e combatido, os discursos de ódio, alimentados por preconceitos e estigmas arraigados e consolidados historicamente, se propagam por todo o mundo, em uma onda que lembra os períodos que antecederam fenômenos históricos violentos, como a dominação europeia na África e na Ásia, no século XIX, e o fascismo europeu, na primeira metade do século XX. Entretanto, o aprimoramento dos meios de comunicação e sua exponencial velocidade abriu caminho para que estes discursos sejam despejados de forma incontrolável e que, por repetição incessante e embrutecedora, convençam as pessoas de suas supostas verdades, ainda que o bom senso e a lógica digam o contrário, mas, eis um dos malefícios da velocidade dos meios de comunicação, a repetição é tão insana e frenética que atropelam os pensamentos ponderados e os anulam. Aqui, ideias não científicas, como a ideia de raça, tomam os papéis de ideias plausíveis e vemos serem despertadas ideias que a muito foram superadas, tais como a Terra Plana, a teologia política, o recrudescimento da violência religiosa, além, é claro, das teorias racistas, como foi visto nos EUA e como se observa no Brasil, mas que se apresentam com uma força enorme e com milhões de adeptos em todo o mundo, para nosso espanto e vergonha. As datas comemorativas, como o Dia da Consciência Negra, são datas simbólicas que pretendem criar reflexões sobre momentos importantes de nossa vida social e civil e, nesse sentido, são bens vindas ainda mais quanto tratam de um tema tão pertinente como o racismo no Brasil. Afinal, nos esquecemos que na nossa História de 517 anos, tivemos mais de 300 anos de escravidão e as chagas abertas por ela estão aí, bastando olhar os dados oficiais do governo brasileiro para verificar a clara desigualdade entre brancos e negros no Brasil, além das situações desumanas de vários outros grupos sociais. É logico que esta não é a única chaga social brasileira, mas é uma das mais significativas, pois envolve mais da metade

I B R E T U M O S C E C O I R A D O A R I LA P S O NS M I S S A M E N S I C E C A RU C A S A T EL A S A T B L FU T U R

por pedro marcelo galasso

Pedido da criança pequena à mãe

S O A L U I D M E P P I R A I D V A A D D O A R I C O

da Inconsciência

Triturar (com os dentes)

Local com ampla oferta de Sapato bares e restaurantes feminino que deixa à mostra Alto (?): região vinhao peito do pé teira de Portugal

3/aim. 4/bloc — cepa — icon. 5/lamas. 8/escarpim.

Consciência na Era

© Revistas COQUETEL

Empresa de Informática dos EUA (sigla) É regulada Megapela ANS evento realizado no Brasil em 2016 Casacão invernal de longo comprimento


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por MARILICE DARONCO/FOLHAPRESS

O que faz um pai matar toda a família? O que leva uma pessoa que parecia ser muito tranquila a atirar em outra por uma discussão no trânsito? O que se passa na cabeça de um homem que ejacula em alguém em um ônibus? A diversidade de programas ficcionais, principalmente séries como “Dexter e “The Following”, sobre o que se passa na mente dos criminosos, são uma prova de como esse assunto desperta interesse geral. Na ciência não é diferente. Há muito tempo, pesquisadores buscam descobrir os fatores por trás do comportamento violento. E, cada vez mais, o cérebro tem aparecido como peça chave no caminho para uma resposta. Mas é possível decifrar a anatomia da violência? Alguns especialistas afirmam que sim. O psiquiatra britânico Adrian Raine, da Universidade da Pensilvânia, já dedicou mais de 30 anos de sua vida a tentar entender o cérebro dos criminosos. Em seus estudos, ele analisa desde crianças para saber como o comportamento se desenvolve, até presos em cadeias de segurança máxima. Raine, que esteve no Brasil em junho, participando do 14° World Congress on Brain, Behavior and Emotions, em Porto Alegre, sugere que a propensão à violência ocorre pela soma de alterações nas funções cerebrais causadas pela genética -a amígdala dos psicopatas seria até 18% menor do que o normal- e pelo ambiente -como mães que fumam durante a gravidez e má alimentação nos primeiros anos de vida. Dizer que o cérebro é um dos responsáveis pela propensão à violência pode parecer simples hoje, mas durante anos despertou bastantes questionamentos. Sobretudo porque, por mais que não houvesse ligação, as pesquisas da chamada neurocriminologia -que reúne em seus estudos áreas tão variadas quanto neurociência, genética e saúde pública- algumas vezes eram associadas à frenologia do século 19, usada para sustentar estereótipos raciais acerca do comportamento criminoso. Mas Raine diz que aquilo que ele e outros pesquisadores buscam não é o que mostrava, no início dos anos 2000, o filme “Minority Report”, no qual todos os crimes podiam ser previstos e os criminosos providencialmente contidos. O pesquisador começou a fazer tomografias cerebrais em homicidas em prisões americanas ainda nos anos 80. Ele foi um dos primeiros pesquisadores a comparar exames cerebrais de assassinos condenados com o de pessoas que não tinham cometido crimes. ANATOMIA DA VIOLÊNCIA Essas pesquisas incipientes já mostravam que os cérebros dos homicidas tinham uma redução significativa no córtex pré-frontal em relação aos demais participantes do estudo. À medida que as pesquisas avançaram, conta Raine, ele e outros neurocientistas começaram a chegar a resultados semelhantes sobre a relação dessa diferença com maior propensão a comportamentos violentos. “Nessas pessoas, existe um menor controle sobre o sistema límbico, responsável por emoções como a raiva, e redução do autocontrole.” O neurologista Ricardo de Oliveira Souza, da Unidade de Neurologia Comportamental e Cognitiva da Rede D’Or Labs, resume um dos principais avanços no que diz respeito às pesquisas que ligam o cérebro à violência: não estudar os fatores biológicos isoladamente dos ambientais. “O que está em jogo quando se julgam responsabilidades individuais, tanto boas, quanto más, é o indivíduo, e não seu cérebro. Desconectado do corpo, o cérebro não significa nada.” É por isso que o neuropsicólogo Vitor Geraldi Haase, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, afirma que é possível falar de uma anatomia da violência, porém com algumas ressalvas. PROBABILIDADE Há mais de 30 anos o pesquisador estuda correlações anátomo-funcionais entre o cérebro e o comportamento. Segundo ele, alterações em determinadas áreas ou circuitos cerebrais, seja sob a forma de aumento, seja de diminuição do nível de atividade, podem predispor o indivíduo a comportamentos agressivos. Mas o especialista alerta que a relação é probabilística. “Falar em uma relação de causa e efeito é forçar um pouco as coisas. É melhor pensar em termos de riscos ou predisposições”, diz Haase.

“O comportamento é função do cérebro. Não existe variação no comportamento sem variação anátomo-funcional no cérebro”, argumenta o neurocientistas. Mas ele chama a atenção para o fato de que as correlações entre cérebro e comportamento envolvem múltiplas instâncias e não ocorrem independentemente da vontade do indivíduo. “Se um tarado ejacula em uma mulher num ônibus e o juiz o solta, a probabilidade de que ele faça isso de forma recorrente aumenta. Se as instituições prenderem o malfeitor, não haverá oportunidade de praticar crimes novamente”. MÁ NUTRIÇÃO A busca dos cientistas não é apenas por descobrir “a origem do mal”. Eles também procuram elucidar o que pode ser feito para evitar ou ao menos diminuir a violência. Adrian Raine, da Universidade da Pensilvânia, por exemplo, defende que mães com má nutrição que bebem ou fumam durante a gestação têm o dobro de chances de gerar um filho violento. Ele também participou de uma pesquisa realizada na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, na qual a propensão à violência foi relacionada à baixa frequência cardíaca. Para o pesquisador, os estudos têm demonstrado que é possível reduzir a criminalidade oferecendo atividades físicas e melhor alimentação (a ingestão de ômega 3 é destaca por ele como essencial). Segundo Raine, o estudo realizado em Pelotas mostrou que fazendo isso com crianças de três a cinco anos, a criminalidade quando elas chegaram aos 23 anos foi reduzida em 34%. “Claro que não estamos solucionando a criminalidade mas é possível reduzi-la”, diz Raine. Para Vitor Haase, da UFMG, como as questões ambientais não podem ser analisadas isoladamente, é preciso considerar também que a sociedade brasileira tem sido excessivamente permissiva com os comportamentos antissociais, como crimes sexuais, furto, roubo, latrocínio ou até os chamados crimes do colarinho branco. Suas considerações vão ao encontro do que afirmou o professor da University of Southern California, Antoine Bechara, no 14° World Congress on Brain. Segundo Bechara, a mente do corrupto é como a de um psicopata, capaz de mentir, seduzir e manipular para conseguir o que quer. Ele explica que o comprometimento funcional do córtex pré-frontal ventromedial, causado por desordens genéticas ou trauma e estresse no início da vida, desregulam sistemas neuronais que alertam para as consequências das más escolhas. “A identificação precoce desses traços pode ajudá-los a lidar com o risco de comportamento antissocial” afirma Bechara. Para o neurologista Marino Muxfeld Bianchin, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, “o cuidado das crianças desde a concepção até os primeiros seis anos de vida é o melhor investimento que se pode fazer em termos de saúde mental e geral para uma população. Não, só isso, claro, mas esse período é crucial. Os governos deveriam investir nisso”. A AMÍGDALA É uma pequena estrutura (cerca de três cm) com uma série de conexões cerebrais por meio das quais exerce a função de mediação e controle das atividades emocionais. É nela que se identifica o perigo, o medo, a ansiedade, a amizade, o amor, o ódio A S ÁREAS A maioria das áreas implicadas na agressividade faz parte do sistema límbico, responsável pelas emoções e pelo com- portamento social. Essas áreas consistem de um aglomerado de núcleos, como a amígdala, o septo, o núcleo da estria terminal e os corpos mamilares, e uma série de estruturas corticais. AS EVIDÊNCIAS > Lesões em determinadas áreas como o córtex prefrontal ventromedial predispõem a comportamentos agressivos em fun- ção da impulsividade > Psicopatas apresentaram uma amígdala 18% menor que o normal. Muitos indivíduos com dis- funções na amígdala são predispostos à agressividade > A violência seria causada pelo somoatório de fatores biológicos e ambientais. Por conta disso, duas pessoas colocadas em um mesmo ambiente podem apresentar comportamentos completamente diferentes

ainda que submetidos aos mesmos fatores como a própria violência NO CÉREBRO Domínio afetivo (responsável pelas emoções e relações sociais) > Cérebro comum Faz julgamentos morais, é capaz de sentir medoe sente constrangimento e culpa > Cérebro disforme Não se interessa pela moral, tem a noção de perigo reduzida ou ausente e não sente culpa ou remorso Domínio cognitivo (responsável pelas operações mentais, pela percepção)

> Cérebro comum É capaz de organizar as ideias e tomar decisões levando em conta possíveis consequências de seus atos > Cérebro disforme Tem dificuldade de reorganizar ideias e não está preocupado com a consequência de seus atos Domínio psicomotor (coordena habilidades físicas e motoras) > Cérebro comum Responde aos estímulos físicos e consegue controlar os próprios impulsos > Cérebro disforme Apresenta dificuldade em controlar as reações antissociais e tende paraa hostilidade. Arte: Folhapress


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Marasmo Tenha um plano para romper a estagnação no trabalho

por JÚLIA ZAREMBA/FOLHAPRESS

Está há mais de dois anos em uma mesma função na empresa, sem assumir novos projetos? Pode ser um sinal de que o funcionário caiu em uma zona de estagnação. Para ele, é a hora de reavaliar as próprias atitudes ou até de trocar de emprego. O ciclo em uma função costuma durar 24 meses: um ano para aprender, o restante para mostrar resultados, afirma Ana Paula Montanha, especialista em recrutamento da Jobplex no Brasil. “Depois, é hora de mostrar os resultados para o chefe e perguntar qual será o próximo passo.” CARREIRA ENCALHADA Não ser chamado para participar de discussões e projetos novos ou ser preterido em promoções são sinais de que o profissional está ficando para trás. Mas, em alguns casos, não é fácil perceber que a carreira encalhou. “Aparentemente, está tudo bem. O funcionário é elogiado, tem boas avaliações e se relaciona bem”, diz Joel Dutra, coordenador do programa de estudos em gestão de pessoas da FIA. “Mas ele pode ter perdido a visão crítica sobre seu trabalho.” O jeito é conhecer outras empresas, fazer contatos fora da organização ou até tirar férias para abrir a cabeça e avaliar de forma realista a própria situação profissional, para perceber se está ou não em desenvolvimento. Para subir de nível, é preciso se mexer. “Não adianta esperar a companhia tomar atitude, o indivíduo deve ser responsável por sua ascensão”, diz Anna Scofano, mentora de carreiras da FGV. O primeiro passo é estipular metas e descobrir o que pode ser feito para alcançá-las. De preferência, alinhadas com os seus pontos fortes. “O principal erro é almejar algo que não se encaixa em seu perfil”, observa Leni Hidalgo, professora de liderança do Insper. “Às vezes, a pessoa muda de posição e não se destaca como antes.” Se o profissional quiser mudar de área dentro da empresa, atitudes como fazer um bom marketing pessoal e se envolver em tarefas e projetos de outros departamentos o ajudarão a mostrar mais habilidades para o chefe. Depois de nove anos na área financeira de um escritório de advogacia, a administradora Juliana Perin, 34, sentiu que estava acomodada e decidiu se envolver no projeto de implantação de um novo sistema na empresa, na função de coordenadora.

“Acumulei duas funções, mas sabia que era uma forma de fazer com que conhecessem melhor o meu trabalho.” Cabia a ela gerir uma equipe de dez pessoas e fazer a ponte entre o escritório e a empresa criadora do software. Oito meses após a conclusão do projeto, foi promovida a gerente-geral do lugar. Um MBA em gestão estratégica, feito antes de assumir o projeto, também ajudou na ascensão. “Cheguei aonde gostaria na carreira, mas não vou me acomodar, sempre busco mais”, diz. Permitir que os funcionários transitem entre diferentes áreas da organização, para que descubram o espaço no qual se encaixam, é uma atitude que deve ser buscada pelas empresas, segundo Hidalgo: “Para isso, o lugar deve ter uma cultura que privilegie não só o desempenho, mas também o desenvolvimento dos profissionais”. As organizações devem buscar ainda manter um bom canal de comunicação com os empregados, para saber de seus anseios e suas frustrações, e motivá-los a se envolver em novos projetos, afirma Márcia Bedani, sócia da Alliance Consultoria, especializada em gestão de pessoas. Há situações em que será preciso sair da empresa para alçar voos maiores, especialmente se não houver mais perspectivas de crescimento. “Às vezes a pessoa não está satisfeita, mas ganha bem, gosta do chefe e acaba ficando ‘algemada’ no lugar, mesmo sem se desenvolver”, diz Tânia Casado, coordenadora do escritório de desenvolvimento de carreiras da USP. Fabio de Oliveira Santos, 39, especialista em sistemas da informação, trabalhou por dez anos em uma empresa do setor de telecomunicações. Durante o período, morou na Irlanda, na Suécia e nos Estados Unidos. Começou como analista de sistemas e chegou até o cargo de diretor. “Eu não sentia mais vontade de trabalhar ou de aprender coisas novas, e queria voltar para o Brasil”, conta. “Foram quatro anos me preparando para essa mudança.” Santos investiu em uma pós-graduação e reativou sua rede de contatos no país. Ficou por mais dois anos na empresa quando retornou, em um cargo inferior, até pedir demissão. Há dois meses está na Coretech, empresa de publicidade do grupo WPP, como gerente de serviços de TI. “Estou me sentindo muito mais motivado”, diz.

ENGATE A MARCHA Como combater o marasmo no emprego Organize um plano de carreira Defina aonde quer chegar e o que será necessário desenvolver para atingir o objetivo. É preciso ter motivação para cumprir metas e sair do piloto automático Envolva-se em novas tarefas Assumir uma função em outra área da empresa, como liderar um novo projeto, pode ajudar o funcionário a mostrar outras habilidades e conseguir uma promoção Invista em cursos Procure atividades de formação que se alinhem com seus pontos fortes e metas de carreira, como cursos de idiomas e de especialização Converse com o chefe

Relembre sua trajetória na empresa, o que já fez de positivo e pergunte o que precisa desenvolver para subir de posição ou ser transferido para outro setor Tenha uma rede quente de contatos Procure se relacionar bem com outros funcionários da empresa para que não seja esquecido em um canto obscuro do escritório Não vire refém da organização A carreira do funcionário deve ser gerenciada por ele mesmo, não pela empresa. Caso se sinta estagnado, tome você mesmo a iniciativa de mudar a situação Fique atento a novas vagas Às vezes, a oportunidade de “desencalhe” pode estar em outra organização. Invista no networking e acompanhe as ofertas de emprego nas redes Foto: Danilo Verpa 31.10.2017/Folhapress

A administradora Juliana Perin, 34, que foi promovida a gerente-geral em 2015


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Fugindo do assédio Assédio impulsiona negócios exclusivos para público feminino

por PAULA PACHECO/FOLHAPRESS

O crescente número de denúncias de assédio tem estimulado negócios para atender apenas o público feminino. Para as clientes de serviços como aplicativo de transporte, autoescola e até estúdio de tatuagem, ter uma mulher no comando passa mais segurança e conforto. A ideia da administradora Gabriela Corrêa, 35, surgiu depois de ser assediada em um táxi. Ela preferiu não denunciar o motorista, mas teve a ideia de abrir junto com a irmã o aplicativo Lady Driver, serviço de transporte exclusivo para mulheres. Com R$ 500 mil próprios, a administradora procurou aceleradoras, mas a ajuda veio de investidores-anjo, que aportaram R$ 1 milhão. Corrêa treina as motoristas e dá dicas para melhorar o faturamento. “Algumas estão conseguindo uma renda de até R$ 1.500 por semana”, diz. A sócia acredita que seu diferencial é deixar clientes mais seguras e à vontade durante a viagem. A empresa não revela o faturamento. Para Ana Fontes, presidente da Rede Mulher Empreendedora, o desafio é avaliar se de fato há interesse do público no serviço. “O projeto deve resolver um problema claro, por isso é vital testar o modelo antes de abrir as portas”, diz. Também é preciso acompanhar novas tendências. “Isso evita que você seja vítima de uma moda, como já vimos em outros tipos de negócio, que acabam com superoferta”, afirma a consultora do Sebrae Ariadne Mecate. VOLANTE Para a empresária Carla Müller, 38, de São Paulo, os tempos de instrutora na autoescola do pai mostraram que muitas mulheres tiravam a carteira de motorista, mas preferiam não dirigir. Müller viu aí uma oportunidade e há três anos abriu o Centro de Treinamento Mulheres no Volante, no bairro da Saúde (zona sul), em São Paulo. A segunda unidade foi inaugurada em julho do ano passado em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo). O curso é apenas para quem já tem habilitação, mas precisa de aulas para “desenferrujar”. Uma psicóloga atende quem tem medo de dirigir. “Muitas são viúvas ou recém-separadas e dependiam por muito tempo dos parceiros como seus motoristas”, afirma Muller. Há também casos de mulheres cujos companheiros dizem ter ciúme e preferem

aulas com instrutoras. Müller recorreu a um empréstimo e uma carta de crédito de um consórcio para comprar os carros. Foram investidos R$ 200 mil na escola de São Paulo e R$ 110 mil na de São Bernardo. Foi difícil encontrar instrutoras. Para isso, recorreu a cursos de formação na hora de contratar. Hoje a unidade da Saúde tem uma média de cem clientes por mês e fatura em torno de R$ 55 mil. Já a escola do ABC tem entre 40 e 50 matrículas mensais e um faturamento que oscila entre R$ 45 mil e R$ 48 mil, em parte puxado pelos adicionais para quem faz aulas na estrada. Como só oferece curso para quem tem CNH, a empresária costuma fazer divulgação nas autoescolas de conhecidos e da família, que atua no setor. “Os serviços se complementam”, afirma Müller, que faz planos para ampliar a marca a partir de 2019.

PRIVACIDADE Em Porto Alegre (RS), há pelo menos um estúdio de tatuagem só para mulheres, o Cadê Amélia, da tatuadora Glaura Gonçalves, 42. Gonçalves teve a ideia depois de ouvir queixas de clientes constrangidas por dividir o espaço com homens mesmo quando as tatuagens são em lugares íntimos. Da atendente às tatuadoras, todas são mulheres. Homens não podem entrar nem como acompanhantes. A regra inclui o sócio-investidor, que aportou parte dos R$ 60 mil de capital inicial. “Para tatuar o seio ou a coxa é preciso tirar a roupa. Aqui, as clientes não precisam se preocupar com olhares”, explica Gonçalves. O atendimento exclusivo tem atraído também mulheres na casa dos 60 anos que nunca se tatuaram. O faturamento do estúdio fica entre R$ 20

mil e R$ 30 mil por mês, numa média de 180 a 200 tatuagens. Gonçalves planeja abrir uma segunda unidade, também no RS, até o fim do ano. A CARA DELAS Perfil das empresárias brasileiras 75% das empreendedoras brasileiras abriram a empresa após a maternidade 55% delas buscavam mais qualidade de vida, mas 39% trabalham nove horas ou mais 39 anos é a média de idade das empreendedoras 73% fizeram empréstimos para investir no negócio 35% delas são microempreendedoras individuais Fonte: Pesquisas “Quem São Elas, 2016” e “Empreendedoras e Seus Negócios”, de 2017, da Rede Mulher Empreendedora. Foto: Alberto Rocha 30.10.2017/Folhapress

Carla Müller, sócia do Centro de Treinamento Mulheres no Volante, em São Paulo.


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Refluxo

Refluxo é normal em bebês, mas merece atenção em adultos, entrada de suco gástrico no pulmão é perigosa, podendo causar uma infecção grave no organismo por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS

Aquela sensação amarga na boca, como se fosse expelir o alimento, que chega após uma espécie de soluço, é o chamado refluxo gastroesofágico. Isso ocorre quando o ácido do estômago retorna para o esôfago em direção à boca. Em recém-nascidos, isso é normal, segundo os médicos ouvidos pela reportagem. “O bebê ainda está em formação, então, a válvula que existe na entrada do estômago, que impede a volta do alimento, ainda é frágil. Pode demorar até um ano meio para se formar”, diz Cylmara Gargalak Aziz, pediatra do Hospital Sírio Libanês. Uma das preocupações, segundo a médica, é o engasgamento. “A mãe deve tomar alguns cuidados ao amamentar para evitar que o refluxo faça a criança engasgar. O correto é o bebê ficar sentado a 45 graus”, diz. No caso de adultos, o problema chama a atenção. O suco gástrico pode alcançar órgãos do sistema respiratório e gerar graves problemas. “O organismo não está preparado para sofrer com o suco gástrico”, diz Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). “Existe o risco de engasgar e causar uma pneumonia aspirativa, o que é grave”, completa. Essa pneumonia é uma infecção do pulmão causada pela entrada de líquidos contaminados pelo estômago ou pela boca. Tem que ser tratada imediatamente. O refluxo é mais propenso em idosos. A musculatura do diafragma, que separa o tó- rax do abdome, vai enfraquecendo, não fechando a válvula como deveria, o que libera a entrada do ácido. “Pessoas obesas também são mais propensas por causa da pressão no abdome. No tratamento, um dos pontos é fazer o paciente perder essa gordura abdominal”, diz Maria Fernanda. Deitar após as refeições piora sintoma Um hábito bastante comum é apontado como o estopim para o refluxo. Deitar logo após a refeição aumenta bastante o risco de a pessoa sofrer com a acidez. “Se a pessoa se alimenta mal e deita em seguida, pode acontecer o refluxo. Por isso, aconselhamos, principalmente os idosos, a se alimentarem duas horas antes de deitar”, explica a endocrinologista Maria Fernanda Barca.

Arte: Folhapress


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Jornal do Meio 928 Sexta 24 • Novembro • 2017


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