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MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XVI - Nº 843 - 16 A 22 DE OUTUBRO DE 2015

ROUBALHEIRA

PREFEITO É AFASTADO POR ALUGAR VEÍCULOS DA ESPOSA, SOGRO E TIO DONO DE TRATOR QUE VALE R$ 10 MIL RECEBIA R$ 84 MIL POR MÊS P/12

AJUSTE FISCAL DE RENAN FILHO ESBARRA EM ENTULHO DA ERA TÉO VILELA P/8 E 9

SECA AGRAVA CRISE DAS USINAS E NOVAS INDÚSTRIAS DEVEM FECHAR P/13

CNJ ABRE NOVA INVESTIGAÇÃO CONTRA PRESIDENTE DO TJ-ALAGOAS

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COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

Santoro no vespeiro

Ao propor mudanças radicais na estrutura da AL-Previdência, o secretário da Fazenda, George Santoro, mexeu em um vespeiro que pode atingir o próprio governador Renan Filho. A reação de Santoro foi motivada pela resistência dos represen-tantes dos servidores, que compõem o Conselho Deliberativo da previdência estadual, constituído por integrantes dos três poderes. O que mais indignou os membros do Conselho foram declarações de Santoro alegando a ilegalidade da AL-Previdência e a existência de “gastos misteriosos”, além de supersalários de diretores do órgão previdenciário. A proposta do secrertário foi submetida ao Conselho, que até agora não deu sinais indicativos de que aprovará a mudança. A matéria vem sendo estudada meticulosamente pelo conselheiro-relator, juiz Manoel Cavalcante de Lima Neto, e não há prazo definido para apresentar seu relatório. Além de não convencerem aos conselheiros, os argumentos de Santoro atropelam a realidade, visto que a previdência estadual é considerada hoje um dos órgãos mais bem administrados e com grandes investimentos voltados para o interesse dos servidores.

A crise é grave

A cruz e a espada

Rocha.

Mais seis indústrias do setor sucro-alcooleiro alagoano estão na iminência de fechar as portas antes mesmo da moagem da safra atual, que começa a ser colhida. Além da queda no preço do açúcar no mercado mundial, as usinas sofrem com a seca que castiga os canaviais e deve reduzir a produção de cana em torno de 25% em relação à safra passada. Tudo somado, resta a quebradeira do setor, com falência de usinas e dos plantadores de cana, além de milhares de trabalhadores sem emprego.

O deputado Cícero Almeida não pensa em outra coisa que não seja voltar a ser prefeito de Maceió. Isto se até lá não for cassado por infidelidade partidária ou por corrupção no processo em que é acusado de desviar milhões de reais no chamado esquema do lixo.

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Ainda temos Paris.... A usina Triunfo, da família Tenório, está prestes a fechar, deixando um rastro de falência e desemprego em Boca da Mata. A indústria está mal das pernas, mas seus sócios, nem tanto. Que o diga Papada de Bispo, feliz dono de um luxuoso apartamento na avenida mais famosa de Paris.

Tô nem aí.....

Supersalário A propósito das declarações de George Santoro, o jornal EXTRA recebeu informações de que o secretário da Fazenda é o servidor mais irregular da atual administração. Ele é funcionário do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro, cedido ao Estado de Alagoas com ônus para o órgão de origem e, aqui, tem salário de secretário de Estado e recebe jetons como membro de todos os conselhos que integram a estrutura administrativa do Estado. E ainda nem se conhece quem o indicou e a existência, no seu currículo, de conhecimentos relativos à administração tributária.

Outro dono de usinas falidas acaba de adquirir por R$ 4,5 milhões um apartamento de luxo na Ponta Verde. À vista. Suas indústrias estão quebradas, mas ele certamente não precisa trabalhar mais na vida. Sua única preocupação agora é contabilizar os rendimentos de suas aplicações em papéis do Tesouro americano.

Rasteira nos credores Para fugir do bloqueio judicial de bens, outro usineiro falido transferiu vários imóveis de sua propriedade para uma de suas amantes. A doação gerou para o tesouro estadual uma receita tributária de meio milhão de reais.

Disputa acirrada Emannuela Moura, primeira-dama de Paripueira, vai disputar a Prefeitura da Barra de Santo Antônio, enquanto Simony Farias, filha de Rogério, prefeito de Barra de Santo Antônio, vai disputar a prefeitura de Paripueira. A disputa, na verdade, se dará entre Abrahão Moura, um dos prefeitos mais bem avaliados de Alagoas, e Rogério Farias, que vem fazendo uma gestão sofrível.

Frase da semana “O PT é corrupto, incompetente, populista, oportunista, cínico, se-gregador, autoritário e hipócrita”.

Paulo Jacinto A Associação Comercial e Empresarial de Paulo Jacinto (ACEPJ), criada esta semana no município, começa as atividades com todo vapor. O Dia das Crianças, promovido pela associação, foi sucesso total. Os filhos de clientes que participaram da promoção foram presenteados com uma manhã de lazer, regada a brincadeiras, guloseimas e prêmios. A ACEPJ, através do empresário Lucas Lima, promete outros eventos.

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A implantação da ACEPJ era um sonho antigo de comerciantes e empresários de Paulo Jacinto. Agora, com apoio da Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas, a categoria tem um porto seguro para buscar alternativas e driblar a crise que atinge o país. Parabéns a todos os associados pela iniciativa e que outros membros venham para fortalecer a associação.

Conselho Tutelar

Rodrigo Constantino – jornalista

40 anos do Quinteto O Quinteto Violado realiza seu show 40 anos de Música, em Maceió. O evento acontece dia 23 de outubro, ás 20h30, no Teatro Deodoro com única apresentação. No novo show eles cantam Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Geraldo Vandré. Também haverá homenagem ao Maestro Egildo Vieira de Piranhas e participação do Quinteto Armorial de Piranhas. Vendas de ingressos na bi-lheteria do Deodoro ou pelos telefones 33155656 e 99979-5959 e falar com o produtores Marcus Assunção ou Fafá

E as eleições para conselheiro tutelar continuam dando o que falar. Ontem, a pedido da Promotoria, o Juízo da Infância e da Juventude de São Miguel dos Campos suspendeu os efeitos das eleições realizadas no início do mês na Barra de São Miguel. Motivo: a votação foi em chapa, quando deveria ter sido em candidato único.

Irresponsabilidade A cidade de São Luiz do Quitunde possuía uma única ambulância; isso mesmo: possuía. O veículo foi pego numa blitz desemplacado e o município está sem nenhum carro apropriado para atender as demandas da população. Até quando Eraldo Pedro continuará na impunidade?

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

ARTE Fábio Alberto - 9351.9882 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7248 - 9.9982.0322

FAX - 3317.7245 IMPRESSO - Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


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JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

Siga-me: @jorgearapiraca

STF protege Dilma Rio – É até louvável o cuidado dos ministros do STF em não deixar prosseguir o rito do impeachment de Dilma. Mas é condenável o excesso de zelo do tribunal na proteção ao mandato dela com a expedição de três liminares para barrar o trabalho na Câmara dos Deputados. Nós, os brasileiros, gostaríamos de chamar a atenção desses ministros para o fato de que, um ou dois deles isoladamente, não podem sobrepor a representatividade popular do país concentrada no Congresso Nacional. Os membros do STF devem refletir melhor sobre essas liminares e levar o caso imediatamente ao plenário da Corte para julgamento, permitindo que a presidente responda pelos crimes que cometeu durante os seus mandatos. Aliás, como não se trata de matéria constitucional, o julgamento das liminares estaria afeto ao STJ e nao ao STF, segundo entendem vários juristas do país. Não se deve julgar aqui a qualidade do Congresso Nacional, a integridade dos seus componentes e os escândalos que cercam alguns deles. O que está em jogo nesse momento é a representatividade popular. Eles foram eleitos por milhões de brasileiros e, por isso, detém o poder de falar em nome do povo. O STF, o guardião da nossa Constituição, tem cometido alguns deslizes jurídicos nos últimos anos, quando mistura posições políticas e paixões pessoais com a análise fria dos autos. Não é à toa que parlamentares envolvidos em escândalos torcem para ser julgados na Corte maior, porque a consideram mais flexível na análise de seus casos. Desde a época do mensalão, quando estava em julgamento o governo do ex-presidente Lula e as ratazanas petistas – muitas julgadas e presas -, o STF tem se comportado com parcimônia em relação aos verdadeiros chefes das quadrilhas que dilapidaram o patrimônio do país. Quem não lembra, por exemplo, dos ataques do ex-ministro Joaquim Barbosa contra alguns de seus colegas que interpretavam com parcialidade a acusação contra alguns réus petistas? O Brasil assistiu, ao vivo e a cores, as divergências de alguns ministros que punham em dúvida até mesmo provas contundentes de alguns acusados nos autos. Muitas vezes, a televisão mostrou tendências claramente petistas de alguns ministros que tentavam protelar, e até excluir dos processos, acusados que tinham comprovadamente as marcas das suas digitais nos escândalos do mensalão. Foi por causa desses truques jurídicos que a cadeia hoje está vazia dos mensaleiros. Com exceção de Marcos Valério, o bobo da corte, que cumpre seus quarenta anos de reclusão, quase todos os réus estão fora da cadeia beneficiados que foram pelas maquinações jurídicas do próprio STF durante o julgamento. Apenas os que reincidiram no crime, como o Zé Dirceu, voltaram para a prisão. Quando o STF interfere diretamente nos trabalhos do Legislativo, como acontece agora, está confrontando outro poder. Mais: está protegendo um governo desqualificado que protege a maior quadrilha de bandidos de toda a história do país. Está, de alguma forma, indo contra os mais de 90% dos brasileiros, que, indignados, já condenaram esse governo que derrete a economia, agride a ética e continua assaltando os cofres públicos. As leis foram feitas para ser aplicadas, principalmente em um regime democrático, mas elas também precisam ser usadas como instrumento social e político quando está em jogo o destino de uma nação.

A tonta A Dilma, coitada!, ainda não entende o que se passa no país. Cercada de áulicos, assessores e ministros despreparados, muitos deles envolvidos na Lava Jato, a exemplo do Edinho da Silva, que chantageou o dono da UTC para depositar R$ 7,5 milhões na conta da campanha dela. A presidente, para desespero dos brasileiros,parece viver dormindo em sono profundo, à base dos tarjas pretas. Quando acorda é para dizer um monte de besteira tipo ”ainda existe luz no fim do túnel” ou a “ainda não existe tecnologia para estocar vento ”. O outro, Lula, responsável por toda essa bagunça, dono de uma fortuna incalculável, arvora-se de mestre da política. Mexe nos bonecos de Brasília na tentativa de salvar o Titanic, mas o troca-troca só serve aos seus interesses.

Interferência Não se deve interpretar as leis apenas como instrumento jurídico, mas, sobretudo, social. A Câmara dos Deputados tem a obrigação de continuar o rito do impeachment da Dilma porque é assim que pensa o povo brasileiro. Uma decisão isolada de um ministro do STF não deve prevalecer em relação aos representantes do poder Legislativo. É uma interferência casuística nos trabalhos do Congresso Nacional.

Legal O impeachment é um instrumento constitucional. Não se trata de uma excrecência jurídica como dizem alguns. Já foi utilizado em outros momentos políticos de forma legal e o Brasil não sofreu nenhuma regressão democrática. Portanto, senhoras e senhores ministros, deixem que a Casa do Povo julgue quem foi eleito também pelo povo, a presidente Dilma, que jurou trabalhar com seriedade e honestidade pelo Brasil. Abstenham-se das paixões políticas e atenham-se à Constituição Brasileira. E ponto final.

Bancarrota O trio Lula, Eduardo Cunha e Dilma deveria se juntar e, para o bem do Brasil, pendurar as chuteiras e abandonar de vez a política. Essa seria uma atitude magnânima. Mas é também utópica, porque dessas pessoas não devemos esperar ato de tanta grandeza. Agarrados como carrapatos ao poder, o trio sangra. Derrete-se em imoralidade. O Eduardo Cunha, por exemplo, pegou o cacoete malufista de negar o óbvio. Diz não serem dele as transações bancárias no exterior realizadas com dinheiro roubado da Petrobras, mesmo com as suas digitais e da sua mulher nas contas milionárias na Suíça. Dirige-se aos jornalistas nos corredores do Congresso Nacional como se nada tivesse acontecido. E, na maior cara de pau, repete: “Não sei do que vocês estão falando, não vou falar, essas contas não são minhas...” Oras, se toda essa montanha de dinheiro não é dele, a pergunta é: de quem é? Se for apenas da sua mulher, a jornalista Claudia Cruz, que a polícia a chame para depor já que ela não goza de imunidade e comete crime de sonegação fiscal.

Roubalheira As mudanças ministeriais do Lula só tinham um objetivo: fortalecer a sua participação no governo e, com isso, protelar a sua prisão pela Polícia Federal, o que deverá ser inevitável pelas provas já colhidas nas investigações da sua participação em toda essa roubalheira. É esse o quadro, sem retoques, da anarquia no Brasil, quando fica até difícil escolher o mocinho na preparação desse filme que só tem candidatos a bandidos.

Morto-vivo Como um morto-vivo, Eduardo Cunha atravessa os corredores da Câmara da Deputados, cercado por jornalistas e curiosos, como se estivesse perambulando no pátio de um hospício, com a mente turva, repetindo as mesmas coisas: “Não sei de nada, fale com os meus advogados, oportunamente falarei...”O até então arrogante Cunha, agora, já aparece curvado, cabelos desalinhados e desorientado. Nessas horas, os amigos desaparecem, o poder escorrega pelas mãos e a família se desintegra. Cabe a ele, sozinho, responder as questões dos jornalistas para matar a curiosidade dos brasileiros que assistem estupefatos a mulher dele gastar milhões de reais em academias, clubes de tênis e butiques de luxo lá fora com dinheiro comprovadamente roubado da Petrobras.

Mentiroso Os deputados mais independentes – aqueles que não vivem às custas do fisiologismo de Cunha – já pediram a sua cabeça. Não querem mais ser liderados por um presidente que mentiu à CPI quando afirmou categoricamente não ter contas no exterior. Até o líder do PMDB, o deputado Leonardo Picciani, indicado por Cunha, tem a sua liderança questionada. Intermediário das negociações entre o PMDB e a Dilma na reforma (?) ministerial, começa a perder força por trabalhar com o baixo clero nas indicações para os ministérios. Descobre-se, agora, que o líder é um blefe, inexperiente e ingênuo para cumprir um papel tão relevante em um país à deriva. Ao lado de Cunha, seu protetor político, certamente vai derreter se não sair de fininho para evitar se chamuscar nessa lama que cobriu o mandato e o cargo do seu chefe na presidência da Câmara.


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GABRIELMOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

Vem mais arrocho por aí

Atordoados Os empresários, tardiamente, vão querer saber do governo como foi elaborado o pacote maquiavélico de impostos que veio garganta abaixo. Se eles não entenderam, os deputados conseguiram isso em tempo recorde, ao dar o aval ao governador Renan Filho de que a melhor forma encontrada para tapar os buracos da crise seria a criação de novos impostos.

Explicações

A oposição, que parece girar apenas em torno do deputado Rodrigo Cunha, na Assembleia Legislativa, deve deitar e rolar nas eleições do próximo ano e na de 2018. Com certeza vai querer saber dos candidatos o que eles fizeram com as finanças dos alagoanos, que vivem momentos de agonia com essa crise toda.

Reflexo

O desemprego, as lojas praticamente vazias, os restaurantes com poucos comensais, é o reflexo da crise que se abateu violentamente contra a população brasileira e consequentemente de Alagoas. Com isso, os índices sociais deverão piorar bastante. É esperar pra ver.

Nem aí

Mesmo com todas essas mazelas, as candidaturas a prefeito e vereador no próximo ano estão de vento em popa. Ninguém sabe de onde sairá a grana, mas para os candidatos a tudo se dá um jeito.

A campanha para escolher o novo presidente da OAB-AL vai ter, a partir de agora, lances duros. De denúncias de campanha antecipada e utilização do nome da instituição, proibidos nos Estatutos da Ordem, a briga vai pegar. Alguns pedidos de impugnação já estão prontos para serem apreciados, enquanto o corpo a corpo para obtenção de votos corre acelerado na capital e no interior. Fernando Falcão, Fernanda Marinela e Roberto Mendes vão disputar a preferência de milhares de advogados. Nessa eleição, que acontecerá no dia 18 de novembro, só vota quem estiver em dia com suas anuidades.

Por fora

D

epois da dose cavalar em impostos, especialmente no ICMS, combustíveis e IPVA, o secretário da Fazenda, George Santoro, já admite que essas medidas, junto com a diminuição da máquina do governo, não serão suficientes para cobrir um rombo no orçamento que gira em torno de 200 milhões de reais. O que ele quis dizer com isso é que vem mais arrocho por aí, ninguém sabe de qual forma. Para equilibrar despesas e receitas em tempo de crise, a maneira mais prática é abusar de mais impostos para a população pagar, embora a sociedade não tenha nada a ver com a grave situação econômica atual do Brasil e não vê muitos horizontes para sair desta enrascada pelo menos em curto tempo. O secretário, orientado, está fazendo a sua parte. Se atingirá ou não os bolsos já combalidos da população e consequentemente de empresários, não é o seu problema. Seu objetivo é aumentar impostos sob a alegação de que caiu o Fundo de Participação dos Estados e que dinheiro novo está muito difícil vindo do governo federal. George Santoro, se não resolveu a crise no Estado de Alagoas, pelo menos está ficando com o prêmio de o secretário que deu até agora o maior reajuste de impostos no Brasil.

Campanha na OAB

Tem muitos políticos que parece que ainda não entenderam a minirreforma eleitoral. O deputado federal, por exemplo, se for candidato a prefeito, como será o caso de Givaldo Carimbão, de início perderá logo dois anos de mandato. Se for eleito, terá quatro anos na prefeitura sem direito à reeleição. Só quem pode ser reeleito é aquele que já está no cargo, como, para se dar um exemplo, o prefeito Rui Palmeira.

Vontade de servir?

Qual crise?

Mesmo com as dificuldades em alta, a briga é grande para o cargo de prefeito no próximo ano. Muitos já iniciaram a campanha, mesmo negociando com cabos eleitorais a redução de custos em nome da crise. Se as prefeituras passam por enormes dificuldades com problemas até para pagar o 13º salário, então os candidatos estão mesmo é com vontade de servir ao povo. Será?

Mesmo com a situação considerada gravíssima na área econômica e o Estado de pires na mão, o governador Renan Filho não larga Brasília para convencer ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy,da contratação de mais um financiamento, endividando Alagoas ainda mais. O banco a conceder o empréstimo, se o governo federal autorizar, é suíço.

Aliança mantida É cada vez mais estreita a relação política entre Rui Palmeira e seu vice, Marcelo Palmeira. Como a dupla é forte e conta com o apoio de partidos do mesmo porte, é natural que adversários já comecem a querer por lenha no fogo com vistas às eleições do próximo ano.

Governador dos impostos Renan Filho pode até não fazer muita coisa nos poucos mais de três anos de mandato, mas com certeza será lembrado como o governador que mais elevou impostos em Alagoas. Aos amantes de uma cervejinha e do celular, um aviso: aproveitem porque no próximo ano a conta vai doer mais nos bolsos.

Sem moagem Pode ser que não, mas os boatos no município de Boca da Mata dão conta de que a Usina Triunfo, tradicional na região e uma das mais bem sucedidas em Alagoas, não irá moer este ano. Sua cana estaria sendo colhida para moer em outras usinas próximas a Boca da Mata.

A crise é grave Sem moer, milhares de trabalhadores perderão o emprego sazonal em Boca da Mata. Pequena mão de obra está sendo utilizada nos campos para o corte da cana que resta nos canaviais. Depois, só Deus sabe como irão sobreviver.

Transparência O novo secretário do governo de Rui Palmeira, José Thomaz Nonô, foi realis-ta ao declarar, após tomar posse no cargo, que não haverá mágica no âmbito da saúde em Maceió. Fará, porém, dentro dos recursos disponibilizados, um mutirão para atender principalmente às famílias mais carentes da capital.

Demorando demais A nomeação de um nome para substituir Luiz Eustáquio Toledo no Tribunal de Contas do Estado ainda dorme nas mãos do governador Renan Filho. Mesmo que ele queira Olavo, seu tio, no TC, parece que esbarra na concepção do pai, senador Renan Calheiros. Escândalo, neste momento, é o que menos querem os mais experientes.

Se preparando O prefeito Rui Palmeira veio de uma escola política da mais alta respeitabilidade e sabe, como ninguém, trabalhar bem nesse campo. Além do Partido Progressista e do seu próprio, o PSDB, Rui avança com a conquista do DEM que tem sua presença no secretário de Saúde José Thomaz Nonô. Discreto, sem fazer alardes, Palmeira pode conquistar mais partidos para uma grande união no próximo ano em torno de sua reeleição para prefeito de Maceió e compromissos para 2018.

Força de Biu O senador Benedito de Lira marcou um grande ponto com a nomeação, para a CBTU nacional, de Marcos Fireman, que já integrou o secretariado do ex-governador Téo Vilela e tinha desejo de disputar o governo do Estado. Biu tem transitado livremente no Palácio do Planalto, pela sua coerência nas posições assumidas no Senado e pelo apoio que vem dando à presidente Dilma Rousseff. Já Marcos Fireman foi um respeitado secretário de Infraestrutura e competente engenheiro durante o tempo em que exerceu suas funções. Tem muito com o que contribuir para a mobilidade urbana do Estado.

Sem vez Mesmo se submetendo a uma delicada cirurgia, o presidente da Assembleia Legislativa, Luiz Dantas, não dará chance ao suplente Cícero Cavalcante, que parece sem vez no PMDB do governador Renan Filho. Vai ter que esperar sentado uma oportunidade de assumir o mandato na Casa de Tavares Bastos.

Denúncia grave

Um assunto que vinha sendo discutido por baixo dos panos chegou agora à Assembleia Legislativa através do deputado pastor João Luiz. Ele denunciou existir uma máfia das funerárias no Hospital Geral do Estado e de esquemas pesados em tratamentos oncológicos em hospitais alagoanos, o que merece uma investigação pela Polícia Federal, uma vez que o assunto atinge principalmente usuários do SUS. Um caso gravíssimo, se for levado em consideração o desperdício de dinheiro público com tratamento de pessoas portadoras de câncer. Aliás, isso já foi alvo de uma investigação do INSS tempos atrás.Em época de escândalos, esse é mais um, se as autoridades levarem em conta as denúncias de João Luiz.


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DENÚNCIA

Esquema de apoio à prefeita de Traipu é denunciado por vereador à PF Secretário é acusado de oferecer propina de R$ 150 mil e uma moto JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

O

cenário político de Traipu ficou estremecido nesta semana após denúncia de vereadores de que o secretário municipal de Saúde, Wegton Erlandres Dias de Farias, mais conhecido como Etinho Dias, estaria oferecendo a quantia de R$ 150 mil e cargos para firmar apoio político à prefeita Conceição Tavares. As declarações foram proferidas na última sexta-feira, 9, pelos vereadores José Ezequiel, o Zé Eduardo, e Aloísio Vieira, chamado popularmente como Júnior da Capivara. Munido de matérias noticiadas pela imprensa e com a gravação da sessão, o presidente da Câmara, de Traipu, José Valter dos Santos, esteve na quarta-feira, 14, em Maceió, para protocolar a denúncia nos órgãos da Justiça. “Vim até a capital levar a denúncia para a Polícia Federal, Ministério Público Estadual e a Controladoria-Geral da União. As acusações aconteceram durante a votação do relatório final da Comissão Especial de Inquérito da Saúde (CEI). Foi a partir daí que os vereadores contaram como ocorria o esquema”, explica Santos. Em ofício encaminhado à Polícia Federal, o vereador descreve que Etinho Dias teria procurado por diversas vezes o parlamentar José Ezequiel a fim de oferecer além dos R$ 150 mil uma motocicleta em troca de apoio político. Ainda no documento está que pessoas ligadas à prefeita Conceição Tavares teriam oferecido benefícios a Aloí-

sio Vieira com a mesma finalidade. Entre as barganhas havia até a promessa de um cargo na Assembleia Legislativa. De acordo com o vereador Aloíso Vieira, o secretário municipal ia até a casa das pessoas oferecendo dinheiro em troca de favores. “Muitos me disseram que podem testemunhar e confirmar as denúncias”, disse. Durante tribuna livre, Vieira destacou também que a saúde de Traipu estaria precária por conta dessas negociatas. O relatório da CEI apontou irregularidades na saúde do município como falta de médicos no Posto de Saúde da Família (PSF), medicamentos vencidos e salários atrasados. José Ezequiel aproveitou a palavra para dar mais detalhes do esquema e afirmou que embora o secretário tenha oferecido R$ 150 mil, ainda tentou o suborno acrescentando que daria uma motocicleta de presente para o filho do vereador. “Como eu não estava em casa, meu irmão falou com Etinho Dias e disse que o secretário teria oferecido até um emprego na Assembleia Legislativa de Alagoas caso mudasse de partido”. O EXTRA entrou em contato com a assessoria do presidente da ALE para saber uma posição de Luiz Dantas, porém não obteve retorno devido o deputado estar em viagem por questões de saúde. Já o promotor de Justiça de Traipu, Givaldo de Barros Lessa, informou que ficou sabendo sobre o caso pela imprensa, mas que ainda não foi acionado formalmente. Conforme a assessoria de comunicação da Prefeitura de Traipu, “as declarações dos ve-

Secretário de Conceição Tavares teria oferecido propina a Ezequiel

readores José Ezequiel, vulgo Zé Eduardo, e Aloísio Vieira, vulgo Junior da Capivara, são mentirosas, vazias e não possuem qualquer conexão com a realidade. Denúncias de qualquer tipo precisam de provas, ainda mais aquelas vindas de adversários políticos”. O secretário de Saúde, Etinho Dias, destacou em nota oficial que prestará queixa à justiça por calúnia, difamação e injúria, “além de tomar as devidas medidas jurídicas para responsabilidade civil” dos vereadores. ADMINISTRAÇÃO COMPLICADA Só neste ano, a prefeita Conceição Tavares foi afastada três vezes do cargo. A primeira ocorreu no dia 10 de abril pela Câmara de Vereadores, que alegou que a gestora havia viajado

para o exterior por mais de 15 dias sem ter tido autorização da Casa. Ela recorreu da decisão e o Juizado de Direito da Comarca acatou o pedido da gestora na época. No dia 30 de abril, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), por meio do desembargador Fábio José Bittencourt Araújo, decretou novamente o afastamento assumindo o vice -prefeito Erasmo Araújo Dias. O desembargador solicitou que Conceição respondesse judicialmente pelos seus atos. Ela voltou ao cargo no dia 12 de maio, depois do desembargador Fernando Tourinho de Omena Souza acatar o mandado de segurança com pedido de liminar. E no dia 28 do mesmo mês, novamente o desembargador Fábio José Bittencourt Araújo afastou a prefeita após o pedido realizado pelo vice-prefeito do

município, Erasmo Araújo Dias. Conceição reassumiu a prefeitura no dia 3 de julho em decisão judicial assinada pelo presidente do TJ, o desembargador Washington Luiz Damasceno de Freitas.


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ELEIÇÕES 2016

Renans não se entendem e apoiam candidatos diferentes à Prefeitura Pai quer Rui Palmeira, mas filho autoriza Mosart Amaral e Kelman Vieira a “andarem Maceió” ODILON RIOS Especial para o EXTRA

A

posse de José Thomáz Nonô (DEM) na Secretaria Municipal de Saúde é a mais nova tentativa do prefeito Rui Palmeira (PSDB) de ampliar o leque de partidos para a sua reeleição no próximo ano. Nonô não é um nome isolado. Partidários do ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) acompanharam a posse de ex-deputado federal. Isso para mostrar, publicamente, que Téo apoia Rui e espera dele o voto para 2018 ao Senado. Ele é candidato ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) (veja mais nesta edição). Os outros lances do tabuleiro do prefeito tucano acontecem longe dos holofotes: Rui mantem contatos frequentes com o coordenador da bancada federal Ronaldo Lessa, cujo partido, o PDT, quer vê-lo na disputa pela Prefeitura de Maceió. Lessa até aceita, mas somente com a presença de Renan Calheiros. O prefeito fechou acordo com o deputado federal João Henrique Caldas, que deixou o Solidariedade e esperava se filiar ao PSB. Até a festança foi marcada em Alagoas, num hotel de luxo. Tudo desfeito porque JHC espera uma definição sobre a reforma política. JHC não deve ser candidato em Maceió. O Rede - de Marina Silva e Heloísa Helena- rejeitou filiar JHC. Helô e Marina devem ter

Secretário de Infraestrutura Mosart Amaral e Kelman Vieira teriam o apoio do governador Renan Filho

candidato a prefeito na capital. O deputado Galba Novaes quer disputar as eleições em Maceió. É candidatíssimo a prefeito. Mas, os tucanos apostam: faz isso para rifar a própria candidatura mais adiante- compor uma posição privilegiada na era Rui Palmeira. AR DE MINEIRO Renan Calheiros oferece o tempo ao tempo. Está alheio às pressões locais. Mastiga o próprio cenário local. Aparece na sede do PMDB, no bairro da Mangabeiras, às sextas-feiras. Mas, evita a aparição pública. A justificativa é preservar Renan Filho. Mas, o PMDB de Alagoas está rachado. Renan Calheiros

quer fazer a aliança nacional prosperar em Alagoas: PMDB e PSDB juntos, com ele costurando a própria reeleição em 2018, ao lado de Téo Vilela - e contando com a desistência do atual senador, Benedito de Lira (PP), num acordão de fazer inveja a qualquer cacique político local: Téo Vilela desistiu de uma votação para apoiar Biu; e Biu abre mão do Senado para alçar o exgovernador daqui a três anos. Aliás: Biu de Lira estava presente na posse de Nonô na Saúde municipal. Mas o governador Renan Filho (PMDB) opera o outro lado: autorizou o presidente da Câmara, Kelman Vieira, e o secretário de Infraestrutura, Mosart Amaral, a sairem pelas ruas,

falarem de si mesmos, fazerem circular os próprios nomes para catapultar as próprias chances no próximo ano. Isso mesmo. Renan Calheiros quer apoiar Rui Palmeira, mas Renan Filho despreza o acordo. A depender do governador, Rui terá, sim, oposição nas urnas em 2016. “Vou falar o que já disse: na verdade não cheguei a conversar sobre política e eleições 2016 com o governador Renan Filho tampouco com o senador Renan. Conversei com o governador Renan Filho longamente por algumas vezes, a última há pouco mais de um mês, buscando a parceria institucional. Nós temos ações e problemas que são comuns, como o problema de

saneamento em Maceió, como a questão da abertura da UPA [Unidade de Pronto Atendimento]. Foi muito com este enfoque institucional. Obviamente, o momento para conversar sobre política vai chegar. Eu acho que ainda não é agora. Se for possível uma aproximação, bem. Se não, cada um vai buscar seu caminho em 2016. Não estou preocupado com isso. Nossa preocupação é melhorar nossa gestão, conseguir que o Nonô faça um bom trabalho na Secretaria de Saúde, fazer a entrega de obras, ações, melhorias. Este é o nosso foco”, disse o prefeito Rui ao EXTRA, instantes após a posse de Nonô na Saúde municipal. O presidente da Câmara, Kelman Vieira, não esconde a satisfação de ser cotado como candidato a vice e mesmo até a prefeito de Maceió. Porém, prefere conter o ímpeto: ele diz claramente que a decisão é de Renan Filho. E não cita Renan Calheiros. “Em tão pouco tempo a gente ter este reconhecimento da classe política que a gente poderia ajudar no Executivo, para mim isso é motivo de muita satisfação. Conheço pouco da política mas não existe candidato a vice. Logicamente a gente vai no futuro debater com o nosso governador que, sem sombra de dúvidas, terá papel preponderante na eleição do ano que vem aqui em Maceió e a gente vai estar em discussão sempre à disposição do partido. Mas sou- neste momento- candidato à reeleição”, disse Kelman.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 16 A 22 DE OUTUBRO DE 2015 - 7

ELEIÇÕES 2016

Interlocutores apostam no embate entre Renan Filho e Rui Palmeira

Presidente da Câmara reclama de “clima de campanha” e pede mais diálogo; Amaral quer VLT para atrair votos O presidente da Câmara, Kelman Vieira (PMDB), transita entre o governador Renan Filho (PMDB) e o prefeito Rui Palmeira (PSDB). Defende o diálogo, a diplomacia. Porém, não esconde a insatisfação: interlocutores dos dois lados querem antecipar 2016. Descarta que esta seja a posição de Renan e Rui. Segundo ele, isso vem atrapalhando a execução de obras na capital. E os dois lados precisam estar sintonizados porque alguns projetos, para serem executados, dependem de técnicos dos dois lados autorizados pelos chefes. Diz ainda que o prefeito

não deveria ter ido à Justiça contra a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) - publicamente o governador reclamou da atitude- por causa do despejo de esgoto nas praias de Maceió, pelas galerias de águas da chuva. “Achei que deveria ter um diálogo maior. O Judiciário é o último caminho a ser procurado”, disse o presidente da Câmara, sem incendiar as relações entre Rui e Renan (depois disso o próprio governador recebeu o prefeito Rui, técnicos estão se sentando para encontrar uma solução). Uma das soluções é a obra conjunta em duas estações de esgoto: a da Praça Lyons (Pajuçara) e 13 de maio (Poço).

Objetivo é sanear boa parte de Maceió, despejando esgoto pelo emissário submarino, no Pontal da Barra. “Entre os interlocutores há este desejo de antecipar a eleição 2016. Tanto o prefeito Rui quanto o governador estão se sentando e conversando para discutir o melhor para Maceió. Mas a gente percebe que alguns interlocutores apostam neste embate, nesta antecipação. Isso é ruim para Maceió. Como presidente da Câmara tenho estado com o prefeito Rui e o governador colocando esta minha visão de preocupação: Maceió não precisa antecipar eleição e sim de união com estes dois entes para resol-

Renan Filho e Rui Palmeira terão teste de força nas urnas em 2016

ver estes graves problemas. Precisa de união. Não de contenda e sobretudo antecipação da eleição 2016”, disse o presidente da Câmara. VLT E VOTOS O secretário de Infraestrutura, Mosart Amaral- autorizado pelo governador Renan Filho (PMDB) - investe pesado em um projeto que atrai votos: o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). É o “trem do Renan”, mais próximo de uma jogada de marketing que da realidade. O VLT que cruzará a Fernandes Lima, no papel, custa R$ 1 bilhão.

Nem toda a influência de Renan-pai em Brasília conseguiu atrair tanto dinheiro para uma única obra e em uma única gestão. Só que o trem de Renan pode atrair votos. Foi o que aconteceu com o senador Benedito de Lira (PP), cujo VLT – segundo ele mesmo quer- deve percorrer um trecho maior na capital: saindo do Centro em direção ao bairro de Jatiúca. Quando? O novo presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), o alagoano Marco Fireman, ainda não tem esta resposta.

Arapiraca faz parte do acordão Téo Vilela/Renan

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e Maceió pode unir PMDB e PSDB- neste caso, Renan Calheiros e Téo Vilela- os dois caciques querem ter a mesma habilidade em Arapiraca. Proposta é colocar, no mesmo palanque, a prefeita Célia Rocha (PTB) e um nome da oposição- neste caso, Rogério Teófilo, sob beneplácito do senador Fernando Collor (PTB). Seria a “união por Alagoas”- tão reclamada por

Renan no passado. E no presente. Porém, a não ser que os dois liguem o trator e passem por cima da oposição, o desejo dos líderes locais vai no caminho oposto ao de Renan e Téo. Os principais nomes da oposição descartam subir no palanque da atual chefe do Executivo. “Não existe esta possibilidade”, diz Rogério Teófilo. Para ele, aceitar a ideia

seria deixar “a confiança dos seus eleitores”. “Tenho palavra. Sigo até o fim”, resumiu. O empresário Adoniran Guerra diz ter sido eleitor de Célia e do hoje vice-governador Luciano Barbosa (PMDB): “Ninguém aguenta mais. Transformaram Arapiraca na casa da Mãe Joana”, afirmou. Com críticas duras à administração de Célia – “Tem que acabar essa administração de mulher para marido,

marido para mulher”- Adoniran corteja Rogério Teofilo, a vereadora Aurélia Fernandes e o deputado Tarcízio Freire. “Mas se eles não tiveram coragem de enfrentar Célia, eu terei. Pode vir quem for. Enfrento até o Renan”, disse Guerra. Tarcizio esta semana fez andanças pelas ruas. Aposta no assistencialismo para compor o próprio nome na disputa pela prefeitura.

Sem segundo turno, as eleições no segundo maior colégio eleitoral de Alagoas devem ficar concentradas entre dois grupos: o de Célia e o nome da oposição. Ou Vilela versus Renan. A não ser que a aposta seja o casamento do jacaré com a cobra d’água. Os mais otimistas já sonham com o bicho que não tem pé nem cabeça. Mistura de Frankestein com dragão, sob tempero da política alagoana. (O.R.)


8 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 16 A 22 DE OUTUBRO DE 2015

CRISE

Ex-governador Teotonio Vilela conseguiu liminar garantindo funcionamento do AL-Previdência e, assim, conseguiu empréstimo de R$ 2 bi

Ajuste de Renan Filho esbarra em entulho da era Téo Vilela Previdência alagoana não é reconhecida por Brasília e está pendurada em liminar de 2007 ODILON RIOS ESPECIAL PARA O EXTRA

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ajuste fiscal do Governo Renan Filho (PMDB) esbarrou em um entulho administrativo da era Teotonio Vilela Filho (PSDB): o modelo de aposentadoria dos servidores públicos não é aceito pelo Ministério da Previdência. O AL-Previdên-

cia, que deveria ser um regime Filho. “O modelo atual não é recopróprio de previdência para o funcionalismo, opera nos mes- nhecido pelo ministério e está mos moldes de uma ONG, de apontado em auditoria feita acordo com o secretário da Fa- por ele”, disse Santoro ao EXTRA. Ele defende que os carzenda, George Santoro. O AL sequer consta no or- gos no AL sejam preenchidos çamento do Estado. Os gastos por concurso após reformulasão um mistério. E existem ção do regime previdenciário. A reforma legalizará o AL diretores que ganham mais que os secretários executivos -Previdência, dará garantias nas secretarias da era Renan aos servidores para aposen-

tadoria no futuro e abrirá a caixa preta dos poderes em Alagoas: eles terão de aderir ao regime único. Não se sabe ao certo o porquê de o governo passado ter adotado a posição confusa em relação ao regime previdenciário. O que se conhece: em setembro do ano passado, o Executivo criou projeto de lei

criando o Alagoasprev, que modificava a natureza jurídica do regime próprio de previdência social. Encaminhou para a Assembleia Legislativa. E nada mais. Alagoas tem um Certificado de Regularidade Previdenciária sustentado por uma liminar do Supremo Tribunal Federal do dia 5 de dezembro de 2007, assinada pelo ministro Cezar Peluso. Sem este certificado, Alagoas estaria em uma arapuca: as transferências federais seriam suspensas. Não poderia pedir empréstimos nem teria o repasse para o regime da previdência social. A era Téo Vilela tentou uma meia sola: obteve a liminar para, em seguida, entrar com os pedidos de empréstimos, que somaram R$ 2 bilhões. Enquanto isso, o AL-Previdência continuou a estar na posição original: pendurado por uma liminar. Na época, uma consultoria, contratada pelo governo constatou que a Previdência alagoana era a segunda pior do Brasil. Perdia apenas para a do Rio Grande do Sul, além de ser ilegal e ter um rombo de R$ 13 bilhões. E em 2009 a Assembleia aprovou pedido de reformulação da Previdência, que parece ter se perdido no meio do caminho.


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 16 A 22 DE OUTUBRO DE 2015 -

CRISE

EXTRA alertou sobre bomba-relógio Em julho, o EXTRA foi o primeiro jornal a mostrar o caos na Previdência alagoana. Pelos cálculos do governo, em 2018 a Previdência vai devorar R$ 1,8 bilhão dos cofres locais. Ano passado, fechou em R$ 1,1 bilhão. A análise é feita por Wagner Torres, administrador e com Especialização em Gestão Fazendária (UFAL) e cursos em Gestão Macroeconômica (Fundo Monetário Internacional) e Análise de Sustentabilidade da Dívida dos Estados (Banco Mundial). O estrangulamento tende a piorar por causa da dívida pública: entre 2008 e 2014-

na era Teotonio Vilela FilhoAlagoas tomou emprestados com bancos R$ 2,7 bilhões. A proposta era aumentar o Produto Interno Bruto (PIB), modernizando a estrutura de arrecadação e criando condições para atrair indústrias. Não foi assim, diz o administrador: “Destaca-se, ainda, que os empréstimos tomados no montante de R$ 2,7 bilhões de 2008 a 2014 e que tiveram reduzido impacto no crescimento do PIB resultarão no estrangulamento do serviço da dívida em razão da necessidade de gerar superávits primários (economia para pagar juros) altíssimos na média

de R$ 980 milhões de 2016 a 2018 conforme está prevista na PLDO de 2016”, diz. O serviço da dívida total estimado é de R$ 3,6 bilhões de 2015 a 2018, sendo que R$ 2,6 bilhões no que se refere ao pagamento do serviço da dívida com o Tesouro Nacional. Aparentemente, existe um cenário animador: a Lei Complementar 148/2014, aprovada no final do ano passado, e que reduz a dívida alagoana dos atuais R$ 9 bilhões para R$ 7,5 bilhões. Porém, mantém o serviço da dívida, ou seja, o repasse, em média e mensal, de R$ 50 milhões, que pode chegar a R$ 70 milhões.

Wagner Torres avalia que cenário para o futuro não é animador

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10 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 16 A 22 DE OUTUBRO DE 2015 INFERNO ASTRAL

CNJ abre nova investigação contra desembargador Washington Luiz Presidente do TJ já é alvo de quatro reclamações disciplinares, uma representação e uma sindicância VERA ALVES veralvess@gmail.com

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Corregedoria Nacional de Justiça, responsável pela apuração da conduta de magistrados e desembargadores em todo o país e vinculada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), decidiu investigar as decisões do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas nos processos que envolvem o prefeito de Joaquim Gomes, Antônio Araújo Barros, o Toinho Batista. O desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas é suspeito de haver infringido nove artigos do Código de Ética da Magistratura Nacional e um da Lei Orgânica da Magistratura. O caso está sob análise da corregedora nacional de Justiça, ministra Nancy Andrighi, e se baseia em denúncias levadas inicialmente à Procuradoria Geral de Justiça de Alagoas, segundo as quais o presidente do TJ teria prolatado decisões em benefício do prefeito e vereadores de Joaquim Gomes. O problema é que tais decisões foram tomadas durante plantões judiciários e em desrespeito à Resolução 71/2009 do CNJ que disciplina e estabelece as situações em que cabe a análise de pedidos no plantão judiciário. Esta é a sexta investigação instaurada pelo CNJ este ano envolvendo Washington Luiz. São quatro reclamações disciplinares e uma representação, todas questionando a conduta do presidente do TJ em processos que envolvem o pedido, pelo Ministério Público Estadual, de afastamento de prefeitos suspeitos de atos de improbidade. Há

ainda sob análise do colegiado uma sindicância instaurada em 2013 com base em denúncias levadas à Corregedoria Nacional de Justiça três anos antes e que pode levar ao afastamento temporário do desembargador de suas funções. O afastamento precisa ser autorizado pelo Pleno do CNJ que, em suas duas últimas sessões ordinárias, adiou a análise do parecer da ministra Nancy Andrighi. Nele, ela pede a instauração de procedimento administrativo a fim de que as investigações sejam aprofundadas. A nova investigação foi apensada a esta e às demais.

Corregedora Nancy Andrighi decide apurar denúncias de favorecimento por parte do presidente do TJ

O QUE DIZ O DESEMBARGADOR

O CASO Denúncias de improbidade e corrupção envolvendo a Prefeitura de Joaquim Gomes foram destaque na mídia nacional há um ano, quando gravações de vereadores recebendo propina foram mostradas no programa Fantástico, da Rede Globo. Batizada de “mensalinho”, a propina seria paga a 8 dos 11 vereadores e visava garantir o retorno de Batista ao cargo. Ele fora afastado em abril do ano passado por decisão da Justiça e a pedido MPE e precisava do apoio dos vereadores para retornar ao cargo. Alvo de investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público Estadual), os vereadores foram afastados de seus cargos pelos juízes da 17ª Vara Criminal da Capital e posteriormente cassados. Contudo, retornaram à Câmara após recorrerem ao Tribunal de Justiça.

Washington Luiz reafirma conduta dentro do que determina a lei

Ouvido pelo jornal EXTRA, o desembargador Washington Luiz Damasceno preferiu não entrar em detalhes acerca da nova investigação. Afirmou, contudo, que tanto no que se refere ao prefeito de Joaquim Gomes quanto aos demais gestores sobre os quais pairam denúncias de apadrinhamento já enviou à Corregeredoria Nacional de Justiça todas as explicações. O presidente do Tribunal de Justiça assegurou, ainda, que sua conduta e manifestações judiciais sempre foram pautadas dentro do que determina a lei. Além do pedido de providências relativo à conduta do desembargador em processos envolvendo Toinho Batista, há outros que versam sobre ações em que figuram como réus os prefeitos de Rio Largo, Mata Grande e Marechal Deodoro.


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12 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 16 A 22 DE OUTUBRO DE 2015

EM FAMÍLIA

Investigação de improbidade em Japaratinga pode levar a prisões Prefeito é afastado por esquema fraudulento envolvendo a esposa, o sogro e até um tio-avô VERA ALVES veralvess@gmail.com

O afastamento há uma semana do prefeito de Japaratinga, Newberto Ronald Lima das Neves, pode ser a ponta do iceberg que está prestes a ruir sobre o município do litoral norte de Alagoas. Alvo de dois inquéritos civis por improbidade, o gestor afastado é também suspeito de enriquecimento ilícito e de nepotismo em um esquema que pode resultar em breve na prisão de outros envolvidos, inclusive vereadores e secretários municipais. Foi no decorrer das investigações dos inquéritos civis 001/2015 e 002/2015 que tramitam na Promotoria de Justiça de Maragogi que o Ministério Público Estadual constatou a existência de contratos suspeitos envolvendo inclusive ônibus escolares com quase 30 anos de uso. O MP decidiu, então, entrar com Ação Cautelar Preparatória de Ação Civil de Responsabilidade e obteve na Justiça o afastamento do prefeito a fim de que não sejam prejudicadas as investigações. No foco do MP está a contratação de veículos para o município, alguns deles pertencentes à esposa do prefeito, Anna Karollyni Marques de Souza, e ônibus velhos pertencentes ao pai dela, Marcos Paulo Marques de Souza. Em outro contrato, o beneficiário é um tio-avô do gestor, Benjamin das Neves, ao qual a prefeitura paga R$ 84 mil mensais pelo aluguel de um trator com mais de 30 anos de uso. Os contratos suspeitos são

Newberto (sentado) ao ser comunicado do afastamento /Ascom-MP

Ônibus pertencentes ao sogro têm mais de 30 anos de uso

Com trator avaliado em R$ 10 mil, tio recebe R$ 84 mil mensais

os de números 01/2013/ARP/ PMJ, firmado com a empresa de veículos São Sebastião Ltda,02/2013/ARP/PMJ, tendo como contratado a empresa J.B.Locação de Veículos Ltda.ME e o 03/2013/ARP/PMJ, tendo também como contratada a J.B.O primeiro tem como objeto a locação de dois veículos carro de som Kombi no valor de R$ 7.350,00 mês e R$ 176.400,00 anuais, cinco veículos tipo utilitário, motor 1.8 Kombi com valor unitário de R$4.500,00 por mês e anual de R$ 270 mil, totalizando R$446.400,00 . No contrato nº 02/2013, a locação inclui veículos de pas-

seio, caminhão de caçamba e quatro ônibus escolares, totalizando anualmente o valor de R$ 1.633.772,80, enquanto o contrato nº 03/2013 envolve o pagamento anual de R$ 636 mil pela locação de mais três ônibus escolares e um trator. Todos os veículos contratados através de “licitação”incluíam os respectivos motoristas e os combustíveis por conta das empresas. Ocorre que quando o Ministério Público requisitou a relação dos carros, verificou aparente fraude, pois o prefeito Newberto Neves omitiu alguns veículos, a exemplo do Classic de placa NMA 8373 agregado

à Secretaria de Saúde e pertencente à primeira-dama Anna Karollyni Marques de Souza. Já os ônibus de placa LBB 7844 e KLP 8313 pertencem a Marcos Paulo Marques de Souza, o sogro do prefeito. E para agravar, são ônibus com quatro anos de emplacamento atrasado e com mais de trinta anos de uso. O MP também descobriu que, ao contrário do que era especificado nos contratos, os motoristas dos respectivos veículos e os combustíveis são pagos pelo Município. Já no que se refere ao trator do tio-avô, enquanto seu valor venal é de R$ 10 mil, o aluguel por hora custa aos cofres públicos R$ 84 mil por mês. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO Com denúncias de falta de merenda escolar há meses, falta de medicamento e de médicos nos postos de saúde e servidores públicos há três meses

sem receber, Newberto Neves é suspeito ainda de enriquecimento ilícito. Antes de assumir a prefeitura, morava na casa do sogro – então motorista do município – e em dois anos construiu uma mansão avaliada em mais de R$ 2 milhões e que é apontada como a maior de Japaratinga. A esposa, um cunhado antes desempregado e o sogro são hoje proprietários de carros luxuosos e importados e os maiores compradores de imóveis da região e com um detalhe: compram sempre à vista e em dinheiro. Mesmo em meio a tantas evidências de irregularidades, o prefeito afastado avisou aos amigos que em breve retornaria ao cargo e pelas mãos de um forte aliado: o deputado Antônio Albuquerque lhe teria garantido já estar tudo certo para sua volta. Agora é esperar para ver!


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ECONOMIA

Única usina de Boca da Mata, a Triunfo também enfrenta dificuldades

Crise se agrava no setor sucroalcooleiro e mais usinas devem fechar Alagoas terá redução de até 25% na safra de cana

DA REDAÇÃO

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números problemas agravam a crise do setor sucroalcooleiro em Alagoas. A seca, o preço do açúcar no mercado externo, endividamento e perda da competitividade do etanol diante da gasolina são chagas que podem motivar o fechamento de mais usinas no Estado. Um império a ruir devido ao caos administrativo foi o Grupo João Lyra.

Usinas como a Sinimbú e Triunfo sinalizam problemas em sua moagem; segundo pessoas ligadas às empresas é apenas um atraso, mas trabalhadores confirmam que esse ano as “coisas estão mais difíceis” e as duas indústrias também podem fechar as portas. O jornal EXTRA manteve contato com técnicos ligados ao setor, que confirmam a perspectiva de redução da safra canavieira em torno de

25% em relação à safra passada (2014/2015). Esses números afetarão diretamente a questão econômica, o que pode gerar mais déficit para as usinas. Em recente entrevista. o secretário de Agricultura do Estado, Álvaro Vasconcelos, destacou que a “recuperação do setor canavieiro é crucial, mas é importante viabilizar outras alternativas que diminuam o desemprego, como o incentivo aos inves-

timentos voltados para o plantio de eucalipto”. O secretário ainda informou: “Nós temos que recuperar o emprego do homem do campo na região canavieira. Não só tentando recuperar as cooperativas das usinas, mas também podemos diversificar o cultivo de algumas regiões onde só se plantava cana-de-açúcar para gerar mão-de-obra no período da entressafra da cana. Com isso, é mais renda para o Estado. Buscaremos fortalecimento para dar continuidade ao programa do eucalipto, uma nova alternativa de geração de energia naquelas unidades industriais, transformando -as em termoelétrica”. ÊXODO RURAL Com o desemprego no campo foi inevitável o êxodo para a capital e a favelização em áreas dos municípios em que as usinas fecharam

as portas. A alternativa de muitos trabalhadores do campo e da indústria foi vir para Maceió e vender frutas e legumes por várias partes da cidade. O Centro de Maceió e localidades próximas foram os pontos onde muitas pessoas que deixaram as usinas se instalaram para tentar sobreviver com a venda de produtos perecíveis. O inchaço popular da capital traz problemas sociais e a falta de arrecadação por parte do município devido os comércios informais. CLIMA O novo ciclo da cana em Alagoas começa com um índice pluviométrico de 64,1% abaixo da média histórica das últimas três décadas. Em setembro, primeiro mês da safra 2015/16, foi registrado um acumulado de 36,2 milímetros (mm) de chuva, quando a média do período é de 101 mm. De acordo com o levantamento da precipitação pluviométrica média da região canavieira de Alagoas elaborado pelo Departamento Técnico do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçúcar/AL), em setembro do ano passado o índice pluviométrico foi de 130,2 mm. Em comparação aos demais ciclos, este foi o setembro mais seco na região desde 1997 quando o índice pluviométrico naquele mês foi de apenas 2,1 mm. Segundo a pesquisa de campo realizada pelo Sindaçúcar, em agosto passado, quando apenas duas usinas tinham iniciado a moagem em Alagoas, a precipitação pluviométrica foi de 117,4 mm, abaixo da média histórica do mês, de 183,1 mm.


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LUTO

Morre Benedito Silveira Coutinho, herdeiro da Usina Sinimbu Destino de indústria ainda é incerto desde a morte do diretor Pedro Silveira JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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família Silveira Coutinho, conhecida pela tradição centenária na cultura da cana-de-açúcar ficou menor nesta semana. O empresário Benedito Silveira Coutinho, 57, faleceu na segunda-feira, 12, vítima de câncer cerebral na capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande. Nascido em Pernambuco, Coutinho foi produtor de cana em Alagoas e um dos herdeiros da usina Cansanção de Sinimbu, localizada na cidade de Jequiá da Praia. Ele optou vender os negócios em terras alagoanas para investir no Centro-Oeste brasileiro. Benedito Coutinho chegou a Mato Grosso do Sul no ano de 1992, quando adquiriu a destilaria Santa Helena, em Nova Andradina. Cinco anos depois, arrendou a também produtora de álcool Santa Fé, em Nova Alvorada do Sul, também no estado sul mato-grossense. O prefeito de Nova Andradina, Roberto Hashioka decretou luto oficial de três dias no município pela morte do empresário.

Ele foi homenageado pela Assembleia Legislativa daquele estado em 2012, ao receber Comenda do Mérito Legislativo. O velório foi em Campo Grande, mas o corpo foi levado para São Paulo, onde foi cremado. Foi a segunda perda que a família teve em 2015. No dia 30 de abril, o industrial e conselheiro do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Alagoas (Sindaçúcar/AL), Pedro Silveira Coutinho, tio de Benedito, morreu em casa, aos 75 anos de idade, vítima de infarto. Ele era diretor da Usina Cansanção de Sinimbu desde 1968 e diretor administrativo da Copertrading, ligada à Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas. Entre 1966 e 1968, foi também presidente da Associação Comercial de Maceió. Nascido na cidade de Água Preta, no estado de Pernambuco, Coutinho era casado com a também empresária Lygia Coutinho e pai de três filhas. Diante das fatalidades, a centenária usina vive dias de incerteza em sua administração e funcionários, até o momento, não sabem quem

comandará a indústria. Nos corredores das associações e sindicatos corre a informação de ue a tradicional usina será colocada à venda. O EXTRA Alagoas entrou em contato com Usina Sinimbu, mas a resposta é que os administradores preferem não falar sobre o assunto. Porém, os funcionários se mostram tranquilos com a situação. Ao conversar com o semanário, alegaram que a Sinimbu, assim como outras indústrias, possui acionistas que se dividem entre familiares e terceiros. No entanto, ainda aguardam uma provável reunião para escolha do novo diretor. Em setembro, cerca de 200 trabalhadores da usina fecharam os dois sentidos da BR-101 que liga a usina até o município em protesto aos três meses de salário atrasados dos trabalhadores da indústria e do campo. Foi o segundo protesto realizado pelos funcionários. O primeiro aconteceu no mês de julho quando representantes da categoria atearam fogo em galhos de árvores. HISTÓRIA Na década de 1890, um grupo de ingleses proprie-

Neto do fundador da usina, Benedito Coutinho tinha 57 anos

tários de uma das firmas de exportação de açúcar do comércio de Maceió, a Williams & Cia, fazia um levantamento dos recursos necessários para a construção de uma usina de açúcar. Em 11 de dezembro de 1892 ficou registrada em memorando a decisão de se levantar uma usina, então denominada “Usina Jequiá”, destinada ao cultivo da cana e fabricação de açúcar. O documento foi assinado pelos empresários José Torquato de Araújo Barros (proprietário do Engenho Jequiá), Manuel Duarte V. Ferreira Ferro (coproprietário e representante dos demais herdeiros do Engenho Ilha), José Luiz Soares (negociante e corporador da usina) e Arthur L. G. Williams (negociante e corporador da Usina). Ficou ainda decidido que

o Engenho Ilha, o Terreno Marcação, o Engenho Jequiá e suas respectivas benfeitorias seriam vendidos à Usina Jequiá. Sendo assim, a Usina Cansanção de Sinimbu S/A foi fundada em 13 de abril de 1893, e, em 1908, já introduzia a análise química do solo e a adubação verde. A indústria tinha como principal acionista a Cia. Tiuma de Recife-PE, cuja controladora era a empresa Williams & CO. A unidade Industrial foi instalada no município de São Miguel dos Campos em terras que, atualmente. pertencem ao município de Jequiá da Praia. Em julho de 1951, o controle acionário da empresa passou às mãos de Benedito Silveira Coutinho (pai de Pedro Silveira) e Antônio Silveira Coutinho, família que fez história com a produção de cana-de-açúcar.


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CULTURA

vai reunir mais de 22 mil títulos

Evento acontece de 20 a 29 de novembro no Centro de Convenções Ruth Cardoso, em Maceió MARIA SALÉSIA COM ASSESSORIA sallesia@hotmail.com

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VII Bienal Internacional do Livro de Alagoas acontece de 20 a 29 de novembro de 2015 no Centro de Convenções Ruth Cardoso, no bairro de Jaraguá, Maceió. Com o tema Palavras, sons e imagens- universo de sentidos- são esperados mais de 260 mil pessoas para o maior evento cultural do estado. Durante 10 dias, o público vai poder assistir a exposições, comercialização e lançamento de livros, palestras, cursos, apresentações culturais e participar de encontro com autores nacionais e internacionais, entre outros atrativos. Serão mais de 22 mil títulos das mais diversas áreas de conhecimento, além do que grandes nomes das letras passarão pelas salas e auditórios do Centro Cultural.

Nesta edição, a bienal vai homenagear os 200 anos de Maceió. Promovido pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), com o apoio da Prefeitura de Maceió, o evento foi lançado oficialmente no dia 30 de setembro, durante café da manhã no Maceió Shopping. Na ocasião, o reitor da Ufal, Eurico Lobo, afirmou que a Bienal é uma iniciativa consolidada, feita para a sociedade alagoana e lembrou que neste ano o bicentenário de Maceió será lembrado por meio de ações programadas durante o evento. Segundo a coordenadora da Bienal e diretora da Editora Universidade Federal de Alagoas (Edufal), Stela Lameiras, a programação contará com palestras, lançamentos de livros, oficinas e apresentações culturais. Entre os nomes confirmados na programação do evento estão os escritores Mário Sérgio

São esperadas mais de 260 mil pessoas para a Bienal do Livro, maior evento cultural de Alagoas

Cortella, Cristóvão Tezza e Mary Del Priori, a blogueira e autora dos livros “Depois dos Quinze”, “A menina que colecionava borboletas” e “De volta aos sonhos”, Bruna Vieira, a blogueira de gastronomia dona do “Panelaterapia” Tatiana Romano, o vocalista da banda Nenhum de Nós, Thedy Corrêa, e o escritor, poeta, compositor e humorista Jessier Quirino. Também estarão presentes artistas influentes no mundo da leitura, como Zeca Baleiro, Fernanda Takai e Gabriel O Pensador. Também têm presença confirmada os alagoanos Sávio Almeida e Cícero Péricles, além de palestra e lançamento de livros de Mary Del Priori, José Paulo Neto, Paulo Henrique Feijó e Walkíria Leão do Rego. Outro destaque da Bienal é a realização das oficinas, que terá espaço não só para comercializar livros, mas também para “se respirar a literatura, a cultura e a arte de maneira geral”. De acordo com Sebastião Medeiros,

assessor da Edufal, algumas editoras do país participam da bienal através dos estandes de livrarias. “Geralmente as editoras não trazem seus estandes para a bienal, participam através de uma livraria que vem para o evento ou de um distribuidor que traz exemplares de livros de determinada editora. Dessa vez, novas editoras irão participar com seus estandes e algumas trarão autores que participarão da programação da bienal”, afirmou. NOVIDADES Um dos diferenciais do evento é que a Bienal de Alagoas é a única realizada no país por uma universidade e é totalmente aberta ao público. Além disso, a Bienal terá o aumento da capacidade do Centro de Convenções. Ao todo, serão mais quatro auditórios com capacidade para 1.500 pessoas. Novas salas também estão inclusas e irão receber oficinas e palestras. Outra novidade da Bienal do Livro de Alagoas 2015, é

que o Teatro Gustavo Leite estará disponível durante os 10 dias de evento. Com isso, o número de atividades na programação irá aumentar. AGENDAMENTO PARA AUTÓGRAFOS Até o dia 6 de novembro, os autores de editoras independentes de todo o Brasil podem solicitar agendamento para a Praça de Autógrafos Paraísos de Papel da VII Bienal Internacional do Livro de Alagoas. A praça consiste num espaço reservado durante todo o evento para lançamentos de livros e sessões de autógrafos onde os autores poderão interagir com seus leitores. Os interessados devem enviar e-mail para pracadeautografosbienal.al@gmail. com com cópia oculta para fernandaedufal@hotmail. com, as seguintes informações: título do livro, autor, contato e o arquivo da capa em JPG. Mais informações, com Fernanda Lins e Larissa Leobino através do telefone


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HISTÓRIA DE ALAGOAS

CRIAÇÃO DA UFAL

Uma conquista de muitos EDBERTO TICIANELI Jornalista

O

ensino superior em Alagoas se consolida tardiamente nos anos da década de 1970, quando a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), recém-criada em 1961, implanta dezenas de cursos e inaugura a Cidade Universitária. Para o professor Elcio Verçoza, os primeiros passos desta longa caminhada foram dados em 1902 com a criação da Diocese de Alagoas, instalada provisoriamente no Convento de São Francisco, em Marechal Deodoro, e responsável pela criação do Seminário Diocesano com os cursos de Filosofia e Teologia. Mesmo fechado para os leigos, os cursos eram promovidos por “uma instituição educacional com características póssecundária”, afirma Verçoza. Dois anos depois, o Seminário já estava instalado em Maceió. A próxima instituição de ensino superior a funcionar em Alagoas foi a Faculdade Livre de Direito de Alagoas, que surgiu em maio de 1931. Sua federalização ocorreu em dezembro de 1949. Nos anos 50 surgem mais sete instituições de ensino superior. A primeira delas foi a Faculdade de Medicina, em 1950, mas sua primeira turma só começa a ter aulas no ano seguinte. Em 1952, começam as aulas da Faculdade de Filosofia de Maceió, criada por um grupo de educadores com o padre Teófanes Augusto de Araújo Bar-

ros à frente. A Faculdade de Ciências Econômicas entra em funcionamento em 1954 e no ano seguinte é a vez da Escola de Engenharia de Alagoas, que aguardava autorização desde 1951. Em 1955, o novo arcebispo de Maceió, Dom Adelmo Cavalcanti Machado, propõe a criação da Escola de Serviço Social. Denominada Escola de Serviço Social Padre Anchieta, ela só recebe a autorização do Ministério da Educação e Cultura (MEC)em 18 de março de 1957. As duas últimas faculdades criadas na década de 1950 eram ligadas à Odontologia. A Faculdade de Odontologia de Alagoas é oficializada em julho de 1955 e, em janeiro de 1956, surge a Faculdade de Odontologia de Maceió. As duas foram unificadas em 1961 por exigência do MEC para que pudessem compor a Universidade Federal de Alagoas. Em 1961, a Ufal nasce apoiada nas já existentes faculdades de Filosofia e Ciências, Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina, Faculdade de Economia, Faculdade de Engenharia Civil e Faculdade de Odontologia. SURGE A UFAL Depois de várias tentativas de federalizar a Faculdade de Medicina num movimento liderado pelo médico Aristóteles Calazans Simões, na última delas, em 1960, descobre-se que era possível fazer aprovar um projeto criando uma universidade pública em Alagoas,

Em 1967, A. C. Simões autorizou início da

Kubitschek, em janeiro de 1961, assina o a a Ufal na presença de A.C. Simões, Edgar assessor do MEC, e do deputado Padre M

Estudantes fazem assembleia na rua durante greve de Engenharia em 1979

em vez de se tentar federalizar apenas uma faculdade. Assim, no dia 11 de agosto de 1960, no Salão Nobre da Faculdade de Medicina de Alagoas, os diretores de cinco das oito escolas superiores em funcionamento no estado, além de autoridades públicas, assinam um memorial redigido pelo estudante Adalberto Câmara e endereçado ao presidente Jus-

celino Kubitschek, reivindicando a criação de uma universidade em Alagoas. Não assinaram o documento por razões diversas os diretores da Escola de Serviço Social, Faculdade de Filosofia e Faculdade de Odontologia. A UEEA também não assinou, mas a mobilização para a criação da universidade sempre teve os estudantes à frente. Foi o presi-

dente desta entidade estudantil, Adalberto Câmara, quem entregou ao presidente da República o memorial com a solicitação. Ainda em 1960, no dia 1º de novembro, JK envia o projeto ao Congresso Nacional. Com apoio unânime da bancada alagoana em Brasília, o processo correu célere e antes do fim do mandato de JK o projeto foi aprovado na Câmara e no Senado em caráter de urgência. Assim, no dia 26 de janeiro de 1961, a seis dias do fim do seu mandato, o presidente da República assina o ato que formalizou a existência da Universidade Federal de Alagoas. CIDADE UNIVERSITÁRIA Quando assumiu a reitoria em outubro de 1961, A. C. Simões, ainda em Brasília, comunicou ao primeiro-ministro


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das obras do Campus do Tabuleiro

o ato que criou gar Magalhães, e Medeiros Netto

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Inauguração do Diretório Acadêmico de Engenharia no início dos anos 60

Campus A.C. Simões, em registro de 1973

Tancredo Neves que o principal investimento da mais jovem universidade brasileira era em infraestrutura, principalmente com a construção de um Campus. Considerava que se não fossem as sedes das Faculdades de Direito, na Praça do Montepio, e de Medicina, na Praça Afrânio Jorge, a Ufal materialmente não existia: a Reitoria funcionava em uma sala na Faculdade de Medicina; a Faculdade de Ciências Econômicas ocupava o prédio do Sindicato dos Empregados no Comércio, na Rua do Sol; a Faculdade de Odontologia funcionava numa antiga residência da Av. Aristeu de Andrade; a Escola de Engenharia estava instalada no prédio da antiga Escola Técnica de Alagoas, na Praça Sinimbu; e, a Faculdade

de Filosofia funcionava numa extensão do Colégio Guido, na Rua Ângelo Neto. O maior patrimônio veio da Faculdade de Medicina, que recebeu do Ministério do Exército em 1951 o antigo Quartel de Linha do 20º BC na Praça Afrânio Jorge, no Prado. O prédio tinha sido desativado em 1944, quando o Batalhão passou a ocupar o novo quartel na Av. Fernandes Lima. Em 1962, a Reitoria comprou e alugou alguns prédios e assim distribuiu melhor algumas faculdades e os equipamentos universitários. No ano seguinte, por decreto presidencial, foram adquiridos dois prédios: o da Praça Sinimbu onde funcionou a Reitoria e o que hoje é Museu Theo Brandão, e o terreno na Cidade Jardim, com

Antiga Escola de Aprendizes Marinheiros no Pontal da Barra, passou a abrigar o Campus Tamandaré em 1973

210 hectares, que seria utilizado para a construção da Cidade Universitária. Após a aprovação do Plano Diretor, a construção da Cidade Universitária teve início em 1967 e foi concluída, nessa fase inicial, em 1971, sendo inaugurada no dia 25 de janeiro. Entretanto, alguns cursos já estavam em funcionamento nas novas instalações desde agosto de 1970. Quando A.C. Simões deixou a Reitoria, em outubro de 1971, o Hospital Universitário era, das grandes obras planejadas, a única inconclusa. Em 1972, o reitor Nabuco Lopes consegue com o Ministério da Marinha o empréstimo

do prédio da antiga Escola de Aprendizes Marinheiros, no Pontal da Barra, onde instala o Campus Tamandaré com os cursos de Humanas. NOVOS CURSOS Em 1972, por solicitação da Arquidiocese, o curso de Serviço Social é incorporado à Ufal, mas foi a partir de 1973 que a universidade ampliou consideravelmente a sua oferta para o ensino superior. Nesse período surgiram os cursos de Agronomia, Arquitetura, Enfermagem, Tecnólogo Mecânico, Tecnólogo Industrial de Açúcar de Cana, Licenciatura em Física, Ma-

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temática, Química, Biologia e Educação Física. Havia ainda a Licenciatura Curta em Pedagogia e os cursos de Tecnólogos em Bovinocultura e Saneamento Ambiental. Em 1975, a Ufal ganha o Centro de Ciências Agrárias (CECA), instalado em uma fazenda no município de Viçosa. Em 1977, após a instalação da Salgema, o funcionamento do Campus Tamandaré passou a depender da adoção de várias condições de segurança exigidas pelos órgãos públicos. O reitor Manoel Ramalho optou por deslocar todos os cursos da área de Humanas, a então Área III, para o Campus A. C. Simões. Essa mudança afetou o funcionamento da Cidade Universitária, forçando a construção de novos prédios. É também neste período que o movimento estudantil volta a se organizar com mais autonomia, passando a enfrentar abertamente o autoritarismo da Ditadura Militar, mesmo ainda estando viva na memória de todos a repressão de 1973, quando houve sequestros e torturas de várias lideranças estudantis da Ufal. São reconstruídos vários Centros Acadêmicos e retira-se o DCE do controle da Reitoria. No final dos anos da década de 1970, a Ufal vive um intenso debate sobre a democratização da instituição. As greves estão de volta com estudantes, professores e servidores lutando por melhores condições de ensino e trabalho. Ao mesmo tempo, várias ações aproximam a comunidade universitária da sociedade. Pode-se considerar que em 1980, com três décadas de existência, a Ufal estava encerrando o ciclo inicial da sua história, deixando de ser uma federação de faculdades para se consolidar como instituição madura e responsável por avanços inquestionáveis no ensino superior e na pesquisa em Alagoas.

Fonte: Memória, Discursos, Artigos e Rimas, de A.C. Simões, 1988; Universidade Federal de Alagoas, o livro dos 50 anos, org. de Elcio Verçoza e Simone Cavalcante, 2011; Revista Scientia ad Sapientiam, junho de 1981; site da Universidade Federal de Alagoas.


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CONTRA A SECA

Pesquisa inédita Vox Populi indica melhoria de vida de sertanejos com cisternas Número de domicílios rurais com acesso precário a água em Alagoas passa de 99 mil CARIN LEINING Especial para o EXTRA

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alagoana Maria Cristina da Silva Ferreira Costa, 24, mora no município de Craíbas, é casada e tem dois filhos pequenos. Ela, que vive da agricultura, plantando feijão, milho e palma, possui a cisterna há oito meses. “Não tem nem comparação a vida que eu e minha família levávamos antes da cisterna com a vida que levamos agora”, destaca. A diferença é notável na criação das crianças. “O primeiro, com 4 anos, viveu a fase de quando não tinha onde armazenar água potável para beber e comer. O segundo, recém-nascido, já conta com o benefício”, explica. Isso já é reflexo do resultado da chegada das cisternas de captação de água pluvial no estado do Alagoas, que possibilitam aos sertanejos que sofrem com a seca aparar água na porta de casa, ao invés de caminhar quilômetros e quilômetros de distância. De acordo com uma pesquisa inédita do Instituto Vox Populi, o índice de saúde melhorou em 93% dos lares contemplados com cisternas de captação e água pluvial. No entanto, segundo dados do Censo/ IBGE, o número de domicílios rurais em comunidades difusas com acesso precário a água no Alagoas passa de 99 mil. Outro exemplo é a pernambucana Vanda dos Santos, 60, que mora em Petrolina - PE com uma filha. Vive de uma pequena pensão. Com a nova cisterna, ela tem acesso à água mais facilmente. Antes, dependia apenas do encanamento que tem em sua casa, mas que nem sempre funciona. A família vende

sorvete para ajudar na renda e, segundo Vanda, muitas vezes já deixou de comercializar o produto por falta do precioso líquido. “A água do encanamento chega só a cada oito dias e vem pouca. Antes da cisterna era um sufoco. Agora, nunca falta, ficou tudo mais fácil e a renda aumentou”, esclarece. A mudança radical na realidade de Maria Cristina e Vanda vem acontecendo também com milhares de pessoas do semiárido e agreste do Nordeste brasileiro contempladas com as cisternas. Tudo isso pode ser comprovado na pesquisa Vox Populi realizada com 586 famílias de seis municípios nos estados de Alagoas, Pernambuco e Piauí, que contam com cisternas nas residências para captação e armazenamento de água de chuva. Em Alagoas, nas cidades de Arapiraca e Estrela de Alagoas, 326 pessoas beneficiadas com as cisternas foram entrevistadas. Dessas, 206 receberam cisternas de polietileno. Embora a pesquisa tenha sido realizada nestes três estados como amostragem, ela representa os nove estados contemplados com cisternas de captação de água pluvial. Nesse território vivem 22 milhões de brasileiros enfrentando graves problemas hídricos e sociais. A pesquisa, com o intervalo de confiança de 95%, é proporcional ao número de famílias que receberam cisternas. INDICADORES O diagnóstico revela que os indicadores de saúde, renda, educação e desempenho escolar melhoraram, mesmo diante de um cenário devastado pela seca, a pior dos últimos 50 anos. Atualmente, 99,6% das famílias

Cisternas estão melhorando os indicadores sociais no sertão

favorecidas mantêm seus filhos na escola com um aumento na performance estudantil de 68,4%. O índice de renda também melhorou, uma vez que 51% das residências beneficiadas obtiveram redução no gasto com a compra de água, resultando em um ganho mensal de R$ 100. Dentre os favorecidos, mais de 43% passaram a tratar adequadamente a água guardada, cerca de 30% aprenderam a armazená-la corretamente e 25% começaram a economizá -la. Antes das cisternas, 89% dessas pessoas percorriam, a pé, 1 quilômetro, pelo menos, cinco vezes por semana para conseguir água. Um trajeto diário que leva, em média, 25 minutos. Depois da instalação do material, 87% desses nordestinos não precisam mais buscar água, economizando as 5h30 semanais livres para realizar atividades remuneradas ou descansar. Esse avanço na qualidade de vida dos contemplados com os reservatórios também

resulta de uma ação integrada, o Programa de Mobilização Social. Um trabalho de campo, efetuado durante 10 meses por três mobilizadores em 14 municípios do sertão e agreste alagoanos, que consiste em visitas nas casas das pessoas que possuem cisternas. O objetivo, que tem sido alcançado, é levar educação e informação sobre o manejo adequado, o correto tratamento da água e a manutenção e limpeza das cisternas. “O objetivo, que tem sido alcançado, é levar educação e informação sobre o manejo adequado, o correto tratamento, a manutenção e a limpeza do material, empoderando os beneficiados de seus reservatórios e fomentando a preservação e manutenção dos mesmos”, explica Nava Soares, coordenadora do projeto de Mobilização Social pela Milênio Brasil. O impacto socioeconômico é expressivo nas vidas dos sertanejos que não possuem alternativas de convivência com a seca e que ainda aguardam o benefício chegar. Reservatórios

como as cisternas de polietileno, resistentes e adequados às altas temperaturas da região, com manutenção de baixíssimo custo e que permitem o armazenamento de 16 mil litros de água, garantem condições para uma família de quatro a cinco pessoas se manter por até nove meses de estiagem. Dados da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional, demonstram que o Nordeste fechou 2014 com 1.778 municípios em situação de emergência devido à seca. Pernambuco foi o quinto estado mais castigado com 247 cidades afetadas. Agora, em 2015, a região já conta com um número maior do que o relatado no ano anterior. Os documentos mostram 881 municípios brasileiros comprometidos, sendo 725 só no Nordeste. A Defesa Civil de Pernambuco revela que o estado conta com 126 cidades em situação de emergência, 70 delas no Agreste e 56 no Sertão, perdendo apenas para o Piauí, com 201 municípios, e seguido de Alagoas com 36 cidades em calamidade pública. O OUTRO LADO Por não terem como captar água de chuva adequadamente, a pesquisa revela que 94% dos sertanejos que ainda não foram beneficiados consomem água altamente sujeita a contaminações, expondo-se a doenças. Este ano, o governo federal ainda não anunciou a continuidade do programa. O norte de Minas Gerais e o Nordeste, onde se concentra a extrema pobreza, têm demanda para mais 500 mil cisternas, segundo fontes do Censo/IBGE.


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“Quando os homens são puros, as leis são desnecessárias; quando são corruptos, as leis são inúteis”. ( Benjamin Disraeli)

pedrojornalista@uol.com.br

Nem a presidente Dilma sofrerá processo de impeachment e também o deputado Eduardo Dutra não terá o seu mandato cassado. Pelo menos é este o jogo proposto por ambos os lados que já estabelecem “negociações” em torno de um vergonhoso e imoral acordo para salvar a pele dos dois. O presidente da Câmara dos Deputados iniciou nos últimos dias uma negociação com o Palácio do Planalto e com lideranças do governo na Câmara para tentar salvar seu mandato. Em troca, ele se comprometeria a não dar o pontapé inicial em um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O primeiro deles é a garantia pelo governo e pelo PT de que não irá prosperar, a ponto de chegar ao plenário da Câmara, o pedido de cassação de Cunha feito pelo PSOL e pela Rede, que começará a tramitar na semana que vem no Conselho de Ética da Casa. O conselho tem 21 integrantes, sendo 9 do bloco comandado pelo PMDB de Cunha. Somados os 7 do bloco liderado pelo PT, chega-se a uma ampla maioria, com 16, mais do que suficiente para barrar a investigação contra o presidente da Câmara. O segundo ponto das conversas entre governistas e Cunha gira em torno da saída do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), apontado por Cunha como responsável pelos vazamentos de informações sobre as investigações contra ele.Cunha pede que o vice-presidente Michel Temer, cacique do PMDB, assuma o ministério, mas Dilma ainda resiste. Nos encontros com governistas, Cunha também sinalizou a dois ministros do Planalto que queria ser absolvido ou pelo menos ter garantias que a Lava Jato “pegue mais leve” com ele, segundo relatos. Os ministros teriam afirmado que, nesse caso, a missão era impossível, que nem petistas foram salvos nessas investigações. Mas não há nada que um Janot não possa fazer para dar uma mãozinha. Com uma oposição incompetente e quase tão suja quanto os que corrompem dentro do governo e no Congresso Nacional, o acordo tem tudo para dar certo: Dilma Rousseff terminará seu desastroso governo e Eduardo Cunha concluirá o seu putrefato mandato na presidência da Câmara. Este é o Brasil que temos, mas com toda certeza não é o que merecemos.

A voz dos quartéis Até a semana passada, apesar de muita especulação e boatos nas redes sociais, os militares não tinham se pronunciado em relação à crise pela qual passa o governo, a não ser por vozes isoladas de “oficiais de pijama” sem nenhum crédito ou força institucional. Mas parece que a coisa começa a mudar de figura. Ninguém menos que o poderoso comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, não mediu palavras quando declarou: “A atual crise no Brasil pode gerar uma crise social que comprometeria a estabilidade do país” e, segundo ele, teria relação com as Forças Armadas. “Estamos vivendo situação extremamente difícil, crítica, uma crise de natureza política, econômica, ética muito séria e com preocupação que, se ela prosseguir, poderá se transformar numa crise social com efeitos negativos sobre a estabilidade”, enfatizou e prosseguiu: “E aí, nesse contexto, nós nos preocupamos porque passa a nos dizer respeito diretamente”. O general fez as declarações em uma inédita videoconferência para 2 mil oficiais temporários da reserva, os R2. A conversa teve transmissão para oito comandos pelo país e repercutiu bastante entre a tropa. O presidente do conselho de R2, Sérgio Monteiro, declarou após a palestra: “Os tenentes estão de volta, prontos! Dê-nos a missão!”. Aí é onde mora o perigo.

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Para refletir:

PEDROOLIVEIRA Negócio fechado

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A César o que é dele

O que é política?

A frase é milenar “Quae sunt Caesaris, Caesari” – atribuída a Jesus nos evangelhos sinóticos onde se traduz - “Dai, pois, a César o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus”. Estas palavras vieram à minha memória no momento em que faço esta nota sobre a tentativa mesquinha de se usurpar na constituição do pleno do Tribunal de Contas a vaga que por direito pertence ao Ministério Público de Contas. É um assunto que nem deveria estar sendo discutido e o governador Renan Filho perde pontos em sua trajetória de austeridade ao postergar, sem nenhuma justificativa, a nomeação a quem de direito. Dá cabimento a inúmeras interpretações nada compatíveis com a imagem que tenta forjar em seu governo.

Estudei Ciências Políticas no final da década de 80 na Universidade de Brasília (UnB), na efervescência da Constituinte (1988), com consagrados professores a exemplo de Vamireh Chacon, David Fleischer (um americano com jeito de mineiro, coordenador da pósgraduação), Octaciano Nogueira, um grande cientista apaixonado por Alagoas, com inúmeros livros escritos e como visitante o consagrado internacionalmente Thomas Skidmore, também um americano especialista em política brasileira. Foram as aulas dessas e outras “feras” que me fizeram enxergar o outro lado da política e ter náuseas da política partidária brasileira. Digo isto para fazer referência a uma citação que considero completa e fiel sobre o assunto. O autor é o colega Voney Malta (Cada Minuto) e faço questão da partilhá-la com meus leitores: “De fato, a política como ciência que nos é ensinada nos livros e nas escolas é totalmente diferente da realidade. A ciência vê a atividade como caminho para fazer o bem, melhorar as condições de vida da sociedade, a busca pelo entendimento e satisfação da maioria sem, no entanto, abandonar as minorias. Já a política atual é como ter uma piscina em casa. É que depois de certo tempo elas servem apenas para agradar amigos e vizinhos. Porque a política atual e real virou profissão, apenas união de interesses, na maioria dos casos, entre os próprios políticos e entre o político e os eleitores”.

A voz da Justiça e da razão A não ser dos interessados em usurpar a vaga de conselheiro ou dos bajuladores de plantão, não se ouve uma voz discordante neste episódio que marca negativamente nossa imagem e nos torna manchete vergonhosa na imprensa nacional. Para completar, reunidos em Maceió, os maiores nomes do Direito Administrativo brasileiro, entre os quais o maior deles professor emérito Celso Antônio Bandeira de Mello, se disseram, perplexos diante do caso e juntos emitiram uma nota dirigida ao governador Renan Filho. Publico aqui apenas um trecho da nota: “No cenário jurídico atual, se um Tribunal de Contas de Estado possui quatro membros escolhidos pelo Legislativo e dois indicados pelo Executivo, sendo um de livre escolha e outro da clientela dos Auditores, não resta dúvida quanto à destinação do cargo que esteja vago aos membros do Ministério Público de Contas. Entendimento contrário conduziria à situação inconstitucional de se admitir duas vagas de livre escolha do Governador, em detrimento da representação obrigatória do membro do Ministério Público de Contas.” Ainda há tempo senhor governador, de se mostrar ao lado da legalidade e da moralidade.

Crise: que crise? A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou, na quarta-feira, projeto de lei do Poder Executivo que cria cerca de 8 mil cargos efetivos na administração pública federal. O impacto da medida foi estimado pelo governo em R$ 958 milhões por ano. Em setembro, com o novo ajuste fiscal, o governo anunciou a suspensão dos concursos públicos previstos para 2015 e informou que a Lei Orçamentária não contemplaria a realização de concursos em 2016. Procurado para esclarecer se a criação dos cargos prevista no projeto estaria ou não em conflito com as medidas de ajuste econômico anunciados, o Ministério do Planejamento informou, por meio de sua assessoria, que não iria comentar o assunto. Mais uma irresponsabilidade de dona Dilma chancelada pelo Congresso.

De pai pra filho O novo secretário de Saúde de Maceió, José Thomas Nonô, em seu discurso de posse fez questão de ressaltar: “No passado fui secretário da Fazenda do governador Guilherme Palmeira, esse inclusive é um amigo, e o tenho como melhor gestor que esteve à frente do Estado. Agora aceito o desafio de trabalhar com o seu filho”. Tem toda razão o meu colega de governo. Guilherme foi sem dúvida o melhor governador da história política de Alagoas e ele o melhor secretário da Fazenda ajudando a fazer um governo sério, eficiente e voltado para o interesse público. José Thomas é um determinado e isto conheço de perto. Recebe uma de suas mais árduas missões. Não vai “fazer uma revolução”, como ele mesmo disse, diante do quadro caótico da saúde nacional e da falta de recursos, mas com toda certeza vai mudar o corpo e a alma da Secretaria Municipal de Saúde. Sua gestão será voltada para os que mais necessitam. Quanto ao quesito moralidade e eficiência, sua história são os maiores avalistas.


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ARTIGOS

Conto do vigário* CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

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antiga expressão, que serve de título, e que deu origem ao nada airoso adjetivo vigarista, sempre me deixou curioso quanto à sua origem. Já o significado é claro: impingir alguma fraude, enganar alguém etc., indicando todas alguma atitude negativa de alguém. Desta feita busquei no Google a origem da expressão. Há várias referências; apesar do prosaico das demais, a que me agrada é aquela atribuída ao poeta

Entendimento MAURÍCIO COSTA ROMÃO

O

País se encontra hoje diante de uma encruzilhada. A saída da presidente Dilma Rousseff do governo - seja por meio de impeachment, seja por decisão do TSE – vai desencadear um processo legal e político demorado e traumático, com desfechos danosos para o Brasil, em especial para a economia. Por outro lado, diante do desgoverno reinante, a permanência da mandatária à frente do Executivo é atestado evidente de que a grave crise política e econômica que assola o País vai continuar e se aprofundar. Esse impasse, paradoxalmente, torna-se, ele próprio, a saída para uma ação cooperada entre oposição e situação (solução à lá “Equilíbrio de Nash”), pois já se nota crescente percepção dos dois lados de que o conflito político está paralisando a nação e piorando todos os seus indicadores relevantes. Vários atores políticos e acadêmicos já se pronunciaram nessa direção, a do diálogo, como forma, talvez derradeira, de resolver a crise. Lógico que todos reconhecem as dificuldades práticas de se levar adiante tal empreitada em face do sectarismo imperante. Entretanto, mesmo que de início pa-

português Fernando Pessoa (18881935): um tal de Manuel Peres Vigário aproveitava-se da ganância alheia para trapacear. A expressão voltou-me à mente, agora nesse momento de crise política, econômica, ética, moral, por que passa o Brasil. Remete-me à reeleição da Presidente Dilma, hoje vulgarizada como estelionato eleitoral, especial conto do vigário impingido ao cidadão brasileiro. Passados esses nove meses de (des)governo, constato que vários outras trapaças foram protagonizadas, ora pela petista, ora pelo petismo, ora por outros partidos, e inegavelmente por um número cada vez maior de políticos, sendo nisto inferentes situação e oposição, esquerda e direita, nem uma nem outra, e assim “la nave va”. As mais recentes são a tão

ruminada reforma ministerial e os cortes nas despesas públicas. Quem ainda esperava ver, nessas ações do governo, algo do mea culpa pelo descalabro da governança, e na sequência uma mudança profunda na estrutura governista e, mais do que isso, na mentalidade política, frustrou-se, constatando agora que a “reforma” fora apenas um “toma-lá-dá-cá” que visa a sobrevida da Presidente no cargo. Dita reforma serviu também para demonstrar que os partidos políticos da base governista, que, em suposta crise moral, ameaçavam repudiar a Governante, apenas almejavam a chantagem por mais poder. Como em política não há santos, preparemo-nos para concluir que a oposição é apenas outro conto do vigário, uma cruel piada de quem só almeja o poder pelo

poder. Não menos enganoso é o tal “corte na própria carne”, o propalado e festejado por antecipação corte na despesa pública. Com tantos tubarões famintos a morderem nacos do poder, como se pode acreditar que dito corte foi realmente profundo? Cadê os números da patranha? Como pretender a penalização dos cidadãos com novos tributos, quando a tal reforma tem jeito de patuscada? Certamente há quem pense que estou sendo niilista, apressado negativista. Penso, porém, socorrer as minhas considerações na crise de confiança no governo e nos políticos de todos os matizes, cavada pelos próprios. Com eles, o conto do vigário nacionalizou-se brasileiro. *Reproduzido por incorreção

recessem impossíveis, diante da enorme gama de obstáculos que se antepunham à celebração de entendimentos, há sólidos exemplos de acordos de união nacional que prosperaram exitosamente. Os Pactos de Moncloa, celebrados em outubro de 1937, na Espanha, são a referência básica para concertos entre forças políticas antagônicas em prol da superação de dificuldades e desenho de um futuro comum. Os pactos propiciaram à Espanha sair do atraso e tornar-se economia moderna e pujante. Já neste século, a Alemanha, com a economia enfrentando dificuldades, até por conta do encerramento do tumultuado processo de anexação da Alemanha Oriental, propôs um pacto nacional em torno de alguns consensos (a chamada Agenda 2010). O país aumentou sua produtividade, voltou a crescer e conseguiu perpassar as turbulências da crise financeira na zona do euro. Não se pode deixar de mencionar o recente Pacto por México, em 2012. Um acordo histórico, inédito, de consenso nacional e unidade de propósitos “para el crecimiento económico, el empleo, la competitividad y la inclusión social”, envolvendo cerca de cem medidas em várias áreas, incluindo seguridade social, abertura do setor de telecomunicações,

reforma educacional, etc. O acordo está em curso. Nestes aludidos exemplos de “concertación” houve, naturalmente, vários conflitos distributivos devidos aos significativos ajustes empreendidos, mas prevaleceu a compreensão e o desprendimento de que sacrifícios eram necessários para superar os entraves e sedimentar bases para o desenvolvimento dos países em apreço. No Brasil, um projeto de união nacional passaria inicialmente por debelar a crise econômica atual. Exigiria a construção de consensos em torno de agenda mínima de curto prazo para a retomada do crescimento, englobando três ações: (1) estabilizar a dívida pública, (2) acionar mecanismo de proteção social contra a recessão e o desemprego e (3) estabelecer programa emergencial para estados e municípios. Somente a partir daí criam-se então as condições para a formulação de uma antiga e reclamada agenda de transformações estruturais, compreendendo: (a) reforma previdenciária; (b) reforma tributária; (c) reforma trabalhista; (d) reforma política e (e) nova política de inserção internacional. A resolução da agenda de curto prazo, contudo, é imperiosa. A deterioração

das contas públicas encetou um mecanismo circular da dívida que precisa ser urgentemente interrompido sob pena de o País ter seu grau de investimento rebaixado novamente e não conseguir pôr fim à recessão. A causação circular começa com o déficit nominal crescente, que pressiona o aumento do dólar (devido ao risco-Brasil). As importações ficam mais caras e a inflação aumenta. Os juros sobem para conter a inflação, mas isso faz crescer o serviço da dívida. Com as receitas estagnadas ou caindo (os juros altos aprofundam a recessão), o déficit nominal aumenta mais ainda e o círculo vicioso continua... O mercado já percebeu a incapacidade do governo de estabilizar a trajetória da dívida (vide as revisões frequentes da meta de superávit primário e o ajuste “fake” que está parado no Congresso). O caminho natural é o concerto (com c) para desmontar essa engrenagem circular e devolver a confiança de que os agentes econômicos precisam. *Ph.D. em Economia, é consultor da Cenário Inteligência e do Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau. http://mauricioromao.blog.br mauricio-romao@uol.com.br


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ARTIGOS

A polícia que assusta JORGE MORAIS Jornalista

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eneralizar jamais, e nem devo agir como tal. Como em qualquer profissão no mundo, existem os bons e os ruins. Sejam eles, médicos, advogados, jornalistas, homens do rádio, políticos ou quaisquer outros segmentos da sociedade, onde existem os educados, os mal educados, os arbitrários, os respeitadores e aqueles que fazem da sua profissão um meio para agredir, menosprezar e faltar com respeito aos seus semelhantes. Escrevo o artigo desta semana para demonstrar a minha tristeza e o meu repúdio a uma ação cometida por uma guarnição da Polícia Militar de Alagoas, na sexta-feira (9), no conhecido Mirante

de Santa Terezinha, no bairro do Farol, por volta das 22h, quando um jovem cidadão, casado e sem vícios, foi abordado em seu veículo, juntamente com outro colega, na saída do trabalho, ainda com a farda da empresa em que trabalham. Os três policiais, sob o comando de uma capitã (que deixo de declinar o nome, para não expor para a sociedade, mas já sei de quem se trata) agiram arbitrariamente e, diante de moradores assustados, mandaram os dois descerem do veículo, revistaram, apontando suas armas para os trabalhadores, à procura de algo vindo de suas mentes despreparadas para aquela ação. Parar no Mirante de Santa Terezinha ou transitar naquela área, não significa dizer que isso seja coisa de bandido ou viciado em drogas, até porque esse é um caminho feito por muita gente, de dia ou de noite. Transtornada em sua atitude, até deixando sem jeito seus subordinados, que ficaram perplexos com aquele comportamento, a oficial, revoltada com uma resposta de um dos rapazes, que

disse seria aquela uma ação arbitrária, foi detido e levado para a Delegacia de Plantão, onde para não ficar preso, e somente ser liberado com a presença de um advogado e o pagamento de uma fiança, assinou o documento da ocorrência por desacato à “autoridade”. Nada encontraram em poder dos rapazes ou no interior do veículo, mas, mesmo assim, um deles foi encaminhado para a delegacia, porque não atendeu a policial para ficar calado. Liberado, o cidadão vai mover uma ação contra a capitã por abuso de autoridade e vai fazer uma queixa junto à Corregedoria Geral da Polícia Militar. Pergunto: é essa a polícia que queremos? Comumente, e as autoridades policiais sabem disso, corre de boca em boca um ditado que diz: a polícia perto assusta, e longe, faz falta. Nesse caso, a polícia da capitã é aquela que assusta, pelas ações despreparadas e abusivas, que não colaboram com a corporação, nem contam com o reconhecimento da sociedade.

Sabemos muito bem que a função do policial é difícil, crítica, perigosa, cheia de enfrentamentos e nem sempre é reconhecida pela sociedade. Essa, no entanto, é a opinião em relação à policia como um todo, onde, nesse meio, aparecem aqueles que desagradam no comportamento geral da tropa. E não me refiro só a uma pessoa, porque tem muita gente lá dentro. Graças a Deus, ainda é a minoria, ainda sem o preparo adequado. Enfrentar bandido é uma coisa, se relacionar com a sociedade é outra coisa completamente diferente. Conheço o comportamento do comandante da Polícia Militar de Alagoas, coronel Lima Júnior; do delegado geral de Polícia Civil, Paulo Cerqueira, e, especialmente, do secretário de Segurança Pública, Dr. Alfredo Gaspar de Mendonça, e tenho certeza que não é esse o pensamento deles de fazerem parte de “A Polícia que assusta”, título desse artigo. Quanto ao jovem, é meu sobrinho, e conheço muito de perto o seu comportamento.

a direta e isso gerou outra grande dívida do Estado para com os pobres sofredores públicos. Vejam que interessante: Meu irmão Sabino morreu há 10 anos e alguém me ligou recentemente, informando ter ele um pequeno valor a receber de determinada fundação referente ao Fundo de Garantia. Solução rápida! Voltando à Casa de Tavares Bastos, os processos viraram instrumentos de humilhação. A sala do primeiro-secretário é cheia de reclamações justas dos servidores e ele leva na brincadeira, ou então culpa o presidente: “Ele mandou parar tudo por falta de recursos”. Mas, a Mesa paga salários dobrados a mais de 600 comissionados e criou dias atrás 120 cargos de assessores. Uma vergonha! Sem falar nas dívidas trabalhistas. Uma delas, a dos prestadores de serviços: trabalham há mais de 20 anos e quando vão à Previdência, nada foi pago pela ALE. A antiga Cohab tem um processo no TRT há duas décadas reclamando

os salários incorretos pagos aos engenheiros. Já em fase de execução, não sai do lugar e os interessados morreram ou estão morrendo. Estou querendo mostrar aos queridos leitores que a Justiça está sendo usada pelos dirigentes dos Poderes Executivo e Legislativo para adiar o pagamento de direitos excluídos dos salários de seus servidores. Seria bem mais fácil estabelecer a figura de um conciliador para evitar desgaste dos dois lados. Ao perceber que o requerente tem razão, este seria chamado para tentar um acordo. Se não obtivesse sucesso, então o servidor recorreria à Justiça. É deprimente ver processos rolando no chão das repartições, dirigentes destilando ódio em pessoas mais fracas, zombando de direitos adquiridos. Arrisco-me, até, a pedir aos membros do Judiciário que obriguem as autoridades a respeitar o processo administrativo. Como? Só eles sabem. Meus respeitos aos que nos respeitam!!!

Falta de respeito ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

D

esde 1989 os funcionários públicos de Alagoas vêm lutando na Justiça por direitos retirados de seus salários. Na realidade, o governo sancionava leis para regulamentar a vida funcional da categoria e, ele mesmo, não respeitava as regras. Um bom exemplo disso foi o “gatilho”, a trimestralidade e outras coisas mais. Dessa doença surgiu o tal processo dos precatórios, ainda existente em fase de pagamento. Só recebem os que se sujeitam às exigências das firmas particulares e intermediários. E no fim, a vítima recebe apenas 30% do valor devido, ou menos. Os anos foram passando e o processo administrativo quase não funciona. Para os dirigentes é bem melhor que os perseguidos procurem a Justiça, por-

que segundo eles, ganham tempo. No Legislativo, há 15 anos até um simples pedido de um terço de férias só é pago judicialmente. Os processos internos que deveriam ser respondidos em 30 dias passam anos perambulando pelas salas e, às vezes, nem são respondidos. Comum, muito comum, é um amigo influente procurar um dos membros da Mesa Diretora e pedir “ajuda” para seu afilhado. Isso acontece com autoridades importantes. O fato está tão corriqueiro que até os componentes da Justiça estranham certos pedidos tolos que deveriam ser resolvidos internamente. Em 1986, apareceu a tal da Emenda José Tavares, cujo objeto era transformar servidores estatutários em estáveis. Tudo muito bom, mas o Estado deveria pagar o Fundo de Garantia aos servidores pela mudança ocorrida. Pois bem, poucos, muitos poucos receberam. Entrou pela perna de pinto, saiu pela perna do pato e caiu no esquecimento. Alguns anos depois, os órgãos da administração indireta passaram para


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ARTIGO

Desafios da agricultura tropical ANA AMÉLIA LEMOS*

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Brasil assumiu ante a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) o compromisso global de contribuir para alimentar a população mundial, que deve chegar a 9 bilhões em 2050. O desafio é enorme. É preciso continuar a investir em tecnologia para aumentar cada vez mais a produtividade no campo e nosso potencial de inovação. Sem o binômio tecnologia-inovação, o país não terá como ser o celeiro

do mundo, mantendo a eficácia do agronegócio, que responde por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e, ao mesmo tempo, preservar as florestas. Não obstante, a agropecuária brasileira vem superando tais desafios com a vantagem competitiva apoiada em ciência e tecnologia. Não é novidade que nossa balança comercial tem no agronegócio o seu principal porto seguro. Se há anos, na pauta de exportações, estão dezenas de produtos do campo — do café ao açúcar; do frango à carne bovina, suína e aos pescados — que alcançam as agroindústrias, gôndolas dos supermercados e mesas do mundo inteiro; nos tempos recentes, a soja se destaca como principal item, tornando o Bra-

sil o segundo maior produtor e o primeiro exportador mundial do grão. Porém, o “Brazil não conhece o Brasil”, como diz a música que nos encantou na voz de Elis Regina. A realidade é desconhecida da maioria dos moradores das cidades — quase 85% da população. Essa é seara onde as discussões são pautadas muito mais pela visão de mundo de grupos de formadores de opinião, distantes das vicissitudes das lavouras, do que por fatos, pesquisas e ciência. Dessa forma, o Dia da Alimentação, comemorado mundialmente pela FAO em 16 de outubro, constitui boa oportunidade para incluir, na pauta nacional, questão estratégica: a necessidade de alimentar a

nossa população e de contribuir para alimentar o planeta. Para celebrar a data, no Brasil, a FAO lançou o Fórum Inovação, Agricultura e Alimentos para o Futuro Sustentável, que propõe traçar, por meio de palestras e estudos, os cenários para o Brasil enfrentar melhor o desafio de alimentar. A iniciativa envolve a parceria de setores da sociedade civil; organizações não governamentais; do agronegócio — como a Associação Nacional de Defensivos Vegetais (Andef) e a Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) — da academia e da pesquisa agropecuária, como a Embrapa, instituição que está na base do nosso sucesso no campo. Neste ano, o Fórum realiza

a sétima edição com um motivo especial a comemorar: a FAO completa 70 anos de existência. Por isso, justifica-se o fato de que, na edição deste ano, o Fórum será celebrado, pela primeira vez, em Brasília, em sessão solene no Senado Federal, em 13 de outubro. Ao trazer o tema para o coração do poder no país, esperamos chamar a atenção para a importância do campo e seu papel no desenvolvimento virtuoso, na geração de ganhos tecnológicos, mas sobretudo em relevantes avanços sociais e econômicos.

*Senadora (PP/RS) e presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado


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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Decisão em Arapiraca

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ica, no ASA, finaliza os preparativos para o segundo jogo contra o Remo na Série C, agora em Arapiraca e nesta segunda-feira, às20h30, No Remo o técnico Amaro Nestor chega otimista em repetir o placar positivo de Belém. O Remoé o terceiro na classificação.

próximo ano.

está jogando no País ou no exterior?

No CSA a diretoriamantém uma proposta de trabalho ativa paraque tudo dê certo em016.O técnico Oliveira Canindétransmite um natural otimismo. Afirma: “As principais característica que vamos buscar nos jogadores são a responsabilidade e a consciência de que a torcida do CSA é imensa.”

No futebol amador a fase eliminatória da Copa Sesc de Futebol Society, no balneário de Guaxuma, aponta os primeiros rebaixados. É lista aberta pelo CDT Amigos e o Laranjinha. Foram eliminados sem sentirem o gosto de vitória. Perderam os três jogos que participaram.

Arrumação da casa

Mais lenha fogueira

Jogo da 31ª rodada

“Os alagoanos pensavam em levar alguma vantagem para o jogo da volta. Mas apesardas intenções o Asa terá que avaliar bem os erros para tentar reverter o quadro.”Otimismo de Amaro Nestornão émerecedor das atenções do técnico Vica e dos torcedores do alvinegro?

CRB e Luverdensese enfrentam neste sábado à noite, jogo fora de Maceió. É pela31ª rodada e terá arbitragem do mineiro Igor JuniorBenevenuto. Como se trata de um clássico quepromete equilíbrio. O time da casa soma 45 pontos, está em10º e o Galo em11ª tem 43 pontos.

Brasil no pódio Atletas da natação do Brasil que participaram dos Jogos MundiaisMilitares em Gimcheon, na Coreia do Sul, tiveram ótimo desempenho.Subiram no pódio, provas de 50 metros eNicholas Santos (ouro) e Henriquede Souza Martins (prata). Adversáriosmais fortes:China e a Rússia.

Classificação O Campeonato Alagoano Sub-15tem no Grupo B o CRB B, Sete de Setembro Internacional eo Pajuçara. Já no Grupo Cestão o Santa Cruz, Vila Rica, Ponte Preta e Coruripe. Atéa semanapassada a classificação para a fase seguinte do campeonatose mostrava embolada.

Outro destaque

Duas perguntas

Os brasileiros, ainda nos jogos militares e quadro de medalhas, subiram no pódiomais três vezes noTaekwondo e ganharam um ouro e duas pratas. Foram naluta contra o Irãque garantiram classificação paraas Olímpiadas que acontecem no

Em Alagoas ainda tem clubes femininos de futebol? A pergunta tem a ver com o Campeonato Brasileiro em andamento, times representando a maioria dos estados e jogos de bom público e televisionados. E Marta, consagrada melhor do mundo,

Copa Sesc

Paraolímpico

Copa do Mundo Dunga mexeu em algumas posições na escalação do Brasil para o jogo contra a Venezuela na terçafeira em Fortaleza e deu resultado. Venceu com placar de 3x1 e volta a liberar otimismo junto a torcida, destaque para o atacante Willian que fez dois gols. Mas a caminhada está só começando e pega barreiras mais fortes pela frente. A seleção enfrenta a Argentina no dia 12 de novembro, em Buenos Aires, e já pode contar com o atacante Neymar. Messi é dúvida para o clássico.

A delegação brasileira que disputará o MundialParalímpico de Atletismo chegou na segunda-feira em Doha, no Catar parq. Tem 400 atletas convocadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro e competições vão do dia 22 (abertura) até 31 de outubro. No grupo estão vários medalhistase objetivo é manter o Brasil entre os cinco maiores potênciasda modalidade.

Da assessoria “Esta será a quinta edição do Mundial Paralímpico de Atletismo organizada pelo Comitê Paralímpico Internacional(IPC, em inglês). A última ocorreu em Lyon, na França, em 2013. Na ocasião, o Brasil conquistou 40 medalhas, sendo 16 de ouro, dez de prata e 14 de bronze.

Mais futebol feminino

Motocross

O Campeonato Brasileiro de futebol feminino, na sua quarta rodada do returno, apresentou algumas surpresas. Exemplo: o São José com 100% de aproveitamento até a rodada anterior (10ª) foi surpreendido em casa, sábado (10), pelo Santos. Perdeu de 2x1 após abrir o placar.

AntonioCairoli, oito vezes campeão do mundo de motocross, vai correr na prova do Brasileiro, que acontece neste domingo. É piloto da KTM Factory Racing e participará como convidado da disputa da 4ª etapa do Campeonato,


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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Pré-temporada

Desabafo

N

omes começam á aparecer com insistência em listas de pré-candidatos às eleições do próximo ano e de prefeitos principalmente. E o interessante das conversas é haver alguns que foram questionados em administrações anteriores e das razões denúncias de corrupção.

“O Brasil é um País pronto, mas que muita gente ainda manda quando já devia estar na cadeia”. Frase do jornalista Marcelo Rezende no Cidade Alerta (TV Record) na quinta-feira passada. Mas precisava dizer o motivo da indignação se ela está à vista de todos?

Sustentabilidade O Partido da Sustentabilidade, criado pela senadora Marina Silva, obteve registro definitivo e começa a ser xodó para as eleições de 2016. Um grupo de políticos no Congresso Nacional já se mostrou interessado em assinar ficha de filiação.

Sem extravagancia Em Maceió, nas compras em supermercados, principalmente, o movimento de pessoas em compras não vem sendo o mesmo do início do ano. Dá pra contar nos dedos os que amontoam produtos no carrinho. É, dizem uns, prevenção ante a carestia cada vez mais abusiva no bolso.

Acidentes Estatísticas levantadas no ano passado sobre acidentes nas rodovias federais, contabilizaram os custos com despesas assumidas pelo governo federal em R$ 12,3 bilhões. Informação teve divulgação do IPEA. Mas nas rodovias em Alagoas como andam as estatísticas este ano?

Movimento Na rotina de Maceió chama atenção os preços fixados em tabela de estacionamentos. Quem faz a observação é quem trabalha os dois horários no comércio e não tem onde deixar o carro. Média de custos não compensa se levado em conta os salários que a maioria recebe. Daí o apelo no uso das calçadas e fechando cruzamentos.

Inflação De julho a agosto a inflação desacelerou. Foi baixa miúda, de 0,62% para 0,22% mas forçando dor maior no bolso do assalariado. Há suspeita de impostos reajustados recentemente ter a ver com as festas do fim de ano e olho grande do governo na liberação do 13º salário? Falam até em novo aumento dos combustíveis.

Mais inflação O IPCA acumulou nos últimos 12 meses uma alta de 9,53%. É percentual que, mais uma vez, fica acima do teto da meta de inflação do Banco Central, de 6,5%. E insistindo: até 31 de dezembro há tempo para se trazer mais surpresas desagradáveis para assalariados.

Ponto de vista De Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE na mídia do Sul: “A impressão que dá para as pessoas é que ficou mais barato, mas não é isso, o nível de preços continua elevado, apesar de a taxa em agosto ter ficado em 0,22%, os preços continuaram aumentando”.

Palavras de otimismo De Dilma Rousseff, declaração recente tentando transferir otimismo: “O Brasil é muito maior e também mais forte que qualquer problema momentâneo. Juntos somos imbatíveis quando colocamos o interesse do País acima de qualquer outro”.

Banhistas a salvo A decisão da SMTT, de proibir motorista se exibindo ao volante de veículos na beira-mar do litoral de Maceió, foi preventiva contra acidentes, atropelamento de banhistas e de crianças principalmente. Mas, lástima é a invasão das calçadas zombando da autoridade do prefeito Rui Palmeira em fazer cumprir a lei.

Paciente terminal? “Se o Brasil fosse um paciente, os médicos o diagnosticaria como um paciente terminal”. A frase foi divulgada no editorial do Financial Times, jornal inglês e o título “A terrível queda do Brasil do êxtase econômico”.


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MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

facilitar o processamento.

Garrafinhas plásticas Segundo artigo publicado no Practical Gastroenterology, o hábito cada vez mais frequente de reutilizar garrafinhas plásticas esconde o risco da contaminação. Os próprios produtores de água comercialmente engarrafada não recomendam a reutilização das garrafas. O desgaste cotidiano provocado pela reutilização e as lavagens repetidas podem levar à deterioração física do plástico,

Formigas preguiçosas

A

o monitorar formigas da espécie Temnothorax rugatulus, um estudo da Universidade do Arizona descobriu que muitas delas não trabalham como nós estamos acostumados a achar. A imagem das formigas na cultura popular é de animais trabalhadores incansáveis, mas no estudo que durou duas semanas, os números obtidos pelos pesquisadores são de abalar a crença no mito das formigas trabalhadoras. Apenas 2,6% das formigas trabalharam o tempo todo durante as observações, enquanto 71,9% passaram metade do dia sem fazer nada.

Plástico biodegradável Uma pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Nanotecnologia da Embrapa Instrumentação produziu, mediante uma técnica verde chamada de casting contínuo, a transformação de substâncias naturais em películas transparentes biodegradáveis em seis minutos. O processo convencional costuma demorar pelo menos 24 horas e emprega muitos aditivos tóxicos para

Vulcão Explosões acompanhadas de um tremor foram registradas na terça feira no vulcão Popocatépetl, localizado no centro do México. A erupção produziu cinzas finas e o lançamento de fragmentos em chamas pela cratera a distâncias de até 300 metros. O Cenapred (Centro Nacional de Prevenção de Desastres) alertou para a população não se aproximar. O sinal de alerta está amarelo e foram identificadas 34 exalações de baixa intensidade no vulcão.

Reserva marinha Durante uma conferência sobre a proteção dos oceanos e dos recursos marinhos, o Chile anunciou a criação de uma das maiores reservas marinhas do mundo. A zona de proteção é uma área de 631.368 quilômetros quadrados ao redor da Ilha de Páscoa e ao largo da costa leste do Pacífico. A nova reserva marinha abrange uma área rica em biodiversidade e considerada sem vestígios de impacto da atividade humana. O projeto prevê ainda, pequenas áreas onde a pesca com técnicas sustentáveis será permitida. A reserva deve proteger 27 espécies.

com o surgimento de rachaduras. Bactérias podem alojar-se nesses espaços, gerando riscos à saúde.

Hidrelétrica movida a esgoto

A capital da Índia, Nova Delhi, está construindo sua primeira hidrelétrica, cuja turbina será movida a esgotos tratados. A pequena unidade tem capacidade de gerar 20 mil quilowatts-hora de eletricidade por ano, que serão usados para abastecer o próprio sistema de saneamento básico da cidade. O Delhi Jal Board, órgão responsável pelo tratamento de esgotos da cidade, está estudando levar essa tecnologia para outras unidades de tratamento que opera.

Cerrado e floresta Os cursos de pós-graduação em Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat) e da Universidade Federal de Tocantins (UFT), promoveram um intercâmbio de conhecimento para os alunos das três universidades sob a temática Ecologia da


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ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Micromobilidade avança

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Japão destaca-se por investir muito em tecnologia de comunicações e informática (TCI) e, não por coincidência, conquistou a posição de trânsito urbano e rodoviário entre os mais seguros do mundo. A cultura nipônica se destaca por planejar longamente, avaliar tudo o que pode dar errado e, só então, executar com firmeza e prazos cumpridos à risca. Pela limitação de espaço viário desenvolveu legislação veicular específica. Só lá existe a categoria chamada kei-jidosha (carro leve, em tradução literal do japonês) que recebe vantagens tributárias e de custo de seguro. Para ficar livre da obrigatoriedade de garagem, ativo bastante caro no limitado solo japonês, exigem-se comprimento e largura máximos de 3,4 m e 1,45 m, respectivamente, além de motor de até 660 cm³. Nos demais modelos a largura também é tributada à parte. Carros importados sempre sofreram algum tipo de cerceamento, chamadas barreiras não tarifárias. Isso mudou com os recentes acordos de livre comércio. Tanto que mar-

pitstop

cas europeias e americanas voltam agora ao bienal Salão do Automóvel de Tóquio. Sua 44ª edição será de 29 de outubro a 14 de novembro (17 dias, tão longo como o de Paris). Uma das atrações é o projeto temático Smart Mobility City (Cidade com Mobilidade Inteligente ou SMC em inglês). Trata-se de um enorme pavilhão para representar uma cidade fictícia, porém real em alguns pontos. Os visitantes poderão testar protótipos de direção autônoma e antever avanços da mobilidade individual no futuro. Apesar de sistemas coletivos de transporte funcionarem muito bem lá, o Japão sabe que nada substitui a liberdade motorizada, seja com unidades a combustão interna, híbrida ou elétrica. A experiência gente-carro-cidade promete sensações inéditas nesse tipo de exibição. Novos meios de locomoção, estilo de vida, mudanças sociais e de valores se juntam às próximas gerações de veículos. Os organizadores atraíram fabricantes de autos e companhias dos setores privado e público envolvidas em telecomunicação, meio am-

biente, energia, desenvolvimento urbano, construção civil e materiais avançados para demonstrar produtos, tecnologias, sistemas e serviços de ponta. Mais impressionante será a Estação Principal, no centro SMC. O local apresentará tecnologias e meios avançados de transporte. As pessoas poderão dirigir veículos de micromobilidade (lugar só para o motorista) e inclusive sair do pavilhão para estender a avaliação. A segunda estação é o Laboratório de Pesquisa de Mobilidade

Renault inova com a Oroch Picape é a primeira derivada de um utilitário esportivo: custa de R$ 62 a R$ 72 mil

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rise, queda de vendas, mas a indústria automobilística continua investindo e trazendo novidades. Na última segunda-feira, a Renault apresentou no Rio de Janeiro a picape Oroch, que cria uma nova categoria no mercado brasileiro. A Oroch está posicionada (em tamanho e preço) entre as picapes pequenas, como Strada e Saveiro, e as médias, como a S10 e a Ranger. É derivada do Duster, utilitário esportivo que concorre com o EcoSport e

o HVR. Olivier Mouget, presidente das Renault para a América Latina, disse que a empresa vai manter o investimento de R$ 500 milhões até 2019, apesar da instabilidade econômica. Disse que os fundamentos da economia não mudaram e que a médio e longo prazos o Brasil é um país promissor. A Renault cresceu 0,2% este ano, muito pouco, mas nada mal num cenário onde as vendas totais

caíram mais de 20% até agosto. Com a picape Oroch, a Renault espera aumentar a participação nas vendas, buscando o objetivo de conquistar 8% do mercado brasileiro. Hoje tem menos de 7%. A picape Oroch vai custar de R$ 62 mil a R$ 72 mil

RODA VIVA Pessoal. De acordo com os organizadores, as instalações reproduzem a busca incessante pela coexistência harmoniosa entre veículos e pessoas. De forma inédita, se realizarão testes de forma contínua no seu interior e quem quiser opinar ou colaborar com sugestões terá atenção especial. Última parada foca nos laboratórios de TCI, porém amplia o escopo para Energia e Entretenimento. Haverá demonstrações e testes com carros de direção autônoma em área espaçosa no teto do prédio que abriga a exposição. A SMC 2015 está em sua terceira edição – começou no Salão de Tóquio de 2011 – e agora se transforma em polo de atenção para visitantes de todo o país e do exterior.

QUEDA nas vendas vem atingindo ritmo de investimentos em fábricas novas ou novos produtos. Fornecedores acenam que o segundo SUV (Projeto 551) da Jeep, em Goiana (PE), está em compasso de espera. Já o subcompacto da Fiat (Projeto X1H), em Betim (MG), confirmado para início de 2016, sairá com motor 4-cilindros. O 3-cilindros (nova geração) só no final do próximo ano. SUBARU WRX é daqueles carros feitos para quem gosta de explorar todas as virtudes de um sedã esportivo de verdade. Desenho pode não atrair tanto, mas mecanicamente conquista pela tração nas quatro rodas e o novo motor turbo de 2 L, 268 cv e 37,7 kgfm. Um automóvel totalmente previsível. Seu câmbio automático CVT é bom, mas em altos regimes não empolga. APERTO financeiro chegou à ANP, encarregada de monitorar a qualidade de combustíveis em todo o Brasil. Número de postos vigiados caiu mais de 50%. Recomenda-se pedir e guardar nota fiscal para possíveis reclamações contra fraudes. Para piorar, a NGK tem encontrado contaminação de óxido de ferro em velas de ignição, um desleixo de transporte e tancagem. LANÇADO semana passada, sistema online de controle de autopeças, parte importante da Lei do Desmanche, do estado de São Paulo, para inibir furto e roubo de veículos. Agora se pode consultar por QR Code de celulares e tabletes a procedência a partir de etiquetas afixadas em cada peça com número único de série. Uma garantia de compra com origem legal. POUCOS sabem que a GM colocou na internet versões digitalizadas de manuais de proprietário de todos os seus modelos produzidos ou comercializados no Brasil de 2008 a 2016. Mão na roda para quem extraviou o livreto. E em outro site www.reparadorchevrolet.com.br há manuais completos de reparação com vista explodida para identificação de códigos das peças.


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ARTIGO

Eles comem nas mesmas gamelas JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS

jalm22@ig.com.br

M

uitos matagrandenses, como eu, nasceram numa época em que ainda não existia a Hidrelétrica de Paulo Afonso. A nossa energia elétrica era gerada através de uma caldeira, com a queima de lenhas para a produção de vapor. Com esse vapor, era a caldeira que dava a força motriz para o acionamento de um dínamo para geração da energia elétrica. Era com esses inventos físicos que Deus nos deu condições para chegarmos a ter a energia elétrica. Antes, só tínhamos os candeeiros para nos deixar com iluminação, como

eram os lampiões. Mesmo já tendo a energia elétrica à nossa disposição, só à noitinha, às 18 horas, é que nós podíamos ligar nossas lâmpadas e ouvir os rádios. À meia-noite, a caldeira era desligada, momento no qual eram iniciadas as nossas serenatas, mesmo com o frio de Mata Grande, muitas vezes com temperatura de 12 ou 14 graus centígrados, já que nossa terra é o ponto culminante de Alagoas. Só com o advento de Paulo Afonso é que pudemos possuir o ferro elétrico, o liquidificador, a televisão em preto e branco e a geladeira ainda à querosene. Anos depois, é que apareceu o fogão à gás, a televisão colorida, o ar condicionado e as vitrolas com discos de vinil. Com a energia elétrica chegou o progresso e com ele se transformaram as capitais, as cidades, os povoados, a indústria, o comércio e os

transportes. Depois da energia elétrica é que a humanidade passou a ter facilidades para melhor desempenhar os seus trabalhos e ter uma vida de mais conforto. O que lamentamos é que dentre pessoas honestas aparecem os ladrões para enganar o povo e se aproveitar dos governos, para ganhar dinheiro fácil. Há poucos anos, uns canalhas disseram às autoridades que existia uma maneira fácil de ganhar dinheiro, desde que algumas normas técnicas fossem mudadas. Os safados sugeriram que fossem mudadas todas as tomadas, todos os interruptores, todos os fusíveis, todos os espelhos, todas os soquetes e dezenas de outros materiais elétricos. Com isso ganharam milhões ou bilhões de reais. Foram mudadas algumas Normas Técnicas, sem necessidade

e, o que víamos era o povo tendo que comprar os materiais elétricos que haviam sofrido com a mudança provocada por industriais, comerciantes e autoridades corruptas. Os senhores senadores e deputados federais não fizeram nada para coibir as safadezas. Recentemente, já fizeram isso com os extintores de incêndios, com as cores de placas dos automóveis e com as cadeirinhas para transportar crianças. Esse negócio de um tal de “recall” para automóveis é outra grande safadeza; inventam ser de graça as mudanças, mas os donos de carros sempre deixam muito dinheiro com as concessionárias. Inventam que está faltando um parafuso, mesmo os carros já tendo sido fabricados há anos. O “recall” é outra safadeza!!!!. As concessionárias sempre faturam muito!


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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Guerra em Traipu

A

o denunciar o secretário de Saúde, Etinho Dias, de tentar suborná-los com dinheiro e até motocicletas para passarem para o “lado” da prefeita Conceição Tavares, os vereadores José Eduardo e Junior da Capivara colocaram mais lenha na fogueira de intrigas entre os poderes Legislativo e Executivo.

Vai processar Etinho dias negou as acusações e deixou claro que vai processar os vereadores por calúnia, injúria e difamação. “Foi uma acusação sem provas”, disse. Pelo jeito, a briga está bem longe de terminar na cidade que ficou conhecida em todo país por escândalos envolvendo desvios de dinheiro público e corrupção de toda ordem.

Mais problema Adversário político declarado da prefeita Conceição Tavares, o vice-prefeito de Traipu, Erasminho Dias, sente na pele os efeitos da sua decisão de trocar de lado, passando para a oposição. Há seis meses, Erasmismo garante que não vê a cor do seu salário, fato que o levou a procurar a Justiça com a finalidade de valer os seus direitos. “Não cedo a qualquer tipo de pressão e vou continuar trabalhando para assegurar a cidadania da nossa gente”, afirma Erasminho.

Polo Moveleiro Na terça-feira (13), a Sandes Estofados fez a inauguração de sua fábrica nas instalações do Polo de Madeira e Móveis Nascimento Leão, conhecido como “Polo Moveleiro do Agreste”, fazendo parte da programação alusiva aos 91 anos da Emancipação Política de Arapiraca.

Participou A prefeita Célia Rocha participou da solenidade, onde houve a aposição da placa. “É um sonho deste casal empreendedor, Luiz e Niuzete Sandes, que lutou muito para que isto aqui virasse realidade. O que presenciamos hoje é o desejo e a coragem de enfrentar essa crise que assola todo o país. Arapiraca tem esse quê, essa gana para o investimento e nunca desistimos mesmo em meio às dificuldades extremas. Vamos estar mais fortalecidos que nunca lá na frente”, pontuou.

Posto de saúde Como parte das comemorações dos 91 anos da emancipação política de Arapiraca, a prefeita Célia Rocha, o vice Yale Fernandes e o secretário de Saúde, Ubiratan Pedrosa, entregaram na manhã de quarta-feira (14) uma moderna unidade básica de saúde para os moradores da comunidade de Canaã e localidades vizinhas. A UBS João Batista da Silva possui duas equipes de profissionais da área de saúde para atender mais de 1.700 famílias.

Solenidade A solenidade de entrega da unidade contou com a presença de secretários municipais, vereadores, lideranças comunitárias, a exemplo do presidente da associação de moradores, Lídio Vicente, e familiares do homenageado, que foi agricultor, comerciante e tabelião na localidade. João Batista da Silva faleceu precocemente aos 39 anos de idade e deixou a viúva Rosa Batista e oito filhos, entre eles o líder comunitário Anselmo Batista.

Parentes Durante a solenidade, o monsenhor José Neto abençoou as instalações do prédio, que reuniu também alunos e crianças da Escola Fernando Collor de Mello e da Creche Santo Antônio. Parentes de João Batista aproveitaram o momento para agradecer a homenagem à prefeita Célia Rocha e entregaram uma placa para simbolizar a gratidão pela entrega da unidade de saúde. O agente de saúde Cleriton Barros também fez uma homenagem à prefeita Célia, agradecendo o apoio aos servidores da saúde, lembrando que o novo prédio vai facilitar ainda mais o trabalhos dos profissionais.

Garden Shopping A Associação Brasileira de Shopping Centers (ABRASCE) realizou durante todo o mês de setembro uma pesquisa inédita para revelar “O Shopping Mais Querido do Brasil 2015”. E na disputa para concorrer ao título, ao lado de empreendimentos de todo o país, em uma ação que mobilizou muitas pessoas e diversas campanhas de marketing, o Arapiraca Garden Shopping foi eleito o 1º shopping mais querido de Alagoas, o 5º de todo o Nordeste e o 5º entre os shoppings de interior de todo o território nacional. Durante o período, a votação foi realizada por meio de enquete online e cada empreendimento teve livre escolha para divulgar e incentivar o público.

Pão de Açúcar A SEVOSP, secretaria que faz parte da Prefeitura de Pão de Açúcar, deu início, na quarta-feira (14), ao trabalho de poda de árvores no Povoado Impueira de Baixo.

Padroeira Enquanto a comunidade se prepara para a festa da padroeira Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a ser comemorada no próximo dia 31, a Prefeitura de Pão de Açúcar realiza ações importantes com o objetivo de organizar a estrutura física do povoado, que recebe um grande número de pessoas durante o período festivo.

PELO INTERIOR ... O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco realizou, na quinta-feira (15), no auditório da FASVIPA, das 14 às 18 horas, uma Consulta Pública, no âmbito dos trabalhos de atualização do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco para o decênio 2016-2025. ... Segundo informações do próprio Comitê, já aconteceram oficinas setoriais e consultas públicas na fase de Diagnóstico. ... A participação da sociedade terá prosseguimento na fase de Cenários e Prognósticos com a realização de quatro Consultas Públicas, sendo por região fisiográfica, nos meses de outubro e novembro. ... Estas sessões pretendem possibilitar compartilhamento de conhecimento sobre a bacia, gerar comprometimento coletivo de todos os envolvidos com o gerenciamento integrado dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e obter uma percepção da dimensão da participação da população. ... Diversas autoridades e lideranças municipais estiveram presentes, principalmente porque estão sensibilizadas com a gravíssima situação do rio São Francisco. ... Os vereadores de Traipu Junior da Capivara e José Eduardo prometeram denunciar a tentativa de suborno por parte do secretário de Saúde, Etinho Dias, ao Ministério Público, para que sejam tomadas as providências cabíveis para a devida apuração do caso. ... Segundo ele, na proposta que considera indeco-rosa, o secretário ainda ofereceu empregos na Assembleia Legislativa, caso mudasse de partido e ficasse do lado do grupo de sustentação da prefeita. ... O vereador Júnior da Capivara relatou que outras pessoas estariam sendo procuradas constantemente por Etinho Dias e outros assessores diretos da prefeita em troca de apoio político, depois que a Câmara Municipal aprovou o relatório final da Comissão Especial de Inquérito da Saúde (CEI), que investiga falta de médicos e medicamentos nos postos de saúde, bem como salários de servidores há vários meses em atraso, medicamentos com prazo de validade vencido, entre outras denúncias. Até o momento, o secretário Etinho Dias não emitiu nota oficial desqualificando as denúncias, que estão chamando a atenção de toda a sociedade de Traipu. ... O advogado Hector Martins anunciou que é candidato à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Arapiraca. O lançamento oficial da campanha será realizado no dia 20 de outubro no comitê que fica situado na Avenida Ceci Cunha, em Arapiraca. ... Um ótimo final de semana para os nossos leitores e até a próxima edição!


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REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

NO PAÍSdasALAGOAS TEMÓTEO CORREIA - Ex-deputado estadual

O sobe e desce Há poucos meses, o tomate era o “vilão” da inflação. Com a colheita recente, o preço despencou chegando a R$ 1 o quilo. Outros produtos seguem o mesmo fenômeno, que é climático e sempre ocorreu. Os demais hortifrutigranjeiros também vêm apresentando preços bem menores do que os praticados há um mês. É só ir pesquisando e optando preferencialmente pelas feiras livres.

O dólar A taxa de câmbio funciona de acordo com o momento econômico que o país atravessa. E o dólar, como moeda comercial negociada em todo o mundo, sobe e desce. Semana passada chegou a valer R$ 4,30 mas vem baixando. Se ocorrer qualquer mudança por aqui e alhures (outros países), pode subir ou descer. Mas jamais voltar ao valor de um ano atrás. Assim, evite os produtos importados.

Planejando a curto prazo

J

á estamos no último trimestre de 2015, com inflação e câmbio (dólar) em alta, queda na produção e desemprego. Pura recessão! O orçamento iniciado em janeiro, se foi cumprido com as dicas da coluna, vem garantindo uma sobrevivência mais tranquila, até mesmo com uma reserva financeira (poupança). Sempre orientei para se viver de acordo com o que se ganha, esquecendo as compras por impulso, os juros cobrados no cartão de crédito e cheque especial. Agora, faltando três meses para o final do ano, o consumidor deve “apertar o cinto” mais ainda diante do aumento de preços de todos os produtos e serviços, e fechar o balanço anual “no azul”, ou seja, sem prejuízos. O décimo terceiro salário a ser recebido em dezembro deve ser direcionado para o consumo e a poupança. Se tiver alguma dívida, quitar e entrar no ano novo livre, para enfrentar mais um ano de aperto. Os juros vão continuar subindo, assim como a inflação e o dólar.

O juro Outro mecanismo que o governo usa para reduzir a inflação. Só que não vem funcionando. As taxas são as mais altas do mundo e a inflação continua subindo. O consumidor, por sua vez, procura comprar a prazo, usar o cheque pré-datado, o cartão de crédito parcelado e as compras por carnê. Mas existem aqueles cautelosos, que acompanham a crise com preocupação e evitam tudo isso. Devem continuar assim!

Pechinchando O tempo é de pechinchar no comércio, conversando com o vendedor, pedindo abatimento e só comprando à vista. A dica serve principalmente para quem frequenta as feiras livres, onde o vendedor é o próprio dono do negócio. Em supermercado e mercadinhos, isso é impossível. Portanto, enfrente o calor sufocante, a gritaria desses locais, para economizar. Vale a pena!

Um nome pomposo

A

ntônio Gomes Pascoal em campanha eleitoral para prefeito de Pão de Açúcar-AL, que viria a se eleger, andava sempre acompanhado do vereador Marcondielson Napoleão da Veiga Bonfim (Deka), que em um caderno, anotava todos os pedidos feitos ao futuro prefeito. Quando Deka ia prestar contas dos pedidos com seu caderninho, Antônio Gomes Pascoal dizia: Jogue esse fora e pegue outro-. Entendendo que já havia aprendido o pulo do gato, Deka pensou com seus botões que havia chegado a sua hora. Procurou o chefe político maior, Elísio Maia e disse-lhe: - Seu Elísio, se o senhor me der um empurrão, eu chego a prefeito. Elísio Maia deu-lhe um forte empurrão. E ele: - Que é isso seu Elísio, que é isso? - Um homem com um nome como esse do senhor, pedir para ser prefeito, sr. Marcondielson Napoleão da Veiga Bonfim! Com um nome desse, eu queria era ser senador.


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CRÔNICA

Vale a pena sofrer por um amor que não deu certo? FERNANDO TENÓRIO* fernandoatn@hotmail.com

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ma amiga de Maceió resolveu escrever para mim. Falei, em alguns textos, que os relacionamentos são cada vez mais vazios, que as pessoas são deletadas da vida das outras num único click, e ela resolveu contar um pouco da sua história. Depois de quatro meses solteira, após um longo período de relacionamento e um quase casamento, resolveu dar sua versão de como andam as coisas para o lado feminino da história. Disse-me ela: – Não tive muito tempo para curtir minha dor, uma vez que só faltam quatro anos até os 30, e assim ser considerada velha para ser mãe, de acordo com a ciência e com as minhas amigas. Ou para escutar piadinhas de que eu fiquei para titia. Há pouco menos de um mês dos acontecimentos, eu já escutava incentivos para sair, conhecer gente, mas não basta lavar o rosto inchado e me esforçar para sair da

cama, largar meus chocolates e filmes melosos pelas bebidas dos bares. Eu também tinha que estar arrumada e magra, afinal, quem iria me valorizar? Lia a amiga e atentava para fatos em que nunca havia pensado por minhas limitações impostas pelo XY. A garota continuou: – Somado a isso tudo, eu sou mulher e, de acordo com a nossa cultura, preciso prestar atenção no tipo de roupa que posso vestir e como devo me comportar. Se convido o cara para sair, sou muito fácil; se eu me fizer de difícil, posso perder a oportunidade de conhecer alguém realmente muito bacana. Confuso, né? E na melhor das hipóteses, se o cara nos convida para sair, eu preciso ainda prestar atenção no lugar para não dar a impressão errada. Para piorar a história, na primeira e única tentativa frustrada de saída, foi chamada de “biquete” (leia-se patricinha), pois escolheu um restaurante e a conta do rapaz deu cinquenta reais. Falei, então, para ela focar na tese do mestrado e em outras questões até que alguém legal aparecesse. A resposta foi dada: – Desde o dia em que nasci estou envolvida numa teia que é muito maior que isso. É imperativa e não perdoa.

Eu preciso ter todas as qualidades do mundo e ser muito feliz. Não é permitido o fracasso, ainda que temporário. Até a dor não pode ser curtida, cicatrizada. Ficar sem ninguém parece pecado. Dizer que o outro foi importante e que ainda não passou é sinal de fraqueza. Sofrer por um ex-amor virou heresia. Pois é, cara amiga. Temos a necessidade de nos adequar a uma felicidade, mesmo que não seja a nossa. Uma felicidade que é buscada em prateleiras de supermercados, lojas ou em baladas caras. Uma felicidade tão artificial que nem convence, mas que de tão jogada nas redes sociais salta aos nossos olhos e tomamos como verdadeira. A verdade é que devemos aceitar a dor de um ex-amor no nosso dia a dia, sem sermos consumidos por ela. Colocar a dor no canto e deixar a vida seguir, respeitando-a, é claro. Convida a dor para tomar um café e despacha a danada no jantar – como ouvi de uma quase irmã alagoana. E vai doendo cada vez menos até passar. Pode demorar, mas passa. E sara. E transforma. *Médico formado pela Ufal, é alagoano de Maribondo e tem 26 anos. Residente em Psiquiatria no Hospital Philippe Pinel, no Rio de Janeiro, é autor do livro A Responsabilidade dos Olhos, lançado pela Editora Viva em 2014.


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