Edição872

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IMPEACHMENT

LIVRO MOSTRA ENTRANHAS DO GOVERNO COLLOR E DIZ POR QUE O EX-PRESIDENTE CAIU P/ 14

CINEMA

“OLHAR DE NISE” GANHA PRÊMIO INTERNACIONAL DA LÍNGUA PORTUGUESA P/ 17

extra MACEIÓ - ALAGOAS ANO XVII - Nº 872 - 20 A 25 DE MAIO DE 2016

www.novoextra.com.br

R 3,00

TATURANAS 9 ANOS DEPOIS,

CONDENADOS POR DESVIAR DINHEIRO DA ASSEMBLEIA CONTINUAM IMPUNES De pai para filho, deputados e prefeitos se perpetuam no poder P/ 12 e 13 Lixo hospitalar produzido em Alagoas não tem destinação correta

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Fábrica da Pedra não paga a conta de luz e mantém operários em férias coletivas P/ 10


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MACEIÓ, ALAGOAS - 20 A 25 DE MAIO DE 2016

No País das Alagoas

O

alto escalão da República conta agora com mais dois alagoanos ilustres. No Legislativo, Arthur Lira ganhou a presidência da Comissão Mista de Orçamento, e no Executivo, Maurício Quintella Lessa foi nomeado ministro dos Transportes. Arthur Lira foi denunciado na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro, enquanto Maurício Quintella foi condenado na Justiça Federal por surrupiar dinheiro da merenda escolar.

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Chefão da máfia

O deputado federal João Henrique Caldas tem usado seu grupo de comunicação, inclusive de uma rádio, para dinamitar a gestão do prefeito Rui Palmeira. Ao que tudo indica JHC deve mesmo ser candidato à cadeira de Rui Palmeira.

Dirceu antecipa Lula

Cofres vazios Em quatro meses, Dilma Rousseff torrou a verba publicitária do ano todo. Diz Lauro Jardim: “De janeiro até a quinta-feira da semana passada, o governo Dilma gastou toda a verba de publicidade da Secom prevista para 2016 — R$ 152 milhões. Michel Temer encontrou os cofres vazios”.

O rombo do rombo Ninguém sabe o tamanho do rombo nas contas públicas. Nos últimos dias, a equipe de Henrique Meirelles calculou que o déficit deixado por Dilma Rousseff estava em 120 bilhões de reais. A Folha de S. Paulo elevou a previsão para 150 bilhões de reais e o Estadão chegou a 160 bilhões de reais.

DA REDAÇÃO

Ataque

O juiz Sérgio Moro afirmou que José Dirceu não era “o comandante do grupo criminoso” que assaltou a Petrobras. Quem adivinhar quem era o chefão da máfia ganha uma viagem a Curitiba, com direito a selfie com Moro.

José Dirceu vai morrer na cadeia. Depois de descontar a pena do mensalão, ele terá de descontar também a pena de 23 anos e quatro meses de prisão aplicada pelo juiz Sérgio Moro. O mais espantoso disso tudo é notar como José Dirceu, antes de morrer na cadeia, já foi esquecido. De fato, ele antecipa o que vai ocorrer com Lula. Em primeiro lugar, ele será condenado; em seguida, esquecido. Não sei se Lula vai morrer na cadeia. Espero que sim. O que eu sei com certeza é que não vai sobrar nada dele. Nem o mau exemplo. (Diogo Mainardi).

COLUNA SURURU

A EBC e os vagabundos É preciso investigar a fundo o papel da EBC petista na “guerrilha virtual”, composta por vagabundos que tentam sabotar as áreas de comentários de sites de informação independentes. Ser vagabundo com o dinheiro público é vagabundagem dupla. (O Antagonista).

Privatizar tudo... “Para acabar com a fonte maior da corupção no Brasil, o governo Temer precisa desmontar o estado patrimonialista, vendendo tudo, inclusive Petrobras, Eletrobras, portos, aeroportos e todos os bancos estatais”, diz o economista Elias Fragoso. Leia artigo na página 22.

Alerta Populares estão reclamando que a Polícia transformou o posto de combustível próximo ao supermercado Extra num verdadeiro estacionamento particular. Alguns membros da instituição não respeitam o espaço privado. Desrespeito!

Tá baixo Já foram vacinados em todo o país 35,4 milhões de brasileiros na campanha nacional contra a influenza. O número re-presenta 71% do público-alvo, formado por 49,8 milhões de pessoas consideradas mais vulneráveis para complicações da gripe. A meta é vacinar, no mínimo, 80%. Em Alagoas 408.839 doses foram aplicadas até o último dia 16, o que corresponde a 64,2% do público-alvo.

Cajueiro

O município de Cajueiro comemora nesse domingo, 22 de maio, 58 anos de sua indepen-dência com várias atividades festivas. O ex-po-voado de Capela, hoje governado pela prefeita Lucila Toledo, se emancipou através da Lei Nº 2096, de 22 de maio de 1958, assinada pelo governador Muniz Falcão.

Na mira Esta semana a presidente Dilma foi notificada pelo Supremo Tribunal Federal por andar dizendo aos quatro cantos que seu afastamento é golpe. Será que a presidente irá conseguir se defender dessa vez?

Sujeira O senador cassado Delcídio do Amaral garantiu que tem um dossiê contra políticos de várias esferas. O ex-senador tem em sua lista negra políticos alagoanos e muita mágoa no coração. Delcídio deve puxar muitos dos seus pares para o fundo do poço.

Bolso vazio Com Michel Temer como presidente, os deputados federais Carimbão, Ronaldo Lessa e Paulão perderam importantes cargos federais, de suas indicações, em Alagoas. A retaliação foi por votar em favor da manutenção de Dilma.

De olho A Lei nº 7.301 de 15 de dezembro de 2011, que dispõe sobre a obrigatoriedade de banheiros químicos adaptados às necessidades de pessoas com deficiência nos eventos realizados por todo o estado, não vem sendo cumprida. Autora do projeto, a deputada Thaise Guedes deve se reunir com o governador Renan Filho para reivindicar maior fiscalização da lei.

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

ARTE FAX - 3317.7248 Fábio Alberto - 99351.9882 IMPRESSO - Jornal do Commercio REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA E-mail: 3317.7245 - 99982.0322 contato@novoextra.com.br SERVIÇOS JURÍDICOS As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal Vieira & Gonzalez Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa


MACEIÓ, ALAGOAS - 20 A 25 DE MAIO DE 2016

JORGE OLIVEIRA

Os cabeças brancas Atenas, Grécia - Se não desaparelhar a máquina, não governa. Os políticos mais experientes sabem que não tem êxito aqueles que assumem a administração de um estado e contemporizam com a equipe anterior. É o que pode acontecer com Michel Temer se ele não passar o rodo e mandar imediatamente a petezada para casa e começar a trabalhar com austeridade. O PT é formado por militantes radicais raivosos e odientos que vão tentar por em prática o que seu dirigente, o fundamentalista Rui Falcão, propaga: boicotar o trabalho do novo governo e promover o caos para paralisar a máquina pública e, assim, impedir que o país saia do fundo do poço. Para Falcão e seus fanáticos seguidores, o pior é o melhor. Os cabeças brancas, a turma do Temer, só vão ter sucesso nesses próximos seis meses se limpar o estado, impregnado de sindicalistas pelegos e militantes petistas que infernizam diariamente a vida dos servidores efetivos. Pelo discurso de Temer, na mais desorganizada solenidade de posse de um ministério, tudo indica que ele vai tentar enxugar o tamanho do estado que a Dilma, por absoluta incompetência, anunciava mas não fazia. Michel Temer apresentou à nação um ministério sem grandes novidades. Preferiu a composição política à técnica. Compôs o governo com os partidos de oposição ao PT, que vão se encarregar de trocar a equipe de cada ministério e dos órgãos afins. Temer, contudo, não surpreendeu o país com caras novas, fora do convívio partidário. À primeira vista, trata-se de uma equipe com poucos talentos, mas com experiência na área pública. O sucesso, entretanto, vai depender do próprio presidente se conseguir gerenciar com competência os auxiliares que convocou para tirar o país do caos econômico e administrativo. Em princípio, Temer procurou juntar ao seu grupo nomes que não estão envolvidos na Lava Jato. E aqueles mais criticados como Geddel, Padilha e Moreira Franco, ele preferiu escondê-los em funções dentro do Palácio do Planalto. São amigos fieis e companheiros leais em que ele confia para fazer o meio de campo entre o governo e os políticos porque os três têm acesso fácil ao parlamento que já frequentaram. No discurso de posse, Michel mostrou serenidade e procurou se comunicar com o país de maneira simples e objetiva. Ao contrário da Dilma – que não dizia nada com coisa nenhuma nas suas falas – traçou a linha política do que pretende fazer já nos primeiros dias. E pareceu que sabe o que quer dos seus ministros daqui para frente. Algumas posições dele já chamaram a atenção: o apoio a Operação Lava Jato, à redução dos ministérios e dos cargos comissionados, e à política de aceleração do desenvolvimento para gerar mais emprego e renda. Os cabeças brancas que cercam Michel são homens experientes na política e na administração. Conhecem a máquina pública porque boa parte deles já esteve à frente de governos. Portanto, o país espera desses homens serenidade, eficiência e, sobretudo, honestidade nessa nova jornada que deve apontar o caminho para o crescimento do Brasil nesses próximos seis meses.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Luxo Quanto a Dilma não resta outra alternativa que não a de acompanhar a nova equipe de governo atentamente. No íntimo, vai torcer pelo insucesso para não perder o discurso do golpe e voltar ao poder. Michel Temer, porém, deve ficar atento aos militantes petistas que vão tentar insuflar os movimentos sociais para desestabilizar o governo. E se a Dilma e seus adeptos usarem a máquina pública – recursos, aviões da FAB, carros, assessores, órgãos e prédios federais – para planejar a baderna, o governo deve acionar o STF para limitar os passos dela e assim evitar a anarquia e o desperdício do dinheiro público, já que o presidente do Senado, Renan Calheiros, foi benevolente ao manter as suas mordomias fora do cargo. Como a Constituição é omissa, cabe ao STF determinar quais os direitos de um presidente fora de suas funções, mesmo que temporárias.

Cultura

Coerente

A reação dos militantes ressentidos do PT já era esperada. Eles ainda vão espernear por muito tempo. À medida que vão sendo desalojados das boquinhas nos órgãos públicos cresce a vontade de atear fogo ao país. Afinal de contas, foram mais de dez anos mamando na tetas do governo, fazendo negócios escusos e aparelhando o estado. O resultado de tudo isso, foi a criação da maior organização criminosa de que se tem notícia no Brasil. Dois tesoureiros petistas na cadeia e um na bica de ser também preso, o ex-ministro da Comunicação Social, Edinho da Silva. Zé Dirceu, o maestro do esquema, voltou para a cadeia e os empresários, cúmplices de toda bandalheira, também estão trancafiados.

Alojar a cultura no Ministério da Educação em princípio parece uma decisão coerente, desde que não se mexa nos avanços dessa área conquistadas nos últimos trinta anos desde que o Ministério da Cultura foi criado por José Sarney. Mas, na verdade, essa decisão deveria ser tomada depois de uma discussão mais ampla com as entidades livres envolvidas com a cultura do país.

Os páreas

Panelinha

É natural que os desempregados petistas – inúteis e páreas – reajam de forma violenta a qualquer tipo de mudança institucional. Afinal de contas, como são desqualificados, certamente não vão conseguir emprego facilmente. Os mais exaltados, como era de se esperar, são aqueles que perderam salários milionários e as negociatas nos ministérios. Agora, desolados, vão tentar de todas as formas reorganizarem grupos para tentar desestabilizar o governo e promover baderna, especialidade de muitos deles. O eco dos ressentidos ainda será ouvido por todos os cantos, estimulados pelos pelegos da CUT que transformaram os sindicatos em organizações criminosas.

Ligados Os petistas do fundamentalista Rui Falcão estão ligados em tudo. E se a turma do Temer vacilar, eles vão para o ataque. Veja o que acontece com a ocupação que muitos fizeram do Ministério da Cultura nos estados. Alguns deles condenam o governo peemedebista de destroçar com a cultura com o fim do ministério. Acusam o novo governo de tentar acabar com a arte, o cinema, a literatura com o fim do órgão. É claro que a medida é impactante, Temer mostrou-se insensível ao passar o serrote no ministério, gestor da politica cultural do país. Deu aos militantes petistas o pretexto que eles queriam para chamar a atenção do mundo para uma medida conservadora de um governo que se propunha avançar nos setores deteriorados da economia como forma de desenvolver o país em todas as outras áreas.

Quem trabalha nessa área sempre teve dificuldade em realizar projeto se não rezasse na cartilha petista. O ministério da Cultura e seus órgãos foram aparelhados por militantes sem identidade com o setor. O critério para aprovação de qualquer proposta na área sempre foi o partidário, o que restringiu a cultura nas mãos de alguns “iluminados”. O dinheiro canalizado para o cinema, por exemplo, tinha direção certa. Ia para aqueles que se adequavam com mais facilidade a política petista.

Igualdade É preciso desaparelhar o estado, torna-lo mais amplo, despolitizá-lo. Criar mecanismo para que todos que fazem cultura no Brasil, independente de partido e de cor ideológica, tenham as mesmas chances. Não é um prédio ou a instituição de um ministério que vai abrir o leque da cultura no Brasil, que precisa de gente que pense um modelo sem a mão de ferro ideológica.

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GABRIEL MOUSINHO

A crise e as decisões

O

início do ano parece não ter sido muito bom para os trabalhadores do Estado, principalmente quando o assunto é reajuste salarial. E o governo tem jogado pesado contra as categorias, com decisões favoráveis da Justiça, onde não se discute o mérito da questão. Primeiro foram os policiais civis, cuja greve foi decretada ilegal por parte do Tribunal de Justiça. O segundo foram os agentes policiais que já foram instados a retornarem ao trabalho sob pena de multa diária de 50 mil reais e outras penalidades e, o terceiro, vai acontecer logo, logo. A greve, desta forma, mesmo cumprindo os dispositivos legais, não tem encontrado amparo na Justiça alagoana, pelo menos nas últimas decisões. O governo ganha todas e isto é um aviso nada discreto às outras categorias. Quem decretar greve, já sabe que terá pela frente jogo duro, em nome da segurança da população e dos interesses do Estado. Se a Justiça está certa ou errada, não é o caso de aqui se discutir. A verdade é que a situação financeira de Alagoas não permite, segundo o próprio governador, atender às várias demandas do funcionalismo público. Fazer concessões e não poder cumprir é pior do que negar o reajuste pretendido. Com isso o governo diz jogar limpo e deixa bastante claro que é melhor pagar em dia, do que não pagar. O ano de 2016, com certeza, não será dos melhores para os servidores estaduais.

Justiça devagar Como é célere em decisões emergenciais, a Justiça também deveria fazer o mesmo com processos que dormem em berço esplêndido nos arquivos de muitos magistrados e que sentenças transitadas em julgado nem sempre cumprem a agilidade do rito processual. Mesmo respeitando-se as decisões, já que ordem judicial não se discute, cumpre-se, a Justiça de nosso estado bem que poderia minimizar a situação de muitos jurisdicionados, que nela confiam mas não têm os seus direitos respeitados.

Alô, Receita Há muito tempo existe uma prática de sonegação de impostos federais em alguns hospitais em Alagoas. Em Maceió e em alguns municípios alagoanos, a exemplo da região sul do Estado, os pagamentos a médicos plantonistas são feitos em dinheiro vivo, sem constar, naturalmente, descontos do Imposto de Renda, INSS e outros tributos. Uma forma de sonegação usual, evitando que o profissional, e consequentemente o hospital, declarem pagamentos e recebimentos à Receita Federal.

Acomodação A distribuição de cargos federais em Alagoas, como das outras vezes, vai passar por um período de acertos e acomodação, o que deve demorar pelo menos uns 30 dias. Alguns interesses políticos devem ser preservados em nome da unidade e do apoio ao presidente em exercício, Michel Temer. Mas quem votou compra o impeachment parece que terá tratamento diferenciado nessa arrumação.

Cortes Como em Alagoas existem poucos cargos comissionados nas repartições públicas federais, é muito difícil se cortar ainda mais como anunciou o presidente da República. Esses cortes devem atingir a esfera de grandes centros e de ministérios robustos.

gabrielmousinho@bol.com.br

Futuro político Habilidoso, atencioso, competente e humilde Maurício Quintella tem um futuro político brilhante o que pode ser consolidado com seu desempenho no Ministério dos Transportes. Por Alagoas ele pode fazer muito, como desencalhar projetos de duplicação da BR-101 que anda muito devagar e outras obras fundamentais para o desenvolvimento de Alagoas.

Sem ruído Com eleições municipais a praticamente quatro meses, os candidatos mergulham no silêncio. Em Maceió Rui Palmeira, Paulo Memória, JHC, Paulão e Cícero Almeida ainda não deram pra valer a partida na campanha. O clima deve esquentar mesmo a partir do próximo mês de junho.

Apelo popular Como dinheiro neste momento de crise está difícil, os candidatos a prefeito de Maceió vão tentar ganhar o eleitorado na prestação de serviços e num bom papo, além, é claro, de algumas promessas que nunca serão cumpridas.

O tom é outro

Rolete chupado Muitos governadores se aproveitaram da bondade da presidente Dilma Rousseff, mas poucos sequer estiveram em Brasília para lhe dar um último abraço. Preferiram se esconder para talvez não desagradar Michel Temer.

Crescendo a onda Polícia Civil em greve, agentes penitenciários idem e até o final do mês outras categorias engrossam o coro. O governador vai ter que fazer ginástica para parar a onda de insatisfações sobre reajustes salariais.

Não se fala em crise Mesmo que exista e com força, o presidente Michel Temer não quer falar em crise, mas sim em trabalho. Ele está certo, embora tenha que trabalhar rápido para melhorar a economia, frear a recessão e fazer com que 11 milhões de desempregados voltem aos postos de trabalho.

Sem chances A exemplo do resto do Brasil, os candidatos petistas vão se distanciar dos peemedebistas nas eleições de outubro. Em Maceió o deputado federal Paulão, que já confirmou sua candidatura a prefeito de Maceió, dificilmente fará qualquer aliança com o PMDB do senador Renan Calheiros.

O cangaceiro

Um pote de mágoas com Renan Calheiros, Delcídio do Amaral, no programa Roda Viva da TV Cultura na última segunda-feira, chamou o senador alagoano de cangaceiro por duas vezes e disse que o presidente do Senado terá ainda muitos problemas pela frente.

Sem freio O apoio que o presidente Michel Temer deu às investigações da Lava Jato durante o seu primeiro pronunciamento demonstra que agora as operações vão ganhar força. Ou seja, a medida é toda e salve-se quem puder, inclusive muitos dos seus aliados políticos.

As peças publicitárias do governo sobre a redução da criminalidade são de primeira qualidade, mas a realidade é outra completamente diferente. Que o digam os moradores da periferia e quem anda de ônibus pela cidade.

Corte esperado O Bolsa Família, mesmo que o presidente Temer diga que vai manter, já está sendo questionado pelo seu próprio ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra. Se existe menos de 10% de pobres como disse a presidente Dilma Rousseff, como existem ´´50 milhões no Bolsa Família?´´, indagou o ministro. Ou seja, vem corte por aí.

Tirando o corpo A Polícia Militar tirou o corpo da onda de agressão no último CSA x CRB e justificou dizendo que o Rei Pelé estava lotado além da capacidade e até o governador entrou na brincadeira, afirmando que a PM chegou ao local da confusão em 34 segundos. A Polícia Militar não deveria ter nem justificado. Deveria, mesmo, ter evitado que o problema acontecesse. Afinal de contas, mais de 300 homens faziam a segurança dentro e fora do estádio. O que se viu mesmo na confusão, cujas imagens chocaram o mundo, foi falta de planejamento e de treinamento dos policiais que faziam a segurança. No mais, é conversa pra boi dormir.


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Lixo hospitalar produzido em Alagoas não tem destinação correta

PERIGO REAL E IMEDIATO

PREJUÍZOS AO MEIO AMBIENTE SE INTENSIFICAM NOS MUNICÍPIOS Ascom MPE-AL

VALDETE CALHEIROS Especial para o EXTRA

Jornal EXTRA

A

lagoas está tomada pelo lixo hospitalar. A afirmação do EXTRA é baseada na declaração do promotor do Núcleo de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, Alberto Fonseca, de que apenas a capital, Maceió, dá destinação correta ao lixo hospitalar. À declaração do promotor juntam-se as informações passadas pelos órgãos ambientais do Estado que alertam para as crescentes infrações dos gestores na destinação correta do lixo hospitalar, material altamente nocivo ao meio ambiente. Isto porque a destinação correta do lixo hospitalar passa por vários processos que vão desde a separação do material infectante até o descarte em local apropriado ou incineração do lixo. Embora boa parte dos municípios alagoanos já tenha contratado a empresa para fazer esse transporte, muitas cidades não providenciaram ainda o local adequado para destinar esses resíduos. De acordo com o engenheiro ambiental, Alder Flores, apenas o município de Pilar possui um aterro sanitário tecnicamente apto a receber o lixo hospitalar tratado. O local, recentemente inaugurado, é privado. “O aterro sanitário de Maceió não tem estrutura para receber lixo hospitalar”, detalhou. Há ainda o aterro sanitário de Olho d´Água das Flores, construído por meio de um consórcio, mas que nunca entrou em funcionamento. E mesmo em Maceió, a destinação correta não contempla 100% do lixo hospitalar pro-

Central de Resíduos Sólidos do Pilar e o aterro do Sertão não podem receber lixo hospitar

FPI do São Francisco flagra lixo hospitalar jogado em Santana do Ipanema

duzido na capital. Prova disso, são as sucessivas investidas dos órgãos ambientais nas unidades de saúde que, apesar de conhecerem todos os riscos, insistem em burlar a legislação ambiental que, convenhamos, não é das mais brandas em vigência no país. A legislação para recolhimento, acondicionamento, transporte, tratamento e posterior destinação final do lixo hospitalar é bastante rigorosa. Além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), ainda há

os órgãos públicos estaduais e municipais. Somente no primeiro trimestre deste ano, 13,5 toneladas de lixo hospitalar já foram apreendidas por não terem recebido a correta destinação, deixando resquícios prejudiciais ao meio ambiente. A carga altamente infectante foi interceptada pela Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma) e pela Superintendência Municipal de Limpeza Urbana de Maceió (Slum), em algumas operações de rotina. A quantidade de lixo con-

taminado interceptada é bastante superior a toda carga apreendida no ano passado. Em 2015, foram apreendidas 11 toneladas de lixo contaminado. O material infectante que foi interceptado seguiria para o aterro sanitário da capital, o único em Alagoas, mas que não tem estrutura para receber esse tipo de resíduo. Uma das mais recentes investidas do Ministério Público Estadual contra os gestores que não fazem o descarte do lixo hospitalar conforme preconiza a legislação foi em março, quando o órgão instaurou

um procedimento preparatório de inquérito civil público para investigar denúncias de descarte irregular de lixo hospitalar em municípios do Litoral Norte de Alagoas. Segundo o promotor de Justiça Thiago Chacon, da Promotoria de Justiça de Passo de Camaragibe, o prefeito do município de São Miguel dos Milagres foi multado e os de Passo do Camaragibe e Porto de Pedras, que faziam o descarte de forma parcialmente correto, terão que se adequar para não sofrerem sanções.


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Ascom MPE-AL

Flagrante de destinação ilegal de lixo hospitalar em São Jose da Tapera em 2015

O MPE solicitou ao IMA a realização de inspeção e a apuração dos fatos denunciados para produzir laudos e relatórios sobre o fato. O promotor Thiago Chacon chamou a atenção para a importância das denúncias por parte da população. “Esse trabalho só foi possível, graças à população que está vigilante. Um rio cuja água muda de cor sem nenhum motivo aparente, um mau cheiro exalado entre as plantações, animais morrendo de forma repentina, podem ser sinais de algo errado com o meio ambiente. A má destinação do lixo hospitalar parece ser um comportamento cultural que precisa ser mudado e necessita de maior empenho do poder público. Esse não é um problema apenas de meio ambiente, é de saúde publica”, acrescentou . Hospitais e maternidades públicas e privadas da capital, inclusive, tiveram seus lixos devolvidos para que fossem tratados de forma a não prejudicar o meio ambiente e a saúde da população. Além de produzir lixo hospitalar, as unidades de saúde

também produzem lixo comum e, muitas vezes, os funcionários responsáveis por esse serviço misturam as duas matérias. Em Maceió, a média de produção do lixo doméstico é de 400 toneladas/dia. Como a proporção de resíduos de saúde gira entre 1% e 1,5%, a produção de lixo hospitalar em Maceió varia entre quatro e seis toneladas. Os órgãos públicos ambientais não possuem levantamentos oficiais. Os números apresentados na matéria são baseados na compilação dos dados isolados de cada órgão responsável pela fiscalização do lixo hospital em Alagoas. Se em Maceió a situação é critica. Nas dezenas de outras unidades de saúde do Estado o quadro é desesperador. Hospitais e clínicas do interior de Alagoas ainda descartam os RSS (Resíduos de Serviços de Saúde) de forma inadequada, inapropriada, causando a contaminação do meio ambiente. Conforme a legislação, descartar lixo hospitalar em lixões, por exemplo, pode dar cadeia. A pena prevista é de cinco anos de

Em Santana, descarte irregular de materiais de saúde flagrado pela FPI

prisão. Mesmo assim, ainda é comum encontrar seringas, bolsas de sangue e instrumentos cirúrgicos, como bisturis, misturados ao lixo comum. De norte a sul do Estado, acumulam-se denúncias de descarte irregular de lixo hospitalar, somam-se flagrantes e sobrecarregam-se algumas poucas dezenas de funcionários dos órgãos fiscalizadores. Coletado nas ruas, o lixo comum é levado direto para o aterro sanitário onde é compactado e colocado nas células específicas para cada categoria de resíduo. No entanto, devido à falta de conscientização de gestores de hospitais privados e públicos, somada à falta de fiscalização, é comum os funcionários do aterro sanitário ou das próprias empresas que fazem a coleta de lixo encontrarem lixo hospitalar e até membros amputados de pacientes em hospitais de Alagoas. Isso acontece como forma de burlar a lei, uma vez que a coleta, acondicionamento, transporte, tratamento e destinação do lixo hospitalar envolvem custos.

LEGISLAÇÃO

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onforme a legislação vigente RDC 306, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os geradores de serviços de saúde (clínicas, hospitais) são responsáveis pelo manejo dos resíduos até sua disposição final, ou seja, são obrigados dar a destinação ambientalmente adequada a seus resíduos. A disposição/destinação final ambientalmente adequada aos resíduos de serviços de saúde é feita por meio de diversas técnicas, autoclavagem, incineração, que devem ser feitas por empresas licenciadas. De acordo com o gerente de Monitoramento e Fiscalização do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Ermi Ferrari Magalhães Neto, em Alagoas, assim como em qualquer outro estado do país, todos os entes federativos, municipal, estadual e federal podem agir. A competência inicial é sempre do órgão licenciador, mas segundo a Lei Complementar 140/2011 nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis. No entanto, essa não é tarefa das mais fáceis. O IMA dispõe de 20 funcionários que fiscalizam essas e outras atividades. “A equipe vai a campo através de denúncias feitas pelo telefone do órgão 0800082 1523e aplicativos próprios criados para receber tais denúncias. Também temos um Plano de Monitoramento Anual, que engloba as atividades de saúde”, destacou Ermi Ferrari Apesar de todo o “envolvimento” do órgão, o IMA não soube precisar quais ou qual municípios alagoanos dão o correto destino ao lixo hospitalar.


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Contaminação e riscos à saúde Ascom MPE-AL

A contaminação ao meio ambiente causada pelo lixo hospitalar está se multiplicando no Estado. Isto porque misturar resíduos hospitalares ao lixo comum tem se tornado uma prática de hospitais públicos e privado de Alagoas. O descaso tem se tornado uma constante ameaça à saúde dos catadores e ao meio ambiente. Se na capital, o monitoramento à correta destinação do lixo hospital já é crítica, no interior do Estado nem se fala. Em praticamente todos os municípios alagoanos, agulhas, seringas, frascos de medicamentos, material resultante de quimioterapia ou radioterapia e até restos de cirurgias que deveriam ser incinerados por empresas especializadas no descarte de lixo hospitalar escorrem pelo solo em forma de chorume altamente tóxico e contaminam o meio ambiente. A contaminação pode acontecer por meio de fluidos, como sangue, tecidos e restos de órgãos, ou pelo lixo químico, como frascos de medicamentos quebrados e seringas. Segundo o engenheiro ambiental Alder Flores, o descarte irregular de resíduos hospitalares pode afetar diretamente o solo, aquíferos superficiais ou subterrâneos e até mesmo animais. O especialista explicou que a contaminação se dá por meio do chorume que é eliminado pelo lixo. Isso acontece tanto com o lixo comum, quanto com o lixo hospitalar. No entanto, os resíduos hospitalares têm uma toxidade bem superior. “E esse líquido que é eliminado pode escorrer para rios, para o lençol freático, ir parar em plantações e contaminar alimentos, além do contato com alguns animais. É um risco muito alto, mas

Secretarias de Meio Ambiente e Limpeza Urbana de Maceió apreenderam lixo de hospitais

que, infelizmente, é negligenciado”. De acordo com o engenheiro ambiental, os resíduos hospitalares deveriam passar por uma série de processos até o descarte final. O primeiro processo é por uma “autoclave”, máquina que tem a função de esterilizar, ou seja, de exterminar com os vírus e bactérias presentes no lixo. Em seguida, o material deveria ser incinerado. Por fim, levado para uma célula específica do aterro sanitário, onde, sem oferecer mais riscos, seria enterrado. A solução, no entanto, parece estar muito longe de acontecer. Em todo o estado, apenas uma empresa atua no descarte de lixo hospitalar. Faltam máquinas de autoclave para esterilizar os resíduos. E por fim, segundo Alder Flores, não há aterros sanitários públicos no Estado, com capacidade para receber o lixo hospitalar. O Centro de Tratamento de Resíduos de Maceió – nome técnico do aterro sanitário –

único em Alagoas com gestão pública, foi inaugurado em 2010, em um terreno de 140 hectares. No decorrer de 20 anos, o espaço vai receber quatro células, que serão construídas à medida que uma já destinada ao lixo, esteja chegando ao seu limite de uso. Ao todo, o investimento previsto, nas duas décadas, será de aproximadamente R$ 300 milhões. Cada célula terá vida útil em torno de cinco anos e o aterro sanitário foi projetado para receber 1.400 toneladas de lixo por dia. Esse total foi calculado com base no que era depositado no lixão de Cruz das Almas. Alder Flores acrescentou que a situação é ainda pior no interior do Estado. “Grande parte dos municípios alagoanos não está preparada para dar a destinação adequada aos resíduos hospitalares. A falta de uma fiscalização eficaz contribui para o descarte irregular. Muitos sequer possuem o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Saúde

(PGRS), primeiro passo para o processo responsável de destinação do lixo hospitalar”, comentou. Apesar de a legislação ser federal, cabe aos municípios fazer a fiscalização. Todos os lixões deveriam ser substituídos por aterros sanitários. E nem mesmo a existência dos aterros sanitários é a garantia do tratamento adequado para o lixo hospitalar. Como se tudo isso não bastasse, há ainda o descarte irregular de lixo hospitalar pode ainda diminuir o tempo de vida útil do aterro sanitário. As unidades de saúde precisam estar comprometidas com a causa ambiental para arcar com os custos do correto descarte para o lixo hospitalar. Mas não custa lembrar que quem for flagrado descartando lixo hospitalar de forma irregular irá responder por crime ambiental, será multado e poderá ter o estabelecimento interditado. De acordo com a Sempma, as unidades de saúde são

flagradas repetidamente descartando lixo irregularmente. Mais grave ainda é saber que até mesmo as unidades públicas de saúde descumprem a legislação ambiental. Com o objetivo de conscientizar empresas e população, a Prefeitura de Maceió tem autorizado a troca de multas e licenças ambientais pela instalação de estações de reciclagem em contêiner. A ação é uma parceria do município com o governo do Estado, ao qual também compete fazer a inspeção das instituições. Maceió conta atualmente com três estações de reciclagem que foram frutos de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). Uma fica na orla, outra na Praça do Centenário, e a terceira em Bebedouro. A ideia é reverter a punição de crimes ambientais em ações com caráter educativo. No entanto, nem mesmo esse esforço da prefeitura parece valer a pena diante do descaso de algumas unidades de saúde. A Slum já “caiu em cima” do Hospital Hélvio Auto e do Hospital Universitário, ambas as unidade de saúde, a primeira estadual e a segunda federal, já foram flagradas despejando lixo hospitalar em lugar inadequado. As maternidades Santo Antônio e Paulo Neto também foram “reprovadas” pelo pente fino dos órgãos ambientais fiscalizadores. O coordenador de Fiscalização da Slum, Carlos Tavares, lembrou que a fiscalização encontrou agulhas, medicamentos, panos sujos com sangue, bolsas de soro inutilizadas, enfim, material contaminado misturado ao lixo comum. “As fiscalizações são constantes e as irregularidades crescentes”, explica Tavares. (CONTINUA)


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Lixões se espalham pelo Litoral Norte No litoral Norte, o visual de praias virgens aos poucos pode dar lugar a um novo lixão a céu aberto. Tão cantadas em versos e prosas, as belezas naturais estão dividindo espaço com o lixo hospitalar. As cenas degradantes ao meio ambiente já são facilmente vistas nas cidades de cidades de Japaratinga, Passo de Camaragibe, Porto Calvo, Porto de Pedras e São Miguel dos Milagres. Japaratinga, por exemplo, não possui hospital. No município funciona uma Unidade Mista de Saúde, além da rede de postos do Programa de Saúde da Família (PSF). O descarte irregular agrava os impactos ambientais provocados ao solo, à vegetação nativa e aos córregos que cortam a região costeira, considerada a grande promessa para o turismo em Alagoas. As cenas vistas a olhos nus não são observadas pelos gestores. O prefeito de Japaratinga disse desconhecer que haja descarte de resíduos hospitalares no lixão do município. Ele reassumiu o cargo de prefeito no início de fevereiro, após ficar mais de três meses afastado. Talvez seja por isso que ele desconhece a situação do município. “Eu não posso responder se isso aconteceu enquanto estive afastado da prefeitura”, ponderou. Em Porto Calvo, o lixão pode ser visto por quem passa pela rodovia estadual AL-465. A montanha de entulho fica junto a um remanescente de Mata Atlântica, afetada pelos incêndios e pelo lixo que já pode ser encontrado dentro da vegetação nativa. Em Alagoas, apenas duas empresas são responsáveis pelo lixo hospitalar. Os resíduos hospitalares são recolhidos por uma empresa chamada Serquip Tratamentos de Resíduos. A empresa é responsável por recolher, transportar e incinerar o material de forma ambientalmente correta. Existem também a AMSCO Ambiental e Serviços Ltda. A AMSCO perdeu a licença do IMA porque não tinha, segundo o órgão, condições de

atuar em todo o estado, mas, segundo a Sempma, ela possui licença para fazer a coleta em Maceió. A Serquip é a única a atuar no segmento de lixo hospitalar em Alagoas. Tanto que incinera lixo hospitalar dos estabelecimentos de saúde da capital e do interior.A empresa está apta, de acordo com a diretoria, a atender todas as unidades de saúde humana ou animal, desde consultórios médicos ou odontológicos, até hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, hemocentros e centros de pesquisa. Enfim, todos os serviços que geram resíduos infectantes ou especiais. A movimentação diária da empresa é superior atrês toneladas de lixo hospitalar. Esse material é incinerado em câmaras com temperaturas que passam dos 1.200°C e as cinzas são levadas, como carga perigosa, para o aterro sanitário de Igarassu, na região metropolitana do Recife. O aterro sanitário de Maceió ainda não recebe esse tipo de material altamente tóxico. A Serquip tem licença ambiental da Sempma e do IMA para funcionar. Além disso, também tem todos os laudos técnicos de avaliação dos serviços prestados aos seus clientes na coleta e incineração do lixo hospitalar. Outra empresa que trabalha com a coleta de lixo hospitalar em Alagoas é a AMSCO Ambiental e Serviços Ltda Coleta, Transporte e Tratamento de Resíduos. Por enquanto, a AMSCO figura como uma pequena empresa neste ramo. Ela trabalha com poucos clientes e, conforme seus diretores, recolhe cerca de três toneladas por semana de lixo hospitalar. A empresa ainda não trabalha com a incineração desses resíduos. A atividade se resume, por enquanto, à autoclavação do lixo hospitalar. O material infectante é esterilizado a ponto de se tornar um lixo do Grupo A e, desta forma, pode ser compactado e depositado numa célula especial do aterro sanitário. O lixo hospitalar se torna

Ascom MPE-AL

Thiago Chacon cobra responsabilidade de gestores e sociedade

inerte e, assim, é triturado e levado para o aterro. O lixo autoclavado e triturado é enviado para o aterro sanitário de Igarassu, em Pernambuco. Antes do funcionamento da Serquip, o lixo hospitalar era recolhido pela Companhia Alagoas Industrial (Cinal) e levado para o aterro sanitário da empresa, no Distrito Industrial de Marechal Deodoro. Desde 2005, a empresa deixou de atuar com base numa legislação que passou a proibir este tipo de destinação para os resíduos sólidos hospitalares. Os resíduos hospitalares ou de serviços de saúde são aqueles provenientes do atendimento a pacientes ou de qualquer estabelecimento de saúde ou unidade que execute atividades de natureza de atendimento médico, tanto para seres humanos quanto para animais. Esses tipos de resíduos também podem ser encontrados em locais como centros de pesquisa e laboratórios de farmacologia. Tais materiais podem representar risco à saúde humana e ao meio ambiente se não houver adoção de procedimentos técnicos adequados no manejo dos diferentes tipos de resíduos gerados como, materiais biológicos contaminados com sangue ou patógenos, peças

anatômicas, seringas e outros materiais plásticos; além de uma grande variedade de substâncias tóxicas, inflamáveis e até radioativas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabeleceu regras nacionais sobre acondicionamento e tratamento do lixo hospitalar gerado - da origem ao destino (aterramento, radiação e incineração). Estas regras atingem hospitais, clínicas, consultórios, laboratórios, necrotérios e outros estabelecimentos de saúde. O objetivo da medida é evitar danos ao meio ambiente e prevenir acidentes que atinjam profissionais que trabalham diretamente nos processos de coleta, armazenamento, transporte, tratamento e destinação desses resíduos De acordo com a Resolução RDC nº 33/03, os resíduos são classificados como: • Grupo A (potencialmente infectantes) que tenham presença de agentes biológicos que apresentem risco de infecção. Ex.: bolsas de sangue contaminado; • Grupo B (químicos) que contenham substâncias químicas capazes de causar risco à saúde ou ao meio ambiente, independente de suas características inflamáveis, de corrosi-

vidade, reatividade e toxicidade. Por exemplo, medicamentos para tratamento de câncer, reagentes para laboratório e substâncias para revelação de filmes de Raio-X; • Grupo C (rejeitos radioativos) materiais que contenham radioatividade em carga acima do padrão e que não possam ser reutilizados, como exames de medicina nuclear; • Grupo D (resíduos comuns) qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou possa provocar acidentes, como gesso, luvas, gazes, materiais passíveis de reciclagem e papéis; • Grupo E (perfurocortantes) objetos e instrumentos que possam furar ou cortar, como lâminas, bisturis, agulhas e ampolas de vidro. O engenheiro ambiental Alder Flores explicou que o maior risco ambiental a partir dos resíduos hospitalares é representado pelo chamado lixo infectante. “Caracteriza-se pela presença de agentes biológicos como sangue e derivados, secreções e excreções humanas, tecidos, partes de órgãos, peças anatômicas; além de resíduos de laboratórios de análises e de microbiologia, de áreas de isolamento, de terapias intensivas, de unidades de internação, assim como materiais perfurocortantes”. Segundo ele, uma vez que esses materiais entrem em contato com o solo ou a água, podem causar sérias contaminações no ambiente e causar danos à vegetação. Também pode haver sérios problemas caso esses materiais contaminados entrem em contato com rios, lagos ou até mesmo com lençóis freáticos, pois dessa forma a contaminação irá se espalhar com maior facilidade, prejudicando qualquer ser vivo que entrar em contato com essa água. Para o promotor Thiago Chacon, é necessária a proteção do meio ambiente, responsabilidade esta solidária entre todos os entes da federação, garantindo-se a manutenção do ecossistema equilibrado para as atuais e futuras gerações.


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Impasse com Eletrobras ameaça emprego de 576 operários

FÁBRICA DA PEDRA INDÚSTRIA QUE ALAVANCOU CRESCIMENTO DE DELMIRO GOUVEIA ESTÁ PARADA HÁ QUASE 60 DIAS POR DÉBITO DE ENERGIA ELÉTRICA VERA ALVES veralvess@gmail.com

de saúde: a descoberta de um câncer. Conta a história que ele deixou um bilhete no qual pedia às autoridades que não deixassem os operários da fábrica passarem por privações. Após novo período de incertezas, a indústria foi adquirida em 1992 pelo Grupo Carlos Lyra, que mudou sua denominação para Fábrica da Pedra S/A, numa homenagem à cidade onde Delmiro Gouveia fez história. O parque industrial foi modernizado e a fábrica alavancou sua produção inclusive no segmento de camisaria, embora seu forte sempre tenha sido os produtos de cama e mesa destinados inclusive para exportação ao Mercosul.

S

em energia elétrica para colocar suas máquinas em funcionamento, a Fábrica da Pedra S/A Fios, Tecidos e Confecções, localizada em Delmiro Gouveia, permanece parada. No próximo dia 1º serão já 60 dias de expectativa para os 576 operários de uma das primeiras indústrias têxteis do Nordeste que no dia 5 de junho completa 102 anos de existência. Pertencente desde 1992 ao Grupo Carlos Lyra, a indústria tenta negociar com a Eletrobras Alagoas um débito de R$ 2 milhões em função do qual teve a energia cortada. O impasse reside no prazo para parcelamento da dívida. A Eletrobras quer o pagamento em até cinco meses; a indústria afirma não ter condições de desembolsar R$ 400 mil por mês e insiste em um prazo de 36 meses, no máximo 24. Gerente geral da Fábrica da Pedra, Luiz Anhanguera Lessa da Rocha afirma que no atual contexto de crise econômica, é inexplicável que a companhia de energia se mantenha irredutível em aceitar um prazo maior e desabafa: “Qualquer consumidor, mesmo residencial, consegue um parcelamento maior e compatível com sua capacidade de pagamento; queremos pagar o que devemos, mas dentro de condições que possamos cumprir”. Enquanto não se chega a um acordo, os operários continuam em férias coletivas. Desde o dia 1º de abril o parque têxtil está inativo. Ainda assim, todos continuam recebendo regularmente seus salários, mas não escondem o temor de a fábrica vir a ser fechada. Esta semana, os trabalhadores foram informados de que devem voltar a se apresentar no

Fábrica fundada em 1914 está há 60 dias parada; José Cláudio, tecelão, não esconde temor do desemprego. Prefeitura acompanha o caso, afirma João Edson (E)

dia 7 de julho, ou seja, por pelo mais 30 dias a produção continuará paralisada. Anhanguera explica que, em se chegando a um acordo com a Eletrobras até o final deste mês de maio, ainda serão necessários ao menos 30 dias para resolver outras pendências, como a revisão do maquinário, um dos mais modernos do país, e a reposição de estoques. “As máquinas não podem funcionar com pouco material sob risco de ocorrer uma pane e comprometer toda a produção”, frisa. Aos 49 anos de idade, 25 deles dedicados à Fábrica da Pedra, José Cláudio Feitosa é um dos mais de 570 operários que vivem a expectativa dos próximos dias. Casado com uma servidora do município, pai de dois filhos, ele também tem uma irmã trabalhando na tecelagem da fábrica, mesmo setor em que atua. Na quarta, 18, esteve mais uma vez na portaria da empresa e foi in-

formado que deve se apresentar no dia 7 de julho a seus superiores. “A gente se preocupa e espera voltar a trabalhar logo”, diz.

IMPORTÂNCIA HISTÓRICA

A indústria têxtil representada pela Fábrica da Pedra em Delmiro Gouveia já foi a principal atividade econômica do município do Sertão alagoano localizado a 251 km de Maceió e chegou a empregar 10% da população local; hoje este percentual gira em torno de 1%, mas ela continua sendo um das maiores destaques para a economia da região, hoje liderada pela administração municipal, o setor de serviço público e o comércio. De acordo com João Edson Barros Viana, assessor Especial e de Comunicação do prefeito Luiz Carlos Costa, o Lula Cabeleira, além da importância econômica da Fábrica da Pedra para o município, há sua importância históri-

O QUE DIZ A ELETROBRAS

ca e cultural. Foi em torno da Cia Agro Fabril Mercantil, o primeiro nome da indústria criada em 1904 pelo cearense Delmiro Augusto da Cruz Nohara Gouveia, pioneiro da industrialização no Brasil e construtor da segunda usina hidrelétrica do país- que a cidade de Delmiro Gouveia, antes Vila da Pedra, se desenvolveu. Delmiro Gouveia foi assassinado em 1917. Doze anos depois, em 1929, a empresa pernambucana Menezes Irmãos & Cia adquiriu a fábrica de tecidos, cabendo aos irmãos Luiz e Vicente Lacerda de Menezes a dirigirem. Em 1949, Antônio Carlos de Menezes, filho de Vicente, assume a presidência da indústria. Era então um jovem de 27 anos que havia frequentado cursos de fiação e tecelagem nos Estados Unidos. Em 1983, aos 61 anos, Antônio Carlos comete suicídio, ato que teria sido provocado pelas inúmeras pressões de odem políticxa e econômica e também pelo seu estado

Procurada pelo EXTRA para falar sobre o impasse, a Eletrobras Alagoas enviou, através de sua Assessoria de Imprensa, a seguinte nota: A Eletrobras Distribuição Alagoas informa que o último contato feito pela Fábrica da Pedra junto à Empresa foi em meados de abril deste ano. Na oportunidade foi reiterada a possibilidade de parcelamento em cinco vezes. A partir de então, a Eletrobras não mais foi procurada pelo cliente. A proposta feita pela direção da Fábrica da Pedra foi considerada inviável pela Eletrobras devido aos valores envolvidos. A atual política da Distribuidora, alinhada à atual conjuntura financeira do setor, restringe parcelamentos para clientes que já tenham se utilizado desse mecanismo recentemente, como é o caso da Fábrica da Pedra. A Eletrobras reforça que para cada perfil de cliente existe uma negociação adequada, não cabendo, por exemplo, a comparação de um grande consumidor industrial com um residencial.


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Governo e Conselho Estadual de Educação mantêm consenso

LEI DA MORDAÇA

RONALDO MEDEIROS TENTA DERRUBAR ESCOLA LIVRE; PGE COMEÇOU A ESCREVER RECURSO PARA ENTRAR NO STF PARA DECLARAR ILEGALIDADE este ano. Então ele não pode ser apresentado, a não ser com maioria absoluta e, com certeza, não vai ter”, explicou. Seguindo a proposta alagoana, o Escola Livre é discutido no Amazonas. O deputado Platiny Soares (DEM) plagiou o projeto de Nezinho- incluindo os pontos confusos que nem o parlamentar alagoano soube explicar.

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

O

Governo Renan Filho (PMDB) e o Conselho Estadual de Educação mantêm o consenso: o Escola Livre, promulgado há duas semanas pela Assembleia Legislativa, é impraticável. Por isso, o procurador-Geral do Estado, Francisco Malaquias, elabora a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), que será ingressada no Supremo Tribunal Federal (STF) nas próximas semanas. Malaquias recebeu sinal verde de Renan Filho. Para a ação seguir adiante, será necessária a assinatura do chefe do Executivo. “É uma lei inexequível. Não permite despertar o espírito crítico dos alunos”, afirmou Malaquias ao EXTRA. “Apesar do nome Escola Livre, é uma Escola da Mordaça. Se recusa a debater temas, alguns deles polêmicos”, explicou o procurador-Geral do Estado. O presidente do Conselho Estadual de Educação, Eliel Santos de Carvalho, reclama que, na elaboração do projeto, o deputado Ricardo Nezinho (PMDB)- autor da ideia- não procurou os conselheiros para uma discussão. “Não é desejo deste conselho ver esta lei em prática. Temos dúvidas. O que é ideologia? Temos um conceito, mas não sabemos qual o conceito da lei”, explicou. “Essa lei, se for posta em prática, não vai dar certo. O mais importante nesta discussão é a liberdade de expressão.

Ronaldo Medeiros apresentou projeto para revogar lei aprovada

E ela não é respeitada. Toda liberdade deve ser usada com responsabilidade, como diz a Constituição Federal. E este projeto nem segue o que determina a lei maior do país”, analisa o presidente. ASSEMBLEIA Esta semana, o Escola Livre voltou à pauta na Assembleia Legislativa. Desta vez, o vice -presidente da Casa, Ronaldo Medeiros (PMDB), apresentou projeto para revogar a lei da mordaça alagoana (tratamento dado por sindicalistas, profissionais e estudiosos da educação à lei promulgada). Bruno Toledo (PROS)- principal defensor do Escola Livrecriticou a iniciativa.

“Preciso confessar que a propositura é de uma descortesia ao plenário, ao processo Legislativo e também fere a segurança jurídica, que pressupõe pluralidade e estabilidade”, disse. “Não quero ressuscitar nenhum tema. Na minha opinião essa lei (Escola Livre) causa um enorme dano à educação. Então resolvi, legalmente, apresentar esse projeto”, justificou Medeiros. Francisco Tenório (PMN)- a favor do Escola Livre- disse que pelo regimento da Casa de Tavares Bastos o projeto não pode ser apresentado. “Apesar do projeto Escola Livre ter sido apresentado no ano passado, ele foi concluído

POLÊMICA A discussão sobre a validade ou não do Escola Livre se espalhou pelo Brasil. Houve forte reação. O Ministério da Educação acionou a Advocacia Geral da União para derrubar a lei alagoana. Alega que ela fere a Constituição Federal. Isso porque a lei cria mecanismos de punição aos profissionais da educação que, em sala de aula, promovam o andamento dos estudos com opiniões pessoais sobre política e diversidades religiosa e sexual. Ricardo Nezinho- candidato a prefeito de Arapiraca- foi pressionado por setores conservadores da sociedade alagoana, que sustentam que o projeto mudará o sexo das crianças ou vai ensinar, em sala de aula, conceitos de comunismo ou ainda mexer na ideia do criacionismo bíblico. O projeto foi aprovado, por unanimidade, pelos parlamentares ano passado, com pouca discussão e desconhecimento de sobra entre os parlamentares. Em janeiro, o Escola Livre foi vetado pelo governador, seguindo recomendação de um parecer detalhado, em seis páginas, entregues pelo secretário de Educação, Luciano Barbosa,

a Renan Filho. Luciano- através da Superintendência de Políticas Educacionais, da Seduc- chegou a usar o exemplo de Galileu Galilei, o famoso cientista italiano condenado à morte pela Inquisição (ele se desculpou antes) em plena Idade Média porque dizia que a Terra girava ao redor do sol para sustentar a ilegitimidade e inconstitucionalidade da lei aprovada pela Casa de Tavares Bastos. “É uma interferência no fazer pedagógico, não só da educação básica, como também das universidades. Isso não pode acontecer, é um retrocesso em nosso país, nós queremos liberdade para educar”, disse Consuelo Correia, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteal). Principal justificativa de Ricardo Nezinho, escreve na lei, é que os estudantes não possam aderir a determinadas correntes políticas e ideológicas através de professores e/ou autores de livros didáticos. Aos professores e autores caberá a neutralidade, conceito que a própria Ciência diz ser impossível de ser alcançado. Cita-se na lei a moral sexual, que não deve ser incompatível com os conceitos ensinados pelos pais ou responsáveis pelo aluno. A lei pode ter servido para promover Nezinho em Arapiraca, onde terá o apoio de Renan Filho, da prefeita Célia Rocha (PTC) e do senador Fernando Collor (PTC). Ela pode ter sido um tiro no pé- e ter ajudado a subsidiar a oposição e derrubar o pemedebista do palanque.


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Condenados devem disputar comando de prefeituras

A VOLTA DOS TATURANAS

DEPUTADOS TATURANAS SEGUEM NA IMPUNIDADE E INFLUENCIAM PLEITOS ELEITORAIS JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

A

histórica Operação Taturana realizada pela Polícia Federal (PF) em Alagoas, mas sem efeitos práticos, revelou um esquema milionário de corrupção e enriquecimento ilícito por parte de deputados estaduais e funcionários da Assembleia Legislativa de Alagoas. Em 2007, a quadrilha foi desbaratada e a Justiça afastou os então acusados, desde então essa foi a principal “pena” para os acusados de improbidade administrativa. Após uma série de chicanas processuais e desmembramento do processo, os deputados e ex-deputados tomaram caminhos diversos no mundo político. Alguns dos acusados mudaram apenas de Legislativo, como é o caso de Arthur Lira e Paulão, ambos eleitos deputados federais e o rito para suas condenações mudou. Já Cícero Almeida, Alves Correia, Manoel Gomes de Barros Filho e Cícero Ferro são “taturanas” que não foram eleitos para a legislatura seguinte após o escândalo, mas almejam serem eleitos prefeitos em 2016. Cícero Almeida foi eleito duas vezes prefeito de Maceió e em 2014 chegou à Câmara dos Deputados, juntando-se a Arthur Lira e Paulão. Almeida nunca escondeu seu anseio de retornar ao comando do Executivo da capital. Almeida aposta no apoio do senador Renan Calheiros

Almeida (Maceió), Nelito (União), Alves Correia (São Sebastião) e Ferro (Minador do Negrão) devem disputar pleito para prefeito

e do governador Renan Filho para ser o nome do PMDB para ir para o páreo contra o prefeito Rui Palmeira. A sentença de 14 de dezembro de 2012 da 18ª Vara Cível da Capital destaca que o ex -prefeito de Maceió e então deputado estadual “contraiu empréstimos no Banco Rural utilizando recursos públicos da Assembléia como garantia de quitação. Os fatos deflagram ramificações em diversos processos de índole civil e criminal”. Alves Correia por sua vez tentou ser prefeito de Arapiraca após a Taturana,

mas sem êxito e sem espaço político na principal cidade do Agreste alagoano, esse ano, vai se aventurar em São Sebastião. Alves é précandidato à prefeitura local e deve enfrentar a família Pacheco. Outro envolvido na Operação Taturana acusado de dilapidar o erário, Manoel Gomes de Barros Filho, o Nelito, deve ser candidato a prefeito em União dos Palmares. Nelito aproveita a indefinição política e a má gestão do prefeito Beto Baía, que vai e volta para o cargo devido decisões judiciais,

para retomar a hegemonia da família Gomes de Barros na região. Nelito pode disputar o pleito contra Areski de Freitas, o Kil. Um dos principais operadores do esquema de corrupção da Taturana, segundo a Polícia Federal, foi o deputado estadual Cícero Ferro. O parlamentar foi acusado pela série de empréstimos fraudulentos contraídos nos bancos Bradesco e Rural; os vultosos volumes de recursos foram utilizados em benefício próprio, como consta a condenação em primeira instância da Justiça alagoana.

Ferro, assim como Almeida, Alves e Nelito, é um pretenso concorrente à prefeitura, mas de Minador do Negrão. Cícero obteve apenas 13.593 votos na eleição de 2014 para deputado estadual. Seu retorno para Minador, um dos seus principais redutos eleitorais, seria uma espécie de renascimento político. Cícero Ferro deve enfrentar o nome indicado pela sua principal adversária política na região, a atual prefeita de Minador do Negrão, Socorro Cardoso Ferro. Uma disputa entre família.


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Albuquerque (Limoeiro), Isnaldinho (Santana do Ipanema), Celso (Canapí, Inhapi e Mata Grande) e Beltrão (Coruripe) possuem influência direta nas eleições

Mais influência e poder Outros deputados envolvidos e condenados pela Operação Taturana irão exercer influência decisiva nos pleitos dos municípios de Limoeiro de Anadia, Santana do Ipanema e Coruripe. No caso de Limoeiro, o deputado Antônio Albuquerque irá apoiar Arthur Albuquerque, seu filho mais novo. Em Santana, quem tenta retomar o poder é a família Bulhões, que deve ter como candidato Isnaldo Bulhões, pai, ex-conselheiro do

Tribunal de Contas e investigado pela Operação Rodoleiro – que apontou para um esquema milionário de corrupção na Corte de Contas. Isnaldo conta com a ajuda do filho, o deputado estadual Isnaldo Bulhões Júnior. Em Coruripe a missão parece ser um pouco mais fácil. O deputado João Beltrão apoia seu irmão Joaquim Beltrão, candidato à reeleição. Há mais de duas décadas os Beltrão exercem o poder político na região do

litoral sul de Alagoas. Celso Luiz, então presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, e atual prefeito de Canapi, também se envolveu na Operração Taturana. Celso tem interesse no comando de três cidades no Sertão alagoano: Mata Grande, Inhapi e Canapi. Luiz Pedro Luiz, filho do ex-deputado, é pré-candidato a prefeito de Mata Grande. Em Inhapi, outro parente de Celso é pré-candidato a prefeito, seu irmão

Tenorinho Malta, o mesmo que lançou o nome para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado e desistiu, pois Celso não encontrou lideranças para apoiá-lo no pleito de 2014. A manutenção de Celso Luiz no comando de Canapi está ameaçada pelas forças políticas que fazem oposição ao ex-deputado. Celso corre o risco de perder as três eleições que irá disputar, uma como candidato à reeleição, em Canapi, e as outras duas como apoiador em Mata

Grande e Inhapi. OPERAÇÃO TATURANA Deflagrada em 6 de dezembro de 2007, a Operação Taturana constatou o desvio de cerca de R$ 300 milhões dos cofres da ALE entre os anos de 2003 e 2006. De acordo com a investigação da PF, os deputados faziam empréstimos fraudulentos pagos com verba de gabinete, gratificações e até mesmo com salário de servidores fantasmas.


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Historiador explica em livro por que Collor caiu

IMPEACHMENT

MARCO ANTÔNIO VILA DIZ QUE CORRUPÇÃO E FALTA DE ARTICULAÇÃO NO CONGRESSO LEVARAM À QUEDA DO EX-PRESIDENTE DA REDAÇÃO COM EDITORA RECORD

O

historiador Marco Antônio Villa lançou esta semana o livro “Collor Presidente - Trinta Meses de Turbulências, Reformas, Intrigas e Corrupção”, pela editora Record. O autor mostra as entranhas do governo Collor e explica por que o ex-presidente foi deposto. Quando Pedro Collor de Mello deu a sua primeira entrevista à imprensa, em dezembro de 1991, criticando Paulo César Farias, o tesoureiro da campanha presidencial de seu irmão, Fernando, o já presidente Collor disse que tudo não passava de “questões da paróquia, da província”. Mas o fato é que a famosa República das Alagoas, grupo de empresários e políticos locais que foram com Collor para o Planalto, ainda lhe daria muita dor de cabeça dali em diante. Collor começava a viver, sem perceber, o início de uma derrocada que começara, a bem da verdade, desde o início de seu governo, com planos econômicos mal-sucedidos, medidas que desagradavam tanto aos empresários quanto aos trabalhadores, além do desprezo pelas negociações políticas no Congresso. No livro Collor presidente, o historiador Marco Antonio Villa revisita todo esse período, traçando um painel rigoroso do primeiro governo democraticamente eleito no Brasil após os mais de 20 anos da ditadura militar instaurada em 1964. Na entrevista abaixo, comenta a produção da obra e revela que deve escrever um livro também sobre o governo de Fernando Henrique Cardoso. Entre outros, você escreveu um livro sobre João Goulart e um livro sobre a “década perdida” dos anos do PT no governo. Por que decidiu retornar ao governo do ex-presidente Fernando Collor de

Novo livro do pesquisador Marco Antônio Villa revela as entranhas do governo Collor

Melo? Para melhor conhecê-lo. O governo acabou ficando marcado pelo processo do impeachment e pelos primeiros desdobramentos do Plano Collor 1. Sabia que haveria muitos outros temas para tratar. E foi o que fiz procurando mostrar a complexidade daquele momento histórico. Seu livro está sendo publicado no momento em que o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff avança no Congresso. Ao revisitarmos a história, fica bem claro que a sucessão de erros políticos foi minando a relação de Collor com o Congresso, num momento em que a economia também ia mal e a popularidade dele se esvaía – o mesmo que parece acontecer com a petista, conservadas as devidas diferenças. Além da evidente falta de tato político dos dois governantes, é possível traçar mais paralelos en-

tre esses dois momentos políticos do Brasil? Difícil. Assumir o governo em 1990 foi muito mais difícil do que em 2014 (no caso do segundo mandato de Dilma). Isso tanto em termos da conjuntura internacional (lembre-se que a Guerra Fria estava acabando com a queda do Muro de Berlim), como a situação interna era muito mais complexa nos planos econômico (com inflação anual de quatro dígitos) e uma tensão social-política muito maior do que a de 2016. Também deve ser relembrado que as acusações que pesavam sobre Collor eram sensivelmente menores do que as que pesam sobre Dilma. É interessante lembrar que figuras como Leonel Brizola defendiam Collor temendo mais um “golpe político” no país. O Brasil passou pelo primeiro impeachment e se encaminha para o segundo. O senhor acredita que a

nossa democracia resistirá mais uma vez? Sim. Com todos os defeitos que têm as nossas instituições, elas resistiram bem em 1992 e também estão indo muito bem em 2016. A fase de golpes militares ou civis é coisa do passado. Sete meses após assumir a Presidência surgiu a primeira denúncia contra Collor e Paulo César Farias, no caso da privatização da Vasp. Quando Pedro Collor deu a primeira entrevista acusando PC de corrupção, o presidente também não deu muita bola. Você acha que ele subestimou esses “avisos” e que poderia ter contornado a situação e evitado a necessidade de renúncia? Teve soberba, muita soberba. Poderia ter construído uma base mais sólida – politicamente falando – de governo mais cedo do que a tentativa de 1992. Faltou ler melhor a conjuntura, ter um

grupo político sólido e uma estrutura partidária eficiente – o PRN era um pequeno partido e sem nenhuma organicidade. Nas considerações finais da obra, você lista uma série de medidas benéficas do governo Collor, que passou à história como corrupto e maldito. Você considera que ele pagou um preço muito alto por ter aberto certos caminhos, como a defesa das privatizações, do desmonte do Estado e da abertura econômica aos produtos estrangeiros? Abriu excessivamente o leque de inimigos. Em política isto é mortal. Se tivesse uma ação mais gradualista, mesmo com as acusações de corrupção, teria sobrevivido. Sobre a produção do livro: quanto tempo levou coletando os documentos, as informações e fazendo entrevistas? Foram quantas? Como foi a recepção dos entrevistados, inclusive o próprio Collor, à ideia de revisitar suas memórias em prol da escrita dessa história? Foram dois anos de pesquisas. Todos os entrevistados receberam bem o contato e as perguntas, inclusive Fernando Collor. E recebi muita ajuda em documentos. Deu para sentir que os atores daquele momento histórico estavam interessados na discussão, análise e melhor conhecimento do período. Por último, uma curiosidade: tem vontade de escrever sobre o período de governo de Fernando Henrique Cardoso? É um novo desafio – e estou muito animado. Espero – assim como no “Collor Presidente” – contar com a ajuda dos atores políticos e econômicos daqueles anos (1995-2002).


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Comitê do São Francisco se reúne em Aracaju

VELHO CHICO

EM DEBATE, OS GRANDES DESAFIOS PARA A BACIA DO RIO E ALTERNATIVAS PARA ENFRENTAR A CRISE HÍDRICA

ASSESSORIA

F

oi aberta na quinta-feira 19, em Aracaju, a XXIX Plenária Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). A mesa de abertura contou com a presença de representantes da diretoria do colegiado e de órgãos de meio ambiente, como a Agência Nacional das Águas (ANA) e a Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO). Os pronunciamentos destacaram os grandes desafios que a bacia tem enfrentado e os avanços conquistados pela ação do Comitê de bacia, em articulação com o poder público, iniciativa privada e a sociedade civil organizada.

“Nossa participação tem sido permanente junto ao trabalho do Comitê, em diálogo com a ANA e demais instâncias, discutindo alternativas para enfrentar a crise hídrica, especialmente após a criação do Grupo de Trabalho São Francisco que vem se debruçando nas questões da sustentabilidade hídrica, garantindo o futuro da bacia do São Francisco”, destacou Ailton Rocha, superintendente de Recursos Hídricos do Governo de Sergipe, que na ocasião representou o governador do Estado, Jackson Barreto de Lima. O presidente do Comitê, Anivaldo Miranda, destacou a importância de aprofundar as discussões sobre o impacto da

redução da vazão, e ressaltou que a bacia do São Francisco possui outros desafios de mesma relevância. “É fundamental que esse colegiado possa ampliar as discussões sobre as novas matrizes energéticas, as fontes sustentáveis, as questões relacionadas à qualidade da água, ao saneamento da bacia e à revitalização de todo esse território que sofreu anos e anos de mãos tratos e grave degradação”. Reunindo mais de 60 membros, que representam os diferentes usuários das águas do Velho Chico, a XXIX Plenária Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) termina nesta sexta-feira 20 de maio.

ESTUDO Durante a abertura da plenária, o pesquisador Sérgio Silva de Araújo fez a entrega ao presidente do colegiado, Anivaldo Miranda, da sua tese de doutoramento no Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe. Com o tema, “Apropriação dos recursos naturais e conflitos sócio-ambientais no Baixo São Francisco”, o estudo mostra o processo de degradação ambiental nos estados de Sergipe e Alagoas, com as sucessivas reduções de vazões e suas consequências graves para a produção de alimentos na região, como a diminuição da

cultura do arroz e a pesca de espécies nativas, por exemplo. “Eu gosto de relacionar a vazão com a sístole e diástole do coração, se não houver um equilíbrio entre os dois, há um colapso do sistema”, pontuou o pesquisador, que é membro da Câmara Técnica Institucional e Legal, instância do CBHSF. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é um órgão colegiado, integrado pelo poder público, sociedade civil e empresas usuárias de água, que tem por finalidade realizar a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos da bacia, na perspectiva de proteger os seus mananciais e contribuir para o seu desenvolvimento sustentável.


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Portugal consagra filme de Jorge Oliveira com dois prêmios

OLHAR DE NISE

NO JORNALISMO, NO CINEMA E NA LITERATURA, O DIRETOR JÁ ACUMULA 20 PRÊMIOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS NA SUA CARREIRA. ASSESSORIA

L

isboa, Portugal - Foi uma grande festa brasileira em Lisboa. Olhar de Nise, o documentário de Jorge Oliveira e Pedro Zoca foi o grande premiado do Festin – Festival Itinerante de Língua Portuguesa – que escolheu o filme brasileiro entre outros 248 inscritos. Olhar de Nise ganhou dois prêmios: o Troféu “Pessoa” de Melhor Filme do Público e Menção Honrosa pela contribuição científica ao mundo ao contar a história da psiquiatra alagoana Nise da Silveira. Os prêmios foram entregues, sob aplausos calorosos, no tradicional Cinema São Jorge, na Avenida da Liberdade, ao próprio diretor e à produtora executiva e editora Ana Maria Rocha, numa festa onde se destacaram outros filmes brasileiros como A História da Eternidade, do pernambucano Camilo Cavalcanti, melhor ficção. Olhar de Nise, na opinião do embaixador Lauro Moreira, presente na exibição, é uma obra “excepcional, que conta com a competência artística de seus realizadores, que retrataram

Ana Maria e Oliveira recebem o Trofeu “Pessoa” e o diploma da Menção Honrosa. Abaixo, eles e a jornalista Silvia Caetano

com fidelidade a história de uma das mulheres mais importantes do Século XX”. Para o escritor e poeta português, Mário Máximo, a “obra é obrigatória para quem quer conhecer a mente humana, tão bem estudada por essa psiquiatra brasileira que revolucionou o tratamento psiquiátrico no Brasil, agora narrada em um filme belíssimo”. Para o diretor Jorge Oliveira, “Olhar de Nise avança em festivais de cinema na Europa e nos Estados Unidos pelo interesse que a psiquiatra desperta em alguns países sobre a qual só ouviram falar da obra revolucionaria no tratamento da esquizofrenia”. Na Inglaterra, no festival da cidade de Derby, onde o filme também foi exibido simultaneamente ao festival de Lisboa, Olhar de Nise foi aplaudido demoradamente por uma plateia de jovens e e especialistas em doenças mentais. O trabalho da psiquiatra chamou a atenção dos espectadores pelo fato de ouvirem da própria alagoana suas histórias e métodos no trabalho com os pacientes do Engenho de Dentro. Este é o quinto festival de cinema que Olhar de Nise é selecionado, dos quais

quatro internacionais. Para o diretor, o sucesso do filme deve-se também a forma como a história da Nise foi contada. É a própria psiquiatra que narra a sua vida desde que saiu de Maceió para viver no Rio de Janeiro, onde morreu em 1999. O documentário apresenta um depoimento inédito da doutora gravado dois anos antes dela morrer. Além disso, traz também outra entrevista com Almir Mavgnier, o artista que introduziu os pacientes do Hospital do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, no atelier de pintura, de onde surgiram pintores que expuseram suas obras nos principais museus do Brasil e no exterior. O documentário de Jorge Oliveira também chamou a atenção de psiquiatras reunidos no 1º Congresso de Psicanálise da Língua Portuguesa, em Lisboa. O filme, exibido para a plateia acadêmica de professores, pesquisadores, dirigentes de hospitais e psicanalistas de vários países do mundo, arrancou aplausos emocionados de centenas deles que ficaram encantados com o depoimento da Nise da Silveira e os seus feitos na psiquiatria brasileira.


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Afundamento do Itapagé na 2ª Guerra Mundial

HISTÓRIA DE ALAGOAS SUBMARINO ALEMÃO U-161 AFUNDA PAQUETE BRASILEIRO NA COSTA ALAGOANA EM 1943 EDBERTO TICIANELI Jornalista

A

pós o Brasil ter aderido aos compromissos da Carta do Atlântico, em 28 de janeiro de 1942 – acordo que previa o alinhamento automático com qualquer nação do continente americano que fosse atacada por uma potência extracontinental –, submarinos alemães e italianos, em represália, iniciaram o torpedeamento de embarcações brasileiras no Oceano Atlântico. Os primeiros navios atingidos foram o Cabedelo, que desapareceu depois de partir dos Estados Unidos em 14 de fevereiro de 1942; Buarque e Olinda (em 14 e 18 de fevereiro de 1942, respectivamente); Arabutan (7 de março de 1942); Cairú (8 de março de 1942) e Parnaíba (1º de maio de 1942). Na costa brasileira, o primeiro ataque foi ao Comandante Lira, que mesmo atingido, conseguiu escapar dos ataques realizados pelo submarino italiano Barbarigo. Dos 1.168 submarinos alemães que combateram durante a Segunda Guerra Mundial, pouco mais de 150 estiveram em nossas águas. O submarino que atacou o Itapagé foi o alemão U-161, comandado pelo capitão Albrecht A. Achilles. O torpedeamento do Itapagé O Itapagé era um navio classificado como “paquete” que transportava carga e passageiros. Foi construído em 1927 no estaleiro Chantiers de Normandie, que fica próximo à cidade de Rouen na França. Seu proprietário era a Companhia Nacional de Navegação Costeira. No dia 26 de setembro de 1943, o Itapagé vinha do Rio de Janeiro para Recife e navegava pelo litoral de Alagoas a 9 milhas da costa. Quando estava próximo da Lagoa Azeda em Jequiá da

Desenho do Vapor Itapagé

Croqui dos restos do Itapagé no fundo mar

Diário de Notícias informa sobre o torpedeamento do Itapagé

Praia, às 13h50, foi atingido por torpedos disparados de um submarino alemão. Embora tivesse capacidade para transportar 271 passageiros, nesta viagem trazia somente 37 passageiros e 70 tripulantes, além de muita carga. Dos 37 passageiros, cinco eram crianças. Na carga, dois caminhões de três toneladas e duas mil caixas de cerveja. Segundo matéria da Gazeta de Alagoas do dia 3 de outubro de 1943, quatro minutos após as explosões, o navio já tinha submergido. Com o mar agitado, somente dois dos quatro botes salva-vidas foram utilizados. Os náufragos em pânico e confusos não sabem como agir. Para piorar, em meios aos destroços emerge o submarino alemão bem próximo onde estavam os barcos salva-vidas. “Sobre seu bojo apareceram quatro homens loiros,

Submarino U-161 sendo bombardeado por avião Catalina

sem dúvidas alemães, vestindo calções pretos, acenando, em gargalhadas, para os náufragos”, descreve a reportagem da Gazeta de Alagoas, revelando ainda que eles chegaram a fotografar o local da tragédia. Durante alguns minutos, os sobreviventes temeram ser metralhados, como já tinha acontecido em outros afundamentos à exemplo do Baependi. O submarino submergiu mais duas vezes, mas não atacou os sobreviventes. Morreram 18 tripulantes e nove passageiros nunca mais foram encontrados, ente eles, duas crianças. Os hospitais receberam 22 feridos. Ainda segundo a reportagem da Gazeta de Alagoas, o auxílio que os náufragos receberam da tripulação e de alguns pescadores foi fundamental para

diminuir a quantidade de mortos. O segundo-maquinista do Itapagé, João Soares Pinho, afirmou que se “tivesse sido à noite, todos teriam perecido, mesmo os que sobrevivessem nas baleeiras, pois não contariam com o auxílio providencial dos pescadores de São Miguel dos Campos”. SUBMARINO ALEMÃO TAMBÉM AFUNDOU Com a crescente presença de submarinos alemães na costa brasileira, os navios mercantes passaram a receber armamento e utilizar o sistema de comboios. Como resposta, também foi criada a Força do Atlântico Sul, com sede em Recife. Bases de apoio foram instaladas, sendo as maiores em Natal e Fernando de Noronha. Os patrulhamentos aéreos começaram a ser mais efetivos já no final de 1942. Eram grupos de seis a oito aviões americanos e da FAB fazendo a varredura naval. Esses grupos foram reforçados com a presença de embarcações ameri-

canas. Com estes patrulhamentos e mais a decifração de códigos, logo vários submarinos alemães foram afundados no Atlântico Sul. O submarino U-161, que afundou o Itapagé em Alagoas, e já tinha também afundado o Ripley no Ceará e o Sant Usk na Bahia, foi uma das vítimas das ações de defesa da costa brasileira. No dia seguinte ao afundamento do Itapagé, o U-161 estava a acerca de 200 quilômetros da Praia do Conde, na Bahia, quando foi atingido ao amanhecer por um Catalina PBM Mariner do esquadrão VP-74 da Força Aérea norte-americana, que tinha decolado da base aérea de Salvador para missão de patrulhamento. O avião, ao tentar se aproximar, foi recebido com um intenso fogo antiaéreo, que atinge o interior do aparelho e fere diversos tripulantes. Em resposta, o Catalina despejou seis bombas de profundidade que atingiram o submarino. Em seguida, lança mais duas cargas de profundidade. O submarino reduziu sua velocidade e alguns minutos depois submergiu rapidamente desaparecendo. A tripulação, que não escapou, era composta por 53 militares. Fontes: Participação de Alagoas no “Trampolim da Vitória” – 2ª Grande Guerra Mundial – 19411945, de Mário Carvalho Lima, Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Volume XXXIII, 1977; Site Naufrágios e Wikipédia.


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Para refletir: JHC é o que há de pior na política alagoana. Também não tinha como ser diferente vindo de onde veio” (De um internauta)

A hora e a vez

N

em tudo está perdido para o estado de Alagoas diante de tanta crise e sobressaltos nas eras recentes. Os investimentos federais são sempre minguados e o pouco que nos chega para o setor proveem de emendas parlamentares, normalmente direcionadas e focadas em interesse puramente políticos e em benefícios dos próprios deputados e senadores, sem que seja olhado o real interesse público. Alagoas apesar de uma bancada medíocre, com raríssimas exceções, conta agora com dois nomes de pesos para que possa assegurar recursos mais objetivos e práticos para investir com maior vigor. Mauricio Quintella como ministro dos Transportes pode e deve mudar este cenário de penúria e trazer mais recursos. Não pode nem deve ser “ministro de Alagoas”, pois aí não estaria cumprindo seu institucional, mas há maior chance de cuidar de seu estado. Tem tudo para dar certo com a ampla estrutura do seu Ministério que cresceu e apareceu. Sabe fazer e acontecer e mostrou isto como o melhor nome da bancada alagoana na Câmara dos Deputados, com um mandato de visibilidade e tendo luz própria e trazendo para ele holofotes nacionais e muito prestígio no Congresso Nacional, daí chegar aonde chegou: no topo. Tem uma história com uma bela coleção de vitórias. Por aqui foi sacaneado e traído por adversários e até correligionários desonestos, mas resistiu com sabedoria e capacidade de superar tempestades. Vai dar certo no desempenho do cargo de ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Senador Renan Calheiros é o outro nome. Tem ajudado muito Alagoas e sua ação está presente em praticamente todos os municípios inclusive Maceió. Se nada acontecer que venha a atrapalhar sua trajetória parlamentar ( as denúncias de seu envolvimento em casos de corrupção) continuará sendo uma das personalidades mais influentes da República, com poder de construir ou destruir o que estiver em sua frente. É habilidoso e talvez o maior conhecedor do xadrez da política nacional. Tem sobrevivido a tempestades, tornados e tsunamis e saído vitorioso em seus embates até agora. Sobrevivendo Alagoas só tem a ganhar. Pode ser que sim , agora seja a nossa vez.

Mulheres dizem não O presidente Michel Temer bem que tem insistido em suprir a ausência de mulheres em seu ministério, fato pelo qual foi duramente criticado nos últimos dias. Acertou em extinguir o Ministério da Cultura (um bunker petista de reação criminosa para proteger e encher os bolsos de artistas desonestos e comprometidos com a defesa de um governo corrupto), mas não foi compreendido por setores intelectuais importantes do país. Para a Secretaria Nacional de Cultura (com força de ministério) mandou sondar várias mulheres que desdenharam do cargo talvez por arrogância ou burrice mesmo. Um caso que chamou a atenção foi a ex-secretária nacional de Economia Criativa da Cultura, a antropóloga Claudia Leitão que postou nas redes sociais com “um sonoro não ao contato de aliados de Temer para comandar a secretaria”. Nem chegou a ser convidada, mas sondada por pessoas ligadas ao presidente. É grossa, deselegante e mal educada. Com certeza não serviria para o cargo. Diante das negativas de algumas mulheres sondadas e que recusaram o convite Temer já pensa convocar um homem da cultura para o cargo. Até o fechamento da coluna não havia um nome escolhido, o que pode ocorrer até o final de semana.

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PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

Republicas de bananas Ao longo dos últimos dias, alguns países, instituições e líderes internacionais de quinta categoria se manifestaram sobre a instauração do processo de impeachment e consequente afastamento de Dilma. O Ministério das Relações Exteriores diz rejeitar “enfaticamente” declarações recentes dos governos da Venezuela, de Cuba, da Bolívia, do Equador e da Nicarágua, além da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América/Tratado de Cooperação dos Povos (Alba/TCP). Segundo o Itamaraty, esses cinco países e a Alba “se permitem opinar e propagar falsidades sobre o processo político interno no Brasil”. “Esse processo se desenvolve em quadro de absoluto respeito às instituições democráticas e à Constituição federal”, destaca um das notas. Por meio de sua conta pessoal no microblog Twitter, o presidente da Bolívia, Evo Morales, publicou uma mensagem de solidariedade a Dilma e afirmou que estava indignado com “o golpe congressista e judicial”. Não passa de um bando de ditadores disfarçados, de republiquetas bolivarianas comprados como dinheiro petista da corrupção e que têm consciência que “a fonte secou”. Precisam mesmo é devolver o dinheiro brasileiro que foi roubado para ajuda-los.

Palmeira quer mudar Os palmeirenses se mostram cansados depois de tantos equívocos eleitorais há mais de três décadas com escolhas de nomes para prefeito que resultaram na estagnação do desenvolvimento e a morte literal da economia, da cultura e da vida social do antes “invejado município modelo do estado”. A última eleição que a população lembra com orgulho é a do prefeito Jota Duarte. Daí por diante só foi tragédia. Ao que parece está surgindo na cidade uma frente de oposição pluripartidária em busca de um nome de consenso para apresentar como candidato. A candidatura apoiada pelo prefeito atual tende a ser sufocada. No entanto já vi coisa parecida e no final todos da oposição se acham o candidato ideal e vence mais uma vez o poder do atraso e da permanência da destruição.

Já em Arapiraca Diferente de Palmeira dos Índios a cidade de Arapiraca teve nos últimos vinte anos o maior desenvolvimento de toda a região Nordeste. Como prefeito por dois mandatos o atual vice-governador e secretário de Educação Luciano Barbosa conseguiu fazer uma revolução administrativa dinâmica e empreendedora. A economia, a educação e as ações sociais deram imensos saltos de qualidade graças a habilidade e visão do administrador. Eleita para sucedê-lo a prefeita Célia Rocha tem sido um desastre em termos de gestão da coisa pública. Pessimamente avaliada tem tudo para nem ser candidata a reeleição. Quem tiver o seu apoio também corre sérios riscos de rejeição. Vai ser preciso Luciano Barbosa investir pesado para recuperar a credibilidade destruída por Célia Rocha e apresentar um candidato com o seu perfil.

De ganso a pato Esta semana vários assessores de Dilma Rousseff que estão como “serviçais” em sua residência provisória no Palácio da Alvorada tiveram suas demissões publicadas no Diário Oficial. José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça e da AGU (Advocacia-Geral da União), foi integrado à equipe de Dilma Rousseff, mas perdeu direito a residência e a carro oficial. Está se locomovendo pela capital de bicicleta. Detalhe: Dilma emprestou a própria bicicleta para que o ministro possa pedalar do flat em que está hospedado para o Palácio da Alvorada, onde ela despacha.

Jogos legais Ministros do governo Michel Temer querem propor a legalização dos jogos de azar como medida para aumentar as receitas da União. A ideia é defendida por ao menos dois auxiliares próximos ao presidente interino: os peemedebistas Henrique Eduardo Alves (Turismo) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo). Segundo Alves, a proposta de legalização deve incluir bingos, cassinos e o jogo do bicho. “A ideia é legalizar todo tipo de jogo. Hoje o jogo existe de forma clandestina e sem gerar qualquer benefício para o Estado”, afirma. Ele diz que Temer é “simpático” à ideia, mas ainda não tratou dela desde que assumiu como presidente interino, na semana passada. O ministro sustenta que a liberação do jogo seria um estímulo ao turismo e à retomada da atividade econômica. Os argumentos são contestados pelo Ministério Público Federal, que se opõe à ideia e vê risco de incentivo à lavagem de dinheiro e à corrupção. Besteira de quem quer mostrar serviço desnecessário. Com exceção do jogo do bicho, bastante ligado ao tráfico de drogas, sou a favor da legalização. É uma maneira de se arrecadar mais impostos legalmente sem sacrificar o povo, um forte atrativo turístico e um gerador de emprego e renda.


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ARTIGOS

CLÁUDIO VIEIRA

Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

Filhos de Iscariotes

O

evangelista Mateus narra (26, 1-25), com a singular precisao do historiador, o momento em que Jesus, durante a última ceia com os seus discípulos, profetiza a traição que em breve sofreria e, ignomínia, exatamente por um daqueles homens que o acompanhavam no ágape: Judas

Mesmo não sendo lulista, petista ou dilmista, foi-me enojante constatar os votos de alguns políticos que se haviam beneficiado com os governos Lula e Dilma, locupletando-se de cargos, apropriando-se de recursos públicos. Iscariotes. Quando estudante do Colégio Guido de Fontgalland, aqui em Maceió, éramos estimulados pelo Pe. Teófanes Barros, nosso Diretor, a atividades culturais. Uma dessas atividades era

a realização de júris simulados sobre personagens da História. Certa feita o escolhido para réu foi Judas Iscariotes. Não recordo quem atuava na acusação e na defesa, nem mesmo quem eram os jurados. Assim, não posso afirmar se produzi a defesa ou acusei o traidor de Cristo, mas com certeza esses postos teriam sido distribuídos entre Tobias Granja, Edson Alcântara, Joao Azevedo e eu, sempre escolhidos para tais tarefas. A tese de defesa, no entanto, é inolvidável para mim: Judas teria de ser absolvido porque a alegada traição a macular a sua conduta, e que por fim o levara ao enforcamento, lhe fora imposta pelo próprio Deus e, por isso mesmo, independera da sua vontade. Enfim, dolo no agir não poderia ser imputado a Judas, pois o seu ato de traição já estaria inscrito no seu destino pelas mãos Daquele que detém o Poder divino.

A imagem já me acorrera na sessão da Câmara Federal que decidiu pela veemência dos indícios de crime de responsabilidade praticado pela presidente Dilma e pelo envio do processo de impeachment ao Senado Federal. Foi nessa última Casa que tal recordação atiçou-me a memória. Mesmo não sendo lulista, petista ou dilmista, foi-me enojante constatar os votos de alguns políticos que se haviam beneficiado com os governos Lula e Dilma, locupletando-se de cargos, apropriando-se de recursos públicos sob o conhecimento vicioso dos presidentes petistas, e no final, em flagrante e descarado ato traiçoeiro, optavam pelo voto favorável ao impedimento. Em certos casos, o nojo retroagia ao passado quando certos personagens, outrora perseguidos, atacados e veementemente condenados pelo petismo, à frente o “republicano” e “honesto”

Lula, haviam olvidado tudo isso e, por ganância, abraçavam-se aos seus antigos algozes, como se amigos houvessem sido sempre. Poderia, o voto atual pelo impeachment ser até aceito como catarse pessoal, sobressaindo afinal o interesse nacional. Nem isso, todavia, tais personagens poderão arguir em sua defesa, useiros e vezeiros que são de traições, figuras absolutamente inconfiáveis. Retornando às memórias do Colégio Guido, se lá poderíamos defender Judas Iscariotes arguindo em seu favor a exigência divino-histórica da sua atuação – sem ela Cristo não seria crucificado e, portanto, não cumpriria o mister de salvar a humanidade - agora, em nossas Casas Legislativas, os traidores são apenas vilões contumazes, pois, tendo traído os seus eleitores e a Nação, traem agora os seus demoníacos “patrões”.

Pessoas que se

JÂNIO FERNANDES

autoproclamam gourmets

A

palavra gourmet está definitivamente na moda. É como a moda de querer ser chefe. Até tenho a impressão de que quem não tem competência para se autoproclamar chefe se contenta em se autodenominar goumert. Então, está na hora de a gente falar um pouquinho a respeito disto. O primeiro ponto para pensarmos

Esteja disposto a conhecer e descobrir novos sabores, aromas e ingredientes, além de novas e modernas mesclas culinárias. no que é gourmet seria lembrar que esta palavra quase sempre aparece associada a produtos que supostamente pertencem a uma classe de luxo. Parece mesmo uma terminologia sofisticada, mas nada poderia estar mais longe da verdade. Para ser um bom gourmet não é preciso muito dinheiro, nem gastar grandes quantias em restaurantes

Restaurateur

caros. Você só precisa de um pouco de educação sobre os alimentos e sessões de treino. É mais ou menos como se você estivesse fazendo um estágio, estudo ou trabalho. Li, em alguns jornais e revistas, artigos sobre o que é ser um bom gourmet. Concordo com alguns autores. Mas penso que há muita gente equivocada a respeito do tema. Por causa disso resolvi colocar, sem nenhuma pretensão, algumas dicas sobre o que realmente seria um bom gourmet. Com elas, você pode identificar se seus hábitos alimentares estão relacionados com a boa comida e com o bom comer. Quanto mais sentido você define, mais perto está de ser um bom degustador, que no fundo é um bom gourmet. Seja um explorador Se você é uma pessoa inquieta, que gosta de experimentar e não tem medo de provar, por exemplo, um sanduíche de salsicha com chocolate. Ou se está aberto a degustação de pratos que não foram feitos antes, sugiro degustá-los com interesse, vontade e espíri-

to crítico. Esteja disposto a conhecer e descobrir novos sabores, aromas e ingredientes, além de novas e modernas mesclas culinárias. O indício de que você é um bom gourmet é querer provar um prato de filé com um molho que viu publicado em um website de receitas. É querer adicionar um novo condimento a um bolo caseiro. Saber comer bem Quando falo em saber comer bem não me refiro apenas à capacidade de escolher e entender sobre vinho ou sobre aquele tipo de verdura. Porque, além disto, educação e boas maneiras à mesa são ingredientes indispensáveis. Saber comer bem refere-se a ter o mínimo de conhecimento sobre a qualidade dos alimentos. Ter conhecimentos básicos de nutrição também é muito importante. Por exemplo, é preciso distinguir açucares de lipídios, óleo composto de azeite extra virgem e verduras orgânicas de não orgânicas. No entanto, é preciso ir além do gosto

pessoal e da experimentação: consumir livros de nutrição, seguir blogs de especialistas que falam sobre qualidade na alimentação, e claro, saber ser crítico e humilde ao mesmo tempo. Memória culinária Para ser um gourmet, não basta estudar e praticar. De nada vai ajudar se em três anos você não lembra que num determinado restaurante provou um suflé de verduras extraordinário. É preciso lembrar quais eram seus ingredientes. Por exemplo, lembrar que tinha noz-moscada. Um gourmet não estuda para tirar a melhor nota no dia seguinte, estuda para ter uma cultura gastronômica mundial e atemporal. Essas são alguns traços que marcam as principais características de um bom gourmet. Mas é bom lembrar que um verdadeiro gourmet é aquele que compartilha seu conhecimento com outras pessoas. E você, teria competência para se autoproclamar gourmet?


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ARTIGOS

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JORGE MORAES Jornalista

Honesta, inocente e ingênua

D

urante o seu discurso de despedida do Palácio do Planalto, após a admissibilidade do impeachment e o conseqüente afastamento por 180 dias, a presidenta Dilma Rousseff, serena, com semblante bem tranqüilo, disse que estava saindo, mas que continuaria lutando para voltar a completar o seu segundo mandato conquistado pelo voto, em 2014. Seu afastamento, que é resultado das

Por tudo isso presidenta Dilma, de uma coisa já tenho absoluta certeza: inocente e ingênua a senhora não é. mentiras e das famosas pedaladas do seu governo, que não são as pedaladas mais comuns, por meio de bicicletas, como ela faz todas as manhãs, ou fazia. Disse ela: “saio, temporariamente, do governo, de cabeça erguida, consciente que tudo isso é fruto de um golpe daque-

les que querem assumir o Poder a qualquer custo. Sou uma mulher honesta e inocente”. Só faltou dizer que é ingênua também e que acredita em estórias da Carochinha, do Lobo Mau, da Branca de Neve e os Sete Anões, e que Papai Noel vem mesmo lá do Polo Norte para descer pelas chaminés das residências, aqui, do Brasil, para deixar seus presentes. Até que me provem o contrário, a Dilma vai ter que gastar muita saliva para convencer que é honesta e inocente. Antes dela, o chavão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era que não sabia de nada, não via nada e nem ouvia nada, mesmo que tudo estivesse sendo armado no gabinete ao lado, com o comando do quadrilheiro José Dirceu, assessorado por José Genuíno e uma gangue do Partido dos Trabalhadores, e aliados, descobertos nas operações do Mensalão, na Lava a Jato, na Zelotes e tantas outras denominações criadas pela Polícia Federal. Depois se viu o resultado de tudo isso. O sítio em Atibaia, o apartamento

Quando voltarão?

O

papel mais importante na vida da mulher é ser mãe. Pelo menos, para a grande maioria, penso eu. Quando nasceu minha primeira filha senti imensa alegria. Não me preocupei com o sexo. O importante era saber se vinha normal e saudável. Vieram mais três; foi a mesma sensação. Posso dizer que tive sorte! Aí, fico imaginando o que se passa na cabeça de uma mãe que tem um filho “diferente”: vale lutar por ele, amá-lo e ajudá-lo a vencer os obstáculos que aparecerão pela frente. Sempre pensando positivamente!

De todas as perdas, a mais grave é aquela do filho ou da filha que, simplesmente desapareceu. A mãe passa a viver uma intensa procura e, nem sempre, encontra o ente perdido De outra maneira, passo a pensar no sofrimento de uma mulher, cujo filho já nasce morto. Meus pais passaram por duas difíceis situações: perderam um filho com três meses de nascido e outro já nasceu morto. Dizia meu velho pai: “A dor é indescritível! Só quem passa, pode imaginar”.

Perder filhos é um fato muito triste! Leio nas revistas reportagens a respeito de crianças vítimas de balas perdidas. No Rio de Janeiro, de vez em quando, uma criança está brincando na porta de casa e cai morta. Ninguém sabe quem matou: foi a polícia, foram os traficantes? Só sabemos que a criança morreu. E a família vai enterrar seu corpo. Impressiona-me a força com que chamamos nossos filhos de crianças. Não importa se já cresceram, são pais ou avós; são nossos filhos e até nos incomodamos quando alguém os maltrata. Eu já passo a ter raiva de qualquer pessoa que não goste dos meus ou os persiga. Vocês já imaginaram a dor de uma mãe que vê seu filho desaparecer sem razão plausível? Simplesmente, eles desaparecem. Falo das MÃES DA SÉ: mulheres que perderam seus meninos ou suas meninas e não sabem como, nem por qual motivo. Reúnem-se na Catedral da Sé, em São Paulo, capital. Esperam, com a porta aberta, pelo regresso das crianças, hoje, já adultos. Como cresceram, quem cuidou deles, quem curtiu suas alegrias, quem os ajudou em suas tristezas, não sabem. No mundo inteiro há casos semelhantes e poucos têm a alegria de reencontrar

no Guarujá, os presentes dos amigos e empreiteiros, os milhões de reais graciosos das palestras e outros meios escusos encontrados pelo Lula, da noite para o dia, para enriquecer, os filhos também, a família, que não ganhou na Mega-Sena, passou a viver e ostentar carros de luxo, dinheiro em profusão, significando: quantidade, abundância, exuberância, gasto excessivo, superabundância e por aí vai. Foi, exatamente, o que ocorreu com a família Lula. E é, exatamente, o que vai ser descoberto da Dilma Rousseff, sem querer fazer o papel de adivinhar as coisas. O caminho vai ser o mesmo. Por exemplo: Como é que a pessoa autoriza um negócio de mais de 1 bilhão de reais, a compra da Refinaria de Pasadena/EUA, sem olhar ou saber o que está assinando? Só o volume de dinheiro aplicado na negociação, já assusta qualquer ignorante, imagine uma poderosa diretora de uma grande empresa, como no caso a Petrobras. Se a Dilma Rousseff não levou um pedaço nessa compra da refinaria america-

na falida, alguém levou, e ela sabe disso. Então, é conivente com a roubalheira do dinheiro público, e deve ser responsabilizada por isso. É bem verdade que a presidenta andou punindo alguns ministros e assessores com a demissão de seu governo, mas ela própria não pode ficar impune ou sair sem se melar nesse mar de lama todo, ou de petróleo, que se transformou o seu governo e do Lula. Portanto, gente, dizer que é honesta e inocente só não vale. É preciso que o juiz Sérgio Moro e o Supremo Tribunal Federal continuem investigando com profundidade essas questões, e essa gente toda que assaltou o país, precisa continuar pagando por isso na prisão e devolvendo o dinheiro surrupiado. Todo dia, uma nova denúncia aparece, novas pessoas são levadas pela Polícia Federal, mas precisamos acelerar e chegar logo nos cabeças de todas essas operações, além daqueles que já estão presos. Por tudo isso presidenta Dilma, de uma coisa já tenho absoluta certeza: inocente e ingênua a senhora não é.

ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

os seus rebentos desaparecidos. Quero crer que a cabeça dessas mães passa a raciocinar com o problema da perda, apesar de ter que continuar vivendo. A fé deve ajudar numa luta tão dura, mas o consolo é difícil de chegar. Na vida temos grandes perdas que são consideradas normais. Você cria seus filhos e sabe que o caminho natural é saírem de casa e formarem suas famílias; mas a hora da separação é muito difícil e eles passam a ter sua própria vida. Não vão mais depender dos pais. Existem alguns que se casam e os “agregados” (como dizia minha sogra) não aceitam a nova família. Na época do namoro tudo é maravilhoso, frequentam a casa dos novos parentes, mas, depois que casam, viram as costas e assimilam um só lado dos familiares: os seus. A sogra é ruim, a família não presta. Entretanto, há agregados que são novos filhos e vêm para somar. Mostram às crianças de sua união que todos fazem parte de um só grupo: e vivem bem para sempre. De repente, um menino do interior re-

solve estudar na cidade grande. Sofre muito no início, mas vai crescendo e se adaptando com as delícias da capital. Casa com uma moça urbana e, aos poucos, deixa de ir à casa dos pais, virando um estranho. Não deixa de ser uma perda, pois os pais interioranos se transformam em motivo de vergonha para o filho que se foi. Vi um filme lindo, contando a história de um escritor. Quando percebeu o erro, tentou recuperar os pais que tanto sofreram para criá-lo. O nome do filme é “Rua Paraíso”; por favor, procurem vê-lo. De todas as perdas, a mais grave é aquela do filho ou da filha que, simplesmente desapareceu. A mãe passa a viver uma intensa procura e, nem sempre, encontra o ente perdido. Meu forte abraço às MÃES DA SÉ. Que elas tenham fé suficiente para enfrentar as procuras. Que Deus lhes dê a graça de reencontrar suas crianças e amenize suas longas noites em que ficam imaginando: Por onde andam meus filhos? QUANDO VOLTARÃO?. Deus existe. Não duvidem!!!


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MACEIÓ, ALAGOAS - 20 A 25 DE MAIO DE 2016

ELIAS FRAGOSO

ARTIGOS

Empresário, economista, ex-secretário de Planejamento do Ministério da Agricultura, prof. da Ufal e da Universidade Católica de Brasília

Sonhos destruídos

A

final estamos nos livrando da seita Lulopetista que nos deixa como “legado” a pior crise econômica de todos os tempos, o terceiro maior índice de corrupção do mundo e uma ausência de protagonismo externo que nos atrelou – vejam só – à liderança bolivariana de Hugo Chavez e nos afastou dos três maiores blocos econômicos do mundo. Algo que “nuncanahistóriadestepaís” jamais poderia ter ocorrido. Para não falar do populismo volun-

O momento atual exige operadores com fina sensibilidade técnica, acurada visão política e postura de estadistas com E maiúsculo (quase todos os nossos líderes estão pendurados na Lava Jato). tarista do desgoverno Dilmista que nos levou à aventura do “bem-estar por decreto” reduzindo juros e tarifas de energia além de criar a “solução mágica” do crescimento via aumento do consumo,

que culminaram nos brutais aumentos de 2015 que a todos inferniza e na volta da inflação de dois dígitos que penaliza justamente os mais pobres, aqueles a quem a “seita” petista diz defender. Some-se a esse descalabro, a brutal queda dos investimentos em infraestrutura (uma das fontes para o crescimento), um colossal déficit em conta corrente que se aproxima dos 250 bilhões de dólares e uma carga tributária imoral que beira os 37% (para sustentar a gastança do irresponsável modelo patrimonialista estatal) e temos a tempestade perfeita: destruíram ao mesmo tempo os sonhos das pessoas e a semente do crescimento futuro do país. As seguidas quedas do PIB é a face mais visível dessa realidade. E, se nada for feito – e urgentemente – teremos mais sofrimento para milhões de trabalhadores (já são 12 milhões de desempregados) e para os brasileiros mais pobres em geral, principalmente. O novo governo que chega é depositário da esperança de mudanças. Mas

Laudo cadavérico do PT

O

povo vai pagar caro e não será o pato, pagará um avestruz parido pelo projeto lulopetista totalitário de poder. Sim, isso mesmo, a corrupção estatal implicaria roubar do público para enriquecer o privado. Mas, O PT não colimou só isso. Em verdade o PT tentou financiar um partido estado através da corrupção. Não queria apenas roubar o Brasil, apenas morder e engolir nacos da Nação. Os números dos escândalos evidenciam um objetivo maior e subliminar. Evidenciam que PT visava dominar o Brasil inteiro, tal qual Fidel que se fez dono de Cuba e Kim Jong-um que se fez dono da Coreia do Norte. Estúpidos ladrões, idealistas do absurdo, não viram que o Brasil é muito grande para ser engolido por um “sapo barbudo”.

Na verdade, o PT nunca teve ideal de ser partido político, ser parte do todo. O PT levou a sério o ideal totalitário lulopetista. Agora, a fatura econômica e social está apresentada. Não é pato, também não é ganso, o legado lulopetista é uma imensa conta. O cisne pintado pelos marqueteiros está revelado como sendo um gigantesco e horroroso avestruz que, por enquanto, desenterra só a cabeça. Dá para sentir. Para encarar precisa ter coragem. Emerge do chão o montante da dívida pública interna superior a dois e meio trilhões de Reais; déficit fiscal, previsto para 2016, na casa dos 100 bilhões de Reais; câmbio descontrolado, estatais falidas. Nesse cenário de economia caótica, salta aos

olhos a necessidade imperiosa de investir para conter o desemprego, reduzir a inflação a patamares civilizados, estancar o sucateamento dos ativos produtivos e geradores de empregos e, sobretudo, segurar a chacina do capital humano. Bem. O Estado emite dinheiro, é verdade. A dívida pública interna pode ser paga com Reais, também é verdade. Mas, o preço dessas operações, no entanto, seria uma inflação gigantesca, o Brasil refletiria as reais feições do rosto da fome, de uma miséria nunca vista antes e depois de Cabral. O bolsa família seria transformado em socorro humanitário. Portanto, simplesmente fabricar dinheiro agravaria essa já catastrófica depressão econômica. Neste cenário, uma coisa é certa: a causa de tamanha desgraça reside, essencialmente, no projeto de partido estado levado a efeito pelo ideal totalitário e antidemocrático nutrido através do idealismo doentio e pela corrupção do Partido dos Trabalhadores. Na busca do totalitarismo político o PT renunciou a hipocrisia fundamentalista do monopólio da ética política, aparelhou o Estado, suas agências de controle, rapinou as estatais, estorvou as possibilidades de financiamento do setor público. Enquanto a “tsunami de Dólares” enfunava o capital rentista, irresponsável social e economicamente, o governo Lula, surfando em ondas populistas e eleitoreiras, estimulou o endividamento da Nação, iludiu e endividou o povo mediante o consumo de xing-lings, bugigangas, traquitanas acrescidas do sobre preço de juros usurários; achacou e desestruturou os setores produtivos com dívidas não amortizáveis pela produtividade. Outra coisa também é certa: o povo é que

precisamos entender que esse é um governo de transição e como tal, seu papel é o de ajustar as contas governamentais, reduzir a inflação e os juros para que o futuro governo eleito em 2018 assuma as rédeas das mudanças estruturais que o país tanto precisa: a reforma política (a mãe de todas elas. Não é mais possível continuarmos com esse modelo de presidencialismo de cooptação); A reforma previdenciária (que para ser uma reforma de verdade precisa criar a previdência pública e a previdência privada – não é mais possível que milhões de trabalhadores continuem financiando os “nababos” do serviço público); A reforma trabalhista (que nos livre dos grilhões getulista e que somente interessam aos “sindicalistas de resultados” e impedem o avanço do país); E a reforma fiscal (para nos tirar da contramão mundial no tocante à arrecadação mais equânime de impostos). O momento atual exige operadores com fina sensibilidade técnica, acurada visão política e postura de estadistas com E maiúsculo (quase todos os nossos

líderes estão pendurados na Lava Jato). Qual o papel então do governo Temer? Redesenhar por completo nosso modelo de Orçamento que é a “mãe” de todo o processo de corrupção já que é ali onde tudo começa (o ministro do planejamento é especialista na área e sabe o que fazer); Realizar o desmonte do estado patrimonialista – acabando com a fonte maior da corrupção - vendendo tudo, inclusive Petrobras, Eletrobras, portos, aeroportos, todos os bancos estatais, abrindo a área de serviços (bancários, infraestrutura, de saúde e saneamento, TV) para empresas estrangeiras; Promover os cortes exigidos nas despesas de custeio da máquina governamental (inclusive as dos estados, aproveitando o momento da renegociação das suas dívidas). Se mais não o fizer, já tornará o presidente Temer num novo “Itamar”. Desta feita versão estrutural. Saber como fazer eles sabem. Resta saber se podem. Essa é a diferença entre o político e o estadista.

IRINEU TORRES

Diretor do Sindifisco e conselheiro Emérito da Fenafisco vai pagar o preço da oportunidade perdida na década passada e a conta da ambição política que lançou mão da corrupção para financiar um estúpido projeto de partido estado. Durante década passada foi realizada a construção populista de um pretenso partido estado. Lula “et caterva” esquematizaram, deram ignição, lançaram as fundações e Dilma deu continuidade ao cozimento da economia. O aquário Brasil foi posto em fogo alto e a “sopa de aquário” agora está servida. Fazer os peixes viverem novamente é outra coisa diferente e muito difícil. Essa catarse exige tempo, trabalho, competência, talento, honestidade, unidade nacional, coragem, paciência, fé em Deus, fé no Povo, fé na Democracia, resignação e muito sofrimento. Soluções paliativas, a exemplo do corte de cargos em comissão, demitindo, merecidamente, a petelhada corrupta, bajuladora, oportunista e cínica, tem certa importância moral, como teria, igualmente, a devida cobrança e adjudicação pela União dos bilhões de Reais desviados de empresas controladas pelo estado e entesourados pelo PT e por outros partidos políticos lavajateiros. No entanto, medidas corajosas e moralizadoras, são importantíssimas para levantar o moral e a unidade da Nação, mas não têm, por si somente, envergadura financeira suficiente para soerguer a economia. Na prática a solução requer, além do moral

elevado e da unidade nacional, uma política fiscal e monetária de inversão financeira fortemente estruturada ao ponto de debelar a conjuntura diabólica urdida e erguida pelo idealismo cego e pela corrupção lulopetista. Na medida do possível a solução impõe redução, em larga escala, das despesas com a atividade meio da administração pública; definição rígida e objetiva da carga tributária de curto, médio e longo prazo; combate e controle sistemático e intenso á evasão tributária; política monetária expansionista combinada com repressão de financiamentos de bens de consumo através da tributação seletiva de modo a induzir a redução dos juros e o crescimento vegetativo do montante da dívida pública, arrefecendo assim, o desastroso superaquecimento inflacionário por consumo e, tampouco, desfitar os olhos do lançamento de empréstimos compulsórios sobre o excedente capital financeiro privado como vacina para imunizar o Real da desvalorização inflacionária decorrente do resgate dos títulos públicos através da expansão da base monetária. Enfim, a crise econômica e social é profunda. O PT não foi apenas um partido corrupto. Na verdade, o PT nunca teve ideal de ser partido político, ser parte do todo. O PT levou a sério o ideal totalitário lulopetista ao ponto de esbordar o conceito histórico de corrupção e a capacidade de financiamento da Nação. Nestes termos atesto: o PT morreu de indigestão.


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REPÓRTER ECONÔMICO

A crise é séria!

E

la se alastrou mundo afora a partir de 2008, partindo exatamente do país mais rico do mundo: Estados Unidos da América, atingiu em cheio a Europa, e claro foi fazendo seus efeitos nos demais países, que tinham neles os grandes compradores de seus produtos. Alguns optaram para incentivar o consumo interno, sem se proecupar com a balança comercial (exportação e importação) e os reflexos foram surgindo ao longo do tempo: queda no Produto Intrno Bruto, desemprego, inadimplência e inflação. Vinha alertando sempre isso e orientando o leitor a procurar conviver com esse cenário que os estadunidenses e europeus estavam atravessando. Mas o chamado “dinheiro fácil” falou mais alto: as compras e empréstimos bancários por impulso. Já são mais de 10 milhões de desempregados, oas taxas de juros nas alturas (as mais elevadas dos mundo), a indústria e o comércio em declínio e apenas a agricultura conseguindo boas safras, exportando mais, ajudada pela alta do dólar. Não existe milagre a curto prazo.

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JAIR PIMENTEL jornalista.jairpimentel@gmail.com

O que fazer

Os pobres

Para quem é assalariado da iniciativa privada (sem estabilidade no emprego), a palavra de ordem, é procurar preservar, se aperfeiçoando cada vez mais, disciplina absoluta no consumo de alimentos, material de limpeza, higiene, energia, água, telefone, combustível, etc. E pagar suas contas em dia, evitando os juros e multas.

Continuarão assim, e precisam se disciplinar cada vez mais, evitando empréstimos, compras para pagamento a longo prazo e economizar em casa mesmo nas contas de serviços básicos que utilizam. Provalmente a Internet vai cobrar pelo excesso de uso, via celular e computador, existindo um tempo definido para utilização, como já queriam e o governo precou. As empresas alegam prejuízos com o uso exageado desses serviços. Existem mais de 300 milhões de aparelhos celulares em uso no Brasil, para uma popúlação de 200 milhões.

Os ricos O novo ministro da Fazenda, Henrique Meireles, é banqueiro. Portanto, os bancos vão continuar lucrando cada vez mais, às custas da política de juros altas, cobranças de taxas e multas exageradas, levando as pessoas físicas e jurídicas ao abismo. Provavelmente vai se criar um novo imposto, a CPFM, por exemplo, que tira dinheiro do consumidor para aumentar mais ainda os lucros dos bancos e a arrecadação do governo.


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S.O.S. ALAGOAS

Novos Tempos?

R

enan Filho nos Martírios e Michel Temer no Planalto, ambos peemedebistas, otimiza alagoano otimizar novos tempos no Estado? Ou continuará o de sempre? A dúvida é comum nas conversas entre maceioenses.

CUNHA PINTO

Tem bagagem

E haja dinheiro

Deputado Maurício Quintela (federal) tem currículo para ser ministro dos Transportes. No governo de Ronaldo Lessa foi secretário Extraordinário Metropolitano e da Educação. Na política está eleito para o segundo mandato de deputado federal.

Na política, prefeitos de primeiro mandato e vereadores começam a se organizarem para as eleições em outubro. Não para fechar acordos, mas avaliar custos e chances de ser eleito. É filme repetido de campanhas passadas.

Corrupção

Mais ação positiva

Em Brasília, o noticiário divulgado na imprensa há tempo que prioriza na pauta a área policial agora com espaço para a política. Pauta é corrupção mas à qual o eleitor dá outro nome.

É hábito em Maceió motoristas ao volante, mas desatentos, sinais de embriagues ou conversa, passando mensagens e distraídos com algum tipo de jogo no celular. A TV Gazeta, inclusive, divulgou matéria expondo flagrantes.

Queixa de motorista

Yoga Sutra

Maceió, no trânsito, é problema sem solução. O condutor, não confundir com motorista, acha que tudo pode mas se é multado é “indústria” mesmo consciente de estar fora da lei. E motoqueiro, não motociclista, também não abusa?

“Um dos objetivos da Yoga Sutra é conduzir o praticante a um estado de paz e quietude, colocando-o em contato consigo mesmo”. Comentário é do livro “Os Yoga Sutras de Patanjali.

Alagoanos de olho O posicionamento da bancada de Alagoas é acompanhado no estado com expectativa sobre possíveis trocas de lado. No caso quem foi eleito proclamando oposição passar a ser governo. No inverso não é carta fora do baralho, pois fica de fora das benesses?

Deficientes físicos Pesquisa das secretarias do Desenvolvimento Social e da Mulher revela que bate próximo dos 28% os alagoanos com algum tipo de deficiência física. É da proposta dar ao governo “informações mais precisas sobre esse grupo da população”.

Outro projeto Da parceria entre as secretarias do Desenvolvimento Social e a da Mulher está sob análise promover para servidores cursos de capacitação e para um atendimento mais qualificado às pessoas deficientes e mulher em situação de violência.

Reeleição O prefeito Rui Palmeira começa os preparativos para tentar a reeleição em outubro. Especulações situam Ronaldo Lessa no grupo. Como vice poderá ser efetivado prefeito em 2018.

Operação sossego Prefeito Rui Palmeira propõe repetir neste fim de semana a “Operação Sossego” nos bairros? A primeira semana teve receptividade positiva. Foi ação que envolveu SMCCU, SMTT, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar.

Deficiência física

Tal pai, tal filha?

Antônio Picaud, secretário de Desenvolvimento Social, uniu-se a Rosinha Cavalcanti, Mulher e Direitos Humanos, para uma coleta de informações para “mapear quem e os endereços das pessoas com deficiência no estado. É meta criar um cadastro e melhorar assistência.

Bianca Brigitte, 25 anos e modelo, lembra o “tal pai, tal filha” e no caso, o pai ser o ator Jean Claude Van Damme. A garota exibe talento como atriz e no cinema participou de filmes que devem ser exibidos em breve no Brasil.

Tempos pra frente... O prefeito Rui Palmeira estaria indeciso sobre investir nos festejos juninos na contagem regressiva e razão contenção de despesas. Mas é discutível se levando em conta a tradição. O que não deve é patrocinar quadrilhas. Mas festa na praça sim.

Facebook Renan Filho passou por municípios e entregou sementes a pequenos agricultores de diversas regiões do estado. A Secretaria de Comunicação Social calculou em torno de 60 mil toneladas distribuídas.


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Picos de ozônio

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m estudo publicado na Geophysical Research Letters descobriu que o aquecimento global deve gerar até 2050, de três a nove dias por ano, picos de ozônio perigosos para a saúde. O ozônio pode provocar problemas pulmonares em adultos e asma em crianças. Durante os picos, os médicos recomendam que as pessoas com problemas pulmonares não saiam de casa. Diminuir o consumo de energia elétrica e deixar o automóvel na garagem são os meios mais efetivos para reduzir os níveis de ozônio.

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MEIO AMBIENTE

JULLYANE FARIAS meioambiente@novoextra.com.br

Orquídeas na Amazônia Duas novas espécies de orquídeas foram descobertas nos arredores de Manaus pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). As orquídeas encontradas foram batizadas de Dichaea bragae e Anathallis manausesis. Os nomes homenageiam o pesquisador do Inpa Pedro Ivo Soares Braga, já falecido, e que fez importantes estudos sobre a planta na Amazônia. Segundo o Inpa, o Brasil registra mais de três mil tipos de orquídeas.

6- Ilha neutra em carbono Morte de peixes Uma grande quantidade de peixes mortos foi encontrada na represa do Rio Paraitinga, em Salesópolis-SP, no final do mês de abril. A Cetesb informou que a Agência Ambiental de Mogi das Cruzes vem acompanhando o caso e que foram feitas vistorias na represa, mas até o momento não foi possível identificar as causas da ocorrência de mortandade.

Desmatamento Apesar das tentativas de frear o desmatamento ilegal, o Brasil continua a perder áreas de floresta tropical equivalentes a dois campos de futebol por minuto. O índice de desmatamento no Brasil cresceu devido à falta de inovação e planejamento governamental, e a pouca cooperação entre departamentos do governo e a sociedade civil brasileira. Hoje o país está perdendo cerca de 5 mil quilômetros quadrados de floresta amazônica anualmente, um dos maiores declínios em valores absolutos de qualquer nação.

A ilha de Nevis, nas Caraíbas, lançou um projeto para se tornar a primeira neutra em carbono do Planeta. Hoje, os 12.000 habitantes da ilha recebem 90% da sua energia a partir de diesel importado, mas o objectivo é fazer uma transição completa para as renováveis nos próximos dez anos. O projecto está em execução pela Nevis Electricity Company (NEVLEC), uma ex-empresa pública que foi privatizada há 15 anos e que irá garantir 100% de energias renováveis até 2026.

7- Ônibus elétricos As primeiras edições elétricas dos ônibus double-deck, que têm um segundo andar para acomodar passageiros, começarão a circular pelas ruas de Londres, na Inglaterra. Os veículos foram projetados para que sejam silenciosos ao percorrerem 290 km com uma única carga. Quando voltarem para a garagem, ao fim do dia, os ônibus serão conectados a uma central de energia para que sejam recarregados. Esses veículos irão ajudar a reduzir o ritmo de emissão de poluentes ao custo de 500.000 dólares cada.

Solar Impulse 2 O avião suíço Solar Impulse 2, movido a energia solar, completou sua nona etapa de sua volta ao mundo. Após 62 horas voando sem escalas, a aeronave movida a energia solar atravessou o oceano Pacífico. O avião tem o desafio de ser o primeiro a dar uma volta ao mundo movido unicamente a energia solar. O desafio começou em 9 de março de 2015 em Abu Dhabi, onde deve terminar o trajeto de 35 mil quilômetros. O Solar Impulse 2, tem 72 metros de comprimento, pesa 2,3 toneladas e é capaz de voar de dia e de noite, graças à conversão da radiação solar em eletricidade.

5- Rabiscos A China prometeu punir as pessoas que rabiscarem o Monte Everest, numa tentativa de acabar com as mensagens de “eu estive aqui”. Os turistas serão obrigados a registrar seus nomes antes de escalar a montanha, e os nomes encontrados na lista de mau comportamento serão proibidos de prosseguir.


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Time que vence não se mexe

J

ornal Tribuna do Paraná viu “sorte” na vitória do CRB sobre o Sampaio Correia (2x1) na primeira rodada da Série B. Mas é passado. O presente é o jogo deste sábado contra o Ceará, no Rei Pelé. E lembrando: é a tarde.

PORDENTRODO ESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Bairrismo? A mídia paranaense, bairrista, enxergou o futebol do CRB como “de pouca qualidade técnica”. Mas não foi argumento de mau perdedor? O Atlético esteve bem mas o Galo mereceu vencer, pois foi eficiente no ataque e firme na defesa. Esqueceram que no futebol vence quem fizer mais gols.

Libertadores Heroico, São Paulo despacha Atlético-MG no Horto, mesmo perdendo por 2 a 1, o Tricolor se classificou às semifinais da Taça Libertadores. O São Paulo garantiu a vaga por causa do gol marcado fora de casa, por Maicon, de cabeça (o jogo de ida, no Morumbi, foi 1 a 0 para o time paulista). O Galo foi avassalador no início e marcou dois gols em 11 minutos, com Cazares e Carlos, mas levou o gol três minutos depois, em falha de Victor, e acabou diminuindo o ritmo.

Desculpa de amarelo Em Curitiba, no noticiário esportivo “ o Londrina foi melhor que o CRB os 90 minutos do jogo, mas parou no goleiro Juliano, em tarde inspirada. O Galo, em uma das chances que teve não desperdiçou e definiu a partida”. Pode não ter sido melhor em campo mas se fez respeitar.

Copa do Brasil Fla perde para o Fortaleza, é eliminado e faz sua pior campanha na Copa do Brasil. Sem Muricy e Guerrero, Rubro-Negro vê equipe cearense fazer 2 a 1 com tranquilidade em Volta Redonda. Próximo adversário é o América-MG. O herói da partida entre Vasco 1 x 1 CRB, foi o zagueiro Rafael Vaz que entrou no ataque e classificou o Vasco nos acréscimos. O time de Jorginho avança na Copa do Brasil. De quebra, Cruz-Maltino mantém invencibilidade.

Desabafo “Problema do futebol é o nível dos jogadores”. Comentário foi da TV Londrina na análise do time da casa e argumento as “finalizações desastradas em direção ao gol. Comentário foi após um lance no jogo contra o CRB.

Ingressos à venda Diretoria do CRB já colocou à venda ingressos para o jogo contra o Ceará.Preços: bilhetes, arquibancada alta é R$ 30,00 e na baixa R$ 20,00. As cadeiras, de número limitado, R$ 100,00. Expectativa é de quebrar o recorde de público no Rei Pelé.

ASA joga na Série C No Agreste, xodó é pelo alvinegro arapiraquense estar na Série C e estreia domingo contra o Confiança. Jaelson Martins diz que “não tem nada para esconder”, principalmente para para escalar o time.

Jaelson confiante De Jaelson Marcelino técnico do ASA: “Eles se habituaram a jogar juntos nos clubes que estiveram emprestados no estadual. Isso faz com que o entrosamento acabe acontecendo mais rápido. É daí, uma proposta de renovação que merece apoio”.

Confiança na garotada Mas na torcida a confiança é forte e terá de volta jogadores que foram emprestados no estadual e se destacaram pelas equipes que defenderam. Exemplos no estado, o Santa Rita e o Coruripe.

Sem favoritos “O futebol está equilibrado no mundo. Mas o torcedor no apego ao passado brasileiro não aceita a classificação no ranking da Fifa. E também que os rivais aprenderam a jogar bola. Lembrando: o Brasil caiu do sexto para o sétimo lugar.

Classificação Neste início de temporada, Série B, depois da rodada do domingo, a classificação dos 10 na linha de frente ficou assim: 1º Vasco, 2º Vila Nova, 3º Brasil de Pelotas, 4º Bahia, 5º CRB, 6º Atlético Goianense, 7º Criciúma, 8º Goiás, 9º Ceará e 10º Paysandu.

Patente de capitão? Neymar capitão da seleção brasileira? Proposta motivou debate no Bem, Amigos (Globo), mas Dunga não se pronunciou. Já na mídia, versão é que não foi promocional do craque. Neymar, opinião de maceioenses, não precisa disso. E na torcida quem duvida?

Copa América Dunga, querendo, poderá ter nos amistosos da seleção brasileira e na Copa America, com sede nos Estados Unidos, sete jogadores com idade olímpica. E os prováveis são Ederson, Douglas Santos, Gabigol, Rodrigo Caio, Rafinha Alcântara, Fabinho e Marquinhos.

Seleção Olímpica Dunga analisa os jogadores da seleção olímpica como motivados e com prazer em jogar. Mas ele não quer confirmar os nomes por não ter ainda uma definição. Acrescenta: “ Por enquanto só converso com os clubes”.

Canta de Galo Torcedor no CRB está satisfeito com o plantel, Mazola Junior e até com a diretoria. Mas a nota 10 dele, por enquanto, só para o goleiro Juliano. Análise é de jogadores do Galo aposentados, mas ainda com boas lembranças do tempo deles.

Vale como opinião? Jadson, Corinthians, é quem vem dando mais passe de gol para os companheiros. Somou 33 só para Elias e Gil na vitória de 3x1 sobre o Figueirense no domingo. Foram na temporada 19 assistências que resultaram em 14 gols.

É vencer ou vencer Quem pratica esporte, qualquer que seja a modalidade, não interessa se está ou não preparado e confiante de que possa vencer. Mas entre técnicos é isso o que faz do futebol a “paixão do brasileiro pelos esportes, principalmente futebol.

Alagoano Sub-17 Fm da semana passada teve abertura do campeonato alagoano de futebol sub-17 com oito jogos. Teve a mesma estrutura montada do profissional e a presença de público superou a expectativa e motiva haver otimismo de público também para as próximas rodadas.


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Diferenças sutis

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ercado americano de veículos continua a reservar surpresas, como o impressionante poder de recuperação depois do mergulho para além do fundo do poço com a crise econômica de 2008/2009. Alguns chegaram a vaticinar que nunca mais o recorde anual de 17 milhões de unidades seria repetido. Enganaram-se. Em 2015 foram 17,5 milhões de veículos leves e pesados e este ano caminha para 18 milhões. Relatório do Bank of America Merrill Lynch, da semana passada, prevê que até 2018 sejam 20 milhões, embora outros analistas sustentem que o ponto de saturação esteja iminente. Automóveis de passageiros (hatches e sedãs convencionais), de fato, perderam espaço para a soma de SUVs, crossovers, picapes e vans (nessa ordem). Mas ainda respondem por pouco mais de 45% das preferências dos compradores. Os três modelos mais vendidos continuam sendo picapes, pela oferta concentrada de modelos com mesmo nome. Há enorme fraciona-

mento entre automóveis, porém aconteceu algo interessante no mês passado. Um compacto (na classificação deles) apareceu pela primeira vez no quarto lugar geral e líder entre automóveis. Trata-se do novo Civic, que pegou embalo depois da décima geração lançada no último trimestre de 2015. No acumulado dos quatro primeiro meses deste ano, o Toyota Camry – médio para eles – continua a liderar, mas o desempenho do Honda é surpreendente. Deixou o Corolla para trás, como já acontecera em 2012 e 2013, e deve se repetir lá em 2016. Dentro de três meses este Civic estará também no Brasil. No entanto, há diferenças sutis em relação ao mesmo modelo de topo vendido nos EUA, que a Coluna pôde avaliar em Los Angeles, Califórnia, e o que será fabricado aqui. Cabe ressaltar que a reformulação total – primeira executada pela American Honda – inclui crescimento em todas as dimensões internas, externas e ainda do porta-malas (passou para 530

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ALTA RODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br litros), ponto fraco das duas últimas gerações. O estilo é ousado, como nunca antes, e apesar de a altura ter diminuído em 2 cm há mais espaço para cabeça no banco traseiro. Pormenores do interior distinguem bem os pensamentos entre o consumidor americano e o brasileiro. Nos EUA é possível vender versões mais despojadas porque é “pequeno” para os padrões de lá, embora o Civic atual tenha porte próximo ao do Accord de uma década atrás. Na versão Touring, a mais cara, há porta-revistas apenas no encosto do banco dianteiro do passageiro e a tampa do porta-luvas não dispõe de abertura amortecida. Para o Brasil esses itens serão “corrigidos”. Fora isso, o carro

é exatamente igual. O motor de quatro cilindros 1,5 L turbo, de 177 cv e 22,4 kfgm, mostra desempenho de um aspirado de 2,2 L, só que mais econômico no consumo de combustível. A caixa de câmbio automática CVT, com marchas virtuais, tem respostas próximas do padrão mais aceito aqui, de “trocas” rápidas e bem definidas. Campo de visão à frente melhorou significativamente. A dirigibilidade também, graças à nova caixa de direção eletroassistida de relação variável, bitolas maiores, suspensão traseira multibraço retrabalhada e buchas reprojetadas. O Civic ganhou em conforto de marcha e absorção de irregularidades do piso.

RODA VIVA n NOVA fábrica de motores da Toyota, em Porto Feliz (SP), além de ser a mais moderna do grupo no mundo, tem flexibilidade para produzir tanto motores 1,3 e 1,5 L do Etios quanto os do novo Corolla. Este chega ao mercado dentro de no máximo 18 meses. Usinagem e fundição estão sob o mesmo teto em posições vizinhas e com menor poluição possível. n ENQUANTO o país esteve focado no processo de impeachment da presidente da República na Câmara dos Deputados, no mês passado, uma diligente Comissão Especial aprovou projeto de lei, de 2011, para liberação

de automóveis a diesel. Relator Evandro Roman ignorou problemas ambientais, inclusive de CO2. Em plenário, será difícil de aprovar nos termos propostos.

n INDÚSTRIA automobilística japonesa avançou na consolidação inevitável de suas nove marcas de veículos. Nissan adquiriu participação controladora (34%, de início) na Mitsubishi. Isso fortalecerá a aliança Renault-Nissan mundialmente. Por coincidência, o conglomerado Fuji decidiu mudar de nome para Subaru Corporation e assim revigorar a divisão de automóveis. n CITROËN terá identidade visual e mesmo alguns produtos bastante diferenciados da Peugeot. O grupo fran-

co-chinês PSA anunciou essa estratégia como definitiva e se soma à submarca DS. No Brasil, hatch compacto C3 receberá o novo motor de 3 cilindros, 1,2 L, Pure Tech, que estreou no 208, logo no início de junho. Algumas unidades já estão em concessionárias. n PRODUTORES brasileiros de couro, representados por cortumes, apertam o cerco sobre fabricantes e concessionárias contra o termo couro sintético ou ecológico. Dificulta para o consumidor identificar o produto correto porque visualmente são semelhantes. Algumas marcas usam os dois materiais nos bancos e nem todos percebem as diferenças táteis e de qualidade.


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ARTIGO

JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

Um anjo com seus 85 anos de existência

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uem a conhece, só tem elogios para com ela, junto aos parentes, amigos e à comunidade onde ela assiste missas e tem atividades diversas. Ela é ativa, carinhosa com todos e muito crente nos ensinamentos da Santa Igreja Católica. Ela é magra, voz forte, cabelos branquinhos, ágil e

A senhora Iza Souza é uma dessas pessoas cativantes, daquelas que são amadas por toda a comunidade do bairro e com pessoas que com ela convivem. quem a conhece a tem como uma “formiguinha” incansável. Ela é uma das pessoas que chegam logo cedo para as missas dominicais, quando a cidade ainda está sono-

lenta e em silêncio. Como eu, ela também tem o hábito de acordar cedo, sendo uma das pessoas que chegam em primeiro lugar na igreja. A todos ela cumprimenta com um “bom dia” animado e um sorriso de quem sempre anda de bem com Jesus, seu amigo e seu bom companheiro. Ela parece um anjo vestido de mulher, pois sempre chega com o semblante de felicidade, como se fosse para uma solenidade com o papa Francisco ou para um encontro festivo com a padroeira, Nossa Senhora Rosa Mística, no bairro das Mangabeiras. Logo que a igreja é aberta, ela demonstra sua satisfação e, imediatamente, começa a rezar o terço, sozinha ou com pessoas que vão chegando aos poucos. Ela não perde tempo!!! Aqui, acolá,

ela pede silêncio, dizendo que a igreja não é lugar para bate-papo e, sim, para orações. Entre os intervalos para citações dos mistérios gloriosos e dolorosos, essa jovem de 85 anos fala no respeito que os filhos devem ter para com os pais e mães. Fala na desunião das famílias e nos casais que se separam, bem como no respeito que eles devem ter, uns para com os outros. Fala nas novelas imorais, nas bebidas e nas drogas consumidas pelos jovens. Fala no pecado, no inferno e na falta de saúde para o povo, como se fosse a mais importante evangelizadora da Igreja. Antes da missa, ela deixa suas mensagens de paz e de amor e todos ficam ouvindo seus “sermões” com muita atenção. A senhora Iza Souza é uma dessas pessoas cativantes, daque-

las que são amadas por toda a comunidade do bairro e com pessoas que com ela convivem. Nas suas orações, ela sempre faz pedidos para que outras pessoas deem início ao terço ou às outras orações, sempre com o cuidado para não atrasar a missa, pois fica olhando ou ouvindo se o dinâmico, zeloso e diligente pároco, padre Márcio Roberto, já está se dirigindo para o início da missa. Depois das suas mensagens e orações, ela passa a falar baixinho com Nossa Senhora Rosa Mística, na certeza de que sempre está intercedendo por alguém. Para a senhora Iza Souza, nós só temos agradecimentos, pelos terços e pelas demais orações que ela faz por todos nós. Não cometeremos nenhum pecado, se dissermos que ela é um dos anjos que acompanham o nosso Deus.


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ABCDO INTERIOR

robertobaiabarros@hotmail.com

Era a vez de Rogério

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rrogância misturada a uma boa pitada de vingança foram os ingredientes responsáveis pela penúria política que vive hoje o ex-secretário de Articulação Política do Governo Teotonio Vilela Filho, Rogério Auto Teófilo. Vamos explicar melhor essa situação. O atual vice-governador de Alagoas, Luciano Barbosa, e Rogério Teófilo não sentam na mesma mesa nem para receber a benção de Jesus Cristo ressuscitado. Essa animosidade nasceu e floresceu numa cruzada dos dois políticos no decorrer de uma verdadeira disputa de vida ou morte pelo apoio político da prefeita Célia.

Desavença histórica E os motivos que geraram as desavenças entre Luciano e Teófilo são históricos, dignos de uma verdadeira novela global. Mas a galinha dos ovos de ouro sempre foi a Prefeitura de Arapiraca que está nas mãos da prefeita, dona de um carisma e respeito popular jamais visto na história da terra de Manoel André.

Foi um desastre Para que os ânimos não se acirrassem ainda mais, Célia Rocha encontrou uma solução: indicou Luciano Barbosa para lhe suceder e Rogério Teófilo para o ser o vice-prefeito. E, é claro, Teófilo acreditava que no futuro herdaria o trono. Para ele, foi um desastre. Durante quatro anos sequer entrou no Centro Administrativo, nem para dar bom dia aos servidores.

Empunhou a espada Mas a história não acaba aí. Luciano grudou oito longos anos na Prefeitura e Célia foi uma das deputadas federais mais votadas em Alagoas. E assim como as águas correm para o mar, se reencontraram nas eleições passadas com um novo Teófilo, dessa vez fortalecido pela força do então Governo Téo Vilela. E como era de se esperar, Rogério empunhou a espada para reivindicar a Prefeitura mais importante do interior de Alagoas.

Não aceitou o irmão Como em se tratando de política, até boi voa, houve uma tentativa para reaproximação politica, mas Luciano bateu o martelo e não quis apoiar seu velho rival para a sua sucessão. Mas manteve aberto o diálogo e concordou com a indicação do irmão de Rogério, Ricardo Teófilo, que fazia parte do seu governo. Rogério, vaidoso, disse um não com todas as letras, deixando claro que enfrentaria até o próprio irmão nas eleições, mas não abriria mão das suas pretensões.

Indicou Nezinho

Nezinho fortalecido

O resto, todo arapiraquense sabe de cor e salteado: Célia abriu mão da Câmara Federal, veio para o sacrifício e foi eleita com um pouco mais de seis mil votos de diferença. Nas eleições do próximo dia dois de outubro, a prefeita não vai disputar a reeleição e já indicou para a sua sucessão os nomes do atual deputado Ricardo Nezinho e do seu vice, publicitário Yale Fernandes.

O deputado estadual e pré-candidato a prefeito de Arapiraca, Ricardo Nezinho (PMDB), está recebendo, a cada dia, apoio de importantes segmentos políticos, empresariais e de lideranças comunitárias. Ao lado do vice-prefeito, Yale Fernandes (PMDB), Nezinho tem o aval da prefeita Célia Rocha (PSL), de 13 vereadores de Arapiraca e do governador Renan Filho e do vice-governador Luciano Barbosa, que recentemente elogiou o trabalho do deputado a favor dos moradores da terra de Manoel André.

Novos episódios

Do colunista Berg Morais: Vários são os fatores que levaram ao rompimento político das famílias Gaia e Ribeiro, que perdurava há décadas. A soberba do prefeito James Ribeiro (PMDB), que centralizou o poder de decisão na escolha do nome para sua sucessão, foi um dos fatores predominantes da cisão que parece ser verdadeira.

Quanto a Rogério, dificilmente sairá candidato. Até mesmo o seu antigo aliado, o “dono” do partido dos tucanos, se engraçou e está “requebrando as cadeiras” pela pré-candidatura do deputado Rodrigo Cunha. Mas a história não acaba aí e é certo que novos episódios virão na cidade mais importante do interior alagoano. Pode apostar nisso.

Vale tudo 1

Vale tudo 2 Ainda de acordo com Berg Morais, James chegou à conclusão de que se Rodrigo Gaia (PR) ganhasse a prefeitura, a família Ribeiro ficaria 100% refém da família Gaia, que já tem um mandato no parlamento estadual. Como em política só tem prestígio quem tem poder... O vale tudo começou!

PELO INTERIOR ... Nas andanças pelos bairros e comunidades rurais de Arapiraca, o deputado Ricardo Nezinho está empolgado com a demonstração de carinho da população. ... Filho do saudoso e ex-deputado Manoel Pereira Filho (Nezinho), e da líder política Dona Paula, o parlamentar arapiraquense segue trabalhando e, em breve, deve anunciar juntamente com Yale Fernandes um programa para ouvir sugestões dos moradores do município. ... O ex-prefeito de Igaci, Petrúcio Barbosa (PTB), já tem grupo formado para entrar na disputa majoritária e retomar a cadeira de prefeito do município com o apoio de seis partidos: PTB, PP, PSD, PRP, PPS e PRB. ... O secretário municipal de

Infraestrutura, Albérico Azevedo, juntamente com representantes da Associação de Moradores da Praia do Francês, se reuniram com o secretário de Estado de Segurança Pública de Alagoas (Seds), Coronel Lima Júnior, para discutir questões ligadas à segurança na Praia do Francês. ... Atendendo pedidos dos moradores, prefeitura e Estado firmaram parceria para garantir reforço policial na comunidade que vem sofrendo com os constantes assaltos e roubos na região. Considerado um dos balneários mais visitados em Alagoas, a Praia do Francês é referência para turistas de todo mundo. ... Segundo o secretário Albérico Azevedo, que representou a prefeitura na reunião, o trabalho ostensivo e a presença con-

stante de policiais melhoram consideravelmente - a segurança no entorno da Praia do Francês. ... Com informações de Berg Morais: A Câmara de Vereadores concedeu aos juízes Sandro Augusto dos Santos, titular da Comarca de Pilar, e Alberto de Almeida, da 1ª Vara de Arapiraca, títulos de cidadania no Município de Palmeira dos Índios. ... Os títulos foram propostos pelos vereadores Denisval Basílio e Márcio Henrique e concedidos na quarta-feira (18). ... Com a consciência tranquila, seguimos sempre em frente e de cabeça erguida. Desejamos aos nossos leitores, um final de semana cheio de paz, saúde e prosperidade. Até a próxima edição.


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Olimpíada Cultural em Maceió

TOCHA OLÍMPICA DE 26 A 29 DE MAIO A CAPITAL ALAGOANA SERÁ PALCO DEMOCRÁTICO DE APRESENTAÇÕES DE 40 GRUPOS FOLCLÓRICOS E 26 GRUPOS ARTÍSTICOS POR NIDE LINS

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programação de Maceió não se restringirá à data de chegada da tocha, dia 29. Serão quatro dias de celebração cultural, esportiva e gastronômica na Praça Multieventos. “O palco é o mais democrático, será uma olimpíada cultural com samba, forró, rock, pop, folguedos. Vamos começar com uma feira gastronômica de 26 a 29 de maio, quando a tocha chega”, reforçou o produtor do evento, Cadu Ávila. Para o presidente da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMac), Vinicius Palmeira, o Festival da Tocha Olímpica será uma grande celebração do esporte, cultura e gastronomia. “Não é a prata da casa, mas nossas medalhas de ouro vão dividir os palcos e as nossas tradições culinárias vão dar mais sabor ao evento da tocha, símbolo da paz”, relatou Palmeira. O evento da realização da Prefeitura de Maceió através da FMAC, Secretaria Municipal de Esportes e Lazer e com apoio do Ministério da Cultura. Os palcos serão compartilhados pelas estrelas alagoanas Wado, Júnior Almeida, Vibrações, Vitor Piralho, Xique Baratinho, Sifrão, Luiz Pompe, Maybe2, Mundo Imaginário, Igbonan Rocha, Gato Zarolho, Fiat 147, Grupo Joana Gajuru, Eliezer Setton, DófLafá, Divi-

Divina Supernova, Igbonan Rocha, Júnior Almeida, Wado, Wilma Araújo e vários grupos de folguedos também estarão presentes

toril Estrela de Belém, Banda de Fanfarra Centro Cultural do Benedito Bentes, MaculelêYá Capoeira, Coco-de- roda Catolé, Boi Bumbá Alagoano, Orquestra de Tambores, Boi Águia de Ouro, Maracatu Baque Alagoano, Cia Teatro da Meia-noite, Orquídeas de Fogo,Transart, Grupo INAÊ e Boi Cobra Negra, Guerreiro Mensageiros de Padre Cícero, Coletivo AfroCaeté, Baianas do Grupo Folclórico Ganga Zumba, Coco-deroda Reviver, Boi Vingador, Coco-de- roda Pau de Arara, Batuque Mundaú, Afoxé Povo de Exu, Coco-de- roda Raízes Nordestinas, Boi Dragão,Grupo Joana Gajuru, Baianas Voltam a Sorrir, Maracatu Raízes da Tradição e Banda de Pífanos São José. As apresentações serão nos bairros da Pajuçara, Ponta Verde, Jatiúca, Cruz das Almas, Barro Duro, Serraria, Farol e Centro. PERNOITE DA TOCHA

na Supernova, Ding Tones, Deslucro, Coro Embracanto, Coretfal, Chau do Pife e Banda, Belt, Elaine Kundera, Wilma Araújo, e mais de quarenta (40) grupos de folguedos entre eles: guerreiro, maracatu, bumba meu boi, coco de roda, bandas de pífanos, fandango, Afoxés, bandas fanfarras, Capoeira, Dança Afro, danças folclóricas, Maculelê, Pastoril e tantos outros ilustres do cenário cultural da cidade.

PROGRAMAÇÃO DE 26 A 29 DE MAIO Praça Multieventos: Banda de Pífanos Flor do Nordeste, Coro Embracanto, Luiz Pompe, Belt, Sifrão, Maracatu do Grupo de Folguedos, Danças Professor PedroTeixeira, Elaine Kundera, DófLafá, Gato Zarolho, Fiat 14, Boi Anaconda, Coretfal, Chau do Pife, Ding Tones, Divina Supernova, Banda de Pífanos Fulô da Chicaboa, Mundo Imaginário, Deslucro e Xique Baratinho.

Palcos do estacionamento de Jaraguá (praça de celebração da tocha): Maybe2 Live, Vitor Pirralho, Júnior Almeida, Wilma Araújo, Eliezer Setton, Wado e Vibrações. GRUPOS FOLCLÓRICOS: Afoxé Odo Yá e Boi Águia, Baianas do Pontal da Barra, Fandango do Pontal, Guerreiro Campeão do Trenado, Pas-

De acordo com o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a tocha passará por mais de 330 cidades de todos os estados do Brasil, pernoitando em 83 delas, entre elas Maceió, totalizando aproximadamente 12 mil milhas aéreas e 20 mil quilômetros terrestres percorridos. Cerca de 12 mil pessoas se revezarão na condução da tocha, cada uma por 200 metros, em média. A tocha iniciou seu roteiro pelo Brasil em Brasília (DF), no último dia 3, e terminará o percurso em 5 de agosto, quando entrará no Maracanã durante a cerimônia de abertura dos Jogos Rio 2016.


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