Edição 949

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CRIME ELEITORAL

Cristiano Matheus é condenado e fica inelegível por 8 anos P/9 www.novoextra.com.br

MACEIÓ - ALAGOAS ANO XIX - Nº 949 - 24 A 30 DE NOVEMBRO DE 2017

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MASSA FALIDA

Laginha gasta R$ 38 milhões sem indenizar nenhum dos 16,5 mil trabalhadores

P/6 E 7

JUIZ DESMEMBRA AÇÃO DE USINAS EM CONCORDATA E AUMENTA RISCO DE CALOTE

PERIGO INVISÍVEL P/8

INFECÇÃO HOSPITALAR MATA MAIS QUE AVC E INFARTO: 230 MIL PESSOAS POR ANO P/11 E 12


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MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 30 DE NOVEMBRO DE 2017

Indústria da multa

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”

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– Os policiais do Batalhão de Trânsito que “fiscalizam” as rodovias estaduais continuam agindo às escondidas, como se fossem margi-nais, foras da lei.

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– Agentes de trânsito devem atuar ostensivamente para inibir motoristas mais afoitos e não ficar intocados às margens das rodovias à espreita de possíveis infratores.

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– Essa prática se tornou freqüente depois que as multas de trânsito ganharam valores exorbitantes para os padrões brasileiros.

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– O sórdido expediente só alimenta a suspeita de que os órgãos de trânsito estão mais preocupados em aumentar a arrecadação do que orientar os motoristas.

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– O contrário seria ainda mais grave, pois levantaria a suspeita de corrupção desses agentes da lei, que estariam agindo em causa

Na tentativa de escapar da prisão por não pagar pensão de alimentos dos filhos, um deputado federal de Alagoas conseguiu convencer a 24ª Vara de Família a homologar um acordo fraudulento que desmoraliza a própria Justiça. A tramoia foi comunicada à Corregedoria-Geral de Justiça do TJ-AL e certamente desembarcará no Conselho Nacional de Justiça.

Perigo à vista

O leilão do Terminal de Álcool de Maceió, da estatal Transpetro, dia 7, faz prosperar a suspeita de que a privatização beneficiará distribuidoras de combustíveis, muito influentes e... endinheiradas. Controlando os terminais, as distribuidoras poderão impor ao mercado do Nordeste o álcool podre, à base de milho e altamente poluente, que importam dos Estados Unidos sem pagar impostos e nem gerar empregos. (Coluna do Cláudio Humberto)

Vem prá Caixa

O Tribunal de Justiça de Alagoas ficou com medalha de prata no Selo Justiça Em Números, edição 2017 do CNJ. Já o TJ de Sergipe conquistou o lugar mais alto do pódio com o Selo Diamante, disputando entre os demais tribunais de Justiça do país. O Selo Justiça em Números é conferido aos tribunais desde 2013, com o objetivo de fomentar a qualidade dos dados estatísticos do Judiciário, sobretudo referentes ao Relatório Justiça em Números. Este ano foram distribuídos quatro selos Diamante, 65 Ouro, 16 Pratas e três Bronze.

Erra quem especulava que a Operação Taturana terminaria em pizza e os envolvidos na impunidade. A demora no julgamento do processo decorre da infinidade de recursos protelatórios, mas as primeiras condenações já começam a surgir.

Primeira leva

Os deputados estaduais Isnaldo Bulhões e Cícero Ferro e os ex Dudu Albuquerque, Gervásio Raimundo, Alves Correia e Gilberto Gonçalves são os primeiros condenados.

Ninguém escapa

Outro grupo – incluindo Paulão, Cícero Almeida, João Beltrão, e outros - também foi condenado, mas eles recorreram e estão aguardando julgamento no STJ, que certamente manterá a sentença do Tribunal de Justiça de Alagoas.

Eduardo Cunha

O controle do Terminal de Álcool de Maceió pelas distribuidoras deve ferir de morte a produção nacional de álcool, sobretudo a nordestina. Até agora, políticos e governadores de Alagoas e do Nordeste nada fizeram para evitar a venda do terminal de Maceió, apesar de nociva à região.

DA REDAÇÃO

Prata para o TJ-AL

Taturanas condenados

Fraude homologada

Tudo dominado

(Millôr Fernandes)

COLUNA SURURU

“O Eduardo Cunha montou esse governo e segue dando as cartas, mesmo da cadeia. Essa nomeação do Carlos Marun é um absurdo! O Temer poderia ter sido mais corajoso, tirado o intermediário e nomeado diretamente o próprio Cunha para a Secretaria de Governo”. (Senador Renan Calheiros)

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O significado de Marum

O que significa a nomeação de Carlos Marun para o lugar de Antônio Imbassahy? Que um governo muito fraco no Congresso perdeu completamente a vergonha no toma lá, dá cá. O resto é trololó. (Diogo Mainard)

Crimes no Sertão

A execução de Neguinho Boiadeiro, em Batalha, pode ter conexão com o assassinato, em Delmiro Gouveia, do empresário Rodrigo Alapenha, genro de Lula Cabeleira. Esssa é uma das hipóteses que circulam no Sertão e ainda não descartada pelos delegados que apuram o caso. A alegação é de que o vereador assassinado em Batalha estaria envolvido na morte do empresário em Delmiro Gouveia.

Sonho de Verão

Durou pouco a fantasia dos petistas de assumirem a Secretaria de Educação em Alagoas. O governador Renan Filho pode ser acusado de muitas coisas, menos de irresponsável.

– Esta semana um cidadão amargou uma espera de 2 horas e meia na agência da Caixa da Avenida Fernandes Lima e ainda assim não conseguiu ser atendido no setor de FGTS/PIS para uma simples consulta de atualização do cadastro para liberação do pagamento do PIS. Dois funcionários do setor de FGTS/PIS da agência trabalhando em ritmo de operação padrão deixaram sem atendimento cerca de duas dezenas de pessoas que tiveram de retornar outro dia para passar pelo mesmo desrespeito à pessoa e à lei. Um absurdo que somente dá razão àqueles que desejam a privatização daquela casa bancária.

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– Outro cliente depois de longa espera conseguiu receber o PIS e procurou atendimento na mesma agência da Caixa para abrir uma poupança. Tal foi sua estupefação quando a atendente lhe informou que não poderia realizar a opera-ção pois já passava das 12 horas. Instada, ela respondeu que a Caixa só abre conta poupança até o meio dia! Não à toa a instituição passa por dificuldades.

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– Seria risível, não fosse absurdamente surrealista a atitude. Em pleno horário de atendimento a Caixa se recusa a receber depósito – razão da sua sobrevivência – porque certamente algum burocrata “iluminado” e preguiçoso “achou” que poderia mais uma vez vilipendiar seus clientes. Um absurdo. Com a palavra o Procon e a superintendência da instituição.

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

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SERVIÇOS JURÍDICOS

Rodrigo Medeiros

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MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 30 DE NOVEMBRO DE 2017

JORGE OLIVEIRA

Marqueteiro delator

Barra de São Miguel, AL- O marqueteiro Renato Pereira detonou o PMDB fluminense. Não sobrou um só dos seus clientes que ele tenha poupado para se salvar da cadeia. Entregou também os amigos de quem foi sócio nas campanhas de Cabral, Pezão e Eduardo Paes. Desses políticos, Pereira não só recebeu milhões de reais durante as eleições como prestou serviço ao governo em conluio com as agências de propaganda. Ou seja: Renato Pereira foi um dos artífices de toda bandidagem que se instalou no Rio para roubar o dinheiro da população. Flagrado, fez acordo de delação, mas o ministro do STF, Ricardo Lewandowski, desfez o acerto entre ele e o Ministério Público. Agora o marqueteiro corre o risco de passar um bocado de tempo no xadrez se for condenado. Com as últimas noticias que envolvem o presidente da Assembleia Legislativa Jorge Picciani (PMDB) e seus filhos em lavagem de dinheiro, conclui-se que durante vinte anos o Rio foi administrado por uma quadrilha formada pelos conselheiros do Tribunal de Contas, pela Alerj, políticos, governos estaduais e municipais. E mais uma vez o PMDB é o protagonista dessas ações nefastas contra a população. Diante desses escândalos, sabese agora porque muitos desses políticos eram eleitos e reeleitos nas eleições. O dinheiro jorrava fácil, pois quase todos trabalhavam contra a população fazendo acordos espúrios com donos de ônibus para não aumentar as tarifas e com todo tipo de meliante que tinha interesse em se aliar aos bandidos chefiados por Cabral e sua gang. Pereira, durante muito tempo, não foi apenas marqueteiro dessa gente. Ele se juntou à quadrilha para arrombar os cofres públicos. Confessou que mantinha contratos pessoais com o governo e tinha participação nos acordos que fazia com as agências de publicidade. As cifras saltam aos olhos: mais de 300 milhões de reais chegaram aos seus bolsos e dos seus comparsas na roubalheira desenfreada do dinheiro público. Ao se sentir acuado foi o primeiro a acenar com a delação premiada. Como Ministério Público tinha interesse em emparedar o PMDB decidiu, a exemplo dos irmãos Batista, atenuar a pena de Pereira. Foi sugerido a ele uma pena de quatro anos com total regalia. Por apenas um ano, Pereira teria que ir ao presídio à noite para dormir. Os outros três anos, ele ficaria em casa e na rua com autorização para fazer viagens nacionais e internacionais. Ora, para quem se beneficiou com os milhões de reais roubados, a pena era mais um prêmio do que um castigo.

Detalhes

Lewandowski viu nesse acordo do Ministério Público um crime de lesa pátria, por isso não o homologou. Quer saber mais detalhes, quer mais informações e quer, sobretudo, saber por que tanta brandura com quem foi um dos principais autores da maior organização criminosa do Rio. Pela delação de Pereira, não há mais duvidas quanto à sua participação ativa dentro da quadrilha. Todo dinheiro do marketing de campanha e da publicidade do governo e do município passava por suas mãos e ia para as dos outros comparsas da publicidade que topavam esse tipo de acordo espúrio contra as finanças do estado.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Certo

O ministro do STF agiu certo quando devolveu os papéis da delação premiada de Renato Pereira. Atende, com isso, ao clamor dos indignados que não aceitam mais esse tipo de conchavo, onde o delinquente é recompensado pelo crime que cometeu apenas por dizer quem são os larápios com quem estava se acumpliciando com os seus atos. Essa benevolência do Ministério Público com alguns delatores está chamando a atenção do STF desde o acordo feito com os irmãos Batista que tiveram seus crimes imputados por Rodrigo Janot. O tribunal desfez a negociata e eles agora estão presos para responder por todos os crimes financeiros que cometeram contra os órgãos públicos.

Comemoração

Renato Pereira já estava comemorando a pena branda oferecida pelo Ministério Público por sua delação, pois até viajar para o exterior lhe era permitido. No momento vive a incerteza do que pode acontecer com a sua vida ao se submeter a novos interrogatórios que vão revelar, de verdade, o tamanho do seu crime e da sua participação com a quadrilha dos políticos cariocas.

Os maluquetes

Para os maluquetes que foram às ruas gritar “é golpe, é golpe”, o PT agora reponde com aliança com o PMDB golpista em pelos menos seis estados: Alagoas, Ceará, Piauí, Sergipe, Minas Gerais e Paraná com o aval de Lula, que, com isso, acha que pode tirar o partido do esgoto, onde ambos estão metidos. Essa aliança justifica o silêncio do Partido dos Trabalhadores as mazelas do governo Temer e a negociata do patrimônio brasileiro como a Eletrobras, a maior holding de energia elétrica do Planeta que, certamente, cairá nas mãos dos chineses.

O golpe

Esses mesmos maluquetes que se esgoelaram para denunciar o “golpe”, estão passivos diante da liquidação das empresas brasileiras que começou com os aeroportos e estão chegando ao patrimônio estratégico do país, como o setor de energia – hidrelétrico e petrolífero. Este ano, os chineses já investiram 8,5 bilhões de dólares em empresas brasileiras, participando com 12% de todos os leilões realizados até agora. Mas, na verdade, os olhos chineses visam o domínio energético, estratégico em qualquer nação. De uma só tacada eles compraram quatro usinas hidrelétricas este ano.

pretensões de liberdade. A expectativa agora é de delação.

Estratégico

E os chineses? Sim, os chineses. No governo de Temer, os chineses estão deitando na sopa porque conhecem a dificuldade financeira do Brasil para fechar suas contas. Por isso pretendem ampliar “legalmente” o espaço deles nesse setor: o de energia. A exemplo do que aconteceu com as rodovias brasileiras que pioraram com a privatização – algumas delas até foram devolvidas ao governo -, não existe nenhuma garantia dos chineses O grupo chinês Spic pagou apenas pela Usina São de grandes investimentos no Simão, da Cemig, 7 bilhões de reais no pregão. setor hidrelétrico. Além disso, Eles também se movimentam para arrematar as não é correto o país entregar seu áreas mais promissoras de petróleo nas bacias patrimônio estratégico (segurança produtoras do Brasil. De 2009 a 2016, a fatia de nacional) a estrangeiros, sujeito participação dos chineses nas compras e fusões a um apagão numa situação de em empresas brasileiras nunca havia ultrapasconflito. sado os 4%. Mas, este ano, 35% do valor gasto pelos estrangeiros no Brasil vieram do bolso dos chineses. Isso ocorre, evidentemente, porque o Temer é o governo do faz de conta. Ele senta na cadeira E os maluquetes? Continuam silenciosos. Apenas de presidente, mas quem manda na economia é o Henrique Meirepara lembrar, na eleição que disputou com Lula, Geraldo Alckmin chegou até se fantasiar de estatal lles, o banqueiro, fantasiado de (portava as logomarcas das grandes empresas es- liberal e boa “gente” que está tatais na camisa) para negar que iria privatizá-las, liquidando o país em nome da recuperação econômica e da como alardeava o Lula nos seus programas eleitorais. Descobriu-se, depois, que o PT tinha um inflação controlada. Só um idiota interesse peculiar para defender essas empresas: não percebe que Meirelles transformou o Brasil em um balcão roubá-las. E assim os militantes fizeram durante quatorze anos, saqueando os cofres da Petrobrás, de negócios, onde a voz mais ouvida é a do “quem dá mais” do da Eletrobras e de empresas termonucleares, leiloeiro. Para o Temer, que govapenas para citar algumas. erna, mas não manda, o importante é se segurar na cadeira de presidente mesmo que para isso transforme-se no governo mais E os maluquetes? Durante todo esse período, os “entreguista” desse século. maluquetes também se locupletaram da baderna financeira. A República Sindical ocupou postos estratégicos nas empresas estatais e de lá saíram com as burras cheias de dinheiro. Muitos estão Para quem nunca imaginou cheem cana. Um deles, o Vaccari, ex-tesoureiro do gar à Presidência da República PT, acaba de sofrer um revés. Viu os desembarpelo voto, tudo é lucro para ele e gadores gaúchos dobrarem a sua pena. Para seus asseclas. E lucro mesmo! quem já se achava com os pés fora do presídio, Ah, e os maluquetes? Continuam não deixa de ser um balde de água fria nas suas dormindo. Quando acordarem,

Negociata

Fantoche

Fantasia

Baderna

No lucro

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MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 30 DE NOVEMBRO DE 2017

GABRIEL MOUSINHO

Hora de decisão

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ratando de assuntos essenciais para o município de Maceió, na Espanha, o prefeito Rui Palmeira se debruça sobre a sucessão estadual no próximo ano. Calado como é do seu feitio, ele analisa, pensa, faz cálculos, vê de perto quem está do seu lado, amadurece as ideias e deve decidir mesmo no início de 2018. Rui, para quem não conhece, é o tipo do político estrategista, frio, calculista. Herdou as habilidades do pai, ministro Guilherme Palmeira. e do senador Rui Palmeira, é sério, decente e não se intimida com provocações. Sua história política lhe credencia para disputar qualquer mandato em Alagoas, principalmente o de governador. E o povo sabe que sendo um homem público sério, como poucos no estado, está pronto para novos desafios. O prefeito de Maceió se preparou para novas funções. Foi deputado estadual, deputado federal e prefeito da capital. Não mente, faz o que é possível para os maceioenses sem demagogia, não usa das suas prerrogativas para alcançar novos postos na política e é honesto. É um exemplo da nova geração, embora muita gente, por interesses outros, não pense da mesma maneira. O prefeito Rui Palmeira é uma das grandes alternativas para assumir os destinos de Alagoas. Se topar a parada, sabe que vai enfrentar a velha prática política do é dando que se recebe, a pressão intensa com as lideranças e o eleitorado de Alagoas, mas consciente de que quer dias melhores para o nosso estado sofrido, discriminado, utilizado para benefícios próprio daqueles que sempre usaram o poder para se locupletarem. A decisão tem que ser consciente e esta é a hora.

gabrielmousinho@bol.com.br

Mais mudanças

Espera-se para o começo de dezembro mais mudanças no alto escalão do governo do Estado. Novas lideranças deverão assumir cargos no governo de Renan Filho, dentro da projeção de novas alianças políticas. O PT é que está com a pulga atrás da orelha.

Complicação Muito devagar

Convite ao Senado

Algumas informações de Brasília dão conta de que o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, teria recebido convite pessoal do presidente Temer para apoiar sua candidatura ao Senado, fazendo dobradinha com o senador Benedito de Lira. Temer promete apoiar os dois para o Senado na chapa que teria Rui Palmeira para o governo. O problema é saber onde ficará Téo Vilela nessa história toda.

Os bastidores

Existem as perspectivas de que Biu e Quintella saindo candidatos ao Senado, Rui Palmeira poderia desembarcar em outro partido, para evitar um constrangimento com Téo Vilela, que lhe entregou o PSDB. O problema é que ninguém confia no Téo, que sempre fez dobradinha com Renan Calheiros nas eleições majoritárias.

Bola da vez

O deputado Rodrigo Cunha, lembrado para todos os cargos majoritários, agora estaria sendo cogitado para ser vice numa eventual candidatura de Rui Palmeira ao governo do Estado. Se não vingar, pelo menos a oposição está mostrando que o jogo é pra valer em 2018.

Com as unhas de fora

O secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico, Rafael Brito, recém- nomeado para o cargo na cota de Ronaldo Lessa, já dá sinais de que será candidato a deputado estadual nas próximas eleições. Genro do conselheiro do Tribunal de Contas, Otávio Lessa, Brito tem se revelado no bom trato e no atendimento a lideranças do interior do estado, prometendo facilidades.

Pisando na bola

O senador Renan Calheiros está devendo explicações à sociedade alagoana sobre a afirmação da filha do vereador assassinado em Batalha, Neguinho Boiadeiro, de que nada iria acontecer com a família dele.

Alto lá

O ex-secretário de Abastecimento da Prefeitura de Maceió, Ricardo Lessa, deixou a pasta com uma passagem sob suspeita. Na Câmara de Vereadores o comentário é de que já foram constatadas várias irregularidades por onde ele passou.

Para apoiar Renan Filho, o deputado federal Ronaldo Lessa ficou de indicar o dirigente do PDT, Lailson, para a presidência da Arsal, que até agora não saiu. O atual presidente, Marcos Vasconcelos, que está fazendo um excelente trabalho no órgão, não deve facilitar a substituição.

Alianças

O grupo de oposição aos Calheiros vem tendo uma atenção especial para com as eleições do próximo ano. O importante agora, avaliam os líderes, é que se defina o quanto antes os candidatos às eleições majoritárias, para não prejudicar os candidatos proporcionais. Rui Palmeira é o nome mais indicado para disputar com Renan Filho, mas ele só quer falar no assunto em 2018.

Definido

Mesmo ante a expectativa de a oposição lançar um candidato ao governo, o prefeito Rui Palmeira já garantiu que o seu grupo terá um candidato forte, capaz de bater Renan Filho nas urnas, como aconteceu na última eleição para prefeito de Maceió.

Voltando

Com uma atuação das mais pífias na Câmara Federal, Cícero Almeida já anunciou que é mesmo candidato a estadual nas próximas eleições. Almeida, que ainda responde o processo da Máfia do Lixo, acredita que terá uma votação expressiva, embora seus prognósticos para federal foram exatamente o contrário, quase perdendo a eleição para o filho do conselheiro Cícero Amélio.

Pronto

O vice-prefeito Marcelo Palmeira está pronto para assumir o município de Maceió caso Rui Palmeira seja realmente candidato ao governo. Palmeira tem acompanhado diariamente as obras na capital e substituído o prefeito à altura, como aconteceu agora com a viagem de Rui para a Europa.

O senador Renan Calheiros foi condenado pelo juiz Waldemar Carvalho, da 14ª Vara Federal, em Brasília, a perder o mandato na ação de pagamento de pensão a um filho que teve com a jornalista Mônica Veloso. Mas Renan tem se mostrado tranquilo e diz que vai recorrer com serenidade.

Mais 11

Segundo o Globo, além de oito inquéritos em que é investigado na Lava Jato, Renan ainda responde a outros três no Supremo Tribunal Federal, sendo um da Operação Zelotes – que apura um esquema de compra de sentença no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – Carf -, um sobre fraudes na construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, e outro sobre movimentação financeira suspeita.

Destaque

Priscila Palmeira e Francisvaldo Basílio, da Secretaria de Agricultura de Traipu, têm sido destaques na área em todo o estado. Só com o Banco do Nordeste 456 agricultores receberam investimentos na ordem de R$ 2,280 milhões, além do atendimento a avicultores, ovinocultores e suinocultores em parceria com a Emater. Traipu ainda projeta construir mil cisternas de primeira água, 300 de segunda água, 25 cisternas telhadão, 100 cisternas aprisco e 20 caprinocultores no programa Cordeiro Quali. A equipe é de primeiro linha, diz o prefeito Eduardo Tavares.


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Gastos da Massa Falida da Laginha passam de R$ 38 milhões

GRUPO JOÃO LYRA LEILÃO DAS USINAS DE MINAS É ESPERANÇA PARA 16,5 MIL TRABALHADORES

VERA ALVES veralvess@gmail.com

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três meses de completar quatro anos, a falência do Grupo João Lyra ainda é um trauma para milhares de pessoas que tiveram suas vidas desestruturadas pela incompetência gerencial daquele que já foi um dos mais importantes conglomerados econômicos do estado de Alagoas. São milhares de credores, mas os mais prejudicados são os mais de 16 mil trabalhadores que até hoje alimentam a esperança de receberem os salários e demais direitos trabalhistas que lhes foram negados após anos de serviços ao ex-deputado federal e hoje falido usineiro. O mais grave em meio à turbulência em que se transformou a falência das usinas e demais empresas do grupo reunidas sob a holding Laginha Agroindustrial é que mais de R$ 38 milhões já foram consumidos pela administração judicial sem que nenhum credor tenha recebido qualquer valor. Uma cifra que tende a ser bem maior, já que há períodos sobre os quais não existe informação oficial e confiável acerca dos gastos pelos administradores judiciais. O período mais turbulento e menos transparente da Administração Judicial da Laginha é o que envolve o ex-adminis-

Juiz Leandro Folly conduz processo da falência desde dezembro de 2016

trador judicial Carlos Benedito Lima Franco dos Santos e os ex-gestores judiciais Felipe Carvalho Olegário de Souza e X Infinity Invest & Assessoria Empresarial Ltda. A eles é imputado o maior volume de gastos – R$ 27 milhões no período de maio de 2014 a maio de 2015, dos quais R$ 20,5 milhões foram oriundos de repasses pela Companhia Nacional de Abastecimento a título de subsídio da cana devidos ao Grupo JL. Os valores foram divulgados ainda em 2015 pelo perito judicial Joel Ribeiro dos Santos Junior e fazem parte de um dossiê entregue à Justiça e ao

Ministério Público Estadual naquele ano. O perito havia sido contratado em julho junto com o administrador e gestor judiciais, João Daniel Marques e Luiz Henrique Cunha, respectivamente. O trio acabou sendo afastado em março último pela comissão de juízes que assumiu a condução do processo de falência que tramita na Comarca de Coruripe. O afastamento, de acordo com os juízes Leandro de Castro Folly, Phillippe Melo Alcântara Falcão e José Eduardo Nobre, foi motivado pela falta de confiança entre as partes. Primeiro magistrado a ser designado como novo condutor do processo

de falência, em dezembro do ano passado, Leandro Folly somente teria sido procurado pelo então administrador João Daniel no dia 3 de março, quando este apresentou um pedido de audiência. “Desde que o juiz Leandro de Castro Folly foi designado para responder por este processo, em 16/12/2016, em nenhum momento foi procurado pelo administrador ou pelo gestor judicial para que expusessem as questões pendentes e urgentes, bem como para prestar contas, pessoalmente, de suas condutas até então restringindo-se ao pedido de uma audiência em requerimento escrito datado de 3 de março do corrente ano, o que revela, no nosso entender, falta de comprometimento com o resultado útil do processo”, explicaram no despacho datado do dia 7 de março. No mesmo despacho em que destituiu administrador e gestor judiciais e o perito, a comissão de juízes designou a empresa Lindoso e Araújo Consultoria Empresarial LTDA, com sede em Recife (PE) e representada por José Luiz Lindoso da Silva, como nova Administradora Judicial da Massa Falida da Laginha. TRANSPARÊNCIA Embates à parte, o período em que João Daniel Marques esteve à frente da Administração Judicial é o único em que as prestações de contas foram disponibilizadas publicamente. Elas estão no endereço eletrônico http://www.grupojl.com. br e compreendem o período de agosto de 2015 a fevereiro deste ano, totalizando gastos de R$ 7.837.636,72. Trata-se de um resumo mês a mês das receitas e despesas. No caso da receita, em janeiro, por exemplo, o maior valor arrecadado é o referente ao arrendamento da Usina Uruba pela Cooperativa Agrícola do

Vale do Satuba-Copervales: R$ 1.086.379,64. Outros R$ 118.657,80 foram arrecadados com a venda de cana pertencentes às usinas Uruba (R$ 17.657,80) e Guaxuma (R$ 101 mil), esta última vendida para Jorge Luiz F. de França. Há, ainda, a locação de um tanque para a ADN Assessoria Logica e Desenvolvimento no valor de R$ 21.177,37. O balanço de janeiro traz o total de R$ 404.006,27 em despesas, dos quais R$ 66.106,48 pagos à Administração Judicial, R$ 42.750 por assessoria jurídica e R$ 195.654,27 de despesas com pessoal. Entre março deste ano e até este mês de novembro, os gastos da Administração Judicial sob condução da Lindoso somam R$ 3.256.275,25 de acordo com levantamento feito pelo EXTRA nos autos do processo da falência da Laginha. Somados ao período da gestão de João Daniel, são R$ 11.093.911,97 em despesas durante dois anos e três meses. A Lindoso adotou uma nova metodologia no que se refere às despesas. Elas somente são quitadas após autorização pela comissão de juízes. Assim, mês a mês, a empresa apresenta a planilha para pgamento dos gastos referentes a salários, segurança privada e honorários e no mês subsequente entrega a prestação de contas. Em relação a este mês de novembro a empresa informou que a despesa da Massa Falida é de R$ 450.855,63 em função do pagamento da primeira parcela do 13º salário dos funcionários. Em outubro foram R$ 371.613,28; R$ 373.972,19 em setembro; R$ 385.917,87 em agosto; R$ 395.218,25 em julho; R$ 423.191,18 em junho; R$ 438.975,87 em maio; R$ 446.660,58 em abril; e, R$ 393.061,67 em março (do dia 16 a 30).


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Leilão das usinas de Minas, a esperança dos trabalhadores

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e nenhuma surpresa acontecer até a manhã desta sexta (24) começa hoje e se estende até a próxima quinta, 30, o leilão das duas usinas da Laginha no estado de Minas. Nomeado representante do Comitê de Credores no acompanhamento de todo o processo falimentar, o advogado Fábio Lima diz que a expectativa é muito otimista, já que a venda destes ativos possibilitará a quitação das dívidas com os credores trabalhistas. Em valores de 2014, publicados no Diário da Justiça Eletrônico, os créditos trabalhistas da Laginha somavam R$ 124.706.464,42, sendo R$ 107.547.617,13 extraconcursais e R$ 17.158.847,29 concursais, o que em valores atualizados está no patamar dos R$ 150 milhões. Também até 2014 haviam

16.500 processos trabalhistas envolvendo a Massa Falida da Laginha e outros 4 mil cíveis. A usina com maior valor de oferta no leilão é a Triálcool, localizada em Canápolis. O parque industrial e suas 24 propriedades estão avaliados em R$ 223.043.700,00. A Usina Vale do Paranaíba, no município mineiro de Capinópolis, é avaliada em R$ 206.358.000,00 com as 17 propriedades rurais. Até a manhã desta quinta (23), o portal Canal Judicial (www.canaljudicial.com. br), especializado em leilões, contabilizava 1193 visitas aos detalhes de venda da Triálcool e 1198 aos da Vale do Paranaíba. O leilão das usinas está sob responsabilidade do Superbid Leilão Judicial. As ofertas não podem ser inferiores a 60% do valor de avaliação.

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Justiça desmembra ação e aumenta risco de calote dos usineiros

PERIGO À VISTA SETOR DO AÇÚCAR COMEMORA DECISÃO; PROCESSO VAI TRAMITAR POR ANOS

DA REDAÇÃO

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s usinas ligada à chamada Cooperativa dos Usineiros de Alagoas que conseguiram recuperação judicial, aumentando risco de calote com os credores - tiveram mais uma vitória, na mesma Justiça. A ação - antes coletivaagora é individual e continua a tramitar em um único local, a 4ª Vara, onde os usineiros conseguiram, em conjunto, o aval para a recuperação judicial. Isso significa que as chances de os credores receberem os valores devidos integralmente, com juros e correção, pela Cooperativa, é próximo de zero. E pela complexidade da ação e os tantos interesses envolvidos - o maior deles são os milhares de empregos- um processo nestas condições deve durar anos. “É estranho. Se você vai fazer uma ação coletiva é porque não quer individual. Entra-se com uma ação coletiva e, logo em seguida, o juiz desmembra, para que cada um se torne ação individual, na mesma vara? Se cada um entrasse individualmente, cada um iria para uma vara diferente”, explicou um especialista em direito tributário, ouvido pelo EXTRA.

Decisões do juiz Ayrton Tenório têm sido favoráveis aos usineiros; credores temem calote

A aceitação da recuperação judicial das usinas que integram a Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas é a pior notícia na área econômica do estado em 2017. Integram este pacote: a Copertrading- Comércio, Exportação e Importação S.A., a Mecânica Pesada Continental e as usinas Sinimbú, Sumaúma, Penedo Agro Industrial, Capricho, Seresta, Porto Rico e Porto Alegre. É a pior notícia por causa do histórico destas usinas. Ou brigam na Justiça questionando valores devidos em energia elétrica ou ajudaram a falir o Produban, o banco do Estado, ou foram beneficiadas pelo acordo dos usineiros, quando Fernando Collor era governador de Alagoas e mais dois acordos: nos governos Divaldo Suruagy e Ronaldo Lessa.

AÇÕES ESTRANHAS Para atrair a ação dos usineiros alagoanos para a 4ª Vara - onde tramita o pedido de recuperação judicial - o argumento é que nela tramita pedido de falência movido por uma empresa, O Borrachão LTDA, contra a Companhia Açucareira Central Sumaúma, ação distribuída por sorteio para o juiz Ayrton Tenório em 18 de janeiro. E são tantas ações estranhas neste processo - e ele mal começou a tramitar- que aumenta a incerteza do mercado quanto à transparência ou lisura. A começar da aceitação da recuperação judicial. O pedido dos usineiros chegou à 4ª Vara em 24 de outubro, às 15hs12. No dia 25, às 15hs37, teve a decisão favorável. Em um dia, o juiz leu as 5.756 pá-

ginas - incluindo balaços financeiros, gráficos- em 24 horas. Além disso, o magistrado nomeou para exercer a função de administrador judicial Evandro Jucá Filho, assessor do mesmo juiz, em 2010, e também assessor do Tribunal de Justiça até novembro de 2013, quando foi exonerado do cargo. GROSSO DA DÍVIDA Cada uma das usinas desta ação de recuperação judicial apresentou uma lista de credores. Muitos destes débitos são trabalhistas, porém o grosso da dívida é com os bancos. Na relação de credores apresentada por Evandro Jucá Filho estão o Banco do Nordeste (cobra R$ 143 milhões em dívidas), o China Construction Bank, o segundo maior banco da China (R$ 120,5 milhões) e o Banco Daycoval S.A (R$ 24,9

milhões). Também estão: o escritório da advogada da Cooperativa dos Usineiros, Maria Fernanda Vilela, ex-secretária da Fazenda do Governo Teotonio Vilela Filho, da qual é irmã (R$ 375.869,60), o marido dela, João Tenório (R$ 207.895,00), Elias Brandão Vilela, irmão de Fernanda (R$ 6.559,00) e José Ribeiro Toledo Filho, irmão do conselheiro do Tribunal de Contas, Fernando Toledo, e tio do deputado estadual Bruno Toledo (R$ 2.811,00) A família Vilela é dona da usina Seresta; os Toledo são donos da Penedo Agroindustrial. As usinas alegaram, para os pedidos de recuperação judicial, estiagem, endividamento, despesas com abastecimento de água, além de perda da rentabilidade do açúcar e do etanol, excesso de endividamento, diminuição da área de plantio da cana em Alagoas, queda na produtividade das lavouras. Mais: elevação das taxas de juros dos bancos “aumentado vertiginosamente as despesas financeiras das usinas canavieiras”. A política de represamento do preço da gasolina gerou perdas de R$ 40 bilhões para os produtores de etanol de 2011 a 2014. E as condições climáticas na região canavieira. Principal argumento do juiz Ayrton Tenório para aceitar o pedido de recuperação judicial foi a importância destas empresas no desenvolvimento socioeconômico das regiões onde se concentram. O pedido de recuperação judicial é investigado pelo Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), do Ministério Público Estadual.


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Cristiano Matheus está inelegível

CRIME ELEITORAL EX-PREFEITO É CONDENADO POR GASTOS EXCESSIVOS COM PUBLICIDADE EM ANO ELEITORAL VERA ALVES veralvess@gmail.com

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fastado do cargo três meses antes de concluir o mandato, o ex-prefeito Cristiano Matheus foi condenado à perda dos direitos políticos por oito anos, estando inelegível até as eleições de 2024. A decisão é da juíza Luciana Josué Raposo Lima Dias em sentença prolatada no dia 13 deste mês na ação de investigação judicial eleitoral sobre os gastos excessivos com publicidade pelo então prefeito de Marechal Deodoro no primeiro semestre de 2016, ano de eleições municipais. De acordo com os autos, a Prefeitura de Marechal Deodoro gastou R$ 953.268,32 com publicidade no primeiro semestre do ano passado. A defesa de Cristiano Matheus afirma que os gastos foram

Cristiano Matheus não pode concorrer a qualquer pleito até 2024

de R$ 805.606,65. O fato é que tanto um quanto outro valor superam, e muito, a média dos gastos com propaganda institucional no primeiro semestre dos anos de 2013, 2014 e 2015, que foi de R$ 418.866,65. A legislação eleitoral em vigor proíbe aos Executivos que os gastos com publicidade institucional em ano de eleição

superem a média dos gastos do primeiro semestre dos três anos anteriores. No caso de Marechal Deodoro, em 2013 o gasto foi de R$ 514.482,47, caindo para R$ 203.120,00 no primeiro semestre de 2014 e subindo para R$ R$ 538.997,50 no primeiro semestre de 2015. Sendo assim, o ex-prefeito gastou R$ 400.801,24 a mais do que a mé-

dia dos últimos três anos. A magistrada julgou improcedente a denúncia contra José Gilvan Ribeiro de Almeida Filho (Júnior Dâmaso) e Everaldo Pereira Lopes Júnior (Júnior Lopes), candidatos a prefeito e vice nas eleições do ano passado pela coligação Juntos por Marechal e que eram apoiados pelo então prefeito. Eles foram derrotados por Cláudio Roberto Ayres da Costa (Cacau) e Walter Avelino de Alcântara, prefeito e vice eleitos pela coligação Mudança que o Povo Quer, autora da ação de investigação judicial eleitoral. A juíza Luciana Raposo ainda condenou Cristiano Matheus ao pagamento de multa no valor de 25 mil UFIRs, ou seja, R$ 607.250 em valores atuais. E justificou sua decisão assinalando que “além da gravidade concretada da conduta, perpetrada em pequeno município de interior de Alagoas, que contava nas eleições de 2016 com pouco mais de 31 mil eleitores, verifica-se que CRISTIANO MATHEUS se trata de pessoa com experiência política, na medida em que já foi parlamentar no Congresso Nacional, ocupando o cargo de Deputado Federal por Alagoas, ocasião na qual integrou como membro titular a Comissão

Permanente de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. Ademais, foi prefeito por dois mandatos no município de Marechal Deodoro, tendo assumido a cadeira de chefe do Poder Executivo da mencionada cidade em janeiro de 2009. Além disso, deve-se ter em conta não somente o conhecimento político de CRISTIANO MATHEUS, mas também sua experiência com os meios de comunicação, já que, dentre outros trabalhos foi locutor e apresentador da Sampaio Rádio e Televisão, da TV Alagoas, e trabalhou como locutor de noticiário da TV Pajuçara”. Como se trata de decisão em primeira instância, ainda cabe recurso. Vale lembrar que Cristiano Matheus foi afastado da Prefeitura de Marechal Deodoro em setembro do ano passado por decisão da Justiça Federal acusado de uma série de atos de improbidade administrativa que incluem desvio de recursos públicos e fraudes em licitações. Ele também responde a processos por improbidade na Justiça estadual e que inicialmente tramitaram no Tribunal de Justiça face o foro privilegiado como prefeito. As ações agora tramitam em primeira instância na Comarca de Marechal Deodoro.


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Entidades defendem que precatório deve ser aplicado em Educação

FUNDEF MAIS DE 40 MUNICÍPIOS ALAGOANOS TÊM DIREITO A R$ 1 BILHÃO DO ANTIGO FUNDO

que de relevante interesse público, como a construção de estradas ou saneamento básico, constituem ato ilegal, ilegítimo e antieconômico.” ENTENDA O CASO Durante a vigência do Fundef, entre 1997 e 2006, a União deixou de repassar, aos municípios, valores devidos conforme a legislação. Com a decisão judicial em ação civil pública já transitada em julgado, o Governo Federal foi obrigado a pagar essa dívida. O Fundef foi substituído pelo Fundeb e é composto por recursos de cada estado e complementado pela União nos casos em que não alcance o valor mínimo previsto nacionalmente.

MARIA SALÉSIA com assessoria

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polêmica envolvendo o destino dos recursos oriundos de precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) hoje, Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), se arrasta há algum tempo. Mais de 40 municípios alagoanos têm o direito de receber R$ 1 bilhão do antigo fundo, cabendo aos gestores o cuidado de não incorrer em nenhuma infração. É que enquanto o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a verba só poderá ser aplicada na área da Educação, o Tribunal de Contas do Estado de Alagoas decidiu que pode ser usada em várias áreas respeitando os limites constitucionais de 25% para a Educação. Entidades envolvidas na causa apelas para que a Corte de Contas reveja seu posicionamento e acompanhe a decisão Federal. Um dos defensores de que o recurso seja aplicado exclusivamente em Educação é o promotor de Justiça e coordenador do Fórum de Combate à Corrupção

José Carlos Castro defende que haja bom senso e recursos sejam utilizados em melhorias na Educação

em Alagoas (Focco/AL), José Carlos Castro. Segundo ele, desde 2014 a instituição tem se preocupado com destino dos precatórios. Inclusive, o Focco entrou com representação junto ao MPde Contas para que a verba não seja desviada para outras finalidades. “Cada dia nossa teoria se consolida de que esses recursos devem ser veiculados a educação”, disse ao acrescentar que a Justiça Federal já tomou decisões favorável nesse sentido e o TC da União assim também entendeu. O Coordenador do Fórum acredita que o único Tribunal de Contas que entende de forma contraria é o de Alagoas, mas que o MP de Contas vem reiterando suas manifestações no sentido de que essa situação seja revertida. “O TC de Alagoas recentemente decidiu pela desvinculação dos recursos determinando percentuais de acordo com o gestor enten-

der. Apenas 25% fosse necessariamente aplicado em educação. Nós entendemos diferente”, comparou. Como as decisões são divergentes, Castro pede a compreensão dos conselheiros do Tribunal de Contas para que revisem a posição, pois os gestores podem ser prejudicados. Podendo incorrer em ação de improbidade. E foi na tentativa de acompanhar mais de perto o destino dos precatórios que o TCU determinou que as secretarias nos estados fizesses levantamentos nos municípios contemplados para saber como foram aplicados os recursos. “A preocupação é que haja má aplicação desses vultosos recursos. É como se um poço de petróleo estivesse jorrando e sem um destino correto”, comparou. O promotor de Justiça relembra o caso do ex-prefeito de Canapi, onde foi constatado desvio do dinheiro oriundo de

precatório. Ele se refere a Celso Luiz Tenório Brandão , o Celso Luiz, que foi preso em maio deste ano durante uma operação da PF que buscava desarticular uma organização criminosa responsável por um prejuízo de R$ 17 milhões ao antigo Fundef e de outros programas do governo federal na área de educação, entre 2015 e 2016. “Quando se fala em educação, Alagoas amarga os piores índices. Se essa verba for bem utilizada, isso poderá resultar na melhoria da educação básica nesses municípios”, disse o promotor de Justiça e coordenou do Fórum. Castro argumenta que diante dos desencontros de determinações para uso dos precatórios, os gestores devem ficar atentos para o entendimento do TCU. O órgão diz que “ o pagamento de honorários de advogados com esses recursos, ou a destinação desses valores para outras áreas da ação municipal, mesmo

AMA ESCLARECE O assessor técnico na área de Educação da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Luiz Geraldo, esclareceu que o número exato de municípios contemplados com recurso do Fundef é inconsistente, pois nem todos os que fazem parte da lista receberam a verba. Segundo ele, em alguns casos houve a liberação, mas em seguida foram bloqueados. De acordo com o técnico, apesar da polêmica que envolve o caso, os municípios devem seguir o que interpreta a Corte. E ultimamente o que se tem acordado é que o recurso é da educação, mas não para bonificação. “A interpretação que prevalece é de que o recurso deve ser destinado a área de educação com gasto em investimento”, aconselhou. Vale ressaltar que à época em que foi anunciado a liberação dos recursos, a AMA emitiu nota técnica sobre precatórios do Fundef. O documento informava aos gestores dos cuidados quanto a correta aplicação dos recursos e das divergências quanto ao destino.


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Infecção hospitalar mata mais do que AVC e infarto

PERIGO INVISÍVEL

BASTA UMA PESSOA NÃO LAVAR AS MÃOS PARA EXPOR O PACIENTE AO PERIGO tes que vão para essa área dos hospitais estejam sempre em estado grave, o que aumenta a taxa de infecção e letalidade. Foi também constatado que medidas básicas, como uso de antibióticos, dosagem de exames ou colheita de culturas, que poderiam ajudar a prevenir a sepse por parte dos hospitais não estão sendo tomadas. A ideia da pesquisa é que as informações coletadas sejam uteis para elaborar estratégias que ajudem no melhor atendimento por parte das UTIs e na prevenção de mortalidade, principalmente às que correspondem à sepse.

VALDETE CALHEIROS Repórter

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infecção hospitalar é um dos maiores temores dos pacientes que precisam se submeter a um procedimento ambulatorial ou a uma internação prolongada em uma unidade de saúde, seja pública ou particular. O medo tem sua razão de ser e encontra amparo nas estatísticas assustadoras sobre o assunto. Mais da metade dos pacientes com sepse vai a óbito nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) do país. A falta de medidas de prevenção, como o simples ato de lavar as mãos, por parte das unidades hospitalares pode ser um dos principais motivos pela morte de mais de 230 mil pessoas por ano. Mais de 55,7% dos pacientes internados por conta da infecção generalizada acabam morrendo. A morte por infecção generalizada é mais comum do que os óbitos causados por acidente vascular cerebral (AVC) e infarto. É comum, mas não deveria ser assim. Em sua maioria, as infecções hospitalares são evitáveis com simples hábitos de higiene e cuidado no trato com o paciente. Os dados fazem parte do levantamento publicado na revista Lancet Infection Diseases, feito por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Instituto Latino Americano de Sepse, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que avaliou pacientes com sepse atendidos em UTIs particulares e públicas do Brasil. Recomendações simples,

como a higienização das mãos, podem reduzir em cerca de 70% o risco de contaminação. No Brasil, a taxa de contágio é de 15%, segundo o Ministério da Saúde – mais alta do que em países da Europa e nos EUA, onde o nível chega a 10%. Ainda conforme o levantamento cientifico, em 24 horas, um paciente da UTI tem contato com pelo menos 15 pessoas, entre médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares e visitantes. Se uma delas falhar na higienização das mãos, o paciente poderá ficar exposto à contaminação por agentes que causam infecções. Gestos simples como lavar as mãos salvam vidas e se transformam na principal barreira de entrada de uma infecção hospitalar. A cada contato com o paciente é preciso lavar as mãos, friccionando vigorosamente toda a superfície das mãos e punhos, utilizando bastante sabão ou detergente.

Em seguida, faz-se necessário enxaguar abundante em água corrente. A lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das infecções hospitalares. Em Alagoas, o EXTRA procurou o Conselho Regional de Medicina (CRM) que disse não ter dados estatísticos sobre o assunto. A Coordenação Estadual de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) também foi procurada, através da assessoria de comunicação da pasta. A pedido da própria assessoria e seguindo a recomendação, foi enviado um e-mail que não foi respondido até o fechamento desta edição. A reportagem foi informada que a pessoa responsável estava em reunião. A coordenação é o órgão da Sesau responsável pela organização dos fluxos e identificação para a prevenção e controle de

infecções hospitalares. A taxa de mortalidade chamou a atenção dos pesquisadores por ser uma manifestação letal, mas que pode ser prevenida facilmente mediante a aplicação de estratégias básicas de controle de infecção hospitalar. Além disso, quando identificada precocemente, a maioria dos casos da doença são considerados “simples” de tratar, com a ajuda de antibióticos e assistência hospitalar adequada. A sepse pode ser definida como uma resposta sistêmica do organismo a alguma infecção provocada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários. Quando isso acontece, o sistema de defesa do corpo passa a atacar esse agente, atingindo o próprio organismo, e prejudicando diversos órgãos. De acordo com os autores do levantamento – que avaliou 15% de todas as UTIs brasileiras – a baixa disponibilidade de leitos nas UTIs faz com que os pacien-

CONTROLE Na tentativa de controlar a taxa de infecção hospitalar, a portaria do Ministério da Saúde nº 2.616/98, estabeleceu que todos os hospitais devem possuir uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados. Devido à portaria, cada unidade de saúde do Estado tem uma CCIH. Por sua vez, cada CCIH deve criar o seu Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) que estabelece um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente com o objetivo de reduzir, ao máximo, a incidência das infecções hospitalares. Considerada um problema de saúde, a infecção hospitalar está – ou deveria estar – entre as ações prioritárias dos gestores públicos, que procuram manter o cuidado necessário nos ambientes de assistência à saúde. (Continua na página 12)


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Unidades de saúde registram 15% de infecção hospitalar Para ajudar a combater o problema da infecção hospitalar deve haver uma padronização dos indicadores. Essa norma é fundamental para as unidades que trabalham com pacientes e também, na proteção de seus profissionais, principalmente os que atuam em áreas críticas, onde podem acontecer infecções gravíssimas, caso não seja adotada as medidas necessárias. Os casos de infecção hospitalar devem ser cadastrados e notificados no formulário online da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). CAUSAS A infecção hospitalar é provocada por microrganismos – bactérias, fungos, vírus e protozoários –, que penetram no organismo do paciente. Ou ainda quando os microrganismos já estão no corpo do paciente e se manifestam durante ou logo após a hospitalização ou realização de um procedimento ambulatorial. Essas formas de vida, invisíveis a olho nu, podem estar presentes no ambiente hospitalar, em outros ambientes e até no próprio organismo. Podem ser transmitidos por meio de água ou alimentos contaminados, de pessoa para pessoa por gotículas de saliva ou pelo ar com pó ou poeira contaminados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera até 5% um índice aceitável de infecção

hospitalar. Faltam dados recentes em Alagoas para quantificar esse nível de infecção no maior hospital público do Estado, o Hospital Geral do Estado (HGE). Mas, atenção, os hospitais e clínicas particulares não estão imunes ao risco de infecção hospitalar. A partir da confirmação do diagnóstico de infecção hospitalar, é travada uma luta, pois os microrganismos que provocam a infecção podem adquirir resistência aos medicamentos. Segundo o Ministério da Saúde, as unidades de saúde de todo o país chegam a registrar índices de 15% de infecção hospitalar. Alguns sinais “simples” podem indicar que o paciente está com infecção hospitalar, tais como febre ou hipotermia, cor da pele alterada, circulação comprometida e o quadro de piora clínica geral do paciente. Os microorganismos que podem causar infecção hospitalar concentram-se, na maioria das vezes, nas mucosas da boca e do nariz, na pele e, acima de tudo, nas mãos. Qualquer paciente está sujeito a contrair uma infecção hospitalar, no entanto, recém-nascidos, crianças, idosos, pacientes crônicos, portadores de diabetes, pacientes com câncer e pessoas transplantadas estão mais vulneráveis às infecções. Apesar de todos os cuidados e mesmo quando todas as me-

didas são cumpridas, crianças, idosos e pacientes em estado grave, internados por longo tempo, submetidos a cirurgias complexas e com doenças crônicas podem evoluir com infecção. Os pacientes com queimaduras graves são facilmente atingidos por um quadro de infecção hospitalar, pois estão sem a pele, principal barreira de proteção do corpo humano. Os hospitais e ambulatórios possuem regras de higiene e procedimentos que visam a prevenção do contágio do ambiente por bactérias e vírus que podem causar infecções e a segurança do paciente. Mas os profissionais que prestam assistência à saúde devem tomar alguns cuidados pessoais: sempre usar o jaleco fechado; retirar o jaleco para fazer as refeições; não utilizar o jaleco de outras instituições; evitar sentar no leito do paciente; usar os cabelos sempre presos ou mantê-los curtos; evitar joias ou bijuterias; cuidar da higiene das unhas, mantendo-as sempre limpas e curtas; não fazer refeições em lugares fora dos refeitórios; utilizar sapatos fechados; comunicar quando surgirem resfriados, gastroenterites e feridas; não transitar pelo hospital com alimentos. A prevenção também deve ser uma prática rotineira adotada pelos visitantes, cuidadores e todos os envolvidos no tratamento. É indicado lavar

sempre as mãos ao chegar para visitar um paciente; depois de finalizar a visita; antes e após utilizar o banheiro; antes e após fazer as refeições; antes e após arrumar os cabelos ou tocar qualquer parte do corpo; antes de preparar e administrar medicamentos; antes e após trocar ou fazer curativos. Podem causar infecção o desequilíbrio da flora bacteriana da pele e do organismo, geralmente devido ao uso de antibióticos, a queda da defesa do sistema imune da pessoa internada, tanto pela doença, como por uso de medicamentos e a realização de procedimentos invasivos como passagem de catéter, passagem de sondas, biópsias, endoscopias ou cirurgias, por exemplo, que quebram a barreira de proteção da pele. A infecção hospitalar pode ser adquirida em diversos locais do corpo, sendo que os tipos mais comuns são pneumonia, infecção urinária, infecção da pele, infecção do sangue, A pneumonia adquirida no hospital costuma ser grave, e mais comum em pessoas que estão acamadas, desacordadas ou que têm dificuldades da deglutição, pelo risco de aspiração de alimentos ou da saliva. A infecção urinária hospitalar é facilitada pelo uso de sonda durante o período de internação, apesar de qualquer pessoa poder desenvolver. As infecções de pele são mui-

to comuns devido às aplicações de injeções e acessos venosos para medicamentos ou coletas de exames, cicatriz de cirurgia ou biópsia ou pela formação de escaras de decúbito. A infecção da corrente sanguínea é chamada de septicemia, e, geralmente, surge após infecção de algum local do corpo, que se espalha pela corrente sanguínea. Este tipo de infecção é grave, e se não for rapidamente tratada pode rapidamente causar falência dos órgãos e risco de morte. Quem precisa passar por algum procedimento hospitalar, principalmente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), teme os riscos de infecções, causadas por fungos, bactérias ou vírus. Segundo a Associação Nacional de Biossegurança (ANBio), o problema é responsável por mais de 100 mil mortes no Brasil todos os anos, e preocupa os hospitais da rede pública e privada no país. Quanto maior o tempo de permanência nas unidades de saúde, maiores serão as chances de riscos de contaminação, principalmente em hospitais que tratam de doenças crônicas. O principal objetivo das ações é reduzir os casos de infecções hospitalares, as grandes vilãs da saúde do paciente. A meta da Anvisa é diminuir em 30% os índices nacionais de infecção.


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19 ANOS DO EXTRA O som que domina as noites de Maceió

BRUNO FERNANDES Estagiário sob supervisão da Redação

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arafraseando a Banda Vibrações: “Reggae é a voz do resistente, a lança do combatente”! E é mesmo! A música reggae surgiu nos guetos da Jamaica e rapidamente se espalhou pelos guetos de Maceió. É só ligar o rádio para ouvir referências que 10, 15 anos atrás eram novidade na pista de dança entalhadas em músicas de consumo rápido, todo mundo usando timbres que já fizeram a cabeça de várias casas de shows nos anos 90. Há 19 anos, quando a edição de Nº 3 do EXTRA de Alagoas estava nas bancas, o ritmo da moda em Maceió era o Reggae. O movimento originário da capital Kingston (Jamaica) surgiu como forma de protesto contra as injustiças sociais. No Jacintinho, Vergel, Benedito Bentes, alguns dos bairros mais populosos de Maceió, o reggae está vivo até hoje. A mais famosa danceteria de Maceió na época, a Skorpion’s ainda existe. Há 28 anos a casa se dedica a difundir a cultura rastafári pela capital. Os regueiros de todas as partes se encontravam no local a partir das sextas-feiras, começando às 20h e se estendiam até às

5h da manhã. Os seguranças do local afirmam desde 1998 que dentro da danceteria ninguém usa drogas, porém, só em 2017, cerca de três operações da polícia civil apreenderam menores e grande quantidade de drogas no local. SOM DA RESISTÊNCIA A raiz não nos deixa negar: o reggae é um som de resistência, por isso vem sendo criminalizado há mais tempo que o semanário mais antigo de Alagoas. Há 19 anos, o DJ e radialista Nizinho Rasta disse. “O reggae é marginalizado, porque a ideia formada que se tem dos frequentadores e amantes do ritmo são marginais, apenas por morarem na periferia”. Embora o estilo ainda seja criminalizado, pode-se dizer que ele está muito bem representado por bandas como

Maneva, Vibrações e por Edson Gomes, considerado por muitos do gênero como o maior nome da música reggae no país. Apesar da boa representação, o “hit” do momento é outro, diversas casas de shows se dedicam a produzir festas todos os finais de semana, onde a única regra é: curtir muito pop e eletrônica. O ritmo jamaicano perdeu espaço. Nunca as “mais, mais” das paradas de sucesso foram tão dançantes. Bom para a música eletrônica? Em termos. Em Maceió vemos clubes tradicionalmente do “underground” tendo que abrir as portas para tocar músicas de rádio. DJs de renome internacional e com anos de estrada como Vintage Culture e Alok desembarcam frequentemente em Alagoas. Festas com famosos tocando ou então promoters que se metem no som, botando seus pendrives para tocar mú-

sica pop, estão cada dia mais em alta. Quem confirma isso é Wagner Melo, produtor e proprietário do Orákulo Chopperia, no bairro do Jaraguá, em Maceió. A casa está aberta há aproximadamente 17 anos, e como o EXTRA, presenciou as várias fases da evolução musical na capital. “Já passamos por muita crise financeira por causa de outras casas, temos que estar atentos ao mercado, sempre inovando”, explica Wagner. Para o empresário, a faixa etária que continua se divertindo é sem dúvida a de jovens com idade en 18 e 30 anos, em sua maioria universitários, e garante, embora o local possua uma programação diferenciada com ritmos diferentes em cada dia da semana, as sextas e os sábados são dominados pela eletrônica e pop. “Começamos há 17 anos, naquele tempo nosso foco era

pop rock, mas tivemos que ir inovando, passamos para o forró, pagode, pop e agora decidimos fazer uma programação para cada gosto, mas quem domina hoje é o público que curte eletrônica e a capacidade total da casa de mil pessoas é preenchida nesses dias”, conclui ele. A produtora Vaneça Almeida, 25, concorda com Wagner. “Casas de shows apostam em nomes de peso e conseguem fechar uma noite com a quantidade que vai de 300 a 1200 pessoas”, e acrescenta outro ritmo, o Funk. Para Vaneça, atualmente as festas e a própria cena musical nacional têm se dedicado a reproduzir funk no quesito “o que mais ouvem”. Mesmo com diversos temas e propostas, a espera do público pelo funk tem sido notória e resume bem o que a noite alternativa vem oferecendo em maior quantidade. A disseminação de novas culturas musicais através das mídias sociais e dos serviços de streamings de música, foram os grandes responsáveis por toda essa acessibilidade a grandes nomes da música nacional e internacional, alcance quase impossível há 19 anos. Estar atento a tudo que é lançado de novo está diretamente relacionado à escolha dos produtores a temas de festas que mesmo de forma indireta influenciam no que é tocado em Maceió.


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Padres casados conquistam cada vez mais espaço nas igrejas PAPA FRANCISCO TEM RECEBIDO PEDIDOS PARA REAVALIAR A POSIÇÃO DA IGREJA CATÓLICA EM RELAÇÃO AO CELIBATO

VALDETE CALHEIROS

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oportunidade dada aos padres casados para voltarem ao convívio dos fiéis há alguns anos não é mais assunto proibido dentro da Igreja Católica. A mudança tem sua razão de ser pelo fato de o Brasil ser um país católico com forte carência de padres. Desde sua fundação, a Igreja Católica Apostólica Brasileira permite que padres casados assumam todos os sete sacramentos da religião: batismo, eucaristia, crisma, matrimônio, ordem, unção dos enfermos e penitência. Na Igreja Católica Apostólica Romana, por enquanto, ainda não há essa possibilidade. Segundo o arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz Fernandes, a posição da Igreja em relação a esse assunto permanece a mesma. Ou seja, “Os homens casados serão eternamente sacerdotes, mas, ao optarem pelo matrimônio eles passam a se dedicar exclusivamente a sua família e, por isso, deixam de exercer os ministérios sacerdotais”. Ainda conforme Dom Antônio, a possibilidade de os padres casados exercerem os ministérios não

passa de especulação. A Igreja Católica Apostólica Brasileira já estava de olho nessa parcela de padres, desde sua fundação em 6 de julho de 1945. A Igreja Brasileira é uma instituição religiosa, separada da Igreja de Roma e fundada por Don Carlos Duarte da Costa. A Igreja Brasileira não propõe a obrigatoriedade do celibato por considerar o casamento uma instituição divina. Formado em Roma, Dom Carlos Duarte da Costa era bispo de Botucatu, em São Paulo, quando se afastou de sua diocese para criar a dissidência brasileira da Igreja de Roma. A primeira sede fundada por ele, foi no bairro da Penha, no Rio de Janeiro. O fundador da Igreja Católica Apostólica Brasileira morreu em 1968, defendendo abertamente mais liberdade para os padres, a união civil e religiosas dos sacerdotes. Mesmo tendo posições divergentes de Roma, o idealizador do cisma católico viveu e morreu solteiro.

A Igreja Brasileira tem atualmente em Alagoas, cinco templos, quatro padres e um bispo. O mesmo há quase 20 anos, Dom Walbert Rommel Coelho Galvão Barros. Ele é casado, tem quatro filhos e é a maior autoridade alagoana nesse segmento. O padre Tibério Teylon dos Santos Correia, é um dos mais “novos” na Igreja. Está há cinco anos tomando conta de um dos templos do Estado, no bairro do Feitosa. “Há quase 20 anos, tínhamos seis templos. Perdemos um, talvez o mais tradicional e também mais conhecido, localizado na Ponta Verde e conhecido como a Igreja das pedras, devido ao material que adornava sua fachada”. Segundo ele, o terreno onde funcionava a Igreja era herança familiar, foi vendido, a Igreja indenizada e os fieis procuraram os endereços mais próximos a suas casas para continuarem com seus compromissos religiosos. O padre Tibério, está junto a demais colegas de batina, na expectativa de um encontro oficial

que irá reunir padres casados de todo o país. “Nossos sacerdotes são livres para casarem e constituírem famílias. Realizarem casamentos de 2ª união (divorciados) e batizarem as crianças independentemente da situação conjugal dos pais”, detalhou. Em Alagoas, os templos ficam na Ponta Verde, no Feitosa, no Poço, no Tabuleiro Novo e há um em construção na cidade de Anadia. A instituição se mostra aberta para admitir o aborto, o controle da natalidade (através dos métodos comuns e naturais ao planejamento familiar), concorda com o uso da camisinha, entre outros temas, abominados por Roma. Há também, pelo Brasil, sacerdotes homossexuais assumidos, cuja identidades são mantidas em sigilo por conta do preconceito social. Entre os bispos do episcopado nacional, um deles chama a atenção: o alagoano Dom Fernando Pugliese. Casado e pai de três filhos, Pugliese estudou na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, ordenou-se no Brasil e ficou nacionalmente conhecido por ser uma espécie de chanceler da Igreja Brasileira. Ele está suspenso da Igreja, desde janeiro de 2015, quando realizou o primeiro casamento homoafetivo com benção católica em Alagoas. O padre Tibério Teylon dos Santos Correia afirmou que, por questões de saúde, Dom Pugliese está afastado de suas atividades rotineiras e está recluso para tratamento médico. À época, o Igreja Católica Brasileira comunicou suspensão da ordem em nota oficial. Dom Fernando Pugliese, foi categórico: “Fiz com a melhor das intenções e não me arrependo”, disse na ocasião. Antes bispo Chanceler da diocese de Maceió da Igreja Católica Brasileira, Dom Fernando Pugliese é hoje uma espécie de bispo emérito. Com a suspensão, que é por tempo indeterminado, Pugliese não pode realizar nenhum sacramento em nome da Igreja Católica Brasileira, como rezar missas e realizar cerimônias. Quase duas décadas depois de o EXTRA ter publicado matéria sobre os padres casados e diversos outros assuntos nos quais Igreja

Católica e Igreja Brasileira têm pensamentos divergentes, a opinião das Igrejas se mantem. Para ambas, a Igreja não é contrária às conquistas na sociedade pela igualdade e isonomia entre as pessoas, porém considera o comportamento sexual humano sacramental por natureza, podendo somente ser celebrado religiosamente casamento entre homem e mulher. Mesmo fora da Igreja Brasileira e sob as bênçãos do Vaticano, os diáconos permanentes são homens casados que recebem o primeiro grau da ordem, com a missão de anunciar o Evangelho. Não podem celebrar a Santa missa, nem ouvir a confissão dos fiéis, nem celebrar a primeira comunhão, ou crisma. No entanto, podem assumir paróquias e celebrar batizados e casamentos. Depois, voltam para casa, junto da mulher e dos filhos. O comportamento tem sido uma alternativa em tempos de crise de vocações e falta de pastores. Com as bênçãos do Vaticano, o número de diáconos vem crescendo a cada ano. Existem cerca de 35 mil no mundo. No Brasil, são dois mil. Na arquidiocese de Maceió, existem 19 diáconos permanentes. Afinal, o que é diácono permanente? Eles são católicos praticantes comuns que se candidatam à vaga porque desejam servir ainda mais à sua religião, mas sem abrir mão do matrimônio e a união deve ter pelo menos dez anos. No dia a dia da igreja, esses homens são quase padres. Eles são ordenados para a liturgia, para a palavra e para a caridade. Na prática, isso significa que podem fazer quase tudo o que um sacerdote faz, exceto a consagração da hóstia e absolvição dos pecados, os sacramentos da eucaristia e da confissão. Talvez por isso foram necessárias algumas décadas até que o diácono virasse uma realidade nas paróquias brasileiras. Depende de cada bispo o desejo de ter em sua diocese o diácono permanente. Segundo estudos, o número de padres ordenados no mundo teria estacionado nos últimos 40 anos, enquanto o de fiéis disparou. No Brasil, no mais recente censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 120 milhões de brasileiros se declararam católicos. O Censo Anual da Igreja Católica no Brasil estima em cerca de 22 mil o número de padres.


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Grife de luxo beneficia Alagoas com doação de alimentos

CONTRA A FOME ESTADO COM O PIOR IDH DO BRASIL TEM 125 INSTITUIÇÕES BENEFICIADAS

Arquivo de 2012

SOFIA SEPRENY Estagiária sob supervisão da Redação

A

força da solidariedade pode mudar o mundo, e é com esse propósito que uma marca de roupas distribui pratos de alimento no estado de Alagoas, onde o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é o pior do País, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O projeto 1P5P (Uma peça, 5 pratos) é uma iniciativa da Reserva, e surgiu da necessidade de fazer algo efetivo pela sociedade. Reserva é uma marca de roupas masculina, que surgiu no Rio de Janeiro e hoje tem lojas em quase todos os estados brasileiros. O funcionamento do processo se dá através da venda dos produtos da grife. A cada peça vendida nas lojas físicas ou no e-commerce (loja virtual) da Reserva e da Reserva Mini, cinco pratos de

Santa Rosa de Lima entre as instituições beneficiadas pela campanha desenvolvida pela Reserva

comida são doados às instituições que fazem parte do Projeto Mesa Brasil do Sesc (Serviço Social do Comércio) O Centro de Formação Santa Rosa de Lima, em Marechal Deodoro, é uma das diversas instituições beneficiadas por esse projeto. O centro é uma organização não governamental que acolhe crianças e adolescentes em situação de rua, de risco e de necessidade extremas. Questionada sobre o benefício gerado graças à marca e o Mesa Brasil, a irmã Giovanna, responsável pela instituição falou da economia na compra de alimentos que a instituição tem desde quando essa parceria foi firmada.

“A gente recebe frutas e verduras de 15 em 15 dias, a depender da época do ano recebemos macaxeira, inhame, batatas, produtos que não podemos comprar, o que nos ajuda muito na nutrição de todos. Quanto maiores os repasses, mais economia para nós, mais ajuda para essas crianças, e mais comida na mesa”, destaca. Apesar da empresa não ter nenhuma loja em Alagoas, o espirito de solidariedade através desta “ponte” com o Sesc traz esperança de melhorias no estado com o pior IDH do País. O projeto foi criado em maio 2016 e desde então já viabilizou a entrega de mais de 13 milhões de refeições no estado de São

Paulo. A empresa identificou a carência do estado e decidiu ampliar o projeto, que têm como foco principal o combate à fome. São 126 instituições beneficiadas no estado. Apenas no mês de outubro, a Reserva doou para Alagoas 4 toneladas de carne. No Brasil são 52 milhões de pessoas que vivem em insegurança alimentar e 7 milhões passam fome; no Nordeste, atualmente 23 milhões vivem nessa situação. “Em apenas um ano e meio nunca pensei que atingiríamos um número tão importante e obviamente meu desejo era sempre expandir. Poder chegar a Alagoas, uma praça que nem temos loja ainda, mas tem tanta

necessidade, é um orgulho muito grande para nós”, diz Rony Meisler, CEO do Grupo Reserva. Com um repasse financeiro mensal da Reserva, o Programa Mesa Brasil, recolhe doações e compra alimentos que não são doados com tanta frequência, como carne bovina, arroz e feijão, o que possibilita a complementação de refeições e a melhoria da qualidade nutricional da alimentação de milhares de pessoas. De acordo com a assessoria de imprensa da marca, uma ideia como essa pode estimular outras empresas a se solidarizarem da mesma maneira “Nossa ideia não é acabar com a fome no País, até porque sabemos que sozinhos isso é muito difícil. Mas queremos, sim, ter um impacto positivo na vida das pessoas e incentivar outras empresas a fazerem o mesmo”. FOME E MISÉRIA Alagoas há muitos anos lidera este ranking vexatório de pior IDH do País. Considerando as mesmas dimensões do IDH Global (longevidade, educação e renda) são diversos os municípios do estado que reinam na fome e na miséria. No que se refere à saúde e mortalidade infantil, as taxas não ficam muito atrás dos péssimos índices de condições sanitárias de educação e de renda.


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Para refletir: Se todos os políticos alagoanos acusados de corrupção fossem condenados acabariam as eleições”

Jovens despertando na política

Diante da crise econômica e política que vivemos hoje, os brasileiros se perguntam: em quem votar em 2018? Trata-se de uma questão dramática quando se leva em consideração que os principais líderes brasileiros surgiram na época da redemocratização e estão na casa dos 70 ou 80 anos. De acordo com o cientista político Carlos Melo, a falta de renovação da política é um fenômeno mundial. Ela tem a ver com o desprestígio da atividade, devido a vários fatores – entre eles, esquemas de corrupção como o que a Operação Lava Jato vem revelando agora. Há, no entanto, uma possível boa notícia no ar. Jovens brasileiros vêm recuperando a fé na política e formando movimentos para influir na agenda pública. Trata-se de uma geração globalizada, que teve a oportunidade de estudar no exterior e já exercita a cidadania ao participar de organizações não governamentais. Em vez de apenas gritar palavras de ordem, eles discutem formas de reabrir as portas da representação política. Isto é bom, desde que seja sério.

PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

Por que só no Rio? Brasília - O Rio de Janeiro continua lindo, nas palavras cantadas na música de Caetano Veloso, porém a violência urbana, a explosão das drogas e os confrontos entre facções rivais e também com a polícia, têm tornado os cariocas reféns em suas casas e o medo é hoje a palavra de ordem. O turismo foi afetado brutalmente e muitos hotéis fecharam diante da escalada do terror provocado por essa mesma violência que atinge todas as capitais e muitas cidades do interior. Mas, pobre do Rio de Janeiro. Não bastassem as agruras do “estado de guerra” em que vive há anos é também atingido por um dos maiores esquema de corrupção de sua história. Os cofres públicos secaram, o funcionalismo deixa de receber seus salários, os investimentos somem e ninguém quer fazer negócios com a administração pública, com medo de levar calote. O quadro no Rio de Janeiro é a mostra mais emblemática da corrupção brasileira. Nada menos que três ex-governadores estão presos, além de deputados, conselheiros do Tribunal de Contas, secretários e agentes públicos acusados de práticas ilícitas com o dinheiro que deveria estar empregado em escolas, hospitais e outras obras importantes para a população. Mas nisso tudo um fato me chama a atenção: qual a diferença entre as leis e a justiça do Rio de Janeiro com relação a Alagoas? Já estamos cansados de constatar noticias sobre corrupção e mesmo denúncias do Ministério Público Estadual e também de procuradores federais apontando para desvios de conduta que atingem o próprio governador, ex-governadores, senadores, deputados federais e estaduais e simplesmente nada acontece de novo. Há casos até de condenação em segunda instância, mas simplesmente tudo continua na mesma. Aqui, diferente dos outros, a Polícia Federal não é levada a sério e suas intimações servem de gracejos para políticos que se negam a prestar depoimentos quando convocados. Afinal quando iremos ver nossos suspeitos na cadeia e devolvendo os milhões subtraídos dos cofres públicos (do bolso do povo). Viva a justiça do Rio de Janeiro.

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Acabando a Flimar

Termina hoje a Festa Literária de Marechal Deodoro. Criada pelo escritor Carlito Lima que foi seu curador até a edição do ano passado o evento tornou-se referência nacional. As mais expressivas figuras da literatura, do jornalismo e destaques culturais estiveram presentes em cada edição que crescia e disputava espaço entre as maiores festas congêneres do país. Com muita criatividade, esforço e seu prestígio pessoal o curador transformou a Flimar no maior atrativo cultural de Alagoas, com uma ampla divulgação nacional como nunca antes aconteceu (mídia totalmente espontânea). Ao assumir o cargo o novo prefeito de Marechal, Claudio Filho, naturalmente por não conhecer o valor da cultura, decidiu que deveria fazer uma festa mais simples, inclusive dispensando o trabalho do criador e curador Carlito Lima. Atingiu o prefeito seu objetivo: o evento foi bem mais simples. Teve uma programação pífia, perdeu o brilho de presenças da cultura nacional e contou com um reduzido público, pois não houve nada interessante para se ver e a Flimar termina hoje (sexta-feira) ameaçada de morte. Faltou principalmente o seu brilho principal: a figura respeitada e admirada do escritor Carlito Lima. Que sirva de lição.

Quase desistindo

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), decidiu fazer um recuo estratégico em seu projeto de chegar ao Palácio do Planalto. Suas viagens pelo Brasil terão menos visibilidade, sua presença nas redes sociais será menos estridente e polêmicas com colegas de partido serão evitadas a todo custo. A decisão de Doria de se colocar como alternativa para a disputa da Presidência da República foi tomada, pouco depois da posse como prefeito, porque pesquisas qualitativas o apontavam como um nome competitivo. O movimento gerou, porém, um enorme desgaste no PSDB, especialmente com o governador Geraldo Alckmin. A interlocutores mais próximos, o prefeito faz um mea culpa, lembrando que é originário do setor privado e, portanto, sabe reconhecer erros. O tucano concluiu que qualquer candidatura que venha a disputar em 2018 depende de variáveis que não controla. Por isso, pretende concentrar-se nos próximos meses em uma agenda pesada do município, com potencial, inclusive, para diminuir sua popularidade.

Desmontando a Lava Jato

O juiz Sérgio Moro recebeu uma sonora vaia durante a abertura de um congresso nacional de procuradores, realizado esta semana, em Curitiba. Mesmo antes do evento, quando o nome de Moro foi confirmado, 72 procuradores assinaram um manifesto que foi encaminhado ao presidente da Associação Nacional dos Procuradores Municipais (ANPM), Carlos Mourão, para manifestar a insatisfação do grupo. Apesar do rechaço dos procuradores, a direção da entidade decidiu manter o juiz como palestrante o que levou ao protesto. “Se não podia mais desconvidar um juiz que é um juiz polêmico, que dividiu a categoria, se não meio a meio, que trouxe insatisfação, nós pedimos para que fizessem um contraponto. Ouvisse uma opinião do mesmo tema, com uma outra visão. Nós sugerimos, inclusive, o ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão. Para nós, a negativa do convite nos deu a certeza de que aqui foi armado um palco que na verdade não é de combate à corrupção”, afirma o procurador de Fortaleza e ex-presidente da ANPM, Guilherme Rodrigues.

Os argumentos contra Moro

Os procuradores argumentam que Moro exerce uma magistratura acusatória, que desrespeita os advogados e a defesa dos réus. “A ele, ao juiz da causa, que deveria ser imparcial, só servem as provas que venham a contribuir com a tese dele, que é acusatória. Um juiz não pode ser acusador”, argumentou a procuradora municipal de Fortaleza Rosaura Brito Bastos. “Não se combate a corrupção combatendo direitos fundamentais”, reforçou Guilherme. “Quando ele age dessa forma, ele desrespeita o trabalho dos advogados. Não existe hierarquia, não existe uma superioridade. Não se admite que um juiz mande um advogado calar e boca e mande ele fazer concurso para juiz. Nós não queremos ser juízes, nós queremos ser advogados”, completa Rousaura.

As suspeitas

Aqui em Brasília circula na Esplanada dos Ministérios e mais no Congresso Nacional que está sendo montada uma grande operação envolvendo governo, parlamentares, setores da grande imprensa e até membros dos tribunais superiores para provocar o gradativo desmonte da Operação Lava Jato. Parece que chegamos à conclusão que o Brasil não tem mais jeito. De um experiente constitucionalista: “Só o povo nas ruas, nas praças e também na Câmara e no Senado salvaria a Operação Lava Jato”.


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ELIAS FRAGOSO

Empresário, economista, ex-secretário de Planejamento do Ministério da Agricultura, professor da Ufal e da Universidade Católica de Brasília

“Assessor” ou herói?

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uem convive no setor público conhece alguém ou alguma história daquele “assessor” que faz qualquer coisa para agradar o “chefe”, mentor da sua indicação e manutenção no cargo. Para isso ele não mede esforços. Essa semana tomou posse o novo diretor da Polícia Federal, Sr. Segóvia. Que começou mal. Muito mal. Em sua primeira entrevista deu o tom do que parece será a sua gestão. Atacou a Procuradoria Geral da República e a própria Polícia Federal, órgãos que vêm tendo excepcional desempenho na desarticulação do crime organizado em que se tornou a política no Brasil. Mas não ficou nisso, foi mais longe: “Uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa”..., referia-se à mala com 500 mil reais que o saltitante ex. deputado federal Rodrigo Loures, assessor da Presidência da República recebeu de um diretor De outro lado, a denún- da JBS para cia apresentada pela atuar junto ao PGR contra o chamado Cade, o Conselho Admi“quadrilhão”, grupo nistrativo de de deputados da cúpu- Defesa Econôla do PMDB, também mica em favor enumera várias outras daquela empresa. situações, no mínimo, Interesincômodas para o presi- sante notar que o inquédente da República rito sobre a referida “única mala”, que leva o número de 4483, enumera uma série de fatos que, no mínimo, para sermos benevolentes, comprometem o Sr. Temer, que o nomeou. “Apenas” 4 gravações feitas por Joesley Batista, então presidente da maior empresa em operação no Brasil e uma das maiores do mundo em seu ramo de atividade que foram devidamente periciadas pela Polícia Federal e declaradas válidas; interceptações telefônicas do Sr. Loures autorizadas pelo ministro do Supremo, Edson Fachin; depoimentos dos conselheiros do Cade à Polícia Federal sobre a tentativa de intervenção a favor da JBS; análise do contrato celebrado entre a Petrobras e a JBS, sobre essa momentosa questão (posteriormente revogado...); depoimento do doleiro Lúcio Funaro, envolvendo o presidente e,

finalmente, inquérito da Polícia Federal sobre o envolvimento de Sr. Temer, que em determinado momento, cita: “Desenha-se naturalmente, dentre as hipóteses que se oferecem à persecução, a de que Rodrigo da Rocha Loures, aproveitando-se de sua conhecida proximidade com a autoridade maior da República, pudesse ter-se aventurado em empreitada ilícita autônoma. Há, porém, um elemento informativo que enfraquece tal possibilidade: Rodrigo da Rocha Loures foi expressamente indicado pelo exmo. sr. presidente da República a Joesley Batista, naquele diálogo inicial”(da gravação, grifo nosso), dentre vários outros trechos incriminadores da figura do presidente da república. De outro lado, a denúncia apresentada pela PGR contra o chamado “quadrilhão”, grupo de deputados da cúpula do PMDB, também enumera várias outras situações, no mínimo, incômodas para o presidente da República, como por exemplo, a indicação do diretor internacional da Petrobras, atualmente preso na operação Lava Jato, articulação de doações ilícitas para as campanhas à Prefeitura de São Paulo em 2012, e ao governo em 2014 via doações ilegais da Odebrecht e da JBS, etc. Nunca é demais lembrar que esse governo tem vários ex-ministros ou pessoas muito, muito próximas do presidente presos. Como é o caso dos Srs. Eduardo Cunha, Rocha Loures, Geddel Vieira, Henrique Eduardo Alves, além de dois ministros do núcleo duro deste governo que, se perderam o famigerado foro privilegiado, poderão vir a ser presos. O Sr. Segóvia, ao que tudo indica, uma nomeação articulada/apoiada pelos indefectíveis José Sarney e o Sr. Eliseu Padilha, duas figuras carimbadas por inúmeras acusações em andamento, bem poderia fazer um mea culpa deste início infeliz e, alterar o “rumo da conversa”. Jovem e nos pareceu inteligente e articulado, pode construir seu nome como importante figura consolidadora da moralização da política nacional. Está em suas mãos o destino que ele deseja dar à sua biografia. Ou, simplesmente, ser, o “assessor”.


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ALARI ROMARIZ TORRES

JORGE MORAES

Aposentada da Assembleia Legislativa

Jornalista

Previdência Social e aposentadoria

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ificilmente o governo federal vai conseguir alguma mudança significativa nas regras de aposentadoria da Previdência Social ainda este ano, mas, na pior das previsões, não ultrapassará abril do ano que vem. Por mais que a oposição faça barulho, tente atrapalhar as discussões sobre o tema e diga que a Previdência Social não está quebrada e tudo é conversa do governo (situação) para juntar dinheiro e continuar pagando mal aos aposentados, não vejo como se livrar dessa, mesmo porque o presidente Michel Temer continua se reunindo, se articulando e distribuindo vantagens para os aliados. O agrado mais recente foi para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, Não tenho como que teve um avaliar em quantos aliado nomeado para anos ela deixará de pagar o salário o Ministério das Cidades, dos aposentados talvez o mais e pensionistas. Só i m p o r t a n t e na estrutura espero que essa do governo, quebradeira ainpelo volume da demore alguns de recursos bons anos para se para obras, a partir do concretizar e fePrograma de char as portas. Aceleramento do Crescimento, o PAC. Desde o processo de votação para o arquivamento da segunda denúncia contra o presidente da República proposto pela Procuradoria Geral da República, na era de Rodrigo Janot, que Temer e Maia não eram vistos juntos. Recentemente, os dois se reuniram em um jantar, o novo ministro foi nomeado e tudo está voltando às mil maravilhas entre ambos. Eu, particularmente, acho que a Previdência Social está mesmo quebrada. Não tenho como avaliar em quantos anos ela deixará de pagar o salário dos aposentados e pensionis-

tas. Só espero que essa quebradeira ainda demore alguns bons anos para se concretizar e fechar as portas. Estou a um ano e meio do caminho dessa aposentadoria e não gostaria de, depois de contribuir por tantos e longos anos, não desfrutar desse benefício que acho justo e injusto ao mesmo tempo. Justo, porque fiz jus com trabalho por tanto tempo. Injusto, porque por mais que venha a ser esse meu novo salário de aposentado, ainda é muito pouco pelo cálculo geral da média do que me foi tirado nesses anos descontando em folha. Com absoluta certeza, o fiel da balança vai passar pela reforma ministerial que será apresentada pelo presidente Michel Temer. Pelas informações, serão 17 alterações ao todo, anunciada antes de uma só vez, mas modificada na sua aplicação, pois entende o presidente que mexer muito agora é como mexer em casa de marimbondo. Livrando a oposição hoje, o PSDB, dividido ao meio, fala em deixar o governo, mas uma boa parte de seus senadores e deputados ainda permanecem em cima do muro. É possível até que alguns desses ministros tucanos façam a opção de deixar o partido, pois não querem deixar de “comer” a carne e ficar só roendo o “osso”. Logo, logo chega o mês de dezembro e, com ele, o recesso parlamentar. Por mais pressa que tenha o presidente da República e seu principal ministro, Henrique Meireles, da Fazenda, interlocutor e homem das propostas e estudioso das novas regras, os meses de janeiro e fevereiro do ano que vem não somam muito nesse momento, restando para uma discussão mais ampla e a votação final nas duas Casas do Congresso Nacional os meses de março e abril, quando não vai mais adiantar nem choro e nem vela da oposição. Sem dúvida, o esfriamento das discussões de agora em diante só beneficia o governo e é nisso que a situação está apostando. No mais, é rezar e rezar. Se for feito, está feito.

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Amigos irmãos

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erta feita, ouvi de uma filha: “Mãe, você parece que adivinha!” Sorrio quando escuto tal frase, porque a vida vai ensinando lições maravilhosas. Tive um irmão mais velho que era um sonhador. Para ele, todos eram bons. Não enxergava maldade em ninguém, nem no Collor. Na política foi usado maldosamente por vários companheiros. Passei certo tempo perto dele e não era muito querida por mostrar-lhe a verdadeira identidade de certas pessoas. Acreditava nos bajuladores e em falsas promessas. Morreu pobre e desacreditado por ser ingênuo demais. Entretanto, teve bons amigos, principalmente na turma do rádio. Não citarei nomes para não ser injusta, mas ainda hoje sei quem foi verdadeiramente amigo do meu irmão. Ainda existem políticos vivos que o engaAlguém já me disse: naram e outros ‘Vou morrer só; não que o ajudaram. preciso de amigos’. Para a família ficou a grande Doce ilusão! lição de vida. Ninguém vive iso- Deus cuidará do resto. lado. Precisamos Tenho um de uma mão amifilho bastante ga, seja do mesmo ingênuo! Dono sangue ou de outra de um enorme coração, confia, família. no entanto, em alguns falsos amigos. Sempre que tenho oportunidade, alerto-o para ter cuidado com determinadas esparrelas. Moramos em vários estados, convivemos com pessoas de Norte a Sul desse imenso Brasil. E fizemos muitos amigos, que hoje podem ser considerados verdadeiros irmãos. Reside no Ceará uma criatura maravilhosa. Quando morávamos na mesma cidade e meu marido viajava, ele ligava: “Alari, estou aqui! Se precisar, telefone”. Foi ele que deu um par de botinas a meu marido, quando ambos entraram no Exército; Rubião recebeu dois pares de número 39 e calçava 42. O amigo percebendo o engano, disse: “Toma aí, cara, tenho dois pares 42.” E foi iniciada uma grande amizade, duradoura até hoje, 60 anos após o fato. Hoje, nossas famílias são unidas, todos

se admiram. É a lei da vida! Do meu lado, adoro fazer e curtir amizades. Desde criança, apesar de tímida, tinha sempre pessoas queridas por onde passava. Evitarei nomes. Mas desde o Grupo Escolar Fernandes Lima, Instituto de Educação, Universidade Federal de Pernambuco, Assembleia Legislativa de Alagoas, conquistei vários amigos e amigas e procuro não os perder de vista. No Legislativo, perdi uma grande amiga-irmã; Elaine, que Deus levou para o céu. Aí, eu e Selma fizemos um juramento: “Vamos morrer no mesmo dia; não dá para ver outra pessoa querida ir embora”. Sonhadoras, nós duas. Só Deus! Invertendo os papéis, analisemos os parentes que são verdadeiros amigos. Não sou louca de afirmar: “Gosto mais de fulano do que de sicrano”. Mas, entre irmãos e irmãs existem os mais chegados, com os quais temos mais afinidade. São aqueles com que contamos em quaisquer ocasiões, alegres ou tristes. Nas famílias grandes é nítida a aproximação de um com o outro e a rejeição existente, também entre alguns. Aí vêm os filhos! Ainda esta semana uma me disse: “A senhora tem suas preferências!” Acredito piamente que no coração de mãe há lugar para muitos deles. O que diferencia um do outro é o temperamento. Entretanto eles não acreditam nisso. É muito bom ter o privilégio de ter amigos-irmãos e irmãos-amigos. A diferença está no sangue, contudo não chega ao coração. Em minha família tivemos um bonito exemplo de amizade entre irmãos. Meu pai, João, e meu tio, José, eram unidíssimos. Nas horas tristes, estavam juntos, nas alegres também. Nada os separava; nem as rixas familiares. A vida vai nos ensinando aos poucos e nos dá a compensação de escolher o que é melhor para todos nós. Tenho irmãs, cunhadas, filhas e primas, bem amigas. Como também irmãos, filhos, cunhados, todos queridos. Alguém já me disse: “Vou morrer só; não preciso de amigos”. Doce ilusão! Ninguém vive isolado. Precisamos de uma mão amiga, seja do mesmo sangue ou de outra família. Deus existe. Não duvidem!


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Quem não se atualiza...

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um mundo onde a tecnologia da informática aperfeiçoa o que nos cerca sem que às vezes nem percebamos, poucas invenções conseguiram atravessar dois finais de séculos As fábricas de máqui- sem sofrer grandes mutações. nas de datilografia A essência da e de fotografia, os criação continua fabricantes de filmes pontuando desde meados do e outros apetrechos século dezenove utilizados por eles, até nossos dias. tiveram que se reinFalo da caneta ventar para sobreviver esferográfica que, em um mundo que não principalmente no século passaaceita o marasmo. do, revolucionou a escrita em todo o mundo. Sou do tempo em que, na escola, a banca tinha um furinho

para que se colocasse o tinteiro. A caneta, uma evolução da então usada pena de pássaros, era formada por uma pena metálica no final de um delgado pedaço de madeira. Molhava-se a pena na tinta e, após escrever, enxugava-se com o mata-borrão. A já conhecida caneta tinteiro, que teve como precursora a marca Parker, tinha custos proibitivos para meros estudantes. Poucos pais possuíam. Foi exatamente nessa época que caiu em nossas mãos o milagre da caneta esferográfica, principalmente pelo seu acessível preço. Mesmo com alguns contratempos iniciais, como vazamentos e o mau cheiro da tinta, tornou-se aquilo que viria a ser o instrumento de escrita da humanidade até nossos dias. Mudaram-se suas apresentações. Além da tradicional, de plástico

JOSÉ MAURÍCIO BRÊDA Economista

transparente com a tampinha, vieram as mais sofisticadas com diversos modelos. Mas, o essencial, a técnica usada da esfera que gira na pontinha da caneta, essa não mudou até nossos dias. Mas, o que vemos hoje, são invenções efêmeras que constantemente são substituídas por outras mais modernas, como foi o caso das máquinas de escrever, engolidas pelos editores de texto dos computadores, as câmeras fotográficas com seus filmes, substituídas pelas câmeras digitais, e, essas mesmas, pelos telefones celulares. Essa evolução não permite que se reclame de quem cresceu. As fábricas de máquinas de datilografia e de fotografia, os fabricantes de filmes e outros apetrechos utilizados

por eles, tiveram que se reinventar para sobreviver em um mundo que não aceita o marasmo. Já citei certa feita um texto atribuído à antropóloga Miriam Goldenberg onde ela cria, a exemplo da adolescência, uma nova faixa social: a sexalescência. Formada por pessoas com sessenta/setenta anos que não se conformam em ser tratadas como idosas. Estão sempre em contato com a tecnologia da informática, principalmente. Enquanto isso, taxistas reclamam da criação do Uber. Em breve serão os motoristas do Uber que estarão gritando pois essa empresa acaba de adquirir vinte mil automóveis auto dirigíveis. O mundo exige que estejamos constantemente reciclando-nos.


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ECONOMIA EM PAUTA

Recursos federais

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e janeiro a agosto deste ano, Alagoas apresentou menor dependência dos recursos federais na comparação com os oito primeiros meses de 2016. Outros seis estados do Nordeste, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe também apresentaram redução no Índice de Dependência Financeira (IDF), que corresponde à relação entre as transferências da União e a receita corrente líquida.

Black Friday

Os produtos que costumam ser mais procurados por consumidores na Black Friday são também os que possuem as maiores fatias de impostos embutidas em seu valor, segundo levantamento do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação). Os impostos podem chegar a 72% no preço final, de acordo com a entidade.

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Bruno Fernandes – contato@obrunofernandes.com

Usinas

O estado de Alagoas registrou o maior saldo de empregos formais do país em outubro de 2017, com 16.393 vagas criadas com carteira assinada. Embora as usinas do estado estejam passando por período de crise econômica, são elas as responsáveis por puxar as contratações devido ao início da colheita da safra de cana-de-açúcar. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).

Documentos digitais

Na nova onda de documentos digitais, o governo federal lançou na terça-feira, 21, o aplicativo Carteira de trabalho digital, que servirá para os trabalhadores consultarem os dados sobre contratos vigentes ou passados. O documento impresso, contudo, assim como a CNH Digital, continua a ser o oficial. Pela plataforma, também será possível pedir a primeira ou segunda vias da carteira de trabalho em papel.


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SUA SAÚDE MENTAL arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Depressão e psicanálise

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epressão é um transtorno de humor que compromete a vida familiar e social do indivíduo. É um estado sintomático e não uma categoria de patologia. Ela necessita ser prevenida, diagnosticada e devidamente tratada, principalmente por psicólogo. Sintomas: apatia, irritabilidade, perda de interesse, tristeza, atraso motor ou agitação, ideias agressivas, insônia, fadiga e anorexia. Na próxima edição mais sobre anorexia.

SAP - O que diz a lei

lei II

O artigo 2º da Lei 12.318, de 26 de agosto de 2010 (que determina o que é a Síndrome da Alienação Parental - SAP) é claro quanto à conduta do alienante: “Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.”

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a cada 40 (quarenta) segundos uma pessoa comete o suicídio. Os índices aumentam a cada ano e os motivos são diversos. O ato suicida/tentativa pode ter origem genética, ambiental e social. No Brasil, o estado onde mais se comete o suicídio é o Rio Grande do Sul. Para Freud, a perda real de um objeto refere-se ao luto, mas o sujeito mantem o senso de autoestima. Na melancolia/ depressão, o objeto perdido é mais emocional que real e neste caso há uma profunda perda da autoestima, autoacusação e culpa e neste caso pode haver uma ideação suicida. O suicídio resulta no deslocamento de desejo destrutivo em relação a um objeto internalizado que é dirigido contra o self (a própria pessoa). O que fazer com uma pessoa que tem ideação suicida ou que tentou o suicídio? Na próxima edição

SAP - O que diz a

Anedonia?

A mãe (geralmente é a mãe, mas pode ser o pai ou quem esteja com a guarda da criança/ adolescente) não elabora a situação do luto da separação, adequadamente, e faz vingança (consciente ou inconscientemente) contra o ex-cônjuge porque houve a separação judicial. O juiz pode tomar uma decisão drástica se a criança está sendo induzida ou manipulada – alienação parental - e isso pode ser contra o pai, mãe ou quem esteja com a guarda, ou seja, pode-se perder a guarda da criança/adolescente.

SAP - O que diz a lei III

Psicanálise e o suicídio

Quando a criança/adolescente se torna alvo de disputa dos pais e isso é extremamente prejudicial para a saúde mental dele, o juiz pode determinar psicoterapia para as partes envolvidas, principalmente para a criança/adolescente. Na próxima edição: quais os comportamentos/transtornos podem ocorrer na criança/adolescente, caso seja vítima de alienação parental?

No consultório, o que mais surge são pessoas com sintomas da anedonia, ou seja, a perda da capacidade de sentir prazer. Nada tem sentido; nada presta; tudo está cinza. A pessoa apresenta estado de depressão agudo. Aos primeiros sinais desses sintomas procure um psicólogo.

Reflexão ...

Os alimentos representam para o corpo; o mesmo que as verdades representam para a saúde mental.

“Todos nós nascemos originais e morremos cópias” (Carl Jung, psicanalista suíço)

Afeto

Numa pesquisa realizada em São Paulo, detectou-se que grande parte dos presidiários teve uma coisa em comum: os pais ou responsáveis foram negligentes com relação ao dar afeto, que é nada mais, nada menos do que um sentimento de carinho, de cuidado, de proteção. Na conclusão da pesquisa foi destacado que quanto mais afeto a família der aos filhos menos probabilidade ele terá de ter um transtorno mental. Lembrando que conhecimento na área da psicologia não é matemática. Portanto, pode acontecer de alguém ter tido muito afeto e apresentar algum transtorno mental. O meio ambiente – estressante pode ser um indicador/causador do surgimento de um transtorno. O fator genético também pode disparar a situação, embora não seja a principal causa. Assim, quanto mais afeto (dentro do limite), menos desequilíbrio emocional.

Livro

Quer despertar a sua paixão pela vida? O livro: “Louco por viver”, de Roberto Shinyashiki, é uma excelente indicação.

Psicanalisando ...

O diagnóstico de uma “doença mental” é o menos importante; a pessoa é mais importante; o sintoma é único; é individual. (arnaldo santtos)

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico CRP 15/4.132. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. E-mail: arnaldosanttos@uol. com.br ou arnaldosanttos.psicologo@gmail. com. Telefone: 9.9351-5851.

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Marechal Deodoro volta a ser o berço da cultura em Alagoas Feira literária leva população a se encantar com produção artística do estado O povo de Marechal Deodoro foi às ruas prestigiar a abertura da 8ª edição da Feira Literária de Marechal Deodoro (Flimar), na noite da última quarta-feira, 22. A data foi simbolicamente escolhida por ser o Dia do Músico, numa clara homenagem aos cerca de 300 músicos que tocam nas cinco filarmônicas da primeira capital alagoana. Com o tema “Cultura da Escrita à Música”, o evento acontece até amanhã. O prefeito Cláudio Filho Cacau convidou todos os alagoanos a comparecem ao maior evento cultural e musical do Estado. A abertura contou com a presença de diversas autoridades locais e estaduais. “Marechal Deodoro está em festa. Respira cultura e homenageia o povo que vive da música e da arte”, afirmou o chefe do Executivo municipal. O prefeito Cláudio Filho Cacau disse que o município está de braços abertos para receber os alagoanos. “Marechal Deodoro, primeira capital do nosso Estado é também a capital da cultura alagoana”, discursou, emocionado, aos deodorenses que atenderam ao convite do executivo e lotaram o Cais da Lancha, no Centro

Histórico da cidade. Na noite festiva e musical, o prefeito inaugurou a requalificação do Mercado das Rendas e Bordados, doou um ônibus aos músicos das filarmônicas e anuncio a subvenção de músicos como o mundialmente consagrado Nelson da Rabeca. A rendeira Maria Dantas, 45 anos, faz arte com as mãos desde os 15. Estava bastante emocionada ao falar com o prefeito. “Aqui é a minha casa, é a casa de dezenas de rendeiras, a prefeitura nos deu uma casa nova. Seremos eternamente gratas”. FLIMAR Esta edição da Flimar homenageia duas grandes personalidades: o escritor, advogado, jornalista e político, Aureliano Cândido Tavares Bastos, e o instrumentista, compositor e construtor de rabecas, Nelson dos Santos, o ‘Nelson Rabeca’. A abertura de Flimar encheu os olhos e ouvidos da população. Em um momento marcante, as cinco Filarmônicas do município saíram de

de Marechal Deodoro e do Brasil. O músico Edson Lizandro dos Santos, de apenas 15 anos, estava visivelmente emocionado. Há dois anos ele toca o sousafone, um instrumento de sopro da família dos metais. Uma tuba especial que o executante apoia no ombro para que possa executá-la enquanto anda ou marcha. É o maior dos instrumentos de sopro. Pesa cerca de 15 quilos, mas parecia flutuar nos ombros do adolescente, tamanha sua paixão pela música, pela filarmônica e por Marechal Deodoro. A festa continuo até tarde no palco Nelson suas respectivas sedes, percorreram as principais da Rabeca. A Escola Estadual Rosa da Fonseca ruas do Centro Histórico e se encontraram no Cais apresentou uma dança cultural com o tema da Lancha, em frente ao palco Nelson da Rabeca, Alagoas 200 anos. onde aconteceu a solenidade de abertura da Feira Para fechar a noite, o grande destaque foi Literária. a apresentação do homenageado Nelson da No palco principal, cada maestro das Rabeca, com o show o Som que Ecoa Alagoas. filarmônicas regeu uma música, comandando “Fazia tempo que não tocava na minha terra assim, cada um, os cerca de 300 músicos Alagoas e me apresentar em Marechal Deodoro componentes das filarmônicas, entre músicos tem um sabor especial. Estou muito agradecido ao atuais e ex-músicos que voltaram à cidade para, prefeito Cláudio Filho Cacau pelo convite”, disse especialmente, para a 8ª edição da Flimar. Entre com a simplicidade das palavras de um grande as composições executadas, dobrados e os hinos artista musical.


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Alta temporada abre novas oportunidades de trabalho para alagoanos

TURISMO SEGMENTO TURÍSTICO É O QUE MAIS EMPREGA HOJE NA CAPITAL

TEXTO DE THIAGO TARELLI

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as belas praias de mar azul cristalino, passando pelos passeios turísticos nas piscinas naturais espalhadas pela costa, aos restaurantes, bares e shoppings, o turista que visita Alagoas compra e consome os produtos e serviços da terra, fortalecendo a economia local. Visando atender a essa demanda para alta temporada deste ano, o segmento oferece novas vagas de emprego em diversos ramos de atuação. É o que relata, por exemplo, Alejandro Velásquez, proprietário da Luck Receptivos. Atualmente a empresa conta com 62 funcionários. Na alta temporada o efetivo irá aumentar em 15%. “Geramos 62 vagas diretas e mais 35 prestadores de serviços. Como estamos prevendo um aumento no número de voos, inclusive com aeronaves maiores, precisamos de mais gente para receber os turistas no aeroporto. A nossa expectativa é que a alta temporada supere os números do ano passado, gerando ainda mais oportunidades”, conta o empresário Alejandro. Na praça de alimentação do Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, principal porta de entrada para o estado, as empresas também irão contratar funcionários temporários para atender a demanda. “Vai depender da demanda de voos, se aumentar a gente contrata. Ano passado nós con-

Cresce o fluxo de passageiros no Aeroporto Zumbi dos Palmares

Vagas também aumentam na rede hoteleira

Aumento da demanda em hotéis aquece o mercado de trabalho

Fernando de Souza

Bárbara Albuquerque

tratamos quatro funcionários. Este ano a gente pretende contratar o mesmo número. Desses de 2016, um funcionário temporário foi efetivado”, explica o gerente da franquia de sanduíches Bob’s, Fernandes Souza. O mesmo acontece na franquia da marca de Fast Food Spoleto. Segundo a subgerente, Diana Silva, duas novas oportunidades serão disponibilizadas na loja. “Ano passado nós só contratamos uma pessoa. Este ano, como a demanda está maior, vamos contratar duas pessoas. A equipe é de onze pessoas, divididas em dois turnos, e a nossa média salarial é de um salário mínimo e meio”, conta Diana. Bárbara Albuquerque é agente de aeroporto no Zumbi dos Palmares. Ela encontrou uma oportunidade na alta tem-

alta temporada é difícil devido à capilaridade do turismo. Ele emprega desde hotéis, bares e restaurantes até no comércio. A nossa expectativa é que a geração de emprego seja muito positiva, com vagas em cargos altos e até os mais baixos”, conta o presidente Carlos Gatto. Gisele Pereira é recepcionista no Hotel Ponta Verde, em Maceió. Ela entrou no emprego há cinco anos, ainda como jovem aprendiz, durante a alta temporada. “Hoje em dia o que mais cresce é o turismo, com isso surgem as oportunidades. Comecei como aprendiz, fui auxiliar e hoje sou recepcionista. Com o trabalho aqui consegui pagar minha faculdade, conquistei minha independência. Agora planejo fazer minha segunda faculdade, dessa vez vou estudar turismo. Não pretendo sair da área tão cedo”,

contou Gisele Pereira. À frente da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rafael Brito, explica que o trabalho na pasta em angariar novos voos para Alagoas impacta diretamente na geração de emprego. “Com novos voos e uma melhor malha aérea mais turistas visitam nosso Estado e as empresas precisam contratar mais pessoas para atender essa demanda. A expectativa é que nós iremos receber mais de dois milhões de turistas este ano, isso gera emprego e renda para população, impulsionando a economia alagoana. O turismo é a nossa segunda atividade econômica e caminha a passos largos para ser a primeira e ganhar ainda mais importância nesse cenário”, explica Rafael Brito.

porada no ano passado, depois de três meses procurando por emprego. “Faz quase um ano que trabalho com turismo. Eu era telemarketing e me apareceu essa oportunidade na alta temporada do ano passado. Era temporário, mas fui contratada. Adoro trabalhar com turismo e pretendo fazer um curso de guia, porque é uma área que está se expandindo muito e eu gosto de trabalhar com o público”, contou Bárbara orgulhosa. O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Alagoas, Carlos Gatto, explica que a entidade não possui um número oficial do número de abertura de vagas, mas garante que haverá muitas oportunidades. “O segmento do turismo é o que mais emprega na cidade de Maceió. Chegar a um número ou uma estimativa pra


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Indispensável inspeção veicular

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maior cidade do País, São Paulo, costuma ser um grande laboratório de experiências a céu aberto. Em termos de poluição do ar não é exemplo para todo o País, porém algumas decisões tomadas no passado tentaram amenizar o problema. Uma, indiretamente, foi o rodízio por final de placas para reduzir congestionamentos nas horas de pico. Decisão discutível que gerou várias distorções, entre elas o aumento de circulação de veículos de gerações antigas e poluidoras. Outra decisão pareceu acertada. A Inspeção Técnica Ambiental (ITA) foi implantada em 2008 na capital paulista. Infelizmente começou errada ao inspecionar só veículos de fabricação recente, nos dois primeiros anos. Foi logo interpretada como meio de arrecadar dinheiro rápido e fácil, desvirtuando objetivos. Essa Coluna se posicionou a favor da ITA, desde que seguidos os padrões mundiais. Apenas carros com mais três anos de uso (quarto

licenciamento) deveriam ser inspecionados; depois, de dois em anos até o nono ano de fabricação (décimo emplacamento); a partir do décimo ano, os veículos se submeteriam a inspeções anuais. Esse arranjo estimula a renovação da frota com modelos menos poluentes. Motocicletas e veículos a diesel, claro, obedeceriam a intervalos menores. Em 2014, o prefeito Fernando Haddad deixou de renovar o contrato da empresa responsável Controlar. A volta da inspeção estava prevista para o ano seguinte, de acordo com o cronograma acima citado, mas nunca aconteceu. Agora, o atual prefeito João Dória anunciou a volta da ITA, no final de 2018, no cronograma correto. A intensão é isentar a taxa de inspeção de toda a frota. Isso faz pouco sentido, salvo talvez para modelos com mais de 10 anos de fabricação como estímulo aos proprietários. Outra dificuldade é evitar que veículos emplacados em outros mu-

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ALTA RODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br nicípios continuem a colaborar para a poluição na capital. Correto seria todo o Estado de São Paulo aderir: há planos meio confusos. Contudo implicações políticas – repetidas em outras unidades federativas – impedem a inspeção em nível nacional. Inconcebível a frota brasileira efetiva de 42 milhões de veículos dispensar controles ambiental e de segurança, à exceção da inspeção sofrível do Estado do Rio de Janeiro. A prefeitura da cidade de São Paulo pretende multar carros e caminhões de outros municípios e Estados que cruzem a cidade, rotineiramente, sem terem sido inspecionados. Existe a intensão de liberar quem realmente está apenas de passagem, em número de dias

por ano a definir, por meio de uma rede de câmeras com registro automático de placas. Não é impossível, mas acrescenta complexidade. O cerne da questão está nos políticos. Acham que perderiam votos de proprietários de veículos mais antigos, de menor poder aquisitivo e menos propensos a cuidar de emissões e itens de segurança. No entanto, essa omissão custa caro à sociedade tanto no aumento de acidentes quanto na saúde. Um problema que tende a se agravar pois a frota continua a crescer mesmo nesses anos recentes de recessão econômica. Uma campanha inteligente deveria explicar a todos os benefícios da Inspeção Técnica Veicular (segurança e ambiental).

RODA VIVA n VOLKSWAGEN mostrou o sedã Virtus em São Paulo, em prévia para jornalistas e alguns titulares de concessionárias, dois meses antes do lançamento nacional previsto para 21 de janeiro, segundo fonte da Coluna. Com frente idêntica ao Polo, mostra silhueta elegante e amplo espaço para pernas no banco traseiro. Porta-malas de 521 litros é um dos maiores do segmento. n HERBERT DIESS, presidente mundial da VW, em rápida passagem pelo País, admitiu que só um plano audacioso (20 lançamentos até 2020) e de renovação tecnológica, como o atual, pode levar a marca de volta à liderança no Brasil. A filial também se beneficiará da taxa cambial, agora competitiva, para exportar ainda mais. “Não desistimos do Gol; aguardem”, afirmou.

n VOLVO XC-60 comprova o esforço da marca sueca em se aproximar de marcas premium, em especial as alemãs. Destaca-se o interior bem projetado, além da central multimídia superdimensionada e interativa. Motor 2.0 Turbo gasolina (254 cv) nada deixa a desejar aos rivais. Falta, contudo, suspensão mais bem calibrada e capaz de dar firmeza, sem ser ruidosa. n TOYOTA continua com estratégias ambiciosas em relação ao híbrido Prius, que acaba de completar 20 anos de mercado no mundo (no início, restringiu-se ao Japão). Depois de exposição temática no Parque Villa Lobos, em São Paulo, já não esconde o forte propósito de fabricar o modelo em São Bernardo do Campo (SP). No caso teria motor flex associado ao elétrico.

n INICIATIVA da Bosch na Alemanha, em prol da melhoria da qualidade do ar nas grandes cidades, procura convencer as autoridades metropolitanas de que, apesar do arsenal técnico do conjunto da indústria automobilística (marcas e seus fornecedores) em plena ebulição, há necessidade de fazer mais. Empresa sugere planejamento e gerenciamento de tráfego apurados.


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JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS Engenheiro Civil e diretor da empresa de pesquisas Dica’s lisboamartins@gmail.com

As novelas e as ruínas de um império

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ltimamente, as notícias mais importantes nos meios de comunicação, sempre se referem à corrupção envolvendo as figuras políticas de maiores destaques. Até o presidente da República e o ex-presidente estão envolvidos. A baé tão grande A Globo está muito diferente gun-ça que toda a cúpula da do que era antes. Ela está República brasileira aproveitando seus artistas em está fazendo parte da fedentina moral programas pobres, como é que se abateu sobre esse tal de Dança dos Famo- o Brasil. Temos desos que de famosos não tem sonestos em todos os poderes, tanto do quase nada, pois misturam Executivo, como do as figuras boas com as ruins, Judiciário e do Lenuma verdadeira pobreza de gislativo. Pelas últimas notícias dadas interpretações. pela imprensa, até a poderosíssima Rede Globo de Televisão está também mergulhada na lama fétida, como já foi denunciada, inclusive com repetitivos des-

mentidos dos seus diretores. Pode até ser boato ou inveja das concorrentes, mas a notícia já foi dada sobre propina recebida pela Globo, além de outros malfeitos. O resto, agora, é com a Polícia Federal e o Judiciário, que deverão apurar. Em notícias de anos passados, já houve caso falando sobre empréstimos ou doações concedidas pelo governo a essa tão “conceituada” empresa. Na verdade, até aqui não apareceram as provas de que ela estivesse, realmente, em crise, como dizem por aí. Alguns sinais já foram detectados, como algumas demissões acontecidas de personagens importantes ou famosos, certamente, com redução da folha de pagamento que dizem ser bastante acentuada, como os milhões de reais que são pagos ao Faustão e companhia. Como vocês estão vendo e ouvindo, as notícias dão conta de que as acusações sempre são tidas como mentirosas, pois, segundo o noticiário da própria empresa, “a Rede Globo não se envolve em malfeitos”, mas, “onde há

fumaça, sempre há fogo por perto”. Alguma coisa vem acontecendo na Globo nos últimos anos, pois ela reduziu drasticamente as verbas para suas novelas, a ponto de elas se tornaram de péssima qualidade, como está sendo a Pega-Pega, Rainha da Sucata, Guerra dos Sexos e Bole-Bole, todas elas com safadezas explícitas, lesbianismo, atos de violência, concubinatos, traições, cornelândia e tudo que é baixo e deprimente. São dramas, enredos e tramas dos piores possíveis. A Globo está muito diferente do que era antes. Ela está aproveitando seus artistas em programas pobres, como é esse tal de Dança dos Famosos que de famosos não tem quase nada, pois misturam as figuras boas com as ruins, numa verdadeira pobreza de interpretações. Inventam “danças” que, de danças nada possuem, tudo para tapear o povo besta. Antigamente, o povo tinha prazer nos dias de domingos, por ser um dia

excelente, com bons programas de auditório e outras atrações. Agora, muita gente prefere desligar a televisão, pois nada de bom é mostrado, como aquelas perguntas tolas tiradas das revistas e dos jornais, para saber o que é certo ou errado, de maneira infantil, mas mesmo assim sempre envolvendo pessoas da própria Globo, para compensar os salários do seu pessoal. Nos domingos, a pobreza é geral. Se não fosse o futebol, as passeatas de protestos e as corridas, nada teríamos de importante para o nosso domingo. O Faustão, como sempre, com o seu tipo de locutor de interior, é de uma pobreza descomunal, com seus tratamentos de “galera” e de “meu” acaba com a nossa paciência. Não decora nada, não deixa os outros falarem, grita sem necessidade, diz besteiras e mais besteiras, além, de pensar que suas “cassetadas” estão sendo importantes para o povo ouvir. É o fim da picada!


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ABCDO INTERIOR

Quem matou Neguinho?

Q

uem matou o agropecuarista e vereador de Batalha Neguinho Boiadeiro? No momento, a polícia e a própria família Boiadeiro preferem o silêncio, diante de um crime, ocorrido no início da tarde de quinta-feira, 9, deste mês, e que ganhou repercussão nacional.

Morte de Zé Miguel

E não é para menos: alguns membros da família Boiadeiro, que tem sangue cigano, ganharam notoriedade por serem acusados do assassinato do temível e todo poderoso ex-prefeito de Batalha José Miguel – o Zé Miguel, que foi acusado de práticas violentas no Sertão alagoano e executado por pistoleiros, juntamente com sua esposa Matilde Tereza Toscano de Souza, nas proximidades da principal via de acesso da cidade de Jaramataia, em março de 1999.

Que era?

Zé Miguel era irmão do atual presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Luiz Dantas, pai de Paulo Dantas, que foi prefeito de Batalha e esposo da atual prefeita daquela cidade, Marina Dantas.

O começo

Mas o ódio entre os Boiadeiros e os Dantas eclodiu após o assassinato do irmão da atual prefeita e um segurança da família Dantas, que é pai de um policial civil, apontado pelos Boiadeiros como um dos autores do assassinato de Neguinho Boiadeiro.

Ainda impune

Pelo andar da carruagem, muita água vai rolar até a elucidação do crime de Neguinho e de um sobrinho, morto há um ano e que foi apontado como responsável pelo assassinato do pai do policial civil e do irmão da atual prefeita de Batalha. Detalhe: Emanoel Boiadeiro foi executado quando dormia em uma casa na cidade de Belo Monte durante uma operação policial. Ele era segurança do prefeito Avânio Feitosa. Até hoje, o seu assassinato permanece impune.

Próximos capítulos

A polícia alagoana, que conta com apoio do Ministério Público Estadual, trabalha em silêncio e já começou a ouvir membros da família Boiadeiro. Não será fácil elucidar o crime, já que a própria polícia também trabalha com outras linhas de investigação, alegando que o vereador Neguinho Boiadeiro tinha algumas inimizades dentro e fora do estado.

Será elucidado

A Secretaria de Segurança Pública, no entanto, garante que a elucidação desse crime é uma questão de tempo. É torcer para que essa “calmaria” não seja prenúncio de novos capítulos violentos.

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robertobaiabarros@hotmail.com

Palmeira

Em um café da manhã oferecido na quarta (22) à imprensa palmeirense, o provedor do Hospital Regional Santa Rita Pedro Gaia fez um balanço das atividades realizadas durante o ano de 2017 e destacou a parceria com a Prefeitura de Palmeira, que tem reforçado a qualidade dos serviços oferecidos pela unidade de saúde.

Repasse

Parceria

Graças ao repasse mensal de recursos e convênios pelo município, além de emendas parlamentares, o Santa Rita pode comprar equipamentos, não contraiu novos empréstimos em 15 anos de funcionamento, e, em breve, será possível ampliar a UTI e também firmar um novo contrato, que será formalizado entre a prefeitura e a instituição.

Conquistas

De acordo com Pedro Gaia, as conquistas obtidas durante o ano de 2017 no Santa Rita só foram viáveis por causa da parceria com o prefeito Júlio Cezar e às emendas parlamentares dos deputados federais Paulão e Arthur Lira, senador Benedito de Lira e o ministro do Turismo, Marx Beltrão.

“A parceria com o prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio Cezar, foi importante para que fossem conseguidas as emendas parlamentares de políticos que se preocupam com o Santa Rita, com o povo de Palmeira dos Índios e com as pessoas que residem em cidades próximas e que procuram o atendimento no Hospital”, afirmou o provedor.

PELO INTERIOR ... O Anexo -1 do Complexo Multidisciplinar de Equoterapia Tarcizo Freire vai promover nesta sexta-feira (24), diversas ações em celebração ao Novembro Azul, mês de combate mundial do câncer de próstata. ... A iniciativa tem como intuito alertar a população, em especial os homens, sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata e outras doenças masculinas. ... Durante toda a manhã, a clínica vai oferecer consulta médica, avaliações, aferição de pressão, testes rápidos de glicemia, HIV, sífilis, e hepatite B e C. Os serviços serão ofertados no próprio Anexo, localizado na Rua Miguel Leite, no bairro Brasília, em Arapiraca. O público alvo são os homens, mas toda a população está convidada a participar desta ação. ... Na oportunidade, palestras de conscientização e orienta-

ção sobre prevenção ao câncer de próstata serão realizadas pela psicóloga Tatyane Rodrigues, com auxilio da enfermeira Adrunyelli Ferreira. Haverá distribuição de panfletos informativos e ao final um coffee break será servido. ... A Casa do Empreendedor de Arapiraca ganha novas instalações e passa a funcionar, a partir desta sexta-feira (24), no mesmo prédio da Casa Integrada do Trabalho, instalada na Rua São Francisco, no Centro. ... A mudança do órgão faz parte de um projeto implantado pela Prefeitura de Arapiraca, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, com o objetivo de gerar mais praticidade e conforto para trabalhadores e empreendedores que utilizam os serviços prestados nas unidades. ... Na Casa Integrada do Trabalho funcionam o Sistema Nacional de Empregos (Sine), Centro de Capacitação

Profissional (CCPAR), Junta Comercial de Alagoas (Juceal) e agora, a Casa do Empreendedor. ... A Gerência-Executiva do INSS em Alagoas inaugura na manhã desta sexta-feira (24) a Agência da Previdência Social (APS) no município de Cacimbinhas. ... Estão previstas as presenças do ministro do Turismo, Marx Beltrão, do superintendente substituto da regional Nordeste, Everaldo Macedo, do deputado estadual Ronaldo Medeiros, que é servidor licenciado do INSS, e do gerente-executivo em Alagoas, Edgar Barros, além de outras autoridades locais. ... A agência de Cacimbinhas, localizada na Rua Oscar Juvêncio, s/n no centro da cidade, é a 41ª vinculada à Gerência-Executiva do INSS em Alagoas, que é a maior do Brasil, em número de agências.


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