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ANO XX - Nº 1049 - 29 DE NOVEMBRO A 05 DE DEZEMBRO DE 2019 - R$ 4,00

TECNOLOGIA

Assinatura digital marca os 21 anos de luta do EXTRA Semanário mais antigo em circulação no estado lançará em fevereiro a opção de assinatura digital como nova ferramenta para melhor servir aos leitores e anunciantes. 11

FARRA DO FUNDEF

EX-PREFEITOS TERÃO QUE DEVOLVER R$ 145 MILHÕES

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Célia Rocha tem que restituir R$ 23 milhões

PRIVATIZAÇÃO

Linhas de transmissão da Chesf em Alagoas vão a leilão dia 19

Localizadas nos municípios de Rio Largo e Messias, elas ficarão sob responsabilidade da iniciativa privada durante 30 anos. A estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica é de que elas sejam adquiridas por mais de R$ 29 milhões. 23

Um único escritório de advocacia recebeu mais de R$ 30 milhões em honorários.e 6 e 7

CÂMARA DE COITÉ DO NÓIA É INVESTIGADA POR DESVIAR VERBA DE GABINETE

ÁLVARO VASCONCELOS É ACUSADO DE AMEÇAR PEQUENOS PRODUTORES RURAIS

Esquema já teria dado prejuízo superior a R$ 200 mil e está na mira do Ministério Público de Contas. 8 e 9

Empresário é denunciado por invadir propriedade com gado após sentença judicial que lhe negou a posse da terra. 10


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COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Lava Toga a caminho

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- A investigação da PF contra o ex-presidente do STJ, Cesar Asfor Rocha, e a prisão de juízes e desembargadores baianos, todos envolvidos na venda de sentenças, reforçam a expectativa nacional de que a Lava Toga está a caminho.

2 EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa,796 Ed. Wall Street Empresarial Center sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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- As últimas ações da Lava Jato e o desejo de Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio-RJ, de revelar o destino dos R$ 180 milhões gastos com escritórios de advocacia, deixaram em polvorosa alguns membros do STJ e de outros tribunais superiores.

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- Durante as investigações da Lava Jato vieram à tona pagamentos milionários a escritórios de advocacia com trânsito livre no STJ e em outras cortes de Justiça, que deverão ser investigadas por suspeita de venda de sentença.

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- Um desses pagamentos milionários tem como destinatário o jovem advogado alagoano Eduardo Martins, que recebeu R$13 milhões da Fecomércio-RJ. Um caso raro de sucesso profissional em início de carreira.

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- Até então, um outro alagoano, Nabor Bulhões, reinava sozinho como advogado de sucesso nas grandes causas defendidas nos tribunais de Brasília. Bulhões, no entanto, tem muito chão percorrido e reconhecida competência jurídica.

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- Já os conhecimentos jurídicos do jovem Eduardo Martins serão postos em prova pelas investigações da Operação Lava Jato, que certamente chegará ao Poder Judiciário com a missão de passar o Brasil a limpo.

Pesquisa inócua

Alguns sites estão promovendo enquetes para saber quem vai eleger o prefeito de Maceió: Renan Filho, ou Rui Palmeira. Há um ano da eleição e sem chapas definidas, tal consulta é inócua. Tanto o governador quanto o prefeito terão forte influência sobre o pleito, mas o que conta mesmo é o candidato.

Tragédia

O afundamento de bairros não constava das preocupações dos ambientalistas quando da implantação da Braskem em Maceió, ainda com o nome de Salgema. Todas as campanhas da época focavam apenas na ameaça de um acidente químico capaz de devastar metade da cidade.

Perigo à vista

Quarenta anos depois, os riscos de uma tragédia por explosão ou vazamento de gazes tóxicos não está descartada, mas essa ameaça foi há anos esquecida pelos ecologistas e não se fala mais nisso. Sobretudo agora, que todo debate é canalizado para a questão dos bairros que estão afundando por causa da extração do sal-gema.

Volta ao debate

No entanto, não se deve esquecer que a presença de uma indústria química em área urbana é um risco permanente. E talvez seja o momento ideal para voltar a se discutir a transferência da Braskem para uma área fora da cidade.

Plano mixuruca

Depois de muitas voltas em relação ao caso Pinheiro, a Braskem anunciou um “plano” mixuruca e ainda assim cheio de ressalvas, e sabe-se lá quantas letrinhas miúdas típicas daqueles contratos tipo “me engana que eu gosto” para atender aos proprietários de 400 casas. Fugindo da responsabilidade diante das outras 12 mil residências existentes na região.

Fugindo da raia

Note-se que dias antes da “proposta benemerente-cavilosa” da empresa, a mineradora divulgou relatório (sic) da Universidade de Houston afirmando que “os tremores de origem natural, falhas geológicas e má qualidade do solo, não podem ser descartados como causas do problema”. A Braskem trabalha para não ser responsável pelo que está acontecendo no Pinheiro e bairros adjacentes.

Campanha

Paralelamente, a empresa desenvolve intensa campanha de publicidade e relações públicas buscando ganhar o apoio da opinião pública e encobrir o que ela chama de acordo com o poder público local para resolver o problema. Não esqueçamos que esse “poder público” a que a Braskem se refere é o mesmo que escondeu por mais de um ano a gravidade do problema.

Dever moral

No mundo prático dos negócios, a Braskem alertou a seus investidores que as perdas com ações judiciais podem alcançar R$ 48,7 bilhões (mais de 2 vezes o valor atual de mercado da companhia) por conta de ações ajuizadas e que ainda venham a ser. Até resolver esses imbróglios, é dever ético, moral e político do governo do Estado e da Prefeitura de Maceió suspenderem o funcionamento dessa indústria em Alagoas.

Walmart de novo

O toalete masculino do Walmart-Gruta mais parece a casa da mãe joana. Além de expressivo número de homossexuais permanentemente no seu interior incomodando clientes e demais usuários daquele equipamento, a fedentina insuportável exalada do interior torna-o insalubre e não recomendável à saúde das pessoas. Há 15 dias esta coluna denunciou o problema sem que aparentemente nada tenha sido resolvido. Estendemos a denúncia às autoridades competentes. Quem sabe assim os problemas sejam levados a sério pela direção daquela casa comercial?

Democracia lulista

Depois de invocar protestos de rua, o ex-presidiário Lula, mandante de um esquema de propinas que bancou caudilhos em toda a América Latina, resolveu posar de democrata: “Vamos deixar uma coisa clara: se existe um partido identificado com a democracia no Brasil é o Partido dos Trabalhadores. O PT nasceu lutando pela liberdade e governou democraticamente. Não fomos nós que elegemos um candidato que tem ojeriza à democracia”. (O Antagonista)


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Os boçais Brasília – Os boçais bolsonaristas que viveram lambendo as botas dos militares durante a ditadura militar ainda não se convenceram de que vivem numa democracia. E essa democracia foi conquistada com o sangue de brasileiros que lutaram para que todos nós respirássemos a liberdade tão sonhada depois de mais de vinte anos de obscurantismo. Quando vejo Paulo Guedes na Embaixada do Brasil em Washington ameaçando o povo com o AI-5, me pergunto se esse moço está com saudade dos anos de chumbo. Pergunto-me também: onde estava esse senhor quando o povo foi às ruas pedir liberdade e o fim do regime? Não basta o abestado do Eduardo, filho do Bolsonaro, ameaçar o País com a volta do AI-5, agora aparece o chefe da economia, que deveria dar exemplos de sobriedade, querendo a volta da ditadura branca com decretos ditatoriais que fecham o Congresso Nacional, as assembleias estaduais, exila os estudantes, professores e cientistas, cassam políticos e empresários, fecham universidades, censuram a cultura e a imprensa e instituem a tortura no Brasil.

Obscuro

Não existe na biografia de Guedes nada que alimente a esperança de um democrata. Durante a ditadura escondeu-se nos Estados Unidos, em Chicago, onde cursou Economia. Não se conhece dele nenhum tipo de reação ao que se passava no seu país. Talvez, por esse perfil, conservador de direita, é que foi escolhido o principal auxiliar do capitão para compor a sua turma de reacionários.

Não sabem esses energúmenos como o Brasil andou para trás no regime militar. Atrasou-se em tudo. Viu sua juventude ser sufocada, a sua cultura devassada pelos censores e o progresso tecnológico regredir por mais de cinquenta anos. Agora, quando o mundo se integra em um processo de globalização, onde o comércio e a ciência estão mais próximos dos povos, aparecem esses cabeças de bagres tipo Guedes e Eduardo com espírito revanchista e retrógrado pedindo retrocesso político caso o povo reivindique seu direito de ir às ruas. O que o JN mostrou na última terça-feira e milhões de telespetadores viram foi um ministro transtornado ao falar da subida do dólar como se o país estivesse se desmilinguindo. Ironizou a imprensa como se a imprensa fosse culpada de um provável desarranjo estrutural da economia. Engraçado, sempre mais acolhedor com os jornalistas, dessa vez Guedes transbordou de raiva ao responder as perguntas nem sempre generosas dos repórteres. Parecia ter sido atingido pelos raios raivosos do seu chefe que espuma quando é contrariado.

sazonal.

Movimentos

Guedes não gostou muito quando lhe perguntaram se estava preparado para responder aos opositores do governo que se preparam para botar os sindicatos nas ruas, caso do PT. Aí enfureceu-se, avermelhou-se, exaltou-se e brandiu o seu comportamento autoritário, aquele que está guardado para as ocasiões de quando

A turma

Naquela turma palaciana todos tocam de ouvido. Quando o capitão mandar marchar, os patetas se perfilam para obedecer as ordens, mesmo que sejam as mais esdrúxulas. Muitos, inclusive, fazem questão de serem mais apavorantes do que o próprio chefe. É o caso da porrolouca da Damares, do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e o da Educação, Abraham Weintraub, malucos que destilam ódio quando veem um microfone.

Cauteloso

Nesse time de ministros de papel, Guedes até que vinha se saindo bem. Mostrava equilíbrio quando falava sobre a sua pasta até que o dólar deu uma empinada e ele viu naquilo ali uma espécie de desvio dos rumos da economia. No início até explicou didaticamente aos jornalistas que a moeda cairia, que aquilo era coisa

o cara se sente contrariado.

Oposição

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que faz uma oposição discreta ao capitão tentando percorrer o caminho da presidência da República, chamou a atenção do Guedes e falou do descuido que a equipe do capitão tem com as palavras. Vez ou outra – ou seguidamente – um auxiliar, quando não são os filhos, botam a boca no trombone pra dizer um monte de

besteira, numa repetição do que faz o chefe na porta do Palácio da Alvorada.

Louca

A Damares, a ministra dos Direitos Humanos, é a mais louca de todos os ministros. Na mesma terça-feira ela foi para a porta do ministério, permaneceu-se tal qual uma estátua para não falar nada. Quando perguntada, dizia que estava fazendo uma encenação, igual os malucos nos hospícios. Não resta dúvida que estava esperando uma ambulância para ser recolhida que, infelizmente, não chegou a tempo e ela voltou para dentro do ministério (?) para despachar.

Coitados

Os malucos desse governo cada vez mostram mais o grau de insanidade de cada um. Apareceu uma vez um cara de uma secretaria do Meio Ambiente numa entrevista ao lado do capitão para dizer que os peixes não seriam incomodados com o óleo que vazou dos navios nas praias do Nordeste. “Eles, os peixes, são muito inteligentes e vão desviar

JORGE OLIVEIRA arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

do óleo para não serem contaminados”. Você ainda ri, mas isso é verdade.

Hospício

Não resta sequer uma dúvida quanto ao hospício que virou o governo do capitão. Começa pelo próprio que não se cansa de dizer bobagens quando encontra os jornalistas na porta do Alvorada. Todos os dias ele saca da cartola uma proposta que nunca é concretizada porque tudo depende do parlamento. Mas ele não se conforma e continua a apresentar projetos que só estão na cabeça dele, uma cabeça desarranjada mentalmente.

Embaixada

Um dos seus projetos, por exemplo, era indicar o filho Carlos como embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Dizia aos ventos que o menino estava preparado, que era amigo do Trump e da família do presidente e que o Brasil só iria lucrar com ele lá representando o governo.

Porrada

Depois de levar um monte de porrada, o capitão percebeu que o filho é despreparado. Dizia dominar o idioma porque em outro momento tinha trabalhado como vendedor de hambúrguer nos EUA. Na primeira entrevista que deu na terra do Tio Sam até o Caetano Veloso sacaneou o inglês dele. E da mesma forma que indicou o garoto, o capitão retirou o apoio convencido de que estava fazendo uma grande cagada.

E agora, José?

É a pergunta que todos fazem quando percebem que o governo não tem rumo, é feito de improviso, cada um tem uma ideia na cabeça, nem sempre genial, para administrar a sua pasta. Mas enquanto estiverem batendo cabeça como tontos, ainda se suporta. Mas quando essa maluquice descamba para trazer de volta os anos negros da ditadura aí são outros quinhentos, o povo, escaldado, não


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Nova Maceió

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projeto Nova Maceió que está sendo executado pela prefeitura, coloca novamente o prefeito Rui Palmeira como forte cabo eleitoral nas eleições do próximo ano. Do desgaste político inicial à recuperação do prestígio, em alguns meses o prefeito recuperou o tempo perdido, dando uma nova cara à cidade de Maceió. Ao construir avenidas como a que leva o bairro de Guaxuma ao Benedito Bentes e avançar rapidamente na recuperação de ruas, além de um trabalho sério de infraestrutura, o prefeito tem força suficiente para participar ativamente do processo eleitoral do próximo

Chapa proporcional

Antes de baterem o martelo sobre quem será o candidato a prefeito no próximo ano, os partidos aliados trabalham para montar uma chapa proporcional que garanta também a eleição do substituto de Rui Palmeira. As avaliações estão sendo feitas, os nomes estão sendo escolhidos e o anúncio somente deve acontecer mesmo no início do ano.

De fora

Na eleição majoritária a situação será bem diferente. Vários nomes já estão postos, mas alguns não fazem parte do projeto de Rui Palmeira. É o caso do deputado JHC, que Rui Palmeira não quer ver nem pintado de ouro. Assim, o PSDB vai ter dificuldade de encontrar um candidato de consenso.

Recuado

Como a situação da escolha de um candidato é muito delicada, o senador Rodrigo Cunha, presidente regional do PSDB, apostaria, se fosse por vontade própria, no nome de JHC. Mas sabe que se apoiar o deputado para suceder o prefeito, baterá de frente com Rui Palmeira.

Aposta

Já o Partido Progressista, liderado pelo deputado federal Arthur Lira e pelo exsenador Benedito de Lira, aposta no nome do deputado Davi Davino, que também poderia ser apoiado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor.

Na disputa

O atual presidente da Câmara de Vereadores, Kelmann Vieira, também circula como um provável nome para disputar a Prefeitura de Maceió. Nas pesquisas realizadas até agora, sempre aparece o nome de Kelmann, um político que, aparentemente, não tem atritos políticos e é conhecido como conciliador. Este nome, sim, também seria olhado com simpatia pelo prefeito Rui Palmeira.

ano e vislumbrar a possibilidade de disputar o governo do Estado em 2022. Além dessas obras, uma deverá ficar marcada na vida dos maceioenses: a urbanização total do Dique Estrada, inclusive com a construção de centenas de moradias para a população local. O Dique Estrada será, de acordo com o projeto que iniciará com força a partir de dezembro, outro cartão postal da cidade. Essas iniciativas, certamente contribuirão para o prefeito Rui Palmeira ser o protagonista na escolha de um candidato que lhe irá substituir na Prefeitura de Maceió.

Reeleição

Nos primeiros meses de 2020 novas eleições devem acontecer. Desta vez na própria Assembleia Legislativa. Pelo andar da carruagem, o presidente Marcelo Victor seria reeleito com muita facilidade, já que detém o apoio de mais de 80%. O presidente, nesta sua gestão, foi um defensor intransigente dos parlamentares, chegando junto a cada parlamentar que se sentiu desconfortável com relação à sua atividade na Assembleia.

Preferência

Se depender do Partido Progressista o candidato a prefeito de Maceió será o deputado Davi Davino, muito bem avaliado nas pesquisas. Mas isso somente deverá ocorrer se todos aceitarem o seu nome.

Lista de espera

Se o tiro do prefeito Rui Palmeira sair pela culatra, o nome do ex-governador Ronaldo Lessa aparece com força e pode ser a surpresa nas eleições municipais. A reboque, Lessa poderia levar a ex-vereadora Heloísa Helena, mas, para isso, o PSDB teria que romper com os partidos hoje aliados.

Não aceita

Um dos motivos que afasta Heloísa da disputa como uma provável vice de Ronaldo é não abrir mão de algumas composições. A ex-vereadora não quer nem ouvir falar em alianças com partidos considerados como conservadores.

GABRIEL MOUSINHO n gabrielmousinho@bol.com.br

Sem chances

Pelo comportamento do prefeito Rui Palmeira e de sua maneira de encarar composições políticas, o único pré-candidato que ele não quer conversa é o deputado federal JHC, embora seja o nome de preferência do senador Rodrigo Cunha, hoje presidente regional do PSDB.

Longe do Biu

Já vai fazer 1 ano que Rodrigo Cunha assumiu o mandato de senador, mas até agora está longe, muito longe, de ser um parlamentar atuante como Benedito de Lira foi. Aliás, é voz geral de que o Biu dá um banho de trabalho com relação aos outros senadores.

Sem sucesso

Dos nove governadores do Nordeste, sete foram à Europa e dois mandaram representantes. Mas voltaram com as mãos abanando, sem as perspectivas de fazerem grandes negócios para os seus estados. Um fiasco, avaliaram órgãos de imprensa da região. No mais, pareceu uma viagem turística de final de ano.

Pagando a conta

Como sempre, o povo pagou a conta para governadores comerem, beberem, se hospedarem em hotéis de luxo, sem resultados práticos. A situação foi tão decepcionante, que não se tem notícia da presença, em nenhum dos encontros, de representantes do alto escalação de países europeus.

Ilusão

O PT vai tentar novamente disputar a Prefeitura de Maceió, mas sabe de antemão que a parada é muito difícil. Aliás, não existe nenhuma novidade na candidatura do partido. Mais uma vez Ricardo Barbosa deve ser o candidato, que deverá sofrer um massacre nas urnas.

Nem sim, nem não

Já o procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, preferiu não comentar o desejo do governador Renan Filho de abraçar sua candidatura a prefeito de Maceió. Desconheceu as declarações do governador, o que dá a impressão que ele não quer conversa com o Palácio República dos Palmares.

Independência ou insatisfação

A derrubada de vetos do governo de Alagoas na Assembleia Legislativa demonstra que existe ou a independência dos deputados com relação ao Palácio República dos Palmares ou insatisfação no tratamento que os parlamentares vêm recebendo. O clima na Assembleia já não é tão favorável ao governador Renan Filho como antigamente.

Reação

Os agentes penitenciários não gostaram nem um pouco da presença de um rato morto entre os pães servidos à categoria e aos próprios presidiários. Bateram forte no governo e deixaram transparecer que podem deflagrar a qualquer momento uma greve no setor, o que traria sérias complicações para o sistema penitenciário.


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ELEIÇÕES 2020

Rui e Renan ensaiam “aliança branca”

Ambos discutem nomes que agradem aos dois lados; PT ficará a reboque de Renan Calheiros ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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s múltiplos interesses envolvendo a Prefeitura de Maceió ajudam a construir alianças até pouco tempo improváveis ou tratadas como impossíveis para as urnas de 2020: existe até um acordo em curso entre o governador Renan Filho (MDB) e o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB); uma reedição da parceria entre o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) e a ex-vereadora Heloísa Helena (Rede); a dissolução do PSL, sem viabilidade para lançar o deputado Cabo Bebeto nas eleições da capital; a candidatura de Ricardo Barbosa (PT) que só sobreviverá após decisão do senador Renan Calheiros (MDB); o silêncio do PSOL e PCB que ajuda quem está em vantagem nesta busca por espaços maiores no cenário local de olho em Brasília. A parceria entre Renan e Rui inclui um nome para a disputa eleitoral no próximo

ano agradando aos dois lados e a ajuda de Rui para que o processo de privatização da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) não emperre na administração municipal, inviabilizando o projeto assinado pela equipe de Renan Filho. Rui desistiu de disputar o governo ano passado, facilitando a reeleição do governador. Também não vai disputar o Senado em 2022, abrindo os caminhos para Renan Filho que mira a vaga hoje ocupada por Fernando Collor (PTC). Rui disse que é candidato a governador e tem a certeza da vitória por antecipação, tanto que sua administração em Maceió é um oco de boas ideias. Mas o prefeito vê uma “aliança branca” no horizonte, mesmo plano fartamente usado no passado entre Renan Calheiros e o ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). Mesmo em lados opostos, ambos eram aliados nas urnas. Os dois ganharam muito com esta forma de fazer política. Rui e Renan parecem querer cruzar a mesma ponte, usando o mesmo método e alcançando o outro lado: o dos vitoriosos. Para isso dar certo, Renan Filho terá de abrir mão de indicar o vice Luciano Barbosa como seu sucessor. Não é difícil. Barbosa apoia o filho Daniel para a Prefeitura de Arapiraca contra Rogério Teófilo (PSDB) que enfrenta uma administração em crise, também reflexo do

Prefeito Rui Palmeira e governador Renan Filho podem reviver estratégia de Téo Vilela e Renan Calheiros cenário ruim da era Jair Bolsonaro. PAZ A estratégia de calheiristas e palmeiristas garante paz nos bastidores entre os dois lados, sem declarações bombásticas pela imprensa, com pequenos jogos de encenação para mostrar uma rivalidade que não existe. O deputado Davi Maia (DEM), aliado de Rui, encena que está na oposição na Assembleia. Mas na quarta-feira (27) fez questão de estar ao lado do governador, com fartos elogios de um inimigo cordial, bebendo água envasada pela Casal e ajudando a aplaudir a Estação de Tratamento de Esgoto da companhia, que beneficia 300 mil pessoas. Um dia antes, na Assembleia, Maia derramou verborragia “contra” o governador. Comparou-o até a ditadores comunistas. Uma muleta usada por Olavo de Carvalho, astrólo-

go da era Bolsonaro, para misturar alhos com bugalhos. No vale-tudo eleitoral, Maia só pensa em ser deputado federal. Mas terá de sair do Democratas, dominado pelo presidente da Assembleia, Marcelo Victor (SDD), cujo interesse é o mesmo: a Câmara em Brasília. Além disso, o interesse de Davi Maia é o mesmo de Rui: os negócios que se costuram para a Casal, com a desestatização da companhia que, de alguma forma, despertam o interesse destas lideranças. Tanto que Davi Maia está animado: aguarda apoio de Rui e Renan para 2022, quando vai disputar a vaga de federal. Já Rui fala em nomes do PSDB em Maceió. Curioso: todos agradam aos Calheiros - Tereza Nelma, deputada federal; Kelmann Vieira, presidente da Câmara e; o secretário de Governo, Eduardo Canuto. O mais articulado é Kelmann. Foi vice do senador Fernando Collor quando ele saiu

para a disputa a governador, desistindo mais adiante; seu sogro é Cícero Cavalcante, hoje na Prefeitura de São Luiz do Quitunde e aliado histórico dos Calheiros. Sua posição na Câmara lhe dá quase unanimidade entre os vereadores da capital. Rui e Renan juntos sufocam o PP, que sonha em lançar o deputado Davi Davino e apoiado por Marcelo Victor; sufocam Marcelo Palmeira, também do PP, vice de Rui, cotado a ser coisa nenhuma em 2020; despistam o PT; desmancham a aliança Lessa e Heloísa Helena num cenário das esquerdas, levando em conta que o PSOL e o PCB não possuem planos partidários, apenas de marcar espaço na votação. Claro, nada é tão simples. Alinhavar tantos interesses não é tarefa fácil. E talvez gere confusão na cabeça do eleitor. Mas quem disse que a política tem uma lógica, a não ser a dos que querem ganhar?


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Ex-prefeitos Vânia Paiva, Célia Rocha e Eustaquinho Moreira contrataram os escritórios sem licitação e usaram os recursos do Fundef em desacordo com a legislação

FARRA DO FUNDEF

TCU determina que 9 municípios devolvam R$ 145 milhões

Decisão atinge um prefeito, nove ex-prefeitos e vários escritórios de advocacia VERA ALVES veralvess@gmail.com

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m prefeito e nove ex-pre-

feitos de Alagoas têm 30 dias para recolherem aos cofres do antigo Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) R$ 72.641.832,95 pagos indevidamente a escritórios de advocacia. O mesmo valor terá de ser ressarcido pelos advogados responsáveis pelos escritórios.

A decisão é do Tribunal de Contas da União (TCU) e datada do dia 23 de outubro último, quando do julgamento, pelo Plenário, do processo TC 018.180/2018-3. Os R$ 145.283.665,90 cobrados pelo TCU referem-se a honorários advocatícios pagos pelos municípios de Capela, Messias, Rio Largo, Arapiraca, Boca da Mata, Estrela de Alagoas, Teotônio Vilela, Feira Grande e Traipu com recursos dos precatórios do Fundef que começaram a ser liberados pela União no final de 2015 e à multa imposta aos gestores que formalizaram os contratos de advocacia ilegalmente e autorizaram os pagamentos. Os nove e mais os municípios de Batalha, São Sebastião e São José da Tapera foram alvo de auditorias por parte da Se-

cretaria de Controle Externo do TCU e do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Em alguns também foi confirmado o rateio de recursos do Fundef com professores, o que é igualmente vetado, e até a utilização dos recursos em outras áreas que não a da educação. No Acórdão 2.553/2019, referente ao julgamento de outubro, o TCU determina a notificação do prefeito João José Pereira Filho (Joãozinho Pereira, de Teotônio Vilela) e dos ex-prefeitos Célia Rocha (Arapiraca), Vânia Paiva (Rio Largo), Jarbas Maya de Omena Filho (Jarbinhas, de Messias), Luiz Eustáquio Silveira Moreira Filho (Eustaquinho Moreira) e Antônio Gomes de Melo Neto (ambos de Capela) para que devolvam os valores pagos a título de honorários

adv ocatícios. A mesma determinação vale para os gestores que assinaram contratos com os escritórios de advocacia dos municípios de Traipu, Estrela de Alagoas, Boca da Mata e Feira Grande. A ex-prefeita Célia Rocha é quem terá de repor aos cofres do Fundef o maior valor: são R$ 23.175.087,32 pagos a um único escritório de advocacia, o F. Sarmento Advogados Associados. Com sede em Recife (PE), fundado em junho de 2002 com capital social de R$ 100 mil e tendo como sócios Felipe Sarmento Cordeiro e Américo Couto Coelho Bezerra, ele terá de restituir ao Fundef o mesmo valor. O F. Sarmento, aliás, abocanhou quase metade dos R$ 72.641.832,95 pagos pelos nove municípios. Exatos R$ 31.265.925,53. Além de Arapiraca, recebeu das prefeituras de Capela (R$ 787.197,77), Messias (R$ 658.720,45), Teotônio Vilela (R$ 1.767.117,18), Boca da Mata (R$ 1.153.664,27), Estrela de Alagoas (R$ 741.272,35), Feira Grande (R$ 1.091.889,15) e Traipu (R$ 1.811.378,51). Joãozinho Pereira, prefeito de Teotônio Vilela, terá de reembolsar ao Fundef R$ 13.089.756,85. O terceiro maior valor a ser reposto por um gestor é da Prefeitura de Traipu. São R$ 10.410.221,30 por conta de idêntica cifra paga a seis escritó-

rios de advocacia que também terão de devolver os valores recebidos em 30 de novembro de 2015 a título de honorários. A auditoria feita pelo TCE em Traipu não identificou o gestor que formalizou os contratos nem quem os autorizou. Esta identificação, de acordo com o acórdão, será feita por meio de Tomada de Contas Especial pelo TCU, o mesmo valendo para os demais municípios em que não tenham sido identificados os responsáveis pela irregularidade: Estrela de Alagoas, Boca da Mata e Feira Grande. Os demais ex-prefeitos identificados e os respectivos valores a serem por eles devolvidos são: Jarbinhas, de Messias - R$ 3.659.558,09; Vânia Paiva, de Rio Largo - R$ 4.900.383,68; Antônio Gomes de Melo Neto e Eustaquinho Moreira, de Capela - R$ 2.071.573,07 cada um. Em Boca da Mata, Estrela de Alagoas e Feira Grande os valores a serem restituídos pelos gestores dos contratos são R$ 6.834.504,06, R$ 4.118,179,72 e R$ 3.082.862,26. Em todos os casos, os escritórios de advocacia também estão obrigados a receberem os valores que receberam. Além de terem sido contratados sem licitação, algun já teriam tido os respectivos honorários pagos judicialmente.


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Rateio entre professores é proibido pela legislação, adverte ministro O rateio dos recursos recebidos pelos municípios como precatórios do Fundef é estritamente proibido pela legislação. O entendimento do Tribunal de Contas da União – ao qual cabe a fiscalização dos precatórios do fundo – consolidado no Acórdão 2.866/2018, foi mais reforçado pelos ministros da Corte no julgamento do processo da auditoria realizada em 12 municípios de Alagoas. Foi, inclusive, inserido como recomendação aos municípios pelo relator, o ministro Walton Alencar Rodrigues, aprovada pelo Plenário do TCU no dia 23 de outubro: “Dar ciência, aos municípios de Arapiraca, Batalha, Boca da Mata, Capela, Estrela de Alagoas, Feira Grande, Messias, Rio Largo, São José da Tapera, São Sebastião, Teotônio Vilela e Traipu/AL, que os recursos de precatórios do Fundef não estão submetidos à subvinculação de 60%, prevista no artigo 22 da Lei 11.494/2007, e também não podem ser utilizados para pagamentos de rateios, abonos indenizatórios, passivos trabalhistas ou previdenciários, remunerações ordinárias, ou de outras denominações de mesma natureza, aos profissionais da educação (conforme item 9.2.1 do Acórdão 2.866/2018-TCU-Plenário, de relatoria do Ministro Walton Alencar Rodrigues)”. O rateio, no caso, é permitido apenas para o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), sucessor do Fundef a partir de 2007. Nas auditorias realizadas em Alagoas até agora, confirmou-se o rateio pelos municípios de Boca da Mata (R$ 7,2 milhões) e Capela (R$ 11.186.495,4 em 2016 e R$

regularidade e, se for o caso, comunique os Municípios de Arapiraca e Feira Grande da necessidade de recomposição da conta específica dos recursos dos precatórios do Fundef, sob pena de instauração de TCE, nos termos dos itens 9.2.3 e 9.4.2, do Acórdão 1824/2017 – Plenário”.

JUIZ FEDERAL CONTRARIA TCU

160.551,29 em 2017) pelo que os gestores que autorizaram a distribuição de recursos serão acionados para devolução dos recursos. “Como decidido no Acórdão 2.866/2018 – Plenário, o artigo 70, I, da LDB, que autoriza a execução de despesas do Fundeb com remuneração de profissionais da educação, e o artigo 22 da Lei do Fundeb, o qual prevê a subvinculação de recursos para pagamento de profissionais do magistério, dizem respeito aos recursos ordinários do Fundeb, não devendo justificar e abranger a aplicação de recursos extraordinários de precatórios do Fundef”, afirma o relator. Terão igualmente que responder os gestores que utilizaram os recursos do Fundef no pagamento de salários – Batalha, Capela, Messias, São Sebastião, Teotônio Vilela e Arapiraca – e contribuições previdenciárias (Teotônio Vilela).

DESVIOS O desvio na utilização dos precatórios do Fundef em Arapiraca e Feira Grande rendeu uma observação à parte do ministro Walton Alencar: “Especificamente em relação ao Município de Arapiraca, a instrução (peça 200) indica que, do total de aproximadamente R$ 131 milhões recebidos pelo ente a título de precatórios do Fundef, cerca de R$ 29 milhões foram destinados a pagamento de folha de pagamento geral; R$ 5,8 milhões a consignações da folha geral; R$ 33 milhões com fornecedores diversos; R$ 10 milhões para área de saúde e R$ 15 milhões para o Fundo Municipal de Educação. A unidade técnica aduziu que as referidas despesas, ocorridas em 2015 e 2016, tiveram respaldo em entendimento do TCE/AL, que as autorizava, antes mesmo de o TCU ter indicado a correta aplicação dos recursos

dos precatórios do Fundef. Ocorre que, como já discorri, ao menos desde 1996 os recursos do Fundef devem ser destinados, exclusivamente, a ações de manutenção e desenvolvimento do ensino (MDE), conforme expressa previsão constitucional e legal, não sendo legítima decisão do TCE/AL que autoriza gastos em sentido diverso, sobretudo em relação à parcela de recursos federais da complementação da União no âmbito do extinto Fundef. Quanto ao Município de Feira Grande, o relatório do TCE/ AL indica que os recursos não foram utilizados exclusivamente na manutenção e desenvolvimento do ensino, tendo sido transferidos a contas do FPM, QSE, PNATE, Fundo Municipal de Assistência Social e FUS (peça 71, p. 26-27). Deve ser determinado, por conseguinte, que a unidade técnica promova as diligênciasnecessárias para apurar a ir-

A despeito de o Tribunal de Contas da União ter pacificado no ano passado a polêmica sobre o rateio do Fundef com profissionais da educação, confirmando que ele não é permitido, o juiz federal Aloysio Cavalcanti Lima, da 12ª Vara Federal, autorizou no dia 7 de novembro que a Prefeitura de Arapiraca rateie os recursos com professores com base na Lei Municipal 3350 de 9 de agosto de 2019. São R$ 20.104.778,44 correspondentes a 60% do valor remanescente do precatório pago ao município pela União no final de 2015. Arapiraca recebeu mais de R$ 131 milhões. A autorização vai de encontro inclusive ao acórdão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) já transitado em julgado e que veta o rateio. O Ministério Público Federal anunciou que vai recorrer da decisão do juiz da 12ª Vara. Por conta de decisão judicial, a União está devolvendo aos municípios de 17 estados mais de R$ 91 bilhões relativos aos repasses por aluno feitos a menor no período de 1998 a 2006 (veja gráfico acima). Os municípios alagoanos receberam pouco mais de R$ 4 bilhões.


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COITÉ DO NÓIA

Câmara é investigada por uso irregular de verba de gabinete Esquema teve início em 2017 e prejuízo já passa de R$ 200 mil

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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Câmara Municipal de Coité do Nóia está sendo investigada pelo Ministério Público de Contas de Alagoas (MPC-AL) por uso indevido da verba de gabinete destinada a cada um dos nove parlamentares do município. De acordo com denúncia ao qual o EXTRA teve acesso, os vereadores transformaram a quantia em uma renda mensal fixa, inflando seus salários em quase 50% todos os meses. O salário bruto dos parlamentares é de R$ 3.649,36, com os descontos, o valor líquido chega a R$ 3.115,55. Além dessa quantia paga aos representantes da região que tem pouco mais de 10 mil habitantes, segundo estimativa de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os parlamentares se aproveitaram da verba mensal para receber em média R$ 1.500 a mais todos os meses. O valor repassado em supostas despesas que estão sendo investigadas já passa de R$ 218.000,00. De acordo com a denúncia, o esquema funciona desde 2017, quando o prefeito da cidade, Bueno Higino (PSDB), sancionou a

Lei Nº 368/2017 instituindo uma “cota financeira para o exercício da atividade parlamentar, de caráter estritamente indenizatório, destinada a custear o reembolso gasto exclusivamente para o exercício da atividade parlamentar no valor de R$ 2.000,00 para cada vereador”, diz trecho da lei. Necessário ressaltar que a denúncia não deixa claro se existe participação do gestor municipal nos repasses. A lei determinou também que cabe ao Poder Legislativo a disponibilidade de recursos. O valor seria usado para cobrir, por exemplo, gastos com material de expediente, telefone móvel ou fixo, locação de veículos

e despesas com combustível. A cota é entregue mensalmente pelo presidente a cada vereador mediante recibo firmado pelo mesmo, cabendo aos vereadores a responsabilidade da apresentação de prestação de contas. Porém, o que chama

atenção do MPC é que todos os nove parlamentares apresentam notas fiscais com exatamente a mesma quantia todos os meses, alternando entre R$ 1.500 e R$ 1.600 o valor. De acordo com dados disponibilizados no Portal

da Transparência do município, a soma de todos valores repassados como cota parlamentar desde 2017 já passa de R$ 218.000,00. Os valores referentes aos meses de junho, julho e agosto podem ser conferidos nas imagens.

Subsídios pagos em janeiro de 2017 aos vereadores conforme Portal da Transparência da Câmara

Verba de gabinete do mês de junho deste ano tem o mesmo valor indenizatório para todos

DESPESAS A lei determinou também que cabe ao Poder Legislativo a disponibilidade de recursos. O valor seria usado para cobrir, por exemplo, gastos com material de expediente, telefone móvel ou fixo, locação de veículos e despesas com combustível. A cota é entregue mensalmente pelo presidente a cada vereador mediante recibo firmado pelo mesmo.

“Percebe-se que os reembolsos são redistribuídos de forma igual mês a mês, nenhum centavo a mais ou a menos. [...] Os valores repassados estão desarmônicos com a rotina dos vereadores como desarmônicos com a realidade social do município”, diz a denúncia acatada pelo órgão ministerial. Por meio da assessoria de comunicação, o MPC relatou que a 5ª Procuradoria de Contas de fato instaurou Procedimento Ordinário (PO) para solicitar ao presidente da Câmara as documentações necessárias

para apurar a denúncia. O PO foi publicado no dia 2 deste mês e o presidente tem 15 dias após a notificação para responder ao MPC. Porém, como a notificação foi enviada pelos Correios, o órgão ainda não foi notificado do recebimento por parte do presidente do Legislativo. O EXTRA tentou entrar em contato com o presidente da Câmara, o vereador José Domício da Silva, mais conhecido como Zé da Saleta, através do número de final 4859, mas as chamadas eram direcionadas para a caixa postal.


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Histórico de irregularidades

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Câmara de Coité do Nóia é uma velha conhecida quando se trata de supostas irregularidades. Em agosto de 2018, a Mesa Diretora anulou contratos para provimento de obras após ser aberta uma investigação por suspeita de não realizar licitação. O Legislativo também era acusado de irregularidades na locação de veículos, seguiu o mesmo caminho e cancelou os contratos com os donos dos veículos. Segundo denúncias, a Câmara não realizou procedimento licitatório e não justificou a dispensa do trâmite legal. Como resultado, acabou anulando os contratos após ser pressionada pelo Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE-AL), através da Promotoria de Justiça de Taquarana que ainda

apura o caso. Mais recentemente, em junho de 2019, funcionários comissionados da Câmara de Coité do Nóia, cidade no Agreste de Alagoas, receberam aumento médio de 60% no valor líquido de seus salários em intervalo de apenas um ano, segundo informações do Portal da Transparência da casa legislativa da cidade, que conta apenas com seis comissionados. Segundo o portal, alguns salários saltaram de R$ 1.820,00 para R$ 3.002,55 e outros de R$ 1.012,00 para R$ 1.820,00 entre abril de 2018 e abril deste ano. O que chama atenção no aumento repentino é o fato de os funcionários não estarem exercendo funções diferentes daquelas que já estavam estabelecidas há um ano,

comoassessor jurídico, tesoureiro, contador e secretário. A folha total de pagamento desses comissionados quase dobrou no período passando de R$ 9.122,83‬ para R$

14.369,90. À época, o presidente afirmou que o reajuste concedido aos comissionados foi aprovado para cobrir a defasagem no salário pago aos

cargos. “O que a assessoria da Casa me falou é que os salários estavam defasados, por isso foi dado esse reajuste aos comissionados”, disse Zé da Saleta.


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GRILAGEM

Empresário perde ação na Justiça e em represália coloca gado na propriedade Álvaro Vasconcelos foi derrotado em processo que pedia reintegração de posse da Fazenda Brejo Grande, em Maceió MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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sentença do juiz José Afrânio dos Santos Oliveira no último dia 21, em que julgou improcedente a ação de reintegração de posse de parte da Fazenda Brejo Grande, no Benedito Bentes, em Maceió, impetrada pelo empresário Álvaro Vasconcelos, traz um desfecho para uma disputa que durou 13 anos. Porém, “em afronta à Justiça”, no mesmo dia da decisão o empresário teria mandado derrubar as cercas nos limites da propriedade em questão e colocado gado na área. A denúncia é de Lídia Araújo, viúva de Vitor Araújo, que há mais de 40 anos trabalha naquelas terras e desde 2006 luta pela permanência nos 27 hectares que ocupa. Diante das ameaças, a aposentada tentou fazer BO (Boletim de Ocorrência), mas foi orientada a antes abrir um inquérito. De acordo com Lídia Araújo, a fazenda que conta com cerca de 200 hectares possui vários herdeiros e apenas alguns venderam suas partes da herança para Álvaro Vasconcelos, que insiste em tomar posse de todas as terras. Segundo ela, até 2006, ano em que o empresário adquiriu cerca de 80 hectares da fazenda, não havia qualquer problema por parte dela como arrendatária e os verdadeiros proprietários, inclusive, disse, antes de Vasconcelos comprar a área, seu esposo (Vitor) celebrou contrato com um dos

herdeiros por 10 anos, embora a terra nunca tenha sido incluída em inventário. Além do que uma das herdeiras faleceu em 1997 sem deixar filhos ou esposo, fato que por si já demonstra que ela não poderia ter vendido sua parte ao empresário. “Em 2006 ele (Álvaro) entrou com uma ação para a gente sair e o juiz Pedro Jorge Cansanção (que tem parentesco com a mulher dele) deu liminar favorável para ele tomar posse das terras. Com a liminar em mãos ele tomou tudo. Mandou colocar fogo nas casas, queimaram nossas roças e tiraram o povo que morava lá. Isso umas cinco e meia da tarde, com muita chuva, carros de polícia, crianças e mulheres chorando. Um terror. O Álvaro Vasconcelos acabou com nossa vida. Fomos embora para não morrer no cacete. Como se não bastasse, jogou gado no outro dia nas terras”, relembrou Lídia Araújo com lágrimas. Porém, nessa mesma ação, em 2011 o juiz Gustavo Souza Lima derrubou a liminar anterior e colocou a família de Vitor Araújo de volta às terras. Segundo Lídia Araújo, quando ela e sua família chegavam na área ouviam tiros por toda parte. As balas atingiam os cajueiros, mas ninguém sabia quem atirava e nem de onde vinham. “Não queriam nos matar, só amedrontar. Voltamos pra terra mas com medo. Ele mandava trabalhadores lá para me amedrontar. Tive dois AVC por conta disso e meu marido faleceu de tanto desgosto”, lamentou dona Lídia.

Lídia Araújo exibe sentença que lhe garante o direito de ficar na terra Esta mesma ação foi alvo de recurso do empresário pela terceira vez e o juiz deu improcedente. Porém, Lídia diz que não tem sossego. “Assim que souberam da decisão favorável à gente, os trabalhadores dele foram lá, pisotearam a bica, ficaram debochando que

LUTA A luta pela terra vem de longa data e os episódios sinistros também. Nestes anos de disputa, Lídia disse que passou por invasões, dois incêndios provocados - porém sem prova da autoria - já teve que se afastar da propriedade por cinco anos e enfrenta sérios problemas de saúde.

qualquer dia iam tomar banho. Disseram que tinham aparecido por lá para consertar a cerca, mas os bois dele entram na propriedade e acabam com tudo e até agora nada foi feito. Todo mundo tem medo. Tenho cana para vender, mas ninguém quer ir lá comprar. Estou temendo por minha vida. Sou uma pessoa que só fiz o bem. Quero segurança. Hoje não tenho segurança naquela terra e vivo com os nervos à flor da pele. Tudo que faço é chorando. Isso é um atentado à Justiça; ele nem respeitou a decisão do juiz”, desabafou. A luta pela terra vem de longa data e os episódios sinistros também. Nestes anos de disputa, Lídia disse que passou por invasões, dois incêndios provocados - porém sem prova da autoria - já teve que se afastar da propriedade por cinco anos, enfrenta sérios problemas de saúde, perdeu o marido e passa por ameaças. Apesar das adversidades, dona Lídia diz que pretende investir nas terras, tra-

balhar naquilo que faz há mais de quatro décadas. “Vamos abrir um inquérito pra ver se ele para. Não vou desistir, tenho um Deus vivo”, garantiu dona Lídia. Para João Uchôa, advogado de Lídia Araújo, finalmente foi feita Justiça, porque foi reconhecido que Álvaro Vasconcelos não detinha título da propriedade em questão, bem como nunca teve a posse da mesma (propriedade) e, “sobretudo, fez valer o império da lei, ao assegurar à senhora Lídia a posse de suas terras”, argumentou Uchoa. Por outro lado, diz o advogado, “quanto à atitude do senhor Álvaro, em mandar derrubar as cercas e colocar o gado na propriedade da senhora Lídia, justamente no dia em que fora publicada a sentença que julgou improcedente a ação de reintegração de posse, intentada por ele, antes de ser uma violência contra a senhora Lídia, foi uma afronta ao Poder Judiciário de Alagoas. Pois, é inadmissível, estando a questão sob apreciação da Justiça, que alguém se arvore no direito de utilizar a força e a violência para combater o seu adversário, o que condenamos veementemente”, criticou. O advogado acrescentou que as providências legais serão adotadas para que o empresário responda por todos os prejuízos causados a Lídia Araújo. Na sentença, o juiz José Afrânio decidiu que “os requisitos exigidos para a concessão de reintegração de posse são cumulativos(...), de modo que a ausência de um deles já leva ao indeferimento do pedido”. Assim, “ante o exposto, julgo improcedente o pedido formulado nesta Ação de Reintegração de Posse”. Álvardo Vasconcelos também terá que pagar os custos e honorários advocatícios.


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21 ANOS

EXTRA inicia em fevereiro assinatura da edição digital Criado em 1998, semanário mais antigo em circulação do estado ganha novos adeptos e inova para bem servir ao seu público

comercial Afrânio Bastos e do comercial de Jacinto Santos todos sob o comando do editor e idealizador do projeto Fernando Araújo. Para completar a equipe, o EXTRA conta, ainda, com a colaboração de articulistas que a cada semana espalham seus talentos nas páginas do jornal.

EVOLUÇÃO

MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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jornal EXTRA DE ALAGOAS chega aos 21 anos de existência anunciando a tão esperada assinatura digital para fevereiro de 2020. Esta modalidade será mais uma ferramenta oferecida ao público leitor que há mais de duas décadas valoriza e apoia o jornalismo investigativo praticado pelo mais antigo semanário em atividade no estado. Canal de denúncia e prestação de serviço, o EXTRA investiga, fiscaliza, informa, inspira, apura e denuncia as falcatruas nas diferentes áreas de atuação. Nesta vertente, o jornal apresenta a 1049ª edição com a mesma pauta ética que acompanha sua trajetória desde a criação. Idealizado por uma cooperativa de profissionais da comunicação, de 21 a 27 de setembro de 1998 iria para as bancas a sua primeira edição. Desde a criação, a cada semana, a publicação tem mantido o propósito de oferecer ao leitor um jornalismo independente e comprometido com a verdade dos fatos. Em tempos de fake news, o EXTRA não cai na armadilha do imediatismo divulgando notícias sem verificar sua veraci-

dade. Tal cuidado só aumenta a credibilidade do semanário que tem inspirado estudantes, pautado outros veículos e é peça fundamental para alguns processos judiciais. Inclusive, até já virou livro. Todas as manhãs de sextafeira, sua versão impressa está disponível nas bancas de revistas e semáforos de Maceió, além das principais cidades do interior alagoano. O leitor fiel aguarda ansioso pela publicação, seja para deleite ou para coleção. E em 2018, ano em que alcançou a marca de mil edições publicadas, o EXTRA lançou um documentário onde alguns colaboradores contam sua história, com relatos marcantes nas duas décadas de existência. Estampado em seu pri-

meiro editorial de que “chegamos para ficar”, o EXTRA tem cumprido a promessa e há 21 anos sobrevive a centenas de processos judiciais, ameaças, invasões e até condenações. Precursor do jornalismo investigativo no estado, suas manchetes bombásticas são atrativos à parte. Como não lembrar das operações como a Taturana - que descobriu um rombo de mais de R$ 300 milhões da Assembleia Legislativa de Alagoas- e a Gabiru - que levou vários prefeitos alagoanos à prisão por desvio de recursos da merenda escolar. A Máfia dos Cartórios, Orgias no Presídio, Golpe das Letras (escândalo financeiro que provocou um rombo de mais de R$ 3,5 bilhões nos cofres públicos) e acordo dos usineiros,

entre outros assuntos, também foram pautas marcantes. Tal dedicação lhe rendeu prêmios e reconhecimento nos diversos segmentos da sociedade. A linha editorial do tabloide, de fato, faz o diferencial. Escola para uns, realização para outros, na redação do EXTRA passaram competentes e corajosos jornalistas que fizeram história e deixaram sua marca. A atual equipe não mede esforços para dar o seu melhor. Formada por um grupo de profissionais capacitados, a redação conta com a dedicação do estagiário Arthur Fontes, dos repórteres Bruno Fernandes, José Fernando Martins, Maria Salésia, Sofia Sepreny, da chefe de redação Vera Alves, do diagramador Paulo Holanda, do arte finalista Fábio Alberto, do gerente

Ao longo dos anos o EXTRA tem evoluído a ponto da versão impressa ficar pequena para tanta informação. Através do endereço eletrônico https://novoextra.com.br/ é possível acessar as informações com maior rapidez e ficar bem informado através do portal que leva a informação de maneira rápida, independente e objetiva. Seguindo a tendência mundial, nos últimos anos o EXTRA ALAGOAS vem investindo em seu portal de notícias, que deixou de ser apenas vitrine para o impresso. O jornalismo social é peça fundamental para o site, seja nas páginas do Facebook ,Instagram ou twitter. É através destas redes sociais que o EXTRA mantém um público diferenciado. São jovens que se identificam e acompanham as notícias de maneira mais leve, com linguagem acessível ao seu perfil. Diante dos obstáculos e vitórias, o jornal EXTRA DE ALAGOAS chega aos 21 anos exercendo um jornalismo sério, sem se dobrar ao poderio e sempre pautado na defesa do alagoano. Afinal, como bem disse Millôr Fernandes, “jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.


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extra Foto: Márcio Ferreira

Estação de Tratamento de Esgoto Benedito Bentes vai beneficiar 200 mil pessoas em Maceió Unidade foi inaugurada esta semana pelo governador Renan Filho, Casal e Seinfra

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oi inaugurada pelo governador Renan Filho, nesta quarta-feira (27), a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Benedito Bentes, construída pelo Governo do Estado, por meio da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) e empresa Sanama, com investimento aproximado de R$ 50 milhões. A unidade, que utiliza tecnologia de ponta trazida da Noruega, vai receber e tratar o esgoto de 200 mil pessoas dos bairros da parte alta de Maceió. Além da ETE, a Parceria Público-Privada (PPP) entre Casal e Sanama está investindo num sistema completo de coleta e

tratamento de esgoto nessa região. Por isso, continuam em andamento obras de implantação das redes coletoras e das estações elevatórias, mas a ETE já está em operação. Ao todo, o sistema, que deverá ser concluído ao final de 2020, terá mais de 160 quilômetros de redes e 15 estações elevatórias. O investimento total passa de R$ 280 milhões. “É o maior investimento feito em esgotamento sanitário na história de Maceió. Maior até do que na época da construção do emissário submarino, pois sabemos o quanto é importante o esgotamento sanitário para qualidade de vida, conforto, garantia da saúde e

preservação do meio ambiente”, pontuou o presidente da Casal, Clécio Falcão. A ETE Benedito Bentes terá capacidade de tratamento, em final de plano, de até 1.300m³ de esgoto por hora, ou seja, 360 litros por segundo, e a operação, na linguagem da engenharia, é do tipo MBBR com CFIC. São os seguintes os bairros que terão seu esgoto coletado e enviado para a ETE: Benedito Bentes, Salvador Lyra,

Santa Lúcia, Dubeaux Leão, Tabuleiro dos Martins, conjunto José Maria de Melo, Cidade Universitária, Santos Dumont, além de partes do Clima Bom e do Antares.


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OPORTUNIDADE

Pindorama estimula o empreendedorismo entre jovens do campo

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história da Cooperativa Pindorama é marcada pelo grande incentivo ao empreendedorismo, essa capacidade de identificar problemas e oportunidades, desenvolver ações e investir recursos na criação de algo positivo para a sociedade, segundo definição do Sebrae. Essa percepção de novas oportunidades no âmbito dos negócios, que tem resultado na ampliação das empresas e do mix dos produtos da cooperativa, é um comportamento que a Pindorama incentiva nos jovens da comunidade rural para que eles alcancem sucesso profissional. Na última semana, o Núcleo Incubador de Empresas de Pindorama (Niep), em parceria com o Sebrae/AL, promoveu o curso Jovem Empreendedor no Campo, capacitação cujo objetivo foi - exatamente o de contribuir para a transformação do jovem em um empreendedor rural, ajudando-o a desenvolver atitudes empreendedoras e a conhecer as oportunidades de atuar no campo para fazer negócios rentáveis, inovadores e sustentáveis. Além de desenvolver o perfil empreendedor, a capacitação auxiliou os participantes na elaboração de projetos na área de agronegócio. Foi um sucesso. O curso extensivo atraiu jovens de várias idades e que tiveram acesso a conhecimentos para identificar oportunidades no campo, potencial dos negócios rurais, mudança e inovação na área, mecanismos de apoio ao setor rural e projetos para o campo. De acordo com Socorro Casado, facilitadora do Sebrae/ AL, os alunos encerraram a capacitação mais preparados para promover ações empreendedoras. “Sabemos que a dificuldade de emprego é grande e o empreendedorismo é uma saída, já que oferece a oportunidade de criação de novos negócios”, destacou na ocasião. Estima-se que quase 7 milhões de brasileiros entre 18 e 24 anos tenham empreendimentos, atualmente, em estágio inicial ou já estabelecidos. Entre os jovens adultos de 25 a 34 anos, esse número passa dos 12 milhões. O curso trabalhou as dez características empreendedoras por meio da metodologia desenvolvida pelo Sebrae e ofereceu palestras, oficinas e dinâmicas. As atividades do Niep são baseadas no desenvolvimento de empreendimentos pré-incubados e incubados, buscando estabelecer o desenvolvimento da economia local. Junto com os parceiros, como o Sebrae/AL, o Núcleo também realiza atividades de consultorias e o acompanhamento do desenvolvimento de projetos voltados ao campo.

Núcleo Incubador de Empresas da cooperativa realiza capacitação buscando contribuir para formação de empreendedores rurais

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MÉRITO INDUSTRIAL

José Carlos Lyra entrega a Medalha de Mérito Industrial ao empresário José Alexandre, presidente do Grupo Coringa

Federação das Indústrias homenageia empreendedor alagoano e fundador do Grupo Coringa Aos 83 anos, empresário José Alexandre recebe homenagem pela construção do império econômico que contribui efetivamente para o desenvolvimento do estado

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ão raras as pessoas que inspiram gerações com bons exemplos, trabalho, determinação, superação de obstáculos e conquista de objetivos. Entretanto, a história de vida de um garoto que nasceu na pobreza do Agreste alagoano e construiu um império econômico não passará mais desapercebida aos olhos da sociedade. No último dia 22, a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea) concedeu a Medalha do Mérito Industrial Gustavo Paiva ao empresário José Alexandre dos Santos, fundador e diretor-presidente do Grupo Coringa, um dos mais sólidos empreendimentos da economia regional. A honraria, que há oito anos não passava às mãos de nenhum empresário, foi entregue pelo presidente da Fiea, José Carlos Lyra de Andrade, em festa realizada em Arapiraca. A indicação de “Zé Alexandre” para a homenagem revela a contribuição que o arapiraquense ainda mantém para o crescimento econômico do estado, segundo avaliação de Lyra. “A trajetória de vida do empresário, dedicada aos interesses de Alagoas, se mistura à história do desenvolvimento da segunda maior cidade alagoana, que é Arapiraca”, justifica. “Temos empresários que acreditam em Alagoas e nas suas potencialidades, que lutam por um estado de justiça social, de oportunidades iguais para todos e de desenvolvimento econômico. Neste sentido, destaco o trabalho de José Alexandre dos Santos, um visionário, a quem a indústria alagoana tem o dever de homenagear por

tudo o que construiu”, ressaltou Lyra. Poucos são os que recebem a Medalha do Mérito instituída em 1979 pela Fiea para selar o reconhecimento às personalidades que se destacam por seus esforços em prol do engrandecimento de Alagoas e do Brasil. Aos 83 anos de idade, Zé Alexandre mantém as qualidades e a visão de empreendedor que o levaram ao sucesso empresarial: perseverança, autoconfiança, disciplina, iniciativa e liderança; sem esquecer das habilidades comportamentais. Na noite da homenagem, o empresário, filho de dona Anália e do seu João, fez um pequeno discurso para agradecer. “As minhas palavras hoje são de agradecimento. Obrigado a todos. É dizer que está completando 50 anos da nossa pequena indústria; 50 anos completou e eu ainda estou aqui na direção. Tudo começou com o meu amigo Zé Levino e, juntos, nós concebemos o que concebemos”, disse. Em sua simplicidade característica, Zé Alexandre usou palavras imortalizadas por Luiz Gonzaga, o rei do baião: “Eu penei, mas aqui cheguei”, e confidenciou que teve uma “vida dura, muito dura”, mas que chegou [ao sucesso]. “Cheguei com vocês. Sem vocês eu não sou nada. O importante da vida é ter vocês. O meu brilho é vocês”, disse, emocionado, a familiares. Em julho deste ano, o empresário também foi o grande homenageado no evento “Trajetórias que inspiram”, promovido pelo Sebrae.


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CRIME AMBIENTAL

Mata Atlântica está desaparecendo em Maceió Ministério Público investiga denúncias; devastação é confirmada pelo EXTRA JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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s vestígios de Mata Atlântica em Maceió pedem socorro. Só nas últimas semanas, o Ministério Público de Alagoas mapeou pelo menos quatro áreas de preservação que estariam sendo degradadas. No Litoral Norte da capital, uma das infrações está localizada no bairro Riacho Doce e a denúncia chegou ao órgão fiscalizador pelo Batalhão da Polícia Ambiental. Em termos técnicos, o caso refere-se à supressão de vegetação sem licença ou autorização ambiental competente. Porém, falando mais claramente, a área onde está um manguezal vem perdendo espaço para construções residenciais. O caso rendeu abertura de

procedimento preparatório instaurado pelo promotor de Justiça Alberto Fonseca, da 4ª Promotoria de Justiça da Capital. Segundo ele, “a vegetação afetada é objeto de especial preservação, por estar inserida no domínio da Mata Atlântica, patrimônio nacional, possuindo uma biota rica e diversificada, bem como a preocupação da sociedade civil organizada com o estado de degradação em que se encontra a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (Unesco) no Estado de Alagoas”. A área de mangue está localizada no Loteamento Riacho Doce. Parte das residências que estão na Rua Projetada, Quadra A, têm como quintal o que restou do manguezal misturado com metralhas e lixo. Para a Polícia Ambiental, o que acontece com o manguezal de Riacho

Doce se encaixa com o Artigo 38, da Lei de Crimes Ambientais: Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção; pena - detenção de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. O mesmo ocorre perto dali, nas proximidades do Rio Sauaçuhy, em Ipioca, já na divisa entre Maceió e Paripueira. A vegetação-vítima também é o mangue. Trata-se de uma abertura de estrada paralela à Avenida Gunther Frans de Oliveira, mais conhecida como Rodovia AL-101 Norte. Além da estrada, uma denúncia mais grave chegou ao órgão fiscalizador: o desmatamento das áreas de mangue é para dar lugar a lotes

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extra JOSÉ MARTINS FERNANDES

Na parte alta, mais dois casos, no Antares. Um deles é no Condomínio Residencial Casa Forte, situado próximo à Avenida Menino Marcelo. Conforme denúncia, uma construção está causando supressão vegetal nativa, além de prejudicar outras residências, não permitindo a fluidez da águas pluviais.

Registros da devastação em Riacho Doce e Ipioca; no Antares, residência impede que águas pluviais fluam normalmente

de terra para construção de casas, o que seria ilegal. O EXTRA foi até o local e constatou anúncios de lotes à venda, além de construções que já brotam à beira da reserva ambiental. Na parte alta, mais dois casos, no Antares. Um deles é no Condomínio Residencial Casa Forte, situado próximo à Avenida Menino Marcelo. Conforme denúncia, uma construção está causando supressão vegetal nativa, além de prejudicar outras residências, não permitindo a fluidez da águas pluviais. Ao semanário, um vizinho, que não quis se identificar, disse que já tentaram convencer o infrator de que

sua atitude é errada, mas o mesmo se recusava a escutar. “Ele usou máquinas pesadas para nivelar um terreno, mas depois parou. Não sei se foi a reclamação dos vizinhos, mas acabou cedendo”. Nesses três casos, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) terá que se sentar com o promotor a fim de prestar esclarecimentos em audiência no próximo dia 11 para possível apresentação de proposta de compromisso de ajustamento de conduta. E moradores do residencial Jardim Formosa denunciaram que a Sanama,

empresa responsável pelo saneamento da parte alta de Maceió, visando a construção de uma estação elevatória de esgoto na área verde do loteamento, fez a supressão de espécies arbóreas nativas, tais como, ipê e pau-brasil, sem autorização ambiental. O fato foi parar na Polícia Civil. Segundo o presidente da Associação Comunitária dos Moradores do Loteamento Jardim Formosa, Pedro Canuto da Silva, uma audiência com a empresa está marcada para o dia 12. “Também reclamamos para a Companhia de Saneamento de Alagoas, a Casal. Não somos contra a elevatória, sabemos que tem que ser feita, mas há lugares melhores para fazer esse tipo de construção. O Ministério Público já veio aqui e constatou o desmatamento”, finalizou. Com operação iniciada em 2016, a Saneamento Alta Maceió (Sanama) tem contrato de parceria público privada com a Casal com vigência de 30 anos que inclui a construção e operação da Estação de Tratamento de Esgoto Benedito Bentes, implantação de redes coletoras, interceptores e elevatórias. O total de investimentos previsto é da ordem de R$ 160 milhões.


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Dúvida: de você?

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“comum” as pessoas fazerem julgamentos pejorativos do seu trabalho e até da tua inteligência. Enquanto isso, poucas são as pessoas que fazem um elogio. Nos relacionamentos, em qualquer esfera, familiar, íntima ou social, geralmente, estão ausentes boas emoções, aquelas que não têm nenhuma sensação de competitividade, são amenas, enfim, sentimento

bonachão. Os piores relacionamentos são aqueles que até disfarçam preocupação com o interlocutor ou com o “amigo(a)”. Tem alguns que até fazem você duvidar do seu potencial, são os chamados relacionamentos tóxicos e estão presentes em todas as esferas, familiar, íntima e social. É preciso muita habilidade para descobrir o que, realmente, está acontecendo.

SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Si mesmo Nunca é alto o preço a se pagar pelo privilégio de pertencer a si mesmo. (Friedrich Nietzsche)

Familiar, íntima e social No consultório muitas queixas são expostas com, muitas vezes, choros e arrependimentos de que se empreendeu bastante energia, bons sentimentos, amor, enfim, e, de repente, recebe uma desfeita. É uma realidade cotidiana. Repetindo, na esfera familiar, íntima e social. É preciso se proteger. Psicoterapia resolve. Pois é, jamais e em tempo algum se deve duvidar da sua própria capacidade, seja ela qual for, intelectual, laboral, enfim.

Recalque Outra questão muito presente nos processos psicoterápicos são pessoas vítimas de menosprezo “sem uma razão” plausível para ela, a vítima. Portanto, nunca, permita ser diminuída ou menosprezada, por quem quer que seja, inclusive um familiar. Geralmente nesses casos

há um potencial de recalque, como bem estudou Freud. E lembrando Sócrates, o filósofo, na sua frase emblemática: Conhece-te a ti mesmo. Eu diria que é preciso, sempre, ter autoconfiança, que é tudo para que se possa preservar a saúde mental.

Jamais ... Se, aliada à autoconfiança a pessoa tem também atitudes positivas e iniciativas, com certeza resultados exitosos vão aparecer, mas é preciso muita autodeterminação e muito autoconhecimento. Sair da zona de conforto é fundamental. Não é fácil. Estar “confortavelmente” num ambiente de trabalho desgastante ou num relacionamento tóxico, só faz intensificar e acelerar algum tipo de transtorno mental, seja ansiedade, depressão e até tentativas de suicídio. Portanto, jamais duvide de você.

HUMOR RECALCADO, inspirado em Freud

O humor... ahhh ... o humor... Deveria servir para rir, literalmente, mas, às vezes, faz diminuir. Ele serve, às vezes, para machucar, denegrir; Denegrir imagens, personagens, dignidade; personalidade. Pois é, logo o humor... Mas o humor é sadio; às vezes é doentio, por quem? Por pessoas mau-humoradas, disfarçadas, camufladas e

recalcadas pela introjeção da mídia destroçada, que muitas vezes, não serve para nada. Ah... o mau-humor! Tem gente que usa, ou melhor, abusa. Se abusa, não é humor, é terror; terror camuflado, doentio, disfarçado, introjetado. Humor que faz rir é salutar; Humor que faz mal é disfarçar, roubar, furtar o seu verdadeiro objetivo: rir. A pessoa que usa o humor, mau; não é humorista; é mal; mau-humorada; desastrada, recalcada. Viva o humor; o bom humor; o humor humorado; sadio e não o doentio, e nem recalcado. (Arnaldo Santtos, jornalista) Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento on-line autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Atendimento também na CLÍNICA HUMANUS: Rua Íris Alagoense 603, Farol, Maceió-AL. (82) 3025 4445 / (82) 3025 0788 / 9.9351-5851 Email: arnaldosanttos@uol.com.br


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JOSÉ MAURÍCIO

A vez dos “bebêlescentes”

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ois é, foi rapidinho. Ou parece que foi outro dia que vi meu pai fazendo a barba com uma navalha. Pouco depois, com um aparelho que colocava a Gillette e atarraxava o cabo. E ele nem chegou a usar esses modelitos descartáveis. E assim foi com a geladeira. Um móvel onde se colocava gelo na parte de cima, internamente revestida de flandres, e os alimentos abaixo apenas para ficarem frescos. Não conservava. E aí vieram os refrigeradores com seus congeladores e depois os freezers, acoplados ou individuais. No colégio tinha um buraquinho num canto da carteira para colocar o tinteiro. No estojo levava, além do lápis, apontador e borracha, aquele pauzinho com uma pena metálica na ponta, que seria mergulhada na tinta para escrever. Poucos podiam ter uma caneta tinteiro. O desconforto aca-

bou quando o sr. BIC, lá na França, inventou a esferográfica, que no início vazava pela ponta, até que um funcionário do chão de fábrica alertou para abrir um buraquinho no corpo da caneta. Ainda hoje está lá. Ter que levar um caixote no carro com barras de gelo cobertas de pó de serra, quando ia pescar. Passava geralmente dois dias e tinha que conservar os peixes. Fui salvo pelo isopor, isonor para o nordeste. As comunicações foram beneficiadas com o Telex. Primeiro com a fita perfurada que seria lida na hora da transmissão e depois com o editor de textos, já na era da informática. Via as fotos nos jornais enviadas pelo Telefoto, utilizando a linha telefônica, coisa que já acontecia desde 1920. Mas assisti à popularização dessa tecnologia com o advento do fac-símile, conhecido fax, que teve vida relativamente curta. Que lou-

cura aquele meu século vinte. Não bastasse isso tudo e ele nos presenteia com a informática. Primeiro com computadores que não cabiam em qualquer ambiente, desenvolveram-se tecnologicamente até adentrarem nossos bolsos, hoje em dia. E cá estou eu, “sexalescente”, ou mais precisamente, “septualescente”, já quase não mais usando o computador. Não, não abandonei a tecnologia. Simplesmente todas as minhas necessidades comunicativas estão sendo feitas pelo celular. Além dos normais WhatsApp, Instagram e Facebook, e mails, pagamentos e transferências bancárias, até a última das utilidades do computador que ainda usava, estou substituindo pelo smartphone: escrever meus artigos. Mas isso tem um alto preço. Uma tendinite braba na mão esquerda que já pensei em arranjar uma “sobressalente”. Isso

BRÊDA n Economista

com quantos anos de uso? Uma década no máximo. Imaginemos essa geração que já “bebêlescente”, no carrinho de bebê, enquanto os pais passeiam despreocupados pelo shopping, larga a chupeta para ficar vidrada nos seus celulares. Será uma geração que estimulará a escolha por especializações médicas que tratem da área. Se é que não virá alguma específica para tamanha necessidade.

As comunicações foram beneficiadas com o Telex. Primeiro com a fita perfurada que seria lida na hora da transmissão e depois com o editor de textos, já na era da informática.


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JORGE

Cada país com seus problemas

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ormalmente a gente só enxerga graves problemas no país em que se vive. Tudo o que não presta está do nosso lado. Vejo problemas em todos os lugares, dos mais ricos aos mais pobres. Cada um carregando a sua cruz. Alguns motivos e exemplos: nos Estados Unidos são as grandes queimadas, especialmente na região da Califórnia, ou o envolvimento com guerras, que, como a maior potência bélica do mundo, não deixa passar em branco o seu envolvimento. Outros países, como a pequena ilha de Cuba, vivem sob um regime ditatorial, onde as pessoas passam fome e nada podem fazer. No Japão, são os tsunami e terremotos. Quantas pessoas não perderam suas vidas? Milhares. Provavelmente um número não calculado, definitivo. Cidades destruídas e reconstruídas, com o sofrimento de muitos e o engajamento de todos. Na Índia, nos países africanos, em qualquer lugar, nada é fácil para ninguém. Aonde não existe problema, a natureza se encarrega

de levar. Países com temperaturas baixíssimas, com temperaturas 20º ou 30º graus abaixo de zero. Lugares aonde o Sol não aparece, com uma população pequena e acostumada a isso, porque nasceu por lá e aprendeu a conviver com isso. E o que dizer da chamada Guerra Santa: Israel X Palestina; Irã X Iraque; e muitos outros países que não conseguem encontrar o caminho da paz, com o diálogo sendo quebrado ao som das explosões, dos bombardeios, de inocentes mortos, uma população que não opina e, muitas das vezes, não se envolve, fugindo dessas guerras infames, inventadas e sofridas, principalmente para crianças e idosos. Os jovens estão dentro delas e, muitas das vezes, nem sabem o porquê. Se entregam à morte, acreditando que existirá uma nova vida em seus caminhos. Nos nossos vizinhos, entre ditaduras e governos desprestigiados, a crise já se abateu sobre Venezuela, Chile e Bolívia. Esse quadro de guerra urbana não está longe de ocorrer em outros países, como na Argen-

tina, que promoveu eleições recentemente. O pavio está pronto para ser aceso em outros lugares. O povo cansou de esperar e vem reagindo da pior maneira possível. As pessoas cansaram de tentar resolver no voto. Não deu certo e, agora, é pelas ruas que as reações estão chegando, gerando o conflito entre o Poder e a população, com pessoas mortas e presas. E, finalmente, o nosso Brasil. O que dizer dele? Provavelmente, temos todo tipo de problemas. Pobreza ao extremo; um número considerável de desempregados, que só não é maior porque ainda existe um negócio informal sem controle, e ninguém sabe até quando isso vai funcionar assim; uma grande parcela da população sem acesso a saúde e educação; e o pior deles: o roubo institucionalizado. Todo santo dia, a justiça apresenta uma nova fase da operação Lava Jato. Todo dia, a Polícia Federal leva gente para a cadeia, que já anda entupida de políticos e empresários. Não se sabe até quando esse povo

Alagoas não quis, Pernambuco abraçou

S

ou alagoana ferrenha! Abraço e defendo minha terra com fervor. Não posso ouvir ninguém falar mal do meu torrão. Rapidamente grito alto que sou das Alagoas com muito orgulho. Mas, há um procedimento em nosso pequeno estado que me deixa triste: não se valoriza muito quem nasce aqui. Desde minha adolescência vejo conterrâneos saírem de Maceió ou das cidades do interior para estudarem no Recife, Rio, São Paulo, Salvador e até Aracaju. Naquela época não havia muitas faculdades por aqui e aqueles, cujos pais possuíam condições financeiras, migravam para outras plagas. Na casa do meu sogro, Dr. Esperidião Torres, quatro homens e duas mulheres saíram de Maceió para outros lugares e só uma retornou à terra natal. Eu e meus irmãos ficamos por aqui e conseguimos sobreviver, graças ao bom ensino nos colégios e faculdades existentes. Em sentido contrário, alguns estudantes vieram de cidades pequenas para procurarem seu destino na nossa capital. Poderia citar médicos, engenheiros, advogados, professores

neste caso, que não saíram das Alagoas. Um fato contribuiu para o descrédito de nossa terra: o uso da política para empregar milhares e milhares de pessoas. O concurso público ficou desvalorizado porque havia proteções ilícitas nos resultados. Coube aos Ministério Público, em determinada época, retomar a credibilidade no acesso ao emprego público através de concurso. Quando isso aconteceu, a população não acreditava mais nas provas de títulos e conhecimento. A Assembleia Legislativa, o Tribunal de Contas, o próprio Tribunal de Justiça e o Poder Executivo nomeavam pessoas sem que se submetessem a concurso. Criou-se em nosso estado a figura do “estável”, hoje amargurando sérias consequências. Quando meus filhos chegaram no período de fazer curso superior, nenhum dos quatro quis ficar em Maceió. Todos saíram: Recife, Rio e São Paulo. A mais velha foi aprovada em direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas foi aluna da Universidade Federal de Pernambuco, por causa da transferência do pai, que era militar.

Recém-formada prestou concurso para o Ministério Público de Pernambuco e foi aprovada logo. Militou na área criminal por muito anos e depois foi designada para o Meio Ambiente. Graças a Deus desempenhou muito bem suas funções como promotora pública e aposentou-se. Hoje trabalha com sustentabilidade, viaja pelo Brasil e para fora dele, apresentando projetos de Economia Circular. Tem recebido prêmios de várias instituições sérias e afirma sempre que é alagoana, mas foi adotada por Pernambuco. Diz categoricamente: “Sou catingueira de coração”. Ando por vários estados, prestigiando minha filha, que recentemente foi a Paris, representando o Brasil, mas meu coração chora porque ela não se orgulha só de ser alagoana, mas também por ter sido abraçada por Pernambuco. Exemplo como esse que acabei de citar, vejo demais por onde ando. Alagoanos fugitivos das mazelas políticas de nossa terra, vencedores lá fora. Em todas as áreas ocorre esse fato, mas no lado artístico é bem mais visível semelhante acontecimento. Conheço cantores, atores, profissionais do rádio e de TV que

MORAES n Jornalista

vai ficar preso, pois o Supremo Tribunal Federal está aí para soltá-los, beneficiado pelo entendimento contraditório e beneficiário dos ministros do STF. Afastando a hipótese de tsunami, terremotos e guerras, pelo menos isso, o Brasil, com certeza, é o país mais corrupto do mundo, que sofre com todos os problemas dos outros e acumula muito mais em outras situações, sendo o pior deles a corrupção que ganhou fama e fez escola em muitos governos do PSDB e, especialmente, do Partido dos Trabalhadores, com seus ilustres aliados. Esse sim, é o maior dos problemas.

O povo cansou de esperar e vem reagindo da pior maneira possível. Cansaram de tentar resolver no voto. Não deu certo e, agora, é pelas ruas que as reações estão chegando, gerando o conflito entre o Poder e a população.

ALARI ROMARIZ

TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

não conseguem sobreviver com sua arte. Trabalham também em outras áreas e desempenham seus ofícios quase que por amor à causa. Amigos, irmãos, parentes, saíram de nosso pequeno estado e foram trabalhar no Sul e Sudeste. Em compensação, alguns vieram de fora e graças a amizades políticas se sobressaíram por aqui. Fico triste quando viajo e encontro alagoanos vitoriosos lá fora por falta de espaço na Terra dos Marechais. Gostaria que minha filha dissesse em outros lugares: “Sou alagoana de nascimento e de coração”. Entretanto, obrigada Pernambuco!

Um fato contribuiu para o descrédito de nossa terra: o uso da política para empregar milhares e milhares de pessoas. O concurso público ficou desvalorizado porque havia proteções ilícitas nos resultados.


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FREDERICO

O advogado, o juiz e o buraco

MEDEIROS

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m Maceió, um novato advogado prepara-se para ingressar com sua primeira petição no Foro local. Entusiasmado, mas com pouco preparo, o iniciante procura uma barbaridade de formulários, de manuais práticos para advogados de sua categoria, consulta velhos e experientes colegas, compra novos livros, visita alfarrábios; enfim, faz desse corriqueiro fato do dia a dia forense o acontecimento do século. A parafernália de livros, formulários, doutrinas e jurisprudência sobre sua mesa de trabalho literalmente o engole e absorve, por quase uma semana, mais de 8 horas diárias. Sentindo-se apto para iniciar seu ‘’tratado’’, o aprendiz de causídico põe o papel na máquina de escrever e começa a sua ‘’monumental’’ obra. Não pode e não lhe é permitido errar.

(in memoriam)

n Juiz de Direito

Chega o grande momento, na sua primeira frase datilografada, na sua primeira palavra e na sua grande dificuldade. Com que tratamento deve se dirigir ao Dr. juiz, ao qual seria distribuída a petição? Seria meritíssimo, ilustríssimo, excelentíssimo, digníssimo? Seria tal tratamento abreviado ou por extenso? É a dúvida. Após alguma reflexão, opta pelo de ‘’ Excelentíssimo Se-

nhor Doutor Juiz…’’ e começa a redigir a frase no cabeçalho da petição. Findo este trabalho, decide usar a forma abreviada de tratamento e, munido de uma borracha de apagar, com força, raspa o Excelentíssimo para escrever Exmo. Sr. Dr., mas, rasga o papel, fazendo um buraco, não se dá por vencido e continua o seu trabalho até o fim, concluindo-o.

Observando da necessidade de dar uma explicação ao juiz sobre o buraco na petição, cria o inusitado e escreve no rodapé da mesma: “P.S.: Doutor Juiz, quero avisar ao Senhor que o buraco acima é de Vossa Excelência. Obrigado”. O velho respeitado juiz, ao receber a petição, ficou uma verdadeira fera, dizendo: “Eu não tenho em cima coisa nenhuma. Este advogado é uma cavalgadura, um quadrúpede, um desrespeitador. Ele está pensando o quê?”

A parafernália de livros, formulários, doutrinas e jurisprudência sobre sua mesa de trabalho literalmente o engole e absorve, por quase uma semana, mais de 8 horas diárias.


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PRIVATIZAÇÃO

Linhas de transmissão de energia em Alagoas vão a leilão no próximo dia 19

Valor da concessão com prazo de 30 anos pode passar de R$ 29 milhões, segundo a Aneel JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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pós a venda da Companhia Energética de Alagoas (Ceal) para a Equatorial Energia, será a vez das linhas de transmissão que passam por terras alagoanas irem a leilão. A venda acontece no dia 19 de dezembro, na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, a partir das 10h. O leilão visa a concessão da prestação de serviço público de transmissão de energia elétrica por um período de 30 anos. Em Alagoas, os 15 Km das linhas de transmissão estão localizados em Messias e Rio Largo e são pertencentes à Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). A justificativa é o escoamento de geração na Geração na SE Suape II. A estimativa com o leilão é conseguir um investimento de

R$ 29,6 milhões para o estado. Os lances serão apresentados em envelope fechado, seguidos de lances a viva-voz caso a diferença entre os valores da menor proposta financeira e da segunda melhor oferta seja igual ou inferior a 5% (cinco por cento). O montante de investimento acumulado dos lotes que compõem o leilão Aneel de Transmissão totaliza R$ 4,2 bilhões, já que linhas de transmissão de outras unidades federativas também estarão à disposição, como: Acre, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Serão licitados, ao todo, 12 lotes, totalizando 2.470 km de linhas de transmissão, bem como 7.800 MVA de transformações. A expectativa com a concessão das linhas de transmissão é a geração de aproxi-

madamente 8,8 mil empregos diretos. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o Governo Jair Bolsonaro só vê vantagens com o leilão. “Entre os benefícios estimados desta fiscalização podese mencionar o aprimoramento dos processos de desestatiza-

BENEFÍCIOS Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar o aprimoramento dos processos de desestatização de Linhas de Transmissão, auxiliando na identificação de falhas/erros.

ção de Linhas de Transmissão, auxiliando na identificação de falhas/erros, diminuindo a quantidade de etapas formais que pouco contribuem com o processo, impulsionando estudos necessários ao aperfeiçoamento das técnicas e dos controles existentes, bem como aumentando a segurança quanto ao sucesso dos processos de desestatização”. CRECHES Decreto publicado na quarta-feira, 27, no Diário Oficial da União, abre caminho para o governo federal “firmar parcerias com o setor privado” na construção, modernização e gestão de creches e de estabelecimentos da rede pública de ensino nos estados e municípios. A iniciativa já havia sido aprovada pelo conselho do Programa de Parcerias de Investi-

mentos (PPI) do governo e, com a edição do decreto, o presidente libera a realização de estudos de viabilidade e estruturação de projetos-piloto para selecionar as unidades a serem atendidas. Os detalhes sobre o número de creches que poderão ser concedidas serão anunciados futuramente. “O grande motivo para fazer isso é que temos no governo federal um grande passivo de obras inacabadas, ainda do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], para creches”, afirmou a secretária especial do PPI, Martha Seillier. Segundo Martha, “são milhares de creches que iniciaram obras e não concluíram, e hoje o governo federal tem pouquíssimas chances de terminar todas essas obras. Mesmo que terminasse, os municípios têm baixa capacidade de trazer professores e equipar esses empreendimentos”.


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extra Entendendo o 13º

O pagamento do 13º salário começa neste dia 30. Porém, novatos no mercado de trabalho ainda não estão familiarizados como funciona o benefício. O 13º salário é pago em duas parcelas: a primeira até 30 de novembro, e a outra, até 20 de dezembro. Mas muita gente se confunde e acaba gastando mais porque acha que as duas parcelas são iguais. A primeira parcela é maior, porque vem integral, sem nenhum desconto. Já a segunda tem um valor bem menor, pois os encargos são debitados ali, como Previdência Social e Imposto de Renda.

Renegociação de dívidas

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os dias 5, 6 e 7 de dezembro o Procon Alagoas promove um feirão destinado a renegociação de dívidas no estacionamento do Maceió Shopping, próximo à Ricardo Eletro, no bairro da Mangabeiras. A ação marcada para começar às 10h tem o objetivo de negociar as dívidas para que os alagoanos entrem 2020 com o nome limpo na praça. Para participar só precisa levar RG, CPF, comprovante de residência e o documento da dívida. Empresas como Equatorial, Casal, Claro, Oi, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e Cesmac participam da negociação.

Seguro-desemprego

O Projeto de Lei 4923/19 pode acabar de vez com o modo que os trabalhadores demitidos recebem o seguro-desemprego. De acordo com o texto, o benefício só será pago a quem prestar serviços à administração pública ou a entidades sem fins lucrativos entre 20 e 30 horas semanais, conforme encaminhamento dos órgãos públicos responsáveis pela colocação ou recolocação no emprego. A proposta está em tramitação na Câmara dos Deputados. Como argumento, o PL de autoria do deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) diz que “os trabalhadores que usufruírem do benefício do seguro-desemprego poderão se preparar melhor para o mercado de trabalho, adquirindo experiência, ao mesmo tempo que as fraudes serão inibidas”.

Empréstimo com garantia

A recente alta dos juros em 12% fez futuros devedores procurarem alternativas aos tradicionais empréstimos. A alta fez despertar interesse no crédito com garantia, que permite empréstimos com prazos de pagamentos longos e juros baixos. A principal característica dessa modalidade é que é necessário ter algum bem em seu nome para deixar como garantia. No caso de automóveis, há empresas que chegam a emprestar um valor equivalente a 90% do preço do carro. No caso de imóveis, emprestam ao redor de 60% e 70% do valor da casa ou apartamento. Os juros começam em 1% ao mês. Algo bem menor do que os 12% ao mês do cheque especial, por exemplo, ou dos 7% do empréstimo pessoal comum.

ECONOMIA EM PAUTA n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com


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TEMÓTEO

CORREIA

NO PAÍS DAS ALAGOAS

O defunteiro

Novembro de 2010. Meu aliado político até às vésperas das eleições de 3 de outubro, quando se aborreceu, por questões financeiras, e foi apoiar outro candidato, Val-2000 reaproximou-se após a nossa vitória nas urnas, com muita solicitude, inclusive ligando-me sempre que alguém desencumbia-se do encargo da vida, na cidade de Maribondo, convidando-me para o sepultamento. Certo dia, acordei-me com uma ligação. Era Val-2000. - Alô, diga aí, deputado! - Oi, Val, tudo bem? - Tudo bem não! Morreu o filho do João Coló. - Foi o Pedro Coló? - Não. Foi o Eligreisson Coló. - E o que eu posso fazer a essa altura? - Pode fazer muita coisa, deputado: dar o caixão,

n Ex-deputado estadual

a mortalha, uma guirlanda de flores e o seu carro de som para convidar a população para o sepultamento. - Só? - Não, a sua presença que é o mais importante.

Mas não chegue em cima da hora, não. Acho que vai ter muita gente, viu? - Morreu de que o Eligreisson? - Não sei. Tinha só um mês de idade. - Mas, Val, rapaz, você me liga para eu ir a um enterro de um recém-nascido? - É, o bebê não votava, mas a família é grande e vota. Afobei-me: -Ô, rapaz, eu não vou poder ir não. Ele, em tom ameaçador, na lata, sentenciou: -Então, se prepare para daqui a quatro anos, o povo lhe dá o troco, viu? E, daqui pra frente, não conte mais comigo. Estamos rompidos, entendeu? Eu desliguei o celular e balbuciei: -Ufa! Graças a Deus!


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Lançamentos badalados do Salão de Los Angeles

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s salões de automóveis nos EUA não são gigantescos como os europeus, a exemplo de Frankfurt (o maior do mundo) e o de Paris. Eles se espalham por algumas cidades americanas, acumulam tradição e até concorrência entre eles. Os de Detroit e Los Angeles, por coincidência, existem desde 1907. As datas eram próximas (novembro e janeiro), mas Detroit passou para junho. Este ano o Salão de Los Angeles (LAAS, sigla em inglês), aberto até 1º de dezembro, teve estreias importantes. A principal foi o Mustang Mach-E, o SUV cupê elétrico da Ford. O desenhista Joel Piaskowski é o mesmo do cupê esportivo que completou 55 anos com prestígio em alta. A inspiração, no caso do SUV, é sutil nas lanternas traseiras e na extremidade dianteira. A Audi também partiu para um SUV cupê, muito elegante, o e-tron Sportback. Distância livre ao solo diminuída em 1,3 cm e as linhas do teto caindo com suavidade fazem a diferença. Marcas alemãs sempre têm presença forte no LAAS e este ano focaram no alto desempenho. A própria Audi apresentou o RS Q8, de 600 cv, enquanto a Mercedes-Benz respondeu à altura com o Mercedes-AMG GLS 63, ambos SUVs de grande porte. BMW concentrou-se em modelos menores como o BMW Série 2 Gran Coupé,

de 305 cv, e a sua subsidiária MINI completou a festa com o MINI John Cooper Works GP e seu imenso aerofólio traseiro. Todos chegarão ao Brasil em 2020 em pequenos lotes. Entre os elétricos destaques para o Porsche Taycan, sedã-cupê de alto desempenho que terá na Califórnia seu maior mercado; a station Volkswagen ID. Space Vizzion e o reformulado Toyota Mirai – agora um carro realmente bonito – a aposta japonesa nas pilhas a hidrogênio como contraponto às baterias de íons de lítio. Versão conversível do novo Corvette, de motor central-traseiro, também atraiu olhares. O SUV crossover Trailblazer (nada a ver com o homônimo vendido aqui) servirá de base para os futuros Chevrolet nacionais, inclusive o mesmo motor de três cilindros turbo de 1,2 litro. Outro modelo para o nosso mercado é a totalmente reformulada oitava geração do Nissan Sentra, fabricado no México: tudo novo inclusive o motor (previsão segundo trimestre de 2020). Três acontecimentos chamaram a atenção fora do LAAS. Um deles o fiasco da apresentação da estrambótica picape elétrica pesada da Tesla. Em evento à parte do salão, o presidente da empresa Elon Musk teve uma surpresa desagradável. Os vidros pretensa-

FERNANDO CALn fernando@

mente inquebráveis da Cybertruck não resistiram à demonstração por duas vezes. Também teve impacto a decisão da GM de processar a FCA por supostas perdas financeiras bilionárias em relação às negociações trabalhistas, envolvendo o sindicato de metalúrgicos UAW. Esse episódio remonta a 2009, mas teria se agravado há três anos na gestão do falecido (em 2018) executivo-chefe Sergio Marchionne com quem a empresa americana viveu às turras desde os anos 1990. E o governo da Califórnia anunciou que não mais compraria modelos da GM, FCA, Toyota e Nissan pois estas decidiram acatar regras federais de emissões algo mais permissivas, porém válidas para os 50 estados americanos. Uma briga ridícula, de viés puramente político.

ALTA RODA n TOYOTA decidiu que próxima geração n do Yaris, a exemplo do Corolla, também terá versão híbrida. Não antes de 2023 ou 2024, ao fim do ciclo de vida do modelo que estreou em 2018. Até lá será mais comum a hibridização como forma de grande economia de combustível em uso urbano, em geral 60% da quilometragem anual. n AUDI inicia pré-venda do todo novo Q3 a partir de R$ 179.990, importado da Hungria. Entregas em fevereiro de 2020. A marca estuda viabilidade de produção no Brasil. SUV tem agora 2,68 m de entre -eixos, quase 8 cm a mais. Banco traseiro corrediço (5 cm) pode aumentar o espaço. Porta-malas, 530 litros, é o maior do segmento. Desenho ficou bastante atraente. n MUITO impressionante é o mínimo que se pode dizer sobre o Ford Mustang Shelby GT350R, avaliado por duas horas em Los Angeles, Califórnia. No país do câmbio automático, oferece caixa manual de seis marchas e engates extremamente precisos. Direção e freios (Brembo) são de alto nível. Suspensão firme, mas sem desconforto. Potência, 533 cv; 0 a 96 km/h em 3,9 s.

n ONIX PLUS tem linhas atraentes e comportamento bastante suave no dia a dia. Acelera firmemente ao combinar um equilibrado motor 1.0 turbo, câmbio automático e baixo peso em ordem de marcha para o seu porte. Interior espaçoso, porta -malas bom com 469 litros, direção precisa e freios bem dimensionados. Tanque de combustível (44 litros) deveria ser maior. n CUIDADOS com os futuros carros autônomos chegam à pintura. BASF trabalha em nova tecnologia de cores escuras, para facilitar o reflexo de sinais infravermelhos enviados por lidar que calcula distâncias com extrema precisão. Pigmentos são específicos para esse fim e desde já estão sendo desenvolvidos. n RESSALVA: frenagem autônoma de emergência estreou no Jeep Compass. Hyundai HB20 foi o primeiro entre os compactos.


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VIRADA DO ANO

Licitação para queima de fogos em Maceió é questionada Vencedora não teria atendido a requisitos de edital e quase provoca incêndio durante teste com explosivo BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

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falta de profissionais adequados e itens errados ou de má qualidade levaram concorrentes a questionar a vitória da empresa Piroex Eireli na licitação para realizar o estouro de fogos para a virada de ano em Maceió. A Casa Buscapé Fogos, de Curitiba, que participou do processo licitatório organizado pela prefeitura da capital chegou a acionar diretamente a Agência Municipal de Regulação de Serviços Delegados (Arser). No recurso, a concorrente apontou diversas irregularidades praticadas pela empresa Piroex Eireli, entre elas a falta de equipe técnica adequada para manusear os equipamentos. “Da análise da documentação juntada pela empresa em recorrida, percebe-se que não foram atendidos os requisitos previstos nos itens 17.1.3 ‘QUALIFICAÇÃO TÉCNICA’ do Edital”, diz trecho do recurso. De acordo com o edital, a comprovação do vínculo profissional dos responsáveis técnicos com a empresa se dará pela apresentação de

cópia de registro em ficha ou livro de empregado, devidamente autenticado ou da carteira de trabalho em que conste a licitante como contratante; cópia de contrato de prestação de serviços, por prazo indeterminado, devidamente registrado na entidade profissional competente, algo que, segundo a Casa Buscapé Fogos, de Curitiba, não foi apresentado. As descobertas aconteceram após o dia 4 de novembro, quando representantes das empresas e autoridades de fiscalização se reuniram para acompanhar a deflagração das amostras dos fogos de artifício. O resultado foi divulgado no dia 8 de novembro, pela Secretaria Municipal de Esporte, Turismo e Lazer (Semtel). No final da licitação, a vencedora acabou sendo a Piroex Eireli.

“O modelo e o fabricante demonstrado é diferente do constante na proposta, além disso, na especificação pede que os tubos sejam em leque e no demonstrado os tubos são retos; o modelo demonstrado é diferente do constante na proposta, além disso, na especificação pede tubos de 1,5 polegadas e no demonstrado os tubos só possuem 1,2 polegadas; o modelo demonstrado é diferente do constante na proposta; e o produto demonstrado teve falha na qualidade do produto, a bomba explodiu no próprio tubo onde causou inclusive um princípio de incêndio”. Além dos itens errados e da falta de profissional especializado, a empresa que perdeu a licitação também relatou em seu recurso que “a empresa recorrida não

utilizou os equipamentos exigidos na licitação, utilizou um equipamento de qualidade inferior, que por sua vez apresentou falhas e não deflagrou um dos produtos no momento certo e precisou de ajustes para que ocorresse a deflagração”, declarou a empresa que também pontuou: “Não entendemos como a Secretaria Municipal de Turismo, Esporte e Lazer proferiu relatório favorável à empresa recorrida”. “Caso essa ilustre pregoeira não reconsidere sua decisão nos termos pleiteados, requer-se que o presente Recurso Administrativo seja devidamente recebido, instruído e encaminhado à autoridade competente, para que o aprecie e, ao final lhe dê provimento para anular a decisão que habilitou a empresa denunciada, mesmo

tendo esta descumprido manifestamente as exigências prevista em Edital”, finalizou. Procurada, a Secretaria Municipal de Turismo, Esporte e Lazer informou que a contratação de empresa especializada na prestação de serviços de show pirotécnico para a realização do réveillon de Maceió, que acontecerá no dia 31 de dezembro de 2019, foi objeto de licitação por meio do edital Arser 147/2019, em estreita observância à legislação vigente. Apesar dos questionamentos realizados pela empresa concorrente, a pasta informou que a vencedora atendeu ao que preconiza o referido edital, incluindo a aprovação da demonstração realizada no dia 4 de novembro de 2019. “Cumpriu os requisitos necessários, sendo considerada apta e satisfatória”, afirmou a pasta por meio de nota. Mesmo com a vencedora anunciada, a Prefeitura de Maceió informou que “continuará atuando na gestão, acompanhamento e fiscalização do certame e dos instrumentos de contratação para que o show pirotécnico de réveillon de Maceió 2019/2020 atenda em plenitude os devidos requisitos legais e de segurança”.


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O futuro de Teófilo

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o demitir cerca de 700 servidores em cargos comissionados sob o pretexto de enxugar a folha e manter o município funcionando, o prefeito de Arapiraca, Rogério Teófilo, tomou uma medida extrema e não pensou no seu futuro político, já que é candidato declarado à reeleição. Teófilo, por meio de sua assessoria, informou que o enxugamento da folha será de 5% do total, “pois mais de 200 dos exonerados voltarão aos trabalhos essenciais ainda na próxima semana. Arapiraca possui mais de 10 mil servidores entre ativos e inativos na folha de pagamento”.

Na própria carne

Teófilo reconhece que fazer cortes na própria carne é doloroso para qualquer gestor e que há uma preocupação da gestão com as famílias e também com a manutenção dos serviços para a população em geral. “Colaboradores (servidores públicos) precisam receber. Eles são a mola mestra de qualquer serviço; fornecedores também necessitam pagar contas e pagar os colaboradores que os mantêm funcionando. A preocupação é manter os serviços públicos com os atendimentos para a população e as obras distribuídas no município”, disse Teófilo em nota distribuía a imprensa.

Não vai parar

Mas para o prefeito arapiraquense, com o retorno de mais de 200 servidores para os trabalhos essenciais ainda na próxima semana, Arapiraca não vai parar. Mas não informou se adotará medidas para pagar salários em atraso.

Cutucou a Câmara

De acordo com a assessoria da Prefeitura de Arapiraca, o prefeito Rogério Teófilo bancou alternativas como o Projeto de Lei Nº 33/2019, enviado em Regime de Urgência Especial, no dia 7 de novembro, para ser votado na Câmara de Vereadores de Arapiraca. Entre falta de quórum e de sensibilidade de alguns parlamentares mirins, o projeto que dispõe sobre o Fundo Previdenciário Municipal, com o objetivo de garantir o pagamento de aposentados e pensionistas de Arapiraca, ainda não foi à votação.

Cofres vazios

“Os últimos anos não têm sido fáceis para os municípios brasileiros. Os cofres estão cada vez mais vazios. São constantes quedas nas arrecadações. 80% dos municípios brasileiros estão com problemas financeiros. Ou seja, a cada 10 municípios, 08 estão à beira do abismo”, diz um trecho do decreto divulgado pelo município.

Reação da oposição

Com exceção das redes sociais, onde a medida de Teófilo causou grande rebuliço, com críticas de toda ordem, a oposição ficou completamente inerte. A reação veio apenas do vereador Rogério Nezinho, que cobrou os três meses de salários atrasados dos servidores em cargo de comissão, que agora também perderam o emprego.

ABCDO INTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

PELO INTERIOR ... A TV OOPPS lançou, oficialmente, seu site de notícias em Arapiraca, destacando a independência e isenção político-partidária das informações. O novo portal de Alagoas consta de reportagens locais, nacionais e internacionais, tudo que julgue ser do interesse do seu telespectador e do público em geral. ... A jornalista Cinara Corrêa é quem está à frente do portal, que pode ser acessado pelo endereço: TVOOPS. net. br.

Está otimista

A amigos e correligionários, Teófilo se diz tranquilo e convicto de que a demissão foi a medida correta que teve que tomar para enfrentar a crise que se abateu sobre a Prefeitura de Arapiraca. Ele, no entanto, sabe que a sua atitude causou uma espécie de estranheza na população e que isso o afetará politicamente. “Não pensei em mim e sim na população que precisa das ações da Prefeitura. O tempo dirá que estamos no caminho e fazendo tudo do jeito certo”, afirmou o prefeito.

Traipu

A secretária Municipal de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pesca, Priscilla Palmeira, comemora junto com o prefeito Cavalcante a parceria firmada com o Sebrae e que já começa a dar frutos, entre eles, ela destaca o curso de capacitação para 18 mulheres no Sítio Quixaba, na zona rural do município.

Ações concretas

A secretária destaca que com ações concretas é possível plantar as sementes do desenvolvimento do município. “Esse curso é o primeiro de três, vamos avançar muito mais”, comemora Priscilla Palmeira, aproveitando para agradecer ainda a parceria com a secretária de Assistência Social, Ivânia Fulô, que cedeu alguns instrumentais utilizados no curso.

Zona rural

Priscilla Palmeira explicou que o curso é voltado para atender as associações e particularmente as mulheres na zona rural. “Estamos levando os meios para a implantação da fabricação de produtos, com o manejo e preparo de doces”, disse, acrescentando que todos os produtos poderão ser comercializados.

... Todos os programas produzidos pela TV OOPS são postados na íntegra no site. ... O senador Rodrigo Cunha se reuniu na quarta-feira com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e com o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Rodrigo Dias, para dar seguimento às ações que vem tomando desde o início de seu mandato para destravar, as obras das creches. ... O ministro deu a boa notícia de que 28 creches que estavam paradas, canceladas ou com suas obras atrasadas em Alagoas receberão recursos federais para serem concluídas. ... As 28 creches alagoanas que o governo federal promete finalizar se somam às 15 para as quais o senador Rodrigo já conseguiu garantir recursos federais. .... “Parece que eu estava adivinhando quando cobrei da tribuna da Câmara Municipal de Arapiraca, na terça-feira, uma atitude do prefeito Rogério Teófilo, para resolver o problema no atraso no pagamento dos servidores municipais, onde muitos não recebem há 3 meses”. ... A afirmação foi feita na tarde de quarta-feira (27), pelo vereador Rogério Nezinho (MDB), ao tomar conhecimento de uma portaria assinada na quarta pelo prefeito Rogério Teófilo demitindo 800 comissionados e contratados. ... Segundo o parlamentar, fica até difícil imaginar um pai de família ficar desempregado, principalmente no final de ano. ... Um excelente final de semana para todos. Até a próxima edição!


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CÂNCER

Livro de oncologista brasileiro aponta novos tratamentos Obra de Ramon Andrade de Mello conta com colaboração dos principais especialistas na doença do mundo MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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incidência de câncer tem crescido em todo o mundo e diante deste cenário, que ainda é tabu para parte da população, várias tecnologias inovadoras estão surgindo para ajudar clínicos e pesquisadores a oferecerem o melhor aos pacientes. No livro International Manual of Oncology Practice: iMOP -- Principles of Oncology, o médico oncologista e professor universitário Ramon Andrade de Mello aborda as principais atualizações do tratamento do câncer, como imunoterapia e medicina de precisão. A publicação pode ser adquirida no site da Amazon e nas principais livrarias do país e tem como público alvo profissionais médicos. O livro do médico brasileiro contou com a colaboração de especialistas do mundo inteiro que atuaram como coautores da obra. A publicação traz tratamentos sistêmicos em áreas da oncologia médica, como câncer de mama, oncologia gastrointestinal, torácica, urológica, tumores ósseos, de cabeça e pescoço. Segundo Mello, o tratamento do câncer evoluiu bastante nas últimas décadas e o livro é um manual de diretrizes internacionais do tratamento da doença que serve de referência para vários países. De acordo

com o autor, a obra nasceu da necessidade de abordar o atual estado da arte em oncologia no sentido de estabelecer um elemento de partida para responder questões relativas à prática oncológica vocacionada a tumores sólidos e cuidados paliativos de suporte em doentes oncológicos, além de aspectos da investigação na área de oncologia e perspectivas futuras no desenvolvimento de novas tecnologias na área de saúde. “Além de muito agressivo, o câncer é um desafio para pesquisadores e oncologistas. A publicação traz, inclusive, questões de múltipla escolha e casos clínicos nos capítulos principais, a fim de melhorar o aprendizado do leitor”, explicou Mello. O especialista argumenta que atualmente, com a facilidade da informação tanto pela internet, como rede sociais e médicos generalistas cada vez mais atualizados, o câncer tem deixado de ser um tabu. Porém alerta que ainda é preciso trabalhar a conscientização da população da necessidade de procurar o médico oncologista para o rastreio e diagnóstico precoce, a fim de se obter os melhores resultados. “Os novos tratamentos podem contribuir para aumentar a expectativa de vida dos pacientes. Hoje, as pesquisas avançaram muito e contamos com terapias alvo, por exemplo,

que estão demonstrando uma nova era no tratamento do câncer”, afirmou Mello. No livro há a participação de médicos e pesquisadores das principais instituições mundiais, como MD Anderson (EUA), Universidade de Harvard (EUA), Universidade da Califórnia (EUA), Universidade do Algarve (Portugal), Universidade de Lisboa (Portugal), Universidade do Porto (Portugal), Universidade de York (Inglaterra), Mount Vernon Cancer Center (Londres, Inglaterra), University Hospital Wales (Reino Unido), Chiang Mai University (Tailândia), Universidade de Atenas (Grécia), Universidade de Larissa (Grécia), Universidade de Lausanne (Suíça), Universidade de Bern (Suíça), Universidade Católica de Louvan (Bruxelas, Bélgica), Instituto Nazionale di Tumori (Nápoles, Itália), Zhejiang University (China) e instituições nacionais, como Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Instituto Nacional do Câncer (INCA), Rio de Janeiro. SOBRE RAMON ANDRADE DE MELLO Oncologista clínico e professor adjunto de Cancerologia Clínica da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ramon Andrade de Mello tem pós-doutorado em Pesquisa Clínica no Câncer de Pulmão no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e doutorado (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal).

O médico tem título de especialista em Oncologia Clínica, Ministério da Saúde de Portugal e Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO). Além disso, Ramon tem título de Fellow of the American College of Physician (EUA) e é membro do Comitê Educacional de Tumores do Gastrointestinal Alto da Sociedade Americana de Oncologia Clínica e do Comitê Educacional de Tumores Gastrointestinal da Sociedade Europeia de Oncologia Médica. Integra o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital 9 de Julho, em São Paulo, e do Hospital Beneficência Portuguesa, em Bauru (SP). NÚMEROS Dados do Organização Pan Americana de Saúde (OPAS/ OMS Brasil apontam que o câncer é a segunda principal causa de morte no mundo e é respon-

sável por 9,6 milhões de mortes em 2018. A nível global, uma em cada seis mortes são relacionadas à doença. O envelhecimento da população é um dos fatores que faz aumentar os casos de incidência de câncer em todo o planeta, sendo o de mama mais comum nas mulheres e o de próstata nos homens. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tumor de próstata é o segundo mais comum entre homens – ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma –, devendo chegar a 68 mil novos casos diagnosticados em 2019. O câncer de mama é segundo tipo que mais acomete brasileiras. Para o Brasil, foram estimados 59.700 casos novos de câncer de mama em 2019, com risco estimado de 56 casos a cada 100 mil mulheres.


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