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Nordeste é a região mais favorável à prática do aborto

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MEIO AMBIENTE

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Levantamento do Senado traça perfil do eleitor brasileiro

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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Realizada após o segundo turno das eleições de 2022, que resultou na vitória do presidente Lula (PT) contra Jair Bolsonaro (PL), o Instituto DataSenado avaliou a opinião dos brasileiros sobre temas polêmicos, como aborto, cotas, pena de morte e a credibilidade da urna eletrônica. Tópicos em que a direita e a esquerda do país nutrem discursos antagônicos. Foram entrevistados, por telefone, 2.007 cidadãos de 16 anos ou mais, em amostra representativa da opinião da população brasileira.

O levantamento revela que o Brasil continua conservador quando o assunto é o direito da mulher de interromper a gravidez com segurança caso queira: 58% dos entrevistados se declararam contra a prática do aborto. Dentro desse recorte, a maioria que se declarou contra a prática foram as próprias mulheres: 61% das entrevistadas. Quando analisado por regiões, o Nordeste se destacou: 45% concordam com o aborto. Em seguida apareceu o Sudeste (38%), Sul (32%) e Centro-Oeste e o Norte, ambos com (30%).

Sobre a pena de morte, a maioria dos entrevistados que se declararam pretos foram a favor: 60%.

Em geral, os homens são os mais favoráveis à penalidade, com 58%.

No quesito regiões, o Nordeste concentra os que mais concordam com a pena capital: 52% dos entrevistados na região foram a favor.

O Norte e Sul empataram e encabeçam a lista: 57%. Centro-Oeste aparece com 56% e o Sudeste, 55%. Por faixa etária, quem mais deseja a pena de morte são os jovens de 16 a 29 anos e aqueles que têm 40 a 49 anos, representando 57%.

Vale destacar que a soma dos percentuais difere dos 100% por se tratarem de recortes de situações distintas. Por exemplo, dentro da faixa etária de 60 anos, 55% são a favor da pena de morte. O mesmo vale para as outras análises. Separados por religião, 57% dos entrevistados que se declaram católicos são a favor da pena de morte. Já os evangélicos somam 55%.

Vota O

A maioria dos brasileiros ainda confia nas urnas eletrônicas: 58% concordam com a afirmação de que “o resultado das urnas eletrônicas em eleições é confiável”. No entanto, houve queda de 8 pontos percentuais neste nível de concordância em comparativo com a pesquisa de 2021. A mudança de nível pode ter forte relação com o contexto pós-eleitoral, visto se tratar de um tema bastante politizado. Quase a totalidade, 93%, dos brasileiros que se declaram à esquerda na política concordam com a afirmação, bem como 75% dos posicionados ao centro e 69% dos que não se identificam com nenhuma das posições políticas. Em contraste, 78% daqueles que se posicionam mais à direita são contrários à medida.

Ofensas

Um terço dos brasileiros, 33%, declarou que sofreu ofensa de estranhos por causa de política. As desavenças afetaram inclusive os laços de amizade e familiares de algumas pessoas, visto que 17% afirmam ter deixado de falar com algum amigo ou colega por causa de política e 15% afirmam ter deixado de falar com algum familiar pelo mesmo motivo. A maioria das pessoas posicionadas à esquerda na política, 57%, disse ter sofrido ofensa de estranhos por causa de política, indicando que possa haver maior animosidade em relação às preferências e opiniões políticas e sociais deste grupo.

Cotas

A maioria dos brasileiros, 58%, concorda com a afirmação de que “o sistema de cotas para negros em universidades é justo”. Este patamar retoma o nível de aprovação atingido ao final de 2019. Em relação ao final de 2021, houve aumento de 9 pontos percentuais no índice de concordância. O contexto pós-eleitoral também pode ter acarretado a mudança na tendência desta série, visto que 76% dos que se consideram mais à esquerda e 73% dos que se consideram mais ao centro concordam com a justiça da política de cotas para negros em universidades, enquanto 54% dos posicionados mais à direita se mostram contrários.

Democracia

O apoio à democracia aumentou no Brasil. Pelo menos sete em cada dez brasileiros (73%) consideravam em novembro de 2022, logo após as eleições, que a democracia é sempre a melhor forma de governo. Em 2019, 58% dos brasileiros tinham essa opinião. Para 11% um governo autoritário é melhor em algumas situações, enquanto que para 9% tanto faz ter um governo democrático ou autoritário. Outros 6% não sabiam ou não responderam.

Em comparação com edições anteriores da pesquisa, houve também uma redução do índice de insatisfação com a democracia. O levantamento revela que o número de pessoas muito satisfeitas em relação à democracia cresceu de 10%, no final de 2021, para 18%, em 2022. A explicação está na queda de 9 pontos percentuais daqueles que se declaram pouco satisfeitos e que agora representam 49% dos brasileiros. Já o grupo que não está nada satisfeito com a democracia no Brasil se manteve constante e corresponde a 28% da população.

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