Edição 1000

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EDIÇÃO

ANO XX - Nº 1000 - 30 DE NOVEMBRO A 06 DE DEZEMBRO 2018 - R$ 3,00

A credibilidade é o nosso maior patrimônio

extra MACEIÓ - ALAGOAS

www.novoextra.com.br

1998 - 2018

EDIÇÃO ESPECIAL

HISTÓRIA

Há 100 anos, morria o alemão que descobriu petróleo em Alagoas O velho José Bach se afogou nas águas da Lagoa Manguaba em circunstâncias misteriosas

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ARROCHO FISCAL MARCARÁ SEGUNDO MANDATO DE RENAN n Governador deve rever programas sociais, extinguir órgãos e cortar despesas 6


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COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Governo do aperto

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- O projeto político do governador Renan Filho de chegar ao Senado em 2022, e de lá para o Planalto, não será tão fácil quanto a sua reeleição ao governo de Alagoas. A derrota do PT e a crise do país devem atrasar o sonho de Renanzinho.

- Mesmo apostando no desgaste político do senador 2difíceis Fernando Collor, o governador enfrentará tempos que exigirão mais aperto fiscal, menos gastos públicos e pouco espaço para novas alianças políticas.

o Estado em petição de miséria e o país ainda 3erno-emCom grave recessão, a oposição dos Calheiros ao govBolsonaro só agravará o problema. E nada indica que o Planalto mudará de ideia nos próximos quatro anos.

1998 - 2018

- Ainda que os repasses da União sejam mantidos 4dinheiro por força constitucional, dificilmente Alagoas terá novo para investir em obras de infraestrutura, de que tanto necessita.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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Sem recursos para investimentos, Renan Filho 5dor-corre o risco de se transformar em mero administrada folha de pagamento dos servidores públicos. E com a devida transparência exigida nos momentos de crise.

- A menos que o senador Renan Calheiros esqueça 6e decida as juras de amor eterno ao presidiário Lula da Silva apoiar Bolsonaro. Ainda assim, nada será fácil para Alagoas, mas Renan Filho poderia respirar melhor.

Essa possibilidade passa pela pretensão de Renan 7taria-Calheiros de comandar o Senado, pleito que já concom o apoio do vice, general Mourão, de quem o senador diz ser amigo desde criancinha.

- Prevendo o pior, Renan Filho deve reunir seu 8exigir se-cretariado para discutir corte nas despesas e austeridade nos gastos públicos. E não está

descartada a extinção de órgãos e demissão de comissionados.

Taturanas livres

O TSE manteve os direitos políticos do deputado Paulão do PT, último dos taturanas já condenados no processo do grande roubo na Assembleia. Em decisões anteriores, o TSE liberou as candidaturas de Arthur Lira, Cícero Almeida e Isnaldo Bulhões Filho.

Reajuste imoral

No mesmo dia em que a Oxfam Brasil anunciou que o país piorou em relação à busca por igualdade de renda, o presidente Temer sancionou o reajuste salarial de 16,38% para os ministros do STF, cujo salário passará de R$ 33 mil para R$ 39,2 mil e provocará um efeito cascata que custará mais de R$ 4 bilhões aos cofres públicos.

Prioridade

Enquanto aumenta o salário dos ministros do Supremo, Temer reduz de R$ 6 bilhões para R$ 4 bilhões a verba do FGTS disponível para projetos de saneamento básico neste ano. Até o fim de agosto, foram contratados apenas R$ 783,26 milhões em serviços e obras.

Viva Maceió

A folga prolongada entre os feriados da Proclamação da República e da Consciência Negra rendeu bons resultados para hotéis, pousadas e outros estabelecimentos do setor turístico em cinco cidades do Nordeste. Dados da Rede, empresa de meios de pagamento eletrônicos do Itaú Unibanco, indicam que Maceió foi o destino com o maior aumento no faturamento do setor entre todas as capitais brasileiras, com 42,6%, no comparativo entre 15 e 20 de novembro de 2018 e o mesmo período do ano passado. São Luís e João Pessoa tiveram 41% de crescimento no critério. Na sequência aparecem Teresina, com 39,8%, e Aracaju, com 30,3%.

Quem paga a conta

Em seu relatório, a Oxfam revela que o país estagnou em relação à redução das desigualdades e, mais grave, está caminhando para um grande retrocesso. E quem paga a conta são os mesmos de sempre: as pessoas em situação de pobreza, a população negra e as mulheres.

Privilégio da elite

E mais uma vez a privilegiada elite do funcionalismo público é beneficiada com reajustes imorais em detrimento da massa de assalariados. “Há décadas, os mais ricos detêm uma enorme fatia da renda nacional, seja em contexto de crise ou de bonança”, diz o relatório da Oxfam Brasil.

Vale do Reginaldo

O projeto de revitalização do Vale do Reginaldo vai fazer 20 anos e não tem prazo para sua conclusão. Quem sabe levará mais 20 ou 30 anos para ser concluído. A ideia começou a sair do papel ainda no governo João Sampaio, em 1990, passou pelos prefeitos Ronaldo Lessa, Kátia Born, Cícero Almeida e desembarcou na gestão do atual prefeito Rui Palmeira. Cada prefeito fez alguma intervenção, mas o impulso maior deu-se na gestão de Cícero Almeida, com a locação de recusos federais, mas aí começou uma disputa entre o prefeito e o governador Téo Vilela pela gestão da grana.

Briga por dinheiro A contenda levou muito tempo e a solução foi dividir os recursos entre Estado e Prefeitura. Mas com tanta gente mandando na mesma obra não podia mesmo dar certo e o projeto acabou paralisado, até hoje. Além de urbanizar o vale, o projeto prevê a construção de uma via expressa em cada lado do riacho indo do Poço à Gruta de Lourdes como alternativa para desafogar a Fernandes Lima. Mas ninguém fala mais nisso. Só nos resta esperar a próxima eleição para ver se o tema vem a público e alguém assume o compromisso de concluir essa obra tão importante para Maceió.


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Apagaram a luz do Lula

JORGE OLIVEIRA arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Oposição

O PT não está morto. Como maior bancada na Câmara dos Deputados, seus parlamentares vão infernizar a vida do Bolsonaro nas votações que interessam o governo. Só não será uma tragédia porque outros partidos de esquerda já se mostraram contrários uma aliança com os petistas pra formarem um bloco de oposição. Não querem transformar o PT no partido majoritário na oposição.

Os generais

O governo do Bolsonaro é o que tem mais generais depois da ditadura militar, como se isso fosse a garantia de sucesso. O presidente eleito tenta, com isso, intimidar funcionários subalternos dos ministérios e evitar a corrupção. Por outro lado, já existe uma arranhadura dentro do Congresso, pois alguns partidos estão inconformados com a distribuição de cargos e se sentem alijados do governo.

Patinando

As últimas escolhas dos ministros têm chamado a atenção pelos nomes desconhecidos da base política. Quando não são técnicos econômicos escolhidos por Paulo Guedes, muitos a revelia do presidente eleito, são pessoas desconhecidas, pobres de currículos. O país só vai saber se isso vai dar certo nos primeiros seis meses, quando o governo mostra a sua a cara e começa a definir seus programas, principalmente na área econômica para assegurar a estabilidade.

Nova Iorque – A descoberta de outros casos de corrupção e lavagem de dinheiro deixa sombrios os dias de Lula. Para quem achava que passaria poucos dias na cela, que renasceria das cinzas como a fênix para um novo voo político como candidato a presidente da república, o tempo passou e só Carolina não viu, como diria Chico Buarque, seu mais ardoroso defensor. Da euforia da pré-campanha, quando se apresentava como candidato, mesmo com a certeza de que a Justiça iria impugnar seu registro, Lula agora se prepara para uma prolongada permanência atrás das grades, agora com o tempo desfavorável a um desfecho feliz. Já não se vê por aqui os movimentos de “Lula Livre” e a campanha do “Fora Temer”, patrocinada pelos petistas. Parecem clichês do passado que vão se desmilinguido enquanto o país caminha para outro momento político. A brasileirada está mais preocupada em encher os carrinhos de compras nas lojas de departamento no frisson do Black Friday do que sair pelas ruas friorentas da Big Apple acenando a bandeira de PT injustiçado. No meio dos brasileiros – até entre os petistas radicais – já não se ouve tanto a defesa doentia de Lula. Parece que os protestos foram engolidos pelos novos tempos, depois do último depoimento do ex-presidente à juíza Gabriela Hardt que o enquadrou de forma severa ao perceber a intenção dele em tumultuar o interrogatório quando insinuou que o juiz Sérgio Moro tinha relações próximas com o doleiro Youssef. Se Lula imaginava que iria impor suas bravatas, o que se viu foi um cara abatido e acuado diante da juíza determinada a não deixá-lo fazer proselitismo político. A sensação que tenho por onde passo – Miami e Nova Iorque – é de que existe um conformismo entre os seguidores de Lula de que ele ficará mais tempo na cadeia do que se imaginava. E que depois da campanha feita no exterior com dinheiro público por embaixadores simpatizantes do PT e cineastas com dinheiro da Ancine, é fria, hoje, a reação dos brasileiros em relação a causa petista. A imprensa, então, quase não fala

de política brasileira. O próprio Bolsonaro já está frio, gelado, no noticiário. Trump, com os seus arroubos, não deixa espaço pra ninguém na mídia. Quem vem ocupando as manchetes por aqui é outro brasileiro, o ex-presidente da Nissan, o Carlos Ghosn, preso no Japão sob acusação de sonegação fiscal. O executivo é figura presente nas primeiras páginas dos principais jornais como Financial Times, NYT e Washington Post. Há controvérsias quanto a sua prisão. Fala-se, inclusive, que os japoneses teriam armado uma arapuca contra Ghosn, também naturalizado libanês, para retirá-lo da presidência do conselho com inveja do sucesso dele à frente da própria empresa deles. É o que pensa pelo menos os dirigentes da Renault, empresa francesa, parceira da Nissan, que condena a prisão de Ghosn. Assim como a imprensa, os organismos internacionais também baixaram a bola na campanha do “Lula Livre”. Alguns dirigentes tentaram, em vão, tumultuar o processo eleitoral, mas recuaram diante da decisão soberana do TSE de manter a inelegibilidade de Lula nas eleições desse ano. Há um certo temor entre os minguados petistas sobreviventes no exterior de que o ex-presidente será novamente condenado. E se isso de fato ocorrer, dizem eles, Lula dificilmente sairá da cadeia, já que seu partido, derrotado nas urnas, está no ostracismo. Outros militantes acreditam que Lula, caso condenado novamente, deverá ser transferido para um presídio comum para cumprir as penas. Mantê-lo sob custódia na Polícia Federal requer uma logística que a própria PF não está acostumada, pois o local não é para abrigar preso já condenado. Além disso, Lula custa muito caro ao estado pelo aparato à sua disposição por ser um preso que exige atenção especial. Enfim, o velho ditado do “rei posto, rei morto” é o que se ouve dos brasileiros, que nesse momento se acotovelam com os japoneses nos corredores lotados das lojas de grife, quando falam sobre a situação atual de Lula. O ostracismo do Lula assemelha-se a cena de um político apagado como se alguém tivesse puxado a tomada, deixando-o na escuridão.

Zé Dirceu pode voltar para o presídio a qualquer momento. Foi condenado novamente em processo de corrupção e lavagem de dinheiro. Solto pelo STF, ele agora perde o habeas corpus que o colocou na rua numa ação discutível liderada pelo atual presidente do STF, Dias Toffoli, ex-empregado de Dirceu na Casa Civil, quando ele foi ministro do Lula.

Operação

O adiamento da outra cirurgia de Bolsonaro para depois da posse, acendeu a luz amarela entre seus colaboradores. Os médicos alegam que o local da facada ainda está inflamado e, portanto, acharam prudente fazer a operação quando o clínico melhorar. Bolsonaro continua trabalhando sem restrições com o aval dos médicos que o atenderam, mas há quem defenda que ele deveria se poupar até a nova intervenção cirúrgica. Afinal de contas, ele ainda tem dificuldades decorrentes dos ferimentos e das outras operações.


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Nova estrutura

GABRIEL MOUSINHO n gabrielmousinho@bol.com.br

Ultimando

O esboço do novo governo de Renan Filho está pronto e faltam apenas alguns detalhes para ser batido o martelo. A indefinição é sobre o aproveitamento do deputado federal Marx Beltrão, que poderá ser deslocado para a Secretaria de Saúde ou até mesmo do Turismo, para possibilitar o aproveitamento de Ronaldo Lessa. O problema é que Lessa não forma no time de Bolsonaro e Beltrão já demonstrou ser um fiel seguidor do futuro presidente.

Com força

Liderando um bloco de mais de 150 deputados, Arthur Lira é voz forte na composição do novo governo, além de ser muito próximo ao futuro presidente Jair Bolsonaro. Vai ter espaço no governo federal e bastante forte para decidir quem será o futuro presidente da Câmara dos Deputados.

Segundo escalão

Quem deverá participar do segundo escalão do governo de Jair Bolsonaro é o senador Benedito de Lira, presidente do Progressistas em Alagoas. O futuro presidente já foi filiado ao partido e tem grande aproximação com o senador alagoano. Ficha limpa, já que foi absolvido nas investigações no Supremo Tribunal Federal, Lira deverá ser convidado para um órgão que tenha bastante vinculação com o estado.

Indefinido

Bastante inclinado a continuar participando do governo de Renan Filho, Maurício Quintella ainda não bateu o martelo para de que lado vai ficar. Muito provável que continue no governo do Estado, mas vai depender de uma conversa que terá por esses dias com Renan Filho.

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governador Renan Filho já tem a dimensão exata da nova estrutura administrativa do Estado e sabe que terá de suprimir secretarias, diminuir os cargos comissionados e cortar onde for preciso para acompanhar o novo projeto do governo federal. Mas o problema não é só esse. A partir de fevereiro, quando os deputados não

reeleitos deixarão seus cargos na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa, ele tem o compromisso de ampará-los. Onde? Eis a questão. Com uma estrutura mais enxuta, Renan Filho vai ter que sacrificar alguns amigos e esse é o X do problema. É por isso mesmo que o governador deixou para mais à frente anunciar o seu novo secretariado.

Mágoa

Ordem do dia

Um dos desconfortos com a família Calheiros é o de que, na reta final da campanha, Maurício Quintella passou a pedir votos com todos os candidatos ao Senado, o que deixou o senador Renan Calheiros magoado com o companheiro de chapa. Foi por isso que Renan Filho, ao se aproximar as eleições, deixou de pedir votos para Maurício.

As eleições para a Prefeitura de Maceió em 2020 já passam a ser a ordem do dia entre grupos políticos. Vários nomes já estão sendo postos à mesa, como, por exemplo, o de Maurício Quintella, que teve muito bom desempenho eleitoral em Maceió.

A solução

Engrenagem

Quem tem duas estratégias montadas para os próximos meses é o deputado estadual reeleito Olavo Calheiros. Se não emplacar como o novo presidente da Assembleia Legislativa, cargo que disputa com Marcelo Victor, ele já tem preparada uma investida para conselheiro do Tribunal de Contas de Alagoas. Mas tudo isso vai depender dos acertos que estão a todo vapor.

Em foco

Em Arapiraca, circulam notícias de que quem será mesmo o candidato da oposição para a prefeitura é o deputado Ricardo Nezinho. Ele certamente disputaria com Rogério Teófilo, mas ainda existe a possibilidade de um terceiro candidato -, ou somente ele da oposição, o vice-governador Luciano Barbosa.

Arrumação

A possibilidade de Luciano se candidatar a prefeito de Arapiraca ainda é mínima. Ele teria, no caso, que se desincompatibilizar do cargo de vice-governador para se aventurar na prefeitura, abandonando dois anos de mandato. O problema é que Renan Filho (se Olavo não for o presidente da Assembleia), não teria u nome para deixar no governo, já que seu objetivo, pelo menos no momento, é disputar a única vaga de senador em 2022, que hoje pertence a Fernando Collor.

Acabou

A cassação do deputado Cícero Almeida que perdeu feio a reeleição, praticamente enterra sua pretensão de novos voos na política alagoana. A derrocada de Almeida já era prevista pelo fato de, mesmo como prefeito de Maceió, não ter feito um grupo coeso que lhe ajudasse nas dificuldades. Preferiu apostar na sua popularidade, acreditando, assim como muita gente pensa, que o eleitor é fiel. O ex-prefeito tem um fim político melancólico.

Esperança

A única coisa que Cícero Almeida pode esperar agora é uma ajudazinha de Renan Filho e do pai, Renan Calheiros. Se isso não ocorrer ficará à deriva, esperando que alguém lhe dê a mão. Se depender de novas eleições, em 2020, por exemplo, Almeida vai ter que trabalhar e gastar muito, o que não é lá o seu perfil. Com chances zero para a Prefeitura de Maceió, onde perdeu para Rui Palmeira, o ex-deputado pode tentar ainda um mandato de vereador, sem ter a certeza de que chegará à Casa de Mário Guimarães.

Quanto às eleições para vereador, a Câmara aposta que serão criadas mais quatro vagas, o que seria um alento para alguns candidatos que vêm a coisa preta em 2020. Se o projeto for mesmo aprovado e se a justiça não impedir como aconteceu em outras oportunidades, as chances são bem maiores.

Definindo

O deputado Marcelo Victor é o que reúne mais condições, no momento, de se eleger presidente da Assembleia Legislativa. A candidatura de Olavo Calheiros, embora conte com a força do tio governador, talvez não seja suficiente para conduzi-lo à presidência da Casa de Tavares Bastos. Marcelo, pelas contas feitas por alguns amigos, já conta com um número suficiente de deputados para ganhar as eleições.


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PLANEJAMENTO

Arrocho da Era Bolsonaro impõe novo 0 ritmo ao 2 mandato de Renan Filho Governador mantém segredo sobre quem fica e sai, mas técnicos garantem: isto é o menos relevante ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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timizar dinheiro para os tempos de arrocho de Jair Bolsonaro; Estado mais eficiente e não maior (ou: nada de mais cargos ou secretarias, a não ser que se mexa na estrutura de outras); soluções graduais e não mais fáceis na máquina pública; reduzir a pobreza; aumentar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), com alunos da rede pública sendo capazes de interpretar textos e dominar contas simples na matemática. Estes serão alguns dos objetivos mais imediatos do segundo mandato do Governo Renan Filho, que também programa a formação de uma poupança milionária, resultado do modelo do secretário da Fazenda, George Santoro, que desde o primeiro mandato cortou gastos e desengordurou contratos, como na água e gestão dos futuros hospitais. Se, de um lado, o Governo quer mostrar uma gestão chamada de responsável na máquina pública- tocada como um orçamento doméstico- do outro haverá o desafio de responder às demandas do funcionalismo público estadual, que buscará atualização salarial. Além do efeito-cascata do reajuste do Supremo Tribunal Federal (STF), irradiando, a princípio, entre juízes e desembargadores alagoanos e a quem os contracheques deles estejam vinculados. Outro desafio é superar o combate à violência, para além de apenas sugar bilhões de reais em policiamento na máquina pública local para, no final, os resultados serem muito ruins. A tática da matança em conhecidos grupos mais violentos ou mais vulneráveis à violência tem alto custo político e financeiro em Alagoas e virou debate interno no Governo.

Isso principalmente motivado pela execução de 11 acusados em assaltos a banco pela polícia alagoana em Santana do Ipanema, no dia 8: o gesto nem arrancou os elogios esperados de Jair Bolsonaro aos policiais; nem apoio do governador Renan Filho; e constrangeu o secretário de Segurança Pública, Lima Júnior, a apenas abraçar os policiais longe dos holofotes. Ao mesmo tempo, remunerar servidores públicos que recolham mais armas é considerada experiência de sucesso, no entendimento dos técnicos da burocracia estatal; operações policiais em busca de agressores de mulheres e homicidas é outro ponto visto como positivo na atual Secretaria de Segurança Publica; mais planejamento, governança, avaliação dos resultados e monitoramento da criminalidade são metas a serem alcançadas. O futuro de programas sociais sobrevivendo via Governo estadual também é discutido. Técnicos do Banco Mundial acompanham há 6 meses as finanças alagoanas e de outros estados. O banco deve ceder técnicos para montar programas considerados eficientes na saúde e educação em Alagoas. Isso para se “gastar melhor”, diz um secre-

Gastos

Segundos mandatos de governadores alagoanos coincidem com tesouradas até em materiais de consumo: menos gasto de papel, de água, luz, combustível, além de uma ampla reforma para acomodar os aliados, produtos dos acordos eleitorais.

Renan Filho terá como desafio a demanda por reajuste salarial no serviço público

tário. Ao menos por enquanto, estes programas estão sendo “desconstruídos”, ou seja, sob avaliação dos critérios técnicos do Planejamento e Fazenda. Após esta fase, o futuro deles será decidido. Existem modelos considerados de bons resultados e que Alagoas deve copiar. Um deles é do Ceará, elogiado pelo Banco Mundial. “estados e municípios precisam aprender com exemplos de sucesso (como o do Ceará) e criar os incentivos certos para melhorar o desempenho dos professores e gestores escolares”, explica relatório do Banco publicado no final de agosto. O foco vai mesmo para a Educação estadual, ainda sob influência do vice-governador Luciano Barbosa, que pode voltar ao posto de secretário da pasta. ENTRA E SAI Renan Filho prepara mudanças no secretariado. Não diz a ninguém quem fica e quem sai. Mas dois secretários ouvidos pelo EXTRA explicam ser este o ponto menos relevante. O grosso do segundo mandato será foco e eficiência. Não é tão óbvio assim. Segundos mandatos de governadores alagoanos coincidem com tesouradas até em ma-

teriais de consumo: menos gasto de papel, de água, luz, combustível, além de uma ampla reforma para acomodar os aliados, produtos dos acordos eleitorais. As acomodações vão existir. Mas cortar é palavra fora dos discursos. Sobre as acomodações: o PV, que elegeu Sílvio Camelo para a Assembleia Legislativa, deve conseguir mais cargos; o PSL, do novo deputado Cabo Bebeto, também deve estar no trocatroca por apoio na Casa de Tavares Bastos; o PT elegeu Paulão para a Câmara Federal, mas deve se restringir à inexpressiva Secretaria da Mulher e Direitos Humanos; o PR, do derrotado candidato ao Senado Maurício Quintella- sem mandato a partir do ano que vem- também ganhará um brinde. Hoje, Quintella é dono da Infraestrutura estadual; Ronaldo Lessa é dúvida: pode ocupar a titularidade na Câmara Federal em possível afastamento de Marx Beltrão, que deve virar secretário. Ou o próprio Lessa indicar alguém do PDT para secretaria. Também deve existir a “cota Beltrão”, para os mais ligados ao deputado estadual, em vias de vestir o pijama.


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20 ANOS

de ameaças, invasões e cerco judicial

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DA REDAÇÃO

jornal Extra chega aos 20 anos com pouco a comemorar e muitas histórias para contar. Como negócio, não chega a ser um fracasso, já que permanece na ativa, mesmo a duras penas. Como trincheira de luta contra parasitas do dinheiro público, tem muitas derrotas e algumas

vitórias que o motivam a seguir em frente. Na conta das derrotas some-se centenas de processos judiciais e dezenas de condenações de jornalistas, por danos morais, culminando com a penhora de computadores e demais equipamentos eletrônicos, único patrimônio material do jornal em 20 anos de trabalho. Na lista das vitórias conta-se a condenação, por corrupção, de polí-

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ticos e agentes públicos, magistrados que enlamearam suas togas e foram tirados de circulação, além de alguns chefes do crime organizado que escreveram com sangue de adversários boa parte da história de Alagoas nas últimas décadas. Desde que começou a circular, em 1998, o semanário tem sofrido todo tipo de pressão por parte de uma elite atrasada que se considera dona do poder e entende o Estado como sua

propriedade. No começo foram ameaças de morte e invasões à redação por deputados ligados ao crime organizado, e até chantagens da banda podre do Poder Judiciário. Em seguida veio o cerco judicial promovido por políticos e juízes denunciados por corrupção e outros crimes contra os cofres públicos. Apostaram que podiam calar o semanário através da censura e de denúncias em série, sufocando o jornal e sua equipe com processos judiciais sem cabimento. A chamada indústria do dano moral chegou ao ponto de um único deputado, valendo-se de sua imunidade parlamentar, ajuizar 50 ações contra o semanário e seus editores. Tivesse Alagoas uma justiça mais comprometida com a moralidade pública, tais processos seriam prontamente arquivados por litigância de má-fé. Mas todas as tentativas para fechar o jornal foram em vão, graças ao espírito de luta da equipe do semanário, que chega aos 20 anos com ânimo para mais 20 anos de novas batalhas. Isto porque a credibilidade é o nosso maior patrimônio e jamais será confiscado pelos corruptos de plantão.


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EXTRA, guardião da liberdade de imprensa JORGE OLIVEIRA Vencedor de dois Prêmios Esso de Jornalismo, é também escritor. Como cineasta coleciona dezenas de prêmios nacionais e internacionais

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az vinte anos que escrevo aqui com liberdade absoluta de expressão. Comecei logo nos primeiros números a convite de Fernando Araújo, jornalista que admiro pela coragem e a determinação por manter até hoje, com a sua brilhante equipe, o EXTRA, um jornal combativo, corajoso e ousado. Poucos sobreviveriam às intempéries, às ameaças e às invasões à sua redação, quando políticos, insatisfeitos com as críticas invadiam o semanário com seus capangas munidos de bacamartes para silenciar a voz ativa do EXTRA. Na justiça, os processos borbulham. São dezenas, centenas. Normalmente de pessoas enfurecidas e raivosas que viram seus nomes de uma hora para outra em manchetes. Nem sempre boas, claro, caso contrário não teriam se valido da justiça para reparações. Mas a Justiça alagoana tem separado o joio do trigo, tem agido com imparcialidade mesmo quando seus integrantes também são alvos das investigações audaciosas que denunciam também os seus integrantes e os poderes alagoanos. Prova de que, a muito custo,

ainda respiramos em Alagoas a democracia que nos oferta a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão, mesmo com alguns solavancos que tentam silenciar a nossa voz, a dos mais indignados. Orgulho-me de fazer parte dessa grande equipe, de jornalistas guerreiros e abnegados que fazem das tripas coração para que o EXTRA chegue às bancas às sextas-feiras com as informações seletivas, aquelas que os jornais tradicionais não ousam colocar em suas páginas por comprometimento com a elite empresarial e a política local. Foi para preencher essa lacuna dos releases oficiais do governo, que transformam a notícia em meras peças burocráticas, que surgiu o EXTRA há vinte anos para fazer o combate sério, para denunciar os desmandos públicos e os pistoleiros de aluguel. E, sobretudo, estar sempre ao lado do leitor, a quem, só a quem, o EXTRA deve satisfação, pois não nasceu de rabo preso. Tenho por essa equipe arrojada um carinho muito especial. Quero parabenizá-la na figura do editor Fernando Araújo, um cara que se dedica todo esse tempo a um jornal que surpreende desde os seus primeiros exemplares pela audácia de noticiar com imparcialidade e retidão os fatos negativos de Alagoas, quase sempre escondidos nos escaninhos dos poderes públicos, sejam eles do Legislativo, Executivo ou Judiciário. Nesses vinte anos, onde o EXTRA

aparece como guardião da nossa liberdade de imprensa, quero prestar uma homenagem aos amigos que ainda estão no batente e aos que se foram, mas que lutaram pela imprensa livre e soberana de Alagoas. Começo pelo grande Zacarias Santana, mestre de uma geração de jornalistas que ainda hoje fazem sucesso fora de Alagoas. E além dele: Valmir Calheiros, Antônio Sapucaia, Freitas Neto, Dênis Agra, Noaldo Dantas, Joaldo Cavalcanti, Jurandir Queiroz, Teófilo Lins, Márcio Canuto, Vanildo Mendes, Gabriel Mousinho, Ailton e Roberto Vilanova, Reinaldo Cavalcanti, Reinaldo Cabral, Cachimbal, Zito Cabral, Tobias e Paulo Granja, Edécio Lopes, Penedo, João de Deus, Valter Lima, Bola Sete, Hélio Lessa, Bernardino Souto, Zadir Cassela, Artur Gondim, Edson Mauro, Régis Cavalcanti e outras dezenas de amigos que, lamentavelmente, me perdoem a memória. De todos que passaram pelo EXTRA e outros jornais onde trabalhei, aprendi um pedaço de cada um.


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NÃO SE CALA

Em 20 anos, jornal sofreu retaliações e ameaças EXTRA continua sendo canal alternativo que contraria interesses escusos da elite alagoana SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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á se vão 20 anos de jornal EXTRA de Alagoas e para comemorar essas duas décadas, de muito empenho e investigação, não poderiam deixar de ser relembradas as matérias mais polêmicas que geraram ameaças, retaliações e processos para a empresa e seus jornalistas. Desde sua primeira edição, muitos casos viraram motivo de incômodo e até ameaças por parte dos denunciados. Um destes “causos” mais marcantes foi a invasão patrocinada pelo falecido ex-deputado estadual Cicero Ferro, que entrou na redação com uma espingarda e alguns capangas para saber quem havia escrito determinada matéria sobre ele. O ex-deputado queria que a matéria, falando sobre sua ficha suja, fosse reescrita e publicada afirmando que as denúncias eram mentira. O editor do jornal, Fernando Araújo, conta que ele chegou armado e com os capangas. “Ele chegou aqui com uma pistola e com uma bimba de boi, tipo um chicote, na cintura e disse que era para ser escrito um outro artigo dizendo que tudo aquilo era mentira, e que era para ser feito, caso contrário ele voltaria na redação para utilizar os instrumentos de trabalho dele”, contou Fernando. Na edição seguinte o semanário ao invés de acatar a ameaça do deputado fez outra denúncia ainda mais grave sobre o parlamentar, para que a mensagem

Edições do Jornal Extra fortalece à democracia quando revela ao leitor os bastidores danosos da política blindada pela impunidade

ficasse clara e ele entendesse que o jornal não iria se calar. Não só uma, mas outras diversas retaliações foram sofridas pelo semanário e sua equipe durante estes 20 anos de atividade. O jornalista Odilon Rios por exemplo, relembra que chegou a responder 12 processos judiciais. “Um deles me pediu R$ 100 mil de indenização há 18 anos. É uma forma de paralisar as ações, evitar que se fale, coagir pelo terror. Há ações penais que respondo por citar partes de processos envolvendo certas personalidades do mundo político”, relatou o jornalista. Ele conta que as reportagens pelas quais mais sofreu retaliações foram as que envolvem pessoas da classe política. “Elas

estão blindadas pela imunidade parlamentar e acreditam que também são intocáveis a quem escreve o que não lhes agrada. Por isso elas ameaçam mais”.

JORNAIS APREENDIDOS

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ão só de ameaça viveu o jornal em todos estes anos de denúncias. Em 2010 a edição n˚ 35 do Jornal EXTRA foi retirada de circulação a mando do

juiz eleitoral Pedro Ivens Simões. A edição veiculava duas notas na Coluna Sururu sobre o então candidato ao governo de Alagoas, Ronaldo Lessa. Todos os exemplares das 20 cidades em que o EXTRA era vendido foram recolhidos das bancas. Neste ano de 2018, a deputada estadual Thaise Guedes pediu para que seus funcionários comprassem todas os exemplares das bancas de Maceió, após ser denunciada pelo EXTRA por manter funcionários fantasmas em seu gabinete.


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NOSSA HISTÓRIA

EXTRA - 20 ANOS Documentário conta história do semanário mais antigo de Alagoas. Editor-geral e fundador do semanário fala sobre desafios do jornalismo investigativo BRUNO FERNANDES Estagiário sob supervisão da Redação

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ompletando 20 anos de história e alcançando a marca de mil edições publicadas neste dia 30 de novembro de 2018, o Jornal EXTRA de Alagoas lança documentário contando a história e relatando os fatos e causos marcantes presenciados pelos jornalistas do semanário em circulação mais antigo do Estado. Com pouco mais de 16 minutos, o documentário Extra – 20 anos, mostra como o veículo, criado originalmente como uma cooperativa por um grupo de jornalistas e tocado à frente pelo editor-geral, Fernando Araújo, consegue se manter na ativa em meio a centenas de processos judiciais, condenações e ameaças físicas. No vídeo cada participante fala de sua relação com o EXTRA e da satisfação de fazer parte dessa história de luta, determinação e jornalismo independente, comprometido com a verdade dos fatos. São depoimentos do editor-geral e idealizador do projeto Fernando Araújo, da chefe de Redação, Vera Alves, da repórter Maria Salésia, do presidente do conselho editorial, Luiz Carnaúba, e do editor e repórter do Portal Extra, José Fernando Martins. Segundo Fernando Araújo, sobreviver por duas décadas em um estado em que a elite ainda insiste em oprimir não é nada fácil. “É um desafio grande e continua sendo. Hoje nem tanto por que há 20 anos a pressão era maior por parte dos políticos da época denunciados pelo jornal. Se contabilizados desde o início, devemos passar de uma centena de processos, a maioria por danos morais”, explica. De acordo com Vera Alves, a grande preocupação da equipe que compõe a Redação é com a veraci-

dade das denúncias que chegam ao semanário e sempre ouvir todas as partes envolvidas. “O EXTRA é um dos precursores do jornalismo investigativo em Alagoas. Isso tem dado ao veículo a credibilidade de ser fonte para investigações. Invertemos o processo, os órgãos deixaram de ser nossas fontes e passamos a ser a fonte que leva a uma investigação” explica.

É um grande desafio desde a primeira edição do semanário. Há 20 anos a pressão era até maior por parte dos políticos da época denunciados pelo jornal FERNANDO ARAUJO Editor-Geral

Entre matérias seguidas de processos, Maria Salésia, a repórter há mais tempo no semanário, relata os causos que fizeram jornalistas temer, mas nunca desistir de falarem a verdade. “Certa vez, um deputado já falecido invadiu a redação do jornal acompanhado de seguranças particulares e ameaçou os jornalistas com uma chibata e ditou para os repórteres tudo que deveria ser escrito no jornal. Mas a ameaça não surtiu efeito”. O fato foi abafado pela própria imprensa e sindicalistas à época, menos pelo próprio semanário, que na edição posterior, fez uma nova denúncia intitulada “Deputado tenta calar Extra através da violência”. Vale ressaltar que essa foi apenas uma de várias invasões e ameaças. O relato completo e um pouco mais da história do jornalismo investigativo de verdade podem ser conferidos no site www.novoextra. com.br ou através do QR Code abaixo.

O EXTRA é um dos precursores do jornalismo investigativo em Alagoas. Isso tem dado ao veículo a credibilidade de ser fonte para investigações. Invertemos o processo. Os órgãos deixaram de ser nossas fontes e passamos a ser a fonte que leva a uma investigação VERA ALVES Chefe de Redação


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RECONHECIMENTO

Uma trajetória premiada EXTRA ganha prêmios Banco do Brasil, Braskem e Sincor

ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão da Redação

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Jornal EXTRA DE ALAGOAS tem pautado sua trajetória de 20 anos mostrando a realidade da política alagoana para a sociedade o que rendeu o reconhecimento do empenho de seus jornalistas através da conquista de prêmios de jornalismo em diversas categorias. O primeiro prêmio veio no aniversário de quatro anos do semanário, quando o jornalista Ricardo Rodrigues, no ano de 2002, ganhou o Prêmio Banco do Brasil de Jornalismo com as matérias ‘’Assembleia acoberta criminosos e alimenta impunidade’’ e ‘’15 anos depois preso assassino do estudante Sanelva’’, reportagens publicadas nas edições 135 e 164, respectivamente. Em 2014, a chefe de Redação e repórter Vera Alves recebeu o Prêmio Braskem de Jornalismo - sucessor do BB - na categoria Informação Política/ Econômica com a reportagem ‘’Estaleiro de Alagoas ainda é uma incógnita’’, publicada na edição 787. ‘’O alardeado estaleiro de Alagoas merece entrar para o anedotário político de Alagoas, pois serviu como propaganda eleitoral do final do Governo Teotônio Vilela Filho sem que

Em 2014,

a chefe de Redação e repórter Vera Alves recebeu o Prêmio Braskem de Jornalismo na categoria Informação Política/Econômica

sequer houvesse sido providenciada a desapropriação da área onde pretensamente ele seria instalado. Creio mesmo que o EXTRA recebeu o Prêmio Braskem por ter sido o único veículo da imprensa alagoana a questionar as declarações oficiais que insistiam em anunciar para breve um empreendimento cuja complexidade demandaria mais de um ano para conclusão das obras”, destaca a jornalista. “Nesta reportagem, como nas demais que são a marca do semanário, buscamos outras fontes e confrontamos as declarações chapa branca que eram divulgadas. E mesmo as informações destas fontes foram igualmente checadas. É o jornalismo investigativo ainda incipiente em Alagoas e que por vezes não tem o reconhecimento dos próprios colegas de imprensa’’, assinalou. No ano de 2016, o repórter

Em 2016,

o repórter do impresso e coordenador de conteúdo do portal novoextra.com.br José Fernando Martins recebeu o Prêmio Sincor de Jornalismo na categoria Webjornalismo do impresso e coordenador de conteúdo do portal novoextra. com.br José Fernando Martins recebeu o Prêmio Sincor de Jornalismo na categoria Webjornalismo com a matéria ‘’Como o seguro viagem pode livrá-lo de preocupações’’, que abordava sobre a segurança das pessoas ao fazerem uma viagem. “O Prêmio Sincor de Jornalismo veio meses depois da reestruturação do portal do EXTRA DE ALAGOAS, que deixou de ser apenas uma reprodução do jornal impresso vindo a produzir o próprio conteúdo. Com foco no mercado de seguros, a matéria sobre seguro viagem se destacou por usar diversas formas de mídia disponíveis no meio virtual, como, infográfico, áudio, vídeo, foto e texto”, destaca Martins. Em 2017, a repórter free lancer do semanário Valdete Calheiros ganhou o Prêmio Sincor de Jornalismo na ca-

Em 2017,

a repórter free lancer do semanário Valdete Calheiros ganhou o Prêmio Sincor de Jornalismo na categoria Reportagem Impressa

tegoria Reportagem Impressa com a matéria “Seguro de vida, um novo aliado no combate ao câncer de mama”, publicada na edição 939. Valdete Calheiros, que é jornalista formada pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), com pós-graduação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, é também psicóloga formada pelo Cesmac. “O aniversário do EXTRA é uma data comemorativa para mim também. É nele que o leitor fica sabendo das notícias censuradas nos outros jornais. A linha editorial do EXTRA é aguerrida, imparcial, apura a verdade dos fatos até a exaustão. Ao longo desses 20 anos, o EXTRA não só escreveu sobre Alagoas como abriu um capítulo próprio na história do estado. Diversos meios de comunicação são pautados pelo EXTRA para repercutir uma reportagem publicada durante o final de sema-

na. Fico duplamente feliz em saber que faço parte do time EXTRA. Ganhar o 1° lugar na categoria Impresso do Prêmio Sincor de Jornalismo Alberto Marinho, no ano passado, foi uma grande coroação profissional para mim, que desde cedo acredito e sou apaixonada pelo jornalismo. Fui criada em meio a jornais espalhados pela minha casa. Meu pai, o jornalista Valmir Calheiros, que nos deixou em março de 2014, vítima de problemas cardíacos, me presenteava com livros ao invés de bonecas. Tenho uma relação visceral com o jornalismo. Por mais que tenha herdado o gosto pela escrita, não estou nem perto do trabalho do meu pai, um gênio, um dos maiores nomes da imprensa alagoana e brasileira. No entanto, aprendi, desde cedo, a ter respeito pela notícia e pelo leitor. Assim como faz o EXTRA’.’


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NOVOEXTRA.COM.BR

Portal ganha identidade própria e reforça impresso Reformulação acompanha estratégias do jornalismo mundial na internet

Fatos pitorescos na trajetória de duas décadas Oferendas em encruzilhada não intimidaram jornalistas MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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uinta é o dia de fechamento do jornal impresso EXTRA ALAGOAS. Em paralelo, uma câmera é montada enquanto a repórter Sofia Sepreny começa a fazer exercícios para voz. “Já tem a capa?”, pergunta o estagiário em jornalismo Bruno Fernandes. Enquanto isso, o jornalista José Fernando começa a fazer as chamadas que irão para o vídeo. Mas antes da gravação, o texto passa para a chefe de Redação, Vera Alves. Tudo pronto começa a gravação do Minuto EXTRA, vídeo curto para informar os internautas dos destaques do jornal impresso que estará nas bancas no dia seguinte, na sexta-feira. É jornal virtual e de papel caminhando juntos para levar ao leitor um material de qualidade sobre os bastidores da política alagoana. Foi só chegar à maioridade que o EXTRA ALAGOAS resolveu voltar mais sua atenção ao site institucional, que até então, era apenas uma vitrine do que era publicado no jornal impresso. Vendo a necessidade de expandir o conteúdo do periódico e também a forma de divulgá-lo, o EXTRA começou a investir, nos últimos dois anos, em seu portal de notícias. Em seus primeiros meses de reformulação, o portal novoextra.com.br começou a mostrar sua força ao ganhar o Prêmio Sincor de Jornalismo, em 2016, como melhor reportagem online. O reconhecimento ajudou na formulação de novas ideias. E o que era apenas um espelho do impresso, agora tem identidade própria.

“DESPACHO”

Minuto EXTRA revela aos internautas os destaques da edição do impresso enquanto o Humans of Maceió traz histórias de gente simples mas aguerrida

Hoje, o portal conta, além do Minuto EXTRA, com uma seção de entrevistas em vídeo, um espaço dedicado para uma conversa franca com pessoas que fazem a diferença no estado. Por lá já passaram a ex-senadora Heloísa Helena (Rede), o senador eleito Rodrigo Cunha (PSDB), o procurador-geral de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça, entre outros. O site também possibilitou a implantação de um jornalismo mais social por meio da página de Facebook e Instagram, o Humans of Maceió. São nessas duas redes sociais que as Marias e os Josés, que fazem a roda de nossa sociedade girar, ganham voz livre. Lá contam memórias, histórias de vida, mostram talentos e emocionam internautas. Foi aparecendo no Humans of Maceió que o vendedor de amendoim Jhonny Vicente dos Santos, 30, conseguiu o sonho de ganhar uma

bolsa de estudos para se formar em Direito. A história de vida revelada pela reportagem fez Jhonny virar destaque nacional. Com a proximidade das redes sociais, os leitores do EXTRA também se diversificaram. Os conteúdos de política agora chegam mais facilmente às mãos dos jovens eleitores. DOCUMENTÁRIO Nesta sexta-feira, a história dos 20 anos do impresso também estará disponível em vídeo no portal. O documentário EXTRA 20 ANOS mostra os bastidores da redação jornalística. É um compilado de depoimentos sobre o que não sai nas páginas de jornais, como ameaças e até censura. E nada melhor para comemorar duas décadas de vida compartilhando como é o trabalho do repórter. Para conferir acesse www.novoextra.com.br.

m 20 anos de existência, o jornal EXTRA tem prestado serviços relevantes à sociedade, seja através de denúncias contra desmandos políticos, corrupção, crimes de mando e injustiça social, como na divulgação de ações solidárias. E assim, desde sua primeira edição, que circulou de 21 a 27 de setembro de 1988, tem incomodado ou agradado a muita gente a ponto de ter algumas passagens cômicas, com fatos pitorescos a exemplo de despacho em frente à sede do jornal. O semanário em circulação mais antigo do estado tem uma história de luta comprometida com a ética e veracidade dos fatos. Algumas vezes tentaram calar a sua voz, com mais de uma centena de processos judiciais, intimidação e ameaças à equipe de jornalistas ou apreensão de edições. Porém, um fato inusitado e que serviu de algazarra foi quando colocaram um “despacho”, na encruzilhada em frente à redação. Em mais um dia de trabalho, a equipe como de costume chega logo cedo à sede do EXTRA, que à época funcionava no bairro do Farol, em Maceió, e ficava em uma esquina bastante movimentada. Naquele dia, foram recepcionados por “oferendas” distribuídas em um tecido vermelho. A curiosidade era grande e todos queriam saber o que tinha ali. Apesar de se tratar de um jornal investigativo, nunca foi descoberto quem mandou a encomenda e quem seria o destinatário. A invocação a entidades não foi o suficiente para intimidar os jornalistas e calar o EXTRA. São 20 anos de muitas histórias, resistência e serviços à sociedade alagoana e ao resto do mundo através de sua versão online. E assim, em duas décadas de circulação interrupta, o jornal EXTRA de Alagoas continua firme com sua política e linha editorial diferenciadas. Como dizia Millôr Fernandes, “Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.


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PARABÉNS, EXTRA! Autoridades e representantes da sociedade civil destacam importância do jornal para Alagoas

Renan Filho

Governador de Alagoas

O Brasil vive tempos difíceis, de ameaça cada vez maior à liberdade de expressão e aos direitos individuais. O exercício do verdadeiro jornalismo é fundamental para a manutenção de todas as conquistas que tivemos ao longo da história de nossa jovem democracia e para a luta por mais avanços. Parabenizo aqui o jornal EXTRA pelos seus 20 anos e sua edição de número 1000, desejando vida longa e compromisso com a verdade para seguir contribuindo com os alagoanos com informação plural, propositiva e de qualidade.

o simples registro factual, que mantém o EXTRA como um veículo impresso de resistência, mesmo no atual momento da informação online, em que boa parte das notícias chega diluída às páginas dos jornais. O jornalismo crítico e a responsabilidade com a informação mantêm a credibilidade do veículo e a fidelidade dos leitores, que aguardam a sextafeira com expectativa para se informar e fortalecer a pauta das discussões políticas e sociais da semana seguinte. Parabéns aos profissionais que fazem o sucesso do semanário!

Otávio Leão Praxedes Presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas

Rui Palmeira Prefeito de Maceió

O Jornal EXTRA DE ALAGOAS chega à edição número 1000 como testemunha dos últimos vinte anos da história de Alagoas. Com jornalismo combativo, as páginas do EXTRA, como o conhecemos, registram os acontecimentos, mudanças e bastidores da política alagoana. É sua capacidade investigativa e analítica, mais do que

No Brasil e em toda parte do mundo, uma empresa jornalística livre é fundamental para a consolidação de um Estado Democrático de Direito. Ao exercer as relevantes funções de informar a sociedade e fiscalizar os agentes públicos, o jornalismo, quando editorialmente independente e imparcial, é, em última análise, um verdadeiro guardião da democracia e da liberdade. O Jornal EXTRA, que chega à milésima edição ao longo de seus 20 anos de existência, tem se dedicado a desincumbirse do encargo de informar uma sociedade pluralista e sedenta de conhecimento. Por isso, gostaria de parabenizá-lo. Se a democracia

se “alimenta” de um povo bem informado, a liberdade de expressão e de pensamento sempre haverá de prevalecer no Brasil.

cido o papel de apurar os atos praticados pelos agentes públicos que contrariam os interesses da sociedade, possibilitando, assim, que seu público possa fazer um juízo crítico sobre o desempenho das autoridades públicas, aí incluídos os integrantes dos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público. Logo, representando membros e servidores do MPT em Alagoas, parabenizo o EXTRA, ao tempo em que desejo que o jornal continue sendo um porta-voz da imprensa investigativa em nosso estado.

um novo tempo, mas sempre com muito respeito ao leitor. Não é fácil se manter com tanta vitalidade em tempos de comunicação digital e rapidez da notícia. O importante é ter a verdade como meta, respeitando todos os princípios do bom jornalismo.

Pedro Robério Nogueira Presidente do Sindaçúcar-AL

Rosa Albuquerque

Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas

A imprensa livre é o exercício da democracia. É por meio da informação que o cidadão se credencia como ser participativo, desenvolvendo a capacidade de escolher, decidir e exercer - junto com as instituições fiscalizadoras o controle social das políticas públicas e da boa aplicação dos recursos públicos. Portanto, o bom jornalismo é um bem de interesse coletivo, e exercê-lo com ética, responsabilidade e compromisso com a verdade é um dever de todo jornalista. O Tribunal de Contas do Estado de Alagoas parabeniza os que fazem parte da história na imprensa alagoana exercendo um jornalismo de responsabilidade, ético, isento e imparcial.

Rafael Gazzaneo Júnior Procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho em Alagoas

O regime democrático exige uma imprensa livre e atuante. O jornal EXTRA, nos seus 20 anos, tem exer-

Luiz Dantas

Presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas

Em nome da Mesa Diretora, desejo felicitar o jornalista Fernando Araújo e demais integrantes da equipe pelas duas décadas de vida do EXTRA, o semanário mais antigo em atividade no estado. No curso desse tempo, fatos marcantes ocorreram em Alagoas e no Brasil. Com seu estilo característico de apurar a informação, o EXTRA testemunhou tais acontecimentos e os documentou para a

história.

Hugo Wanderley Caju Presidente da Associação dos Municípios Alagoanos

O EXTRA chega a um marco em Alagoas. Venceu desafios e vem acompanhando as mudanças de

A veiculação e informação prestada pelo EXTRA muito colabora para a amplitude do noticiário de Alagoas. A milésima edição comprova nessa longa continuidade a sua presença e qualidade informativa.

Wilton Malta

Presidente da Federação do Comércio de Alagoas

Nós, empresários, sabemos que um produto só se mantém firme no mercado se for de qualidade. Por isso, a milésima edição de um jornal é, sem dúvida, a comprovação de uma trajetória pautada na ética jornalística e no compromisso com a informação. E é isso que o Jornal EXTRA reafirma a cada edição. Uma postura firme e combativa que traz à sociedade a verdade em forma de notícia. Parabéns a todos os profissionais que, somando esforços, contribuem para uma Alagoas mais consciente. Parabéns, Jornal EXTRA!


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SAGA DO PETRÓLEO

A morte em Alagoas do alemão que sabia demais ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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m geólogo e mineralogista alemão bastante conhecido do governo brasileiro assombrou o Teatro Municipal no Rio de Janeiro. Na usina de eletricidade do teatro, ele resumiu toda a sua ex-

periência mais os estudos sobre o solo alagoano e transformou petróleo em óleo diesel, provando o que ele já dizia em todo lugar: o Brasil tinha petróleo suficiente para abastecer o mundo. Um representante do presidente da República assistiu à apresentação. Isso aconteceu em

Há 100 anos, José Bach se afogou nas águas da lagoa Manguaba em circunstâncias misteriosas; foi o 1º mártir da saga do petróleo no país

22/02/1918. Só que a história do velho José Bach foi interrompida nas águas da Lagoa Manguaba, em Alagoas. Há exatos 100 anos, em 2 de dezembro de 1918, a canoa que o levava para casa, em Coqueiro Seco, afundou. O remeiro Antônio Euzebio conseguiu sobreviver. Euzebio

nadou até Coqueiro Seco, mas acabou preso. Acusação: assassinato. José Bach, pai de 4 filhos, foi encontrado um dia depois. Não sabia nadar. Seu corpo boiava e estava agarrado a um mourão de caiçara. Aparentemente, era um afogamento. O médico Arthur Sampaio, da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, corroborava a tese: Bach morreu por asfixia. Não havia, no corpo, vestígios que pudessem revelar um crime premeditado. Seria uma fatalidade? Vivo, José Bach era um obstáculo poderoso. Durante 15 anos ele morou em Alagoas e provou: existiam jazidas de petróleo de norte a sul do estado. E essa descoberta tinha repercussão porque, em 1918, a Europa, já ao final da 1ª Guerra Mundial, enfrentava uma grave crise de petróleo. A descoberta em Alagoas poderia alterar os rumos da política

geoeconômica no mundo. O Brasil se tornaria o principal produtor de uma riqueza tão cobiçada quanto o ouro no início do século passado. Todo este conhecimento estava nas mãos de José Bach. E os grandes interesses internacionais tinham disposição de querer comprar o que ele sabia ou simples-


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extra História trágica de José Bach foi relembrada pelo jornal carioca O Semanário em 1957

sil de nto do. taos ais mesmente eliminar o alemão. Teoria da conspiração ou não, o fim trágico de José Bach é ligado a outra morte. O militar e aviador cearense Pinto Martins organizou um grupo

econômico e comprou, da família de José Bach, os segredos sobre o petróleo em Alagoas. Pinto Martins viajou a Londres e conseguiu apoio para explorar as jazidas alagoanas. Mas terminou morto com um tiro, num quarto de hotel, no Rio, em 12 de abril de 1924. Causa da morte: suicídio. Os papéis de José Bach sumiram. A saga da descoberta do petróleo em Alagoas começou na déca-

da de 30 dos anos 1800. Em discurso no Senado em 19 de novembro de 1969, Arnon de Mello dizia que, em 1837, o Dicionário Geográfico das Minas do Brasil falava de um certo “doutor Júlio Parigot”, que descobriu uma jazida de xisto betuminoso, estendendose pelo mar na costa alagoana. Do xisto, que é uma rocha, pode-se extrair petróleo. Em 1891, uma sonda inglesa explorava o litoral alagoano e, segundo Arnon de Mello, “contase mesmo que em fins do século XIX populações humildes, das praias do norte alagoano, se serviam para uso doméstico de pequenas porções de xisto betuminoso que por lá surgiam”. É desta época que aparece José Bach. Jornais de todo o país registram a persistência dele em provar a existência de petróleo e a viabilidade em se destilar o combustível fóssil. Foi quando naquele 22 de fevereiro de 1918, às 15 horas, no Tea-

tro Municipal do Rio, Bach conseguiu destilar, do xisto betuminoso, o diesel. Ele era diretor-técnico da empresa de Minas Petrolífera e acumulava desentendimentos com a Andrade Auto & Cia pela exploração das jazidas de petróleo em Alagoas. Os jornais registram que a empresa lesou seus direitos para a exploração das minas no bairro de Riacho Doce, em Maceió. Ele se sentia ameaçado. Foi ao governador pedir garantia de vida. Dizia que Gilberto de Andrade, da Andrade Auto & Cia., tinha interesse em matá-lo. Não foi ouvido. Entre a experiência no Teatro Municipal do Rio e sua morte nas águas da Lagoa Manguaba passaram-se 10 meses.

O resgate do corpo das águas virou espetáculo de horror. Foi posto em cima de uma carroça imunda em direção ao necrotério da Santa Casa de Misericórdia de Maceió. O traslado do seu corpo inchado e em começo de decomposição pelas ruas de Maceió servia de atração aos curiosos. José Bach e seus segredos se resumiram a um cortejo simples, sob os olhos de uma multidão que ele ignorava. “Maceió tem essas coisas originalíssimas”, escreveu um repórter do Jornal de Recife. Ao chegar ao necrotério e após os exames que constataram asfixia por submersão, seu corpo foi, mais uma vez, posto em uma carroça em direção ao cemitério. O visionário quis chamar a atenção sobre a riqueza. Sua morte, porém, revelou o tamanho da nossa miséria. As descobertas de José Bach mudaram os rumos da exploração do petróleo no Brasil. A persistência dele atraiu, anos mais tarde, o escritor Monteiro Lobato. Em 26 de janeiro de 1936, Lobato, Edson de Carvalho e Lino Moreira usaram as pesquisas de Bach para a exploração de petróleo no bairro de Riacho Doce. E nunca mais a história do petróleo foi a mesma.


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Aos leitores

SAÚDE MENTAL n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Na clínica, o que importa é cada um n Dr. Jean, qual era o diferencial do tratamento que a Dra. Nise dispendia aos clientes dela, como ela costumava se referir? Ética, respeito à singularidade do outro, e grande interesse no mundo interno (inconsciente). Essa era a práxis básica da Dra. Nise da Silveira, especialmente no tratamento dos esquizofrênicos. A Dra. Nise iniciou o seu trabalho no hospital do engenho de dentro, tendo assumido o serviço de terapia ocupacional, por se recusar a aderir às praticas agressivas da época: eletroconvulsoterapia, coma insulínico e a frieza das internações. Ela era a grande defensora da liberdade, com a experiência de um período na prisão. Ser preso por suas ideias se assemelha a ser internado por seus delírios (ideias), dizia ela. Nise sempre lutou pelas portas abertas dos hospitais e por isso criou a Casa das Palmeiras em 1956, como uma saída do hospital. O afeto, o respeito, a seriedade, com que ela lidava com o sofrimento de seus clientes, norteavam a sua praxis. Ela também estudava profundamente varias áreas do conhecimento, além da psicologia e da psiquiatria, como arte, filosofia, mitologia, alquimia e literatura. Em suma tudo que diz respeito a uma compreensão da pessoa, seja ela considerada normal ou enfermo. Como ela gostava de parafrasear Antonin Artaud,”os inumeráveis estados do ser.” n Como a Dra. Nise trabalhava com os pacientes, qual era o método? A prática de Dra. Nise da Silveira foi se desenvolvendo guiada pelo seu respeito ao indivíduo singular que estava internado com um diagnóstico psiquiátrico e que tinha grande dificuldade para lidar com o mundo dito da realidade. Assim como o mundo dito da realidade tinha dificuldade para lidar com esse indivíduo tão diferente, tão singular. Iniciando com a terapêutica ocupacional de Herman Simon e Paul Sivadon, tendo estudado os clássicos da psiquiatria e da psicopatologia fenomenológica, do estudo de Freud. Passando pela produção de imagens no atelier com a ajuda de Almir Mavignier. Essa era o dia a dia dela, estudar e pesquisar, sempre. Vendo o resultado das atividades expressivas e do ambiente de afeto do atelier em indivíduos internados há muito tempo e considerados com embotamento afetivo e passando pelo encontro revelatório com a psicologia analítica de Carl Jung, ela abriu a possibilidade de estudar o mundo interno através das imagens, seja pintura, escultura ou modelagem. Em suma, ela adotou um caminhar que prosseguiu até o seu último suspiro, a incansável alagoana era movida por seu desejo, por seu amor e seguiu o método de seu coração. n Como ela atuava com os clientes? Ela criou um espaço acolhedor, aberto, para que o indivíduo pudesse se exprimir. Ela criou pontes, espaços

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nquanto a (des)umanidade está imperando em todos os lugares: na família, na escola, no trabalho e de modo geral, estou reproduzindo uma entrevista realizada com o Dr. Jean Pierre Mullher sobre a perspectiva da Dra. Nise da Silveira, sobre a clínica humanizada. A entrevista foi realizada em novembro do ano passado, no final do I Simpósio Multidisciplinar de Saúde Mental, ocorrido nos dias 24 e 25 de novembro, em Maceió. Ele é o atual presidente da Casa das

abertos em que o indivíduo pudesse se sentir seguro para, aos poucos, sair de seu mundo, do mundo em que estava mergulhado, ou do mundo que criou para conseguir sobreviver, ou seja, do delírio, ou do vaio em que se encontrava. Ela destacava sempre de que é se exprimindo que o ser se constitui, toda expressão tem o seu valor e o permitir que ela evolua, é permitir um movimento. A Dra. Nise acreditava em uma tendência auto curativa da psique. Dizia que, quando as palavras falham, a expressão via imagens, via as mãos, via o corpo, via a música, permitem uma evolução, um movimento. O afeto e a presença funcionam como catalisador “O afeto catalisador”, que permite e estimula esse movimento. n Como ela conseguia isso? Divulgando as suas ideias, ela criava um núcleo de pessoas de diversas áreas (heterogeneidade), que tinham interesses comuns (o estudo do inconsciente), que trabalhavam voluntariamente (sem interesses capitalistas), e que acabavam funcionando como um coletivo, sem dar importância maior ao cargo ou formação (horizontalidade). Isso criava um ambiente que tirava o cliente do jugo da psiquiatria, tão pesado e alienante. n O que ela falava sobre os medicamentos? Ela ministrava para os pacientes? Ela não tinha interesse pelo uso dos medicamentos, a prática dela era outra. Na Casa das Palmeiras os clientes podem ter o seu psiquiatra fora da casa. Tinha uma visão critica da indústria farmacêutica e dos diagnósticos. Não administrava diretamente, mas também não impedia que estes se tratassem com fármacos. Na Casa das Palmares quando achamos que uma medicação não está adequada, ou está prejudicando a evolução comunicamos com o médico que trata o cliente. Mas há clientes que não fazem tratamento. n E o que mais lhe chamou a atenção no trabalho da Dra. Nise? Como ela tratava o cliente, no sentido de sempre buscar o que de melhor tinha em cada um deles, a sua singuralidade. Isso era o melhor dela. Não existia um método pronto para ninguém. Ela sempre dizia que era necessário enxergar onde outro existe, onde está a singuralidade dos doentes. n O senhor viveu muito tempo com ela. E isso foi há 30 anos. Fale mais sobre como ela vivia no dia a dia com os clientes, como ela costumava chamá-los? Bom, me considero um privilegiado em ter tido o prazer de conviver com a Dra. Nise. Era uma pessoa extraordinária. As pinturas e os trabalhos que ela reuniu foram de fundamental importância para que seu método de trabalho pudesse ser reconhecido no mundo inteiro. Ela também teve a oportunidade de conversar com Carl Jung,

Palmeiras, local criado por Dra. Nise da Silveira e que tinha o objetivo de evitar a reinternação de egressos de hospitais psiquiátricos. A instituição foi fundada em 1956 e uma das primeiras para o acompanhamento de psicóticos (principalmente) fora da internação, como dizia a doutora Nise, um território livre, onde se utilizam as atividades expressivas e o afeto. Ele conviveu com ela durante o período de 1987 até 1994, voltando a participar das atividades da Casa das Palmeiras desde 2007.

com quem trocou várias ideias. Imagino como ela, ainda, com 21 anos, enfrentou os colegas e professores por ser a primeira mulher a concluir e exercer a profissão de médica. Apesar de ter tido uma brilhante vida e estudar bastante, ela não fazia planos para nada. As coisas iam ocorrendo e ela simplesmente fazia tudo da melhor maneira possível. Sempre refazendo tudo que era possível, refazer e refazer tudo e procurando estudar tudo sobre cada pintura, cada traço, através de muita pesquisa. Para se ter uma noção de sua dedicação, ela morada no hospital. Lia e relia os manuais de psiquiatria e não gostava de seguir nenhuma norma, ela queria saber o porquê, sempre por que. Era uma inconformada com tudo, principalmente se o assunto fosse o sofrimento de um paciente. Ela queria descobrir tudo sobre o paciente, como ele podia se livrar do sofrimento. Ela discordou, e muito, das formas de tratar os pacientes, principalmente àqueles tratamentos agressivos, de tortura. Ela costumava dizer que se num primeiro momento os clientes foram torturados por agressividade, através dos choques, e depois através da medicação, que, para ela era uma camisa de força química, porque a pessoa não se expressava, virada robô, ficava dopada. n Mas que métodos ela utilizada para chegar ao inconsciente dos pacientes? Ela estava bastante consciente quanto à forma que Freud adotava, ou seja, fazer com que o paciente falasse e com isso seu sofrimento pudesse ser dissipado. Ela percebeu que esse método servia, mas não tão bem para os esquizofrênicos e por isso começou a adotar ferramentas, como o pincel, papel, madeira e barro, instigando os doentes a expressar os sentimentos, a angustia, a tristeza, enfim, o sofrimento interno. n E como ela descobriu a importância do trabalho dela junto com os clientes e com relação aos colegas psiquiatras? Em relação aos clientes, através dos resultados, a melhora, a saída de estados de isolamento, o melhor contato com o mundo e consigo mesmo, a produção de imagens de uma grande riqueza que estavam escondidas em seu interior, e o aprendizado que esses nos propiciam por estar tão mergulhados no inconsciente. Em relação aos psiquiatras, a relação foi de

embate, de luta com uns, e de colaboração e aprendizado com outros. Na verdade Dra. Nise nunca deu grande valor ao status, ao rótulo: psiquiatra, psicólogo, artista, etc. Ela dizia que, o que importa é a pessoa. A psiquiatria em si, é uma área de muitas correntes de pensamento, de lutas e discussões, sempre tendendo unilateralmente par o lado da biologia ou da psicologia, e também da contestação. Na verdade a loucura questiona sempre. Como dizia Jung, estamos engatinhando nesse conhecimento, e existe ainda um abismo entre essas posições, o objetivo seria um dia integrá-las com respeito. n E como é ou como era a Casa das Palmeiras, mudou alguma coisa no desenvolvimento do método adotado pela Dra. Nise? A Casa das Palmeiras é um laboratório, uma outra cena como diria Freud, está livre, não está subordinada a outras instituições como queria a sua criadora, evolui guiada pelos ensinamentos da mestra, e pelo desejo dos colaboradores, alguns que beberam da fonte, e outros que aproveitam a sua passagem pela casa para viver essa experiência. A Casa das Palmeiras é um ponto de referência necessário para os clientes, na esquizofrenia, o ponto de referência é necessário. É um espaço em poder ser, o que podem ser. Não há cobrança nem rótulos, o que se convencionou chamar psiquiatria fica em suspenso. O que importa é cada um. É conseguir estar onde o ser existe, onde o ser está, em toda a sua singularidade. E respeitando esse ser, sem nenhuma discriminação, sem botar em primeiro lugar um diagnóstico, um rótulo, ou seja, permitir que esse ser se reorganize. A Casa das Palmeira é a evolução do trabalho de Dra Nise da Silveira, ainda é uma instituição de vanguarda, de resistência. É a persistência do desejo de sua criadora, que continua plantando sementes de luz nesse mundo tão obscuro. E ela que nasceu em Alagoas, esse simpósio voltou a ter o objetivo de plantar mais algumas sementes em seu próprio solo e espero que o simpósio contribua para que as ideias e a práxis dela sejam multiplicadas. Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico CRP-15/4.132. Atendimento virtual pelo site: www.vittude.com. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também na CLÍNICA HUMANUS: Rua Íris Alagoense 603, Farol, Maceió-AL. (82) 3025 4445 / (82) 3025 0788 / 9.9351-5851 Email: arnaldosanttos@uol.com.br arnaldosanttos.psicologo@gmail.com.


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Jornal Extra, 20 anos de coragem

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PEDRO OLIVEIRA n pedrooliveiramcz@gmail.com

Fatos que marcaram ano de 1998

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No ano em que o Jornal EXTRA nascia, Alagoas, o Brasil e o mundo registraram importantes acontecimentos sobre os quais faço uma retrospectiva de alguns desses fatos. n HELOÍSA NO SENADO Heloísa Helena, então candidata do PT, foi eleita com 374.931 votos nominais ou seja, 22,537% dos votos válidos, sendo eleita a primeira senadora mulher da República Federativa do Brasil. Heloísa teve uma passagem marcante pelo Senado Federal, sendo escolhida líder do bloco de oposição no Senado no Governo Fernando Henrique. Com a posse de Lula em 1º de janeiro de 2003 e a definição das linhas do governo, suas divergências em relação às orientações do PT se intensificaram. Essa reação não arrefeceu a oposição de Heloísa Helena à proposta de reforma da previdência do Governo Lula, o que fez com que, no dia 2 de julho, a bancada do PT no Senado decidisse não mais considerá-la representante do partido na casa. Em 11 de dezembro de 2003, foi a única representante filiada ao PT a votar contra a emenda da reforma da previdência, que acabou sendo aprovada. No dia seguinte, recebeu manifestações de apoio na Câmara dos Deputados e na Câmara Municipal de São Paulo. No dia 14 de dezembro foi expulsa do PT por decisão do diretório nacional do partido. Foi, então, que Heloísa mostrou quem era o PT e também quem era Lula. Só que o Brasil custou a entender. n REELEIÇÃO

heguei às páginas do Jornal EXTRA quando ele ainda era um “bebê” e dava seus passos iniciais e aqui estou nesta trincheira na agradável companhia semanal de competentes companheiros jornalistas, articulistas e intelectuais da melhor qualidade, o que me honra. Cheguei a convite de Fernando Araújo, seu diretor e personagem da mais alta competência e coragem cívica no jornalismo alagoano. Acertamos tudo virtualmente e na semana seguinte eu já começava a colaborar com a publicação de minha coluna política. Já havia passado por alguns veículos de imprensa e de todos havia saído por incompatibilidade com a minha linha independente de escrever. Quando a coluna não contrariava interesse político, era o comercial, pelas minhas críticas a poderosos setores empresariais. Muitas vezes era surpreendido com cortes em notas e opiniões e para mim isso é intolerável e desrespeitoso. Sou avesso a qualquer tipo de censura. Estou no Jornal EXTRA por todos esses anos e durante os quais nunca tive uma nota censurada ou “mutilada”, mesmo quando na mesma edição contrario matérias editoriais. O jornal faz e prega o “direito

do contraditório” livre e democrático. Gosto de escrever para o EXTRA e de ser parado muitas vezes nas ruas, nos supermercados por pessoas que se declaram leitores da coluna e admiradoras do jornal. Gosto de ser abordado pelo vendedor de pamonhas, que também é leitor do EXTRA e fã da coluna, e até pelo jornaleiro que me aguarda todas as sextas-feiras no sinal, já com o EXTRA na mão e diz: “A coluna hoje está quente”. Foi no Jornal EXTRA que encontrei a minha mais saudável trincheira para a batalha sagrada do jornalismo. É aqui nestas páginas que faço eco à voz dos que são impedidos de falar, grito aos quatro cantos contra os bandidos da vida pública, os administradores desonestos, os políticos corruptos, os maus magistrados e membros do Ministério Público, mas também é aqui que os elogio e os ressalto quando cumpridores do principio universal do interesse público. Obrigado Fernando Araújo por me conceder o privilégio de estar com meus leitores, todas as semanas, no exercício daquilo que mais gosto de fazer: o jornalismo independente.

DE FHC Fernando Henrique Cardoso foi reeleito em primeiro turno se tornando o primeiro presidente a se reeleger. A eleição de 98 foi a primeira a utilizar a urna eletrônica, uma novidade, e as apurações ficaram ágeis. Em até 3 horas já se sabiam os resultados. Mas, o ano em que se reelegeu não foi fácil para FHC. Ele teve de superar as perdas traumáticas de Sérgio Motta, então ministro das Comunicações, e de Luiz Eduardo Magalhães, que era líder do governo no Congresso e que morreram em um intervalo de 48 horas.

Não podemos dizer que o ano de 2018 tenha sido bom para o Brasil. Após 14 anos de governo petista e a institucionalização da corrupção que levou pelo ralo bilhões do dinheiro público, o país mergulhou em uma crise institucional sem precedentes. Está na cadeia como o chefe da quadrilha, o ex-presidente Lula e foram presas praticamente todas as lideranças do partido, ex-ministros, políticos e empresários ligados ao mega esquema de corrupção. Resultado da Operação Lava Jato, tocada por juízes e procuradores que resolveram dar um basta na roubalheira e botar na cadeia um bando de assaltantes dos cofres públicos. Para o próximo ano, nos restam muitas incertezas. Quanto ao nosso futuro, não nos restam muitas esperanças, mas somos nós que temos que construí-lo.

n BRASIL PERDE A COPA Na última Copa do Mundo do século XX, a França conquistou seu primeiro título com um baile em cima de uma seleção brasileira apática e Ronaldo completamente apagado, devido a uma misteriosa convulsão horas antes da decisão. A seleção de Zagallo passou pela primeira fase, depois de vencer Chile e Dinamarca, uma vitória dramática na semifinal contra a Holanda e então veio a final. Quem esperava ver o penta acabou vendo Zidane nos enterrar com dois gols de cabeça com Petit fechando o desastre de 3 x 0. n PERDAS MARCANTES Em 98 desapareceu a voz de Frank Sinatra. O cantor que conquistou multidões se despede da vida em 15 de maio. Aliás, um ano pesado pra música brasileira. Em 15 de março morre o cantor Tim Maia, em 18 de abril morre o boêmio Nelson Gonçalves. Em 23 de junho a música sertaneja fica de luto com a morte do cantor Leandro, da dupla com Leonardo, depois de lutar contra um câncer devastador no pulmão. O ano ainda tem as mortes do cineasta japonês Akira Kurosawa e do ex-ditador do Camboja, Pol Pot.

Que venham as conquistas

Um processo pra chamar de

meu

Nos meus 50 anos de jornalismo crítico e quase 20 de Jornal EXTRA nunca fui processado em qualquer instância, nem mesmo tive que conceder “direito de resposta” por minhas publicações. Neste 2018, porém, o Jornal EXTRA foi alvo de um processo movido pelo governador Renan Filho por nota publicada em minha coluna - pasmem - porque o chamei de mentiroso. Sua assessoria jurídica “capenga” levou um juiz despreparado a tomar uma decisão equivocada para não dizer coisa pior. Por mim não teria cumprido a esdrúxula determinação, o jornal ponderou e diretamente seria o responsável pelo meu descumprimento. Faltou ao governador a coragem cívica para encarar a imprensa que não teme sua arrogância cabocla. E não pode impedir que eu siga aqui neste espaço o criticando e falando pelos que não podem falar.


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ELIAS

FRAGOSO n Economista

20 anos depois...

1998. O Brasil estava iniciando o malfadado segundo Governo Fernando Henrique, o mesmo que implementou o Plano Real (que precisa ser melhor estudado, já que atacou apenas uma “perna” do problema, a da inflação, deixando de fora outros fundamentos importantes que terminaram por complicar o final e todo o seu segundo governo) e, simultaneamente, promoveu uma “festa” para correligionários e empresários amigos através de privatizações (necessárias, mas altamente suspeitas) a ponto de o ministro responsável pelas mesmas comentar nos bastidores que

“estamos ultrapassando todos os limites” (de negociatas). Práticas semelhantes, embora em menor escala, que aquelas que o PT viria a implementar nos seus futuros desgovernos. Passados 20 anos da primeira edição do EXTRA, o que mudou de lá prá cá? Muita coisa e quase nada. Como assim?! Vamos por partes. Somados, os 17 anos de governos socialistas do PSDB e do PT o que se viu foi o país estagnar com “crescimento” médio, absolutamente insuficiente, em torno de 2% (aqueles 8% de 2008 só aconteceu porque 2007 foi de crescimento baixíssimo graças à crise financeira global), discrepantes quando comparados à série histórica dos ¾ primeiros anos do século passado, cujo crescimento anual médio foi superior a 7%. E Alagoas? Bom, continuamos onde sempre estivemos: na

rabeira econômico-social deste país enormemente desigual e sem grandes perspectivas de saídas enquanto o modelo político-econômico e o mando local permanecer tal qual aí está. Nesses 20 anos, a falência do Estado no Governo Suruagy, o escândalo dos precatórios, as seguidas e medíocres gestões “feijão com arroz”, a ausência de debates sérios sobre saídas para os graves problemas do estado, fizeram parte do cotidiano do mais do mesmo que sempre pautou as questões econômicosociais no estado no período. Não saímos do péssimo lugar em que nos encontramos. A grande novidade do período foi, graças à incompetência política do petismo, o surgimento da Lava Jato que, contra quase toda classe política, os maganos empresariais deste país, segmentos da justiça e os marajás estatais, vem provocando arrepios nos ladrões do dinheiro público. Embora a roubalheira continue e alguns desses salafrários tenham sido reeleitos ou estejam postados em posições estratégicas para tentar obstacularizar seus avanços. Passados 20 anos de socialismo

fabiano do PSDB e marxista do PT, o EXTRA adentra a próxima década juntamente com um novo governo liberal, que promete consertar as barbeiragens econômicas do petismo, dar um cavalo de pau na ladroagem do dinheiro público, na desfaçatez dos costumes, por a educação de volta aos trilhos, combater com inteligência, mas rigor, a bandidagem e o crime organizado e, fazer o Brasil voltar a crescer, tão logo restabelecidos os pilares econômicos negligenciados. Um desafio e tanto, até porque se sabe que os “saídos” vão tentar de tudo para voltar a dominar com sua proverbial incompetência na área econômica, teses exóticas na área de costumes e a roubalheira de sempre, sua marca registrada. Este país precisa sair da barafunda em que se meteu. Nosso lugar é entre os maiores do mundo e nunca junto a “potências” como Cuba, Venezuela ou Bolívia. Parabéns ao EXTRA. Que nos próximos 20 anos veja o

Brasil e Alagoas saírem do buraco em que estão metidos.

Este país precisa sair da barafunda em que se meteu. Nosso lugar é entre os maiores do mundo e nunca junto a “potências” como Cuba, Venezuela ou Bolívia.


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JORGE

MORAES n Jornalista

Três fatos marcantes de 2018

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o momento em que o semanário EXTRA completa 20 anos de uma história muito bem contada e vivida, com uma marca extraordinária de 1000 edições, alguns outros acontecimentos foram se registrando no País. Um exemplo disso foi a eleição da direita extremada, com a volta dos militares ao governo, na eleição de Jair Messias Bolsonaro para presidente do Brasil. Depois do movimento que elegeu o primeiro presidente pelo voto popular, após os diversos governos militares, com governantes de centro e centro -esquerda, os eleitores brasileiros resolveram mudar. Se melhorar, ótimo. Se piorar, mudamos outra vez. Feito este preâmbulo, quero,

aqui, neste espaço, enaltecer o trabalho jornalístico feito pela equipe do EXTRA. Para não correr o risco de esquecer nomes importantes neste projeto, em nome do grande Fernando Araújo quero parabenizar e abraçar a todos os profissionais do dia a dia e os colaboradores que fazem parte dessa longa e vitoriosa história. Sei como é difícil enfrentar uma batalha como essa, especialmente no campo financeiro. Mas, para quem enfrentou 20 anos de batente, enfrentar mais 20 ou 40 anos é “fichinha”. O trabalho é enorme, a concorrência, em todos os sentidos, existe, mas não fugimos à luta. No momento em que jornais fecham as suas portas em todo o Brasil, recentemente aconteceu

ALARI ROMARIZ

TORRES

n Aposentada da Assembleia Legislativa

Quem avisa, amigo é...

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stamos vivendo uma época de transição: saímos das loucuras da Dilma e entramos na calmaria do Temer. Seria injusto dizer que o atual presidente não se esforçou para corrigir tantos erros. Escolheu algumas pessoas ajuizadas para ajudá-lo no curto período em que governaria o Brasil. Houve um certo controle da inflação. O desemprego diminuiu um pouco. Enfim, não foi tão ruim a administração do Temer. Revivendo o histórico político de nosso presidente, vemos vários deslizes, processos de improbidade administrativa, de recebimento de propina. Não podemos dizer que foi um santo, foi um grande pecador. Como todos têm o direito de se

redimir, coube ao Temer, ao substituir a Dilma, errar menos, tentar passar o governo ao Bolsonaro com tranquilidade e querer ser embaixador do Brasil lá fora, para se livrar de tantos processos. Tolo ele não é!!! Em Alagoas, o Renan Filho, que fez um bom governo, reelegeu-se com 70% dos votos, começa a brigar com o presidente eleito. É preciso ter cuidado, pois os estados dependem da União e seu pai, senador, não está com tanto prestígio. E se começar a brigar, as vítimas serão o povo das Alagoas. Sei que ele é um moço inteligente, tem pretensões políticas, não vai querer afundar nosso pequenino estado. Aí, os bajuladores de plantão vão dizer: “O que essa velhinha ou-

em Alagoas, com dezenas de jornalistas e outras categorias perdendo seus empregos, num País com mais de 13 milhões de desempregados, o semanário EXTRA traz um exemplo de competência naquilo que faz, consolidando o seu trabalho e comprovando que é o mais preferido pelo leitor alagoano. Esses 20 anos do EXTRA representam o resultado de um trabalho sério, competente e investigativo, sempre na dianteira, na busca por resultados, satisfatórios ou não, mas cumprindo o seu papel de bem informar e não deixar só na primeira informação os fatos ocorridos. Esta edição de nº 1000 não é apenas mais uma edição. É o resultado de um trabalho que precisa ser enaltecido por toda a sociedade alagoana. A gente entende que muitas pessoas estão aplaudindo e parabenizando essa trajetória, como, também, tem gente que não gosta e quer ver o jornal pelas costas, e tem todo o direito de pensar e querer que seja assim. No entanto, o que importa mesmo, é que continuaremos com nossa luta, com nossas dificuldades, mas com muito profissionalismo. Mas não abrimos mão de fazer esse papel importante no contexto jorna-

lístico alagoano, ou seja, acompanhar de perto e registrar os fatos como eles se deram, e não pelo ouvir dizer. Elogiado por muitos e odiado por poucos, o semanário EXTRA transmite para o alagoano a informação que poucos conseguem divulgar. A busca sempre pela verdade é o que nos faz diferentes, com um só comprometimento: o leitor. Muitos profissionais fizeram parte dessa história. Alguns tomaram outros caminhos. Outros deixaram o nosso convívio, mas muitos continuam alimentando essa ideia plantada há tanto tempo e que por certo vão continuar trazendo informações de uma forma diferente e muitas edições especiais ainda virão. Não poderia finalizar sem deixar de registrar um outro fato marcante desse ano: a conquista do CSA. Pensei durante muito tempo, por não acreditar que tivéssemos planejamento para isso, que não pudesse ver um representante de Alagoas na Série A do Campeonato Brasileiro. Mas vi. Sem dúvida, a vitória do Bolsonaro, a edição 1000 do semanário EXTRA e o CSA na Série A são os fatos mais importantes de 2018.

sada pensa que é? Dando conselhos ao nosso governador?” Experiência, muitos anos vividos na área, digo eu. Chegamos ao nosso Legislativo: houve uma leve mudança, metade será renovada. Entretanto, vêm filhos de políticos sabidos, diminuindo a renovação. O governo não terá tanto dinheiro como anteriormente; será preciso cortar o número de comissionados, acabar com a GDE (gratificação que dobra os salários), respeitar os aposentados hoje jogados na Previdência sem regras e pensar no enquadramento de ativos e inativos e nas aposentadorias. A fartura não será tanta! Outro fato que nos assusta: Bolsonaro quer acabar com os sindicatos. Já houve um leve começo com o fim do imposto sindical. Pagará o justo pelo pecador: com o excesso de entidades representativas e as muitas fraudes cometidas por alguns sindicatos, deixaremos de ter quem nos represente. Os patrões devem estar contentes. Serão livres para pisar e repisar os empregados. Seria bom pensar no assunto. Outro fato que tornou o governo atual mais leve foram as alterações na Justiça do Trabalho. Uma delas obriga o empregado, se perder a cau-

sa, pagar o advogado da parte contrária. Como se tratava de um órgão que, na maioria das vezes, condenava os patrões, melhorou muito. Falase até que o Bolsonaro quer acabar com a Justiça do Trabalho e passar tudo para a Comum. Não sei se seria bom. Mas acabaria com muitas ações trabalhistas desnecessárias e mentiras ditas por empregados contra os empregadores. Vem mudança por aí! Todos nós, povo, Estados, Municípios, precisamos estudar as alterações, analisar as adaptações e procurar viver de acordo com as novas regras. Estava tudo muito solto. Os planos de previdência afundando pelo excesso de aproveitadores. A saúde de mal a pior: os planos viraram SUS e o SUS virou indigência. É preciso mudar, colocar regras a serem respeitadas, acabar com a propina e verba de campanha, terminar com o “toma lá, dá cá”, fechar as torneiras do dinheiro público. Investir na construção civil, na agricultura, na indústria. O Brasil precisa crescer e a população se acostumar com novos limites. Quem avisa, amigo é!

Esta edição de nº 1000 não é apenas mais uma edição. É o resultado de um trabalho que precisa ser enaltecido por toda a sociedade alagoana. A gente entende que muitas pessoas estão aplaudindo e parabenizando essa trajetória, como, também, tem gente que não gosta e quer ver o jornal pelas costas, e tem todo o direito de pensar e querer que seja assim.

É preciso mudar, colocar regras a serem respeitadas, acabar com a propina e verba de campanha, terminar com o “toma lá, dá cá”, fechar as torneiras do dinheiro público. Investir na construção civil, na agricultura, na indústria.


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ISAAC SANDES

DIAS

n Promotor de Justiça

Santa teimosia, profana missão

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or ocasião das comemorações dos vinte anos de publicação do EXTRA, necessário se faz a contextualização histórica e conceitual do que é um jornal semanário. Como jornal, ou veículo publicado com a intenção de levar até determinado público as notícias e efemérides de uma comunidade, o formato, como o conhecemos, tem sua origem na Acta Diurna, criada por Júlio Cesar no ano de 59 AC, para divulgar as notícias oficiais do Império Romano. A necessidade de divulgar feitos pessoais ou de Estado não foi uma exclusividade ou invenção de Júlio Cesar. Milhares de anos antes, os faraós egípcios já gravavam seus feitos e campanhas militares na pedra ou em pinturas dos seus templos e tumbas. De qualquer forma, o conceito de jornal como o conhecemos hoje foi inaugurado por Júlio Cesar, já que pela primeira vez criou-se a figura do correspondente, o que, na época, era chamado de correspondente imperial. Pessoas que eram enviadas até as províncias mais distantes para, de lá, enviar as notícias que interessavam aos cidadãos ou governantes do império. Após o longo sono da Idade Mé-

dia na Europa, o jornal só veio a ressurgir com a invenção da prensa de papel por Gutenberg por volta do ano de 1450. Há quem diga, e faz sentido, que aí se deu de fato o surgimento do Renascimento. A velocidade com que passaram a circular as notícias e o conhecimento equivaleram, então, à revolução provocada pela internet de hoje. Os custos e tecnologia envolvidos na nova invenção, aliados à raridade e ao preço do papel, naturalmente deixaram os incipientes jornais nas mãos dos detentores do poder econômico, surgindo aí um dos males mais danosos para a imprensa e seu público alvo. A falta de liberdade de expressão daqueles que eram contratados para produzir o jornal. Naturalmente, se os primeiros jornais eram resultado de uma tecnologia cara e envolvia custos vultosos com a compra de papel, tintas, etc, os donos de tais noticiosos jamais iriam permitir a divulgação de notícias que atingissem seus interesses pessoais, sociais ou comerciais. Exemplo icônico da tentativa de tolher a liberdade de imprensa foi a decisão de Oliver Cromwell de proibir a divulgação da notícia da decapitação do rei Charles I da Inglaterra, por ocasião do fim da Guerra Civil inglesa. Apenas em 1766 é que o mundo conheceu na Suécia a primeira legislação que garantia a liberdade de imprensa. Digo o mundo porque, para nós brasileiros, tal conquista nunca foi completamente

estabelecida, sendo intercalada pelo hora sim, hora não ao longo de nossa história, até os dias de atuais. Com a tipografia sendo oficialmente proibida no Brasil, a impressão de jornais só foi permitida a partir de 1808, com a chegada da família real portuguesa. Então, ao lado do Correio Braziliense que já circulava, mas era impresso em Londres, surgiu o primeiro jornal impresso no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro Para se ter ideia do caráter ainda limitado e alienígena de tal jornal, basta dizer que a primeira edição, publicada em 10 de setembro de 1808, trazia em sua primeira página as seguintes informações: “N.I - Gazeta do Rio de Janeiro – Sábado 10 de setembro de 1808. - Londres 12 de junho de 1808. – Notícias vindas por via de França”. Ou seja, nenhuma identidade ou atualidade nativas. Em nosso estado, dado o seu tamanho e importância na federação, é impressionante a quantidade de jornais já criados. Segundo Craveiro Costa registra no Indicador Geral do Estado de Alagoas, publicado em 1902, entre 1869 e 1902, já haviam circulado em Alagoas cerca de 500 jornais de todos os estilos e tendências. De lá pra cá outros tantos jornais já surgiram e desapareceram em meio a esse caudaloso rio de noticiosos. É nesse cenário tão prolífico em número de publicações que vamos ver nascer em 21 de setembro de 1998, em Maceió, o semanário EXTRA, um pequeno Davi em meio a tantos e gigantescos filisteus da imprensa. Desde suas primeiras semanas de circulação o EXTRA já demonstrava que não chegava para repetir ou praticar um jornalismo estéril ou, num dizer exemplificativo, um jornalismo pasteurizado, sem acidez, sem gosto ou

personalidade. Nesses tempos de jornalismo insosso e melindroso, o EXTRA tem sido o sal da notícia. Já vão longe os dias em que se via no jornalismo o empastelamento, a retirada de jornais das bancas ou atitudes tais que demonstravam o quanto a notícia feriu de morte algum interesse inconfesso. Com sua linha editorial que consiste em denunciar crimes de mando ou pistolagem, em desmanchar com o calor de suas notícias o nariz de cera de personagens sentados no topo da pirâmide político social de nosso estado, em jogar água nos pés de barros de certos ídolos políticos, em apontar as mazelas, vícios e privilégios daqueles que sempre se sentiram como o início o meio e o fim de tudo, tem o EXTRA, atraído para si um sem número de ações e processos indenizatórios, tem amargado ameaças a seus profissionais e, pitorescamente, tem sido até alvo de despachos de encruzilhada, com vela, farofa charuto e cachaça e pipoca. Tais ações, face à modernidade dos tempos, substituem a velha e ultrapassada violência do empastelamento com a destruição de máquinas arquivos e mobiliário do jornal. Frente a tantas dificuldades, a tantos percalços que lhes são atravessados, o EXTRA completa vinte anos da mais pura resistência e superação, disposto a completar tantos outros vinte anos em sua santa teimosia e profana missão que consiste em não adoçar a notícia, mais sim em colocar o dedo na ferida sem olhar qual é o santo dono da chaga.

Nesses tempos de jornalismo insosso e melindroso, o EXTRA tem sido o sal da notícia. Já vão longe os dias em que se via no jornalismo o empastelamento, a retirada de jornais das bancas ou atitudes tais que demonstravam o quanto a notícia feriu de morte algum interesse inconfesso.


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Matrícula escolar

ECONOMIA EM PAUTA n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

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Arrependimento

atrículas e rema-trículas para 2019 se aproximam e os pais ou responsáveis se apressam para reservar a vaga da criança. Porém, será que cobrar taxa pela reserva de uma matrícula é legal? Segundo o Procon, as instituições de ensino podem cobrar taxa de reserva de vaga, mas esse valor faz parte da anuidade, portanto, deverá ser descontado da primeira mensalidade ou do valor da matrícula. A reserva é direito de todo aluno que já estava regularmente matriculado e com as mensalidades em dia. Também pode ser cobrada taxa de matrícula, mas esse valor faz parte do total da anuidade, ou seja, não pode ser mais um item a ser pago.

Pagamento de dívidas

Quem deixa de pagar uma fatura de cartão de crédito, financiamento do carro ou da casa ou carnê de loja, por exemplo, pode acabar sendo cobrado na Justiça para quitar a dívida e ainda ter o saldo da conta bancária bloqueado. O dinheiro “em espécie, em depósito ou aplicação em instituição financeira” é o primeiro item enumerado pelo CPC (Código de Processo Civil) na lista de patrimônios de um devedor a serem buscados em um processo de penhora.

A Black Friday passou e muitos consumidores já estão arrependidos ou se sentindo enganados. É importante saber que, segundo o Código de Defesa do Consumidor, para exigir a substituição ou reparação do produto ou serviço defeituoso adquirido, a reclamação formal deve ser realizada em até trinta dias. Levando em conta que muitas lojas prolongaram os descontos, aprovei-tando o fluxo de compras de Natal, o código também permite que o cliente se arrependa da compra que fez em até sete dias corridos. Assim, sempre que você perceber que fez uma compra que não deveria, pode pedir o cancelamento sem qualquer custo.

Compare planos de saúde

A Agência Nacional de Saúde promoveu melhorias no Guia ANS para que o consumidor consiga comparar preços e serviços oferecidos pelos planos de saúde e os clientes possam escolher a melhor opção de acordo com seu perfil. A ferramenta exibe informações importantes na hora da escolha, como a rede hospitalar credenciada de cada produ-


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CLÁUDIO

VIEIRA

n Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

Sobre a liberdade de exE

m crônica passada (a liberdade de expressão na política), neste mesmo espaço, mencionei pensamento de Voltaire sobre a liberdade de opinião, que agora repito: “Posso não concordar com nada do que você diz, mas defendo até a morte o seu

direito de dizê-lo”. Talvez com entusiasmado exagero tenho que essa máxima do revolucionário francês de 1789, por representar um dos objetivos da Revolução Francesa, vem orientando as constituições democráticas. A nossa Carta de Princípios preconiza a liberdade de opinião no artigo 5º, repetindo o preceito no art. 220. Malgrado longa para este espaço, não posso deixar de referir ainda, no mesmo diapasão, o ensinamento de Rui Barbosa sobre a imprensa: “A imprensa é a vida da Nação. Por ela a Nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que ocultam

e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, se acautela do que ameaça”. Dei-me a pachorra de mencionar esses dois grandes mestres da democracia (Voltaire e Rui Barbosa), por ter sido sob a inspiração de ambos os pensadores que, durante mais de vinte anos, exerci a Advocacia na defesa de órgãos de comunicação e jornalistas, uma dura batalha, porquanto, embora todos exteriorizem o apreço à liberdade de impressão, na prática o establishment opõe-se duramente à sua efetivação, certamente por considerá-la uma ameaça aos seus castelos. Há menos tempo, mas talvez há uns dez anos, venho exercendo a minha muito cara liberdade de expressão em artigos e crônicas publicados em

generoso espaço a mim cedido pelo editor deste jornal EXTRA. E nele tenho sentido e vivido a generosidade do respeito ao direito de dizer, porquanto, embora muitas vezes eu possa ter contrariado interesses da própria editoria, nenhuma censura me é feita, prévia ou posterior, e jamais fui de qualquer forma impedido de manifestar a minha opinião, que pode não ser a melhor ou mais conveniente, mas é exclusivamente minha e presenta a liberdade que tanto prezo. Esses os motivos, bem objetivos, porque louvo o denodo desse semanário, do seu editor, dos seus jornalistas, também eles livres de escreverem seus textos sem a vigilância destruidora de qualquer suposto dono, seja do órgão, ou, pretensiosamente, da verdade. Parabéns a todos os que fazem o mais libertário jornal de Alagoas!

Malgrado longa para este espaço, não posso deixar de referir ainda, no mesmo diapasão, o ensinamento de Rui Barbosa sobre a imprensa: “A imprensa é a vida da Nação”.


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Alagoas economiza R$ 1 bilhão com atuação dos procuradores do Estado

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lém de representar judicialmente o governo estadual, a Procuradoria Geral do Estado de Alagoas vem desempenhando um papel fundamental na manutenção e economia do erário: a atuação dos procuradores tem garantido milhões de reais de economia para os cofres públicos. A vitória mais recente obtida foi um abatimento bilionário na renegociação da dívida com a União sem o pagamento de juros de mora, que estavam incidindo sobre um valor que o Estado já havia pago. Só nessa ação, o Estado economizou R$ 1 bilhão no valor total da dívida. Na área de recuperação fiscal, destaca-se o trabalho realizado pelo Grupo de Atuação Especial em Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens (Gaesf), do qual a Procuradoria Geral do Estado faz parte de forma direta e ativa, através do procurador Ivan Luiz da Silva, também coordenador da Procuradoria Judicial. O Gaesf trabalha no combate à sonegação fiscal e recuperação de ativos no Estado de Alagoas e tem trazido milhões de reais de volta aos cofres públicos. “A PGE passa a ser um personagem ativo na recuperação de bens, atuando diretamente. Neste trabalho, junto com os demais órgãos participativos, conseguimos acordos que resultam no retorno desses recursos aos cofres públicos”, ressalta Ivan Luiz. O trabalho conjunto dos procuradores, através das subunidades e coordenadorias, tem resultado nesses grandes feitos. “A economia que a PGE tem gerado aos cofres públicos, com a forte atuação dos nossos colegas, tem demonstrado a importância do papel do procurador de forma mais direta em favor da gestão pública. Cada centavo que o Estado economiza em decorrência de uma ação vitoriosa é investido em melhorias na vida da população, como saúde, educação, saneamento e segurança”, avalia Flávio Gomes de Barros, presidente da Associação dos Procuradores do Estado de Alagoas.

Outro exemplo é o trabalho desenvolvido na Procuradoria Judicial. Segundo a procuradora de Estado Lívia Lage, o trabalho preventivo e em conjunto vem contribuindo de forma efetiva para as vitórias alcançadas pela procuradoria. “Muitos processos de massa que chegavam na PGE eram feitos de forma pulverizada, cada procurador fazia o seu e no final apenas conversávamos sobre a tese feita. Uma vez que foi elaborada uma contestação padrão, passamos a atuar também junto aos juízes e aos desembargadores, fazendo com que eles entendam o caso antes mesmo de ver a petição inicial. Esse trabalho conjunto tem gerado grandes vitórias e uma economia considerável ao erário”, explica. Atuando no setor de precatórios, o procurador Eduardo Ramalho também destaca a importância deste trabalho na gestão pública. “Principalmente evitando que o Estado de Alagoas pague valores em excesso, como ocorreu em um processo que importou na redução dos valores de 89 precatórios. Verificamos se os precatórios preenchem os requisitos legais e se o valor está correto, antes de qualquer pagamento. Ressalto que a Subunidade de Precatórios, sempre que necessário, atua em conjunto com as demais Subunidades da Procuradoria Judicial e com a Coordenação, sempre buscando economizar para os cofres públicos, e já detectamos precatório expedido em duplicidade, por exemplo, pedindo o cancelamento”, explica. Outra ação que gerou economia de cerca de R$ 50 milhões ao Estado diz respeito a um processo de 1989, que voltou a tramitar após o então advogado de servidores da hoje extinta FIPLAN (Fundação Instituto Planejamento do Estado de Alagoas) contestar o valor final dos precatórios, que já haviam, inclusive, transitado em julgado. Este valor final, aceito pelos autores do processo, teve como limite a data base da categoria, e após 10 anos da abertura do processo, ele foi contesta-

Procurador Ivan Luiz da Silva, também coordenador da Procuradoria Judicial

do.

Segundo o procurador Danilo Falcão, que atuou no processo, em 2017 os cálculos apresentados pelos autores foram homologados seguindo o valor retroativo. “A partir deste momento, a Procuradoria Geral do Estado passou a atuar nesta ação. Foi um processo longo e difícil, onde, por fim, o Estado interpôs um agravo de petição, onde a segunda turma do TRT deu provimento ao agravo, e entendeu que os cálculos deveriam prevalecer sendo os mesmos elaborados pelo contador judicial com limite na data base”, destaca o procurador Falcão.


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O carro e o jovem

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ma vertente entre analistas de mercado vem, nos últimos tempos, colocando em cheque o desejo natural e verdadeiro de utilizar o automóvel como meio de locomoção tanto em cidades quanto para viajar. Há quem “decrete” que este meio de deslocamento já iniciou o seu declínio e, dentro de uma a duas décadas, já não atrairá em nada os mais jovens. Apesar de nem no exterior existir consenso, isso tem sido comentado também no Brasil depois que estatísticas apontaram uma queda na emissão de novas carteiras de habilitação. Entretanto, há muito “achismo” sobre esse tema. Uma empresa de pesquisa presencial, a Spry, partiu para entender a fundo esse assunto por meio de um trabalho denominado Mobilidade através das gerações. Foram 1.798 entrevistas em 11 capitais brasileiras. Público-alvo dividido, seguindo critério de idade, em quatro gerações: BM (Baby Boomers), 56 anos ou mais, e as gerações X (36 a 55 anos), Y (26 a 35 anos) e Z (25 anos ou menos). A pesquisa é longa e inclui diversas formas de as pessoas se deslocarem dentro das cidades: a pé, de bicicleta, carro particular, moto particular, taxi/aplicativo, ônibus e metrô/trem. Perfil dos entrevistados seguiu, em linhas gerais, a segmentação de gênero, escolaridade e renda das estatísticas do IBGE. Mas 60% dos participantes não possuíam carro. Vantagens de cada meio de transporte estão relacionadas ao estilo de vida e ambiente nos quais estão inseridos os entrevistados. Não existe consenso sobre como será o futuro do automóvel, independentemente das gerações. As quatro (BM, X, Y e Z) somente concordam em um ponto: ele não se tornará um bem esquecido (apenas 3% citaram essa resposta). Em entrevista exclusiva à Coluna, o diretor da Spry Pedro Facchini ressaltou que o automóvel representará 66% das preferências de deslocamento dos brasileiros no futuro por meio de posse ou compartilhamento (diferentes apli-

ALTA RODA

FERNANDO CALMON n fernando@calmon.jor.br

cativos, inclusive de caronas, e até taxis). Outras conclusões: “Só 5% das pessoas responderam que por motivos ambientais deixariam hoje de adquirir um veículo; a maioria parou de comprar carros apenas pelos custos envolvidos e a queda de renda; um dos maiores empecilhos para a geração Z tem sido o processo de habilitação, bem mais longo e caro do que costumava ser há 30 ou 40 anos. Isso vem obrigando os mais jovens a adiar a obtenção da CNH. Quando conseguem a carteira, ainda têm a opção de apelar para os carros dos pais ou familiares”, explica. A pesquisa apontou claramente: 90% da geração Z pretende se habilitar e adquirir um automóvel à semelhança das três gerações mais velhas. Porém, de certo, será pela praticidade e conforto ao se deslocar. Não citam tanto, entre os motivos, o status como ocorria, muitas vezes, 50 anos atrás. De fato, o processo de interação entre o jovem e o automóvel tem enfrentado alguma lentidão, menos por falta de interesse e mais em razão de limitações financeiras. Bem ao contrário do que se costuma apregoar que a juventude está “desligada” do automóvel. Nada como uma boa pesquisa para apontar falsas verdades hoje cristalizadas.

n HYUNDAI E CAOA chegarão a um acordo até o final deste ano nas operações de importação. Não serão contratos renováveis a cada dois anos, como querem os sul-coreanos, nem por 10 anos como exige o grupo brasileiro. Algo como três ou quatro anos é o mais provável. Hyundai pretende construir fábrica de motor e câmbio na Argentina para intercambiar com o Brasil. n SEDÃS estão mesmo em queda livre nos EUA. Depois da Ford, GM anunciou a descontinuação de vários modelos, inclusive do Cruze, na América do Norte. A empresa decidiu cortar investimentos em motores convencionais e até híbridos, focando em elétricos, o que envolve riscos que, ela julga, calculados. Na América do Sul, Cruze e outros continuam nos planos. n APESAR de continuar sob suspeita e também ter sido demitido, no início da semana, do cargo de executivo da Mitsubishi (Nissan tem participação controladora nesta marca e não a Aliança com a Renault) o franco-brasileiro Carlos Ghosn ainda não pôde dar sua versão pública dos fatos. Agência japonesa NHK, sem revelar fontes, informou que ele negou acusações da promotoria.

n POR R$ 198.500 a décima geração do Honda Accord chegou ao Brasil. Novo motor 4-cilindros turbo de 256 cv substitui o V-6 e permitiu encurtar o comprimento e até ampliar o espaço interno (entre-eixos ganhou expressivos 5,5 cm). É o primeiro sedã traçãodianteira do mundo com câmbio automático de 10 marchas: a 100 km/h o motor sussurra a apenas 1.500 rpm. n VW VIRTUS eleito Carro do Ano 2019 pela revista Autoesporte. Premium: Volvo XC40 (R$ 100.000 a R$ 200.000); Superpremium: Ford Mustang (acima de R$ 200.000); Motor, abaixo de 2 litros: Mercedes-Benz C200; Motor, acima de 2 litros: Ford Mustang; Marca digital: Renault; Marca verde: BMW; Executivo: Carlos A. O. Andrade. Prêmios UOL Carros 2018 foram para Toyota Yaris, Citroën Cactus, VW Tiguan, Ford Mustang, Volvo XC40 e VW Amarok.


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A EMPRESA PINHEIROS CONSTRUÇOES EIRELI EPP, CNPJ 04.603.567/0001-03, SITUADA A RUA EXPEDICIONÁRIOS BRASILEIROS, 180-BAIXA GRANDE-ARAPIRACA-AL., TORNA PÚBLICO QUE REQUEREU A SECRETARIA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE, A RENOVAÇÃO DA LICENÇA AMBIENTAL, PARA FABRICAÇAO DE OUTROS ARTIGOS DE CARPINTARIA PARA CONSTRUÇAO.

Sentença Autos n: 0703869-66.2018.8.02.0001 Ação : procedimento ordinário Autor : Luciano André pessoa Magalhães Réu : Dirceu Almeida Magalhães Examinando os autos , verifico que a concessão da curatela provisória foi concedida tendo em vista que a documentação juntada atestou que o interditando não tinha capacidade para exercer os atos da vida civil devido a problemas mentais codificados pelo CID 10 G 30 ( doença de alzheimer ) , razão pela qual julgo a ação procedente em parte , para, de acordo com o artigo. 4 do referido código decretar a interdição de Dirceu Almeida Magalhães, relativamente ao exercício dos atos patrimoniais da vida civil, atos que poderá praticar com a representação de seu curador ora nomeado, ou seja, o seu filho , Luciano André pessoa Magalhães.

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Polêmica em Arapiraca

ABCDO INTERIOR n robertobaiabarros@hotmail.com

Campo Grande

Em sua segunda fiscalização do projeto Transporte Legal, o Núcleo de Defesa da Educação do Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/ AL) constatou, mais uma vez, diversas irregularidades nos ônibus que fazem o transporte de alunos da rede pública de ensino no interior do estado. Dessa vez, os flagrantes ocorreram no município de Campo Grande, localizado na região Agreste.

Campo Grande 2

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... A comemoração do Novembro Azul teve o dia D dedicado à saúde do homem na quinta-feira (29), no auditório do Hospital Regional. O evento teve início às 16h. ... O objetivo, segundo o diretor Médico, Ulisses Pereira, foi conscientizar os participantes sobre a importância da prevenção ao câncer de próstata, bem como realizar uma busca ativa de agravos à saúde do trabalhador.

Merenda e lixo nas ruas

Aurélia Fernandes lembrou que necessidades básicas nas escolas como a própria merenda escolar de qualidade, a retirada do lixo nas ruas de Arapiraca, que segundo ela está um caos, devem ser prioridades e até sugeriu que no lugar deste sistema de Frequência Facial Digital, a administração investisse em câmeras como forma de garantir segurança nas escolas.

A vereadora classificou o seu pronunciamento como uma crítica construtiva, lembrando que este mesmo posicionamento já teria sido feito em uma reunião na semana passada com a presença dos vereadores e o próprio prefeito Rogério Teófilo.

A fiscalização foi realizada pelo promotor de justiça Lucas Sachsida Junqueira Carneiro que integra, junto com as promotoras Maria Luísa Maia e Ariadne Dantas Meneses, o Núcleo de Defesa da Educação, e pelo promotor de justiça Rodrigo Soares da Silva, que atua na Promotoria de Justiça daquela cidade.

Muito estranho

Ação civil

Compra desnecessária

Segundo eles, a inspeção foi marcada para ocorrer em Campo Grande porque, justamente nesse município, já havia sido ajuizada uma ação civil pública que pediu ao Poder Judiciário que obrigue a Prefeitura a renovar sua frota de veículos, uma vez que a Promotoria local constatou que alunos estavam sendo transportados em caminhões pau de arara.

... O Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, através do Departamento de Serviços Especializados em Engenharia e em Medicina do Trabalho, realiza o plano de ação de combate ao câncer de próstata, notadamente os colaboradores do local.

m pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal de Arapiraca, na sessão realizada na terça-feira, 27, a vereadora Aurélia Fernandes (PSB), disse ser totalmente contrária a compra dos equipamentos para a instalação nas escolas da rede pública municipal da Frequência Facial Digital, no valor de R$ 2,7 milhões.

Crítica construtiva

Ainda de acordo com a vereadora, muitos postos de saúde não têm diretores porque a “Prefeitura não poderia pagar os comissionados”. “Porém tem dinheiro para pagar R$ 2,7 milhões para obter a frequência facial digital”, disse.

A vereadora continuou com o seu pronunciamento, fazendo uma analogia a uma pessoa que ao invés de comprar o feijão para alimentar a família, compra um jarro de flores para ornamentar a mesa, o que no seu entender, seria desnecessário.

PELO INTERIOR

É contra

Além do valor de R$ 2,7 milhões na compra do equipamento, o município ainda teria que arcar com cerca de R$ 300 mil por ano para a manutenção dos equipamentos, classificando de “rápida” a compra, por isso, se posicionou contrária à aquisição.

Sabe o que diz

Lembrando que a vereadora Aurélia Fernandes é do grupo do prefeito Rogério e além de ter sido importante na sua campanha vitoriosa para prefeito foi secretária de Saúde. Portanto, a sua posição em relação a essa aquisição estranhíssima merece toda atenção da população. Afinal, é dinheiro público que pela preocupação da vereadora pode estar sendo jogado pelo “ralo”.

... “Essas datas são relevantes, pois promovem um alerta e podem definir a decisão das pessoas na busca pela prevenção e por cuidados”, comentou. ... De acordo com Janille Evangelista, coordenadora de Saúde Ocupacional, a participação dos funcionários é fundamental. ... “Mesmo trabalhando em um hospital, a resistência dos homens em relação aos cuidados com a saúde é notória. Ainda existe muito preconceito. Precisamos acabar com essa cultura de que apenas as mulheres é que devem se cuidar”, afirmou. ... Para incentivar a conscientização dos colaboradores, o Regional ofereceu as seguintes atividades: rastreamento de pressão arterial e glicemia, oferta de exames PSA e ginástica laboral. ... Os presentes ainda participaram de palestra com a convidada Gabriella Karla, que é fisioterapeuta especialista em RPG e Pilates. ... O argumento, entre outros pontos, seria “fortalecer o processo de aprendizagem dos alunos do ensino fundamental, por meio do atendimento às turmas do 1º ao 9º ano”. (Com 7Segundos). ... Um excelente final de semana para os nossos leitores . Até a próxima edição.


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MEIO AMBIENTE Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Pele falsa

O uso de peles falsas para fabricação de roupas, e acessórios no mundo da moda vem crescido muito. Por um lado, a notícia é boa, pois poupa a vida animal. Mas, a pele falsa pode não ser a resposta mais sustentável. O material sintético é feito de derivados do plástico, que leva centenas de anos para se decompor. Associações internacionais pró-pele entraram em embates com a PETA (People for Ethical Treatment of Animals) com esse argumento, alegando que a matéria-prima

Baleias Nova Zelândia

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Desmatamento

m grupo de 145 baleias-piloto morreu depois de ficar encalhado em uma praia da Ilha Stewart, na Nova Zelândia. Os animais foram encontrados enfileirados. As autoridades disseram que metade das baleias já havia morrido quando foi vista pela primeira vez por uma pessoa que passava pela praia. A outra metade foi sacrificada, porque dificilmente poderia ter sido salva já que se tratava de um lugar de localização remota, da ausência de pessoal e da condição física e mental das baleias. O Departamento de Conservação disse, em um comunicado, que não é incomum que baleias fiquem presas em praias da Nova Zelândia e que há cerca de 85 incidentes por ano. Na maioria dos casos, no entanto, apenas um animal fica encalhado, não um grupo grande. transporte. O projeto de mudança teve participação do Fundo Mundial para a Natureza (WWF).

O desmatamento na Amazônia cresceu 13,7% entre agosto de 2017 e julho de 2018, de acordo com uma divulgação feita pelos ministérios do Meio Ambiente e Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. A área desmatada é de 7.900 km², contra 6.947 km² perdidos no mesmo período dos anos anteriores. A taxa preliminar foi obtida pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ela é criada por meio de imagens de satélite que registram e quantificam as áreas desmatadas maiores que 6,25 hectares. O levantamento usa

animal é biodegradável.

ONU Um relatório divulgado pelas Nações Unidas em Paris na última terça-feira, 28, apresentou aumento das emissões de gases de efeito estufa no ano de 2017 depois de três anos de estabilização. O estudo mostra que as emissões globais atingiram níveis históricos de 53,5 gigatoneladas de gás carbônico equivalente. Os cientistas alertam que, se persistir a tendência atual, até o fim do século, a temperatura global poderá subir pelo menos 3º Celsius (ºC). O relatório também projeta que os países devem triplicar os esforços para alcançar a meta de manter o aquecimento global até 2030 abaixo de 2º C ou quintuplicar as ações para limitar o aumento da temperatura abaixo de 1,5° C, conforme prevê o Acordo de Paris. Apenas 57 países, que representam 60% das emissões globais, estão no caminho para atingir a meta em 2030, informa o documento da ONU.

Licença ambiental online Começou a valer no início de novembro o sistema online para abertura de processos de licenciamento ambiental do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL). Passados 30 dias, a partir de agora o processo passará a ser obrigatório. A ferramenta se integra a outras iniciativas que tornam mais práticas e ágeis a utilização dos serviços disponibilizados pelo órgão estadual. O sistema permite que qualquer pessoa inicie o processo de licenciamento de qualquer computador conectado com a internet. A ferramenta está disponível no endereço licenciamento. ima.al.gov.br


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