Edição 1030

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1998 - 2019

ANO XX - Nº 1030 - 19 A 25 DE JULHO DE 2019 - R$ 4,00

CRISE DAS USINAS

Coruripe pede novo empréstimo para escapar da quebradeira

Empresa do Grupo Tércio Wanderley e maior produtora de açúcar e álcool do Norte/Nordeste tem problemas de liquidez e emite R$ 800 milhões em debêntures para tentar equilibrar finanças. 8 e 9

CNJ INVESTIGA NEPOTISMO NO TJ n n

Filha de desembargador é lotada na Corregedoria de Justiça Filho teve contrato milionário no Tribunal reajustado em 25%

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JUSTIÇA AFASTA JUIZ GALDINO AMORIM POR SOLTAR QUADRILHA DE TRAFICANTES RIO LARGO

Promotor é acusado de favorecer prefeito cassado pela Câmara O promotor de Justiça Magno Alexandre estaria engavetando denúncias contra Gilberto Gonçalves (foto), que perdeu o cargo de prefeito para a esposa Cristina Gonçalves. O casal é acusado de usar a Prefeitura como cabide de empregos para os filhos. 16 e 17

Magistrado também é acusado de ter recebido auxílio-moradia com base em declaração falsa 5

BARRA DE SÃO MIGUEL PREFEITO ZEZECO QUER USAR ÁREA PÚBLICA PARA AMPLIAR MARINA PARTICULAR 14 e 15


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EDITORA NOVO EXTRA LTDA CNPJ: 04246456/0001-97

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

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COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Caso Martha Moreira

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- Já faz mais de dois meses que a esposa do promotor Sidrack Nascimento (Martha Moreira) morreu com um tiro de pistola na cabeça, deflagrado da arma do próprio marido.

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- O inquérito policial – que concluiu pela tese do suicídio – até hoje não foi tornado público, enquanto a família da vítima permanece com algumas dúvidas não esclarecidas pela polícia: por que o promotor fugiu de casa após a tragédia? Como Martha Moreira teve acesso à arma do marido?

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- As dúvidas só aumentaram depois que Sidrack Nascimento recorreu à Justiça para afastar do espólio de Martha o único herdeiro da esposa em uma empresa que administra uma franquia religiosa, um colégio e outros negócios.

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- A contabilidade dessa empresa e sua movimentação bancária também precisam ser esclarecidas pela polícia. Afinal, a administração dos negócios era exercida, legalmente, pela esposa, mas na prática quem comandava era o promotor.

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

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Queda de braço

O alagoano Humberto Martins, ministro do STJ e corregedor do CNJ, sofreu um revés na disputa de poder com a magistratura. Martins publicou uma recomendação colocando as normas do CNJ acima de decisões judiciais, abrindo guerra com os juízes de todo o país. Ao suspender liminarmente a decisão de Martins, o ministro Marco Aurélio, do STF, disse que nada justifica o descumprimento de uma decisão judicial e que o CNJ não pode se sobrepor ao Poder Judiciário. Por trás da recomendação de Martins está o ministro Gilmar Mendes, do STF, e sua cruzada louca para soltar o presidiário Lula da Silva e demais condenados na Lava Jato.

Desserviço

O deputado federal Arthur Lira comandou a campanha contra a inclusão de Estados e municípios na reforma da Previdência. Engana-se quem pensa que o chefete do “Centrão” está preocupado com a aposentadoria dos trabalhadores ou com Alagoas. Seu interesse - assim como o dos demais integrantes do bloco político do atraso - é atrapalhar a vida do governador e tirar proveito eleitoreiro da crise na Previdência Estadual que já acumula deficit anual de R$ 1 bilhão.

Calote da igreja Barra pesada

Empresários e lideranças políticas da Barra de São Miguel estão unindo forças para retomar o comando da prefeitura e retirar a cidade do atraso e da incompetência da atual gestão. Descobriram, tardiamente, que o prefeito Zezeco, que está no segundo mandato, não apenas traiu a população da Barra como tem usado o cargo em proveito próprio.

Os donos de três canais fechados de televisão lutam na Justiça há dois anos para receber o dinheiro do arrendamento dessas emissoras para o missionário Valdemiro Santiago, que comanda a franquia evangélica Igreja Mundial do Poder de Deus. A única esperança é a parceria entre Santiago e a Kalunga, que prometeu quitar o calote. As emissoras alagoanas integram uma rede nacional de TV usada pelo milionário “apóstolo” para arrancar dinheiro de milhões de incautos pelo Brasil afora.

Etanol de batata

Enquanto uns choram, outros vendem lenço. No vácuo da crise que botou o setor açucareiro na lona, o industrial Carlos Eugênio vai investir na produção de etanol de batata-doce a partir do próximo ano. O emprsário, que já comanda a fábrica de Cimento Zumbi, está se associando ao Grupo Mendo Sampaio para usar a base industrial da Usina Roçadinho, onde além do etanol de batata também poderá produzir álcool em gel e ração animal, para abastecer o mercado nacional.

Fim do emprego

A Quarta Revolução Industrial, a cha-mada revolução digital, vai extinguir a maioria dos empregos conhecidos hoje no mundo. Num futuro próximo a Inteligência Artificial comandará quase todas as ocupações, sobrando pouco espaço para os humanos. Até lá, mudanças climáticas precipitadas pelo aquecimento global, se encarregarão de eliminar pelo menos 80 milhões de empregos no mundo, advertem os cientistas.

Ninguém segura

A dívida pública do Brasil está beirando os R$ 4 trilhões, incluindo dívida interna e externa, segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional. É o resultado de 14 anos do jeito petista de governar e muita gente acreditou na mentira do Lula de que teria zerado a dívida externa do país.

Novo cangaço

Uma nova forma de cangaço especializado em assaltos está aterrorizando o interior do Brasil, desafiando bancos, polícia, empresas privadas e de transporte de valores. São quadrilhas numerosas, bem organizadas e fortemente armadas, capazes de bancar operações custosas para assaltar carros fortes e agências bancárias.

Tá tudo dominado

“Depois de todos os crimes do PT comprovados e divulgados, o candidato desse partido chegou a ter 44 milhões votos. Eles dominam a mídia, as universidades, os órgãos públicos, as ONGs, as verbas federais, o Judiciário, a OAB e tudo; eles estão no poder”. (Olavo de Carvalho)


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Circo dos horrores Cascais, Portugal - Na verdade, ninguém sabe até hoje quem foi o idiota que criou essa tal de “prova de vida”, que obriga doentes idosos a ir às agências do Banco do Brasil se quiserem receber seus míseros proventos do INSS. O certo é que muitos deles chegam às agências em estado debilitado, em cadeiras de rodas, respirando por aparelhos de oxigênio e capengando pelo peso da idade. Os diretores do BB, quando acusados de frios e desumanos, descarregam nos funcionários do INSS a responsabilidade pelo circo dos horrores. E o INSS, ora, o INSS sempre tira o dele da reta, ignorando os casos e humilhando os aposentados como se os seus funcionários não tivessem os seus velhinhos em casa e fossem viver a eterna juventude. O desrespeito não acontece apenas com aqueles que são levados à presença do gerente embrulhados em lençóis. Ocorre também com o inativo que procura os serviços do instituto de seguridade, como aconteceu com o professor aposentado Jorge Crim, mostrado pela televisão arrastando-se pelas escadas de um prédio do INSS, no Centro do Rio, para ser atendido. O INSS criou a prova da vida para evitar as fraudes quando descobriu que bandidos, acumplicia-

dos com os próprios servidores, desviavam bilhões de reais do órgão. Sem contar, é claro, com os donos de bancos, delinquentes engravatados, sofisticados, que extorquiam o dinheiro dos idosos com o tal do empréstimo consignado sob o guarda-chuva protetor do governo petista. Milhares deles, endividados, sequer recebiam seus proventos completos no final do mês, pois o dinheiro do empréstimo era recolhido compulsoriamente pelos banqueiros. No país da esculhambação, ninguém é responsável pelos maus-tratos aos idosos. Na verdade, ninguém se comove com mais nada diante de tanto descaso. O desemprego, a banalização da violência, a corrupção e os métodos de governos tiranos viraram rotina no dia a dia dos brasileiros que adotaram o lema do “salve-se quem puder”. Um exemplo de desprezo pelo ser humano foi mostrado pelas tevês semana passada. Um idoso de 90 anos sendo carregado nos braços a caminho de uma agência do Banco do Brasil chocou o mundo. Ele morreria três dias depois de pneumonia sem direito aos 990 reais de sua aposentadoria. Para recebê-la deveria provar que estava vivo. E lá foi ele apresentar

Privilegiados

Horror

Dias depois, delegados ocupavam o salão verde da Câmara dos Deputados para gritar em coro: “Bolsonaro traidor”. Eleitores do capitão, eles se sentiram traídos com a reforma da Previdência que não estendia privilégios à classe. O capitão cedeu à pressão.

O circo dos insensatos já ultrapassou as fronteiras. Aposentados que vieram com a família morar em Portugal também padecem dessa mesma indiferença dos burocratas. Precisam se apresentar todo ano no consulado em Lisboa para fazer a “prova de vida”. Pagam 5,5 euros, recebem um atestado, remetem-no para um representante no Brasil para serem então considerados vivos. Não é raro aparecer na representação brasileira homens e mulheres levados por cuidadores, muitos debilitados e respirando com ajuda de aparelho de oxigênio.

Pressão

Seu Vilson, infelizmente, não tinha essa mobilidade, não pertencia a um grupo de privilegiados que podem encurralar o governo. Ele, coitado, morreria três dias depois como um anônimo sem conseguir provar ao banco que estava “vivo”.

Insensíveis

Os funcionários do banco têm orientação da gerência de só considerar vivo aqueles que acessam o balcão do banco. Como ele estava na porta, moribundo, nos braços de um parente, os burocratas não tiveram dúvida: estava “morto”.

Tragédia Cão

Trata-se de um mundo cão, alimentado por gente cruel e sem alma que desrespeita os aposentados, submetidos à humilhação degradante para receber uma miserável aposentadoria. Ao contrário dos delegados, rapidamente ouvidos por Bolsonaro, que interveio para que a reforma contemplasse seus pleitos, seu Vilson não mereceu do capitão sequer um sopro para apagar uma das velas do seu enterro.

Diante dessa lamentável tragédia humana, consola pelo menos saber que os funcionários do consulado tratam essas pessoas com respeito e dignidade, enquanto no Brasil eles vivem o drama de provar que não são os responsáveis pela bilionária fraude do INSS. Por isso precisam mostrar que não são criminosos. Teimam em dizer que estão vivos para logo morrer em seguida, como aconteceu com o seu Vilson.

Caminhão

A primeira fase da reforma da Previdência já passou na Câmara dos Deputados. Mais uma vez valeu o é “dando que se recebe”. Para aprová-la, o capitão enviou um caminhão cheio de dinheiro para distribuir com os deputados.

JORGE OLIVEIRA arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Orgia

Foi, na verdade, uma orgia financeira. Bilhões chegaram às mãos dos parlamentares que compareceram em massa para aprovar uma reforma que muitos deles não conhecem um item sequer do que aprovaram.

Reação

Trata-se de uma reforma que já se fala em outra reforma nos próximos anos, como já disse o próprio vice-presidente da República, o general Mourão, que já fala que num prazo de cinco anos o Congresso será reconvocado para ajustar a reforma que acaba de ser aprovada.

Capitalização

A turma do Guedes ainda não se convenceu da reforma, pois considera que dela saíram pelo menos 200 bilhões de reais para atender classes privilegiadas que pressionaram o governo para ser contempladas. Por isso, seus auxiliares arquitetam introduzir na reforma a capitalização – que ficou de fora. Guedes está inconsolável, pois os bancos, nesse primeiro momento, estão fora da reforma.

Mais dinheiro

A reforma agora vai para o Senado. Lá, como ocorreu na Câmara, vai prevalecer mais uma vez o é “dando que se recebe”, pois os senadores, como jacarés vorazes, estão com a boca aberta esperando o projeto para a aprovação. Aí, o capitão vai ter que contratar outras caçambas para despejar dinheiro nas emendas dos senadores. É assim que funciona e é assim que vai continuar funcionando, pois as emendas agora não podem deixar de ser pagas pelo governo. É lei.


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A chance de Lessa

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ex-governador Ronaldo Lessa está mesmo disposto a participar das eleições para prefeito em Maceió no próximo ano. Mesmo que não seja candidato, avaliam pedetistas ligados ao ex-secretário de Agricultura. O que Lessa quer mesmo é não perder o protagonismo e a hora é essa. Sem mandato pode fazer alianças com alguns setores de centro e de esquerda e se manter entre os can-

didatos mais fortes a prefeito de Maceió. Uma conversa com o prefeito Rui Palmeira já aconteceu e outras deverão vir a seguir. Existe a possibilidade, como anteriormente se consolidou, de Ronaldo se aliar mais uma vez ao grupo de Rui que irá disputar a eleição contra o candidato de Renan Filho. De uma coisa os simpatizantes do ex-secretário tenham certeza: a experiência em participar no grupo dos Calheiros não foi nada boa.

Conversa da China

Os comerciantes que vendem produtos piratas em Maceió estão muito apreensivos com esta viagem à China liderada pelo governador Renan Filho. Temem que as ruas de Maceió, futuramente, se transformem numa Zona Franca ou até mesmo em uma 25 de Março.

Corrida ao Palácio

A disputa

Sorrateiramente, simpatizantes da deputada estadual Jó Pereira alimentam a esperança de uma candidatura ao governo do Estado em 2022. Com um eleitorado cativo numa das regiões mais importantes de Alagoas, Jó navega na Assembleia Legislativa com uma postura independente, o que tem incomodado o governo.

Na lista dos candidatáveis a prefeito de Maceió, embora muita água ainda vá rolar por baixo da ponte, tem JHC, Ronaldo Lessa, Marcelo Palmeira, Maurício Quintella, Alfredo Gaspar de Mendonça e Davi Davino, podendo aparecer ainda mais candidatos, inclusive do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Desses, apenas Alfredo Gaspar tenta se manter distante de uma possível candidatura pelo cargo que ocupa. Os outros não dizem que sim, nem dizem que não.

Mesmo bem posicionado nas pesquisas de opinião para prefeito de Maceió, o procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar não quer saber de outra coisa no momento, a não ser de exercer fielmente sua função, combatendo, em primeiro lugar, a corrupção avassaladora que atinge órgãos públicos. Somente no próximo ano, no prazo legal, Alfredo poderá decidir se disputa ou não a prefeitura da capital.

Sonho impossível

O governador Renan Filho voltou a prometer concluir o trecho da duplicação da AL-101 Norte até Garça Torta em março ou abril do próximo ano. Exatamente num ano de eleições. Como promessa é promessa, a sociedade acompanha de perto esta duplicação, que começou com um viaduto que o DER apressou-se a dizer que não foi ele que construiu.

n gabrielmousinho@bol.com.br

Concorrência

O governador Renan Filho vai ter muito tempo para fazer uma avaliação das eleições municipais do próximo ano, quando viajar para a China. A princípio será o assunto de pauta com seu colega de viagem, o ex-ministro dos Transportes e atual secretário de Infraestrutura de Alagoas, Maurício Quintella, que vem tendo seu nome lembrado para a prefeitura da capital.

Missão é a PGR

GABRIEL MOUSINHO

Emperrada

O jornalista Márcio Canuto, um dos mais competentes profissionais da Globo São Paulo, deixa a emissora para gozar de sua merecida aposentadoria. Mas quem conhece o Márcio sabe que dificilmente ele abandonará por completo o jornalismo. Que os bons ventos os tragam novamente para Alagoas. Canuto é um exemplo de profissional e deixou saudades por onde exerceu com competência sua profissão.

Largados

As obras de construção dos cinco hospitais prometidos pelo governador Renan Filho também não atingem o pico desejado. No maior do otimismo, o novo hospital geral somente estará pronto no final do seu governo, ou seis meses antes das eleições para ter discurso forte ao se candidatar ao Senado Federal.

Além das dificuldades enfrentadas com os problemas nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, a população anda preocupada com a infestação de animais na região. São milhares de gatos e cachorros que foram jogados à própria sorte. Essa proliferação poderá chegar a um caso de saúde pública, por isso as autoridades devem tomar rápidas providências.

Viagem à China

Conflito

A viagem à China, a terra do xing ling virou a ser piada na roda de políticos experientes. Gastando uma fortuna com uma baita delegação, Alagoas, novamente, sai atrás. Outros estados já partiram na frente e pouco vai restar para Alagoas, se é que esta comitiva vai conseguir alguma coisa.

Canuto das Alagoas

Os moradores das áreas atingidas não se entendem sobre o aluguel social ou a indenização. As opiniões se dividem e é mais um problema para as autoridades resolverem. Enquanto isso, a Braskem ganha tempo e trabalha para desbloquear a grana que está sob a guarda da Justiça.

Responsabilidade de todos

Não é só o Hospital Geral do Estado que tem pagar pela morte do idoso que a Justiça havia determinado que fosse transferido para se submeter a uma cirurgia de urgência. Os outros hospitais também. Afinal de contas todos que atendem ao SUS foram notificados e, igualmente, desobedeceram a uma ordem judicial.

Antes tarde...

O governo de Alagoas decidiu, no meio da semana, incentivar empresas aéreas diminuindo a cobrança do ICMS, que está passando de 12%para 5% a taxa sobre o querosene de aviação. Com isso a Azul deverá rever sua malha na região partindo de Maceió. Antes tarde do que nunca.


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GALDINO AMORIM

Juiz é afastado pelo TJ por mentir e soltar gangue de traficantes Pleno do Tribunal abre mais dois processos administrativos DA REDAÇÃO

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juiz Galdino José Amorim de Vasconcellos foi afastado de suas atividades por decisão do Pleno do Tribunal de Justiça de Alagoas. Recentemente promovido para a 8ª Vara Cível da Capital, ele agora será alvo de dois procedimentos administrativos para apurar sua conduta em dois episódios, um quando juiz de Pão de Açúcar e outro na 3ª Vara Criminal de Rio Largo, para onde havia sido removido em 2016 como punição por irregularidades na comarca sertaneja e confirmadas em processo administrativo julgado em 2015 pela Corte. Os dois novos procedimentos administrativos estão sendo instaurados a partir do resultado de duas sindicâncias instauradas pela Corregedoria Geral de Justiça. Em uma delas, o juiz é acusado de haver auferido vantagem pecuniária com base em uma mentira, ao requerer do TJ o pagamento de auxílio-moradia durante o tempo em que esteve na Comarca de Pão de Açúcar. Ocorre que os magistrados titulares da comarca do mu-

nicípio sertanejo tinham a seu dispor uma residência oficial disponibilizada pela prefeitura com base em lei municipal. E, a despeito de usar o imóvel, o magistrado pediu e obteve o auxílio-moradia. Na segunda sindicância, a CGJ considerou ao menos suspeitas as decisões de Galdino Amorim Vasconcellos em um processo envolvendo cinco traficantes de drogas, presos no dia 26 de setembro do ano passado com 620 kg de maconha escondidos em um caminhão nas imediações do Aeroporto Zumbi dos Palmares, em Rio Largo. A quadrilha, originária do Paraná, foi presa em uma operação especial do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco, do Ministério Público Estadual), Polícia Federal, Batalhão de Operações Especiais (Bope) e Polícia Rodoviária Federal (PRF). As prisões se deram como resultado de investigações que já duravam três meses. Antônio Gabriel de Salles Filho, Hugo Gomes de Souza (único alagoano), Alisson Rodrigo Fernandes dos Santos Topa, Abraão Eliano Dadalt e Gilberto Alves Lima tiveram a prisão em flagrante homologada pelo juiz Claudio José Gomes Lopes, em Maceió. Mas como o flagrante se deu em Rio Largo, este determinou que o processo fosse remetido para a Comarca do município. Então juiz titular da 3ª Vara Criminal de Rio Largo, Galdino Amorim autorizou, no

dia 17 de outubro de 2018, a quebra dos sigilos telefônicos dos acusados que havia sido requerida pelo delegado da Polícia Federal Gustavo Viana Gatto. Mas antes mesmo da obtenção dos dados, no dia 7 de novembro, concedeu alvará de soltura para dois dos acusados: Abraão Dadalt e Gilberto Lima. Em janeiro, novo alvará de soltura foi concedido pelo magistrado, desta vez em benefício de Antônio Salles Filho, Hugo Gomes de Souza e Alisson Rodrigo Topa. Em ambos os casos o juiz permitiu o retorno dos traficantes ao estado de origem, pediu monitoramento eletrônico e justificou a libertação com o seguinte argumento: “A regra em nosso ordenamento jurídico é a liberdade dos cidadãos, decorrente do princípio constitucional da presunção de inocência, sendo a prisão cautelar uma medida de exceção, que cumpre a importante missão de diminuir os efeitos da ação criminosa, quando não afastá-los por completo, bem como da coleta imediata da prova, para o devido esclarecimento dos fatos. Fora isso, a prisão cautelar só se justifica se for indispensável para garantir a ordem pública, a ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da Lei Penal, quando houver prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, conforme dicção do artigo 312 do Código de Processo Penal”.

Amorim também é acusado de ter mentido para receber auxílio-moradia

O caso da remoção compulsória A remoção compulsória de Galdino Amorim Vasconcellos de uma comarca do Sertão para uma localizada na Região Metropolitana de Maceió – assinada pelo então presidente do TJ, desembargador Washington Luiz, em dezembro de 2015 – chegou a ser questionada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e foi alvo de um procedimento de revisão disciplinar no ano passado. Ao final, prevaleceu a tese de respeito à independência da Corte estadual. Neste processo que resultou na remoção – vista para muitos muito mais como prêmio - o juiz foi “condenado” por suas decisões de adjudicação de imóveis localizados em outros estados, portanto fora de sua competência, e na concessão de liminares em processos de origem apócrifa. O magistrado coleciona outras denúncias de irregularidades. Em dezembro de 2012, Galdino Amorim foi afastado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) da 11ª Zona Eleitoral de Palestina, acusado de ter recebido propina de uma das coligações que disputava o pleito para a prefeitura daquele município. Já em Rio Largo, em novembro de 2016 teve sentença proferida em favor de uma construtora anulada pelo desembargador João Luiz Azevedo Lessa, então presidente do TJ. À época o magistrado arquivou uma ação popular de 2011 que questionava a venda de um terreno da Usina Utinga para a a empresa. Uma venda de R$ 700 mil envolvendo um imóvel avaliado em mais de R$ 30 milhões e concretizada ao arrepio da lei. Ocorre que em outubro daquele ano Lessa havia suspendido os efeitos das decisões de seu antecessor, o desembargador Washington Luiz – que também liberara a construtora para dar início a um loteamento no terreno em disputa – até que o Ministério Público Estadual se posicionasse acerca das demandas. Determinou, ainda, que o Juízo da 2ª Vara da Comarca de Rio Largo fosse oficializado de sua decisão. Era a Vara que tinha como titular o juiz Galdino José Amorim Vasconcellos, que ignorou por completo a decisão do presidente da Corte.


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José Carlos Malta Marques ao lado de Anna Carla Malta Marques; herdeira de desembargador assumiu cargo estratégico

NEPOTISMO

Filha de desembargador é nomeada para Corregedoria do TJ Escrivã concursada da Polícia Civil, Anna Carla ocupa função estratégica com ônus para o órgão de origem

VERA ALVES veralvess@gmail.com

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s anos passam mas algumas coisas persistem no Tribunal de Justiça de Alagoas. A despeito de todas as recomendações e resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para barrar o nepotismo no Judiciário, a prática continua

sendo frequente no estado. O caso mais recente a vir a público envolve o desembargador José Carlos Malta Marques, cuja filha, Anna Carla de Souza Reis Malta Marques, foi nomeada para uma função estratégica na Corregedoria Geral de Justiça (CGJ), justamente o órgão encarregado de fiscalizar o cumprimento das regras im-

postas à magistratura. Escrivã concursada da Polícia Civil desde 2015, Anna Carla foi cedida pelo governo do Estado, com ônus para o órgão de origem (Polícia Civil) ao TJ em ato assinado pelo governador Renan Filho no dia 24 de janeiro último e teve a portaria de nomeação para uma função gratificada e estratégica na Cor-

regedoria Geral de Justiça assinada a 4 de fevereiro. O fato chegou ao conhecimento do CNJ durante a inspeção realizada no Judiciário estadual no mês de março último pela Corregedoria Nacional de Justiça, sob a presidência do corregedor nacional substituto, o ministro Aloysio Corrêa da Veiga. É ele que responde por todas as demandas envolvendo Alagoas em função do fato de o corregedor nacional, o ministro Humberto Martins, ser alagoano. Questionada, a CGJ de Alagoas justificou a nomeação da filha do desembargador sob o argumento de que “o cargo da mesma (escrivã de polícia) tem sido considerado atividade jurídica, como demonstram recentes decisões do Conselho Nacional de Justiça. A servidora é bacharela em direito, e seu processo de cessão foi devidamente analisado. Entendendose com atividade jurídica, salvo melhor juízo, acreditamos que sua cessão não

iria de encontro Res. CNJ n. 07/2005, notadamente, em razão do §1º, do art. 2º do referido normativo”. A Resolução 07/2005 do CNJ foi a primeira a estabelecer parâmetros contra o nepotismo no Judiciário. Proíbe a nomeação de parentes de magistrados até terceiro grau. O parágrafo citado pela CGJ faz alusão a exceções, como servidores aprovados em concurso público em cargos da carreira judiciária, ou seja, parentes de magistrados não estariam impedidos de contratação desde que houvessem prestado e sido aprovados em concurso. Ocorre que no caso da filha do desembargador José Carlos Malta Marques tal aprovação se deu no âmbito de outro Poder, o Executivo. Não satisfeita com os argumentos da CGJ, a Corregedoria Nacional de Justiça decidiu pela instauração de um Pedido de Providências (PP) para apurar a prática de nepotismo.

EXONERAÇÃO NO MP

Anna Carla e o pai já passaram por idêntica situação há 13 anos. Em 2006 ela esteve entre os 60 exonerados pela Procuradoria-Geral de Justiça por parentesco com promotores e procuradores de Justiça. As exonerações na época foram determinadas pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O desembargador José Carlos Malta era então procurador de Justiça e em julho daquele ano foi nomeado desembargador do TJ na vaga do quinto constitucional do Ministério Público. Em 1992, ainda como promotor de Justiça, foi eleito chefe do MP.


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Filho teve contrato milionário com Tribunal

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desembargador José Carlos Malta Marques já esteve às voltas com denúncias de nepotismo envolvendo outro filho, Abdon Marques Netto, sócio da Acender Engenharia Ltda. A empresa foi vencedora de uma licitação de quase R$ 8 milhões do Tribunal de Justiça, cujo edital foi elaborado no apagar das luzes da gestão do pai como presidente do TJ, em dezembro de 2014. Em abril de 2015 o EXTRA noticiou o fato, uma clara afronta à Resolução 07/2005 do CNJ que em seu artigo 3º afirma ser vedada “a manutenção, aditamento ou prorrogação de contrato de prestação de serviços com empresa que venha a contratar empregados que sejam cônjuges, companheiros ou parentes em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, de ocupantes de cargos de direção e de assessoramento, de membros ou juízes

vinculados ao respectivo Tribunal contratante, devendo tal condição constar expressamente dos editais de licitação”. Diante das diferentes interpretações dadas ao texto, o CNJ decidiu ser mais específico no que tange à proibição de as cortes de Justiça firmarem contratos com parentes de magistrados e editou a Resolução 229, em junho de 2016, especificando no artigo 3º, inciso VI ser vedada “a contratação, independentemente da modalidade de licitação, de pessoa jurídica que tenha em seu quadro societário cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade até o terceiro grau, inclusive, dos magistrados ocupantes de cargos de direção ou no exercício de funções administrativas, assim como de servidores ocupantes de cargos de direção, chefia e assessoramento vinculados direta ou indiretamente às unidades situadas na li-

Caso que envolve Abdon Marques Netto foi manchete do EXTRA

nha hierárquica da área encarregada da licitação”, acrescido pelo § 3º: “A vedação constante do inciso VI deste artigo se estende

às contratações cujo procedimento licitatório tenha sido deflagrado quando os magistrados e servidores geradores de incompatibi-

lidade estavam no exercício dos respectivos cargos e funções, assim como às licitações iniciadas até 6 (seis) meses após a desincompatibilização”. O contrato, no valor de R$ 7 milhões 985 mil, só viria a ser assinado a 3 de dezembro de 2015, na gestão do desembargador Washington Luiz, tendo como objeto a manutenção, adequação e modernização predial de dezenas de fóruns no interior do estado e do fórum e juizados da capital. Menos de um ano depois, em outubro de 2016, por meio do primeiro termo aditivo, o valor foi aumentado em 25%: R$ 9 milhões 981 mil e 250. Outros três termos aditivos foram assinados, todos para prorrogação do prazo de vigência do contrato de número 082/2015, que inicialmente era de 12 meses. O último deles foi firmado em abril do ano passado para prorrogação até julho do mesmo ano.


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CRISE DAS USINAS

Coruripe emite debêntures para escapar da recuperação judicial Maior usina de Alagoas tem problema de liquidez e tenta captar R$ 800 milhões no mercado de recebíveis DA REDAÇÃO

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aior produtora de açúcar e álcool do Norte/Nordeste, com capacidade para produzir 20 milhões de sacos de açúcar e 500 milhões de litros de álcool, a usina Coruripe recorreu ao mercado financeiro com uma nova emissão de debêntures no valor de R$ 800 milhões. A venda antecipada da produção e créditos judiciais do antigo IAA foram dados como garantia do novo empréstimo. Mesmo com a reestruturação de seus débitos, aperto administrativo e nova governança, a empresa do Grupo Tércio Wanderley enfrenta problemas de liquidez e uma dívida líquida de R$ 2,6 bilhões. Com a nova emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio, a Coruripe tenta escapar do fantasma da quebradeira que já levou várias outras usinas à recuperação judicial. Esta semana o jornal Valor publicou reportagem sobre a situação financeira da usina alagoana. Segundo o jornal, a Coruripe tem problema de caixa e “baixa probabilidade de atingir perfil adequado de liquidez e crédito no médio prazo, mesmo após concluir essa captação”. Leia a íntegra da matéria assinada pela jornalista Ana Paula Ragazzi na edição de 16/07, publicada pelo jornal paulista.

Usina Coruripe, considerada joia da coroa de Alagoas, luta contra falência; diretoria está atrás de verba para manter empreendimento

Empréstimo é crucial para empresa

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ma usina de açúcar e álcool de Alagoas, chamada Coruripe, está levantando R$ 800 milhões no mercado por meio de um certificado de recebíveis do agronegócio (CRA). A oferta foi estruturada pela XP e está sendo vendida em sua plataforma para investidores qualificados, com pelo menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras. A operação chama a atenção do mercado por duas razões. Uma delas é o fato de a Coruripe estar em uma situação financeira frágil. A captação de recursos

por meio desse CRA é crucial para solucionar problemas de liquidez de curto prazo da usina. A outra questão é que a Coruripe deu como garantia para esse CRA créditos que estima ter a receber por conta de uma ação que move contra a União por perdas que teve com políticas governamentais que interferiram nos preços praticados no setor na década de 1980. Na avaliação de especialistas, entender - a ponto de tomar uma decisão de investimento - os números da Coruripe, as garantias ofere-

cidas e a estruturação dessa oferta exigemb uma análise bastante sofisticada. Ainda que o produto esteja sendo oferecido ao varejo qualificado, analistas acreditam que esse seria um papel mais adequado para um gestor especializado em títulos de alto risco. “Não tenho nada contra o CRA da Coruripe, só não acho que seja um produto de plataforma”, diz um gestor. O CRA atrai o investidor pessoa física, porque conta com o incentivo fiscal. O produto surgiu para estimular o financiamento aos produto-

res rurais, que embalariam em um título seus recebíveis contra grandes empresas para vender a investidores no mercado. Com o passar do tempo e os ajustes de mercado, transformou-se em uma espécie de debênture que a empresa emite para uma securitizadora. O investidor corre o risco de financiamento da empresa emissora e não dos recebíveis - nesse último formato, o CRA é muito utilizado pelas grandes do setor que, por conta do incentivo fiscal, captam a custos menores.


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extra A questão é que essas grandes que emitem CRAs têm notas “A” ou “AA” das agências de avaliação de risco, o que indica baixo risco de crédito. No caso da Coruripe, a Standard & Poor’s rebaixou a nota da usina em outubro do ano passado. O rating de crédito de emissor de longo prazo na escala global passou de “B+” para “B-”. O rating de crédito de emissor de longo e curto prazos da empresa na escala nacional saiu de “brAA-/brA-1+” para “brBBB-/brA-3”. As notas têm perspectiva negativa. O analista Bruno Matelli, da S&P, afirma que a Coruripe é uma empresa em situação delicada e que permanece com questões de liquidez a enfrentar no curto prazo - próximos 12 meses. A emissão do CRA, segundo ele, ajudou a empresa a enfrentar uma situação mais aguda de vencimentos entre maio e junho. Por essa razão, a nota da usina não foi rebaixada. Mas como o problema de liquidez permanece, e a emissão do CRA ainda está aberta, também não houve razão para tirar o viés negativo da nota. “O rating de outubro refletia a quantidade de vencimentos entre maio e junho e a possibilidade de a empresa quebrar ‘covenants’ [compromissos financeiros]. Como ela

conseguiu, com recursos desse CRA, fazer os pagamentos e também obteve perdão dos credores, não rebaixamos a nota”, afirma Matelli. A nota “B-” da Coruripe em escala global é uma antes da “CCC”, que indicaria problemas na estrutura de capital da companhia. A oferta do CRA da Coruripe tem distribuição continuada. Pode ficar aberta na plataforma da XP por até seis meses - até novembro - ou até alcançar o valor pretendido. À medida que os investidores vão comprando os papéis, os recursos vão entrando no caixa da companhia. Como o dinheiro em caixa não é carimbado, as informações que circulam são de que os recursos da captação estão sendo usados para reduzir o endividamento - inclusive pagando a emissão de outro CRA, de cerca de R$ 200 milhões, que a usina colocou no mercado no meio do ano passado. No prospecto da operação, a Coruripe diz que os recursos seriam usados para pagar os custos da emissão e a compra de insumos agrícolas necessários à produção e industrialização de cana-de-açúcar. O CRA, por definição, só pode ser usado para financiar atividades ligadas ao agronegócio. O Valor apurou que a tese que tem atraído investidores

é a de que, uma vez que a empresa solucione a questão do endividamento, conseguirá uma elevação do rating e, dessa forma, o CRA terá seu preço valorizado no mercado secundário. O prospecto da oferta alerta que a negociação dos CRAs no mercado brasileiro é ainda restrita. Esse papel não conta com acompanhamento específico do mercado. O único relatório de análise da operação foi feito pela equipe da Eleven Financial. A recomendação da casa para seus clientes é a de não fazer o investimento. Na avaliação da Eleven, a Coruripe possui baixa probabilidade de atingir perfil adequado de liquidez e crédito no médio prazo, mesmo após concluir essa captação. Nos cálculos dos analistas Odilon Costa, Gabriel Fusco e Diana Stuhlberger, a geração de caixa operacional da Coruripe seguirá estável ao longo das próximas duas safras. O cenário base considera que o fluxo de caixa livre será entre R$ 125 milhões e R$ 150 milhões ao ano no período. Mas eles apontam que a necessidade de recursos para renovação do canavial da usina deve consumir cerca de R$ 500 milhões ao ano até 2021. Ainda conforme o relatório, o colchão de liquidez atual (R$ 510 milhões) e a

geração orgânica de caixa são insuficientes para amortizar as obrigações da usina que vencem neste ano e no próximo. “Embora a emissão do CRA seja crucial para ‘destravar’ a rolagem de dívidas de curto prazo (R$ 1 bilhão), a liquidez da empresa continuará apertada nas próximas colheitas”, destaca a Eleven. Parte significativa das dívidas da Coruripe vence em 2020 e 2021 (R$ 665 milhões) e 2021 e 2022 (R$ 624 milhões). A Eleven considera que outros exercícios de reperfilamento ainda serão necessários para assegurar a solvência da empresa no médio prazo. Com relação aos covenants, a Eleven aponta que a Coruripe ainda tem outros por vencer e deverá continuar tendo de negociar “waivers” (perdões), com “disputas” de garantias com outros credores, que podem acarretar em aceleração de dívida, restrições ao financiamento ao longo das próximas safras e/ou uso indevido dos recursos oriundos do CRA. “Os recursos do CRA podem ir diretamente para serviço de dívida - o que parece estar acontecendo - em vez de alocação em atividades do agronegócio”, escreve, também, a Eleven. A dívida líquida da Co-

ruripe é de cerca de R$ 2 bilhões e metade está atrelada ao dólar. O comportamento da moeda americana em relação ao real e a queda nos preços do açúcar levaram a empresa às dificuldades atuais - fatores que acabam sendo desafiadores para todas as empresas desse segmento. O ponto positivo da emissão do CRA é que ele pode reduzir o endividamento em dólar da usina para cerca de um terço, o que poderá ser mais favorável para as suas finanças. Além disso, a Coruripe tem trabalhado para aumentar a participação de etanol e da cogeração em suas receitas, para diversificar seu negócio, hoje ainda mais atrelado ao açúcar. A empresa tem unidades industriais em Minas e Alagoas, em condições diferentes da maioria do setor, que tem operações no centro-sul. Se houver excesso de demanda, o CRA poderá chegar a até R$ 960 milhões. O valor mínimo para a compra é de R$ 10 mil’’. Procurados pelo Valor, XP, Coruripe e o Cescon Barrieu Advogados não deram entrevista, alegando período de silêncio obrigatório para as ofertas regidas pela Instrução 400 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).


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Santana do Ipanema mantém tradição e realiza com sucesso 57ª Festa da Juventude Prefeito Isnaldo Bulhões amplia espaço do evento que impulsiona a economia local

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antendo a tradição de pouco mais de meio século de festival, o prefeito de Santana do Ipanema, Isnaldo Bulhões, inovou na 57ª edição da Festa da Juventude. O evento é uma das datas mais importantes e esperadas da cidade. A programação conta com muita música, festa, atividades esportivas, cultura e valorização de artistas da terra, além de movimentar a economia da principal cidade do Sertão alagoano. A novidade deste ano foi a mudança de local, para o Centro de Conveniência. Um espaço maior, com um projeto de segurança contra incêndio completo, tudo para garantir a tranquilidade e diversão de quem participa da festa. A nova área comporta até 46 mil pessoas e fez bonito na estrutura montada, recebendo mais de 20 mil convidados. Além da alteração do espaço, desde o início do mandato do prefeito a qualidade do evento deu um salto e ganha projeção nacional. O gestor aposta ainda na realização de diversas competições esportivas e um concurso da Rainha da Juventude. A estratégia é para atrair mais visitantes durante todo o mês de julho na cidade. Com nove dias de muita festa, o evento aconteceu entre os dias 6 e 14 de julho com apresentações de artistas locais, shows musicais e cantores nacionais. Os artistas da terra Walisson Maicon, Arly Cardoso e Roger Rocha comandaram a festa com grandes nomes como Wallas Arrais, Saia Rodada e Xand Avião. Mais de 100 policiais militares, 37 bombeiros civis, equipes da Polícia Civil e mais de 140 seguranças particulares fizeram a segurança no local da festa. Após o sucesso do evento o prefeito agradeceu a todos os envolvidos. “Em nome da minha família, da Comissão Organizadora e da equipe que faz o Governo da Reconstrução, quero agradecer a todos pela maior Festa Jovem de Alagoas. Obrigado à Polícia, Bombeiros, a toda segurança, o pessoal da estrutura, da limpeza, do apoio, aos vendedores e a você que veio festejar com a gente todas as noites. Obrigado meu Deus. Senhora Santana iluminou essa festa. Esse ano vai ficar marcado para a história. Estou muito feliz com o resultado positivo”, falou o gestor. É importante lembrar que Bulhões é um dos fundadores do festival e faz questão de valorizar a cultura local, incentivar o turismo na região e garantir que todos se divirtam com segurança e responsabilidade.

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PACOTE ANTICRIME

Sem prisão após condenação em 2º grau impunidade prevalece Instituto Não Aceito Corrupção defende proposta original de Sérgio Moro SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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desmembramento do pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro, em uma das primeiras discussões sobre as 10 medidas contra corrupção, gerou verdadeiro temor quanto à perpetuação da impunidade no país. Isto porque, no último dia 9, um grupo de trabalho da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados retirou, por 7 votos a 6, a norma que prevê prisão em segunda instância do pacote. Para Roberto Livianu, promotor de Justiça, doutor em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e fundador do Instituto Não Aceito Corrupção, o pacote tem medidas extraordinariamente importantes, e uma das mais relevantes era a aplicação na lei da prisão após condenação em segundo grau. Este primeiro passo do pacote na Câmara seria a regularização do entendimento já adotado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2016, que permite o início do cumprimento da pena a partir da condenação em segunda instância para que a

condenação de um réu não iniciasse sua pena somente após o chamado trânsito em julgado - quando esgotadas as possibilidades de recursos pela defesa. “A proposta atual do ministro da Justiça é que esse assunto fosse colocado na lei para que não houvesse margem a dúvida”, afirmou Livianu. Este entendimento permitiu, por exemplo, a prisão de vários dos condenados na Lava Jato, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Alguns dos argumentos dos deputados que votaram a favor da mutilação do projeto são que a prisão em segunda instância deveria ser introduzida por meio de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) e não mediante projeto de lei. Para o promotor paulista, como PEC, o quorum é mais elevado, o que significa ser necessário mais gente para aprovar, “Uma PEC tem o rigor de tramitação mais complexo. Tivemos agora o exemplo claro disto, durante as votações iniciais da reforma da Previdência. Do ponto de vista de análise pelo parlamento ela é mais complexa”. No entanto, para ele, também existe um caráter político em todo esse processo. “A proposta é do atual ministro da Justiça, então existe um embate maior de natureza política nessa discussão. Deixar com que a proposta seguisse em frente

EMENDA Alguns dos argumentos dos deputados que votaram a favor da mutilação do projeto são que a prisão em segunda instância deveria ser introduzida por meio de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) e não mediante projeto de lei. sem maiores complicações, significaria, teoricamente, o apoio ao governo. Fazer este desmembramento como foi feito impõe uma derrota ao governo”, pontuou o promotor, lamentando a situação já que ,para ele, o assunto é de interesse público. “Não é questão de vitória ou derrota de governo e sim de interesses da sociedade, na luta contra a impunidade”. O promotor fez até mesmo um comparativo das penas altas da Lava Jato e delações premiadas, por exemplo. “Delações premiadas fazem sucesso porque as pessoas passaram a se preocupar com penas altas. Como os réus estavam sendo presos após condenações de 2° grau, os envolvidos começaram a colaborar por medo de pegar penas altas caso fossem efetivamente presos. Se este desmembra-

Para o promotor Roberto Livianu, pacote tem medidas importantes mento prevalece, as pessoas deixarão de colaborar pois irão postergar o caso por diversos anos, até quando se esgotarem as possibilidades de defesa. Na justiça brasileira isso poderia durar 10, 12 anos. Ou seja, isso pode fechar a porteira das colaborações premiadas. Isto faz com que o sistema deixe de funcionar, aí você deixa de alcançar os poderosos”. Como exemplo para retratar a impunidade que se instala quando a prisão só acontece após passar pelo juízo de 1° grau, pelo Tribunal de Justiça, Superior Tribunal de Justiça e pelo STF, o promotor relembrou o caso do ex-diretor do jornal O Estado de São Paulo, Pimenta Neves, que em 2000 assassinou a namorada, confessou o crime, foi preso, conseguiu liberdade provisória para aguardar julgamento e ficou solto até que se esgotassem todas as possibilidades de recurso. Foi aí que em 2011, 11 anos depois do crime, o STF confirmou a pena e Pimenta Neves foi preso. “Os advogados na época se apegaram na questão de que não havia trânsito em julgado e colocaram recur-

so atrás de recurso. Mas o que é inconcebível é que se ele matou a moça, confessou o crime, mesmo que o caso não tenha sido julgado em definitivo, como se explica o fato dele não poder ser preso? Não tem explicação, não é plausível, não é razoável”, argumenta Livianu. Para ele o direito é antes de mais nada razoabilidade e bom senso. “Esse encaminhamento contrário à prisão após condenação de 2° grau discrepa da razoabilidade e do bom senso. A pessoa ser presa 11 anos depois perde até o sentido a aplicação da pena, o fato cai no esquecimento, a pena não produz mais os efeitos desejados do direito penal, o condenado não absorve o cumprimento da pena como algo punitivo, como algo que gere ressocialização. A pena deve ser aplicada na época adequada, a demora na aplicação dela faz com que ela se desbote, perca o sentido”. Apesar do desmembramento no Projeto de Lei das “10 medidas”, as propostas ainda deverão passar por comissões da Casa e pelo plenário, onde ainda podem sofrer alterações.


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143 ANOS DE EMANCIPAÇÃO

PORTO REAL DO COLÉGIO FOCA NA SAÚDE BÁSICA E PROSPERA COM AVANÇOS Prefeito afirma que a luta por melhorias é incansável e contínua

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empre em prol do povo e pensando nos avanços do município, o prefeito de Porto Real do Colégio, Aldo Popular, comemorou os 143 anos anos de emancipação política da cidade em grande estilo. Com inauguração de ruas, entrega de ambulâncias, equipamentos e a assinatura da ordem de serviço para construção do Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), as festividades em alusão ao aniversário da cidade aconteceram no período de 7 e 13 de julho. Para o prefeito, um dos pontos altos da sua gestão são os investimentos na atenção básica. As ambulâncias adquiridas, por exemplo, servirão para melhorar a saúde da família no município, inclusive nas regiões de difícil acesso. O governador Renan Filho entregou no último dia 13 as chaves dos veículos em mãos ao prefeito Aldo, que garantiu que o equipamento elevará a qualidade dos atendimentos. Vale ressaltar que Renan Filho visitou a região a convite do prefeito, acompanhado do secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres. “Desde que iniciei meu mandato o governador tem sido um pai para a cidade e todas as conquistas são provenientes dessa parceria e atenção de Renan Filho. O município pode avançar, quanto mais conquistas, melhor”,

destacou o prefeito, agradecendo ao governador pela atenção dada a Porto Real do Colégio. O gestor deu como exemplo a construção em andamento de uma Unidade de Saúde Básica - Porte I, no Povoado Salomezinho. “A população dos nossos povoados vivia desassistida em muitos sentidos, a saúde era um deles. Estamos trabalhando para que a situação mude para melhor. É uma luta incansável nossa até o último dia do nosso mandato”, assegurou o líder executivo. No dia oficial da comemoração de aniversário da cidade, 7, aconteceu a tradicional cerimônia de hasteamento das bandeiras em comemoração à emancipação política. A solenidade foi realizada no Centro Administrativo e contou com as participações da vice-prefeita, Cida do Salomezinho, e de diversas lideranças do município e da região. Na ocasião foi inaugurado o novo asfalto da Av. Falconery de Souza, culminando com shows para divertir e animar a população. O gestor parabenizou todos os colegienses, afirmando que eles fazem o município ser um dos mais belos e acolhedores de todo o Baixo São Francisco. “Terra de um povo batalhador e cheio de amor no coração”.

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extra Zezeco derrubou parede de uso comum com Caio Porto e avança na propriedade do empresário

BARRA DE SÃO MIGUEL

Prefeito quer usar área pública para ampliar marina particular Na pressa de tomar posse da área, Zezeco ocupou parte de estaleiro de Caio Porto MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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amizade entre o empresário do ramo de turismo Caio Porto Filho e o prefeito da Barra de São Miguel, José Medeiros Nicolau (MDB), o Zezeco, e seu pai José Nicolau, vem de longa data. Porém a disputa por uma área onde está situada a sede da empresa Caiomar Turismo colocou fim a esta parceria e foi parar na Justiça. De um lado, o empresário o acusa de traição e justifica que ocupa o espaço desde 2002 em regime de comodato por cinco anos renováveis e vigência até 2022. Do outro, Zezeco argumenta que a ocupação é ilegal e o pedido de reinte-

gração de posse visa reconstruir a vegetação nativa com replantio de mangue. O que chama a atenção é que embora a Justiça Federal tenha dado parecer favorável a Caio Porto para permanecer no lugar e o prefeito ter recorrido ao Tribunal Regional Federal (TRF) e aguardar decisão, ele desrespeitou a decisão e invadiu parte do galpão para ampliar sua área de marina. Na verdade, no meio do caminho, ou melhor, da marina de Zezeco, tem um galpão. E este galpão fica entre o empreendimento particular do prefeito e o espaço ocupado pelos pescadores e marisqueiras. O que o prefeito não explica é o porquê

da preocupação com a vegetação nativa só começar onde termina a construção de sua marina. Inclusive, a parede demolida que era de uso comum dele e do empresário está sendo reconstruída com avanço no espaço de Caio Porto. No entanto, o empresário foi proibido de consertar o estrago em sua área. Além do que, Caio Porto questiona o fato de a gestão pública tentar fazer replantio de mangue em um galpão se o prefeito cobriu uma grande área de mangue com o aterro vindo das drenagens. Para tentar garantir seus direitos, o empresário entrou com requerimento no Serviço de Patrimônio da União (SPU) e foi surpreendido com a notícia

de que a área sequer tinha sido regularizada junto ao órgão pela prefeitura. “Lamentável que o então prefeito Robson Vieira e seu corpo de doutores não se lembraram de simplesmente inscrever a ocupação do terreno acrescido de marinha. Absurdo a atual Prefeitura requerer junto ao SPU a inscrição de ocupação ao autor, que lá se encontra há mais de 17 anos, com a desculpa de querer promover recuperação de mangues nos poucos mais de 11 metros de largura da sede da Caiomar. Isso depois de aterrar 80 metros lineares de mangues e de estuprar a montanha adjacente, sob os olhares amigos e complacentes das instituições de preservação

ambiental”, afirmou Caio Porto. Outro fato intrigante é que para a construção da marina o gestor fez drenagem por mais de dois anos na lagoa em frente aos terrenos, a fim de aumentar o cumprimento do espaço em direção a lagoa, além de cobrir de areia cerca de 80 metros lineares de mangues de pequeno porte que proliferavam após a murada de pedras, construindo novas muradas com declives sob a mata ciliar. Tudo isso sem os estudos oceanográficos que precedem ao relatório de impacto ambiental, porém com licença do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) -conforme placa fixada na obra.


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extra O pai de Zezeco ao iniciar a obra da marina mandou recado para que Porto desocupasse o galpão. Sem acreditar, o empresário telefonou ao prefeito, que disse que o contrato era nulo de pleno direito, pois o terreno acrescido de marinha não tinha inscrição de ocupação pela Prefeitura. Caio Porto entrou com ação anulatória da ordem de desocupação do imóvel e foi atendido. A decisão do juiz federal Frederico Wildson da Silva Dantas, de agosto de 2018, determina à União que “proceda à suspensão do processo administrativo n. 04982.001457/2018 e, de outro lado, determinar o Município da Barra de São Miguel que proceda à suspensão dos efeitos do auto de infração n.01860, ficando suspensa a ordem de desocupação fixada no referido auto”. O SPU também atestou o efetivo aproveitamento da área, porém, concedeu audiência à prefeitura que respondeu que como a ocupação era irregular tinha interesse em ocupar o galpão.

CONTRATO O pai de Zezeco ao iniciar a obra da marina mandou recado para que Porto desocupasse o galpão. Sem acreditar, o empresário telefonou ao prefeito, que disse que o contrato era nulo de pleno direito, pois o terreno acrescido de marinha não tinha inscrição de ocupação pela Prefeitura. E o que dizer do desmanche de parte de montanha com coqueiros, mangueiras e Mata Atlântica, começando do lado posterior ao calçamento de via pública com utilização de máquinas, tratores e caçambas? Teve, ainda, colocação de tubulação com cerca de 50 centímetros de diâmetro do alto da montanha em direção a lagoa, derrubando mangues de grande porte. Além da construção de ladeira com declividade questionável excessivamente íngreme e com desague das águas pluviais em frente ao galpão sede da Caiomar Turismo. Porto relembra que tinha sete lotes contínuos e pretendia construir uma marina. Como a idade e a indisponibilidade financeira não permitiram a realização, cedeu a área - que fica vizinha a seu galpão- a José Nicolau e ao prefeito repassando a eles “esse meu sonho sonhado”.

ENTENDA O CASO

Zezeco é acusado de ignorar ordem judicial para aumentar marina

O laço afetivo de Caio Porto com a Barra de São Miguel vem de mais de 30 anos. Porém, o investimento empresarial em questão começou em 2002, durante a gestão do ex-prefeito José Robson dos Santos Vieira, que convidou o empresário para in-

vestir no município. Assim, firmaram um contrato de comodato onde o poder público dava a garantia do empreendedor ocupar uma área da Marinha com 20 metros de comprimento por 11 metros de largura, na Rua Manoel Rodrigues de Gouveia. Para tanto, entre as cláusulas do contrato estava a ordem de que o dono da empresa CaioMar Turismo teria que empregar pelo menos três pessoas residentes no município e colocar em funcionamento, em seis meses, uma empresa de construção náutica no referido terreno, com outras exigências estruturais, como instalações, pavimentação, muros e saneamento. Porto garante que cumpriu todos os requisitos, inclusive emprega oito pessoas no estaleiro. E assim, desde aquela data, além de fazer passeios turísticos na Barra e no Gunga, constrói pequenos barcos e faz reparos. Segundo o empresário, tudo cadastrado na prefeitura, com pagamentos de taxas de localização e funcionamento. Em matéria veiculada no EXTRA em 2018 sobre o assunto, o prefeito Zezeco afirmou que a desocupação atende a uma necessidade de replantio de mangue, visando reconstituir a vegetação nativa, em consonância com o processo 13132/2018MP em tramitação perante a SPU, onde o Município informa o seu interesse na área. No entanto, Caio Porto Filho assegura que não passa de inverdades frutos da ganância e da ambição desmedida.


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RIO LARGO

Promotor de Justiça é acusado de proteger prefeito cassado Magno Alexandre, segundo denúncia, arquiva investigações contra Gilberto Gonçalves

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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hegou à CorregedoriaGeral do Conselho Superior do Ministério Público de Alagoas reclamação disciplinar contra o promotor da 2ª Promotoria de Justiça de Rio Largo, Magno Alexandre Ferreira Moura. A denúncia é do empresário Helder Cavalcante de Moura, integrante do Movimento Popular de Combate à Improbidade Administrativa no município. De acordo com documento encaminhado ao órgão fiscalizador, Magno Alexandre teria violado deveres, proibições e ética funcional para proteger o prefeito Gilberto Gonçalves (PP), cassado na quarta-feira, 17, pela Câmara de Vereadores. A denúncia, primeiramente, relata que, segundo o inciso “X” do artigo 43 da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público nº 8.625/93, com redação similar no inciso “X” do artigo 72 da Lei Estadual Complementar AL nº 15/96, impõe que o promotor deveria residir na comarca de atuação, “condição considerada sensata e lógica permitindo assim, que o promotor venha a conhecer e vivenciar o modo de vida e os costumes

dos munícipes, voltando-se principalmente para aqueles grupos de pessoas que se encontram em situação de desvantagem social, cultural, política e econômica”. Porém, o denunciante enfatiza que o promotor Magno Alexandre sempre residiu fora da comarca de Rio Largo, ora declarando residir no Condomínio Aldebaran, localizado no Jardim Petrópolis, em Maceió; ora, declarando residir no apartamento situado à Rodovia AL-101 Sul, no Condomínio Iloa Residence I, bairro Barra Mar, na cidade de Barra de São Miguel dos Campos. Quanto à suposta proteção do promotor ao prefeito, o movimento popular é enfático: “Só o Ministério Público de Rio Largo (PJ2RL) faz questão de fingir não ver a malversação do erário, com violação aos princípios norteadores da administração pública”. “O comportamento público e notório do promotor em defesa do prefeito, como se advogado fosse, ingressando com ação judicial contra vereadores de oposição ou qualquer cidadão que se coloque contrário aos atos abusivos do gestor municipal, é conduta que fere os princípios que regem a administração

pública e aplicável a todo servidor público”, destaca a denúncia. A conduta de Magno Alexandre, ainda conforme o denunciante, seria de arquivar inquéritos, iniciados apenas para justificar ações, bem como nas omissões das investigações, mantendose inerte e silente, estacionando o procedimento com a manifestação do prefeito. O documento ainda pontua algumas denúncias que teriam sido ignoradas pelo promotor, como: contratações temporárias abusivas, ineficientes e imorais, consumadas em 2017, sem processo seletivo; a criação de 918 cargos comissionados; gastos com compra e locação de veículos; e compras aleatórias de materiais para construção chegando a R$ 8,5 milhões. A reclamação foi recebida pela Corregedoria-Geral do Conselho Superior do Ministério Público no dia 13 de julho sob número 11.2019.00000991-0.

OUTRO LADO Ao EXTRA, o promotor Magno Alexandre afirmou que as alegações do denunciante não correspondem à verdade dos fatos, uma vez que todos os requerimentos

Promotor Magno Alexandre diz que acusações têm caráter eleitoreiro

Populares, em sua maioria servidores, cercaram Câmara em apoio a GG feitos pelo movimento anticorrupção foram instaurados. “Apuramos todas as reclamações do povo, mas nós temos o respeito do contraditório e ampla defesa. Investigamos e requisitamos documentos”, explicou. Disse ainda que as denúncias contra ele têm motivação política e partidária. “E querem a todo custo tomar decisões por parte do Ministério Público. Só tenho a lamentar o que eles querem fazer acreditar que o órgão

não esteja cumprindo o seu papel. Ao contrário, está cumprindo muito bem. Mas não posso inventar fatos, o que foi denunciado, nós apuramos”, acrescentou. Também destacou que o grupo tem divulgado fake news em sites de notícias e que já entrou na Justiça para preservar sua honra. “Asseguro que trabalhamos na legalidade, sem desvios de condutas e sempre com compromisso com a Justiça”, finalizou.


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Prefeito cassado ao lado da esposa Cristina Gonçalves; casal usou Executivo para empregar os filhos

Esposa e vice de Gilberto Gonçalves assume Prefeitura Administração municipal continua nas mãos da mesma família

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prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves, bem que tentou, mas não conseguiu impedir a realização de sessão que traçaria seu destino como gestor do município. Na quarta-feira, 17, as duas comissões especiais criadas pela Câmara de Vereadores concluíram ter havido irregularidades na gestão do pepista, situações que justificariam a cassação de Gonçalves. Votaram a favor da cassação os vereadores Elielza dos Santos (PPL), Izaque Pereira (PSC), Jefferson Alexandre (PPL), Jefferson do Controle (PCdoB), Marcio Santos (PRP), Patrícia Pinto (PSDB), Romildo Calheiros (PSC), Thales

Diniz (PDT) e Zeca Farias (PCdoB). Apenas Ismael Ferreira (PRTB) foi contra a destituição de Gonçalves do cargo. No entanto, a troca do prefeito para a vice pode ser considerada “uma troca de seis por meia dúzia”. Isso porque quem assumiu foi a esposa do cassado, Cristina Gonçalves (PEN). A cerimônia ocorreu na Câmara na quinta, 18, um dia depois da cassação. GG, como é conhecido na cidade, foi acusado de nomear a filha Gabriela Cristina Gonçalves da Silva Cordeiro para o cargo de secretária municipal de Relações Institucionais (Serin) com 19 anos. Contudo, a jovem não

possuía idade mínima estabelecida por lei (21 anos) para exercer o cargo de secretaria municipal. Outra denúncia é de que tanto Gabriela quanto o outro filho do prefeito, Geoberto Gonçalves da Silva Cordeiro, assumiram cargos públicos sendo sócios de empresas, o que também não seria permitido. Gilberto Gonçalves ainda foi acusado de usar veículos da prefeitura para transportar gados de corte para empresa particular. A sessão de quarta-feira contou com grande apelo popular contra os vereadores. A Câmara Municipal foi cercada por apoiadores de Gilberto Gonçalves gritando “deixa o homem trabalhar”. Um dia antes, terça-feira, vazou a informação de que o prefeito estaria intimando e intimidando funcionários públicos e servidores comis-

sionados a irem protestar a seu favor em frente ao Legislativo do município. A Câmara de Vereadores foi cercada por policiais militares que, até certo momento, chegaram a proibir a entrada da imprensa. Muitos manifestantes queriam entrar no plenário, que já estava lotado. Para suprir a falta de espaço, o Legislativo instalou carros de som para os populares ouvirem a sessão do lado de fora da Câmara. Sem contar que o município acordou com faixas colocadas em locais estratégicos pedindo a cassação do gestor: “Prefeito perseguidor – nunca mais” e “Vereadores, façam justiça. Fora, prefeito!”. A cidade de Rio Largo parece ter um carma para eleger prefeitos acusados de má administração. O ex-prefeito Antônio Lins de Souza Filho, o Toninho Lins (PMDB), está preso no Sistema Penitenciário desde abril de 2018. Ele foi condenado pela Justiça por improbidade administrativa. Sua vice, Maria Eliza Alves da Silva foi condenada neste ano por fraude em licitação para a contratação de bandas, no ano de 2013. A decisão, proferida no último dia 24, também atinge o empresário Davi Henrique de Lima, além do próprio Toninho Lins. Maria Eliza teve os direitos políticos suspensos por três anos. Foi condenada ainda à perda da função pública e ao pagamento de multa no valor de 12 vezes a remuneração mensal que tinha como prefeita.

UM PREFEITO POLÊMICO Desde quando assumiu a Prefeitura de Rio Largo, Gilberto Gonçalves tem sido acusado de perseguição e abuso de poder. Quando foi deputado estadual, em 2007, também foi um dos nomes envolvidos

na Máfia dos Taturanas, organização criminosa formada por parlamentares que desviou cerca de R$ 300 milhões da Assembleia Legislativa de Alagoas. Em tom ameaçador, Gonçalves foi gravado conversando com o diretor de recursos humanos da Casa de Tavares Bastos exigindo o dinheiro roubado em descontos do INSS. “É melhor você me dar do que sair tudo algemado”, teria dito. Ele também foi pego com “gato” no supermercado de sua família, em Maceió, o Felicidade, que fica no Tabuleiro, na av. Durval de Góes Monteiro. Em 2018, o juiz da Vara Cívell de Rio Largo, Alexandre Machado de Oliveira, condenou Gilberto Gonçalves a pagar R$ 29.810,36 à Companhia Energética de Alagoas (Ceal). O motivo da decisão é que o gestor não pagou a conta de energia elétrica. Em setembro, um vídeo circulou na internet mostrando Gilberto Gonçalves brigando com estudantes de uma escola da cidade por conta de vandalismo com materiais do refeitório. Ele diz no vídeo que se os alunos que não querem estudar poderiam ir embora. Após má repercussão, se defendeu dizendo que era uma bronca de pai para filhos. Em conversa com a reportagem, Gonçalves informou que irá decorrer da decisão em prol da população de Rio Largo.

AMA

O prefeito de Cacimbinhas, Hugo Wanderley, presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) disse que abrir processo de cassação contra prefeito sem causa plausível é um atentado contra a democracia, ainda mais quando o gestor tem aprovação da população. “Esse tipo de instabilidade política é muito ruim para o município e prejudica todos as ações a favor da população”, concluiu.


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Pare de...

C

om as últimas duas publicações sobre comportamentos que as pessoas devem adotar para ter uma viva melhor, recebi alguns e-mails destacando que não é fácil colocá-los em prática. Não é mesmo. Daí a importância de não somente ter cons-

ciência de que precisa mudar, mas procurar ajuda sempre que necessário. Não é nada demais. Ninguém é louco porque procura um psicólogo, pelo contrário, apresenta maturidade intelectual. Os obstáculos vão surgir durante toda a vida, ninguém está ileso. O mais importante não é o problema; é como se deve superá-lo. Sempre existem soluções; várias. Mas às vezes não percebemos.

... pare de querer a perfeição - 23 A perfeição não existe. Mas isso não significa dizer que se deve fazer as coisas de qualquer modo. Não. Os comportamentos são aprendidos e ficam guardados no HD cerebral: tudo, mas tudo mesmo. É preciso produzir, seja lá o que for, dando tudo de si para que os objetivos e metas sejam alcançados. Se realizar o que foi planejado, excelente. Se errou conserta.

... de agir e dizer: tudo bem – 24 Tudo está mudando tudo. A física quântica indica que tudo influencia tudo. Portanto, fazer o que você fazia há 5, 10, 15 anos, com certeza vai gerar sofrimento. As mudanças mesmo, de verdade, não são fáceis de concretizar, mas tem uma vantagem: depois que você consegue fazer uma vez, pronto. Vai alçar voos, muitos, muitos mais altos, seja em qualquer área da vida.

... de agir e dizer: tudo bem – 25 No Facebook e no Instagram todo mundo é rico, bonito, alegre. Será? As pessoas não podem mentir para elas mesmas. Essa é a pior mentira. Se não está bem, não diga que está bem. Estar triste não é nada demais. Faz parte do dia a dia. Aliás, desconfie das pessoas que sempre estão bem. Às vezes o bom humor, o tempo todo, esconde algum tipo de sofrimento intenso. Assim, não se incomode se está triste, mas não deixe a tristeza tomar conta de você; ela não é você. Você é muito mais do que uma tristeza.

... de culpar os outros – 26 Não existe coisa mais fácil do que culpar os outros pelos nossos fracassos. – Não consegui por causa do governo. – Meu chefe não deixa eu ter criatividade. E assim por diante. O ato ou o comportamento de reclamar – sempre – já foi provado cientificamente, retarda os neurônios. O cérebro atrofia.

SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Portanto, veja os problemas com desafios para resolvê-los, com sugestões e atitudes. Às vezes é preciso muita psicoterapia para ter essa consciência. Mas consegue.

... de ser tudo – 27 Embora o capitalismo faça do sujeito um multi sujeito (fazer um monte de tarefas ao mesmo tempo), todas as pessoas desempenham papéis distintos em momentos diferentes: ser pai, esposo, filho, coordenador, professor, tio e assim por diante. Ninguém faz nada valioso fazendo um monte de tarefas ao mesmo tempo. Além de ser improdutivo, a pessoa pode desenvolver o esgotamento laboral, o que a Psicologia chama de Síndrome do Burnout. Portanto foque o que está fazendo no momento certo: ser pai na hora certa, coordenador no lugar certo e assim por diante. Não é fácil porque a bagagem cultural está presente no sujeito; está dentro dele. Mas é preciso separar as tarefas.

... de se preocupar, demais – 28 A origem da palavra indica que ela tem um sentido de uma ideia antecipada que, geralmente, gera sofrimento. Ora, é uma ideia, é algo que ainda não aconteceu. E porque se preocupar? Preocupar-se dentro do limite não é problema. Se a pessoa tem uma tarefa para cumprir em dia marcado, é preciso cumprir. A questão é quando a pessoa sofre antes mesmo que o problema ocorra. Ou seja, em vez de se preocupar em fazer – concretizar – a tarefa, apenas pensa que não vai ter tempo de fazêla.

... de focar no alvo errado – 29 Esse é um dos desafios contemporâneos. Antigamente existiam poucas profissões: advogado, médico e professor. Hoje dezenas, talvez centenas de profissões. Imagina o que passa na cabeça de um adolescente que vai fazer Enem? Portanto, foque naquilo que acha que está certo e que vai lhe trazer prazer em fazer, seja o que for. Tudo dentro da ética e respeito. Se errar numa profissão faça outra; se errou no relacionamento tenta outro. A vida é movimento; sempre.

... de ser ingrato – 30 Agradecer sempre – por tudo que acontece – é uma ótima forma de fortalecer a autoestima. Se o pneu do carro furou;

Autoestima Agradecer sempre – por tudo que acontece - é uma ótima forma de fortalecer a autoestima. (Arnaldo Santtos)

se houve uma colisão com a moto; se o que planejou não deu certo, se ... se ... ; e daí? O mundo não vai acabar. Agradecer por uma gentileza que recebeu, uma palavra de conforto, um gesto positivo de alguém, é extremante positivo para si mesmo e principalmente para quem o agradecimento foi endereçado. Agradecer não custa nada e faz muito bem.

... de ser carrasco de si mesmo – 31 Inconscientemente, as pessoas querem agradar a todo mundo e se esquecem de que a melhor atitude é agradar a si mesma, mas dentro do limite. Não seja carrasco de si mesmo. Seja leve. Muitas vezes a pessoa não percebe que é carrasco de si mesma. Faça uma breve análise. Se não conseguir procure um psicólogo nos primeiros sinais de incômodo de um pensamento ou um comportamento.

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Atendimento virtual pelo site: www.vittude.com. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento on-line autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Atendimento também na CLÍNICA HUMANUS: Rua Íris Alagoense 603, Farol, Maceió-AL. (82) 3025 4445 / (82) 3025 0788 / 9.9351-5851 Email: arnaldosanttos@uol.com.br arnaldosanttos.psicologo@gmail.com.

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MEIO AMBIENTE

Aumento do nível do mar prejudica empreendimentos do Litoral Norte

Estado não possui estudos para monitorar mudanças que atingem o litoral alagoano BRUNO FERNANDES

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

O

aumento do nível do mar que acontece em todo o mundo começa a prejudicar empreendimentos localizados no Litoral Norte de Alagoas. Hotéis que dependem do turismo na região estão preocupados e começam a se preparar para evitar que o avanço sem solução e sem monitoramento constante no estado cause erosão ou derrube estruturas próximas às faixas de areia. Em âmbito global, o Painel Intergovernamental de Previsões Climáticas (IPCC), criado em 1988 no âmbito das Nações Unidas, previu que até o ano de 2100 as águas oceânicas devem se elevar em 0,48 metros e em casos extremos até 1,20m sobre as regiões litorâneas de todo o planeta. Nos últimos dias, obras iniciadas na areia da praia de Ipioca, em Maceió, chamaram a atenção de banhistas e moradores da região. O trabalho, realizado em frente ao restaurante Hibiscus Beach Club, segundo um dos gerentes do local, pretende conter o avanço do mar e a erosão costeira. “A maré começou a invadir o espaço considerado do hotel e fomos perdendo espaço para nossos clientes, por conta disso, a diretoria da casa pediu autorização dos órgãos ambientais para realizar a revitalização e quem sabe diminuir o impacto causado por esse aumento”, explica Washington Pitanga. Segundo o gerente, o aumento começou a ser sentido com mais impacto nos últimos três anos durante os períodos de maré alta e, por conta disso, uma técnica australiana denominada SandBag que utiliza sacos preenchidos com areia da própria praia e são colocados em buracos de aproximadamen-

Hibiscus está construindo muro de contenção com sacos de areia para impedir avanço do mar te três metros de profundidade, começou a ser colocada em prática. “A obra tem duração de aproximadamente três meses e deve ficar pronta até o final de setembro. Hoje quando a maré enche, ela bate e causa erosão próximo aos decks. Com essa contenção, isso não vai mais

MARÉ ALTA No Litoral Sul o mar agitado derrubou casas e invadiu ruas e estabelecimentos comerciais. Segundo dados da Marinha, a maré atingiu a marca de 2.3m na região durante o final de março.

acontecer”, explica. Embora tenha autorização do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA-AL), a obra foi iniciada sem consulta ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) sobre os impactos ambientais, porém o órgão garante que acompanha as obras e avalia possíveis danos. Para o professor Henrique Ravi, do Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), as obras de contenção costeira, mesmo devidamente autorizadas, causam impactos ao equilíbrio da dinâmica sedimentar do litoral. “A estrutura implantada pode acumular sedimentos em um dos seus lados e iniciar um processo erosivo no lado oposto, podendo iniciar um processo erosivo em outros setores do litoral, dentre outras situações pertinentes a cada tipo estrutura implantada”, afirma o especialista. As obras, embora ajudem de forma imediata, são consideradas temporárias e deve-

rão ser refeitas ou repensadas no futuro. “Todas as obras de contenção costeira são temporárias, visto a complexidade dos agentes oceânicos envolvidos. Após a implantação, devem ser monitorados e modificados a depender dos resultados”, conta o professor especialista em monitoramento costeiro que garante não existir uma solução imediata para o que acontece em nível global. “Existe o planejamento quanto a ocupação do litoral, e a implantação de planos de gerenciamento costeiro. Caso os oceanos venham a subir como previsto, não há o que fazer, só recuar as áreas já ocupadas e implantar regiões não edificantes”. O professor alerta também para o não monitoramento da costa alagoana que, segundo ele, deveria existir há décadas, mas não é algo praticado na maior parte do Brasil. “Não existem estudos específicos para diagnosticar o gradiente temporal de tal elevação sobre o litoral do estado de Alagoas. Para se obter este tipo de dado é necessário

que se mantenham atividades de pesquisa e monitoramento da costa da ordem de décadas, o que não ocorre atualmente em Alagoas, como também em grande parte do litoral brasileiro”, explica. Embora não existam dados específicos sobre Alagoas, as projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas revelaram que em Recife, localizada a aproximadamente 260 Km de Maceió, o nível do mar subiu 5,6 milímetros entre 1946 e 1988, o que significa uma elevação de 24 centímetros em 42 anos. A erosão costeira e a ocupação do pós -praia provocaram uma redução da linha de praia em mais de 20 metros em Boa Viagem, segundo os autores do estudo.

LITORAL SUL

O aumento do nível do mar e a força da água durante dias de maré alta também está causando prejuízos no Litoral Sul de Alagoas. O aumento considerado anormal para o período assustou moradores durante o mês de março no povoado de Barra Nova, em Marechal Deodoro. O mar agitado derrubou casas e invadiu ruas e estabelecimentos comerciais. Segundo dados da Marinha, a maré atingiu a marca de 2.3 na região durante o final do mês. Antes disso, em janeiro, a Prefeitura de Marechal decretou situação de emergência no povoado, decreto este que foi validado pela Defesa Civil Estadual. O documento previa ações para prestar socorro às vítimas e possibilitar a evacuação da orla. Também previa a desapropriação das construções, para que fosse adotada uma medida de contenção do mar.


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Um alerta importante

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dívida global, um dos mais importantes sinais vitais da economia mundial vem apresentado sintomas preocupantes. O FMI há algum tempo e recentemente o IFI – Instituto de Finanças Internacionais formado pelas 500 maiores instituições do mundo tem alertado para o problema e o potencial que ele encerra de provocar um novo choque financeiro global. Ela já ultrapassou 246 trilhões de dólares, equivalente a quase 3,5 vezes o produto bruto mundial (no Brasil essa relação é de 196% do PIB e na América Latina de 67%). A crise de 2008 provocada pela farra dos derivativos promovida por bancos e instituições financeiras americanas foi o gatilho para governos dos países centrais erguerem barreiras de proteção a suas empresas e para que os bancos centrais

imprimissem dinheiro agressivamente para abastecer a juros baixos suas corporações visando saneá-las e restabelecer o crescimento de suas nações. Mas o aumento de produtividade e da renda não veio nos patamares esperados. E isso se deve, segundo o BIS – Banco de Compensações Internacionais – o banco que atende os bancos centrais do mundo – a que parte significativa do capital a juros baixos está simplesmente abastecendo empresas “zumbis” (que não têm receita suficiente para cobrir os juros de suas dívidas e só sobrevivem à custa de novos financiamentos). Elas já representam 12% das empresas das bolsas de valores dos países desenvolvidos (eram 2% em 1980), drenando a produtividade de empresas saudáveis ao disputar o capital com elas. Nos países emergentes

Felizes lágrimas

J

á me referi, certa feita, sobre o Recife que conheci e convivi durante muitos anos, desde minha infância. A permanência de meus irmãos mais velhos para os estudos, Carlos e Djalma, naquela cidade, proporcionava- me várias viagens quando na infância e adolescência e mais tarde, já como comerciante, sempre voltava para entabular negócios. Depois que não houve mais aquela necessidade de estar sempre indo a negócios, a formatura e a consequente entrada no ramo profissional de Carlos e seu posterior casamento com uma pernambucana fizeram daquela terra uma extensão da nossa. Ia e continuo indo sempre, mas quase não passamos mais pelo centro da cidade. Há poucos anos lá voltei e ma-

tei as saudades das ruas centrais, das lojas tradicionais da época, que já não mais existem, de onde era o hotel que quase sempre ficava e por aí afora. Desta feita, semana passada, lá voltei para os 91 anos de meu irmão e fui rever o restaurante que ia com meus pais lá para os anos de 1950. Tinha eu uns dez anos. Meus irmãos moravam em apartamento bem próximo e quando ia com meus pais ficávamos hospedados ali. Era o Edf. Vieira da Cunha, nas vizinhanças da Praça Joaquim Nabuco, onde ficava e ainda fica o restaurante mais antigo do Brasil. Guarda uma tradição quando conserva o mesmo ambiente e mobiliário de época. Sem falar na excelente gastronomia. Os que conhecem, ou já ouviram falar, sabem que estou me referindo ao Res-

ELIAS

a dívida representa atualmente 216% do PIB (entre os países ricos orbita na faixa de 109%). Com uma diferença fundamental na forma do financiamento: nos países desenvolvidos, ela é facilmente negociada até a juros negativos, enquanto entre os emergentes, as condições são muito menos favoráveis, mormente para aqueles que tenham fundamentos econômicos precários. Embora o Brasil nas duas últimas décadas tenha praticamente eliminado sua dívida externa e o setor empresarial exiba confortável índices na faixa de 42% do PIB, não podemos descurar desta temática. Uma crise global afeta a todos e no nosso caso, em momento crucial para a Nação. Que se prepara depois de 4 anos de um enorme flerte com a depressão para dar os primeiros passo em direção à retomada do crescimento (2020 será de

FRAGOSO n Economista

consolidação das reformas de 2019) a partir de 2021. Seria uma pena que venhamos a ser tragados pela desaceleração global que organismos como FMI, BIS e Banco Mundial vêm anunciando para os próximos anos. O alerta está dado. Não podemos – de novo e irresponsavelmente – deixarmos passar a oportunidade de, uma vez por todas, iniciarmos a retomada do crescimento interrompida há mais de 40 anos. Responsabilidade é o que se espera de governantes e legisladores nesse momento.

Seria uma pena que venhamos a ser tragados pela desaceleração global que organismos como FMI, BIS e Banco Mundial vêm anunciando para os próximos anos. O alerta está dado.

JOSÉ MAURÍCIO taurante Leite. Juju e eu fomos os primeiros a chegar dado o adiantado da hora. Eram 11 horas. A grande clientela que o lota para o almoço ainda trabalhava em suas empresas. Após nos deliciarmos com sua saborosa comida ao som do belo teclado do pianista Edson, fui ao toalete que fica bem próximo ao grande piano de cauda. Passando, parabenizei o Edson e falei sobre as lembranças que trago dos tempos em que o pianista era um cidadão, deficiente visual e de nome Isnar. Disselhe que meu pai, sempre que ali chegava, dirigia-se a ele, colocava uma cédula no bolso superior do paletó. Isnar, pelo gesto, já sabia de quem se tratava e já iniciava a música que meu pai dedicava a sua amada esposa e minha mãe:

BRÊDA n Economista

“La Cumparsita”. Entrei no toalete e encontrando um senhor talvez um pouco mais velho que eu, narrei esse fato quando de repente ele me chama a atenção para a música que estava sendo executada. Não contive o choro. Agradeci ao pianista e dirigi-me à mesa ainda com o lenço no rosto querendo guardar as felizes lágrimas que me fizeram voltar 65 anos.

Há poucos anos lá voltei e matei as saudades das ruas centrais, das lojas tradicionais da época, que já não mais existem. Desta feita, semana passada, lá voltei para os 91 anos de meu irmão e fui rever o restaurante que ia com meus pais lá para os anos de 1950.


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O pensamento é sempre outro

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companhando os comentários sobre a aprovação ou não das mudanças na Previdência, inclusive de gente que se intitula como cientista ou comentarista político, quase acreditei que as reformas não passariam, mas foi de um resultado surpreendente, quando o próprio governo trabalhava para obter um resultado em torno dos 358 votos, o que já seria uma vitória acima da expectativa, pois não se tinha muita certeza de que isso pudesse ocorrer. Resultado: 379 deputados federais votaram pela reforma da Previdência, dando uma vantagem folgada ao governo. Os tais palpiteiros de plantão diziam que Jair Bolsonaro não sairia vitorioso nessa batalha da reforma. Hoje, os mesmos jornalistas e radialistas dizem que só foi aprovado porque o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, se empenhou como em nenhum outro projeto em toda sua vida como parlamentar. Com Maia ou sem Maia, o que importa é o resultado. Não entro no mérito se isso foi bom ou ruim, mas me refiro ao pensamento negati-

vo de muita gente que torcia para o quanto pior, melhor. Chegaram a dizer que esse primeiro momento da reforma só passou porque o presidente Bolsonaro comprou votos, prometeu liberar milhões das emendas parlamentares, reuniu as bancadas evangélicas, ruralistas e outras denominações, com direito a promessas e muitas promessas, para que fosse aprovado. Pergunto: quando foi que no Brasil alguma coisa não tenha sido aprovada pelo Congresso Nacional que não tenha sido em troca de alguma coisa? Bolsonaro diz a todo instante que não faz parte do seu governo a forma do toma lá dá cá empregada no passado. Mas, também, sabe que não pode ser a pão e água que vai conquistar alguma coisa dentro do Congresso. Foi assim com o Lula, a Dilma, o Temer e os presidentes que antecederam ao atual presidente. Pior. Os presidentes anteriores trocavam os projetos enviados por seus governos para votação nas duas casas - Câmara dos Deputados e Senado da República - por dinheiro vivo, mi-

JORGE nistérios, acordos com empreiteiras, subornos, pela falência da Petrobras e suas dependentes, e muitas outras atitudes desonestas, comandadas pelos senhores e senhoras do poder. Com eles podia tudo, com o Bolsonaro isso é feio, errado e inaceitável. Na verdade, o que falta a esse povo - me refiro aos comentaristas de plantão - é descer do palanque, ter coerência no que fala e escreve, pois todos eles sabem que, em se tratando de aprovar alguma coisa no Congresso Nacional, não adianta só conversa. O vício do passado é o mesmo hoje, mesmo com as carinhas novas das Casas. Gostaria de saber como é que se faz política diferente disso. Concordo apenas em um ponto: o presidente Jair Messias Bolsonaro sabia que sempre funcionou assim, pois conviveu durante 28 longos anos na Câmara dos Deputados, e que essa situação não mudaria só pelo desejo dele e de alguns poucos parlamentares. A proposta da reforma da Previdência passou nesse primeiro momento, mas ainda tem muita coisa

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era impossível. Ninguém queria ir! Todos sabiam que no Paraíso da Vovó Alari a lei era rigorosa e obedeciam aos mais velhos sem reclamar. Um ou outro tentava se rebelar, mas os avós evitavam o pior. Os netos foram crescendo, estudando, fazendo faculdade, vindo menos ao nosso pequeno pedaço em frente ao mar. Camila, a mais velha, número um, formou-se em Engenharia de Produção, começou a trabalhar, fez um curso na Alemanha, casou-se e hoje mora em Londres. Breno, o segundo, também fez Engenharia de Produção, trabalhou em algumas empresas e está nos Estados Unidos fazendo um curso avançado. E a vida continua...O “Paraíso” vai ficando vazio... João e Pedro, terceiro e quarto da fila, foram tentar a vida nos Estados Unidos. Joãozinho é o pai da bisneta Laura, um grande prazer em nossas vidas. Chegou a vez de Maria Catarina, a neta de número seis. A única moreninha da família! Sempre foi estudiosa e, para nossa surpresa, resolveu fazer concurso para o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica, o famoso ITA. Foi embora para São José dos Campos, passou no exame, formou-se e nunca mais vol-

n Jornalista

para se discutir e aprovar daqui para frente. Em agosto, guerra mesmo será quando chegar ao Senado da República, com 81 senadores que ainda não se entendem em relação à proposta apresentada. Lá, em número bem menor, a discussão será muito maior, devendo o rolo compressor do governo e seus aliados estar muito mais atento e atuar com mais sabedoria, inclusive no toma lá dá cá, se possível. Depois disso a discussão e votação continuam para desespero da minoria contrária à ideia, inclusive os comentaristas de plantão.

A proposta da reforma da Previdência passou nesse primeiro momento, mas ainda tem muita coisa para se discutir e aprovar daqui para frente. Em agosto, guerra mesmo será quando chegar ao Senado, com 81 senadores que ainda não se entendem em relação à proposta apresentada.

ALARI ROMARIZ

Revivendo os bons tempos

esta época do ano nossa casa ficava cheia de netos, netas e seus amigos. Era um tempo alegre, cheio de comidas gostosas, jogos, piscina, praia e tudo de bom que o Nordeste nos proporciona. Em certos momentos havia dez crianças e eu tinha que me virar para atender todos eles. Nem sempre os pais tinham férias, voltavam para suas casas e deixavam conosco os filhos. Cenas pitorescas aconteciam: certa feita, depois de uma longa viagem de carro, de Petrolina a Paripueira, ou seja, do alto sertão de Pernambuco ao litoral de Alagoas, o neto de número sete desceu correndo para o mar, gritando: “Cheguei na felicidade”! Para atender tanta gente tornavase necessário contratar vários auxiliares e as preferências surgiram. Minha atual ajudante, Mara, viu nascer meus cinco últimos netos e se apaixonou perdidamente pelo décimo: Geovani Neto. Quando chega, seus pratos preferidos aparecem; quando ele volta para casa, ela chora. Na Festa de Santo Amaro, tornavase necessário escalar alguém para levar as crianças ao velho parque que aparecia. Falar em ir à missa ou à procissão

MORAES

tou. Trabalha em São Paulo e tem belos planos de vida Agora nas férias poucos aparecem na velha casa de praia, hoje completando vinte anos. Aparecem os menores e os maiores têm pouco tempo para aproveitar tantos dias de férias. Os avós, mais idosos, não deixam de curtir a família. Cadu e Maria Teresa foram também para São Paulo preparar-se para o Enem. No momento, Carlos Eduardo, o sétimo da lista, estuda Medicina no Maranhão e Teteca, a oitava neta, faz Arquitetura na nossa querida Ufal e me parece entusiasmada com os estudos. A nona neta é uma loirinha de olhos verdes, parecida com a avó. Mora em Recife e tenta o vestibular de Psicologia. Frequenta mais o Paraíso da Vovó Alari porque está bem pertinho de nós. Dizem que gosto mais dela, mas não é verdade. Trata-se apenas de uma neta parecida com a velha avó. Os dois últimos, Geovani Neto e Miguel, ainda crianças, estudam e vêm sempre passar as férias conosco. Este ano, 2019, passaram três semanas conosco e aproveitaram bastante. Esqueci de falar no Cássio, nosso querido neto número cinco. Mora no

TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

Recife, vem sempre nos visitar; é apaixonado pelo vovô Rubião e por futebol. Meus leitores devem estar pensando: Alari não falou em corrupção, desvio de dinheiro público, nem desmandos dos políticos. Preciso dizer ao mundo que existem coisas boas, família, pessoas do bem, com Deus no comando de tudo. Sinto que caminho para o fim da vida e quero deixar boas lembranças para filhos, netos, bisnetos, amigos e parentes, alegria e principalmente o fato de que eu e meu marido plantamos o bem e colhemos o bem. Deus foi bom conosco! Ele existe! Não duvidem!

Agora nas férias poucos aparecem na velha casa de praia, hoje completando vinte anos. Aparecem os menores e os maiores têm pouco tempo para aproveitar tantos dias de férias. Os avós, mais idosos, não deixam de curtir a família.


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O casamento

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avia, na década de 20, em certo município do interior de Alagoas, fronteira com o Estado de Pernambuco, uma mulher viúva, proprietária de um engenho, mãe de nove filhos homens, altamente autoritária, ignorante e ranzinza. Mantinha todos os nove filhos, já homens feitos, no mais estreito tacão e em curtas rédeas. Acontece que o filho mais velho decidiu casar e, como não poderia deixar de ser, foi pedir autorização à sua mãe. A velha matriarca concordou com o casamento, desde que este fosse realizado na casa grande do engenho de sua propriedade, o que não era normal, já que tal ato deveria, como é de praxe, dar-se na casa do pai da noiva, em uma igreja ou no cartório. Entretanto, para que o casamento tivesse o devido e necessário efeito, o Dr. Juiz de Direito da comarca

FREDERICO onde se achava o engenho da viúva lá teria que comparecer para celebrar o ato. Há de se registrar que o dito engenho distava um pouco da cidade, sede daquela divisão judiciária e era extremamente difícil o Dr. Juiz para lá se deslocar, pois não havia estrada de rodagem e era período invernoso. Para convencer o Magistrado a ir ao engenho para celebração do casamento, diga-se de passagem, tarefa das mais ingratas, encarregaram um jovem recém formado advogado, nascido no lugar e querido por todos. Convencido, o Dr. Juiz, homem íntegro e austero, muito a contragosto, aceitou com a exigência de que só iria em um ‘’carro de aluguel’’ e mais vinte contos de reis (naquela época havia custas para os juízes que realizavam casamentos - os chamados Juízes de Paz ), pagos antecipadamente e tão logo findasse a cerimô-

nia retornaria no mesmo carro. No dia do casamento, na hora aprazada, o Dr. Juiz, que era de baixa estatura, corcunda e franzino, sempre mal humorado, estava pronto para ser apanhado pelo tal ‘’automóvel de aluguel’’, vestido em um elegante fraque preto. Entretanto, por sofrer de seborréia havia passado um remédio, uma espécie de pasta verde, na cabeça, o que lhe dava uma aparência terrivelmente estranha. Ao chegar o Dr. Juiz na casa grande do engenho, todos os convidados já presentes e o esperava a velha matriarca no topo da escada que dava acesso à varanda que rodeava a casa, com as mãos sobre os quadris, em voz alta e estridente, vira-se para o advogado que havia acompanhado o magistrado indaga: “Fulaninho, é este o Dr. Juiz?” Recebendo resposta posi-

MEDEIROS

(in memoriam)

n Juiz de Direito

tiva, vira-se para os convidados e referindo-se ao Dr. Juiz solta: “Sim senhor, sim senhor, o senhor vigário que é uma excelência mais ótima veio a cavalo, esta obra, com cara de besouro ‘rola bosta’, exige carro de aluguel. Ora mais tá’’. Todos riram, foi o maior vexame. O Meritíssimo, nervoso, ameaçava prender todo mundo e não mais realizar o casamento, o que só aconteceu devido a pronta intervenção do pobre advogado, que o convenceu do contrário após muita diplomacia.

No dia do casamento, na hora aprazada, o Dr. Juiz, que era de baixa estatura, corcunda e franzino, sempre mal humorado, estava pronto para ser apanhado pelo tal ‘automóvel de aluguel’, vestido em um elegante fraque preto.

PAULO

Grite

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stádio Castelão em Fortaleza. Copa do Mundo. O Brasil está prestes a enfrentar a Costa Rica. Torcedores de ambos os lados gritam sem parar. Os times entram no estádio e emoções dali afloram. Uns riem outros choram, a maioria canta e ainda há aqueles que esculhambam. Mas todos gritam! A partida começa e, após algum tempo é Goooooool do Brasil!!! Poucas sensações são tão extravasantes quanto gritar GOL num estádio lotado. Mesmo para quem não gosta e não entende de futebol, como eu, é uma experiência inesquecível. Gritamos para incentivar, para falar mal do juiz ou mesmo daquela falta que nem existiu. Xingamos os jogadores adversários, soltamos quantidades cavalares de palavrões por mi-

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nuto. Gritamos! E saímos leves, mesmo se o resultado não for o desejado. Somos uma panela de pressão. Um caldeirão de emoções efervescentes com válvulas que podem - e deveriam - ser abertas para aliviar a tensão que o dia a dia da vida moderna impiedosamente nos impõe. Atente que nosso organismo atua como um condutor de emoções. Boas ou ruins, os gostos e as sensações experimentadas ao longo dos dias são impossí-

veis de ficarem hermeticamente fechadas dentro de si. Não somos meros “receptores”, mas sim transferidores de energias e emoções. Se recebemos amor, entregamos amor. Se passamos o dia em situações estressantes, invariavelmente transferimos isso para alguém… Ou… transformamos isso em outra coisa, tal qual um catalisador. Por isso eu grito. Sim, falo de modo literal: eu dou um grito! Grito quando estou feliz e quando estou triste. Dou gritos de raiva e de frustração, grito “gooool”, grito de euforia, para expor uma emoção, grito de rir, grito com a boca, grito com o corpo, grito com o coração! Só não grito com alguém (mentira, às vezes grito sim. E quase sempre peço desculpas depois. Quase…).

NICHOLAS n Advogado e escritor

O fato é que gritar, mesmo que metaforicamente, deixa a pessoa leve, afrouxa aqueles cordões que teimam em nos apertar o peito e dá uma verdadeira, ainda que efêmera, sensação de alívio. Qualquer dia desses, quando estiver sozinho no carro, num estádio de futebol, numa praia ou num campo deserto ou mesmo em algum lugar calmo experimente gritar. Faz bem, é sério!

O fato é que gritar, mesmo que metaforicamente, deixa a pessoa leve, afrouxa aqueles cordões que teimam em nos apertar o peito e dá uma verdadeira, ainda que efêmera, sensação de alívio.


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Desideratos de eleitor revistos

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título é torta homenagem a indivíduo que conheci em passado algo remoto. Não podia o sujeito encontrar tal palavra, eliminava -a sem pensar duas vezes, a caneta sempre pronta a arrancar o vocábulo do texto que lhe era apresentado. Jamais explicava o porquê de tal ojeriza, contudo eu sempre desconfiei de que, dono de um discurso de retórica chã, algumas vezes apenas pincelada de cultura superficial, intuía ele que o uso de termo tão antigo poderia denunciar que o escrito não teria sido da sua própria lavra. Preferia substituí-lo por “desejo”, alheio ao fato de que este chegara à língua portuguesa através do latino DESIDERIUM. Explicado o título, estava eu a pensar, com o correr deste ano pré-eleitoral, o que o eleitor pós-Lava-a-jato esperará dos seus candidatos. Ho-

nestidade? Certamente, não apenas de propósitos, mas também de atuar presente e futuro, assim vivendo honestamente, segundo vetusta lição de Ulpiano: HONESTE VIVERE. Esta deve ser, sem dúvidas, a primeira qualidade de qualquer ser humano, gênero ao qual os políticos – embora renitentemente - estão inseridos. Pareceme que tal atributo é pai e mãe de todos os outros: Honestidade é não roubar; não enganar o outro (novamente Ulpiano: alterum non lædere –leia-se lédere), através de falsas promessas e falcatruas; é cumprir o prometido; é portar-se dignamente, não vendendo a corruptores o cargo ao qual foi guindado pela vontade popular; não fingindo parecer o que não é, por exemplo. Temo que o eleitor esteja buscando o ser perfeito, algo bem próximo de Deus, muito difícil de ser encontrado. Não

custa, todavia, esperar que assim seja, ou ao menos que os pretendentes a cargos eletivos esforcem-se para sê-lo. Isto já seria um bom caminho. Estou eu nesse meu elucubrar, de certa forma uma catarse, quando adentra ao recinto ninguém menos que o Êpa, trazendo nas mãos um jornal e cantarolando antigo refrão: “Que mentira, que lorota boa; que mentira que lorota boa!”. Percebendo minha estranheza, e parecendo adivinhar os meus pensamentos anteriores, explica, apontando-me matéria jornalística: - Veja o que esse sujeito aqui diz: “ O político deve ser leal aos eleitores”. Essa é a verdade. Mas ele deve estar querendo dizer, batendo no próprio peito: “Eu sou leal aos meus eleitores”. Eis aí a lorota boa. O indivíduo é reconhecidamente um rapace.

CLÁUDIO

VIEIRA

n Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

Passo os olhos no texto indicado pelo Êpa é lá está o nome do tal político, por interposta pessoa sugerindose aquele indivíduo sobre o qual eu imaginava em tese. Esboço um muxoxo de fastio, malgrado faça votos para que a excelência afinal, acossado pela incansável Lava-a-jato, algum dia depure-se dos seus próprios defeitos de caráter. Quem sabe esse milagre aconteça! Afinal o nosso sistema jurídico-penal é ressocializante.

Estou eu nesse meu elucubrar, de certa forma uma catarse, quando adentra ao recinto ninguém menos que o Êpa, trazendo nas mãos um jornal e cantarolando antigo refrão: “Que mentira, que lorota boa; que mentira que lorota boa.


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HOMENAGEM PÓSTUMA

EXTRA publica crônicas de Frederico Medeiros Juiz falecido em 2013 registrou fatos vivenciados ao longo de sua judicatura ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão

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partir desta edição o jornal EXTRA publica uma coletânea de crônicas do juiz alagoano, já falecido, Frederico George Brotherhood Medeiros reunidas no livro “Alguns fatos e ‘causos’ desse Judiciário que tanto amamos”. A cada edição do semanário será disponibilizada uma crônica para os leitores do EXTRA. Segundo Aloysio Galvão, também juiz de Direito, o livro traz breves e pitorescas histórias que Frederico ouviu e viveu ao longo de sua judicatura. ‘’A narrativa tem o sabor do flagrante e a importância do registro’’, afirmou Aloysio no prefácio

da coletânea. Galvão foi professor de Frederico e ex-diretor do Colégio Estadual de Alagoas, local onde conheceu o autor da obra. O livro foi lançado em 1998 mas não chegou a ser comercializado. Os exemplares da obra foram disponibilizados apenas para amigos e familiares do autor. O livro conta com uma série de narrativas sobre fatos inusitados vivenciados pelo exjuiz de direito no decorrer de sua judicatura em comarcas nas diversas regiões do estado de Alagoas. Formado em direito pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) na turma de 1975, Frederico Medeiros passou no concurso para magistratura em

Medeiros testemunhou histórias pitorescas no Judiciário

1978 e foi nomeado juiz de Direito no dia 2 de novembro do mesmo ano, assim assumindo a comarca do município de Olho d’Água das Flores. Ele faleceu em decorrência de um câncer (melanoma) no ano de 2013, em Maceió. Rodrigo Medeiros, advogado e um dos filhos de Frederico, agradeceu pela homenagem feita a seu pai. “Foi com muita alegria que eu e meus irmãos recebemos a proposta da publicação do livro de nosso saudoso pai neste semanário que tem a leitura da maioria da população alagoana. De onde ele está, sabemos que está feliz com essa iniciativa e agradecemos ao jornal EXTRA DE ALAGOAS e ao Isaac Sandes (promotor de Justiça e autor da ideia da publicação no semanário), que foi e ainda é um grande amigo, por esta homenagem ao velho e bom Fred”.


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extra Seu bolso

Guinness Book tributário

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Brasil pode bater um novo recorde, dessa vez o de possuir a maior taxa de impostos do mundo, segundo informações do Ministério da Economia. Em meio a uma disputa por espaço entre diversos autores e diferentes projetos sobre reforma tributária, a proposta de unificação de impostos federais defendida pela Câmara dos Deputados, segundo a pasta, exigiria a fixação de uma alíquota de 30% ou mais para o novo Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS) que incidiria sobre o consumo. Se confirmados, os números fariam com que o Brasil tivesse o maior imposto sobre valor agregado (IVA) entre todos os países.

Ainda falando da reforma, os aplicativos que hoje fazem sucesso no Brasil serão um dos principais alvos dos projetos apresentados e podem passar a ter que pagar impostos. Para o deputado Hildo Rocha (MDBMA), que será o presidente da comissão instalada na Câmara, os aplicativos mais populares usados no País, como Netflix, Uber e serviços similares, ainda precisam ser alvo de uma revisão tributária porque acabam se favorecendo de uma estrutura tributária ainda frágil.

Sem taxas O Nubank anunciou nesta semana que está iniciando a fase de testes da sua conta para pessoa jurídica sem taxas. Clientes da fintech que sejam sócios únicos de pequenos negócios já podem se cadastrar para entrar na lista de espera do novo produto. O intuito de convidar clientes para iniciar os testes da plataforma, de acordo com o banco, é construir junto aos usuários a experiência desse novo produto. Serão até 10 mil selecionados para esta fase.

ECONOMIA EM PAUTA n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

De malas prontas As passagens aéreas podem ficar mais baratas a partir de setembro deste ano, segundo informações do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Para tanto, ele aposta em um aumento da oferta de voos e da chegada de estrangeiras de baixo custo ao “disputado” mercado nacional. De acordo com o ministro, “as companhias que já operam no Brasil estão trazendo uma quantidade maior de aviões. A gente vai aumentar a oferta e isso naturalmente vai ter efeitos sobre as tarifas e a gente vai perceber isso a partir de setembro”, afirmou.


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

Governo faz medo Certo dia, o então presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, foi ao meu apartamento para um encontro que objetivava uma aliança política em prol da candidatura de Renan Filho ao governo do Estado. Foi britânico no tocante ao horário. Conversou bastante sobre a campanha em andamento e as perspectivas de vitória, para, por fim, sentenciar: - Vamos ao assunto, porque em tempo de guerra, não se limpa a carabina. Descontraiu e encaminhou a conversa. O resultado foi positivo. Uma nova parceria política ficou ali estabelecida, para a satisfação de todos. Mudamos o assunto, e ele me perguntou: - Como vai o Téo? Percebi naquela pergunta uma certa preocupação. Povoava na sua cabeça a possibilidade de o governador Teotônio Vilela vir a apoiar o senador Benedito

TEMÓTEO

CORREIA n Ex-deputado estadual

de Lira contra a candidatura do seu filho. Procurei tranquilizá-lo: - Vai devagar. Não há o que se preocupar. Acho que ele vai apenas cumprir tabela. Ele rebateu: - Será mesmo? Deputado Temóteo, governo é como cobra, que até morta faz medo. E, descontraidamente, esboçando um sorriso tranquilo, interrogava-me: - É ou não é? É ou não é? - Não entendi bem: quer dizer que um morto pode fazer medo? - Claro que pode! Se tiver veneno, claro que pode! Convenci-me de que ele tinha razão.


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Vencedores e vencidos

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mercado cresceu 12% neste primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2018. No entanto, a categoria de SUVs e assemelhados continua a aumentar sua participação nas vendas, atingindo o recorde de 21% com tendência a aumentar. Esse é um fenômeno mundial que começou nos EUA (lá representam quase 55% do total de veículos) e se espalhou para a Europa com cerca de 30% de tudo que lá se comercializa. Embora hatches subcompactos e compactos ainda representem 40% do total aqui, o subsegmento de SUVs compactos não para de crescer. E foi justamente neste que ocorreu a única mudança de liderança do ranking da coluna. O Renegade, pela primeira vez, desde o lançamento em março de 2015, assumiu a ponta em um semestre e reúne boa chance de fechar o ano nessa posição. No entanto, foi a vitória menos folgada, apenas quatro pontos percentuais à frente do Kicks. Por outro lado, o que alcançou a liderança esmagadora foi o Mercedes-Benz Classe S, com 89%. Mas, este é um segmento minúsculo, de vendas simbólicas (cinco dos oito modelos não acharam nenhum comprador). Os dominadores continuam a ter resultados acima de 50% de participação: Kwid, BMW Séries 5/6, Mustang, Compass, Fit/WR-V e a mais longeva líder, a picape Strada. Esta voltou a superar os 50% e deixou as três adversárias diretas bem para trás. Nosso ranking tem base técnica com classificação por silhuetas. A referência principal é distância entre eixos, além de outros parâ-

FERNANDO CALMON

metros. O enquadramento às vezes implica dúvidas e a escolha, em pouquíssimos casos, torna-se subjetiva. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores n fernando@calmon.jor.br (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo de três) e em função da importância do segmento. Compilação de Paulo Garbossa, da consultoria ADK. Hatch subcompacto: Kwid, 55%; Mobi, 35%; up!, 8%. Kwid consolida-se. Hatch compacto: Onix, 28%; HB20, 13%; Ka, 12%; Gol, 9,2%; Argo, 8,7%; Polo, 8%; Z4, 9%. Porsche absoluta. Sandero, 5,4%; Fox, 5%; Yaris, SUV compacto: Renegade, 18%; 4,3%; Uno, 2,3%; Etios, 2,1%. Kicks, 14%; Creta, 13%; HR-V, Líder ainda mais à frente. 12,7%; EcoSport, 8%; Captur, Sedã compacto: Prisma, 21%; 7,4%; Duster, 7%; Tracker, 4,7%; Ka, 11,7%; Virtus, 11,2%; HB20, T-Cross, 4,3%. Renegade virou o 8%; Voyage, 7,8%; Yaris, 7,5%; jogo. Logan, 6,5%; Cronos, 5,6%; Versa, SUV médio-compacto: 5,1%; Grand Siena, 4,7%, City, Compass, 60%; ix35/Tu4%; Cobalt, 3,4%; Etios, 3,1%. cson, 10%; Sportage, 4%. Prisma com folga. Líder aumenta vantaSedã médio-compacto: Corolla, gem. 42%; Civic, 22%; Cruze 14%; JetSUV médio-grande: ta, 9%. Inabalável liderança. SW4, 32%; Tiguan, 27%; Sedã médio-grande: MerceEquinox, 12%. SW4 com des Classe C, 32%; BMW Séries menos folga. 3/4, 25%; Fusion, 12%. Líder se SUV grande: Trailblamanteve. zer, 32%; Range Rover Sedã grande: BMW Séries Velar, 10,7%; Volvo 5/6, 51%; Mercedes Classe E/ XC90, 10,5%. Trailblazer CLS, 29%; Panamera, 11%. BMW ainda firme. avançou. Monovolume: Fit/WRSedã de topo: Mercedes Classe V, 57%; Spin, 37%; C3 S, 89%; BMW Série 7, 7%; RollAircross, 5%. Líder sem s-Royce Wraith, 4%. Resultado discussão. esmagador. Picape pequena: StraCupê esportivo: Mustang, da, 54%; Saveiro, 28%; Montana, 54%; Camaro, 21%; BMW M2, 9%. Strada imbatível. 12%. Mustang muito firme. Picape média: Toro, 32%; Cupê esporte: 718 Boxster/ Hilux, 22%; S10, 16%. Liderança Cayman, 47%; 911, 25%; BMW serena.

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ALTA RODA n VOLKSWAGEN e Ford parecem cada vez mais próximas de algo além de simples acordos de cooperação. Acabam de anunciar outros dois. Trabalharão juntas em veículos de condução autônoma por meio da empresa Argo AI. VW fornecerá sua arquitetura de automóveis elétricos para modelos da Ford na Europa. Por enquanto, não se fala em fusão. Até quando? n POUCO mais de três anos após seu lançamento, Fiat apresenta anomodelo 2020 da Toro para consolidar liderança na faixa de uma tonelada. Agora um discreto quebra-mato está em todas as 10 versões da picape e tela multimídia passou de 5 para 7 pol. No último trimestre, kit batizado de Ultra com tampa rígida para a caçamba, produzida na fábrica, aumentará versatilidade. Preços: R$ 92.990 a R$ 159.990.

n TORO também tem nova versão de entrada com motor flex de 1,8 L e câmbio manual de cinco marchas. Ideia é atrair compradores pelo preço menor ou utilização comercial. No uso em cidade será difícil conseguir novos clientes só por essa oferta. Bom o engate das marchas, porém se trata de um veículo muito pesado para o torque disponível. Com carga ficará lento. n BORGWARNER prevê produção crescente de turbocompressores, tanto no exterior como no Brasil. No intervalo de 10 anos (2017-2027), a participação em motores a combustão deve passar de 43% para 59% no mercado mundial. Aqui essa proporção será menor, mas bem acima de hoje. Pelo menos quatro fabricantes ampliarão a oferta de turbos em novos produtos.


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Futuro do gócio

Lavar roupas

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oupas que contêm materiais sintéticos, como poliéster e acrílico liberam uma média de 9 milhões de microfibras de plástico no meio ambiente, toda vez que lavadas. A afirmação é de Laura Diáz Sánchez, do grupo de defesa ambiental Plastic Soup Foundation. Segundo ela a maneira como lavamos nossas roupas gera um grande impacto ambiental, portanto quanto mais lavamos roupas, mais microfibras são liberadas. Uma recomendação para reduzir este impacto, segundo ela, é usar água em temperatura mais baixa e detergente líquido pois o detergente em pó cria mais atrito entre as roupas [durante a lavagem], então mais fibras são liberadas, enquanto o líquido é mais suave. Quanto menos atrito houver em geral, menos fibras são liberadas. Não sobrecarregar a máquina de lavar também é uma maneira de evitar este atrito.

agrone-

Agrônomos, biólogos e entidades como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) alertam que a destruição da vegetação nativa e as mudanças climáticas têm grande potencial para prejudicar diretamente o agronegócio no Brasil, porque afetam diversos fatores ambientais de grande influência sobre a atividade agrícola. O regime de distribuição das chuvas, por exemplo, é essencial para produção – apenas 10% das lavouras brasileiras são irrigadas. Com o desmatamento e o aumento das temperaturas, serão afetados umidade, qualidade do solo, polinizadores, pragas. De acordo com pesquisadores, se o ritmo de desmatamento na Amazônia continuar como está, o Brasil atingirá em pouco tempo um nível de devastação sem volta.

Problemas de saúde x plantas

Existem algumas doenças comuns do dia a dia que podem ser aliviadas apenas com o uso de plantas. De acordo com Alys Fowler, horticultor e ex-apresentador do programa Gardener’s World, para feridas e arranhões por exemplo, pode-se esmagar a planta conhecida como língua-de-ovelha, erva rasteira bastante comum na Região Sul do Brasil. Além de ajudar na limpeza da pele, esta planta tem propriedades anti-inflamatórias. Para contusões e dores musculares, Fowler sugere esmagar a planta conhecida como confrei ou consólida, cobrindo a área machucada com papel filme para que não deixe manchas na roupa. Já para problema de estômago e ressaca, segundo o horticultor, nada melhor do que um chá de hortelã. A erva acalma a dor de cabeça e ajuda a melhorar o mal-estar no estômago. Chá de folhas de limão ou erva-cidreira também são uma opção. Por fim, para inchaço e indigestão, as sementes de erva-doce, cominho e endro são carminativas e ajudam na digestão. Fowler explica que é possível fazer infusão com as sementes esmagadas, mas que é de suma importância cobrir o chá para manter suas propriedades da planta intactas.

MEIO AMBIENTE Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Taxa em Fernando de Noronha

Novo ecoponto

Mais um espaço para o descarte adequado de resíduos recicláveis e volumosos foi inaugurado em Maceió. O novo ecoponto, localizado no bairro da Santa Lúcia, pode receber de metralha da construção civil, restos de poda de árvore até móveis ou eletrodomésticos sem utilidade. Com este a capital fica com quatro espaços de descarte em funcionamento. Os outros três ficam na Pajuçara, Dique Estrada e Tabuleiro do Martins. O funcionamento será de segunda a sexta-feira, de 8h às 17h.

O presidente Jair Bolsonaro quer acabar com a taxa de visitação de praias na ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco. Ele classificou a taxa como um “roubo” praticado pelo governo federal. Atualmente, o turista paga duas taxas para entrar na ilha. O governo de Pernambuco cobra R$ 73 por dia de permanência. Bolsonaro se referiu a outra taxa, cobrada pelo governo federal para entrar nas praias do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, que começou a ser exigida em 2012. A taxa é de R$ 106 para brasileiros e de R$ 212 para estrangeiros. A cobrança é feita pela empresa Econoronha, que venceu uma licitação. A taxa é paga por pessoa e vale por dez dias. Depois que paga esse valor, o turista tem acesso às principais praias e trilhas. O Instituto Chico Mendes (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, que administra os parques nacionais, diz que 70% do valor do ingresso é para melhorias no parque, como projetos de reforma e manutenção de trilhas.


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Festa em Inhapi

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11ª edição da Festa do Carro de Boi, no município de Inhapi, que tem à frente o prefeito José Cícero Vieira, será realizada no dia 27 deste mês de julho. A programação foi divulgada pela Prefeitura de Inhapi. O evento será realizado durante todo o dia, com a chegada dos carros de boi, carroças de burro, carrinhos de carneiro, apresentações culturais com violeiros, toadas, xaxado e shows musicais.

ABCDO INTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

No Agreste estão os municípios de Arapiraca, Craíbas, Coité do Nóia, Girau do Ponciano, Estrela de Alagoas, Palmeira dos Índios, Minador do Negrão, Quebrangulo, Igaci, Lagoa da Canoa e Traipu.

Dentre as atrações estão Ricardo Lima, Flávio Leandro, a cantora Paula Fernandes e Peruano.

O combate ao suposto cartel, com alinhamento de preços de combustíveis, na cidade de Arapiraca, conta com o reforço do Procon, órgão vinculado à Controladoria Geral do Município, e Ministério Público Estadual e Polícia Civil.

Relatório

O superintendente do Procon de Arapiraca, Denys Reis, protocolou, nesta semana, o documento na sede do MPE em Arapiraca, enquanto o controlador-geral Fabrizio Almeida realizou o procedimento na Central de Polícia

Civil.

de viabilizar rapidamente o projeto.

A cidade de Arapiraca e outras localidades do Agreste estão prestes a ganhar o primeiro Hospital Universitário do interior de Alagoas.

Além de atender à população do Agreste e do Sertão, o hospital será uma fonte de pesquisas e aprendizado para estudantes do curso de Medicina do campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em Arapiraca.

Hospital Federal

Projeto

Quem encabeça a iniciativa é o deputado federal Severino Pessoa (PRB), que nesta semana já se reuniu com os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em busca

O decreto é importante para que os municípios afetados recebam recursos emergenciais para redução dos impactos da estiagem e para manutenção do programa de distribuição de água por carros-pipa.

Municípios

Atrações

Cartel

Água

Aprendizado

Decreto

O governo de Alagoas publicou, esta semana, um novo decreto de emergência por conta dos efeitos da seca no Agreste e Sertão do estado. A publicação reconhece a situação crítica em 28 municípios nas duas regiões.

PELO INTERIOR ...A Secretaria de Assistência Social (Semas) de Craíbas abriu, nesta quinta-feira (18), as inscrições para cursos gratuitos de informática básica, em parceria com o Senar. ...Os interessados devem levar sua documentação até esta sexta-feira (19), na Central do Cadastro Único/Programa Bolsa Família de Folha Miúda, no período das 8 até o meio-dia. ...As aulas terão duração de 20 horas e serão realizadas no período de 29 de julho a 2 de agosto, no ônibus móvel do Senar.


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ELA PODE

Programa seleciona novas multiplicadoras Iniciativa do Instituto RME, em parceria com o Google, já capacitou mais de 5.200 mulheres este ano

ASSESSORIA

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Programa Ela Pode abriu um edital para engajar novas multiplicadoras a realizar capacitações do programa. A iniciativa do Instituto Rede Mulher Empreendedora, em parceria com o Google, pretende aumentar seu time de multiplicadoras em todo o Brasil para atingir sua meta de capacitar mais de 135 mil mulheres. As inscrições devem ser feitas no site http://bit.ly/ selecaoelapodebr até o dia 28 de julho. O principal objetivo do programa é contribuir com a autonomia financeira das mulheres através de seu programa de capacitação, ministrado por multiplicadoras que representam o programa em todo o país.

Daiany França, coordenadora do programa, explica que “O Ela Pode veio para desenvolver habilidades nas mulheres para o mundo do trabalho e do empreendedorismo, auxiliando principalmente em relação às habilidades sociais e digitais, considerando as necessidades atuais e futuras”. SELEÇÃO O Ela Pode seleciona mulheres para que se tornem multiplicadoras do programa por meio de seus editais. As escolhidas passam por uma capacitação presencial de 20 horas que aborda habilidades socioemocionais - como liderança e comunicação - e habilidades digitais. Após o curso, elas estão aptas a representar o programa em todo o País.

Para participar desta seleção e se tornar multiplicadora do programa, é necessário ter Ensino Médio concluído ou equivalente, experiência em tutoria ou facilitação de cursos de empreendedorismo e empoderamento de meninas e mulheres, disponibilidade de tempo de 40 horas mensais, além de experiência como voluntária ou contratada de projetos sociais. Também é importante trabalhar com grupos de mulheres (como coletivos, conselhos, comitês e congêneres) e ter acesso à internet. O resultado da seleção será divulgado no site e nas redes sociais do Instituto RME no dia 14 de agosto de 2019. A capacitação para as selecionadas deste edital será na cidade de Recife-PE, nos dias 28, 29 e 30

Ana Fontes, fundadora do Rede Mulher Empreendedora de agosto de 2019.

CONHEÇA OS BENEFÍCIOS E VANTAGENS DE SER MULTIPLICADORA DO ELA PODE: ● Treinamento em captação de recursos. ● Mentorias de uma hora com voluntárias da Rede Mulher Empreendedora. ● Acesso livre e gratuito à Jornada Empreendedora da RME. ● Bolsa integral para o Fórum Empreendedoras, realizado pela RME. ● Disponibilidade gratuita de um stand (seção Negócios Sociais) no Fórum Empreendedoras (mediante inscrição e disponibilidade de vagas). ● Título de integrante da Rede Mulher Empreendedora, maior rede de apoio ao empreendedorismo feminino do Brasil.

REDE MULHER EMPREENDEDORA

A Rede Mulher Empreendedora – RME (rme.net.br) é a primeira e maior plataforma de apoio ao empreendedorismo feminino do Brasil, que tem como propósito empoderar empreendedoras economicamente, garantindo sua independência financeira e de decisão sobre seus negócios e suas vidas. A rede foi fundada pela alagoana Ana Fontes, de Igreja Nova, município localizado


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Mulheres da Casa Betânia terão capacitação dia 25 ASSESSORIA

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busca por realização profissional, renda extra ou passar mais tempo com a família são algumas das causas que levam as mulheres a empreender. Mas, para isso, elas precisam de capacitação. Pensando nisso, a Casa Betânia apoia o programa Ela Pode, realizado pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora com o apoio do Google, que realizará em Maceió um workshop no dia 25 de julho (quinta-feira), das 14h às 18h, para uma turma exclusiva com as internas da Casa Betânia. As mulheres da Casa Betânia, um local de acolhimento voluntário para se afastar das drogas, participam da segunda turma do Ela Pode em Maceió, sob a organização da multiplicadora Danielle Cândido. “A cada mês formaremos novas turmas, levando o programa de treinamento para mais e mais alagoanas”, explica. O Ela Pode pretende capacitar 135 mil mulheres brasileiras nos próximos dois anos, tornando-as confiantes e preparadas para o autodesenvolvimento pessoal e profissional.

O objetivo é que, ao final da capacitação, as participantes sintam-se mais preparadas para ter seu negócio próprio ou conseguir um emprego. O programa é desenvolvido pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora e conta com apoio do Google. A capacitação trata de diversos conteúdos, como Liderança e Comunicação Assertiva, Networking, Marca Pessoal, Negociação, Finanças e Ferramentas Digitais. As inscrições gratuitas são exclusivas para as internas da Casa Betânia. SEJA UM APOIADOR - Indique um local para levar a capacitação gratuita a mulheres a partir de 16 anos; - Colabore com o material do curso: impressão, equipamento multimídia, bloquinhos, caneta, etc; - Ajude com a alimentação: coffee break, almoço, lanchinho, etc; - Compartilhe seu conhecimento com uma palestra sobre empreendedorismo ou sua experiência de negócio; - Doe itens para sorteios e, assim, motive as mulheres!

Capacitação está sendo organizada pela multiplicadora Danielle Cândido

SERVIÇO Workshop ELA PODE - Maceió (AL) Data: 25 de julho de 2019 (quinta-feira) Horário: das 14h às 18h Local: Casa Betânia Endereço: R. Joana D’Arc, 1496-1876 - Cidade Universitária, Maceió - AL. Correalizador: Rede Mercado Mulher Apoiador Local: Buffet Luciana Albuquerque, Casa Betânia, Centro Universitário Tiradentes -UNIT, Crochicas Acessórios, EmpreendaSi, Gabi Fagundes Store, Lais Alves Store, Loja Amarilis Mais informações: http://elapode.com.br/


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