Edição 1068

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ANO XXI - Nº 1068 - 08 A 14 DE MAIO DE 2020 - R$ 4,00

LUTO

“O mais digno político alagoano” O legado do ex-governador Guilherme Palmeira, pai do prefeito Rui Palmeira e que faleceu na segunda-feira (4), aos 81 anos, é destaque da Coluna de Pedro Oliveira. 19

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TJ CONDENA JUIZ A PENA DE CENSURA

MACEIÓ - ALAGOAS

www.novoextra.com.br

n Julgado por fraude em licitação, Giovanni Jatubá responde a outros processos que podem levá-lo à aposentadoria compulsória

n Na terça, 12, será a vez de o juiz Léo Dennisson ser julgado pelo Pleno do tribunal por corrupção passiva e organização criminosa 6 e 7

JUSTIÇA OBRIGA GOVERNADOR A NOMEAR RESERVA TÉCNICA DA UNCISAL 5

PANDEMIA ZAP DO BEM

VERGEL É ALVO DE PROJETO PILOTO QUE TEM LUCIANO HUCK COMO GAROTO PROPAGANDA 16 e 17

AJUDA PARA ESTADO E MUNICÍPIOS CHEGA A R$ 890 MILHÕES n ALAGOAS DEVE ADOTAR LOCKDOWN ATÉ FINAL DESTE MÊS n VENDAS DE CARROS USADOS TÊM QUEDA DE 83% NO ESTADO 8 a 15 n


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extra MACEIÓ - ALAGOAS

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COLUNA

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa, 796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 9812-6208 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Tudo travado

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- Além de frear a economia, a pandemia do Coronavírus também paralisou a pré-campanha eleitoral que mal havia começado, sobretudo na Capital, onde a disputa é mais acirrada. Nos demais municípios nem se fala mais em eleição e muitos duvidam até que o pleito seja realizado em outubro próximo, como manda a legislação eleitoral.

2 EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- Alianças e apoios costurados até março, início da pandemia, foram esquecidos nos conchavos da quarentena, abrindo espaço para novas composições políticas. Os próprios candidatos se recolheram e saíram da mídia, até para melhor avaliar as possibilidades de cada aliança e acordos eleitoreiros.

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- As incertezas decorrentes da crise econômica agravada pela pandemia deixaram os candidatos sem condições de fechar acordos eleitorais envolvendo ajuda financeira. E sem promessa de grana - muita grana ninguém se movimenta, desde caciques políticos a cabos eleitorais.

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- E pelo andar da carruagem nacional, tudo indica que o País terá uma das mais pobres campanhas eleitorais de sua história. O que é bom para todos, sobretudo para os combalidos cofres públicos.

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- Sem dinheiro, os candidatos reduzem a compra de votos, terão que apresentar propostas e programas convincentes e os eleitores terão a chance de escolher representantes com menor taxa de erros.

Toga suja 1

O Pleno do Tribunal de Justiça de Alagoas decidiu por unanimidade aplicar pena de censura ao juiz Giovanni Jatubá por fraude em licitação de medicamentos de alto custo, adquiridos a preços superfaturados. O magistrado, que atua na 4ª Vara de Arapiraca, ainda responde a outros processos em que é acusado de improbidade administrativa. Se condenado, pode ser suspenso de suas atividades ou pegar pena máxima de aposentadoria compulsória.

Toga suja 2

Na próxima terça-feira, 12, será a vez do juiz Léo Dennisson, da Comarca de Marechal Deodoro, ser julgado pelo Pleno do TJ. Afastado de suas funções desde 2016, o juiz é acusado de corrupção passiva e organização criminosa no rumoro-so processo sobre o assassinato de um advogado ocorrido na Praia do Francês. Pela robustez das provas constantes dos autos, dificilmente o magistrado voltará a exercer suas funções.

Mal na foto

O governador saiu-se mal na foto da primeira sessão virtual do Tribunal de Justiça de Alagoas, ocorrida terça-feira, 5. Pela primeira vez Renan Filho foi duramente criticado pela maioria dos desembargadores por não respeitar as decisões do tribunal. Até os magistrados próximos ao g-overnador não pouparam suas críticas. Acham que o descumprimento de decisões judiciais desacredita o Poder Judiciário perante a sociedade.

Polarização

A disputa pela Prefeitura de São Miguel dos Campos caminha para uma polarização entre o atual prefeito Pedro Jatobá e o empresário e ex-prefeito George Clemente. O terceiro pré-candidato, Fernando Pereira, ex-prefeito de Junqueiro, parece ter desistido da competição. Se a eleição fosse hoje, George Clemente levaria com folga de votos, ajudado pelo alto índice de rejeição de Pedoca, que pleiteia a reeleição. Já o paraquedista Fernando Pereira há meses não aparece na cidade, onde alugou uma casa apenas para

registrar seu domicílio eleitoral.

Tô fora!

Enquanto muitos prefeitos lutam desesperadamente para se manter no cargo, o prefeito de Minador do Negrão, Gleysson Cardoso, não quer nem ouvir falar em reeleição. Até agora, o único membro da família Ferro que havia anunciada sua candidatura foi o fazendeiro José Nilton Cardoso Ferro, o Zé Nilton, condenado por homicídio e envolvido em crimes no Maranhão e em Alagoas. Maior inimigo do falecido deputado Cícero Ferro, Zé Nilton não conseguiu conquistar aliados e nem empolgar a família Ferro. Sua candidatura morreu de inanição e ele voltou a se refugiar no interior do Maranhão. Mas ainda é cedo para prever uma eleição em clima de paz, o que seria a primeira vez na história de Minador do Negrão, cujo domínio político sempre foi disputado à bala pela família Ferro.

Coruripe

Em Coruripe, reduto fechado dos Beltrão, a paz familiar morreu junto com o ex-deputado João Beltrão, mas dificilmente o clã chegará ao nível de violência que marcou a história de Minador do Negrão. A briga familiar pelo comando do município teve início na última eleição, ainda com João Beltrão em vida, e vai esquentar no pleito municipal deste ano com a luta pelo comando da Prefeitura, que há décadas a família administra como se fosse uma extensão de suas fazendas.

Murici

O prefeito Olavo Calheiros Neto vai ter que trabalhar bastante para garantir sua reeleição e manter a hegemonia do clã. Desta vez enfrentará uma oposição mais estruturada sob o comando de Caubi Freitas, que no pleito passado obteve 38% dos votos e agora conta com o apoio do senador Rodrigo Cunha e de outras lideranças políticas. É uma luta de Davi contra Golias, mas a oposição trabalha firme para ampliar o apoio popular. Afinal, na terra onde os Calheiros têm o monopólio até do Coronavírus não será fácil mudar. Em tempo: governador, prefeito, primeira-dama, ex-prefeito, parentes, aliados e puxa-sacos

estão todos em quarentena forçada pela pandemia. Unidos na saúde e na doença.

Rejeição O governador Renan Filho deve aumentar seu índice de rejeição na Capital já na eleição de outubro próximo, caso não mude sua política com relação aos servidores públicos ativos e inativos que, com raras exceções, vivem em condições de miséria.

Perguntar não ofende

As usinas de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte já estão vendendo etanol diretamente para os postos de combustíveis, sem passar pelo cartel das distribuidoras. Por que Alagoas ficou de fora? Com a palavra o secretário de Fazenda.

Lockdown

Ao contrário do que afirma o ex-ministro da Saúde, pesquisa revela que 71% dos brasileiros querem rigor nas medidas de isolamento social para enfrentar o Coronavírus. Segundo Henrique Mandetta, “só quem está gritando é a Casa Grande, que vê o dinheiro do engenho cair. A Casa Grande arrumou o quarto dela, a despensa está cheia. Tem o seu próprio


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Morre um líder

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morte de Guilherme Palmeira comoveu toda a sociedade alagoana e principalmente quem conviveu com ele durante décadas. Guilherme foi um exemplo de correção, seriedade, respeitabilidade e de homem público. Governou Alagoas, foi deputado e presidente da Assembleia Legislativa, ministro do Tribunal de Contas da União e prefeito de Maceió. Quem convivia com Guilherme sabia do apreço

O caminho é outro O deputado federal Marx Beltrão tem boas intenções, mas sua assessoria deveria estar atenta para as peculiaridades das suas investidas como, por exemplo, a de processar a Equatorial por reajustes na tarifa elétrica anunciada há dias e agora suspensa pela própria empresa em face da pandemia do Coronavírus. Para quem não sabe, esse reajuste foi deferido pela Aneel em face da desestatização, portanto, a ação seria intentada contra o governo federal.

Desabastecimento Nos últimos dias uma coisa preocupou parte da população alagoana. Em alguns conhecidos supermercados da capital era flagrante se observar a falta de alguns produtos, como se a população estivesse fazendo abastecimento para enfrentar o pior.

Desacelerando Para o cientista político Marcelo Bastos, a campanha eleitoral desacelerou com a pandemia do Coronavírus. Ou seja, ninguém se atreve a fechar compromissos, selar acordos e se comprometer para o futuro. Aliás, o futuro a Deus pertence.

Grana alta Até o fechamento desta coluna o Estado ainda não tinha apresentado ao Ministério Público, como solicitado, uma meta sobre os gastos no combate ao Coronavírus. O MP quer transparência na aplicação dos recursos da ordem de R$ 32 milhões e é

que ele tinha nas pessoas que cumpriam com dignidade qualquer cargo público. Palmeira sempre foi amigo dos amigos, simples, atencioso, duro o suficiente em algumas oportunidades e muito respeitado até pelos adversários. Alagoas perde um líder nato, reconhecido até pelos seus adversários políticos durante sua vida pública.

a segunda vez que ele pede ao governo e não é atendido.

Quem vai comprar?

O governo do Estado insinua a obrigação por parte da população para o uso de máscaras de proteção, mas não disse se vai fornecer o material a quem mais precisa. Será que um pobre miserável que mora na periferia embaixo de lonas, papelão e folhas de coqueiros tem dinheiro para se abastecer de máscara?

defende a realização da eleição, mas somente se a Covid-19 estiver sob controle. Se as coisas piorarem, eleição somente em dezembro ou ninguém sabe lá quando.

Firme O ex-senador Benedito de Lira, na quarentena, confirma que será mesmo candidato a prefeito de Barra de São Miguel, mas, por enquanto, política fica em segundo plano até a pandemia do Coronavírus ser controlada. Com imensos serviços prestados ao povo alagoano, Biu disse que poderá fazer muito pela Barra.

Má sorte

Além de não receber recursos para dar sequência e proteger como deveria seus colaboradores, uma usuária de droga ainda deu muito trabalho na última quarta-feira no Hospital Hélvio Auto, gerido pela Uncisal. Numa crise de abstinência de drogas, quebrou portas e vidros e teve de ser contida pelos funcionários.

Recolhidos

The flash

Os prováveis candidatos a prefeito de Maceió recolheram suas artilharias para utilizá-las depois da pas-

O governador Renan Filho é mesmo um homem de sorte. Ao contrário de outras pessoas infectadas pelo Coronavírus, ele, em tempo recorde, anunciou que estava curado da enfermidade. Foram apenas cinco dias de isolamento e, sua cura repentina, deve servir para que cientistas que procuram uma vacina para o mal, avancem nas suas pesquisas.

Exemplo na CBTU A CBTU tem dado um exemplo de como proteger seus usuários. Além de administrar a entrada dos passageiros nos VLTs para que usem o transporte com máscaras, também disponibiliza o uso de álcool gel, além de higienizar e desinfectar permanentemente todos os vagões. Segundo o superintendente Carlos Jorge Cavalcante, essas são algumas das providências que o órgão vem mantendo regularmente.

Como a Assembleia Legislativa aprovou um projeto que pune quem andar espalhando boatos, espera-se que o governador Renan Filho sancione a lei e coloque em prática para evitar que maiores problemas venham a acontecer.

Sem condições sagem do Coronavírus. Recuados, não fazem acordos nem assumem compromissos futuros. Pelo menos economizam dinheiro durante este período de isolamento social.

Aproveitadores

Adiando

Se depender da presidente da Associação dos Municípios, Pauline Pereira, grupos políticos que andam espalhando o terror no interior devem ser punidos exemplarmente. Eles andam divulgando fake news amedrontado a população.

Ninguém pode prever sobre as eleições deste ano. O futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luis Roberto Barroso,

Sem limite

“Se não fosse a abnegação de todos os seus procuradores e servidores a situação estaria complicada”, disse sobre a PGE o ex-presidente da Associação dos Procuradores de Estado, Flávio Gomes de Barros, acrescentando que falta apoio do Executivo para essa esforçada categoria. Flávio deixou a presidência da APE depois de quatro mandatos à frente da instituição com muitas vitórias para o Estado de Alagoas.

Cuidado redobrado Nessa época de pandemia, todo cuidado é pouco. Pelo menos é o que está recomendando o delegado Thiago Prado, da Delegacia Especializada de Roubos da Capital. Ele alerta que criminosos estariam se passando por entregadores de mercadorias para aplicar golpes. Essa turma não mesmo jeito.


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UNCISAL

TJ manda Estado nomear concursados Descumprimento de sentenças pelo governo irrita desembargadores JOSÉ FERNANDO MARTINS JOSEFERNANDOMARTINS@ GMAIL.COM

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m vez de servidores efetivos, contratados. É assim que o governo do estado tem preenchido lacunas em postos de trabalho na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). O caso já rendeu ações de candidatos aprovados em concursos que aguardam a convocação. Na terça-feira, 5, o imbróglio chegou ao Pleno do Tribunal de Justiça (TJ), que determinou a contratação dos concursados. Atualmente, existem mais de 300 processos de mandado de segurança pedindo a nomeação de aprovados em concurso público do Estado que não foram chamados. Os impetrantes, do concurso público da Uncisal de 2014, por exemplo, foram aprovados, mas ficaram à mercê do cadastro de reserva. A efetivação não teria ocorrido por conta da forma de contratação de profissionais que está sendo praticada pelo governo do estado: por meio de Processo Seletivo Simplificado (PSS), sem aproveitar os candidatos aprovados e integrantes da reserva. No pleno, um dos casos discutido se refere a candidata Janaína Oliveira de Moraes, aprovada em 13º lugar para o cargo de assistente social

no concurso realizado em 2015, ficando, portanto, no cadastro de reserva, À època, o certame previa apenas 10 vagas para a função. “O Estado não pode nomear profissionais de forma precária, por meio de processo seletivo simplificado em detrimento de quem estudou e passou num concurso público, mesmo que o candidato esteja no cadastro de reservas. O Ministério Público quer que o mandado de segurança seja concedido, respeitando o direito da candidata de tomar posse no cargo”, argumentou o procurador-geral de Justiça, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque. Outro processo, sobre a mesma questão, também foi avaliado. No recurso, o candidato Hamilton Sampaio Torres também pede para ser nomeado, só que para o cargo de gestor de planejamento de saúde. O certame previa três vagas e o candidato conquistou a quarta colocação. Como outras pessoas foram empossadas por meio de PSS, Hamílton requereu a sua nomeação já que, diante da necessidade de trabalho exposta pelo Estado ao contratar novos gestores, ele tinha direito a assumir a função por ter ficado no cadastro de reserva. Nos dois casos, os pareceres do Ministério Público foram

Sessão virtual do Pleno do TJ realizada na última terça-feira acatados e, por consequência, os mandados de segurança foram concedidos em benefício dos candidatos. Embora o órgão fiscalizador acione a Justiça, que acaba sentenciando o Estado a cumprir as contratações, o Poder Executivo tem cumprido as decisões da Corte, gerando muita insatisfação entre os desembargadores, em razão da grande quantidade de acórdãos desrespeitados. Ao EXTRA, o chefe do MP explicou que o governo do estado tem insistido na premissa de que não possui vagas para os aprovados mas, em contraponto, tem lançado mão de contratações temporárias como medida mais barata aos cofres públicos. Disse ainda que o Ministério Público tem agido com o intuito de efetivar as nomeações dos concursados, no entanto, o Poder Executivo tem desobedecido ordens da própria Justiça. Circula nos bastidores do judiciário que em toda sessão do Tribunal de Justiça, a expressiva maioria dos desembargadores exige que o presidente da Corte, Tutmés Airan, apele ao governador Renan Filho (MDB) no sentido do efetivo cumprimento das ordens judiciais expedidas.

OUTRO LADO

Em nota, a Uncisal informou que a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas realizou levantamento sobre o quantitativo de cargos vagos existentes na instituição à época e anexou a informação ao referido processo em fevereiro de 2020. “No entanto, o Ministério Público Estadual se manifestou em março de 2020, também em processo, no sentido de que o total de cargos vagos existentes na Uncisal havia sido preenchido, restando vagas apenas no Hospital Geral do Estado”, pontuou. Neste sentido, como consta no processo, não houve nova demanda à Uncisal.

CHAMAMENTO

Durante coletiva realizada na quarta-feira, 6, o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, anunciou o chamamento público para contratação de 300 novos profissionais de saúde para trabalhar na linha de frente no combate ao Coronavírus em Alagoas. “Já contratamos 550 profis-

sionais e não iremos medir esforços para contar com esses novos profissionais de saúde. Esse chamamento é para todos os profissionais da área interessados em contribuir com o Governo de Alagoas e com a Secretaria de Saúde nesse enfrentamento à Covid-19”, disse. Ayres fez também um chamamento especial à classe médica para o aumento no quadro de profissionais nas unidades hospitalares da rede pública estadual. “Queria convocar os médicos que tanto se dedicaram a essa formação tão bonita que é a medicina para que, nesse momento, se apresentem, se dediquem e venham ajudar a gente nesse combate. Estamos precisando de profissionais médicos. Precisamos aumentar o quadro de guerreiros médicos. Eu tenho contado com o apoio do Sindicato dos Médicos nesse enfrentamento, que tem de maneira solidária se colocado à disposição da Sesau”, declarou.


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JUSTIÇA NA BERLINDA

TJ pune juiz por esquema com medicamentos Giovanni Jatubá responde a outros processos administrativos VERA ALVES VERALVESS@GMAIL.COM

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m ano depois da abertura do processo administrativo para apurar uma denúncia da Procuradoria Judicial do Estado contra o juiz Giovanni Alfredo de Oliveira Jatubá, o Pleno do Tribunal de Justiça de Alagoas decidiu aplicar a pena de censura ao magistrado. Lotado na 4° Vara de Arapiraca até julho do ano passado, ele é acusado de envolvimento em um esquema de fraude em licitações envolvendo a compra de medicamentos de alto custo pelo Estado. Jatubá ainda enfrenta outros processos administrativos contra si instaurados pela Corregedoria Geral do TJ. O mais cabuloso, e que pode lhe render a penalidade máxima para magistrados, a aposentadoria compulsória, é do período em que ele atuava como titular da Comarca de Piranhas, no Sertão alagoano: uma fraude milionária contra a Caixa Econômica Federal e que teve a conivência do cartório local e de um advogado. A fraude consistia no pagamento de uma herança milionária a um homem cuja tia rica moradora do Rio de Janeiro teria falecido. Mas a

pressa para obter os valores por meio de sentença judicial expedida pelo juiz Giovanni Jatubá e a expressiva quantia chamaram a atenção da Caixa. Resultado: investigações do Ministério Público Federal e Polícia Federal descobriram o uso de falsos documentos e a fraude caiu por terra. Ainda assim, parte da suposta herança chegou a ser sacada graças ao magistrado. Jatubá, aliás, foi parar nos sites de notícias e de curiosidades nacionais em 2015 depois de arquivar um processo contra a secretária de Estado da Cultura, Mellina Freitas, acusada de improbidade durante sua gestão como prefeita de Piranhas. O motivo alegado pelo juiz para o arquivamento: a parte autora não fornecera o endereço atualizado da ré, isto quando ela já era titular da Secult há mais de seis meses. Foi em sua primeira reunião virtual que o Pleno do TJ decidiu, na terça, 5, aplicar a pena de censura a Giovanni Jatubá. O entendimento dos desembargadores foi de que haveriam indícios suficientes de negligência e procedimentos incorretos por parte do juiz em quatro ações que tramitaram na 4° Vara de Arapiraca, todas en-

EXTRA já havia noticiado esquema em edição de agosto de 2019

volvendo as mesmas empresas que teriam sido beneficiadas pelos supostos erros. As ações são referentes a medicamentos de alta complexidade a serem fornecidos pelo Estado, que acabou tendo recursos bloqueados e transferidos para as empresas por decisões de Giovanni Jatubá. O que se constatou ao longo das investigações indica uma provável conivência do magistrado com as empresas Campos Distribuidora de Medicamentos Ltda, pertencente a Josimar Campos de Araújo, e a KM Distribuidora de Medicamentos Ltda, pertencente à esposa de Josimar e por ele administrada. Josimar Campos de Araújo já figurou nos noticiários policiais locais como um dos maiores investigados na Operação Sepse, deflagrada em 2017 pelo então Gecoc (Grupo de Combate às Organizações Criminosas), do Ministério Público Estadual, e hoje denominado Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

Na Sepse, os investigados são acusados de formação de quadrilha num esquema de fornecimento de notas fiscais frias envolvendo a compra de medicamentos para várias prefeituras do interior com a participação dos prefeitos. Mas, no caso que levou à punição do juiz Giovanni Jatubá, o esquema consistia em serem as duas empresas as “eleitas” numa suposta cotação de preços para o fornecimento das medicações a serem bancadas pelo Estado. Ambas passaram a ser privilegiadas a partir da edição de uma portaria pelo próprio magistrado que determinava o cadastramento de empresas fornecedoras de medicamentos aos quais posteriormente era enviado o pedido de cotação de preço para determinado remédio. O alto valor dos medicamentos e a coincidência de empresas participantes da cotação – a Campos Distribuidora e a KM – acenderam o alerta na Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e na Procuradoria Geral do Estado, a cuja Procuradoria

Judicial coube a tarefa de denunciar o caso ao Tribunal de Justiça e Ministério Público Estadual. As suspeitas se confirmaram em ao menos quatro ações judiciais, duas impetradas em 2016 e outras duas em 2017. Para se ter ideia do prejuízo aos cofres públicos, em uma delas o juiz Giovani Jatubá determinou a compra da medicação à KM Distribuidora que fornecera o valor de R$ 711.560. O detalhe é que o paciente ao qual era destinada a medicação havia ingressado com o mesmo pedido junto à 16° Vara Cível de Maceió, onde o valor global ofertado por outras empresas fora de R$ 299.500. Nesta, e nas demais ações judiciais sob suspeita, Campos Distribuidora e KM apresentavam preços com pequenas variações, numa clara tentativa de dar legalidade ao processo. Assim, a Campos deu como valor para compra R$ 711.600, ou seja, apenas R$ 40 a mais do que a falsa concorrente. Em sua defesa, Jatubá alegou ter agido de boafé em todos os casos com o interesse de garantir a medicação a pessoas que dela necessitavam e acusou o Estado de desorganização, afirmando que cabia a ele o papel de apontar eventual superfaturamento de preços. O Estado até que fez isto. Em um dos processos de 2017, a Sesau alertou o magistrado quanto à exorbitante diferença dos preços apresentados pela Campos e pela KM em relação à cotação que a secretaria fizera, cujo valor unitário era de R$ 2.309,92. Dois meses depois, contudo, o juiz determinou nova cotação com as duas empresas e bloqueou recursos do Estado via Bancejud transferindo-os para a Campos, cujo valor unitário foi de R$ 14.920,56.


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JUSTIÇA NA BERLINDA

Léo Dennisson vai a julgamento na próxima terça Um dos mais rumorosos casos de venda de sentença em Alagoas deve ter seu desfecho na próxima terça, 12, quando o Pleno do Tribunal de Justiça julga a denúncia ofertada pelo Ministério Público contra o juiz Léo Dennisson Bezerra de Almeida. Afastado das funções desde outubro de 2016, ele é acusado de corrupção passiva e organização criminosa durante sua atuação à frente da Comarca de Marechal Deodoro. Em abril de 2015, Léo Dennisson se viu no olho do furacão ao ser publicamente denunciado pela cobrança de R$ 200 mil para libertar um dos então acusados de participação no assassinato do advogado Marcos André de Deus Félix. A denúncia veio após um flagrante da Polícia Federal no momento em que parte do dinheiro – R$ 100 mil – eram entregues pelo filho do chantageado a dois advogados, um deles procurador da Prefeitura de Marechal. Na época, Dennisson presidia o processo do assassinato de Marcos André, crime ocorrido em março de 2014. Polícia e Ministério Público insistiam em que os mandantes do crime eram os também advogados Sérgio e

Afastado há 4 anos do cargo, Léo Dennisson pode ser aposentado

Janadaris Sfredo, um casal de gaúchos que se estabelecera na Praia do Francês onde administrava uma das mais badaladas pousadas da região, a Ecos do Mar. Mesmo sem qualquer evidência de envolvimento de Sérgio Sfredo no crime, o militar reformado do Exército permanecia preso há mais de um ano com a esposa numa

sala do Quartel Geral do Corpo de Bombeiros. O casal recebeu então a proposta da soltura dele mediante o pagamento de R$ 200 mil, tendo como intermediários da negociação seu próprio defensor, Júlio Cezar da Silva Castro, e o advogado Augusto Jorge Granjeiro Carnaúba, que defendia os acusados de atirarem contra a vítima.

Carnaúba, na época também procurador da Prefeitura de Marechal Deodoro, então sob a gestão de Cristiano Matheus Souza e Silva, era conhecido pela amizade com o magistrado e estava encarregado de entregar o dinheiro a uma pessoa de confiança de Léo Dennisson. Mas antes da entrega – e após contatos telefônicos com o magistrado – foi juntamente com Júlio Cezar e Pedro Sfredo (filho de Sérgio e Janadaris) barrados pela PF. As investigações que se desenrolaram a partir deste flagrante com autorização do Tribunal de Justiça terminaram por agravar a situação do magistrado. Descobriu-se então que ele teria um vínculo suspeito com o prefeito Cristiano Matheus, de quem receberia uma mesada mensal de R$ 50 mil a ponto de ser conhecido na cidade como “Léo Cinquentinha”. A gravidade das descobertas e a inércia do Tribunal de Justiça acabaram levando o caso para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que em 2016, após novas investigações a pedido da então corregedora Nacional de Justiça Nancy Andrighi, decidiu pelo afastamento de Léo Dennisson de toda

as atividades judiciárias até o julgamento final da reclamação disciplinar. Em 2017, a Procuradoria Geral de Justiça de Alagoas ofertou denúncia contra o magistrado perante o TJ. O rol de provas colhidas levou o MP a pedir não só o afastamento definitivo de Dennisson da magistratura como também sua prisão. LOMAN As punições previstas aos magistrados brasileiros de acordo com o artigo 42 da Lei Complementar nº 35, de 14 de março de 1979, conhecida como a Lei Orgânica da Magistratura (Loman) são: I – advertência; II – censura; III – remoção compulsória; IV – disponibilidade com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço; V – aposentadoria compulsória com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço; VI – demissão.


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AJUDA EMERGENCIAL

Pacote de R$ 125 bilhões segue para sanção AGÊNCIA SENADO

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Plenário do Senado Federal aprovou na quarta-feira (6), em sessão deliberativa remota, novo texto para o projeto de Lei Complementar (PLP) 39/2020, que cria o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus para prestar auxílio financeiro de até R$ 125 bilhões a estados, Distrito Federal e municípios. O objetivo principal é ajudar os entes federativos no combate à pandemia da Covid-19. O valor inclui repasses diretos e suspensão de dívidas. Com os 81 senadores participando, o projeto foi aprovado por unanimidade, ou seja, 80 votos favoráveis, já que o presidente da sessão não vota. O projeto segue agora para sanção presidencial. O texto que segue para sanção é praticamente o mesmo que já havia sido aprovado pelos senadores no sábado passado (2), mas que tinha sido modificado pela Câmara dos Deputados. Os senadores recusaram a emenda dos deputados federais que alteraria um dos critérios de distribuição de recursos entre os estados. Entretanto, o Senado confirmou parte de outra emenda da Câmara que atinge as contrapartidas impostas ao serviço público. Além disso, o Plenário do Senado acatou totalmente a terceira emenda dos deputados federais, que suspende os prazos de validade de concursos públicos já homologados.

O Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus vai direcionar R$ 60 bilhões em quatro parcelas mensais, sendo R$ 10 bilhões exclusivamente para ações de saúde e assistência social (R$ 7 bilhões para os estados e R$ 3 bilhões para os municípios) e R$ 50 bilhões para uso livre (R$ 30 bilhões para os estados e R$ 20 bilhões para os municípios). Além disso, o Distrito Federal receberá uma cota à parte, de R$ 154,6 milhões, em função de não participar do rateio entre os municípios. Esse valor também será remetido em quatro parcelas. DÍVIDAS Além dos repasses, os estados e municípios serão beneficiados com a liberação de R$ 49 bilhões através da suspensão e renegociação de dívidas com a União e com bancos públicos e de outros R$ 10,6 bilhões pela renegociação de empréstimos com organismos internacionais, que têm aval da União. Os municípios serão beneficiados, ainda, com a suspensão do pagamento de dívidas previdenciárias que venceriam até o final do ano, representando um alívio de R$ 5,6 bilhões nas contas das prefeituras. Municípios que tenham regimes próprios de previdência para os seus servidores ficarão dispensados de pagar a contribuição patronal, desde que isso seja autorizado por lei munici-

Alagoas vai receber R$ 564 milhões; outros R$ 326,8 milhões serão divididos entre os 102 municípios

pal específica. O relator da proposta foi o próprio presidente do Senado, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Seu primeiro relatório substituiu a proposta original enviada pela Câmara (PLP 149/2019) pelo PLP 39/2020. Ele também relatou as mudanças propostas pela Câmara ao PLP 39. A sessão de votação foi conduzida pelo senador Weverton (PDT-MA).

PRAZO DE CONCURSOS

A Câmara dos Deputados aprovou emenda para suspender prazos de validades de concursos públicos já homologados e essa mudança foi totalmente acatada pelo Senado, o que incluiu o art. 10 no texto do PLP. Assim, ficarão suspensos os prazos de validade dos concursos públicos já homologados até 20 de março de 2020 em todo o território nacional. A suspensão será válida até que a União estabeleça o fim do estado de calamidade pública motivado pela pandemia. A suspensão abrangerá todos os concursos públicos federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal, da administração direta ou indireta. Os prazos suspensos voltarão a correr quando acabar o período de calamidade pública. Os organizadores de cada concurso terão de publicar, em veículos oficiais previstos

em cada edital, aviso sobre a suspensão dos prazos.


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DISTRIBUIÇÃO Dos R$ 60 bilhões de auxílio direto, R$ 50 bilhões poderão ser usados livremente. Essa fatia será dividida em R$ 30 bilhões para os estados e o Distrito Federal e R$ 20 bilhões para os municípios. O rateio por estado será feito em função da arrecadação do ICMS, da população, da cota no Fundo de Participação dos Estados e da contrapartida paga pela União pelas isenções fiscais relativas à exportação. Já o rateio entre os municípios será calculado dividindo os recursos por estado (excluindo o DF) usando os mesmos critérios para, então, dividir o valor estadual entre os municípios de acordo com a população de cada um. Estados e municípios deverão privilegiar micro e pequenas empresas nas compras de produtos e serviços com os recursos liberados pelo projeto. Por sua vez, os R$ 7 bilhões destinados aos estados para saúde e assistência serão divididos de acordo com a população de cada um (critério com peso de 60%) e com a taxa de incidência da Covid-19 (peso de 40%), apurada no dia 5 de cada mês. Os R$ 3 bilhões enviados para os municípios para esse mesmo fim serão distribuídos de acordo com o tamanho da população. A Câmara tinha alterado a expressão “taxa de incidência da Covid-19” para “número de casos absolutos da Covid-19”, mas a mudança foi rejeitada pelos senadores. O relator usou a taxa de incidência como critério para estimular a aplicação de um maior número de testes, o que é essencial para definir estratégias de combate à pandemia, e também porque ela serve para avaliar a capacidade do sistema de saúde local de acolher pacientes da Covid-19. Já a distribuição de acordo com a população visa privilegiar os entes que poderão ter maior número absoluto de infectados e doentes. “Considerar a taxa de incidência, enfim, é ter um olhar para onde o sofrimento é maior. Em maio, são os estados do Norte e Nordeste. Mas não se sabe o comportamento do vírus quando o inverno chegar ao Centro-Sul do país. Nos meses de junho e julho, portanto, poderá ser a vez de acudir outros brasileiros necessitados. É importante, pois, que os critérios sejam complementares e capazes de apontar o melhor caminho para amenizar a dor de todos os brasileiros”, afirmou Davi em seu relatório.

SUSPENSÃO DE DÍVIDAS A suspensão de dívidas abrangerá os pagamentos programados para todo o ano de 2020. Os valores não pagos serão incorporados ao saldo devedor apenas em 1º de janeiro de 2022, atualizados, mas sem juros, multas ou inclusão no cadastro de inadimplentes. A partir daí, o valor das parcelas que tiveram o pagamento suspenso será diluído nas parcelas seguintes. Os valores pagos durante o período de suspensão serão atualizados e somados aos encargos de adimplência para abaterem o saldo da dívida a partir de janeiro de 2021. As parcelas anteriores a março de 2020 não pagas em razão de liminar da Justiça também poderão ser incluídas no programa. Também nesse caso não caberão juros e multa por inadimplência. Em outra frente, há permissão para reestruturação das dívidas internas e externas dos entes federativos, incluindo a suspensão do pagamento das parcelas de 2020, desde que mantidas as condições originais do contrato. Nesse caso, não é necessário o aval da União para a repactuação e as garantias eventualmente oferecidas permanecem as mesmas. Para acelerar o processo de renegociação, a proposta define que caberá às instituições financeiras verificar o cumprimento dos limites e condições dos aditivos aos contratos. Já a União fica proibida de executar garantias e contragarantias em caso de inadimplência nesses contratos, desde que a renegociação tenha sido inviabilizada por culpa da instituição credora. CONGELAMENTO DE SALÁRIOS O Senado acatou a inclusão de novos setores que ficarão fora do congelamento de salários de servidores públicos. Além dos profissionais de saúde, de segurança pública e das Forças Armadas, foram excluídos do congelamento os trabalhadores da educação pública, servidores de carreiras periciais, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, guardas municipais, agentes socioeducativos, profissionais de limpeza urbana, de serviços funerários e de assistência social. Outra novidade aprovada é a suspensão dos prazos de validade dos concursos públicos já homologados até 20 de março de 2020, em todo o território nacional. A suspensão será válida até que a União estabeleça o fim do estado de calamidade pública motivado pela pandemia.

PARCELA QUE CABE AOS MUNICÍPIOS ALAGOANOS Água Branca Anadia Arapiraca Atalaia Barra de Santo Antônio Barra de São Miguel Batalha Belém Belo Monte Boca da Mata Branquinha Cacimbinhas Cajueiro Campestre Campo Alegre Campo Grande Canapi R Capela Carneiros Chã Preta Coité do Nóia Colônia Leopoldina Coqueiro Seco Coruripe Craíbas Delmiro Gouveia Dois Riachos Estrela de Alagoas Feira Grande Feliz Deserto Flexeiras R$ Girau do Ponciano Ibateguara Igaci Igreja Nova Inhapi Jacaré dos Homens Jacuípe Japaratinga Jaramataia Jequiá da Praia Joaquim Gomes Jundiá Junqueiro Lagoa da Canoa Limoeiro de Anadia Maceió Major Isidoro Mar Vermelho Maragogi Maravilha Marechal Deodoro

R$ 1.978.227,75 R$ 1.718.558,42 R$ 22.699.957,70 R$ 4.621.839,78 R$ 1.560.562,71 R$ 815.152,08 R$ 1.785.851,07 R$ 425.501,16 R$ 656.666,61 R$ 2.672.213,86 R$ 1.027.902,65 R$ 1.063.556,99 R$ 2.082.839,91 R$ 679.391,35 R$ 5.589.404,33 R$ 936.220,08 $ 1.735.895,83 R$ 1.670.366,30 R$ 889.497,24 R$ 716.123,15 R$ 1.047.394,99 R$ 2.125.350,84 R$ 572.526,30 R$ 5.576.670,64 R$ 2.372.286,48 R$ 5.095.043,30 R$ 1.084.812,45 R$ 1.783.206,38 R$ 2.171.192,13 R$ 465.661,26 1.252.799,21 R$ 4.007.880,01 R$ 1.529.610,05 R$ 2.510.593,95 R$ 2.399.712,89 R$ 1.800.837,65 R$ 514.539,04 R$ 687.717,22 R$ 818.972,18 R$ 565.179,94 R$ 1.134.277,94 R$ 2.350.149,45 R$ 406.988,33 R$ 2.422.045,83 R$ 1.748.629,52 R$ 2.804.840,14 R$ 99.807.447,34 R$ 1.939.830,77 R$ 344.201,44 R$ 3.203.404,65 R$ 897.529,26 R$ 5.083.778,88

Maribondo Mata Grande Matriz de Camaragibe Messias Minador do Negrão Monteirópolis Murici Novo Lino Olho d’Água das Flores Olho d’Água do Casado Olho d’Água Grande Olivença Ouro Branco Palestina Palmeira dos Índios Pão de Açúcar Pariconha Paripueira Passo de Camaragibe Paulo Jacinto Penedo Piaçabuçu Pilar Pindoba Piranhas Poço das Trincheiras Porto Calvo Porto de Pedras Porto Real do Colégio Quebrangulo Rio Largo Roteiro Santa Luzia do Norte Santana do Ipanema Santana do Mundaú São Brás São José da Laje São José da Tapera São Luís do Quitunde São Miguel dos Campos São Miguel dos Milagres São Sebastião Satuba Senador Rui Palmeira Tanque d’Arca Taquarana Teotônio Vilela Traipu R$ 2.714.724,80 União dos Palmares Viçosa SUBTOTAL

R$ 1.299.228,21 R$ 2.469.944,09 R$ 2.413.719,95 R$ 1.749.021,32 R$ 521.983,35 R$ 701.234,52 R$ 2.765.757,51 R$ 1.243.004,07 R$ 2.124.371,33 R$ 918.099,06 R$ 501.805,35 R$ 1.138.587,81 R$ 1.126.050,02 R$ 490.834,78 R$ 7.171.810,22 R$ 2.389.917,75 R$ 1.031.722,76 R$ 1.290.608,48 R$ 1.493.270,05 R$ 740.904,87 R$ 6.237.843,02 R$ 1.746.180,73 R$ 3.439.173,82 R$ 284.842,85 R$ 2.452.606,68 R$ 1.409.129,75 R$ 2.660.851,49 R$ 762.650,09 R$ 1.965.494,06 R$ 1.106.263,82 R$ 7.358.113,90 R$ 652.748,55 R$ 714.653,87 R$ 4.667.779,02 R$ 1.051.998,71 R$ 681.840,13 R$ 2.343.684,66 R$ 3.159.914,20 R$ 3.384.712,80 R$ 5.999.625,06 R$ 778.812,08 R$ 3.345.238,36 R$ 1.354.472,83 R$ 1.358.586,79 R$ 603.576,92 R$ 1.957.070,23 R$ 4.326.418,17 R$ 6.426.693,44 R$ 2.520.585,00 R$ 326.899.000,76


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PANDEMIA

Acadêmicos em Alagoas tentam decifrar a Covid-19 JOSÉ FERNANDO MARTINS JOSEFERNANDOMARTINS@ GMAIL.COM

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oletim emitido pelo Comitê Científico do Consórcio Nordeste aconselha que os estados da região comecem a planejar o temido lockdown, fechamento de regiões para obrigar ao isolamento social contra o novo Coronavírus. O documento, divulgado na terçafeira, 5, reforça que o decreto deve acontecer quando os números de leitos hospitalares tenham superado 80% de ocupação e, ao mesmo tempo, a curva de casos e de óbitos seja ascendente. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), mais de 60% dos leitos de UTI da rede pública de Alagoas, até a quarta, 6, já estavam ocupados por pacientes da pandemia. Em meio a incertezas causadas pela pandemia, pesquisadores alagoanos tentam traçar panoramas e prever como será o futuro do estado e do Brasil. E as previsões não são animadoras. Um grupo de docentes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) vem acompanhando o crescimento do contágio viral. Em relatório publicado no dia 30 de abril, doutores calcularam estimativas numéricas e simulações computacionais para o mês de maio baseadas no perfil dos mortos pela Covid-19 do final de abril no estado. “Somos um grupo de professores e pesquisadores dedicados à Computação, Física e Matemática. Apesar de não sermos epidemiolo-

gistas, buscamos dar uma efetiva contribuição à sociedade nesse momento estudando o assunto de maneira sistemática. Nosso objetivo é utilizar os principais modelos matemáticos epidemiológicos existentes na literatura científica para entender as implicações da epidemia na realidade alagoana. Estes modelos vêm sendo implementados por institutos acadêmicos mundialmente reconhecidos, balizando as ações governamentais em diversos países como EUA e Reino Unido”, especificaram os responsáveis pelo estudo. As análises matemáticas mostraram aos estudiosos que, com base na estatística de fatalidades em Alagoas, o número de novos agentes infecciosos - indivíduos que começaram a transmitir o vírus - no dia 3 de abril seria de aproximadamente 366 pessoas, dessas, 278 residiriam em Maceió. Do dia 5 a 6 de maio, a Sesau confirmou mais 98 casos positivos para o novo Coronavírus, evidenciando então a subnotificação no estado. Mesmo com novos leitos com inauguração prevista do Hospital Metropolitano e outro no Agreste, o levantamento prevê a possibilidade de um colapso hospitalar devido à sobrecarga na demanda de leitos de UTI. O fato aconteceria no dia 26 deste mês. “Sugerimos que os órgãos competentes analisem se o protocolo de recomendação clínica de internação está provocando internações tardias, e se os pacientes estão evitando se dirigir às unidades de atendimento en-

Pesquisas traçam cenários e buscam colaborar na prevenção ao novo Coronavírus

Evolução do número de municípios nordestinos com casos de Covid-19

COLAPSO Mesmo com novos leitos com inauguração prevista do Hospital Metropolitano e outro no Agreste, o levantamento prevê a possibilidade de um colapso hospitalar devido à sobrecarga na demanda de leitos de UTI. O fato aconteceria no dia 26 deste mês.

quanto não há agravamento dos sintomas. As medidas de mitigação (ou isolamento social) em que vivemos hoje no estado de Alagoas se mostram insuficientes para garantir o atendimento da população em leitos clínicos e de UTI a partir de meados do mês de maio”, aconselharam os pesquisadores da Ufal. E reforçaram: “Os números de mortos e projeções de infecciosos indicam que há um grande número de subnotificações da doença. Com base nessas estimativas e nos dados divulgados oficialmente, acreditamos que o

número real de novos casos seja mais de 15 vezes maior do que o divulgado (...). Reiteramos que isso pode mudar substancialmente se medidas de lockdown forem implementadas”. O estudo é assinado pelos professores doutores Adriano Barbosa - FACET/UFGD; Bruno Pimentel - IC/Ufal; Fernanda S. Matias - IF/ Ufal; Francisco Moura - IF/ Ufal; Krerley Oliveira - IM/ Ufal Marcelo Lyra – IF/Ufal; Rafael Nóbrega - IM/Ufal; Sérgio Lira - IF/Ufal; Thales Vieira - IC/Ufal; e Xu Yang IC/Ufal.


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Uncisal faz estudo com a Oxford

U

m estudo da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) aponta o Brasil como novo epicentro do Coronavírus no mundo. A pesquisa foi realizada em conjunto com a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e Universidade de Oxford, do Reino Unido. Datado do dia 28 de abril, tendo sua publicação online no dia 5 deste mês, aponta que a curva epidemiológica da Covid-19 em terras brasileiras segue o que vem acontecendo nos Estados Unidos, onde já morreram mais de 74 mil pessoas em decorrência da doença. “A pesquisa foi realizada para tentarmos ajudar a compreender o que estamos passando. Resolvemos fazer um estudo baseado nos dados que estão disponíveis. Mas, como estudar esses dados já que o Brasil op-

De olho no isolamento social

G

ráficos, números e tabelas. É assim que a estudante de administração pública da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) Taís Pereira Maraba vem acompanhando o aumento de casos de Coronavírus no estado. A pesquisa individual leva em consideração o isolamento social e a volta gradual do comércio após o primeiro decreto estadual de quarentena. De acordo com o Mapa Brasileiro da Covid, o índice de isolamento social em Alagoas está em 42,8% (dados do dia 4 de maio), situação que tem elevado a procura por hospitais e preenchido leitos de UTIs. Em seus estudos, a universitária identificou um aumento no número de casos após a liberação do auxílio emergencial e da flexibilização do comércio. O resultado é que, depois de passar da fase de incubação, o número de infectados aumentou cerca de 700% (confira tabela). “Meu objetivo maior é visualizar os dados de maneira mais pedagógica e analisar como

Pedro Menezes, da Uncisal, integra equipe de pesquisadores

as decisões da gestão pública interferem ou podem interferir no desenvolvimento da pandemia”, explicou. Taís Pereira acompanha o crescimento de infectados e mortes a partir de dados oficiais desde o dia 8 de março. “Marquei datas importantes, como primeiro isolamento, liberação do auxílio e flexibilização comercial. E o gráfico falou por si próprio”. Do dia 18 de março a 19 abril, é possível ler uma linha de

tou por não fazer testes em toda população? Então, os números de casos que temos estão ‘furados’, podem ser dez vezes maiores”, explicou Pedro de Lemos Menezes, doutor em Física Aplicada à Medicina e Biologia. Para “ajustar o eixo” e deixar a pesquisa sobre o território nacional equiparada a outros países, foi dado ênfase a partir da quinta morte por causa do Coronavírus no Brasil. Ainda conforme o levantamento, o País corre o risco de somar 40 mil mortes no dia 9 de julho. Já em cenário mais pessimista, o número de falecimentos pode chegar a 64 mil. Até o fechamento desta edição, o Brasil tinha batido recorde de mortes e casos confirmados notificados em 24 horas. Entre os dia 5 e 6, terça e quarta, foram registrados mais 10.503 pessoas infectadas e 615

crescimento tênue do número de infectados, que entra em elevação constante a partir do dia 20 de abril. Para o professor de tecnologia de informação da Uneal, Adilson Jorge dos Santos, que ajuda a aluna nas análises, a importância do trabalho é a visualização dos dados. “A correlação desses fatores pode ajudar na identificação de uma maneira mais eficaz de prevenção”.

novos óbitos por Covid-19. O número de pacientes recuperados é de 51.370. No total, o país chegou a 125.218 casos confirmados e o total de mortes subiu para 8.536. A letalidade é de 6,8%. O estudo também contou com a participação do professor Vitor E. Valenti, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), e David M. Garner, de Oxford. “Tudo indica que estamos caminhando para números iguais aos dos Estados Unidos, já corrigindo o tamanho populacional”, destacou Menezes ao EXTRA. “Importante frisar também que essa regressão é válida enquanto o número de óbitos estiver em ascensão. Para explicar todo o intervalo temporal até a estabilização do crescimento acumulativo, seria necessário um modelo matemático mais complexo”.

ORIENTAÇÕES DA OMS

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, alertou, na quarta-feira, 6, sobre os riscos de ser necessário retornar ao confinamento caso os países que estejam deixando as restrições para combater a pandemia de Coronavírus não administrem as transições “com muito cuidado e em uma abordagem em fases”. “O risco de retornar ao bloqueio permanece muito real se os países não administrarem a transição com muito cuidado e com uma abordagem em fases”, afirmou ele em um briefing online em Genebra. Tedros, que chegou a ser criticado pela forma de lidar com o surto, disse que fará uma análise da resposta dada pela agência, mas que vai aguardar até que a pandemia recue. “Enquanto o fogo está aceso, acho que nosso foco não deve ser dividido”, afirmou. O diretor defendeu o protocolo da OMS de alerta sobre o potencial de transmissão de pessoa para pessoa do novo Coronavírus, lembrando que informou o mundo disso no início de janeiro. A organização, com sede em Genebra, tem sido acusada pelo seu principal doador, os Estados Unidos (EUA), de ser “centrada na China”. Os EUA têm cortado o financiamento ao órgão. O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, vem afirmando que tem “evidências” de que o novo Coronavírus surgiu em um laboratório em Wuhan, na China, enquanto os cientistas têm informado à OMS que a origem é animal.


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EFEITO CORONAVÍRUS

Venda de carros usados cai 83,3% em Alagoas

possamos retomar as vendas de forma normal”.

BRUNO FERNANDES B-FS@OUTLOOK.COM

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venda de veículos seminovos e usados registrou perda de 83,3% no volume de vendas no mês de abril em comparação com o mesmo período do ano passado em Alagoas. O dado é fruto de um levantamento da Auto Avaliar, que rastreia transações realizadas entre 3,2 mil concessionárias e cerca de 30 mil lojistas multimarcas no Brasil. Segundo a análise, Sergipe registra maior perda entre os estados, com 88,9% de queda. Alagoas é o segundo, seguido de Tocantins, com 80%. O levantamento foi feito com base nas transações entre os dias 1° e 19 de abril deste ano, quando foram determinadas novas medidas contra a pandemia da Covid-19 e quando já havia sido determinado isolamento social em Alagoas, em comparação com o mesmo período do exercício anterior. Por outro lado, os estados de Roraima e Espírito Santo registraram aumento no volume de transações no período, com 200% e 14,6% de crescimento, respectivamente. Diogo Dâmaso, gerente comercial de uma loja na Cruz das Almas, confirma a queda e diz que viu o faturamento cair durante todo o mês de abril. “Caiu 80%. A nossa empresa já trabalha forte pelas redes sociais em geral. Claro que investimos mais em leads, clientes virtuais, com isso tentamos amenizar o momento. Mesmo com todo investimento e empenho nesse tipo de comércio, nem todo mundo está preparado com o modelo e fica mais difícil”, explica o responsável pelo estabelecimento que vendia em média 30 veículos por mês. “Com o mercado aberto, mas com o isolamento mais forte, continuará fraco”. Números difíceis para empresários que esperavam um

Empresários buscam alternativas para tentar manter média mensal de negócios

primeiro semestre lucrativo. O varejo de automóveis comprou cerca de 18 mil veículos seminovos e usados no mês de janeiro na plataforma de repasse online da Auto Avaliar. O volume representa cerca de 10% do total de venda de modelos zero quilômetro pelas distribuidoras no período, com 184 mil unidades emplacadas. O montante negociado na plataforma da empresa é 38% maior em relação a janeiro de 2019, quando foram registradas cerca de 13 mil unidades vendidas. Uma alternativa encontrada pelas lojas de Alagoas foi a opção de delivery de veículos. A negociação é feita inteiramente através do WhatsApp e, com o negócio fechado, o vendedor leva a documentação junto ao veículo até a residência do comprador. Mesmo assim, a nova forma de venda online não tem surtido tanto efeito, apesar de ser considerada uma prática lucrativa no Brasil. Segundo dados da Auto Avaliar, o comércio eletrônico de veículos seminovos e usados no País atingiu a cifra de R$ 5,2 bilhões em negócios no ano de 2019. A movimentação financeira foi 53% maior em relação ao período do exercício anterior, quando as

vendas somaram R$ 3,4 bilhões. “Realmente a gente teve uma perda de quase 50% das vendas. Temos em média de 20 a 22 carros vendidos por mês e vendemos apenas 11 com a loja fechada em abril”, explica Thiago Calheiros, proprietário de uma loja no Farol. Assim como a maioria, ele também recorreu às redes sociais para manter o índice de venda. “Fazemos um trabalho um pouco mais ativo nas redes sociais, principalmente no Instagram, e mostramos os carros por ele. Isso ajuda muito e estamos tentando através dessas atividades alavancar as vendas, mas realmente foi uma queda significante. Preocupou o mercado”, conta. Para o empresário, que espera um mês de junho um pouco mais promissor, a população está com medo de contrair dívidas por conta da incerteza econômica que o País pode enfrentar nos próximos meses. “Acredito que quem está comprando carro nesse período é quem acredita que não foi impactado pela crise da Covid-19, mas creio que a venda vai continuar baixa neste mês de maio e precisamos fazer de tudo para que, quando isso acabar,

CARROS NOVOS A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores também divulgou nesta semana um levantamento referente ao total de vendas de carros novos no Brasil. A média nacional não foi diferente das estaduais. Desde janeiro deste ano, quando começaram as notícias sobre a chegada do novo Coronavírus no Brasil, as vendas caem mês a mês. Os emplacamentos de automóveis e comerciais leves, em abril, acumularam apenas 51.362 unidades, queda de 77% na comparação anual. O desempenho da rede de concessionários foi fortemente impactado pela pandemia. No acumulado do quadrimestre, foram emplacados 583.905 veículos leves no País, retração de 27,13% sobre igual período do ano passado. Já os emplacamentos de veículos pesados (caminhões e ônibus) recuaram 58,8% em abril, para 4.370 unidades. No acumulado do ano, as vendas caíram 21,7%, para 29.888, informa a Fenabrave. Segundo a entidade, hoje existem cerca de 7.300 concessionárias no País e, diferentemente do que ocorre em Alagoas, boa parte delas está fechada ou parcialmente inoperante. A sequência de números negativos preocupa a entidade que tem como pleito ao governo federal a reabertura total das lojas da rede. No levantamento divulgado em abril, a federação ressalta que o setor está pronto para voltar “com total responsabilidade e seguindo, rigorosamente, todos os protocolos de saúde preconizados pela OMS, Ministério da Saúde e demais autoridades sanitárias”. OUTROS SETORES Assim como no automotivo, outros setores da economia em Alagoas passam por dificuldades, algumas empresas, inclusive, já

começaram a solicitar empréstimos para manter as atividades. De acordo com Francisco Ferreira, CEO da BizCapital, é estimado que os setores com mais prejuízos no estado foram: Comércio com 70%, Serviços com 50% e Bares e Restaurantes com 40%. Desses setores, o Comércio já cortou 40% de seus gastos, Serviços 30% e Bares e Restaurantes 30%. Em relação ao número de empréstimos, que já foram realizados, o CEO não informa a quantidade nem o valor total, mas afirma que ainda não existe uma previsão de quanto em empréstimos serão oferecidos até o fim da pandemia. “Essa estimativa é delicada para se prever, uma vez que estamos vivenciando o isolamento e tentando analisar mês a mês. É possível que quando a pandemia passar, muitas empresas continuem buscando crédito para recuperar seus negócios ou ainda estabilizar seus recursos”, explica. Francisco Ferreira afirma que tem orientado que é hora de planejar e cortar custos que não são importantes. O ideal, para ele, é priorizar o que é urgente no momento e cortar os gastos desnecessários. O planejamento financeiro da empresa deve ser estudado e não se pode deixar para última hora. “O importante é tomar crédito quando o negócio está bem e não quando as finanças já estão muito abaladas. Não podemos deixar o buraco aumentar para daí tomar providências”, explica. “De fato, são as pequenas e médias empresas que mais sofrem em crises como essas, mas há algumas que estão buscando entender qual é o seu momento, como devem atuar dentro do seu segmento. O importante é continuar remando, se reinventando e propondo alternativas para o seu negócio. Muitas vezes é em tempo de crise que surgem novas soluções que podem alavancar ainda mais a empresa”, conclui.


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COVID-19 NA POLÍCIA

Associação entra com ação para que Estado garanta proteção a todos os militares Entidade afirma que policiais de Alagoas estão vulneráveis ao novo Coronavírus MARIA SALÉSIA SALLESIARAMOS18@GMAIL. COM

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ia 25 de abril um policial da reserva da Polícia Militar de Alagoas morre pelo novo Coronavírus. Na segundafeira passada, 4 de maio, um subtenente da ativa (lotado no Batalhão de Operações Especiais-Bope) vem a óbito também vítima da Covid-19. O número exato de policiais militares e civis do estado infectados ou com suspeita da doença não se sabe ao certo, mas na semana passada já passava de 200 profissionais nesta estatística. Para o presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros de Alagoas (Aspra-AL), sargento Wagner Simas, a morte dos dois militares só reforça o alerta e a cobrança que tem feito ao governo de Alagoas para garantir todo o aparato necessário que proteja a vida dos profissionais da segurança pública durante a pandemia. Inclusive, a entidade entrou com ação judicial para que as exigências sejam cumpridas. Simas disse que tem acompanhado os casos e co-

Segundo a entidade, até máscaras, como estas usadas por PMs do CPC, são insuficientes

brado, mas não tem recebido boas informações. Adianta que notícias extraoficiais tanto do interior quanto da capital apontam que o volume de casos é preocupante. O militar diz que infelizmente mesmo tendo solicitado do órgão responsável da corporação os números reais de profissionais afetados com a doença ainda não teve o retorno. Além dessa cobrança, a Aspra entrou com ação judicial para que o Estado pague todos os equipamentos obrigatórios. Há, ainda, uma portaria que normatiza nesse período da pandemia a utilização de viaturas e armamentos, luvas e máscaras. O documento pede que os policiais façam a higienização nos equipamentos

e usem luvas e máscaras, mas o Estado não vem disponibilizando os EPIs para a totalidade dos militares em serviço. “Lamentavelmente ainda temos guarnições que estão sem receber esses equipamentos, indo para as ruas vulneráveis à contaminação pelo Coronavírus e não temos nenhuma perspectiva em alcançar essa totalidade na liberação dos equipamentos”. Simas afirmou que aguarda que o setor responsável disponibilize o número exato de PMs infectados para juntar nos autos do processo como prova de que os militares estão realmente sendo colocados nas ruas sem o devido equipamento obrigatório de proteção. “Es-

tamos em nosso cotidiano sem nos esquivar da responsabilidade em manter a ordem pública. No entanto, o governo não cumpre o papel dele, que é dar condições de

EQUIPAMENTOS A Aspra entrou com ação judicial para que o Estado pague todos os equipamentos obrigatórios. Há, ainda, uma portaria que normatiza nesse período da pandemia a utilização de viaturas e armamentos, luvas e máscaras.

trabalho”, lamentou. ENTENDA O Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. Segundo informações do Ministério da Saúde, os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31 de dezembro de 2019 e os primeiros casos foram confirmados na China. O vírus provoca a doença chamada de Covid-19. Até a quarta-feira, 6, mais de 3,68 milhões de pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus em todo o mundo e 256 mil morreram, de acordo com uma contagem da Reuters. Infecções foram relatadas em mais de 210 países e territórios desde que os primeiros casos foram identificados na China. No Brasil, esta doença nova já matou mais de oito mil pessoas e mais de 120 mil casos foram confirmados. O primeiro caso no País foi confirmado no dia 17 de março. Em Alagoas, até a quarta, 89 pessoas já haviam morrido e 1703 casos foram confirmados. Esta semana o governo do Estado endureceu as medidas de isolamento social e quem desobedecer pode responder por crime contra a saúde pública. Apesar das novas orientações do decreto, muitas pessoas têm desrespeitado as recomendações para evitar disseminação da doença. Isolamento é fundamental e o apelo é de que “fique em


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CONEXÃO DO BEM

Localizador une costureiras e artesãs a novos clientes Objetivo é aumento da produção de máscaras e geração de renda MARIA SALÉSIA SALLESIA@HOTMAIL.COM

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iante da pandemia que assola o mundo, o isolamento social tem se tornado cada vez mais necessário e o uso de máscaras faciais de proteção à Covid-19 obrigatório para quem necessitar sair de casa. Pensando nisso, a Rede Asta lançou o localizador para ajudar artesãs e costureiras a encontrarem pessoas interessadas em adquirir estes acessórios de tecido. Atualmente, mais de 800 profissionais se cadastraram em todo o Brasil e trabalhadores de Alagoas também podem participar. Não é preciso pagar nenhuma taxa de adesão. O interessado pelo cadastro deve entrar em contato pelo site da Rede Asta no link: https://

www.redeasta.com.br/contato ou https://www.redeasta. com.br/localizador-mascara. A inscrição pode ser feita também no endereço eletrônico https://docs.google.com/ forms/d/e/1FAIpQLSfYVZGw1atX-i_CumbOqDZ7xi_ XlHpA3ycbJ9v7aRTwLRGFzw/viewform?c=0&w=1. O preço médio da máscara é de R$ 5, mas pode variar de R$ 3 a R$ 10. No link, existe um mapa disponível onde é possível saber as costureiras mais próximas para encomendar o produto. Dependendo da distância, pode ser adquirido na casa do fornecedor ou enviado até a residência do comprador. Para a Rede de Artesã, comprar a máscara diretamente da costureira é uma forma de ajudar o setor do artesanato, um dos afetados pela crise provocada pelo novo Coronavírus. Além do que, a ferramenta apoia as artesãs de todo o Brasil que viram sua fonte de renda prejudicada. E foi para suprir uma ne-

cessidade e apoiar as artesãs que a Rede Asta - negócio social que há 15 anos atua na economia do feito à mão, desenvolvendo artesãs em empreendedoras pelo país lançou esta plataforma que permite localizar as costureiras e artesãs que produzem as máscaras de tecidos em várias cidades brasileiras, com maior concentração na região sudeste do país, mas pode se expandir. Vale ressaltar que a geolocalização oferecida pela plataforma permite a entrega das máscaras em poucos dias, por estarem próximos comprador e costureira, ao mesmo tempo em que incentiva o comércio local. “Nossa rede sempre procurou apoiar as mulheres artesãs na geração de renda. Muitas vezes a única pessoa da família a ter uma renda é a artesã. Por isso, estão sofrendo o impacto direto com a pandemia e muitas passando necessidades. O Brasil possui mais de 10 milhões de artesãs. Reunimos nesta ferramenta uma parcela delas,

mas outras ainda podem entrar”, encorajou Alice Freitas, que fundou a Rede Asta em 2005 com Rachel Schettino. Segundo a idealizadora, o perfil da artesã que compõe a rede é de mulheres entre 40 a 60 anos, das classes C e D, e 80% são a única fonte de renda da família. Cada uma produz em torno de 60 máscaras por dia, de tecido e estampas variadas. “É importante destacar que a plataforma não é e-commerce, mas uma geolocalização, pela qual as pessoas e empresas podem encontrar as costureiras mais próximas e fazer a encomenda diretamente a elas”, esclare-

ceu Alice Freitas.

SOBRE A REDE ASTA

É um negócio social que atua na economia do feito à mão desenvolvendo artesãs em empreendedoras que transformam resíduos em produtos bons, bonitos e do bem. Fundada em 2005 por Alice Freitas e Rachel Schettino, ex-executivas que decidiram se tornar empreendedoras sociais. Elas iniciaram o negócio social com o objetivo de valorizar o artesanato brasileiro e empoderar as artesãs.


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VIZINHO DO BEM

Site ajuda quem precisa de favores durante a pandemia ARTHUR FONTES ESTAGIÁRIO SOB SUPERVISÃO

em mais de 370 cidades. Os pedidos mais comuns são das pessoas do grupo de risco. Entre as ajudas solicitadas estão as de compras em supermercados e farmácias, bem como passeios com cachorros e até mesmo a busca de solução para problemas em computadores de quem está trabalhando em casa. Para os interessados em colaborar com a causa o cadastro pessoal é feito através do site vizinhodobem.com.br.

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m tempos complicados de isolamento social por conta da pandemia do Coronavírus, demonstrações de solidariedade surgem para tentar ajudar a vida de quem vem passando por momentos delicados. Uma dessas iniciativas é a Vizinho do Bem, site idealizado pela equipe da Noknox, desenvolvida inicialmente para aproximar condôminos de vizinhos que pertencem ao grupo de risco mais vulnerável à doença e que tem ganhado espaço a ponto de já contar com um time de voluntários de cerca de 5 mil pessoas. O Vizinho do Bem é uma plataforma criada para conectar pessoas que estejam dispostas a ajudar outras pessoas em situação de maior risco de exposição à Covid-19, seja, por exemplo, comprando produtos em supermercados e farmácias, ou apenas resolvendo coisas mais simples como levar o cachorro para passear. O uso da plataforma é gratuito; a ideia é espalhar para o máximo de pessoas e ajudar algum vizinho que precisa do serviço prestado a enfrentar esse momento difícil. Maceió conta com sete voluntários, e até o momento não houve nenhum pedido de ajuda, um dado curioso devido ao tamanho da cidade. Segundo o CEO da empresa, Alexandre Landim, a campanha nasceu a partir de uma discussão de como a entidade poderia colaborar para que o Brasil saísse deste cenário crítico da forma mais rápida e menos sofrida. “Nos inspira-

Voluntários fazem de compras em supermercado a pequenos reparos

DICAS

mos no movimento de voluntários que colocam cartas no elevador ou nas portas de seus vizinhos, oferecendo as mais diversas formas de ajuda: passear com o cachorro, fazer compras, buscar documentos, entre outras tarefas”. “Decidimos então usar tecnologia para criar uma experiência eficiente aos voluntários e necessitados. No Vizinho do Bem as solicitações são cadastradas e nosso sistema cuida de encontrar os voluntários mais próximos e colocá-los em contato, para que possam conversar e combinar a ajuda’’, completou. Ainda de acordo com Landim, a empresa pretende continuar a campanha mesmo ao fim do isolamento social e está estudando as possíveis formas

para evoluir a plataforma e mantê-la útil aos cidadãos. “Com o fim da pandemia, outras dificuldades ainda estarão em pauta, principalmente no que tange à economia e continuaremos conectando pedidos de ajuda às pessoas que praticam o altruísmo’’, ressaltou. COMO AJUDAR? O usuário preenche um cadastro com seus dados e informa se precisa de ajuda ou se quer ajudar, os administradores do projeto analisam as proximidades entre a ajuda e o voluntário e conectam por WhatsApp assim que for achado uma correspondência. Após a conexão feita, toda a comunicação e relação fica por conta das duas partes.

Para efetuar o cadastro deve-se informar o nome, telefone, endereço e dar uma descrição do tipo de ajuda que necessita e confirmar a veracidade dos dados informados. “Vale lembrar que existe neste momento muitas pessoas precisando da ajuda solidária de um vizinho para enfrentar a ameaça da Covid-19, principalmente os idosos, que fazem parte do grupo de risco. Pedimos que só envie um pedido se realmente estiver precisando”, destaca Landim. Mais de 100 mil acessos já foram registrados, o que demonstra o quanto o brasileiro está disposto a ser solidário nesses tempos difíceis. Atualmente a plataforma conta com 5.100 voluntários cadastrados nas 27 unidades federativas e

O site traz também dicas para que a ajuda seja prestada da forma mais segura possível. Confira algumas orientações: - Evitar ao máximo encostar as mãos em corrimãos ou em móveis públicos - Não cumprimentar com apertos de mão, beijos e abraços - Deixar as compras a pelo menos 1 metro de distância de quem vai recebê-las - Ao tossir e espirrar, cobrir o nariz e boca com o cotovelo flexionado - Não tocar olhos, nariz e boca enquanto estiver com os produtos a serem entregues - Após pegar as compras, lavar as mãos novamente com água e sabão - Se possível, higienizar embalagens compradas ao recebê-las


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ZAP DO BEM

Plataforma de carteira digital beneficia famílias do Vergel do Lago Bairro carente de Maceió abriga projeto piloto que tem Luciano Huck como garoto propaganda SOFIA SEPRENY S.SEPRENY@GMAIL.COM

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solidariedade é um ato de bondade que vem se propagando ainda mais durante este período de pandemia em que o mundo vive. Olhar para suas condições e ver que de alguma forma você pode ajudar alguém, tem despertado diversas ações ao redor do país e em Alagoas não é diferente. Moradores do bairro Vergel do Lago poderão contar com o auxílio de um projeto denominado como Zap do Bem, onde serão concedidos benefícios de R$ 200,00 a alguns moradores dessa comunidade. O bairro que fica na capital alagoana serviu de piloto para a ideia que deve atingir diversas comunidades espalhadas pelo Brasil. O Zap do Bem surgiu através de uma teleconferência organizada pelo apresentador Luciano Huck, com investidores e diretores executivos de diversas empresas nacio-

nais e internacionais. A reunião foi para a organização de um quadro em seu programa. Nesse quadro um dos participantes foi o fundador do Instituto MandaVer, no Vergel do Lago, Carlos Jorge Monteiro. Na reunião, foi explicado na época por Carlos que o Coronavírus ainda não tinha atingido a comunidade local - o que infelizmente não é mais realidade hoje - mas que a população que vive principalmente da pesca já estava sentindo o peso da crise econômica, afinal os bares e restaurantes ao redor, aos quais essa comunidade fornecia seus pescados, já estavam fechando. A iniciativa do movimento Zap do Bem organizado por esse grupo de empresários que se uniram para apoiar populações vulneráveis em meio à pandemia do Coronavírus com recursos privados, tem o objetivo de disponibilizar de forma rápida e fácil recursos emergenciais para as comunidades.

FINTECH Eles desenvolveram o projeto em colaboração com a Oi e a Conta ZAP uma fintech que faz transações financeiras, como pagamento de contas e transferências por meio de redes de mensagens que desenvolveram e colocaram para funcionar um modelo de distribuição desses recursos com a utilização de uma plataforma digital. O projeto consiste basicamente na transferência de dinheiro via WhatsApp. De um lado, as famílias, cadastradas, e do outro, o credenciamento dos supermercados, padarias e farmácias para aceitar o pagamento pelo sistema da Conta Zap Bank. Segundo o diretor executivo da Conta Zap, Roberto Marinho, qualquer pessoa pode se cadastrar e a partir deste cadastro existe um cruzamento de várias informações, dados de base públicos como Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e Serasa, além da própria rede de telefonia desse cidadão. “Quando você tem as informações de que aquela pessoa por exemplo só coloca um valor de 10, 15 reais por mês em seu celular pré pago você consegue ter uma noção

Luciano Huck é quem comunica por vídeo moradores beneficiados

do poder aquisitivo dela. Além de você poder contar com essa informação através do aparelho telefônico que ela possui também”, explica. “Nosso objetivo é fazer com que o dinheiro chegue até quem precisa”. O início do processo começa quando os beneficiados recebem um convite via mensagem e abrem a conta, informando seu CPF, data de nascimento e endereço. Os interessados que não receberam o convite podem enviar uma mensagem de whatsapp para (21) 30944888 e preencher um cadastro para se candidatarem ao benefício. Esses cadastros começaram no dia 20 de abril e 24 mil moradores da macrorregião de Maceió já foram cadastrados para receber o

valor. Mais de 6 mil moradores do bairro do Vergel do Lago já tiveram acesso ao benefício, segundo a organização do projeto. Marinho lembra ainda que não há informativo ou satisfação sobre o porquê essa pessoa pode ou não receber o valor. “Fazemos o cruzamento de dados, da base de dados públicas, consumo de dados de celular, e se for comprovado que aquela pessoa realmente precisa através desses dados, ela receberá o benefício. Ele não é definido pelo apresentador Luciano Huck, pelo representante da comunidade ou pelo fundador da ONG, mas sim pelas informações que a Oi e a Conta Zap têm acesso”. DOAÇÕES


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Os valores de R$ 200 disponibilizados para essas famílias são provenientes de doações que totalizaram R$ 400 mil, feita por um grupo de empresários. Com este valor, eles poderão pagar bole-

tos, contas de luz, água, fazer compras em mercados da comunidade e ativar recarga no celular de qualquer operadora. Inicialmente, de acordo com assessoria de imprensa da Conta Zap, as

pessoas ficaram receosas ao receber no WhatsApp uma mensagem dizendo que era possível ganhar R$ 200 por ali mesmo. Por isso, foi solicitado que o apresentador Luciano Huck gravasse um

vídeo para ser disparado para essas pessoas, para que elas fizessem o cadastro sem medo. Por ter um funcionamento muito simples, esse modelo de conta digital pode ser considerado ideal para dar acesso à população não bancarizada a um sistema básico de transações financeiras como pagamentos de contas e recargas de celular. Marinho Filho falou do orgulho do movimento. “Desde que idealizamos a Conta Zap, há mais de cinco anos, buscávamos desenvolver uma tecnologia que trouxesse para o país a inclusão financeira para milhões de brasileiros que estão excluídos do sistema tradicional, seja por terem uma renda muito baixa, seja por estarem negativados. É gratificante sa-

ber que a Conta Zap está sendo usada para levar recursos aos mais necessitados na atual crise que estamos vivendo. Nossa equipe está trabalhando com afinco para que todos sejam ajudados de forma rápida e simples”, afirmou. EXPANSÃO Com a solução rodando sem grandes problemas, o desejo do grupo é que governos adotem a ferramenta ou algo similar. Só o Cadastro Único do governo federal, por exemplo, tem mais de 50 milhões de nomes. Segundo o CEO da Oi, Rodrigo Abreu, a empresa vinha trabalhando para lançar futuramente no mercado uma plataforma de carteiras digitais com a fintech, foi aí que surgiu a oportunidade de


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Pandemia, tolerância, respeito e família

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inguém está escapando da pandemia da Covid-19. Todos estão submetidos a decretos governamentais de restrições, inclusive constitucionais, impedindo o cidadão até de ir e vir em nome da saúde pública. Saúde de quem? E a saúde mental? Não se tem dúvida de que as restrições podem, sim, reduzir sobremaneira o índice de contágio, e consequentemente o número de óbitos. E a saúde mental? Alguns países estão conseguindo sucesso na redução de internamento e em óbitos da população por conta da Covid-19 adotando o isolamento social integral por período longo. Mas, o que representa esse isolamento social? E a saúde mental? Está havendo tolerância dos governos para com a população no seu sentido de preservar o afeto e o respeito entre familiares? Estão preocupados com a saúde mental? Dezenas, centenas de famílias estão sem se comunicar entre si em nome da não proliferação do Coronavírus. Quais danos estão sendo impostos à população? Quais danos são menores? Ninguém sabe, ainda. Quais danos mentais estão “sendo impostos”? Sem querer? É triste ver avós não podendo ver os netos morando na

Cura

A Psicanálise é, em essência, a cura pelo amor. (Freud)

verdade? Sim. Existem amigos desconhecidos? Sim, claro. As redes sociais estão cheias de amizades verdadeiras. Isso é impossível? Não. A pandemia está cheia de casos de amigos virtuais de sucesso. Que bom. A pandemia está fazendo as pessoas reverem o que significa amizade. Amizade de verdade.

A dor e o amor mesma cidade e até mesmo num mesmo bairro. O que representa essa lacuna afetiva no seio da família? Quais os danos mentais serão catalogados num futuro bem próximo? São questionamentos que não podem ser medidos na sua intensidade, mas, podem ser observados de quanto de dano mental está sendo desenvolvido pela tristeza, estresse, ansiedade e até mesmo pelo número de suicídios que estão sendo catalogados.

Família, novo conceito? A pandemia está fazendo os familiares reverem o conceito do que, realmente, é família. Para que serve família? O que representa uma família? Podemos viver sem família? Podemos viver isolados da família? Família é porque tem o mesmo sangue? Somente ter o mesmo sangue pode ser considerado família? Família vai além de ter o mesmo sangue? São questionamentos que estão sendo revistos com a pandemia. Isso é bom? Isso é ruim? Só o tempo vai esclarecer. Tudo é muito incerto e ainda inexplicável. Não temos certeza de nada, nada. Mas a família continua sendo um esteio de pessoas que vivem em comunidade e que, por conseguinte, precisam de proteção e afeto e é a família que tem essa função. Família: haverá antes e o depois da pandemia?

Tolerância e pandemia O invisível vírus está mudando o conceito de tolerância? Acredito que sim. Isso é bom? Isso é ruim? Quanto de tolerância, para com o(a) outro(a), precisamos para vivermos melhor em comunidade? A pandemia está nos impondo mais tolerância com o(a) outro(a)? Isso é bom? Isso é ruim? Ainda não sabemos exatamente o que está acontecendo. Mas a

tolerância precisa ser uma atitude humana mais intensa porque ela está sendo buscada em nome da convivência em comunidade, inclusive no seio da família.

Não resta nenhuma dúvida de que a pandemia está sendo traumática para a população. O que podemos tirar de bom dessa pandemia? Que conceitos precisamos rever? Uma experiência traumática – pandemia – faz a gente crescer? Claro! Por que não aprender ainda mais com a dor? Se não fosse o invasor externo – incômodo/dor – numa ostra, não existiria uma pérola. Então, por que não aprender, também, com a dor? O melhor é aprender com o amor; mas se aprende mais com a dor. Vamos aprender com a pandemia?

Psicoterapia e pandemia A pandemia é uma dor que uma psicoterapia pode amenizar. Vamos aprender com a pandemia, na psicoterapia?

Respeito e pandemia O que é respeito? O que representa o conceito de respeito? O que representa o conceito de respeito para com o(a) outro(a)? Seja o(a) outro(a) amigo, colega, cônjuge, irmão/irmã, filho/filha, sobrinho/sobrinha, tio/ tia, pai ou mãe, enfim? É preciso rever o conceito de respeito? Para que serve respeito para com o(a) outro(a)? A pandemia está nos impondo um novo conceito de respeito? Esse questionamento é bom ou ruim? É bom respeitar o(a) outro(a)? É bom ser respeitado? São questionamentos que precisam ser refletidos para que a pandemia sirva, pelo menos, para que as relações possam mudar; para melhor.

Amigos e a pandemia

Para que servem amigos? Amigos são fundamentais? Em que momento? Na tristeza? Na alegria? Existem amigos de verdade? Sim. Existem amigos virtuais, de

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@uol.com.br Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Guilherme Palmeira, o mais digno político alagoano osso primeiro encontro foi no antigo restaurante Fora campanha. Ponderei por causa do jornal, mas ele opinou

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nace, em uma sexta-feira do mês de maio de 1974. Fui apresentado a ele pelo amigo comum Manoel Cavalcanti (Manduca). Foi uma conversa que começou no almoço e se prolongou até o fim da tarde. Uma semana depois recebo um telefonema seu, no Jornal de Alagoas, me convidando para ir com ele ao interior, queria conversar comigo. No sábado logo cedo me apanhou em casa e partimos em direção às cidades de São Miguel dos Campos e Igreja Nova, onde teria contatos políticos como candidato a deputado estadual. Na viagem me impressionou seu carisma, suas propostas para Alagoas sobre as quais conversamos e o seu modo de ver o mundo. Já de volta para Maceió me convidou para trabalhar com ele durante

que dava para conciliar. Começou aí meu ingresso no mundo político e uma amizade que duraria 46 anos. Após sua eleição para um segundo mandato foi escolhido presidente da Assembleia Legislativa e eu fui ser seu chefe de Gabinete. Em sua gestão fez transformações importantes na casa, sendo a primeira delas uma reforma administrativa completa dinamizando os trabalhos e valorizando o funcionalismo, realizou seminários e debates políticos no parlamento. Trouxe figuras de expressão nacional como o jornalista Carlos Castelo Branco, o deputado Alceu Collares, que viria a ser governador do Rio Grande do Sul, e o também jornalista Carlos Chagas além de outras figuras de peso.

A candidatura a governador Incentivado pelo então governador Divaldo Suruagy e apoiado pela maioria dos deputados estaduais e lideranças políticas, decidiu lançar seu nome como candidato ao governo do Estado em eleições indiretas com escolhas feitas pelo Palácio do Planalto, em plena ditadura. Concorreu com os então deputados federais Geraldo Bulhões e José Alves, que se lançaram com o apoio de fortes setores de Brasília, inclusive o general Golbery do Couro e Silva, então o homem mais poderoso do governo militar. Todas as manobras foram feitas para derrotar Guilherme. Pesava contra ele o irmão comunista Vladimir Palmeira e levantaram até histórias de sua juventude e imaginem: até o fato de “gostar de beber”. Fomos para Brasília ele e eu e lá ficamos por quase dois meses em um hotel, desfazendo boatos e acompanhando de perto o final da decisão. Sem dinheiro fomos “sustentados” pelos deputados Nelson Costa e José Tavares, além do amigo Mendes de Barros. Praticamente todos os dias ele era governador e no mesmo dia deixava de ser. Com muitos amigos na imprensa brasiliense e sob o comando do jornalista Albérico Cordeiro, as notícias eram sempre favoráveis. Certo dia nos chega a notícia fatídica “Guilherme não será o escolhido”. De imediato Divaldo Suruagy, decidido ao tudo ou nada, pediu audiência com o presidente Ernesto Geisel e por ele foi recebido. O general presidente tinha muita afeição pelo governador alagoano. Eu fui levado ao médico por complicações intestinais (decorrente do nervosismo) e me restabelecia em reunião com nossa tropa. Pouco se conversava diante da expectativa. De repente toca o aguardado telefonema. Albérico Cordeiro atendeu, era Surua-

PARA REFLETIR: Pedro, o homem púbico não se pertence, nem os bens públicos pertencem ao homem. Faça sua história sempre com exemplos de dignidade”. (Um conselho que recebi de Guilherme Palmeira)

Uma história digna para contar Costumo dizer que Guilherme Palmeira foi o político mais digno da história contemporânea de Alagoas e não é exagero. Foi um governador austero e montou uma equipe de jovens craques para lhe auxiliar. Bateu recordes em realizações e saiu consagrado para ser candidato a senador. Seu caminho político o levou à Prefeitura de Maceió, a ocupar os mais altos cargos dentro do Senado e na direção nacional partidária e depois como ministro do Tribunal de Contas da União. Foi um grande conciliador e participou ativamente como um dos líderes da redemocratização do país.

O homem Guilherme Palmeira

gy. Ficou pálido e desligou com o aspecto entristecido. Todos sem ação, quando ele se aproxima de Guilherme e berra chorando: “É você o governador, porra!”. No outro dia descemos no aeroporto dos Palmares e Guilherme foi recebido por uma multidão.

Se existe um ser que pode usar essa palavra, principalmente um político chama-se Guilherme Palmeira. Com ele era assim: palavra dada, palavra empenhada. Admirado por seus amigos e respeitado pelos adversários (que nunca foram inimigos), vaidade zero. Os cargos que ocupou sempre foram menores do que sua integridade, o poder jamais o envaideceu. Se não gostava de algo dizia e não mandava portador. Eu o conheci profundamente, ao ponto do jornalista Arthur Gondim se referir a mim como “a sombra do Guilherme”. Tão bom que às vezes eu o achava que era um anjo enviado para fazer o bem, outras vezes tão exemplar em toda sua plenitude que se tornou meu herói, tão amigo e atencioso que virou meu irmão, às vezes pai. Sabia que ele iria, mas ainda confiava que ele era eterno. Foi-se e levou um pedaço de mim. •O jornal inteiro não daria para contar as histórias de Guilherme Palmeira, sua vida, trajetória, frustrações e vitórias. Deixo para contar no livro que estou já em construção – GUILHERME PALMEIRA. UM CIDADÃO.


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Constatação e gratidão

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Era Breda pra todo lado. Numa das lápides, até o nome da neta que nos acompanhava lá estava. Foi nesse momento que vi o porquê de meu avô, já no Brasil, pois aqui a língua o permitia, acrescentar ao nosso sobrenome o acento circunflexo. Era para diferenciar de tantas outras famílias, com o mesmo nome, descendentes de antigas e tradicionais comunidades judaicas da Península Ibérica.

JOSÉ MAURÍCIO BRÊDA

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N ECONOMISTA

erta feita, em viagem de carro pela linda Portugal, passamos pelos arredores de Águeda - sub-região da região de Aveiro - e lembramos que meu bisavô teria sido notário em um cartório daquela cidade. Adentramos e fomos explorando a pé sua rua principal, muito conhecida em determinado período do ano por ser decorada com sobrinhas coloridas, abertas e invertidas, formando um lindo teto. No meio do percurso, deparamo-nos com uma escadaria, com degraus pintados em cores vivas, e resolvemos enfrentá-la. Chegando ao topo, na primeira visão, havia uma repartição pública e um cemitério. Enquanto fui à repartição tomar algumas informações, meu pessoal visitava o campo-santo. Logo após, segui seus passos e, quando me aproximei da turma, pediram que tomasse cuidado com meus parentes. Eram tantos que parecia uma pegadinha. Era Breda pra todo lado. Numa das lápides, até o nome da neta que nos acompanhava lá estava. Foi nesse momento que vi o porquê de meu avô, já no Brasil, pois aqui a língua o permitia, acrescentar ao nosso sobrenome o acento circunflexo. Era para diferenciar de tantas outras famílias, com o mesmo nome, descendentes de antigas e tradicionais comunidades judaicas da Península Ibérica. O nome teria sido adotado por advirem da cidade de Breda, na Holanda, sempre perseguidos pela Inquisição. Teriam fundado a aldeia portuguesa de Breda no distrito de Viseu - submersa para a construção de uma barragem - outra na Espanha - ao norte de Barcelona - e, na Itália, a Comuna Breda di Piavi. Súbito, meu pensamento vol-

ta-se para o Brasil e mais precisamente para a histórica Penedo, de grandes tradições europeias em seus casarios, quando lembro de dr. Francisco Sales, da Casa do Penedo, dizendo ter aparecido em trabalhos de recuperação, afrescos da imagem de São José sob a autoria de um Brêda. Prontamente, dirigime a Penedo e pude testemunhar, pela primeira vez, uma pintura de meu avô. Dizer que era dele, simplesmente, por causa do acento circunflexo, pouco adiantaria. Com fotos gentilmente cedidas pela Casa do Penedo, pude constatar a verdade. Sua assinatura na pintura tinha as mesmas características de outra, feita em uns versos oferecidos a meu irmão mais velho, também Carlos, a quem nominou de Carlos Terceiro. Meu pai seria o segundo. Não sabia eu que essa constatação serviria como prova de sua autoria, citada em 2015, na dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPAM - como pré-requisito para obtenção do título de Mestre em Preservação do Patrimônio Cultural pela professora alagoana

Mariana Aline Barbosa Pereira, da Ufal - Campus Arapiraca, sob o título: “As pinturas murais no casario de Penedo, Alagoas: um inventário da produção muralista do século XIX”. Honrou-me, sobremaneira, ter, de alguma forma, dado minha contribuição ao seu trabalho quando ela diz que “Não há muitos casos de pintores com identidade conhecida em Penedo”. “No entanto há em uma das residências pesquisadas a assinatura de Carlos Brêda que, segundo informações orais se-

ria italiano. Mas pesquisas realizadas pela Casa do Penedo afirmam que era um português. No artigo intitulado ‘Os genes e memes de meu avô’, publicado na Gazeta de Alagoas em 12 de março de 2011, seu neto José Maurício Gama Brêda explica que não chegou a conhecer o avô português, apenas sabe que chegou ao Brasil no final do século XIX e que realizou pinturas por todo o Nordeste”. À professora Mariana Aline Barbosa Pereira, a minha gratidão por atestar e introduzir, na História do Patrimônio Artístico e Cultural Brasileiro, as pinturas da autoria de meu avô.


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N APOSENTADA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

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á perdi um prêmio de melhor cronista do ano porque os julgadores acharam que escrevo demais sobre a Assembleia Legislativa de Alagoas. Fui processada várias vezes por que denuncio, há muitos anos, o Legislativo alagoano e os juízes acham que preciso apresentar mais provas, apesar de os repetidos escândalos que envolvem a Casa de Tavares Bastos serem públicos e notórios. De repente, penso que estando perto dos oitenta anos, velha, como eles

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Nada mudou

ALARI ROMARIZ TORRES

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me chamam, preciso descansar e deixar que a corrupção continue grassando naquela Casa. Mas as injustiças são tantas que não consigo ficar calada. Quando vejo 900 comissionados receberem salários dobrados, sem cortes, sem redutor, minha língua coça. Os senhores deputados criam leis inconstitucionais, apesar de serem alertados pelos assessores, derrubam a mesma lei, mas continuam aplicando o ato inconstitucional apenas para os pagãos. Os afilhados recebem salários sem os cortes ilegais. E nada acontece! O pior é saber que a lei inconstitucional foi redigida por um companheiro, ciente do erro que cometia. Alguns amigos alertaram o colega: “Avise à Mesa Diretora que não pode aprovar tal projeto”. Entretanto, a coragem foi pouca e o pobre coitado obedeceu ao insano deputado. Há vários anos estamos sofrendo, perdendo valores por conta do insensato dirigente. Quando algum servidor mais equilibrado o avisa para corrigir o erro, o dono da bola responde: “Não me fale nesse assunto!” E haja canetada sobre os pagãos. O Legislativo alagoano vive num

regime ditatorial. Só vigora a vontade do “rei”, cercado de “laranjas” que a ele obedecem cegamente. Os inativos são mantidos com um pé na Assembleia e outro no Alagoas Previdência sem a mínima segurança. Os dirigentes do órgão previdenciário aceitam de cabeça baixa as imposições do nosso “rei” desde 2015. Recebemos pelo Alagoas Previdência e nossa vida funcional se encontra toda, todinha, na Assembleia Legislativa. Longos anos de sofrimentos, humilhações e incertezas. Administrativamente nada se resolve na Casa de Tavares Bastos. Lá existem dois caminhos: o da bajulação ou o processo judicial. A palavra mais ouvida da boca do Sr. Presidente é: Judicialize! Quando ganhamos na Justiça é outra novela para implantar o direito adquirido. Outro dia ocorreu um fato interessante: a Mesa Diretora não abria mão de só pagar aos inativos no quinto dia do mês seguinte. As entidades representativas dos servidores lutaram para que todos, ativos e inativos, recebessem no mesmo dia. “Não posso”, dizia o dono da Casa! Um belo dia, estoura uma alegre

notícia: os velhinhos vão receber seus salários até o último dia do mês corrente. Todos ficaram assustados com o milagre! Quem conseguiu tal feito? Quem foi o pai da criança? Aí, o presidente emocionado, respondeu: “Atendi ao pedido da mãe de um deputado amigo meu”. Todos os obstáculos caíram por terra! De repente, descubro que tal lei inconstitucional, derrubada pelos próprios autores, está sendo aplicada apenas aos sem padrinhos. Lembro-me, então, da célebre frase: para os inimigos, a lei; para os amigos, as benesses. Temos três entidades representativas de ativos e inativos que lutam como podem, mas dependem da autorização do ditador. A elas meus respeitos e minhas condolências por terem que lutar com semelhantes dirigentes. E assim, vivemos nós, inativos da Assembleia Legislativa de Alagoas: um pé na Praça Pedro II e outro na Avenida da Paz. E por favor, amigos da Justiça: Não me condenem mais; sou uma pobre velha, sofredora, injustiçada, com quase 80 anos. Deus existe. Não duvidem!

Temos três entidades representativas de ativos e inativos que lutam como podem, mas dependem da autorização do ditador. A elas meus respeitos e minhas condolências por terem que lutar com semelhantes dirigentes.


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Lá vem o Brasil descendo a ladeira...

ELIAS FRAGOSO N ECONOMISTA

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onta a lenda que João Gilberto, ao ver uma mulata descendo do morro, criou a frase “lá vem o Brasil descendo a ladeira”, que Moraes Moreira e Pepeu Gomes eternizaram na magistral música que marcou o final dos anos 1970 e os anos 1980 em homenagem ao mestre João. Saindo da esfera poética para o descampado da realidade atual deste país, adaptada, a frase é a perfeita conjunção dos males que estamos enfrentando. À pandemia atual – a maior de todos os

tempos – soma-se a crise política vivenciada por uma gestão federal desatinada e a crise econômica que já presente, mas que será sentida em sua plenitude no pós Coronavírus. Estudo recente de economistas da UFRJ indica que o fundo do poço de -3% do PIB indicado pelo FMI para o Brasil é, potencialmente, bem mais abaixo: até -11%! O estudo foi baseado na matriz insumo-produto adotada pelo IBGE em 2017, no âmbito do Sistema de Contas Nacionais. Mas é preciso se frisar que a FGV há dias estimou um tombo no PIB de até 14% e já houve até projeções de -20% para este ano. Correndo o risco de ser repetitivo, na grande depressão do final dos anos 1920 e início dos anos 1930, o PIB americano alcançou -5%. Esses números, aos olhos dos não iniciados, podem parecer algo distante. Nada mais errado. Cada ponto negativo do PIB equivale, grosso modo, a menos dois milhões de empregos. Ou seja, se o país chegar aos 14%

estimados pela FGV, por exemplo, significa que 28 milhões de pessoas vão perder seus empregos este ano. Portanto, alcança em cheio, sim, cada um de nós. E às empresas que ficam sem o seu bem de maior valor. Agora, não adianta os apressadinhos do negacionismo arguirem que é preciso “abrir tudo e logo, senão o país acaba”. Isso é sofismar com a vida alheia. Rapidinho: se abrir a epidemia explode, a rede de saúde já em pane acaba de se arrebentar, mais gente morre. E pior: de nada servirá para as empresas e para os empregos. A crise econômica já está dada. É inerente a situações desse calibre. Algumas empresas – mesmo com ajuda – vão quebrar. Outras serão incorporadas e as demais 19 milhões de unidades produtivas (segundo a Receita Federal/2020) seguirão em frente. Não é hora de se olhar para o detalhe. Há toda uma Nação a ser salva da débàcle pós-epidemia. O país está ameaçado de entrar em depressão acompanhada

por um quadro de deflação. Para quem não sabe que bicho é esse, e o que ele pode provocar na economia, deflação significa a queda generalizada e continuada dos preços. Bom! Alguém diria. Mas na deflação, empresas perdem receitas e – aí sim – podem quebrar aos montes, consumidores perdem renda (e reduzem compras) e o governo arrecada menos (minimizando sua já restrita capacidade de ajuda). Ah! Sim, a relação Dívida/PIB se arrebenta. É o caso de se dizer, usando linguajar médico, de falência múltipla da economia. A deflação é muito pior que a hiperinflação já vivenciada por aqui e que todos sabem o quão difícil foi. Aí entra o papel do BC em gerir o regime de metas. Neste caso, injetando fortemente grana para cobrir os deficits do governo (a PEC 10/2020 já autoriza) para evitar o perigo deflacionário. Mas não pode errar a mão na monetização, senão a situação que já está sendo muito difícil, pode virar convulsão social.

O país está ameaçado de entrar em depressão acompanhada por um quadro de deflação. Para quem não sabe que bicho é esse, e o que ele pode provocar na economia, deflação significa a queda generalizada e continuada dos preços.

Luz no fim do túnel: oportunidades em meio à crise

ISRAEL LESSA

N EX-SUPERINTENDENTE REGIONAL DO TRABALHO

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ados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o desemprego no Brasil atinge mais de 12 milhões de pessoas. A crise causada pelo novo Coronavírus afeta diretamente o mercado de trabalho em todo o mundo e deve se agravar nos próximos meses. Em meio ao caos uma alternati-

va positiva é aproveitar o tempo livre, provocado pelo isolamento social, e se preparar para a retomada das atividades através de cursos profissionalizantes. Empresas estão preocupadas com o rumo do mercado e essa corrente acarretou num movimento de liberação de centenas de cursos, em diversas áreas, que podem ajudar o brasileiro no pós pandemia. Grandes instituições de ensino estão oferecendo cursos e consultorias de forma gratuita na internet. A crise vai passar e o profissional precisa estar pronto para retornar e, se estiver mais qualificado, a absorção no mercado será mais fácil. A qualificação através desses serviços, liberados gratuitamente, é o melhor caminho nesse

momento. Essa é uma oportunidade de reverter o jogo e fazer com que a situação seja favorável para o trabalhador. Senai, Senac, FGV, Unit, Rock University, Fundação Bradesco e outras instituições disponibilizaram cursos com emissão de certificado e sem custos. Oratória, Gestão de redes sociais, atendimento ao cliente, estratégias de negócios e informática básica e avançada são alguns dos cursos disponíveis em diversas plataformas. Aos pequenos empresários aconselho que busquem possibilidades para reduzir os impactos da crise, que não desanimem e tentem todas possibilidades possíveis para salvar seus negócios. O Sebrae e Easymob liberaram consulto-

ria, microempresários devem procurar esses especialistas para receber uma orientação de como reagir à crise. Em Maceió a agência de comunicação ‘N’areia Digital’ produziu um e-book com orientações para empreendedores sobre o mercado do universo digital, e também se dispôs a produzir peças digitais para as redes sociais desses pequenos empreendedores afetados pela crise causada pela pandemia, na tentativa de atrair novos clientes para as pequenas empresas. Habilidades precisam ser aperfeiçoadas independente de área de atuação, pois quanto mais preparado o trabalhador ou o pequeno empresário estiverem, mais fácil será sua inserção no mercado de trabalho.

Aos pequenos empresários aconselho que busquem possibilidades para reduzir os impactos da crise, que não desanimem e tentem todas possibilidades possíveis para salvar seus negócios.


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SAÚDE

Banco de Sangue da Santa Casa de Maceió precisa da doação de todos os tipos de sangue Doações atenderão à alta demanda por transfusões dos pacientes cirúrgicos e oncológicos de urgência e emergência da instituição

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m tempos de pandemia muita gente tem deixado de doar sangue, comprometendo estoque dos hospitais. O Banco de Sangue da Santa Casa de Misericórdia de Maceió é um dos que precisam da doação de todos os tipos de sangue. A situação é ainda mais urgente para os tipos O e A negativos e B positivo. As doações irão atender à alta demanda por transfusões dos pacientes cirúrgicos e oncológicos de urgência e emergência da instituição. A unidade fica em um prédio separado do hospital, na Rua Barão de Maceió, 354, Centro. “Apesar de estarmos passando por uma pandemia, os tratamentos não param. Precisamos manter o estoque, pois a demanda deles continua alta. Dependemos de doações para atendermos às solicitações de transfusões e, dessa forma, possamos garantir a segurança destes e outros pacientes”, explica a assistente social Luiza Iná-

cio dos Santos. Para evitar aglomerações, o Banco de Sangue da instituição disponibiliza o agendamento da doação. Ele pode ser feito por meio do telefone 2123-6240 e o doador deve chegar dez minutos antes da hora marcada para preencher ou atualizar seu cadastro. Com a pandemia, a Anvisa e o Ministério da Saúde atualizaram os critérios técnicos para triagem clínica dos candidatos à doação de sangue relacionados ao risco de infecção pelo novo coronavírus (Covid-19). De acordo com as recomendações, os candidatos que viajaram ou que sejam procedentes de

países com transmissão local e casos confirmados da doença serão considerados inaptos para a doação, por um período de 14 dias após a chegada da viagem. Já as pessoas que tiveram diagnóstico clínico ou laboratorial de infecção pelo novo coronavírus serão consideradas inaptas por um período de 30 dias após a completa recuperação da doença – isto é, quando estiverem sem nenhum sintoma ou sequelas que possam contraindicar a doação. Para os candidatos que tiveram contato, nos últimos 30 dias, com pessoa com diagnóstico clínico ou laboratorial do novo coronavírus, o período

de inaptidão será de 14 dias após o último contato. Por último, os candidatos à doação de sangue que estejam em isolamento voluntário ou indicado por equipe médica, devido a sintomas de possível infecção pela covid-19, serão considerados inaptos pelo período que durar o isolamento (no mínimo 14 dias), caso não apresentem sintomas. De acordo com o documento, não existe evidência, até o presente, de transmissão transfusional dos coronavírus, ou seja, por procedimentos de transfusões de sangue. Portanto, as orientações são medidas de precaução.

CRITÉRIOS BÁSICOS PARA DOAÇÃO: - Estar alimentado e em boas condições de saúde; - Ter idade entre 18 e 60 anos; - Portar documento oficial c/foto: (Identidade, Habilitação, Reservista com foto ou Carteira Profissional); - Pesar a partir de 55 kg; - Não ingerir bebida alcoólica no dia anterior; - Dormir pelo menos 6 horas durante a noite. HORÁRIO DE DOAÇÕES: Segunda à sexta feira das 07:00 às 16:00 horas – O estacionamento é gratuito. MAIS INFORMAÇÕES PELOS TELEFONES: 2123-6098 ou 2123-6240.


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JUSTIÇA FEDERAL

Suspenso concurso para engenheiros em Delmiro Gouveia Ação ajuizada pelo Crea exige cumprimento da legislação que estabelece piso salarial da categoria

ASSESSORIA/CREA-AL

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o último dia 27 de abril, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL) recebeu a decisão da juíza Camila Monteiro Pulin, títular da 11ª Vara Federal Cível, situada no município de Santana de Ipanema, que concedeu liminar ao Crea suspendendo o concurso público para os cargos de engenharia que a prefeitura de Delmiro Gouveia vai realizar. A decisão ocorre após o conselho contestar o irrisório valor do salário, que infringe as leis federais 5.194/66 e

4.950-A/66. O certame, que oferece quatro vagas para engenheiros, contraria as leis do piso salarial quando oferece vencimentos de R$ 1.443,00 para engenheiros civil, agrônomo e ambiental. Já o profissional de segurança do trabalho receberia R$ 1.729,00. A juíza determinou, em meados de abril, a suspensão do pleito apenas nos cargos de engenharia até que o município de Delmiro Gouveia promova alterações que passem a acompanhar o que a legislação determina. O não cumprimento da decisão vai acarretar em multa diária de até R$ 1.000 por dia ao município. O Crea-AL afirma que os valores estão muito inferiores ao que a legislação obriga. Além da Lei Federal de nº 4.950-A de 22 de abril de 1966, que garante o piso mínimo equivalente a 6 (seis) salários mínimos para os vencimentos iniciais da carreira, o artigo 82 da Lei

Federal nº 5.194/66 regula o exercício da profissão de engenheiro e também reforça sobre a obrigação do cumprimento do piso salarial. A ação foi movida pelo conselho no início de março, após o lançamento do edital seletivo. O Crea-AL vem realizando um trabalho de valorização profissional junto às prefeituras, assim como também tem recebido denúncias de profissionais sobre este e demais concursos no estado. O presidente Fernando Dacal destacou que a instituição continua atenta às práticas ilegais dos municípios, principalmente neste tipo de desvalorização de uma profissão extremamente técnica e ligada ao desenvolvimento do País. “O Crea-AL vem cobrando que os gestores tenham a sensibilidade de valorizar esses trabalhadores que tanto colaboram com o progresso. Até porque no momento em que se inauguram escolas, rodovias e hospitais, a

Fernando dacal cobra respeito ao piso salarial dos engenheiros

publicidade sempre acontece. Mas antes da entrega, há sempre um grande trabalho de planejamento e gerenciamento das obras”, disse o presidente. Dacal ainda complementa que o Conselho vem executando um convênio de cooperação técnica com o Tribunal de Contas do Estado. “O TC

sempre caminha conosco no quesito fiscalização. É importante que os gestores tenham sempre a consciência de cumprir a legalidade”, completou. O Crea está recebendo denúncias sobre salários abaixo do piso em concursos públicos por meio do WhatsApp (82 2123 0866) ou pelo site www.crea-al.org.br.


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ECONOMIA EM PAUTA

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

Endividados

Débito virtual

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s maquininhas da Cielo vão começar a receber pagamentos realizados com o cartão de débito virtual do auxílio emergencial, disponibilizado pela Caixa. De acordo com a empresa, o uso do cartão virtual da Poupança Social Digital será possível na maquininha inteligente LIO, por meio de um novo app desenvolvido especificamente para ela. Com isso, os beneficiários do auxílio oferecido pelo governo durante a pandemia do novo Coronavírus não precisarão sacar o dinheiro na Caixa para pagar as compras em lojas.

Aposentados do INSS O Tribunal Regional Federal da 1ª região atendeu a um recurso do Banco Central e determinou a suspensão de uma decisão de primeira instância que proibia os bancos de realizarem, por quatro meses, desconto em folha dos empréstimos tomados por aposentados do INSS ou servidores públicos. O desembargador federal Augusto Pires Brandão afirmou em sua decisão que a liberação de cerca de R$ 3,2 trilhões pelo Banco Central “não chegou, em sua grande totalidade, às mãos daqueles atingidos pela pandemia”.

Uma pesquisa da Boa Vista revelou que 52% dos consumidores no Brasil não conseguirão pagar as contas ou somente serão capazes de quitar metade dos compromissos financeiros neste mês de maio. Conforme o levantamento realizado com 600 brasileiros, 80% disseram que já fizeram revisão no orçamento familiar. Para 56% dos entrevistados, deixar as contas em dia será possível, no máximo, por dois meses, enquanto 12% disseram ter condições para isso entre três e quatro meses.

Limite do cartão Uma prática americana pode ser copiada no Brasil nos próximos meses. Grandes emissoras de cartões nos Estados Unidos começam a diminuir os limites de crédito dos clientes, enquanto a pandemia de Coronavírus deixa milhões de americanos desempregados e com dificuldades para pagar empréstimos. O mesmo aconteceu durante a crise financeira de 2008, quando bancos atingidos por perdas com hipotecas acabaram frustrando clientes ao reduzir limites de crédito, às vezes até mesmo para bons pagadores.


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

O desentendimento

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cidade de Santana do Ipanema-AL vivia o momento da pré-campanha para as futuras eleições municipais. Os acordos, as composições e as alianças falavam alto. Os deputados Marcos Ferreira e Isnaldo Bulhões sentaram à mesa para tentar definir uma chapa majoritária. A mãe de Isnaldo, Dra. Renilde Bulhões, e o tio de Marcos, Paulo Ferreira, eram pré-candidatos naquele município sertanejo. Marcos propôs: - Isnaldo, sua mãe será a vice do meu tio. Você sabe, tio Paulo está com idade avançada, pouca saúde, poderá morrer até no primeiro ano de mandato e nesse caso, que tem tudo para acontecer, a sua mãe assumirá definitivamente a prefeitura. Isnaldo reagiu, indignadamente: - Vá enganar a peste, Marcos! Não conheço Ferreira que não tenha pelo menos um palmo de orelha. O que morreu mais moço, até hoje, foi Pedro Ferreira com oitenta e nove anos de idade. Eu jamais vi proposta tão indecente! E Marcos: - Vocês, Bulhões, são muito difíceis de conversar.

TEMÓTEOCORREIA

N EX-DEPUTADO ESTA-


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FERNANDO CALMON

n jornalista

Central multimídia VW Play foi projetada em três anos

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sforços para desenvolver tecnologia localmente estão dando bons resultados. Exemplo do sistema multimídia VW Play que vai estrear no próximo lançamento da marca, no final de junho. O SUV cupê compacto Nivus foi projetado no Brasil, no centro técnico da VW de São Bernardo do Campo (SP). José Carlos Pavone e sua equipe desenvolveram um estilo tão atraente que o carro será fabricado também na Espanha. Outro desafio: criar uma central de comunicação de última geração, a partir do zero, que pudesse se destacar dos equipamentos já existentes em veículos produzidos aqui e mesmo importados. Para isso algumas startups brasileiras foram contratadas e 50 pessoas participaram do projeto ao longo de três anos. A central multimídia inova com HD interno de 10 GB e tem 10,1 polegadas, a maior tela entre as oferecidas hoje em modelos nacionais entre eles Jeep Compass (8,4 polegadas) e Chevrolet Tracker (8 polegadas). A resolução da tela é alta (1.540 x 720 pixels) e o brilho também, com precisão de toque semelhante aos melhores celulares. Há uma loja com sete aplicativos pré-instalados entre eles Waze, Estapar (estacionamento e Zona Azul), iFood, Porto Seguro e Sem Parar (transponder adesivo para pagamento de pedágios virá de fábrica com três meses de gratuidade), além do serviço de streaming Deezer (música) e uBook (áudio-livro).

O sistema não prevê internet a bordo igual ao que a GM oferece com roteador e um chip dedicado da operadora de telefonia Claro, mas exige conta extra do plano de dados. A VW acredita que clientes de modelos como o Nivus já têm planos com sua operadora que cobrem as necessidades de dados e dispensariam assim pagar mais uma conta. Também está planejando disponibilizar nas concessionárias, como acessório, roteador em pen drive com antena interna para aumentar o alcance do VW Play. Os modelos da GM, porém, dispõem de antena externa e podem rotear wi-fi para até sete celulares ou tabletes. A conexão do celular com a central VW Play é feita sem cabo apenas para o sistema operacional iOS, da Apple, enquanto o Android exige cabo. Segundo a consultoria GFK, em 2019, 57,4% do mercado de celulares no Brasil, na faixa de R$ 4.000 para cima, está dominado por Android (de várias marcas), enquanto a Apple fica com 42,6%. A VW afirma, sem marcar prazo, que virá uma atualização para atender ambos os sistemas. Também não há carregamento do celular por indução. A central da nova picape Strada, à venda nas concessionárias provavelmente em julho, pouco antes que o Nivus (previsto para agosto), já atende iOS e Android sem cabo. Há rumores que a Fiat também estaria acertando com a operadora TIM oferecer, como a GM, internet a bordo roteável para vários aparelhos.

CAMPANHA DE SEGURANÇA MAIO AMARELO 2020

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epois de sete anos de ações contínuas, a Campanha Maio Amarelo do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) este ano está prejudicada, mas não suspensa. Por conta da pandemia do coronavírus, as duas aberturas previstas, uma em Blumenau (SC) e outra em Montevidéu, capital uruguaia, foram suspensas. Em comum acordo com o Denatran as ações presenciais ficaram para setembro, quando se realiza a Semana Nacional de Trânsito. O Maio Amarelo 2020 acontecerá somente mediante contato virtual em sites, redes sociais ou aplicativos de mensagens instantâneas por celulares, computadores e tabletes. O Maio Amarelo levará mensagens de um trânsito seguro mesmo sem o encontro de pessoas. Mote deste ano: “Perceba o risco. Proteja a vida”. Aos smartphones caberá a maior penetração prevista por meio de GIFs, vídeos curiosos, figurinhas, mensagens de áudio, posts e stories em todos os canais mais populares como Instagram, Twitter, YouTube e Facebook.

Para Aurélio Ramalho, presidente do ONSV, há certa acomodação em relação ao tema. E dá exemplos. “Imagine se a imprensa noticiasse os acidentes de trânsito como uma pandemia. Seria mais ou menos assim: • Ontem o trânsito matou 90 pessoas no Brasil e esta tem sido a média dos últimos 12 meses. • A maioria dos estados brasileiros tem números alarmantes de acidentes de trânsito. • Chegamos a mais de 32.000 mortos no trânsito em um ano. • Dos leitos nas emergências dos hospitais, 60% vêm sendo ocupados por acidentados de trânsito. • Diariamente, mais de 650 pessoas deixam os hospitais com sequelas permanentes. • Em um ano teremos em torno 235.000 indivíduos com algum tipo de invalidez. • O país gasta por dia cerca de R$ 130 milhões, ou seja, quase R$ 50 bilhões anuais em razão de acidentes de trânsito. Isso significa aproximadamente 60% do que será economizado pela reforma da Previdência Social em 10 anos”. O site oficial está em https:// maioamarelo.com/


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GUILHERME PALMEIRA Será lembrado como um dos grandes homens públicos de Alagoas, afirma José Carlos Lyra

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o dia 9 de novembro de 1995, Guilherme Palmeira subiu à Tribuna do Senado para proferir um discurso em favor da industrialização do Estado de Alagoas. Integrante da bancada do então Partido da Frente Liberal (PFL), Guilherme defendeu um plano do governo para captação de novos investimentos, notadamente para implantação de novas indústrias. “Um programa ousado, dentro da meta perseguida pelo governador Divaldo Suruagy de gerar emprego e renda, retirando o Estado da histórica e incômoda posição de dependência da agroindústria sucroalcooleira. Uma iniciativa que fará Alagoas encontrar o caminho para o seu desenvolvimento industrial, possibilitando, com isto, mudar o perfil econômico e social de nossa população”, afirmou ele, naquele pronunciamento. Esse discurso é lembrado agora, quando Alagoas lamenta a morte do ex-senador, que faleceu na última segunda-feira, 4. “A Indústria de Alagoas deve muito a Guilherme Palmeira, um amigo pessoal, um político comprometido com o engrandecimento de nosso Estado. Sua morte é uma grande perda para Alagoas e para o Brasil”, afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), empresário José Carlos Lyra de Andrade. O dirigente da Fiea juntou sua voz a todas aquelas que lembraram o ex-senador por sua atuação políticoparlamentar, defendendo de pronto o interesse público, e pela inegável capacidade de fazer e preservar amigos. “Como deputado estadual, governador e senador, Guilherme Palmeira ajudou a construir o desenvolvimento da Indústria alagoana”, declarou José Carlos Lyra de Andrade. Ao destacar a importância de Guilherme, o presidente da Fiea lembrou ainda sua atuação como ministro e vicepresidente do Tribunal de Contas da União (TCU), cargo que exerceu com dignidade e honradez, sendo exemplo para seus pares. Lyra lembrou ainda que, mesmo afastado da atividade político-eleitoral, o ex-senador nunca deixou de ser ouvido e respeitado por sua postura democrática e permanente compromisso com Alagoas e seu povo. “Meu querido amigo Guilherme Palmeira deixa um grande legado. Deverá ser lembrado como um dos grandes homens públicos de Alagoas”, afirmou José Carlos Lyra.


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ABCDOINTERIOR

n robertobaiabarros@hotmail.com

Crime eleitoral

PELO INTERIOR

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aiu como uma “bomba” na Câmara de Vereadores de Arapiraca a entrevista que o advogado criminalista e pré-candidato a vereador José Fábio Bernardo (PSL) concedeu ao radialista Alves Correia, da Gazeta FM Arapiraca, na manhã de quarta-feira, 6.

... O deputado estadual Tarcizo Freire (PP) parabeniza nesta semana todas as mães alagoanas, em especial as arapiraquenses, pela celebração de seu Dia, cuja data é comemorada neste domingo, 10 de maio. ... O parlamentar estende sua homenagem às funcionárias da Assembleia Legislativa, especialmente às que são mamães, sem esquecer também de sua mãe Aurora Freire e de sua esposa Cícera Sampaio Freire.

Voto por R$ 150 Conhecido profissionalmente e politicamente como JFB, o advogado disse, sem nenhuma cerimônia, que os vereadores estão fazendo cadastros de eleitores por R$ 150, além de adquirirem notas frias para justificar a gorda verba de gabinete. O advogado falou, ainda, que na festa de final de ano a Câmara, que recebe duodécimo na ordem de um milhão e duzentos e cinquenta mil, promoveu uma gastança de R$ 8 mil.

“Prática comum”

Pelo aumento

Quem ouviu a entrevista-bomba do advogado JFB certamente dirimiu qualquer dúvida em relação ao mau comportamento dos vereadores, ficando com a sensação de que na Câmara Municipal de Arapiraca é comum a prática de crimes eleitorais. Com a palavra o vereador e presidente do Poder Legislativo, Jário Barros.

Segundo informações do blogueiro Roberto Gonçalves, votaram a favor da derrubada do veto e consequente aumento salarial dos vereadores Agenor Leôncio, Cristiano Ramos, Maxuel Feitosa, Val Enfermeiro, Junior Miranda, Fabio Targino, Pedrinho Gaia, Dindô, Abraão do BMG e Ronaldo Raimundo Filho. Ausentes à sessão os vereadores Ana Adelaide, Joelma Toledo, Toninho Garrote, Madson Monteiro e Fabiano Gomes.

Foi combinado? O prefeito de Palmeira dos Índios procurou a imprensa para afirmar que vetaria o aumento salarial dos vereadores. E vetou mesmo. Porém, os vereadores se reuniram em sessão ordinária presencial (não respeitaram as recomendações de especialistas em tempos de pandemia) e derrubaram o veto.

Puxou para si De acordo com um vereador de oposição, o que houve foi um “arrumadinho”, já que o presidente Agenor Leôncio preferiu tomar para si a responsabilidade do desgaste. Em tempo: Agenor Leôncio deverá ser o candidato a vice-prefeito na chapa que será encabeçada pelo imperador palmeirense Júlio Cezar.

Novo salário O salário do vereador para a próxima legislatura será de R$ 8.700,00 mais R$ 2.500,00 de auxílio para atividades parlamentares, geralmente gastos em combustível.

Morte em Arapiraca A Secretaria Municipal de Saúde de Arapiraca divulgou, na tarde de quarta-feira (6), através de nota, mais dois casos de óbitos confirmados por Coronavírus. Um do sexo masculino, 34 anos, e um do sexo feminino, 42 anos, residentes dos bairros Olho d’Água dos Cazuzinhos e Canafístula. A Secretaria de Saúde ressalta que os dois casos estavam em investigação. O resultado dos exames foram enviados ao município neste dia 6 de maio, pelo Laboratório Central de Alagoas (Lacen).

... Tarcizo homenageia todas as mães do Brasil e do estado de Alagoas, ressaltando ainda as profissionais da área da saúde e segurança pública, mães que estão deixando seus lares para o enfrentamento da Covid-19 (Coronavírus).

Novos casos O caso do óbito do homem aconteceu na Unidade Sentinela. O da mulher, de acordo com informações do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), aconteceu na Santa Casa de Misericórdia de Maceió. A Secretaria Municipal de Saúde ainda informa a ocorrência de 10 novos casos positivos no município, nesta quarta-feira (6), somando 42 casos positivos.

São monitorados Entre os casos, três do sexo masculino e sete do sexo feminino, com idades entre 15 e 46 anos, residentes dos bairros Canafístula, Santa Esmeralda, Bom Sucesso, Planalto, Olho d’Água dos Cazuzinhos e Brasiliana. Todos os contatos estão sendo monitorados pelas equipes da Vigilância Epidemiológica do Município, Unidade Sentinela e equipes da Unidades Básicas de Saúde.

... Na opinião do parlamentar, o Dia das Mães é uma data muito especial, e deve ser celebrada todos os dias. “Meus amigos, maio é mês referente às mães, embora seja bom lembrar que dia das mães é todo dia. A mãe é capaz de doar a própria vida para salvar seus filhos. A esse ser divino nossa homenagem e eterna gratidão”, afirmou Tarcizo. ... Com o objetivo de evitar aglomerações e prevenir contra a Covid-19, a Prefeitura Municipal de Arapiraca recomendou que estabelecimentos comerciais adotem providências para evitar filas e aglomerações, uma delas é restringir o acesso para apenas uma pessoa do grupo familiar, preferencialmente fora do grupo de risco. ... A recomendação do Decreto 2.643 é válida para padarias, lojas de conveniências, mercados, supermercados, minimercados, atacarejos, açougues, peixarias, lojas do Mercado Público e estabelecimentos de alimentos funcionais, suplementos e congêneres. ... Agora, com a nova medida, fica limitada a entrada de apenas uma pessoa da família para fazer compras nos estabelecimentos mencionados. ... Nas filas de espera, tanto para acessar o comércio quanto dos caixas de pagamento, deverá ser respeitada a distância de 1,5 metro entre cada cidadão. ... De acordo com o decreto, só é permitida a entrada conjunta de um acompanhante quando se tratar de idosos ou pessoas com dificuldades motoras ou impossibilidade da presença desacompanhada e reduzir o número de vagas do estacionamento. ... Desejamos um final de semana com saúde e tranquilidade. A recomendação nestes tempos de pandemia do Coronavírus é ficar em casa. Até a próxima edição!


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MEIOAMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Descarte de máscaras

Vespas assassinas

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istas pela primeira vez nos Estados Unidos em dezembro do ano passado, a presença de vespas assassinas vem provocando alarme entre apicultores e entomologistas americanos. Capazes de dizimar uma colmeia de abelhas em poucas horas, essas vespas são as maiores do mundo e liberam uma toxina tão potente que pode causar a morte de uma pessoa que tiver levado várias picadas, mesmo se não for alérgica. Sua picada é descrita como extremamente dolorosa, e o ferrão é tão longo que pode penetrar até mesmo o traje de proteção usado por apicultores. Mas, segundo biólogos, elas só atacam humanos caso sejam provocadas ou se sintam ameaçadas. Para a população de abelhas, porém, sua presença pode ser devastadora, com impacto não apenas na produção de mel, mas também nas diversas culturas que dependem da polinização, como maçã, cereja, framboesa, mirtilo e amêndoas. Cientistas alertam para que as pessoas não tentem matar as vespas por conta própria nem tentem remover os ninhos e que, caso encontrem os insetos, entrem em contato com as autoridades.

Agora que o uso de máscara é obrigatório para todos em Alagoas, é importante que as pessoas se conscientizem também sobre o descarte adequado. As máscaras cirúrgicas, por exemplo, por conterem em sua composição o polipropileno, material usado na fabricação de embalagens, demoram mais a se decompor. Se descartadas incorretamente trazem um risco enorme para o meio ambiente, sujam os lençóis freáticos, os mares, e entopem canais, causando alagamentos. No caso da saúde, por estar em contato direto com o nariz e a boca das pessoas, as máscaras podem conter diversos tipos de vírus, entre eles, o causador da Covid-19. Por isso, é preciso ter cuidado na hora de retirar a máscara.

Esgoto na natureza No Brasil, um em cada dez domicílios ainda despeja os resíduos diretamente na rua ou na natureza, seja em fossas escavadas no terreno, valas, rios ou no mar. O número equivale a cerca de 9 milhões de lares em todo o território nacional que não têm acesso à rede de esgoto e crescem desde 2016. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua 2019, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em apenas um ano, esse número aumentou cerca de quatro vezes, passando de 2,2 milhões em 2018, o que representava 3,1% do total dos domicílios pesquisados, para 9 milhões em 2019, que representam 12,6% do total. Antes disso, em 2016, 2,8% dos domicílios depositavam os dejetos diretamente na natureza, o que equivalia a 1,9 milhão de casas. Na Região Nordeste, o índice chega a 22,1% ou 4,1 milhões de lares. Já no Sudeste, o percentual cai para 5,5% ou 1,7 milhão de domicílios.

Plantas medicinais A comunidade da Favela Sururu de Capote, na beira da Lagoa Mundaú, se uniu na construção de uma horta para fortalecer a imunidade e amenizar sintomas de doenças virais. A Farmácia Viva surge como forma de oferecer cuidados e prevenções acessíveis contra enfermidades ou mal estar que podem acometer a população na quadra chuvosa. A horta com plantas medicinais partiu do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), organização formada por moradores das comunidades que beiram a Mundaú. Implantada através de doações, a Farmácia Viva já concentra 30 espécies de plantas medicinais, entre exóticas e nativas, com destaque para o sambacaitá (Mesosphaerum pectinatum). No entanto, assim como os remédios de laboratório, não se deve exagerar no uso de plantas medicinais. O uso inadequado pode provocar efeitos colaterais indesejados, como o aborto por sambacaitá.

Menos lixo Com o isolamento social, a circulação de pessoas na orla de Maceió reduziu e, consequentemente, a geração de resíduos sólidos também. A Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes) registrou uma redução na coleta de resíduos encontrados nas praias durante o mês de abril. Antes do isolamento, eram coletadas cerca de 30 toneladas por dia. No cenário atual, este número caiu para 20 toneladas por dia, o que representa uma redução de 33%, se comparado a meses anteriores.


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INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Alagoas é destaque com pesquisa do Cesmac sobre pandemia da Covid-19

Estudo foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde ASSESSORIA/CESMAC

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ma pesquisa científica proposta por estudantes de Medicina do Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac) pretende entender melhor os aspectos emocionais relacionados ao isolamento social decorrentes da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). O título que trata sobre “Os efeitos da pandemia de coronavírus na saúde mental dos estudantes de ensino superior de Maceió-AL” pretende apontar soluções para a questão que vem crescendo desde o início de todo esse processo. A relevância do estudo foi reforçada com a aprovação no protocolo de pesquisas da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP, órgão ligado ao Ministério da Saúde. A iniciativa veio da acadêmica de Medicina Larine Lira pela identificação com o assunto. “Tenho um interesse especial por saúde mental, tive a ideia da pesquisa vendo artigos relacionados a essa questão de saúde com o isolamento social e procurei as professoras Camila Wanderley (módulo de Saúde Mental) e Aline Tenório

Larine Lira desenvolve a pesquisa sob a coordenação da professora Camila Wanderley

(módulo de Bases Cientificas da Medicina). Junto com minhas colegas nos dedicamos a escrever o projeto e enviá-lo para o comitê de ética nacional obtendo aprovação”, explica. A estudante diz ainda que este foi o único estudo de Alagoas a tratar sobre o tema aprovado pelo órgão de acordo com o site e boletim semanal publicado (ver Edição Nº 09) em http://conselho.saude.gov.br/ publicacoes-conep. “Nossa pesquisa tem como objetivo avaliar os impactos da pandemia de Covid-19 sobre os estudantes universitários de qualquer curso, desde que a instituição esteja localizada em Maceió. O estudante é convidado a participar voluntariamente preenchendo o questionário, que é bem

simples e rápido. Sabemos que esse período de isolamento tem sido muito difícil e o estudante de graduação vive muitas incertezas, portanto o nosso objetivo é avaliar como o estudante de ensino superior tem lidado com isso, como tem encarado o cenário atual. A ideia é conseguir dados que nos forneçam base para traçar melhores estratégias de amparo ao estudante”. De acordo com a professora orientadora do estudo Camila Wanderley, “estamos vivendo hoje uma situação de muitas incertezas e medo. A pandemia faz com que grande parte das nossas expectativas, projetos e previsões sejam questionadas, gerando a insegurança em relação ao futuro. Nos estudantes, além do medo com-

partilhado com a sociedade, vem também a mudança no fluxo das aulas (interrupções, férias antecipadas, novas modalidades de ensino), que gera uma maior apreensão em relação a um futuro acadêmico e profissional que estava em construção, sendo um gatilho para o abalo na saúde mental desse grupo em específico. A pesquisa vai munir com mais dados sobre os sintomas e transtornos mais prevalentes, quais os possíveis fatores pessoais e externos que podem estar relacionados a esse sofrimento mental e, dessa forma, conseguir auxiliar esses estudantes, com medidas que possam acolher e ajudar diante da conjuntura”, alerta. A docente é formada em Medicina pela Universidade

Federal de Alagoas (Ufal), tem residência em Psiquiatria pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE e atualmente é professora de Psiquiatria do Cesmac e da Ufal. “A pandemia da Covid-19 adquiriu proporções mundiais, cujos impactos econômicos, sociais e de saúde pública são, até a presente data, incalculáveis. Dentre os diversos impasses gerados nessa crise mundial está a temática da saúde mental dos indivíduos durante o período de isolamento social. Diversos estudos internacionais ressaltam que houve um aumento de indivíduos com problemas psíquicos que podem compreender desde ansiedade, ataques de pânico, depressão, estresse pós-traumático e inclusive o medo excessivo da morte”, afirma a docente Aline Tenório, coorientadora da pesquisa. COMO PARTICIPAR A pesquisa consiste em responder ao questionário on-line (acesse no link: https://bit.ly/covid19maceio) de forma voluntária, bem simples e rápido. Todas as respostas são anônimas, nenhum dado como nome ou e-mail do voluntário é solicitado. Para participar basta o estudante acessar o link e responder. Além de Larine Lira, também participam as alunas Manuela Silvestre, Mayara Amaral, Stefanie Pires e Victoria Nagila. O grupo criou uma página no Instagram @covidmaceio para ajudar na divulgação e captação de acessos e participações.


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