Edição 1072

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ANO XXI - Nº 1072 - 05 A 11 DE JUNHO DE 2020 - R$ 4,00

SAÚDE PRIVADA

Descaso da Unimed prejudica clientes em plena pandemia Maior plano de saúde do Estado extingue atendimento presencial, mas os serviços online não funcionam, deixando milhares de clientes sem alternativa para buscar soluções em questões de vida e morte. 9

FILHO DE JUIZ COMANDA ESQUEMA PARA EXTORQUIR PRESIDIÁRIOS Máfia é integrada por 4 advogados sob a liderança de Hugo Soares Braga, filho do juiz Braga Neto, titular da Vara de Execuções Penais 6

Supremo julga hoje ação milionária contra o Estado ELEIÇÕES 2020

LUCIANO BARBOSA DEIXA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO PARA DISPUTAR PREFEITURA DE ARAPIRACA 5

Processo trabalhista da extinta Febem tramita há 32 anos e indenizações chegam a R$ 500 milhões 8

PANDEMIA n

EMPRESA QUE DEU GOLPE DOS RESPIRADORES EM ESTADOS NORDESTINOS FOI CRIADA HÁ UM ANO 16 e 17

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MESMO COM CRESCIMENTO DE CASOS, GOVERNO DESCARTA LOCKDOWN EM ARAPIRACA 13


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COLUNA

CNPJ: 04246456/0001-97

Av. Aspirante Alberto Melo da Costa, 796 Ed. Wall Street Empresarial Center Sala 26 - Poço - Maceió - AL CEP: 57.000-580

EDITOR Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO Vera Alves CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS Rodrigo Medeiros

ARTE Fábio Alberto - 98711-8478 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 99982.0322 IMPRESSÃO Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal

extra DA REDAÇÃO

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Malfeitores do Direito

do corporativismo 1nal-queApesar ainda é forte - o Tribude Justiça de Alagoas tem se preocupado em preservar a imagem do Poder Judiciário ao punir magistrados que não honram a toga.

últimos anos o Pleno 2com-doNos TJ puniu vários juízes penas que vão da censura à aposentadoria compulsória, enquanto examina vários processos por improbidade e outros crimes envolvendo magistrados.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA

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- O mesmo não ocorre com 3Brasil a Ordem dos Advogado do em Alagoas (OAB-AL), que até agora não condenou nenhum advogado envolvido em falcatruas as mais diversas. E não são poucos.

lembrar que em todos 4ízes-osVale processos envolvendo judesonestos existe a participação de advogados em atos de corrupção, formação de quadrilha, extorsão e outros crimes. E até agora não se conhece nenhum deles que tenha sofrido qualquer tipo de punição pela OAB-AL, que só se preocupa em defender as prerrogativas de seus membros.

- E não é por falta de aviso. 5ticipação Escandalizada com a parativa de advogados

em fraudes processuais que envolvem magistrados, a Corregedoria de Justiça do TJ tem enviado cópia desses processos à OAB para apurar a conduta desses advogados, responsáveis por golpes milionários contra pessoas, empresas e os cofres públicos.

Ao fazer ouvidos de mer6cias-cador para graves denúncontra seus membros,

a OAB-AL passa a imagem de ser conivente com essas irregularidades e incentiva a impunidade de malfeitores travestidos de advogados. Muitos deles blindados em poderosos escritórios de advocacia.

Vende-se sentença

O juiz Galdino Vasconcelos, que responde a vários processos administrativos por atos de corrupção, até agora tem escapado da aposentadoria compulsória graças ao espírito de corpo do Tribunal de Justiça. Em todas as comarcas onde atuou, Galdino deixou sua marca registrada em processos fraudulentos que já renderam pelo menos meia dúzia de procedimentos administrativos instaurados pela Corregedoria do TJ. Mas até agora não foi julgado pelo Pleno do tribunal. As acusações contra o juiz vão da cobrança de propina em processos eleitorais ao recebimento de vantagens ilegais, passando por ações em defesa de traficantes e outros crimes que o credenciam a ganhar aposentadoria compulsória.

Corporativismo

A Corregedoria de Justiça do TJ tem feito um esforço e tanto na difícil tarefa de tirar de circulação juízes desonestos que sujam a toga e envergonham a magistratura. A luta tem surtido algum efeito com relação a juízes, mas quando se trata de denúncia envolvendo desembargadores, o corporativismo fala mais alto. Para esses, a única esperança de punição está no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cuja atuação tem merecido elogios da sociedade.

De volta à luta

Ainda abalado emocionalmente pela morte do pai, ao qual era muito ligado, e fisicamente, pela Covid-19 que o levou a duas internações, o ex-procurador-geral de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça Neto começa a se preparar para a batalha eleitoral de novembro. Protagonista principal do pleito municipal deste ano, Gaspar reiniciou os contatos políticos com aliados em busca de novos apoios na disputa pela Prefeitura de Maceió. Nessa batalha, seus principais adversários são João Henrique Caldas, o JHC, e Ronaldo Lessa.

Novo procurador

O promotor de Justiça Isaac Sandes Dias foi promovido ao cargo de procurador de Justiça e agora integra a administração superior do Ministério Público de Alagoas. Sertanejo de Pão de Açúcar, Isaac também é cronista de primeira linha e um dos colaboradores do Jornal EXTRA, cuja equipe o parabeniza pela nova missão no MP onde atua há mais de 25 anos a serviço da sociedade alagoana.

Neide do Acarajé

Popularmente conhecida como “Acarajé do Alagoinhas”, a famosa barraca de acarajé da Ponta Verde está de luto pela morte prematura de dona Neide, figura simpática que comandava o negócio da família junto com o genro Caubi, que acabou dando nome à barraca. Vítima da Covid-19, dona Neide era admirada por todos e sempre será lembrada pelos amigos e clientes de várias gerações.

Maragogi dá exemplo

Pela condição de polo turístico e município limítrofe, Maragogi corria o risco potencial de ser duramente atingida pela Covid-19 em proporções bem maiores que as demais cidades alagoanas. Mas graças ao trabalho do médico e prefeito Fernando Sérgio Lira, o vírus está sob controle e a cidade caminha para a normalidade, prevista para o início de julho. Pelos números da Secretaria de Saúde, até quarta-feira, 3, Maragogi registrava 8 mortos e 125 contagiados pela doença. Além dos nativos, a prefeitura atende pacientes de outras cidades da região, o que tem sobrecarregado os serviços de saúde local, sem a contrapartida de recursos públicos. “Apesar das dificuldades não podemos recusar quem nos procura em busca de atendimento médico”, diz o prefeito com sua vasta experiência em medicina comunitária. Lamenta apenas que até agora Estado e União só tenham repassado R$ 1,35 milhão para enfrentar a guerra contra o vírus até o final do ano.

Vidas em jogo

A rede hospitalar de Alagoas (pública e privada) não estava preparada para enfrentar a pandemia e muitos desses hospitais ainda funcionam amadoristicamente. Com estrutura física deficiente e pessoal médico despreparado, o atendimento às vítimas do vírus se transformou num salve-se quem puder. Dezenas de mortes atribuídas ao vírus, na verdade ocorreram por doenças preexistentes agravadas por infecção hospitalar e deficiência no atendimento médico. “Meu pai foi internado com infecção urinária, sem qualquer sintoma do novo Coronavírus. Lá contraiu o vírus e morreu dias depois”, diz o filho de uma das vítimas, revoltado com o descaso médico e a falta de estrutura do hospital.

Vidas em jogo 2

A coluna obteve informações de que alguns hospitais, na ânsia de ganhar dinheiro a qualquer preço, criaram alas exclusivas para atender as vítimas da pandemia, mas sem a infraestrutura hospitalar mínima necessária para cuidar dos doentes. “Estão mais interessados em receber os R$ 1.800,00 por diária de UTI pagos pelo governo federal”, desabafou o parente de outra vítima atendida por um desses hospitais. Tudo isso precisa ser investigado pelas autoridades. Afinal, vidas humanas estão em jogo.

Dívida da Coruripe

A Coruripe reestruturou sua dívida de R$ 1,7 bilhão após acordo com oito bancos. Entre os principais pontos negociados estão o alongamento do fluxo de pagamento de três para cinco anos e a redução de 1% ao ano no custo dos empréstimos, tanto em dólar quanto em real. Com a negociação, a usina alongou os prazos de vencimentos da dívida em relação à projeção da geração de caixa das atividades operacionais, o que permitirá fluxo de caixa com redução de R$ 400 milhões na necessidade de captação na safra atual. Pelo acordo, o cronograma de pagamento mudou, sendo 10% da dívida na safra vigente e de 15% em cada uma das próximas quatro safras, com liquidação dos 30% finais em


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IMPROBIDADE

Rosinha Jatobá perde recurso e vira ficha-suja Ex-prefeita de Jequiá da Praia perde direitos políticos e terá de devolver R$ 1,6 milhão

À época da fiscalização, a prefeita Rosinha Jatobá se negou a entregar os comprovantes de suas alegações de que todos os servidores de Jequiá, à exceção dos comissionados, eram estatutários e não celetistas.

VERA ALVES veralvess@gmail.com

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ez anos depois de ter sido declarada ré em uma ação de improbidade administrativa, a ex-prefeita de Jequiá da Praia, Roseane Castro Jatobá, terá de devolver R$ 1,6 milhão aos cofres públicos e não poderá concorrer a cargos eletivos ao longo dos próximos cinco anos. A condenação, dada em 2018, foi referendada no dia 22 de maio último pela 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas que, por unanimidade, rejeitou o recurso apresentado pela empresária que este ano pretende lançar o filho, Felipe Jatobá, ao cargo que ocupou por duas gestões (2001/2004 e 2005/2008). Rosinha Jatobá, nome de guerra da ex-prefeita, filha do empresário Nivaldo Jatobá e que desde fevereiro de 2015 ocupa o cargo de superintendente do Centro de Convenções (Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso), foi denunciada pelo sucessor, Marcelo Beltrão, depois deste ter sido obrigado a pagar, com juros e atualização, uma dívida ori-

Rosinha Jatobá foi denunciada pelo hoje deputado Marcelo Beltrão

ginal de R$ 991.127,08. O valor era referente a multa pelo não recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e da Contribuição Social de servidores do município aplicada durante uma fiscalização realizada durante sua gestão, em 2007.

Por conta do débito, Jequiá da Praia foi inscrita na dívida ativa do CAUC (Cadastro Único de Convênios) e ficou sem receber recursos federais. A situação só se normalizou após o prefeito Marcelo Beltrão haver assinado um Termo de Confissão de Dívida e Compromisso

de Pagamento das Contribuições Sociais com a Caixa Econômica Federal no valor de R$ 1.521.013,19 e R$ 92.813,19. À época da fiscalização, a prefeita Rosinha Jatobá se negou a entregar os comprovantes de suas alegações de que todos os servidores de Jequiá, à exceção dos comissionados, eram estatutários e não celetistas. E, a despeito das reiteradas cobranças da então Delegacia Regional do Trabalho (hoje Superintendência Regional do Trabalho e Emprego), manteve-se inerte. Na sentença de condenação em primeira instância, datada do dia 8 de agosto de 2018, a juíza Luciana Josué Raposo Dias, da 1ª Vara Cível e da Infância e Juventude de São Miguel dos Campos, lembrou que a então prefeita descumpriu com a Lei de Improbidade Administrativa: “Vale dizer, sabedora que suas omissões

violavam a lei, a Administradora, sem emitir qualquer justificativa plausível, não agiu para atender as ordens do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e de seus auditores-fiscais, o que indubitavelmente culminou em uma sanção para o município e um prejuízo fatal para os cofres públicos. A demandada tinha o dever legal de fornecer os documentos solicitados pelo MTE, até porque de caráter público, e, não o tendo feito, resulta daí a ilegalidade dolosa de seu ato”. Ao julgarem o recurso de apelação da prefeita contra a sentença da juíza Luciana Dias, os desembargadores Elisabeth Carvalho e Paulo Barros da Silva Lima acompanharam o voto do relator, Fábio Bittencourt, que, em determinado trecho, destaca: “É relevante salientar que a recorrente jamais impugnou o fato de que não haveria apresentado a documentação quando solicitada, cingindo-se, a todo tempo, a fulcrar sua defesa no argumento de que todos os servidores municipais seriam estatutários”. Além do pagamento dos mais de R$ 1,6 milhão atualizados e da perda dos direitos políticos por 5 anos (não podendo votar ou ser votada), a 1ª Câmara Cível do TJ manteve os demais termos da sentença de condenação em primeira instância: multa civil no valor equivalente ao importe do dano e proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que seja por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritária, pelo período de 5 anos.


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GABRIEL MOUSINHO

n gabrielmousinho@bol.com.br

Eleição e crise

No gogó

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anúncio pela Organização Mundial de Saúde de que a pandemia ainda vai chegar ao pico no Brasil, demonstra que a realização das eleições municipais de outubro próximo não tem mesmo mais data para serem efetivadas. Se por um lado a situação da pandemia se agrava a cada dia que passa, aumentando o número de infectados e subindo assustadoramente os casos fatais, só Deus sabe quando ocorrerão as eleições. O impasse que está nas mãos do Congresso e do Tribunal Superior Eleitoral só

será resolvido quando houver perspectivas de segurança para os eleitores irem às urnas. Até chegar lá, tudo é uma incógnita. O certo, porém, é que as eleições devam ocorrer mesmo ainda este ano. Ou novembro, ou dezembro, evitando assim qualquer possibilidade de prorrogação de mandatos, o que praticamente toda classe política quer. Isso, porém, será alvo de uma grande discussão se o Coronavírus não for controlado.

Alívio no bolso

Lives

Os candidatos das próximas eleições, mesmo que também sofram com a pandemia do Coronavírus, batem palmas por não porem as mãos nos bolsos durante a pandemia. Ninguém chega perto de ninguém e dinheiro é o que mais falta neste momento.

Alguns candidatos a prefeito, a pretexto de discutirem as necessidades de Maceió, começam a aparecer com mais frequência nas redes sociais. Se irão tirar proveito dessas aparições, ninguém sabe. Mas o TRE com certeza está de olho neles.

Redes sociais Um ou outro candidato não perde tempo e utiliza as redes sociais para mandar o seu recado para o eleitorado, embora a Justiça Eleitoral esteja de olho nos espertalhões de plantão. Outro problema são as fakes news que têm incomodado candidatos e eleitores.

Sumidos Os potenciais candidatos à Prefeitura de Maceió andam desaparecidos, a começar pelo candidato do governo que se recuperou há dias da Covid-19. Acham mais prudente não iniciarem a campanha neste momento por dois motivos: gastar no momento de crise, o que parece ser improvável, e não aparecerem como aproveitadores de uma situação atípica.

Sem fim Pela avaliação dos técnicos, ninguém sabe mesmo quando esta pandemia será controlada. Toda semana indicam uma data diferente. Agora, o pico atingirá seu ponto máximo nesses quinze dias, previsão, naturalmente, que poderá ser revista neste período.

Confusão Esta história de seguir os procedimentos do Consórcio Nordeste deu no que deu. Marginais aplicaram um golpe de milhões para fornecer respiradores a custos discutíveis, foram presos, anunciaram que irão devolver os milhões aos cofres públicos, mas até agora, nada. Devolver a grana é a parte mais sensível desta operação desastrada.

Esquecido Parece que o episódio envolvendo policiais militares e guardas municipais na Bahia entrou por uma perna de pinto e saiu por uma perna de pato. Ninguém fala mais no assunto, embora esses profissionais tenham sido flagrados portando armas de grosso calibre como se estivessem preparados para a guerra.

Quando tudo parecia caminhar para uma solução, eis que a Justiça derruba a possibilidade de barrar o desconto de 14% da Previdência nos salários de todos os servidores públicos. Assunto que deverá somente voltar à tona nos próximos meses. Até lá, o aperto será grande.

Aproveitando O partido Unidade Popular, que pouca gente conhece em Alagoas, aproveitou a onda contra o presidente Jair Bolsonaro para protestar na passarela do Cepa e condenar um regime que se diz “fascista”. Uma oportunidade para dizer aos maceioenses que irá apresentar candidatos nas próximas eleições.

Descumprimento

Candidato Depois de deixar o comando da Secretaria de Educação, o vice-governador Luciano Barbosa dá pistas de que será mesmo candidato a prefeito de Arapiraca. Aliás, o governo, nos últimos meses, tem trabalhado muito na região, inclusive com a construção da rodovia que liga São Miguel dos Campos a Arapiraca e início das obras de Arapiraca ao Sertão de Alagoas.

Vendo navios

Enquanto o governo aperta de um lado, a população relaxa do outro. Nas feiras livres de Maceió, sem muita fiscalização, a população abre a guarda para o aumento da contaminação do Coronavírus. É gente sem máscara, pontos de venda sem álcool e as aglomerações constantes em locais de vendas e nos pontos dos ônibus. Assim, não dá.

Na frente O estado de Alagoas disparou no número de mortos e no início da semana já ultrapassava até Minas Gerais e o Distrito Federal. Pelo visto está faltando alguma providência a mais a ser tomada pelas autoridades.

Distúrbios

Os servidores do Estado que recebem na segunda faixa salarial estão longe de receberem a antecipação do 13º salário. Pelo menos essa é a disposição do governo no momento. O pagamento da primeira faixa, entretanto, atinge os servidores de menor poder aquisitivo.

O isolamento social tem duas vertentes que estão sendo enfrentadas pela população: a possibilidade de não ser infectada pelo Coronavírus e os distúrbios mentais que estão atingindo grande parte da sociedade. Não é raro centenas de pessoas procurarem psicólogos e psiquiatras nesta fase da pandemia.

Garantia

Chegando ao fim

Mesmo com certa diferença na arrecadação, os servidores do Estado não deixarão de receber os seus salários em dia. Os recursos do governo e o caixa feito pelo Estado irão garantir seus vencimentos nos prazos anteriormente acordados.

Em um levantamento feito pela Secretaria de Saúde na última terça-feira, pelo menos 76% dos leitos de UTI já estavam comprometidos, o que significa o agravamento da pandemia e a saturação dos hospitais.


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ELEIÇÕES 2020

Barbosa deixa Educação para disputar Arapiraca Ele vai encarar Rogério Teófilo, que tem apoio de Rodrigo Cunha

ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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saída de Luciano Barbosa (MDB) da Secretaria Estadual de Educação significa que ele vai disputar a Prefeitura de Arapiraca. Ou não. Existem nós mais firmes a serem dados com o presidente da Assembleia, Marcelo Victor (SDD). Porque se Barbosa ganhar a eleição, Victor é o substituto imediato do governador Renan Filho (MDB) em qualquer circunstância. Até a mais óbvia: a renúncia dele em 2022 para disputar a cadeira de senador com o hoje titular da vaga, Fernando Collor (PTC). Se perder, continua como vice-governador, podendo voltar a ser secretário de Educação e disputar o governo, se o acordo com o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (sem partido), não prosperar e Rui não for o candidato dos Calheiros, questão hoje improvável mas não impossível. Enquanto as conversas seguem nos bastidores, à boca miúda, a saída de Luciano Barbosa da Educação foi mais barulhenta no gabinete do prefeito de Arapiraca, Rogério Teófilo (PSDB).

DISPUTA NA PANDEMIA Em entrevista esta semana, Teófilo mandou recado a Barbosa e a Renan Filho: quer a construção do Hospital de Campanha para combater o Coronavírus. O governo reforçou a promessa para o hospital. “A Prefeitura de Arapiraca investe 32% dos recursos na área de saúde, enquanto constitucionalmente é 15%. Precisamos nos unir. Política se discute na época de política. Eu disse ao governador e disse a todos do governo: a nossa proposta é salvar vidas e é isso que quero como prefeito, sem fazer estardalhaço, sem fazer politicagem”, disse. Alvo de investigações abertas pelo Ministério Público, Rogério Teófilo é cobrado há duas semanas pelo Comitê Científico do Consórcio Nordeste, que recomendou duas vezes a adoção de lockdown na cidade. Na terça, Arapiraca atingiu 92% de ocupação dos leitos de UTI. O Consórcio Nordeste recomenda que, ao chegar em 80%, o gestor público já adote o lockdown. “Na quarta-feira começaremos a estruturação da central de triagem e estamos finalizando o processo para dar início à estruturação do hospital de

Luciano Barbosa busca trocar o cargo de vice-governador para o de prefeito de Arapiraca campanha”, disse o secretário Estadual de Saúde, Alexandre Ayres. Outra a deixar o governo foi a secretária de Ciência e Tecnologia, Cecília Hermann, esposa do prefeito de Pilar, Renato Resende, filho da deputada estadual Ângela Canuto. Cecília é candidata a prefeita em Atalaia.

MAIS UM Outra a deixar o governo foi a secretária de Ciência e Tecnologia, Cecília Hermann, esposa do prefeito de Pilar, Renato Resende, filho da deputada estadual Ângela Canuto. Cecília é candidata a prefeita em Atalaia.

XADREZ E DÚVIDAS A eleição de 2020 - mesmo cercada de incógnitas e pedido de adiamento, para 2022, pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) - define a posição de alguns dos mais importantes políticos da nova geração de famílias há décadas na atividade pública. O prefeito Rui Palmeira, por exemplo, apoiará o advogado e ex-procurador-geral de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça, para a disputa pela Prefeitura da capital alagoana. A união Calheiros-Palmeira deve durar até 2022, quando Rui será apoiado pelos Renans na disputa ao governo do Estado. O senador Rodrigo Cunha (PSDB) - ex-aliado de Rui escolheu o deputado federal João Henrique Caldas (PSB)

para disputar com Alfredo Gaspar a cadeira do Executivo. Se JHC vencer, assume a vaga de deputado federal Pedro Vilela, sobrinho do exgovernador Teotonio Vilela Filho. O acordo também vara em 2022, na eleição a governador, quando Rodrigo pode disputar o Palácio República dos Palmares. Se vencer, ele deixa o Senado e sua vaga vai para a médica Eudócia Caldas, ex-prefeita de Ibateguara, mãe de JHC e esposa do “grito do campo”, o ex-deputado federal João Caldas. O senador Fernando Collor pode surpreender: disputar a reeleição (mais próximo de JHC e Rodrigo Cunha) ou decidir encarar, mais uma vez, o governo alagoano, encerrando sua carreira política e ainda sem sucessor familiar imediato, já que os filhos delle estão em atividades empresariais.


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EXTORSÃO NOS PRESÍDIOS

Filho de juiz acusado de comandar quadrilha está foragido Advogado, Hugo Braga foge após prisão de outros três colegas; esquema coloca José Braga Neto sob suspeita VERA ALVES veralvess@gmail.com

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xtorsão, associação criminosa e exploração de prestígio são apenas alguns dos crimes atribuídos a uma quadrilha de jovens advogados que desde 2016 vinha agindo nos presídios de Alagoas. Esta semana, a prisão de três deles em uma operação da Polícia Civil – denominada Bate e Volta – reacendeu a acusação feita três anos atrás pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas contra o juiz José Braga Neto. Titular da 16ª Vara Criminal / Execuções Penais, ele é pai do advogado Hugo Soares Braga, que está foragido desde a quarta, 3, quando a operação foi deflagrada. Hugo Braga é acusado de chefiar a quadrilha que, em troca de dinheiro em espécie e até imóveis, obtém a transferência de presos qualificados como perigosos para Maceió e até a redução de suas penas. O detalhe: as decisões de transferência ou progressão de regime cabem justamente a seu pai, Braga Neto. Depoimentos obtidos com exclusividade pelo EXTRA mos-

Juiz Braga Neto: suspeito de decisões compradas pelo filho Hugo

Advogados Fidel Dias, Ruan Vinícius e Rossemy Doso estão presos tram que a mesma Polícia Civil que esta semana efetuou a prisão dos advogados Fidel Dias de Melo Gomes, Ruan Vinícius Gomes de Lima e Rossemy Alves Doso permitiu que o esquema se mantivesse por ao menos três anos desde a denúncia do Sindapen. Investigado pela Corregedoria Geral de Justiça sob os olhares atentos do Conselho Nacional de Justiça, o juiz José Braga Neto acabaria sendo “inocentado”, conforme se depreende do relatório assinado no dia

16 de maio do ano passado pelo desembargador João Luiz Azevedo Lessa, no qual assinala não terem sido evidenciadas nas investigações policiais as acusações de tráfico de influência feitas contra o magistrado. Relator da Representação Criminal/Notícia de Crime nº 0500006-26.2017.8.02.0000 instaurada para investigar as denúncias contra Braga Neto, o desembargador assinala que “Ao fim das investigações, foi encaminhado o trabalho realizado pela Delegacia de Polícia Civil a

esse gabinete (fls. 116/271), em cujo material, à fl. 270, o Delegado afirma categoricamente que ‘diante da análise de todos os documentos e depoimentos colhidos, não se vislumbrou nenhuma prática criminosa que pudesse ser assacada ao referido magistrado’, concluindo, nesse diapasão, que ‘não há nada a ser apurado na esfera da polícia judiciária, ante à ausência de suporte probatório mínimo de autoria e materialidade delitiva’, determinando, ao fim o ‘arquivamento da VPI’ no âmbito daquela polícia judiciária”. Se as acusações feitas por agentes penitenciários em janeiro de 2017 caíram no esquecimento, o resultado agora promete ser outro. Isto porque as investigações que vieram a público esta semana já vinham se desenrolando desde antes do Carnaval e tiveram como origem a denúncia de outros juízes que atuam na 16ª Vara Criminal, aos quais detentos confirmaram o esquema chefiado pelo filho do juiz José Braga Neto.

BATE E VOLTA

Um dos detentos ouvidos pela Delegacia de Investigações e Capturas (Deic) no âmbito da Operação Bate e Volta revelou ter transferido, no dia 8 de janeiro de 2018, um apartamento para o nome de uma pessoa indicada por Hugo Braga. O imóvel, avaliado em R$ 100 mil e localizado por trás do Makro (que fechou as portas no início de maio último) estava com 70% das parcelas pagas e foi dado em pagamento a sua transferência do Presídio do Agreste, em Arapiraca, para o Baldomero Caval-

canti em Maceió. O depoimento de José Ricardo Ângelo, o detento que transferiu o imóvel, foi corroborado por trocas de mensagens entre dois dos advogados integrantes do esquema. Um deles, interrogado, confirmou que Hugo era a pessoa à frente do esquema. Citado já na denúncia de 2017 feita pelo Sindapen, o traficante José Edvaldo da Silva, conhecido pela alcunha de Paulão ou Paulo Gordo, afirmou ter sido trazido de volta para Maceió no dia 5 de setembro de 2019 após acordo com Hugo pelo qual pagou R$ 7 mil. Mais uma vez transferido para o Presídio do Agreste por determinação da Secretaria de Ressocialização (Seris), afirmou que estava negociando novamente a volta para o Baldomero com o advogado filho do juiz. Os valores cobrados pela quadrilha e segundo os presos negociados pessoalmente por Hugo divergem de um detento para outro. José Marcos dos Santos, por exemplo, contou ter pago R$ 13 mil ao jovem advogado pela volta a Maceió e este também lhe propôs a redução da pena por R$ 5 mil por cada ano a menos. Outro – Geraldo de Lima – afirma ter pago R$ 19 mil ao filho do magistrado, dinheiro em espécie e entregue por um familiar seu a Hugo em um posto de combustível. Pelo pagamento, 15 dias depois deixou o Presídio do Agreste retornando a Maceió. Os mandados de prisão temporária e de apreensão cumpridos esta semana pela Deic foram determinados pela juíza Lívia Maria Mattos Melo Lima, da 10ª Vara Criminal da Capital.


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CAMPO ALEGRE

Campo Alegre monta unidade de referência regional para tratar casos da Covid-19 Prefeitura define ações e traça estratégia no combate à pandemia

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Prefeitura Municipal de Campo Alegre, em Alagoas, blindou a cidade com barreiras físicas em todas as entradas, direcionando os veículos que buscam acesso ao município às barreiras sanitárias. A medida busca evitar que pessoas com sintomas da Covid-19 circulem pela cidade, colocando em risco à saúde da população. O acesso só é permitido quando os ocupantes dos veículos respondem a um questionário e passam por exame para medir a temperatura corporal. Os casos suspeitos são encaminhados para a nova unidade de saúde específica para a doença no próprio município. Campo Alegre, que faz divisa com sete municípios, já tem confirmados 81 casos da Covid-19 com um óbito, segundo boletim da última quarta-feira, 3. A prefeitura tem implantado ações previstas em protocolos usados nas principais cidades do País contra o novo Coronavírus. Os habitantes estão em contato frequente com informações sobre prevenção e seus cuidados para frear a contaminação pelo vírus. O processo educativo e de conscientização dos habitantes é ininterrupto e reforça a importância de ficar em casa e uso obrigatório de máscaras.

POLO REGIONAL

A prefeita Pauline Pereira investiu na rede de saúde, garantindo o funcionamento do Polo de Atendimento Regional da Covid-19, unidade que dispõe de 60 leitos clínicos para pacientes com quadros mais graves da doença e que necessitem de internamento. Foram compostas 4 equipes profissionais completas para atendimento 24 horas, além da aquisição de equipamentos essenciais pra salvar vidas.

Em mensagem nas redes sociais, a prefeita destacou que o município “está com a rede pública de saúde preparada para ser referência no tratamento da Covid-19” e que o atendimento aos demais casos e emergências está garantido nos postos de saúde e no Espaço Vida. Em Luziápolis também foi implantada uma unidade Sentinela para diagnóstico e tratamento da Covid-19 e outra para casos de urgências em outras patologias. “Estamos num momento difícil, mas buscamos avançar na proteção da população”, disse a prefeita, que parabenizou os profissionais que atuam na linha de frente contra o novo Coronavírus em várias atividades e lembrou que cuidar de vidas “é uma missão divina”.

EMANCIPAÇÃO

Campo Alegre completa 60 anos de emancipação política na próxima segunda-feira, dia 8. Mas, a comemoração de aniversário acontecerá neste domingo, 7, com uma grande live show que prestigiará artistas locais. A live começa às 16 horas e será transmitida simultaneamente pelo canal oficial da Prefeitura no YouTube e pela Rádio Campo Alegre FM. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Cultura. A live contará com a participação dos seguintes artistas, obedecendo ordem e horário: 16h - Duda Sanfoneiro (Morenos do Forró);16h20- Del Guedes;16h40 - Grupo Sentimentos;17hJeito de Ser;17h20 - Danyllo Silva; 17h40 - A três;18h - Wesley Farra;18h30 - Pykkeno Porradão;18h50 - Os Manynhos;19h10 - Xote Esticado;19:40 - Bya Martini;20 h- Joseano Vip; 20h30 Jackson Mel e 21 horas Remy Ruan e Nethinho e Bakêtá.

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R$ 500 MILHÕES

STF decide hoje ação milionária contra Alagoas Processo ajuizado por servidores da antiga Febem tramita há 32 anos JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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m imbróglio que se arrasta desde 1988 pode ter um final nesta sexta-feira, 5, no Supremo Tribunal Federal (STF). Trata-se do julgamento da ação movida por servidores da extinta Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem) contra o Estado de Alagoas. O relator do processo, o ministro Gilmar Mendes, em decisão monocrática, já deu parecer favorável aos trabalhadores. Porém, ainda é necessário a apreciação dos outros integrantes da Corte. A ação envolve cerca de 400 ex-funcionários da antiga fundação que pleiteiam direitos trabalhistas após a extinção do órgão. O valor das indenizações pode ultrapassar os R$ 500 milhões. De 1988 para cá, nove governadores já passaram pelo Estado e nada foi resolvido. A Febem, hoje conhecida como Fundação Casa, foi criada pelo Governo do Estado de São Paulo e difundida para todo o Brasil através do governo federal, com o objetivo de executar medidas socioeducativas aplicadas pelo Poder Judiciário aos adolescentes autores de atos infracionais cometi-

dos com idade de 12 a 18 anos incompletos. Em novembro do ano passado, o ministro Gilmar Mendes determinou que a execução de sentença trabalhista favorável ao grupo de servidores se restrinja ao período em que a relação havia sido regida pela CLT. Ao julgar procedente a Reclamação (RCL) 26630, ajuizada pelo Estado de Alagoas, o ministro observou que, de acordo com a jurisprudência do STF, a competência da Justiça do Trabalho em relação a servidores públicos se encerra com sua transposição para o regime estatutário. Os ex-servidores pleiteiam correções salariais referentes a gatilhos, resíduos e URPs acumulados desde janeiro de 1987. O juízo da 2ª Vara do Trabalho de Maceió julgou procedente a ação e, na fase de execução, determinou ao Estado que implantasse nos salários dos servidores os reajustes concedidos pela sentença, sob pena de multa. O Estado vem recorrendo da decisão no âmbito da Justiça do Trabalho. Contudo, atendendo a requerimento dos servidores, o juízo de primeiro grau determinou o pagamento das diferenças, de forma retroativa a agosto de 2015, no prazo de 30 dias

Ministro do Supremo Gilmar Mendes é o relator da polêmica ação que envolve o governo estadual

EXECUÇÃO Em novembro do ano passado, o ministro Gilmar Mendes determinou que a execução de sentença trabalhista favorável ao grupo de servidores se restrinja ao período em que a relação havia sido regida pela CLT. e fixou nova multa, no valor de R$ 50 mil por empregado e por dia de descumprimento, com a possibilidade de sequestro dos valores correspondentes nas contas estaduais. Em relação à multa, o ministro afirmou que o valor atual da primeira sanção alcança R$ 600 milhões, superior à soma despendida com

o pagamento de precatórios pelo Estado no período de sete anos. “Esse fato indica certa abusividade na decisão impugnada”, avaliou. “Considerando a competência da Justiça do Trabalho apenas no período anterior à instituição do regime jurídico único, a exorbitância da multa aplicada e as dificuldades financeiras enfrentadas pelo estado, entendo que é caso de exclusão da multa”, concluiu. Na reclamação, o governo de Alagoas apontou violação da autoridade da medida cautelar concedida pelo STF na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3395, em que o Plenário afastou a competência da Justiça do Trabalho para resolver controvérsias que envolvam servidores públicos estatutários ou de vínculo de natureza jurídico-administrativa. Em março de 2017, Mendes concedeu medida liminar para suspender a incidência da multa. Ao examinar o mérito da reclamação, o ministro assi-

nalou que, a partir do entendimento fixado no julgamento da cautelar da ADI 3395 de que compete à Justiça Comum processar e julgar causas instauradas entre o poder público e servidores com vínculo de ordem jurídico-administrativa, o STF firmou também a jurisprudência de que a competência da Justiça do Trabalho para julgar ações relativas ao período de vínculo celetista com a administração se encerra com a transposição para o regime estatutário. “No caso dos autos, verifica-se que a relação celetista se encerrou em 1991, com a edição da Lei estadual 5.247/1991, que instituiu o regime jurídico único para os servidores do estado”, afirmou. Segundo o relator, como a Justiça do Trabalho é incompetente nas controvérsias relativas a servidores estatutários, a execução de seus julgados deve se ater ao período anterior à instauração desse tipo de relação. (Com STF)


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SAÚDE PRIVADA

Canais de contato deficientes e erros burocráticos prejudicam usuários Cliente da Unimed Maceió há 30 anos tem prestação de serviço negada em plena pandemia DA REDAÇÃO

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lientes da Unimed Maceió estão reclamando da qualidade dos serviços prestados pela empresa num momento delicado como o que vivemos devido à pandemia causada pelo novo Coronavírus. As críticas se referem a erros que terminam prejudicando usuários e a ausência de canais efetivos para que os clientes possam resolver suas demandas num momento crítico para muitos, por envolver questões de vida ou morte. O exemplo da Unimed não é um caso isolado. A pandemia, que levou à quarentena, colocou em xeque a eficiência de muitas empresas para lidar com situações fora da normalidade. Muitas dessas empresas eliminaram total ou parcialmente os contatos diretos com seus públicos, oferecendo como opção as vias telefônicas e digitais. “Para algumas empresas a solução telefônica ou digital se tornou muito conveniente, pois a pandemia lhes deu um argumento lícito, embora seus sistemas de atendimento virtual tradicionais fossem bastante precários”, diz um especialista sobre o assunto. “Num país com uma cultura de pouco respeito pelo consumidor, trocar o

contato face a face pelo atendimento virtual só faz aumentar a precariedade dos serviços”, completa. Outro consultor de empresas com experiência no mercado local, que pediu para não ser identificado, por motivos óbvios, acredita que as empresas, pegas de surpresa, como afinal aconteceu com todo mundo, simplesmente “tocaram o barco pra frente”, esquecendo a qualidade dos serviços, focando em aspectos mais ligados à sobrevivência, isto é, o financeiro em decorrência, “um salve-se quem puder”, destaca. Nesse contexto, o cliente ficou em último lugar. Há quem diga que o modo virtual está servindo de cortina para diminuir a pressão de clientes irritados com erros e ineficiências das empresas. O atendimento de call center, um formato telefônico personalizado, acaba sendo substituído por atendentes digitais computadorizadas, enfraquecendo ainda mais a capacidade do cliente em cobrar seus direitos, principalmente das empresas prestadoras de serviços. Para empresas que não conseguem atender com eficiência aos seus clientes, alegando limitações decorrentes da pandemia, deve-se indagar qual seria a razão pela qual empresas do setor financeiro, bancos e outras modalidades continuam prestando atendimento eficaz através de seus sistemas virtuais. Qual é o problema, afinal, é da natureza do produto ou serviço ou de organização e eficiência? Quando erros comprometem a qualidade de vida das

Atendimento a usuários da Unimed é alvo de reclamações pessoas, aí temos uma situação realmente preocupante. A experiência de um usuário é um exemplo de como as coisas não devem ser feitas. Detentor de um plano de saúde da Unimed Maceió há mais de 30 anos (Plano Nacional), ele foi surpreendido, em maio, em plena pandemia, pelo cancelamento do seu contrato pela empresa prestadora de serviços de saúde. “Tivemos uma consulta médica negada porque a Unimed não autorizou, isso em maio, em plena pandemia. Depois de tentar, exaustivamente, falar pelos canais telefônicos/ digitais, fui à sede da Unimed, no Farol, sendo informado que era devedor da quantia de R$ 200,41 pela transferência de data de vencimento do dia 30 para o dia 6 de cada mês, procedimento que eu realizara em fevereiro. O boleto relativo a esse valor tivera vencimento em 5 de março e eu havia feito o pagamento antes do vencimento, em 14 de fevereiro”, contou. Esclarecido o erro da Uni-

med, um funcionário do Financeiro informou que a empresa também havia “esquecido” de cobrar a fatura de março, quando fora feita a mudança de data de vencimento. “Mas não posso ser punido por uma falha de vocês, se vocês deixaram de cobrar e também não me avisaram desse débito, como eu poderia saber que era devedor?”, observou o usuário. Depois de algumas desculpas, foi trazida uma máquina de cartão de crédito e feito o pagamento do tal mês. A título de contribuição à melhoria do serviço, ele revela ter dito ao funcionário: “Seus canais virtuais não funcionam, simplesmente deixam a pessoa parada horas nas linhas que, ao final, não são atendidas”. Por falta de eficiência dos canais virtuais, ele tivera que me deslocar, correndo risco de contágio, afinal, estava num ambiente de uma empresa de saúde. Isto foi no início de maio. Ele conta ter ficado esperando o boleto no final do mês, com vencimento em 6 de junho, “que me chegou – inacredi-

tável – com o mesmo valor do boleto relativo à mudança da data de vencimento, e que já fora pago e desculpado etc. O valor do boleto, que deveria ser R$ 1.202,52, aparece como R$ 200,41”. “Dirijo-me, de novo, à sede da Unimed. Lá chegando, terçafeira, dia 2, para outra rodada de aborrecimento, encontro a sede fechada. ‘Agora não temos mais atendimento direto’, diz um pequeno cartaz, quase imperceptível, sobre a porta de vidro da entrada. E agora, pago apenas o valor de R$ 200,47, que já foi quitado, e não o valor certo, e mais uma vez, corro o risco de a Unimed cancelar meu plano de saúde de três décadas?”, desabafa o usuário. “Fale com a Nina, nossa atendente virtual,” é o que diz a publicidade no verso do boleto de cobrança que está sendo enviado a seus clientes. “Pego o telefone, ligo, ligo, ligo, chama até cair. A Nina não atende, ela não quer falar com os clientes, deduzo em razão do silêncio do outro lado da linha. E agora, a quem apelar?”, indaga o usuário. Segundo ele, a conclusão é clara: “Ao contrário do que dizem os bons manuais de negócios, o importante não é o cliente, é a Unimed. Não há canais efetivos a serviço das necessidades dos clientes ou para corrigir os embaraços cometidos pela própria empresa. Numa situação como esta, o cliente se sente realmente perdido e não consegue ver a empresa como parceira sua. Levando-se em conta que a situação é de pandemia e que se trata de uma empresa de prestação de serviços de saúde, o que dizer?”.


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PRESÍDIOS

Alagoas é quarto do Nordeste em casos suspeitos de Covid-19

Estado ainda não registrou óbito dentro do sistema penitenciário onde estão 4.560 detentos

SOFIA SEPRENY s.sepreny@gmail.com

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epois de atravessar fronteiras internacionais, o novo Coronavírus também invadiu os muros das penitenciárias em Alagoas. Com quatro detentos com diagnóstico positivo da Covid-19, o estado está em 4° lugar no ranking de estados do Nordeste com maior número de encarcerados com suspeita de contaminação pela Covid-19. Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, 13 casos da doença estão sendo investigados nos presídios alagoanos e sete detentos já se recuperaram da Covid-19. Pernambuco tem a pior situação dentre os estados da região, com 50 casos suspeitos - em termos percentuais, isto representa 44,6% dos casos em análise no Nordeste 127 confirmados, três mortes e 97 detentos recuperados da doença. É seguido pelo Maranhão (24,11%), com 27 suspeitas, 16 casos confirmados, uma morte e seis recuperados. Apesar de Alagoas estar em quarto no número de suspeitos (11,6%) outros estados apresentam situação mais preocupante, como por exemplo o Ceará, que não consta nenhum caso suspeito, mas computa 51 casos confirmados e um óbito. A Paraíba tem 37 casos confirmados, nenhum em investigação e 17 recuperados. O Rio Grande do Norte está em terceiro no ranking de

casos suspeitos da Covid-19, com 22 detentos (19,6%) sendo investigados, seis confirmados e 10 recuperados. Sergipe tem cinco casos confirmados de presos com Covid-19, um óbito e um recuperado. Em melhor situação, de acordo com o boletim do Depen, está a Bahia, com apenas um caso confirmado da doença, seguido por Piauí com apenas 2 casos confirmados e outro recuperado. De acordo com os dados do Depen atualizados até a quarta-feira, 3, nos presídios da Região Nordeste, 246 detentos testaram positivo e 122 são suspeitos. O painel regional revela ainda que 147

se recuperaram da doença. Um total de seis mortes foram registradas desde março, sendo que em todo o País, as mortes pela Covid-19 no sistema prisional somavam 45 até a quinta, 4. DIVERGÊNCIAS Alguns dados do Depen divergem dos disponibilizados pela Secretaria de Estado de Ressocialização (Seris). Segundo a Seris, conforme o boletim da Gerência de Saúde da última terça-feira, 2 de junho, são nove os casos suspeitos entre reeducandos alagoanos e não 13. Ainda segundo a Seris, os quatro casos que testaram positivo foram detectados

antes mesmo de dar entrada no sistema prisional alagoano e todos foram encaminhados, após triagem, para o Hospital de Campanha montado em área anexa ao Presídio Feminino Santa Luzia, no complexo penitenciário de Maceió, onde também são assistidos os detentos que apresentam ao menos dois sintomas, sendo um respiratório, da doença. Ainda conforme o mesmo boletim, 16 detentos testaram negativo para Covid-19. A Seris também revelou que de acordo com o último mapa da população carcerária, o número de presos em todo estado é de 4.560. A pasta não soube informar o número

total de testes que já foram realizados no sistema penitenciário. AGENTES Entre os servidores penais, a situação de contaminação é mais grave. A Seris revelou que são 349 casos suspeitos e 55 confirmados. Ao todo, 259 testaram negativo, mas dois óbitos motivados pelo vírus foram registrados. No Presídio do Agreste, em Girau do Ponciano, apenas 11 servidores da empresa Reviver (que atua na cogestão da unidade) testaram positivo, 15 outros casos suspeitos estão sendo investigados.


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Medidas de prevenção adotadas pelos presídios

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nicialmente as visitas ao sistema prisional foram suspensas em cumprimento da determinação dos juízes da 16ª Vara Criminal (Execuções Penais), a fim de se evitar a propagação do vírus, já estudando a possibilidade de adotar a chamada visita virtual.

A entrega de alimentos por familiares dos reeducandos, em virtude do elevado risco de contaminação, também foi suspensa e a alimentação para suprir essa suspensão ficou a cargo do Serviço de Nutrição (Sanut) que mantém a distribuição regular das três refeições diárias.

Ainda segundo a Seris, todos os reeducandos foram vacinados contra a Influenza (H1N1) pela equipe psicossocial da Gerência de Saúde. Além disto, o Estado tem garantido o atendimento social aos familiares dos reeducandos por contato telefônico e é por meio deste contato que os

profissionais fornecem informações sobre o reeducando e revelam a situação do presídio quanto à pandemia. Os presos também estão participando de oficinas de saneantes para fabricação de produtos de limpeza como cloro, detergente, desinfetante, água sanitária e sabão em barra. Todo o

material é utilizado na limpeza das próprias unidades prisionais. Em Girau do Ponciano a oficina de corte e costura do Presídio do Agreste vem produzindo máscaras para distribuição entre reeducandos e servidores. Doações também foram feitas para o Hospital da Mulher.


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PROTESTOS GLOBAIS

Antifascismo se torna bandeira de luta em todo o mundo

Historiador explica principais termos que marcam a história política da humanidade

ARTHUR FONTES Estagiário sob supervisão

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esmo com o mundo voltado para pandemia do Coronavírus, o termo antifascismo voltou a ser destaque mundial nos noticiários das últimas semanas, muito por conta da repercussão da manifestação autodenominada “Antifascista em defesa da democracia” realizada em São Paulo por torcidas organizadas de clubes de futebol. Além do Brasil, onde foco dos protestos é o presidente Jair Bolsonaro, nos Estados Unidos, Donald Trump também enfrenta uma série de protestos provocados pelo assassinato do cidadão estadunidense George Floyd, morto por asfixia pela polícia de Mineápolis em 25 de maio. As manifestações pautadas pelo antirracismo também levantam a bandeira antifascista. Pelo lado das redes sociais, discussões têm sido o foco de tensão em meio a medidas e declarações polêmicas feitas por diferentes líderes governamentais ao redor do mundo. Mas o que significa o termo antifascismo? O antifascismo é toda a prática ativista, cívica ou política que se oponha ao fascismo, incluindo muitas vezes o combate ao nazismo, neonazismo e a qualquer ideologia supremacista, xenófoba e de extrema-direita. Foi originado na década de 1920 relacionado com um movimento político que se opôs ao fascismo de Benito Mussolini, político italiano

que governou com poderes ditatoriais a Itália entre 1922 e 1943. Em entrevista ao EXTRA, o professor de história da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Osvaldo Maciel explicou e contextualizou os principais movimentos políticos da história da humanidade. Confira: FASCISMO Ele surge a partir de um processo histórico que acontece principalmente na Itália e na Alemanha. Na Itália em 1922 com a ascensão de Mussolini por vias legais e na Alemanha em 1933 com Hitler através de eleições. Essas duas experiências inspiram outros países na Europa e até no Brasil com Getúlio Vargas. O fascismo prega um Estado forte e paramilitar, geralmente ligado a uma identidade étnica, com rejeição a outras culturas e vinculado à imagem de um líder.

Hoje, o termo fascista é usado de forma pejorativa para designar movimentos de extrema direita que se assemelham com algumas das ideias promovidas pelo fascismo italiano ou pelo nazismo alemão no século passado. CAPITALISMO É um sistema que exige que o capital investido gere lucro, então é preciso que o que for investido volte sempre valorizado e aumentado. Há uma necessidade que o retorno sempre seja maior. O capitalista é aquele que consegue enxergar as principais formas de manter o capital sempre em expansão de forma ampliada. Para funcionar o capitalismo, deve existir uma sociedade dividida em classes sociais, uma delas é burguesia financeirizada que somente sobrevive em função de uma outra classe explorada, que é o proletariado, onde se en-

Símbolo contra o fascismo invadiu ruas e redes sociais contra o trabalhador assalariado. NAZISMO O nazismo é uma espécie de fascismo com suas particularidades; é uma ideologia supremacista de superioridade da raça ariana e que em função disso outras raças que conviviam com essa suposta raça superior deveriam ser aniquiladas. Além disso, na sociedade havia o processo de normalização desses atos e as pessoas começaram a aceitar com normalidade o extermínio das raças inferiores. Vale destacar que os principais fundamentos do nazismo são: nacionalismo, Estado forte e soberano, transcendência, uso da violência, paramilitarismo (Exército operante e influente).

COMUNISMO E SOCIALISMO Muitas pessoas acham que comunismo e socialismo são a mesma coisa, mas outros teóricos e pensadores veem de maneira distinta. O socialismo é um período de transição histórica para um sistema pós-capitalista, que é um sistema que irá chegar em um eventual comunismo. Porém em nenhuma experiência socialista no mundo se viveu o comunismo em si. Já o comunismo é uma ideologia política e socioeconômica, que pretende promover o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes sociais e apátrida, baseada na propriedade comum dos meios de produção´.


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PANDEMIA

Governo descarta lockdown em Arapiraca e São Miguel BRUNO FERNANDES b-fs@outlook.com

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número de leitos disponíveis no interior do estado, principalmente nas regiões do Sertão e Agreste, virou motivo de preocupação para prefeituras que viram nos últimos dias o número de casos confirmados da Covid-19, doença causada pelo novo Coronavírus, se multiplicar chegando a mais de 12 mil infectados em menos de uma semana em Alagoas. Arapiraca, segunda maior cidade aumentou o número de testes diários e está investindo na prevenção, mas o resultado pode demorar a aparecer. Atualmente, a cidade conta com apenas 32 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 100 leitos para atender a uma população de aproximadamente 240 mil pessoas. Não bastasse o baixo número, por estar localizada em uma região estratégica do estado, acaba recebendo pacientes de cidades vizinhas, com o total podendo chegar a mais de 1,5 milhão. A situação atípica fez o Comitê Científico do Nordeste sinalizar na segunda-feira, 1, pela segunda vez e de forma “imediata”, a recomendação de lockdown na cidade. O termo é usado para representar uma versão mais rígida do distanciamento social e quando a recomendação se torna obrigatória. Além de Arapiraca, São Miguel dos Campos também voltou a figurar na recomendação. O mais recente boletim do comitê também denota preocupação com o crescimento de

casos nas cidades de Coruripe, Maragogi, São José da Laje e Palmeiras dos Índios. Mesmo com as duas recomendações, as prefeituras informaram que aguardam ser notificadas de forma oficial pelo Estado para que possam decidir o que será feito nos próximos dias, ou até mesmo uma determinação de lockdown pelo próprio governador Renan Filho (MDB). A Prefeitura de São Miguel dos Campos respondeu, através de sua assessoria, que o prefeito Pedro Ricardo Alves Jatobá (DEM), o Pedoca Jatobá, “ainda não tem uma posição oficial a respeito”. Em relação a Arapiraca, onde a situação é mais grave, não sobram críticas da gestão municipal ao Estado. O prefeito Rogério Teófilo disse ao EXTRA que o número de casos aumentou, mas o número de testes também, e, apesar de considerar algo natural, lembra o número considerado baixo de leitos. “O governo do Estado deixou a desejar porque só temos 32 UTIs e 100 leitos. Temos 242 mil habitantes e isso é inadmissível; eles sabem a necessidade e somos responsáveis pela macrorregião do Sertão e do Agreste”, declarou. Sobre a recomendação de lockdown, Teófilo informou que não foi notificado de forma oficial, e ique, sso acontecendo, irá se reunir com especialistas da cidade para determinar o que será decidido. “Somos uma cidade que recebe muita gente todo dia que depende do nosso comércio; quando recebermos de forma oficial, vamos conversar, ouvir pessoas da área e decidir”. A Secretaria de Estado da Saúde foi procurada para sa-

Segunda maior cidade de Alagoas tem 32 UTIs para atender 1,5 milhão de pessoas

Agentes de limpeza desinfectam vias públicas para evitar a propagação do novo Coronavírus ber quando e quantos leitos serão entregues na região, mas a pasta não respondeu até a publicação desta matéria. Sobre a recomendação de lockdown, em entrevista coletiva na segundafeira, 1º, o secretário de Saúde, Alexandre Ayres, respondeu que “a recomendação de lockdown tem que trazer uma resolutividade”, e que “não adianta atender sem fazê-la ser cumprida”, citando a dificuldade em fazer a população respeitar os decretos estaduais de isolamento social. “O mais importante é que a gente tenha conscientização da população e ampliação da fiscalização. Não precisamos efetuar o lockdown para fazer cumprir os decretos governamentais. Precisamos reforçar a assistência em Arapiraca e amanhã (terça, 2) iniciamos a construção da central de triagem e nos próximos dias construiremos o hospital de campanha”, informou.

Mas, segundo o prefeito Rogério Téofilo, um dia após as declarações do secretário, a obra não havia começado. Procurada para comentar sobre a possibilidade de acatar a recomendação de lockdown em Arapiraca e São Miguel

PROTOCOLO

Enquanto especialistas integrantes do Comitê do Nordeste afirmam que as medidas de isolamento social ainda não devam ser relaxadas, na terçafeira, 2, o governo do Estado apresentou a diversos setores da economia uma proposta de retomada das atividades. Mesmo com sem uma data estabelecida, um dos principais pontos do protocolo de reabertura, que será dividido em cinco fases, informa que lojas e estabelecimentos de rua com até 400m², que pratiquem o comércio ou serviços de na-

dos Campos, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) respondeu que tem dialogado com os infectologistas e com seus próprios técnicos e especialistas para interpretar a curva epidemiológica de transmissão da Covid-19. tureza privada, bem como centros de comercialização de artesanato e manualidades, exceto shoppings centers, galerias e centros comerciais, deverão funcionar em horário especial, de 9h30 às 17h ou de 9h30 às 20h. O plano foi apresentado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas (Sedetur) e Gabinete Civil. De acordo com a assessoria de comunicação da Sedetur, não se trata de uma proposta definitiva. Os setores econômicos deverão analisar a proposta e dar um veredito até o fim desta semana.


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SEM SÃO JOÃO

Restrições de festas juninas em tempos de Covid-19 afeta economia Em Alagoas, os festejos estão proibidos na capital e interior do estado

DETERMINAÇÃO

MARIA SALÉSIA sallesiaramos18@gmail.com

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alou em Nordeste lembra-se logo de forró, folia, de festas juninas. Mas este ano, uma das maiores tradições do Brasil não vai acontecer por conta da pandemia da Covid-19 que assola o mundo. Em Alagoas, a Prefeitura de Maceió proibiu comercialização de produtos da época e shows. O Ministério Público também cancelou e a festa do interior ficou para outra data. Sem o festejo, o impacto econômico em toda cadeia produtiva é incalculável. Nenhum órgão sabe ao certo de quanto será essa perda, mas para se ter uma ideia, no ano passado a Prefeitura de Maceió investiu cerca de R$ 2 milhões entre editais, contratações de artistas, estrutura de som, palco, iluminação e serviços. Já o prejuízo no turismo de Alagoas em 2020 será em torno de R$ 1,5 bilhão, segundo a ABIH-AL (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Alagoas). Para a microempreendedora Ana Clara a situação é caótica e relembra que já

se passaram algumas datas comemorativas com o comércio fechado. A exemplo, disse, da Semana Santa, o Dia das mães e agora Dia dos namorados que está ligado aos festejos juninos. “Além de passarmos dificuldades, não temos perspectivas de melhoras, pois não sabemos por mais quanto tempo a pandemia vai se estender”, lamentou. Segundo Ana Clara, a sua loja já deveria estar toda enfeitada com bandeirinhas e músicas animadas tocando. As vendas de aviamento e bebidas a todo vapor e buscando novos investimentos. “Enquanto isso, vejo a loja vazia, demito funcionários e

quase nem arco com meus compromissos, muitos dos quais já foram até negociados”, afirmou. Apesar do prejuízo financeiro, ela diz que concorda com as determinações. “Vejo que essa é uma situação que pode nos ajudar mais à frente, pois é um meio de diminuir ou atrasar o avanço da doença em nossa cidade”, espera a microempreendedora. Para o cantor Maciel Valente a situação não é diferente. Para ele e tantos outros artistas de forró esta data é a mais esperada. “Nós forrozeiros passamos o ano esperando esse período, uma das maiores festas do Brasil e em termos de arrecadação é a melhor época para minha área. Esse ano foi tudo cancelado em decorrência da

pandemia, o que me afeta e a meus companheiros também”, disse o cantor. E conclui: “Vejo muitos dos meus amigos músicos já passando necessidade. É lamentável”. O engenheiro Diego Lima já tinha formado um grupo de cinco amigos, três de Maceió e dois de Fortaleza, para o forró de Campina Grande, na Paraíba. “Tínhamos inclusive hotel reservado, mas diante da pandemia, primeiro cancelamos o hotel, e depois, a viagem. É triste por conta de ser uma autêntica festa nordestina, que reúne famílias em torno da fogueira, dos arraiais. Mas é um adiamento da viagem totalmente necessário, pois não há condições de segurança. Mesmo que os festejos não fossem cancelados, nós cancelaríamos a viagem”, afirmou Lima.

Em Maceió, o Decreto nº 8.883 de 14 de maio de 2020 proíbe a concessão de alvarás para barracas de vendas de fogos de artifício, o comércio de fogos de artifício, o acendimento de fogueiras em espaços públicos e privados, bem como queimar e soltar fogos de artifício em espaços públicos e privados. Os alvarás que foram concedidos antes da publicação do decreto também foram suspensos. As medidas levam em consideração a superlotação dos hospitais públicos e privados por causa dos casos do novo Coronavírus, além de evitar acidentes causados por fogos, complicações respiratórias provocadas pela fumaça e as aglomerações do período junino. Uma recomendação conjunta do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL) assinada por integrantes da força-tarefa de Prevenção e Enfrentamento da Pandemia do Novo Coronavírus da instituição, formada pelo procuradorgeral de Justiça, Márcio Roberto Tenório, demais procuradores e promotores de Justiça, foi encaminhada à presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) para que enfatize junto aos prefeitos dos 102 municípios alagoanos a proibição de festividades juninas e que em todos os municípios sejam mantidos o isolamento e distanciamento social.


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LIVE SOLIDÁRIA

Marlon Rossy faz show online para ajudar artistas e guias de turismo Evento promovido pelo alagoano acontece no próximo dia 12 em seu canal do YouTube MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

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próximo 12 de junho comemora-se o Dia dos Namorados e em alguns lugares até acende a fogueira de Santo Antônio para aquecer os corações. Este ano vai ser diferente. As pessoas terão que ficar em casa e a fogueira está proibida. Aproveitando a data e comovido com a situação que os artistas alagoanos e guias de turistas estão atravessando por conta da Covid-19, o humorista Marlon Rossy promove uma live solidária, através de seu canal no Youtube e apela para a colaboração de amigos e seguidores. Para você não ficar de fora, o show começa às 16 horas. Desde já, monte sua festa em casa, coloque sua melhor veste, puxe o sofá do meio da sala e se prepare para o melhor show solidário do ano. As vozes românticas de Maria Bethânia, Tim Maia, Louis Armstrong e tantas outras celebridades estarão reunidas e ganharão vidas através das homenagens desse artista alagoano de Atalaia. Na estrada há mais de 20 anos, Marlon encara, junto da classe artística, uma situação de escassez jamais vivida. Diante disso, o artista quis tornar o show online mais do que um momento de entretenimento, e sim um mutirão de ajuda aos que necessitam. Em vídeo publicado nas redes sociais, Marlon relata que,

de princípio, a ideia da apresentação na internet surgiu do desejo de continuar mantendo contato com seu público, até que a ligação de um amigo mudou todos os planos. Marlon Rossy conta que o colega de profissão se emocionou ao telefone pois, devido a pandemia, ele enfrenta dificuldades para sustentar sua família e ofereceu o show por uma cesta básica. Emocionado, Marlon apela para sociedade e pede ajuda para que possa colaborar com quem mais precisa. “Essa é a realidade de muitos que sobrevivem de eventos. Por isso, a live surge com a intenção de arrecadar donativos para classe artística e guias turísticos de Alagoas. Peço por pessoas que estão passando fome, pelas fa-

ONLINE Na estrada há mais de 20 anos, Marlon encara, junto da classe artística, uma situação de escassez jamais vivida. Diante disso, o artista quis tornar o show online mais do que um momento de entretenimento, e sim um mutirão de ajuda aos que necessitam.

Certa vez Marlon profetizou que fazer humor é missão, é responsabilidade. “Eu tenho pensado cada vez mais nisso. Ainda mais hoje em dia, em tempos tão complicados, as pessoas precisam rir. Eu penso que rir é um alimento, é uma maneira de esclarecer a mente”.

SERVIÇO

mílias, por todos que compõem o universo da arte, desde a equipe técnica até os artistas de cena. Sei que conseguiremos ajudar e celebraremos essa vitória na live”. Assim, ele dá o recado. “Fique em casa e curta comigo”. CAIU NA REDE O apelo de Marlon Rossy tem chamado a atenção das pessoas e nas redes sociais o apoio vem de vários lugares. Há quem parabenize pela atitude e diz que já compartilhou o vídeo. Outro que está arrecadando cestas básicas no condomínio em que mora. Há até quem peça para Marlon montar uma vaquinha para quem está longe poder ajudar. “Solidariedade, dignidade, amor e fé. Tenho certeza que você vai conseguir mais do que o esperado. Parabéns, pela sua linda atitude. A gente vê que você tem um coração grandio-

so. Fiquei emocionada, e quero puder ajudar”, completou outra amiga das redes sociais. SOBRE O ARTISTA Marlon Rossy é ator, imitador, humorista, cantador e instrumentista, palestrante formado em administração de Empresas com Extensão em Marketing. Com quase 25 anos de carreira, o alagoano de Atalaia já foi consagrado (por voto popular) como o maior imitador do Brasil em programa da TV Record. Ele também fez algumas participações no quadro “Se Vira Nos 30”, do programa Domingão do Faustão. Entre outras celebridades, ele já imitou Alcione, Tim Maia, Raul Seixas, Elvis Presley, Reginaldo Rossi, Maria Bethânia, Plácido Domingo, John Denver, Louis Armstrong, Agnaldo Timóteo, Caubi Peixoto, Tim Maia e Alcione -, ele conquistou os jurados e venceu a competição.

As doações podem ser feitas através dos pontos de arrecadação cadastrados ou por meio de depósitos bancários. A pretensão é conseguir ao menos mil cestas básicas e para alcançar a meta, Marlon conta com a colaboração de todos. Para mais informações, entre em contato com (82) 99989-1132 ou no Instagram @Marlonrossy NO YOUTUBE.COM/ MARLONROSSY DIA 12/06 às 16h PONTOS DE ARRECADAÇÃO Pedigree Veterinária (R. Prof. Sandoval Arroxelas, 830 - Ponta Verde, Maceió - AL, 57035-230) Espaço Agenda (R. Alba Mendes Falcão, 240 - Barro Duro, Maceió AL, 57045-230) Pink Show - Clínica Veterinária e Pet Shop (Av. Gen. Walfrido Jerônimo da Rocha, 105 - C - Clima Bom, Maceió - AL, 57000-001)


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CALOTE GERAL

Empresa que deu golpe de R$ 48 milhões foi criada há um ano Alagoas pagou R$ 4 milhões na compra de 30 respiradores ‘fantasmas’

JOSÉ FERNANDO MARTINS josefernandomartins@gmail.com

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m golpe de R$ 48,7 milhões nos estados do Nordeste em plena pandemia do novo Coronavírus. Só em Alagoas, o calote foi de R$ 4 milhões. Deflagrada no início da semana, a Operação Ragnarok, da Secretaria de Segurança da Bahia, prendeu três pessoas acusadas de negociação fraudulenta na venda de respiradores. A transação foi realizada por meio do Consórcio Nordeste, encabeçado pelo governador da Bahia, Rui Costa. Após prisão dos proprietários da empresa HempCare, Cristiana Prestes Taddeo e Luiz Henrique Ramos Jovino, o caso reacendeu até um suposto esquema para legalização da maconha. Pelo menos foi essa a consideração do senador Eduardo Girão (Podemos-CE) ao lamentar, na terça-feira, 2, os recentes casos de corrupção relatados no país referindose a investigações em vários estados sobre o desvio de re-

cursos federais, estaduais e municipais destinados à compra de equipamentos e serviços para o combate à Covid-19. Girão citou a operação na Bahia relacionada à aquisição de respiradores no valor de R$ 48 milhões. Para o senador, os respiradores foram comprados de empresas que vendem produtos à base de maconha. De acordo com Girão, existe um lobby “poderoso” para a legalização da maconha, que estaria sendo beneficiado por esse grupo de governadores. Apesar do alarde do senador, sim, a empresa HempCare trabalha com a polêmica cannabis. Tanto é que a empresária Cristiana Prestes Taddeo participou de uma reportagem especial do site sechat. com.br cujo título é “Dia da Mulher: empresárias poderosas contam como é atuar na área da Cannabis”. No site ela dá seu depoimento. “Sou paciente e uso o extrato há quase 20 anos. Atuo à frente da Fundação Behemp há 17 anos e também desenvolvo medicamen-

tos, cosméticos e alimentos na Hempcare, aqui e fora do Brasil, onde é permitido atuar (...) Acredito que a mulher tem se destacado porque a mulher seja mais sensível ao ponto de entender e trabalhar a Cannabis como um tratamento para dezenas de doenças. Independente do uso terapêutico ou social, ela trata o tempo todo se usada com moderação e responsabilidade”. A Hempcare é uma empresa bebê. Consultando o CNPJ 34.049.323/0001-91 é possível constatar que ainda não completou um ano. Foi fundada no dia 27 de junho do ano passado, situada no capital paulista e com um investimento inicial de R$ 100 mil. O sócio de Cristina, Luiz Henrique Ramos Jovino, é mais eclético quando se trata de investimento. Além de ser sócio da Hempcare, possui uma agência de locações de veículos chamada Dream Car, desde 2003, e ainda tem parte na Biohemp Latin, que atua no desenvolvimento experimental em ciências físicas e naturais e é um dos braços da empresa investigada. A OPERAÇÃO Deflagrada na Bahia, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo, a Operação Ragnarok investiga denúncia do Consórcio Nordeste da não

entrega de 300 respiradores. A operação efetuou duas prisões no Distrito Federal e uma no Rio de Janeiro. Dos 15 mandados de busca e apreensão, alguns ocorreram na capital paulista e em Araraquara, interior de SP, onde estaria situada a fábrica dos equipamentos. Para agravar ainda mais a situação da empresária Cristiana Prestes Taddeo, investigações dão conta de que ela se dizia representante de uma empresa chinesa, por meio de um contrato falsificado, e também é responsável pela distribuição e venda de aparelhos da Biogeoenergy, que nunca produziu equipamentos hospitalares, localizada em Araraquara. Na investigação também foi levantado o nome do grupo GeoTerra, especializado em energia eólica, silos e armazenagens, como uma das peças do esquema. O proprietário da empresa Paulo de Tarso Carlos também foi preso na operação. Causa estranheza que em meados de maio, a Prefeitura de Araraquara anunciou a doação de 30 ventiladores pulmonares fabricados pela Biogeoenergy. Os valores unitários dos respiradores ficaram em R$ 140 mil, totalizando R$ 4,2 milhões. O mesmo valor pago e a quantidade comprada por Alagoas. A doadora dos aparelhos foi justo a

Hempcare. Na ocasião, Cristiana Taddeo declarou que o principal objetivo da doação era salvar vidas. “Quando percebemos que os respiradores importados, que são quase três vezes mais caros que os nossos, tinham longa espera para a entrega, resolvemos investir aqui, gerar emprego e salvar pessoas”, disse. O Consórcio Nordeste fez diversas tentativas para reaver o dinheiro e recebeu diversas promessas e novos prazos de entrega, que nunca foram cumpridos. As investigações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia apontaram que as mesmas pessoas tentaram aplicar o golpe em entidades de diversos setores no país. “Chegou ao nosso conhecimento, cerca de 20 dias atrás, a suspeita muito forte de que a contratação feita não se tratava de um descumprimento contratual, mas de uma fraude. Além de não entregar o produto, vinha evitando a devolução do recurso. Então, instauramos inquérito na Po-

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Os empresários presos: Cristiana Prestes, Luiz Henrique Ramos e Paulo de Tarso

SITUAÇÃO DE ALAGOAS

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lícia Civil e constatamos que o contrato fechado com a empresa chinesa era falsificado. A empresa que a contratada alegava ser a fabricante chinesa de respiradores era, na verdade, uma empresa da construção civil, de acordo com a embaixada do país asiático”, revelou o secretário de Segurança, Maurício Barbosa. E, acrescentou: “Sabemos que isso poderia se tornar uma fraude ainda maior, se

essas outras tentativas de compra fossem à frente. Agora, estamos na busca incessante para recuperação do recurso e para levantar provas para incluir no inquérito e futuro processo judicial. Os respiradores nacionais colocados como opção, quando não entregaram a carga chinesa, também não existem. Informaram, inclusive, que havia a expectativa de se conseguir uma autorização da Anvisa para liberar peças e o dinhei-

ro adiantado pelo Consórcio Nordeste agilizaria a montagem desses respiradores. Estamos apurando, ainda, se há outras fraudes ou se a farsa foi montada apenas para o golpe no Consórcio e outras entidades em função do combate à Covid-19”. Ainda foi constatado que os respiradores ofertados pela empresa não tinham sequer registro e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Procuradoria Geral do Estado ingressou em Salvador, na 5ª Vara da Fazenda Pública da Justiça da Bahia, pleiteando o direito de ser assistente de acusação contra a empresa Hempcare. “O Estado de Alagoas é parte integrante do Consórcio Nordeste e teve seus direitos lesados, na medida em que contribuiu financeiramente para a compra dos ventiladores pulmonares, dos quais deveria receber 30 unidades, essenciais para o combate na pandemia”, expõe o requerimento assinado pelo Procurador-Geral do Estado, Francisco Malaquias, e pelo coordenador da Procuradoria Judicial, Ivan Luiz. “Ressalta-se que a devolução dos valores, com a máxima presteza, é indispensável para que sejam mantidas as políticas de enfrentamento da doença, cujo números de contaminados e de óbitos segue em ascensão”, acres-

centaram no documento. No Senado, Rodrigo Cunha cobrou providências do Ministério da Justiça. O ofício enviado pelo senador ao ministro da Justiça, André Luiz de Almeida Mendonça, pede que a Polícia Federal dê apoio às investigações para que o dano à população alagoana seja o mais rapidamente possível compensado e os respiradores cheguem aos hospitais do estado. O alagoano também oficiou o governador da Bahia, Rui Costa, para que ele informe os critérios das compras, que somaram R$ 48 milhões. O governo de Alagoas se juntou aos outros estados da região no negócio. A compra conjunta, de 300 respiradores, dispensou licitação devido à emergência da pandemia. “Se uma fraude dessa dimensão já é grave em tempos normais, um golpe envolvendo equipamentos que salvam vidas no meio de uma pandemia é um crime sórdido. Esse caso tem que ser investigado com o maior rigor”, enfatizou Rodrigo Cunha.


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SAÚDE MENTAL

n arnaldosanttos.psicologo@gmail.com

Mentiras e vazios

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impossível alguém não ter dito alguma mentira durante a vida. Quem não já mentiu para empolgar e conseguir uma namorada; falou com o entrevistador para conseguir um melhor emprego ou disse pra mãe/pai que ia para um lugar e ir para outro para não preocupar, enfim. Mentir para conseguir algo ou não preocupar alguém é errado? Será que quando se consegue algo mentindo, a pessoa não vai alimentar essa ação cada vez mais? E aquelas mentiras constantes que a pessoa não deixa de cometer, simplesmente porque não consegue parar? O que significa isso? Essa ação tem um nome e é transtorno denominado mitomania. Numa determinada fase da vida – a primeira infância – a mentira faz parte do desenvolvimento da personalidade futura do adulto. O problema começa quando as mentiras se tornam

Mentiras e vazios II As mentiras vão preenchendo os vazios que a pessoa possui (em praticamente todas as áreas que a pessoa se encontra: familiar, no trabalho, na vida amorosa, no grupo de amigos, enfim) a ponto de ela não distinguir o que é verdade ou o que é mentira. Nesse momento está instalado um transtorno: mitomania ou pseudolalia. Para as pessoas que têm esse transtorno não tem como resolvê-lo senão procurar ajuda de um psicólogo. A resistência é muita intensa e geralmente a pessoa acha mil e uma desculpas para não continuar a psicoterapia. No fundo a pessoa sabe que está mentindo e mesmo assim pratica a ação. É muito doloroso. Muitas vezes pode ser, também, inconsciente. A pessoa que tem esse transtorno sofre muito. Os familiares não devem julgar que a pessoa é de má índole, e sim que precisa de ajuda porque as mentiras preenchem um vazio profundo que somente ela sabe da profundidade e que precisa de ajuda dela mesma e também dos familiares e amigos.

Tempos de bambu

Cálice - “bebida amarga” (Chico Buarque)

(...) Como beber dessa bebida amarga Tragar a dor, engolir a labuta Mesmo calada a boca, resta o peito Silêncio na cidade não se escuta De que me vale ser filho da santa Melhor seria ser filho da outra Outra realidade menos morta Tanta mentira, tanta força bruta (...)

parte da vida da pessoa e ocorrem com frequência, sem controle a ponto de a pessoa até acreditar na própria mentira. Isso não é ilusório e ocorre frequentemente com muita, mas muita gente.

Com o confinamento devido à pandemia que ainda ninguém sabe quando vai terminar, é preciso que as pessoas desenvolvam resiliência. Um exemplo bem claro: é ser como o bambu. É tentar ser forte e não se quebrar, apesar de uma ventania, crise. Ou seja, apesar de chuvas e ventanias, o bambu não se quebra, apenas pende de um lado para outro.

muito tempo em casa. Então por que não encontrar algo, diferente, para fazer? Não tenha pressa em descobrir. Opte em ler bons livros (diferentes do dia a dia: técnicos); faça caminhada no prédio, se for possível. É preciso, também, que a pessoa decida estar bem, em qualquer circunstância que ela se encontra. Não é fácil, mas é possível. Se não conseguir, contrate um psicólogo que não é nada demais pedir ajuda.

Um jardim Somente a pessoa pode saber exatamente os seus potenciais. Em qual área da vida ela é melhor, se não souber é bom procurar um psicólogo para descobrir. Não é nada demais, seja lá a idade que a pessoa tem. A pessoa pode ser comparada a um jardim onde ela vai descobrir o que melhor plantar. Será uma árvore frondosa, com ou sem frutos? Somente para dar sombra ou para alimentar alguém? O jardim também pode ser somente para plantar flores, enfim. Cada pessoa pode ser um jardim. Se não tomar consciência do jardim, muitas plantas daninhas vão crescer.

Todos os dias

É preciso que as pessoas encontrem, todos os dias, algo útil e agradável para fazer. Com o confinamento, tem-se

Arnaldo Santtos é Psicólogo Clínico - CRP-15/4.132. Celular: (82) 9.9351-5851 Consultório: Rua José de Alencar, 129, Farol (Atrás da Casa da Indústria), Maceió-Alagoas. Atendimento também online, autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Email: arnaldosanttos.psicologo@gmail.com arnaldosanttos@uol.com.br Facebook: Arnaldo Santtos Instagram: @arnaldosantttos


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PEDRO OLIVEIRA

n pedrooliveiramcz@gmail.com

Os arautos da hipocrisia

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m tempos de pandemia e catástrofes também cresce nos políticos a nefasta prática de hipocrisia demagógica. Eles se apressam em aparecer como “salvadores da pátria” passando notícias falsas e se declarando autores de ações que para os que não têm acesso às informações oficiais parecem ser atos de bravura e soluções. Com um mandato pífio no Congresso, o senador Rodrigo Cunha é mestre em criar artimanhas tentando se mostrar atuante, mas já se anuncia uma grande decepção para os milhares de eleitores que se sentem enganados por seu desempenho equivocado. Esta semana quis aparecer mais uma vez ao cobrar do Ministério da Justiça providências sobre a compra de 50 respiradores a uma empresa que fraudou e não entregou os equipamentos. Ele sabe que a compra foi efetuada através de um Consórcio composto por nove estados e efetuada pelo governo da Bahia, que lidera o pacto formal dos entes

PARA REFLETIR: federativos. Dentro de sua ação demagógica ainda sugere que a “Polícia Federal dê apoio às investigações para que os danos à população alagoana sejam rapidamente compensados”. Ora, ao anunciar seus atos de “heroísmo”, o senador sabia que o Ministério da Saúde, Ministério da Justiça e Polícia Federal já estavam em plena ação para a solução de fraude e com os fraudadores apontados. Tenta culpar o governo de Alagoas, que foi prejudicado juntamente com mais oito estados, que não cotaram, não julgaram e nem compraram os aparelhos diretamente. Quem precisa ser investigado é o governo da Bahia, responsável pela compra. Rodrigo Cunha não pode querer inflar seu mandato que decepciona aqueles que nele votaram, com essas e outras ações que apenas diminuem sua história e o coloca ao nível de igualdade com a prática política vigente que ele tanto condenou, mas pactua.

Bancada decepciona

A Moro, o que é de Moro

A bancada alagoana na Câmara e no Senado tem decepcionado como sempre, quando se trata de ajudar o governo, independente de antagonismo partidário, a salvar vidas. Como exceção o deputado João Henrique Caldas (JHC), que tem feito um efetivo trabalho de trazer recursos para ajudar no combate à pandemia que afeta a vida do nosso estado, principalmente das pessoas mais vulneráveis. O prefeito Rui Palmeira e o governador Renan Filho têm agido com responsabilidade a custo de um ônus grande diante da forçada atitude de restrição das atividades econômicas e de regras severas para isolamento social, mas colocando em primeiro lugar a saúde e a vida da população alagoana. Governo e prefeitura gastam recursos próprios com a pandemia enquanto não se efetivam os aportes prometidos pelo governo federal, as arrecadações despencaram em alta escala e há um esforço gigante para que os salários dos servidores permaneçam em dia. Fica difícil confrontar ações de governo com demagogia de políticos inescrupulosos. Mas a verdade prevalece e os mentirosos serão desmoralizados.

A grande imprensa e as redes sociais criaram a maior confusão porque, mesmo tendo sido exonerado do Ministério da Justiça, o ex-juiz federal Sérgio Moro irá continuar recebendo o salário que tinha no governo. Exatos R$ 31 mil durante seis meses. Segundo as informações, “essa foi a decisão da Comissão de Ética da presidência da República. A decisão foi por unanimidade”. A comissão determinou que Sérgio Moro não poderá advogar por seis meses, a contar da data em que ele deixou o governo, dia 24 de abril. O argumento principal levantado pela comissão foi o conflito de interesses na atividade. Como foi imposta a quarentena, Moro vai continuar recebendo salário de ministro, de R$ 31 mil, durante o período. A comissão, entretanto, liberou Moro para dar aulas e ser colunista de uma revista. Para os que acharam um absurdo é preciso informar que a Comissão de Ética apenas cumpriu a lei. Com uma decisão diferente Sérgio teria o benefício pela Justiça.

Burros ou desonestos? Os vereadores de Maceió aprovaram esta semana projeto de lei inconstitucional, em ato de declarada demagogia em plena pandemia da Covid-19. Poder Legislativo nenhum pode gerar despesas para o Executivo, com impacto financeiro nas contas públicas e sem apontar de onde sairão os recursos devidos. O auxílio emergencial para trabalhadores informais em Maceió não se sustenta e os vereadores que o aprovaram sabem muito bem disso. Com perdas significativas de repasses federais desde o ano passado, sem arrecadação este ano e já sofrendo queda nas finanças com a suspensão de impostos no Pinheiro e Bebedouro há quase um ano, a prefeitura da capital tenta manter salários em dia e insumos e prioridade na saúde pública. Tudo isso é coisa de ano eleitoral e irresponsabilidade do autor e de quem aprovou a aberração.

Ainda me assusto com o ódio que escorre das palavras, nas palavras mal escritas, nas palavras cuspidas. É um ódio tão intenso que a gente não sabe onde levará. Aí a gente vai para as ruas e assiste essa mesma incivilidade”. (William Bonner)

Supremo insultado Nunca o Supremo Tribunal Federal foi tão desmoralizado. Esta semana uma aliada do presidente Bolsonaro vai para frente da Corte e chama o ministro Alexandre de Moraes de “FDP arrombado”, outro usa as redes sociais para dizer que o ministro é um “moleque”. Tudo isso, em tese, chancelado pelo Palácio do Planalto. Não há lições a tirar disso, a não ser que o Brasil carece de referências, que os “heróis” morreram e os vilões tomaram conta do País. Não há lado a escolher porque a paixão, o ódio, o desejo de revide agora prevalecem sobre o bom senso. Há um incendiário no Planalto e um grupo de zumbis espalhando gasolina na democracia. Do outro lado da Praça dos Três Poderes, um ministro age como delegado, promotor e juiz. Ele investiga, acusa, julga e pode condenar. Não é este o papel de um ministro da Suprema Corte. Esse comportamento apequena um dos poderes mais importantes da República. E reforça a tese do ódio - que reside em vários gabinetes de Brasília. Os brasileiros procuram um herói que lhes aponte caminhos, que abra as janelas para os raios do sol entrarem. Procuram uma referência, mas só encontram anti-heróis, com atos questionáveis que só aprofundam crises e produzem desesperança. Para onde caminhará o país?

EXPRESSAS

Comércio deverá abrir gradativamente em breve, mas as pessoas não poderão sair de casa. E aí quem vai comprar? Eleições estão sendo definidas para dezembro. Em breve os “mascarados” estarão na sua porta pedindo votos. Avançando as obras da Nova Maceió. Surgem melhorias em todos os bairros da periferia. A cidade está se transformando. A população agradece.


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2019 só em 2024, talvez em 2030

ELIAS FRAGOSO

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n Economista

nalistas do mercado e o governo erraram feio ao emitir previsões do PIB para 2020 extremamente otimistas, como se a economia finalmente estivesse decolando (e as mantiveram até início de fevereiro). Não estava. E alertamos neste EXTRA sobre isso. A queda de 1,5% do PIB no primeiro trimestre deste ano, mesmo tendo a quarentena sido iniciada no país apenas nos últimos 10 dias de março, é a confirmação do que chamávamos a atenção ainda em dezembro do ano passado: a economia vinha claudicando, sem crescimento.

Agora, eles ensaiam uma aproximação por tentativa e erro sobre o desempenho da economia para 2020. O governo fala em uma queda de 4.5% do PIB, o mercado em -4,1%, o FMI e o Banco Mundial estimam -5%. Mas tem gente que entende que o buraco está bem mais abaixo. A XP investimentos, por exemplo, avalia uma queda do PIB no 2º trimestre em 15% e para o ano da ordem de -6%, o Goldman Sachs, estima que o PIB de abril/junho será de -12,9% e de -7,7% em 2020 e o Bradesco BBI trabalha com -9,7% no próximo trimestre e -7% no ano. A OMC- Organização Mundial do Comércio, entende que o PIB do Brasil alcance -11,4% em 2020. Numa conta de papel de enrolar prego (já que não há variáveis para medir objetivamente) e considerando que até a primeira metade de março as estimativas do mercado eram para um PIB no 1º trimestre de 0%, significa dizer que, grosso modo, o -1,5% daquele indicador se deram basicamente nos últimos 15 dias de março. Se isso for verdadeiro, mantida

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as restrições de mobilidade em junho, por hipótese, a queda do PIB no 2º trimestre pode alcançar magnitude ainda maior que a média projetada pela maioria do mercado: acima de 10%, portanto, na margem superior das estimativas que vêm sendo feitas no momento. De qualquer sorte, em qualquer dessas hipóteses aventadas acima, será a maior queda do PIB brasileiro em todos os tempos em um trimestre e em um ano. No tocante às estimativas para o segundo semestre, acho que há muito otimismo quanto a uma retomada minimamente razoável das atividades na segunda metade do ano. Não creio nisso. A economia já vinha caindo aos pedaços em 2019, com um nível de atividade totalmente incompatível com as necessidades do país mesmo antes da epidemia. Portanto, não será agora, depois dessa brutal retração do primeiro semestre, com o número de desempregados saindo dos 12 milhões para algo em torno de 18 milhões, milhares de empresas

fechando (porque não estão sendo ajudadas pelo governo), uma fuga de capitais acelerada, os governos quebrados, sem condições efetivas de alavancar a economia e um país politicamente cindido, com um governo caótico e sem plano de saída para a crise, que a economia brasileira teria o desempenho que eles estão projetando. Apenas como adendo, há uma semana a OMC estimou queda do comércio exterior brasileiro: -20%. Um número brutal. Que complica ainda mais as coisas, já que perdemos receitas em dólares (se a recuperação mundial for rápida aquele número pode cair para -8%, ainda assim, uma tragédia para as contas nacionais). Em resumo, pode-se prever que a volta do PIB aos valores de 2019 deverá demorar no mínimo até 2014 (se as hipóteses otimistas do mercado vingarem). Se ao contrário, os números do PIB forem aqueles situados na margem superior das estimativas, podemos perder a década. Infelizmente.

No tocante às estimativas para o segundo semestre, acho que há muito otimismo quanto a uma retomada minimamente razoável das atividades na segunda metade do ano. Não creio nisso. A economia já vinha caindo aos pedaços em 2019, com um nível de atividade totalmente incompatível com as necessidades do país mesmo antes da epidemia.

le acarajé. Parece que estou vendo as grandes sombrinhas com a publicidade estampada da Imobiliária Capri de meus amigos José Luiz Ramalho e Nabal. Caubi com as bebidas e d. Arli e filhos com o acarajé. Separados e todos juntos. Faziam-se filas duplas de carros para ter acesso ao gostoso bolinho. Aquele local, em todos esses anos, transformouse numa reunião de grande parte da sociedade maceioense. E até de visitantes. Tenho sobrinhos que se estiverem em Maceió, dão um pulinho ali. Um domingo, principalmente, sem um acarajé do hoje conhecido também como “do Alagoinhas”, com aquela cervejinha gelada ou uma água de coco natural, deixa-

nos sentindo a falta de tantas outras coisas que têm de ser colocadas no programa obrigatório daquele dia. Encontrar quase sempre com figuras conhecidas de todas as épocas. Uma delas, sempre vou cumprimentar. Meu velho amigo Benildo Carlos, dono da sorveteria dos tempos de juventude: DK-1 na Av. Moreira Lima. E vêm tantos e tantos amigos e parentes para viverem as alegrias dominicais daquela praça que se transformou em “point” onde impera a alegria, o bom humor e quase sempre uma boa música. Sei que esse convívio, por um bom tempo, vai sentir saudades daquela que recebia a todos com uma alegria e um carinho muito especial.

Faziam-se filas duplas de carros para ter acesso ao gostoso bolinho. Aquele local, em todos esses anos, transformou-se numa reunião de grande parte da sociedade maceioense. E até de visitantes.

O acarajé sem a Neide

JOSÉ MAURÌCIO BRÊDA n Economista

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desaparecimento repentino, vitimada pela Covid-19, da Neide do Acarajé, criatura de uma meiguice sem igual, fez-me voltar uns 50 anos de minha vida. Fruto de um matriarcado onde a comandante era d. Arli, naquela organização familiar quem

não é pai ou mãe, é irmão ou irmã, sobrinho ou sobrinha, enfim quase todos viventes sob a mesma égide daquela matriarca. Abro parênteses para lembrar brincadeiras que fazia com d. Arli, ainda quando ela trabalhava, já na praça, ocupando a banquinha de recebimento das comandas, hoje nas mãos de sua neta Luana, aqueles papeizinhos presos com clips, parecendo banca de jogo do bicho, e eu perguntava qual bicho tinha dado naquele dia. E ela ria muito. Desde lá do outro lado, no calçadão próximo ao Alagoinhas, vem crescendo esse agregamento familiar. Com sete filhas e apenas um filho, o agora viúvo Eduardo, outra extraordinária pessoa, juntou-se o genro Caubi, que acabou dando nome àque-


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Com raiva do vírus

ALARI ROMARIZ TORRES n Aposentada da Assembleia Legislativa

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ano de 2020 tem sido muito ruim. Trouxe com ele um tal de vírus que se espalhou pelo mundo inteiro e matou milhares de pessoas por onde passou. No Brasil ele foi muito impiedoso. Não poupou ninguém e mexeu com as estruturas do sistema de saúde. Muitos morreram por falta de atendimento ou por causa do caminho fatídico do baixinho invisível. A vida de todos nós se modificou por conta do coronavírus. A primeira atitude foi ficar em isolamento total. Daí, então, mãe não podia ver filhos, avó não podia ver netos. Tudo o que fazía-

mos naturalmente, deixou de ser feito. Eu e meu marido visitávamos sempre nossos filhos que moravam em lugares diferentes. Quando as saudades apertavam, lá íamos nós passar alguns dias com nossos rebentos. Ficávamos por lá dez, quinze dias, depois voltávamos para o nosso “paraíso”. No começo de 2020, vimos as quatro “pedrinhas de fogo”: conversamos, rimos, tentamos resolver problemas e ponto final. Outro hábito frequente, de que ficamos privados, era almoçar com um irmão ou uma irmã num dia qualquer da semana. No domingo, eles e elas, os irmãos e as irmãs, vinham passar o dia no “Paraíso da Vovó Alari”. Manhãs e tardes felizes, cheias de alegrias, boas comidas, boas bebidas. Temos um Sindicato dos Aposentados que fica na Praça Dom Pedro II. Diariamente, pela manhã, íamos “dar expediente” em nossa sala. Sabíamos das novidades, falávamos das proezas da Mesa Diretora, lanchávamos, ríamos, tentávamos resolver problemas criados pelos gestores. Aqui, acolá, um adoecia, outro morria. Podíamos visitá-los nos hospitais ou ir ao velório. Atualmente, não nos vemos, não rimos, nem choramos juntos. Tudo é feito pelo “zap” ou pelo Facebook, de maneira virtual. Entrou o mês de junho: aniversário

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de meu filho mais velho que mora no Rio. Era viagem certa todos os anos. Apesar de saber que ele não gostava de festa, contentava-me em vê-lo, dar-lhe beijos, apertá-lo com força. Coisas de mãe! Este ano, meu 9 de junho vai ser de saudade e abraços virtuais. Ainda neste mês de junho teremos festas, quadrilhas, milho verde, alegria. Veremos tudo pela TV, não iremos às festas populares. Quem quiser aproveitar os festejos, vai dançar em frente à televisão ou se contentar com as lives. Para amenizar o sofrimento, faremos canjica, pamonha, pé de moleque para os dois velhinhos de 79 anos. Não há coisa pior do que saber que um amigo ou parente está hospitalizado ou morreu e só se contentar com notícias. Não podemos abraçar os familiares do falecido. De vez em quando, vamos ao banco ou à farmácia e, tristemente, vemos as ruas vazias, pessoas de máscara, não nos deixando identificá-las. As grandes datas de aniversário, batizados, tempos de companheirismo juntos, são celebrados de longe. Assim foi o Dia das Mães e será o Dia dos Namorados. Cantar parabéns só pela internet, abraçar um ente querido é coisa do passado. Eu que gostava de apertar as crianças, beijá-las, soprar o ouvido,

contento-me em vê-los através de vídeo. O mês de julho vem aí! Época de férias, casa cheia de filhos, netos e amigos. Este ano curtiremos o período de lazer sozinhos, eu e o companheiro de 57 anos. Mas, fico procurando algo de bom no isolamento social e encontro: estamos gastando menos gasolina, evitando festas, não entrando nos “shoppings” para comprar nas lojas e, principalmente, não sermos contaminados. O isolamento está servindo para meditarmos um pouco em coisas supervalorizadas por todos nós e que hoje perderam totalmente a importância. Por exemplo: saber que um amigo ou parente estava doente, fazia aniversário e não ir visitá-lo. Hoje, não precisamos justificar, nem a criatura vai ficar ofendida. Apenas uma ligação, ou uma mensagem, já é suficiente. Depois de velha, estou reaprendendo a dar menos valor à visita em certas ocasiões. O vírus está ensinando a todos: fiquem em casa! Não beijem, nem abracem outras pessoas! Usem máscara! Não cheguem perto uns dos outros. A minha dúvida é: sairemos da pandemia melhores ou piores? Voltaremos a beijar os amigos? Só Deus sabe!

Não há coisa pior do que saber que um amigo ou parente está hospitalizado ou morreu e só se contentar com notícias. Não podemos abraçar os familiares do falecido. De vez em quando, vamos ao banco ou à farmácia e, tristemente, vemos as ruas vazias, pessoas de máscara, não nos deixando identificá-las.


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Empresas sentem na pele o abandono do governo

ISRAEL LESSA

n Ex-superintendente Regional do Trabalho

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urante as últimas semanas, eu visitei diversas empresas, de vários setores e tamanhos, desde microempreendedores até indústrias de médio e grande porte. Conversei com vários empresários daqui de Maceió e de outras cidades alagoanas. Infelizmente, em todos os lugares onde fui recebido e em todas as conversas, havia grande preocupação com o futuro de nossa economia local. A sensação é de desamparo. Os empresários alagoanos estão se sentido abandonados, relegados a sua própria sorte. Há um sentimen-

to de que a situação atual é ruim e de que as perspectivas são piores. Poucas medidas existentes para a manutenção dos empregos e a manutenção das folhas de pagamento, como a suspensão dos contratos e redução da jornada de trabalho, já estão quase no fim de vigência e o governo federal não acenou com qualquer prorrogação. Se nada mudar, demissões em massa ocorrerão nos próximos dias e muitas empresas vão fechar em poucos meses. Há equívocos e inúmeras limitações para o pouco crédito disponível às empresas, visando o reforço de seu caixa e a prorrogação de suas dívidas. Microempreendedores sequer foram contemplados com esses créditos. A redução da renda das famílias, que jogou o consumo lá para baixo, será impactada negativamente com a prometida redução do benefício emergencial de R$ 600 para ínfimos R$ 200. Talvez nem isso. Se confirmado, teremos ainda menos dinheiro circulando em nossa já cambaleante economia alagoana. Daí, basta somente um sopro, para cairmos todos no precipício da

recessão. Mas o que me parece pior, além dos efeitos catastróficos dessa pandemia, é a omissão do poder público. Somada à forte instabilidade federal, que não consegue dar uma orientação clara para a economia, a omissão do governo estadual é brutal para o empresário. Estamos na contramão do mundo capitalista: na Itália, o governo injetou 4,5 bilhões de euros no país; a Austrália preparou um pacote fiscal de mais de US$ 11 bilhões; e o banco central americano anunciou a injeção de US$ 700 bilhões. Afinal de contas, com mais dinheiro circulando, há melhora na economia. É fundamental que o Estado e o município executem uma política local de estímulo às nossas empresas. Há vários caminhos para isso, mas, aparentemente, pouco interesse em fazer. Por exemplo: é possível reduzir a carga tributária local, baixando impostos, taxas e diversas alíquotas. O poder público pode conceder estímulos e subsídios para setores estratégicos de

nossa região. Poderíamos discutir e implementar uma política de efetivo financiamento e crédito estadual. Alagoas possui vários fundos já criados. Aliás, fica a pergunta: para onde esses recursos estão sendo destinados? Para onde está indo o Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza -FECOEP? É preciso colocar todo esse dinheiro para circular já. Entretanto, me parece que tudo isso está muito acima dos interesses e das perspectivas de nossos governos. Por aqui, Estado e municípios são incapazes de propor, sequer, a necessária e gradual reabertura das empresas, com a programação responsável de prazos e setores, sem prejuízo das necessárias cautelas para com a vida dos cidadãos. Vejo bloqueios nas praias da Jatiúca, Ponta Verde e Pajuçara. Entendo que são importantes para sinalizar a nossa população sobre a necessária restrição em tempos de Covid-19, mas me pergunto se não há outros tapumes que, infelizmente, bloqueiam a visão de nossos governantes.

O poder público pode conceder estímulos e subsídios para setores estratégicos de nossa região. Poderíamos discutir e implementar uma política de efetivo financiamento e crédito estadual. Alagoas possui vários fundos já criados.


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EMANCIPAÇÃO

Piranhas comemora 133 anos com destaque no setor turístico nacional Atividade é impulsionada por investimentos da administração pública municipal

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ncravado na caatinga sertaneja do Nordeste, o município alagoano de Piranhas chegou esta semana aos 133 anos de emancipação conservando suas belezas naturais, o patrimônio arquitetônico e as tradições culturais como seus principais tesouros históricos. A cidade, que abriu os braços para receber o imperador dom Pedro II, no século XIX, e serviu de refúgio ao cangaceiro Lampião, no século XX, é hoje é um dos mais estruturados polos turísticos do estado e recebe visitantes de todas as nacionalidades. A atividade turística tem crescido a cada ano, desde 2016, impulsionada pelos investimentos públicos realizados na atual administração. A prefeita Maristela Sena Dias nutre o sentimento de orgulho por pertencer ao município cuja população respeita e preserva sua história, construída transpondo grandes desafios. Um deles, mencionado pela prefeita esta semana, tem sido a pandemia. Para impedir a disseminação do novo Coronavírus, a prefeitura suspendeu a tradicional comemoração pela passagem da emancipação, no 3 de junho. O hasteamento de bandeiras foi a única homenagem à data histórica. Maristela Dias transmitiu aos habitantes, nesta semana, uma mensagem de otimismo e incentivo. “Hoje vivemos momentos de dificuldades [decorrentes da pandemia] mas vamos continuar com nossa fé e com a certeza de que isso vai passar”, afirmou. A prefeita enfatizou as conquistas e a coragem da população que, segundo ela, vem rompendo paradigmas em defesa da sua liberdade no que se refere à política. “Continuaremos livres e fazendo de Piranhas uma cidade cada vez melhor e marcada pelo progresso”, disse. Em mensagem à população, Maristela Dias enfatizou que o aniversário de emancipação da cidade será comemorado através do trabalho. “Comemoraremos com a emancipação de quase 2 mil famílias que vivem na dependência do carro-pipa e terão acesso ao abastecimento; com o trabalho de investimento em obras na área da saúde e em quase 20 mil m² de pavimentação na cidade”, disse. A prefeita refere-se a Piranhas como “cidade de um povo lutador, da administração de transparência e da seriedade na Previdência, na Educação e na Assistência”. Na mensagem, Maristela pontua Piranhas como “cidade do turismo, das manifestações culturais, do forró e do cangaço”. “Tenho certeza de que nós sairemos mais fortes e melhor dessa situação. Estamos juntos. Esse é um momento de fé e trabalho sério para construirmos uma cidade cada vez melhor. No próximo ano também estaremos, juntos, celebrando a vitória, a superação dessas dificuldades e para trabalhar ainda mais por nosso município” disse aos habitantes.

Maristela Sena Dias comemora emancipação de Piranhas com mensagem de otimismo


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São Miguel dos Milagres contra o Coronavírus Prefeitura define ações e traça estratégia no combate à pandemia

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omo medida de enfrentamento ao novo Coronavírus e visando a integridade da saúde da população, a Prefeitura de São Miguel dos Milagres vem desempenhando diversas ações na cidade. Para educar e monitorar os munícipes acerca da Covid-19, o prefeito Bureco Ataide determinou a criação de barreiras sanitárias nas entradas e saídas do município. Equipes da Secretaria Municipal de Saúde abordam os veículos para medir temperatura, falar sobre as medidas de prevenção à doença e orientar sobre o uso correto das máscaras de proteção. Todos os passageiros passam por aferição de temperatura, e, caso apresentem temperaturas elevadas, são encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Em São Miguel dos Milagres 24 casos foram confirmados de pessoas com o novo Coronavírus, e um óbito foi registrado pela doença. Para evitar números maiores, a prefeitura se encarregou, através da Secretaria de Turismo e Meio Ambiente e Vigilância Sanitária, de conscientizar e orientar todos os empresários do setor sobre as medidas de prevenção contra o vírus. Os comerciantes dos serviços essenciais também foram informados sobre as determinações estabelecidas pelos técnicos da Secretaria de Saúde e Vigilância Sanitária. Diante do período de crise econômica, a prefeitura

também garantiu assistência às famílias em vulnerabilidade social com a distribuição de cestas básicas, sopa e mungunzá. Os alunos da rede pública receberam kit de merenda escolar para garantia da nutrição e alimentação correta mesmo fora das escolas por causa do isolamento social. Para higienização das mãos e na tentativa de interromper a propagação do vírus, o prefeito garantiu a instalação de pias com água e sabão no mercado público, para que a população possa seguir à risca as determinações da Organização Mundial da Saúde de lavar as mãos de maneira correta e frequente. Nas feiras livres, houve a conscientização e orientação da população. Essas medidas foram realizadas pela Vigilância Sanitária junto aos Bombeiros Civis. A prefeitura se preocupou também em garantir todo o suporte necessário aos profissionais da saúde que estão na linha de frente no combate ao Coronavírus. Entre as ações estão a desinfecção das Unidades Básicas de Saúde, das ambulâncias, dos prédios e espaços públicos, além da compra de equipamentos de proteção individual para os profissionais e distribuição de kits de higiene. Com essas medidas e ações, a Prefeitura de São Miguel dos Milagres espera evitar a propagação do vírus, garantindo a saúde da população e para que em breve possa retomar suas atividades e reabrir as portas para o turismo.

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ECONOMIA EM PAUTA Imposto de renda

n Bruno Fernandes – n bruno-fs@outlook.com

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As distribuidoras que pertenciam à Eletrobras e que foram privatizadas em 2018, a exemplo da antiga Ceal (Eletrobras Alagoas), poderão ter os impactos tarifários mitigados pelo empréstimo bilionário de socorro ao setor elétrico. A proposta da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê que elas possam antecipar recursos a que teriam direito em Revisões Tarifárias Extraordinárias (RTEs). O objetivo é reduzir aumentos tarifários de dois dígitos e, em alguns casos, superiores a 20%.

s contribuintes que devem ao Fisco ganharam mais um mês para se defenderem. A Receita Federal prorrogou a suspensão das ações de cobrança até 30 de junho. O prazo foi estendido em um mês por causa do agravamento da pandemia do novo Coronavírus. O Fisco também prorrogou, para o dia 30 deste mês, o prazo para que o contribuinte possa apresentar cópias físicas ou digitais de documentos. A exigência de apresentação dos papéis originais entraria em vigor no dia 1º, mas também foi adiada por causa da Covid-19.

Doação online O NuBank anunciou o lançamento de um botão especial no aplicativo do banco virtual. Trata-se de uma opção para que sejam realizadas doações a instituições que participam da luta contra o novo Coronavírus. O recurso foi adicionado sob a forma do botão “Doação” no aplicativo para quem tem um cartão de crédito da companhia. Basta escolher a quantidade que deseja doar (de R$ 5 a R$ 100) e a instituição que receberá o valor. A quantidade aparecerá como uma cobrança na sua fatura normalmente.

Auxílio negado O governo federal criará um canal de contestação para quem teve o auxílio emergencial de R$ 600 negado. De acordo com dados do Dataprev, 32,8 milhões de brasileiros tiveram o auxílio emergencial negado até o início do mês de maio, mesmo com o pagamento da segunda parcela já sendo realizado. Aproximadamente 50 milhões estavam de acordo para o recebimento do benefício.


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NO PAÍS DAS ALAGOAS

Um nome pomposo

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ntônio Gomes Pascoal, em campanha eleitoral para prefeito de Pão de Açúcar-AL, que viria a se eleger, andava sempre acompanhado do vereador Marcondielson Napoleão da Veiga Bonfim (Deca), que, com um caderno, anotava todos os pedidos feitos ao futuro prefeito. Quando Deca ia prestar contas dos pedidos com seu caderninho, Antônio Gomes Pascoal dizia: Jogue esse e pegue outro. Entendendo que já havia aprendido o pulo do gato, Deca pensou com seus botões que havia chegado a sua hora. Procurou o chefe político maior, Elísio Maia, e disse-lhe: - Seu Elísio, se o senhor me der um empurrão, eu chego a prefeito. Elísio Maia deu-lhe um forte empurrão. E ele: - Que é isso, Seu Elísio, que é isso? - Um homem com um nome como esse do senhor, pedir para ser prefeito, sr. Marcondielson Napoleão da Veiga Bonfim. Com um nome desse, eu queria era ser senador.

TEMÓTEOCORREIA

n Ex-deputado estadual


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FERNANDO CALMON

n jornalista

Filosa. da FCA, afirma manter investimentos

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previsão de como estará o mercado brasileiro de veículos depois que todas as concessionárias puderem reiniciar vendas presenciais é de uma queda anual de até 40% em relação a 2019. Conversei com os presidentes das três maiores fabricantes, FCA, GM e VW, sobre o presente e o futuro. Em meio a tantas declarações de desânimo, ainda há espaço para algum viés positivo? Vamos descobrir nesta e nas próximas duas semanas. Começo com Antonio Filosa, da FCA. O que vai mudar depois da pandemia? “O comportamento das pessoas e da própria sociedade. Vendas online devem ganhar força. A jornada de compra será cada vez mais digital, e isto exige novas estratégias de atendimento e pós-vendas. Consumidores terão que adiar a compra do carro. Mas haverá muitas pessoas que se sentirão inseguras em meio a multidões. Estas desejarão o carro próprio e conectado, como pagamento de combustível e de produtos sem precisar sair do veículo. Vejo uma tendência a maior demanda de veículos de entrada, de menor preço. Mas o segmento de SUVs é o que mais cresce e continuará assim.” “O mercado brasileiro continuará a ser um dos maiores e mais atraentes do mundo. Já pudemos observar em crises anteriores a

tendência de recuperação rápida. Agora espero que em três anos voltemos ao número de 2019. A taxa de motorização mostra que a frota brasileira ainda tem muito espaço para crescer, pois está abaixo da de outros países com nível equivalente de renda ao nosso. A velocidade da recuperação dependerá do controle do Covid-19 no país e da confiança na economia. Mas é consenso que todos querem retomar a atividade e voltar a crescer. Cria um cenário potencialmente positivo à frente.” Que lições tirar dessa crise? “Os aprendizados. Nossos processos produtivos e administrativos moldaram-se à nova realidade com nível ainda mais alto de atenção à saúde e à segurança. A velocidade de adaptação e aceleração da digitalização tende a perdurar. O conselho global de administração da FCA, que eu integro, admira o Brasil. Nosso principal acionista, John Elkann, viveu aqui. Conhece bem o País e sua capacidade de se reinventar. A isto se soma o histórico de bons resultados na região que resultam em forte confiança no Brasil. Nossos investimentos estão mantidos, com prazos um pouco alongados. Trabalharemos muito para ampliar nossa linha de produtos e surpreender o consumidor com soluções inovadoras.”

VW NIVUS CRIA UM SEGMENTO PRÓPRIO O plano de revelar o Nivus em etapas completou mais uma fase. Agora sem disfarces, o primeiro SUV cupê compacto do mercado brasileiro, projetado e desenvolvido aqui, também será produzido na Espanha para o mercado europeu e de outros continentes. A versão europeia estreia só no segundo semestre de 2021 e terá pormenores diferentes que a VW ainda não revelou, embora seja o mesmo carro. Sua personalidade é o ponto forte, sem semelhanças de estilo com o T-Cross e o Polo. Deste herdou as principais dimensões de chassi com distância entre eixos (256 cm) e largura (175 cm) praticamente iguais, além de portas, para-brisa, caixas de rodas e as colunas dianteiras e centrais. Vão livre do solo, 2,7 cm maior que o do hatch (17,6 cm x 14,9 cm), mostra que não houve exagero. Para ter outra referência o Nivus é 8 cm mais baixo (149 cm) que o T-Cross (157 cm), para garantir silhueta elegante em harmonia ao conceito do projeto. A inclinação das linhas do teto (pintado de preto) é um dos pormenores atraentes e inclui defletor também preto. Cresceu em comprimento 7 cm (426 cm) em relação ao TCross (419 cm). Os racks de teto são discretos. O porta-malas do novo modelo, de 415 litros, ficou maior do que o T-Cross que tem

373 litros, na posição normal do encosto do banco traseiro (na posição vertical aumenta para 420 litros, mas é incômodo). As rodas de liga leve são exclusivas e têm desenho arrojado. Outro destaque de estilo: conjunto de faróis, luzes diurnas e de neblina, além das lanternas traseiras. Nas versões mais caras tudo em LED. Internamente o painel e o quadro de instrumentos digital são do Polo, embora a nova central multimídia VW Play e o volante (igual ao do novo Golf) sejam diferenças marcantes. O suporte para celular foi eliminado. Os materiais de acabamento são simples demais, inclusive sua textura. No apoio de braço nas portas há apenas uma pequena faixa de tecido. Atrás, o espaço para pernas e cabeças dos passageiros será igual ao do Polo. O motor será sempre o 1-litro de 128 cv/20,4 kgfm (etanol) e câmbio automático epicíclico de seis marchas. Espera-se que a fábrica tenha feito um ajuste fino no câmbio para evitar os atuais pequenos trancos na arrancada. A VW iniciará pré-vendas em junho. Entregas das primeiras unidades devem ficar para o final de julho ou mesmo agosto. Ainda não anunciou preços, mas a gama de versões será enxuta. Na média (com alguma superposição) ficará entre Polo e T-Cross, na faixa de R$ 70.000 a R$ 100.000.


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SÁUDE

Parceria com a Uber leva doadores ao Banco de Sangue da Santa Casa de Maceió Corridas gratuitas garantiram atendimento de 326 voluntários em cinco dias de ação; instituição reforça que doações precisam ser constantes DA REDAÇÃO

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rotina dos bancos de sangue espalhados pelo Brasil nunca foi fácil. A dinâmica exige uma ação voluntária de pessoas que entendam a importância da doação e que se dirijam aos locais indicados para garantir os estoques. Mas o que poderia ser simples, esbarra no medo e na desinformação sobre o ato. Com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o cenário piorou: os estoques caíram, mas a urgência por todos os tipos sanguíneos, principalmente os de Rh negativo, segue no mesmo ritmo. Entre os dias 25 e 29 de maio, a Santa Casa de Maceió e a Uber se uniram numa ação que possibilitou o deslocamento gratuito de doadores até o Banco de Sangue do hospital. O resultado foi o aumento de doações, cujo material será destinado aos pacientes cirúrgicos e oncológicos de urgência e emergência da instituição que necessitam das doações para dar continuidade aos tratamentos. “Tivemos um total de 326 possíveis doadores. Destes, 225 estavam aptos para doar. Uma média de 65 doadores por dia. Na semana anterior, registramos a visita de 92 voluntários,

79 estavam aptos e puderam fazer a doação de sangue. Nós que fazemos o Banco de Sangue da Santa Casa de Maceió agradecemos pela iniciativa com a Uber. Que venham mais parcerias como essa”, disse a assistente social Luiza Inácio dos Santos. Apesar da pandemia, o estoque de sangue precisa ser mantido num nível seguro para dar continuidade aos tratamentos dentro do hospital. “A situação é ainda mais urgente quando se trata dos tipos O e A negativos e B positivo. Dependemos de doações para atendermos às solicitações de transfusões e, dessa forma, possamos garantir a segurança destes e outros pacientes. As doações precisam ser constantes”, explica a assistente social.

COMO FUNCIONOU Um código promocional específico deu viagens gratuitas de ida e volta aos doadores para cada trecho. O código foi adicionado no aplicativo da Uber antes das viagens. A medida faz parte do compromisso anunciado pelo CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, de fornecer em todo o mundo 10 milhões de viagens e entregas de alimentos gratuitas para profissionais de saúde, idosos e pessoas em necessidade durante a pandemia. “Desde a chegada do coronavírus no Brasil, a Uber tem apoiado as comunidades onde atua de diferentes formas. Ao oferecer viagens gratuitas para incentivar a doação de sangue em Maceió, nós queremos facilitar o movimento das pessoas para que elas possam se deslocar com mais agilidade e conforto”, disse Silvia Penna, gerente de operações da Uber.

Estoque de sangue precisa ser mantido num nível seguro para garantir tratamentos Para André Carneiro, gerente de Marketing e SADT da Santa Casa de Maceió, a parceria mostrou que os maceioenses estão sempre dispostos a ajudar. “Os números comprovam que tem muita gente disposta a ajudar, a salvar vidas. Doar sangue é um ato de amor e esse ato precisa ser constante, pois ainda tem muita gente necessitando de doações para seus tratamentos”, disse o gestor. Em Maceió, a ação foi intermediada pela “Frente Parlamentar Mista de Economia e Cidadania Digital”, popularmente conhecida como “Frente Digital”, projeto idealizado e presidido pelo deputado federal alagoano, João Henrique Caldas (PSB-AL).

CRITÉRIOS BÁSICOS PARA DOAÇÃO: Estar alimentado e em boas condições de saúde; Ter idade entre 18 e 60 anos; Portar documento oficial c/foto: (Identidade, Habilitação,Reservista com foto ou Carteira Profissional); Pesar a partir de 55 kg; Não ingerir bebida alcoólica no dia anterior; Dormir pelo menos 6 horas durante a noite.

HORÁRIO DE DOAÇÕES: Segunda à sexta feira das 07:00 às 16:00 horas


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ABCDOINTERIOR Eleições em Arapiraca

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vice-governador Luciano Barbosa pediu exoneração do cargo de secretário de Educação, confirmando, assim, a sua disposição de disputar a Prefeitura de Arapiraca. Agora, é ajustar com o deputado estadual Ricardo Nezinho, que também é pré-candidato. Nezinho e Luciano devem se entender e não deixar a decisão para a convenção do MDB. Uma queda de braço entre os dois políticos só favorece a situação, ou seja: fortalece a candidatura a reeleição de Rogério Teófilo.

Especulações

Resistiu

E as especulações são muitas. Nos bastidores da política arapiraquense os comentários sobre um possível entendimento entre Barbosa e Nezinho fluem sem implicações, já que caberia a Ricardo indicar o pré-candidato a vice-prefeito, que seria o seu irmão, o vereador Rogério Nezinho, também do MDB. atrair um bom público. Do contrário, é melhor não fazer.

Quando o crime aconteceu, o sargento estava acompanhado de um amigo, que também ficou ferido. O confronto de quarta-feira foi com militares do Complexo de Operações Policiais Especiais Caatinga (Cope-Caatinga). Segundo as informações, Matuto teria resistido à abordagem.

Devem se entender Mas se não houver um entendimento, Nezinho pode cruzar os braços, o que enfraquece, sem dúvida nenhuma, a candidatura de Luciano Barbosa. Mas, pelo andar da carruagem, o deputado Ricardo Nezinho já vem conversando com a própria família e correligionários para, enfim, tomar a sua decisão. Enquanto isso, o prefeito Rogério Teófilo permanece tranquilo, tocando o seu trabalho na Prefeitura e lutando contra a pandemia do novo Coronavírus, que tem deixado muitas famílias de luto.

Confronto com a polícia Morreu na quarta-feira, 3, em confronto com a Polícia Militar nas imediações de Itabaiana, no estado de Sergipe, Ricardo Jorge Barbosa da Silva, também conhecido como Matuto. Ele era suspeito de ter participado da morte do sargento da PM de Alagoas Valmir Tavares, no dia 8 de maio de 2008, no bairro de Capiatã, em Arapiraca. O crime, de ampla repercussão, aconteceu em frente ao antigo Hospital Santa Maria.

Pediu celeridade A Prefeitura de Arapiraca, através da Procuradoria-Geral do Município, entrou com uma petição para o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, pedindo a celeridade no julgamento do processo para rateio do precatório do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).

Impasse No documento, a procuradoria ratifica a urgência do julgamento, tendo em vista que trará resolução para esse impasse, pois vai gerar grande impacto na esfera financeira de diversos servidores da educação municipal.

Rateio dos precatórios “Essa é uma luta travada já há alguns anos por mim. Sigo com meu compromisso com os professores, principalmente no tocante ao rateio dos 60% dos precatórios. No final do ano passado a Justiça Federal emitiu parecer favorável para o rateio e estamos confiantes de que em breve teremos boas notícias”, disse o prefeito Rogério Teófilo.

n robertobaiabarros@hotmail.com

Girau do Ponciano Na manhã do último domingo, 31, em uma cerimônia ecumênica restrita aos profissionais de saúde e higienização e integrantes do Grupo de Trabalho contra o coronavírus, o prefeito David Barros, junto com a secretária Municipal de Saúde, Gorete Santana, e o coordenador do hospital de campanha, André Valente, fizeram a entrega do Hospital Municipal de Campanha.

Hospital de Campanha Além do hospital de campanha, o município de Girau do Ponciano tem adotado diversas estratégias no combate ao Coronavírus, como, por exemplo, a busca ativa de pacientes com alguns dos sintomas da Covid-19, evitando que estes pacientes apresentem um quadro grave dessa doença, sobrecarregando o sistema de saúde municipal.

Improbidade no Sertão O dano no Instituto da Previdência, Aposentadorias e Pensões (Iaprev) da cidade de São José da Tapera, no Sertão de Alagoas, pode deixar 1.500 servidores municipais sem aposentadoria nos próximos anos. De acordo com a denúncia foi feita pelo vereador José Márcio (PDT), os desvios nas contas da previdência municipal são de quase R$ 30 milhões, oriundas das gestões do ex-prefeito, Jarbas Ricardo, e do atual prefeito, José Antônio.

“Rombo” na previdência Em fevereiro de 2019 foi aberto um processo de impeachment do prefeito José Antônio sobre o desvio de R$ 8 milhões dos cofres do Iaprev. Em junho do mesmo ano, o processo foi arquivado após não obter votação mínima durante sessão extraordinária na Câmara de Vereadores.

PELO INTERIOR . ... A Covid-19 avança com força em Arapiraca. A mais nova vítima desse vírus terrível é Iza Castro, filha do radialista Evaldo Silva. ... Iza Castro,faleceu na madrugada de quinta-feira, 4. A sua morte abalou a cidade. ... Trinta e dois pacientes receberam alta médica da Covid-19 no Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca, desde o início da implantação de leitos exclusivos para a doença, em meados de maio. ... As informações foram divulgadas através de um Boletim Diário interno da instituição. As altas são resultado do empenho por parte dos profissionais de saúde que estão na linha de frente da assistência aos infectados. ... Elas foram comemoradas pela direção do hospital. O diretor médico Ulisses Pereira parabenizou o trabalho da equipe e destacou o momento como único na história da instituição. ... “Há um grande esforço da equipe em cuidar desses pacientes diante de um cenário tão cheio de desafios. Mas a experiência de nossos profissionais, aliada à motivação dos que chegam para ajudar, tem trazido boas respostas”, disse. ... Ainda sobre o rombo na Previdência de São José da Tapera: a polêmica denunciada pelo vereador José Márcio, mostra que no dia 12 de março deste ano foi aprovado um parcelamento e reparcelamento dessa dívida pela Câmara Municipal. ... Porém, com um valor muito abaixo do que os desviados dos cofres do Iaprev. Segundo o parlamentar, esse “rombo” deixa em risco a aposentadoria de 1.500 servidores municipais. ... O vereador denuncia que em relação à dívida do ex-prefeito Jarbas Ricardo, foi reparcelado um valor de R$ 3 milhões, porém a dívida da gestão é de mais de R$ 18 milhões. (Com 7Segundos) ... A Universidade Cruzeiro do Sul deverá indenizar em R$ 3.000,00 um aluno que não recebeu o diploma dentro do prazo estabelecido. ... A decisão, publicada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) da quarta-feira (3), é do juiz Thiago Augusto Lopes de Morais, da Comarca de São Sebastião. ... Aos nossos leitores, desejamos um final de semana com paz e saúde. Até a próxima edição, se assim Deus nos permitir!


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MEIOAMBIENTE

Sofia Sepreny da Costa s.sepreny@gmail.com

Vozes silenciadas

Mês do meio ambiente

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urante todo o mês de junho serão promovidas oficinas e mesas de debate virtuais sobre meio ambiente, ampliando a participação da população, mesmo durante o período de isolamento social em prevenção a pandemia do novo Coronavírus. Para Pedro Normande, gerente de Educação Ambiental do Instituto do Meio Ambiente, manter o diálogo com os alagoanos sobre a natureza é essencial, sobretudo nesse momento de incertezas quanto ao meio ambiente durante e pós-pandemia. A programação do Mês do Meio Ambiente inicia nesta sexta, 5, com passeio virtual no Barco Escola do IMA na APA de Santa Rita. As mesas de debate irão acontecer nos dias 9, 16 e 25, sobre os respectivos temas: meio ambiente e as práticas de educação ambiental na pandemia; licenciamento ambiental em tempos de pandemia; saneamento no Estado de Alagoas. Oficinas também serão ministradas por técnicos do IMA, com atividades para se fazer em casa durante o isolamento social. Nos dias 11, 13, 20 e 27, a população irá aprender sobre sabão ecológico, compostagem caseira, jardim vertical e horta para pequenos espaços. Toda a programação será transmitida ao vivo nos canais do IMA no YouTube, Instagram e Facebook.

CPI contra Salles Na semana dedicada ao meio ambiente, a bancada do Partido Verde na Câmara articulou a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o que classifica como “desmonte ambiental” orquestrado pelo ministro da pasta, Ricardo Salles. O grupo já apresentou requerimento com o pedido de CPI e está coletando assinaturas de parlamentares. Segundo índices divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Fundação SOS Mata Atlântica, restam apenas 12,4% da cobertura florestal original no Brasil. Mesmo com o número alarmante, o desmatamento do bioma cresceu 27% entre 2018 e 2019. Outro estudo também aponta que, durante a pandemia, em abril, os alertas de desmatamento da Amazônia registraram aumento de 63,75% em relação ao mesmo mês do ano passado. Dentre os diversos motivos elencados pela peça que subsidia a abertura da comissão parlamentar de inquérito, estão a investigação dos eventuais beneficiários da flexibilização da legislação infralegal e por atos da gestão como expedição de licenças ambientais, enfraquecimento dos Conselhos e pareceres da AGU, dentre outros.

Neste 5 de junho, data em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social, lança a publicação “Vozes Silenciadas: a cobertura do vazamento de petróleo na costa brasileira”, que analisa a abordagem dos principais veículos de comunicação no Brasil sobre o maior desastre por derramamento de petróleo cru do Oceano Atlântico Sul. Dados levantados pelo Intervozes mostram que, além do atraso de quase um mês na divulgação dos fatos pela mídia, seja nos veículos de alcance nacional ou nos de alcance regional, em média 60% das vozes ouvidas foram de autoridades públicas e apenas 5% aproximadamente representavam os povos e comunidades tradicionais diretamente afetados. Dez meses depois do aparecimento das primeiras manchas do petróleo, o governo federal segue sem respostas sobre a possível origem do material. O último balanço feito pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), de 20 de março deste ano, revela que 1.009 localidades, de 11 estados e 130 municípios brasileiros, foram afetadas. A publicação ficará disponível para download gratuito no site do Intervozes (intervozes.org.br)

Pancs

Preservação da água Indispensável na prevenção ao novo Coronavírus, a água é um recurso finito e que deve ser preservado. Diante desse desafio, a BRK Ambiental, maior empresa privada de saneamento básico do país, lança uma campanha que incentiva o descarte adequado de resíduos domésticos para contribuir com a preservação dos recursos hídricos, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. A iniciativa é protagonizada pela Vovó Palmirinha, referência na gastronomia brasileira. Ela reforça a importância do descarte adequado do óleo de cozinha e aponta que até o uso do ralo de pia é essencial para evitar a contaminação de lagos, rios e mares. Para se ter uma ideia, cerca de 32 milhões de toneladas de lixo, das 79 milhões de toneladas produzidas pelo Brasil em 2018, foram descartadas de forma inapropriada, incluindo a rede de esgoto.

A dieta do alagoano pode ser mais abrangente do que feijão e arroz. Já pensou em almoçar escondidinho de cará com carne de jaca, ora-pro-nóbis e açafrão da terra? Esse é um exemplo de prato composto por Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs). Algumas espécies tradicionais são encontradas facilmente na flora e podem integrar o nosso cotidiano como fontes abundantes de nutrientes e renda. Esse grupo de vegetais comestíveis é considerado fundamental para a proteção da biodiversidade. Em Alagoas, as Pancs são um dos objetos de pesquisa da professora Patrícia Muniz do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas (Ceca/Ufal). O projeto é ancorado pela etnobotânica, a ciência que estuda as relações entre as pessoas e as plantas. A metodologia identifica as espécies mais conhecidas, literatura local relacionada e quais são os fatores que interferem nesse conhecimento, os critérios para que as pessoas escolham consumir uma planta ao invés de outra. Durante a pandemia do novo Coronavírus, conhecer novas formas de se alimentar podem introduzir hábitos saudáveis cotidianos. Com certeza há uma planta alimentícia não convencional que pode fazer parte de sua dieta. Para encontrar as Pancs registradas em Alagoas acesse o acervo virtual do Herbário MAC disponível no site www.ima.al.gov.br.


MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE JUNHO DE 2020

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MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 11 DE JUNHO DE 2020


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