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A reação dos alagoanos à Braskem no BBB

Fragoso Elias

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Uma indústria de grande porte, velha (50 anos) com sérios problemas de manutenção que já provocou graves acidentes e até morte no seu interior. Que ameaça diariamente a vida de 150 mil pessoas que residem, trabalham ou estudam no perímetro potencial de acidente com cloro, um dos mais perigosos e mortais elementos químicos que a Braskem produz.

Poucas

vezes na vida senti a pulsação da sociedade alagoana tão alterada, indignada em torno de um tema, no caso a unânime forte crítica à presença da Braskem como uma das patrocinadoras do BBB, um dos programas de maior audiência da TV brasileira, defendendo a cavilosa mensagem de defesa do meio ambiente. Logo ela, um dos maiores grupos do setor que mais gera poluição no planeta, seja na terra ou nos mares: o do plástico!

O efeito imediato e avassalador entre os alagoanos foi como se tivessem tomado uma tapa na cara da Braskem, uma empresa que há duas décadas inferniza e ameaça potencialmente a vida da população de Maceió com sua presença indesejada, localização ilegal e criminosamente antiambiental de sua maior planta industrial DENTRO de nossa capital.

E que segue na sua marcha batida de insensatez, prepotência e relações espúrias com autoridades dos três níveis de governo, municipal, estadual e federal que só prejuízos e atraso econômico trouxeram a Alagoas e Maceió. O grupo representa menos de 0,5% do paupérrimo PIB de Alagoas. Enganou a muitos desde os primórdios com promessas vãs de progresso e desenvolvimento (sic!) e entregou perdas no PIB alagoano e destruição!

Outra das suas s ações deletérias em Maceió – as falhas grotescas da mineração do sal-gema em área altamente sensível – exatamente abaixo de importantes conglomerados urbanos de Maceió – que a empresa findou por provocar dois terremotos na cidade que afundaram e destruíram a região noroeste de Maceió, uma área equivalente a 300 campos de futebol do CSA, uma das vítimas da sanha braskeniana em Maceió.

Os números e as dores que eles provocaram são conhecidos de todos, não vou enumerá-los, estão disponíveis por aí, mas quero ressaltar o que se somou a eles para produzir o “caldo de cultura”

Humano, demasiado humano

na simplicidade encantadora dos humildes? Desconfio que na vaidade, que ainda não domino.

O egoísmo me assusta, na presunção de que sou o melhor e o não me revoltar pelo desprazer da não conquista.

GERALDO MAGELA

Pirau

n Procurador de Justiça aposentado e escritor que conduziu à explosão dos alagoanos a partir da insidiosa participação da Braskem no BBB: qualquer um em Alagoas sabe – e se enoja – com a babel de informações e dados virtualmente mentirosos, vigaristicamente insinuados como (falsas) verdades em comunicados esculpidos a dedo para enganar incautos, que são produzidos diariamente pela Braskem. humilde, sendo o estoico que não sou e o sábio que nunca fui.

Não aceito, pasmem, o egoísmo alheio, quando não corrijo o meu.

A falta de dosimetria das fakes news divulgadas e a insistente tentativa de fazer valer o princípio hitleriano de que uma mentira contada milhares de vezes se torna verdade, os “comunicados” diários e insistentes da Braskem findaram por deixar até a velhinha de Taubaté, do Veríssimo, descrente de suas mensagens. É assim que os alagoanos se sentem. Estuprados por uma massiva e cavilosa campanha que desvirtua a verdade tentando fazê-los engolir a seco “verdades” e “providências” em relação ao mega desastre que a empresa provocou na cidade, o maior do mundo em área urbana. Tudo lero. Ou meias verdades sofismáticas.

Deu no que deu. O caldo entornou e agora a empresa ao que parece terá que engolir o fel que destilou sobre essa cidade durante tanto tempo. Os milhões de interações nas redes sociais mostraram o caminho que os alagoanos devem percorrer nessa luta insana em defesa de Maceió. Que prossigam. A luta é desigual, mas no fim o bem sempre prevalece.

A falta de dosimetria das fakes news divulgadas e a insistente tentativa de fazer valer o princípio hitleriano de que uma mentira contada milhares de vezes se torna verdade, os “comunicados” diários e insistentes da Braskem findaram por deixar até a velhinha de Taubaté, do Veríssimo, descrente de suas mensagens.

Admiro a virtude da bondade, do amor e da compaixão, tão elogiada e prática comum nos santos, acho-as difícil neste “humano, demasiado humano”.

Nada é igual neste mundo tão aparente. Os próprios humanos, nesta igualdade visível, não o são. As paixões, sentimentos tão próprios, que nos elevam ou nos degradam, são muito diferentes em cada um de nós.

Omundo

à nossa volta é egoísta, presunçoso, egocêntrico, mas também o é generoso, solidário e pleno de fé. E, nós, onde ficamos? No egoísmo sem medidas ou na generosidade exemplar. Eu, onde estou, na vaidade que dissimulo para fingir o que não sei e ainda busco, ou

O poder, tão necessário ao equilíbrio social, sem ele tudo seria barbárie, mas também é responsável pela miséria humana, quer no sentido coletivo, quer no individual.

A vaidade nos assalta, e a mim em particular. Faltame a serenidade dos estoicos. A sensação que tenho é, pela vaidade e tão somente por ela, que não consigo mostrar a raiva, o descontentamento, e, diante de gritos e revolta do outro, mostro-me dominado e

O humano, demasiado humano, nos torna de difícil compreensão perante nós mesmos e o outro.

A raiva, quando não explodida, é desejo em ebulição que, quando muito, faz transparecer pela fisionomia que surge o sentimento escondido do humano, demasiado humano.

Ser humano é cometer acertos e erros, ser virtuoso ou não, nesta condenação à vida, nesta busca sem parar do paraíso que talvez não chegue.

A tecnologia da comunicação nos uniu na distância e velocidade, como também nos desagregou em desassossego perturbador, fazendo-nos, por paradoxo, humano, demasiado humano.

Ela, a tecnologia da comunicação, nos faz bem ou mal? Imagino que as duas coisas, nos tornando humano, demasiado humano.

Somos assim, sempre seremos assim, neste desconforto que nos conforta. Fomos no passado e seremos no futuro, humano, demasiado humano.

A tecnologia da comunicação nos uniu na distância e velocidade, como também nos desagregou em desassossego perturbador, fazendo-nos, por paradoxo, humano, demasiado humano.

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