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Comunidade técnica de Alagoas rejeita diagnóstico sóciourbanístico da Braskem

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DE ALAGOAS

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Economista Elias Fragoso afirma ser mais um engodo arquitetado pela empresa contra Maceió

Da Reda O

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Na terça-feira, 7, a Braskem apresentou à comunidade alagoana proposta de intervenção urbanística para as áreas afetadas pelo megadesastre causado pela empresa há cinco anos em Maceió. Para os presentes à reunião, um fiasco. O documento é praticamente o mesmo que foi rejeitado liminarmente no início deste ano pela Prefeitura devido à rara qualidade técnica. Com poucas modificações, a comunidade técnica de Alagoas e os afetados diretamente também rejeitaram as mesmas e outras deficiências técnicas e metodológicas originárias.

A proposta apresentada, segundo a socióloga Camila Prates, doutora em Sociologia e professora pelo Instituto de Ciências Sociais da Ufal, tem base extremamente frágil, uma escrita problemática em muitos pontos, incoerências conceituais. E o mais grave, disse, metodologia altamente questionável, o que não apenas invalida os dados obtidos como as conclusões do documento. “Embora os apresentadores tentassem defendê-lo, ficou patente entre os presentes a fragilidade dos argumentos, explicações e justificativas apresentadas em defesa do trabalho realizado”, disse.

Para a arquiteta e urbanista Isadora Padilha, com mestrado em Arquitetura e Urbanismo, e coautora do livro “Rasgando a Cortina de Silêncios – O lado B da exploração do sal-gema de Maceió”, [o documento] além de inumeráveis erros conceituais e metodológicos, tem outro pecado capital: não apresenta de forma resolutiva nenhuma proposta de intervenção para as áreas afetadas pelo megadesastre, “trans- ferindo para a prefeitura essa responsabilidade e, assim, os custos dessas intervenções”.

Também foi objeto de críticas do advogado Alexandre Sampaio, presidente da Associação dos Empreendedores do Pinheiro, o montante do contrato celebrado entre a Diagonal (a empresa contratada) e a Braskem para a feitura do trabalho (R$ 198 milhões). A seu ver, um valor exorbitante, fora dos parâmetros do mercado, por um documento de tão rasa qualidade e nenhum proveito para as áreas afetadas e/ou para Maceió.

Fato notável foi a ausência no evento de representante dos Ministérios Públicos, do Executivo estadual e Legislativo municipal e estadual, como também não compareceram representantes de qualquer dos muni- cípios que foram afetados pelo megadesastre, como Rio Largo, Satuba, Marechal Deodoro e os demais municípios da região lagunar. Também não se fizeram presentes representantes das Defensorias Públicas, da OAB e da mídia local.

ENGODO

Para o economista Elias Fragoso, este é mais um engodo que a Braskem está arquitetando para Maceió. “Ainda bem que na terça-feira, à noite, a elite técnica de nossa cidade rejeitou de forma cabal o entulho que lhe foi apresentado com o nome pomposo de Plano sociourbanístico de Maceió. Que na verdade não passa de um entulho de mais de 650 páginas produzido por uma contratada da Braskem, recheado de erros conceituais, grosseiras falhas metodológicas, mal escrito e alinhavado, cuja intenção era tão somente empurrar, mais uma vez goela abaixo dos maceioenses, após embolsar R$ 198 milhões da Braskem, o que precisa ser muito bem explicado. Alô Câmara de Vereadores, hora de uma CPI, que a Prefeitura de Maceió precisa criar e executar os projetos urbanísticos da área afetada”, criticou.

E foi além: “Não é apenas o cúmulo, é de uma cara de pau que somente o sentimento de impunidade é capaz de gerar numa multinacional que está dizimando os valores dos maceioenses com seu poder financeiro. Agora como é que fica? O plano foi rejeitado. Vão querer enfiar goela abaixo dos maceioenses assim mesmo? E o que o MPF, que é usado de forma vil pela empresa para escancarar a proteção de um acordo passível de total reparo, acha de tudo isso?”, questionou.

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