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Renda média do alagoano é 6 vezes menor que a de moradores do DF

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DE ALAGOAS

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FGV mostra tamanho da desigualdade entre Alagoas e demais estados brasileiros

TAMARA ALBUQUERQUE tamarajornalista@gmail.com

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Estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social, publicado no último mês de fevereiro, revela que a desigualdade de renda no Brasil é ainda maior do que o apontado em pesquisas domiciliares tradicionalmente usadas em levantamentos sobre a pobreza e desigualdade no país. O resultado mais próximo da realidade da vida do brasileiro foi captado no trabalho através da união da base de dados do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF) da Receita Federal à base da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE.

Chamado de Mapa da Riqueza, o estudo responde com dados detalhados, por exemplo, onde estão as pessoas com maior poder de compra, patrimônio e renda no Brasil. Ao comparar esses dados da fatia “rica” em relação ao conjunto da população (incluindo crianças e não declarantes) tal como projetada pelo IBGE, o Mapa da Riqueza revela uma fotografia péssima da distribuição de renda nacional. Nela, o estado de Alagoas aparece em antepenúltimo lugar [terceira posição, a contar do último] no ranking brasileiro em termos de renda média da população.

Em 2020, enquanto a renda média populacional no país era de R$ 1.310,00 por mês, os alagoanos sobreviviam com R$ 552/mês, em média. O valor é quase seis vezes menor que a renda dos moradores do Distrito Federal, que ocupa o topo do ranking. Porém, ainda estava acima da renda das famílias do

Pará (R$ 507/mês) e do Maranhão (R$ 409 /mês). Com R$ 552 de renda o alagoano teria condições de comprar apenas três cestas básicas com 13 itens cada uma – em valores atualizados pelo Procon Maceió no final do mês passado, de R$ 180,12. Nada além disso.

A grande desigualdade da renda populacional em Alagoas em relação aos outros 24 estados [excluindo Pará e Maranhão] pode ser observada sem conhecimento técnico, comparando com os estados nos primeiros lugares do ranking: Distrito Federal com renda média de R$ 3.148, seguido por São Paulo (R$ 2.093), Rio de Janeiro (R$ 1.754), Rio Grande do Sul (R$ 1.673), Santa Catarina (R$ 1.652) e Paraná (R$ 1.559). Outros dados também revelam o tamanho da desigualdade e pobreza da população de Alagoas, como o patrimônio líquido da população.

A unidade da federação com a menor declaração de patrimônio por habitante é o Amapá (R$ 4,9 mil). No outro extremo está o Distrito Federal (R$ 95 mil). Mas mesmo dentro da capital federal há muita concentração de riqueza, liderada pelo Lago Sul (R$ 1,4 milhões). A renda IRPF por habitante no Lago Sul é de R$ 2.3241, três vezes maior que o município mais rico do Brasil que é Nova Lima na Grande Belo Horizonte (R$ 8.897).

Entre os alagoanos, a média de patrimônio é R$ 12.556, ocupando o 20º lugar no país e os estados em último lugar no ranking são Pará (R$ 8,981 no 25º lugar), Maranhão (R$ 6.328 no 26º lugar) e Amapá (R$ 4.959 no 27º lugar).

Maceió: apenas 13,75% das pessoas ganham mais de R$ 2 mil

A população de Maceió sobrevive com uma das mais baixas rendas do país, segundo o estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV Social). Na capital alagoana apenas 13,75% das pessoas declararam o Imposto de Renda (IRPF) em 2020, o que significa que ganhavam acima de R$ 2 mil. A renda média dos maceioenses era de R$ 1.268,00 naquele ano, o 22º lugar entre as outras 27 capitais brasileiras, apesar do aumento de 1,41% registrado entre 2019 e 2020.

Na capital alagoana o patrimônio dos habitantes em média é de R$ 34,3 mil, sendo o 8º menor valor registrado no país mesmo tendo apresentado um crescimento de 20,71% (o mais alto do Brasil) em relação ao anterior.

Entre as pessoas que declararam o IRPF a renda média caiu 0,89% e chegou a R$ 9,2 mil em 2020 de acordo com a FGV Social. O patrimônio líquido desse grupo no período ficou em R$ 249 mil, ocupando o 16º lugar entre as capitais.

O resultado do estudo mostra que no Brasil as capitais com mais renda do IRPF por habitante seguem a seguinte ordem: Florianópolis (R$ 4.215), Porto Alegre (R$ 3.775) e Vitória (R$ 3.736). Outros municípios também se destacam: Nova Lima, em MG (R$ 8.897), Santana do Parnaíba (R$ 5.791), São Caetano do Sul (R$ 4.698), ambos em SP, Niterói (R$ 4.192), no RJ, e Santos (R$ 3.783), também em SP.

Arapiraca

Um dado interessante apresentado no trabalho da FGV foi que, em termos de renda, a população de Arapiraca, o maior município de Alagoas depois de Maceió, ficou em 3º lugar no ranking 2020 entre as cidades alagoanas. Na chamada Capital do Agreste, a média da renda do cidadão no ano foi de R$ 558,52, abaixo dos R$ 746,93 verificados em Marechal Deodoro, que ocupa a 2ª posição no estado. A 4ª maior renda populacional está na Barra de São Miguel (R$ 541,08) e a 5ª em Satuba (R$ 469,64).

O município alagoano onde a população tem a menor renda média líquida é Joaquim Gomes (R$ 63,89) onde apenas 1,84% dos residentes declaram o IRPF. Entre os declarantes do imposto, o levantamento revela Arapiraca no 4º lugar, com apenas 8,77% da população com renda suficiente para prestar contas ao Fisco. Nessa classificação Maceió ocupa o 1º lugar (13,76% dos declarantes), seguido por Satuba (10,51% ou 2º lugar), Marechal Deodoro (10,32% ou 3º lugar), Palmeira dos Índios (7,17% ou 5º lugar) e Barra de São Miguel (5,93% ou 6º lugar).

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Pandemia miséria como pobres O domiciliar sais atingiu em 2021, total dação O número de pessoas 2019; bres coronavírus “A Brasil da série uma ponto ries anuais” com menor Santa a maior nhão

Imposto de Renda

O estudo da FGV, coordenado pelo pesquisador Marcelo Cortês Neri, mapeia fluxos de renda e estoques de ativos dos mais ricos brasileiros a partir do imposto de renda (IRPF). De acordo com a Receita Federal, em 2020 mais de 80% da população brasileira não fez a declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) em 24 das 27 unidades da federação e em 16 das 27 capitais brasileiras, o que indica que a maioria das pessoas nessas localidades tinha renda inferior a R$ 2.000. Por outro lado, alguns bolsões do país têm ganho médio próximo de R$ 40 mil. É o caso do Lago Sul, no Distrito Federal, onde a renda mensal é de R$ 39.535 entre os declarantes do IRPF.

O levantamento da FGV também mostra que São Caetano do Sul, na

Pandemia agravou a miséria e colocou Alagoas como 3º estado com mais pobres em 2021

O contingente de pessoas com renda domiciliar per capita até R$ 497 mensais atingiu 62,9 milhões de brasileiros em 2021, cerca de 29,6% da população total do país, segundo o estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social).

O número corresponde a 9,6 milhões de pessoas a mais que o verificado em 2019; quase um Portugal de novos pobres surgidos ao longo da pandemia do coronavírus (covid-19).

“A pobreza nunca esteve tão alta no Brasil quanto em 2021, desde o começo da série histórica em 2012, perfazendo uma década perdida. O ano de 2021 é ponto de máxima pobreza dessas séries anuais” conclui o estudo. O estado com menor taxa de pobreza em 2021 foi Santa Catarina (10,16%) e aquele com a maior proporção de pobres foi o Maranhão com 57,90%. A pandemia agravou a miséria no Brasil em 2021 e colocou Alagoas em 3º lugar entre os estados com maior proporção de pobres no país.

Grande São Paulo, é a cidade com maior proporção de declarantes do IRPF, com 43,87% da população. Talvez não seja coincidência, revela o estudo, que São Caetano possua o maior IDH brasileiro há algumas décadas.

Em Alagoas, a renda média do declarante é R$ 7.487, ocupando o 19º lugar no ranking. O estado registrou um aumento de 3,71% no número de contribuintes que declaram o IRPF entre 2019 a 2020 com um crescimento da renda média da população de 2,70%. No mesmo período, o patrimônio dos alagoanos declarantes registrou 19,27% chegando a ser a maior alta no país. Mesmo ocupando uma das menores posições no ranking de renda média da população, entre as pessoas que declararam o Imposto de Renda o patrimônio líquido desse grupo subiu 15% no período, chegando a 1º entre os estados.

Pelo estudo, 50,36% da população alagoana entrou na linha de pobreza em 2021. No ano anterior, o estado registrava 44,37% na mesma situação. Em 2019 o percentual era 48,48% e em 2018, 49,98% da população sobrevivendo com R$ 497 mensais.

A mudança da pobreza de 2019 a 2021 por unidade da federação em pontos percentuais na pandemia revela que o maior incremento se deu em Pernambuco (8,14%) e as únicas quedas de pobreza no período foram observadas em Tocantins (0,95%) e Piauí (0,03%).

No período, Alagoas registrou um incremento de 1,9% sobre a pobreza, sendo que Maceió teve alta de 1,99% e o entorno metropolitano de Maceió teve alta de 15,70%. Já no litoral Norte e região da Mata, a pobreza cresceu 1,39% e no litoral Sul e Agreste houve alta de 1%. O único resultado positivo foi visto no Sertão onde a pobreza encolheu 0,81%.

Se a fotografia da distribuição de renda é péssima, o filme da pandemia também é. Mesmo com o Auxílio Emergencial, que preservou a renda dos mais pobres, ao contrário do que se acreditava a desigualdade de renda brasileira não caiu em 2021. As perdas dos mais ricos (dos 1%+ foi -1,5%) foram menos da metade das perdas da classe média (-4,2%), a grande prejudicada da pandemia, segundo o estudo da FGV. “Os mais pobres tiveram a renda preservada, com crescimento de 0,2% devido ao auxílio emergencial. Os mais ricos perderam 1,5%. Mas a renda do meio da distribuição, a da classe média, caiu quase três vezes mais que isso, 4,2%. Isso levou a um aumento da desigualdade”, destaca um dos coordenadores do estudo Mapa da Riqueza.

Mapa da Riqueza mostra desigualdade de renda entre os municípios alagoanos

A desigualdade social no Brasil é histórica, mas pode ser ainda maior do que se calculava até então, segundo os coordenadores do estudo Mapa da Riqueza. Em Alagoas, a renda média da população vai de R$ 63,89 em Joaquim Gomes, o município na última posição do ranking, até R$ 1.268,17, o mais rico em Maceió.

A pesquisa leva em consideração os dados do Imposto de Renda para chegar até o rendimento dos mais ricos, que não costuma ser apurado por outros levantamentos sobre a desigualdade e pobreza no país. Ela calcula o principal indicador de desigualdade social utilizado no mundo, o índice de Gini. No resultado, quanto mais próximo de um, maior é a desigualdade.

O índice habitualmente considerado, calculado pela Pnad Contínua do IBGE, é 0,6013. Já pelo cálculo da FGV, que inclui a renda declarada pelos mais ricos, ele sobe para 0,7068, considerando dados de 2020.

A diferença de renda média da população de cada estado é marcante. A maior está no Distrito Federal, de R$ 3.148. Já a pior está no Maranhão, de R$ 409. Alagoas aparece em 25º lugar no ranking de 27 posições com uma renda média mensal de R$ 552,00.

Confira abaixo os municípios alagoanos com as dez maiores e as dez menores rendas médias da população

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