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MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XVI - Nº 760 - 21 A 26 DE FEVEREIRO 2014

CUBA: UMA VIAGEM PELA ILHA DE FIDEL E SUA DITADURA DE 55 ANOS

P/12

Atos da 17ª Vara Criminal contra prefeitos estão todos nulos

Desembargadores Fábio Bittencourt, Tutmés Airan e Paulo Lima reconheceram a inadimplência do grupo econômico

TJ MANTÉM FALÊNCIA DO GRUPO JOÃO LYRA

Empresas devem R$ 2 bilhões e maiores credores são três bancos estrangeiros P/8 CHACINA DA GRUTA

TALVANE PODE TER NOVO JULGAMENTO

CODEVASF REPOVOA FOZ DO VELHO CHICO COM VÁRIAS ESPÉCIES DE PEIXES

P/16

Defesa aponta nulidades no processo e espera que STF acate pedido de liberdade do ex-parlamentar P/ 6 e 7

FRAUDE: EMPRESAS VENDEM ÁGUA COMUM COMO MINERAL

P/9


2 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014

COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados

DA REDAÇÃO

Tempo de eleições

Algo errado

E

No Brasil se menor pode votar por que então não pode ser preso? A observação comentada entre profissionais liberais, apesar de interessante, não tem resposta daqueles que se apegam a direitos humanos para defender bandidos.

ste ano deve passar no estilo vapt-vupt. Isto por constar do seu calendário eventos que permitem o brasileiro não ver o tempo passar. São no caso o carnaval, de primeiro a cinco de março e vindo na sequência, em abril, as festividades religiosas da Semana Santa, em junho dos festejos juninos paralelo a Copa do Mundo estendida até 17 de julho. Após pequeno descanso vem a campanha eleitoral, quando candidatos fazem a festa da população com comícios e aí é aquela festa que lembra antigo dito popular: “bota uma banda de música na rua que o povo vai prá guerra pensando estar indo para uma festa..” E daí para as eleições de outubro é um pulo.

Voto errado Em outubro os políticos ficha suja vão estar candidatos a reeleição? A curiosidade parte de eleitor e tem montagem na proposta do senador Homero Juca que trata da reforma eleitoral e inclui ações que filtram candidaturas abominando da campanha esse tipo de político.

Difícil

Marajás A volta dos supersalários do Congresso corresponde a R$ 100 milhões. É quanto Câmara e Senado gastarão por ano com o pagamento de salários acima do teto constitucional a mais de dois mil servidores.

Cobrança A prefeita de Major Izidoro Santana Mariano é uma verdadeira cri-cri. Na visita da presidenta Dilma a Alagoas na última terça-feira, Santana não perdeu oportunidade: segurou a presidenta pelo braço e cobrou investimentos para Alagoas e para seu município. A prefeita pretende asfaltar a estrada que liga sua cidade ao povoado de Capelinha. Sonho dos moradores da região.

Cerimonial Quem esteve no evento no Centro de Convenções com a participação da presidente Dilma pôde observar a desorganização do encontro. Filas gigantescas e profissionais despreparados foram à tônica dos bastidores.

Presença A visita recente da presidente Dilma Rousseff pode não ter despertado a atenção do alagoano, mas deixou políticos com sorrisos de orelha a outra, disso ninguém duvida. Se não tanto pela passageira convivência com ela mas pelos recursos em torno de R$ 400 milhões que anunciou para obras no Estado. Por certo dará também maior motivação aos políticos governistas na crença de sucesso na campanha.

Dia do delegado Projeto de lei que tramita na Câmara Federal institui três de dezembro como Dia do Delegado. Data proposta coincide com a criação da função, que segundo o deputado João Campos, de Goiás e relator do processo, é profissão criada por Dom Pedro naquele dia, mas em 1841. Proposta está com tramitação prestes a ser encaminhada para votação em plenário.

(Millor Fernandes)

Do eleitor

1

- Com ausência de Téo Vilela já anunciada, além de Fernando Collor, que tenta a reeleição, que outros nomes aparecem como candidato ao Senado? E Benedito de Lira, que está candidato ao Governo terá quem na chapa para candidato ao Senado?

2

O Pinto da Madrugada vai cantar de galo sábado na orla da Pajuçara e no cordão terá reforço do Galo da Madrugada, bloco pernambucano e inspirador da fundação do pinto maceioense. Nas conversas ninguém arrisca previsão de foliões abaixo dos 20 mil. É festa de abertura oficial do carnaval maceioense.

Confronto

– Outra curiosidade: além da cadeira ocupada por Fernando Collor e no caso de Benedito de Lira eleito governador não vagam em janeiro duas cadeiras de Alagoas no Senado em janeiro de 2015. A de Collor, que por isso disputa reeleição e de Lira, que se eleito governador renúncia ao mandato no Senado para os próximos quatro anos.

É comum no Brasil o cidadão com comportamento cívico entrando em contradição com artigos da lei e ficar por isso mesmo. Um vício habitual com raízes em Brasília comentado por eleitores com a observação de que “isso independe do Poder ( executivo, legislativo e o judiciário).

VLT, o retorno?

Entre pré-candidatos a cargos eletivos em outubro tem quem dê tempo ao tempo para tomar uma posição. Observação é de veteranos como conselho aos novos pré-postulantes dando como conselho não se deixarem morder pela mosca azul da vaidade. Falam em formação de grupos nos partidos para uso da maioria na caça ao voto da legenda.

A proposta de ampliar os trilhos do VLT até Mangabeiras é bem vinda, apesar de coincidir com ano de eleições e aparecer de forma repentina. Mas vale como cumprimento de promessa não cumprida de eleição anterior. Aí entre maceioenses a pergunta é se não trata de “ teste de São Tomé.” Ah! E o de Jaraguá, fica como?!

Filiação Divaldo Suruagy não dá caminho de volta na decisão de ser candidato a deputado estadual em outubro. Filiado ao PPS e com estímulo de amigos, inclusive empresários da área canavieira, faz de viagens ao interior um hábito e mudou a rotina do dia a dia da época de aposentado.

Lembrando Os prédios da Câmara, Senado e os da Esplanada dos Ministérios regularizam para este ano o “Habite-se,” documento oficial e obrigatório que atesta a segurança dos prédios? Curiosidade tem a ver com denúncia da revista Istoé, edição 2287, começo do segundo semestre de 2013.

Contra o tempo

Ponto Na Assembleia Legislativa continua o recadastramento para implantação do ponto eletrônico já provavelmente em março. Das conversas informações dão conta de que vai surpreender o número de servidores efetivos abaixo dos números especulados.

Velhos tempos Entrou na rotina um hábito antigo que até recentemente eram esquecidos dos trabalhadores: a reivindicação nas ruas por direito. Mas o curioso é observar que as mobilizações se mostram com o dedo de grupos do passado, aqueles de “povo unido jamais será vencido.” Uma maioria das entidades, contudo, estranhamento ligadas ao Planalto e de devoção a Lula.


extra

JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

Siga-me: @jorgearapiraca

PT, a caminho da ditadura Varadero, Cuba - É difícil prever o destino de Cuba com as mortes de Fidel Castro e do seu irmão Raul, que atravessam décadas no poder. Não se conhecem nomes para substituí-los fora ou dentro do birô do Partido Comunista. A oposição, silenciosa, não se manifesta por temer represálias em um país onde tudo é controlado pelo estado e os que teimam em contrariar o regime são presos. Em contrapartida, o Brasil acelerou a sua aliança com o governo cubano. Deixou de ser um mero espectador do sistema para se transformar em parceiro comercial de primeira hora desde o primeiro mandato e Lula em 2002. Não se conhece, porém, o total dos investimentos do Brasil na Ilha. O dinheiro que sai do BNDES chega aqui com o carimbo de sigiloso. Sabe-se, no entanto, que sóno governo da Dilma foi despejado no país quase 2 bilhões de dólares. A amizade de Lula com os Castro vem da época da sua militância sindical no ABC paulista. Em 1984, em um encontro de sindicalistas, presenciei quanta admiração o presidente cubano nutria pelo exlíder sindical, a quem recebia para longas conversas reservadas. Não à toa, a notícia de que o PT teria recebido de Fidel milhares de dólares para a campanha de Lula nunca foi contestada pelo partido. Agora, no poder há doze anos, o governo petista retribui como pode os favores dos Castro numa parceria que deve se prolongar enquanto a ditadura existir. Essa ajuda generosa tem recebido críticas severas no Brasil. E a acusação aos petistas é de estarem financiando com dinheiro público um governo que oprime o povo, cerceia a liberdade de expressão e prende seus opositores. A identidade petista com os Castro é mais do que comercial, é também afetiva: a estrela vermelha do PT

parece arrancada da bandeira nacional de Cuba. O governo do PT não financia apenas o regime fechado de Cuba. O BNDES – que esconde os empréstimos estrangeiros – também abriu seus cofres às ditaduras africanas sob a alegação de que o Brasil precisa abrir mercado em países coirmãos, especialmente com os mais pobres. Pretexto falso e enganador. As relações comerciais do Brasil com esses países da África são insignificantes. Além disso, são nações chefiadas por ditadores sanguinários que se perpetuam no poder há décadas.Desses países, o Brasil, um país também carente em infraestrutura, só tem levado calote, quando não perdoa as dívidas por decisões palacianas isoladas. Os agrados a essas ditaduras não têm uma contrapartida como a de exigir, por exemplo, a libertação de presos políticos e a liberdade de opinião.Ao contrário. Em uma das visitas que fez à Cuba antes de deixar o governo, Lula deu uma demonstração cabal de como torce o nariz para essas questões que o PT até então tinha como bandeira de luta. No momento em que era recebido pelos irmãos Castro, um preso político morria em consequência de uma greve de fome. Cobrado, Lula saiu-se com essa pérola: “Como seria no Brasil se todo preso fizesse greve de fome nos presídios?”. Ali, com aquela frase banal, fútil, Lula mostrava como o poder o cegara, como o poder o transformara em um político autoritário, desprovido de sentimentos humanístico e de solidariedade. Ao se negar a conversar com os Castro sobre os presos políticos, como tem feito outros chefes de estados, tanto Lula como Dilma se identificam com a personalidade autoritária desses dirigentes latinos, manipuladores do processo eleito-

ral. Os petistas querem transformar o Brasil numa ditadura branca quando usam todas as armas para permanecer encastelados no poder. Como estratégia, aparelham o estado eapontam seus fuzis para os opositores acusando-os do fimdo Bolsa Família, o programa social-eleitoreiro que abastece os miseráveis. O ensaio autoritário do controle da mídia visava sangrar a democracia e atentar contra à Constituição. Dessa forma,os petistas vestem a armadura do autoritarismo, da arrogância e do desprezo à opinião pública.Apenas as eleições não são sinônimos de democracia. Elas existem também em Cuba, na Bolívia, na Venezuela e no Equador.Portanto, nunca esteve tão viva a expressão de Lord Acton de que “o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente.” Infelizmente, pelo que se pode ver, ditadores africanos, caribenhos e latinos no fundo, no fundo são farinha do mesmo saco: gostam e se alimentam do poder.

- MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 -

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4 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014

GABRIELMOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

Um Chapão atordoado

A

lém do senador Fernando Collor e do ex-governador Ronaldo Lessa, o sentimento no Chapão é de incerteza. E não são os chumbetas do governador - como disse Collor - os responsáveis por boatos que correm solto no mundo político. Ali, com toda certeza, ninguém confia em ninguém. E os mais próximos desconfiam até que o senador Renan Calheiros possa – o que é muito questionável -, se aproximar do governador Téo Vilela. Um plano B para a possibilidade de uma reviravolta nas alianças já está em curso. Ronaldo Lessa teria confidenciado a amigos que se Renan recuar ele será o candidato ao governo. Com o apoio de Fernando Collor, evidentemente. E onde fica Cícero Almeida nesta pendenga. Nos últimos dias, depois de correr da reunião do Chapão em Arapiraca, o ex-prefeito mergulhou no anonimato. Não concedeu entrevistas, não tocou no assunto de candidatura e espera ver a banda passar. Mesmo que digam o contrário, o clima no Chapão não é nada bom. E pode piorar.

Insatisfeito A ausência do ex-prefeito Cícero Almeida na reunião do Chapão, em Arapiraca, demonstra que ele não ficou nada satisfeito com a possibilidade de uma candidatura a vice na chapa de Renan Filho. Almeida nem deu satisfação. Apenas tentaram justificar que o ex-prefeito não estava bem de saúde. Quem conhece Cícero Almeida, sabe que algumas revelações públicas não foram bem aceitas por ele. O ex-prefeito tem tido um desempenho muito bom nas pesquisas de opinião e não admite ficar a reboque dos caciques do Chapão.

Esforço A reunião do Chapão, em Arapiraca, não foi lá esse ouro dezoito com que quiseram apregoar. Valeu o esforço do senador Fernando Collor, que, com sua metralhadora verbal giratória, disparou para todos os lados. Mas o próprio Collor sabe que precisa administrar com muito cuidado e bem de perto para que o Chapão não vire outra vez uma Chapinha.

Contra-senso Na reunião do Chapão em Arapiraca estava sentada na mesa principal a presidente do PV, Sandra Menezes. Tudo bem, mas se ela não fosse presidente do Ibama, a mesma instituição que deu parecer contrário à instalação do Estaleiro Eisa, em Coruripe. Além de não ser detentora de tantos votos como possa parecer, um servidor público numa reunião eminentemente política é pelo menos de se estranhar.

Debandada

Ninguém sabe o que está acontecendo com a relação médicos-Unimed. A cada dia é uma surpresa. Aos poucos os profissionais vão correndo em debandada, como se estivessem insatisfeitos com o tratamento que tem recebido da instituição. Os usuários é que têm sofrido com isso. Esta semana médicos de várias especialidades cairam fora. Parece que a coisa é grave e pode comprometer o sistema como um todo.

Murici A candidatura do deputado Renan Filho ao governo de Alagoas está praticamente consolidada. Mas não pela administração que fez durante oito anos em Murici, mas por sua habilidade em fazer amigos e transitar bem entre as lideranças políticas da capital e do interior. Quem tem ido recentemente a Murici observa que nada de extraordinário foi feito por ali nos últimos 20 anos.

A peso de ouro Um pré-candidato ao governo alugou várias salas em um edifício de luxo na Avenida Amélia Rosa, a mesma onde funciona a TV Mar. Também contratou profissionais a peso de ouro e até um técnico para a coordenação da campanha que recusou o convite. A proposta para jornalistas pode inflacionar o mercado nesta campanha.

Desconforto Para pessoas residentes em Arapiraca e que estiveram presentes na reunião do Chapão, em Arapiraca, era visível o desconforto da prefeita Célia Rocha no encontro. Não queria desagradar nem ao Chapão, nem tampouco ao governo que lhe tem dispensado uma atenção especial.

Esquecimento Na última eleição em que Ronaldo Lessa disputou o governo do Estado tinha como aliado o então prefeito Cícero Almeida, que dias antes passou a apoiar o hoje governador Téo Vilela. Almeida pode ter esquecido, mas Ronaldo Lessa, com certeza, não.

Ninguém confia Com esses desencontros demonstra-se que nesse grupo de oposição, por baixo dos panos, ninguém confia em ninguém. E o Chapão pode reviver, outra vez, o insucesso que teve nas últimas eleições. Collor, Renan, Ronaldo Lessa, Cícero Almeida, bem, alguém confia um no outro nessa empreitada?

Indefinição O governador Téo Vilela está sentindo na pele o que é não ter preparado uma pessoa para sucedê-lo. Isso mesmo aconteceu com Ronaldo Lessa e Cícero Almeida. A realidade hoje é que o senador Benedito de Lira, com competência, construiu sua candidatura ao governo e o PSDB não tem nenhum nome de expressão política que possa se habilitar à sua sucessão.

Indefinição 2 Quando o nome de Marco Fireman é ventilado para uma possível candidatura ao governo, é uma comprovação que o PSDB não tem quadros para topar uma candidatura majoritária. Com todo o respeito, Marco Fireman sequer disputou uma eleição mesmo para vereador na Capital ou no Interior.

Nome para o Senado As conversas de bastidores revelam que o vice-governador José Thomaz Nonô poderia ser o candidato da situação ao Senado. Nonô seria o candidato que poderia enfrentar cara a cara o senador Fernando Collor, principalmente no guia eleitoral. Além do mais, a presença do DEM aumentaria o tempo de televisão no Guia Eleitoral.

Dobrado Algumas pesquisas têm revelado que Renan Calheiros e Fernando Collor, juntos, aumentam consideravelmente o índice de rejeição numa eleição majoritária. E isso tem incomodado o senador Renan Calheiros, que vem adiando sua decisão de anunciar quem será o candidato ao governo, se ele ou seu filho. O palanque, segundo pessoas muito ligadas a Calheiros e Collor, ficaria muito pesado. Mas o ex-presidente não quer saber disso. Quer garantir sua reeleição para o Senado, custe o que custar.

Cá pra nós Havia partido na reunião do Chapão em Arapiraca que não tinha dois votos. Mas estavam lá, como papagaios de pirata.

Apelação O Chapão agora abraçou Gerson Guarines, do PEN e Eudo Freire, do PSDC, como se eles fossem grandes expressões políticas em Alagoas. Está valendo tudo na corrida ao Senado e ao governo do Estado.

Desconfiança O ex-governador Ronaldo e o senador Fernando Collor andam desconfiados de uma aproximação entre Renan e o governador Téo Vilela. “Se isso acontecer eu serei o candidato”, disse Ronaldo Lessa em conversa de bastidores. Fica claro que ninguém confia em ninguém no Chapão.


extra OPINIÃO

- MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 -

ARTIGO

Racismo

Darwin estava certo?

*naturalista britânico, nascido em 1809, foi o responsável, juntamente com Alfred Wallace, pela publicação da Teoria da Evolução

(*) MARIA CECÍLIA RODRIGUES DE OLIVEIRA

“N

O

tratamento dispensado ao jogador Tinga, do Cruzeiro, pela torcida peruana, na Libertadores, dia 12 de fevereiro último, causou profundo constrangimento aos seus companheiros de equipe e indignação à maioria da nação brasileira. “A cada vez que tocava na bola, gritos da torcida local imitavam o som de macacos”, noticiou o site de uma revista nacional. Esse triste episódio motivou este artigo. Em sociologia, qualquer preconceito com base racial constitui racismo. Preconceito, por sua vez, é uma atitude cultural negativa dirigida a membros de um grupo que combina crenças e juízos de valor com predisposições emocionais. Ambos, preconceito e racismo, são problemas sociais graves, pois fundamentam a discriminação por meio de tratamento desigual a indivíduos que pertencem a determinado grupo. Na segunda metade do século XIX e início do século XX, tem origem a discriminação social assentada nas teorias racistas e eugenistas, as quais atribuíam superioridade à sociedade branca europeia em relação a outros povos. Com o avanço da genética nas últimas décadas, comprovou-se que não há qualquer evidência científica da existência de povos com atributos genéticos ou morais que sejam superiores em relação a outros, o que torna ultrapassada a ideia de “raças” na espécie humana. Em suma, a espécie humana é uma só! Lamentavelmente, tanto no Brasil como em outros países do mundo, o racismo, e consequentemente a discriminação racial, ainda resiste fortemente, porque, como fenômenos sociais, são construídos histórica e socialmente. Por causa desse ranço discriminatório,

muitas pessoas têm sido desrespeitadas, humilhadas, expostas ao vexame, agredidas física e moralmente, o que lhes causa grande sofrimento, além de afetar profundamente a autoestima delas. No entanto, a intolerância com o diferente não se restringe ao racismo. Ela se estende aos deficientes físicos, aos homossexuais, às mulheres, àqueles de menor poder aquisitivo, entre outros grupos. Assim, demonstrações explícitas de intolerância e discriminação podem ser observadas em diferentes contextos: nas escolas (por meio do bullying), nas ruas (pelos ataques a homossexuais), nas famílias (violência contra mulheres), bem como nos estádios de futebol, nas instituições religiosas, na política, em todos os lugares nos quais o preconceito prepondera sobre o direito à diversidade. Desse modo, como sociedade global e plural do século XXI, torna-se imperativa a reflexão sobre quais valores queremos preservar para a manutenção da “humanidade”... (*) Maria Cecília Rodrigues de Oliveira é psicóloga e editora plena da Divisão de Sistemas de Ensino da Saraiva

ão são os mais fortes ou inteligentes que sobrevivem, mas os que conseguem se adaptar ao meio ambiente.” Este é o principio da lei darwinista. Olhando hoje para as organizações, podemos dizer que esta lei se aplica ao atual contexto organizacional? Temos hoje um ambiente onde a mudança é uma constante por diversos motivos, entre eles podemos citar a globalização e a tecnologia como facilitador da produtividade e da comunicação. Sob esta ótica da tecnologia podemos observar as mudanças que ocorreram dentro das organizações, principalmente entre as gerações que recentemente entraram ou que estão entrando no mercado de trabalho. São gerações mais autônomas, com opiniões muito rígidas e com capacidade de desenvolver muitas atividades ao mesmo tempo. Estas gerações (Y, Z) estão e estarão convivendo com as gerações X e alguns boomers. Quem liderará neste ambiente? E neste momento nosso querido Darwin estava completamente correto no que diz respeito ao ambiente corporativo: conseguirá liderar verdadeiramente aquele que conseguir se comunicar de diversas formas, adequando-se às necessidades dos seus liderados e dando a eles exatamente aquilo que necessitam. Para isto é necessário que o líder se liberte dos antigos paradigmas. Um deles, por exemplo, é “faça aos outros aquilo que gostaria que fizessem para você”. Lembre-se que seus liderados têm expectativas, anseios completamente diferentes dos seus e também completamente diferentes entre si. Não só NÃO dê a eles o que você gostaria para você, como também dê a cada um o que cada um gostaria de receber. E para isso, meus queridos leitores, é necessário o autoconhecimento que provê ampliação da consciência, ou seja, ampliação da percepção da realidade. A frase do livro “A arte da guerra” de Sun Tzu sintetiza de forma magistral a necessidade do autoconhecimento: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá toda batalha.”

Irene Azevedo, diretora de negócios da consultoria global em mobilidade de talentos LLH|DBM, professora de gestão de pessoas na BBS Business School

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

DIRETOR Carlos Augusto Moreira EDITOR Fernando Araújo

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6 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 CHACINA DA GRUTA

Talvane pode ter novo julgamento pelo assassinato de Ceci Cunha Defesa aponta nulidades no processo e espera que STF acate pedido de liberdade do ex-parlamentar VERA ALVES veralvess@gmail.com

D

ois anos depois do julgamento, a condenação do ex-deputado federal Pedro Talvane Luís Gama Albuquerque Neto pelos assassinatos da deputada federal Ceci Cunha e de mais três familiares dela – crime ocorrido em dezembro de 1998 e que ficou conhecido como Chacina da Gruta – pode ser anulada. Tudo depende do pedido impetrado pela defesa do ex-parlamentar e que será analisado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) também analisa um pedido de habeas corpus para que ele aguarde em liberdade pelo julgamento de todos os recursos. Talvane, que teve a prisão decretada pelo juiz que presidiu o júri que o sentenciou a 103 anos e 4 meses de reclusão, é hoje um homem com a saúde debilitada. No dia 8 deste mês teve de ser levado às pressas do presídio Baldomero Cavalcante para a Santa Casa de Misericórdia de Maceió, onde foi internado, devido a problemas pulmonares. De acordo com o advogado Welton Roberto, seu estado de saúde ainda inspira cuidados. Segundo Welton Roberto, a possibilidade de um novo julgamento se baseia em nulidades no processo. “Ele foi

levado a julgamento sem a sentença de pronúncia transitar em julgado, aliás, até hoje ela não transitou. Ou seja, cortaram uma parte do processo para propiciar o andamento dele”, afirma. “Existem pontos que devem ser julgados pelo STJ e STF que acreditamos que anulem o processo a partir da decisão que determinou sua inclusão em pauta”, acrescenta o advogado, que argumenta, ainda, “há ausência total de provas que liguem o Talvane a este crime”, embora esta tese já tenha sido rechaçada pela Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) ao analisar, e rejeitar, em abril do ano passado, o pedido de apelação contra o julgamento, cuja sentença também não transitou em julgado ainda. Em despacho datado da última segunda-feira, 17, na análise do recurso especial interposto pela defesa de Talvane contra o acórdão que manteve a sentença condenatória, o vice-presidente do TRF5, desembargador federal Edilson Pereira Nobre Junior, decidiu aceitá-lo e o encaminhou para apreciação do Superior Tribunal de Justiça com base na alínea “c” do inciso III do artigo 105 da Constituição Federal, segundo a qual compete ao STJ “julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instân-

Talvane, sentenciado com 103 anos e 4 meses de reclusão, é hoje um homem com saúde debilitada

Welton diz que há ausência de provas que liguemTalvane ao crime

cia, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: ... der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal”. Isto porque, de acordo com desembargador federal, os argumentos da defesa tratam da “revaloração dos critérios jurídicos utilizados na apreciação dos fatos considerados incontroversos”, com apresentação de “julgados de tribunais diversos, que demonstram entendimento distinto do que esposou o órgão fracionário desta Corte, fazendo o necessário confronto analítico entre estes”. Em síntese: há decisões divergentes para questões idênticas.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 - 7

CHACINA DA GRUTA

Massacre gerou comoção em todo o país C rime de maior repercussão em Alagoas nos últimos 16 anos, desde o assassinato do jornalista Tobias Granja, em 1982, a Chacina da Gruta ocorreu no dia 16 de dezembro de 1998, poucas horas após a então deputada Ceci Cunha (PSDB) – cujo nome de batismo era Josefa Santos Cunha – ter sido diplomada para mais um mandato na Câmara Federal pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). A deputada estava com o marido, Juvenal Cunha, na casa da irmã, Claudinete Santos Maranhão, no bairro da Gruta. Ceci, o marido, o cunhado, Iran Carlos Maranhão, e a mãe deste, Ítala Neyde Maranhão Pureza, estavam sentados na varanda quando foram surpreendidos pelos pistoleiros. Alvejados por armas de grosso calibre, os quatro morreram na hora. Claudinete conseguiu escapar por pouco e chegou a reconhecer um dos atiradores como sendo Jadielson Barbosa da Silva, que à época trabalhava para Talvane, então suplente da deputada e filiado ao PFL. O júri acatou a tese do Ministério Público Federal de que Talvane Albuquerque mandou matar Ceci para ficar com a vaga dela na Câmara dos Deputados. A tese, aliás, foi a mesma defendida pela polícia ao longo das investigações e pelo Ministério Público Estadual, que chegou a oferecer denúncia contra o ex-parlamentar antes que o processo fosse para a alçada federal após o Tribunal de Justiça de Alagoas, no julgamento de um dos recursos da defesa dos acusados, ter se declarado incompetente. O crime provocou comoção e teve profunda repercussão em todo o país, além de ter

recebido atenção especial do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) dada a demora para o julgamento dos acusados, tendo sido incluído no projeto Justiça Plena, de acompanhamento de processos de relevância social. Além de Jadielson, foram condenados pelo crime outros três assessores de Talvane, Alécio Cézar Alves Vasco, José Alexandre dos Santos e Mendonça Medeiros da Silva. Entre idas e vindas nas justiças estadual e federal, os acusados foram levados a júri popular 13 anos depois, em janeiro de 2012, na 1ª Vara Federal em Alagoas, em julgamento presidido pelo juiz André Luís Maia Tobias Granja, filho do jornalista e advogado Francisco Tobias Granja, assassinado por um pistoleiro com um tiro na nuca em junho de 1982. A sentença saiu no dia 19 de janeiro de 2012 e todos foram condenados a penas de reclusão em regime fechado: Talvane Albuquerque a 103 anos e 4 meses; Jadielson Barbosa a 105 anos; Alécio Vasco a 86 anos, 5 meses e 10 dias; José Alexandre a 105 anos; e, Mendonça Medeiros a 75 anos e 7 meses. A defesa dos acusados recorreu, mas as sentenças foram mantidas pelo TRF da 5ª Região, em decisão datada de 30 de abril do ano passado. Também no ano passado, a Sexta Turma do STJ negou um pedido de habeas corpus em favor de Talvane. No julgamento realizado no dia 18 de junho, os ministros destacaram o fato de que o pedido de soltura do ex-parlamentar estivesse sendo feito pelas vias erradas. De acordo com o item 2 do acórdão, “Verificada hipótese de dedução de habeas corpus em lugar de

Ceci Cumnha foi assassinada em 1998 - junto com familiares horas depois de ser diplomada no cargo de deputada federal

recurso cabível, impõe-se o não conhecimento da impetração, nada impedindo, contudo, que se corrija de ofício eventual ilegalidade flagrante como forma de coagir o constrangimento ilegal”. Embora tenha sido vencido, um dos ministros da Sexta Turma do STJ, Sebastião Reis Júnior, apresentou um voto-vista de 17 páginas no qual defendeu a concessão de habeas corpus de ofício e teceu duras críticas à justiça estadual alagoana, ao afirmar que “apesar de ter ocorrido certa intervenção da defesa no intuito de suspender a ação penal, bem como de atrasar o trâmite do recurso em sentido estrito no segundo grau de jurisdição, a demora na tramitação do feito, por lapso aproximado de treze anos, não pode ser atribuída exclusivamente a esta, dada a existência de nulidades insanáveis, como a incompetência absoluta da Justiça estadual para o

julgamento da causa, que ensejou a mora processual por quase sete anos (de 1998 a 2005)”. A defesa do ex-deputado ingressou com recurso ordinário no STF contra a decisão da Sexta Turma do STJ e que foi rejeitado no dia 31 de janeiro último em decisão monocrática do ministro Ricardo Lewandowski, então na presidência do Supremo, mas com o adendo da possibilidade de o mesmo ser concedido pelo relator, o ministro Luiz Fux. Em sua decisão, Lewandowski cobra do TRF5 informações acerca do “atual estágio do recurso de apelação interposto pela defesa do paciente”. O mesmo tipo de cobrança já havia sido feito pelo STJ. TRF DESCONHECE MORTE DE ALÉCIO Chama a atenção no processo o fato de que, passados seis meses, a Justiça Federal não foi informada sobre a morte de um dos condenados

pelo crime. Alécio Cézar Alves Vasco sofreu um infarto fulminante no dia 12 de agosto do ano passado quando jogava bola com outros detentos no presídio Baldomero Cavalcante. Ele tinha 42 anos e possuía um histórico de hipertensão. No dia 3 deste mês, o desembargador federal vice -presidente do TRF5, Edilson Pereira Nobre Junior, assinou despacho afirmando ter observado não haver recurso por parte de Alécio contra o acórdão da sentença condenatória e determinou à Terceira Turma daquela Corte que certificasse o trânsito em julgado da mesma, o que efetivamente ocorreu e foi comunicado à Seção Judiciária de Alagoas na última quarta-feira, 19. O trânsito em julgado, em termos simples, é a expressão usada para uma sentença ou acórdão (decisão de órgão colegiado) sobre os quais não cabe mais, por decurso de prazo, qualquer tipo de recurso, o que os torna definitivos.


8 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 FIM DE UM CICLO

Desembargadores Fábio Bittencourt , Tutmés Airan e Paulo Lima avalisaram decisão de primeira instância e mantiveram o decereto de falência do Grupo João Lyra

Justiça mantém falência do Grupo João Lyra Câmara Cível do TJ reconheceu a inadimplência do grupo econômico e manteve sentença de primeiro grau DA REDAÇÃO COM ASSESSORIA DO TJ

A

1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas manteve na quarta-feira (19), por três votos a zero, a decisão de primeiro grau que decretou a falência da Usina Laginha Agro Industrial S/A. A decisão restabelece todos os efeitos de falência em virtude do descumprimento do plano de recuperação judicial do Grupo João Lyra. O relator do processo, Fábio José Bittencourt Araújo, foi acompanhado pelos desembargadores Tutmés Airan e Paulo Lima. Agora, o juiz George Omena, da comarca de Coruripe, onde tramita o processo, tem 90 dias para convocar a assembleia dos credores. Em 2009, o Grupo João

Lyra entrou em crise e pediu recuperação judicial. Na época o passiva erra de R$ 1,2 bilhão, que em valores atualizados já passa de R$ 2 bilhões. O Grupo JL é formado por cinco usinas de açúcar e álcool (três unidades em Alagoas e duas em Minas Gerais), empresas de comunicação, taxia aéreo e uma revenda de automóvel. Entre cerca de dois mil credores estão bancos nacionais e estrangeiros, produtores de cana, prestadores de serviço e trabalhadores do grupo econômico, que já chegou a ter 12 funcionários. Mas os principais credores do grupo alagoano são um banco francês, um belga e um inglês, que emprestaram mais de R$ 1 bilhão. Ao votar pelo pedido de falência, o desembargador relator explicou que o plano

de recuperação, aprovado em junho de 2009 e previsto para durar por 11 anos, não estava sendo cumprido e que os atrasos tiveram início em 2012. “É indiscutível a inadimplência da agravante, pois tal circunstância configura fato notório, como se atesta pelas inúmeras e frequentes manifestações de trabalhadores irresignados por todo o interior do Estado de Alagoas e confessado pela própria empresa”, declarou Fábio Bittencourt. Foi destacado também que existe lei que proíbe a concessão da recuperação judicial àqueles que já tiveram acesso ao benefício, com o nítido propósito de evitar que empresas infrutíferas ou irresponsáveis possam fazer uso do instituto da recuperação judicial a todo instante e quando bem quiserem, lesan-

do o interesse de seus credores. De acordo com o processo, o recurso interposto pela agravante pretendia burlar de forma oblíqua e transversa a vedação dessa lei. “Nenhuma empresa tem direito a um novo plano de recuperação judicial. A sua chance de recuperação é única, somente podendo fazer uso novamente apenas depois de cinco anos, conforme diz o artigo 48, inciso II, da Lei nº 11.101/05”, explicou o desembargador Fábio Bittencourt. Na decisão consta que o “plano ajustado” apresentado pela empresa sob a justificativa de que uma enchente destruiu parte de seu parque industrial, alterando seu quadro econômico, consistia, na verdade, em um plano inteiramente novo e diferente, o que contraria a

lei. “De uma forma ou de outra, o pedido da parte para a apreciação do ‘aditamento’ pela assembleia de credores não pode ser deferido, na medida em que se revela um subterfúgio para procrastinar a recuperação judicial, ad eternum ,em grave prejuízo dos credores”, expôs o desembargador relator. A Laginha Agro Industrial S/A tinha o prazo de 11 anos para se recuperar judicialmente cumprindo, estritamente, o plano, e somente podendo solicitar um novo plano após cinco anos de sua recuperação econômicofinanceira. O agravo de instrumento interposto pretendia reiniciar todo o processo de recuperação judicial. Da decisão do TJ cabe recurso e o grupo dever recorrer ao STJ para protelar o desfecho do caso.


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GATO POR LEBRE

FRAUDE: empresas vendem água comum como se fosse mineral Sindágua/AL denuncia no MP empresas que desrespeitam parâmetros na composição da água mineral

JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

O

Sindicato das Indústrias de Engarrafamentos de Água Mineral do Estado de Alagoas (Sindaguá/AL) denunciou no Ministério Público Estadual quatro fabricantes de “água mineral” de Alagoas por estarem descumprindo os parâmetros de quantidade de sais recomendadas pelo Ministério da Saúde. A água disponibilizada para população pelas empresas Lindoya, Naturallis, Cristalina Plus e Real do Vale estão com os níveis insuficientes de bicarbonato de sódio. O Sindaguá/AL realizou inúmeras análises químicas em diversas marcas que aferiu que o bicarbonato de sódio é menor que os 30mg/L nas quatro empresas citadas. Segundo o documento protocolado no Ministério Público Estadual, a Lindoya possui 5,00 mg/L, Naturallis 8,50 mg/L, Cristalina Plus 8,00 mg/L e Real do Vale 9,00 mg/L. Para o Sindaguá/AL “tal fato implica em evidente lesão ao consumidor, que é induzido a erro ao imaginar estar adqui-

Jornal Extra obteve, com exclusividade, as análises químicas que comprovam irregularidades cometidas pelas empresas de “água mineral”

rindo um produto adicionado de sais, posto que no rótulo do produto consta essa informação, quando, na verdade, não está, haja vista somente se considerar como tal aquelas águas adicionadas de no mínimo 30 mg/L do (s) sal (sais) adicionado (s)”. Vale ressaltar que esse tipo de atuação por parte das empresas denunciadas pode levar ao risco à saúde por parte dos consumidores. Com essa possi-

bilidade, o Sindaguá/AL provocou atuação da Vigilância Sanitária do Estado de Alagoas, afim de que adotasse medidas de fiscalização, de caráter preventivo. Mas a Vigilância Sanitária informou ao Sindaguá/AL, conforme aponta o protoco realizado no MP: “Não teria competência para realizar tal atribuição”. O Sindicato revelou que a Vigilância Sanitária manteve-se inerte quanto às

exigências legais, possibilitando o ingresso no mercado de águas que não alcançam os padrões de qualidade satisfatória. A representação feita pelo Sindaguá/AL no Ministério Público culminou com a instauração de inquérito civil público para investigar irregularidades cometidas pelas empresas Lindoya, Naturallis, Cristalina Plus e Real do Vale. A publicação do Diário Oficial da

terça-feira, 18/02, determinou a expedição de ofícios às Vigilâncias Sanitárias Municipal e Estadual requisitando aos órgãos análises nas águas minerais envasadas pelas marcas investigadas. O Ministério Público Estadual também realizará a coleta de documentos, certidões, perícias, inspeções e demais diligências para melhor esclarecimento dos fatos; isso já nos próximos dias.


10 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 INCONSTITUCIONALIDADE

Advogado acredita que Assembleia não aprova projeto de Lei relacionada a 17ª Vara Welton Roberto diz que alterações ainda são de encontro com o que a Lei Federal determina e confia que os deputadas não aprovem o projeto CARLOS VICTOR COSTA REPÓRTER

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a terça-feira (18), o Tribunal de Justiça de Alagoas decidiu pela aprovação do Anteprojeto de Lei que regulamenta e reformula a composição e atuação da 17ª Vara Criminal da Capital. A decisão aprova o projeto que prevê a redução na formação do juízo coletivo de cinco para três juízes e todos terão que ser titulares. Uma deliberação que para o advogado Welton Roberto não será aprovada pela Assembleia Legislativa de Alagoas. O projeto de lei foi entregue ao presidente da Assembleia Legislativa estadual (ALE), deputado Fernando Toledo., pelo desembargador José Carlos Malta Marques, na quarta-feira (19). O advogado acredita que os deputados não aprovem o projeto. “Creio que os deputados não aprovem esse projeto de lei, e isso não tem nada a ver com as investigações que alguns parlamentares já sofreram por parte da Vara não, pois eles terão que analisar minuciosamente a lei e irão notar que nada mudou. Na verdade ela burla a lei federal”. Para Welton, o projeto de lei padece do mesmo vício, pois acaba sendo o mesmo projeto de lei que foi derrubado pelo

Supremo. Pois 90% dela foi considerada inconstitucional. “O TJ apenas pode criar varas, eles não tem o poder de legislar em relação a ações penais e processuais, quem legisla é a União. Essa decisão do TJ nem deveria ser tão válida, pois eles não têm todo esse poder, tanto que quatro desembargadores votaram contra o projeto. Para o Tribunal basta criar a vara, com um juiz apenas, e quando preciso pede o apoio de outro juiz, essa história de coletividade é balela, é contra a lei”. Questionado se a OAB saiu vitoriosa após a decisão do TJ, Welton disse que sim. “Para mim a Ordem saiu vitoriosa, pois mais de 90% das ações da 17ª foram consideradas inconstitucionais. O problema é a imprensa mentirosa que existe e não sabe informar algo verídico, onde disseram que o STF não tinha anulado as ações da Vara. E caso eles achem que estão no direito e continuem fazendo seu trabalho irregular, o Supremo vai continuar anulando as ações. Defendo que a lei federal seja aplicada, apenas isso”. A modificação da vara, que julga processos de combate ao crime organizado, foi sugerida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu a legitimidade dela, mas apontou a necessidade de modificações para estar de acordo com o que

Welton defende inconstitucionalidade da 17a. Argolo diz que alterações são válidas

manda a Constituição Federal. MCCE É A FAVOR DAS ALTERAÇÕES A reportagem do Jornal Extra conversou também com Adriano Argolo, Coordenador Jurídico do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), órgão este que sempre esteve se posicionando sobre a polêmica entre a OAB e a 17ª. Argolo alegou que o MCCE desde o começo apoiou a 17ª Vara, pela sua autenticidade em acabar com as organizações criminosas, mas que hoje

ver como saudáveis essas alterações na Lei, “Agora a Vara será composta de forma enxuta. Uma decisão que entra em acordo com o que a Constituição pede. O coordenador também falou sobre a chegada do projeto na ALE. “Acho que a Assembleia aprove logo, pois esse assunto é de interesse público, e muitos deputados que já foram investigados pela 17ª, se beneficiaram com as anulações devido a decisão do STF. Não vejo porque a Assembleia demorar na votação do projeto”.

DE

INCONSTITUCIONALIDA-

Em junho de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela manutenção da 17ª Vara Criminal da Capital, especializada no combate ao crime organizado, mas com alguns ajustes no que se refere a escolha dos magistrados.A decisão foi tomada depois que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional de Alagoas, propôs uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN), que pediu a declaração da inconstitucionalidade da unidade


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12 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 ESPECIAL

CUBA uma viagem pela ilha de Fidel

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POR JORGE OLIVEIRA

avana, Cuba – Chego ao final de uma viagem de quinze dias, de quase dois mil quilômetros pela ilha dos irmãos Casto. Volto a Cuba trinta anos depois para constatar que nessas três décadas pouco ou quase nada mudou, com exceção da tímida abertura econômica que está botando um pouco mais de comida na mesa do povo cubano, mas não o suficiente para satisfazê-lo. O país continua pobre e estagnado, carente de modernidade e tecnologia. A educação e a saúde dão sinais de desgastes e o serviço já é criticado abertamente pela população, depois do aluguel de milhares de médicos para outros países. Nascer em Cuba é nascer manietado e monitorado dia e noite pelo regime opressor dos Castro e a sua ditadura de 55 anos. Confesso que tenho a mesma visão do país de trinta anos atrás. Não moraria em um país onde o cidadão é custeado pelo estado e respira o estado. Infeliz-

mente estou impregnado pelo capitalismo e confesso que prefiro a competividade de mercado. Em Cuba, se vivesse por lá, entre os 11 milhões de habitantes, certamente estaria entre tantos dissidentes revoltados com o regime que oprime o seu povo e cerceia sobretudo a liberdade. O comunismo é um animal em extinção. Depois da queda do muro de Berlim que unificou as alemanhas em 1989, o esfacelamento da União Soviética, do fim do regime no Leste Europeu e a devoção integral ao capitalismo do governo chinês, o comunismo virou um regime em decomposição só admirado por saudosistas jurássicos que ainda têm no estado, o pai, a mãe e o tutor legal do cidadão. Em Cuba como no Brasil, onde ainda restam gatos pingados travestidos de comunas, a cúpula só chega à base para distribuir tarefas e doutrinar os incautos sobre um regime que deixou um rastro de atrocidades no mundo desde que surgiu há quase um século. À semelhança desse sistema político e econômico restam apenas Cuba e a Coreia do Norte, já que

o Vietnã e a China do comunismo mantêm apenas a ditadura. Em Cuba não se sabe como vive a cúpula do partido que apenas delega poderes. Depois da doença de Fidel, chega-se ao fim os longos discursos doutrinários exacerbados e de amor à pátria em praças públicas. Não se comenta como vive o ex-ditador nem sobre a sua enfermidade. A figura do comandante-chefe desapareceu da televisão e do rádio. Nas feiras de artesanato o rosto mais estampado nas camisas e nos diversos souvenires é do argentino Che Guevara que virou símbolo da rebeldia no mundo depois de morto, como se Cuba quisesse manter vivo o mito revolucionário para dar sobrevida à ditadura castrista. Fala-se em reduzido índice de criminalidade mas não se tem como conferir as estatísticas e os números guardados em segredo pelo regime. Como não há liberdade de imprensa, o cubano se alimenta das informações oficiais da TV estatal quase sempre redigidas por jornalistas oficiais e obedientes ao governo. Não há acesso a internet nas casas nem

nos poucos celulares, comprados em CUCs por alguns privilegiados. Certo mesmo é a estatística sobre a repressão e os presos por delito de opinião. Há pelo menos 55 encarcerados por razões políticas, depois da libertação de outros 75 por pressão da Igreja Católica. O laser do cubano é restrito ao beisebol, o esporte oficial da ilha. Nos últimos anos, o país deixou de subir ao púlpito das Olimpíadas e dos jogos PanAmericano nas várias modalidades esportivas e perdeu a competitividade. Falam por aqui que o grande estimulador dos esportes, Fidel, já não incentiva os jovens como antigamente e, portanto, Cuba cedeu lugar a outros países emergentes no esporte. O cubano quer consumir o mínimo necessário. Para isso faz de tudo para obter o CUC, a moeda que lhe dá liberdade de compra. Para se ter uma idéia, 12 CUCs representam o salario mínimo de 300 pesos nacionais. Com os CUCs, ele tem acesso a supermercados e a lojas que só recebem esse dinheiro onde pode comprar roupa e alimentação para suprir

as necessidades básicas, além da cesta mínima ofertada pelo governo. O país, com seus calhambeques ainda trafegando pelas cidade e rodovias, parece um museu a céu aberto. Com a autorização do governo para a comercialização de carros, a frota de táxi se renova aos poucos. E já se vê os Hyundai da Coreia do Sul usados como táxis nas cidades. Os automóveis velhos, muitos das décadas de 1940 e 1950, são charmosos táxis usados por turistas. Mas a vida parou para os habitantes deste país. Quando se corta o interior da ilha, o que se vê são plantações de bananas, de cana-de-açúcar e tabaco principais produtos de exportação da ilha, além do níquel. Os grandes espaços de terra são usados pelo governo para plantação de cana. Nos micros terrenos, todos iguais em extensão, frutos da reforma agrária, os cubanos plantam para a subsistência. O que sobra já tem autorização para comercializar em feiras livres. CONTINUA


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ESPECIAL FOTOS: PEDRO ZOCA

Pelas rodovias quase vazias, tudo que tem roda vira meio de transporte: bicicleta, carro de boi, caminhão, ônibus, charretes, micro-ônibus, carros velhos e cavalos. Não existe uma criança fora da sala de aula, mesmo as que moram nos locais mais longínquos à ilha. Os pais são punidos se não mandarem seus filhos para as escolas. O QUE É VIVER EM CUBA? É estar alienado do mundo, não frequentar as belas praias das ilhas porque se sente inferiorizado com os turistas hospedados em grandes resorts que ocupam todo o litoral. Em Varadero, por exemplo, com 25 quilômetros de praia, existem mais de 125 luxuosos hotéis. É servir almoços requintados nos hotéis mas ser privado da sobra, já que a todo tempo está sendo vigiado pelo capitão (gerente) revolucionário, normalmente implacável com a conduta dos empregados, todos estatais. É abordar o turista para trocar peças de artesanato por roupa ou objetos para consumo como shampoo e peças íntimas de roupa feminina. É não poder sair do pais sem as mínimas exigências estipula-

das pelo governo: casar, receber convite de fora com tudo pago ou visto de trabalho em um país estrangeiro. O governo assim impede o êxodo da ilha. Mas, na verdade, o que dificulta a saída do cubano é a condição financeira. Como nem se sustenta com o salário que o governo oferece, dificilmente alguém tem condição de poupar para sair do país. Está na condição financeira o principal entrave para impedir que alguém saia da ilha. Nos últimos anos, os cubanos têm se beneficiado com os seus compatriotas de Miami que após dois anos podem visitar a ilha. Uma receita extra entra na ilha com a chegada dos parentes que vivem nos Estados Unidos. Assisti um desses desembarque no aeroporto de Havana. A emoção de quem chega para visitar parentes de quem estão afastados há anos é muito grande. É comovente o abraço afetuoso, o carinho e alegria de quem não se via há anos. Alegria maior é saber que esses parentes normalmente chegam recheados de dólares que vão movimentar a vida familiar e a economia do país com moeda forte. Para se ter uma idéia, as remessas de dinheiro de Miami

para Cuba em 2013 chegaram a 2,6 bilhões de dólares, quase a mesma receita que gerou o turismo na ilha no mesmo ano. O país, que cresceu pouco mais de 3% em 2013, ainda vive de filantropias estrangeiras. E que filantropias! Só o Brasil despejou o ano passado na ilha 2 bilhões de dólares, 1 bilhão para construir o porto e Mariel e a sua infraestrutura que tem tudo para virar um entreposto para China expandir seu mercado para os países latinos, do caribe e da América Central. A Venezuela, entretanto, é o principal parceiro comercial de Cuba, política adotada pelo finado Hugo Chávez com a proposta de espalhar sua revolução bolivariana para os países vizinhos. E a ilha de Fidel se beneficia dessa política petrolífera. A Venezuela vende petróleo barato e ainda financiou a construção de refinarias, principalmente a maior delas em Varadero. Não à toa, cartazes em frente ao aeroporto internacional dão as boas vindas aos visitantes. Neles estão estampados os rostos de Fidel, de Chávez e Jose Martí, revolucionário da independência cubana. A China e o Canadá também são outros parceiros

comerciais da ilha de Fidel que desde 2006 tem na presidência o general Raul Castro. A abertura da economia hoje movimenta o comércio de Cuba em CUCs. Negocia-se na ilha, sem a intervenção do estado, imóveis, carros, artesanatos e produtos agrícolas ao setor turístico, abastecendo os hotéis de luxo. Os microempresários, com a abertura econômica, se transformaram em um ano na grande força de trabalho. Eles saltaram dos 148 mil para 333 mil. Outros nichos que empregam e movimentam a economia são o dos Paladares, micros restaurantes em casas de famílias que já representam 6% da força de trabalho ativa do país, e o da hospedagem doméstica. Moradores transformaram suas habitações em pequenos quartos que cobram entre 20 e 30 dólares por pernoite, muito procurados por turistas que fogem dos preços caros dos hotéis na faixa de 350 a 150 dólares em apartamentos duplo. Mesmo com as dificuldades na economia provocadas desde o início dos anos de 1960 pelo bloqueio econômico dos Estados Unidos, Cuba mantém um estado estabilizado economicamente,

como mostram os números da CEPAL – Comissão Econômica para América e Caribe. O PIB cresceu 3% e pode se repetir em 2014. De janeiro a junho do ano passado, o setor imobiliário deu um salto de 19,7% depois que o governo autorizou o comércio de compra e venda de casas e de novas construções pela iniciativa privada. A taxa de desemprego de 3,8% repetiu a de 2012. E com a crise na Europa a taxa de ocupação nos hotéis ficou em 2 milhões e 800 mil, menos 200 mil da previsão estimada pelo governo. A ironia de tudo isso é que mesmo com o bloqueio econômico, os Estados Unidos ainda são o grande padrinho financeiro da ilha. Os cubanos que moram nos EUA remetem para Cuba anualmente 2,6 bilhões de dólares, dinheiro que supera a exportação do níquel, uma das principais atividades econômicas da ilha além do turismo, tabaco e produtos biotecnológicos que fecharam 2013 com a venda de 1 bilhão de dólares para o exterior. Esses números, porém, não chegam à população de Cuba privada da mínima informação sobre o seu país, prática adotada nos regimes de força como o da sanguinária ditadura da Coreia do Norte e da China. A queda do comunismo, depois do muro de Berlim, espalhou o capitalismo onde existia o comunismo. Aliás, o capitalismo já sacrificou muito país e líderes no mundo todo, mas é inegável que também contribuiu para modernizar a sociedade e desenvolveu tecnologia que revolucionou o universo. O regime é selvagem, como dizem os socialistas, mas é o único que sobrevive mesmo transformando sociedades inteiras em focos de miseráveis e provocando a desigualdade social. O único cara que tentou entender toda essa confusão ideológica e humanizar a bagunça foi traído por um de seus principais conselheiros e acabou açoitado e pregado numa cruz. Há mais de dois mil anos, foi negociado por um intermediário do capitalismo por 30 moedas. De ouro, claro.


14 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 A VOLTA DOS MARAJAS

Renan diz que é ‘absurdo’ decisão do STF de liberar ‘supersalários’ Presidente do Senado criticou liminar que garante salários acima do teto. ‘Isso não me alcança’, disse ministro Marco Aurélio Mello, que deu a liminar. PRISCILLA MENDES Do G1, em Brasília

O

presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), classificou na quarta-feira (19) de “absurda” a liminar (decisão provisória) concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que ordenou o pagamento dos salários acima do teto no Congresso Nacional, os chamados “supersalários”. “Há um teto constitucional que precisa ser cumprido, observado. Acho essa decisão um absurdo”, disse Renan. A decisão provisória do ministro beneficia os funcionários do Legislativo que ganham acima de R$ 29,4 mil, atual teto do funcionalismo público. Em outubro de 2013, o Tribunal de Contas da União havia recomendado a suspensão dos pagamentos de supersalários a servidores do Congresso. Diante da recomendação, tanto a Câmara quanto o Senado determinaram o corte dos contracheques. Marco Aurélio Mello disse não ter ficado ofendido com a declaração do presidente do Senado. “Nós vivemos em estado democrático de direito e cada qual deve ter ideias próprias sobre matérias.

Isso não me alcança. Só que não podemos partir para o justiçamento porque o Supremo é o guarda maior da Constituição.” Na terça (18), Mello acolheu um recurso do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis), beneficiando todos os servidores que foram atingidos com a recomendação do TCU. Apesar de criticar a liminar do Supremo, o presidente do Senado confirmou que irá cumprir a ordem judicial. Renan disse “não ter satisfação” em pagar salários acima do teto, mas reiterou que decisões judiciais devem ser cumpridas. “O Brasil é um país desigual. Há terceirizados no Senado que ganham um salário mínimo. Você pagar um salário além do teto constitucional, digamos que não é uma tarefa fácil. Eu não faço isso com satisfação, não. Agora, decisão judicial é para ser cumprida”, enfatizou. Está agendada para a tarde desta quarta uma reunião da Mesa Diretora que poderá decidir de que forma o Senado efetuará o pagamento dos “supersalários”. De acordo com Renan, o colegiado vai analisar a possibilidade de se abrir uma folha suplementar aos

“Nós vivemos em estado democrático de direito e cada qual deve ter ideias próprias sobre matérias. Isso não me alcança. Só que não “Há um teto constitucional

podemos partir para o

que precisa ser cumprido,

justiçamento porque o

observado. Acho essa

Supremo é o guarda maior

decisão um absurdo”

da Constituição.”

RENAN CALHEIROS (PMDB-AL), PRESIDENTE DO SENADO

MARCO AURÉLIO MELLO, MINISTRO DO STF

servidores que têm direito a essas remunerações e fazer um depósito judicial do valor que excede o teto. A intenção é manter o dinheiro retido até que o plenário

do Supremo tome a decisão final sobre o mérito da questão, segundo o senador. “Vamos estudar se podemos fazer o depósito judicial em folha suplementar e, ao

final e ao cabo, quando o STF julgar o mérito coletivamente nós possamos liberar ou não dependendo evidentemente da decisão”, declarou.


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16 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 VELHO CHICO

Codevasf repovoa foz do Rio São Francisco com peixamentos em Alagoas Empresa inseriu nas águas do “Velho Chico” peixes das espécies xira, piau, pacamã, matrinxã e cari DA REDAÇÃO COM ASSESSORIA

M

ilhares de peixes de espécies nativas foram lançados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), durante dois peixamentos, em trechos do rio São Francisco nos municípios alagoanos de Piaçabuçu, na região da foz, e Porto Real do Colégio. A ação de repovoamento, que ocorreu durante as tradicionais festas de Bom Jesus dos Navegantes de Piaçabuçu e de Porto Real do Colégio, contou com a parceria das prefeituras municipais. Os dois peixamentos inseriram nas águas do “Velho Chico” peixes das espécies xira, piau, pacamã, matrinxã e cari, que foram produzidos no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba, unidade da Codevasf em Porto Real do Colégio que atua na revitalização do rio São Francisco. No Baixo São Francisco, a pesca artesanal desempenha papel de destaque na sobrevivência de milhares de famílias. Os pescadores comemoram os peixamentos, a exemplo de Antônio Veiga de Piaçabuçu, que retira das águas do “Velho Chico” o pescado que sustenta a família. “Pesco desde os nove anos. Aprendi o ofício com

Comunidade participa das ações de peixamento que beneficiam vários municípios na Foz do São Rancisco

meu avô. Esse peixamento traz de volta peixes que estavam desaparecendo como a xira e piau. Acompanho os peixamentos desde 2002. Depois que a Codevasf passou a realizar os peixamentos, a gente sempre encontra xira. Antes dos peixamentos, a gente não encontrava esses peixes”, afirmou o pescador. O prefeito de Piaçabuçu, Dalmo Santana, também comemorou mais um peixamento realizado pela Codevasf em parceria com a prefeitura municipal. “O peixamento realizado hoje assume uma importância muito grande devido à situação em que se encontra o rio São Francisco. A pesca hoje nessa região vem passando

por dificuldades e o peixamento vem repovoar a região da foz, fortalecendo essa cultura e beneficiando diversas famílias que sobrevivem da atividade”, declarou. O pescador Antônio Vei-

ga ainda fez um apelo para que os colegas respeitem o período de defeso dos peixes introduzidos no rio neste peixamento. “Agora, o pescador deve ter consciência de não pegar o peixe peque-

nininho, como muitas vezes acontece. Deve-se deixar o peixe crescer e se reproduzir”, lembrou. Durante o peixamento em Piaçabuçu, o engenheiro de pesca da Codevasf Eduardo Motta representou o superintendente regional da companhia em Alagoas, Ivan Craveiro. Já em Porto Real do Colégio, o superintendente regional foi representado pelo engenheiro agrônomo Aníbal Lobo, chefe da Assessoria Regional de Comunicação e Promoção Institucional da Codevasf em Alagoas. Também participaram dos peixamentos secretários municipais, parlamentares, técnicos da Codevasf e das prefeituras envolvidas.


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18 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014


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PEDROOLIVEIRA pedrojornalista@uol.com.br

A troca: Médici por Marighella

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governo da Bahia encerrou as especulações sobre uma possível recusa da mudança de nome e publicou no Diário Oficial do Estado a nova denominação do antigo Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici. A instituição de ensino fundamental, médio e profissional passa a se chamar Colégio Estadual Carlos Marighella. A troca foi sacramentada em portaria do secretário da Educação, Osvaldo Barreto Filho, veiculada na sexta-feira. O general gaúcho Médici (1905-85) governou o Brasil de 1969 a 74, período maIs repressivo da ditadura instaurada em 64. Em seu governo, ao menos 29 agentes de segurança mataram o guerrilheiro baiano Marighella (191169), que estava desarmado ao ser surpreendido e fuzilado numa rua na capital paulista.. O pedido para a substituição do nome ocorreu em dezembro, quando houve uma eleição da qual participaram professores, funcionários, estudantes e pais de alunos. O nome de Marighella recebeu 406 votos, o equivalente a 69% dos sufrágios. O do geógrafo baiano Milton Santos (1926-2001), 128. Perseguido pela ditadura, o célebre cientista teve de passar cerca de uma década no exílio, inclusive durante a administração Médici. Não houve sugestão na escola para que o nome do antigo ditador fosse incluído na cédula. Os votos nulos somaram 25, e os brancos, 27. A proposta de mudança, ideia antiga de segmentos da comunidade escolar, prosperou depois que alunos da professora de sociologia Maria Carmen organizaram a exposição batizada “A vida em preto e branco: Carlos Marighella e a ditadura militar”. Filho de um operário italiano e de uma negra filha de escravos, o mulato Carlos Marighella tornou-se famoso na Bahia aos 17 anos, ao responder em versos rimados a uma prova de física. Militou por 33 anos (1934-67) no Partido Comunista. Integrou a Assembleia Constituinte de 1946, na qual defendeu, sem sucesso, propostas como o direito ao divórcio e a adoção do 13º salário. Deputado federal, teve o mandato cassado em 1948, por perseguição política. Comandou uma das greves mais rumorosas do século XX no país, a Greve dos 300 Mil, março-abril de 1953, em São Paulo. Desarmado, foi baleado e preso num cinema carioca em maio de 1964, semanas depois do golpe de Estado que depôs o presidente constitucional João Goulart. Após romper com o PCB, Marighella foi um dos fundadores e dirigentes da maior organização armada de combate à ditadura, a ALN, Ação Libertadora Nacional. Em novembro de 1968, o governo declarou-o formalmente inimigo público número 1, sendo logo em seguida assassinado. Segundo informações a repercussão no interior e também fora dos quartéis, entre os militares da reserva, está causando grande “reboliço” e ainda vai render bastante.

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Para refletir: MACEIÓ É UMA FESTA! – Infelizmente contrastando com o nível caótico da Educação, a situação de uma Saúde em coma e a Mobilidade Urbana pessimamente administrada.

Um prefeito com responsabilidade

Quem deve teme

O prefeito de Recife, Geraldo Júlio, anunciou que a Prefeitura não investirá dinheiro público no “FIFA Fan Fest,” espaço para shows e exibição de jogos durante a Copa do Mundo – o posicionamento foi anunciado em coletiva, da qual participei, quando adiantou que a medida pode ser plenamente justificada ao se deparar com a necessidade de investir na melhoria da Educação, Saúde e Mobilidade Urbana. “Não vamos investir recursos públicos no “FIFA Fan Fest”, Não há problemas na realização do evento, ele pode acontecer. Só não podemos usar o dinheiro público para isso”, reiterou. A decisão do prefeito Geraldo Júlio de não gastar 20 milhões com festas durante a Copa do Mundo, mesmo a cidade sendo uma das sedes, repercutiu favoravelmente nas redes sociais. O próprio governador Eduardo Campos foi enfático ao dizer: “É motivo de orgulho ter um prefeito que sabe avaliar cuidadosamente a forma de gerir as contas públicas e pensar no bem da cidade. Geraldo decidiu usar os R$ 20 milhões previstos na festa para atender outras prioridades do povo recifense”.

Na quarta feira o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, recebeu a carta de renúncia do deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG). O documento foi entregue pelo filho do parlamentar, Renato Azeredo, e pelo advogado José Gerardo Grossi. A renúncia do tucano já havia sido confirmada mais cedo pela sua assessoria de imprensa. Alves afirmou haver sido comunicado previamente da decisão. “Ele [Azeredo] ligou pouco tempo atrás antecipando a decisão e [disse que] vai dedicar a vida a defender a honra dele e a família”. A carta de Azeredo foi lida em Plenário pelo deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), que presidia a sessão. Em um trecho o deputado se diz inocente e nega ter participado de qualquer prática de lavagem de dinheiro ou outra conduta ilegal. Azeredo afirma ainda que preferiu renunciar a se submeter a processo de cassação. Se tem provas de sua inocência por que então renunciar? Não passa de mais um picareta malandro que se apropriou de dinheiro público, igualmente aos marginais do PT que participaram do Mensalão e estão na cadeia. Que por certo deve ser o destino de Azeredo se tiver um julgamento isento.

O direito de sorrir e ser feliz Quase não acreditei quando li esta semana em um dos mais acessados sites locais a indignação de um de seus blogueiros por encontrar o governador Téo Vilela abraçando um grupo de amigos e na ocasião “demonstrava grande alegria e sorria”. Fiquei a imaginar: não entendi absolutamente nada ou esse pessoal desaprendeu de fazer jornalismo . Usa com muita infelicidade e cita uma matéria publicada em jornal local nitidamente oposicionista e em plena campanha contra o governador para “louvar” seus argumentos. Vamos com calma gente e vamos ser duros, mas sem perder a ternura de admirar o sorriso e a celebração da amizade. Todos sabemos as dificuldades pelas quais temos passado, principalmente no quesito segurança, mas não somos apenas nós. Qual governante teria prazer sádico em conviver com prazer momentos de angustia e medo da sociedade que o elegeu? Por que o “antenado” blogueiro não contabiliza o lado positivo desses últimos sete anos de governo? Por que não registrar os 100 empreendimentos empresariais aqui atracados pela confiabilidade nunca dantes conseguida por uma administração estadual? A moralização das contas públicas e um ajuste fiscal competente? Um projeto de Estado voltado para o futuro e cujos frutos estão plantados solidamente? A retomada de credibilidade diante do governo federal e organismos internacionais que hoje investem e confiam em Alagoas, que deixou de ser visto como um covil de assaltantes da coisa pública e dos negócios indecentes da chantagem oficial? Vejo o governador como sempre o vi: um homem determinado, um cidadão feliz e em paz com sua consciência. Não carrega frustrações nem recalques, pois sempre soube ser maior que a adversidade. Como se diz no popular “tem certificado de origem” diferente da maioria dos políticos alagoanos. Tem o direito de abraçar e sorrir, coisa que nem todo mundo tem. Abrace e sorria governador. Nunca seja diferente do que sempre foi. Ao blogueiro o conselho de um veterano no ramo: “Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho . É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver.” (Ariano Suassuna).

Nossos estadistas - O senhor já esteve com Dilma Rousseff? - Não. Quem é ele? - É a presidente da República. E de Lula o senhor já ouviu falar? - Também não. -Trata-se do ex-presidente, o mesmo sobre quem o presidente Barack Obama declarou: ”Ele é o cara”. - Obama diz isso pra todo mundo. Trecho da entrevista do bilionário americano Donald Trump, que quer investir no Brasil, nas “páginas amarelas” da revista Veja. (Os petralhas vão acusar o cara de que?).


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ARTIGOS

Demagogos em busca de otários LUIZ FLÁVIO GOMES jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. www.professorLFG.com.br

O Brasil se destaca mundialmente também por algumas políticas públicas erradas. O que vem sendo feito no campo da criminalidade, da violência e da segurança pública constitui um exemplo emblemático disso. Está praticamente tudo errado! Há pelo menos 7 décadas estamos sob o império do chamado populismo punitivo midiático-vingativo, que nunca diminuiu nenhum tipo de crime no nosso país, sendo mais inócuo e estéril que um monge virtuoso. Uma podre, retrógrada e extrativista elite, composta, sobretudo, de parlamentares oportunistas e corruptos (para 81% dos brasileiros os políticos são corruptos ou muito corruptos - Ibope), é a grande responsável pela política da aprovação reiterada de novas leis penais, sempre mais severas, com a promessa de que com elas resolverão o problema da segurança. Pura enganação! Com uma nova lei dizem que vão acabar com a violência nos protestos populares. Sobram leis no Brasil. Falta o cumprimento delas. Nos países de capitalismo evoluído e distributivo, fundado na educação de qualidade para todos (Dinamarca, Holanda, Finlândia, Coreia do Sul, Japão etc.), é o racionalismo legislativo que combate o irracionalismo midiático e popular. Nos países atrasados, de capitalismo selvagem e extrativista (como o Brasil), é o legislador, como agente político dessa elite atrasada, que, por conveniência eleitoral, atua irracionalmente (emergencialmente, emocio-

nadamente, desproporcionalmente e populistamente). Essa fórmula charlatã só tem sucesso em democracias de massas, que exigem a atuação de um demagogo (porque a democracia de massas e a demagogia formam um só par, como diz M. Weber, citado por Luís Wanderley Gazoto, no nosso livro conjunto Populismo penal legislativo, no prelo). Nelas os demagogos nos retiram a qualidade de cidadãos pensantes (manda o ignorantismo). Somos meros números e consumidores teleguiados. O demagogo só existe, no entanto, quando alguém acredita nele. Não existe demagogo sem o otário. Os padres demagogos (Krämer e Sprenger) que cristalizaram a histérica caça às bruxas, no século XV, só fizeram sucesso com o Martelo das feiticeiras porque havia otários que acreditavam em bruxas. Hitler só fez sucesso com seu nazismo, trucidando milhões de pessoas, porque muitos otários acreditavam na purificação da raça ariana. É assim que caminha, também por aqui, a marcha da insensatez coletiva. É hora de abandonarmos a condição de otários (que querem nos impor) e rompermos nossa herança maldita do colonialismo teocrático extrativista, que aqui implantou a cultura do autoritarismo, dos saques, da pilhagem, da roubalheira, do sangue, da violência, do enriquecimento sem causa, do parasitismo escravizador, da ignorância, da malandragem e do segregacionismo étnico, racial e socioeconômico. É hora de nos emanciparmos, como dizia Kant no século XVIII. Ou continuaremos contabilizando “cadáveres antecipados”.

“Pibinho” e apagões: o que falta piorar? DANE AVANZI ADVOGADO E EMPRESÁRIO

A

o longo de 2013 assistimos dezenas de apagões dos serviços de telecomunicações em cidades de norte a sul do Brasil. Se o apagão fosse só dos serviços de telecomunicações, até que estaríamos conformados, mas não é. Falta água na grande São Paulo e em alguns municípios haverá racionamento essa semana. Nem bem começamos 2014 e o fantasma do apagão de energia elétrica também ronda a sociedade brasileira, que mesmo em tempos de “pibinho” e diminuição da atividade industrial é uma ameaça real. Como somos otimistas, bendito seja o “pibinho”, pois se houvesse “pibão” estaríamos sem ar condicionado nesse verão escaldante! De todas as mazelas da infraestrutura brasileira, que é deficitária em portos, estradas e serviços públicos básicos ao cidadão em geral, o que mais assombra é a incapacidade de planejamento e execução de obras relativamente simples. Digo simples baseado em fatos históricos. Roma na aurora da Era Cristã, contava com uma população de um milhão de pessoas e tinha água corrente em residências e banhos públicos acessíveis a toda a população. Obviamente o problema de termos racionamento de água nos dias de hoje, não é por falta de engenharia, muito menos por questão de dinheiro, haja vista o Brasil estar entre os 10 países mais ricos do mundo. Se temos dinheiro e temos tecnologia, mas não temos serviços públicos de qualidade, onde afinal estamos errando? A resposta é complexa, mas podemos encontrar algumas pistas comparando o processo de formação do Estado brasileiro com o de outros. Tomemos como exemplo a Independência dos Estados Unidos. Quando o General George Washington, em 1782 venceu a Guerra de Independência contra a Inglaterra, foi aclamado pela elite ruralista norte -americana como rei. Ele recusou a coroação, justificando que se aceitasse, moralmente profanaria o direito de todos aqueles que morreram na guerra lutando a seu lado e não merecia honraria por cumprir seu dever cívico com a pátria. Por conta disso, é aclamado até hoje como Cincinnati, alusão ao aristocrata romano, que governou o

império em tempos de crise e passado o momento crítico abdicou do poder retornando a sua vida rural, contrariando a vontade popular, que insistiu que ele ficasse. Muitos dizem: o Brasil é um país jovem, se comparado aos países europeus. Isso é verdade. Mas é igualmente verdade que os Estados Unidos também são, posto que ficaram independentes na mesma época que o Brasil. Ocorre que o rei D. João III em 1534, com o fito meramente exploratório, criou as capitanias hereditárias e distribuiu terras aos nobres portugueses. Lá, George Washington negou o direito a seus filhos de serem “reis”, aqui criamos vários “reis” que formaram o germe da classe política atual que dirige o país, e ao longo dos séculos, especializaram em se manter no poder, não importa como. Se o político brasileiro tem todas as suas ações delimitadas a quatro anos de governo, como poderá planejar e realizar obras de grande porte que precisamos, cujo ciclo de duração pode perdurar uma ou duas décadas? O mesmo pensamento se aplica as empresas de telecomunicações, sendo as principais controladas por capital estrangeiro. Como garantir qualidade aos consumidores e investir na melhoria da infraestrutura do serviço, se a empresa tem como princípio geração de caixa a qualquer custo para remeter dividendos a matriz? Tal qual na pesca predatória as operadoras de telefonia móvel estão adicionando ao passivo bilionário de suas controladoras um outro passivo, intangível, o descrédito do consumidor.


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ARTIGOS

Um resgate da história JORGE MORAIS jornalista

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ecebi do Instituto Endireita Brasil um comunicado oficial que fala do resgate de uma história. No documento é dito que, “embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. O documento retrata a história do Partido dos Trabalhadores (PT) que não pode e nem deve ser esquecido pelo povo brasileiro. Começa com o ano de 1985, quando o PT foi contra a eleição de Tancredo Neves e expulsa do partido os deputados que votaram nele; Em 1988, o PT vota contra a nova Constituição que mudou o rumo do Brasil; Em 1989, o PT defende o não pagamento da dívida brasileira, o que transformaria o Brasil num caloteiro mundial; Em

1993, o presidente Itamar Franco convoca todos os partidos para um governo de coalizão pelo bem do país. O PT foi contra e não participou. Segundo o comunicado oficial, em 1994, o Partido dos Trabalhadores votou contra o Plano Real e diz que a medida é eleitoreira; Em 1996, o PT votou contra a reeleição e hoje defende; Já, em 1998, o partido vota contra a privatização da telefonia, medida que hoje nos permite ter acesso à internet e a mais de 150 milhões de linhas telefônicas. Continuando, o levantamento mostra que, em 1999, o PT vota contra a adoção do câmbio flutuante, e, no mesmo ano, vota contra a adoção das metas de inflação; No ano 2000, o PT luta ferozmente contra a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que obriga os governantes a gastarem apenas o que arrecadarem, ou seja, o óbvio que não era feito no Brasil. No documento, eles dizem: Por que será? Em 2001, o PT vota contra a criação dos programas sociais no governo

Fernando Henrique Cardoso: Bolsa Escola; Vale Alimentação; Vale Gás; Peti e outras bolsas, todas consideradas e classificadas como esmolas eleitoreiras e insuficientes. Abro um parêntese para dizer que, nos governos do Partido dos Trabalhadores, do Lula e da Dilma, eles não fizeram outra coisa diferente. Não só mantiveram e ampliaram as benesses das bolsas, como usaram como moeda de troca pelos votos nas últimas eleições. Finalizando, o documento enviado pelo Instituto Endireita Brasil, diz que quase toda a estrutura sócio-econômica do Brasil foi construída no período listado acima. Diz, ainda, que o Partido dos Trabalhadores foi contra tudo e contra todos, e que hoje roubam todos os avanços que os outros partidos promoveram e posam como os únicos construtores de um país democrático. No final pergunta: Já que o Partido dos Trabalhadores foi contra a tudo e contra todos desde a sua fundação, em 10 anos de governo, quais

as reformas que o PT promoveu no Brasil para mudar o que os seus antecessores deixaram? No final do texto, reforçam: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. Claro que o texto que circula pela internet e provoca comentários entre as pessoas que estão lendo, saiu de dentro da oposição ou de pessoas bem ligadas a ela, em relação ao governo do PT e, portanto, contra o governo da presidenta Dilma Rousseff. Mas, analisando com muita coerência e independência, não vejo nada de errado nele nas comparações feitas a um passado não muito distante, com a realidade de agora. Como o ano é de eleição, o PT vai dizer que tudo isso é choro da oposição, e vai tentar vender um discurso diferente do que está circulando na internet e entre as pessoas. Só acho que reclamar agora e justificar também agora, é como chorar o leite derramado. Não vai dá em nada.

tro mau atendimento na recepção, por uma recepcionista que me xingou em inglês, achando que eu não falava ou entendia o idioma, e eu entendi. Não encrenquei, apenas fiz que ela soubesse que eu entendera e ela mudou o comportamento. O navio era bastante grande, muito bonito e espaçoso – tem apenas três anos – mas a impressão que ficou é que parte da tripulação que estava ali fazia aquele trabalho pela primeira vez. No restaurante self service faltava café em todas as máquinas ao mesmo tempo, na gôndola de frios sumiam todos os frios e ficava só a mortadela, leite quente quase não havia, etc. No restaurante a la carte, no último dia, no almoço, passamos duas horas, desde que entramos até sair. Felizmente, no jantar, tínhamos ótimo garçon e a camareira também era muito boa. Mas os dois dias em Buenos Aires valeram por toda a viagem, pelo show de tango. Compramos os ingressos já no navio para o show Esquina Carlos

Gardel e o espetáculo valeu cada centavo. As músicas, a dança, a magia do tango, tudo perfeito. Valeu muito a pena. Já tínhamos estado na Argentina anteriormente, mas não tínhamos visto nenhum show de tanto. O que vimos é fabuloso, foram duas horas que passaram num estalar de dedos. Mas sabemos que os outros também são muito bons. Em Buenos Aires tivemos problemas com um ônibus no qual embarcamos para um city tour. O ônibus não tinha ar condicionado e estava um calor de mais ou menos quarenta graus, além de não ter guia e não pararem nos pontos turísticos. Fizemos o motorista parar e exigimos um ônibus com ar ou vans com ar, além de um guia. Conseguimos e terminamos o passeio. Não visitamos o Jardim Japonês e o Zoológico, desta vez, mas como já estivéramos lá, em outra oportunidade, tudo bem. Fizemos compras na Florida, pois os preços lá estão muito bons. Foi uma boa semana de férias.

Férias em Buenos Aires POR LUIZ CARLOS AMORIM - Escritor Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

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iajei para a Argentina e Uruguai, recentemente, num cruzeiro pela MSC. Não tinha feito, ainda, nenhum cruzeiro por essa companhia, então era meio que novidade. Sabia que o navio era maior do que aqueles com os quais eu já viajara, então era ver no que dava. A primeira surpresa foi boa: no chek in, fiquei sabendo que a MSC fez up grade na nossa cabine: eu comprei uma cabine interna e a companhia mudou para externa com varanda. Uma beleza. Não disseram o porquê, mas também não interessava muito. Logo depois de conhecermos a cabine – espaçosa e confortável –, uma decepção. De nossas duas malas, apenas uma

foi entregue no meio da tarde. E isso aconteceu com várias outras cabines. Conversamos com os entregadores e eles informaram que havia, ainda, muitas malas para entregar. Quase no final da tarde, falamos com a recepção, mas disseram que tínhamos que esperar. Já noite, fomos de novo à recepção e uma relações públicas do navio, Maria Elaine, nos atendeu, mas não deixou explicar que já tínhamos tentado ter notícias da mala durante toda a tarde e que esperamos pacientemente até então. Desandou a falar e a se desculpar, dizendo que eram muitos hóspedes e que demorava para entregar. Respondi que, se o navio admite três mil e duzentos hóspedes, tinha que ter estrutura para atender a todos eles em tempo hábil. Já era hora do jantar e eu não recebera inda minha mala, para tomar banho e mudar de roupa. Falei que eu era jornalista e que ia escrever sobre o fato. A mala apareceu instantaneamente. No mais, a viagem foi boa. Tive ou-


22 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 TRAGÉDIA NACIONAL

MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

O

s números de mortes e acidentes no trânsito são alarmantes. Vidas e sonhos são perdidos diariamente entre ferragens, latarias, vidros estilhaçados e muita destruição, seja no asfalto ou na cidade. Apenas em janeiro de 2014 foram registrados 994 acidentes de trânsito em Alagoas, com seis vítimas fatais. A motocicleta aparece no topo da lista com 435 casos, o que equivale a 43,76%. Os dados são do relatório fornecido pelo Hospital Geral do Estado, onde aponta que sábado e domingo são os dias da semana em que mais acontece acidentes, totalizando 393 casos de atropelamento, colisão e capotagem. A estatística mostra ainda que neste mesmo período as pessoas na faixa etária de 25 a 34 anos foram as principais vítimas com 313 casos, sendo 155 ocorrências com acidentes de moto. Em seguida, com idades entre 15 a 24 anos com 296 acidentes, sendo 146 com motos. A maior procedência é do sexo masculino que lidera a estatística com 759 ocorrências e em seguida o feminino com 235. Vale ressaltar que, segundo o relatório, todas as vítimas de trânsito que morreram no mês de janeiro no Estado são do sexo masculino. Segundo dados do relatório, “o fluxo de paciente atendido no Hospital Geral do Estado (HGE) é mais intenso no final da tarde e início da noite, ocasionando maiores números de acidentes”. Em 2014 foram 292 atendimentos à tarde, 352 à noite, 121 na madrugada e 229 pela manhã. Em 2013, os acidentes com moto em Alagoas chegaram a 4387 ocorrências. Apenas em janeiro do ano passado foram registrados

Cerca de mil acidentes de trânsito foram registrados em Alagoas no mês de janeiro de 2014 Estatística aponta que mais de 40% dos casos envolvem motocicletas

374 casos, 161 a menos se comparado ao mesmo período desse ano. Dezembro foi o mês que registrou maior número de acidentes, com 483 ocorrências. Em seguida, aparece março com 417 casos. Do total de vítima, 2937 são procedentes da capital e 1450 do interior alagoano. PELO INTERIOR No ano de 2012, a Delegacia de Trânsito de Arapiraca contabilizou 359 acidentes. Deste total, 210 provocaram ferimentos nas vítimas e 149 apenas danos materiais. Foram registradas 61 mortes nos locais dos acidentes. Em 2013 foram contabilizados 699 acidentes, sendo 382 com vítimas feridas, 317 apenas com danos materiais e, como em 2012, contabilizadas 61 mortes. Os números mostraram ainda que 80% dos acidentes registrados pela Delegacia de Trânsito envolvem motocicletas. O uso de bebida alcoólica, imprudência e imperícia dos condutores foram os principais motivadores dos acidentes. Segundo levantamento feito pelo Hospital Geral do Estado (HGE) que recebe pacientes da capital e do interior do Estado, nos últimos 10 anos o número de vítimas de acidentes de trânsito dobrou. De janeiro a setembro de 2013 foram registrados oito mil casos, enquanto que em 2003 as vítimas por acidente de trânsito somaram quatro mil. Em 2011, Alagoas registrou 538 mortes, ficando com um percentual médio de 9,1 mortes por 100 mil habitantes; já em 2012, com o aumento de veículos nas ruas e o total de 823 mortes, o percentual subiu para 14,1. Um crescimento de 53% nas estatísticas, de acordo dados do 7º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 -

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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Haja nervo

É

difícil, contudo não impossível, CRB e CSA disputarem o título da Copa do Nordeste. O Galo se classifica até com empate no jogo em Natal contra o Potiguar, dia 25. Já o CSA, derrotado ( 2x0) no Recife tem vencer dia 27, no Rei Pelé e fazer saldo de gols.

Só otimismo No futebol alagoano a bola rola em baixa no ranking da CBF e isso é de debitado no péssimo momento dos clubes nas competições nacional de 2013. Mas o torcedor no geral faz figa de nesta temporada do futebol acontecer a volta por cima. Razão da confiança é por ASA, CRB e CSA estarem bem administrados.

Renovados Com CRB e CSA no segundo turno do alagoano os torcedores dos clubes adversários comentam favoraveis por oferecer emoções mais fortes na luta pela decisão do título. E na fogueira da expectativa botam mais lenha na fogueira da rivalidade entre os times do interior e capitallembrando que agora só tem uma vaga para a Copa do Brasil. A primeira já é do Murici.

Curiosidade Valdivia ex-ASA está no Grêmio ou foi um xará que jogou na vitória por 3 x 0 sobre o Caxias pela oitava rodada do campeonato gaucho. A interrogação é pela aparência, mas o corte de casbelo diferente. mas mesma qualidade técnica dos tempos de Arapiraca. De diferença, além do cabelo, também o peso. Emagreceu uns quilinhos.

Boa novidade No paulistão clube que entra atasado em campo ou no segundo tempo, paga multa por cada minuto do retardamento. É proposta bem acolhida e que poderia ser estendida a outros Estados Inclusive Alagoas?

Dose dupla

Parada técnica

Torcedores de CRB e CSA, enfim, estiveram cara a cara na quarta-feira. Foi clássico de abertura do segundo turno do estadual no Rei Pelé, arbitragem de Francisco do Nascimento e público excelente, Como era esperado, foi jogo com expulsões, pressões e muita garra dos dois lados e um placar -empate de 1x1 que não surpreendeu. Na polêmica das arquibancadas só as expulsões (2), uma delas o goleiro do Galo, Júlio César.

1 - A FIFA analisa proposta pró necessidade de haver parada técnica nos jogos da Copa do Mundo. A decisão, caso vigore, somente será tomada nos vestiários uma hora antes do começo dos jogos. Decisão vai depender do calor que faça nas cidades-sedes. 2 – O Governo quer também as delegações dos países que vão estar na Copa desembarquem nas bases militares das cidades-sedes. A decisão é tratada como preventiva, sustentada no temor de que a presença de craques famosos em locais com muita aglomeração e possa causar tumultos.

Murici Campeão O Murici é o campeão do primeiro turno do alagoano e em termos de Estado o primeiro a se classificar para a Copa do Brasil de 2015. Na decisão superou o Santa Rita com vitórias jogando em casa e nos domínios do adversário. Outra boa surpresa para o alagoano? A volta de Júnior Amorim aos gramados. Nos jogos foram dele os gols do Murici.

Nova fase Beto Almeida anuncia mundanças no ASA. Da como necessidade na busca do título alagoano para Arapiraca neste segundo turno, iniciado na quarta-feira e o Campeonato Brasileiro, Série C, a contratação de ao menos 7 reforços, todos com indicação pessoal dele. Na estréia do alagoano venceu o Coruripe. Na torcida o clima é favorável a renovação do grupo e aposta na volta por cima. Nas duas cometições.

São Paulo

Fala o torcedor! Júnior Amorim, um dos destaques na decisão do primeiro turno foi artilheiro do Murici nos dois jogos do título contra o Santa Rita e foi elogiado também por torcedores do CRB pelo futebol de técnica acima da média. Lembraram Adriano também de volta gramados após 2 anos parado.

Pato, negociado pelo Corinthians para o São Paulo, foi apresentado terça-feira no Morumbi. A sua chegada chamou atenção devido a demora para começar a trabalhar. Comentário é que o atraso foi por questão de documentos. Figa agora é para que faça estreia logo. Sobre Luís Fabiano figa é para

FRASES “O propósito é o de ser campeão” Beto Almeida , técnico do ASA.

Estréia

“Aconteceu o que todos sabem”

“Continuo calando as pessoas.” A frase foi de Walter, que tem prestígio de artilheiro e é um dos reforços recém contratado pelo Fluminense Ele jogou o ano passado pelo Goiás e a sua presença nas Laranjeiras começa a empolgar torcidores. Na estréia, domingo, marcou gol.

“Trabalho é para chegamos às finais”

Pato sobre saída do Corinthians

Afrânio Coutinho, diretor do Coruripe.


24 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 SECA NO SERTÃO

Tecnologia beneficia mais de 136 mil sertanejos

Mais de 20 municípios do Sertão de Alagoas estão recebendo cisternas de polietileno para auxiliar o homem do campo na convivência com a seca

A

s perdas com a seca dos últimos meses e as altas temperaturas que fizeram, já este ano, mais de 35 municípios alagoanos decretarem situação de emergência, fazem parte da realidade do homem do campo que vive no cenário tórrido do semiárido brasileiro. Por isso, para garantir armazenamento de água para consumo humano e para produção de alimentos, mais de 20 cidades estão sendo beneficiadas com 27.391 cisternas de polietileno, atendendo mais de 136 mil pessoas, por meio do programa Água Para Todos (APT), via Ministério da Integração Nacional. Desse total, mais de 15 mil reservatórios já estão instalados. Entre os municípios atendidos, estão: Jaramataia, Campo Grande, Feira Grande, Olho D’Água Grande, Traipu, Belo Monte, Craíbas, Delmiro Gouveia e Estrela de Alagoas. Os reservatórios, fabricados pela Acqualimp, são distribuídos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf/AL) e Fundação Nacional de Saúde (Funasa). As cisternas de polietileno captam a água da chuva e per-

mitem o armazenamento de 16 mil litros, garantindo condições para uma família de quatro a cinco pessoas se manter por até nove meses de estiagem, cenário típico do nordeste. “Aqui era uma sofrimento sem fim. A gente passava o dia carregando água nas carroças com o jumentinho e quem não tinha o animal, carregava na cabeça mesmo lá do Rio São Francisco. Era uma trabalhada grande todos os dias. Se não fosse atrás, morria de sede. Agora, graças a Deus, a gente tem uma cisterna e com água. É outra vida”, contou a agricultora Maria Alves dos Santos, 50, moradora do Assentamento Jacobina, na zona rural de Belo Monte, distante 229 km da capital. O material utilizado na fabricação dos reservatórios é adequado à região. “A resina de polietileno somente pode fundir a uma temperatura de 147o C, sendo que na região a temperatura máxima pode oscilar em torno de 50o C em períodos de clima mais severo, o que desmistifica a informação incorreta de que as cisternas derretem no calor do sertão. Além disso, essa é uma tecnologia consolidada internacionalmente e

Cisternas de polietileno de baixo custo garantem o abastecimento de água às famílias de agricultores

utilizada há mais de duas décadas em países com temperaturas semelhantes ou até mais críticas que as encontradas no Nordeste brasileiro”, explicou Amauri Ramos, diretor da Acqualimp. A durabilidade e resistência é outra característica do reservatório. “O polietileno, por sua elasticidade, impede que os tanques apresentem fissuras e trincas. O uso do polietileno também impede vazamentos da água, assim como a contaminação por outros líquidos e resíduos sólidos. Desta forma, preserva a qualidade da água armazenada e proporciona benefícios para a saúde da população atendida. Uma cisterna de polietileno pode durar até 30 anos”, conclui Ramos. O benefício também está chegando ao Sítio Flexeiras, em São Sebastião. “Aqui a gente tem água do poço. Mas, quando falta energia, ficamos no mínimo dois dias sem água. Teve dias que a gente não tinha água nem pra dar um banho na criança. Agora com essa cisterna a gente vai poder juntar água da chuva ou até mesmo colocar um carro-pipa pra viver mais tranquilo”, acredita a dona de casa Taise Aparecida Santos, 21.

A manutenção de uma cisterna de polietileno é de baixíssimo custo, necessitando apenas de limpeza interna uma vez por ano, a qual pode ser feita normalmente pelo próprio beneficiado. A fabricante disponibiliza uma linha gratuita para atender aos beneficiados, que podem contatar a companhia em caso de dúvidas e até pedir a troca do reservatório, que tem cinco anos de garantia para defeitos de fabricação, quando necessário. O telefone 0800-081-6060 está disponível de 2ª a 6ª das 8h às 17h. EM TEMPO No começo deste ano, 37 cidades alagoanas decretaram situação de emergência. A medida

é válida por um período de 180 dias. Os municípios em situação de emergência são: Água Branca, Arapiraca, Batalha, Belo Monte, Cacimbinhas, Canapi, Carneiros, Coité do Nóia, Craíbas, Delmiro Gouveia, Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Girau do Ponciano, Igaci, Inhapi, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Major Izidoro, Maravilha, Mata Grande, Minador do Negrão, Monteirópolis, Olho D’Água das Flores, Olho D’Água do Casado, Olivença, Ouro Branco, Palestina, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Pariconha, Piranhas, Poço das Trincheiras, Quebrangulo, Santana do Ipanema, São José da Tapera, Senador Rui Palmeira e Traipu.

Como ser beneficiado?

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ara ser atendido pelo programa é necessário que o beneficiário esteja inscrito no Cadastro Social Único (CADÚnico) do Governo Federal e que a família apresente renda familiar per capita de até R$ 140 mensais. Na dúvida, é importante procurar o Comitê Gestor da cidade ou a liderança comunitária da localidade. Na ausência deles, deve acionar a Secretarias de Agricultura ou Ação Social do município, ou órgãos como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e Fundação Nacional de Saúde (Funasa) que estão aptos a tirar dúvidas e orientar quais procedimentos são necessários para ser beneficiado com o programa sem qualquer custo.


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MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

Cadastro Ambiental Rural

O

Instituto do Meio Ambiente (IMA) realizou dia 19, a primeira das sete capacitações no Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar) que serão realizadas com representantes das prefeituras de Alagoas. Esse primeiro momento foi realizado durante toda a tarde, em Piranhas, com a participação de oito municípios da região do alto sertão. O trabalho inicial deverá orientar técnicos sobre como utilizar o Sistema que será obrigatório, para todas as propriedades rurais, e terá prazo definido a partir do momento que a ministra do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, assinar a Instrução Normativa. A próxima etapa está prevista para acontecer em março, em região ainda a ser definida.

Aquecimento no Ártico O aquecimento do Ártico pode afetar de forma prolongada a “corrente de jato” (jet stream) polar, um elemento chave para o clima na América do Norte e na Europa, afirmam cientistas americanos. Em um estudo, os pesquisadores indicam que a corrente de jato - composta de ventos que sopram de oeste para leste a grandes altitudes - está perdendo força e tende a se prolongar e se desviar mais facilmente de sua trajetória, segundo Jennifer Francis, professora de climatologia na Universidade Rutgers de Nova Jersey.

Momentos de angústia Os elefantes asiáticos são capazes de se consolar e de acalmar uns aos outros com contato físico e vocalizações em momentos de angústia, segundo as conclusões de um estudo publicado na terça-feira (18) pela revista “PeerJ’”. “As pessoas notam com facilidade que os elefantes são animais inteligentes e empáticos”, assinalou o autor do estudo, Joshua Plotnik, que estudava na Universidade Emory, em Atlanta (Geórgia), nos Estados Unidos, quando iniciou a pesquisa. “No entanto, como cientistas, tínhamos que provar essa relação”, completou.

Noção de ritmos

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Árvores plantadas

Apesar de trabalhar com a terra nas mãos, o foco da empresa brasileira recém-criada GreenClick é o setor de tecnologia da informação. O negócio da companhia é converter o número de visualizações de um site na internet em árvores plantadas, com o objetivo de neutralizar a quantidade de dióxido de carbônico (CO2) emitida no processo de armazenamento dessa página em “data centers”. Diferentemente de veículos automotivos que lançam CO2 diretamente na atmosfera, os sites fazem isso de forma indireta.

Os seres humanos não são os únicos com noção de ritmo: os macacos bonobos e os leões-marinhos também são capazes de marcar compassos, constituindo duas exceções no mundo animal que podem ajudar a entender melhor como o nosso sentido musical evoluiu ao longo da História.

Robôs subaquáticos Cientistas de uma universidade americana criaram um robô subaquático a partir da análise de características de um peixe elétrico da Bacia Amazônica. O ituí-cavalo (Apteronotus albifrons) é um peixe de hábitos noturnos que vive na região amazônica. Ele é cego, mas consegue emitir uma leve corrente elétrica na água para determinar como é o ambiente onde está.Estes peixes possuem receptores distribuídos pelo corpo, que permitem ‘sentir’ o ambiente a partir da corrente elétrica emitida.

Lagarto de língua azul

Sete filhotes de lagarto de língua azul (Tiliqua nigrolutea) nasceram no zoológico de Sydney, na Austrália, e foram exibidos pela primeira vez na terça-feira (18). Os lagartos podem atingir até 50 centímetros de comprimento, são dóceis e podem ser encontrados nas regiões mais frias e montanhosas do país. A língua azul carnuda é usada para “farejar” o ar e alertar sobre a aproximação de potenciais predadores.

Dança de cardume

A movimentação de um cardume de sardinhas na costa

de Moalboal, nas Filipinas, impressionou o fotógrafo Salvador Lao, de 37 anos, que captou o momento em que os peixes parecem formar um coração com sua “dança”. Lao conta que grandes cardumes (com milhares de peixes) são raros de ser vistos e que para conseguir uma boa foto do fenômeno é preciso mergulhar de forma rápida e chegar bem próximo dos peixes.

Formações de gelo O tempo frio deu nova roupagem a um conjunto de cavernas nas Apostle Islands, no estado de Wisconsin, nos EUA. Elas estão repletas de esculturas de gelo, penduradas aos milhares do teto das antigas formações rochosas, escavadas pela água ao longo dos séculos. Esculturas de gelo nessas cavernas podem aparecer por ali todo inverno, como informa a AP. Mas, este ano, com o frio intenso, elas não estão descongelando e recongelando, o que as deixa menos turvas.


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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Sob tensão

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A lei que determina loja a dar nota fiscal ao consumidor não tem em Maceió importância para o consumidor. Comentário é de caixas de lojas revelando que poucos exigem o comprovante da compra e a maioria que recebe joga na lixeira ou no chão. A falta de educação é habitual.

Não está só O PP não tem só Benedito de Lira candidato ao governo em Alagoas. A senadora Ana Amélia é no Rio Grande do Sul e o deputado federal Experidião Amin em Santa Catarina. De Pernambuco, mas pelo PSB, Eduardo Campos vai tentar a presidência e deve ter apoio dos nordestinos.

Alianças

1

- A SMTT faz certo ao adotar na Avenida Fernandes Lima faixas exclusivas para ônibus. É uma medida tomada Brasil afora, mas em Maceió motoristas reclamam. Um hábito natural de quem se habitou a descumprir a lei nas ruas favorecido pela impunidade.

2

- É cansativo repetir a cegueira dos fiscais da Prefeitura. Isso no trânsito ou na calçada. Um vale tudo de donos de imóveis obstruindo passagem sem dar a mínima para o pedestre no direito de ir e vir pelas ruas com segurança. O tudo posso dos infratores tem como preço o voto?

Pesquisas

Quem liga?

Dona de casa pressente estabilidade nos preços de horti-fruti-granjeiros pós reajuste do salário minímo oficializado em janeiro. A base da confiança vem das compras, principalmente no mercado público e feiras livres, que consideram como ainda os melhores pontos de compras para quem faz feira semanal. ss

Trânsito

PMDB se debruça no entendimento pró coligações para seguir na trincheira do PT onde se aquartela desde o governo Lula, pula para o PSDB. A dúvida é diante do que é noticiado pró Aécio Neves como candidato e conversas de bastidores colocando os peemdebistas na indecisão.

Organizadores de campanha eleitoral entendem como cedo para pesquisas de intenções de votos. Mas, por outro lado, antecipam convicção de que não haverá surpresa no equilíbrio da campanha entre o PSDB de Fernando Henrique Cardoso e o PT de Lula. O PSB de Eduardo Campos chega como terceira proposta para quem cansou do vermelho e do azul.

Balança dos preços

Turismo Rotina da cidade movimentada pelo turismo se estende até o fim deste mês. É um quadro considerado na rede hoteleira como normal. Mas sobre o movimento na temporada nada do que reclamar. Aliás, no otimismo com futuro empresários investem na rede hoteleira .

Espalha brasa?

1

- Rui Palmeira dá tema para comentário e o mais jogado na boca do povo revela haver um grupo tucano insis-tindo na candidatura dele ao Governo já em outubro. Do falatório, campo adverso, consta conversa sobre posição adversa de Guilherme Palmeira. Acha não ser o momento.

2

– A vinda recente de Fernando Henrique Cardoso em Alagoas dá mote apresentando-o como mensageiro de Aécio Neves, visita recente ao Estado, para convencer Rui a disputar o governo. A proposta teria a ver com a campanha de Aécio Neves a presidência. E tem a ver no repentino rush de obras da Prefeitura em Maceió.

Chapa socialista Eleitor, também em Alagoas e que se proclama de voto consciente, enxerga com simpatia a união de Eduardo Campos e Marina Silva formam chapa socialista “puro sangue” à presidência da República. Argumentam: “O Norte e o Nordeste precisam de mais atenção de Brasília.”

Renan Calheiros aproveita o recesso do Senado para estar mais presente em Alagoas. Atua na formação de alianças para fortalecer o partido e a candidatura de Renan Filho ao Governo. Comentam que ele tenta unir à sua proposta o PV, PSL,PDT PTB e o PSC..

Cai na rotina

Força feminina

Desabafo

O Partido Social Cristão (PSC) em Viçosa mantém em estágio avançado entendimento para inclusão de Ana Paula na sua lista de candidatos a deputada estadual. Ela é esposa do prefeito Flaubert Filho e tem liderança na região da mata e vizinhanças.

“Violência no País, Alagoas incluída, tem a ver no alheamento do cidadão para denunciar bandidos das vizinhanças onde mora.” Questão tipo desabafo foi de um agente civil, que acrescentou: “o bandido mata e ninguém se revolta. Agora se policial mata em defesa da vida e na proteção da sociedade é acusado de violento. Aí dizer o que?”

“Fundar sindicatos virou mania.” Frase saída em conversa de lideres de entidades antigas e respeitadas dá conta de haver por trás dos interesses partidários para formar eleitor de cabresto. Cobram daí reforma na política sindical, uma questão que já entra em pauta no Congresso Nacional.

Sem otimismo Também em Maceió não causa surpresa a baixa nas vendas, lojas tanto em Shopping Center como no calçadão do comércio. Uma queda de movimento prevista pelos lojistas como tradição na passagem de ano. Explicam que janeiro e fevereiro são meses de promoções para renovação dos estoques,


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pitstop

ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Interêsses em jogo

S

egurança no trânsito pode ser abordada por vários aspectos e pelo menos três estão na ordem do dia. O mais estranho é essa espécie de rebelião na Câmara dos Deputados que, de repente, resolveu trazer para discussões em regime de urgência um projeto que dispensa as autoescolas de instalação obrigatória de simuladores de direção. A iniciativa assemelha-se à mobilização, 15 anos atrás, que extinguiu a exigência de kit de primeiros socorros em todos os veículos. De fato, era uma proposta mal elaborada e, pior, mal executada pela má qualidade do kit. Não parece ser o caso dos simuladores, quando se sabe do baixo nível de eficiência dos agora chamados pomposamente de centros de formação de condutores (CFC). Tratase de um equipamento útil cujo maior “pecado” é aumentar em até 20% o custo

para o candidato a motorista, como se isso fosse algum impeditivo frente ao preço de qualquer veículo. A ideia foi do Contran que, inclusive, mostrou pesquisa nos EUA em que o uso do simulador pode reduzir em 50% os acidentes nos dois primeiros anos após a habilitação do motorista. Esta celeuma já levou ao adiamento por seis meses da obrigatoriedade, pois só há, por enquanto, quatro fornecedores para milhares de CFCs. Bom lembrar que muitos países permitem que o candidato a motorista, a partir de 16 anos, dirija acompanhado por um maior de 25 anos já habilitado. Dessa forma, quando o jovem atingir os 18 anos terá se sujeitado a muitas situações reais de trânsito e o aprendizado será melhor, mesmo com a obrigação de frequentar depois a autoescola oficial. Como isso (ainda) não é possível no Brasil, o simu-

lador ajuda no processo de tornar o trânsito mais seguro. Outro programa útil que, afinal, começa a sair da longa preparação é o Siniav, Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos. Pela primeira vez se tornará possível conhecer e controlar a verdadeira frota brasileira, pois carros novos e usados terão etiquetas eletrônicas em curto prazo. A iniciativa vai bem além de apenas facilitar os que pagam impostos em dia. Há várias aplicações em mobilidade urbana, gestão do trânsito, integração de planejamento e informações entre os três níveis de governo, controle de veículos clonados e roubados, além de possível utilização em pedágios, estacionamentos públicos e garagens particulares. E, finalmente, parece que dessa vez se aprovará uma lei nacional (sem ris-

co de vetos do Executivo) de regulamentação severa dos desmanches – ou mesmo depósitos sem controle – de veículos sinistrados ou aposentados por “invalidez total”. É fundamental para diminuir roubos de veículos. Também ponto de partida para as essenciais ações de reciclagem – embrião de qualquer programa de renovação de frota – e o aproveitamento racional de peças usadas. O que preocupa é certa condescendência do projeto em nível federal. Em São Paulo, vigora desde o mês passado lei estadual mais rigorosa e restritiva quanto a desvios e punições. Em vez de se aproveitar os esforços de quem já se aprofundou (inclusive por ter a maior frota veicular do País), trata-se de se flexibilizar as interpretações quanto a componentes ligados à segurança que não podem ser reciclados ou revendidos.

à sede histórica, em São Bernardo do Campo (SP). Há planos de produzir nas instalações do município vizinho o híbrido Prius. O governo deve conceder isenções para sua importação, mas induzirá a montagem do carro no Brasil em baixa escala.

do trânsito mal administrado. Ranking dos dez maiores mercados é o mesmo de 2012: China, EUA, Japão, Brasil, Alemanha, Índia, Rússia, Reino Unido, França e Canadá.

rodando sem parar (exceto para revisões) no autódromo de Interlagos.

RODA VIVA RENAULT atiça seus planos para o Brasil. Além da picape leve derivada do Duster, já confirmada, empresa admite que entrará na faixa dos subcompactos mais baratos. Projeto nasceu em parceria com a indiana Bajaj, mas a versão brasileira será de nível superior. Essa faixa, hoje, representa 8% do mercado e em quatro anos poderá significar 16%. NÃO será apenas a diretoria da Toyota que sairá de São Paulo, em breve, de volta

VENDAS mundiais de 83,5 milhões de veículos leves e pesados bateram novo recorde no ano passado. Aumento de 5% abala essa história de ruas saturadas como desculpa pelos males

NESTA terça-feira os dois Suzuki Jimny da fábrica, que iniciaram a maratona de 100.000 quilômetros em 100 dias, atingiram 17.775 quilômetros rodados em 13 dias. Poucos incidentes, além de pedras nos para-brisas. Há 50 anos, um Gordini da fábrica completou 51.233 km em 21 dias,

GOVERNO chinês pretende liberar fábricas estrangeiras para atuar livremente no país. Hoje estão obrigadas a ter um sócio chinês com 50% de participação de capital. Decisão deve levar ao desaparecimento da maioria das marcas 100% chinesas. Sobreviveriam apenas as mais fortes, que teriam de aumentar qualidade, investir em marketing e redes de concessionárias.

Hyundai lança HB20 Copa do Mundo a partir de R$ 41 mil

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Hyundai HB20 ganha sua primeira edição limitada no próximo mês. Com a assinatura Copa do Mundo Fifa, as versões hatch e sedã da série especial estarão disponíveis nas concessionárias a partir da segunda quinzena de março, com preços que variam entre R$ 41.465 (HB20 1.0) e R$ 53.110 (HB20S 1.6 AT). Entre os diferenciais externos estão rodas de liga leve diamantadas de 15 polegadas, faróis escurecidos, faróis de neblina, acabamento preto na moldura das portas, além de maçanetas cromadas e emblemas da série. No interior, o acabamento dos bancos é em couro perfurado com costura vermelha e emblema da Copa bordado - os tapetes de carpete também são customizados e levam o logo oficial do evento. Pela primeira vez, a Hyundai inclui no modelo a central multimídia blueMediaTV, com uma tela de 7 polegadas sensível ao toque e funções como TV digital, reprodutor de fotos e vídeos, Bluetooth com streaming de áudio e acesso à agenda e histórico de chamadas, conexões USB e auxiliar, rádio AM e FM, reprodutor de arquivos MP3 e comandos no volante. O equipamento ainda não é oferecido fora da versão Copa do Mundo. Todos os compradores da série limitada ganharão um kit com mochila personalizada e a Brazuca, bola oficial da Copa. Em comemoração ao evento esportivo, a montadora ainda oferecerá seis anos de garantia para todos os automóveis comercializados entre 1º de janeiro e 13 de julho deste ano, mas somente se a Seleção Brasileira for a campeã do mundo.


28 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 CRÔNICA

Uns ganham outros perdem JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

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inha vida profissional foi quase toda exercida com base no tema “trânsito. Fui Assessor de Planejamento do DETRAN/AL, Presidente do Conselho Estadual de Trânsito -CETRAN, Diretor da Divisão de Trânsito do DER/AL, durante 22 anos, Assessor Especial de Transportes da SMTT e Autor do Livro “Quem paga a batida?”, edição há muito tempo esgotada e vendida aos Senhores Diretores Gerais dos DETRANs de muitos Estados. Por mais que me achem “gabola”, “boçal” ou coisas com adjetivos semelhantes, não posso me omitir, diante da verdade do que já fui. Afinal de contas, sou o autor de várias placas de trânsito, como “Estacionamento Proibido”, “Parada Proibida” que antes era a letra “P” de “no park here” e que hoje é um “E” de Estacio-

namento, tanto Proibido como Permitido, com as suas tarjas diagonais. Além de outras, também, são da minha autoria e que constam no Código Brasileiro de Transito, a placa de “contra mão” que antes era uma “oval vermelha achatada” e que hoje é uma seta direcional, com a diagonal proibitiva do “proibido ir em frente”. Durante anos, eu tenho escrito artigos sobre trânsito, em vários órgãos da imprensa local, pois, este tema sempre foi o meu favorito. Nos últimos anos, foram tentadas várias improvisações no nosso trânsito, umas lógicas e outras malucas, como foram alguns “contornos” de quadra desnecessários, pois, nós tínhamos “faixas de desaceleração” que evitavam o grande consumo de combustível e menor tempo das viaturas em circulação pelas ruas. Nos últimos anos, aconteceram várias promessas para a implantação das faixas seletivas para ônibus. Finalmente, o Prefeito Rui Palmeira, resolveu desafiar os incrédulos e resolveu tentar um sistema que seria mais propício para coletivos. Resolveu sacrificar uma das faixas de rolamentos,

dando ela para os ônibus, para “aumentar os engarrafamentos em 33,33 %” na Av. Fernandes Lima e na Av. Góis Monteiro. Foi uma modificação muita corajosa e que terão consequências prejudiciais para Maceió, sem soluções futuras para viadutos. Estão dizendo que ficou muito bom para os ônibus, o que é uma verdade, mas, vamos ver alguns futuros problemas. Vamos imaginar que Maceió, por dia, transportasse um milhão de pessoas, em “100 ônibus lotados”, durante as 10 horas, nos dois expedientes e horas para o almoço. Com a faixa exclusiva, claro que as velocidades dos ônibus serão maiores e, consequentemente, as pessoas serão transportadas mais rapidamente. Assim, os ônibus, em lugar de “transportar só 50 pessoas”, ficarão mais confortavelmente acomodadas, com as velocidades maiores e os menores apertos. O que vai acontecer ? Ora, os empresários preferem que os “índices de passageiros transportados por quilômetros” sejam grandes, para que ganhem muito dinheiro, numa só viagem. Para que não tenham

prejuízos, com poucos passageiros numa viagem, vão ter que diminuir os números de ônibus, ficando como estava antes, com viagens superlotadas. Afinal de contas, há um jogo de “lugares ofertados e lugares ocupados”, para que as empresas ganhem dinheiro. Os empresários terão razão para diminuir as suas frotas, para não ficarem com os lugares ociosos, com “ônibus batendo”. Com isso, pode ser que o “feitiço se volte contra o feiticeiro” e que haja uma ilusória melhoria do sistema. O Dr. Rui Palmeira está fazendo um bom trabalho para Maceió, mas, poderá se arrepender de algumas modificações, quando o trânsito estiver caótico e com muitas multas, devido às conversões para as entradas à direita, criando, assim, conflitos entre carros e ônibus, pois, estes deverão ter preferências. Desculpe, Dr. Rui, porém, trânsito é assim mesmo, quando melhorando um para piorar os demais. Parabéns, pelas “outras melhorias” que o Senhor já vem fazendo por Maceió. Parabéns, mesmo, tá ?


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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Festival alternativo

Anadia

No entanto, neste ano, com o apoio da Prefeitura, acontece a primeira edição do Arapiraca Moto Festival. Idealizado e organizado pela Pancake House e Lagartos do Agreste Moto Club, o evento vem mudar a cultura de um povo que apenas vê divertimento com ritmos que remontem ao Axé Music e dar acesso a novos ares e sons aos moradores da cidade.

Com o objetivo de mobilizar a população para o cuidado e respeito às leis de trânsito e prevenção com as doenças sexualmente transmissíveis, a Prefeitura de Anadia, através da Secretaria Municipal de Saúde inicia no próximo dia 26, uma série de ações.

Leque de opções

Show no Filomena

A

informação é do jornalista Breno Airan: O jovem músico arapiraquense João Felipe vem se destacando no meio autoral nos últimos anos. Após lançar seu debut em 2011, o álbum “Flor do Lácio”, e pôr no mercado este ano seu primeiro CD ao vivo “Brasilêro”, ele faz show especial ao lado de convidados ilustres, nesta sexta-feira (21), no Filomena Barzin, em Arapiraca, a partir das 21h.

Convidados Com roupagem autêntica, a misturar o rock contemporâneo com vertentes do cancioneiro regional, o espetáculo promete um mix de ritmos que não deixará o espectador parado. Para reservar um lugar neste encontro de João Felipe com Janu e os Matutos Urbanos, Priscilla Prill, mestre Afrísio Acácio do Acordeon, Geraldo Cardoso (MCZ), Chico Rua (PE) e Maya, do Lamento Negro (PE), além de mais informações, o leitor pode contatar o telefone 9981-2679 ou 9978-3440.

Carnaval no interior No período de festividades momescas, o enredo é sempre o mesmo. Os arapiraquenses, sem atrativos culturais durante os dias de Carnaval, acabam por migrar para a região litorânea de Alagoas e até para outros estados do Nordeste ou do país.

“O objetivo maior, a princípio, não é trazer turistas para passar o Carnaval no município. É proporcionar mais este leque de opções para o arapiraquense. E oferecer isto de forma gratuita, abertamente, o que democratiza ainda mais a sua escolha”, diz Ciro Magalhães, proprietário da Pancake House, que fica nas imediações do Mercado do Artesanato Margarida Gonçalves, no Parque Municipal Ceci Cunha, bairro do Centro.

Incentivador cultural E é neste local que a festa se dará nos dias 1º, 2 e 3 de março, onde haverá discotecagem com o colecionador de CDs e artista plástico Cícero Brito e com o incentivador cultural Paulo Lourenço da Silva, o Paulo do Bar, além de uma mostra de curtas-metragens alagoanos.

Estilos musicas “O que queremos é que as pessoas conheçam outros estilos musicais. Para tanto, ocorrerá mais uma edição do ‘Jazz e Blues na Praça’ durante o evento, bem como do ‘Rock Pró Cultura’. A limitação do público, às vezes, não é financeira, mas de acesso, de desfrutar novos sons”, coloca o empresário carioca por trás do Arapiraca Moto Festival. Ele crê que muitos grupos de motociclistas do Brasil devem também comparecer.

Conscientização Com distribuição de leques, preservativos e material publicitário, a programação prevê atividades em pontos estratégicos, além de blitz para conscientização dos motoristas que ficarão na cidade ou para os que irão pegar a estrada durante os dias de festa. Trabalho preventivo O secretário de saúde do município, Alberto Jorge Fidélis, destaca que o trabalho preventivo e de aconselhamento acontece sistematicamente durante todo ano, mas que reconhecidamente no carnaval a atenção precisa ser redobrada, tendo em vista os focos intensos de folia e o provável uso de drogas lícitas como o álcool, o que na visão do secretário “potencializa o risco de haver relação sexual desprotegida e acidentes de trânsito”.

PELO INTERIOR ... Ao lado da presidente Dilma Rousseff, o presidente do Senado, Renan Calheiros, não escondia de ninguém a alegria com o anuncio feito pela presidente de que o governo federal investirá 400 milhões de reais no setor de transporte público em Alagoas. ... Dilma anunciou os investimentos, durante visita ontem ao estado. Os recursos serão utilizados na implantação de dois Veículos Leve Sobre Trilhos (VLTS) e dois corredores para ônibus em Maceió. ... Também foram entregues dois caminhões-pipa e 17 caminhões-caçamba para 19 municípios alagoanos com até 50 mil habitantes. A estimativa é que 20 mil famílias de agricultores serão beneficiadas com o total de 310 máquinas doadas para prefeituras do Estado de Alagoas, com recursos do PAC2. ... O presidente do Senado, Renan Calheiros, recebeu em audiência, nesta quarta-feira, o prefeito de São José da Laje, Bruno Rodrigo, acompanhado do ex-prefeito Paulo Roberto Neno. ... A Prefeitura de Arapiraca continua trabalhando para que as obras programadas no calendário sejam executadas continuamente nesta retomada. Com o empenho da prefeita Célia Rocha (PTB), diversas vias do Centro do município estão ganhando cara nova. ... Uma delas é a Rua Antônio Lima Sobrinho, por trás do Posto Mazzaropi. De acordo com a equipe técnica de Engenharia Civil da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Semov), o local, que comporta 165 metros de comprimento por outros sete de largura, está recebendo devidos nivelamento, colchão de terra, pavimentação, rejunte e colocação de meio-fio. ... Para o secretário da Semov, Moyses Montenegro, o trabalho neste 2014 está apenas começando. ... Mudança na Feira Livre -Em meados do mês passado, aconteceram obras na Rua Maurício Pereira, também no bairro do Centro. Moradores e comerciantes elogiaram a mudança da tradicional Feira Livre de Arapiraca. ... A todos um excelente final de semana e até a próxima edição. Fui!!!!


30 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014

REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

Fuja dos juros!

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isciplina financeira, é a palavra de ordem a partir de março, logo após o Carnaval, quando na realidade o brasileiro, deve se direcionar para a “economia de guerra”, esquecendo as despesas supérfluas e mais especificamente os juros cobrados por bancos e financeiras nos empréstimos de longo prazo, tanto os chamados consignados (descontados em folha) como os pagos por carnê. As taxas são extravagantes, as mais altas do mundo. Evite isso e procure poupar, para formar uma reserva financeira, destinada a qualquer emergência ou realizar um sonho de consumo. Lembre sempre que o aumento da taxa de juros que o governo anuncia a cada mês, através do Copom (Comitêde Política Monetária) do Banco Central, se refere especificamente a Selic, que é entre bancos. Ela se encontra em 10.5% ao ano. Só que, para o consumidor que usa cheque especial e cartão de crédito parcelado, ultrapassa esse porcentual mensalmente. Isso é uma “bola de neve”, que cresce a cada mês, notadamente para quem não paga o valor total usado no cheque ou quem amortiza o valor do cartão, pagando o mínimo. A dívida vai crescendo e se tornando impagável, com o crédito cortado (o nome indo parar o SPC) e as cobranças constantes dos credores.

Custo de vida

É o mesmo que inflação. É notório o aumento de preços e serviços, logo depois que o governo anunciou o novo salário mínimo, antes mesmo do trabalhador, pensionista ou aposentado, receber. Tudo foi reajustado, com esse desculpa.No setor de alimentos, os reajustes pesam no bolso do consumidor, assim como com material de limpeza e higiene. Aumentou também mensalidade escolar, plano de saúde, combustíveis, atingindo não somente a classe média, mas a pobre, principalmente, já que um aumento de um produto, puxa outros.

Pesquisando

Para conviver com essa subida dos preços, vá pesquisando, já que vivemos numa economia altamente competitiva, onde os preços variam muito de um local para outro. Vá às compras sem pressa e não se iluda com promoções, pois elas existem constantemente. Também não é necessário fazer estoque de produtos, principalmente os alimentícios. Esses sobem e descem, conforme os fatores climáticos (seca e chuvas) e ainda os insumos básicos, principalmente os que dependem de importados, que dependem do dólar, que vale mais que o dobro do real.

Na feira livre

Uma boa maneira de economizar com alimentos, é frequentar uma feira livre, onde pode pesquisar, pechinchar e conseguir bom desconto, já que vai tratar exclusivamente com o dono da barraca, algumas vezes, até mesmo o próprio produtor do alimento que você vai consumir. Melhor ainda se for comprovamente sem utilização de agrotóxico no plantio do mesmo. Existe essa chance a cada sexta-feira no Mercado de Jaraguá, onde se realiza a Feira Ecológica.

Os serviços

Já se foram os tempos de energia farta e barata. È um tipo de serviço que pode muito bem ser economizado e sentir os efeitos quando receber a conta de luz. Basta apenas se disciplinar, utilizando economicamente correto seus eletrodomésticos. Os que mais consomem energia sao pela ordem: chuveiro elétrico, ferro de engomar, ar condicionado, máquina de lavar pratos e roupas. Saiba utilizar com disciplina. O mesmo serve para a água, outro muito essencial no dia a dia, mas sem exagero. Jamais deixe uma torneira aberta por muito tempo, principalmente quando está quebrada (vazando), providenciando de imediato o conserto.

Na outra ponta

Não é só o serviço que você utiliza em casa, que deve ser economizado, mas o que vai precisar de conserto, através de técnicos especializados, a exemplo de encanadores, eletricistas, marceneiros, etc. Esses profissionais aumentam os preços de acordo com “a cara do cliente”. Pechinche muito antes de contratar algum, acerte o preço e só pague, quando o serviço for concluído, testado e que seja do seu agrado.


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014 -

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NA LINHA

de trem Novo VLT vai desafogar Sistema ligará o Centro Maceió ao trânsito na Avenida deAeroporto Zumbi Fernandes Lima dos Palmares A implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Maceió irá atender diariamente a cerca de 200 mil pessoas, desafogando o trânsito na Avenida Fernandes Lima, em Maceió. A estimativa é da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), responsável pelo projeto que irá garantir melhorias na qualidade de vida para usuários do transporte coletivo na capital alagoana. Nesta terça-feira (18), a presidenta Dilma Rousseff anunciou em Alagoas, ao lado do governador Teotonio Vilela Filho, investimentos de R$ 15

milhões do Orçamento Geral da União para a elaboração de estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental (EVTE) e projetos de engenharia para implementação do novo VLT, que serão executados pelo Governo do Estado. Para o secretário de Infraestrutura, Marcos Vital, a obra elevará a qualidade de vida dos alagoanos. “O novo VLT irá desafogar o trânsito e melhorar a mobilidade de todos os maceioenses, pois ligará a parte baixa e a parte alta de Maceió com velocidade e conforto para quem utili-

za o transporte público”, disse Vital. PROJETO O VLT irá ligar o centro de Maceió ao Aeroporto Zumbi dos Palmares, em Rio Largo, por meio de uma linha de mão-dupla sobre as avenidas Fernandes Lima e Durval de Goes Monteiro. O projeto do Governo do Estado pretende garantir a qualidade do transporte não só na capital alagoana, mas também na região metropolitana, cada vez mais desenvolvida. A perspectiva é transportar cerca de 200 mil passageiros por dia.

Projeto da estação do VLT que promete solução para a písta dupla


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 21 A 27 DE FEVEREIRO DE 2014


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