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MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XVI - Nº 790 - 26 DE SETEMBRO A 02 DE OUTUBRO DE 2014

DEBANDADA: TUCANOS E ALIADOS DO PP “FECHAM” COM RENAN FILHO P/ 7

JUIZ DA FICHA LIMPA PODE SER PUNIDO POR DENUNCIAR CORRUPTOS DA CÂMARA DEPUTADO HENRIQUE ALVES ACUSA MAGISTRADO DE REFORÇAR A “FALSA CRENÇA DE QUE TODOS OS POLÍTICOS SÃO CORRUPTOS” P/ 14

GOVERNADOR É PRESSIONADO PARA ASSINAR CONTRATO SUSPEITO P/10 e 11

ENTREVISTA CONFIANTE NA VITÓRIA, RENAN FILHO DIZ SENTIR NAS RUAS O DESEJO DE MUDANÇA P/16 e 17

ELIAS BARROS, CANDIDATO AO SENADO, DENUNCIA IRMÃO DE HELOISA POR AGRESSÃO P/ 6

ARTE NO CANTEIRO DIVERTE E INFORMA TRABALHADORES EM ALAGOAS P/ 12 e 13

ALAGOAS MANTÉM EM PRESÍDIOS REVISTA VEXATÓRIA CONDENADA PELA ONU P/8 e 9


2 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO 02 DE OUTUBRO DE 2014

COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

Deus salve Alagoas!

A

três meses de passar o cargo ao sucessor, o governador Téo Vilela precisa reagir às investidas de “amigos e aliados” que querem meter a mão nos cofres públicos no apagar das luzes do governo tucano. Mesmo desgastado pela violência que tomou conta do Estado e pela ausência de obras marcantes de sua administração, Vilela não pode deixar que sujem sua biografia com escândalos de corrupção, prestes a pipocar no final de seu governo. A lista de malfeitos é longa; e a coluna cita apenas dois processos escabrosos que ameaçam enterrar os oito anos de administração tucana. Pelos valores envolvidos no butim, destaquese o processo do usineiro Nivaldo Jatobá – notório parasita dos cofres públicos – que vem movendo montanhas para conseguir uma anistia fiscal de R$ 100 milhões em ICMS sonegados por suas empresas ao longo dos últimos 30 anos. O esquema, em forma de acordo extrajudicial, está montado, faltando apenas a canetada final do Secretário da Fazenda Maurício Toledo, e do próprio governador. O segundo processo, não menos grave, envolve a compra superfaturada de 600 mil kits escolares no valor de R$ 64 milhões. (Veja reportagem nas páginas 10 e 11). A empresa “fornecedora” do material escolar é uma firma de Pernambuco que atuou em conluio com gestores da Secretaria de Educação sob o comando político do senador Biu de Lira operacionalizado por seu filho Arthur. Em favor de Vilela, registre-se que o governador tem reagido o quanto pode, mas é grande a pressão dos “amigos do poder” para meter a mão nessa montanha de dinheiro público. Espera-se que Téo Vilela, mesmo desgastado, preserve a sua biografia. É o que Alagoas espera!

Velha prática O derrame de dinheiro em todo Estado começa a acontecer. A compra de votos e a velha prática do cadastro vão eleger muitos fichas-sujas. A Justiça Eleitoral e o eleitor de bem devem ficar de olho nos corruptos de plantão. As denúncias já começam a acontecer em vários órgãos.

Calote em Pilar

Sanando problemas

1

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Açúcar em Alagoas, Jackson de Lima Neto, tem peregrinado por várias usinas do Estado distribuindo milhares de cestas básicas. A atual situação dos trabalhadores é crítica. O sindicalista tenta com a ação minimizar a dor e o sofrimento de quem enfrenta a crise de perto. Jackson disse - através de sua assessoria de comunicação que mais de três mil famílias foram contempladas com a ação do sindicato, mas isso não é uma solução definitiva. Desde agosto as visitas estão sendo intensificadas. A crise do açúcar pegou em cheio trabalhadores e velhos figurões do setor.

2 Vem forte 1

Renovação branca

O candidato a deputado federal Coronel Ivon vem demonstrando um ótimo desempenho em inúmeras pesquisas de consumo interno. O militar é conhecido pelos vários embates com o governador Teotonio Vilela. O coronel sempre considerou como perverso o modelo de segurança pública utilizado por Vilela.

A Assembleia Legislativa deve continuar sendo o mesmo curral na próxima legislatura. Nomes de velhos conhecidos são dados como certo. Enquanto os municípios continuarem com os votos de cabresto vamos continuar amargando o piores índices de desenvolvimento humano do Brasil.

Vem forte 2

A Força Sindical em Alagoas vem atuando em diversos casos e sempre em defesa do trabalhador alagoano com destaque. O presidente da entidade no Estado, Gima, vem realizando uma gestão elogiada por vários sindicatos. Gima já foi ventilado para participar do processo eleitoral, mas sempre colocou: “Há hora pra tudo”.

Ivon conta com todo apoio da PM alagoana, da sociedade civil organizada e do senador Fernando Collor de Mello, que o considera um quadro de relevância no cenário político do Estado. “O governo não valorizou a cate-goria e não deu as condições devidas para os homens da segurança pública desenvolverem suas atividades. Alagoas vai dar a resposta da mudança no dia 5 de outubro”.

Prêmio Odete Pacheco A 12ª edição do Prêmio Radialista Odete Pacheco acontecerá na terça-feira, 30, às 19 horas, na Federação das Indústrias, no bairro do Farol. O evento, realizado pela Eventures, homenageará o radialista Luiz Plácido Torjal (in memoriam), e mais 15 renomados comunicadores de Alagoas, entre eles Floracy Cavalcante, França Moura, Reinaldo Cavalcante, Jorge Moraes, Eduardo Canuto, Gilberto Lima e Cristiano Matheus.

Força Sindical

Crime em União

1

Um assessor político foi assassinado a tiros, dentro de um veículo, após uma carreata política realizada no Distrito de Rocha Cavalcante, no município de União dos Palmares. Alisson Belarmino da Silva, de 29 anos, foi atingido por dois tiros no momento em que conduzia um Fiat Uno em direção à cidade. Ele é sobrinho do vereador Almir Belo. O suspeito de efetuar os disparos é o empresário Eduardo Pedrosa, dono de um posto de combustíveis da cidade e sobrinho do vice-prefeito de União, fugiu. A certeza da impunidade continua a fomentar os crimes em Alagoas. Até quando?

2

Donos de imóveis alocados à Prefeitura de Pilar para funcionamento de secretarias e outros órgãos públicos estão tendo de recorrer à cobrança judicial para receberem o aluguel. Desde fevereiro eles não veem a cor do dinheiro.

Greve geral No próximo dia 30 poderá ser deflagrada uma greve geral dos bancários em todo o Brasil. O fechamento dos bancos vai prejudicar a operação do caixa 2 dos políticos nos quatro cantos do país, além de dificultar seus acertos financeiros na reta final da campanha.

E agora... Caso o candidato a deputado não pague a dívida com o seu “financiador” após a derrota, o que acontece com ele?

Boa ideia

1

Projeto de Lei (PL) de autoria do vereador por Maceió Wilson Júnior, que dispõe sobre a aplicação de multa de R$ 50 ao cidadão que for flagrado jogando lixo em logradouros públicos foi aprovado em segunda discussão, por unanimidade, na Câmara Municipal de Maceió. O PL só depende agora da sanção do Executivo municipal para entrar em vigor. Vale ressaltar que a verba arrecadada com as penalizações será destinadas para a Superintendência Municipal de Limpeza Urbana (SLUM).

2

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

Vieira & Gonzalez

ARTE Fábio Alberto - 9351.9882 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 9982.0322

FAX - 3317.7248 IMPRESSO - Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO A 02 DE OUTUBRO DE 2014 -

3

JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

Siga-me: @jorgearapiraca

Aécio está no páreo

A volta

V

itória – A morte de Eduardo Campos atrapalhou a trajetória dos tucanos no rumo novamente à presidência da república. Aécio tinha chances reais de ir para o segundo turno com a Dilma e ganhar as eleições. De perfis parecidos, Aécio levaria a vantagem de ser um político do Sudeste e contar com a maioria dos votos da região, enquanto Campos iria dividir o eleitorado do Nordeste com a Dilma. Numa eleição de segundo turno, a Dilma terá dificuldade de ganhar pela desaprovação do seu governo e pelo alto índice de rejeição. Pelo cenário atual, Marina deve disputar o segundo turno com a Dilma. Mas faltando menos de quinze dias para as eleições, muita água ainda vai rolar sob a ponte. Por exemplo: se a Marina continuar a fazer o papel de coitadinha, repetindo os trejeitos e os apelos do Lula em campanhas presidenciais recentes, o eleitor pode rejeitar esse comportamento de fraqueza e procurar um candidato que transmita segurança e demonstre liderança nos seus atos para comandar o país. E o Aécio está fazendo isso muito bem nos programas eleitorais. Com a visão de quem sabe que o Brasil atravessa uma crise econômica, rumo a recessão, Aécio se diz mais preparado para enfrentar o tempo ruim que se aproxima. Assim, ele faz um contraponto com Dilma que já demonstrou inaptidão para administrar o país, e a Marina que vem repetindo o programa onde se emociona ao dizer que passou fome na infância, como milhares de brasileiros. O eleitor está mais amadurecido, tem mais acesso as informações via internet e outros meios de comunicação e certamente não vai se deixar influenciar por um discurso já usado por Lula em outras épocas, onde se fazia de coitadinho e se dizia vítima das “elites”. Nos programas eleitorais, o Aécio está chamando o eleitor para uma conversa olho no olho, como deve ser feito por um candidato que ainda patina no terceiro lugar. Mas isso só não basta. Precisa levantar a militância, aumentar suas visitas ao Nordeste, onde os apelos da Dilma e da Marina chegam aos ouvidos mais sensíveis dos que se identificam com as historinhas de “fome e de miséria”. Além disso, Aécio tem que jogar mais pesado com a Dilma que já demonstra cansaço de tanto defender o seu governo dos escândalos de corrupção.

As últimas pesquisas mostram que Marina voltou ao patamar dos 27% de aprovação, índice que tinha antes de aceitar a vice de Eduardo Campos. Se isso ocorrer, Aécio pode chegar até as eleições com chances de alcançá-la, mas para isso precisa torcer para que a candidata cometa um erro muito grave até lá. No momento, contra ela apenas o programa repetitivo e apelativo. Mas se a Marina for para o segundo turno com a Dilma, só resta aos tucanos uma alternativa: apoiá-la para acabar com o ciclo de poder dos petistas e voltar a disputar as eleições em 2018 já que a Marina declarou que é contra a reeleição.

Voto útil

Os cariocas

A outra chance de Aécio é convencer o eleitor a deixar a Marina e ir para o seu porto seguro com chances reais de derrubar a Dilma. Muitos eleitores ainda estão com a candidata socialista porque enxergam nela a oportunidade de arrancar o PT da presidência. Assim, o Aécio teria que apelar para o voto útil no seu discurso do programa eleitoral.

Enquanto isso, Aécio aproxima-se cada vez mais dos votos fluminenses. No Rio de Janeiro, onde o PT se arrasta, a exemplo de outros estados, o tucano tem sido recebido de braços abertos pelo PMDB de Cabral e de Pezão. As juras de amor a Dilma feitas pelo candidato do PMDB fluminense não resistiram ao charme do tucano que circula pelos redutos peemedebista com grande desenvoltura.

Arrumação Com exceção do tempo de televisão – mais do que o dobro do segundo colocado – não existe nenhum motivo para o crescimento da Dilma nas pesquisas. Os votos que desceram da Marina foram para o Aécio que mantém a curva ascendente. Dilma tem capitulado poucos votos dos indeciso devido a sua rejeição alta. Portanto, não há um fato novo que teria proporcionado uma elevação dos índices da presidente nas últimas pesquisas, principalmente na do Vox Populi divulgada na última terça-feira que a põe na casa dos 40%.

No páreo Nos últimos dias, os três candidatos têm lutado muito para se manter no páreo. Aécio jogou duro com a Marina. Está correndo para chegar ao segundo lugar e ter chances de disputar o segundo turno com a Dilma que já garantiu a vaga. Sua última crítica a socialista foi a de que ela teria feito seu programa de governo a lápis, assim ficaria mais fácil de apagar alguns itens para adaptá-lo aos interesses de alguns setores econômico e político.

Fragilidade O fato é que tanto Aécio quanto Dilma querem se ver livre da Marina. Para tanto não medem esforços para criticá-la. Criticam sobretudo a sua fragilidade de programa de governo e seus métodos contraditórios de fazer política. A exemplo do que ocorre com os velhos políticos, Marina também tem feito concessões para se manter no páreo da disputa presidencial. Estreitou suas relações com o agronegócio e tenta se aproximar de políticos regionais que até então não queria ouvir nem falar nos nomes como os Bornhausen em Santa Catarina.

Derrota É notório que PT, mesmo mantendo a dianteira, está se desidratando politicamente. No Rio Grande do Sul, um dos seus reduto mais tradicionais, Tarso Genro pode perder as eleições para a senadora Ana Amélia que desponta bem nas pesquisas. Em São Paulo, Padilha está na lanterninha, mesmo com a melhoria dos índices de aprovação do Fernando Haddad, o prefeito petista, e a participação de Lula como cabo eleitoral.

Fundo do poço No Espirito Santo, o PT vai amargar uma derrota histórica. O candidato Roberto Carlos se arrasta em último lugar com míseros 2%. Paulo Hartung, do PMDB, mantém-se bem a frente de Renato Casagrande, do PSB, que tenta a reeleição. A Dilma pode até ganhar as eleições, mas o que se percebe é que o PT sai dessas eleições mais fraco. A fragilidade pode comprometer a governabilidade petista a partir de 2015, quando os dados mostram que a economia pode mergulhar numa recessão.


4 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO 02 DE OUTUBRO DE Candidatos folclóricos

GABRIELMOUSINHO

Como ocorre em toda campanha política, alguns candidatos, com chances quase zero nas eleições, tentam conquistar o eleitorado com nomes exóticos. Para se ter uma ideia, alguns se apresentam com nomes como Severino do Chapéu, Galego do Mármore, Givaldo Titito, Kinho do Rodo, Cida do Bolo, Beto do Cabelo, Brama do Forró, Zebrão e até Jhow Maclaren.

gabrielmousinho@bol.com.br

Infidelidade partidária

Traição em dose dupla

N

inguém entende o que está se passando na campanha política em Alagoas no que toca à infidelidade partidária, tanto combatida pela Justiça Eleitoral. A coisa virou uma zona, como se diz na gíria e tudo que é candidato não está nem aí para os seus partidos. A situação é tão gritante, que lideranças políticas abraçaram candidaturas de outras coligações, participam de carreatas, caminhadas e comícios sem que tenham qualquer advertência das próprias instituições. Não estão nem preocupados de que poderiam perder o mandato pela infidelidade partidária. Esta campanha é atípica, concordam muitos candidatos. Mas até agora ninguém foi denunciado no Tribunal Regional Eleitoral. O que tem ocorrido, naturalmente da boca pra fora, é alguns partidos, a serviço de candidaturas majoritárias, ameaçar lideranças de que poderiam perder o mandato. Mas só isso. Na prática, nem pensar.

Revoada Ao contrário do que andam boatando por aí, é grande o número de insatisfeitos dos adversários do senador Biu de Lira. Muitos já estão mudando de lado pelo desempenho do candidato do PP nas pesquisas de intenção de votos que estão sendo realizadas.

Terrorismo eleitoral Como o terreno está cada vez mais arenoso, a onda agora é espalhar que a eleição já está ganha e que o Biu perdeu a corrida para o governo do Estado. Naturalmente, sem combinar com o povo.

Terrorismo eleitoral 2 Enquanto jogam dúvidas sobre a fidelidade do deputado Jefferson Moraes com a coligação de Biu de Lira, o candidato ao senado pelo DEM, Omar Coelho e outros candidatos proporcionais, continuam firmes e fortes no projeto em defesa do nome do senador que concorre ao governo.

Terrorismo eleitoral 3 A destruição de placas do senador Fernando Collor que concorre à reeleição em Alagoas é um ato antidemocrático, de vandalismo e de quem teme que ele continue no Senado. Collor tem mantido a dianteira na corrida ao Senado.

Silêncio Os principais órgãos de comunicação do Estado têm tido certa amnésia, quando o assunto são denúncias graves contra personalidades políticas do Estado. Numa campanha bastante disputada, ocorre tudo em Alagoas.

1

Ninguém tinha dúvidas de que a família Vilela apoiaria Renan Filho para o Governo do Estado. Dias atrás foi descoberto que lideranças políticas estavam sendo empurradas pelo irmão do governador, Elias Vilela, para os braços dos Ca-lheiros. Na última semana Pedro Vilela, o sobrinho preferido de Téo, candidato a deputado federal, foi flagrado fazendo uma caminhada em Passo do Camaragibe em companhia de Renan Filho e Fernando Collor de Mello.

2

Tucanos de carteirinha, o sobrinho e o irmão de Téo não querem nem saber da candidatura de Júlio Cezar, que aceitou a empreitada de sair candidato ao governo com o apoio do governador.

Inquietação

Situação e oposição

A subida do senador Biu de Lira nas pesquisas tem inquietado e acendido a luz amarela nos adversários. Uma das principais queixas que chegam à cúpula da coligação é de que existe muito cacique para poucos índios.

A campanha majoritária está de vento em popa. Em alguns municípios um candidato ao governo não quer nem saber. Se alia à situação e a oposição. Também não discute as condições de apoio.

Murici sem oposição

O clima de já ganhou do candidato Renan Filho tem tomado conta da tropa de choque do candidato. Talvez pelo poderio imprimido nos últimos dias pelo senador Renan, que se licenciou do Senado para entrar de corpo e alma na campanha.

A oposição emblemática que durante muitos anos atuou com firmeza no município de Murici, capitulou de vez. O vereador Plínio Batista, antigo ferrenho adversário da família Calheiros, bandeou de vez para a campanha de Renan Filho. Diz um velho ditado, de que quando não se pode com um inimigo, o melhor é aliar-se a ele. Foi o que fez.

Fora de tempo O governador Téo Vilela está perdendo uma grande oportunidade de ficar de fora destas eleições. Resolveu gravar para defender o seu candidato Júlio Cezar, que não consegue decolar na campanha para o governo. Júlio Cezar, porém, acha que forçará um segundo turno nessas eleições.

Em defesa de Diógenes O episódio que envolveu o advogado Diógenes Tenório, na semana passada, certamente foi um ato precipitado dos policiais que faziam blitz em Maceió. Para quem conhece Diógenes, sabe perfeitamente que ele é um gentleman, sério, decente e que sempre foi avesso à violência. A polícia do atual governo precisa e urgentemente, separar o joio do trigo.

Sem resultado A prefeita Célia Rocha, de Arapiraca, prometeu apoio a Ronaldo Lessa, mas, na prática, não tem se empe-nhado muito na sua candidatura. Para se ter uma ideia, toda Arapiraca sabe que o seu filho, vereador no município, tem dado uma ajuda grande à Rosinha da Adefal.

Já ganhou

Quase em dia O prefeito de Barra de Santo Antônio, Rogério Farias, disse que está havendo algum engano sobre o pagamento do funcionalismo no município. Ele disse que não é verdade a informação de que estaria em débito com os servidores em três meses. Há um atraso, sim, de poucos dias de certa categoria, mas que será resolvido até o final do mês, disse Rogério.

Voto caro No Guia Eleitoral tem de tudo. Até denúncias de que o voto está sendo vendido a 100, 200 e até 300 reais. Bem que a Polícia Federal poderia procurar saber do candidato informações mais detalhadas do processo de corrupção.

Plano Bresser A Associação dos Aposentados da Ceal está perplexa com a justificativa do Sindicato dos Urbanitários de que foi ele o patrono de algumas medidas para pagamento do Plano Bresser. Inclusive dos contatos com o deputado Judson Cabral e com o senador Renan Calheiros. Para a diretoria, o Sindicato está pegando bigu, já que nada fez pelos servidores durante estes 25 anos de espera.

Plano Bresser 2 Pelo visto, inclusive da pasta que o senador Renan Calheiros entregou ao Ministro Edison Lobão, num encontro em Brasília, alguém está se aproveitando da história. Dias antes a mesma pasta foi entregue pela diretoria da Associação ao presidente do Senado Federal.


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO 02 DE OUTUBRO DE 2014 -

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6 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO 02 DE OUTUBRO DE 2014 ELEIÇÕES 2014

Elias Barros entra com representação contra Heloísa por ter sido chamado de “laranja” Candidato ao Senado também presta queixa de agressão na polícia contra irmão da candidata pelo PSOL DA REDAÇÃO

O

embate em que se transformou o debate entre os candidatos ao Senado promovido no último sábado (20) pela TV Pajuçara continua rendendo “frutos”, neste caso ações judiciais impetradas tanto peloadvogado Elias Barros Dias (PTC) como pela vereadora Heloísa Helena (PSOL). Ambos protagonizaram os momentos mais acirrados do encontro que tinha por objetivo levar ao eleitor as propostas de cada um dos candidatos. Chamado de candidato “laranja” pela vereadora, Elias Barros ingressou na última terça-feira com uma representação contra ela junto ao Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL), na qual pede, inclusive, direito de resposta no tempo dedicado à candidata do PSOL no guia eleitoral do rádio e da televisão. Em outra representação, ele também aciona o portal de notícias CadaMinuto, por declarações com o mesmo cunho, ou seja, de que seria um candidato forjado apenas para tirar votos e prejudicar outras candidaturas. Na segunda-feira, o candidato ao Senado pelo PTC registrou duas queixas na polícia, uma contra a vereadora e a outra contra o irmão dela, Hélio Moraes, candidato a deputado estadual pelo PSOL, a quem acusa de agressão e ameaça durante o debate na TV Pajuçara. A agressão, que não foi vista pelos telespectadores, teria acontecido, de acordo com o advogado, no intervalo, logo após

o primeiro bloco do encontro. Barros afirma que foi agredido com um tapa no ombro por Hélio Moraes, que teria se aborrecido com ele pelo fato de, logo no início de sua intervenção, haver dito para Heloísa Helena que o ex-senador Luis Estevão havia lhe mandado um “forte abraço”. O advogado admite que sua intenção foi a de provocar a adversária e que, ao citar o nome de Estevão, quis relembrar o polêmico episódio da cassação do mesmo, na época em que a hoje vereadora exercia o mandato de senadora. (Leia mais no box ao lado) “Quem disputa uma eleição deve estar preparado para tudo, e ela demonstrou que não tem preparo psicológico para enfrentar isto, quanto mais ser senadora”, afirma o advogado, que também reafirma suas declarações de que Heloísa Helena nunca trouxe recursos ou defendeu uma obra importante para Alagoas a despeito de estar há 22 anos na vida pública. Elias Barros nega, ainda, a pecha de “laranja” com que vem sendo tratado durante a campanha. Ao TRE ele pede direito de resposta no guia eleitoral da candidata do PSOL ao Senado. E, em outra representação, pede que seja cancelado o direito de resposta a ela concedido pela justiça eleitoral dentro do seu espaço no guia. A POSIÇÃO DE HELOÍSA A candidata do PSOL manteve ao longo da semana uma posição de distanciamento frente às declarações de Elias

Barros exibe boletins de ocorrência contra Heloísa e o irmão dela

Barros nos sites de notícias e jornais locais e que tiveram grande repercussão principalmente nos veículos da Organização Arnon de Mello, de propriedade do senador e

candidato à reeleição Fernando Collor (PTB) que, aliás, não compareceu ao debate promovido pela Pajuçara. De acordo com a assessoria da candidata do PSOL, ela con-

sidera infrutífera a troca de acusações nos meios de comunicação por entender que em nada acrescenta ao processo eleitoral. Em relação ao episódio do debate de sábado passado, informou que a vereadora já adotou as providências que considera cabíveis quanto à postura do advogado Elias Barros e que incluem representações junto ao TRE. A assessoria informou, ainda, que Heloísa Helena continuará recorrendo à justiça parater o direito de respostaao que denomina de ataques por parte de Elias Barros e está convicta de que terá concedido este direito, como já o vem tendo em outros programas do candidato, considerados ofensivos pela própria justiça eleitoral. Finalizou afirmando que o mais importante para ela, no momento, é continuar a caminhada em busca de um mandato que honre Alagoas.

Estevão e a violação do painel do Senado

E

m 28 de junho de 2000 o Plenário do Senado cassou, por 52 votos a favor, 18 contra e 10 abstenções, o mandato do então senador Luiz Estevão (PMDB-DF), acusado de quebra de decoro parlamentar por envolvimento no desvio de R$ 169 milhões das obras do novo Fórum Trabalhista de São Paulo. A votação foi secreta, mas a lista com o voto de cada um dos senadores foi parar nas mãos do presidente da Casa na época, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), graças à violação do painel eletrônico do Senado, uma manobra engendrada em conjunto com o então líder do governo Fernando Henrique Cardoso, José Rober-

to Arruda (PSDB-DF). O caso viria à tona em 2001, depois de ACM ter espalhado que Heloísa Helena, então senadora pelo PT, havia votado contra a cassação de Estevão. Denúncias na imprensa e uma conversa de ACM com o procurador-geral da República Luiz Francisco de Souza, na qual revelou que sabia como cada senador havia votado, resultaram numa investigação que culminou com a confirmação da violação do painel eletrônico do Senado, periciado por especialistas da Universidade de Campinas (Unicamp). Ao longo das investigações pelo Conselho de Ética da Casa, a ex-diretora do Serviço

de Processamento de Dados do Senado, Regina Célia Borges, confessou a violação a mando de ACM e Arruda. Ambos renunciaram aos mandatos para não serem cassados, mas voltariam a ser eleitos um ano depois, Antônio Carlos Magalhães para o Senado e Arruda, que trocara o PSDB pelo PFL —atual DEM —, foi eleito deputado federal. Em 2012, Arruda foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região a pagar multa de cem vezes o salário dele como senador em 2000 por causa da violação do painel e teve os direitos políticos suspensos por cinco anos. ACM morreu em 2007.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO 02 DE OUTUBRO DE 2014 - 7

ELEIÇÕES 2014

Tucanos e aliados do PP “fecham” com Renan Filho Postulante ao governo pelo PMDB tem campanha reforçada após a debandada de candidatos das coligações que apoiam Benedito de Lira, do PP, e o tucano Júlio Cezar REDAÇÃO

A

cordos não fechados, desprestígio e desconfiança. Esses parecem ser os principais motivos para o abandono a que o candidato ao governo de Alagoas Benedito de Lira (PP) vem sendo relegado por alguns postulantes à Assembleia Legislativa e Câmara Federal. A prova da insatisfação começou com o vereador e candidato a deputado estadual Pastor João Luiz (DEM) que utilizou o twitter para fazer cobranças a Benedito de Lira. Na primeira postagem, ele tentou um acordo, mas ao continuar se sentindo ignorado, ele “foi gou às vias de fato” e postou: “Estou fora do ar no horário eleitoral porque não quis pedir voto para governador”, enfatizou o vereador. A mensagem de João Luiz expõe uma das dificuldades que a campanha do senador do PP estaria enfrentando: a escassez de recursos. Outro democrata que explicitou sua revolta contra Biu foi o deputado estadual Jeferson Morais, que tenta a reeleição. Ele teria se negado a pedir votos para Benedito de Lira, o que acabou impedindo que sua propaganda eleitoral fosse veiculada. Com isso, Jefer-

son publicou uma foto ao lado candidato ao governo pelo PMDB, Renan Filho em seu Facebook, declarando apoio ao filho do senador Renan Calheiros (PMDB). Tanto Jeferson quanto o Pastor João Luiz entraram com representação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra a Coligação “Juntos com o Povo pela Melhoria de Alagoas”, de Benedito de Lira. Ambos alegam que se negaram a pedir votos para o aspirante ao cargo de governador no guia eleitoral e, por isso, não estão tendo suas inserções veiculadas na propaganda eleitoral do rádio e da TV. João Luiz também declarou apoio a Renan Filho. CANDIDATOS FLERTANDO Outros candidatos da coligação de Benedito de Lira já declararam apoio a Renan Filho, e há também os que estão flertando. Estão fechados com Renan: Inácio Loiola (PSB) e Marcos Barbosa e Severino Pessoa, ambos do PPS. O que circula nos bastidores da política é de que Alberto Sextafeira pode também “pular” para o lado do peemedebista. Só estaria esperando o não cumprimento de acerto financeiro

Pedro Vilela (acima) tem participado de caminhadas ao lado de Renan Filho, enquanto Mauricio Quintela, forte aliado de Biu, também já esteve em eventos com o candidato do PMDB sem o botton do pepista

por parte de Arthur Lira (PP), filho do Biu. O que chamou a atenção nos últimos dias também, foi uma foto em que o candidato à reeleição de deputado federal Mauricio Quintela Lessa (PR) aparece ao lado de Renan Filho. O que se comenta nos bastidores da política é que, mesmo com seu partindo pertencendo à coligação de Biu, o candidato não usa o botton do candidato pepista ao governo e nem pede voto para o mes-

mo. O LADO TUCANO Desde a renúncia de Eduardo Tavares (PSDB), quando o governador Teotonio Vilela Filho lançou o nome do vereador de Palmeira dos Índios Júlio Cezar para a disputa ao governo de Alagoas apenas para ter palanque para o presidenciável Aécio Neves, a debandada tem sido geral do lado tucano.

Os candidatos Gilvan Barros Filho (PSDB), que deve substituir o pai Gilvan Barros na Assembleia, EdvalGaia(PSDB), Marcelo Gouveia (PRB) e Galba Novaes (PRB) decidiram apoiar Renan Filho para governador. E para a Câmara dos Deputados, o principal nome e aposta do governador, Pedro Vilela, seu sobrinho, também é visto com frequência nas caminhadas do peemedebista.


8 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO A 02 DE OUTUBRO DE DIGNIDADE VIOLENTADA

REVISTA VEXATÓRIA

O drama da humilhação nos presídios de AL

VERA ALVES

veralvess@gmail.com

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os 43 anos, a professora Ana Maria (nome fictício) se submete ao menos duas vezes por mês à mesma humilhação por que passam milhares de mulheres em todo país: se despe totalmente e faz exercícios de agachamento sob os olhares de duas agentes penitenciárias para comprovar que não traz nada escondido no corpo. A cena se repete há cinco anos, quinzenalmente aos sábados, quando ela visita o irmão de 39 anos preso no Presídio de Segurança Máxima de Alagoas, acusado de pertencer a uma perigosa quadrilha especializada em assaltos nas estradas, cujas principais vítimas eram caminhoneiros. Conhecida como revista vexatória, a revista intíma a que são submetidos os familiares de detentos recolhidos aos presídios de Alagoas atinge indiscriminadamente jovens, adultos, idosos e bebês. Qualquer criança que use fraldas é revistada com o mesmo rigor dispensado a quem tenha mais de 18 anos. A exposição a que se é sujeito fez com que a mãe de Ana Maria, até hoje, somente tenha visitado o filho por duas oportunidades. E não há como criticá-la. Com 76 anos, ela teve que passar pelo constrangimento de se despir totalmente, se agachar três vezes e fazer esforços repetitivos frente a agentes penitenciárias e outra senhora a seu lado, submetida como ela ao mesmo procedimento. A dona de casa simples, interiorana, que sequer usara bermuda, short ou maiô em toda sua vida, de cabelos brancos e pele enrugada pelo passar dos anos, mas sobretudo pelas dores como a perda precoce de um filho em um acidente de carro e as dificuldades com o marido senil, nunca havia sentido tamanha vergonha. Nos últimos cinco anos, só voltou a visitar o filho uma única vez, já então sabedora do que a esperava, mas nem por isto menos envergonhada. O drama de ter a intimidade violada não é exclusivo das mulheres de Alagoas. A cena se repete em quase todos os presídios bra-

sileiros à exceção, hoje, daqueles localizados nos estados em que o desnudamento e agachamento são agora proibidos por lei. Sob o argumento de ser o mais eficaz para evitar a entrada de drogas, armas e celulares nas penitenciárias, o procedimento levou o Brasil a ser denunciado, este ano, junto à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, após as reiteradas denúncias de abusos cometidos por parte dos agentes responsáveis pela revista. Ao longo dos últimos quatro meses, o EXTRA ouviu parentes de presos de Alagoas, defensores dos direitos humanos e autoridades ligadas ao sistema penitenciário e do judiciário sobre o assunto. Ouviu, por exemplo, o relato de um procurador aposentado que, tal qual qualquer pai, marido ou irmão de detenta ou detento, teve de se submeter igualmente ao constrangimento de se despir e ter as partes íntimas revistadas para provar que nada trazia escondido no corpo. Tamanha degradação, sem dúvida, explica o fato de serem raras as visitas masculinas nos presídios. Em um final de tarde de sábado, nenhum homem foi encontrado entre as mais de 100 pessoas que deixavam o complexo penitenciário localizado na BR-104, em Maceió, após a visita do fim de semana. Assim como o da professora Ana Maria, os nomes dos parentes com os quais o jornal conversou são fictícios; suas identidades foram preservadas por duas razões, a primeira para evitar constrangimentos adicionais e depois para que os familiares presos não sofram represálias. Gravados, os depoimentos foram dados com o compromisso de que as identidades dos ouvidos não fossem reveladas.

SUBMISSÃO E DISCURSO OFICIAL

Sob um sol escaldante de uma tarde de sábado, Maria, 35 anos e três filhos (13, 5 e 2 anos), caminha em direção à BR-104 para pegar um ônibus e voltar para casa, em um povoado de Arapiraca, após ter visitado o marido, há um ano no Presídio Baldomero Cavalcanti por, segundo ela, não ter assinado

um documento da justiça. Indagada sobre a revista, desabafa: “É muita humilhação o que fazem com a gente, mas a gente também não pode dizer nada. Você tem que ficar como veio ao mundo e ainda abaixar três vezes, de costas e de frente e a gente tem que fazer isso toda vez. Eu acho isso uma humilhação, porque se tem gente que muitas vezes faz coisa errada, não é todo mundo que faz. E a gente tem que tirar a roupa, soltar o cabelo e ainda passam aquele negócio na perna das pessoas (detector de metal). Eu acho isso muita humilhação”. Acompanhada do filho de 16 anos, Sônia, 41, que foi visitar a filha de 20 anos presa há dois meses no Presídio Feminino Santa Luzia, está entre as muitas que absorveram o discurso oficial de que a revista, nos moldes em que é feita, se faz necessária por conta das tentativas de ingresso portando drogas ou armas escondidas no corpo. “Fazer o quê? Se não revistar o povo acaba fazendo besteira, trazendo coisas que não pode”. Informada sobre a mobilização nacional contra a revista vexatória, a dona de casa que mora no bairro do Tabuleiro do Martins, em Maceió, acha que os parentes dos presos, sozinhos, não conseguirão mudar a realidade atual. “A gente não vai mudar, por mais que a gente tente não vai mudar”, diz, revelando que a filha foi presa por “estar no lugar errado, na hora errada” e “com quem deveria protegê-la, mas não protegeu”. A pessoa errada, namorado da jovem, estava envolvida com drogas. Ana, de União dos Palmares e 18 anos, está entre as que podem ser consideradas mais sortudas em se tratando da revista. O marido, de 23 anos, está preso por homicídio, segundo ela cometido em legítima defesa, e recolhido ao Núcleo de Ressocialização, o único onde os parentes não são obrigados a tirar a roupa e onde, ao contrário das demais unidades do sistema penitenciário de Alagoas, os detentos têm atividades. Assim como ela, dona Josefa, 78 anos, que visita o genro, recolhido também ao Núcleo por medida de segurança, passa por detectores

Ana Maria: nudez e agachamentos para poder visitar o irmão de metal e tem a comida que leva revistada, mas não precisa se despir frente a estranhos. Ele é acusado de estupro, o que ela revela quase cochichando pois sabe do castigo a que estupradores são submetidos pelos próprios detentos.

NORMA NÃO POSSUI AMPARO LEGAL

Instituída há vários anos, a revista vexatória não tem amparo legal no país, mas se tornou comum face a superlotação dos presídios brasileiros e seu sucateamento. O tempo passou e, ao invés de os governos investirem em tecnologia, passaram a adotar formas medievais, que acabaram se tornando a regra, para o enfrentamento das tentativas de inserção de drogas, armas e celulares nas penitenciárias.

Organizações de direitos humanos como a Conectas e Rede Justiça Criminal lançaram em abril deste ano uma campanha nacional contra a revista vexatória nos presídios brasileiros que acabou impulsionando a aprovação, no Senado, do projeto de lei 7764, de autoria da senadora Ana Rita (PT-ES), que acrescenta artigos à Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), acabando com a prática da revista vexatória. O texto aprovado por unanimidade no Senado aguarda votação na Câmara dos Deputados. Enquanto a lei não é aprovada, a campanha pelo fim da prática abusiva continua e a ela pode se associar qualquer pessoa, bastando acessar o site http://www.fimdarevistavexatoria.org.br, no qual, inclusive, há fortes depoimentos de vítimas de abusos.


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DIGNIDADE VIOLENTADA

Brasil foi denunciado na ONU Em março deste ano, o Brasil foi denunciado junto ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, durante sua 25ª sessão ordinária, realizada em Genebra, na Suíça, pela prática constrangedora da revista aos parentes de presos. As entidades brasileiras denunciaram os abusos cometidos – desnudamento e agachamento – e apresentaram os números de pesquisa feita nos meses de fevereiro, março e abril dos anos 2010, 2011, 2012 e 2013 no sistema penitenciário do estado de São Paulo, que concentra a maior população carcerária do país, e apontou que, diferentemente do discurso oficial, apenas 0,03% dos visitantes carregavam itens considerados proibidos. Relator da ONU para Tortura, Juán Mendez alertou, no debate com as entidades, para o fato de as revistas íntimas se caracterizarem como uma prática “humilhante e degradante” ou até mesmo como “tortura, quando conduzidas com uso de violência”. O relator disse que as buscas feitas em corpos devem ser conduzidas de maneira respeitosa e sem humilhação, apenas quando não exista alternativa. Mendez reconheceu a dificuldade de balancear imperativos de segurança com o respeito aos direitos, mas foi claro sobre o fato de que nenhuma prática pode violar a dignidade humana. A pressão da ONU acabou resultando em alguns avanços. No último dia 2, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) publicou a Resolução nº 5, de 28 de agosto de 2014, determinando a substituição da revista íntima pelo uso de equipamentos eletrônicos detectores de metais, aparelhos de raios X, escâner corporal, entre outras tecnologias capazes de identificar armas, explosivos, drogas e outros objetos ilícitos. A norma substitui outras duas resoluções do colegiado, de 2000 e 2006, igualmente contrárias à revista vexatória.

9 ESTADOS MUDAM PROCEDIMENTO DE REVISTA

No bojo do movimento que tenta mudar a realidade atual, nove estados brasileiros já aprovaram leis proibindo a revista intíma para ingresso nas unidades prisionais. O primeiro foi Minas Gerais, por meio da Lei Estadual nº 12.492/1997. O mais recente foi o Amazonas, onde, em 21 de agosto deste ano, o juiz

Luís Carlos de Valois Coelho, titular da Vara de Execuções Penais do estado, assinou a Portaria n. 007/14/VEP, que proíbe a prática na capital Manaus. Outros estados que baixaram normas contra a revista vexatória foram Paraíba (Lei Estadual nº 6.081/2010), Rio de Janeiro (Resolução nº 330/2009 da Secretaria de Administração Penitenciária), Rio Grande do Sul (Portaria nº 12/2008 da Superintendência dos Serviços Penitenciários), Santa Catarina (Portaria nº 16/2013 da Vara de Execução Penal de Joinville), São Paulo (Lei Estadual nº 15.552/2014), Espírito Santo (Portaria nº 1.575-S, de 2012, da Secretaria de Estado da Justiça), Goiás (Portaria nº 435/2012 da Agência Goiana do sistema de Execução Penal) e Mato Grosso (Instrução Normativa nº 002/GAB da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos).

A OMISSÃO DOS PARLAMENTARES ALAGOANOS

Ignorada por completo nos discursos oficiais dos candidatos às eleições do dia 5, a revista vexatória no sistema penal nunca foi alvo de preocupação por parte dos políticos alagoanos, nem mesmo entre aqueles que já foram considerados defensores das minorias e dos direitos humanos. Na Assembleia Legislativa de Alagoas não há um único projeto sobre o tema e isto a despeito de muitos dos que lá estão hoje na condição de deputados correrem o sério risco de não se reeleger e passarem à condição de inquilinos de qualquer uma das oito unidades que formam o sistema penitenciário do estado. Tão pouco houve, até hoje, qualquer iniciativa por parte do Executivo em acabar com esta prática abusiva em que os parentes de presos são tratados como se houvessem também cometido algum crime. A Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris), criada este ano no esteio da crise do sistema carcerário alagoano, com a unificação das antigas superintendências Geral de Administração Penitenciária (SGAP) e de Proteção e Garantia em Medidas Socioeducativas (SPGMS), não trouxe qualquer inovação em termos de conduta no tratamento aos parentes dos presos. Ironicamente, o secretário de Ressocialização, o tenente-coronel

Carlos Alberto Luna dos Santos, foi, dentre todas as autoridades ouvidas pelo EXTRA, o que condenou com mais veemência a prática, mas argumenta que o Estado esbarra em dificuldades financeiras para aquisição de um equipamento como o escâner corporal. “Reconhecemos que é um ultraje, mas ainda não temos como abolir o procedimento nos nossos presídios. Por ora, o que temos feito, é treinar os agentes para que tenham uma conduta de respeito para com os visitantes”, afirma. Enquanto Alagoas também não modifica sua prática, a professora Ana Maria, a primeira personagem ouvida pelo EXTRA, vai continuar passando pelo constrangimento de se despir totalmente a cada 15 dias. “É difícil, mas não posso deixar de ver meu irmão”, resume. Denúncias de exageros durante a revista podem ser feitas à Comissão de Direitos Humanos da OAB, à Promotoria de Justiça, à Defensoria Pública e ao Juizado da Vara de Execuções Penais. Se não houver providências para o caso, a vítima pode também recorrer ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Mapa carcerário De acordo com o último boletim da Secretaria de Ressocialização, relativo ao período de 19 a 21 de setembro, Alagoas conta com 5.698 presos, entre os que estão em regime fechado, provisório e detidos em penitenciárias federais. Com capacidade total para 2.596 detentos (1.827 em Maceió e 769 no Presídio do Agreste) , o estado tem hoje um excedente de 3.102 presos, incluindo os presos do regime aberto, semiaberto e os que estão em presídios federais, estes num total de 41. A Seris é responsável por sete unidades penitenciárias em Ma-

ceió e uma no interior do estado: Presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, Presídio Cyridião Durval e Silva, Presídio Feminino Santa Luzia, Casa de Custódia da Capital, Centro Psiquiátrico Judiciário Pedro Marinho Suruagy, Núcleo Ressocializador da Capital, Presídio de Segurança Máxima, Colônia Agro-Industrial São Leonardo (desativada por determinação da Justiça) e Presídio Desembargador Luiz de Oliveira Souza, este último em Girau do Ponciano, no Agreste. Confira a distribuição dos presos no mapa carcerário acima, divulgado na segunda-feira pela secretaria.

O QUE DIZEM AS AUTORIDADES José Braga Neto, juiz da 16ª Vara de Execuções Penais: “É um constrangimento muito grande, mas é um mal necessário em função de poucas pessoas que tentam introduzir objetos ilícitos. O Estado não tem como arcar com o alto custo de um escâner corporal. A boa notícia é que fomos informados de que o Presídio do Agreste está adquirindo dois aparelhos deste tipo. Vamos torcer para que em breve todo o sistema penitenciário de Alagoas faça o mesmo”. Cyro Blatter, promotor da 16ª Vara de Execuções Penais: “É um procedimento amparado por decisão da justiça. É preciso ter em mente que o interesse público se sobressai ao interesse privado e os presídios são prédios públicos; ninguém é obrigado a ir. Um escâner corporal está na casa de R$ 1 milhão, poucos presídios no país têm. Já flagramos senhoras escondendo droga na vagina, elas são poucas, mas não há outro meio de se evitar isto. E estamos atentos para evitar qualquer exagero nas revistas”. João Maurício da Rocha de Mendonça, defensor Público da 16ª Vara de Execuções Penais: “Era preferível que fosse de outra forma, mas o estado ainda não avançou e precisa

urgentemente se adequar a outras formas de revista menos invasivas. Nossa preocupação hoje é com a qualificação do pessoal que trabalha na área e com a responsabilização dos que cometam quaisquer excessos”. Jarbas Souza, presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários: “As pessoas não fazem ideia da quantidade de objetos que apreendemos nestas revistas. Mas poderia ser diferente se o Estado cumprisse com sua parte e aparelhasse os presídios de forma eficiente. Hoje não há sequer um detector de metal funcionando em algumas unidades, o que evidencia o desejo do governo em agravar ainda mais a crise no sistema penitenciário com o objetivo de privatizá-lo”. Carlos Alberto Luna dos Santos, secretário de Ressocialização: “A tendência é de que esta prática seja abolida em todos os presídios do Brasil. Por ora, dadas as dificuldades para aquisição de equipamentos modernos, para os quais incusive chegamos a realizar um levantamento de custos, estamos adotando medidas que ao menos aliviem o constrangimento que é para qualquer ser humano passar por uma revista deste tipo. É sim

ultrajante”. Marluce Falcão, promotora de Justiça coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos do Ministério Público Estadual: “Há um excesso por parte de quem deveria respeitar a dignidade da pessoa humana. O que percebemos é que a ação do Ministério Público tem conseguido modificar o comportamento dos agentes no que se refere a excessos, inclusive com a instauração de procedimentos administrativos para punição de eventuais exageros. Das denúncias que recebemos, a maior parte se refere a pessoal terceirizado. Hoje atuamos de forma preventiva, com palestras de orientação e capacitação dos agentes penitenciários”. Daniel Nunes Pereira, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas: “É uma arbitrariedade que tem de ser eliminada pelo Estado. O governo gasta tanto dinheiro com outras coisas ao invés de modernizar o sistema e acabar com esta prática, para a qual não há qualquer justificativa diante do aparato tecnológico existente atualmente. A OAB de Alagoas reage com veemência contra este procedimento”.


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SUPERFATURAMENTO

Governador é pressionado para assinar contrato suspeito Negócio de R$ 64 milhões montado durante o “império” de Biu e Arthur Lira na Educação está prestes a estourar: é o novo escândalo dos kits escolares DA REDAÇÃO

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as últimas semanas, com a proximidade das eleições, os bastidores da política alagoana “vazaram” uma informação que não conseguem mais manter em círculo fechado. Embora seja bombástico, o caso não chega a surpreender, por causa dos personagens envolvidos. Trata-se, por assim dizer, de um escândalo anunciado. Ou melhor, de um escândalo ensaiado no ano passado, em valor menor, e prestes a se repetir – desta vez envolvendo um volume muito maior de dinheiro desviado dos cofres públicos. O caso ganha dimensão de urgência por causa das circunstâncias que o envolvem. É uma corrida contra o tempo. Cresceu de forma avassaladora, nos últimos dias, a pressão sobre o governador Teotonio Vilela Filho por parte de um grupo político e empresarial para consumar um negócio multimilionário, polêmico e colocado sob suspeita desde o ano passado. Vilela ainda não tomou a decisão de assinar um controvertido contrato (na verdade, mais um) com uma empresa

sediada no Recife, para a compra de 600 mil kits de material escolar pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEE), no valor global de quase R$ 64 milhões, para distribuição com os alunos das escolas estaduais. OS CINCO PERSONAGENS E O PAPEL DE CADA UM São cinco os personagens principais dessa trama em que os cofres públicos se arriscam a perder algo em torno de R$ 20 milhões – valor estimado do superfaturamento da compra. Uma bolada de dinheiro que estaria prestes a ser desviada para contas particulares, se o contrato for assinado. Teotonio Vilela Filho, o primeiro e óbvio personagem, é o alvo da pressão porque dele depende a autorização para que o contrato seja assinado. Digase, por questão de justiça, que o governador tem resistido o quanto pode às insinuações e “argumentos” do grupo diretamente interessado no contrato suspeito. Em fim de governo, politicamente debilitado, sem a mínima chance de eleger o sucessor e correndo sério risco de caminhar para o ostracismo e a irrelevância política, Vilela

talvez esteja resistindo às pressões, neste caso, para salvar sua biografia, pelo menos. Mas as pressões são grandes. A segunda personagem é Josicleide Moura, ex-secretária de Educação do Estado, que era a titular do cargo quando foi escolhida a empresa que vende os kits superfaturados para o governo. É séria candidata a responder, no futuro, a um processo por improbidade administrativa, pelo potencial explosivo que o escândalo dos kits possui. Ministério Público, Tribunal de Contas e Polícia Federal já olham o caso com a devida atenção. O terceiro e o quarto personagens aparecem sempre juntos. É natural, já que são pai e filho. Formam o núcleo político do esquema e metem medo nos servidores pelo poder que possuem. São eles o senador e atual candidato a governador Benedito de Lira (o Biu) e o não menos notório deputado federal e candidato à reeleição Arthur Lira, ambos do PP. O poder de mando da dupla dinâmica no governo estadual foi exercido, quase sem limites, sobretudo no segundo governo Vilela, na Secretaria de Estado da Educação, uma das mais ricas e cobiçadas sob seu comando, já que é fartamente alimentada com repasses obrigatórios do governo federal. Biu e Arthur assumiram o domínio da Secretaria na modalidade “porteira fechada”, ou seja, indicaram a secretária Josicleide Moura e os ocupantes dos cargos mais importantes na pasta, que lhes prestavam obediência fiel, como havia sido com os secretários anteriores.

Vilela tem reagido o quanto pode, mas a ganância de Biu e de Arthur por dinheiro público faz pressão de todos os lados


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SUPERFATURAMENTO

E o quinto personagem, fechando o círculo, representa o braço empresarial do grupo, que vende produtos e serviços ao Estado com preços superfaturados e depois, como em todo esquema desse tipo, distribui o butim: a empresa fica com uma parte dos lucros e o resto é repartido, irrigando as contas bancárias de quem montou o negócio (na área administrativa) e de quem facilitou as coisas (na esfera política). No caso dos kits, nosso quinto personagem, o operador privado, chama-se Edmundo Catunda, representante da Fergbras Comércio e Serviços Ltda., do Recife, a empresa que venceu o pregão eletrônico da Secretaria da Educação. ESQUEMA JÁ FUNCIONOU EM 2012 NO “PROCESSO USAIN BOLT” Detalhe importante: a mesma Fergbras, do eficiente Catunda, já havia vencido a licitação do ano anterior, também de kits escolares para a rede estadual de ensino, no valor de R$ 27 milhões e 28 mil, igualmente através de pregão eletrônico. Como se vê, Catunda, com sua empresa, é o dono do pedaço nesse tipo de negócio com o Estado. O que mais chamou a atenção nesse primeiro negócio foi a impressionante agilidade da Secretaria para tramitar e finalizar a transação. Foi tudo cronometrado com precisão suíça. Não por acaso, muita gente se refere ao caso como “o processo Usain Bolt”, singela homenagem alagoana ao velocista jamaicano que bateu todos os recordes dos 100 e 200 metros rasos. A comparação é merecida, como se verá. O desempenho da nossa burocracia bateu com folga qualquer marca olímpica. No dia 28 de dezembro de 2012 – uma sexta-feira, último dia útil daquele ano – o processo recebeu o jamegão mais

Operador Edmundo Catunda e a ex-secretária Josicleide Moura precioso, o do governador, que autorizou a elaboração do contrato. Daí em diante as coisas se processaram num frenesi vertiginoso. Às 13h53m de 28 de dezembro, o processo foi aberto, antes mesmo da publicação da ata do pregão eletrônico, que só seria feita no dia 4 de janeiro de 2013. Naquela mesma tarde o pedido de compra dos kits foi feito pela Superintendência de Gestão e atendido pelo gabinete do secretário. Ainda na mesma tarde o Núcleo de Orçamento da SEE autorizava a liberação de uma gorda parcela da bolada para a Fergbras: R$ 10.237.545,61, do total de R$ 27,028 milhões. Em seguida, é pedida (e prontamente autorizada) a dotação orçamentária. Ainda nessa mesma sexta-feira o contrato recebeu despachos autorizando o fornecimento, informando que havia saldo disponível, encaminhando para assinatura do representante da empresa, e ainda voltou a tempo de o gabinete do secretário autorizar a publicação do extrato no Diário Oficial, com cópia para o Tribunal de Contas, e finalmente – viva! – é feito e assinado o documento mais cobiçado de todos: o empenho, que garante e libera o pagamento. Aliás, foram 20

empenhos no processo, todos emitidos com a mesma data de 28 de dezembro, uma sexta-feira de pura felicidade para um grupo de dedicados agentes do Estado e da empresa privada, cansados mas orgulhosos do dever cumprido... O contrato foi assinado na segunda-feira seguinte, 31 de dezembro de 2012, último dia do ano, quando havia sido decretado ponto facultativo no Estado, emendando com a terça-feira 1º de janeiro, um feriadão em que todas as repartições públicas estiveram fechadas – menos a operosa e incansável sede da SEE, onde as luzes ficaram acesas até a noite no deserto Centro de Maceió. O contrato com a Fergbras foi sacramentado a portas fechadas, longe de olhos vigilantes e inconvenientes. Afinal, um negócio de R$ 27 milhões, concluído em velocidade supersônica, não poderia ficar exposto à curiosidade de qualquer um. À meianoite, no Réveillon, taças de cristal tilintaram de alegria, cheias de champanhe francês na comemoração. SUPERFATURAMENTO No caso dos atuais 600 mil kits, a mesma Fergbras foi proclamada vencedora do pregão eletrônico SEE-002/2014, como

consta no processo nº 18009187/2013. O resultado foi publicado no Diário Oficial do Estado em 6 de junho deste ano, com as assinaturas dos três membros da Comissão Permanente de Licitação da SEE: Maria Gildete Araújo Florêncio (presidente da comissão), Vânia Maria do Bomfim Lopes Malta (pregoeira) e Liliane Damasceno Rocha Pereira (da equipe de apoio). A publicação no DOE traz apenas os valores dos dois lotes em que a transação foi dividida. O primeiro lote vale R$ 8.570.100,00, e o segundo – o grosso do negócio – tem o valor de R$ 55.342.600,00. Total da operação: R$ 63.912.700,00. A questão é que, desses quase R$ 64 milhões, cerca de R$ 20 milhões estão sendo colocados sob suspeita. Este seria o valor do sobrepreço – o velho superfaturamento, a diferença entre a fortuna cobrada da SEE (e que a secretaria topou pagar) e o preço real dos itens que compõem o kit escolar. Seria o pedágio da corrupção. “O FILÉ É A MOCHILA” Ainda em 2013, quando o processo tramitava administrativamente na SEE, o repórter Davi Soares, então na Gazeta de Alagoas, hoje blogueiro no portal Cada Minuto, caiu em campo para pesquisar os preços do kit, item por item, no varejo de Maceió. Na ponta do lápis, chegou a um mínimo R$ 19 milhões e um máximo R$ 22,1 milhões cobrados a mais. Em junho deste ano, logo depois de sair o resultado do pregão eletrônico (com a vitória da Fergbras e os valores envolvidos), o repórter manteve a denúncia. Com um detalhe: os preços apurados pelo repórter referem-se à venda no varejo, em empresas do ramo de material escolar em Maceió. E encontrou valores mais baixos que os da Fergbras. Para vendas no atacado – como é o caso – os

preços são ainda menores, ou seja, o superfaturamento pode ser ainda maior. Há, na pesquisa informal do repórter, discrepância de preços em diversos itens. A caixa de lápis de cor, cotada a 6 reais pela Fergbras e encontrada a R$ 2,80 em uma papelaria no Centro de Maceió. A compra é de 670 mil caixas. O valor total a mais, nesse item, seria de R$ 2,1 milhões, mesmo considerando que a Fergbras, na fase final da licitação, reduziu seu preço em R$ 5,8 milhões. “O filé é a mochila”, confidenciou a esta reportagem uma pessoa que conhece os bastidores do negócio. Refere-se às 600 mil mochilas para serem distribuídas entre os alunos até o final deste ano e em 2015, segundo o contrato. De fato, é nesse item que a pesquisa do repórter encontrou a maior disparidade de preços. A Fergbras cotou previamente o preço unitário de 43 reais, antes do pregão eletrônico. O total seria de R$ 28,5 milhões. O repórter obteve em sua pesquisa um orçamento de uma empresa de São Paulo, para mochilas nas mesmas especificações exigidas pela SEE, com valor unitário de R$ 24,90. Só nesse item, a economia seria de R$ 10,8 milhões. Um superfaturamento-filé, como segredou o conhecedor de bastidores. O DILEMA DE TÉO A expectativa é em torno da decisão do governador Téo Vilela, de aceitar ou recusar a assinatura do contrato. As pressões – sobretudo políticas – são violentas por parte de emissários do grupo interessado no negócio. A informação mais frequente é de que essa transação representaria a última esperança de Biu e Arthur Lira de terem algum “fôlego” para chegar à eleição. Os próximos dias dirão se a dupla dinâmica conseguirá dobrar o governador.


12 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO A 02 DE OUTUBRO DE 2014 PIONEIRISMO

Projeto Arte no Canteiro diverte e informa trabalhadores em Alagoas Patrocinado pelo Sesi, serão 100 apresentações teatrais no estado; lançamento teve como palco obra da Construtora Sauer MARIA SALÉSIA

O

sallesia@hotmail.com

canteiro de obras da Construtora Sauer, no Bairro da Forene, em Maceió, foi palco na terça-feira, 23, da primeira apresentação do Projeto Arte no Canteiro em Alagoas, promovido pelo Serviço Social da Indústria (Sesi/ AL). A peça teatral, apresentada de forma lúdica, mostra o uso correto do EPI (Equipamento de Proteção Individual), os riscos de acidente de trabalho no dia a dia de um canteiro de obras e como evitar desperdício de tempo e materiais. Além disso, foram disponibilizados DVDs e cartilhas educativas sobre os temas. Iniciativa pioneira no Estado, a meta é contemplar 15 mil trabalhadores da construção civil em 100 apresentações teatrais, em empresas filiadas ao Sinduscon/AL e Ademi/AL. E foi pensando no bem estar da categoria, que além do teatro, o Sesi montou no entorno da obra várias unidades com serviços de saúde ocupacional, radiologia, educação, cozinha Brasil, audiometria ocupacional, odontologia, entre outros. O presidente da Federação das Indústrias do Estado

de Alagoas (Fiea), industrial José Carlos Lyra de Andrade, disse da importância da iniciativa pioneira em Alagoas, e apresentou dados preocupantes quando se trata de acidentes de trabalho na construção civil. “A cada hora uma pessoa morre no Brasil vítima de acidentes de trabalho em canteiro de obras. É preciso mais atenção à saúde e segurança do trabalhador”, alertou ao acrescentar que esta ação trará grande resultados, pois, através da arte, irá divertir, sensibilizar, informar, educar e conscientizar os trabalhadores da indústria da construção civil no Estado. Para o vice-presidente da Fiea, José da Silva Nogueira, o Sesi é um grande parceiro da construção civil e está sempre inovando. Segundo ele, esta iniciativa mostra a força que o Sesi Alagoas tem em todo o país. Prova disso é que o projeto foi implantado apenas em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, e Paraíba e agora, no Estado. “Temos 17 mil trabalhadores na construção civil e apenas em 2014 foram 96 construtoras atendidas pelo Sesi. A tendência é este número aumentar e assim só temos que parabenizar a iniciativa e agradecer a parceria”, comemorou Nogueira.

Presidente da Fiea, industrial José Carlos Lyra, fala da importância da iniciativa pioneira em Alagoas

Nelson Ferreira, assessor da Construtora Sauer, comemora parceria e diz que iniciativa é fantástica


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PIONERISMO

Vice-presidente da Fiea, José da Silva Nogueira, fala da importância do projeto para Alagoas; público prestigia iniciativa que vai beneficiar trabalhadores da construção civil

Para o gerente de comunicação da Construtora Sauer, Nelson Ferreira, a iniciativa é fantástica e diz que é preciso investir na área de prevenção para que esses dados sejam reduzidos. “A certeza de sair e chegar em casa bem faz toda a diferença. São 1.300 trabalhadores conscientes de que a prevenção é fundamental para a qualidade de vida deles”, salientou Ferreira se referindo aos colaboradores dos canteiros de obras da construtora. O operário Henrique Oliveira, 23 anos, ressaltaou a importância do projeto e disse curioso para assistir a apre-

sentação. Ele afirmou que é rotina da construtora promover momentos de aprendizado para os colaboradores, mas dessa vez será diferente por se tratar de uma peça teatral. “É sempre bom saber um pouco mais sobre como agir no trabalho e adquirir conhecimento através da arte é bastante interessante”, comparou. ENREDO Embora seja rotina no canteiro de obras da Sauer palestras e outras iniciativas, a expectativa dos trabalhadores era grande para conhecer a novidade. E quando as cor-

tinas se abriram, ou melhor, os atores apareceram no palco diferenciado composto por uma estrutura metálica em formato de andaimes, com cinco tablados, foi só emoção e olhares de surpresa. No centro da estrutura, um guindaste de construção transportou os atores suspensos por cabos de aço, em performances que circulou por todo o espaço cênico- tudo com total controle de qualidade, conteúdo, estética, sonora, segurança e design de luz. Outro diferencial é que os operários assistem às apresentações sentados em tonéis.

Com duração de 45 minutos, os atores conseguem prender a atenção do público do começo ao fim. É que equipamentos de trabalho ganham vida e “Pedrita Brito”, a “Pá Tricia” e o “Carrinho” se tornaram os personagens principais da história. Também apareceram os co-adjuvantes como: as luvas, os capacetes, as botas, os óculos de proteção, os cintos de segurança, as furadeiras, as britadeiras, as pás, os caixotes e os tonéis. No final do espetáculo, o trabalhador é convidado a retirar as luvas para aplau-

dir, mas advertido para em seguida colocá-las de volta. Questão de segurança. Participaram da solenidade de lançamento do projeto, na terça, diretores da Fiea; Sinduscon/AL; Ademi/ AL; Sebrae/AL; o procurador-geral de Justiça, Sergio Jucá; a juíza do Trabalho e gestora regional do Programa Trabalho Seguro, Carolina Bertrand; o reitor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Eurico Lôbo; e, o superintendente Regional do Trabalho e Emprego, Israel Lessa; entre outras autoridades.

Público se aglomera em frente ao palco quer foi montado para apresentação teatral; trabalhadores do canteiro de obras são os mais interessados em conhecer o projeto


14 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO A 02 DE OUTUBRO DE 2014 CENA BRASILEIRA

Henrique Alves quer punição a juiz da Lei da Ficha Limpa Alvo de reclamação do presidente da Câmara, Márlon Reis tem 15 dias para se defender no TRE-MA; candidato a governador do Rio Grande do Norte acusa magistrado de reforçar a “falsa crença de que todos os políticos são corruptos” CONGRESSOEMFOCO

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Câmara cumpriu o que anunciou em junho deste ano que faria contra o juiz Márlon Reis, autor do livro O nobre deputado e idealizador do projeto da Lei da Ficha Limpa. O desembargador Antonio Guerreiro Júnior, corregedor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Maranhão, determinou a notificação de Márlon para que ele apresente, no prazo de 15 dias, defesa prévia em reclamação disciplinar movida pela Câmara, que questiona declarações dadas pelo magistrado ao programa “Fantástico”, da Rede Globo. Na reclamação, a Câmara aponta que, em entrevista, Márlon afirmou que personagem do livro O nobre deputado é uma “representação dos parlamentares que existem, que ocupam grande parte das cadeiras parlamentares do Brasil e que precisam deixar de existir”. A Câmara também argumenta que o juiz, sem individualizar, afirmou que deputados retêm entre 20% e 50% do valor de emendas orçamentárias para financiamento de campanhas

eleitorais. A reportagem, com a entrevista do juiz, foi exibida em 8 de junho. O peemedebista pede a aplicação de sanção administrativa cabível, com base na lei orgânica e no código de ética da magistratura, contra o idealizador da Ficha Limpa. De acordo com a resolução 135/ 2011, do Conselho Nacional de Justiça, caberá ao TRE-MA a decisão de abrir ou não processo administrativo disciplinar contra Márlon Reis. Esse tipo de processo pode culminar em pena de advertência, censura, remoção compulsória, disponibilidade, aposentadoria compulsória ou até demissão. A Câmara sustenta que ele concedeu a entrevista na condição de juiz e não como autor de um livro sobre corrupção. “Em toda a reportagem, centrada no livro de sua autoria, e em entrevista concedida em seu gabinete no fórum, o reclamado [Márlon Reis] fez questão de utilizar do cargo de juiz, como se essa condição emprestasse maior credibilidade a suas afirmações”, consta da reclamação, assinada por Henri-

Henrique Alves move ação disciplinar contra magistrado que é conhecido como o Dr. Ficha Limpa

Em nota, juiz Márlon Reis reafirmou o que havia dito: ‘Há deputados que alcançaram seus mandatos por vias ilícitas’

que Alves (PMDB-RN), presidente da casa legislativa. O juiz também é acusado de ter feito propaganda de sua obra na reportagem. “Fosse um cidadão comum, não seriam admissíveis ofensas gratuitas aos deputados federais. Mas o que dizer de um agente político, mem-

bro de poder, conhecedor do direito?”, indaga Henrique Alves. Para o presidente da Câmara, as declarações dadas pelo juiz reforçam “falsa crença de que todos os políticos são corruptos”. O juiz Márlon Reis, que atua na Maranhão, sustenta que “a Constituição Federal

assegura a todos plena liberdade de pensamento e de expressão” e que “a atividade intelectual é insuscetível de censura”. Em nota, o magistrado reafirmou que “há deputados que alcançaram seus mandatos por vias ilícitas”. Disse ainda que “esses parlamentares precisam ser detidos, o que demanda uma profunda mudança do vigente sistema eleitoral”. “Em vários outros livros e artigos tenho apontado as fragilidades grosseiras presentes no sistema eleitoral brasileiro, que estimula o desvio de recursos públicos para o fomento das campanhas, possibilitando a compra do apoio de chefes políticos locais. Minha condição de magistrado não inibe minha vocação intelectual”, concluiu Márlon Reis. A defesa prévia foi solicitada em despacho assinado pelo corregedor no último dia 16.


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ARTIGOS

O poder das palavras II CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor membro da Academia Maceioense de Letras

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todo ser, mesmo ao mais inferior, é imanente alguma forma de comunicação com os da sua própria espécie. O ser humano, todavia, no qual o desenvolvimento intelectual foi superior ao das demais criaturas, é o único a transformar o primitivo código de comunicação em palavras, sequenciando-as, unindo-as e formando frases que decodificam o seu pensamento. As palavras não têm cor ou sentimento; são infensas à dor, à vergonha, à verdade, à mentira, ao amor, ao ódio, à raiva, à repulsa e a tantos outros imperativos humanos que enumerá-los ocuparia mais que o espaço desta crônica. Deixo, assim, à imaginação do leitor completar a extensa relação. O fato é que, sequenciadas e em lógica unidas, as palavras, compondo as frases reveladoras

do pensamento ou do sentimento humano, adquirem todas aquelas características ou qualidades. Reside aí, então, as suas grandezas e pequenezes, que não são a elas imanentes, mas contaminam-nas quando pronunciadas por nós, os humanos. Servem, então, ao Bem ou ao Mal; à verdade ou à mentira; ao amor ou ao ódio, ou à indiferença; à concórdia ou à discórdia; à sinceridade ou ao engodo, à enganação, e tanto mais de bom ou de ruim que seja capaz de produzir a nossa humanidade. Eis, então, que nem sempre frases bonitas traduzem sentimentos nobres de quem as diz. Da mesma forma as palavras pronunciadas sem fluência no dizê-las sugerem maldades. Se o senso comum deve refletir mais profundamente sobre a intenção de quem produz belos discursos, palavras incisivas, fortes ou suaves, duras ou amáveis, é porque os respectivos oradores, por serem mais aquinhoados de esperteza, têm capacidade maior de ocultar intenções espúrias e apresentarem-se em pele de cordeiro. Sou contrário a discursos bem articulados, bonitos e agradáveis de serem ouvidos? Claro que não! Aprecio-os! Tenho claro, porém, que, belos ou nem tanto, os discursos

devem ser analisados a partir do caráter do orador, da sinceridade calcada no seu passado, recente ou remoto, ou em ambos. Um mentiroso, por exemplo, tem maior chance de produzir mentiras do que quem observa restrito código de honra pessoal no qual o compromisso com a verdade é presente. O falseador pode transformar mirrados feitos em retumbantes realizações, impingindo-as aos ouvintes. Acho que é esse o momento da crônica quando o leitor já está a se indagar aonde quero chegar com tão simplório filosofar. Vou então ao ponto. Os programas eleitorais gratuitos surgiram atendendo aos reclamos de partidos políticos e de candidatos, e serviriam para que estes últimos, e as suas propostas, fossem apresentados ao eleitor, sempre no ano eleitoral, enquanto inserções periódicas seriam dedicadas aos partidos com o fito de propagarem suas realizações e orientação programática. O eleitor atento e arguto, no entanto, pode constatar o desvirtuamento dessas medidas. Como no Brasil os partidos têm donos ou comandantes, o que equivale dizer que não têm compromissos com orientações programáticas republicanas, as

inserções são utilizadas pelas agremiações para a promoção pessoal dos políticos que as dominam. Já o horário eleitoral, esse de há muito extrapolou o simples apresentar de propostas, sem maquiagens ou enfeites, para tornar-se programa televisivo ou radiofônico produzidos por bem pagos profissionais de marketing político e protagonizado por atores contratados exclusivamente para o apregôo das excelências dos candidatos. Os chamados “marqueteiros”, pondo nas bocas dos seus contratantes discursos primorosamente elaborados, mas alheados à sinceridade, são, ao fim e ao cabo das eleições, os “verdadeiros eleitos” com o seu, o meu, enfim, o nosso voto. Não será tudo isso merecedor do nosso exame crítico? Afinal, podemos estar sendo enganados por espertalhões da política, alguns até “donos” de candidatos-laranjas adrede contratados para atacar os adversários do seus contratantes, enquanto estes pintam de bons moços, pessoas sem jaça. E claro, acrescento, todos sabidos sem caráter. Eis o quanto o eleitor deve refletir criticamente sobre o que vê e ouve dos candidatos. Afinal, só assim os espertalhões tomarão consciência de que o povo não é bobo, sendo, ao contrário, sábio no votar.


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ELEIÇÕES 2014

RENAN FILHO: “Estou confiante na vitó tenho sentido o desejo de mudança na Candidato ao governo fala dos seus planos para educação, saúde e segurança de Alagoas

JOÃO MOUSINHO

joao_mousinho@hotmail.com

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enan Filho (PMDB) é o último candidato ao governo de Alagoas a ser entrevistado pelo jornal EXTRA. Nos últimos 70 dias o semanário entrou em contato com todos os concorrentes e abriu espaço para os mesmos exporem suas ideias para um Estado melhor. Veja na íntegra o que Renan Filho pensa sobre educação, saúde, segurança e outros temas. EXTRA - Qual o principal problema de Alagoas e como resolver? Renan Filho – Creio que a prioridade das prioridades é um tripé formado pela educação, saúde e segurança Pública. Um novo conceito e uma nova prática de gestão governamental deve articular todas as secretarias e órgãos num esforço criativo e produtivo que economize custos, corte gorduras e multiplique a capacidade de construir parcerias com o governo federal. EXTRA - A segurança pública é outro aspecto

negativo crônico em Alagoas. Como combater esse câncer social? Renan Filho – Em primeiro lugar não tentar transferir a responsabilidade. A responsabilidade pela segurança pública é do governo do estado e ela não será transferida para outros. Depois, vamos atuar de três formas: estruturação das polícias, repressão e prevenção. E quem recebe a missão tem que ter as condições para a cumprir. Precisamos de mais policiais, inteligência e integração das policias. No caso do crime organizado, vamos formar uma Força Tarefa, com as polícias, o Ministério Público e Receita Federal e magistrados, para combatê-lo com energia. EXTRA - Como o senhor avalia a saúde de Alagoas e qual seu projeto para pasta? Renan Filho – A saúde pública alagoana está doente. E o remédio é o planejamento das ações com destaque para a melhor utilização do que já existe, enquanto iniciamos a construção de novos equipamentos em Maceió e no interior do Estado. Será criada uma rede de atendimento, de forma que o paciente seja melhor atendido. E, logicamente, o

governo deve entender-se com todas as categorias de profissionais da saúde. EXTRA - O senhor tem um plano de governo. Caso eleito, quais suas principais metas? Renan Filho – Em resumo, as metas estão baseadas nas prioridades citadas na primeira pergunta. Além dos objetivos traçados no Plano de Governo, cujos itens se encontram disponíveis na internet, para a definição das metas mais sentidas pela população, nós estamos escutando o povo, bairro a bairro, cidade a cidade, principalmente atra-

vés do programa “Queremos Ouvir Você”. Os desafios são grandes. Espero que possamos completar 200 anos de emancipação, em 2017, com a redução de alguns dos nossos problemas atuais. EXTRA – O senhor estipulou gastos de milhões durante a campanha. O senhor é a favor desses gastos, inclusive de outras candidaturas, sendo Alagoas um dos estados mais pobres da federação? Renan Filho – Os gastos são racionais, direcionados para uma campanha de debates com a população e

para a divulgação das ideias e propostas das candidaturas de nossa frente, nos níveis majoritários e proporcionais. Estamos investindo o estritamente necessário com o uso de ferramentas modernas de comunicação de massa, e esses custos estão coerentes com os valores praticados em Alagoas e no Brasil. EXTRA - O senhor foi prefeito e sabe das dificuldades financeiras enfrentadas pelos municípios. Como governador é possível sanar o caos social nas regiões periféricas do interior?


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ória; as ruas” Renan Filho – Acredito que sim. Para enfrentar e vencer as dificuldades financeiras, reais e graves, dos municípios alagoanos precisamos trabalhar juntos, independente das opções partidárias. Terminada a eleição, começa outro momento político, no qual as diferenças e as siglas não podem ser usadas para dificultar a unidade entre os dirigentes públicos. As prefeituras e o governo do Estado devem trabalhar unidas, procurando cumprir metas comuns, independente dos partidarismos. Assim enfrentaremos o caos social.

EXTRA - Muito tem se falado que os partidos menores estariam sendo utilizados como “laranjas” para atacar “A” ou “B”. Como o senhor avalia essas colocações? Renan Filho – Toda eleição surge esse tipo de acusação. Mas isso termina sendo uma forma de pressionar os partidos com menor expressão eleitoral para que abram mão de seu direito de apresentar candidaturas próprias. EXTRA – O setor sucroalcooleiro representou há décadas uma fatia importante na economia alagoana e hoje está em crise. O senhor pretende ajudar a reverter esse quadro? Como? Renan Filho – Continua sendo importante e precisa ter seu valor reconhecido. Mas não pode continuar a ser a única opção de indus-

trialização no campo, e Alagoas precisa se preparar, socialmente, para a mecanização do plantio e do corte da cana de açúcar, processo inevitável e que deverá desempregar muitas milhares de pessoas, que precisam de novas colocações produtivas no mercado de trabalho. EXTRA – Seu pai é senador e presidente do Congresso. É de conhecimento popular o bom trânsito político de Renan Calheiros com o governo federal. Como isso poderia ajudar Alagoas caso eleito? Renan Filho – Toda a bancada federal precisa ser mobilizada em prol de projetos para Alagoas. Essa não é uma tarefa individual e o prestígio de cada liderança conta nessa soma. EXTRA– Por sua gestão como prefeito de Murici, o senhor responde ao

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inquérito 3272 por improbidade administrativa e crimes de responsabilidade e da lei de licitações. O que o senhor pode falar sobre essas acusações? Renan Filho – O que existe é uma investigação sobre uma empresa que fornece merenda aos municípios, entre eles está o de Murici. Só que no caso específico de Murici, já há um parecer da Controladoria Geral da República concluindo que não houve superfaturamento, nem direcionamento e nem favorecimento na licitação. Portanto, não houve irregularidades nas compras da merenda. EXTRA - Qual o seu diferencial em relação aos seus adversários políticos? Renan Filho – O principal é a proposta de mudança. Depois, a capacidade de alavancar recursos, que só o

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grupo político que me apoia tem. Por fim, ouvimos a população para fechar nossas propostas. Temos um excelente plano de governo, ele é exequível e representará muitos avanços para a população. EXTRA – O senhor lidera as pesquisas com larga vantagem em relação ao seu principal adversário, Benedito de Lira. Acredita numa vitória em primeiro turno? Renan Filho – Respeito todos os oponentes, todos são adversários principais e nenhum é inimigo. Luto pela vitória todos os dias, sem intervalo e quase sem descanso, disputando voto a voto. A pesquisa de intenção de voto reflete aquele momento. Estou confiante na vitória, tenho sentido o desejo de mudança nas ruas, mas é cedo para antecipar o resultado das urnas.


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Para refletir:

PEDROOLIVEIRA

“Uma das mais graves consequências da submissão das campanhas ao domínio irresponsável dos “marqueteiros” é a deseducação do honesto”

pedrojornalista@uol.com.br

Resposta ao PT

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erguntou-me uma jovem leitora por e-mail “por que tenho tanto ódio ao PT?” Então resolvi dar a resposta aqui na coluna, preservando sua identidade uma vez se tratar de pessoa conhecida e o faço também em função de não ser a primeira vez que sou abordado sobre o assunto. Os que me conhecem sabem que não sou de carregar ódio ou rancor, não tenho vinculação política de qualquer espécie e minha última filiação partidária ficou há mais de trinta anos atrás, quando comecei a me decepcionar com os políticos. Gosto da Ciência Política o que me fez fazer uma pós-graduação na Universidade de Brasília (UnB) tendo grandes mestres em minha formação e sobre política escrevo faz bastante tempo. Que não se confunda ódio com indignação, pois é isto o que sinto como cidadão, como brasileiro e sob a responsabilidade de profissional da escrita. Quem acompanha minhas publicações ou leu meu livro “Arquivo Aberto – Crônica de um Brasil Corrupto”, pode ter uma visão de minha isenção. Tenho muitos amigos em todas as vertentes políticas e em cargos no governo, mas sou intolerante com a desonestidade e a afronta ao interesse público, cometeu delito, praticou improbidade publico sem o menor constrangimento. O PT no entanto é um caso à parte. Em minha opinião é um partido nacionalmente comandado por marginais. Um bando que há quase doze anos assalta os cofres públicos e pratica a maior corrupção da história política brasileira. Os petistas buscam e têm feito com o maior cinismo, a continuidade do poder com o objetivo de se locupletarem, a continuação do saque imoral do erário, o controle da liberdade de expressão e a reprodução de regimes de “falsas democracias” , praticados em republiquetas da América Latina. Tenho amigos dentro do PT com os quais convivo civilizadamente com nossas diferenças, mas até porque estes também são diferentes. Sempre fui eleitor do digno deputado Judson Cabral, que por sua ética é perseguido e chantageado dentro do próprio partido. Respeito o deputado Paulão, o melhor da bancada federal alagoana e com o qual fui injusto em determinadas críticas. Merece voltar à Câmara. Sei o quanto será difícil desbancar o PT do poder, e aí estão as pesquisas demonstrando o fato, mas farei o que estiver ao meu alcance para que Dilma Rousseff seja derrotada e leve com ela o seu partido bandido. Reafirmando que isto não é ódio. É indignação.

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( Delfim Neto)

O meu voto Voto para presidente em Aécio Neves no cumprimento de um dever de consciência e na esperança de um Brasil que desejamos. Em Dilma jamais votaria por todos os motivos expostos no comentário desta coluna e por todos os mil outros que não citei. Não voto em Marina Silva, pois com toda certeza não está preparada para governar o Brasil. Mas se der segundo turno com ela isto serei obrigado, votando na menos pior. Por aqui vivo uma situação complicada: sou amigo dos três principais postulantes ao governo, os admiro e sei do interesse de cada um em fazer uma Alagoas melhor. Ainda não me decidi. Para o Senado vou com o voto da dignidade, da decência e da honra alagoana. Voto em Heloisa Helena. Os demais depois revelo, pois voto de jornalista não deve ser secreto.

Um corrupto a menos Por pouco o deputado federal Paulo Maluf escapa da condenação onde agora é considerado ficha suja. Esta semanapor 4 votos a 3 o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o considerou culpado e negou seu registro de candidatura. Maluf havia sido condenado por improbidade administrativa. Roubou e muito. Foi um julgamento acalorado entre os ministros. O presidente da corte, Dias Toffoli, e os ministros Gilmar Mendes e João Otávio Noronha votaram favorável a Maluf. O outro lado de ministros que votaram pela cassação, entenderam que apesar da decisão fazer referências a uma condenação culposa, em nenhum momento ficou completamente afastada a possibilidade de dolo. Com isso, entendeu-se que o espírito da Lei da Ficha Limpa deveria prevalecer no caso. Ou seja, alguém condenado por improbidade e que está impossibilitado de viajar ao exterior por estar na lista da Interpol não poderia se candidatar. A relatora e primeira a votar para impedir a candidatura de Maluf foi a ministra Luciana Lóssio. Ela foi seguida pelos ministros Luiz Fux, Admar Gonzaga e Maria Thereza de Assis Moura. Fez-se justiça e um corrupto a menos disputa eleição.

Requentadas e vendidas A grande imprensa nacional (jornais e revistas) comete levianamente o pecado da ética ferida sem a menor cerimônia em épocas eleitorais. É vergonhoso que espaços “nobres” sejam negociados abertamente com facções políticas trazendo matérias “requentadas” ou “fabricadas” com o intuito de desconstruir candidaturas ou macular imagens de políticos influentes cujo prestígio esteja em jogo na disputa. E o mais grave é que instituições da Justiça e do Ministério Público Federaltambém se envolvam nesses negócios sujos. É a guerra suja do vale tudo na disputa eleitoral.

A PALAVRA DOS CANDIDATOS BENEDITO DE LIRA “Alagoas possui o melhor pedaço de terra do nordeste. Como governador, irei transformar o cenário econômico do nosso Estado com um projeto de incentivo à agricultura familiar com ações imediatas de políticas públicas. Porque os nossos agricultores precisam de: um, crédito mais barato; dois, sementes de boa qualidade; três, acesso à água; quatro, assistência técnica; e cinco, garantia de sua safra. E como vamos fazer isso? O Governo de Alagoas vai disponibilizar uma linha de crédito especial para pequenos e médios produtores; dois, a Secretaria de Agricultura vai oferecer sementes selecionadas de acordo com o potencial de cada região; três, o canal do sertão, que já é o maior rio perene de Alagoas, será ampliado, levando água para todo o agreste; quatro, o Governo de Alagoas voltará a desenvolver a extensão rural em parceria com a Embrapa; e cinco, daremos suporte para a comercialização dos produtos para todos os pequenos e médios agricultores. Tenho certeza de que com essas políticas públicas, faremos as grandes transformações no cenário sócio econômico de Alagoas”. JÚLIO CEZAR Em 2006, o governo investia na saúde menos que o percentual mínimo exigido pela Constituição. Faltavam profissionais e leitos hospitalares e o atendimento no interior não existia. Hoje, Alagoas é o 6º estado que mais investe em saúde. O orçamento da saúde mais que dobrou. Em parceria com as prefeituras, o Governo investiu no Programa Saúde da Família, e construiu 8 novas UPAs e mais de 50 postos de saúde por todo o estado. Reestruturou o SAMU, que hoje conta com uma base a cada 30 km, mais as ambulâncias cidadãs, helicópteros e motolâncias. E para melhorar o atendimento de urgência, o governo inaugurou e ampliou o HGE na capital, a Unidade de Emergência do Agreste em Arapiraca e o Hospital de Santana do Ipanema. Ao todo, 711 novos leitos foram criados em todo estado. Mas a maior conquista foi, sem dúvidas, a redução da mortalidade infantil em 36%. É verdade que a saúde ainda precisa melhorar em Alagoas. Tem candidato que promete uma mudança rápida, mas está mentindo. O trabalho tem que ser feito um passo de cada vez, respeitando o orçamento do estado. RENAN FILHO “Caro Pedro Oliveira, estamos a praticamente uma semana das eleições e percorri todo Estado de Alagoas, região a região, revendo municípios e povoados, para conversar novamente com os moradores e as moradoras, ouvir as reivindicações de nosso povo e apresentar nosso programa de governo. E continuamos nessa caminhada cidadã. E apresento aqui, em sua coluna, algo sobre os nossos municípios, pois temos que descentralizar não apenas serviços, mas os projetos de desenvolvimento, de crescimento econômico e geração de emprego e renda para todas as cidades alagoanas. Cada município tem sua particularidade, seus pontos fortes. Definir, ou confirmar, as vocações é algo essencial para que as estratégias venham a dar certo. Só para citar um exemplo, vejamos os casos dos sítios históricos. Cidades como Penedo e Marechal Deodoro, áreas inteiras como o perímetro no qual existiu o Quilombo dos Palmares, as regiões nas quais os holandeses se fixaram - todos são locais de grande importância para a história brasileira e não apenas para Alagoas, todos merecem estar incluídos nos roteiros do turismo cultural brasileiro, mas para viabilizarem todo esse potencial são necessários projetos e obras que possibilitem restaurações, a conservação e as condições adequadas para o acolhimento de visitantes. Isto será uma prioridade em nosso governo”


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ARTIGOS

Reta final JORGE MORAIS Jornalista

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stamos entrando na reta final de mais uma campanha eleitoral. Restam, exatamente, dez dias para que o eleitor exerça o seu direito democrático de escolher seus futuros representantes, no dia 5 de outubro. Cada eleitor vai digitar ou não por cinco vezes os números de seus candidatos na urna eletrônica e confirmar suas escolhas. Vai existir também aquele que vai votar em branco ou anular o seu voto, pois tudo isso faz parte do processo eleitoral. A propaganda gratuita no rádio e na televisão vai se encerrar na quinta-feira (2), e o último dia para propaganda paga é na sexta-feira (3). Pergunto: O que você viu até agora foi o suficiente para sua escolha? Vai interferir alguma coisa na sua decisão se os programas eleitorais vão até o dia 2 de outubro? Você gostou do

que viu até agora? Foram levantadas mais acusações ou apresentadas propostas de governo? Faço todas essas indagações porque julgo necessárias do ponto de vista do dinheiro gasto com os programas de rádio e televisão. Nada aborrece mais do que ouvir os espaços reservados as coligações que não apresentam propostas ou com o direito de resposta concedido pela justiça, fruto de denúncias que eles consideram vazias e não interessam ao eleitor que ainda esteja indeciso ou que já tenha se decidido por um ou outro determinado candidato. Dada essa explicação, vamos a um segundo assunto que interessa bastante aos eleitores e, principalmente, aos candidatos. Na edição da semana passada, este semanário trouxe uma matéria onde aponta os prováveis deputados federais e estaduais eleitos pelo Estado de Alagoas, num estudo elaborado pelo professor e analista político Marcelo Bastos. Diante de sua análise, baseado numa série de situações vividas por candidatos e coligações na campanha,

arrisco a apostar que das 9 vagas disponibilizadas para a Câmara dos Deputados, oito candidatos já estão com seus mandatos garantidos: Ronaldo Lessa, Marx Beltrão, Givaldo Carimbão, Paulão, Cícero Almeida, Artur Lira, Maurício Quintela e Pedro Vilela. A ordem dos nomes não significa, necessariamente, que a votação seja nessa ordem entre eles. A outra vaga será disputada pela sobra de votos das coligações, brigando por ela: João Henrique Caldas (JHC), Rosinha da Adefal, Val Amélio e Rogério Teófilo, com o primeiro da lista levando vantagem sobre os demais não só por sua votação pessoal, mas também pela votação do candidato Artur Lira que deverá ser o puxador de votos da sua coligação, formada por PP, PPS, PSDC, PRP, PR, PSL, PSB, SD e DEM. Quanto à análise sobre os candidatos a deputado estadual, o quadro é mais complexo. Nos seus estudos, o professor Marcelo aponta 39 candidatos para as 27 vagas da Assembleia Legislativa. Arrisco apontar os campeões de votos de cada coligação:

PRTB, PPL e PMN (Antônio Albuquerque) e mais três eleitos; PSB, SD, DEM, PP, PPS, PRP, PR e PSDC (Jó Pereira) e mais 5 eleitos; PDT, PMDB, PSC, PTB, PSD (Olavo Calheiros) e mais nove eleitos; PROS, PT do B, PHS, PC do B e PV (Marcelo Victor) e mais um eleito; PT (Judson Cabral) e mais um eleito; PSDB e PRP (Rodrigo Cunha) e mais dois eleitos. Nesse momento, muitos candidatos estão fazendo figa para o comentário e, ainda, dizendo um monte de desaforos. Com quem você conversa nessa campanha se considera eleito. Se a nossa Assembleia Legislativa tivesse cinquenta vagas, mesmo, assim, ainda seria pouco para o desejo de cada um. Nesses cálculos estamos fazendo uma conta de chegada levando em consideração quem já tem mandato; tem mais dinheiro para gastar na campanha; tem reduto fechado; tem serviço prestado; e que tem um número bom de votos para fechar um coeficiente suficiente para a garantia do resultado eleitoral final. Portanto, ficar com raiva, não vai resolver muita coisa não...

minados julgamentos. Depende do Legislativo para aprovar os reajustes da classe, o orçamento do Poder e outros projetos. Não podemos afirmar que é independente. O exemplo mais gritante que tivemos dessa dependência ocorreu em 2013: o Ministério Público Estadual recebeu várias denúncias de desvio de dinheiro público no Legislativo. Formou uma comissão de Promotores, ouviu vários servidores da ALE e possíveis ¨laranjas¨ usados pelos Deputados. Afastou a Mesa Diretora do Legislativo para ser investigada, formalizou algumas denúncias à Justiça. Mas, o orçamento do MP foi para votação na Assembleia e os Srs. Deputados irritados com os escândalos, cortaram o tal orçamento, por acharem que ¨alguma coisa¨ estava errada. O MP foi ao TJ, ao STF e ganhou, mas passou dois meses sofrendo e, de repente, calou-se. Aparece, então, o 3° Poder. Em Ala-

goas, o Legislativo é composto por 27 Deputados e dirigido por uma Mesa Diretora que persegue servidores ativos e inativos, paga altos salários a 900 comissionados e se perpetuou no Poder. São homens que necessariamente não precisam ter nível superior, não precisam fazer concurso e se elegem na base do dinheiro e de acordos com políticos do interior ou grupos que se acham donos do Estado. Poucos são idealistas, poucos ficam na oposição e muitos vivem de acordos obscuros alimentados pelo dinheiro público. Usam e abusam da força que têm ao aprovarem, principalmente, o orçamento dos outros Poderes. Prisão para eles é coisa rara e se acham acima do bem e do mal, pois sabem que possuem armas poderosas. Em Alagoas, os 3 Poderes não são independentes e harmônicos entre si; eles são entrelaçados e o Legislativo sempre ganha o jogo.

Poderes Entrelaçados ALARI ROMARIZ TORRES

Aposentada da Assembleia Legislativa

Diz nossa Constituição que o Estado é constituído de 3 Poderes independentes e harmônicos entre si: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Na prática é um pouco diferente, pois os homens que fazem os citados Poderes manipulam os atos e a maneira de administrar nosso Estado. O Governador, Chefe do Executivo, dirige várias Secretarias, distribui os duodécimos e depende dos outros dois Poderes em diversas circunstâncias. Luta o Chefe do Executivo para ter maioria no Legislativo, pois precisa aprovar projetos de interesse de todos. Assim, fica sujeito às exigências dos Deputados, que não são poucas. Quando

se elege, o Governador divide as Secretarias com políticos e parlamentares, levando em conta a força que apresentaram nas eleições. Alguns pulam do barco no período eleitoral passando para o lado mais forte. Dificilmente, um corajoso assume o Governo e divide o estado em fatias técnicas e políticas, para facilitar o bom andamento do seu mandato. Em outras palavras: o Executivo precisa do Legislativo para aprovar projetos de interesse público. O Judiciário, muito forte, composto de Desembargadores, Juízes, Promotores, Defensores Públicos, julga as causas que lá chegam. Composto, na sua maioria, por homens formados em Direito, que fizeram concurso e foram subindo gradativamente até atingir o ápice da carreira. Deveria ser apolítico, mas existem várias exceções, principalmente, na escolha de Desembargador. Há caso de Ex-Deputado, hoje no TJ, que usa a força política em deter-


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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Vencer ou vencer

O

CRB não tem outro caminho para seus dois jogos finais da Série C senão vencer ou vencer. O ataque vem bem fazendo o dever de casa. O vacilo é a defesa. Contra o Salgueiro neste fim de semana em Pernambuco, é jogo de seis pontos e pode até classificar para a etapa que, aí sim, decide os quatro promovidos para a Série B em 2015.

Arapiraca O ASA se revela um time de decisão. Mesmo jogando na Paraíba venceu o Botafogo com virada no placar (1x2). E ponto positivo ainda a escolha para a seleção Chevrolet da 16ª rodada Série C. Didira está otimista de o alvinegro se classificar para a Série B. Pega o CRAC de Cuiabá nesta na rodada do fim da semana.

Entusiasmo No Brasil a temporada de futebol sobrecarrega jogadores no esforço físico e retrai o público nos estádios diante das despesas. São rodadas de terça a domingo e mesmo com transmissões ao vivo não transferem as emoções sentidas no do campo e nem para quem assiste em casa pela televisão.

Do futebol? Falar na mãe de jogador e do árbitro (principalmente), soltando adjetivos impróprios, de tão comum nos estádios brasileiros já é parte também do futebol. Comentário é de quem torce no campo e argumento de “necessidade de aliviar a tensão em certos momento da partida”.

Novo tempo Clubes da Série A do Brasileiro promovem garotos das bases como titulares. É iniciativa com meta de equilibrar finanças, pois as dívidas com “estrelas” extrapolam limites do caixa e situação em baixa na classificação afasta torcedores dos estádios. Tem jogador em São Paulo com salário de R$ 800 mil.

Copa do Nordeste

Coruripe, campeão alagoano, e CRB vice, vão estar em grupos separados na Copa do Nordeste de 2015. Jogos vão ser de 4 de fevereiro a 29 de abril e os grupos estão formados: A - Coruripe (AL); Sport (PE); Sampaio Correia (MA); e Socorrense (SE); B - CRB (AL); Bahia (BA) Campinense (PB) e o Globo (RN). Tabelas dos jogos, por séries, ainda vão ser divulgadas.

Segunda Divisão

Calendário da 2ª Divisão em Alagoas, divulgado pela Federação Alagoana de Futebol, define os jogos da quarta rodada neste fim de semana. Confrontos são Ipanema x União Palmeirense; Dínamo x Sport; e Sete de Setembro x Desportivo. A classificação ainda está embolada.

Figa positiva O CRB no G-4 tem que fazer o dever de casa domingo, mesmo jogando fora de Alagoas. O Salgueiro, seu adversário, também está com chance de classificação para definir os quatro que vão estar na Série B em 2015. A torcida do Galo joga no otimismo.

De Mano Menezes: “A gente sempre teve consciência de que isso poderia acontecer. Até tenho adiantado uma coisa que pretendo fazer lentamente com Malcom. Precisamos rejuvenescer o plantel. Apenas aceleramos o processo. Confio neles e vamos estar juntos na hora H”.

Mão do técnico? Mano Menezes monta o Corinthians com talentos jovens, promovidos das bases, e uma das novas surpresas é Malcom, 17 anos, titular nos jogos mais recentes e marcando gol. Outros pratas da casa que vem jogando são Pedro Henrique e Fabiano. Dos emprestados, Guilherme Arana e Zé Paulo.

Mundial de vôlei

Real Madrid

Brasil x Polônia, vôlei masculino, decidiram domingo o título de campeão mundial desta temporada com jogo na Alemanha, país sede da competição. A última vez em que poloneses levantaram o título foi em 1974, mundial no México. Tentou o segundo no Japão (2006), mas foi vice.

O jornal espanhol “Marca” noticiou que o Real Madrid negocia um acordo de “naming rights” para incorporar por 20 anos o nome de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, no estádio Santiago Bernabéu. Proposta comentada é de que o acordo envolva entre 450 e 500 bilhões de Euros.

Emoções do jogo Nas emoções da decisão do mundial de vôlei, que o Brasil perdeu para a Polônia e acabou vice, vale entender que a Polônia derrubou na semifinal a Alemanha, país sede dos jogos e uma das líderes no ranking e reconhecida colecionadora de títulos. Expectativa para a final era que fosse ela a adversária do Brasil e não a Polônia.

Boa história Levi Culpi, um dos técnicos que mais treinaram o Atlético Mineiro, substituindo Paulo Autuori desde 24 de abril, registra como sua 4ª passagem pelo clube, somando mais de 200 jogos no cargo. Venceu o Cruzeiro no clássico do domingo passado. Placar foi apertado: 3x2.

FRASES “Em fase final todo jogo é difícil” Ademir Fonseca, técnico do CRB

“Não falo dos adversários” Murici Ramalho (São Paulo)

“Árbitro erra também. É do jogo” Vanderlei Luxemburgo (Flamengo)


24 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO 02 DE OUTUBRO DE 2014

S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Carteira estudantil

N

“Acho que todo mundo quando conquista algo de bom quer melhorar”. A frase editada na mídia do Sul foi de petistas em defesa da política do partido no governo, analisando corrupção como problema para a Polícia Federal resolver e a Justiça decidir. Foco: o “propinoduto” que foi descoberto na Petrobras.

Abuso de poder A SMTT tem retirado os bloqueios montados por autoridades de órgãos públicos dentro das ações que facilitem o fluxo de veículos em ruas de Maceió? A pergunta coincide com habituais flagrantes de privilégios em todas as ruas da cidade. Veículos oficiais principalmente.

Discurso “Aécio Neves (PSDB) não deve ter sua candidatura à presidência da República subestimada pelos adversários. Observação é de publicitários achando que ele começou a crescer na hora certa. O reforço de FHC deve melhorar o avanço dele no eleitorado mais escolarizado.

Levi Fidelix, candidato a presidente da República pelo PRTB, e presidente nacional, esteve em Maceió na segunda-feira. Da pauta deu entrevista e se encontrou com dirigentes do partido, que em Alagoas é presidido por Cícero Almeida, candidato a deputado federal.

Sem saudade

Comentário

Mais problema

“No Palácio dos Martírios movimento ligado às eleições é mantido a sete chaves”, observam lideranças partidárias, várias insinuando nomes no foco das suspeitas de receber atenção do governador Teotonio Vilela. Inclusive candidato ao Governo. Mas quem advinha?

Um dos poucos...

a Câmara Federal tramita projeto de lei (nº 7726/2014), do deputado Ademir Camelo (PROS-MG) que estende a qualquer entidade estudantil o direito de emitir carteira de estudante. Caso sancionado favorece alunos de cursos profissionalizantes, de idiomas e concursos na meia entrada nos cinemas, eventos esportivos e culturais.

O quadro das eleições de outubro, mesmo muito próximo, não estimulou conversas. Estranho ainda a ausência do contato direto dos candidatos com quem vota em campanha na rua, sem falar no corpo a corpo com o eleitor e carro de som que passou desapercebido.

Pois é...

A contagem é regressiva para expirar o prazo de inserção do guia eleitoral no rádio e na televisão. Um programa de audiência baixa e de pauta vazia para o alagoano suportar uma hora na televisão. Mas não por culpa dos candidatos e sim pelo rigor exagerado da censura.

Tem apoio?

Natural O escândalo recente na Petrobras causa dúvida entre eleitores sobre se terá ou não influência nas urnas. É denúncia que pela época deixa candidatos com mandatos em Brasília com nervos à flor da pele. O clima nos comitês partidários, principalmente, não aparenta ser de tranquilidade.

Bom começo No Estado, entre quem dá atenção ao guia eleitoral tem quem ainda avalie qual o candidato em que vai votar. A desmotivação, para alguns, se deve às determinações da legislação eleitoral e o rigor imposto aos candidatos nos atos de campanha. Em Maceió muitos eleitores ainda ignoram nomes de candidatos para primeiro mandato.

O que acham O que candidatos às eleições do dia 5 próximo tiveram que fazer já fizeram, por isso o momento a partir desta sexta-feira, a nove dias das eleições, é de atenção para evitar habituais surpresas que aparecem de última hora. Desconfiança observada por cabos eleitorais que estão em contato direto com eleitor.

Trânsito Na Ponta da Terra o tráfego de veículos não tem mudança há mais de 50 anos. Moradores, por isso, e em face do acrescimento do movimento de veículos, reivindicam ao prefeito Rui Palmeira mão única na Rua Domingos Lordsleen, sentido praia/bairro e inversa pela Araújo Bivar.

Saneamento Saneamento em Maceió tem percentual baixo e nos bairros com ruas beneficiadas a dúvida é se a manutenção é adequada, pois na Ponta da Terra, Rua Domingos Lordsleen, cruzamento com a Ângelo Martins, é rotina lixo entupindo esgoto e limpeza improvisada pelos comerciantes.

O PSDB, pelo silêncio do governador Teotonio Vilela, motiva expectativa pela votação, senão dos seus candidatos no Estado, de Levi Fidelix à presidência da República. No próprio partido, quem dentre os candidatos tem recebido apoio oficial dos Martírios? Pergunta é de eleitores.

E lembrando! Para outubro a preocupação do cidadão, morador da Ponta da Terra, não é com as eleições. Mobilização de um grupo tem a ver com o Dia das Crianças, dia 12 de outubro, mobilizando moradores e coletando contribuições para promoção de uma festa no bairro, ao lado da Igreja.


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MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

Acordo sobre florestas

‘Novo rumo’

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu no dia 23 aos líderes mundiais para estabelecer um “novo rumo” diante dos perigos do aquecimento global. Ele discursou na abertura da Cúpula do Clima das Nações Unidas, em Nova York, que conta com a participação de mais de 120 chefes de Estado e de Governo.

A

pesar de seu papel na proteção da Amazônia, o Brasil não vai endossar uma iniciativa global antidesmatamento que foi anunciada na Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas, no último dia 23, em Nova York. De acordo com a ministra do Meio Ambiente,Izabella Teixeira, o país “não foi convidado a se engajar no processo de preparação” da declaração. Em vez disso, segundo ela, o país recebeu uma cópia do texto da ONU, que pediu para aprová-lo sem a permissão de sugerir qualquer alteração.

Redução de CO2

Área desmatada Primeiro pôr do sol

O primeiro pôr do sol da primavera em Aracaju teve um atrativo especial. Na terça, 23, por volta das 17h, o sol apareceu de cor avermelhada no céu cinzento e nublado. A cena chamou a atenção, pois normalmente o céu fica com tons de laranja e o sol fica amarelo.A nova estação teve início às 23h29 da segunda-feira (22).

Desmatamento

A Libéria pode se tornar a primeira nação africana a zerar o desmatamento em troca de uma ajuda para estimular o desenvolvimento nacional. A Noruega pagará US$ 150 milhões (R$ 345 milhões) para o país acabar com a derrubada de sua mata até 2020. A crise do ebola poderia levar a um aumento do desmatamento, que seria uma forma de obter dinheiro num momento em que a crise financeira do país se agrava com a epidemia que atinge o leste da África.

Uma fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) localizou 4.102 hectares de áreas desmatadas ilegalmente nos municípios de Lábrea e Boca do Acre. O crime ambiental foi constatado durante a Operação Flora Amazônica, realizada nos meses de agosto e setembro. Ao todo, foram aplicados R$18,5 milhões em multas.

Amazônia

Em discurso na conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) que discute as mudanças climáticas no planeta, a presidente Dilma Rousseff afirmou no último dia 23, em Nova York (EUA), que a determinação do Brasil em enfrentar as alterações no clima não se limita à conservação da Amazônia. Diante de uma plateia de autoridades estrangeiras, ela destacou medidas adotadas pelo governo brasileiro nos últimos anos para reduzir o desmatamento não somente na região amazônica, mas também no cerrado. A presidente defendeu que as iniciativas da comunidade internacional para enfrentar os problemas climáticos sejam “justas, ambiciosas, equilibradas e eficazes”.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, divulgou em Nova York uma pesquisa na qual as grandes cidades apresentam potencial para reduzir a emissão anual de dióxido de carbono (CO2) em 8 gigatoneladas até 2050, além das metas nacionais já estabelecidas, caso se empenhem de forma “agressiva” para reduzir a produção e o desperdício de energia. O estudo foi divulgado durante o discurso de Paes, que preside o grupo C40 de Liderança Climática das Cidades, na Cúpula do Clima, na sede da Organização das Nações Unidas.

Mudanças climáticas

Diversos países do mundo realizaram marchas no dia 21 contra as mudanças climáticas. As cidades de Nova York, Londres, Paris, Bruxelas, Berlim e Sidney receberam passeatas. Celebridades também marcaram presença. Em Londres, a atriz Emma Thompson participou junto com sua filha Gaia. Em Nova York, protestava o ator Mark Ruffalo.

Primavera

A primavera deve ser caracterizada por temperaturas um pouco acima do normal para a estação e por chuvas dentro do normal na maior parte do país. Apesar disso, as chuvas não devem ser suficientes para resolver o problema de falta d’água nos reservatórios, de acordo com meteorologistas. A estação vai até o dia 21 de dezembro.


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ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Guerra dos aditivos

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olítica de combustíveis no Brasil continua errática e com alto grau de improvisação. Exemplo mais recente é a lei já aprovada que autoriza o aumento do teor de etanol anidro de 25% para 27,5%, desde que testes comprovem viabilidade técnica. Uma lei condicional! Não seria mais lógico primeiro fazer todas as avaliações e, se aprovada a nova mistura, então encaminhar projeto de lei ao Congresso Nacional? Na realidade, apenas jogada eleitoreira. Motores modernos têm condição de lidar com esse aumento de mistura sem problema de partida a frio ou falhas de aceleração. Os testes conduzidos pela Petrobras deverão indicar isso, mas ninguém deu atenção aos motores antigos com carburador ou injeções de combustível de primeira geração. Além disso, o consumo pode aumentar marginalmente. A

gasolina padrão para limites de emissões e metas de eficiência energética previstas no Inovar-Auto contém apenas 22% de etanol. Com 25% o motorista já perde um pouco em consumo e com 27,5%, mais ainda. O governo tem feito trapalhadas. Em meados do ano resolveu estimular a melhoria relativa de consumo/autonomia entre etanol e gasolina em motores flex porque a indústria se acomodou e hoje mal consegue manter a paridade esperada de 70%. A nova lei sinaliza apenas que “poderá” haver abatimento de imposto para veículos que alcançarem relação acima de 75%. Com a tendência de aplicação de turbocompressor, particularmente ótimo em motores flex por aproveitar bem melhor as características químicas do etanol, não seria difícil atingir a meta, embora a custo maior. Mas

sem saber em quanto cairia o imposto e se o incentivo é por versão, modelo ou média de tudo que produz, nenhuma fábrica vai se mexer. Algumas estão até contrariadas, em especial as que por pura miopia têm motores flex sofríveis ao usar etanol. No recente Seminário Internacional de Combustíveis, organizado pela AEA em São Paulo, ficou explícito a discórdia entre governo, agência reguladora (ANP) e Petrobras responsável, na prática, por toda a gasolina vendida no País. Em dezembro de 2009 se decidiu que em janeiro de 2014 só existiria gasolina aditivada, como na maioria dos países com grandes frotas. Isso não aconteceu e sim um adiamento para julho de 2015. Ou seja, uma finge que regulamenta e outra finge que não entende. De qualquer forma, a atual gasolina S50 (50 ppm de enxofre), de melhor qua-

lidade e obrigatória desde 1º de janeiro último, evoluirá dentro de menos de um ano (se não houver outro atraso) graças a aditivos detergentes e dispersantes para limpar e manter limpos injetores, válvulas, câmaras de combustão e coletores. No seminário se discutiu a qualidade mínima desses aditivos, os riscos de uso em excesso, a descontaminação das estruturas de transporte e como o mercado reagirá a 100% de gasolina aditivada. As distribuidoras deverão se preparar para uma guerra de comunicação ainda maior em meados do próximo ano. Há aditivos específicos de redução de atrito entre pistões e cilindros, com potencial de discreta melhora de desempenho e até de consumo, que se somam aos aditivos detergentes-dispersantes. Cada uma terá de convencer o consumidor que a sua gasolina é superior à do concorrente.

com excelente espaço interno e porta-malas com capacidade de 536 litros. Equipado com motor 1.5 de 116 cv e sistema que dispensa o tanquinho de partida a frio, o sedã compacto traz como novidade o câmbio automático CVT com opções de sete marchas virtuais e borboletas no volante para troca de marcha. Outra novidade é o ar condicionado digital com controle na tela sensível ao toque. A suspensão também foi modifica-

da, passando a contar com nova calibragem , recebeu componentes mais leves e batente hidráulico para deixar a condução mais confortável – evita o impacto da suspensão no final do curso ao sair de uma lombada, por exemplo. Na traseira, as principais mudanças foram a adoção de buchas hidráulicas e de um eixo de torção mais rígido. Disponível nas versões DX, LX, EX e EXL, o novo City tem grade cromada novos faróis e para-choque com spoilers integrados e capo e lateral com novos vincos. Na traseira, as lanternas foram alongadas e

envolvem as laterais do carro. Internamente, o City ganhou novo acabamento e painel de instrumento com detalhes cromados e preto brilhante. Além do sistema multimídia, destaque para a ausência do GPS. A Honda espera retomar o volume de vendas que o carro tinha até abril deste ano, cerca de 2,5 mil unidades/mês, com mix de vendas de 36% da versão LX, 35% da EXL, 25% da EX e 4% da DX para que continue com os 4,4% de participação no mercado brasileiro este ano.

pitstop

Honda City 2015: maior e mais equipado

A

pós anunciar os preços do novo City no começo do mês, a Honda mostrou esta semana o que mudou na nova geração do sedã compacto da marca. Fabricado em Sumaré (SP), junto com o novo Fit e o Civic, o novo City também será produzido na nova planta de Itirapina. Com novo visual, totalmente renovado e nova plataforma, o modelo cresceu de tamanho. O novo City mede 4,46 m de comprimento (5,5 cm a mais), 1,49 m de altura (1 cm maior), 1,70 m de largura (mesma medida da geração anterior) e 2,60 m de distância entre-eixos (5 cm a mais), o que deixou o carro

RODA VIVA

Confira os preço de cada versão: City DX MT – R$ 53.900 City LX CVT – R$ 62.900 City EX CVT – R$ 66.700

AINDA no capítulo das trapalhadas, é inacreditável o governo estimular apenas modelos híbridos que não carregam bateria em tomada. Os puramente elétricos também ficaram de fora do corte no imposto de importação. São carros bem mais caros e, assim, de vendas limitadas, sem risco de sobrecarregar a rede elétrica. MERCEDES-BENZ GLA, agora importado e nacional em 2016, destaca-se pelo estilo esportivo frente a outros SUVs compactos. Motor turbo 1,6l/156 cv dá conta do recado, mas ideal seria potência algo maior. Materiais internos, de primeira linha, contrastam com ausência de ar-condicionado automático e GPS para o preço de R$ 132.900. Versão completa salta para R$ 149.900. NOVA geração do Honda City ganhou espaço interno (na frente e atrás), além de equipamentos como câmera de ré regulável em três ângulos. Melhorou o vão de acesso ao generoso porta-malas de 536 l. Câmbio automático CVT agora tem sete marchas virtuais e hastes no volante, mas o motor 1,5 L/116 cv vai melhor no Fit. Preços continuam bem puxados: R$ 53.900 a R$ 69.000. MITSUBISHI Outlander terá no início de 2015 versão híbrida plugável em tomada. Diferencia-se por soluções técnicas brilhantes. A começar pelos dois motores elétricos (um para cada eixo) que permitem tração 4x4 gerenciável de forma automática sem o peso dos componentes mecânicos. Estes motores trabalham em série e em paralelo ao de combustão. OUTRAS vantagens do Outlander PHEV: acelerar da partida até 120 km/h no modo elétrico, cinco níveis de gerenciamento de recuperação de energia em frenagens e possibilidade de ligar o motor a combustão apenas para recarregar a bateria. Esta última função permite, ao final de viagem em estrada, contar com a bateria em nível máximo para uso urbano.


28 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO 02 DE OUTUBRO DE 2014 CRÔNICA

Maceió - A capital dos meus sonhos JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

S

onho é sonho e, por isso mesmo, os historiadores não podem me acusar de estar deturpando a História, pois, todos podem sonhar como eu sonhei. Eu sonhei, estar diante de um lindo céu azul, emoldurado por um imenso oceano de águas límpidas, que banhavam praias paradisíacas, em abraços com buliçosos e verdejantes coqueirais. Diante de tanta beleza, eu vi uma grande embarcação se aproximando das praias, como se os seus navegadores estivessem à cata aquele tesouro natural. Logo no início do meu sonho, eu me deparei com uma linda e grande praia que, por isso mesmo, batizada com o nome em Tupy, de PAJUÇA-

RA. Nela, eu pude ver uma PONTA DA TERRA, bem destacada através de uma PONTA VERDE, onde ficavam barras, para a formação das LAGOA MUNDAU e da LAGOA MANGUABA, vizinhas e muito amigas, devido um PONTAL DA BARRA ali existente. Depois dessas descobertas, o meu sonho mostrou navegadores chegando a um TRAPICHE DA BARRA, no qual usavam uma embarcação, conhecida como JATIÚCA, para melhor conhecimento da região, em passeios que davam no PRATAGI. No sonho, tudo era muito bonito e, eu ficava extasiado, com um grande lago, arrodeado por um imenso VERGEL DO LAGO. A cada dia, eram encontradas novas paisagens, onde num PRADO, pastavam bois e vacas, de uma raça estranha que se caracterizavam por possuírem a PONTA GROSSA e se alimentarem com um capim de origem africana, conhecido como JARAGUÁ. No sonho, eu

vi uma LEVADA, repleta de pés de OURICURI que frutificavam, até nas areias da PRAIA DO SOBRAL. Na região, não faltava água boa para se beber, pois, existia um BEBEDOURO, próximo de duas chãs, a CHÃ DE BEBEDOURO e a CHÃ DA JAQUEIRA. Também, um POÇO atendia a todos, embora a água tivesse o gosto adstringente da JACARECICA, diferente da água que ficava às margens do RIACHO DOCE. No sonho, eu assisti quando uma senhora mandou colocar uma CRUZ DAS ALMAS, como promessa por ter conseguido alcançar duas graças, uma depois de um BOM PARTO acontecido e o outro milagre, quando um dos seus filhos foi curado, depois de ter caído de cima de um pé de MANGABEIRAS. Na parte alta da região, havia um FAROL que dominava a paisagem, bem como um frondoso pé de PINHEIRO, com um florido jardim repleto de acácias, conhecido

como JARDIM DAS ACÁCIAS, onde podia ser visto o ALTO DO CÉU. Um pé de pitanga nasceu e floresceu, numa região que ficou conhecida como PITANGUINHA, embora o chão dali não fosse propício para plantações de fruteiras, por causa do BARRO DURO existente. No sonho, eu via nitidamente o CANAÃ, a GRUTA DE LOURDES, um tabuleiro imenso, onde a Família Martins residia, por isso mesmo, chamado de TABULEIRO DOS MARTINS. No meu longo sonho, eu vi outras pessoas se apossando das terras encontradas, muitos da família do sr. FEITOSA, cujo caçula era muito querido, chamado carinhosamente de JACINTINHO, principalmente, pela sua mãe. A região progrediu, novos Conjuntos Residenciais foram formados e inaugurados e, meu sonho aos poucos foi se realizando, mas, faltava eu ver, novamente, toda aquela beleza e maravilha nas quais eu sonhei. Ao me acordar, eu estava diante de MACEÍO- A CAPITAL DO MEU SONHO.


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO 02 DE OUTUBRO DE 2014 -

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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Expectativa em Arapiraca

A

s pesquisam indicam que Rogério Teófilo e Júlio Houly serão bem votados em Arapiraca, segundo maior colégio eleitoral do Estado. Júlio, que já foi vereador e era irmão do saudoso deputado Daniel Houly, estava afastado da política e foi incentivado pelo senador Benedito de Lira para concorrer uma cadeira na Câmara Federal.

Bem cotado

Rogério Teófilo, por sua vez, sempre esteve presente no Governo de Teotonio Vilela Filho, ocupando respectivamente as secretarias de Educação e Articulação Política. Estava cotado para ser candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo procurador Eduardo Tavares e desistiu para disputar mandato de deputado federal.

Todas as cartas

Ex-vice-prefeito de Arapiraca no governo de Luciano Barbosa, Rogério joga todas as cartas apostando em Brasília, mas não desgruda os olhos de Arapiraca, onde pretende disputar a sucessão da prefeita Célia Rocha. Se ganhar terá um longo caminho pela frente, mas baterá de frente com Luciano Barbosa e a prefeita Célia Rocha, atuais adversários políticos. Se em um futuro próximo Luciano não se entender politicamente, aumentará as chances de Teófilo.

Tem chances Em matéria publicada no Novo Extra da última semana, o analista político, o professor Marcelo Bastos faz uma radiografia da disputa proporcional no Estado. Na avaliação, coloca o nome do Professor Edvaldo como possível deputado eleito na sua coligação, formada pelo PROS, PTdoB, PHS, PCdoB e PV.

Matéria A matéria ressalta que Bastos é pesquisador do sistema político brasileiro e traçou o estudo com base em diversas informações para demonstrar os nomes dos possíveis deputados federais e estaduais de Alagoas. Segundo o analista, a coligação que o professor Edvaldo faz parte fará de um dois eleitos, onde Edvaldo estaria nas disputa pelo segundo lugar.

Puxador de votos Segundos assessores do professor Edivaldo, “esta colocação está clara no texto escrito pelo jornalista João Mousinho”: “O PROS, PTdoB, PHS, PCdoB e PV conta com Marcelo Victor, deputado de mandato e ‘puxador de votos’, como os analistas caracterizam políticos com densidade eleitoral. Brigam pela segunda vaga dessa coligação: Carimbão Júnior, filho do deputado Givaldo Carimbão, e professor Edvaldo”, diz a matéria.

Passou a cobrar O Hospital Chama, um dos mais modernos e equipados de Arapiraca e que também possui convênio com o SUS, decidiu colocar o bisturi no bolso de pacientes e visitantes. Simplesmente a direção daquela unidade hospitalar decidiu cobrar R$ 2,00 para acesso ao seu amplo estacionamento. Como se não bastasse, fixou em mais um R$ 1,00 por hora de permanência. Como o hospital está localizado as margens de uma rodovia movimentadíssima no principal acesso de Arapiraca, tanto o paciente como o visitante se vê obrigado a aceitar a “faca no pescoço.”

Severino do Chapéu Candidato a deputado federal pelo PTC, o vice-prefeito de Girau do Ponciano, conhecido por seus munícipes como Severino do Chapéu, acaba de ganhar um grande reforço em sua caminhada rumo a Brasília: Diógenes Aurélio, tio do atual prefeito Fabinho Aurélio.

Solidariedade A Câmara Municipal de Arapiraca aprovou, na sessão da última terça-feira, 23, Voto de Pesar de autoria de todos os vereadores pelo falecimento na semana passada, do empresário e esposo da vereadora e vice-presidente Aurélia Fernandes, Plácido Augusto Fonseca Dias. Falando em nome de todos os vereadores, a presidente Gilvania Barros, manifestou a solidariedade a Aurélia Fernandes, lembrando o cidadão e pai de família que foi o Plácido, afirmando que ele deixou uma lacuna imensa, não apenas no seio da família, mas também para a sociedade que o conheceu e conviveu com ele.

Pontos de cultura O setor cultural de Arapiraca está em evidente ebulição. Prova disto é vinda da Rede de Pontos de Cultura, com 10 instituições sem fins lucrativos tendo sido habilitadas para difundir nossas manifestações diversas nos bairros e comunidades do município. Seguindo o que rege o Sistema Municipal de Cultura, a Prefeitura de Arapiraca, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur), torna público o Edital de Chamamento para a 1ª Eleição do Conselho Municipal de Política Cultura (CMPC). Ele pode ser conferido na íntegra aqui, juntamente à ficha de inscrição.

Políticas públicas Com 20 representantes de vários segmentos, metade do poder público e metade da sociedade civil, o CMPC será um órgão colegiado, deliberativo, consultivo e normativo, integrante da estrutura organizacional da Sectur, tendo como diretrizes elaborar, acompanhar a execução, fiscalizar e avaliar as políticas públicas de Cultura, consolidadas no Plano Municipal de Cultura.

PELO INTERIOR ... A Câmara arapiraquense aprovou, na sessão realizada na terça-feira,23, Voto de Aplauso de autoria do vereador Moisés Machado, pelos 18 anos de existência da Associação Pestalozzi, em Arapiraca. ... Em sua justificativa, Moisés Machado destacou a importância da entidade na prestação de serviços como uma instituição sem fins lucrativos e que tem realizado um grande trabalho pelo município arapiraquense. ... Em nome da entidade, a presidente Iagre Jane da Silva, que esteva acompanhada pela diretoria da instituição, fez uma breve prestação de contas durante sessão na Câmara Municipal de Arapiraca, destacando, que nesses dois anos como presidente da Pestalozzi, a entidade fez a doação de 1.771 cadeiras de rodas, como também, prestado assistência as crianças espaciais, inclusive autistas. ... A Pestalozzi tem como objetivo de promover uma melhor qualidade de vida às pessoas com deficiências físicas e intelectuais. ... Iagre Jane, também pediu aos vereadores o empenho para que a instituição, consiga a Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas), que segundo ela, sem o mesmo fica impossibilitada de realizar compras de material específico para a entidade. ... Em tempo: A entidade realizou na quintafeira, 25, no Clube dos Fumicultores, sua festa para comemorar os 18 anos de existência em Arapiraca. ... Do radialista Hélio Fialho: “A plaga de Jaciobá sempre foi um celeiro de grandes e talentosos artistas e os filhos de Pão de Açúcar destacam-se na música, pintura, escultura, artesanato, fotografia, poesia, literatura e tantas outras áreas por este Brasil a fora”. ... São artistas do passado e do presente que difundem com suas artes o nome do torrão natal. E entre os artistas mais recentes está o talentoso desenhista Anderson Barbosa de Moura, o “Andinho”, que já faz parte do elenco principal, pois com apenas 28 anos de idade acumula experiência suficiente para saber aonde quer chegar. ... Inspirado no famoso desenhista brasileiro Charles Laveso, pintor paulista que ganhou fama internacional por desenhar a lápis celebridades em estilo realista, o talentoso pintor pão-de-açucarense já começa chamar a atenção dos amantes da arte fotográfica com o seu perfeito trabalho, uma arte aprimorada com o tempo, pois desde criança ele desenha figuras interessantes que atraem elogios até mesmo de pessoas não habituadas a elogiar.


30 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO A 02 DE OUTUBRO DE 2014

REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

Sua lista de compras

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ada mais economicamente correto, do que levar uma lista de compras para o supermercado, quando for realmente fazer as compras de alimentos, material de limpeza e higiene. No caso do casal, deve cumprir essa tarefa o mais disciplinado, que segue à risca o que deve comprar de necessário para o consumo mensal da família. O outro, fica em casa. Crianças, jamais devem fazer parte dessa rotina. Elas costumam “armar um escândalo” quando querem colocar algo que não se encontra na lista. Essa maneira, deve se tornar rotineira para quem entende de economia, consciente da crise que já assola nosso País, fruto da gastança do governo, da abertura total do crédito, da queda na produção e da elevação da inflação. Isso exige do consumidor “economia de guerra”, minimizando os custos e aumentando os lucros, que é a base da empresa, significando na economia doméstica, que se deve diminuir as despesas e procurar poupar, qualquer valor, que vá formando uma reserva financeira para alguma emergência.

Orçamento No início de 2014, orientei os leitores para a necessidade de um orçamento doméstico, anotando tudo que entra e sai da renda mensal, se conscientizando de que jamais deve assumir compromissos financeiros superiores a 30% do salário. Existem as despesas fixas (pagamentos de contas) e as do dia-a-dia, que são aquelas que podem receber alguns cortes. Seguindo essa regra, vai conseguir sobreviver com mais tranquilidade.

Fuja dos juros

As taxas de juros para o consumidor, praticadas no Brasil, são as mais elevadas do mundo. Mas o governo faz isso para controlar a inflação no patamar de menos de 10% ao ano. Só que na outra ponta, incentiva o consumo, via crédito fácil, com prazos longos de pagamento, como o Crédito Direto ao Consumidor e o imobiliário. A taxa cobrada pelas administradoras de cartão de crédito e os bancos com o cheque especial, beira os 20% aos mês, um verdadeiro “suicídio financeiro”. Fuja disso! Só compre à vista ou no crédito, para pagamento da fatura em sua totalidade, jamais amortizando.

Energia A próxima conta de energia, já vem acrecida de um reajuste de 30%. Se o consumidor pagava R$ 100,00, passará a pagar R$ 130,00. O que fazer? O óbvio, reduzindo o consumo, principalmente dos eletrodomésticos que mais consomem, como: chuveiro elétrico, ferro de engomar, ar condicionado, máquina de lavar. Mas faça a economia até mesmo com a própria lâmpada, apagando no momento em que sair do ambiente. É só mudar seus hábitos de consumo.

Novos aumentos

A ciranda de preços é visível. E agora com esse aumento de energia, tudo vai acompanhar, já que é um serviço necessário a indústria, que terá de repassar para os produtos e consequentemente ao consumidor final. Portanto, “aperte o cinto”, economize ao máximo no seu dia-a-dia, mude de marcas, compre somente depois de muita pesquisa de preços, até encontrar o que for mais barato.


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO 02 DE OUTUBRO DE 2014 -

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- MACEIÓ, ALAGOAS - 26 DE SETEMBRO 02 DE OUTUBRO DE 2014


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