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MACEIÓ - ALAGOAS
ANO XVI - Nº 814- 27 DE MARÇO A 02 DE ABRIL DE 2015
TJ QUER FAZER CONCURSO DE CARTÓRIOS SEM LICITAÇÃO
SECA ATINGE METADE DOS MUNICÍPIOS DE ALAGOAS
P/ 8 e 9
DESCASO: MONUMENTOS DAS PRAÇAS DE MACEIÓ PEDEM SOCORRO P/ 18
GOVERNO FEDERAL SUSPENDE PROGRAMA DE CARROS-PIPA E AGRAVA SITUAÇÃO P/7
DOUGLAS APRATTO
E A VISÃO DO POVO ALAGOANO: SUJO, ATRASADO, BÁRBARO P/ 16 e 17
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COLUNASURURU
Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)
DA REDAÇÃO
Máfia dos cartórios
Sem nada
A
o contestar denúncias de irregularidades no concurso de cartórios, o desembargador Tutmés Airan reconhece a existência do regime de capitanias hereditárias que ainda prevalece nas serventias extrajudiciais em Alagoas. O magistrado diz que a situação dos cartórios alagoanos é de “flagrante inconstitucionalidade; um verdadeiro descalabro ins-titucional”. E vai além: “Há, sem sombra de dúvidas, interesses subalternos e claramente antirrepublicanos coligados no franco propósito de tornar inviável o referido certame, cujos agentes se valem, para tanto, dos expedientes mais diversos, desde ações judiciais a insubsistentes pleitos administrativos com manifesto objetivo protelatório”. É a máfia dos cartórios em ação.
Liderança nova O deputado Pedro Vilela assumirá a vice-liderança do PSDB na Câmara Federal e já demonstra forte atuação parlamentar como integrante de três importantes comissões. Com discurso de oposição ao governo federal, o neto do menestrel das Alagoas promete fazer jus ao seu primeiro mandato.
Sinais de riqueza Mac Lira, secretário Municipal de Habitação, mudou-se da periferia de Maceió para um luxuoso apartamento na Ponta Verde, avaliado em R$ 1 milhão. Na garagem, um reluzente BMW último modelo. Menino prodígio, esse Mac.
Abaixo o povo
Renan Filho volta de Brasília com o pires vazio. Ele pediu à presidente Dilma dinheiro para Segurança, Saúde e Educação e acabou ouvindo dela: “A crise já chegou, inclusive em Alagoas”.
Fortalecida
Daqui não saio... “Daqui ninguém me tira. Vocês vão ter que me engolir”. Desabafo do prefeito Toninho Lins ao entregar 10 ambulâncias à comunidade, referindo-se aos seus opositores. Para a oposição, o prefeito se mantém no cargo graças ao aval do desembargador Washington Luiz, presidente do TJ.
Faz sentido Em proposta apresentada na Câmara, a deputada Júlia Marinho do PSC-PA, quer proibir a adoção por casal homossexual. Ela alega que família composta por dois pais ou duas mães “não logra ampla aceitação social” e pode gerar “desgaste psicológico e emocional” na criança adotada.
Rally do Velho Chico
O deputado federal carioca Cabo Daciolo contraria posição de seu partido, o Psol, e apresenta proposta de emenda à Constituição que diz que todo poder emana de Deus, e não do povo. “Bíblia é, e sempre será, a minha única regra de fé e prática”, afirma.
O 4º Rally do Velho Chico começa nesta sexta-feira. A largada está marcada para às 14h30, no Parque Shopping Maceió. De lá os competidores seguem rumo a Pão de Açúcar, com chegada em Traipu. No roteiro, os municípios de Gi8rau do Ponciano, Major Izidoro, Monteirópolis, Palestina, Belo Monte, Batalha e Jaramataia.
Novo indexador
Rally 2
O Senado aprovou regime de urgência para tramitação do projeto que obriga a União a colocar em prática o novo indexador das dívidas dos estados e municípios. Após a aprovação pelo Congresso, o novo indexador virou lei em 2014 (Lei complementar 148/2014), mas o governo ainda não tinha regulamentado a lei para adiar a renegociação, em nome do ajuste fiscal. Com a aprovação do pedido de urgência, o projeto deve ser votado na próxima terça-feira.
Grandes nomes do esporte participam da competição, a exemplo de Jean Azevedo, José Hélio, os irmãos Ramon e Moara Sacilotti e Dário Júlio, dentre outros. O Rally do Velho Chico terá 500 quilômetros e passará por estradas do sertão alagoano, explorando a caatinga e áreas de pequenas serras contando, em alguns momentos, com o visual do Rio São Francisco.
A secretária de Cultura do Estado, Mellina Freitas, se fortalece nos bastidores político e o PMDB fecha a questão. Ela permanece na pasta da Cultura. Fato que deve deixar entristecido o movimento que pedia a saída da ex-prefeita de Piranhas da administração da secretaria.
Nomeados Renan Filho vai entrar para história como o governador que conseguiu manter mais de 3.000 comissionados durante três meses trabalhando sem ganhar nada. Esses servidores, herança do governo tucano esperaram as nomeações até o início de março e só agora viram seus nomes do Diário Oficial.
TV FAROL/ CULTURA Já está no ar, em caráter experimental, o jornalismo da TV Farol, filiada à TV Cultura em Alagoas. No dia 6 de abril entram no ar o Jornal da Cultura da Manhã e o Jornal da Cultura da Noite. Já no dia 16 de abril estreia o Roda Viva, local.
Fies
O Tribunal Regional Federal da 5ª Região decidiu, na tarde da quarta-feira (25), restaurar a decisão do juiz Federal da 4ª Vara Federal de Alagoas, Sebastião Vasques de Moraes, proibindo o MEC de exigir dos alunos a nota mínima de 450 pontos para ter direito ao Fies. A decisão também obriga o MEC a pagar às faculdades 12 mensalidades no ano, em vez de apenas oito mensalidades, como estipulavam as portarias 21 e 23/2014.
EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580
EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves
CONSELHO EDITORIAL
Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa
SERVIÇOS JURÍDICOS
ARTE Fábio Alberto - 9351.9882 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 9982.0322
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Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal
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GABRIELMOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br
Decisão precipitada
Excrescência 1
T
odo mundo sabe da vontade, da ânsia de Renan Filho querer acertar e fazer uma grande administração. Mas o governador precisa entender, assim como seus auxiliares, que decisões tomadas pelo fígado quase nem sempre são boas para todos. O caso do Passe Livre para estudantes da rede estadual, por exemplo, foi enviada para a Assembleia Legislativa pelo próprio governador, que chegou a pedir pressa aos deputados para votarem o projeto, o que foi feito sem muitas dificuldades. Mas depois de analisar a situação, o governo observou que estava dando um tiro no próprio pé e correu para desfazer o que já tinha feito. Ficou muito feio para o governador Renan Filho vetar um projeto que ele mesmo tinha interesse que fosse aprovado. Das duas, uma: ou o governador está muito mal assessorado, ou não tem dado ouvidos aos seus principais interlocutores no governo. A meia volta no Projeto do Passe Livre para os estudantes, parece que foi mesmo uma piada de mau gosto.
Promessas do governo 1 O governador Renan Filho parece que ainda está em campanha política e não se cansa, quando pode, de prometer, mesmo sabendo perfeitamente que a água não está pra peixe em face das dificuldades financeiras por que passa o Brasil e especialmente o Estado de Alagoas. Na semana passada, ao lançar um programa no conjunto Benedito Bentes da área da agricultura, aproveitou para dizer que vai construir, ainda este ano, um Hospital para a mulher naquela região. Mas não disse com quais recursos, como vai fazer, quantas pessoas serão contratadas, os equipamentos necessários para seu funcionamento e as despesas decorrentes de todo esse processo.
Promessas do governo 2 Algumas promessas do então candidato Renan Filho, cada vez mais se afastam da realidade, como, por exemplo, a convocação de concursados da própria Secretaria de Saúde e da Polícia Militar, uma vez que o Estado não comporta mais despesas para não atingir em cheio a Lei de Responsabilidade Fiscal. Bem que o governador gostaria que todas as suas promessas se tornassem realidade, mas a distância em querer e efetivamente poder, é muito grande. Rapaz jovem, impetuoso, ávido por mostrar serviço, precisa, entretanto, colocar os pés no chão, avaliar a grave crise no Brasil e a disponibilidade de recursos que possam atender às demandas mais importantes para o Estado de Alagoas.
Contra senso O governador Renan Filho tem que afastar a ideia de criar mais duas secretarias na estrutura administrativa do Estado. Uma seria a de Esportes. A outra de transportes. Ora, se já existem secretarias além da conta somente servindo de cabide de empregos, porque criar mais duas? O momento exige corte nos gastos públicos urgentemente, sob pena do governo ter dificuldades até de honrar a folha de pagamento de seus servidores.
O deputado Antônio Albuquerque tem batido forte na nomeação de privilegiados em cargos comissionados considerados como ´´fantasmas´´, àqueles que recebem muito dos cofres públicos e não aparecem para trabalhar. Quando presidente Albuquerque demitiu todos eles, mas apenas um mês depois a folha da Assembleia voltava com força, como era antes.
Excrescência 2 Não adianta o presidente Luis Dantas tentar justificar o injustificável. A Assembleia Legislativa, que deveria começar dando bom exemplo, comete o mesmo pecado de administrações anteriores, numa afronta ao povo alagoano.
Excrescência 3 Os deputados que também insistem em nomear parasitas para a Casa de Tavares Bastos através de seus gabinetes, também são culpados por isso. É importante o Ministério Público vigiar a instituição de perto, para que novos fatos cabeludos não venham a acontecer.
Excrescência 4 A população não acredita mais na Assembleia Legislativa. Afinal de contas continuam não dando bom exemplo. Salvo alguns deputados, o restante não está nem aí.
Oposição Informei aqui na coluna tempos atrás, que o governador Renan Filho não iria ter essa folga toda com sua bancada na Assembleia Legislativa. Era questão de tempo. Agora, a oposição começa a se articular e os governistas começam a se impacientar por estarem até o momento a pão e água.
Está queimando Mesmo que setores do governo tentem encobrir algum desconforto entre o vice-governador e o secretário de Educação, Luciano Barbosa com o governador Renan Filho, o fato existe. O imbróglio teria sido provocado pelo Passe Livre para os estudantes, que até agora não foi sancionado pelo governo.
Sem sintonia O presidente da Assembleia Legislativa, Luiz Dantas, do PMDB, tem afirmado nas poucas entrevistas que tem concedido, de que todos os membros da Mesa Diretora estão sintonizados para superar as dificuldades. Mas não é bem isso que pensam alguns deputados, que nomearam servidores considerados fantasmas e já demitidos por Antônio Albuquerque, à preço de ouro.
Muito longe Mesmo que Luiz Dantas pretenda moralizar a Assembleia e modernizá-la, isso está muito longe de acontecer. Alguns deputados ainda pagam pepinos da última campanha eleitoral e certamente irão querer tirar o prejuízo nesses quatro anos de mandato.
Ninguém acredita Muita gente está pagando pra ver o resultado de uma auditoria séria proposta pelo presidente da Assembleia, Luiz Dantas. Bastou às investidas feitas pelo Ministério Público, que já detectou bandalheiras na instituição.
O rombo é grande Atolada em dívidas que giram em torno de 20 milhões de reais e sem esperança de ser socorrida pelo governo que também anda de pires na mão, a Assembleia Legislativa terá dias de muitas dificuldades. Para resolver o problema, só se Luiz Dantas fizer um curso intensivo com o famoso mágico David Cooperfield.
Perguntar não ofende Como a Assembleia Legislativa quer enxugar as despesas com a nomeação de centenas de cargos comissionados que chegam até a 18 mil reais?
Voltando ao ataque O senador Fernando Collor parece que tomou ojeriza pelos procuradores da República. Primeiro bateu sem dó nem piedade em Roberto Gurgel e agora pegou no pé de Rodrigo Janot. Collor espetou o procurador, dizendo, em um dos trechos do seu discurso no Senado, de que ´´a chefia do Ministério Público não tem estatura moral e nem ainda estrutura emocional´´ para tratar de assuntos desta natureza.
Agora, vai Ninguém mais do que o senador Renan Calheiros tem pressa para o Senado votar a indexação das dívidas dos Estados e Municípios. Afinal de contas Alagoas está em primeiro lugar. O projeto deve entrar em pauta na próxima terça-feira, mesmo que o Planalto não queira.
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Vazão do São Francisco sofrerá redução ainda maior Companhia Hidrelétrica do São Francisco diz que meta é aplicar a defluência de 900 m³ por segundo; Comitê da Bacia do Velho Chico questiona medida
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quilo que era tratado como testes pelo setor elétrico será materializado nos próximos dias. A vazão do rio São Francisco será reduzida dos atuais 1.100 m³ por segundo para 1.000 m³ por segundo. A solicitação já havia sido feita desde o ano passado, mas a Agência Nacional de Águas (ANA) aguardava um posicionamento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), que emitiu parecer recentemente. A decisão foi anunciada no último dia 17, durante reunião na sede da ANA, em Brasília. O órgão ambiental, representado pela coordenadora-geral Regina Generino, avalia que apesar de autorizar a defluência de 1.000 m³ por segundo, foram registradas alterações na calha do rio, a exemplo do aumento em até quatro vezes da presença de nitrato, especialmente na região do Baixo São Francisco. “Além disso, a cunha salina também apresenta alterações, especialmente na proximidade com a foz, no município alagoano de Piaçabuçu”, revelou Generino. O nitrato, presente no esgoto doméstico e nos descartes de indústrias e pecuaristas, representa especial risco à saúde de crianças, causando danos neurológicos ou redução da oxigenação do corpo. Além disso, a presença excessiva de nitratos em rios ou mares estimula o crescimento de algas, fenômeno
Redução de vazão do Velho Chico foi definida em reunião realizada na sede da ANA, em Brasília
conhecido como eutrofização. Em casos extremos, essas algas podem colorir a água e emitir substâncias tóxicas para os peixes. Durante a reunião, o diretor de Operações da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), Mozart Bandeira Arnaud, anunciou que a meta é aplicar a defluência de 900 m³ por segundo. O presidente da ANA, Vicente Andreu Guillo, descartou, nesse momento, qualquer discussão nesse sentido. “O setor elétrico precisa definir qual a real necessidade de operação”, alertou Andreu. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, criticou a falta de um padrão nos pedidos do setor elétrico, bem como a visão do segmento, que só vê o rio como gerador de energia elétrica. “Apesar dos cenários diversos,
a discussão só acontece no sentido de aplicar reduções no São Francisco”, criticou ele. Como alternativa, Miranda convidou a todos os participantes da reunião a se integrarem nas atividades relativas às discussões com vistas a atualização do Plano de Recursos Hídricos do São Francisco. Anivaldo Miranda também solicitou acesso ao relatório detalhado elaborado pelo Ibama, o qual se baseou para conceder a autorização na vazão menor do rio. “Porque a crise na bacia é mais profunda do que se relata. Fala-se, aqui, em bacia hidrográfica, mas só se fala na calha do rio. A bacia é muito maior e o retrato atual não é nada bom. Faço, aqui, um apelo pungente para que, paralelamente à situação atual, também se construa soluções para o rio”, disse o presidente do CBHSF. O superintendente da Com-
panhia de Desenvolvimento dos Vales do Paraíba e do São Francisco (Codevasf), Alaôr Grangeon Siqueira, reforçou a gravidade por que passa a bacia do São Francisco atualmente. Segundo ele, muitos produtores rurais estão na iminência de parar de produzir, pois dependem unicamente da água do Velho Chico e a captação está cada vez mais difícil. O superintendente da ANA, Joaquim Gondim, destacou que é fundamental, nas futuras reuniões, a presença de representante da Marinha, com o objetivo de discutir um outro aspecto de grande importância diante do cenário atual, que é o de navegação. SITUAÇÃO DE TRÊS MARIAS EM DEBATE Na reunião realizada no dia 17 na sede da Agência Nacional
de Águas, em Brasília, o reservatório de Três Marias (MG) também foi motivo de pauta, visto que a vazão praticada no local foi reduzida recentemente de 100 para 80m³ por segundo. De acordo com o gerente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Marcelo de Deus Melo, os testes aplicados na região garantem a continuidade da defluência atual. Conforme sua explanação, o reservatório apresenta um índice de 28% no seu nível e os estudos meteorológicos na região indicam para a possibilidade de aumentar a defluência para 120 m³ por segundo a partir de maio. “Mas isso é uma hipótese”, pois, conforme alerta Marcelo de Deus, depende de confirmação dos dados técnicos relativos às chuvas na região. “Mantendo-se esse quadro, o reservatório deverá operar por todo o ano com um índice médio na faixa dos 20%”, garantiu. Participaram ainda da reunião, na sede da ANA, representantes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Ministério do Meio Ambiente, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Pirapora (MG) e Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), além do corpo técnico da Agência Nacional de Águas. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é um órgão colegiado, integrado pelo poder público, sociedade civil e empresas usuárias de água, que tem por finalidade realizar a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos da bacia, na perspectiva de proteger os seus mananciais e contribuir para o seu desenvolvimento sustentável. A diversidade de representações e interesses torna o CBHSF uma das mais importantes experiências de gestão colegiada envolvendo Estado e sociedade no Brasil.
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MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE MARÇO A 02 DE ABRIL DE 2015 - 7
SECA
Metade de Alagoas está em situação de emergência
Se não chover nos próximos dias, situação pode se agravar, alerta a Associação dos Municípios CARLOS VICTOR COSTA carlosvictorcosta@hotmail.com
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a semana que marca a passagam do Dia Mundial da Água (22 de março), a falta dela é o que mais preocupa amaioria das famílias alagoanas que vivem no semiárido e agreste do estado. Alagoas vem vivendo a pior seca dos últimos 50 anos. Cidades como Minador do Negrão e Pariconha estão entre as mais castigadas e buscam alternativas como cisternas e carros-pipa para atnder a população, já que até o momento o governo federal não deu sinais de que o programa ‘Água Para Todos’ vai continuar. De acordo com o secretário- geral da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) e prefeito de Pão de Açúcar, Jorge Dantas (PSDB), cerca de 50 municípios alagoanos já estão em situação de emergência pela forte estiagem que deixa a região do semiárido cada vez mais seca. “O governo federal, em anos anteriores, enviava carros-pipa, mas neste ano não foi enviado nenhum. São quase 50 municípios em estado de emergência, 37 só do semiárido. Cidades como Junqueiro, Teotônio Vilela e Quebrangulo também estão na mesma situação”. Dantas explicou, ainda, que um plano de combate à seca elaborado pela Defesa Civil apontou que 415 mil alagoanos estão sofrendo com a estiagem prolongada. E para reverter a situação, é necessário contratar pipeiros enquanto a chuva não cai. No levantamento inicial, os técnicos apontam a necessidade de 200 pipeiros para atender todo o estado, ao custo de R$ 2,5 milhões mensais, perfazendo R$ 10 milhões ao longo dos próximos quatro meses. Sem respos-
tas do governo federal em relação ao envio de carros-pipa, alguns prefeitos estiveram reunidos com o governador do Estado, Renan Filho (PMDB),que anunciou a liberação de R$ 1,5 mi do Fundo Estadual de Combate à Fome e Erradicação da Pobreza (Fecoep) de forma emergencial para os municípios que foram reconhecidos em situação de emergência por conta da estiagem. A verba é apenas um auxílio enquanto os R$ 10 milhões do governo federal não são liberados, pois o processo tramita em Brasília e deve demorar pelo menos 30 dias para ser aprovado. Por conta dessa falta d’água, produtores rurais estão sem poder realizar a irrigação e alimentar seus animais. “As grandes adutoras necessitam do abastecimento da água do Rio São Francisco; se não chover muito nos próximos dias nas regiões mais necessitadas como o semiárido e agreste, a situação só tende a se agravar ainda mais. O problema não vem de agora, estamos há meses sem chuva aqui e desde 2011 que estamos passando por esse problema; os reservatórios estão secos, açudes e barragens também”, ressaltou Dantas.
Imagem mostra apenas 36 cidades alagoanas na seca (em amarelo), mas segundo a AMA, este número já aumentou para 50.
SOBRADINHO
A barragem de Sobradinho, localizada na Bahia e considerado o maior reservatório de água do Nordeste,já encolheu mais de 80% e está secando. A caatinga submersa reapareceu. O Lago de Sobradinho tem 380 quilômetros de extensão e capacidade para armazenar 34 bilhões de metros cúbicos de água. Mas o volume atual do Lago é de apenas 17%. A régua com os números na parede da barragem comprovam que o nível está baixando cada vez mais. A barragem foi construída no Rio São Francisco para gerar energia elétrica e abastecer o Nordeste, o que agora não está acontecendo. “A situação mais preocupante é a do Rio São Francisco que está secando. O Sobradinho só está com 17% de volume de água, quando o normal dele é 50%. Isso nos deixa bastante preocupados, pois o problema não é só aqui em Alagoas, é praticamente em todo o Nordeste e em outros estados de fora desse eixo”, revelou o prefeito de Pão de Açúcar.
Rio São Francisco está secando
A
quantidade de chuva na região do São Francisco está abaixo da média histórica há três anos. A bacia do Velho Chico tem 2.586 km de extensão e corta seis estados e o Distrito Federal. Para se ter uma ideia da gravidade, na cidade de Pirapora, em Minas Gerais, o vapor Benjamim Guimarães, famosa atração turística, está parado. O solo está tão seco que dá a impressão de deserto. De acordo com informações da Agência Nacional das Águas (ANA), o Rio São Francisco deveria estar com seu vo-
lume elevado ou pelo menos no seu leito normal nesta época do ano, mas a estiagem mantém o nível do manancial muito baixo e com consequências drásticas em quase todos os 16 municípios alagoanos que são banhados pelo rio. A paisagem do Rio São Francisco na orla de Penedo e de Piranhas não é a mesma há algum tempo, o que acaba até comprometendo o turismo nestas cidades. A redução da vazão do rio nas usinas hidrelétricas tem gerado grande prejuízo para os ribeirinhos, que retiram daquelas águas o sustento da família, além de gerar um grande impacto ambiental. O biólogo Gabriel Le Campionalertou no ano passado quea situação do Rio São Francisco é irreversível. Segundo ele, o Velho Chico corre o risco de se tornar um rio temporário, que alterne entre ficar cheio por um período e por outro seco.
8 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE MARÇO A 02 DE ABRIL DE 2015 CARTÓRIOS
TJ pedirá que concurso seja feito sem licitação Tribunal de Contas também quer lista correta de todas as serventias extrajudiciais do estado JOSÉ MARTINS ESPECIAL PARA O EXTRA
O
concurso público do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), destinado ao preenchimento de vagas em cartórios de todo o estado, voltou a ser suspenso. Isso poucos dias antes da prova escrita ser aplicada. Nesse bate e volta, candidatos reclamam que têm os estudos prejudicados. Divulgada no último dia 16, uma nova decisão tomada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) expôs que o certame ainda apresenta irregularidades, o que impediu a realização da prova objetiva que estava marcada para o dia 22 deste mês. De acordo com o desembargador e coordenador do concurso dos cartórios, Tutmés Airan, todo o trâmite exigido vem sendo cumprido e a situação deve ser resolvida em breve, inclusive com relação ao contrato com a instituição que aplicará as provas. “Irei pedir uma reconsideração ao Tribunal de Contas para realizarmos o concurso sem licitação, uma vez que a empresa contratada, a Fundepes, não tem fins lucrativos. O pedido deve chegar às mãos dos conselheiros nesta sextafeira”, explicou para a reportagem do EXTRA Alagoas, em referência à decisão da conselheira do TC Maria Cleide
Costa Beserra. Na sexta-feira da semana passada, a conselheira suspendeu o certame e pediu explicações ao Tribunal de Justiça para o fato de a Fundepes haver sido contratada sem licitação para organizar o concurso. Ele também deu um recado aos concurseiros ansiosos com o certame. “Estou trabalhando para que o processo seja limpo e para Alagoas inaugurar uma fase republicana nos cartórios”, disse. Em meio a essas incertezas estão os mais de 3 mil inscritos que aguardam um consenso definitivo entre o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), como descreve um dos candidatos que preferiu não se identificar. “O que a gente sabe é que o Tribunal de Justiça de Alagoas está buscando se regularizar em relação ao que exige o CNJ, com isso só resta a nós candidatos esperarmos o resultado. Essas indefinições atrapalham bastante nós que estamos inscritos e não temos um calendário acertado para as provas. Alguns candidatos já acionaram a justiça a fim de garantir a participação no concurso”, afirmou. É o caso do também concurseiro Djalma Barros que entrou com ação judicial contra o certame para garantir a idoneidade de toda a transa-
ção. “Quero que tudo seja sem interferências de poderes. Sou candidato e quero fazer o concurso. Para mim, os adiamentos não são vantagem”, declarou. O concurso para provimento de cartórios em todo o estado foi aberto em abril do ano passado e já teve seu edital retificado pelo menos duas vezes. Esta já é a segunda liminar do CNJ suspendendo o certame devido a falhas de informações, principalmente em relação à listagem de serventias vagas. A primeira liminar havia sido de junho de 2014. Segundo o conselheiro do CNJ, Paulo Teixeira, o motivo da atual suspensão do concurso é por estar em desacordo com os procedimentos exigidos pelo CNJ na Resolução 81/2009. Diante dessa situação, Teixeira fixou um prazo de 20 dias a partir da data da liminar para que o Tribunal de Justiça apresente a lista de serventias extrajudiciais atualizadas de acordo com os moldes determinados pelo CNJ. O fim do prazo cai no dia 5 de abril. Essa listagem de serventias vagas foi alterada sete vezes, mas ainda continha irregularidades e informações equivocadas na última versão apresentada em outubro do ano passado. De acordo com o conselheiro, é um risco sério dar prosseguimento ao concurso nessa
Conselheira Maria Cleide quer explicações para a falta de licitação
situação, tendo em vista que sem dados confiáveis referentes, por exemplo, à lista de serventias vagas, o certame ficaria sem uma definição real de quais serventias serão providas por remoção, por ingresso, ou, ainda, as reservadas aos portadores de necessidades especiais. Enquanto o impasse permanece, o concurso segue com as datas sendo alteradas. Desse modo, não há definições claras de quando realmente as provas serão iniciadas, confirmações que não têm um prazo acertado para acontecer. Em nota divulgada no último dia 17, o presidente da comissão do concurso, desembargador TutmésAiran, infor-
mou que o certame continuará, com publicação de novo calendário, assim que o TJ/AL apresentar as informações necessárias para que aliminar do CNJ seja suspensa. Até o fechamento da edição, a assessoria do Tribunal de Contas informou que nenhum procedimento sobre o concurso foi enviado por parte do Tribunal de Justiça. TO
INVESTIMENTO
INCER-
Com taxa de R$ 200, o Concurso de Provimento e Remoção na Atividade Notarial e de Registro do Estado de Alagoas tem 3.174 inscritos, o que significa uma arrecadação de R$ 635 mil, sem levar em conta as
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DIREITO DE RESPOSTA
Desembargador rebate denúncia feita por advogada ao CNJ Presidente da Comissão do Concurso dos Cartórios, Tutmés Airan afirma que edital segue minuta elaborada pelo conselho VERA ALVES veralvess@gmail.com
E
m correspondência enviada ao jornal EXTRA, o desembargador Tutmés Airan, presidente da Comissão do Concurso dos Cartórios, rechaça qualquer irregularidade no tocante ao edital que trata do concurso de provimento e remoção das serventias extrajudiciais de Alagoas. Em sua edição de número 813, o semanário trouxe denúncia levada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por uma advogada, na qual ela levanta suspeitas de que o edital tenha sido elaborado com vistas a beneficiar parentes de juízes e desembargadores e de donos de cartórios. Ainda que questione o teor da matéria, o desembargador confirma a “situação de flagrante inconstitucionalidade que acomete quase duas centenas de serventias extrajudiciais em Alagoas”, que qualifica como “um verdadeiro descalabro” e, destaca a existência de “interesses subalternos e claramente antirrepublicanos coligados no franco propósito de tornar inviável o referido certame, cujos agentes se valem, para tanto, dos expedientes mais diversos, desde ações judiciais insubsistentes a pleitos administrativos com manifesto objetivo protelatório”. Confira, na íntegra, a correspondência enviada pelo desembargador: Sr. Editor do Jornal Extra, Prontifico-me, pelo presente, a manifestar as seguintes considerações a fim de esclarecer alguns fatos, pretensamente verdadeiros, veiculados pelo semanário alagoano Extra, precisamente os que constam da edição n.° 813, publicada na semana de 20 a 26 de março do ano corrente, a respeito do Concurso dos Cartórios.
Desde que assumi a Presidência da Comissão do Concurso - originariamente instituída pela Portaria TJAL n.° 169, publicada no DJe de 12.01.2012, posteriormente revogada pela Portaria TJAL n,° 1973, de 29 de outubro de 2013, que redefiniu os membros da referida Comissão tenho envidado os maiores esforços possíveis e imagináveis para dar efetivo cumprimento às determinações do Conselho Nacional de Justiça e, acima de tudo, à Constituição Federal de 1988. A sociedade alagoana anseia com justa expectativa pela realização do Concurso de Cartórios. A situação de flagrante inconstitucionalidade que acomete quase duas centenas de serventias extrajudiciais em Alagoas é um verdadeiro descalabro institucional cuja resolução definitiva depende sobremaneira do concurso que se avizinha. Há, sem sombra de dúvidas, interesses subalternos e claramente antirrepublicanos coligados no franco propósito de tornar inviável o referido certame, cujos agentes se valem, para tanto, dos expedientes mais diversos, desde ações judiciais insubsistentes a pleitos administrativos com manifesto objetivo protelatório. O Conselho Nacional de Justiça tem plena ciência dos percalços institucionais e das mais variadas dificuldades que a Comissão do Concurso tem enfrentado desde sua instalação, não raro à míngua das ferramentas adequadas e dos dados necessários. É na perspectiva louvável do desmantelamento de uma estrutura que agride princípios constitucionais como a legalidade, a moralidade e a impessoalidade que a reportagem do Extra, ao lançar suspeitas aleatórias e ataques genéricos, contribui no sentido inverso, isto é, fomenta a dúvida sobre a lisura do certame e macula de suspeita o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Comis-
são que presido. Ora, ao afirmar que o Edital do concurso teria sido formulado para beneficiar parentes de autoridades num esquema milionário, sem indicar, porém, fatos concretos nem solicitar a manifestação da Comissão do Concurso sobre supostas denúncias, o semanáriorepercute aleivosias que buscam frustrar o certame, na medida em que ataca a credibilidade dos trabalhos que a Comissão serenamente tem desenvolvido. Afinal, a quem serve a desqualificação do concurso senão àqueles interessados na perpetuação daquilo que o próprio semanário chama de “capitanias hereditárias”? No que respeita a supostos vícios apontados no instrumento editalício, uma análise séria e minudente, tendo em consideração as próprias normas do Conselho Nacional de Justiça, é capaz de desbaratar os equivocados argumentos lançados no semanário. Vejamos um a um. O item 17.16 do Edital regulamenta os procedimentos de realização da prova oral. O sorteio prévio dos pontos das disciplinas exigidas nessa fase, agrupadas por assunto, é prática adotada em outros concursos realizados por tribunais de justiça país afora, não somente para delegação de serventias extrajudiciais, mas nos concursos de ingresso na Magistratura e no Ministério Público. Qualquer um que tenha a curiosidade de se informar a respeito numa rápida pesquisa poderá confirmar esse fato. Como o sorteio é público e realizado para todos os candidatos, não há favorecimento algum. Todos se submetem ao mesmo dispositivo. A prova oral, assim como a prova discursiva e técnica, pode ser realizada com consulta a textos legais, desde que não comentados nem anotados. Essa possibilidade não é uma inovação casuística produzida pela Comissão do Concurso, pois encontra previsão expressa no item 5.6.12 da Minuta de Edital constante na Resolução n.° 81/2009 do Conselho Nacional de Justiça, que padroniza os concursos de cartórios. Logo, houve apenas reprodução de norma
concebida pelo próprio CNJ. Concernente à fórmula da média ponderada dos candidatos para efeito de classificação final, é preciso esclarecer que a Comissão do Concurso, mais uma vez, limitou-se a reproduzir conteúdo já previsto na Resolução n.° 81/2009 do CNJ, precisamente no item 9.1 da referida Minuta de Edital, que relaciona como elementos de cálculo as notas das provas escrita e prática, oral e exame de títulos, sem incluir a nota da prova objetiva. No que atine à inclusão, na lista geral de vacância, de cada nova serventia vaga durante a ocorrência do certame, a previsão do Edital encontra respaldo no § 2.° do art. 9.° da Resolução n.° 80/2009 do CNJ, que expressamente prevê que o advento de cada nova vacância deve ser reconhecido pelo juízo competente para que seja incluída na lista geral de vagas. Ainda mais assertivo e isento de dúvida é o art. 11, § l.°, também da Resolução n.° 80/2009 do CNJ, conforme se lê: Art. 11. A Relação Geral de Vacâncias prevista nesta resolução é permanente e será atualizada, observados os critérios acima, a cada nova vacância; §1° Sobrevindo as novas vacâncias de unidades do serviço extrajudicial de notas e de registro, o juízo competente a reconhecerá e fará publicar portaria declarando-a, indicando o número que a vaga tomará na Relação Geral de Vacâncias e o critério que deverá ser observado, de provimento ou de remoção, por ocasião de futuro concurso. Constata-se, sem margem para dúvida, que a relação geral de vacância possui natureza permanente e deve ser atualizada à medida que ocorre cada nova vacância, momento em que deve o juízo competente declará-la e indicar o critério de preenchimento a ser observado no concurso público - se provimento ou remoção. Assim, mais uma vez, resta afastada qualquer nódoa de ilegalidade a respeito. No que respeita à Lista Geral de Vacância publicada no Anexo l do Edital do Concurso, fato é que, até o presente momento, o Tribunal de
Justiça de Alagoas não confeccionou uma relação geral de serventias vagas com as respectivas datas de criação, informação essencial para efeito de desempate na ordem classificatória das serventias que se tornaram vagas numa mesma data. A esse respeito, por meio do Ofício n.° 006-2015 - GABTAAM, encaminhado em 03 de março do ano corrente ao Conselheiro Paulo Teixeira, solicitou-se que o CNJ admita a possibilidade de substituição do critério de desempate, de modo que passe a ser a data de instalação de cada serventia, por ser a única que efetivamente se encontra à disposição da Comissão do Concurso. As informações sobre situação fiscal, faturamento médio e total de dívidas eventualmente existentes de cada serventia, embora solicitadas por esta Comissão à Corregedoria Geral da Justiça de Alagoas, não se revelam indispensáveis à realização do certame, pois não têm o condão de alterar a situação jurídica de vacância das serventias relacionadas, de modo que podem ser prestadas ao longo do certame, sem embaraço à sua conclusão. A propósito, por expressa determinação do CNJ, em decisão proferida pelo Conselheiro Paulo Teixeira nos autos do Procedimento de Controle Administrativo n.° 0003242-06.2014.2.00.0000, na data de 16.03.2015, o Tribunal de Justiça de Alagoas deve fornecer as informações em falta no prazo de 20 (vinte) dias, após o qual o certame poderá ter, enfim, regular prosseguimento. O tempo dos cartórios enquanto “capitanias hereditárias” está próximo do fim, ainda que tal fato desagrade a oligarquia patrimonialista que atua de modo insidioso para postergá-lo indefinidamente. Maceió, 24 de março de 2015 TutmésAiran de Albuquerque Melo Desembargador Presidente da Comissão do Concurso dos Cartórios
10 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE MARÇO A 02 DE ABRIL DE 2015 NR20
Alagoas é segundo estado a implementar norma de segurança em postos de combustíveis Consumidor também terá de mudar hábitos na hora de abastecer seu veículo; multa a estabelecimentos pode chegar a R$ 250 mil VERA ALVES veralvess@gmail.com
A
partir de agosto, o alagoano vai notar algo de diferente quando for abastecer seu veículo. Este é o prazo para que em todos os postos de combustíveis do estado, 25% dos trabalhadores tenham sido capacitados dentro do que determina a NR20, a Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego que “estabelece requisitos mínimos para a gestão da segurança e saúde no trabalho contra os fatores de risco de acidentes provenientes das atividades de extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis”. Ainda que focada na segurança e saúde do trabalhador, a NR20 é também garantia de segurança para quem for abastecer e que também terá de mudar alguns hábitos, como o de exigir do frentista que o combustível beire a boca do tanque. Outras regras simples, mas hoje não respeitadas, passarão a ser exigidas, como sair do veículo que for abastecido com o GNV,o Gás Natural Veicular. E voltará a ser proibido o uso de celular nos postos de combustíveis. Não fumar está entre as regras essenciais a serem cumpridas. O não cumprimento do que determina a NR20 vai sair caro
para o empresário. As multas, somadas, chegam a R$ 250 mil, sendo que em caso de reincidência o posto pode ser fechado. A complexidade das exigências da NR20 levou o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Alagoas (Sindicombustíveis/ AL) a firmar, no dia 19 deste mês, um Termo de Compromisso junto com o Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo no Estado de Alagoas e Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Alagoas (SRTE/AL). O objetivo: estabelecer um cronograma de implantação da norma que, embora já esteja em vigor, ainda não foi efetivamente implementada e não apenas em Alagoas, mas em todo o país. O empresariado alagoano do setor, aliás, é o segundo no país a se organizar para por em prática o que determina a NR20. O Rio de Janeiro saiu na frente e já tem adaptados quase 100% de seus estabelecimentos, marca que Alagoas pretende alcançar até fevereiro de 2017. O termo de compromisso firmado entre patrões e empregados e a SRTE estabelece prazos de implantação da norma, com prioridade para o treinamento adequado dos frentistas, já que são eles a lidarem de forma mais próxima com os líquidos inflamáveis – mais sujeitos,
Uso de luvas pelos frentistas, uma das exigências da NR20, já é observado no Posto Gama, em Maceió
portanto, aos riscos da inalação de gases e contato com a pele nos casos de vazamento – e a estarem em contato direto com o consumidor. Ao longo de 2014, 2.073 trabalhadores receberam treinamento dentro do que determina a NR20 e este ano, até fevereiro, outros 161 já haviam sido capacitados. Os números são do sindicato dos trabalhadores, cujo presidente, Walter Freire dos Santos, revela que hoje, no estado, há cerca de 4 mil frentistas em atividade. O uso de equipamento individual de proteção, a exemplo de luvas, passará a ser exigido do frentista na hora em que ele for manusear a bomba para abastecer um veículo. Saber como lidar com motoristas e passageiros na hora de solicitar que desliguem o celular ou saiam do veículo também integram o conjunto de orientações que estão sendo repassadas aos
frentistas. Mas a NR20 não é só isto; é muito mais. Presidente do Sindicombustíveis/AL, James Thorp Neto explica que, como norma voltada à segurança e saúde do trabalhador, a NR20 é focada no ambiente de trabalho e este deve atender determinadas especificações, inclusive técnicas e que abrangem desde a recepção dos combustíveis e seu armazenamento até a sinalização do local e plano de resposta para situações de emergência. A entidade, que representa os 380 postos de combustíveis do estado, dos quais 130 só na capital,vem capacitando multiplicadores para o treinamento dos funcionários e optou por realizar treinamentos setorizados nas regiões em que a concentração de estabelecimentos é menor. Desta forma, algumas cidades estão servindo de polo
para os cursos. Thorp destaca ainda que, dentro da implantação escalonada da NR20, os funcionários de lojas de conveniência, de farmácias e de quaisquer outros serviços existentes nas áreas dos postos também terão de passar por treinamento. MULTAS E EXIGÊNCIAS Embora seja no contato direto com os frentistas que a população vá sentir a diferença do antes e depois da NR20, a norma tem exigências que obrigarão os postos de combustíveis a adaptarem suas estruturas físicas e a elaborarem planos sob pena do pagamento de pesadas multas. A maior delas, no valor de R$ 72 mil, se refere à ausência dos projetos de manutenção e inspeção. Quem não providenciar a capacitação dos funcionários pagará multa de R$ 46 mil.
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NR20
James Thorp diz que, ao garantir a segurança do ambiente de trabalho, norma protege também usuários
Não possuir o prontuário de implantação e planta do posto implica em multa de R$ 8 mil. A ausência de um estudo de análise de riscos custará R$ 45 mil; não dispor do projeto de instalação pode levar a multa de R$ 18 mil; falhas na inspeção de segurança e saúde estão sujeitas a multa de R$ 27 mil, mesmo valor para quem não possuir um plano de prevenção e controle de vazamento; não dispor de projeto de controle de fontes de ignição e equipamentos elétricos renderá multa de R$ 9 mil; e, o estabelecimento que não dispuser de plano de resposta para situações de emergência fica sujeito a multa de R$ 24 mil. Chefe do Núcleo de Segurança e Saúde do Trabalhador da SRTE/AL, Elton Machado alerta que a fiscalização ao cumprimento da norma será rigorosa, mas destaca que a participação da sociedade será fundamental para que a segurança nos postos seja assegurada e a saúde dos trabalhadores preservada. Segundo ele, sindicatos de patrões e empregados e a Superintendência irão promover, no segundo semestre
deste ano, uma campanha de conscientização e esclarecimento a ser veiculada na mídia alagoana. MEIO AMBIENTE A despeito da alta concentração de produtos tóxicos e inflamáveis nos postos de combustíveis, são raros os registros de acidentes neste tipo de estabelecimento o que se deve, em grande parte, às normas ambientais em vigor no Brasil. A mais recente delas é a Resolução 273 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), datada de 29 de novembro de 2000, que “estabelece diretrizes para o licenciamento ambiental depostos de combustíveis e serviços e dispõe sobre a prevençãoe controle da poluição”. Responsável pela concessão das licenças de instalação e operação dos postos, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) desenvolve desde 2005 uma intensa fiscalização aos preceitos da resolução e chegou, inclusive, a interditar alguns estabelecimentos no estado por não se adequarem às regras nela estabelecidas.
Fiscalização será rigorosa, garante Elton Machado, da SRTE/AL
SAIBA MAIS SOBRE A NR20 Datada de 1978, a Norma Reguladora 20 foi atualizada em 2012 após consulta pública iniciada 10 anos antes, quando foram feitas várias sugestões pela sociedade civil organizada. A revisão se tornou necessária já que o texto original tinha como foco apenas o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) e usava como parâmetro de medidas preventivas a acidentes o conceito de “distância de segurança”. A partir da revisão, oficializada através da Portaria 308 da SIT (Secretaria de Inspeção do Trabalho), a NR20 passou a ter como diretriz a gestão da segurança e saúde no trabalho. No ano passado, a Portaria 1.079 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) prorrogou os prazos para adequação dos estabelecimentos à norma. No caso dos postos de combustíveis, este prazo venceu em setembro de 2014. Destaque-se, ainda, que, além dos postos de combustíveis, outros ramos de atividade com inflamáveis estão igualmente sujeitos à NR20, de acordo com a seguinte classificação. Classe I a) Quanto à atividade: a.1 - postos de serviço com inflamáveis e/
ou líquidos combustíveis. b) Quanto à capacidade de armazenamento, de forma permanente e/ou transitória: b.1 - gases inflamáveis: acima de 2 ton até 60 ton; b.2 - líquidos inflamáveis e/ou combustíveis: acima de 10 m³ até 5.000 m³. Classe II a) Quanto à atividade: a.1 - engarrafadoras de gases inflamáveis; a.2 - atividades de transporte dutoviário de gases e líquidos inflamáveis e/ou combustíveis. b) Quanto à capacidade de armazenamento, de forma permanente e/ou transitória: b.1 - gases inflamáveis: acima de 60 ton até 600 ton; b.2 - líquidos inflamáveis e/ou combustíveis: acima de 5.000 m³ até 50.000 m³. Classe III a) Quanto à atividade: a.1 - refinarias; a.2 - unidades de processamento de gás natural; a.3 - instalações petroquímicas; a.4 - usinas de fabricação de etanol e/ou unidades de fabricação de álcool. b) Quanto à capacidade de armazenamento, de forma permanente e/ou transitória: b.1 - gases inflamáveis: acima de 600 ton; b.2 - líquidos inflamáveis e/ou combustíveis: acima de 50.000 m³.
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MARIBONDO
Prefeito doa imóveis públicos sem autorização dos vereadores Presidente da Câmara denuncia irregularidade ao Ministério Público Estadual e pede providências RONALDO LIMA especial para o EXTRA
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nterditado há mais de um ano, por não atender as exigências de funcionamento, o prédio e terreno do matadouro do município de Maribondo foram cedidos a uma empresa privada pelo prefeito sem a devida autorização legal pela Câmara de Vereadores, o que provocou mal estar e revolta por alguns membros do legislativo. As obras no local já foram iniciadas. Com base na irregularidade administrativa, o presidente da Câmara Municipal de Maribondo, Ubiratan Nunes, encaminhou requerimento à prefeitura de nº 04/2015, há 15 dias, solicitando informações sobre a cessão do prédio e terreno, mas nenhuma resposta foi dada pelo executivo municipal. Outra providência adotada pelo vereador Ubiratan Nunes foi encaminhar ofício ao juiz e ao promotor da Comarca de Maribondo informando sobre as irregularidades cometidas pelo prefeito, ao tempo em que solicita as medidas cabíveis que o caso requer. “Nossa preocupação é que não haja prejuízo ao erário municipal, e estamos provocando o judiciário para que as providências cabíveis sejam tomadas”, argumenta o presidente da Câmara de Vereadores de Maribondo. PREJUÍZO Enquanto isso, como informa Ubiratan Nunes, o abate de animais continua sendo feito no município de Arapiraca, causando com isso, prejuízo para o comércio de Maribondo.
Terreno público cedido pelo prefeito de Maribondo a uma empresa privada para construção do matadouro do município
Gestor de Juventude de São Miguel dos Campos participará de encontro nacional O Diretor de Juventude da Secretaria Municipal da Infância, Juventude e da Promoção da Paz (SEIJPAZ), João Paulo Neves, está entre os 100 principais gestores de Juventude do Brasil selecionados pela Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) para participar do III Encontro dos Municípios com Desenvolvimento Sustentável, organizado pela Frente Nacional de Prefeitos, que acontece em Brasília, entre os dias 7 e 9 de abril. O encontro reunirá prefei-
tos de todo o País e gestores de juventude para discutir sobre a sustentabilidade urbana, abordando assuntos de interesse comum entre os municípios brasileiros. Esta edição terá como eixo central o tema “Nova governança federativa e o papel das cidades no Brasil e no mundo”. Crise Hídrica, Mobilidade Urbana, Saúde Pública, Educação e Desenvolvimento Econômico são os demais temas do encontro. João Paulo Neves falou sobre a importância do evento.
“Estou muito feliz em saber que fui escolhido entre tantos gestores de Juventude no país inteiro, isto é um sinal claro que o trabalho que estamos desempenhando esta surtindo efeito, e sei da responsabilidade que tenho em representar bem São Miguel dos Campos, e ser a voz da nossa Juventude neste encontro de nível internacional, pois o desenvolvimento sustentável é um processo que requer uma participação efetiva e conjunta de todos e todas”, frisou Neves.
14 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE MARÇO A 02 DE ABRIL DE 2015 ENCONTRO COM DILMA
Para Renan Filho, NE é alavanca do desenvolvimento do Brasil Aliança com o governo federal dinamiza economia regional, gera emprego, distribui renda e fortalece a presença do Estado como indutor do crescimento econômico nacional CAMILA FERNANDES Fotos: Thiago Araújo
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governador Renan Filho protagonizou reunião no Palácio do Planalto para demonstrar apoio e estreitar parceria com o governo federal, na tarde da última quarta-feira (25). O gestor alagoano e os demais oito governadores do Nordeste foram recebidos pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para negociar a continuidade dos investimentos na região, em especial das obras do PAC, a captação de crédito, melhorias na saúde e ações emergenciais para combater a seca no semiárido. Na ocasião, as autoridades fizeram publicamente uma defesa institucional da chefe de Estado, com a entrega simbólica da “Carta de apoio à presidente”. Recebeu destaque na pauta, o acesso a financiamentos internos e externos, de acordo com a capacidade de endividamento de cada estado, voltados à infraestrutura e contrapartidas em convênios federais. Também foi pleiteada a continuidade dos investimentos em andamento no Nordeste, em especial as obras do PAC, do programa Minha Casa, Minha Vida, da Petrobras e em recursos hídricos, respeitando o momento de ajuste fiscal do país. Alternativas de novas fontes para o financiamento da
Presidente Dilma recebeu o apoio dos nove governadores nordestinos em encontro que foi considerado altamente positivo por Renan Filho
saúde, com a taxação de recursos para este fim, a ampliação dos serviços e leitos oferecidos ao cidadão também foram abordados. Foi definido ainda como prioridade o funcionamento do Sistema Único de Segurança Pública, com programas como o “Brasil Mais Seguro”, “Crack, é possível vencer”, além da melhoria no sistema prisional da região. Por fim, os governantes solicitaram a criação de um fundo para combater a estiagem e a seca, com poços, carros pipa e adutoras. Renan Filho também abordou a subvenção do pagamento da cana de açúcar aos produtores da região.
Ao final do encontro no Planalto, Renan Filho demonstrou otimismo com relação à postura da presidente Dilma Rousseff e reafirmou a importância do desenvolvimento do Nordeste como alavanca para a retomada do crescimento econômico do país. “Este encontro representa o primeiro passo para a ampliação do diálogo entre os estados do Nordeste brasileiro e o governo federal para garantirmos dinamismo da economia regional, gerando emprego, distribuição de renda e fortalecendo a presença do Estado como
indutor do crescimento econômico nacional”, completou o governador alagoano. A presidente Dilma Rous-seff agradeceu o apoio do grupo e reforçou como prioridade a estabilidade institucional e democrática do país. Ela enfatizou a importância dos projetos estruturantes no Nordeste, com prioridade para as obras da transposição do São Francisco, bem como o avanço nas negociações de recursos advindos de grandes fortunas para a área da saúde. Tais decisões, no entanto, dependem de aprovação do ajuste fiscal, conforme citado pelo governo
federal. Uma nova agenda, prevista para 20 de abril, irá reunir governadores, deputados e senadores dos estados nordestinos, visando convergir esforços e buscar soluções concretas para os desafios da região de forma alinhada entre os agentes políticos em diversos níveis. Além do gestor alagoano, participaram da reunião os governadores Camilo Santana (CE), Flávio Dino (MA), Jackson Barreto (SE), Paulo Câmara (PÉ), Ricardo Coutinho (PB), Robinson Faria (RN), Rui Costa (BA) e Wellington Dias (PI).
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DOUGLAS APRATTO E A VIS SUJO, ATRASAD ODILON RIOS Especial para o EXTRA
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romântica visão da História alagoana é quebrada por uma frase que impacta o olhar do leitor exigente: um historiador que não mede a grafia das palavras. Mostra que a elite alagoana detesta viver no Estado que a pariu; “ganha dinheiro e adora o exterior”. E tem uma visão, há 400 anos, sobre o povo: ele é “sujo, atrasado, bárbaro”. A série “Alagoas, 200”- que faz um raio X sobre o passado, o presente e o futuro de Alagoas em seu bicentenário- continua no EXTRA desta semana entrevistando Douglas Apratto Tenório, 70 anos. É autor de mais de uma centena de livros e artigos que transitam entre o Jornalismo e a História. “Fico estarrecido com certas atitudes machistas, discriminatórias, enganadoras, narcisísticas, truculentas. Até temas literários, artísticos e históricos têm dono, são proprietários que se declaram inimigos de qualquer um que ousar trabalhar o mesmo assunto que não tem dono e é enriquecedor que haja muitos e muitos trabalhos sobre o tema”. VEJA ENTREVISTA: Há duas contradições na História: Zumbi é retratado como o heroi que se matou para não se entregar às tropas portuguesas; Calabar era o traidor que decidiu o rumo de uma guerra. Os mitos da elite são pouco conhecidos ou estão nas fachadas das escolas municipais. Como explicar a um estudante alagoano essa contradição? Contradição para uns e co-
erência para outros. As paisagens de Paris, as belezas norte-americanas são muito mais interessantes que as vistas de Piranhas ou os panoramas do rio Manguaba, em Porto de Pedras e Porto Calvo. Nosso povo é sujo, atrasado, bárbaro. Assim pensa nossa “casa grande” que detesta onde vive e ganha dinheiro e adora o exterior, onde sempre pensa e vai gastar o que aufere aqui.. Por isso temos, embora ambos guerreiros, valentes, uma figura histórica, Nassau, de atitudes nobres, progressistas e a outra, do povo de Alagoas, Calabar, de feições duras, feia, mestiça, meio negro, meio índio, sem eira nem beira, representante da plebe ignara, com o infame labéu de traidor. O cidadão deve estudar suas raízes, pesquisar nossa formação, a história de seu povo, conhecer seu Estado, suas regiões, e se possível conhecer também o exterior e até reconhecer suas excelências, mas deve sempre considerar que o rio mais belo é o riacho que corre em sua cidade natal.
O cidadão deve estudar suas raízes, pesquisar nossa formação a história de seu povo, conhecer seu Estado, suas regiões, e se possível conhecer também o exterior e até reconhecer suas excelências, mas deve sempre considerar que o rio mais belo é o riacho que corre em sua cidade natal”
Onde o senhor identifica, na nossa história que o modelo pensado e imaginado para Alagoas pelos seus gestores começou a falhar? Entendo que o marco zero de nossas dificuldades está no século XIX, precisamente após a emancipação em setembro de 1817. Não é que o passado colonial fosse uma maravilha. Foi ele o pai, a mãe e matriz de nossa involução em setores vitais. Exploração desenfreada dos recursos naturais, monopólio, feudalização, economia de exportação em detrimento de uma atividade econômica diversificada e mais escravidão, latifúndio, agrarismo, anti-industrialização, e princi-
palmente o desprezo à educação universal. Nada bom. Mas é no momento da autonomia, que foi um processo gestado na luta havida no século XVIII que tivemos a oportunidade de mudar o modelo. E com a nossa emancipação as coisas infelizmente mudaram para continuarem como eram. ( vide Lampedusa). Mais adiante a província convertida em Estado federativo, continuou pobre, segregacionista, excludente,
sem uma classe média forte e crítica, posicionada, que dissesse não a certas coisas. Creio que nossa elite pensante, progressista, aderiu, omitiu-se, emudeceu. E La nave va. O tráfico negreiro proibido pela Coroa Imperial, era feito às escancaras nos portos do Francês, em Paripueira, em Coruripe, em Barra Grande. A educação continuou para pouquíssimos, só para os mais ricos que mandavam seus rebentos estudarem
nos melhores centros da Europa ou em Olinda, Salvador e Rio de Janeiro. A política foi empalmada pelas grandes famílias que se digladiavam entre si, mas sempre chegavam a algum acordo vantajoso para elas. É triste vermos que essa consciência de classe ainda vigora hoje. Pessoas esclarecidas, até com verniz socialista, progressista, de esquerda, que tem atitudes inconscientes extremamente esquisitas, reacionárias. Fico estarrecido com certas atitudes machistas, discriminatórias, enganadoras, narcisiticas, truculentas. Até temas literários, artísticos e históricos tem dono, são proprietários que se declaram inimigos de qualquer um que ousar trabalhar o mesmo assunto que não tem dono e é enriquecedor que haja muitos e muitos trabalhos sobre o tema. É conhecido o episódio, alguns anos após nossa emancipação, quando se fundou, pelo governo, o primeiro jornal alagoano, um
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ISÃO DO POVO ALAGOANO: ADO, BÁRBARO importante senhor incomodado em plena via da rua do Comércio porque um escravo passou por ele e não baixou os molhos ou o cumprimentou deu-lhe uma tremenda surra que quase levou o pobre negro a morte.. Uma notinha do redator, o francês Bois Garin,no Iris Alagoense, fê-lo ser alvejado no mesmo dia, com vários tiros, o que levou o jornalista a sair correndo de Maceió e nunca mais voltar.. E nada foi apurado nem corrigido. Foi, portanto, nas décadas seguintes a década de 20 do século XIX que não conseguimos decolar, delineando nossa trajetória de uma forma diferente da montagem do sistema oligárquico, restrito, tradicionalista e de base agrária. Quem é ou o quê é o povo alagoano? Ele é uma poeira de ouro, como dizia o governador Silvestre Péricles? A expressão “poeira de ouro” foi cunhada por Silvestre Péricles, membro do clã dos Góis Monteiro que teve forte influência na política alagoana a partir da Revolução de 30. Um dos líderes principais líderes do movimento tenentista triunfante e depois do período varguista foi o General Pedro Aurélio, irmão de Silvestre. Todos os familiares a exemplo de Edgar e Ismar, foram dirigentes políticos em Alagoas, por isso nosso Estado era conhecido no sul como “Alagoes”. Silvestre era alinhado com a linha populista, desenvolvimentista e getulista e é uma figura controvertida por suas atitudes insólitas. Quanto a pergunta inicial Silvestre estava antenado quando o chamava de “poeira de ouro”. Teoricamente é o conjunto de alagoanos unidos pelo pertencimento de tradições, costumes e história comum, mas podemos
A política foi empalmada pelas grandes famílias que se digladiavam entre si, mas sempre chegavam a algum acordo vantajoso para elas. É triste vermos que essa consciência de classe ainda vigora hoje” dizer que na verdade é a parcela maior da população trabalhadora, a mais pobre, excluída, que não possui o mínimo dos direitos fundamentais atendidos como educação pública e saúde assegurada pelo Estado. Segundo o IBGE, 40 mil crianças em Alagoas passam fome enquanto o Ministério Público revela uma folha de marajás com salários três vezes maiores que um do ministro do STF na Assembleia Legislativa. Nós chegamos ao fim da nossa história? Nossa divida social é escabrosa, indecente e nela estão educação e saúde em primeiro lugar. O recorde de desigualdade social, a distância entre os mais ricos e os mais pobres, explicam a miséria e os indicadores que nos envergonham. Quando assistimos calados, como se fosse a coisa mais normal do mundo, as escolas públicas fechadas, anos para intermináveis reparos, o calendário escolar interrompido e sem fechar nunca, a contratação de monitores regularmente., a falta de uma educação integral com esporte, musica, teatro,li-
teratura, bibliotecas, oficinas, nós encontramos a razão de nossos indicadores de miséria e de máxima violência. Entendo que não há razão para deplorar nossa emancipação. È um processo histórico e a autonomia é construída por cada geração. Será que não falhamos todos com nosso omissão? Quanto ao “fim da história” preconizado por Francis Fukuyama na década de 90,no bojo de uma seria crise ideológica, ele deu com os burros nagua completamente. A nova ordem capitalista sem guerras, um mundo dourado de forte desenvolvimento econômico das nações , uma era de plena democracia e igualdade social, onde inexistiria fatos históricos relevantes foi um sonho de uma noite de verão do historiador norte-americano. Por isso “mutatis mutandis” o fim da história alagoana não existirá. A História sempre se transforma através de desvios. A crise alagoana abre incertezas e possibilidades. O exercício da cidadania. A conscientização e a participação de nossa elite progressista em algum momento abrirá janelas e oportunidades. Vejo as redes sociais com potencial e o pessoal da cultura está mostrando que algo inovador sempre pode acontecer. Alagoas modulada por sua elite verdadeira, não a elite burra, pirata, saqueadora, pode por um sentido da necessidade, calcular o seu caminho. Quem sabe políticos novos como o atual governador e o atual prefeito, parlamentares novos, diferentes, se não eles, decerto outro surgirão, contribuirão para corrigir contradições e arregimentarão nossas próprias energias, políticos,trabalhadores, artistas, intelectuais, poderão contribuir para tratar melhor seus problemas fundamentais. Estamos condenados a nos de
Quem é? Douglas Apratto Tenório, 70 anos, é diplomado em História pela Universidade Federal de Alagoas, mestre e doutor em História pela Universidade Federal de Pernambuco. Ocupa cadeiras vitalícias na Academia Alagoana de Letras e Instituto Histórico e Geográfico. É vice-reitor do Centro de Estudos Superiores de Maceió, o Cesmac. Na sua produção intelectual, transita entre História e Jornalismo. Principais livros: - A Tragédia do Populismo (Maceió, Edufal, 1995); - Capitalismo e Ferrovias no Brasil (Curitiba, HD Livros, 1996); - Redescobrindo a Cartofilia Alagoana (Recife, Massangana, 2008), em parceria com a museóloga Carmem Lúcia Dantas; - A História de Alagoas em Quadrinhos, Maceió, Ed. Catavento, 2002, com Leda Maria de Almeida e Tiago Amaral; - O Que é Maceió- A História em Quadrinhos da Capital de Alagoas, Maceió, Ed. Catavento, 2003, com Leda Maria de Almeida e Ênio Lins - Capítulos da História Contemporânea, Maceió, Imprensa Oficial, 1967; - Capítulos de História do Brasil, Maceió, IGASA, 1976 (prêmio Cidade de Maceió, 1976, da Fundação Educacional de Maceió e da AAL); - As Ferrovias em Alagoas. Estudo da Implantação do Transporte Ferroviário nas Alagoas Durante o Período Imperial Até o Alvorecer do Período Republicano, Recife, Ed. Grafbom, 1977; - A Imprensa Alagoana no Ocaso do Império, (A Imprensa Alagoana no Arquivo de Pernambuco) Recife, 1977, tese para o Curso de Mestrado em História da Universidade de Pernambuco, (mimeo. menção honrosa da AAL); - A Sociedade e a Política Alagoana nas Décadas de 20 e 30, Maceió, Imprensa Universitária, UFAL, 1977; - A Metamorfose das Oligarquias, Curitiba, HD Livros, 1997, prêmio Costa Rego, da Assembléia Legislativa de Alagoas/AAL; Contato: douglasapratto2@hotmail.com
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18 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE MARÇO A 02 DE ABRIL DE 2015 DESCASO
Monumentos das praças de Maceió pedem socorro
tro, foi engolida pela ferrovia e pontos de ônibus e já nem pode ostentar o nome. A Praça da Liberdade, no bairro de Jaraguá, construída na administração de João Baptista Acioly Júnior, em 1918, cedeu espaço para a duplicação da avenida. O pouco que restou é abrigo de entulho e lixo. Até restos de colchões são vistos por lá. Apenas dois bancos continuam no local, um foi quebrado. A ferrugem consome a Estátua da Liberdade, peça de ferro fundido de autoria de Bartholde e com assinatura da fundição francesa Val d´Osner. Ela guarda a frase “ProsperidadeAlagoas, Brasil”. E como ironia, uma figura do pierrô nos fundos do Museu da Imagem e do Som olha pra ela com seu olhar triste e desolador. É bom não esquecer: De acordo com o artigo 163 do Código Penal Brasileiro, “destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia” acarreta em pena de detenção de um a seis meses ou multa.
Nos 200 anos da capital alagoana, logradouros são abandonados e sofrem ação de vândalos MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com
“N
ossas praças estão mortas”. “A terra dos Marechais é hoje uma terra dos generais sem espada”. “A Sinumbu virou gueto”. Essas são algumas das observações feitas pelo maceioense para mostrar a indignação com o poder público pelo estado de abandono das praças de Maceió. E no ano em que a capital alagoana completa dois séculos, as praças e monumentos pedem socorro para que sejam contempladas e reverenciadas fazendo jus a seu valor cultural e histórico. As praças de Maceió foram por muito tempo ponto de encontro, de descanso, de jogar conversa fora e até de se aproveitar a sombra das árvores para tirar um cochilo. Mas hoje deram espaço à degradação, ao vandalismo e servem de ponto de prostituição e drogas. Houve até um tempo em que elas foram cercadas, na administração do prefeito Pedro Vieira. Mas nem as grades foram suficientes para evitar a degradação e, por conta da polêmica, foram retiradas.
E o que dizer do antigo Largo das Princesas e agora, Praça Deodoro, no Centro de Maceió? Em um cenário deslumbrante, ela abriga a escultura de bronze do primeiro presidente do Brasil, Marechal Deodoro da Fonseca. Mas, mesmo diante de tanta riqueza cultural e histórica, nem mesmo o marechal foi poupado. A escultura de bronze de Deodoro em cima de um cavalo já não sustenta mais as rédeas e nem ostenta brasões e placas. Nas décadas de 60 e 70, a Praça dos Martírios (Floriano Peixoto), era uma atração, com sua fonte luminosa, construída no governo de Luiz Cavalcante. A estátua do marechal perdeu sua espada e várias peças de bronze. Hoje, abandonada e entregue a vândalos. O descaso fica bem ao lado do Palácio do Governo e sob o olhar do senhor dos Martírios. A Praça Sinimbu tinha o “mijãozinho”- um garoto que fazia xixi sem qualquer pudor, o que chamava a atenção principalmente da criançada. Hoje, o cenário é de degradação e o chafariz não passa de metralha que abriga o mato. A pomposa estátua do visconde de Sinimbu
PROJETO PARA REVITALIZAR AS PRAÇAS
Degradação: estátua do visconde de Sinimbu é abrigo de pombos
é morada de pombo. O logradouro, em si, serve de abrigo para moradores de rua e acampamento para integrantes do Movimento Sem Terra (MST). A população já não dispõe de um espaço de lazer diferenciado. O descaso tem sido marca registrada de vários gestores de Maceió. As praças pedem vida. Querem ser limpas, plantadas, podadas, iluminadas e habitadas de forma organizada. Outro retrato claro do abandono é a Praça da Faculdade (Afrânio Jorge), entre os bairros do Centro e Prado. Napoleão, representado em uma estátua, há tempo perdeu a guerra por lá. A indignação é total e os poucos frequentadores do local
se revoltam. Uma dona de casa, que não quis se identificar, disse que essa era para ser a praça mais bonita da cidade e que “tem que jogar as fotos na internet para o mundo inteiro ver o desrespeito.” O espaço passou a ser estacionamento de ônibus, vans, carros e caminhões. Sem fiscalização, o coreto é ponto de drogas e prostituição, além de se transformar em banheiro público. A fedentina, mato e o lixo se confundem e contribuem com o cenário devastador. “A polícia passa de ano em ano e se a pessoa der bobeira é assaltada à luz do dia”, completou a dona de casa. A Praça do Pirulito, no Cen-
O coordenador de Parques e Jardins de Maceió, José Rubens, garantiu que a prefeitura tem projeto para reitalização das praças de Maceió. São cerca de 200 logradouros. Segundo ele, já houve licitação e a equipe trabalha “em cima do orçamento”. Quanto à restauração dos monumentos, ele disse que será feito um contrato paralelo, pois devem receber tratamentos diferentes. Serão mais de R$ 4 milhões que serão investidos no projeto. De acordo com Rubens, a cidade foi dividida em dois lotes. A parte baixa e a parte alta. Na baixa, está sendo concluído o orçamento e já há um projeto pronto do Corredor Vera Arruda e na alta será contemplada, a princípio, a Praça do Sanatório. Outra obra que segundo ele deve ter início nos próximos dias é a recuperação do canteiro próximo à Secretaria Municipal de Saúde, no Centro, até o cinturão verde da Braskem, no
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PEDROOLIVEIRA pedrojornalista@uol.com.br
Com Suruagy morre um pedaço de Alagoas Digo com toda a convicção que Divaldo Suruagy foi a maior referência de homem público nas últimas cinco décadas em Alagoas. Junto com outro político, Guilherme Palmeira, construíram e mantiveram por todos esses anos imagens de exemplo de probidade, liderança e muito fizeram nos mandatos que desempenharam pelo desenvolvimento do Estado. Fui apresentado a Divaldo em 1974 por Guilherme que acabava de ser reeleito para a Assembleia Legislativa enquanto ele se preparava para assumir o governo do estado pela primeira vez. A partir daí nossa amizade foi se solidificando e sempre estive muito presente na sua caminhada ao ponto de muitos imaginarem que trabalhasse em sua administração. Era sempre uma confusão que faziam em função da proximidade de Suruagy e Guilherme com quem sempre trabalhei. Tive o privilégio de conviver com essa figura ímpar, frequentando sua casa e vendo crescer suas “meninas” (Mônica, Valquíria, Cristina e Patrícia), hoje mulheres de sucesso profissional conquistados por mérito, sob o manto protetor dessa exemplar figura de mãe, companheira e alicerce familiar Luzia. Governando Alagoas em termos de obras ninguém o igualou, entregou milhares de casas populares para famílias pobres, da mesma forma com relação a empregos e geração de renda através de programas na agricultura e pecuária. Rasgou o estado de canto a canto com estradas e também foi quem mais construiu escolas e postos de saúde. Firme em suas convicções e propósitos tinha verdadeira paixão por Alagoas e por ela “iria até ao ferimento mais grave”, nas palavras do jornalista Noaldo Dantas. Combatia o bom combate, sempre respeitoso até com os adversários. Em toda nossa convivência nunca ouvi uma atitude sua que caracterizasse perseguição de qualquer natureza. Pautou sua vida em fazer o bem e assim o fez. Foi implacavelmente injustiçado na política que ele tanto honrou, mas como diz Enio Lins “Como jornalista acompanhei o desastre de 1997, eclodido por várias razões, dentre as quais se destaca o fato do governador Suruagy, em seu terceiro mandato, ter buscado manter – contra toda a lógica da economia – sua histórica postura de “pai do funcionalismo”. Isto é um pouco do que foi Divaldo Suruagy. Um homem digno, um político exemplar, um modelo a ser seguido. O maior homem público da história contemporânea de Alagoas.
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Para refletir: “Exatamente por pretender proteger os servidores, Suruagy sofreu o grande revés de sua longa carreira. Foi – repentina e injustamente – transformado em algoz daqueles que tentou desesperadamente ajudar”. (Enio Lins, jornalista, secretário de Estado da Comunicação)
Sua coragem cívica Certa vez ouvi de Mendes de Barros sobre a “coragem cívica” de Divaldo Suruagy em um dos momentos tensos de decisão política que antecedeu a indicação de Guilherme Palmeira como seu sucessor. Os opositores “minaram” o Palácio do Planalto e plantaram informações que comprometiam a escolha. Na véspera da decisão, nós do grupo de Guilherme estávamos em Brasília já há mais de vinte dias, tivemos a notícia de que o todo poderoso Golbery do Couto e Silva teria vetado a candidatura. Divaldo pediu uma audiência urgente com o presidente Ernesto Geisel que não “morria de amores” por nosso candidato, mas respeitava e admirava Suruagy. Peitou os generais e disse-lhes que só aceitaria um nome para governar Alagoas: Guilherme Palmeira. Em seguida o anúncio foi feito para a imprensa pelo professor Heitor de Aquino e Guilherme chamado ao Palácio do Planalto. “Que ninguém duvide da coragem cívica desse cidadão”, atestou para todos nós o sábio Mendes de Barros.
O seu lado do humor Na intimidade Suruagy era um grande gozador e seu humor nos divertia muito. Um detalhe: não admitia ser o foco da gozação. Mesmo assim eu o peguei algumas vezes e o deixei com raiva de mim. Passava logo. Certa vez a gente estava no Rio de Janeiro no Hotel Othon e ele inventou que eu havia pedido um “chá” no café da manhã e que nosso amigo e meu conterrâneo palmeirense, seu secretário de Comunicação, José Osmando, se alarmou com o pedido e retrucou: ”Está doente Pedro”? Aí ele mesmo completava: ”saiu de Palmeira, mas Palmeira não saiu dele”. Contou essa história inventada pra meio mundo.
Quase seria presidente No momento do sepultamento em emocionado discurso o ex-governador de Sergipe e hoje prefeito de Aracaju, João Alves, contou um fato que eu já conhecia, mas que foi surpresa para muitos. Suruagy quase foi presidente da República. Sempre foi o candidato da preferencia de Tancredo Neves para seu vice, por sua condição de líder no Nordeste e sua história de vida política. Disse isto a Guilherme Palmeira, Marco Maciel, Jorge Bornhausen e outros líderes da Frente Liberal. Circunstâncias da composição que assegurava a vitória de Tancredo fizeram com que o nome indicado fosse o de José Sarney, fato que visivelmente contrariou o candidato, mas os objetivos buscados eram maiores para o Brasil e tiveram que “engolir” o coronel do Maranhão, que com a trágica e inesperada morte de Tancredo Neves assumiu a presidência da República.
Um texto de Davi Soares
No episódio traumático da morte de Divaldo Suruagy ouvi e li muitos depoimentos, relatos e declarações sobre a vida e a obra do emblemático político alagoano . Um deles me tocou profundamente e me levou a emoção. É de autoria de um jovem e talentoso profissional, (Davi Soares) que não conheço pessoalmente, mas tenho muito respeito por seus textos éticos, impecáveis e corajosos. Reproduzo abaixo uma parte de sua matéria publicada no site Cada Minuto em homenagem ao bom jornalismo. “Em uma resposta anterior, Suruagy já havia considerado “uma piada, uma brincadeira” o processo de impeachment pelo qual foi condenado em setembro de 1997. Sobre as dificuldades do último governo, que atingiu em cheio milhares de servidores públicos, falou do contexto difícil para Alagoas, a partir da estabilização da moeda. E ainda desafiou: “Ninguém conseguiu encontrar nada que diminuísse a minha pessoa” Apesar de o registro de sua candidatura a deputado estadual ter sido cassado pela Justiça Eleitoral, em agosto de 2014, por conta de sua condenação no caso das “Letras Podres”, ninguém conseguirá diminuir Divaldo Suruagy, um homem de grandes realizações e erros fatais que não conseguirão apagar sua passagem pela vida pública. Ele mesmo tinha consciência plena disso: “Ninguém fez mais em Alagoas do que eu. Mas ninguém mesmo. Mande juntar todo mundo e ver meus governos. Eu dou um banho”. Depois da entrevista, o simpático ex-governador me presenteou com um exemplar autografado do livro Poeiras da Vida. Pedi para fazer novas fotos e registrei um olhar sereno, após aquela que pode ter sido a última entrevista para a imprensa alagoana. Um convite para que retornasse sempre que quisesse foi retribuído com um “boa sorte”. Mas o agravamento de seu quadro de saúde resultou em seu falecimento neste sábado (21). Aos familiares, amigos e assessores, os sentimentos deste repórter que relata aqui a experiência de ter conhecido o político e o ser humano Divaldo Suruagy.”
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ARTIGOS
De ponta-cabeça CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras
O
PT desde sua fundação, há trinta e cinco anos, parece ter como escopo pôr o país de ponta-cabeça. Um dos maiores movimentos da esquerda sul-americana, pregava a ética na política, quando ética e política eram coisas consideradas dessemelhantes ao status quo. Lutava pela democratização, em um período em que a democracia brasileira era a sufocada democracia dos militares no poder. Intimorato e sem máscaras, afrontava ostablishment,denunciando corrupção, corruptos e corruptores. Crítico, via as ações reformistas da social-democracia inócuas à superação dos males causados pelo capitalismo imperialista. De viés socialista, abstinha-se - ao menos segundo informação do seu líder maior, o Lula, em debate eleitoral em 1989 –de professar credos marxistas. Era o puro entre impuros; a vestal entre devassos; a mais virgem (se possível mais ou menos nessa questão) dentre as cinco afortunadas virgens da parábola cristã.
A essa altura o leitor certamente percebeu o uso do verbo no passado. E realmente tudo hoje é passado. Digo isso até com saudosismo, embora jamais tenha perfilhado a doutrina petista, até porque abomino intelectualmente dogmas filosóficos e políticos, aceitando apenas os religiosos, por serem questões da fé e não da razão. Se há nostalgia na crônica, isso se deve à admiração pela coragem dos petistas de então, e pela certeza de que havia pureza naqueles jovens, maniqueístas arrogantes ao ponto da chatice. Bem, talvez já então eu não acreditasse em tamanha pureza nessa coisa tão desvirtuada que é a prática política brasileira. Uma coisa porém não mudou no petismo: o hábito de pôr tudo de ponta-cabeça. Só que desta feita ele é que se pôs de pernas-pro-ar. Se lutava pela democracia, atualmente pensa até em controle da mídia, repudia a imprensa que lhe é contrária; aplaude, ajuda e apoia governos totalitários, vizinhos ou distantes. Se pregava a ética na política, compra o apoio de partidos políticos, de deputados e de senadores, aqueles mesmos que acusava; mente descarada e impunemente nas campanhas políticas, praticando duas ideias marginais: (1) a mentira mil vezes repetida adquire aparência de verdade; e (2) para se ganhar eleições, vale tudo. Se combatia corrupção, corruptos e corruptores, corrompeu-se e tornou-se um deles, a
sua própria impureza aflorando em lodaçal. O mais incrível de tudo é que apesar das fortes evidências de seus delitos, ainda tem voz e fôlego para distorcer verdades. Como criança pega em flagrante, alega que a corrupção não existe neste governo, sendo criação dos seus adversários; ou, se existe, não é só dele, mas de todos os outros partidos e governos anteriores; ou ainda, a corrupção que existe sempre foi combatida pelos governos petistas que determinaram as apurações necessárias. Nesse ponto, engendram nova enganação eleitoral, porquanto PT e governo foram surpreendidos pelas descobertas, sendo delas notáveis o “mensalão” e o “petrolão”. Afinal, quem não se lembra das declarações do Lula, então Presidente, de que o “mensalão” não existia, invenção que era de golpistas? Ou a cara de “sinhá, cadê minha calça” exibida pelo Ministro da Justiça quando estourou o “petrolão” graças à atuação do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e do Juiz Sérgio Moro? Dizer que a limpeza em curso do País ocorreu devido à independência que os Governos petistas deram à PF e ao MPF é botar a verdade também de ponta-cabeça. Afinal, de há muito que essas duas Instituições trilham republicanos caminhos, independentemente da vontade dos plantonistas donos do poder. Basta lembrarmos do Zé Dirceu, do Genoíno, do Delúbio, e de outros tantos petistas condenados da Justiça.
Eleitoral para “lavar” o dinheiro roubado do Tesouro Nacional e das estatais brasileiras, urdiu e operou o milionário mensalão e o multibilionário petrolão, assaltou o BNDES, incrementou, e muito, a corrupção endêmica do Congresso Nacional, dentre um sem número de malfeitorias reveladoras de algum propósito subliminar: - Moldar a República; fundar um partido estado; consolidar uma cleptocracia, a pior das ditaduras - Sim. Está na cara que esse roubo gigantesco não só, “apenasmente”, enriqueceu a famigerada “Máfia da Estrela”. Em verdade, a prática lulopetista nega o discurso moralista sustentado pelo PT
durante décadas. Mentiras a rodo a fim de viabilizar, “na maciota”, um golpe de estado. Inúmeros são os indícios de que esse gigantesco roubo levado a efeito nos últimos doze anos vem a ser um meio para financiar um golpe de estado. Enfim, o PT não admite ser parte, deseja ser o todo. No entanto, nada a temer, a luz e o calor do Sol da Pátria têm as virtudes assépticas necessárias para desinfetar a hipocrisia e totalitarismo exalados pelo finório “Partido dos Trabalhadores”, melancia podre “verde amarelada por fora. Vermelha e fétida por dentro.”
A melancia podre IRINEU TORRES Diretor do Sindifisco e conselheiro Emérito da Fenafisco
O
s números da corrupção lulopetista “et caterva” falam por si. Seria ingenuidade acreditar em mera gatunagem patrimonial utilitarista. É perfeitamente crível que o propósito do PT não é exclusivamente roubar o Brasil. Roubo patrimonialista é comum e pode existir em qualquer partido político. Mas, o PT quer muito mais. O PT quer o Brasil inteiro, ainda que falido, ignorante, famélico e lavado de sangue. O PT teve a desfaçatez de usar a Justiça
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ARTIGOS
De volta às ruas JORGE MORAIS Jornalista
O
movimento do dia 15 de março, quando mais de dois milhões de pessoas foram às ruas para se manifestar contra o governo; a roubalheira no país; em defesa da Petrobras; pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff; pela paz no Brasil; e, finalmente, contra boa parte dos políticos brasileiros, estará de volta no próximo dia 12 de abril. Com um volume menor nessa convocação em relação ao realizado em março, entendo que a participação do povo nas ruas é importante e contribui para a construção de um Brasil novo. Aproveito para perguntar: O que mudou no país, depois das manifestações do dia 15? Se a resposta for: muita coisa, até agora ainda não consegui compreender e
enxergar onde foram essas melhorias, uma vez que as cobranças vindas das ruas ainda não representaram nenhum ganho para a população. Até mesmo as medidas provisórias da presidenta Dilma, enviadas recentemente ao Congresso Nacional, não trazem nenhum benefício à classe trabalhadora sequiosa por melhorias já. Se a resposta à mesma pergunta for: nada, também não é bem assim, porque esse mesmo Congresso Nacional está muito mais atento e vigilante do que antes, inclusive demonstrado no comportamento do presidente do Senado, Renan Calheiros, que não admite mais que as medidas provisórias do governo sejam empurradas de goela abaixo, como em um passado bem recente. Como ainda tenho as minhas dúvidas quanto ao resultado e que resposta teremos em relação a tudo isso, entendo mesmo assim que o movimento é legítimo e necessário. Pior seria ou será se ficarmos de braços cruzados esperando que as coisas venham do céu. Neste momento, Deus está muito preocupado com
o que está acontecendo no mundo inteiro e, não custa nada, a gente colaborar para que as coisas possam melhorar aqui embaixo também. O movimento do dia 15 de março reuniu gente de todas as categorias profissionais e de trabalhadores comuns. Nas manifestações vi gente de direita e de esquerda. De direita, que não votaram na Dilma Rousseff, e que querem o Brasil sendo passado a limpo. De esquerda, que votaram na presidenta, e que podem até não se arrepender do voto, mas são contra a roubalheira que se instalou no país, de Norte a Sul e de Leste a Oeste. Portanto, independente se foram mais de 2 milhões de pessoas nas ruas ou se tinha um número menor, é importante e interessante que o povo se mantenha acordado. Eu mesmo sou contra ao impeachment, não votei na Dilma, mas não sou da turma do quanto pior, melhor. O que acho, no entanto, é que o governo do Partido dos Trabalhadores não pode é querer tapar o sol com uma peneira. Nao adianta o ministério da Dilma
falar em apuração, punição, responsabilizar, quando a maioria dos envolvidos é ligada ao partido e ao governo. O que parece é que os ministros da Dilma, principalmente o da Justiça, José Eduardo Cardoso, transfere culpas e acha que tudo está bem. Ou o ministro não sabe o que diz ou está no lugar errado, inclusive agindo com comentários jocosos que, verdadeiramente, não vem deixando satisfeitos seus colegas, a classe política e, pasmem, até as Forças Armadas brasileiras. Por isso, dentro da mesma linha de conduta, de comportamento e de interesse cívico e político, acho que o povo precisa voltar às ruas, independente se dessa vez teremos mais ou menos manifestantes nas cidades brasileiras. Sem cansar, entendo que, mensalmente, o Brasil precisa mostrar a sua cara e cobrar dos nossos governantes as promessas de campanha para um país melhor, limpo e bom para todos. Por isso, vou novamente as ruas e espero que você faça o mesmo. Dia 12, vem aí...
O passado se foi. Eu cresci. Suruagy experimentou da época de ouro ao ostracismo político. Mas não me esquecerei jamais de certas passagens. Como a da Nilda, dona de um bar na Avenida Jatiúca, onde até hoje conserva na parede em um quadro, meio que como obra de arte, uma carta escrita de próprio punho pelo então governador. Nunca fui de beber, mas ia ao bar me deleitar sobre um homem público que diante de tantos compromissos arrumava seu próprio tempo para responder carta de seus conterrâneos e admiradores. Já na adolescência, minha geração experimentou o hábito de toda sexta-feira se encontrar no Iguatemi, então o único shopping da cidade. E eu toda sexta, almoçava e ia ao cinema com amigos. E tinha bastante orgulho em apontar para o “senadinho” que era a reunião semanal de senhores de terceira idade que tomavam café juntos e batiam papo sobre história, política, filosofia, economia e arte. Dentre eles o Suruagy sempre estava presente. Camisa de linho, calça social, sapato social. A elegância dos homens de antigamente. Dava-me orgulho apontar para ele no meio daqueles, e dizer aos meus amigos
que aquele homem foi o melhor governador que Alagoas já teve. Jovens da minha idade não sabiam de sua história. Erro de nossa terra não reconhecer nossa história. Muitas vezes apenas o apontei, apenas o olhei de longe. Mas lembro de uma vez, bastou apenas uma única vez, que os olhos claros dele me olharam e sua voz inconfundível: “Tudo bem?”. Eu não esqueci aquele dia. Cumprimentei-o, me apresentei e ele ao ouvir o meu sobrenome logo perguntou pelos meus pais. Na despedida eu brinquei e perguntei se o chamava de “governador, prefeito ou senador?” e de imediato ele respondeu: “professor”- não sei se de brincadeira. Ali eu tive um dos bons ensinamentos da vida, valorizar a humildade. Era professor mesmo. E lá se foi o professor. Que a memória dos homens jamais seja esquecida. Que a história eternize as ações feitas em vida. Aqui uma singela homenagem, não em carta, tampouco a próprio punho. Mas de um jovem que num encontro de gerações aprendeu a cultuar os grandes homens de sua terra.
Divaldo Suruagy RICARDINHO SANTA RITA
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uito me honra poder expressar um testemunho de homenagem a um dos maiores homens da história de Alagoas. Fiquei feliz ao ver e ouvir inúmeras citações a Suruagy, mesmo após duas décadas fora da vida pública. Cresci na década de 90 no meio da classe política de meu estado, por conta das relações pessoais do meu pai. E quem me conhece sabe; se tem duas coisas que me fascinam são histórias de Alagoas e política, necessariamente nesta ordem. E na figura do Divaldo sempre percebi de longe como um dos maiores protagonistas do Estado, da boa política e da mistura que dá em política alagoana. Filho mais ilustre de São Luís do Quitunde - terra também da minha mãe - Suruagy foi personagem marcante quando da minha infância e adolescência. Em 1994 eu era criança e adorava cantar sua música de campanha ao Governo, que era “bate bate coração, é a vontade do povo. Teotônio e Renan para o Senado. Suruagy governador de novo”. E lá se foi um arrastão; ele teve mais de 80% dos votos, era a esperança de
retomada social e econômica do povo do nosso estado. Até hoje o governador mais bem votado de um estado, era de Alagoas. O terceiro mandato de governador o fez por erro de cálculo, não por racionalidade, mas por passionalidade. Poucos homens que já foram de tudo na vida abririam mão do vôo em cruzeiro num mandato senatorial para assumir riscos num Estado à beira da falência, e ele ouviu mais ao coração do que aos amigos, e se jogou numa missão que parecia ser impossível. O resultado é conhecido por todos. Melhor errar por amor que acertar por falta de compaixão, por Alagoas, poucos fariam o mesmo. Mas eu ouvi, durante toda minha vida, que o primeiro e segundo Governos do Divaldo haviam sido a melhor era de desenvolvimento do estado. Pujança econômica, criação de pólo industrial, desenvolvimento social, avanço na habitação, abertura de novas estradas, bom modernização do poder público, relações institucionais de plena harmonia, muitos empresários alagoanos se destacaram em nível nacional, tivemos crescimento da produção no campo e ao título que deram ao nosso estado de “filé do Nordeste”.
22 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE MARÇO A 02 DE ABRIL DE 2015 JORGE OLIVEIRA
Festa em Lisboa no lançamento do livro “Muito prazer, eu sou a morte” Lisboa – Portugal - “Uma festa grandiosa, um lançamento como poucos em Lisboa”, assim o jornalista e escritor Mauro Ribeiro definiu o lançamento do livro “Muito prazer, eu sou a morte”, do jornalista e cineasta Jorge Oliveira, na livraria Desassossego, da editora Chiado, que recebeu dezenas de amigos portugueses e brasileiros do escritor num encontro memorável entre jornalistas, escritores, empresários e personalidades da TV, onde também se fizeram presentes Ana Maria Rocha e os filhos do casal Pedro Zoca e Tuca Oliveira. O evento foi prestigiado pelo diretor-presidente da editora, Gonçalo Martins, pelo correspondente da TV Globo em Portugal, André Luiz Azevedo e pelo diretor da emissora Ricardo Pereira. O lançamento foi seguido de uma palestra do escritor que falou sobre o livro que brevemente também será autografado em Maceió, mas já está disponível na livraria Viva e na Leitura do Park Shopping. A noite de autógrafos foi de grandes emoções já que alguns dos amigos de Jorge Oliveira foram à Lisboa especialmente para festa, caso de Mauro Ribeiro que fez parte da mesa onde o presidente da editora apresentou “Muito prazer, eu sou a morte”, o primeiro de Oliveira editado em Portugal. Os próximos lançamentos do livro estão marcados para o Rio de Janeiro, Brasília, Vitória e Maceió. Paralelamente, Jorge Oliveira também lança este ano seu novo filme “Olhar de Nise” que conta a história da psiquiatra alagoana Nise da Silveira, documentário em fase de finalização com o patrocínio Master da Braskem.
Jorge Oliveira foi brindado pela presença de amigos brasileiros e portugueses no lançamento de seu livro em Lisboa. “Muito prazer, eu sou a morte”, também será lançado no Rio, Brasília, Vitória e em Maceió
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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com
Calcanhar de Aquiles
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CRB, com Alexandre Barroso técnico, motiva a torcida. O plantel é avaliado como bom, mas a diretoria, prudente, anuncia reforços no paralelo a dispensas. O Galo terá jogos também pela Copa do Nordeste e Série C do Brasileiro. Torcedores veem na defesa o calcanhar de Aquiles do time.
Reforços chegando Base do Galo é a de 2014 mas começa a ser alterada e espelha mudanças de Alexandre Barroso com reforços chegando na Pajuçara, entre eles Clebinho, destaque do time de 2014. A diretoria, opinam torcedores, faz o que tem de fazer. A prioridade é estar na Série B de 2016.
Pingo d´água Marcos Barbosa, presidente do CRB, tem aval de torcedores na saída de AdemirFonseca e das razões, além da perda do estadual de 2014 atravessada na garganta, o Galo ficar de fora do 1º turno do estadual. Derrota do domingo, para o CEO (1x0), é vista como acidente de percurso.
Pressão dificulta De Levir Culpi sobre o momento do Atlético-MG: “O time entra em campo com a obrigação de vencer e isso mexe com os nervos dos jogadores”. Frase foi dita antes da vitória (1x0) sobre o Santa Fé em Bogotá (Colômbia), jogo da Libertadores da América. O time avança para chegar às semifinais.
Complemento Ainda de Levir Culpi: “OAtlético-MG é movido a dramas. Não precisava ser tão dramático, mas a emoção é grande e por isso é gostoso trabalhar no Atlético”. Achou que o placar podia ter sido com mais gols se o time colombiano não tivesse conjunto bom.
Outros de volta
Na vitrine
O que acontece no Rio Grande do Sul é natural em outros Estados. No caso, jogador que depois de se aposentar segue jogando em clubes de divisões inferiores aos da elite. Em São Paulo, Muller joga no Fernandópolis e Viola no Taboão da Serra, clubes da quarta divisão.
Ganso (São Paulo) tem potencial técnico de nível alto mas se prejudica pela apatia em campo. Opinião foi em comentário na televisão (ESPN) lastimando o desinteresse dele, visível em campo, para trabalhar o condicionamento físico e conseguir jogar 90 minutos. Bem preparado, não haveria dúvida em considerá-lo craque para a seleção brasileira.
Desabafo O Brasil é motivo de orgulho para todos do clube. “Agradeci a todos nossos jogadores pelo compromisso e empenho e independente do resultado nosso grupo já é vitorioso. Nós não imaginávamos chegar tão longe na competição”, comentou Cassimiro (Real Madrid), após clássico recente contra o Barcelona no qual saiu derrotado (2x1).
Projetos do Azulão O CSA passa um bom momento nesta temporada e dos objetivos propostos, além do título do campeonato alagoano, está avançar na maratona nacional e até selou presença nas Copas do Brasil e do Nordeste de 2016. É uma volta aos bons tempos do futebol alagoano.
Vôlei de praia
Tempo demais Rogério Ceni comemorou domingo passado 1.454 jogos com a camisa do São Paulo. Apesar de quarentão, está bem preparado e previsões é que prolongue aposentadoria ainda por um bom tempo. Torcedores o definem como líder em campo e exemplo de profissional.
Mais otimismo Ainda no Azulão torcida não tem o que reclamar. O time provou ser um dos candidatos ao título do estadual na final do primeiro turno, jogos com o ASA. Foram dois empates e o título, segundo azulinos, decidido na “loteria dos pênaltis e após uma série de cobranças”.
Novo reforço Jardel, cujo início de carreira foi no Vasco, mas virou ídolo no Grêmio e no Porto (Portugal), volta aos gramados, mas agora com a camisa do Esporte Tiarajú, de Cachoeirinha (RS), clube do futebol amador gaúcho. Está com 41 anos e tem mandato de deputado estadual pelo PSD.
O circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia Sub-21 (duplas) teve a primeira de cinco etapas realizada em Palmas com 54 duplas competindo e realizados 102 jogos. As próximas etapas vão ser, pela ordem, em Maringá (PR), Salvador (BA), Maceió (AL) e Fortaleza (CE).
Mais desistente Diego Costa, agora cidadão espanhol, foi convocado para a seleção do país. Já Thiago Motta, Rômulo e Amauri, que optaram pela cidadania italiana, vão enfrentar a Bulgária, dia 28, pela Eurocopa e depois em um amistoso contra a Inglaterra.
Favorito Campeão do primeiro turno, o ASA antecipou vaga para a decisão do alagoano, mas nos planos da diretoria a proposta é para tentar evitar essa etapa do campeonato. Algo a ver com vencer também o 2º turno. Lembrando: o alvinegro vem invicto nesta maratona de jogos e o bicampeonato, segundo torcedores, “é difícil; nunca impossível”.
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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO
Direitos autorais A União Brasileira de Compositores, em encontro no dia 18 último, colocou em pauta o rateio de direitos autorais pagos pela televisão e a internet. Na pauta constou também uma análise sobre cobrança de direitos autorais que transitam na justiça desde dezembro. De Alagoas quem participou?
Repasse de custos
Acredite!
N
ão surpreenderá se a indústria de panificação e massas repassar para o consumidor parte do aumento dos custos de produção neste começo de abril. Proposta, discutida na área nacional, se alicerça no aumento do preço do trigo face a elevação do dólar e tarifas de energia elétrica.
Na vida tudo tem um fim. Mas como o brasileiro se lixa para advertências já começa a sentir a escassez de água em algumas regiões do país. Mas é uma questão climática ou consequência também da depredação do meio ambiente? No Nordeste o Rio São Francisco sinaliza atenção.
Quem fiscaliza?
Contas públicas
Construções em áreas lagunares e à beira-mar sãofrequentes, mas pescadores têm ponto de vista crítico à falta de fiscalização. Uns comentam no comum falta de fiscalização pelo órgãos competentes sobre regularização das obras, reforma principalmente, algo habitual em Maceió.
Iniciativas anunciadas para tapar o rombo das contas públicas só atingem o trabalhador de baixa renda. Espelha esta realidade, segundo economistas, o endurecimento das regras de concessão do abono salarial e a revisão da desoneração nas folhas de pagamentos.
Calçadas
Suspeita A proposta motiva a suspeita de haver por trás interesse de atender o discurso do PT, de penalizar os mais ricos, mas frustra deputados governistas até do grupo que prega ações mais duras para tributar grandes fortunas e a distribuição de lucros e dividendos.
Prevenção O maceioense deve aprender que lugar de lixo é na lixeira e não levado escondido em pacote para jogar na rua. Advertência é de setores da saúde como precaução a uma nova epidemia de dengue na cidade, pois a época é de proliferação do mosquito transmissor da doença.
Pacote fiscal No Congresso Nacional prenuncia uma nova polêmica. Tem a ver com um projeto propondo mais dor no bolso do contribuinte, encaminhado pelo Planalto e tem a ver com tributação mais forte sobre grandes fortunas e dentre elas herança e distribuição de lucros e dividendos na área empresarial.
Desemprego
“Larguem o osso” “Partidos de oposição têm o dever de fazer oposição. Partido de Governo tem o dever de ser situação”. A frase foi do agora-ex-ministro Cid Gomes (Educação) em um debate recente com deputados na Câmara Federal. Mereceu atenção pela franqueza nas respostas às perguntas dos parlamentares e pela firmeza ao pedir que governistas insatisfeitos “larguem o osso”.
Carapuça “Que me perdoem se isso fere alguém, se alguém traz pra si essa carapuça, se alguém se enxerga nessa posição. Eu prefiro ser acusado de mal educado, que ser acusado de achaque”, comentou Cid Gomes no debate. A frase deve ter tido direcionamento para alguns dos que estavam no plenário.
Dor no bolso
Demissões neste mês no comércio de Maceió devem seguir a média dos demais Estados e setor lojista principalmente. Razão, a época de pós festas e o consumidor ter dívidas para quitar. Consta ainda expectativa sobre nomes a serem amanhã encaminhados ao SPC.
A SMTT começa a usar em Maceió sinalização eletrônica na fiscalização do trânsito. Carlos Calheiros, diretor de Operações de Trânsito da SMTT, confirma a iniciativa como amparada na Resolução Nº 396 do Conselho Nacional de Trânsito. Parar motorista para pedir documentos é passado.
Para pensar
Dengue
“As coisas que nos assustam são em maior número do que aquelas que efetivamente fazem mal e afligem-nos mais pelas aparências que pelos fatos reais”. Frase é de Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.). Foi filósofo, escritor e mestre da arte da retórica. Está no “O avantajado de pensamentos“, editado pela turma do Casseta & Planeta, edição já considerada como também antiga.
“Nós nos cuidamos mantendo a cidade limpa”. Frase foi de dona de casa, mas que não mora em Maceió. Ela é do interior paulista e teve espaço na mídia defendendo a importância da educação como cidadania também no trânsito.Ma proposta merece atenção também em Maceió.
Como efeito nocivo, na construção ou reforma de imóveis, pedestres se queixam das calçadas sem padronização, ocupadas com obras de ampliação de imóveis, rampa de subida de veículos para garagem, piso de cerâmica lisa e abuso como estacionamento para todo tipo de veículo.
Protestos Em ato público para reivindicar direitos é comum partidos políticos infiltrados. A questão foi levantada por empresários, uns alicerçados na lei de campanha fora do prazo ter vigência alguns meses antes das
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Migalhas de pão
MEIOAMBIENTE
A prática pode parecer inofensiva, mas alimentar patos com migalhas de pão não só prejudica a saúde do animal, como também pode colocar em risco todo o ecossistema onde eles vivem, segundo estudiosos. Atirar migalhas de pão em uma lagoa ou em um rio é um ritual tão antigo que remonta ao século 19. Porém, de acordo com pesquisadores, uma dieta rica em pão ─ especialmente se este for feito de farinha branca (como o pão francês) ─ pode deixar as aves doentes e, em alguns casos, deformá-las.
ambiente@novoextra.com.br
Sistema Cantareira
Bebê orangotango
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Um bebê orangotango resgatado após ser maltratado por meses está se recuperando rapidamente. Budi, de um ano, era mantido por uma família em uma jaula para galinhas e alimentado apenas com leite condensado. A família vive no oeste da ilha de Bornéu, território da Indonésia. Em dezembro, Budi foi resgatado pela ONG International Animal Rescue. Ele estava desnutrido e não tinha forças para mover os braços e pernas. Seu corpo estava inchado e ele não conseguia mastigar alimentos sólidos. Em poucos meses, o pequeno animal já aprendeu a andar, a escalar e a mastigar a própria comida.
presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, afirmou no último dia 20 que a situação dos reservatórios do Sistema Cantareira ainda é “extremamente grave”. Para ele, apesar de os níveis de água no sistema terem melhorado, “não podemos afrouxar nenhuma regra” até que a situação seja normalizada. O nível dos reservatórios que fazem parte do sistema chegou a 16% da capacidade nesta sexta, segundo balanço divulgado pela Sabesp. Andreu participou de um seminário sobre o uso sustentável da água em Brasília. No evento, a ANA divulgou relatório especial sobre a crise hídrica no Brasil.
Quebra-mar Nove baleias morreram depois de se lançarem contra pedras de um quebra-mar na costa leste da Austrália. Cerca de 20 exemplares de baleias-piloto-de-aleta-longa se aproximaram do porto de Bunbury, a 175 km de Perth. Nove morreram após colidirem com o paredão de pedras. De acordo com autoridades locais, quatro exemplares estão vivos na praia e outro mamífero aquático está em águas rasas, sendo monitorado para que não encalhe. Outros seis espécimes foram reconduzidos para águas profundas. Os corpos dos mamíferos mortos foram retirados rapidamente para evitar que tubarões se aproximassem da praia.
Poluição O rodízio de carros entrou em vigor em Paris na segunda-feira (23), em uma resposta ao nível excepcional de poluição na capital da França. A medida extraordinária entrou em vigor às 5h30 locais e no mesmo dia apenas os veículos com placa de final ímpar trafegaram por Paris e seus 22 municípios limítrofes. A polícia mobilizou 750 agentes para monitorar o trânsito em 100 pontos de controle. Os infratores podem pagar uma multa de 22 euros (24 dólares).
Colapso energético
Barreira de Corais
A falta de água em reservatórios do país e constantes instabilidades na rede de distribuição de energia elétrica têm feito indústrias e comércios procurarem por geradores, que reforçam o abastecimento quando há falta de eletricidade – seja por racionamento ou por colapso na rede, como em dias de tempestades. O temor é que a falta de energia cause prejuízo, como a perda de produtos estocados ou a paralisação de maquinário, que pode interromper o fluxo de produção e, consequentemente, atrasar o cronograma de entregas – o pesadelo de qualquer empresário.
A Austrália apresentou no último dia 21 um plano de conservação de 35 anos para a Grande Barreira de Corais, patrimônio mundial cuja proteção é uma prioridade, segundo o premiê australiano Tony Abbott. A ação do premiê é uma resposta à advertência da Unesco de inseri-la na lista de locais ameaçados. O plano de proteção a longo prazo desta grande atração no litoral do estado de Queensland, proíbe de forma total e definitiva qualquer lançamento de rejeitos de dragagem. A Austrália também fixa metas para a melhora da qualidade da água e de proteção da vida marinha.
Incêndios florestais Cinzas de árvores centenárias espalhadas ao longo de milhares de hectares puderam ser vistas na região chilena de Araucania (sul) no sábado (21), onde incêndios florestais arrasaram grande parte de uma reserva natural e ameaçam um parque nacional.
Mamífero ‘fofinho’ O cientista Weidong Li, do Instituto de Ecologia e Geografia Xinjiang, na China, descobriu por acaso uma nova espécie de mamífero em 1983: a pika-de -Ili (Ochotona iliensis). O pequeno animal, encontrado pela primeira vez na cordilheira Tian Shan, no noroeste da China, tem uma peculiar aparência de bichinho de pelúcia fofo. Desde sua descoberta, foram raras as vezes em que o mamífero foi visto. Em 2014, durante uma expedição à cordilheira Tian Shan, o mesmo cientista que descobriu a espécie conseguiu registrar em foto uma rara aparição de um exemplar. A história do raro bichinho das montanhas e seu descobridor foi publicada na edição de março da revista “National Geographic China”.
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SERVIÇO
gasolina e no etanol”, sugere o consultor. Deixar o automóvel na garagem no caso de uma ida rápida ao supermercado ou à padaria e utilizar o veículo somente para percorrer distâncias maiores também são outras dicas. 4. INVISTA EM RENDA FIXA
5 dicas para reduzir os gastos em 2015, ano de ajustes fiscais DE LUIZA BELLONI BRASIL POST
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uros lá em cima, mais impostos, menos empregos, contas de luz e de água mais caras, assim como o preço da gasolina, e inflação crescente: o ano de 2015 mal começou e o impacto da estagnação econômica já é sentido por muitos brasileiros. No começo deste ano, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deu início ao chamado “ajuste fiscal”, com o objetivo de reequilibrar as contas públicas, ampliando receitas e cortando gastos. A medida, é claro, acabou pesando no bolso dos consumidores e as expec-
tativas não são positivas até o final de 2015. Com preços lá em cima, o brasileiro precisa ser mais cauteloso na hora da compra, segundo o economista e consultor do Vida Investe (iniciativa da Funcesp na área de educação financeira e previdenciária), Ricardo Figueiredo. Ele preparou algumas dicas para gerir as finanças sem sufoco em tempos de “ajuste”. 1. EVITE NOVAS DÍVIDAS Um momento de alta de juros é sempre delicado para novos endividamentos, sejam eles de curto, médio ou longo prazo. O consultor explica:
“O aumento da taxa básica de juros provoca adequações em todo o mercado. Os bancos elevam as taxas dos seus produtos, desde as linhas de crédito mais simples até as mais complexas. Dessa vez, nem mesmo os financiamentos imobiliários, que tendem a ter juros mais estáveis, ficaram de fora. O cheque especial e os cartões de crédito também devem ser utilizados com o dobro de cautela.” 2. COMPRE À VISTA Segundo Figueiredo, em situações como a atual é sempre melhor adiar ao máximo a compra de eletrônicos e ele-
trodomésticos para dar preferência ao pagamento à vista e fugir de juros embutidos nos parcelamentos. “Inclusive, muitas vezes, ao comprar à vista é possível conseguir descontos interessantes em algumas situações”, destaca. 3. REVEJA O USO DO CARRO Com a elevação dos preços dos combustíveis, vale a pena avaliar o uso do carro. “Programar um esquema de caronas com vizinhos ou colegas de trabalho que morem na mesma região, por exemplo, pode ajudar a minimizar os impactos nas contas do aumento na
Para quem já possui algum dinheiro guardado e consegue poupar mensalmente, o momento é de aplicar em renda fixa. “Com a Selic em alta, os ganhos nessa modalidade de investimento tendem a ser maiores”. Figueiredo afirma que uma boa pedida são os títulos do tesouro direto atrelados à inflação, que além de serem ativos praticamente livres de risco, oferecem um bom retorno, protegendo o poder de compra do capital investido, e garantias de pagamento pelo governo. Para prazos mais curtos, títulos atrelados à Selic permitem ao investidor aproveitar esse momento de juros elevados. 5. TENHA CAUTELA NOS INVESTIMENTOS EM RENDA VARIÁVEL A compra de ações na Bolsa de Valores é uma modalidade de investimento naturalmente mais arriscada. Em momentos de instabilidade econômica, os riscos são ainda maiores. “Estamos apenas em janeiro e o Ibovespa, principal índice da BM&FBovespa, já acumula perdas superiores a 5%, por isso todo cuidado é pouco”, alerta Figueiredo. De acordo com ele, não se trata do melhor momento para aplicar o capital em ações, mas, se essa for a opção do investidor, é preciso cautela. “Buscar o máximo de informações possível e estudar bastante é fundamental para fazer as melhores escolhas”, conclui.
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ALTARODA
FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br
Brasil e México se entendem
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s dois lados acabaram cedendo e a renovação do acordo automobilístico entre Brasil e México foi assinado. Análise mais profunda indica, porém, que o Brasil conseguiu, além de ampliar de três para quatro anos (até 2019) a regra de cotas de importação/ exportação, uma pequena vantagem. Entre março de 2015 e março de 2016 o valor anual do comércio bilateral recua do atual US$ 1,64 bilhão para US$ 1,56 bilhão sem nenhum imposto de importação. Depois os valores anuais subirão 3% ao ano, a partir de uma base inicial reduzida, o que seria uma vitória rala do governo brasileiro. No entanto, como em 2015 o mercado aqui deve recuar até 10%, os volumes vindos do México dificilmente seriam iguais aos de 2014. Também é bom lembrar que a recente acelera-
pitstop Um Versa novo para conquistar a família
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riorizando o espaço interno e o conforto para as famílias que iniciam a caminhada na categoria dos sedãs, o Versa fabricado em Resende chega às revendas com mudanças no desenho externo e no acabamento interno. O carro ganhou também equipamentos de conectividade. Em duas opção de motor – 1.0 12v de 3 cilindros e o 1.6 16V de quatro cilindros – o sedã pequeno chega com preços entre R$ 41.990,00 e R$ 54.990,00 e será oferecido em cinco versões: 1.0, 1.0 S, 1.6 SV, 1.6 SL e 1.6 Unique. O Versa tem novos faróis, para-choques reestilizados e detalhes cromados na grade frontal, maçanetas, tampa do porta malas e moldura das janelas. A versão topo de linha tem luzes indicadoras de direção no retrovisor e faróis de neblina. Internamente tem acabamento
RODA VIVA
ção da desvalorização do real já dificultará bastante a vida dos importadores aqui em geral, em especial de veículos leves. Por mais que o México apresente nítida maior competitividade sobre o Brasil em custos (com destaque os trabalhistas), impostos, taxas, burocracia e infraestrutura, enfrentar uma taxa cambial quase 25% desfavorável ao longo dos últimos seis meses não é nada fácil. Afinal, o real só perdeu para o rublo ao se desvalorizar frente ao dólar. Variação cambial no sentido inverso (a exemplo da valorização do iene) já atingiu o Japão. Chegou a afetar fortemente as exportações de veículos e outros bens. Em 2014, enquanto o México utilizou 100% de sua cota para exportar, o Brasil mal conseguiu enviar 80% do valor a que teria direito. Mas essa situação já foi
oposta. Em meados da década passada, com o real desvalorizado e o mercado mexicano bem menor que o brasileiro, houve uma imposição pelo México de cotas de importação por quatro anos. Em 2005, o dólar valia cerca de R$ 3,00 (10 anos depois, apenas R$ 3,25) e houve uma invasão de automóveis brasileiros no mercado deles. Hoje, a participação do Brasil nas vendas internas do México (em torno de 3%) é menos da metade do que era há dez anos. Já os carros mexicanos ocupam agora cerca de 5%, mas como o mercado brasileiro é mais de duas vezes maior do que o do parceiro da América do Norte fica evidente que a balança pendeu desta vez para o lado deles. Outra novidade acertada agora é na divisão das cotas por empresa. Cada país defi-
nirá 70% de sua cota de exportação e os 30% restantes serão de responsabilidade do importador. Antes, os mexicanos decidiam 100% das cotas por empresa fabricante em seu território, gerando algumas distorções que atingiram Nissan March e Chevrolet Tracker em particular. Também se adiou o índice de nacionalização de veículos e autopeças calculado de forma mais rigorosa que o usual. Deveria subir de 35% para 40% nos dois países, mas o México, abastecido por componentes de origem nos EUA e bem mais baratos pela enorme escala de produção, não conseguiria cumprir. Por tudo isso, saiu o acordo. Espera-se a partir de 2019 que prospere o livre comércio entre os dois países. Afinal, o Brasil teria sete anos no total para arrumar a casa.
MERCADO em franca recessão diminuiu um pouco a pressa por lançamentos inéditos no segmento de picapes, menos afetado que o de automóveis. Dois fabricantes atrasaram em alguns meses o início de produção. Picape média para uma tonelada da Fiat (ainda sem nome) ficou para outubro e a compacta de quatro portas Renault Oroch para novembro. Vendas, um mês depois.
com novos tecidos nos bancos e laterais das portas, com opção de couro. O painel tem novo desenho e acabamento preto. Tem o sistema que permite a conectividade com aplicativos (apps) de smartphones e acesso ao facebook. Esse pacote de serviço é gratuito para os primeiros três anos após a data de compra do carro. O carro tem bom espaço interno e o porta-malas comporta 460 litros, com ampla área para a acomodação de objetos e bagagens. Para carregar objetos do dia a dia, o carro tem console longitudinal entre os bancos dianteiros com três porta-copos (quatro nas versões 1.6), sendo dois dianteiros (três nas 1.6), um traseiro e dois porta-garrafas dianteiros. Seus principais opcionais são: ar-condicionado digital automático, volante multifuncional com regulagem de altura na coluna e controles
de áudio e função viva-voz para o telefone e câmera de ré. Novo motor O motor 1.0 de 3 cilindros de 77 cavalos de potência, tanto com gasolina quanto com álcool, e 10 kgfm de torque, deu bom desempenho ao sedã, já que a maior parte do seu torque está disponível em baixas e médias rotações. Pesando 1.056 kg na versão mais completa (1.0 S), o novo Versa três cilindros tem boa relação peso-potência, de 13,5 kg/ cv, pois pesa apenas 92 quilos a mais que o New March SV 1.0 12V, a opção mais completa do hatch com este motor. O Versa foi reconhecido com a nota máxima “A” na sua categoria e também no ranking geral no medição de consumo do Inmetro. O modelo da Nissan destacou-se na média de consumo em estrada, com gasolina, ao obter a marca, com 15,2 km/l
(10,4 km/l com álcool). No ciclo urbano faz 8,5 km/l (álcool) e 12,6 km/l (gasolina). O motor 1.6 16v desenvolve 111 cavalos de potência a 5.600 rpm e entrega um torque de 15,1 kgfm a 4 mil rpm, com qualquer um dos dois combustíveis. Também produzido em Resende – 100% dos motores do novo Versa são brasileiros –, conta com os sistemas que dispensa o uso do tanquinho para partida a frio. Também ganhou nota A do Inmetro. O consumo urbano atinge 8,6 km/l, com álcool, e 12,4 km/l, com gasolina. Na estrada faz 10,2 km/l, com álcool, e de 14,8 km/l, com gasolina.
PORSCHE produziu em 2014 o recorde de quase 200.000 unidades. Crescimento fantástico, pois há duas décadas vendia apenas 30.000 carros/ano. Natural, portanto, instalação em meados deste ano de uma filial no Brasil em joint venture com o atual importador Stuttgart Sportcar. Este tem feito bom trabalho, porém há necessidade de fôlego financeiro para expansões.
Versões e preços 1.0 .................R$ 41.990 1.0 S...............R$ 44.990 1.6 SV ...........R$ 46.490 1.6 SL ............R$ 49.490 1.6 UNIQUE...R$ 54.990
ENTRETANTO, marcas nacionais e importadas têm mantido o ritmo frenético de apresentações neste primeiro trimestre e até meados de abril. Vale até a apelação de antecipar o ano-modelo 2016 só com meras maquiagens. Contagem geral já ultrapassa 15 eventos todos com testes drives em circuitos fechados ou abertos. Há meio século a média era de duas apresentações por ano... ATUALIZAÇÕES de estilo, centradas na parte frontal, deram rejuvenescida no Nissan chamado agora de Novo Versa, a partir de R$ 41.990. Trata-se de sedã anabolizado (ao jeito de Cobalt, Grand Siena e Logan) com espaço no banco traseiro de fato surpreendente. Estreia o novo motor de 3 cilindros/1 L/77 cv: vai muito bem no hatch March, mas nem tanto no Versa que é mais pesado por suas dimensões maiores. Motor de 1,6 L/111 cv supre potência faltante por apenas R$ 1.500 extras.
GOVERNO não ampliará valor máximo de R$ 70.000 para retirada de imposto nos automóveis de câmbio automático destinados a pessoas com deficiências motoras. Assim, modelos médios compactos tendem a sair desse mercado. Civic, por exemplo, já está fora. Corolla se mantém no limite, mas com aumentos de custos inevitáveis também sairá. Restarão apenas compactos.
28 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 27 DE MARÇO A 02 DE ABRIL DE 2015 CRÔNICA
Exmo. Sr. Governador Renan Calheiros Filho JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br Senhor Governador, Eu acredito que V. Excia., mesmo sendo uma grande autoridade, seja um homem simples, como era o seu avô, Sr. Olavo e como é sua avó, a Sra. Ivanilda, nascidos numa cidade do interior de Alagoas, como é Murici. Eu acredito que V. Exª., como neto de pais trabalhadores e honestos, sempre procurou se destacar, como eles se destacaram, como comerciantes e políticos. Eu acredito, governador, que seus avós tenham feito sacrifícios para manter os filhos vestidos, educados e bem alimentados, como devem ter sido os seus tios e seu pai, o senador Renan Calheiros. Acredito não ter sido fácil para os seus avós sustentarem os fi-
lhos e conseguirem para eles bons empregos. Eu acredito, governador, que só assim, seus avós puderam galgar seus próprios degraus e os degraus para os seus filhos. Certamente, V. Excia., deve ainda estar lembrado das lutas políticas já travadas, por toda a família, às vezes com decepções e, até mesmo com ingratidões ou traições. Hoje, Governador, V. Exª. está num bonito Palácio, rodeado de auxiliares, tudo obtido como prêmio, através de uma vitória nas urnas. Tal vitória, também, foi dos seus avós, dos seus tios e do seu pai, hoje, um dos homens mais poderosos do Brasil. Pelos seus merecimentos, V. Exª., hoje, tem poderes para mudar a vida e, até o futuro os alagoanos, com suas respectivas esposas, seus filhos e seus netos. O povo alagoano o escolheu, governador, para que V. Exª. nos dissesse por onde é melhor nós andarmos, sem tropeços e sem solavancos. Hoje, eu vou imaginar que V. Exª volte ao seu inte-
rior e veja seus conterrâneos, sem empregos, sem motivos para comemorações e, às vezes, passando fome, numa casinha dessas das márgens do rio no qual V. Exª deve ter tomado banhos, com amigos da infância. Pois bem, governador, muitos dos seus co-estaduanos, estão passando fome e com dificuldades para vestir os filhos e os netos, pois, há 11 anos eles não tiveram nenhum aumento salarial, no Departamento de Estadas de Rodagem – DER. Enquanto isso, governador, tem gente ganhando R$ 15.000,00, R$ 13.000,00 ou 11 mil reais, em certos setores do Estado. Inclusive, tem gente ganhando sem trabalhar! O ex-governador Téo Vilela disse para toda Alagoas ouvir que só estava faltando dar aumento ao DER. Saiu do Governo e não cumpriu o prometido. O nosso órgão, Exª nunca fez greves, pois, sempre trabalhamos para mantermos nossas rodovias em boas condições de tráfego. Quando
isso não acontece, a culpa é dos próprios Governos, já que os funcionários do DER, sempre foram dedicados às suas obrigações funcionais. Há poucos anos nós tínhamos 1.700 funcionários, mas, os Governos foram aposentando, aposentando, até chegarmos aos 700 servidores. Vá ao DER, governador, e veja fisionomias sofridas, pela falta de um melhor pirão na mesa ou por falta de um justo salário, hoje já corroído com a inflação. Vá, Exª., vá ao DER e lá V. Exª poderá ver servidores injustiçados, com dificuldades até de pagarem as passagens de ônibus dos seus filhos e dos seus netos. Afinal, são 11 anos de injustiça para com os rodoviários trabalhadores. Em tempo – Descobri que meus amigos, Sr. João Salgueiro da Silva, o Coronel Erinaldo Soares de Cerqueira e o Dr. Mac-Dowell Lins Costa são leitores dos meus artigos no EXTRA. Vou comemorar!
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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com
Está perdido
O
vice-governador e atual secretário estadual de Educação, Luciano Barbosa, está mais perdido do que cego em tiroteio no governo de Alagoas. Luciano acreditava que ia colocar o governador Renan Filho nas rédeas e mandar no pedaço. Ledo engano. Renan está absoluto no comando da máquina e de quebra já deu vários puxões de orelhas no ex-prefeito de Arapiraca, o colocando em seu devido lugar.
Helicóptero e coxinha
Recado humilhante
Arapiraca
PELO INTERIOR
Com sua “inteligência”, Luciano virou o jogo, destronou Teófilo e queria a sua cabeça numa bandeja. Mas a então prefeita conseguiu administrar o impasse e o indicou como candidato a vice-prefeito. Mas Luciano não deixou barato e passou-lhe um duro e humilhante recado: “quero você fora do meu governo”. E foi o que aconteceu: durante longos quatro anos Rogério Teófilo sequer pisou na calçada da Prefeitura.
Arapiraca foi representada pela secretária Municipal de Indústria, Comércio e Serviços (Semics), Myrka Lúcio, que foi uma das escolhidas em meio a 120 indicadas para o prêmio. Ao lado da prefeita Célia Rocha, ela intermediou a chegada da empresa AeC com um call center que assegurou diretamente mais de 1.200 empregos para os arapiraquenses no começo deste ano.
... O cenário é o Lago da Perucaba. O local, onde se situa o Planetário Municipal Digital, bairro de Zélia Barbosa Rocha, é plano de fundo para um evento que vem discutir as melhores e mais conscientes formas de utilização de um dos nossos bens renováveis mais importantes: a água.
Churrasco da árvore 1
Incentivo e avanço
Será realizado neste sábado, dia 28, no Residencial Riviera do Lago, em Arapiraca, o Churrasco da Árvore, um evento especial que reunirá diretores, corretores e convidados.
O 5ª Prêmio Selma Bandeira terá início às 20h, no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), no bairro do Farol. A iniciativa tem o intuito de reconhecer e incentivar o avanço das mulheres alagoanas em papéis de destaque na sociedade.
Churrasco na árvore 2
Renan Filho soube e não gostou nada da atitude arrogante do seu vice que foi de helicóptero a uma reunião com um pequeno grupo de professores em Palmeira. Lá, pasmem: esbanjou “humildade” ao dividir com professores um simples lanchinho: coxinhas de galinha com Coca-Cola. Os pobres mestres talvez não saibam que uma hora de voo no helicóptero que trouxe o chefe a terra dos Xucurus-Cariris custa a bagatela de R$ 3.200,00.
“O empreendimento já se transformou um grande sucesso de vendas e será uma grande oportunidade para fazer uma comemoração”, disse o empresário Adoniran Guerra o maior incentivador da parceria entre a Terral, Urb4 e o empresário José Alexandre dos Santos, que tornou realidade a construção de um dos maiores empreendimentos imobiliários do Nordeste. Adoniran lembra que o evento começa a partir das 11h30.
Campo Alegre
O troco
Selma Bandeira
O residencial passou a contar na terça-feira, 24, com o terceiro Poço Artesiano fornecendo água para os moradores da comunidade que é composta por 420 unidades habitacionais. O residencial já contava com o poço construído pela construtora que fez a obra, recentemente foi interligado o poço artesiano do Conjunto Campo Vende na rede do Conjunto Olival Tenório e agora passou a contar com o terceiro poço.
Na realidade, o vice-governador Luciano Barbosa está sentindo na pele o drama do seu ex-vice-prefeito de Arapiraca, Rogério Teófilo, que durante os quatro anos do mandato foi impedido por ele de pisar no Centro Administrativo. O detalhe que pouca gente conhece é que Rogério Teófilo era o candidato natural do grupo para ser o sucessor da então prefeita Célia Rocha.
O mês de março, que integra o Dia Internacional da Mulher, foi escolhido para mais uma edição do Prêmio Selma Bandeira, o qual aconteceu na quinta-feira (26), em Maceió. O evento está em sua quinta investida e homenageou os destaques femininos no estado de Alagoas, em todos os segmentos sociais.
A Prefeitura de Campo Alegre juntamente com o Serviço de Abastecimento de Água e Esgoto - SAAE não tem medido esforços para melhorar o abastecimento de água em todo município, especialmente nos últimos dias no Conjunto Habitacional Olival Tenório Costa.
Poço artesiano
... A realização deste “O Futuro das Águas Está em Nossas Mãos” é uma parceria da Prefeitura de Arapiraca, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Saneamento (Semasa), Instituto do Meio Ambiente (IMA), Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). ... A partir das 8h, no cine teatro do Planetário, haverá as palestras “Cuidados com o Uso da Água”, ministrada pela Semarh, e “Água Como Fator de Desenvolvimento Regional”, pelo conferencionista Hugo Pedrosa, da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). ... Além deste papo com estudantes universitários e das redes de ensino público e privado, ocorrerá peixamento no Lago da Perucaba. ... “Nossas pequenas ações no dia a dia podem evitar o desperdício deste bem essencial. Como fazer isso? Economizando na hora do banho, quando lavarmos a louça ou escovando os dentes. Estão nos detalhes os reais compromissos que devemos praticar. Neste evento, teremos muito sobre educação ambiental, uma das maiores preocupações da prefeita Célia Rocha”, diz o secretário da Semasa, Ivens Barbosa. ... O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) está convocando os representantes das instituições sociais sem fins lucrativos que trabalham na promoção, prevenção e garantia dos direitos dos jovens de Arapiraca. ... De acordo com a presidente do CMDCA, Rosimar Ângelo, a convocação tem como objetivo efetivar o registro das instituições junto ao Conselho. ... Aos amigos e leitores da coluna desejamos um excelente final de semana, com muita saúde, paz e prosperidade. Quanto aos desafetos... Vamos esquecer essas figuras nefastas essa semana. Até a próxi-
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REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com
Aluguel O contrato de locação não pode exigir reajuste pela atualização do salário mínimo, nem da volorização do dólar. Se isso ocorrer, a cláusula será considerada nula. O índice é o IGPM (Índice Geral de Peços do Mercado), que é a inflação. Como a inflação é controlada pelo governo, e em índices sempre abaixo de 10% anual, muitos proprietários nem mesmo exigem reajuste, considerando apenas o fato de que o inquilino paga o aluguel no prazo certo e cuida bem do imóvel.
Sua garantia de assistência
A
inda estamos muito atrasados em alguns aspectos de relações de consumo, apesar de existir o Código de Defesa do Consumidor. Até agora, os consumidores só têm três meses para recorrer à assistência técnica gratuitamente, se produtos como fogão, geladeira, celular, TVs, entre outros, necessitarem de reparos. Alguns fabricantes concedem mais alguns meses de garantia contratual, mas não são obrigados a fazer isso. Em outros países, a garantia legal dura dois anos. Na Inglaterra, por exemplo, chega a seis anos! Assim, temos que nos aproximar dessas práticas avançadas da Europa. Já se vem lutando para mudar essa determinação dos fabricantes, passando para dois anos o prazo de gratuidade de consertos de produtos, com base numa pesquisa feita ano passado, com 800 entrevistados, concluindo que 45% dos produtos adquiridos apresentavam defeitos antes de completar dois anos de uso. Também foi sugerido que a vida útil do produto passe a ser informada no manual, atendendo ao direito à informação, garantido no Código de Defesa do Consumidor. Já é um avanço!
Montagem Se você comprou um móvel e o prazo acertado para a montagem não foi cumprido, saiba que tem o direito de cancelar a compra. Isso porque essa situação evidencia desrespeito ao contrato firmado enre as partes. E você também poderá ser indenizado se, durante a montagem, o móvel for danificado.
Cartão Embaladas pelo crescimento desse mercado, as administradoras vêm oferecendo seguros (garantidos por uma seguradora) de perda e roubo de cartão e até de suspensão de pagamento da fatura em caso de desemprego. Fique atento para o prazo da carência, que costuma variar de 30 a 60 dias, além das exclusões e se tem venda casada.
Aposentados Eles se veem bombardeados com as ofertas de crédito consignado, numa fase difícil para a maioria, já que recebem pensões baixas. Por outro lado, se estiverem diante de uma emergência, esse tipo de empréstimo é vantajoso, porque tem os menores juros do mercado. Mas, infelizmente, o que era para ser bom pode acabar se tornando uma cilada, trazendo problemas para o aposentado. E é disso que a coluna vai tratar na próxima
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TRADIÇÃO CENTENÁRIA
Comemoração dos 100 anos de cavalhada em Chã Preta Neste sábado acontece mais uma batalha entre o cordão azul e o encarnado; missa e lançamento de livro também estão na pauta MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com
O
ano era de 1915, quando o folclorista viçosense Coronel Joaquim Estevam dos Passos Vilela, a convite do primo coronel Pedro Teixeira de Vasconcelos, se deslocou até Chã Preta e foi ensinar os filhos do parente a se tornarem cavaleiros no antigo engenho Bonsucesso. Ali nascia uma das mais antigas e tradicionais cavalhadas do Brasil. Em ano de centenário, o povo chã-pretense e visitantes terão vasta programação para comemorar a tradição folclórica.Qualquer pessoa pode participar da festa, é o que afirmam os organizadores Olegário Venceslau e Áureo Mazony- conhecido como Tó Teixeira. A comemoração acontece o ano inteiro, mas este sábado, 28, será voltado para mais um evento em homenagem ao centenário. Às 9 horas acontece missa solene na igreja deN.S da Conceição. Às 15 horas será a vez da apresentação da Cavalhada Centenária. O dia festivo se encerra às 19 horas com o lançamento do livro Duas Lanças, de autoria de Olegário Venceslau, na Câmara Municipal. E assim segue a batalha medieval sob o chão de terra empoeirada. O espetáculo de
efeitos e emoção é percebido pelo eco dos guizos atados aos peitorais dos cavalos e dos mais emocionantes e apaixonados aplausos quando cada argola é retirada do alto do poste. Os torcedores do cordão azul e do encarnado não se contêm de emoção. E a cada lança que o cavalheiro retira, a plateia vai à loucura e há até quem oferte “um corte” de panomulticolorido aos componentes de seu partido que adornam as cinturas dos cavaleiros e a lança que em riste percorre seu alvo. Cada cordão é composto por seis cavaleiros, sendo um matinador (o que puxa o cortejo) do azul e outro do encarnado. Os participantes têm oportunidades de correr seis vezes e tentar acertar o maior número de lanças. E quando consegue o feito pela primeira vez, como prêmio, recebe uma fita da cor do seu cordão. A comissão organizadora fica atenta a cada detalhe, pois tem a missão de premiar do 1° ao 12º lugar. São distribuídos ainda medalhas e troféus. Ganha, porém, o partido que conseguir maior número de medalhas. A cada espetáculo em Chã Preta acontece um show à parte. É assim há cem anos. Montados em seus cavalos, com o punhal atado à sua cintura e uma faixa recaída por sobre o ombro na cor azul ou encarnada, passam em desfile numa
Disputa entre cordões de cavaleiros azul e encarnado remonta aos tempos do império carolíngio
demonstração de ostentação pelas ruas rumo à Matriz de Nossa Senhora da Conceição, para prestarem reverencias à mãe de Deus e dos homens. A encenação é acompanhada pelo público que segue a banda de pífano, que ao som da zabumba e da flauta do mestre conduz a tropae ao som dos foguetórios anuncia o majestoso cortejo dos doze pares, oriundos lá da França, e agora em terra alagoana. Questionado sobre qual cordão foi mais vencedor nestes 100 anos de encenação, o matinador do cordão encarnado, Áureo Teixeira, não quis se comprometer e apenas tratou de responder que na cavalhada de janeiro houve empate, mas na do último dia 10 de março o encarnando foi o vencedor. Assim, na próxima exibição cavaleiros e torcida do azulterão a chance de mostrar sua força, ou não. E neste clima de dispu-
ta sadia e confraternização, Chã Preta consegue mais um feito cultural. São 100 anos interruptos de uma atração folclórica que vem a somar neste celeiro cultural. Mas a programação não se encerra nesta próxima apresentação. O público terá a oportunidade de assistir ainda este ano mais dois espetáculos. Um em 20 de julho- Dia da Missa do padre Cícero - e outra em 8 de dezembro, em homenagem à padroeira da cidade. Segundo o escritor Olegário Venceslau da Silva, que também é chã-pretense e membro da Academia Alagoana de Cultura e Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, ao longo dos 100 anos diversos cavaleiros se consagraram nas pistas de cavalhada como verdadeiros Pares de França, nome dado em homenagem aos paladinos que combateram ao lado do imperador Carlos Magno con-
tra os turcos no século VIIIDC. LANÇAMENTO DO LIVRO A cavalhada de Chã Preta se apresenta sempre em festas de santos, quando ao som da banda de pífano desfila pelasruas da cidade, o que atrai olhares e aplausos de pessoas que ficam nas portas de suas casas observando o desfile dos cavaleiros. Este legado, que não se perdeu na poeira do tempo, está registrado no livro Duas Lanças - 100 Anos de cavalhada de Chã Preta, de Olegário Venceslau da Silva, que narra nesta obra a história do império carolíngio onde nasceu o torneio, a sua relação com a religiosidade popular, a biografia dos doze pares de França, os primeiros registros de cavalhada no Brasil e em Alagoas e finalmente a sua chegada no município de Chã Preta em 1915. O livro será lançado na Câmara Municipal de Chã Preta.
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