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www.novoextra.com.br

ANO XVI - Nº 816 - 10 A 16 DE ABRIL DE 2015

TCU PROCESSA EX-PREFEITO DE PIRANHAS POR BOICOTAR FISCALIZAÇÃO P/ 14

CNJ MANDA TJ REDUZIR PRECATÓRIO MILIONÁRIO DA QUEIROZ GALVÃO ESTADO IRIA PAGAR EM DOBRO POR HONORÁRIOS DE ADVOGADOS DA EMPREITEIRA P/7

LAVA JATO SENADOR BIU DE LIRA E ARTHUR DEVEM SER AFASTADOS DO DIRETÓRIO DO PP P/6

Alagoas vai receber R$ 161 milhões para ajustar Fundeb P/8 e 9 DIRCEU LINDOSO

“ALAGOAS NASCEU DA PAIXÃO PELA VIDA E PELA MORTE P/ 16 e 17

MOVIMENTO “FORA DILMA” VOLTA ÀS RUAS DOMINGO EM DEFESA DO IMPEACHMENT

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2 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE ABRIL DE 2015

COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

Mais uma farsa

Manobra esperta de Dilma

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cada início de legislatura o discurso de transparência é mote na Assembleia Legislativa de Alagoas. A Casa, que foi alvo de recentes escândalos de desvio de dinheiro público, lotação de funcionários fantasmas e formação de quadrilha, agora afirma que irá contratar uma consultoria para auditar a folha. Pode ser mais um engodo! Em 2008 a mesma Assembleia Legislativa contratou uma auditoria com os seguintes objetos: auditar a folha da Casa, analisar e avaliar o sistema de controles internos e emitir relatório circunstanciado sobre a folha de pagamento do pessoal ativo e inativo. Até hoje nada saiu do papel, só dos cofres da Assembleia. Parte do dinheiro para a empresa contratada foi pago, valores polpudos, como tudo que gira em torna na Casa Tavares Bastos, mas houve parcelas não pagas. A quem diga que o calote foi proposital, já que auditoria revelou previamente um rombo milionário no Poder. Os deputados da época pressionaram para que a verdade não viesse à tona. Como concretizar a manobra? Não pagando a fundação contratada, logo o trabalho não seria entregue; foi o que ocorreu. Hoje se fala na contratação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para auditar a folha de pagamento da Assembleia. Será que o negócio será concretizado? A Assembleia Legislativa é um Poder sem credibilidade e desprestigiado pela população alagoana. A Casa de Tavares Bastos se transformou em sinônimo de desmandos e corrupção.

Perda irreparável ‘Perder um filho

é uma dor sem limite. Só a fé e a solidariedade dos amigos nos ajudam a suportá-la neste momento’ (Geraldo Alckmin)

Dilma é tão atrapalhada, tão atrapalhada, que até na hora de tentar faturar uma maquinação esperta ela mete os pés pelas mãos. Falo da designação de Michel Temer, vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, para articulador político do governo. Custava, quando nada para bancar a cortês, ter ouvido antes Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, e Renan Calheiros (PMDBAL), presidente do Senado? Pelo menos não daria a eles motivo para novas queixas. Do jeito que procedeu, ela os desprezou – sem poder. E sem ganhar nada em troca. Os dois foram surpreendidos com a escolha de Temer. O segundo tempo da maquinação esperta é isolar Eduardo. Dilma acha que pode atrair Renan para seu lado. Foi por isso que se reuniu com ele, ontem (quarta), no final da tarde, por mais de uma hora. Quem viu Renan deixar o Palácio do Planalto ficou com a impressão de que ele estava feliz. Pudera. Dilma lhe assegurou a permanência no cargo do atual ministro do Turismo – afilhado de Renan. Mas não só. Perguntou pelo filho de Renan, governador de Alagoas. E sugeriu que poderá ajudá-lo. De Eduardo, mesmo que por alguma razão volte a encontrá-lo, Dilma quer distância. Eduardo não se importa com isso. Sairá no lucro se lhe for reservada a posição de principal adversário de Dilma. (Por Ricardo Noblat)

Desemprego 900 mil pessoas perderam o emprego no último trimestre. São os dados que acabam de ser divulgados pelo IBGE. “No período de dezembro a fevereiro, o IBGE estimou que havia 7,4 milhões de pessoas desocupadas no país. No trimestre anterior, de setembro a novembro, o número era menor, de 6,5 milhões”.

Racismo na Ufal

Investigação de shows

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A contratação de empresas para realização de shows por parte das prefeituras tem sido uma praxe que chamou a atenção do Ministério Público Estadual e Federal. Os valores das bandas contratadas são altíssimos e muitas vezes em uma mesma região chegam a ter mais de 100% de diferença de uma cidade para outra. A desconfiança é de que os processos licitatórios são viciados e os eventos estão servindo para lavar dinheiro.

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Um dos processos que levantou a polêmica é que o que apura a contratação de uma empresa em Traipu que foi dispensada da exigibilidade de licitação por 13 vezes e com isso faturou cerca de R$ 600 mil. Os recursos são oriundos das prefeituras, entretanto outros são dos ministérios do Turismo e da Cultura, o que implica a investigação da Polícia Federal e do MPF. Há quem diga que vai faltar cadeia para tanta gente envolvida.

Food truck A Prefeitura de Maceió ainda não tomou providências sobre os foods trucks (caminhãozinhos de lanches) localizados no estacionamento do Alagoinha. A SMCCU e SMTT demonstram morosidade e falta de articulação para sanar a problemática. É fato que o espaço não acomoda todos os empresários do segmento e vem causando sujeira excessiva e desorganização no local.

Briga no Norte A família Farias tenta emplacar mais uma prefeitura no litoral Norte. A menina dos olhos do grupo é o município de Paripueira. Simone Farias, filha do prefeito da Barra de Santo Antônio, Rogério Farias, é nome ventilado para concorrer ao pleito de 2016. A disputa promete.

Domingo pesado Quem mora perto da Avenida Silvio Vianna, na Ponta Verde, no trecho fechado aos domingos, está apelando à Polícia e Ministério Público por providências diante da quantidade crescente de menores consumindo álcool e drogas. Não faltam também cenas de sexo praticamente explícito entre casais hetero e homossexuais.

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Alunos do Curso de Ciências Sociais da Ufal estão na bronca com o professor Bernardino Araújo. Segundo nota de repúdio publicada pelo DCE, no dia 26 de março de 2015, o docente, que ministra as disciplinas História de Alagoas e História Geral do Brasil no referido curso, em sua primeira aula manifestou posições racistas, como ao se referir ao nariz do negro pejorativamente e com risadas. Também foi infeliz ao tentar dar razão ao extermínio dos índios caetés por causa de sua cultura antropofágica e que os portugueses “acasalavam” com índias e negras para realizar o “embranquecimento” da população. Ao ser advertido pelos alunos, afirmou que “todo mundo tem preconceito”.

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Diante dos fatos, os alunos do Centro pedem a saída do professor e estão se articulando para entrar com processo administrativo contra Bernardino. Eles também exigem que os processos que o professor já responde, pelo mesmo motivo, sejam analisados e julgados pela Universidade Federal de Alagoas. Por enquanto, a saída encontrada por eles foi boicotar as aulas do professor e ironizar com cartazes em sala de aula.

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A nota de repúdio contra Bernardino se espalhou pelas redes sociais e a divulgação foi feita no boca a boca. Mas, oficialmente, ninguém na Ufal soube dizer se o tal professor responde a algum processo ou se realmente foi racista em sua posição. Até então, fica o dito pelo não dito.

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

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Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE ABRIL DE 2015 -

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JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

Siga-me: @jorgearapiraca

Holanda quer importar presos Amsterdam-Holanda - Por aqui, a putaria nas vitrines e o consumo de drogas nos coffeshopping são mais organizados do que a administração de alguns países da América do Sul. Nas ruas, à noite, não se vê arruaças, a polícia vigia os usuários discretamente dentro dos carros, as várias grifes de maconha são vendidas livremente dentro dos bares e as prostitutas, para se livrarem do frio intenso, ficam dentro de aquários de calcinhas e sutiãs acenando para os fregueses que apreciam não só essas vitrines de sexo como o vastíssimo comércio de material erótico que exibe todo tipo de instrumento para gostos variados. Mas não se engane, tudo aqui em Amsterdam é organizado pelo governo de forma que a prostituição não vire um puteiro sem dono nem o comércio das drogas uma administração caótica. Até nos Coffeshopping a droga – especialmente a maconha – é vendida sem intermediário, no próprio balcão do bar, onde um monte de gente, entre jovens e insuspeitos e elegantes senhores e senhoras de fino trato, consome a droga em profundo silêncio e meditação curtindo as músicas dos seus ídolos jamaicanos. Há os que preferem a conversa profunda e filosófica sobre o mundo. E também os doidões alegres e sorridentes em paz com o universo. Nos finais de semana as principais ruas do bairro ficam quase intransitáveis de tanta gente. Evidentemente, nem todos são consumidores. A maioria, turistas, quer saber como funciona o comércio livre das drogas leves e da prostituição protegidos pelo governo que mantém um alerta sistemático contra os traficantes. Isso mesmo!, os traficantes continuam a vender drogas no comercio paralelo, mas são reprimidos por avisos luminosos espalhados pela cidade: “Ignore Street dealers”. O governo avisa aos visitantes para não comprar no comércio clandestino sob o risco de consumir a droga “batizada”. Ou seja: aqui, o usuário tem a garantia de comprar a maconha pura que varia de 8 a 15 euros o grama. As autoridades não só alertam aos usuários como também avisam do perigo do tráfico paralelo, alertando-os de que três turistas morreram no final ano passado ao consumir heroína com se fosse cocaína, droga vendida pelos atravessadores nas ruas. A dose foi letal . O comércio livre da droga em Amsterdam atrai milhares de turistas e usuários de todo o mundo, como diz um morador de Amsterdam: - As pessoas vêm pra cá para fazer aqui o que não podem fazer livremente nos seus países: exercer a liberdade. É verdade, a Holanda é um pais sem preconceito, onde a liberdade é exercida à plenitude independente do comercio livre das drogas. Uma cidade, onde se concentram grandes museus do mundo, entre eles o Van Gogh e Rembrandt. Amsterdam é linda, a cidade das flores e das bicicletas, cortada suavemente por canais e pontes que atravessam suas ruas. Um país que ama sua seleção laranja que encanta o mundo com seu futebol. De economia estabilizada e forte. Um país que respira liberdade com segurança, onde o turista pode andar a qualquer hora do dia ou da noite sem receio de ser molestado.

Segurança As estatísticas mostram que o comercio livre das drogas na Holanda não aumentou a violência. Para os viciados, o governo mantem uma cota que pode ser comprada em locais autorizados, mas pune com rigor o traficante. No momento, o secretario de Estado Fred Teeven está sendo contestado porque o fechamento de 26 presídios provocaria a demissão de 2.000 funcionários, mesmo economizando 340 milhões de euros.

Cadeias vazias A falta de criminosos na Holanda começou a ser discutida pela imprensa em 2009. Naquele ano, o governo fechou 8 presídios, e, diante das demissões estudou a possibilidade de importar 500 criminosos da Bélgica para manter o seu sistema carcerário funcionando e preservar os empregos.

Mar de lama Bruxelas, Bélgica - Com apenas 12% de aprovação, o governo da Dilma foi parar no fundo do poço. Dificilmente vai se recuperar porque a tendência do país é de recessão econômica, fruto de uma administração caótica e corrupta. O Brasil está à deriva, sem comando. A presidente continua refém do Lula que agora decidiu intervir direto no governo com a nomeação do Edinho Silva, engenheiro de produção, ex-tesoureiro da campanha, para administrar a verba milionária de publicidade do governo que pretende silenciar a mídia com propaganda seletiva, a exemplo do que ocorre no reino bolivariano da Venezuela. Mesmo diante de todas as evidências de que a Dilma foi reeleita com dinheiro roubado da Petrobras pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot informou à frente parlamentar que pede investigações sobre os desmandos da presidente, que nada ainda foi constatado que leve o MP a indiciá-la em algum crime, apesar dos depoimentos dos delatores que apontam Vaccari e o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, como intermediários das propinas da Petrobras que chegaram às duas campanhas da Dilma. Por causa dessa omissão, que também deixa o ex-presidente Lula fora das investigações, quando se sabe que ele é o artificie de toda essa tramoia contra os cofres públicos, as investigações do MP podem descambar para o descrédito. Elas também estão comprometidas depois que Janot visitou a presidente antes de mandar os autos para o STF pedindo abertura de processos contra os envolvidos nas fraudes da Petrobras, comprometendo a independência do Judiciário. Os escândalos e a incompetência para administrar o país já não deixam dúvidas quanto a capacidade da Dilma de tirar o Brasil do atoleiro. O ministro Joaquim Levy, da Fazenda, não cansa de criticá-la em público, os políticos aliados e de oposição tratam a chefe de estado com desprezo e a população, a quem cabe o julgamento final, já disse nas pesquisas mais recentes que a presidente não representa mais o povo brasileiro. Enclausurada dentro do Palácio do Planalto, Dilma faz de conta que governa enquanto entrega o país para o Lula administrar demitindo e admitindo ministros a seu bel-prazer. O caos político está na estratosfera. No beco sem saída, em vez de jogar a toalha, a presidente é aconselhada pelos áulicos palacianos a criar factoides. O último deleschega ser hilariante. Dilma condiciona a sua viagem aos Estados Unidos a decisão de Obama deixar de espioná-la. Ela quer com isso pegar carona nos esquerdistas de botequim que culpam os Estados Unidos pelas manifestações de ruas contra o seu governo. O Sibá Machado, líder do PT na Câmara, também já levantou a bandeira de que a CIA estaria por trás dos movimentos que pedem a cabeça da sua presidente. Delírios de uma cabeça oca. A verdade é que a Dilma não tem mais condição de dirigir o país. Perdeu força até para indicar seus ministros. Em menos de três meses de mandato, foi obrigada a mexer nas cadeiras dos seus auxiliares mesmo a contragosto. Tirou o Cid Gomes do ministério da Educação, demitiu o ministro da Comunicação Social Thomas Traumann – que, na verdade nunca existiu -, remanejou outros ministros de pastas e ainda não escolheu uma equipe competente para tirar o país da crise econômica e moral. Além disso, é citada em quase todos os depoimentos como beneficiária do dinheiro roubado da Petrobras , inclusive da responsabilidade na compra da refinaria de Pasadena quando esteve à frente da presidência do Conselho da empresa. Enquanto ela vive como uma tonta dentro do Planalto, Lula decidiu percorrer o país a pretexto de defender a democracia. Ora, minhas senhoras e meus senhores, o povo brasileiro não precisa de intermediário para manter a ordem constitucional. Precisa, isto sim, de homens públicos que ajam independentes para frear essa corrupção avassaladora que arrasou a nossa economia e desfigurou a imagem do país pelo mundo.


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GABRIELMOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

Sinal de alerta

Bem longe A possibilidade dos deputados federais Cícero Almeida e Ronaldo Lessa de participarem da campanha para prefeito de Maceió é cada vez menor. Para setores do PMDB, quanto eles mais longe, melhor. Almeida e Lessa poderiam atrapalhar o projeto do PMDB de dominar Maceió e o restante do Estado.

Sem explicações

O presidente da Câmara de Vereadores, Kelmann Freitas, tem deixado circular que será o grande articulador do PMDB nas eleições municipais do próximo ano. Tem recebido corda do partido, mas não sabe se será mesmo aproveitado numa eleição majoritária. Afinal de contas, com o senador Renan Calheiros no comando, é bom ninguém colocar o carro na frente dos bois.

Te cuida,Ciço Bom prefeito, comunicador por excelência, o deputado federal Cícero Almeida não deve se envolver no canto da sereia. Mudar de partido, agora, seria o mesmo que dá um tiro no pé. Carreira solo, Almeida tem tudo para uma longínqua vida política, mas sabe que está cercado de grandes raposas que podem impedir um voo mais alto.

Pra que? A Mesa Diretora da Assembleia projeta contratar, naturalmente a peso de ouro, uma auditoria para ver como anda a folha de pagamento da Casa. E precisa? Toda Alagoas sabe das patifarias que foram cometidas na Casa de Tavares Bastos. Vai gastar dinheiro à toa. O melhor seria convidar o Ministério Público para colaborar com a auditoria e naturalmente com as investigações.

A criação de mais secretarias de Estado promovidas por Renan Filho vai exatamente de encontro no que ele tem dito e repetido de que a ordem é de cortar gastos. Não é o que parece. Além das recém-criadas secretarias de Transporte e de Esporte, Renan também já anuncia criar outras na área de Segurança Pública. Justificar de que não serão criados mais cargos comissionados e que não ocorrerão mais despesas, é tentar querer fazer o povo de bobo.

Pilantragem

Comemoração

Devagar com o andor

O governo comemorou a diminuição de cerca de 30% na violência em Alagoas, inclusive do número de assassinatos, o que deixa o Estado entre os piores índices brasileiros. Diga-se de passagem, que a pasta comandada pelo promotor Alfredo Gaspar de Mendonça é a única que se sobressaiu nestes três meses de governo, mas está ainda muito longe do projeto desejado.

Povo refém Na periferia de Maceió a situação da segurança pública é cada vez pior. Os moradores ficam reféns dos marginais e a maioria das casas é obrigada a ter grades para protegê-los. O carnaval feito pelo governador para comemorar uma ínfima redução do índice de violência, é jogada pra plateia. Jogada política, naturalmente.

Começam as especulações de candidaturas a prefeito em Maceió e no interior. Parece estar longe, mas não é. Os municípios mais cobiçados, além de Maceió, são Arapiraca, Palmeira dos Índios, União dos Palmares, Marechal Deodoro e Rio Largo. Delmiro Gouveia, Santana do Ipanema e Maragogi vêm numa segunda leva.

Muita pretensão

A

nomeação do engenheiro Mozart Amaral para a recém-criada Secretaria de Transporte é uma jogada do PMDB para começar a produzir uma candidatura para prefeito de Maceió no próximo ano. Pode não ser Mozart, mas ele abriria espaço para outro companheiro de partido. Com o governo do Estado nas mãos e pretendendo ter a hegemonia política em toda Alagoas, o PMDB quer fechar o cerco com a capital e dominar de uma vez por todas a política local, sem dar chances aos adversários. A criação da Secretaria de Transporte é nada mais, nada menos, do que um grande projeto dos Calheiros, que vêm com bons olhos chegar a prefeitura de Maceió acabando com as pretensões do PSDB e do PP e ficar praticamente sem adversários para os próximos embates. A Secretaria de Transporte vai trabalhar como uma grande secretaria de Maceió, fazendo frente à Secretaria de Infraestrutura, que hoje é dirigida pelo engenheiro Roberto Fernandes. Quem conhece a família Calheiros sabe que o céu na política é o limite e a chegada de Renan Filho no executivo estadual, é sinônimo de novos avanços do PMDB no Estado.

Chegando a hora

Bem que o presidente da Assembleia, deputado Luis Dantas, tem o desejo de moralizar a instituição. Mas tem também a convicção de que não deverá fazer muita coisa. Os deputados, todo mundo sabe disso, querem mesmo é sobreviver e garantir um futuro mandato. Mas é necessário que os meios sejam promovidos, de uma forma ou de outra. Que o diga a Operação Taturana que desbaratou uma quadrilha instalada na Assembleia. Marx Beltrão jogou pesado para ser eleito deputado federal, mas já pensa em eleições majoritárias. Diz o velho ditado que ´´devagar que o andor é de barro´´. Sua pretensão de sair candidato ao Senado em 2018, se não tiver atropelos pelo caminho, é pelo menos prematura. Deveria pensar inicialmente em ter uma grande atuação como deputado. Mas como está inserido no baixo clero na Câmara, somente com uma grande atuação regional poderia se sobressair numa corrida majoritária.

Desguarnecida As autoridades inventaram de colocar 400 homens da Polícia Militar para garantir a segurança no segundo jogo na quarta-feira, entre CSA e CRB. Uma ótima oportunidade para os bandidos fazerem a festa na cidade. Para que tantos militares no Rei Pelé, se a cidade ficou desguarnecida?

Despreparada A Polícia Militar deu uma demonstração de despreparo durante o jogo CSA e CRB no domingo passado no Estádio Rei Pelé. Acionou seus fuzis com balas de borracha para a torcida azulina, indiferente se ali se encontravam crianças, idosos, pessoas com necessidades especiais e mulheres. Parece que a tropa que estava ali jamais passou por uma Academia de Polícia.

Mesma ladainha O governador Renan Filho ainda não perdeu a mania de atribuir tudo que é ruim ao governo anterior. Seria bem melhor arregaçar as mangas e tentar encontrar a solução dos problemas, em vez de satanizar cada vez mais Téo Vilela.

Ganhou à parada A vontade do governador Renan Filho prevaleceu na votação para a escolha de presidentes das Comissões na Assembleia Legislativa. O deputado Sérgio Toledo, da base governista, ficou com a Comissão mais importante da Casa, a de Constituição e Justiça, que estava sendo cobiçada pelo deputado Antônio Albuquerque.

Traíras O prefeito Rui Palmeira deve tomar muito cuidado daqui pra frente com a tropa que se diz governista de carteirinha. Algumas notas escrotas estão sendo rotineiramente plantadas em órgãos de comunicação querendo criar problemas entre fiéis auxiliares e o prefeito de Maceió. Essa onda deve crescer com a proximidade das eleições no próximo ano.

Genérico para animais O governo vai regulamentar nos próximos dias o projeto de lei aprovado e sancionado pela presidente Dilma Rousseff, de autoria do senador Benedito de Lira, que obriga a fabricação de medicamentos genéricos para animais. A medida favorecerá todo setor agropecuário brasileiro e promoverá uma economia de até 30% aos criadores.

Desinteresse Parece que as reuniões da bancada federal não tem atraído muitos parlamentares. A última, por exemplo, presidida pelo coordenador Ronaldo Lessa, compareceram apenas quatro deputados e Euclides Mello, representando o senador Fernando Collor. Desse jeito não se chega a lugar nenhum.


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JUSTIÇA

Leilão de usinas de João Lyra permanece indefinido Trabalhadores esperam receber direitos; sindicato denuncia situação de miséria JOSÉ MARTINS Especial para o EXTRA

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pós 25 anos de trabalhos prestados à Laginha Agroindustrial S/A, o exdiretor de produção Luiz Henrique Cunha agora dedica parte de seu tempo para cobrar da Justiça os direitos dos funcionários demitidos por motivo de falência do grupo de João Lyra. E os números são milionários. Segundo estimativa do Comitê de Credores da Massa Falida, os trabalhadores devem receber uma quantia em torno de R$ 130 milhões. Há casos de funcionários que podem receber de R$ 100 mil a R$ 800 mil. “São aproximadamente 13 mil famílias que precisam desse dinheiro. Com a crise do setor usineiro que assola o país, muitos não conseguem mais trabalho e estão parados”, declarou. Depois da demissão, Cunha foi um dos que ficou sem rescisão, indenização e nem seguro. Sem contar que ainda descobriu que a empresa não depositava o INSS corretamente desde 2007. “Conheço gente que tem 30 anos de empresa e ficou no prejuízo. Todos nós aguardamos uma solução”. No entanto, a espera pode ainda se prolongar. No mês passado, o juiz da Comarca de Coruripe, Mauro Baldini, suspendeu a venda das indústrias da Laginha. Datado no dia 5 de março, o documento explica que a decisão foi tomada por causa de um pedido de suspeição con-

tra o magistrado feito pela defesa de Lyra. A alegação por parte dos advogados é de que Baldini teria beneficiado os credores e prejudicado o grupo empresarial. A denominada “suspeição” impede juízes, promotores, advogados, ou qualquer outro auxiliar da justiça, de funcionar em processo, no caso de haver dúvida quanto à imparcialidade e independência. Conforme informado ao EXTRA Alagoas, o Tribunal de Justiça do Estado (TJ/AL) ainda não analisou o caso de suspeição e a venda dos ativos, que tinha a finalidade de somar dinheiro para pagar aos credores do grupo empresarial, ainda está paralisada. “Até agora tudo está suspenso e não tem data para ocorrer o leilão”, disse Baldini à reportagem. Apesar da burocracia jurídica, o ex-diretor de produção Luiz Henrique Cunha destacou que até o momento não tem o que reclamar das ordens judiciais. “Sabemos que o processo é lento, mas também vi que o trabalho do juiz é bastante minucioso”, opinou. Enquanto isso, relatos de funcionários indignados não sobram no Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Açúcar no Estado de Alagoas (Stiaal). “Muitos dos sindicalizados me contam histórias de miséria, que estão passando bastantes necessidades mesmo. A recolocação no mercado de trabalho está difícil e espero

JL conseguiu paralisar leilão ao levantar suspeita contra magistrado

que a Justiça agilize o processo para quitar os débitos com a nossa classe trabalhadora”, declarou o presidente sindical Jackson de Lima Neto. O Comitê da Massa Falida é formado por ex-funcionários, credores de bancos, credores quirografários (que não possuem garantias para recebimentos) e pequenas empresas. O valor da dívida chega aos R$ 1,9 bi. Para isso, a determinação é de vender cinco usinas, localizadas em Alagoas e Minas Gerais, o escritório central da companhia, na capital, e um jato. As usinas Vale do Parnaíba e Triálcool, no Sudeste brasileiro, serão vendidas em bloco, por serem próximas uma da outra, por haver pouca terra da Massa Falida na região. O processo de falência do Grupo João Lyra começou em

2008. Nove anos depois, foi decretada definitivamente pelo juiz Sóstenes Alex Costa de Andrade. Durante o trâmite processual, Lyra ficou impedido de entrar na usina Laginha por causa de denúncias de que o exdeputado federal estaria ameaçando os funcionários a serviço dos gestores da Massa Falida da Laginha Agro Industrial. BENS A venda dos bens da massa falida do Grupo Laginha não é o suficiente para pagar dívidas milionárias a credores e exfuncionários, reconhecidas pela Justiça em aproximadamente R$ 2,1 bilhões. Dos bens em questão, o de maior valor é a Usina Guaxuma, com valor global (sem cana) avaliado em R$ 864,1 milhões. O juiz Mauro Baldini deter-

Juiz Mauro Baldini tem atuação à frente do processo elogiada pelos trabalhadores

minou a realização de processo para venda de todos os ativos e que a venda fosse feita na modalidade de proposta fechada. O documento apontou que “milhares de credores à míngua aguardando o recebimento de seus créditos, cidades com suas economias paralisadas [...], invasão das terras das usinas por diversos movimentos ‘sem terra’ e os incêndios nos canaviais”. Em sua decisão, o magistrado afirmou que o sócio majoritário da Laginha foi intimado para participar da arrecadação dos bens em destaques, mas “ficou inerte, deixando de fiscalizar o ato”. Vão ficar de fora outros bens conhecidos de João Lyra que não foram avaliados porque não fazem parte da massa falida, como um avião e helicóptero que pertencem à Lug Táxi Aéreo, os da revendedora VW Mapel e imóveis particulares.


6 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE ABRIL DE 2015 JOIO DO TRIGO

Diretórios do PP querem afastar Executiva Nacional Presidente da legenda em Alagoas, Biu de Lira e o filho Arthur estão entre os 32 políticos da sigla investigados na Lava Jato JOSÉ MARTINS Especial para o EXTRA

D

iretórios do Partido Progressista (PP) de estados do Sudeste, Centro-Oeste e Sul do país criaram uma corrente para defender a saída de políticos da legenda que são investigados por envolvimento em esquemas de corrupção nas operações Zelotes e Lava Jato, ambas instauradas pela Polícia Federal. A repulsa veio a público em reportagem publicada no dia 3 deste mês no periódico O Estado de S. Paulo. Dos 32 políticos da sigla partidária que são alvo de apurações sobre desvios na Petrobras, 26 pertencem à Executiva Nacional do PP. Entre eles estão o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), e o 1º vice-presidente (licenciado), Mário Negromonte (BA). O presidente regional do partido em Alagoas, senador Benedito de Lira, não escapou da investigação que apura corrupção na petrolífera, assim como seu filho, o deputado federal Arthur Lira, primeiro vice-presidente da legenda. Enquanto os diretórios de Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul se organizam contra os suspeitos dos cargos que comandam a legenda, parece que a insatisfação e a preocupação com o futuro da legenda ainda não

chegaram às terras alagoanas. Questionado sobre a mobilização de outros estados, Benedito de Lira declarou, via assessoria de imprensa, que não debateria hipóteses. O senador também deu a mesma resposta quanto ao fato de ter sido citado pela investigação da Lava Jato, já que, conforme a assessoria, Benedito de Lira tem a garantia da presidência do PP, em Alagoas, até setembro deste ano. Se por um lado o diretório alagoano não omite opinião, no Sul do Brasil a história é diferente. Celso Bernardi, presidente do PP gaúcho, afirmou que o partido se sente “desconfortável” com o envolvimento da cúpula da legenda nos principais esquemas de corrupção e diz ser contra a atual direção. De acordo com Bernardi, é a hora de separar “o joio do trigo” na sigla. “O partido está desconfortável com isso e quer novos caminhos e novos nomes para dirigir o partido em nível nacional”, disse. “A instituição não pode ser vítima do processo. Temos que lutar dentro do partido para separar o joio do trigo”, analisou o dirigente estadual. Os diretórios se rebelaram ainda contra decisão tomada pela direção partidária de adiar em até seis meses o próprio mandato que acaba no próximo dia 15.

CONVENÇÃO NACIONAL A assessoria de Benedito de Lira informou que a Convenção Nacional do PP está convocada para o dia 14 deste mês, em Brasília. O edital foi publicado no dia 7 no Diário Oficial da União. Conforme o deputado federal Esperidião Amin (PP-SC), o adiamento só poderia acontecer para coincidir com calendário eleitoral. “O que não é o caso”, declarou. Para o parlamentar, a justificativa que a Executiva Nacional usou para prorrogar o mandato - a investigação de lideranças na Operação Lava Jato - também pode ser usada para se pedir a alteração da diretoria. “É inegável que os pedidos de investigação causaram mal-estar no partido”. Seguindo este raciocínio, Biu de Lira e o filho devem igualmente ser afastados do comando do partido em Alagoas. Os mandatos do senador como presidente estadual do PP e de Arthur como primeiro vice-presidente se encerram no dia 31 de agosto próximo e é quase certo que eles não sejam mantidos na liderança da legenda face as investigações da Lava Jato. Além de ter uma coleção de suspeitos na operação Lava Jato, o Partido Progressista entrou também na mira

Presidente do PP em Alagoas, Biu de Lira também é investigado

Tal qual o pai, Arthur Lira está na mira da PF, MPF e Justiça Federal

da Operação Zelotes. A forçatarefa da Polícia Federal apura eventuais malfeitos dentro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão que funciona como uma espécie de “tribunal” para julgar recursos de contribuintes em débito com a Receita. A polícia apura dívida tributária do PP da ordem de R$ 10,7 milhões. Pela lei, partidos têm imunidade tributária e não pagam impostos, mas há exceções, como no caso de rejeição de contas pela Justiça Eleitoral. Diretórios da legenda sofreram reprovação nos últimos anos. Um dos investigados na Zelotes é o conselheiro do Carf Francisco Maurício

Rebelo de Albuquerque Silva, pai do líder do PP na Câmara, Eduardo da Fonte (PE). LISTA DE JANOT Os nomes do senador Benedito de Lira e do deputado federal Arthur Lira foram mencionados no dia 6 de março na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O senador foi acusado de receber R$ 1 milhão para a campanha política de 2010. O valor teria saído da cota do PP e seria decorrente de sobrepreços em contratos da Petrobras. As despesas de campanha de Arthur Lira também seriam provenientes do mesmo esquema.


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QUEIROZ GALVÃO

Precatório bloqueado por juiz da Lava Jato será reduzido em 5% Dinheiro devido à empreiteira pelo Estado é para ressarcir Petrobras, mas valor será corrigido a mando do CNJ JOSÉ MARTINS Especial para o EXTRA

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lagoas estreou nesta semana uma nova etapa das investigações da Lava Jato, que apura o esquema de corrupção na Petrobras. Até a terça-feira, 7, a Justiça não tinha bloqueado o dinheiro de nenhuma empresa investigada na operação. Porém, a rotina foi quebrada um dia depois. O juiz federal Sérgio Moro determinou que o Tribunal de Justiça do Estado impeça que a quantia de R$ 163.577.631,67 caia nas contas da Construtora Queiroz Galvão, uma das empresas suspeitas de participar do esquema de corrupção na estatal. O valor é referente a precatórios (quantia devida por órgãos públicos) devidos pelo governo do Estado à empreiteira e cujo processo transitava desde o ano de 2005. Em um ofício expedido ao Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), Moro solicita que, quando liberado, o valor seja depositado em uma conta do Judiciário. O dinheiro permanecerá, até segunda ordem, intocado. O EXTRA apurou, contudo, que o real valor do precatório da Queiroz Galvão – quinta na lista de pagamentos a serem liberados pelo TJ – terá um decréscimo de 5%, totalizando R$ 155.398.750,08. Os outros R$ 8.178.881,53 são referentes aos honorários de serviços desempenhados pelos advogados Adelmo Cabral e Carlos Barros Mero. O cálculo tem como base a decisão do juiz Roldão Olivei-

ra Neto, segundo o qual há um processo à parte somente para os precatórios dos advogados. A correção do valor foi efetuada no início de março, após o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apurar, em correição, que poderia haver duplicidade nos pagamentos. Com o bloqueio determinado pela Justiça Federal, juiz Roldão de Oliveira Neto explicou que “o dinheiro que seria pago à construtora Queiroz Galvão será caucionado”. Ainda segundo o magistrado, “o pagamento dos precatórios em Alagoas seguirá a ordem normalmente”. A posição do juiz, que é coordenador de Precatório e RPV (Requisição de Pequeno Valor) do TJ, foi repassada pela Assessoria de Comunicação da Corte alagoana. Embora a imprensa trate os nomes dos investigados na Lava Jato como “acusados” e “suspeitos”, na ordem de bloqueio encaminhada pela Justiça, o Ministério Público Federal (MPF) não poupou afirmações. Conforme documento, “a Queiroz Galvão participou do esquema criminoso de pagamento de propinas e de lavagem de dinheiro em contratos com a Petróleo Brasileiros S/A – Petrobras”. Também segundo o MPF, “calculando o percentual de propina pago aos Diretores da Petrobras, de 3%, sobre o valor dos contratos da empresa, chegou o MPF ao valor de R$ 372.223.885,64 que seria o montante do produto do crime que deveria ser ressarcido pela Queiroz Galvão aos cofres pú-

Juiz Sérgio Moro mandou bloquear precatório; demais pagamentos, diz Roldão Oliveira, não serão afetados

blicos”. Até a quarta-feira à noite, o posicionamento da Queiroz Galvão era de que não havia sido comunicada oficialmente sobre o bloqueio de precatórios. “De fato, os precatórios junto ao Governo do Estado de Alagoas existem, são créditos absolutamente legítimos e reconhecidos pelos Tribunais Superiores. A Queiroz Galvão reitera que sempre pautou suas atividades pela ética e pelo estrito cumprimento da legislação”, disse em nota à imprensa. RESSARCIMENTO O pedido de bloqueio acatado pela Justiça foi feito pelo MPF e é uma maneira da empresa ressarcir o erário. A Justiça já recuperou em torno de R$ 139 milhões de pessoas físicas suspeitas de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. A estimativa do MPF é de que R$ 2,1 bilhões tenham sido desviados da estatal. O dinheiro recuperado será devolvido à estatal. Idelfonso Colares Filho e

Othon Zanóide de Moraes Filho, dirigentes da Queiroz Galvão, chegaram a ser presos no ano passado durante a sétima fase da operação Lava Jato. O juiz Sérgio Moro negou, naquela ocasião, um pedido para bloquear dinheiro da empreiteira. Porém, Moro destacou que hoje “o quadro é diferente, pois os valores do precatório não estão ainda disponíveis à construtora. O sequestro então de valores a receber não afetará a liquidez já existente da empresa”. As empresas do grupo Queiroz Galvão e consórcios integrados firmados, entre 2006 e 2014, teriam contratos de aproximadamente R$ 9 bilhões com a estatal. FAMÍLIA Dario Galvão, presidente da Galvão Engenharia, fundou a própria construtora apósvender suas ações da Queiroz Galvão, empreiteira da qual seu pai foi um dos fundadores. Dário foi detido em março último também acusado de participação em esquema de propina que

subtraia dinheiro da Petrobras. Criada em 1996, a empresa de Dario foi destaque na revista Exame, em 2010, sob o título “Galvão Engenharia cresce 94% em apenas um ano”. Na época, a revista destacou que a construtora “saiu do anonimato para figurar na lista das grandes construtoras do país (...).Em 2009, seu faturamento chegou a 1,2 bilhão de dólares”. Como publicado na semana passada pelo EXTRA Alagoas, o empresário também é acionista majoritário da CAB Ambiental, concessionária da Águas do Agreste, que responsável pelo abastecimento de água ds municípios de Arapiraca, São Brás, Campo Grande, Olho d’Água Grande, Feira Grande, Girau do Ponciano, Lagoa da Canoa, Coité do Nóia, Craíbas e Igaci. Com um contrato de 30 anos, assinado em 2012, a concessionária alega que está saudável financeiramente e que zelará pelo acordado sem prejudicar a população.


8 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE ABRIL DE 2015 REFORÇO DE CAIXA

Alagoas vai receber mais de R$ 161 milhões de ajuste do Fundeb Complementação para auxílio do pagamento ao piso do magistério será superior a R$ 51 milhões MARIA SALÉSIA COM ASSESSORIA SALLESIA@HOTMAIL.COM

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o final deste mês de abril, os municípios alagoanos vão receber reforço de caixa com o depósito do ajuste de distribuição dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), pelo MEC. O valor é relativo ao exercício de 2014 e caberá ao estado de Alagoas R$ 161.180.068,80; sendo R$ 109.448.455,16 de ajuste da complementação da União ao Fundeb e R$ 51.731.613,65 para auxilio do pagamento ao piso do magistério. O demonstrativo de ajuste anual dos recursos do Fundeb, relativo a 2014, foi publicado através da Portaria do Ministério da Educação (MEC) nº 317/2105 no Diário Oficial da União (DOU e consolida o valor aluno em R$ 2.476,37. Vale ressaltar que os municípios de Alagoas terão ajuste positivo para ser creditado até o final de abril. É por meio desse demonstrativo que é divulgada a receita do Fundeb efetivamente realizada no ano anterior. Assim, a cada ano e sempre no início de cada exercício, é feito o ajuste da receita disponibilizada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios ao Fundeb em relação à previsão de receita

anteriormente divulgada por portaria interministerial. Com base nos dados da receita consolidada do Fundeb, é divulgado ainda o ajuste anual da redistribuição da complementação da União ao Fundo. Essa complementação é feita por débito ou crédito nas contas correntes específicas dos Fundos dos Estados e respectivos Municípios. No ano passado, municípios de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte receberam a complementação da União ao Fundeb. Também é repassado aos Estados e Municípios beneficiados com a complementação da União ao Fundeb o valor correspondente a 10% do total dessa complementação que deveria ser destinado à integralização do piso salarial dos professores da educação básica. Em 2014, esse valor que a União reteve do total da complementação ao Fundeb nos repasses mensais, corresponde a R$ 1,155 bilhão. O município de Maceió terá ajuste no valor de R$ 10.815.810,25, sendo R$ 3.471.392,72 destinados a complementação para auxílio do pagamento ao piso do magistério. Quem também terá um valor relevante no reajuste é Arapiraca que contará com R$ 6.763.432,15. Em seguida aparece Coruripe, com R$ 2.784.491,99; seguido por Palmeira dos Índios que terá

Municípios também irão receber no final deste mês recursos complementares ao piso nacional dos professores

ajuste de R$ 2.723.570,81. Já Pindoba contará com R$ 176.557,13.

AMA ALERTA O consultor da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Luiz Geraldo Monteiro, alerta que os municípios devem ter cautela com este ajuste, pois como é anual, a estimativa pode ser positiva ou negativa. É o caso do Estado do Rio Grande do Norte que terá débito deR$ 3,7 milhões. Já os demais Esta-

dos contemplados receberão créditos de R$ 1,872 bilhão. “Não se deve comemorar porque não houve redução de receita para 2015. Ainda é cedo para isso”, afirmou Monteiro. Vale ressaltar que o valor mínimo nacional por aluno/ano dos anos iniciais do ensinofundamental urbano consolidado em 2014 foi de R$ 2.476,37. De acordo com os dados publicados na Portaria 317/2015, o total de receitas efetivas do Fundeb no ano passado foi de R$ 127,1

bilhões. Diante dos números positivos na maioria dos Estados contemplados pelo Fundo, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) também alerta que os valores dos ajustes serão repassados até o fim do mês de abril, mas que os gestores municipais devem ter conhecimento dos valores de créditos ou débitos em suas contas. Além do que é preciso ter cautela e reorganizar o planejamento municipal de Educação.


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IMPEACHMENT

Movimento “Fora Dilma” volta às ruas neste domingo, 12 de abril Em Maceió, a concentração verde-amarela ocorrerá no Corredor Vera Arruda, localizado na Jatiúca, a partir das 14 horas

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epois de levar mais de dois milhões de pessoas para as ruas em 22 estados brasileiros no último dia 15 de março, o movimento “Fora Dilma” está pronto para a nova mobilização nesse domingo,12 de abril, quando espera atrair um número ainda maior de manifestantes. Vestidos de verde e amarelo, os manifestantes vão mais uma vez pedir a saída da presidente Dilma Rousseff (PT), que amarga os 78% de reprovação, de acordo com as últimas pesquisas de opinião divulgadas sobre a avaliação do governo. Estão previstas manifestações em 153 cidades brasileiras. Em São Paulo, principal foco da mobilização nacional, os organizadores enfrentarão o desafio de botar mais de um milhão de pessoas na Avenida Paulista porque o governo torce contra e vai tentar desmoralizar o movimento. A expectativa é de que o governo deve colocará toda a sua máquina de propaganda, especialmente os “militantes” assalariados na web, para

apregoar um fracasso caso o dia 12 não faça sombra ao dia 15. O que poderá facilitar a tarefa dos organizadores é que, desta vez, existem três palavras de ordem específicas para atrair as pessoas, como disse o principal dirigente do movimento Vem pra Rua, Rogerio Chequer, na entrevista que concedeu ao programa Roda Viva, da TV Cultura: 1. O governo não entendeu nada (do que ocorreu no dia 15, demonstrado pela reação da presidente Dilma e de ministros: nada de autocrítica, nada de grandes mudanças, anúncio de medidas chochas e vazias, muito palavrório e mudança real alguma). 2. O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, deve se declarar impedido de participar do julgamento do processo do petrolão; 3. Pela fixação do número de ministérios num máximo de 20. Atualmente são 39. A torcida do lulopetis-

mo pelo fracasso dos protestos do dia 12 não parece estar levando em conta um fator nada partidário, e fundamental: dezenas de milhares de manifestantes levaram suas famílias — filhos pequenos, pais e sogros mais velhos, outros parentes — para as ruas, e

o clima de confraternização e de paz que se observou tornou a experiência muito agradável. Representantes do Movimento Brasil Livre falam em “dobrar” a quantidade de pessoas presentes ao protesto realizado em São Paulo, por

exemplo. Tal qual como no dia 15 de março, Maceió também vai aderir aos protestos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. A concentração dos manifestantes está marcada para às 14 horas no Corredor Vera Arruda, na Jatiúca.


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IMPROBIDADE

Ex-prefeito de Atalaia é responsabilizado por desvio de dinheiro público Mais de R$ 200 mil destinados para construção de Unidade de Pronto Atendimento sumiram das contas da prefeitura JOÃO MOUSINHO Joao_mousinho@hotmail.com

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Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que deveria existir em Atalaia não saiu do papel. Ação ajuizada no Ministério da Saúde responsabiliza o ex-prefeito Manoel da Silva Oliveira (PTB), o Professor Mano, pela falta de compromisso em iniciar a obra que mudaria a realidade da saúde de milhares de pessoas da região. O investimento da União visava oferecer atendimento hospitalar 24 horas de complexidade intermediária entre as unidades básicas de saúde e as de urgência, nas especialidades de clínica médica e pediatra. Na época do misterioso desinteresse do Poder Executivo em ofertar saúde para os moradores de Atalaia, o governo federal havia repassado no dia 6 de setembro de 2013, o valor de R$ 220 mil para a gestão do Professor Mano. Os mais de R$ 200 mil encaminhados eram referentes a 10% do montante da obra da construção da UPA orçada em R$ 2,2 milhões. Como “num passe de mágica”, em menos de um mês o valor depositado e que de-

veria ser utilizado exclusivamente para a construção da Unidade de Pronto Atendimento sumiu dos cofres públicos. O Professor Mano terminou afastado do cargo por uma gestão marcada por escândalos de desvios de verbas públicas, que deveriam ser utilizadas em obras e políticas sociais. Agora o Ministério da Saúde está cobrando a prestação de contas deste recurso ao atual prefeito, José Lopes de Albuquerque, o Zé do Pedrinho. Zé do Pedrinho revelou à reportagem do jornal EXTRA que está movendo um processo judicial contra o ex-prefeito, a então secretária de Saúde e vereadora do município Michelle da Silva Oliveira e Anilson Alves, que exercia o cargo de secretário de Finanças. “Todos vão responder na Justiça pelas irresponsabilidades cometidas. O Ministério da Saúde vai ter que cobrar de quem meteu a mão no dinheiro público”, enfatizou o prefeito. Através do extrato das contas, foi detectado que após o depósito proveniente ao Fundo Municipal de Saúde, entre os dias 6 e 26 de setembro de 2013, houve oito movimentações financeiras,

sendo seis delas no dia 13 de setembro de 2013, através de operações de débito autorizado, TED e DOC. No dia 26 do mesmo mês, o saldo da conta era de apenas R$ 98,71. A conta que possuía mais de R$ 200 mil ficou em menos de 15 dias praticamente zerada. Segundo informações da atual gestão de Atalaia, uma solicitação foi encaminhada à Caixa Econômica Federal para que sejam revelados as contas e os respectivos responsáveis pelas operações realizadas durante esse período. Esses dados podem comprovar definitivamente o assalto ao erário do município de Atalaia. SEM VERBA FEDERAL Por conta do descaso do ex-prefeito Professor Mano, a atual gestão corre o risco de ficar impossibilitada de receber novos recursos federais, além da cobrança do ressarcimento dos R$ 220 mil não aplicados na construção da UPA. No loteamento Santa Inês, no Bairro José Paulino, onde seria construída a Unidade, não há vestígio do início da obra, um só tijolo: o retrato do descaso.

Mano deixou apenas R$ 98,71 dos R$ 220 mil repassados pela União

Extrato da Caixa revela os dias que saques ilegais foram realizados

Professor Mano está sendo investigado por mais prejuízos aos cofres públicos de Atalaia: uma auditoria realizada pela atual gestão aponta para pagamentos indevidos a servidores públicos, fraudes em licitações e desvio de recursos oriundos do

Governo Federal, todos destinados a várias secretarias que compõem a prefeitura. Todo o levantamento já foi encaminhado pelo prefeito Zé do Pedrinho e seus assessores aos órgãos competentes para que sejam tomadas as medidas cabíveis.


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14 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE ABRIL DE 2015 SANEAMENTO BÁSICO

TCU cobra conclusão de obras avaliadas em mais de R$ 29 mi Ministros decidem abrir processo contra ex-prefeito de Piranhas por obstruir o trabalho dos auditores VERA ALVES veralvess@gmail.com

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Tribunal de Contas da União (TCU) não está nada satisfeito com o andamento das obras de saneamento básico em três de cinco municípios de Alagoas alvos de fiscalização no final do ano passado e que envolvem recursos da ordem de R$ 29.818.199,98 de um total de R$ 38.247.831,94 repassados pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). No último dia 25, os ministros do TCU aprovaram em sessão ordinária uma recomendação à Funasa para que cobre das prefeituras a conclusão dos serviços e também decidiram por inquirir o ex-prefeito de Piranhas, Dante Alighieri, sobre a obstrução ao trabalho dos auditores no município. O acórdão de número 598/2015 do TCU traz o relatório da auditoria feita pela Secretaria de Controle Externo na Bahia (Secex/ BA) entre 3 de novembro e 9 de dezembro do ano passado em cinco obras de saneamento nos municípios de Viçosa, Piranhas, Marechal Deodoro, Pariconha e Cacimbinhas. A chamada Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) foi determinada pelo ministro do TCU Benjamim Zymler, relator do processo, “com o objetivo geral de avaliar a conformidade, a eficiência e

a efetividadeda execução das obras de água e esgoto financiadas com recursos da Fundação Nacional de Saúde”. Em dois municípios, Marechal Deodoro e Cacimbinhas, as obras são de responsabilidade da Secretaria da Infraestrutura do Estado. No primeiro, os auditores da Secex/BA constaram que 97% das obras do sistema de esgotamento sanitário da Praia do Francês já haviam sido concluídas. Composto de rede coletora, linha de recalque, estação elevatória, ligações domiciliares e estação de tratamento de esgoto, o sistema envolve recursos da ordem de R$ 8.704.591,79 repassados pela Funasa. Também de responsabilidade do Estado, a ampliação do sistema de abastecimento de água em Cacimbinhas, para a qual a Funasa liberou R$ 9.555.877,82, foi considerada concluída e em funcionamento pela Secex, embora tenham destacado o fato de não existir estação de tratamento no sistema – composto de estação elevatória em Batalha e adutora até Major Isidoro. “Apenas cloro é colocado na água”, afirmam os auditores, que também constaram “problemas de interrupções no bombeamento em Pão de Açúcar (ponto de coleta) motivadas por problemas no motor de captação”. OS PROBLEMAS Foram nas obras con-

tratadas diretamente pelos municípios que os auditores verificaram a existência de problemas. Em Viçosa, por exemplo, a prefeitura já realizou três chamadas mas até agora não conseguiu contratar uma empresa especializada em obras de sistema de esgotamento sanitário. Por conta de tais dificuldades é que a Funasa teria sido favorável à prorrogação do contrato firmado em 2011 com o município no valor de R$ 12.643.033,97 para implantação de rede coletora de esgotos, quatro estações elevatórias e estação de tratamento de esgotamento sanitário. Em Pariconha, onde a prefeitura recebeu da Funasa R$ 3.949.848,78 para implantação de rede coletora, estação elevatória, estação de tratamento de esgoto, emissário, subestação e ligações domiciliares, as obras estão paralisadas há um ano e apenas 12,05% dos serviços foram executados. Um impasse judicial envolvendo a área para implantação das estações elevatórias e da estação de tratamento do sistema de esgotamento sanitário de Piranhas, para o qual a Funasa liberou R$ 3.225.247,23, é apontado como causa para a não conclusão dos trabalhos. Com 42,11% das obras executadas, o sistema envolve também a implantação de rede coletora e ligações do-

Ministro do TCU Benjamim Zymler foi o relator das auditorias

Ex-prefeito Dante Alighieri teria sonegado documentos à Secex

miciliares. Em novembro, a Funasa constatou que as obrasainda não haviam sido retomadas. OBSTRUÇÃO E foi também em Piranhas que a Secex da Bahia encontrou as maiores dificuldades para a auditoria devido à sonegação de documentos por parte da prefeitura, o que levou o Pleno do TCU, na sessão do dia 25 de março, a aprovar a abertura de processo e realização de audiência com o prefeito

Dante Alighieri Salatiel de Alencar Bezerra de Menezes acerca da obstrução ao exercício de fiscalização do TCU. O detalhe: Dante renunciou ao cargo no dia 3 de fevereiro último, mesmo dia em que o desembargador do Tribunal de Justiça de Alagoas Paulo Barros da Silva Lima manteve seu afastamento determinado em dezembro pelo juiz da Comarca de Piranhas, Giovanni Jatubá, devido a denúncias de improbidade administrativa. O ex-prefeito se diz vítima de perseguição.


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ABAIXO A CLT

Câmara aprova projeto que regulamenta terceirização Projeto permite terceirizar todos os setores de uma empresa, sem distinção entre atividade-meio ou atividade-fim POR GUSTAVO LIMA

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Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (8) o texto-base do Projeto de Lei 4330/04, que regulamenta os contratos de terceirização no setor privado e para as empresas públicas, de economia mista, suas subsidiárias e controladas na União, nos estados, no Distrito Federal e nos municípios. Foram 324 votos a favor do texto, 137 contra e 2 abstenções. Um acordo de procedimentos entre os partidos deixou a votação dos destaques para a próxima terça-feira (14), quando pontos polêmicos deverão ser decididos em votações separadas. O substitutivo apresentado pelo deputado Arthur Oliveira Maia (SD-BA), que relatou a matéria em Plenário em nome das comissões, manteve, por exemplo, a possibilidade de a terceirização ocorrer em relação a qualquer das atividades da empresa. O texto não usa os termos atividade-fim ou atividademeio, permitindo a terceirização de todos os setores de uma empresa. Os opositores do projeto argumentam que isso provocará a precarização dos direitos trabalhistas e dos salários. Esse deve ser um dos pontos a serem debatidos por meio de destaques na próxima semana. De acordo com o relator,

o texto segue “uma linha média capaz de atender os trabalhadores, os empresários e a economia brasileira”, destacando que muito da precarização do trabalho terceirizado decorre da falta de uma regulamentação. RETENÇÃO ANTECIPADA A pedido do Ministério da Fazenda, o relator incluiu no texto a obrigação de a empresa contratante fazer o recolhimento antecipado de parte dos tributos devidos pela contratada. Deverão ser recolhidos 1,5% de Imposto de Renda na fonte ou alíquota menor prevista na legislação tributária; 1% da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); 0,65% do PIS/Pasep; e 3% da Cofins. ATIVIDADE ECONÔMICA O texto votado nesta quarta-feira prevê que, quando o contrato de terceirização for entre empresas que pertençam à mesma categoria econômica, os empregados da contratada envolvidos no contrato serão representados pelo mesmo sindicato dos empregados da contratante, observados os respectivos acordos e convenções coletivas de trabalho.

Mobilização em Brasília de entidades sindicais contrárias ao projeto não conseguiu evitar sua aprovação

PROIBIÇÃO DE SÓCIOS Segundo a redação aprovada, não poderão atuar como empresas contratadas na terceirização aquelas cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado da contratante ou tenha relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade. Também não poderão ser sócios ou titulares aqueles que tenham trabalhado na empresa contratante ou prestado serviços a ela nos últimos dois anos, exceto se forem aposentados.

RESPONSABILIDADE Quanto à responsabilidade da empresa contratante do serviço terceirizado, ela será solidária ou subsidiária em relação às obrigações trabalhistas e previdenciárias devidas pela contratada. Se a contratante fiscalizar o recolhimento e pagamento dessas obrigações, exigindo sua comprovação, a responsabilidade será subsidiária. Nesse caso, a contratante somente poderá ser acionada na Justiça pelo recebimento dos direitos se a contratada não puder pagá-los após ter

sido processada. A responsabilidade será solidária se a contratante não comprovar que fiscalizou os pagamentos. Nesse caso, as duas empresas responderão perante a Justiça pelos direitos trabalhistas e previdenciários. O texto do relator Arthur Maia prevê ainda que, no caso de subcontratação, permitida apenas quanto a serviços técnicos especializados, as regras sobre a responsabilidade se aplicarão tanto à contratante no contrato principal e àquela que subcontratou os serviços


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ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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lagoas. Uma terra em que se ama e se dói. Onde existe a paixão pela vida. E pela morte. Uma mistura de uma história fabulosa. E das guerras para sua formação. A série “Alagoas, 200” conversou com Dirceu Lindoso. Entre livros e artigos sobre o Estado, vão-se mais de 300 títulos. Seu olhar mistura um passeio pela literatura. E análise documental. Uma praticidade romanceada. Um romancista pragmático. “Alagoas, 200” é publicada pelo EXTRA todas as semanas. Um presente ao leitor, reunindo gentes de Alagoas contando histórias para além de sua História oficial, misturando passado e presente, com um olhar para o futuro. Por aqui passaram quatro dos autores clássicos para entender Alagoas: Sávio de Almeida, Douglas Apratto, Élcio Verçosa e Dirceu. VEJA ENTREVISTA: Onde o senhor identifica, na nossa história que o modelo pensado e imaginado para Alagoas pelos seus gestores começou a falhar? Não sei se começou a falhar. Cito em meus livros apenas seus defeitos. Escrevi um artigo em que mostro que, na formação das Alagoas, a sociedade que vai ser alagoana depois de 1817 apresenta-se com uma dupla face: a da abundância tutelar e a da pobreza social. Ambas com estrutura social e conotações econômicas. A sociedade já mercantilizada desenvolve um conteúdo econômico e esboça uma diferenciação cultural. Nela, o social prevalece sobre o cultural. Ela vai adquirindo

DIRCEU LINDOSO: “ALAGOAS NASCEU DA PAIXÃO PELA VIDA E PELA MORTE” uma autoconsciência social. Só que se especificam as ambivalências sociais, principalmente nas classes baixas; algumas delas - como a dos escravos não chegam a ser uma classe. No máximo, um estamento, no qual as ambiguidades culturais prevalecem sobre as diferenciações econômicas. É o que descreve Tonelare sobre o mundo rural do sul de Pernambuco do século XIX - uma região rural especificamente de transição, com índios que contestam a posse da terra, com moradores que plantam de aluguel e lavradores empobrecidos. Essa região de Ipojuca, visitada pelo viajante francês, serve de exemplo a toda a região dominada pelos engenhos de açúcar. No ensaio “Primeiros Passos da Formação de Alagoas”, o senhor escreveu que nascemos da paixão pela morte. A morte de negros, índios. Essa pode ser uma explicação para o extermínio anual de duas mil pessoas, a maioria também carregando as suas paixões pela vida e pela morte? A violência hoje tem outras origens. Quando eu falo na minha obra sobre violência eu falo como historiador baseando-me em documentos e não como um cientista social. Porém, como ser social eu diria que a violência contra negros, índios, mulheres e demais grupos sociais,

se transformou em outras formas de violência, mascaradas socialmente. Alagoas surgiu da morte de milhares de índios, que hoje vivem encurralados em suas aldeias de sertão, da morte e prisão de milhares de negros escondidos nas Cabeceiras do Porto Calvo, para que, desse genocídio, dessas paixões humanas de raças tão diferentes, surgisse Alagoas. Uma vez escrevi: Alagoas é o que se ama e dói. Alagoas não nasceu do sonho de um monarca. Nasceu da morte de milhares de índios Tapuia-Kariri, da morte de milhares de negros de etnias diversas, do trabalho de milhares de homens pobres: índios, negros, brancos e mulatos. Houve uma riqueza de poucos e uma pobreza de muitos. Esse foi o jeito que encontramos de criar Alagoas. Pois é bom que se diga: Alagoas nasceu de uma grande paixão. A paixão pela vida, a paixão pela morte. A paixão pela riqueza, a resignação pela pobreza. E, desculpe-me o orgulho do nosso antigo Pernambuco, pelas escolhas que fizemos na História. Alagoas é terra mater. Antes da emancipação de Alagoas, em 1817, quem era a Alagoas colonial? A Alagoas Colonial era apenas a parte sul da capitania de Pernambuco. A comarca de Alagoas surge em 1774. O espaço alagoano passa 199 anos


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sem divisão administrativa, um espaço geográfico dominado pela abundância das águas, e daí o nome alagoas, pelas muitas que existiam de norte a sul. Só no século XVIII, depois da destruição do Quilombo dos Palmares e da ocupação flamenga de Porto Calvo, Alagoas aparece como um espaço de ocupação político-administrativa, ainda que precário. Passa a ser a comarca das Alagoas, uma divisão administrativa da capitania de Pernambuco. Os historiadores alagoanos mais antigos costumam preencher esse vazio colonial tentando localizar o descobrimento do Brasil por Cabral no litoral alagoano, desconhecendo que Diogo de Leppe descobriu o cabo de Santo Agostinho antes de Cabral descobrir o Brasil no litoral da Bahia, e navegou pelo mar do norte de Alagoas, onde deu o bordo de retorno à Europa, alguns meses antes de Cabral, mas que estabelecem uma precedência. O senhor escreveu em “Primeiros Passos da Formação de Alagoas” sobre a formação de dois pólos primitivos de Alagoas: Penedo, em 1575, e Porto Calvo, dez anos depois. Hoje, há diferenças econômicas e culturais evidentes entre estas duas cidades, em duas bandas diferentes, incluindo o tratamento histórico. Até onde é possível dizer que a

Quem é?

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irceu Aciolly Lindoso, 82 anos, é diplomado pela Faculdade de Direito de Alagoas (1957) e, em Economia (1966). Professor conferencista do Instituto de Antropologia da Universidade Federal da Bahia; professor do curso de Metodologia Econômica e Ciências Sociais para Pós-Graduação da PUC-RJ e UFRJ, coordenador de Etnografia da Universidade Gama Filho (RJ) e conferencista em cursos de inverno da Faculdade de Letras da Universidade de Buenos Aires

forma de exploração dos lados sul e norte alagoanos influencia nos dias de hoje? Diferenciam. A formação de Penedo, com a formação de Maceió tardiamente, assim como a formação de Porto Calvo, foram coisas historicamente diferentes. São dois os pólos primitivos de colonização do território hoje alagoano: Penedo e Porto Calvo. O de Penedo, fundado em 1575, mais antigo e com uma orientação diferencial, pois dele surgiram a ocupação do sertão alagoano e a criação da civilização do couro [para usar a expressão célebre do historiador cearense João Capistrano de Abreu no seu livro Capítulos da História Colonial (1500-1800), um estudo clássico da nossa historiografia colonial]. Porto Calvo, dez anos depois, inicia a formação dos engenhos de açúcar na zona das matas úmidas e justa-ma-

rítimas, baseada no trabalho dos negros escravos, trazidos cativos de África. Penedo, fundada como uma fortaleza de onde nasceu a cidade histórica, expandiu a colonização para o sertão, facilitada pelo rio São Francisco e pelos caminhos de gado e os trilhos de índios. Porto Calvo começou como fortaleza - que, no tempo dos holandeses, eram três, como mostra um quadro pintado por Frans Post - e ao pé da fortaleza surgiu a sociedade sob a forma de um casario e o engenho próximo do sesmeiro Christopher Linz, onde floresceram em terras cisunenses as plantações de cana e o complexo casa-grande, senzala, capela e engenho. De Penedo surgiu a conquista dos sertões alagoanos, e de Porto Calvo a sociedade tutelar dos donos de terras, de escravos e de fábricas de açúcar da futura

Alagoas surgiu da morte de milhares de índios, que hoje vivem encurralados em suas aldeias de sertão, da morte e prisão de milhares de negros escondidos nas cabeceiras do Porto Calvo, para que, desse genocídio, dessas paixões humanas de raças tão diferentes, surgisse Alagoas”

(Argentina). Assessor do Ministro de Educação e Cultura, na área de Desenvolvimento do Patrimônio Cultural. Membro da Academia Alagoana de Letras (AAL), onde ocupa a cadeira 1. Sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL). Na sua produção intelectual, transita entre a História, a Antropologia, costuradas pelas memórias de sua família. PRINCIPAIS OBRAS: - O Nu e o Vestido (Fundamentos Etnográficos da Antropofagia de

Oswald de Andrade), Rio de Janeiro, Editora Fontana, 1977 (ensaio) - Uma Cultura em Questão: a Alagoana, Maceió, EDUFAL, 1981 (ensaio) - Póvoa-Mundo, capa e ilustração de Poty e bico-de pena de Luís Jardim, Rio de Janeiro, José Olympio Ed., 1981, - 2º lugar no prêmio José Lins do Rego, 1980, (romance) - A Diferença Selvagem, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1983, (ensaio) - A Utopia Armada - Rebelião de

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Alagoas. Quando o senhor percebeu que a Alagoas heroica comemorada nos desfiles cívicos não existiu? Percebi quando estudei a história documental nos arquivos de Portugal. A parte menos conhecida da história de Alagoas é a colonial. Até parece que Alagoas não tinha história que justificasse seu nascimento num papel comum de despacho assinado por Dom João VI em 1817, criando a capitania de Alagoas e separando-a da capitania de Pernambuco. A fábula inventada pelo grande historiador pernambucano Pereira da Costa dá as Alagoas como uma criação áulica, durante o período do Reino Unido, como “uma gratidão” por tropas alagoanas, saídas de Porto de Pedras, terem ajudado na derrota da Revolução Pernambucana de 1817. No espaço alagoano, ocorreram duas guerras fundamentais para sua criação: a Guerra dos Bárbaros ou o Levante Tapuia, que foi uma guerra dos currais de bois contra a confederação de tribos Tapuia-Kariri de índios de corso e que com a derrota dos Tapuia-Kriri consolidou o devassamento do sertão, configurando o quadro de uma entidade política que iria surgir em 1817. A conquista do sertão, tendo como pólo Penedo, foi importante, com a criação de povoados sertanejos, para que se configurasse um quadro

Pobres nas Matas do Tombo Real, (1832-1850), Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983 (ensaio) - Liberdade e Socialismo, Petrópolis, AMPM Ed., 1987 (ensaios) - O Cônego e a Catequese Indígena, Rio de Janeiro, Fundação Biblioteca Nacional, 1993

de conquista e ocupação de um território; assim como a guerra contra o Quilombo dos Palmares, dissipando o maior aglomerado de negros escravos fugidos que se conhece em nossa história, e aliviando o medo histórico que espantou a nossa aristocracia rural. O medo foi tanto, que Zumbi entrou na História do Brasil como herói nacional. E entrou merecidamente, pela sua consciência da liberdade. Foram esses fatos que criaram uma autoconsciência social alagoana, em que ocultamos toda a nossa consciência nacional e nossas paixões, nossos sonhos e nossos desesperos. Alagoas já se prefigurava antes de 1817. Já era pensada como um sonho político, que o mais inteligente dos Braganças concretizou. Sabia o douto historiador pernambucano que uma simples gratidão política não cria um sonho político. São os fatos da vida social, o sangue derramado das paixões, os sonhos que duram séculos, a ida e a vinda dos homens, as suas vontades e amarguras, que fazem do sonho uma verdade.

Rio de Janeiro, Fundação Biblioteca Nacional, 1992 - A Serpente e a Máscara (Sobre a Etnologia Estética de C. Levi-Strauss), Rio de Janeiro, Editora Fontana, 1977 - Formação de Alagoas Boreal, Maceió, Ed. Catavento, 2000

- O Andarilho e a Mãe de Santo (O Negro na Obra de Arthur Ramos), Rio de Janeiro, Fundação Biblioteca Nacional, 1992

- Negros Papa Méis e Negros Escravos na Guerra dos Cabanos, Petrópolis, Ed. Vozes, 1988 (ensaio)

- Na Aldeia de Iati-lha - Etnografia dos Índios Tapuias no Nordeste,

Contato: dirceulindoso@gmail.


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EDUCAÇÃO EM QUESTÃO

Smartphones se transformam em vilões para o aprendizado Tramitam na Assembleia Legislativa e Câmara de Maceió projetos de lei que proíbem o uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

A

s variantes comportamentais do uso de aparelhos eletrônicos começam a interferir radicalmente na vida de cada cidadão. É inegável que os smartphones e seus aplicativos revolucionaram a forma de se comunicar e trabalhar em diversos setores da sociedade. Mas toda essa tecnologia e acesso a diversas informações instantâneas multimídias começam a dar sinais negativos em sala de aula. Diversos professores alagoanos que encabeçam o Movimento Renovação e Luta e a campanha “Sou Professor com orgulho e exijo respeito”, liderados pelo professor Eduardo Vasconcelos, vice-presidente do Sindicato dos Professores de Alagoas (Sinpro/AL), apresentaram ao deputado Ronaldo Medeiros (PT) e ao vereador Wilson Júnior (PDT) o projeto que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula. Os projetos de lei estão tramitando na Assembleia Legislativa e na Câmara de Maceió, que já possui um PL no mesmo sentido de autoria do pastor João Luiz (DEM), atualmente deputado estadual, mas que restringe o uso total dos aparelhos. O uso desregrado de smartphones, tablets e ipads os mais utilizados por estudantes, tanto de ensino médio, fundamental e alguns casos até infantil, em sala de aula, vem prejudicando a capacidade de aprendizado e concentração.

Eduardo faz parte da campanha “Sou professor com orgulho e exijo respeito” que defende a categoria

“Os aparelhos eletrônicos são importantes de forma orientada pelo educador no processo ensino-aprendizagem; ao contrário disso gera conflitos no ambiente de ensino”, destacou Eduardo Vasconcelos. Eduardo acrescenta que a campanha “Sou professor com orgulho e exijo respeito” não é contra a proibição das tecnologias, mas sim a favor da utilização consciente e moderada. “Proibir o uso para fins não didáticos não é retrocesso, mas limitar todo uso sim. Pesquisas em site de buscas, consultas a dicionários, vídeos no Youtube no contexto do conteúdo, ensino da criação e utilização de ferramentas como blogs são alguns dos exemplos bons que a tecnologia nos proporciona”. Alguns professores con-

taram que há 10 anos os alunos que geravam problemas eram aqueles que mantinha conversas paralelas na sala de aula, faziam algazarras em ambiente escolar; hoje as conversas acontecem silenciosamente através do aplicativo para smartphones whatsapp, conhecido por muitos como zap-zap. Diálogos escritos, sonoros, fotos e vídeos formam o quarteto da distração e do infortúnio causado quase sempre entre professor e aluno. A estudante do 2º ano do ensino médio Camila de Aguiar Calheiros conversou com a reportagem do jornal EXTRA sobre as questões da proibição da tecnologia e seu comportamento em sala de aula. “Levo a minha vida educacional de forma disciplinada, pois almejo passar no ves-

tibular de medicina, um dos mais concorridos do país. Faço o uso do meu smartphone na hora do intervalo e no momento da saída, quando me comunico com meus pais. Acho que é uma questão muito mais de educação do que de proibição”. A mãe da estudante, Rosa Aguiar, também se posicionou sobre o tema: “Nem todos os jovens possuem a mesma formação e a oportunidade na vida. Acredito que a limitação desses eletrônicos em sala de aula seja salutar. As crianças e os adolescentes, muitas vezes, não sabem lidar com a liberdade que lhes é dada. Acredito que esses projetos de leis sejam úteis nos dias atuais”. REALIDADE PERVERSA “Chamo a atenção quando é necessário, digo que é im-

portante que prestem atenção, mas não me dão ouvidos. Me xingam e permanecem no uso do smartphone. Parece que alguns alunos entram em transe com o celular, ficam em um mundo completamente distante. É um cenário preocupante”, destacou uma professora de rede pública de ensino. A mesma professora, que preferiu não se identificar por temer represálias, revelou que a realidade da falta de compromisso e da falta de educação entre alunos das redes pública e privada é a mesma. “Dou aula em escola estadual, onde já fui agredida verbalmente inúmeras vezes por problemas de uso de telefone; a mesma situação ocorreu por outras oportunidades em duas escolas privadas em que também dou aula. Mas quando o caso é levado à direção nada é feito, pois os responsáveis pelo aluno pagam o colégio em dia, além de muitos pais irem até a coordenação da instituição amenizar o deplorável comportamento do seu filho”, desabafou a educadora. O professor Eduardo Vasconcelos disse que a campanha “Sou professor com orgulho e exijo respeito” será ampliada e adiantou que outros temas polêmicos devem ser debatidos entre a categoria e a sociedade de uma forma geral. “Os professores estão perdendo a saúde e tendo problemas psicológicos por várias variantes e complicações em sala de aula. É hora de medidas práticas para mudar a realidade da educação em Alagoas”, finalizou.


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PEDROOLIVEIRA pedrojornalista@uol.com.br

Aí então é preciso ter cuidado

São positivas e alvissareiras as notícias da diminuição do índice de violência no estado, pois segundo esses dados fomos o “campeão da redução” nos últimos três meses no Nordeste. É o resultado de ações eficazes empreendidas sob o comando de um competente, abnegado e corajoso promotor de justiça, com história e vontade férrea de fazer acontecer o que tanto a sociedade alagoana clamava. Alfredo Gaspar de Mendonça não surpreende a quem o conhece, mas enche de esperança a tantos que já não acreditavam mais que houvesse solução para o grave problema da segurança da população. Deixaram-me preocupado, no entanto, as palavras do jovem “xerife” quando afirmou que “agora bandido ou se entrega ou morre”. Deveria ter dito “ bandido que reagir à ação da polícia morre, para que policiais não morram”. Seria mais adequado. Temos uma maioria de policiais sem o mínimo preparo para absorver uma conduta equilibrada nas palavras do secretário. Existem bons policiais, mas ao mesmo tempo a corporação abriga bandidos, assassinos profissionais e elementos maus, capazes de usar a “recomendação” para dar vazão às suas crueldades e tendências criminosas. Fico a me perguntar: e se o suposto “bandido” não se entregar e correr, vai ser morto pelas costas? E se depois esse bandido não for bandido? Olha gente, já vi algo muito parecido em um governo do qual eu fazia parte e a coisa não terminou bem. É temeroso e tenebroso colocar nas mãos generalizadas de policiais o direito de matar, mesmo um bandido. As vezes o bandido está do lado que mata. Por conhecer a índole e os princípios do secretário Alfredo Gaspar sei que suas palavras careceram de mais detalhes, mas aí então é preciso ter cuidado. Em tempo o governador surge em apoio ao seu brilhante auxiliar e aí sim, fez a colocação na medida e no tamanho certo: “O Alfredo disse duas coisas. Disse que, em uma operação policial, se a polícia abordar o bandido, ele tem duas formas: ou se entrega, ou, se reagir, morre... Pode morrer. Ou então, ele vai matar o policial. Porque só têm essas duas alternativas. Agora, o que ele disse, no complemento, é o que é muito verdade também. É muito melhor que, ao invés de morrer o policial, que morra o bandido. Isso não é só o Alfredo quem diz, é toda a sociedade”. (Declaração dada ao site Cada Minuto).

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Para refletir: “A democracia não se restringe ao momento do pleito, mas acontece em todo o tempo e o povo pode derrubar a presidente. Cansamos de tudo” ( Movimento Brasil Livre)

Jacaré com cobra d´agua

Oposição em alvoroço

Essa história de fusão do DEM com o PTB ainda vai dar muito que falar. Não dá para entender como um partido de oposição iria se fundir com uma sigla governista. Na hora das votações seria mais ou menos assim: metade votando contra o governo e metade a favor. E eles já não estão se entendendo desde agora antes da anunciada fusão. Horas após a cúpula do oposicionista DEM aprovar o encaminhamento da proposta, a executiva nacional do Partido Trabalhista Brasileiro rejeitou a união imediata das duas siglas. Por maioria, a direção do PTB decidiu consultar as bases até setembro e manter os cargos que ocupa no governo, como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Eles são todos iguais.

Esta semana a oposição protocolou três pedidos de criação de CPI no Senado para investigar desvios de recursos em várias instituições relacionadas ao governo. O líder do DEM, senador Ronaldo Caiado (GO), colheu assinaturas nos últimos meses para criar uma comissão parlamentar de inquérito que investigará denúncias de irregularidades no BNDES. Entre as supostas irregularidades devem ser investigados empréstimos concedidos principalmente a países da África, América Latina e Caribe, que teriam mais vinculação ideológica com o Brasil.

Parece com Dilma

A lógica idiota do futebol

O prefeito de Maceió, mesmo sendo do PSDB, carrega em sua administração alguns traços que o fazem parecer com a presidente Dilma Rousseff e o seu governo petista. A ressaltar o seu “convincente” discurso e promessas de campanha que o levaram a ganhar a eleição. Passados mais de dois anos de mandato, a população em sua maioria só tem a lamentar a grande decepção pelas mudanças não acontecidas. Em outro aspecto não bastassem a exorbitância de IPTU, taxas e mais taxas por serviços públicos, multas de trânsito duvidosas, agora quer empurrar para o bolso do contribuinte a cobrança de estacionamento em vias públicas com a recriação da famigerada “zona azul”. Não está dando a mínima para o interesse público.

Puxão de orelhas Por outro lado, paga o prefeito Rui Palmeira um preço alto pela péssima assessoria política e jurídica em seu entorno. O diligente e cauteloso promotor Marcus Rômulo Maia de Mello barrou de imediato a tresloucada ideia gestada no gabinete do prefeito sob as bênçãos de seu secretário de governo, para criação das “zonas azuis” por decreto, naturalmente com orientação da Procuradoria Municipal. Entre as várias lições de Direito ofertadas pelo brilhante integrante do Ministério Público à desastrosa equipe do prefeito está: “O Executivo não pode definir por decreto onde será implantada a Zona Azul porque, para ele, a ausência de lei demarcando as áreas que serão retiradas do uso comum do povo não é um detalhe qualquer, pois envolve a ausência de deliberação social e comunitária sobre qual destinação pretendemos dar às nossas áreas públicas. Um tema delicado e que envolve um fenômeno moderno que é a paulatina privatização dos espaços públicos”. Vão ter que começar tudo de novo e a possibilidade da implantação chega muito perto de zero. Duvido que tenham aprendido a lição.

Vai ter racionamento

“O Brasil não deverá sofrer racionamento de energia hidrelétrica por causa do baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas”, declarou o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. Ao comparar a situação atual à de 2001, quando ocorreu a crise do apagão, o ministro ressaltou que o risco de racionamento é baixo, apesar da crise hídrica que o país enfrenta atualmente . Pode anotar: vai ter racionamento. Eles mentem sempre. Um juiz de Direito sugere as partidas de futebol sem torcidas (só equipes no gramado e os torcedores assistindo em suas casas pelo rádio e televisão). Uma operação da Polícia Civil cumprindo mandados de apreensão e busca nas sedes das torcidas organizadas apreendeu bandeiras, faixas, camisas, adereços e até instrumentos musicais. Em uma das sedes foram apreendidas “armas” (um rojão e um pedaço de pau). Não seria mais lógico rigor no acesso ao estádio, reforçar o policiamento e meter na cadeia os infratores? Mas prevalece a velha lógica idiota dos que fazem o futebol.

Fora Dilma de novo Há grande expectativa de que o Movimento Brasil Livre reúna em Maceió no próximo domingo, dia 12, um público bem mais numeroso superando a grande manifestação anterior que levou às ruas milhares de pessoas. Mais uma vez o tema principal será o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff e o fim da corrupção na política brasileira. Além do grande público aguardado para a manifestação que está prevista para as 14 horas do domingo, estão acontecendo mobilizações em muitas cidades do interior para os movimentos que acontecerão em Maceió e Arapiraca.

Maurício Quintela O deputado Maurício Quintella é hoje o nome mais visível da bancada alagoana na Câmara Federal. Construiu com inteligência uma caminhada que o equipara às maiores lideranças do Congresso. Respeitado por seu conhecimento em política externa foi eleito Presidente da UIP (união interparlamentar) para o biênio 15/16. A UIP é um organismo internacional com mais de 180 anos e 166 países membros (a “ONU” dos parlamentos). Maurício que esteve recentemente em missão no Vietnã, onde fez elogiado pronunciamento e deu destaque ao Brasil que estava sem voz e sem poder decisório e desacreditado no importante fórum internacional. Da delegação brasileira ainda fizeram parte outros deputados e senadores.

Superfaturados não O governador Renan Calheiros já deixou bastante claro que não vai permitir o pagamento de contratações com qualquer grau de suspeição. Tudo tem que ser revisado, provado e constatado dentro dos princípios da legalidade e da moralidade. No caso dos comentados kits escolares cujo processo licitatório é contestado pelo governo já disse: não pago! Se todos fizessem assim a administração pública teria outros saudáveis caminhos.


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ARTIGOS

Governo perdulário CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

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princípio dei à crônica o título GOVERNO PRÓDIGO. O adjetivo levou-me à lembrança a parábola cristã, o que me permitiria um fecho bem com sabor de Semana Santa. Refletindo e pesando os prós e os contra, uma vez que a minha pretensão é a crítica resolvi ficar melhor o adjetivo PERDULÁRIO, como está posto. Por que isso? Ambos os termos têm significados similares, sendo um sinônimo do outro, mas apenas em certas colocações. Ambos dizem de pessoa muito gastadora, esbanjadora, dissipadora; todavia, a palavra “pródigo” tem também um outro significado mais nobre: “generoso”. Assim, não ficaria exato usar esse último termo para um governo que nada tem de nobreza, muito menos a generosidade. Ao contrário, soube ser dissipador das riquezas nacionais, distribuindo-a entre seus membros, apaniguados e acó-

litos apoiadores, é razinza, rancoroso, inclemente com aqueles que se lhe opõem. Considerando isso, a qualificadora “perdulário” veste-o bem melhor. Vejamos a estroinice governamental. Em passado recente, tão recente que parece não ter ainda passado, ampliando programas sociais herdados da era FHC, os governos petistas fizeram-no sem critérios: subsidiou combustível e energia, quando não podia fazê-lo sem sacrifício para empresas públicas e privadas, e desta forma comprometeu a excelência dos serviços; reduziu juros, estimulando o consumo, quando o cenário internacional sugeria maiores cuidados com a economia; mentiu até não mais poder sobre a escalada inflacionária. Foi de um esbanjar sem limites, agora se sabe, apenas por interesses eleitoreiros. Não ficou nas estroinices internas, pois ultrapassou os limites físicos do território nacional, financiando obras em países seus aliados – e comungantes da mesma natureza autoritária - como se o nosso tesouro estivesse com as burras abarrotadas de divisas. O castelo de ficção afinal ruiu, como é natural. Malgrado ainda apregoe, por si e por seus acólitos, ter transformado o País criando uma

A Lei de Jefferson IRINEU TORRES Diretor do Sindifisco Conselheiro Emérito da Fenafisco

A

s pessoas honestas são livres para ter amigos. Os criminosos, ao contrário, nunca devem ter cúmplices. O crime deve ser lacrado. O criminoso deve beber reservadamente, dormir com porta e boca fechadas, arma em punho. O crime deve ser planejado e executado em total solidão. O crime, quiçá, compensa enquanto habitar as sombras. No submundo do crime o segredo de dois mata um. A soberba é a chave da cadeia. Está é a Lei de Jefferson. Cláusulas pétreas de todos os crápulas livres. Princípios crimino-

centes, porém, esquecidos pelo PT. O Partido age tal qual cachorro que come pinto. Não tem jeito. Tapa na cara já não resolve. Olho de machado na cabeça é o remédio único para esse comportamento absurdo. Vale lembrar. Parece que foi ontem. O Mensalão. Roberto Jefferson, traído por Dirceu, contou tudo. Hoje. O Petrolão. A delação premiada mela o sonho lulopetista de ser um partido estado. Mas, o PT não aprende. Vejam só. Agora mesmo. O sumo pontífice do PT, em escrota homilia, no altar da corrupção, por desespero, falta de caráter e dissimulada cabuetagem, a fim de redimir a companheirada mais chegada, profere pérolas de genuína canalhice: - “o Petrolão é coisa de uma ou duas pessoas”. Faz mea culpa: - “nunca na história deste País tão poucos roubaram tanto”, pousa de santo puto: - “Não aceito ser chamado de ladrão”. A companheirada aplaude, diz amém. Não tem humildade para admitir a

E o Impeachment? nova classe média da qual, segundo alega, a antiga teria inveja, parece não perceber que o atual conserto das mentiras anteriores está fazendo a nova classe média regredir no tempo, com dificuldade de manter seus carros, suas casas, sua economia doméstica, seus filhos nas universidades, seu lazer, etc. Os insuspeitos índices de sua rejeição dizem isso eloquentemente. As manifestações populares não negam o desencanto, a percepção das mentiras e quejandas. Ainda mais, quando o perdulário Governo, enquanto aumenta impostos, retira benefícios, sob a mendaz desculpa da coalizão insiste em manter 39 ministérios, tão somente para satisfazer a própria gulodice dos seus, e apaziguar a ganância dos partidos que o apoiam. Infelizmente a estultice do governo federal faz escola. Em Alagoas, Estado pequeno e de poucos recursos, o governo deveria apartar-se das espúrias práticas de coalização federal e, como foi prometido em campanha, reduzir efetivamente o seu tamanho. Ao contrário disso, após um primeiro movimento aparentemente redutor, cria nova secretaria de Estado para atender aliados. Pratica, o governo estadual, o mesmo perdularismo federal. Infelizmente!

própria incompetência delitiva. Não reconhece o erro clássico, grosseiro de envolver centenas de pessoas, físicas e jurídicas, em uma empreitada criminosa. Envolver, no Petrolão, uma galera de cumplices capaz de encher um clube de empreiteiros, o Congresso Nacional e o Maracanã! O PT inteiro precisa ser reciclado já. Na academia Papuda. De castigo. Desasnar. Aprimorar os fundamentos do banditismo. Salvar os safados. Resgatar “os mais baixos instintos”. Nunca, jamais, em tempo algum, o PT devia ter se afastado do oráculo da corrupção, o competente PMDB. Mas, o PT é arrogante como se fosse inocente. Imperdoável vacilo. Está por merecer a pena capital da implacável Lei de Jefferson, também conhecida como Lei de Nicéia, Lei de Barusco, Lei de Junios Brutus. Lei X 9. In Verbis: - “A cumplicidade é inimiga mortal da lealdade. Amizade é privativa das pessoas honestas.”

MAURÍCIO PITTA Promotor de Justiça e professor da UFAL

O

momento político no Brasil é preocupante e estamos diante de um desafio a mais para a nossa democracia. A ideia de impeachment pode ter tantas razões quanto possíveis já que seu fundamento é essencialmente político e sua motivação pode se fundar em uma salada de fatos. Comece pelo achincalhamento e destruição da imagem de uma multinacional antes respeitada, com a consequente desvalorização do seu patrimônio; adicione uma economia em franca desaceleração, em vias de recessão, resultado da visão populista e inconsequente do desejo de ganhar uma eleição sem se preocupar com o dia seguinte; some a isso a incapacidade de olhar como crimes os fatos ocorridos na Petrobras e em todas as situações em que a corrupção e o enriquecimento ilícito se fizeram e fazem presentes, chamando a tudo de “maus feitos”, como se falássemos de crianças que cometeram traquinagens e não de criminosos que merecem ser punidos; junte agora a cegueira política que teima em não reconhecer a sua própria irresponsabilidade, pondo a culpa de tudo no cenário internacional e insista na paranoia de atribuir a causa de todos os seus males aos outros; agora some a incapacidade em perceber que todos os que são seus contrários não são burgueses golpistas, mas apenas cidadãos (ãs) e contribuintes que não aceitam roubalheira e corrupção generalizadas e como pitada final acrescente a incompetência política em negociar com o Congresso. Pronto! Confúcio já advertia que o homem superior atribui a culpa a si próprio e o homem comum atribui aos outros. A massa de pessoas que foi e retornará às ruas não se guia pelo ódio que tanto se propala, à falta de argumentos. Ela se movimenta em razão da indignação frente aos desmandos e surrupio dos cofres públicos. Nem mesmo a retórica de que milhões saíram da pobreza por obra e graça da bondade e competência do governo se sustenta mais, quando se observa que o mesmo fenômeno ocorreu, à mesma época, em vários outros países, o que desmonta a falácia da competência tupiniquim. O discurso faliu, caiu por terra e a realidade se impôs. Bom, e o impeachment? Três perguntas me assaltam: 1. Vamos promover o impedimento de todo presidente cujo governo seja incompetente e que nele haja corrupção? 2. Se sim, há alguma comprovação da participação direta e responsável da presidente nos crimes ocorridos em seu período de governo? 3. E por fim, a assunção do vice resolverá a questão?


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ARTIGOS

Brasil, o país dos impostos JORGE MORAIS Jornalista

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sso todo mundo sabe. O que muita gente questiona é: como com uma fortuna arrecadada em impostos ainda pode o povo brasileiro sofrer com a falta de educação, de saúde e de segurança, apenas para citar três segmentos, entre os muitos benefícios que poderiam chegar à população. O nosso país é rico em tudo, desde o turismo as mais diversas atividades profissionais. No entanto, as escolas são de péssima qualidade no seu ensino, o ambiente interno é o pior possível, falta à merenda e os professores são miseravelmente remunerados. Na saúde, morrem centenas de pessoas pela falta de leitos, remédios e médicos, mesmo com essa enganação da vinda de médi-

cos estrangeiros, principalmente os de Cuba, onde a ditadura Castro fica com setenta por cento do dinheiro que deveria ser destinado aos profissionais. E o pior: os médicos cubanos aceitam esse sacrifício, calados, porque na ilha de Fidel não existe mais trabalho, a miséria é total, e suas famílias são mantidas sob a vigilância do governo, como garantia do envio da verba recebida mensalmente, no Brasil. Só por isso é que eles não deserdam. Além disso, os irmãos Castro contam com o apoio incondicional da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula. O Brasil é um país cínico diante dessa aberração e faz de conta que não está acontecendo nada. Finalmente, o terceiro item que considero importante de nosso artigo, é a segurança pública. Diariamente, a grande mídia nacional estampa em seus programas de rádio e televisão, e vendem muitos jornais com as manchetes sobre crimes de toda ordem e assuntos miseráveis, com cheiro e cor de sangue. Falar de descobertas cien-

tíficas, curas e coisas positivas não dão ibope, merecendo, apenas, um canto de página e alguns segundos de televisão. Mas, voltando ao assunto principal, cadê o dinheiro dos nossos impostos? Com certeza, está sendo desviado pelos governantes e seus asseclas, que prometem tudo durante as eleições, ou melhor, mentem muito, e, depois, não sobra nada para o cumprimento de suas promessas. Em qualquer parte do mundo, se você relacionar e explicar direitinho o quanto nós pagamos de impostos, as pessoas vão imaginar que vivemos em um país de maravilhas. Quando, na verdade, vivemos mais próximos do inferno do que do céu. Um “espirro” dado, paga-se imposto. Em outros países as pessoas também pagam impostos, a única fonte de arrecadação do poder público. Por sinal, na Europa, o imposto é único para a população nativa. Os turistas ainda pagam um pouco mais, tudo às claras e com destino certo. Acho até que o problema não é o imposto que se paga, mas o que é feito com essa arrecadação,

o destino de tudo isso. Recentemente, um amigo pediu para que eu escrevesse sobre o assunto. Tentei justificar que não era do ramo e que um economista poderia explicar melhor. Mas ele disse: “não quero conversa de economia, quero que você explique e dê a sua opinião porque, no Brasil, é assim. Para qualquer lado que a gente se vira tem gente roubando”. Entendi o desabafo do amigo e resolvi falar sobre essa cobrança de impostos. E o assunto surgiu porque, segundo ele, o governo incentiva e obriga o cidadão a comprar carro com uso do etanol, e não baixa o valor do combustível. Cria o programa de incentivo ao gás automotivo, e não tem controle sobre o preço, e, ainda, cobra uma taxa extra na hora do emplacamento. Diz que não vai aumentar o preço da gasolina, e aumenta. Para finalizar ele foi taxativo: “Se você não escrever sobre esse assunto, nunca mais leio os seus artigos”. Como penso igual a ele e não quero perde-lo como leitor, seja feita e sua e a nossa vontade.

os patrões alegam a falta de recursos para a folha dos velhinhos da ALE. Não dá para entender!!! Aparece o ano novo de 2015! Assume uma nova Mesa Diretora! Começamos a acreditar em nosso descanso na melhor idade! Agora podemos morrer em paz, os novos patrões vão tentar consertar o Legislativo. Veio a primeira medida: restante do décimo terceiro em quatro vezes, sem juros, sem correção. Haja remédio para pressão, para o coração, para acalmar os ânimos. Veio a segunda medida: o mês de dezembro seria pago em 14 vezes, Inacreditável! Muitos nem sentirão na conta o valor recebido. E haja lexotan! Outro grande buraco da Mesa anterior: os processos administrativosdormiam durante anos na pasta do 1º secretário ou nas gavetas de outros membros da Mesa. Corríamos à Justiça e quando as liminares chegavam era outra luta para serem implantadas. De 2014 para 2015 ficaram quatro ações judiciais ganhas em novem-

bro sem a devida implantação. Aí os amigos me perguntam: Se você não faz parte de nenhuma das três entidades representativas de sua classe, por que se empenha tanto em defesa de ativos e inativos? Respondo eu: “A Mesa anterior se reunia com nossos representantes e nada resolvia; só tínhamos uma arma: falar, falar e falar”. Fui chamada de velha louca, tive meu salário cortado, minha pasta funcional foi mexida e remexida, meus processos administrativos dormiram por até três anos no Departamento de Pessoal ou na Primeira Secretaria. Ativos e inativos tiveram um processo de enquadramento aprovado em 2009. Seis anos depois, apenas parte dos servidores que ainda trabalham foi enquadrada. Os aposentados dormem eternamente em berço esplêndido e do lugar não saem. É impossível curtir a velhice em paz, pois não sabemos o que acontecerá amanhã. A nova ameaça é uma auditoria na folha de pagamento com a Fundação Getúlio Vargas. Cuidado: o feitiço vai virar contra o feiticeiro!!!

Deixem-nos morrer em paz! ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

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servidor público trabalha 30 anos ou mais e adquire o direito à aposentadoria. Aí, pensa: “Vou descansar” ou vou realizar outro tipo de trabalho.” Doce ilusão! No Legislativo Estadual existe uma raivaescondida contra os inativos, chegando às raias da perseguição. A Mesa anterior fez o possível e o impossível para prejudicar pessoas que serviram à ALE durante 40 anos ou mais: cortou salários, criou um sub teto inconstitucional, excluiu gente da folha de pagamento, emperrou processos e gerou um verdadeiro “stress” entre os velhinhos. Desabou uma verdadeira onda de doenças no seio da categoria de pessoas com mais de 60 anos. Câncer, cardiopatia, hepatologia e outras mo-

léstias graves que resultaram em óbito. Ainda servíamos de piadas para alguns parlamentares que diziam assim: “Existem aposentados que nem saem mais de casa”. Fico pensando: “Será que os monstros têm pais?” Resolvi contar a meus leitores o sofrimento dos aposentados da ALE. Somos sofredores públicos. Cada medida negativa vem com toda força em cima de pessoas com anos e anos de serviço público. Precisamos renovar nossa Associação, criamos um grupo forte que nos deu apoio. Estávamos humilhados, muitas vezes não recebíamos salário no mesmo dia dos ativos e até o 13º salário de 2014 foi pago completamente fora do padrão: metade em dezembro e o resto em 4 vezes no ano de 2015. Um dos motivos citados pela Mesa do Fernandinho e sua turma era o seguinte: o valor descontado do salário dos aposentados não cobre o total da folha deles. Uma verdadeira piada! E o dinheiro que descontamos por mais de 40 anos foi para onde? Voltamos a pagar a previdência e, mesmo assim,


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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

De mal a pior

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oliciais militares, domingo no Rei Pelé, fizeram valer o princípio de que para cada ação tem uma reação. Foram firmes na contenção das arruaças que culminaram com agressões físicas e estimuladas pelo comportamento no gramado. Pena que esqueceram que a PM estava no estádio.

Foi o estopim? O lateral Nêgo (CSA) foi no mínimo ingênuo ao “peitar” o árbitro José Ricardo Laranjeiras. Foi atitude gerada talvez pela tensão do clássico transferida das arquibancadas para o campo. Mas que sirva de lição para o futuro, vez que prejudicou somente o Azulão que ficou com um jogador a menos.

Erro de Fabrício Também em Porto Alegre, Fabrício, do Internacional, não foi primeiro e nem será o último a se irritar com torcedores. Mas a “dedada” para as arquibancadas no Inter x Grêmio, além de imperdoável, o fez passar de vítima para agressor. Pelo gesto impróprio no jogo foi dispensado do clube.

Mãos que afagam... Torcida quando pega no pé de jogador lembra a frase “mãos que afagam são as mesmas que apedrejam”. É comum no futebol e flagrante fácil de pegar, inclusive no Rei Pelé. Torcedor entende certos gestos como natural da tensão do jogo. Não são episódios raros.

Futebol amador Campeonato alagoano de futebol nas categorias Sub-15, Sub-17 e Sub-20,foi pauta de reunião na quinta-feira da semana passada entre João Batista, vice-presidente do futebol amador, com representantes dos clubes inscritos. Encontro foi para fechar o calendário dos jogos com abertura dia 25 próximo.

Quatro pontos

Pós jogos

O CRB 1x0 CSA na quarta-feira, no Rei Pelé, foi replay do clássico anterior por saber aproveitar melhor os momentos de gol para balançar rede. Agora, em terceiro, com um jogo a menos no grupo, pega neste fim de semana o Coruripe, que goleou o Murici (4x1) este o adversário do Azulão na 27ª rodada.

“Nos vestiários é comum após jogo, os jogadores estarem ainda de cabeça fer-vendo”. Esse comentário de Tite, técnico do Corinthians, tem a ver com o clima transmitido pelo comportamento das torcidas e acrescenta:“Mas nós, técnicos,temos de manter a cabeça fria para apaziguar ânimos”.

Pan-Americano

Basquete

O ASA surpreende não é somente no futebol. No basquete também. O time faz boa campanha no torneio que a Confederação Brasileira da modalidade promove no Nordeste. Venceu bem o CRB/FAT, placar 52x44, jogo realizado em Arapiraca dia 27 último com ginásio lotado.

No gramado O bom momento do alvinegro arapiraquense aparece também no futebol como favorito para vencer o campeonato. Otimismo não tem a ver só com paixão, mas com o princípio do contra fatos não existem argumentos: é o campeão do primeiro turno e líder desta nova etapa.

Artilheiros históricos Magno Alves, cearense, 39 anos e jogador do Real Madrid, pode fazer história no futebol como um dos maiores artilheiros do mundo. Ele marcou 427 gols na carreira e 9 foram neste começo de ano. Cristiano Ronaldo, Messi, Raul e Luís Fabiano, este com 334 gols, são os maiores rivais.

Mão boba Lances no futebol que não são fáceis do árbitro interpretar são comuns. Uns até citados por torcedores como tendo a ver com a lei da vantagem em certas jogadas, sem falar na chiadeira dos torcedores pondo dúvida na posição do juiz em campo. O cartão é outra dificuldade para haver unanimidade nas opiniões..

Fazer o melhor

“Posso dizer que a união e a amizade de todos no elenco, comissão técnica e funcionários, tem sido fundamental para que o ASA hoje colecione as vitórias necessárias em busca do título“. Comentário de Alex Henrique foi antes do jogo do domingo (5). Chegou ao clube em 2013 e não vê dificuldade para jogar ao lado de Didira.

Toronto (Canadá) vai sediar os Jogos Pan-Americanos deste ano, no mês de junho, e o Brasil antecipa os preparativos confiante na possibilidade de ganhar medalha. E pelas previsões não surpreenderá caso seja a de ouro. Essa confiança leva em conta o momento da Canarinha.

Despedida De Murici Ramalho ao entregar o comando técnico do São Paulo e se despedir dos jogadores: “Estou com problemas de saúde, devo fazer cirurgia na próxima semana e preciso desse tempo que o São Paulo não tem no momento”. Agradeceu os jogadores, funcionários e companheiros da comissão técnica e, principalmente, os torcedores “que entendem esse meu momento”.

Vôlei feminino A Confederação Brasileira de Voleibol prioriza neste trimestre preparação da seleção feminina para jogos da Liga Mundial. Decisão teve a ver com a oficialização do Brasil para abrigar a fase final dos jogos no período de 14 a 19 de julho, com o Rio de Janeiro escolhido para sede.


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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Vistoria Quando edifícios públicos federais em Maceió, fechados há anos, mas sem manutenção, vão ser recuperados e reabertos como repartições públicas? Observação foi feita por habituais frequentadores da Praça dos Palmares preocupados com a segurança dos cidadãos que transitam na área e indagam: “A proposta é esperar que desabem?”

Quebra de braço

Mais avanços

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“O projeto ainda não é o ideal, já que há muitas outras lutas a serem travadas pela conquista de mais avanços, mas deve ser comemorado”. Comentário do vereador Eduardo Canuto teve aval de Heloisa Helena (Psol) : “O projeto é resultado do consenso, da união de todos”.

greve dos funcionários efetivos da Prefeitura de Maceió começa a entrar no segundo mês e não sinaliza otimismo nos entendimentos ou que esteja próxima do fim. É quebra de braço com bate boca que foge do princípio do “é conversando que se resolve”. Paralisação é por reajuste de salários.

Para análise De Augusto Cesar Louzada Carvalho na IstoÉ (1º de abril, mas sem confundir): “A forma como o PT conduziu sua campanha para eleição à Presidência da República não deixou dúvidas de que, ao invés de planos para o País, o partido tem apenas projetos para se perpetuar no poder”.

Maioridade Tem simpatia do maceioense a aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado de Emenda à Constituição (PEC) baixando no País a maioridade penal de 18 para 16 anos. Foram 47 votos favoráveis e 17 contra, mas a decisão vai ainda para votação final em plenário.

Direitos sociais “Nossos valores são da Casa Grande. Não questionamos quando um garoto branco, rico, com sua Mercedes-Benz atropela e mata um senhor, ciclista e pobre. Não pedimos para que seja punido com rigor. A mídia não massacra sua audiência por dias mostrando e repetindo o caso”. De Cleomar Manhas, da assessoria política do Instituto Social e Econômico (INESP).

Texto da lei Proposta constando em projeto de lei em tramitação no Congresso é que jovens com idade acima de 16 anos envolvidos em crimes possam ser condenados a pena em prisão comum. Pela lei em vigor menor com até 18 anos que cometa crime é no máximo internado em um estabelecimento educacional.

Para atenção A dor no bolso pelo uso de energia neste mês, caso não bata nos percentuais da recebida no anterior (março) o usuário não deve mostrar surpresa.Razões foram divulgada tantas vezes que não necessitam repetição. Mas tem quem lembre Justo Verissimo: “O povo que exploda”.

Só expectativa

Complemento: FPJ aprovada A Frente Parlamentar da Juventude (FPJ), aprovada na Assembleia Legislativa na sessão do último dia 25, foi proposta do deputado David Davino Filho. Acha a proposta importante para aproximar os jovens do parlamento e intermediar junto aos três Poderes ações de políticas públicas para a juventude.

Deficiências

Este mês, caso chova na região do São Francisco, não será em volume capaz de normalizar o quadro de estiagem exposto no momento. Informação é recente, divulgada porinstituições ligadas à agricultura da região, prevendo chuvas mas na mesma média de anos anterio-res.

“Existe o Estatuto da Criança e do Adolescente mas é política criada recente e ainda há deficiência nessa área. Cabe a nós, por isso, reverter esse quadro”. Proposta de David Davino é que os jovens possam opinar na construção de políticas públicas lembrando-os como “futuro do País”

Assembleia de Deus

Trechos de praia

A Fundação Assembleia de Deus em Alagoas comemorou na segunda-feira (6) o centenário de fundação com uma sessão solene na Câmara Municipal de Maceió. O pastor José Antônio dos Santos, presidente da Assembleia de Deus no Estado, recebeu a Comenda do Mérito Cívico.

Oito trechos de praias estão no momento impróprios para banho em Alagoas. Análises foram feitas em três trechos do litoral Norte e cinco na região Sul. Mas os banhistas habituais se importam com a advertência? Pais que levam os filhos principalmente?

Outro tempo Do pastor Marcelo Gouveia: “Diferente do que se pregava antigamente, hoje não existe muito a separação de igrejas e religiões. Esse é um tabu que está sendo quebrado. Hoje é permitido católicos irem a igrejas evangélicas e realizarem eventos juntos”.

Direitos da criança A Câmara Municipal de Maceió aprovou no início deste mês, em primeira e segunda discussão, projeto de lei encaminhado peloExecutivo e a ver sobre Política Municipal de Atendimento dos Direitos da Criança e do Adolescente em Maceió. A sessão foi em caráter extraordinário.

“Mas essa mesma mídia é capaz de mostrar, por anos, o caso de um menino pobre que cometeu um crime hediondo. Um único, pois são poucos os casos semelhantes e é preciso repetir à exaustão até que o público se convença da necessidade de punição com rigor, mesmo que os dados não corroborem a sede de vingança”.


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ECONOMIA

Carro a gasolina pode ter problemas com aumento do etanol no combustível Veículos antigos e modelos que consomem apenas gasolina podem apresentar defeitos, além de gastar mais combustível; ainda falta concluir os estudos de viabilidade técnica AGÊNCIA BRASIL

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Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima) publicou, no Diário Oficial da União (DOU), resolução que formaliza a decisão anunciada nesta semana pelo governo de aumentar o adicional de etanol na gasolina, dos atuais 25% para 27%. A mudança pode causar problemas em veículos a gasolina produzidos antes da década de 90. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, Edson Orikassa, esses carros podem apresentar alterações em materiais de borracha, como mangueiras de combustíveis, além de plásticos e metais, que podem se oxidar com o etanol. “Nos últimos anos, houve uma melhora grande desses materiais, mas pode ser que os veículos antigos ainda estejam sem a tecnologia para se proteger desse ataque”, disse. Nesses casos, a recomendação é que, até a conclusão de todos os testes, a gasolina utilizada seja a do tipo Premium, que não sofrerá aumento do percentual de álcool na mistura, mas é mais cara – o litro custa cer-

ca de R$ 4. Para o professor de engenharia automotiva da Universidade de Brasília (UnB) Alessandro Oliveira, tanto os carros com carburador quanto os primeiros fabricados com injeção eletrônica podem sofrer as consequências do aumento do etanol na gasolina. “Essa frota já é bastante reduzida, mas esses veículos podem sofrer um pouco mais com essa gasolina com mais álcool, inclusive em termos de consumo de combustível”, explica. Outro problema são os carros importados com motor a gasolina. Segundo Oliveira, a maior parte dos veículos modernos é capaz de se adaptar à nova mistura, mas ainda não há estudos que comprovem o efeito da mudança na durabilidade desses carros. “É sempre uma dúvida em termos de durabilidade, sabemos que alguns veículos já sentem alguns problemas com a gasolina com 25% de etanol”, disse. A gasolina Premium também deve ser usada nesses casos, segundo o especialista. Nos carros com motor flex, que representaram cerca de 88% dos veículos novos li-

Modelos que rodam apenas com gasolina podem ter problemas, dentre os quais afetar as borrachas, que podem sofrer alterações, e o carburador que, nos modelos antigos, pode oxidar com o etanol

Sempre os mais pobres é que saem perdendo com a incompetência do governo. Os carros velhos sofrem e as passagens de ônibus aumentam. A classe alta, incluindo os políticos, nem sabe o preço da gasolina. Apenas mandam o frentista encher o tanque” CARLOS NOBRE Consumidor

cenciados no ano passado, a mudança não terá nenhum impacto. “O carro flex está totalmente adaptado para esse tipo de aumento, tanto que você pode colocar apenas álcool que não tem problema”, diz Orikassa. No entanto, pode haver um pequeno aumento no consumo de combustível, mas que será pouco sentido pelos motoristas. “Às vezes, até o aumento de temperatura e a umidade em um dia provocam aumento de consumo”, explica Oliveira. Ao anunciar a medida, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, disse que os testes de durabilidade, no caso de carros movidos exclusivamente a gasolina, ainda estão

sendo feitos pela entidade e devem ser concluídos no fim do mês. “Por isso, insistimos bastante para que a gasolina Premium não sofresse nenhuma alteração em sua formulação, de forma que o consumidor tenha uma alternativa de abastecimento para os veículos movidos exclusivamente a gasolina”, disse. A nova mistura, que começou a valer no dia 16 de março, vai ser aplicada para a gasolina comum e a aditivada. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, os resultados dos testes feitos pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobras não mostraram problemas técnicos para os veículos com o aumento da mistura.


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ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Falta de confiança

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grande indagação durante o VI Fórum da Indústria Automobilística, organizado pelo grupo de comunicação Automotive Business, em São Paulo foi por quanto tempo o cenário atual de retração persistirá. Apesar do primeiro trimestre desastroso, sem dúvida haverá uma reação no restante do ano que servirá apenas para mitigar a projeção de queda anual. No primeiro trimestre as vendas acumuladas de veículos leves e pesados recuaram 17%, enquanto as projeções mais pessimistas apontam que o ano fecharia com recuo de 12%. O grande problema de curto prazo são estoques altos demais, o que aumenta o índice de ociosidade da indústria e as perspectivas de desemprego. A produção pode ser um pouco menos afetada por uma conjugação de fatores: leve au-

pitstop Renegade começa com R$ 69,9 mil

Versão topo de linha com motor 2.0 turbodiesel custa R$ 116,9 mil; FCA vai lançar uma versão mais barata em junho

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postando no mercado brasileiro, a FCA – Fiat Chrysler Automóveis inicia a comercialização de um dos mais importantes lançamentos da empresa no Brasil nos últimos tempos, o Jeep Renegade, que foi apresentado no último dia 23 à imprensa e chega ás concessionárias neste mês de abril. O desafio é colocar o jipe na liderança de um segmento (e é esse o objetivo da empresa) onde estão o Ecosport (líder de mercado), o Duster (vice) e onde terá que enfrentar também a concorrência de mais dois estreantes: o Honda HR-V, lançado na semana passada, e o Peugeot 2008, que

RODA VIVA

mento nas exportações em razão da desvalorização do real e, pelo mesmo motivo, a perda de competitividade de veículos importados a serem substituídos pelos de fabricação nacional. Este é um ano com muitos lançamentos, em especial no segmento de SUVs. Mesmo em 2014 houve um balanço positivo: 431 lançamentos e 225 descontinuações ao se somarem todos os modelos e versões disponíveis no mercado interno. Para a consultoria Carcon, no entanto, a produção poderá preservar o único número positivo em 2015: crescimento de 1,7%, ou seja, 3,05 milhões de unidades. E os fatores acima citados se repetiriam até 2019, quando o Brasil alcançaria 3,82 milhões de veículos produzidos. Seria ainda um nível desconfortável, pois a capacidade instalada anunciada pelas antigas e novas empresas ficará acima de cinco milhões

de unidades. Ideal é utilizar ao menos 75% desta capacidade para que investimentos em novos produtos se justifiquem e não se crie a espiral negativa do passado. Pesquisa eletrônica durante o Fórum indicou que os participantes acreditam que só em 2017 o mercado interno voltará a apresentar números positivos, indicando três anos consecutivos de vendas em retração. É provável a Índia ultrapassar o Brasil, que cairia para a quinta posição no ranking mundial. Ainda que condições econômicas e políticas atuais expliquem grande parte do mau momento do setor, essa crise demonstra que artificialismos atrapalham mais que ajudam. Reduções temporárias de imposto induzem movimentos de antecipação de compras e se usados por períodos longos criam vícios. Ideal seria refor-

ma tributária, pois a indústria de veículos representa 5% do PIB, porém recolhe 10% de todos os impostos. Na realidade, enquanto perdurar o atual clima de falta de confiança dos entes da economia as vendas de veículos não se recuperarão. As correções estão no rumo correto, mas ainda há incertezas de como os políticos se conduzirão. Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco, citou dois exemplos positivos na Índia e nos EUA. O primeiro ministro indiano, Narenda Modri, preconiza menos governo e mais governança. Já o ex-secretário de Tesouro americano, Lawrence Summers, construiu a frase lapidar: “Confiança é o estímulo mais barato”. Nos EUA, com carga fiscal bastante baixa para consumidores, a política econômica deve focar nas causas, não nos

chega em abril. Inaugurando a fabrica da Jeep, em Goiana, Pernambuco, o Renegade expande a linha de veículos da marca, entrando no segmento dos utilitários esportivos compactos e sendo o primeiro da marca fabricado no Brasil. Inspirado no Jeep Wrangler, o novo jipinho tem desenho robusto e tecnologia para encarar qualquer terreno, pois oferece como diferencial transmissão com caixa de reduzida e sistema de tração para cinco tipos de terreno: normal, neve, areia, lama e pedra. Internamente, o Renegade é bem requintado. Com material de qualidade e detalhes inspirado em equipamentos de esporte de aventura, o carro tem ainda sistema multimídia com duas opções de telas coloridas de 5 ou 6,5 polegadas, com conexão bluetooth, comandos de voz, navegação GPS, entre muitos outros recursos.

No painel, tela colorida multifuncional de 7 polegadas no quadro de instrumentos, permitindo acessar informações sobre o carro e computador de bordo. O sistema permite centenas de opções de configuração, para que o motorista possa escolher quais dados aparecerão na tela. O banco do passageiro dianteiro tem um porta-objetos debaixo do assento e o encosto é rebatível (para frente) e o piso do porta-malas tem assoalho 2 em 1. O Renegade está disponível nas versões Sport, Longitude e Trailhawk, com opção de dois motores (1.8 flex de 132 cv e o 2.0 turbo diesel de 170 cv) e três câmbios: um manual de cinco marchas e dois automáticos de seis e nove marchas, mesmo que equipa o Cherokee e o Range Rover Evoque. Para Sérgio Ferreira, diretor da marca Jeep para América Latina e diretor

geral da Chrysler Brasil, o Renegade marca a reinvenção do segmento de utilitários esportivos compactos. “Ele não deriva de nenhum carro de passeio; foi projetado desde o início para ser um utilitários esportivo compacto, o que faz dele o modelo mais adequado para rodar na cidade, na estrada ou na terra”, afirma. A Jeep espera vender 50 mil unidades até o fim do ano e para isso montou uma rede de concessionárias com 120 pontos. O Renegade começa custando R$ 69,9 mil, na versão 1.8 Sport com câmbio manual, e vai até R$ 116,8 mil na versão topo de linha, a Trailhawk 2.0 a diesel 4×4 automático de nove marchas. O carro começa a ser vendido dia 10 de abril e a empresa vai lançar uma versão mais barata até junho, que vai custar R$ 66,9 mil. A garantia é de três anos.

CONFORME a Coluna adiantou, reestilização de meia-geração do Gol ficou para o primeiro trimestre de 2016 e a nova geração (arquitetura MQB do futuro Polo alemão) só no final de 2017. Volkswagen espera vender (somando Audi) cerca de um milhão de unidades no Brasil em 2018. Ou seja, confia em recuperação do mercado interno e também aumento de participação. RENAULT Duster 2016 ganhou atualização visual: grade, grupo ótico, para-choques dianteiro e traseiro, rodas e lanternas traseiras com LEDs. No interior, costura dupla no estofamento, novo painel e tela com GPS. Motor 2-litros ganhou 6 cv (agora 148 cv), porém torque caiu um pouco para 20,7 kgfm. No 1,6 L só mudou curva de torque. Preços: R$ 62.990 a R$ 78.490 (4x4). MOTOR turbo do Fiat Bravo T-Jet 2016 é ponto alto no carro, em especial ao se apertar o botão de Overboost (sobrepressão). Potência se mantém em 152 cv, mas o torque de 23 kgfm faz nítida diferença. Retoques estilísticos são modestos. Relevante é a monitoração de pressão dos pneus. Pena que a caixa manual de seis marchas tenha curso de engate longo. GANHOU outra vida o Mercedes -Benz GLA 250 com motor turbo de 2 L/211 cv. Faltava essa versão no crossover (SUV de teto baixo) alemão que será produzido no Brasil, logo no início de 2016. Apenas o motor de 1,6 L turboflex será nacionalizado. São duas versões: Vision por R$ 171.900 e Sport, R$ 189.900. Ambas se destacam por materiais de ótima qualidade. HONDA lançará em 2016 novo Twist, pseudo-aventureiro baseado no Fit. Desta vez, a mudança é mais radical e não superficial como na geração passada do monovolume compacto (ou hatch de teto alto) da marca japonesa. Filão de modelos que remetem a “aventuras” no asfalto mesmo ou em (boas) estradas de terra não parece ter fim.


28 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 10 A 16 DE ABRIL DE 2015 CRÔNICA

O Velho Chico está agonizando! JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

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entre todos os escândalos já acontecidos no Brasil, um deles ainda continua acontecendo, às vistas de todos os brasileiros e, principalmente, da Justiça que, resolveu fechar os olhos. Até aqui, ninguém resolveu denunciar a derrama dos bilhões de reais, que envergonham um povo sem Saúde, sem Educação, sem Estradas e sem Segurança. Há poucos anos, colocaram na cabeça do ex-Presidente que, seria uma boa ideia, fazer a Transposição das Águas do Rio São Francisco, de modo que o Ceará, o Rio Grande do Norte, a Paraíba e Pernambuco, ficassem abastecidos com as águas do Velho Chico. Um maluco teve esta ideia, imediatamente, adotada pelo então Presi-

dente Lula e comemorada festivamente pelas empreiteiras. Todos os Técnicos de renome, tanto do estrangeiro como do Brasil, foram contra a ideia, principalmente, os melhores Técnicos do Instituto Joaquim Nabuco, especialistas em Hidráulica, Hidrodinâmica, Geologia, Eletrotécnica e outras especializações da Engenharia. Todos os grandes estudiosos opinariam contra a ideia, dizendo que a seca nordestina não seria resolvida desta maneira. Uns chegaram a dizer que o ex-presidente Lula havia resolvido apressar tudo, para atender aos seus amigos do Ceará e aos Empreiteiros, pois, estes iriam ganhar muito dinheiro com a criação de camarões, para exportação. A pressa para começar logo as obras, nasceu do compromisso do Sr. Lula, com as 14 empreiteiras, para o dinheiro chegar logo aos canteiros de obras. Uma imoralidade, dentre outras que foram cometidas no seu governo. Ora, o projeto para ser totalmente executado, vai ter que desviar 280 metros

cúbicos de água por segundo, mas, em nada serão beneficiados os Estados da Bahia, Sergipe e Alagoas, hoje flagelados pela seca, com a falta de água para beber, para os animais, para as plantações e até para os carros-pipa. Vão ser retirados do Rio São Francisco, 252 milhões de litros de água, por hora, e levados para a criação de camarões e irrigação das fazendas de empresários. O Velho Chico que já vem sofrendo ao longo dos anos, agora vai ficar mais seco e prejudicar a geração da energia elétrica, nas hidrelétricas, como já vem acontecendo. Numa das últimas secas, a represa do Sobradinho ficou com 13 % da sua capacidade. Da tomada d´água entre Bahia e Pernambuco, até Cabrobó, no Ceará, serão construídos canais numa distância de 2.000 quilômetros, aproximadamente, distância que vai de Maceió para o Rio de Janeiro. Só com a evaporação das águas à céu aberto, as bombas deverão elevar as águas a uma altura de 160 metros, pois, preci-

sam de energia elétrica, correspondente aos 1.060 megawatts que seriam gerados, numa usina, como a de Sobradinho. Em termos técnicos e econômicos, está sendo uma verdadeira maluquice! É um desperdício de dinheiro, porém, “o absurdo do século”, já está parado pelo Tribunal de Contas da União, por causa de gritantes irregularidades. Já existem grandes rachaduras nas obras e algumas firmas estão desistindo por falta de pagamentos. Deve ser construído um túnel para passagem das águas, com 1.500 metros de comprimento, que correspondem ao comprimento de 15 campos de futebol. O Rio São Francisco está secando, à ponto de não ter sido realizada a Procissão de Jesus dos Navegantes, em Penedo, pois, o rio já está sem condições de navegabilidade, em muitos trechos, inclusive, com pedras expostas e que antes eram cobertas. O Canal do Sertão, em Alagoas, certamente, vai sofrer sem água, para dezenas de cidades alagoanas.


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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Sucessão em Arapiraca

Dados sobre IPTU

Mutirão da colonoscopia

PELO INTERIOR

empresário Adoniran Guerra, sócio fundador do Garden Shopping Arapiraca, está em alta na política da cidade mais importante do interior alagoano. Adoniran tem recebido importantes convites para se filiar a partidos que estão de olho na sucessão arapiraquense dentre eles o PMDB, PSB e Solidariedade. “Estou avaliando os convites, ouvindo amigos e parceiros que acreditam na força de Arapiraca”, disse o empresário. “A decisão será tomada no momento certo”, garante.

Faltando poucos dias para o fim do prazo para pagamento do IPTU 2015 em cota única e com desconto de 20%, a Prefeitura de Arapiraca, através da Secretaria Municipal de Finanças e o Grupo de Tecnologia da Informação (GTINFO), lançou uma nova ferramenta para visualização de dados sobre a arrecadação municipal.

A Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva em Alagoas e a Secretaria de Estado da Saúde seguem esta quinta-feira (9) com o mutirão preventivo de uma das doenças que mais afetam o brasileiro: o câncer de intestino. Pela primeira vez no Estado, 160 usuários do SUS, entre 50 e 65 anos, estão sendo atendidos em apenas dois dias com exame de colonoscopia. O mutirão foi iniciado ontem. O atendimento segue hoje, das 8 às 16 horas, no Hospital Escola Helvio Auto – base do mutirão, no Trapiche –, Hospital do Açúcar (Farol), Hospital Universitário (Tabuleiro do Martins) e Santa Casa de Misericórdia (Centro).

... Na quinta-feira, 9, às 15h, a Auto Viação Veleiro apresentou parte da frota de 38 ônibus que substituirão os coletivos da empresa Tropical Ltda. nas linhas intermunicipais metropolitanas Maceió/ Rio Largo (via Mata do Rolo e via Gustavo Paiva), Maceió/Aeroporto Zumbi dos Palmares (via Ponta Verde e via Terminal Rodoviário) e Maceió/Cruzeiro do Sul.

Aliado na prevenção

Sente orgulho “Sinto orgulho em ter sido procurado para me filiar a partidos que anseiam por mudanças e que, assim como eu, querem o desenvolvimento econômico e social de Arapiraca que, infelizmente, vem sofrendo por incompetência e falta de iniciativas do Poder Público. Mas, graças a Deus, a cidade só não parou no tempo em virtude da força e empenho de um grupo de empresários, investidores e visionários como José Alexandre dos Santos que se juntaram a mim e transformaram em realidade a construção de empreendimentos como o Garden Shopping e o Residencial Riviera do Lago, além de outros que serão anunciados em breve”, disse Adoniran Guerra.

Na quarta-feira, 08, em entrevista a rádio Pajuçara FM, o secretário de Finanças, Lucas Leão, comentou sobre a nova ferramenta virtual e lembrou da importância da população pagar o IPTU para que o município possa ser contemplado com mais serviços oriundos da prefeitura. “Só 25% da população paga o IPTU e hoje, faltando poucos dias, esse número não passa dos 10%. Para que a gente consiga melhorar essa arrecadação, ampliamos a qualidade de atendimento ao cidadão, como essa página no nosso site, onde o morador pode imprimir sua própria guia e conhecer detalhes de pagamentos da rua que mora e de toda Arapiraca. Com isso, o cidadão vai entender a situação da prefeitura”, comentou.

... A união de forças entre duas instituições para a efetiva melhoria do município. Desta forma, a Prefeitura de Arapiraca e Universidade Federal de Alagoas (Ufal) campus Arapiraca estão criando um grupo de discussão, planejamento e execução para ponderar alguns tópicos para o avanço local.

Novos rumos

Dificuldade

O

“Abrimos um diálogo permanente com os segmentos sociais que desejam o progresso pleno da nossa terra. Estamos conversando com partidos que enxergam novos rumos através da inteligência, competência, dinamismo, coragem e determinação para construir uma nova cidade que possa oferecer melhor qualidade de vida para as famílias arapiraquenses”, completou Adoniran.

Informações no site Agora, a cidadão arapiraquense poderá conferir os percentuais de valor pago de sua rua e da cidade, além do percentual de descontos e de imóveis quitados. Para conferir mais detalhes e saber todos esses dados, acesse o site: http://servicos.arapiraca. al.gov.br/servicos/ipturuas

Nova ferramenta

“A situação é preocupante e já é preciso pensar em fazer as contas e recalcular alguns gastos. Temos que aumentar a arrecadação. Isso não é aumentar tributos, mas sim o número de contribuintes. É uma dificuldade que precisamos superar. Se não, não conseguiremos atender os serviços que o cidadão precisa”, concluiu o secretário.

O exame de colonoscopia é um aliado na prevenção do câncer de intestino, explica o coordenador do mutirão, Hebert Toledo. O mutirão conta com a participação de 80 profissionais de todo o país, que se encontram em Maceió participando de um simpósio promovido pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva. A iniciativa conta também com a parceria da Secretaria de Saúde de Maceió e de empresas que disponibilizaram os equipamentos para os exames. Os pacientes foram selecionados nos Postos de Saúde após avaliação médica.

Ampliando saberes O projeto “Ampliando Saberes”, do barco museu No Balanço das Águas, faz a largada das atividades de arte educativa na comunidade da Ilha do Ferro em Pão de Açúcar e no povoado Entremontes em Piranhas. No alto Sertão alagoano, às margens do rio São Francisco, começaram na terça-feira (7) as oficinas de escultura, marcenaria e bordado proposta por mais uma ação do museu Coleção Karandash de Arte Popular e Contemporânea, cuja sede fica em Maceió, na região central da cidade.

... A apresentação aconteceu no Terminal Rodoviário João Paulo II, na capital, cerca de 40 dias depois da assinatura do contrato de autorização provisória firmado entre a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas (Arsal) e a Veleiro, que assumirá, pelo prazo de 180 dias, as linhas até então operadas pela Tropical.

... Na quarta-feira (8), houve reunião na Coordenação da Ufal com secretários e técnicos municipais e professores e direção da academia, pautando temas como plano-diretor, Agenda 21, cadastro imobiliário e planta genérica de valores, entre outros. ... “Arapiraca é uma locomotiva que não para e não adianta que façamos medidas emergenciais diante das fragilidades que possuímos. Por isso, a importância de um momento como este e a criação deste grupo”, diz a secretária Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), Rita Nunes. ... Em análise, o plano-diretor da cidade ainda está em período de revisão e deve ser atualizado a partir dos estudos e apontamentos que o grupo fará em breve. ... “Há a necessidade ainda de uma conscientização por partes das pessoas para construírem lotes em áreas permitidas pela Administração Municipal, que por sua vez deve fiscalizar e cobrar taxas dos que não cumprirem o que delimita o plano”, coloca a diretora-geral da Ufal, Eliane Cavalcanti. ... Uma parceria entre o Governo do Estado de Alagoas, a Prefeitura de Campo Alegre e a Usina Porto Rico, proporcionou na quarta-feira, 8, o lançamento do Programa Barriga Cheia, programa que beneficiará centenas de famílias no município, promovendo a geração de renda. O programa do Governo do Estado é gerenciado por meio da Secretaria de Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seapa). ... A iniciativa garante às famílias de baixa renda, previamente cadastradas pela Secretaria Municipal de Agricultura de Campo Alegre, o direito ao plantio de feijão de corda em áreas cedidas pela iniciativa privada. ... Aos nossos leitores desejamos um excelente final de semana com muita paz e saúde. Até a próxima edição.


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REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

Venda garantida É através da Associação dos Agricultores que toda a produção tem venda garantida. Com as últimas chuvas caídas na região, eles já iniciaram o plantio de inhame, macaxeira, batata, feijão e milho. É a certeza de que terão mesa farta para a família e dinheiro no bolso para as demais despesas do dia a dia e ainda juntar um bom dinheiro para realizar algum sonho de consumo.

Terra repartida

Do Bananal para a mesa

H

á mais de dois séculos, o Bananal da Viçosa, era uma imensa área de terras sem dono, onde predominava a bananeira, fruta que os índios e negros cultivavam para alimento diário, aliado ainda as lavouras de subsistência. Com a fundação do engenho, em 1835, toda a área ficou coberta de canaviais, mas sempre se reservando alguma área para se plantar banana, inhame, batata, macaxeira, milho e outras lavouras. A cana sumiu com o fechamento da Usina Boa Sorte na década de 1970, mas a roça continua, garantindo o sustento de pequenos agricultores, que plantam, colhem, consomem e comerrcializam seus produtos, reunidos em sistema de cooperativa através da Associação dos Agricultores, entidade comandada pelo jovem Otoniel Pimentel. É esse bananazeiro, que vem conseguindo mudar o cenário da região, que até pouco tempo era coberto de capim para a engorda do gado, enriquecendo o fazendeiro e empobrecendo o trabalhador e pequeno agricultor, que agora recebem assistência técnica, sementes e são conscientes de que a agricultura familiar é um bom negócio. A terra é propícia para o plantio de qualquer tipo de lavoura. Fica na zona da Mata alagoana, com um riacho garantindo água em abundância, por quase todo o ano, quando obviamente chove no tempo certo, como agora. Ele vem conseguindo muitos benefícios, treinando jovens para se fixar no campo e construindo a sede da associação, um marco para o soerguimento do Bananal como terra viçosa onde “em se plantando, tudo dá”.

Quem não possui terra própria para plantio, consegue uma área de algum proprietário para plantar, colher, consumir e repartir meio a meio com o dono, ficando com uma parte para vender. Também participam dos benefícios dados pela associação, podendo até mesmo conseguir o crédito rural do Banco do Nordeste, comprando uma vaca, por exemplo, que garante o leite da família.

Bom exemplo A Associação dos Agricultores do Povoado Bananal foi considerada um exemplo de produção e eficiência, por técnicos da Secretaria de Agricultura, Senar e patrocinadores do programa Jovem Cidadão, que incentiva a agricultura familiar, através de cursos de treinamento e noções de cidadania a quem quer continuar trabalhando no campo, ao invés de tentar a vida na cidade grande.

Inhame Viçosa é o maior centro produtor de inhame de Alagoas. E o Povoado Bananal, e seu entorno, garante boa parte dessa produção. Na cidade, uma padaria produz pão, bolacha e pizza dessa raiz rica em proteínas, que nos últimos anos vem se constituindo na preferência dos consumidores. Daqui a uns três meses, os plantadores terão a garantia de uma grande produção, já que as chuvas contribuiram para o plantio no tempo certo.


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