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MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XVI - Nº 832 - 31 DE JULHO A 06 DE AGOSTO DE 2015

ESTADO ENGESSADO

EMPRÉSTIMOS DE LESSA E VILELA ENDIVIDARAM ALAGOAS ATÉ 2040 P/8 e 9

NO TEMPO DA PISTOLAGEM

Renda de santuário no Sertão gera briga entre padre e bispo P/18

33 ANOS DEPOIS, MORTE DE TOBIAS GRANJA AINDA LEVANTA DÚVIDAS SOBRE MANDANTE P/14 e 15

PELÍCULAS ILEGAIS DEVEM SER REMOVIDAS DE VEÍCULOS

Testemunha vai depor sobre execução do cabo Gonçalves P/11

P/26


2 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 31 DE JULHO A 06 DE AGOSTO DE 2015

COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

Sai Dudu, entra Cícero das Cachorras

C

om Dudu Hollanda fora de circulação, os fins de semana em Maceió perderão um pouco do agito que tem feito a alegria da crônica policial e das chamadas redes sociais. Em compensação, a Assembleia Legislativa de Alagoas ganha um novo deputado que promete agitar o plenário, mas em defesa de seus interesses políticos. Cícero Cavalcante - mais conhecido como “Cícero das Cachorras”- foi prefeito itinerante em Passo do Camaragibe e São Luís do Quitunde e promete revolucionar o legislativo alagoano. E viva Alagoas!

Desprezo Ao vetar o reajuste das aposentadorias pelas mesmas regras do salário mínimo, a presidente Dilma Rousseff mostra, mais uma vez, o quanto despreza os aposentados. A extensão do reajuste do mínimo aos aposentados foi aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado.

Reincidente A população de São Luís do Quitunde continua espe-rando pela Justiça de Alagoas em relação ao desfecho do processo que pede o afastamento e a prisão do prefeito Eraldo Pedro. O processo está nas mãos do desembargador João Luiz Azevedo Lessa, que já deu 15 dias para o réu se pronunciar. Enquanto a Justiça não punir os culpados, o desvio do recurso da previdência continua a ocorrer e o crime de apropriação indébita fica impune.

Futebol feminino O ministro do Esporte, George Hilton dos Santos, participa hoje, às 19 horas, no Iate Clube Pajuçara, da abertura da Copa Brasil Universitária de Feminino. À tarde, após o congresso técnico da CBUFF que acontece às 16 horas no Hotel Matsubara, o secretário Nacional de Futebol e Defesa do Torcedor, Rogério Haman, conversa com a imprensa. Em pauta, CPI do Futebol, dívidas dos clubes e Estatuto do Torcedor, dentre outros assuntos.

Dilma quebrou a Petrobras Dilma Rousseff pode “entrar para a história como a presidente que quebrou a Petrobras”. A frase é de Rachel Landim, colunista da Folha de S. Paulo. Que prossegue: “Alguém em Brasília precisa avisá-la de que a situação é tenebrosa... Não, isso não é alarmismo. Só não vê quem não sabe fazer conta ou deixa a política turvar seu raciocínio”. (Diogo Mainardi)

Cadeia neles! “Quem roubou o país e os sonhos de todos os brasileiros vai pagar, podem acreditar. Lugar de bandido é na cadeia”. (Deputado Onix Lorenzoni).

Gazeteiros Nenhum dos nove membros da bancada alagoana na Câmara Federal integra a lista dos 43 deputados que compareceram a todas as 67 sessões do primeiro semestre.

Repúdio 1

Briga boa

Os servidores da Justiça fizeram uma manifestação do Fórum de Maceió esta semana contra a atitude “individualista, personalista e irresponsável” do diretor financeiro do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de Alagoas (Serjal), Ednor Gonzaga, que colocou em risco a iminente possibilidade da implantação do Auxílio-Saúde para os trabalhadores do Judiciário.

O prefeito Rui Palmeira anda dizendo nos bastidores que “os médicos têm que trabalhar”. A medida do chefe do Executivo para que isso ocorra é a implantação dos pontos eletrônicos nos postos de saúde. Tem muito “doutor” fazendo bico para a medida.

Repúdio 2 Uma nota subescrita por várias entidades destaca: “Numa clara tentativa de autopromoção, Ednor, durante a sessão do Pleno, mesmo sem legitimidade para falar em nome dos servidores, foi contrário à implantação do Auxílio-Saúde nos moldes que fora submetido aos desembargadores, e devidamente apresentada e discutida com as entidades representativas das categorias”. A bola fora do sindicalista repercutiu de forma negativa em todo TJ/AL!

Cuspindo no prato

Corrente do bem Alexandre José de Araújo Lopes, internado no Hospital da Unimed Maceió, precisa urgente de sangue O+. O paciente necessita do maior número de doadores possíveis. Para doar é necessário ir ao Hemopac, na Rua Itatiaia, 96 – Farol (próximo a Praça do Centenário). Qualquer tipo sanguíneo é aceito, pois é feito um procedimento de permuta entre os doadores. Ao doar, informar que o sangue coletado será destinado ao paciente Alexandre José de Araújo Lopes.

Após se fartar na última quartafeira do rega-bofe servido pelo governador Renan Filho, o prefeito de Junqueiro, Fernando Pereira (DEM), arrotou em Arapiraca que não tem medo da estrutura dos Renans para as eleições do próximo ano. Numa badalada churrascaria da capital do Agreste, o irmão do ex-deputado Joãozinho Pereira entre gargalhadas e palavrões rasgou o verbo contra o governador.

Transparência O portal da transparência da Assembleia Legislativa demonstra a inoperância do petista Marquinhos Madeira. A ferramenta revela que o deputado de segundo mandando não apresentou na nova legislatura um só Projeto de Lei Ordinária, Projeto de Resolução, Proposta de Emenda Constitucional... E por aí vai!

Buraqueira Quem anda pela cidade de Maceió tem observado os estragos nas vias e a motivação seria a chuva. Mas a causa natural revela a fragilidade do asfalto. A Rua Alexandre Nobre, no bairro do Farol, é um exemplo. Crateras ao longo da rua estão causando uma série de prejuízos para população. Despreparo? Desleixo? Incompetência?

(In)Segurança O Ministério da Justiça prorrogou por 90 dias as ações da Força Nacional de Segurança Pública em Alagoas. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (29). O objetivo é dar continuidade à Operação Jaraguá feita desde 2011. Prorrogação prevê trabalho articulado com Secretaria de Segurança Pública de Alagoas para policiamento ostensivo, polícia judiciária, perícia e Defesa Civil.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

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ARTE Fábio Alberto - 9351.9882 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7245 - 9982.0322

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Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


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- MACEIÓ, ALAGOAS - 31 DE JULHO A 06 DE AGOSTO DE 2015 -

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JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

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Desorientada

As mentiras da Dilma

É para tentar minimizar esse quadro caótico e assustador que a presidente juntou os governadores para uma conversa tête-àtête. Essas reuniões de políticos e empresários com a Dilma em Brasília já começaram a entrar para o anedotário. Muitos deixam o encontro mais desorientados ainda com a conversa dela sem pé nem cabeça sobre a conjuntura econômica, social e política do país. Um desses participantes confidenciou que a Dilma não consegue finalizar uma proposta pela dificuldade que tem em se fazer compreender. Até que ela tenta raciocinar com lógica, diz essa fonte, mas algo inexplicável tumultua seu pensamento, daí as besteiras que fala e se espalham nas redes sociais.

B

rasília - Para passar à opinião pública credibilidade a reunião com os governadores, a Dilma colocou ao seu lado o vice Michel Temer, articulador político, que não está sabendo a hora de pular do barco, contrariando a cúpula do partido, que já decidiu não marchar com a presidente. A cena apenas se repetiu, a mesma de outros tempos: os 27 governadores contornaram a mesa oval, os assessores em segundo plano, e os ministros da área econômica ficaram atentos para não deixar a chefe falar besteira. Este filme os brasileiros já conhecem. Em 2013, antes das eleições, a Dilma reuniu os governadores para anunciar um pacote de R$ 50 bilhões em investimentos em projetos de mobilidade urbana, uma tentativa de silenciar as manifestações que ocorreram em junho daquele ano. De lá pra cá nada andou, nenhum projeto saiu do papel. Os quase cem quilômetros prometidos de Metrô ou de VLT – Veículos Leves sobre Trilhos – não passaram de promessas mirabolantes, mentirosas, que só serviram para alavancar a campanha dela, abalada pela revolta das ruas que pedia transporte público com mais qualidade e a redução nas passagens dos ônibus. Hoje, o que se vê são imensos buracos em algumas das principais capitais do país: Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Goiânia, Rio, Belo Horizonte e Fortaleza. O metrô de Fortaleza ainda avançou um pouco para atender os irmãos “Gomes”, seus correligionários incondicionais, mas as obras foram abandonadas no final do ano passado tão logo acabou a eleição. Segundo o jornal Valor, “até o fim do primeiro trimestre, apenas R$ 824 milhões de tudo o que Dilma havia prometido tinha sido efetivamente pagos”, dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. Nos canteiros de ferros retorcidos das principais capitais do país existem apenas vigias montando guarda para cuidar do que foi abandonado, um prejuízo incalculável aos cofres públicos. É assim que a presidente e seus parceiros petistas agem: tentam tirar da cartola factoides para enganar a população e os governadores que, mais uma vez, chegam a Brasília para dar um voto de confiança a uma presidente desacreditada, mentirosa e fantasiosa que não respeita o dinheiro do contribuinte. Com uma equipe despreparada – imagine você que até o ministro Eliseu Padilha virou articulador político –, a Dilma vem torrando o dinheiro do país desde que assumiu a presidência com o rótulo de gerentona e “Mãe do PAC”, títulos outorgados por Lula, seu companheiro de partido. O factoide da mobilidade urbana foi lançado já em abril de 2012. Ela prometeu, naquele ano, R$ 32 bilhões para investimentos em metrô nas principais capitais. Com os movimentos de ruas em 2013, ela subiu para R$ 50 bilhões. Mais um factoide. Ou seja: mentiu pela segunda vez para silenciar a “voz rouca das ruas”, como dizia o velho cacique do PMDB, Ulysses Guimarães, que hoje, certamente, estaria envergonhado de ver Michel Temer, seu ex-pupilo, fazendo o papel de chefe de departamento de pessoal da Dilma, atuando no fisiologismo, o que existe de mais desprezível na política, para um governo despreparado, ineficiente, inapto e corrupto.

Isolamento Fidelidade? Michel Temer sabe que a sua companheira de chapa chegou ao final da linha. Não quer passar a imagem de oportunista e, por isso, ainda se mantém ao lado dela para dissipar dúvidas quanto à sua fidelidade, uma imensa bobagem, que não engana a ninguém, porque a história mostra que vice no Brasil só serve para uma coisa: conspirar. E foi com essa intenção que ele viajou para Nova Iorque, onde se reuniu com o peso pesado do empresariado. Como político esperto e matreiro queria ouvir do PIB norte-americano opiniões sobre o governo da presidente Dilma. Voltou satisfeito para continuar conspirando.

Prepotente O nariz empinado e a prepotência da Dilma deram lugar a uma falsa humildade agora que o barco está afundando. Acostumada a tratar seus subalternos com truculência, deselegância e desrespeito, para salvar sua pele, ela decidiu chamar os governadores para a reunião. Tenta firmar com eles um pacto de governabilidade depois que o país foi para o fundo do poço com a inflação alta, o custo de vida sufocante e o desemprego subindo a taxas estratosférica. Dilma cultiva o hábito da arrogância: humilha ministros, assessores, governadores e até um simples garçom passa pelo constrangimento de reprimenda quando serve o café fora do ponto.

Xô, Dilma! A presidente tenta de todas as formas se manter no poder e, no comando do barco à deriva, não sabe retomar o leme da embarcação. O que ela não entendeu até agora é que os brasileiros não a querem mais à frente do país, como mostraram as últimas pesquisas. Por elas, nunca na história desse país um presidente esteve com tão baixo índice de aprovação. Mais de 92% da população dizem não a sua administração. Com essa desaprovação, Dilma corre o risco de ser não só apenas vaiada, como já vem ocorrendo, mas também enxovalhada pelo povo descontente com o seu governo.

A presidente vive momentos de profundo isolamento. Cercada por auxiliares envolvidos com a operação Lava Jato, a exemplo do seu ministro da Comunicação Social, Edson Silva, o Edinho, que recebeu quase R$ 8 milhões do dinheiro roubado da Petrobras para a sua campanha, Dilma não tem propostas reais para apresentar aos governadores. Mais uma vez vai jogar para a plateia e culpá-los depois pelo insucesso da tentativa do plano da governabilidade que certamente não ocorrerá porque o problema maior não é o sofá, mas o seu dono.

Palavrões Ela sabe que a crise econômica e social é de sua responsabilidade. À frente do governo, quando o país ainda vivia bons momentos com emprego e inflação baixa, não ouvia ninguém. Acreditava de verdade que realmente era uma “gerentona” competente como Lula a vendeu à população. O tempo mostrou que se trata de uma gestora incapaz e incompetente que tenta impor no grito suas vontades como se os servidores fossem seus vassalos. Aprendeu com Lula a soltar palavrões e até xingar com impropérios adversários e aliados quando suas ordens são contrariadas, como contam vários de seus auxiliares que temem se aproximar dela nos momentos de fúria.

Desrespeito É por causa desse temperamento intempestivo e desrespeitoso que a Dilma está sem interlocutor, isolada e distanciada dos seus principais assessores que tremem só em saber que vão despachar com ela. Alguns ministros nem são chamados para audiência, como é o caso do Henrique Alves, do Turismo, que ela foi obrigada a engolir por imposição de Eduardo Cunha, presidente da Câmara.

Rejeição Ora, é de se perguntar: como uma pessoa pode dirigir um país com esse comportamento atroz e assustador? Por que alguém que já demonstrou tanta inaptidão no comando da nação ainda teima em permanecer no cargo mesmo sabendo que mais de 90% da população desprezam o seu governo? As respostas para essas perguntas vão às ruas no dia 16 de agosto.


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GABRIELMOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

Insatisfação na bancada

N

inguém pense que o relacionamento do governo de Alagoas com deputados da bancada anda muito bem, como dizem por aí. A insatisfação é quase generalizada, já que os deputados sofrem para indicar um aliado para cargos na administração pública estadual. Como as eleições do próximo ano se aproximam, a nomeação de um cabo eleitoral ali e outro acolá é fundamental para o projeto político dos parlamentares. Sob pressão dos aliados, os deputados não vêm tendo a atenção que acham que mereciam do governo de Renan Filho, e algumas votações importantes a partir de agosto podem ficar comprometidas. Se os deputados não dizem publicamente para não deixar claro a troca de favores, por baixo dos panos fazem profundas queixas aos principais interlocutores do Governo, que vem alegando economia de guerra para sobreviver à crise que foi instalada em todo o Brasil. Mas, como todos sabem que em política continua a máxima de que é dando que se recebe, o governador Renan Filho já pode esperar uma rebelião de bastidores na sua bancada governista, que poderá rachar caso as pendências não sejam solucionadas.

Muita conversa A bancada governista na Assembleia Legislativa já passou toda, ou quase toda, nos últimos meses pelo Gabinete Civil, mas alguns deputados saíram com a mesma impressão depois de longo papo com o secretário Fábio Farias: só muita conversa, desfile de dificuldades do Governo, sorrisos, cafezinho, mas, na prática, nada.

Reconhecimento do PV A recondução do vereador Sílvio Camelo para a presidência do Partido Verde municipal foi um ato de reconhecimento da direção do PV estadual pelo trabalho que ele tem realizado nos últimos anos. Camelo deu visibilidade ao partido, participou de encontros em defesa do meio ambiente e colocou o PV no centro das discussões políticas. O vereador ficará mais dois anos na direção da agremiação municipal.

Ingratidão 1 O deputado João Lyra, nos raros momentos que fala em política, não deixa de transparecer seu desapontamento com o senador Renan Calheiros, a quem deu de mão beijada, quando presidente do PSD, quase dois minutos de televisão na campanha de seu filho para o governo do Estado. JL havia pedido algumas indicações para participar da administração, mas nunca recebeu, sequer, um telefonema do senador.

Ingratidão 2 Como não conseguiu emplacar nenhuma pessoa de sua indicação, solicitou também uma parceria com a Rádio Jornal AM com o governo. Para surpresa de João Lyra, o primeiro repasse do governo para a emissora foi a “fortuna” de R$ 2 mil. Desiludido e decepcionado, passou à frente a rádio para pessoas muito próximas do deputado federal Cícero Almeida.

Falta de respeito

Mesmo sem alardear publicamente, o deputado Olavo Calheiros, tio do governador, também não andaria muito satisfeito com a política adotada. Cada vez mais se afastando da classe política, Renan Filho imprimiu um modo de governar diferente, distante das bases, o que pode lhe trazer problemas futuramente.

Bajuladores

Conversa fiada

Cercado de um time de bajuladores, com suas raras exceções, os auxiliares do governador Renan Filho não disseram ainda pra que veio na sua administração. Simpáticos até, não se tem o que dizer de muitos deles até o momento, mas alguns assumiram cargos sem a devida competência. Não sabem o que é um empenho, um contrato e coisas mais simples da administração pública. Um vexame.

O governo faz finca-pé para não conceder os reajustes pedidos pelos servidores, mas abre mão de R$ 39 milhões em favor da Assembleia Legislativa. A grana é porque a instituição não tem repassado o dinheiro do Imposto de Renda descontado dos trabalhadores. E daí?!

Primeira hora Muitos políticos têm reclamado de Renan Filho, mas há outros que acham que o governador está no caminho certo. O vereador Anisão, de Murici, por exemplo, aliado de primeira hora de Calheiros, acredita que, dentro de pouco tempo, a população vai entender o esforço que ele tem feito para colocar o Estado nos trilhos, mesmo desagradando a uma pequena comunidade. Renan Filho, segundo ele, vem cortando na própria carne para viabilizar Alagoas.

Para quem está de fora, a impressão, se não for mesmo verdade, é a de que a solicitação de mais 25 servidores do TC é uma arrumação política, para acomodar interesses desse ou daquele deputado. O propósito do presidente Luiz Dantas de dar nova forma à Assembleia Legislativa parece mesmo que foi obra de campanha para ficar com o poder.

Campanha antecipada Mesmo faltando mais de um ano para as eleições, o município de Igaci saiu na frente. A Justiça local foi obrigada a tomar providências para proibir o derrame de adesivos de candidaturas em veículos, residências e locais na cidade. Ô povinho apressado!

Cadê a UPA? Com suas instalações físicas prontas há meses, a Unidade de Pronto Atendimento no Benedito Bentes serve apenas para o mato crescer. A população local não entende por que até agora ela não entrou em funcionamento. Entre a vegetação que cresce rapidamente, dois vigilantes, em turnos diferentes, fazem a segurança do local. Um desserviço prestado pelo setor público.

Assim, não! 1 A Assembleia Legislativa não tem jeito mesmo. Sem ter nem acomodações para viabilizar espaços para os servidores já existentes, ainda requisita mais 25 do Tribunal de Contas do Estado. Uma vergonha se for considerado que a instituição não paga os salários atrasados aos que já estão ali, não recolhe aos órgãos competentes as obrigações sociais, inclusive o Imposto de Renda, faz uma despesa atualmente desnecessária com a Fundação Getúlio Vargas sob a alegação de uma reforma administrativa, onde está torrando R$ 1,5 milhão e agora inventa o tal de Portal da Transparência, que ninguém sabe se as informações corretas chegarão mesmo por ali.

Até o tio...

Arrumação

Alívio do Governo A perspectiva do deputado Dudu Hollanda em pedir licença do mandato para tratamento de saúde na próxima legislatura é um alívio para o Governo. Afinal de contas, o suplente Cícero Cavalcante carregava uma tonelada de mágoas por não ter sido ainda aproveitado na Assembleia Legislativa, embora seja da intimidade dos Calheiros. Dudu, porém, dá mostra de disposição e vitalidade, onde ocasionalmente participa com maestria de vaquejadas no interior de Alagoas.

O Centro de Referência em Cidadania e Direitos Humanos, vinculado à Secretaria da Mulher, tem comido o pão que o diabo amassou. Com programa do governo do Estado com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, os servidores contratados estão desde janeiro sem ver a cor de um centavo sequer.

Assim, não! 2 O mais interessante disso tudo é que até hoje, passados mais de seis meses de governo, a secretária da Mulher, Rosinha da Adefal, nunca esteve na instituição. Talvez não saiba nem onde o Centro de Cidadania funciona. Uma dica: ela fica na Avenida da Paz, ao lado do Iteral.

Situação crítica Mesmo com o esforço do secretário Alfredo Gaspar de Mendonça, que conseguiu imprimir um combate constante à criminalidade, a violência ainda é tão grande que um veículo da Delegacia Especial de Investigações foi surrupiado pelos ladrões. Imagine como se sente a população alagoana.

Provocação Os ladrões não estão poupando nem as igrejas, tanto na capital como no interior do Estado. No final de semana, a vítima foi a paróquia de Murici, terra do governador Renan Filho. Os larápios levaram o que encontraram, inclusive o veículo do padre. O secretário Alfredo Gaspar esteve no local, mas até agora os marginais não foram identificados.


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6 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 31 DE JULHO A 06 DE AGOSTO DE 2015 POLÍTICA

Dilma quer apoio de Renan Filho a ajuste fiscal; Alagoas aguenta? Governador corta R$ 377 milhões, mas isso é pouco para a União; Collor e Calheiros são contra o arrocho ODILON RIOS Especial para o EXTRA

U

ma ligação do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, ao telefone fixo no gabinete do governador Renan Filho (PMDB) confirmou a ida dele a Brasília nesta quinta-feira (30) para tratar de uma “pauta pesada”: o ajuste fiscal da era Dilma Rousseff. Assessores de Dilma também ligaram para Renan Filho e ouviram o “sim” dele para o encontro. Renan viajou na tarde de quarta-feira (29). Deixou suspensas as negociações para acabar com a greve dos professores. Ao lado de outros governadores, tratou da reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mas também do pacto federativo e as condições de governabilidade. A pauta foi pesada porque o tamanho dos cortes da era Renan por causa da frustração de receita ou a queda nos repasses federais foi praticamente um pacto de fidelidade com a União: R$ 377 milhões, fora a dívida pública, religiosamente separada lá mesmo em Brasília antes da verba federal chegar aos cofres do Estado. Aos poucos, o governador vem alterando o discurso. De fraco a moderado em relação ao Palácio do Planalto, vai endurecendo à medida

que o ministro da Fazenda, Joaquim Lévy, transforma o ajuste nas contas em arrocho. Também aos poucos vai mudando o tratamento com o Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteal). Percebe que a greve não teve o impacto imaginado pela categoria. E ainda não discute internamente judicializar a paralisação da Educação. Enquanto Renan embarcava e viajava à capital federal, o secretário da Fazenda, George Santoro, estava reunido com técnicos. Ontem, novas reuniões. E, nesta sexta, uma viagem a Fortaleza. Em Brasília, Dilma Rousseff quer o apoio dos governadores ao arrocho fiscal e claro que eles intercedam com as bancadas no Congresso Nacional. O senador Fernando Collor (PTB) diz não ao ajuste; o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) é o maior crítico e o senador Benedito de Lira (PP) fica na dúvida- olhando para os cargos indicados por ele na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Na Câmara, a bancada federal preserva os anéis- os cargos federais- em meio a queda da popularidade da presidente e os preparativos para os protestos de agosto contra Dilma. Na prática o apoio dos governadores significa não ao

Dilma quer mais sacrifício de Alagoas; resta saber o que dirá Renan

impeachment mas não também ao ajuste e as agências de classificação de risco internacionais mostram que o Brasil pode comprometer 70% do PIB pagando a dívida pública - um cenário ainda mais tenebroso em meio as contenções fiscais. Em um cenário assim, balança-se a cabeça para o algoz. E o inimigo quer hoje a benção dos amigos governadores sem que ninguém mostre os dentes para morder a mão do ministro da Fazenda, Joaquim Lévy.

TOM O tom da reunião na capital federal foi dado pelo ministro Eliseu Padilha, antes do encontro:“É do maior interesse do governo e é do interesse de todos os governadores, e isso se sobrepõe à questão partidária. Estamos diante de um tema que é o do interesse da nação – a nação tem interesse em ver o Brasil andar novamente no sentido do crescimento, da geração de emprego, de aumentar a renda. Isso é de interesse da nação, está acima de possíveis divergências partidárias que

poderiam ser alegadas em outras circunstâncias”, disse. Só que mesmo as questões infrapartidárias não são capazes de suportar o aperto nos cofres federais. E é no meio do ajuste fiscal federal que a dívida pública alagoana mostra o seu lado mais perverso. Segundo o Banco Central, a dívida com a União cresceu quase R$ 140 milhões nos cinco primeiros meses deste ano. Isso equivale ao orçamento anual- multiplicado por 13 - da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal). Se fosse aplicado na Secretaria de Cultura esticaria o orçamento da pasta em 54 vezes. Em janeiro, ao sentar na principal cadeira do Palácio República dos Palmares, a dívida de Alagoas estava em R$ 8,268 bilhões. Saltou para R$ 8,399 bilhões em maio. É mais que o orçamento do Ministério Público Estadual para o ano inteiro. O ajuste fiscal da era Dilma Rousseff deve cortar quase R$ 80 bilhões no país destinados ao superávit primário. E pagar a dívida pública brasileira- que consome 45% do orçamento. Uma dívida que enriquece os bancos e pune quem recebe o Bolsa Família e tem de comprar o quilo do tomate a R$ 16 no supermercado. Daí ficam os professores esperando um reajuste que na verdade é a reposição da inflação do ano passado. E o país que é a sétima economia do mundo vai ficando para trás em educação, somente 4% do PIB vão para ela.


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DÍVIDA PÚBLICA O fantasma que nos assombra Empréstimos contraídos por Lessa e Téo Vilela comprometem finanças de Alagoas até 2040 VERA ALVES VERALVESS@GMAIL.COM

H

erança da ditadura militar, a dívida pública se transformou hoje no fantasma que assombra as administrações estaduais e emperra o desenvolvimento de estados quando os milhões de dólares emprestados não são utilizados ao fim a que originariamente se destinavam. Este parece ser o caso de Alagoas, que, mesmo já tendo pago mais de R$ 7,25 bilhões ainda deve mais de R$ 9,7 bilhões. É uma matemática inexplicável para o cidadão comum que não consegue enxergar os benefícios dos milhões de dólares que entraram nos cofres públicos a título de empréstimos. Tão inexplicável quanto esta matemática é o fato de que alguns governos, mesmo tendo conhecimento do alto grau de endividamento do Estado, tenham contraído novos empréstimos externos que acabaram por elevar uma dívida que até 1998 era de R$ 2.381.592.379 para R$ 9.735.620.041, em valores atualizados até dezembro do ano passado. Com o serviço da dívida – pagamento de parcelas, juros e encargos – são mais de R$ 55 milhões que sangram mensalmente das contas do Estado. Mas quanto Alagoas efetivamente deve e por que deve é o mistério que há pelo menos três anos o Núcleo Alagoano pela Auditoria da Dívida Pública tenta desvendar. Seus integrantes precisaram recorrer até à Lei de Acesso à Informação

(LAI) para obter informações sobre o processo de endividamento do Estado. “Algumas coisas já estão evidenciadas, como o fato de que parte desta dívida é legal, mas há uma parte cuja legalidade contestamos e, portanto, não consideramos justo que continue sendo paga ao custo do sacrifício das políticas sociais”, afirma o economista e professor da Universidade Federal de Alagoas José Menezes Gomes, coordenador do núcleo. Os registros sobre a dívida alagoana, federalizada em 1998, mostram que, tal qual ocorreu a nível federal e com outros estados, foi durante o regime militar que os governos passaram a recorrer a agentes financeiros internacionais para viabilizarem seus projetos de investimento ou resolver problemas de caixa. No caso de Alagoas, as grandes obras rodoviárias executadas na primeira gestão Divaldo Suruagy (1975-1978) foram financiadas por empréstimo de US$ 10 milhões. A implantação da Salgema – estatal que recebeu isenção fiscal e posteriormente foi privatizada, e adquirida pela Braskem – se deu também com recursos contraídos no exterior. Os investimentos na indústria química, implementados na gestão de Guilherme Palmeira (19791982) foram viabilizados mediante empréstimo de US$ 20 milhões. Outros US$ 20 milhões foram captados para investimentos no estado. Chega-se, então, à segunda gestão Suruagy (1983-1986), que contraiu novo empréstimo, desta vez de US$

judiciais. Ao assumir o governo devido à saída de Suruagy, Manoel Gomes de Barros negocia com o governo federal novos empréstimos para colocar a folha de pagamento em dia dando como garantia a Companhia Energética de Alagoas (Ceal), hoje Eletrobras Alagoas.

LESSA E VILELA

Menezes coordena núcleo que cobra auditoria sobre a dívida 11 milhões, para fazer face ao refinanciamento da dívida do Estado, que era à época de US$ 23.274.098.51. As obras executadas pelo governo de Fernando Collor (1987-1989) também tiveram como fonte empréstimos externos, num montante de US$ 200 milhões, enquanto seu sucessor, Geraldo Bulhões (1991-1995), tomou emprestados US$ 38 milhões para a manutenção de rodovias. É na terceira e malsucedida gestão Suruagy (1995-1997) que o endividamento do Estado se avoluma, quando o governo contraiu US$ 160 milhões em empréstimos para sanar as

contas públicas. Período de instabilidade política e social, o governo não conseguia colocar em prática projetos de investimentos e acumulava folhas salariais em atraso. Destinados ao pagamento de salários em atraso dos servidores e posteriormente ao Programa de Desligamento Voluntário (PDV), os milhões de dólares não evitaram a bancarrota do Estado que terminaria por levar à renúncia de Suruagy no episódio conhecido como o 17 de Julho. Data também deste período a emissão das chamadas “letras podres de Alagoas”, colocadas no mercado com aval da União e posteriormente alvo de ações

O histórico e alto grau de endividamento do Estado não inibiram os governos que se seguiram à crise da última gestão Suruagy de recorrerem a empréstimos externos. Com Ronaldo Lessa (1999-2005), a dívida pública, que no final de 1998 era de R$ 2.381.592.379 – atestada por uma consultoria que ele mesmo contratou –, se elevou para R$ 5.325.078.845 ao final de sua gestão. O maior contrato de empréstimo externo de Lessa foi efetuado com o Banco do Nordeste dentro do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Foram US$ 5.492.391,12 a serem pagos até 2019 e tendo como garantia as cotas do Fundo de Participação dos Estados (FPE). Sucessor de Lessa, Teotonio Vilela Filho encerrou suas duas gestões deixando ao governador Renan Filho uma dívida de R$ 9.735.620.04, aí incluídos a rolagem e um empréstimo de US$ 195 milhões e 450 mil obtido junto ao Banco Mundial, contraído no final de 2009, a ser pago até dezembro de 2039. E um detalhe: com a primeira parcela do empréstimo, recebida em janeiro de 2010, o governo quitou uma dívida de mais de R$ 107 milhões com o estado do Paraná referente às polêmicas letras do tesouro de Alagoas que o governo daquele estado havia adquirido em 2002.


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DÍVIDA PÚBLICA

Produban, usinas e venda da Ceal O socorro financeiro ao Banco do Estado de Alagoas-Produban é um dos maiores componentes da dívida pública alagoana. O banco, que quebrou devido a uma política de favorecimento aos usineiros, chegou a receber um aporte de R$ 300 milhões da União. De nada adiantou e ainda assim nunca cobrou do setor sucroalcooleiro o que lhe era devido. Hoje, as usinas contribuem apenas com 1,5% da arrecadação do Estado de acordo com o Sindicato do Fisco. Quase tão intrigante quanto a questão do Produban é a venda da Companhia Energética de Alagoas (Ceal), entregue à União em 1997 como garantia de empréstimos. O Estado recebeu R$ 61 milhões pela empresa e que hoje são computados como parte de sua dívida. Analistas, contudo, afirmam que os recursos foram dados em adiantamento à sua incorporação ao sistema Eletrobras.

Seminário discute auditoria e referendo As origens da dívida pública de Alagoas e o que se sabe sobre ela até hoje serão debatidos nesta sexta, 31, no seminário Corrupção e Dívida Pública promovido pelo Núcleo Alagoano pela Auditoria da Dívida Pública. Durante o evento, que acontece a partir das 14 horas no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Alagoas e é aberto ao público, também será debatida a possibilidade de realização de referendo para ouvir a população sobre o assunto. Coordenador do núcleo, o economista e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) José Menezes destaca que a proposta é saber o que a população quer saber e/ou fazer em

relação à dívida pública. “Antes, porém, o alagoano tem o direito de saber de onde veio esta dívida e por que, mesmo depois de anos pagando milhões de dólares, ela é maior do que tudo que já foi pago”, frisa. Criado em 2013, o núcleo integra o movimento nacional Auditoria Cidadã e é composto por entidades da sociedade civil organizada como Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário (Sindjus), Sindicato do Fisco (Sindfisco), Observatório de Políticas Públicas e Lutas Sociais da Ufal, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Faculdade de Serviço Social, Associação dos Docentes da Ufal (Adufal) e Conselho Regional de Serviço Social (Cress).


10 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 31 DE JULHO A 06 DE AGOSTO DE 2015 FIM DA ESBÓRNIA

Cícero Cavalcante assume vaga de Dudu Hollanda Deputado foi levado de forma compulsória para uma clínica quando estava de saída de um restaurante em Maceió DA REDAÇÃO

U

m enredo de polêmicas, regado a álcool, desavenças, provações e destempero levou o deputado Dudu Hollanda (PSD) à internação compulsória numa clínica de tratamento de dependentes químicos fora do Estado. Há muito tempo a família vinha aconselhando o parlamentar a “diminuir as farras e colocar a cabeça no lugar”, pois em um curto espaço de tempo seu nome foi envolvido em uma série de acontecimentos que mancharam sua imagem perante a opinião pú-

blica. A mais recente enrascada de Dudu foi a tentativa de homicídio que ele sofreu essa semana. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, que ainda não se posicionou de forma oficial sobre o caso. Para os mais próximos a Dudu, essa teria sido a gota d’água para que sua internação fosse realizada. Após a trama para executá-lo, Dudu esteve na noite da última terça-feira, 28/07, num restaurante na orla de Maceió. E, no momento da sua saída, o parlamentar foi levado por uma equipe médica

Cavalcante ocupará temporariamente a vaga de Dudu Hollanda, que se afastou para tratamento de saúde

para sua internação compulsória. O deputado foi internado numa clínica, não explicitada, e deve ficar pelo menos 90 dias afastado das atividades políticas. Por meio de sua assessoria de comunicação, Dudu explicou outros motivos para seu afastamento: “O estresse e complicações decorrentes das cirurgias bariátricas a que foi submetido vinham alterando seu metabolismo e seu comportamento”. Na mesma nota foi colocado: “O parlamentar ingressará com o pedido de afastamento, junto à Assembleia Legislativa, nos próximos dias, assim que tiver um posicionamento dos médicos

acerca do período no qual precisará ficar afastado. Neste período, o deputado estará ausente das redes sociais e, por isso, pede a compreensão de todos os seus seguidores. Confiante em Deus, Dudu solicita, ainda, o apoio e orações dos amigos e eleitores para vencer mais este desafio”.

NOVO DEPUTADO Com o afastamento temporário do deputado Dudu Hollanda, o primeiro suplente, Cícero Cavalcante (PMDB), assume a cadeira. O ex-prefeito de São Luís do Quitunde concorreu à vaga de deputado no lugar de sua filha, a ex-deputada Flávia

Cavalcante. Cícero vinha tentando articular uma vaga na Casa de Tavares Bastos devido sua boa relação com o governador Renan Filho (PMDB). A esperança de Cavalcante era que algum deputado da sua coligação fosse convocado para assumir alguma secretaria, mas a ida de Dudu para clínica antecipou os planos do ex-prefeito. Vale lembrar que Cícero Cavalcante responde a inúmeros processos de improbidade administrativa. A sobrevida política de Cavalcante está intimamente ligada a sua permanência na Casa de Tavares Bastos.


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PISTOLAGEM

Morte de cabo Gonçalves ainda assombra João Beltrão Ex-militar da Gangue Fardada fala dia 7 sobre crime; deputado é réu na trama ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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o próximo dia 7, às 9h30, na cidade de Padre Bernardo (Goiás), o depoimento do ex-militar Garibalde Santos Amorim promete revirar uma histórica clássica da pistolagem em Alagoas: Garibalde, que havia sido preso por vários crimes, mas passou a colaborar ajudando as investigações sobre homicídios, é testemunha na morte do cabo da polícia militar José Gonçalves da Silva Filho, assassinado a tiros em maio de 1996 no antigo posto de combustíveis Veloz, no trevo de acesso ao bairro do Benedito Bentes, em Maceió. Acusado no crime? O deputado estadual João Beltrão. O depoimento será por carta precatória, ou seja, Garibalde vai ser ouvido na cidade de Goiás. Ele foi incluído no Programa de Proteção à Testemunha e está em liberdade desde 2011, mas escondido. Integra o processo cujo relator é o desembargador Sebastião Costa Folho, do Tribunal de Justiça. O juiz é Alberto Jorge Correia de Barros e este processo, de homicídio qualificado, tramita na 17ª Vara Cível da capital. Qual será a posição de Garibalde? Ele vai reafirmar os detalhes do assassinato do cabo da PM? A trama envolvendo o deputado João Beltrão revela como são os corredores que ligam a política ao submundo do crime. E como os desafetos são eliminados a sangue frio, sem chance de defesa. Um acerto de contas no qual o que importa é calar o outro lado.

Cabo Gonçalves era envolvido em crimes de pistolagem. Escapou de três atentados. Os três - disse Garibalde - a mando do ex-tenente-coronel Manoel Francisco Cavalcante e João Beltrão. Cavalcante foi condenado por ser líder da Gangue Fardada, organização criminosa que atuava em Alagoas na década de 90, formada por militares, que trabalhavam para políticos e empresários. Gonçalves foi morto, detalha o processo, porque se negou a matar um desafeto de João Beltrão. “Indicam as provas dos autos, que o fato teria ocorrido em virtude da suposta negativa da vítima em cometer um crime a pedido do deputado João Beltrão, quando trabalhava para este, quando supostamente fazia parte da chamada “turma do João Beltrão”, conforme consta do depoimento de Cavalcante. “QUE, sabe que o problema entre o cabo Gonçalves e as pessoas do Cavalcante e João Beltrão, começou porque o Cavalcante e o João Beltrão mandaram cabo Gonçalves matar uma determinada pessoa, que ele não lembra quem, e ele não aceitou, daí surgiu o incidente; QUE, se não falhe a memória, o cabo Gonçalves sofreu três atentados, e esses atentados foram atribuídos a Cavalcante e João Beltrão (...)?”, disse Garibalde. E reafirma, com mais detalhes - macabros - sobre o assassinato: “QUE, o Jeovânio Brito comentou que o assassinato do cabo Gonçalves foi tão bem programado que entrava uma equipe primeiro ati-

João Beltrão figura como mandante do assassinato de Gonçalves

rando e depois a outra, e na hora o cabo Gonçalves só ficava, com tanto tiro, com o corpo balançando, não tendo tempo de pegar a sua arma que estava entre as pernas (...)?” O ex-militar da Gangue Fardada vai reafirmar o que disse em Alagoas sobre o crime? OLHOS Enquanto os olhos de Alagoas acompanham os acontecimentos na cidade de Padre Bernardo, novamente o currículo do deputado João Beltrão - um gracioso passeio pelo Código Penal - espanta. É acusado no assassinato do bancário Dimas Holanda, um crime fútil e brutal. Em 3 de abril de 1997, Dimas, 34 anos, casado, pai de dois filhos, havia ido visitar a tia Madalena no conjunto Santo Eduardo - parte baixa da capital alagoana. Entrou no seu carro, um Ford Escort vermelho. Engatou a primeira marcha e, na segunda, teve o carro fechado por outros três: pistoleiros fizeram uma tocaia em uma caminhonete, um Fiat Uno e um Golf, todos de cor escura. Eles abriram fogo. Dimas tentou correr. Morreu no local. Os detalhes do crime foram dados pelo ex-tenente-coronel (líder da Gangue Fardada), Manoel Francisco Cavalcante. Motivo: o bancário teria paquerado uma suposta namorada de João Beltrão, conhecida como Clécia. Em 1996 - na assinatura de um convênio com o Ministério do Trabalho - quando era secretário - foram transferidos na gestão de

JB R$ 828.470,00 dos cofres da União para Alagoas. O dinheiro foi aplicado, segundo o TCU, mas não por completo. Faltaram R$ 143.502,00. Beltrão se defendeu na época. Alegou que, quando saiu da secretaria, deixou um saldo de R$ 143.502,00 - o valor exato do que faltava ser aplicado. Mas, em diligência, o Banco do Brasil descobriu que o então secretário havia deixado um saldo de R$ 18,04 na conta. “Ao ser chamado ao processo, apresentou informações falsas de que o Banco do Brasil não confirmou, o que me dá a convicção de que, ao ser exonerado, o valor exigido nesta Tomada de Contas Especial não se encontrava na conta específica do Convênio MTb/Sefor/Codefat 27/96″, disse o TCU, acusado o então secretário também de má-fé. JB também é conhecido por obras inacabadas, no TCU, além de apresentar informações falsas e sumiço de dinheiro. Em um convênio assinado em 1992, com verba do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), rejeitaram-se as contas do então prefeito de Coruripe, pedindo que ele devolvesse 64.941.000,00 de cruzeiros aos cofres da União. Motivo: não cumpriu todas as exigências legais para a construção de três salas de aula, para atender 400 alunos e reduzir em 70% a evasão escolar no município, além de manutenção de núcleos temáticos e adquirir material pedagógico. Em Tomada de Contas Espe-

cial - realizada pelo TCU mais atrás, em 1992, mais irregularidades quando João Beltrão era prefeito de Coruripe. O tribunal pediu que o então prefeito devolvesse aos cofres públicos 275.500.000,00 de cruzeiros. Foram tantas irregularidades encontradas na não aplicação de verbas da educação - em obras inacabadas, “mal executadas (o que ocasionou em rachaduras), ventilação inadequada, e péssima qualidade dos materiais utilizados são por demais evidentes, e podem ser facilmente percebidos” – que os adjetivos esborram dos relatórios do tribunal: “Diante de tantas irregularidades insanáveis, ao nosso ver, não há como se aceitar as alegações de defesa carreadas ao processo e por nós examinadas como novos elementos de defesa, haja vista que muito embora os valores repassados fossem destinados à execução das ações discriminadas…, quando da inspeção in loco, constatou-se tão-somente a existência de obra inacabada de uma unidade escolar (obra essa constante da Prestação de Contas como concluída, constando, inclusive, Termo de Aceitação Definitiva da Obra). Acrescente-se que para agravar ainda mais a situação, nem os equipamentos, cuja nota fiscal de compras encontra-se à folha 99 da Prestação de Contas, foram encontrados. A vista disso, as alegações de defesa citadas … são descabidas e referem-se, estranhamente, tão-só às ações relacionadas ao Ensino Fundamental … , esquecendo-se de mencionar o porquê da inexecução total das ações referentes à Educação Pré-Escolar … ““4. Fato que igualmente mereceu ressalva por parte da Unidade Técnica foi o repasse à construtora J.F. Empreiteira Ltda., do total dos valores pactuados, sem que esta tivesse concluído a obra pertinente, configurando, assim, ofensa às normas de Direito Financeiro, que regem a espécie. Constatou-se, ainda, a presença de incongruências e rasuras nos planos de trabalho acostados aos autos (fls. 4 a 9), vez que, não obstante contemplarem ações relacionadas ao Ensino Fundamental e à Educação Pré-Escolar, as notas de empenho e as ordens bancárias mostraram que os recursos do Convênio foram efetivamente liberados para execução de outros projetos”, afirma o parecer do TCU.


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SISTEMA CARCERÁRIO também faltam vagas em mais dez estados que devolveram a verba federal. São eles: Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Sergipe, Tocantins, Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Questionada sobre a devolução da verba, a Secretaria de Estado da Defesa Social e Ressocialização (Sedres) informou que os cancelamentos de tais contratos foram em anos bem anteriores à atual gestão, o que afasta qualquer responsabilidade da administração de Renan Filho.

Alagoas devolve verba federal para a reforma de presídios Ministério da Justiça informa que gestão de Téo Vilela não cumpriu prazos JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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pesar de o Brasil necessitar atualmente de 354 mil novas vagas para suprir a superlotação das cadeias e penitenciárias, contratos no valor de R$ 253 milhões para reforma, construção ou ampliação de presídios foram cancelados entre 2004 e 2013 em mais da metade dos estados brasileiros. Em Alagoas não foi diferente. Conforme o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, verbas para a ampliação de duas unidades prisionais no Estado tiveram que ser devolvidas ao governo federal nos anos de 2007 e 2008. O Estado tem 3,16 presos para cada vaga revelando um déficit de 2.961 vagas. A média nacional é de 1,7, embora nenhum Estado tenha um

sistema sem superlotação. Os dados de 2013 estão no Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 2007, foram destinados para Penitenciária Feminina Santa Luzia, situada em Maceió, o valor de R$ 143.911,51 para a construção de um centro cultural ecumênico. No entanto, de acordo com o Depen, durante governo de Teotonio Vilela Filho, o contrato firmado foi cancelado no dia 22 de março de 2012. A razão foi a demora excessiva para o início das obras e que nunca saíram do papel. O mesmo ocorreu, em 2008, com a não construção de um módulo de saúde no Presídio Desembargador Luiz de Oliveira Souza. O repasse do governo federal no valor de R$ 693 mil foi devolvido também em março de 2012 com 0% de execução e sem licitação adjudicada. Nesses dois casos, o total da verba

dispensada pelo Estado para melhorias no sistema penitenciário foi de R$ 836.911,51. Segundo nota enviada pelo Depen ao EXTRA, os dois contratos de repasse de recursos firmados entre a União e Alagoas também foram em função da inobservância de requisitos técnicos exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. “O Depen esclarece que, mediante avaliação dos principais fatores que ensejaram os cancelamentos, foram adotadas algumas medidas no sentido de mitigar tais problemas”, pontuou a assessoria de comunicação do órgão federal. “Nesse sentido, foi criado o Programa Nacional de Apoio ao Sistema Prisional, em 2011, que permitiu o acompanhamento sistemático por um Grupo de Gestão formado pela Casa Civil da Presidência da República, Ministério da Justiça, Depen,

Caixa Econômica Federal, Controladoria Geral da União e Secretaria de Orçamento e Finanças. Outra medida adotada foi a formulação de projetos-referência (projetos-padrão) elaborados pelo Depen e disponibilizados sem ônus aos estados e DF, garantindo celeridade e qualidade”, explicou. Conforme o mais recente Mapa Carcerário de Alagoas, datado no dia 19 de julho, a população total daqueles que cumprem pena é de 6.251 pessoas, entre presos provisórios, regime fechado, medida de segurança, regime aberto, regime semiaberto e presos recolhidos nas unidades federais. Já a população recolhida nas unidades prisionais é de 3.812 presos. A capacidade total do estado é de 2.705 detentos. Além de Alagoas, um estudo feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apurou que

TERRITÓRIO NACIONAL De 130 obras em todo o país, cerca de um terço estão paradas, destaca relatório do Depen, com atualização no dia 1º de julho. Caso estivessem concluídas, teriam sido criadas 9.588 vagas nos presídios. Outras 20.275 vagas poderiam existir se estivessem terminadas obras que têm até 30% concluídos. O Instituto Avante Brasil informa que, de 1990 a 2013, a população carcerária brasileira cresceu 507%. Em levantamento que considera números de 2013, divulgado no começo deste ano, o instituto apurou que o crescimento da população carcerária foi muito maior do que a taxa de crescimento da população nacional, que chegou a 36%. “No Brasil, o número de presos provisórios cresceu 13 vezes, enquanto o de presos condenados aumentaram apenas 4 vezes. Do total 40% dos presos estão em situação provisória”, explicou a coordenadora e pesquisadora do Avante Brasil, Flávia Mestriner Botelho. Embora o número de vagas venha crescendo em termos absolutos através dos anos, o déficit entre o número de presos e o de vagas ainda é muito desproporcional. Em 2013, havia 256.294 presos além da capacidade dos presídios, que erai de 317.733 vagas.


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SEGURANÇA PÚBLICA

Alagoas tem um PM para cada 474 habitantes Na Polícia Civil, Estado possui um policial para cada 1.953 pessoas JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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lagoas tem um policial militar para cada 474 habitantes, índice que coloca o Estado em 14º lugar no ranking brasileiro de cobertura policial nas unidades federativas. Longe do número ideal de policiais sugerido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que é de um para 250 habitantes, a corporação estadual conta, hoje, com um efetivo de cerca de sete mil integrantes para uma população de 3,3 milhões de pessoas. Os dados são resultado do cruzamento de informações da Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (Assomal) com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o presidente da associação, major Wellington Fragoso, o contingente do Estado está envelhecendo sem a reposição necessária para garantir a segurança da população. “Cerca de 200 policiais militares por ano se aposentam ou simplesmente migram de profissão. E, para serem repostos, só com muita briga para o ingresso da reserva técnica”. O sucateamento das tropas é outro ponto citado por Fragoso. “O Governo alega que fica difícil a contratação

de mais policiais por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Mas não adianta aumentar o efetivo sem dar condições para a Polícia Militar exercer um bom trabalho. Até conseguiríamos fazer uma boa cobertura do Estado se houvesse um levantamento para identificarmos as zonas de maior periculosidade. Isso ajudaria bastante”, disse. Já quando o assunto é a Polícia Civil, Alagoas possui um policial para cada 1.953 habitantes. O efetivo hoje é de aproximadamente 1.700 pessoas e o mais grave, segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol-AL), Josimar Melo, é que parte dos integrantes estão em cargos burocráticos. “O número do contingente acaba prejudicado pela má gestão. Temos por volta de 400 policiais fazendo serviços administrativos, sem contar os 150 que estão à disposição das secretarias e os 70 na Perícia Oficial do Estado”. Uma solução para o melhor funcionamento da corporação, para Melo, é a abertura de concurso público pra o cargo de agente administrativo. “Assim, aqueles que estão em serviços burocráticos voltariam trabalhar nas delegacias que estão sem

efetivo suficiente”, revelou. NÚMEROS Em âmbito nacional, o Brasil possui um policial militar para cada 471 habitantes e um policial civil para cada 1.674 habitantes. O efetivo total brasileiro é de 430.817 PMs e 121.122 policiais civis. Embora tenha aumentado o efetivo das corporações, o total de habitantes pelo qual o policial é responsável também subiu nos últimos três anos. Em 2012, segundo o Ministério da Justiça, o contingente era de 413.920 PMs e 112.424 policiais civis, números que correspondiam a 1 PM para cada 469 habitantes e um policial civil para cada 1.725 pessoas. Neste mesmo ano, dados oficiais de Alagoas mostraram que o efetivo era de 7.945 resultando em um policial militar para cada 392 habitantes. De acordo com estudo divulgado pelo portal de notícias G1, o Estado do Nor-

deste que tem melhor policiamento é o Rio Grande do Norte com 8.800 policiais militares, o que equivale a um PM para 387 habitantes. Em seguida vem o Sergipe, com um PM para cada 412 moradores; Paraíba tem um para 423; e, Pernambuco, um PM para 460 habitantes. Alagoas ocupa o quinto lugar da região. E os estados que apresentaram as piores taxas do Brasil também são do Nordeste: Piauí, com um PM para 796 habitantes e Maranhão, com um policial militar para 816 habitantes. VIOLÊNCIA EM ALAGOAS Apesar do efetivo restrito como constatado pelos sindicatos da área de segurança pública, balanço da Secretaria de Estado da Defesa Social e Ressocialização (Sedres) revelou redução em crimes violentos em Alagoas. Um exemplo foi o comparativo do mês de maio, que registrou redução

de criminalidade em 35,3%. A capital ficou com a maior redução desde janeiro apresentando 53,9%. No mesmo mês, o Núcleo de Estatística e Análise Criminal (Neac) da Defesa Social, registrou 130 crimes violentos contra 201 em 2014. Maceió bateu recorde desde janeiro de 2015 baixando de 76 mortes em 2014, para 35 este ano. Já a Polícia Civil alagoana, de janeiro a junho, desencadeou um sistema de medidas que aumentou em mais de 7% a produção de inquéritos policiais, em relação aos crimes violentos, letais e intencionais (CVLI), que inclui o homicídio, em comparação ao mesmo período do ano passado. De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, a metodologia de integração foi estimular os integrantes da corporação e direcionar os esforços a solucionar o maior número de crimes possíveis.


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HISTÓRIA DE ALAGOAS Quem matou Tobias Granja?

Depois de 33 anos, permanece a dúvida sobre quem teria sido o verdadeiro mandante do crime que abalou Alagoas EDBERTO TICIANELI

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rancisco Guilherme Tobias Granja nasceu em Palmeira dos Índios no dia 13 de fevereiro de 1945. Filho de Manoel de Araújo Granja e de Maria Bernadete Tobias Granja. No início da década de 1960, com 15 anos e já morando em Maceió, destacou-se como líder estudantil secundarista, chegando a presidir a União dos Estudantes Secundarista de Alagoas, a UESA. Ainda jovem, começou a trabalhar no Banco Brasil. Depois do Golpe Militar de 1964 foi trabalhar na imprensa do Sudeste, sendo repórter das revistas Manchete e Cruzeiro. Nesse período, conclui o curso de Direito. Em meados da década de 1970 volta a Maceió e continua no jornalismo, além de advogar. Foi candidato a deputado federal em 1974, mas não conseguiu se eleger. Em dezembro de 1978 tem início uma verdadeira guerra em Alagoas entre as famílias Omena e Calheiros,

com várias mortes de ambos os lados. Tobias Granja atua na defesa do Cabo Henrique e seus irmãos no julgamento pela morte de Ernesto Calheiros e consegue a absolvição de todos os acusados. A partir daí, segundo o jornalista José Jurandir no livro “Os crimes que abalaram Alagoas”, Tobias Granja “apaixonara-se profundamente pela causa, tomando-a para si, puxando-a para as entranhas do seu jovem sentimento, emotivo e sensível. Visceralmente envolvido na defesa do cabo, descambou para um verdadeiro paternalismo, ficando do lado de todos os familiares do acusado, numa ardorosa atitude de lealdade e destemor”. O Cabo Henrique reconhecia essa lealdade e deixou isso explícito num bilhete datado de 22 de maio de 1982, após fugir espetacularmente do Quartel da PM, onde estava detido. “Meu caro doutor Tobias, por você eu faço qualquer coisa. Você não é somente meu advoga-

Tobias Granja (centro) durante confraternização; advogado e jornalista foi assassinado em junho de 1982

Nezinho, autor dos disparos, e Cabo Henrique, que fugiu de Alagoas

do. É meu irmão, é tudo para mim. Longe de meu Estado, de minha família e de meus amigos leais como você, sinto saudades e tenho vontade de voltar. Mas, quem sabe, um dia voltarei para Alagoas. José Henrique da Silva”.

No entardecer do dia 15 de junho de 1982, na Rua das Árvores ou Rua Augusta, no Centro de Maceió, Tobias Granja, com 37 anos de idade, foi abatido com um tiro na nuca. Dagoberto Calheiros foi acusado e indi-

ciado como mandante do crime. A execução foi atribuída a Nezinho, que contou com o apoio de Napoleão. Todos cumpriram penas e foram liberados por progressão de regime. O Cabo Henrique não esperou que a lei fosse cumprida e resolveu vingar a morte do advogado. O alvo escolhido por ele foi o Tenente Cavalcante Lins, também da família Calheiros e que teria planejado o crime de Tobias Granja, além de já se ter contra ele denúncias por vários outros crimes. A vingança ocorreu às 13 horas do dia 13 de julho de 1982, menos de um mês após o assassinato de Tobias Granja. Cavalcante foi morto dentro do seu fusca branco, na esquina da Praça do Montepio, a poucos metros do Quartel da PM, de onde tinha acabado de sair.


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HISTÓRIA DE ALAGOAS

Dagoberto Calheiros (E) em entrevista aos jornalistas Jaime Feitosa, Dresh e Villanova

Tobias Granja, quando morreu, era candidato a deputado estadual pelo PMDB. Seu assassinato motivou forte reação dos jornalistas alagoanos, que tinha Denis Agra à frente do sindicato da categoria. O Sindicato dos Jornalistas, a OAB e outras entidades da sociedade civil denunciaram o clima de insegurança e a pistolagem institucionalizada. O jornalista Bartolomeu Dresh, que na época do crime era o editor de polícia da Tribuna de Alagoas e realizou, com o jornalista Jaime Feitosa, a principal cobertura do episódio, lembra da polêmica sobre quem teria sido o verdadeiro mandante do assassinato de Tobias Granja. “Entrevistamos o Dagoberto Calheiros várias vezes e ele sempre negou a autoria do crime”. Outro episódio que alimentou as dúvidas sobre quem seria o autor intelectual do crime surgiu em uma matéria da Tribuna de Alagoas, que publicou declaração do delegado Antônio Teixeira afirmando que “quem matou Tobias Granja tem dinheiro para mandar matar o governador”. Esta reporta-

Divaldo Suruagy (D), então governador, Dênis Agra (C) e Tobias Granja em conversa

Granja no julgamento do Cabo Henrique

Ficha que comprova o monitoramento do jornalista pela ditadura

gem provocou uma crise na cúpula da Segurança Pública, comandada na época pelo coronel Fernando Theodomiro. Bartolomeu Dresh também recorda que a imprensa de então especulava com a possibilidade de o crime ter

sido encomendado por Elísio Maia, um dos últimos coronéis do Sertão alagoano. Ponderava-se que, no embate político eleitoral, Tobias Granja, então candidato, teria subido o tom das críticas ao líder político de Pão de Açúcar, principalmente pelo

episódio que ficou conhecido como a Chacina de Tapera, quando lideranças políticas do PMDB foram metralhadas por pistoleiros da região. A exemplo de inúmeros outros crimes de mando que ocorreram em Alagoas, o assassinato de Tobias Granja completa 33 anos deixando dúvidas sobre quem de fato foi o seu autor intelectual. Os acusados foram julgados e punidos, mas o principal envolvido como mandante insiste em negar que tenha partido dele a ordem para o assassinato covarde do jornalista e advogado. Exatamente um ano antes de ser assassinado, no dia 15

de junho de 1981, em uma petição ao presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, sob o protocolo 22.489, ele praticamente vaticinou: “A arma contra a covardia é a fé, a convicção na verdade. Nem as emboscadas, nem as bombas nos amedrontam, porque uma ideia não morre no meio do fogo. Se for preciso, entrego minha vida em sacrifício”. FONTES

- Os crimes que abalaram Alagoas, de José Jurandir, 2ª Edição, 2013 - Informações de familiares de Tobias Granja - Informações do jornalista Bartolomeu Dresh -Fotos de Josival Monteiro e José Feitosa


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POLÊMICA

Padre Sizo volta a ser impedido de rezar missas Bispo de Palmeira dos Índios quer administrar santuário construído pelo sacerdote em Mata Grande, mas pároco não aceita REDAÇÃO COM JOTA SILVA

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polêmica envolvendo o padre Sizino Lemos Telles Júnior, conhecido como “Sizo de Santa Teresinha”, e o bispo da Diocese de Palmeira dos Índios, dom Dulcênio Fontes de Matos, parece não ter fim. Mais uma vez, o padre teve as ordens eclesiásticas suspensas por tempo indeterminado pelo bispo da diocese à qual pertence. Com o afastamento, Sizo não poderá mais realizar nenhuma atividade sacerdotal, como celebração de missa, casamento e batizado. A decisão foi tomada no início deste mês e comunicada ao sacerdote no dia 10. O motivo da decisão diocesana não ficou claro, mas pode estar relacionado ao desentendimento do bispo com o padre por conta do Santuário de Santa Teresinha do Menino Jesus, construído pelo sacerdote em um terreno de propriedade de sua família, em Mata Grande. Segundo informações, Dulcênio quer que o sacrário milionário seja entre-

gue à diocese para que ela o administre, mas Sizo não aceita. A desavença entre os dois não é novidade, a ponto de o comunicado da suspensão do padre sertanejo ser feito pelo bispo da Diocese de Palmares (PE), dom Henrique Soares da Costa, a pedido de Dulcênio. Em entrevista ao portal Minuto Sertão, o padre sertanejo disse que está cansado da situação entre ele e o bispo e que não vai mais recorrer da decisão da diocese junto à Santa Sé. “Vou continuar usando minha batina e respeitando a Igreja Católica. Também vou permanecer cuidando das obras do santuário e recebendo os romeiros que nele chegam todos os dias”, disse Sizo. Revoltados com a suspensão, centenas de romeiros estão indo ao Santuário de Santa Teresinha, em Mata Grande, para consolar o padre. Esta não é a primeira vez que o sacerdote foi afastado de suas funções. A primeira suspensão de Sizo aconteceu em 2009, também por decisão de dom Dulcênio Matos, que na ocasião tinha

acabado de assumir o comando da diocese. O motivo teria sido a construção do santuário, que na época estava no início das obras. O bispo teria suspendido as ordens sacerdotais de Sizo por causa da resistência dele em repassar o santuário à Diocese. Em 2012, A Santa Sé decidiu pela reabilitação das ordens de padre Sizo e determinou que dom Dulcênio o reabilitasse depois que o mesmo cumprisse o ano sabático, que na Igreja Católica é o período em que os sacerdotes recebem “folga” de 12 meses para se submeterem a uma reciclagem religiosa. Sizo cumpriu sua sabatina no Mosteiro dos Carmelitas Descalços, no município de São Roque, em São Paulo. Quando voltou para Mata Grande, em dezembro de 2012, foi recebido com uma festa preparada por milhares de romeiros. Não demorou muito para que voltasse a realizar suas romarias e os fiéis voltassem a visitar com frequência o Santuário de Santa Teresinha. Desde então, o bispo já tinha sinalizado nos bastidores que estava insatisfeito com

Mesmo suspenso, padre Sizo garante que continua usando batina

as romarias promovidas pelo padre Sizo e com a residência dele quanto à intervenção da diocese na administração do santuário. A reportagem do portal sertanejo falou com dom Dulcênio, e ele explicou que não houve nova suspensão de padre Sizo, pois o mesmo já estava afastado desde a primeira vez. O bispo também falou que, por determinação da Congregação para o Clero, quem está à frente do caso do sacerdote matagrandense é o bispo da Diocese de Palmares (PE), dom Henrique Soares da Costa. Questionado sobre as desavenças com o padre, dom Dulcênio preferiu não falar sobre o assunto e dom Henrique não foi localizado via telefonema. MEIO SÉCULO DE VIDA Em janeiro deste ano, o padre Sizo completou 50 anos de idade e para comemorar a data uma multidão compareceu à romaria pelo

seu aniversário. Foi uma emoção para o aniversariante, que, pelo décimo ano seguido, comemora o aniversário com a presença de milhares de romeiros vindos de vários lugares do país. “Isso significa que Deus está comigo e que estou no caminho certo de ser um pai espiritual para essa multidão que hoje está aqui ao meu lado”, disse Sizo. O padre relembrou a trajetória de quase 16 anos como sacerdote. “Passei pela paróquia de Belo Monte, onde fiquei um ano e sete meses. Depois fui designado para Piranhas, onde permaneci por oito anos. Após esse tempo, retornei para Mata Grande, onde passei a me dedicar à construção do Santuário de Santa Teresinha do Menino Jesus”, afirmou o padre que é filho de Mata Grande. O jornal EXTRA tentou contato com o padre Sizo, pelo telefone de terminação 1135, mas não conseguiu.


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LANÇAMENTO

Novo portal da Assembleia Legislativa traz mais transparência para o Poder Movimentação financeira da Casa, quantos e quais são os servidores efetivos e comissionados são alguns dos destaques do canal virtual DA REDAÇÃO com assessoria

E

ssa semana foi lançado o novo portal da Assembleia Legislativa (http:// www.al.al.leg.br). Os deputados que estiveram na solenidade de lançamento destacaram que a ferramenta significa um avanço no sentido de prestar um melhor serviço à sociedade alagoana, além de ser um canal de interação entre o Poder Legislativo e a população. Durante o evento, o presidente da Casa, deputado Luiz Dantas (PMDB), observou que o novo portal marca o avanço da digitalização de todo o processo legislativo. O vice-presidente da Casa de Tavares Bastos, deputado Ronaldo Medeiros (PT), disse que essa iniciativa é mais um passo importante que a Mesa Diretora dar no cumprimento das metas assumidas durante a posse da atual gestão. Ele observou ainda que, durante o processo de construção do site, os parlamentares tiveram a oportunidade de contribuir e apresentar sugestões. “É mais um avanço da Casa de Tavares Bastos. O portal está implantado e disponível para que a população possa ter acesso às informações desejadas. Não só acompanhar a

atuação do deputado, mas mostrar à sociedade qual a função do deputado estadual”, enfatizou a deputada Jó Pereira (DEM)”. Já o 1° secretário da Assembleia Legislativa, deputado Isnaldo Bulhões (PDT) colocou: “O site foi feito de forma didática, para não causar conflito. Esse é um momento que a Assembleia Legislativa se coloca à disposição da sociedade e se enquadra à Lei de Acesso a Informação. Temos a consciência de que qualquer tipo de informação deve ser fornecida à população”. O deputado Carimbão Junior (PROS) vê a iniciativa da Mesa Diretora de forma positiva, tendo em vista que, agora, a sociedade que tanto cobrava transparência do Poder Legislativo, vai ter a oportunidade de acompanhar o processo Legislativo. “Vejo como um grande avanço. Um avanço para mim, que estou no primeiro mandato, para a sociedade e para aquele que quer saber quem realmente trabalha”. Outro parlamentar que também expressou sua opinião sobre o site da Assembleia foi o deputado Rodrigo Cunha (PSDB): “Avalio que nesta nova legislatura teremos a oportunidade de acompanhar o processo físico, que hoje foi di-

Deputado estadual Luiz Dantas destaca a importância social do novo portal da Casa de Tavares Bastos

Ronaldo Medeiros fala sobre a funcionalidade do site da Assembleia

gitalizado. Assim fica mais fácil acompanhar sua tramitação. A sociedade vai poder acessar os projetos de leis que estão sendo apresentados, o que é um avanço significativo”.

A construção do novo portal de informação envolveu diversos setores do Legislativo, como as diretorias de Comunicação, de Apoio Legislativo, de Recursos Humanos e de Tecnologia

da Informação, num trabalho realizado em parceria com o Programa Interlegis, vinculado ao Senado Federal. O diretor de Tecnologia da Informação da Assembleia, William Giuliano, considerou o lançamento do site do Legislativo um marco no processo de transparência nas ações do Poder, pois entra em conformidade com a Lei de acesso à informação. “A Casa vai poder mostrar para todos os alagoanos que queiram informações a respeito da Assembleia de Alagoas, por exemplo, sua movimentação financeira – quanto recebe e quanto gasta –, quantos e quais são os servidores efetivos e comissionados, entre outras coisas”.


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ARTIGOS

Onde e por que o ECA é leniente (I) CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

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ncerrei o artigo anterior afirmando ser a leniência do Estatuto da Criança e do Adolescente concausa da delinquência juvenil. Pela gravidade da afirmação, impõemse explicações que pretendo sejam aqui

prestadas. O ECA, em seu contexto geral, inegavelmente imprimiu considerável avanço no trato e nos cuidados com crianças e

adolescentes, bem como na proteção à família. Todavia, quando trata da prática delinquente dos menores de idade, perde em muito a natureza científica que deve orientar os atos legislativos. Nesse particular, adota linguajar evidentemente hipócrita, utilizando eufemismos sentimentaloides. “Ato infracional”, por exemplo, é delito pura e simplesmente. O adoçamento da linguagem não tem qualquer efeito prático na conceituação. O mesmo se pode dizer da clara ojeriza do texto ao uso do termo pena, utilizando-se o eufemístico “medidas sócio-educativas”, quando na verdade o que se impõe ao menor infrator é “pena”, que vai das mais leves à mais grave, o encarceramento, que o excesso de zelo cientificamente inócuo transformou em “internação”. Ademais,

por imprevisibilidade das consequências, há extremo paternalismo quando prevê tal internação por um máximo de três anos, o que é dosado conforme a gravidade do delito. Expliquemos os pontos ora observados. Todo delito, ou crime, é ato infracional, isto é, desconforme à lei penal, e requer a reprimenda apropriada legalmente prevista. Essa reprimenda, por sua vez, constitui uma pena que, em nosso sistema jurídico-penal tem duas naturezas: é tanto punitiva quanto socio-educativa, independendo da idade do infrator. Punitiva, porque efetivamente pune o delinquente, juvenil ou não, com a segregação, o apartamento do convívio social; socioeducativa, porque, se por um lado visa, em última instância, a purgação do

mal praticado e a reintegração do infrator à sociedade da qual foi segregado, por outro deve ter o condão de intimidar e inibir a ocorrência de novos delitos, seja pelo apenado, seja por terceiros. O Brasil adota a natureza ressocializante da pena; ou seja, o indivíduo que delinque em casos de maior gravidade deve ser afastado da sociedade, mas, considerando, que todo sujeito social é necessário à sociedade, devendo a ela retornar após o período de purgação de sua culpa, o Estado tem o dever de criar meios efetivos para essa reeducação, oportunizando a sua reintegração sadia ao meio social do qual foi apartado. Essas as razões porque o nosso sistema não adota a pena de morte, ou a prisão perpétua. Voltaremos ao assunto.

A respeito da maioridade penal ANTONIO MENDES DE BARROS

M

uito tenho ouvido falar a respeito da diminuição da maioridade penal para 16 anos no Brasil, haja vista a discussão que se desenrola no Congresso Nacional. Não será tratado aqui a possibilidade de se alterar o Artigo 228 da Constituição Federal, que trata da idade a partir da qual poderá ser penalmente imputável um indivíduo no Brasil, via emenda constitucional, a depender do entendimento que o considerar ou não cláusula pétrea. Trataremos apenas da necessidade de se promover a diminuição e alguns aspectos correlatos. Chamam-me mais a atenção os argumentos dos que são contra a mudança, pois costumam estar dissociados de uma relação lógica que acredito deva existir na abordagem de assuntos que envolvam várias vertentes, e misturá-las não parece ser o melhor caminho. Começo pelo fato de que não existe para mim a menor dúvida sobre não ser o perfil cultural de valores e sociológico do menor de 18 anos dos dias de hoje, igual ao dos jovens da mesma idade da década de 40, quando foi editado o Código Penal em vigor (Art. 27), embora a fixação da maioridade também esteja na Constituição federal (Art. 228). Não acredito, portanto, que, pela quantidade de informações distribuídas, fruto do avanço científico e das condições tecnológicas disponíveis a quase todos os brasileiros, alguém discorde disso. Também não me lembro de ter assistido

ou tomado conhecimento de alguma declaração científica no sentido de que um jovem brasileiro só começa a possuir condições de discernimento, que o torne capaz de distinguir o que é certo do que é errado, no dia de seu aniversário de 18 anos, o que me faz considerar bastante fragilizada a tese de que deveriam permanecer inimputáveis esses menores, por ainda não estarem, sob o aspecto fisiológico, plenamente formados. Assim, sobra o argumento mais usado, até mesmo pelo Governo Federal e por alguns advogados criminalistas, de que o nosso sistema prisional não comportaria mais essa demanda e que não seria justo mandar um jovem menor de 18 anos para estabelecimentos absolutamente impróprios para sua ressocialização, visto serem um verdadeiro caos, onde não se respeita o direito do preso e nem sequer os direitos humanos, servindo inclusive de escola de aprimoramento da prática de crimes, além, é claro, de brutalizar de forma abominável qualquer um que passe por lá. Ora, esse não é um problema que diz respeito a idade do criminoso. Isso diz respeito a falta de responsabilidade com que vem sendo tratado o problema das nossas unidades prisionais, num flagrante desrespeito à sociedade como um todo, fazendo de conta que se está punindo um cidadão brasileiro que cometeu um “erro” e lhe oferecendo condições de se reinserir, mas na verdade, com o dinheiro suado do nosso trabalhador, se está degenerando pessoas e as tornando uma ameaça cada vez mais assustadora. Isso é um problema de Estado, embora tenha sido tratado, até agora, por Governos tão despreparados e, em sua maioria, desonestos. Para lugares como esses, não se deve mandar ninguém, porque sabemos que de lá ninguém sairá melhor do que entrou, muito pelo contrário! Se é assim, porque diabos podemos

mandar um jovem condenado de 18 ou 19 anos e não podemos mandar um de 17 ou 16, se todos esses têm consciência do crime que praticaram? O efeito devastador do nosso sistema prisional atinge a todos que tiverem o desfortúnio de serem mandados para lá. Ninguém merece isso! Mas, também, as instituições para onde são mandados os menores “infratores” não são melhores que os presídios (com as exceções de praxe, de lado a lado), servindo, da mesma forma, de escola para o crime, com o agravante, embora alguns pensem que se trata de atenuante, de que lá só passarão pouco mais de dois anos, nos casos dos que praticaram crimes como: latrocínio, sequestro e estupro. Já os crimes tidos como de menor potencial ofensivo, pouquíssimo tempo se permanece nesses ambientes, embora eu considere que em qualquer dos casos ele será suficiente para deteriorar o que restar de possibilidade de reeducação e servirá de incentivo à prática de novos crimes, tal como os presídios o são. Só que aqui com o “Plus” da sensação de impunidade! A prevalecer esse último argumento da falta de capacidade dos nossos presídios, que tal suspendermos a aplicação do Código Penal por uns tempos? Ou quem sabe tornar os mais velhos, maiores de 70 anos, inimputáveis? Certamente diminuiria a população carcerária, ainda que, no segundo caso, em proporção pequena, pois não são muitos os que, nessa idade, praticam crimes, apenas estaríamos incentivando a replicação de casos como o do médico Abdelmassih, do jornalista Pimenta Neves e do Juiz Lalau, mas isso é besteira! É como se deixássemos de comer para não ter que usar o vaso sanitário com defeito. Bem, talvez alguém defenda isso! O fato é que a sociedade brasileira também não merece ser feita refém de jovens crimino-

sos, menores de 18 anos, que dela debocham e, pela legislação que atualmente vigora no nosso País, convivem com a impunidade que, entre outros motivos, contribui consideravelmente com a continuidade da prática delituosa. Tenho por certo que acima da sensação de impunidade, que já é determinante para a criminalidade dos nossos jovens, só existe um fator mais devastador: a certeza de impunidade. E isso resta claro quando a punição que está reservada aos jovens “infratores”, menores de 18 anos, é a internação de 03 anos prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, que, na maioria esmagadora das vezes, não se completa. Dizer que a diminuição da maioridade penal não irá resolver o problema, é exercitar o obvio, pois é evidente que não se resolve problema complexo, onde estão envolvidos outros tantos aspectos, as vezes mais graves e de mais demorada solução, como por exemplo, tão obvio quanto a afirmação acima mencionada, dotar de vergonha a educação no Brasil, com atitudes pontuais, mas com um conjunto de reformas, inclusive com a indispensável mudança da nossa mentalidade. É imperioso e urgente que sejam aperfeiçoados os presídios existentes e que outros sejam construídos, para que funcionem como colônias penais, onde se tenha trabalho e instrução a oferecer aos presidiários, gerando renda que auxilie no custeio do sistema como um todo e minimize o peso para a sociedade que assiste perplexa os gastos incompetentes e irresponsáveis de quantias vultosas nas atuais estruturas que nada de benefício tem trazido, mas, ainda assim, deixar de punir exemplarmente, nos dias atuais, criminosos com idade entre 16 e 18 anos, sob o argumento da falta de condições dos presídios, me parece um insulto à inteli-


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ARTIGOS

Vai fiscalizar ou não?! JORGE MORAIS Jornalista

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ecentemente, a mídia nacional divulgou que os policiais de trânsito (agentes) estariam fazendo cumprir uma resolução antiga do Conselho Nacional de Trânsito, mas que somente agora seria colocada em prática: o uso de películas nos automóveis de passeio e de transporte coletivo, como táxi, por exemplo. Quem estivesse usando o famoso vidro fumê fora dos padrões exigidos seria multado, e o material seria retirado imediatamente. Em caso de desobediência, outra multa. Agora, os veículos terão tonalidades claras e escuras, numa distribuição que varia de 75% a 28% de transparência.

Isso é bom ou ruim? Fica bonito ou não? Dizem eles, na justificativa para o cumprimento dessa resolução, que não tem nada com beleza ou bondade, mas, simplesmente, uma questão de segurança. Pergunto outra vez: segurança para quem vai dentro do automóvel ou facilidade para quem está do lado de fora? Se o veículo circula com vidros quase sem transparência, realmente pode ser um perigo para quem está fiscalizando, pois não se sabe quem está lá dentro. Mas, se o veículo circula com muita transparência, ajuda os bandidos que estão lá fora esperando pelas facilidades da vida, principalmente quando estão dirigindo velhos e mulheres. Objetos não devem ser deixados dentro dos carros. Som, pastas e mercadorias serão bastante atraentes para os larápios. Dito tudo isso, quero saber: quando começarão a fiscalização e a aplicação das penalidades? Nessa hora de leitura, muita gente deve estar reclamando e amaldiçoando o meu artigo. Questiono o assunto porque poucos são os veícu-

los que estão circulando sem a película fumê. A impressão que tenho é que, sejam leis ou resoluções, elas não foram feitas para serem cumpridas. As autoridades policiais de trânsito precisam se posicionar na mídia em relação a essa fiscalização e a aplicação das penalidades. O BPtran e a SMTT precisam falar e dizer alguma coisa. Se houver um acordo para não fiscalizar, deixar isso para lá, ótimo não precisa dizer nada. Mas, e esse acordo, se é que existe, passou pela Polícia Rodoviária Federal também? Pode-se viajar tranquilo que nada vai acontecer de desagradável aos motoristas? Dizem, é apenas conversa de ouvir dizer, que o acordo existe e eles estão maneirando, porque muitas autoridades do Estado estão buscando junto a juízes uma liminar ou qualquer outra coisa do gênero para garantir o uso da película fumê fechada. Seria um salvo conduto, e essas autoridades precisam de tempo. Acho isso injusto. A minoria, minoria mesmo, vai contar com um

direito que a maioria, maioria mesmo, não vai poder contar. Entre essas autoridades estariam, principalmente, deputados, vereadores, policiais e jornalistas. Isso mesmo, jornalistas que entendem desempenhar uma profissão de risco e não podem ficar expostos a transparência dos veículos. O mesmo que é dito para os policiais civis e militares. Mentira ou verdade, esse é o comentário que circula em toda a cidade. Dá para desconfiar porque, se a cidade é a mesma; os carros são os mesmos; os agentes de trânsito que fiscalizam são os mesmos; e a resolução do Conatran é para todos, porque até agora nada mudou? Essa resposta gostaria muito de receber das autoridades constituídas. Esse não é o meu caso, porque no primeiro dia mandei tirar tudo, está transparente como quando saiu da fábrica. Agora, em nome dos outros, pergunto: eles podem ou não andar com vidro fumê? Se podem, também quero, sem sustos. Só isso...

prefeito a reintegrar nos quadros da Prefeitura dezenas de servidores aprovados num concurso realizado pela administração anterior: todos os classificados eram afilhados do Henrique Manso. O gestor atual não demitiu os dele e admitiu os concursados. Entretanto, até 27.07, ninguém tinha recebido salário, ou melhor, só os admitidos pelo Abraão Moura receberam pagamento. No Legislativo alagoano, onde as dívidas com ativos e inativos são incalculáveis, a Mesa Diretora contrata uma auditoria por um milhão e meio de reais (valores não incluídos no orçamento de 2015), aprova, através de Resolução e não Projeto de Lei, um trem de alegria, criando despesas numa casa, cujos dirigentes afirmam não ter dinheiro para cumprir compromissos assumidos com ativos e inativos. Desde 1989, os servidores da Assembleia Legislativa contratam advogados e vão à Justiça procurando ajuda para se defenderem das artimanhas dos dirigentes. Agora mesmo, estourou um processo de 1996, onde as vítimas cobram cinco meses de salários não pagos há quase vinte anos. A presidente da República, que na sua campanha eleitoral enganou o povo prometendo o impossível, começa a cortar o vale família, vale gás, vale tudo. O FIES, então, virou um verdadeiro horror: há estudantes

que, no meio do curso tiveram seus pedidos recusados e não vão conseguir se formar. Uma pena! Na Prefeitura da capital, um menino novo, filho de um político amigo, digno de respeito, começou a governar Maceió. Esperei que fizesse algo de positivo tentando resolver problemas crônicos tipo Riacho Salgadinho e Mercado da Produção e do Artesanato. Já está no terceiro ano de mandato, meio perdido, sem resolver casos sérios na Educação, Saúde e Transportes, mas, pelo menos, atos de improbidade administrativa não têm aparecido; a lama que lá ainda está é a da chamada “Máfia do Lixo” do governo passado. Nas prefeituras do interior, são poucas as que se salvam, Só nos mandatos 2012/2016 muitos gestores e vereadores municipais já foram motivo de notícias escandalosas na imprensa; as acusações vão de compra de votos na eleição, passando por gratificações aos edis, obras superfaturadas e uso de notas falsas nas prestações de conta para compras fantasmas. Uma farra! No escândalo nacional do Lava Jato vemos políticos alagoanos envolvidos até o pescoço, respondendo à imprensa com desculpas esfarrapadas. Outros nem dor-

mem de noite, imaginando que poderão ser os próximos indiciados. Aí o povo começa a entender de onde veio tanto dinheiro para campanhas eleitorais milionárias. As cabeças dos políticos são diferentes das nossas, pobres mortais. Se puxar o fio da meada, Petrobras, BNDES, Portobras, Eletrobras, Nuclebras, os fundos de pensão do Banco do Brasil, Correios, poucos escaparão. Começo a recordar os lances das eleições em Alagoas, tipo: fulano comprou o reduto eleitoral de sicrano! Um candidato recebeu tanto de tal empresa e o outro concorrente recebeu muito menos! E fico pensando: o que a empresa cobrará depois das eleições? De onde vem tanto dinheiro? Não encontro resposta porque minha inteligência é pouca, como diz o França Moura!!!... Aí, amigos, chego a temer o que mais sairá das cabeças tão criativas de nossos políticos. Já sei: o próximo capítulo vai ser antecipar a eleição da Mesa Diretora da ALE. Ela assumiu em janeiro de 2015, mas existem murmúrios de que os membros componentes da atual Mesa Diretora já estudam o processo de antecipação. Aguardem. Agora, respondam-me com sinceridade: de onde vem tanta ideia mirabolante? São ou não são os políticos homens portadores de mentes férteis para o mal?

Mentes férteis ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

Sempre acompanho noticiários locais, nacionais e internacionais. E não me canso de tomar sustos com determinados escândalos. Semana passada soube que, no litoral alagoano, dois prefeitos estão sendo investigados na Justiça porque empregavam parentes nas duas prefeituras. Ou eles pensam que o povo é bobo, ou que a Justiça é cega. É bom lembrar que os dois políticos são parentes do PC Farias. No mesmo período, o Tribunal de Contas do Estado, cujo presidente está tentando fazer uma limpeza na casa, colocou à disposição da Assembleia Legislativa vinte e tantos funcionários, já processados administrativamente, por não comparecerem ao local de trabalho. Detalhe muito importante: eles vão receber salários pelo TC. Não entendi a solução, pois só a presença física será cobrada pelo Legislativo. Ora, se eles não iam ao Tribunal de Contas, será que eles vão à ALE? Em Paripueira, a Justiça obrigou o


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ARTIGO

O poder corrompe? LUIZ CARLOS BORGES DA SILVEIRA*

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corrupção é um mal internacional que ataca praticamente todos os governos, em maior ou menor grau. Como disse um jurista, é um “vício resultante da relação patrimonialista entre Estado e sociedade”. A ONG Transparência Internacional realiza a cada ano o Índice de Percepção da Corrupção, abrangente estudo sobre a corrupção no mundo. A partir da opinião de diversos especialistas no tema, são conferidas aos países notas que variam de 0 a 100. Quanto mais próxima de zero for a pontuação, mais corrupto é o setor público daquele lugar. É muito raro um país alcançar o grau máximo. No último relatório (2014), a Dinamarca, país de elevada honestidade, obteve 92 pontos.

O Brasil está na outra ponta e os brasileiros bem sabem disso. Quem tiver paciência e pesquisar terá dificuldade para encontrar um governo que não tenha sido envolvido em escândalos e corrupção. Será que não há solução para esse problema? Não haverá meio eficaz de combate? O que se pode afirmar é que um dos fatores é a falta de partidos com coerência, seriedade e responsabilidade pelos governos que elegem, nos três níveis: federal, estadual e municipal. O PMDB, que nasceu como MDB, iniciou sua história partidária conquistando a opinião pública tanto pela aguerrida oposição ao governo militar quanto pela pregação e prática de princípios éticos. Cresceu, tornou-se o maior partido nacional e chegou ao governo; aí perdeu os princípios, envolveu-se em corrupção e adotou a prática do fisiologismo. O poder contaminou o partido e manchou seu passado. O PSDB surgiu de dissidência que não concordava com a postura e os des-

lizes do PMDB. As lideranças criaram então o novo partido que se apresentava como a “banda sadia”. Hoje, diversas administrações tucanas estão envolvidas em práticas de corrupção. Por fim, o PT. Enquanto apenas oposição era a sigla politicamente mais pura, com robusta defesa da moralidade na administração pública. Conquistado o poder, esqueceu o ideário e o discurso. A marca mais forte dessa degeneração é o vergonhoso escândalo do mensalão e mais recentemente o que envolve a Petrobras; porém não são os únicos, pois em governos estaduais e municipais igualmente ocorrem casos de corrupção. Na administração federal há um agravante que gera clima favorável. Trocam-se os ministros, mas o segundo e o terceiro escalões continuam gravitando no sistema, são esses que conhecem os caminhos e exercem influência – para o bem ou para o mal. Um ministro ou político novo que chega à “corte” se surpreende com o número desses que

giram em torno do poder para “vender” experiências e revelar o caminho das pedras. Depois deles, os lobistas de variadas bitolas. Todos têm seus “métodos” de convencimento e persuasão para qualquer tipo de negócio. Tudo isso promove giros de milhões e bilhões, basta atentar para o fato de o Distrito Federal ter o 7º maior PIB entre as unidades da federação, sem indústrias que gerem emprego, renda, produção e tributos. Tudo vive em função do governo e sua estrutura de pessoal, negócios e contratos. A corrupção afeta diretamente o bem-estar dos cidadãos ao diminuir os investimentos públicos na saúde, na educação, em infraestrutura, segurança, habitação, entre outros direitos essenciais à vida, e fere criminalmente a Constituição quando amplia a exclusão social e a desigualdade econômica. *Empresário, médico e professor. Foi ministro da Saúde e deputado federal.


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PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Falta de sorte?!

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CRB, torcedores lastimaram o que chamaram de “falta de sorte” a derrota por 1 a 0, em Goiás, terçafeira, para o Atlético. Mas, como dizem, é passado. Figa agora é para o sábado, às 16h, em Curitiba, onde pega o Paraná. Na classificação, o time da casa é 13º e o Galo, agora, é o 14º.

Copa do Mundo A Seleção Brasileira pegará o Chile na abertura das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, com jogo em Santiago. O sorteio foi em São Petersburgo, na Rússia. Também vão compor o grupo Venezuela e Argentina. São jogos de ida e volta, e os meses prováveis são outubro e novembro.

Polêmica Pelo Campeonato Brasileiro, haverá agora em comum jogos pela manhã, às 11 horas, nas regiões mais frias e fins de semana. Da proposta, o horário ganha fôlego e pode vir a ser ampliado por registrar rendas melhores que nos finais de tarde. Mas essa fase é de experiência.

Bola pra frente No ASA, a torcida não viu como natural a derrota por 3 a 0 para o Vila Nova e perda da invencibilidade. O motivo talvez foi o jogo ter sido em Goiás. Mas neste domingo, às 19 horas, contra o Confiança, clássico regional em Arapiraca, é importante que ele faça o seu dever de casa.

Trabalhar forte “Na hora em que encaixamos a marcação, sofremos o gol de contra-ataque. É coisa do futebol, e nós sabíamos que ia ser difícil. Respeitamos eles, mas isso não podia acontecer. Agora é trabalhar forte para melhorar”. O

desabafo de Cal tem a ver com a perda da invencibilidade do ASA na Série C.

Chapecoense, Ponte Preta, Joinville, Bahia e Brasília.

Novo desafio

Zona de queda

Vica, no novo clássico do Coaracy da Mata Fonseca, trabalhou a semana em busca de definir substitutos para Uéderan (atacante) e o volante Jorginho, contundidos. Mas, em contrapartida, não deve ter André Nunes e Max Carrasco, que estão entregues ao Departamento Médico.

É interessante, ainda, o torcedor conhecer na Série B, até a rodada do fim da semana passada, quais os clubes na fronteira com a Série C: 17º, Mogim Mirim, 13 pontos; 18º, Atlético de Goianense, 12 pontos; Boa Esporte, também 12 pontos; e o Ceará, 8 pontos.

Diretoria eleita

A Federação Alagoana de Futebol, após uma paralisação por questão jurídica, definiu datas para os jogos do quadrangular final do alagoano, categoria Júnior. Vão estar na decisão: CRB, ASA, Dimensão Saúde e Desportiva Aliança. Campeão e vice vão estar na Copa São Paulo.

Rafael Tenório, presidente do CSA em segundo mandato, é pauta fechada. Aos torcedores, cabe agora fazer valer a “União e Força” recomendada no escudo do clube. Rafael, eleito por 123 dos 138 votantes, está confiante no apoio da galera para reabilitar o Azulão dos tropeços neste ano. O vice de futebol é Carlos Alberto Andrade.

União e Força Apesar da situação do clube, a confiança da torcida azulina é de dar a volta por cima. E a motivação tem a ver com o trabalho de reorganização do clube, que busca, no paralelo ao futebol, reativar o setor social. É hora de arrumar a casa, já que o tempo parado permite.

Sul-Americana Decididos os oito finalistas da Copa do Brasil, ficam agora oficializados os clubes que estarão na Copa Sul-Americana, com partidas da fase inicial marcadas provavelmente para outubro e novembro. São eles: Atlético-PR, Sport (PE), Goiás,

Datas confirmadas

Xodó nacional Zé Carlos, 32 anos, com oito gols na Série B (até a 14ª rodada) e líder na artilharia, começa a chamar a atenção da mídia nacional e a encher os olhos de clubes estrelados dos grandes centros. A atenção foi despertada após os três gols que fez na vitória do Galo sobre o Vila Nova.

Linha de frente Até a 14ª rodada, concluída no domingo, a classificação na Série B pontuava como os quatro primeiros na classificação: 1º, Botafogo, 28 pontos; 2º, América Mineiro, 27; 3º, Naútico, também 27; e na quarta o Vitória-BA, 26 pontos. O CRB, 18 pontos, aparecia em 11º.

Alagoana campeã Priscila Vital, nesta temporada, coleciona medalhas. A alagoana foi campeã em duas competições de nível internacional. Uma na sexta-feira (25), no Rio Winter Internacional Open adulto, faixa azul pena. Outra em São Paulo, Mundial da Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu Esportivo (CBJJE), com 21 participantes, cuja adversária na final foi uma argentina.

“Nunca lutei tanto” De Pricilla: “Nunca tinha lutado tanto em um campeonato. As lutas foram bem duras com meninas de outros países e de outros estados”. Pricilla já treina para novas competições: o São Paulo Internacional Open, este mês, e o Sul-americano, em novembro. De Daniel Martins, técnico de Pricilla: “Ela chegou ao nível das melhores lutadoras do mundo em sua categoria”.


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S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Eleição de vereador Os maceioenses começam a sentir que as eleições municipais de 2016 deverão ter recorde de pré-candidatos à seleção interna dos partidos para sair candidato. O que leva a acreditar nessa hipótese é a conversa comum nos partidos. Só os já com mandatos têm passe livre para tentar a reeleição. É da legislação.

Eleições presidenciais

Desemprego

A

São crescentes as estatísticas de desemprego no Brasil, e a previsão de normalização desse quadro está prevista para o fim do próximo ano. Isso, é claro, logo após as eleições. Dados divulgados recentemente constaram que existem cerca de 8,2 milhões de brasileiros no quadro de procura de emprego, a maioria pais de família.

eleição presidencial no Brasil, mesmo distante, estimula as especulações envolvendo nomes possíveis de registrar suas candidaturas. Dos citados na mídia com certa insistência, a maioria não decola e daí não surpreender Lula e Aécio Neves na disputa. É isso o que se escuta na rua.

Áreas irrigáveis

Dilma inelegível A presidente Dilma Rousseff fica alheia sobre as conversas por estar exercendo seu segundo mandato, sendo, assim, impedida por lei de tentar o terceiro. Outra especulação diz respeito se existe algum nome que possa apoiá-la. A razão da questão tem a ver com o silêncio de Marina Silva defendendo a sua pré-candidatura.

PT sem fôlego? O Partido dos Trabalhadores (PT) deixa sob suspense até onde vai chegar a confiança do eleitor nos candidatos do partido. O motivo são as denúncias divulgadas na imprensa, a exemplo da que saiu na Revista Veja na edição da semana prestes a findar. Nela, Lula aparece como personagem de capa com a seguinte manchete: “Chegou a vez dele.”

Mais atenção O deputado Inácio Loiola (PSB) chama a atenção dos alagoanos a respeito do rio São Francisco, principalmente os moradores da região ribeirinha. Segundo ele, “o rio está morrendo gradativamente”. Loiola não só adverte, como cita a razão: o abastecimento de água para consumo humano em 40% dos municípios no Estado depende dele.

Insistência

Inácio Loiola é estudioso do rio São Francisco, tem livros publicados, reside em Piranhas desde criança e faz advertência às autoridades sobre esse quadro difícil, porém ignorado pelos governos estadual e federal. E, sem mais para quem apelar, ele disse: “Peço a Deus que escute nossos clamores”.

Pauta de debate A situação grave dos moradores da região do São Francisco, em Alagoas, também foi discutida durante reunião no Ministério Público Estadual, segunda-feira (27). Dentre as propostas, chamou a atenção a de Inácio Loiola, que enfatiza o rio como Patrimônio Ambiental, lamentando por ele estar abandonado.

Ajuste fiscal A inflação no Brasil, que só aumenta, manteve o hábito em julho. Levantamento divulgado revela haver batido o recorde dos últimos sete anos. Mas, segundo previsões, a situação deve melhorar até o final de 2016. Considerando que o próximo ano será de eleições gerais no país, quem levará isso a sério?

Boa notícia O governador Renan Filho (PMDB) sinaliza com otimismo a limpeza no sistema de esgotos da Pajuçara. A proposta é bem recebida pelos moradores. Mas a dúvida que existe é se o serviço será restrito só à região da orla ou chegará a bairros como o da Ponta da Terra.

Não seja surpresa

Quanto à orientação da SMTT sobre a necessidade de atravessar a rua nas faixas do pedestre, o cidadão até aceita a dica, mas não confia. Essa desconfiança pode ser explicada pela não manutenção das mesmas, bem como por o motorista ignorá-las, desrespeitando a Lei de Trânsito.

Perseguição? Do ex-presidente Lula: “A esquerda brasileira está sendo perseguida assim como os judeus foram pelos nazistas e os cristãos pelos romanos”. Lula fez críticas, ainda, a setores conservadores, que, segundo ele, “não aceitaram a vitória nas urnas da presidenta da República, Dilma Rousseff”.

E haja desabafo! Ainda de Lula, mas como desabafo: “Estou cansado do tipo de perseguição e criminalização que fazem âs esquerdas deste país. Eu nunca tinha visto na vida pessoas que se diziam democráticas e, agora, não aceitam a eleição de uma mulher como presidente da República”.

Excelente ideia

A Prefeitura de Maceió e o Tribunal de Justiça assinaram convênio de cooperação técnica para que adolescentes cumpram pena exercendo funções no Judiciário. Celiany Rocha, secretária de Assistência Social, acha essa proposta motivadora da inclusão dos jovens no mercado de trabalho.

O aproveitamento de áreas irrigadas pelo Canal do Sertão foi pauta de análise do governador Renan Filho (PMDB) e autoridades da área. Isso aconteceu no fim da semana anterior, e o objetivo é o de atrair investidores. “Alagoas não pode fazer um investimento do porte do Canal do Sertão e não produzir nada”, adverte Renan Filho.

Propostas Com o Canal do Sertão ativo, Renan propõe dividir áreas, criar incentivos e financiamentos para atrair investidores, promover o desenvolvimento, gerar emprego e aumentar a produção na região. Estima-se para setembro que as obras alcançarão o quilômetro 105. Segundo a assessoria de imprensa do Governo, dos 250 km da obra, 64 já estão funcionando.


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MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

Esgoto e agricultura

Cadastro Ambiental Rural

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Após três dias recebendo informações em um curso de capacitação sobre adesão ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), promovido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) em conjunto com o IMA e Secretaria de Estado de Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seapa), 74 profissionais e técnicos estão preparados para disseminar conhecimento sobre o CAR em 28 municípios do Sertão de Alagoas. O objetivo é nortear os agricultores da região sertaneja sobre a atual vigência da legislação no processo de regularização ambiental de propriedades e posses rurais.

egundo o estudo do Núcleo de Pesquisa em Geoquímica e Geofísica da Litosfera da USP, o emprego de esgoto tratado na agricultura aumenta a produtividade. Pesquisadores testaram as vantagens do uso dessa água, que contém minerais e nutrientes, como nitrogênio e fósforo, importantes no desenvolvimento das plantas. O experimento mostrou que a economia no uso de fertilizantes nitrogenados chegou a 80% no plantio de capim e a produtividade aumentou seis toneladas com relação à irrigação comum.

Mutação de margaridas As imagens de margaridas “‘mutantes” fotografadas na região de Fukushima, no Japão, onde um acidente nuclear ocorreu após um terremoto em 2011, podem não ser o que parecem. A foto foi publicada por um usuário japonês no dia 27 de maio, e, quando as pessoas viram a foto, já consideraram que a radiação teria causado a má-formação. A foto foi tirada a 112 quilômetros de Fukushima. A causa da má-formação pode ser um fenômeno chamado faciação. Esse tipo de formação traz desvantagens reprodutivas para a planta, e por isso, encontrar plantas nesse formato é raro.

Radar orbital Primo mais velho da Terra A Missão Kepler, da Nasa, confirmou nesta terça (28) a descoberta de um planeta de dimensão próxima à da Terra e que orbita uma estrela parecida com o Sol. O Kepler-452b está localizado em volta de estrelas que têm temperatura parecida com a da Terra e condições para a existência de água líquida na superfície de corpos celestes. A massa e a composição do planeta ainda não foram determinadas, mas as pesquisas indicam que o planeta é rochoso.

O trabalho de detecção do desmatamento na Amazônia vai ficar mais eficiente com o uso de um radar orbital capaz de monitorar uma área três vezes maior, equivalente a 950 mil quilômetros quadrados, independente da presença de nuvens e com frequência de coleta de informações diária. Pelo sistema atual, 280 mil km² são monitorados a cada 15 dias. O contrato para a compra de imagens foi firmado nesta segunda-feira (27), no Ministério da Defesa, pelo Censipan e BNDES. A medida faz parte do projeto Amazônia SAR, do Gabinete Permanente de Gestão Integrada para Proteção do Meio Ambiente.

Mito do sufocamento Em um estudo publicado no Journal of Experimental Biology, cientistas americanos acabaram por derrubar o mito de que os répteis sufocam suas vítimas até a morte. Os pesquisadores monitoraram o batimento cardíaco e a pressão sanguínea de ratos imobilizados pelas cobras e perceberam que o golpe fatal aplicado pelos répteis limita a circulação do sangue das presas, interrompendo o fornecimento de oxigênio a seus órgãos vitais. E essa falta de oxigênio, co-nhecida como isquemia, destrói rapidamente os tecidos que compõem o cérebro, o fígado e o coração.

Destino do lixo A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que tem como prioridades a redução do volume de lixo com a ampliação da reciclagem, inclusão da coleta seletiva, extinção dos lixões e implantação de aterros, teve seu prazo de aplicação encerrado no fim de 2014, e a situação do destino do lixo no Brasil não mudou muito, com a redução de apenas 0,1 ponto percentual em dois anos. Hoje, 41,6% do lixo produzido no país tem destinação inadequada.

Reutilização da água Famílias da zona rural do Ceará receberão em 17 municípios projetos-piloto de reuso de água cinza, com o objetivo de tratar a água utilizada no banho, na lavagem de louça e roupa, para servir à produção de alimentos. A ação faz parte do projeto São José III, responsável pela implantação de sistemas de abastecimento de água em comunidades da zona rural. As ações terão investimento total de R$ 1,8 milhão e devem beneficiar 85 famílias – cinco em cada município.


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POLÊMICA NO TRÂNSITO

Cetran decide sobre uso de películas em veículos de Alagoas Blitze vão continuar em todo o Estado, mas autuações terão algumas restrições MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

A

polêmica envolvendo a retirada das películas dos vidros dos veículos em Alagoas parece não ter fim. As autuações nos últimos dias têm revoltado condutores de veículos, a ponto de alguns que se sentiram prejudicados ameaçarem entrar com ação na Justiça. Diante do impasse e notícias publicadas de que estavam suspensas as blitze no Estado, o Conselho Estadual de Trânsito de Alagoas (Cetran-AL) se reuniu para tomar uma decisão unilateral envolvendo todos os órgãos que o compõem e acabar com a divergência de procedimentos. Embora a informação ainda não seja oficial, como não existe no Estado o luxímetro para medir o grau de luminosidade da película, a ideia inicial é que sejam fiscalizados os veículos espelhados e aqueles sem chancela (carimbo). Os com vidros pretos na frente também cometem infração e sofrerão a mesma punição. Quem desrespeitar a lei leva multa de R$ 127 e cinco pontos na carteira. Os protestos dos motoristas nas redes sociais são constantes. Alguns alegam que, durante as blitze, os policiais militares agem de forma arbitrária retirando não só as películas do para-brisa, mas também dos vidros laterais do veículo sem usar o equipamento para aferir a transparência. “Eles (policiais) alegam que era para re-

tirar as películas sem chancela, mas não sabem informar qual a porcentagem da transparência da película retirada, agindo no olhomêtro, e isso dá margem para ações na justiça”, disse um condutor de veículos. Outro questionamento é que a lei não foi feita para todos já que os veículos oficiais têm películas e transitam sem que sejam parados pelas blitze. “Se a lei é para todos os veículos, então que comece com os oficias”, criticou um internauta. A dúvida continua e até quem já foi parado em blitz fica sem saber ao certo como agir. “Fui pego em uma blitz e eles mandaram retirar apenas o da frente. Os dos lados e de trás continuam. Será que posso ser multado?, questionou outro condutor na rede social. ACESSÓRIO Na lista de acessórios exigidos por quem acaba de adquirir um veículo o recordista é a película fumê. Os motivos para a aplicação do filtro escuro nos vidros são diversos. Uns alegam maior segurança, já que as janelas escurecidas dificultam a ação dos assaltantes que têm dificuldades de identificar quem está no carro. Outros dizem que o acessório garante mais privacidade no trânsito e principalmente protege contra os raios ultravioletas. Mas, independentemente do motivo, para colocar película fumê no carro é necessário seguir as regras impostas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran).

Retirada de películas de vidros de veículos durante as blitze divide opiniões de motoristas alagoanos

Embora o uso da película em desacordo com as normas seja considerado infração grave, boa parte dos condutores de veículos ignora a lei. “Sei que é uma falsa segurança, mas me sinto mais tranquilo com o vidro fumê”, afirmou o universitário Diego Gonçalves, que colocou película 100%. O contador Lucas Lima disse que é a favor de que a lei seja cumprida. “A fiscalização é pertinente para que os condutores fiquem atentos aos limites de transparência, previstos no ato do Contran. Em compensação, a retirada da película traz mais insegurança aos ocupantes do veículo, pois quem está do lado de fora ver objetos que são deixados dentro do carro. Meu veículo não tinha película, deixei o mesmo no estacionamento de uma faculdade particular de

Maceió e quando voltei o carro havia sido arrombado; muito por causa da facilidade em avistar o que tinha dentro”, disse. NOTA No início da semana, a Polícia Militar de Alagoas, que também atua na fiscalização do trânsito através dos batalhões de Policiamento de Trânsito (BPTran) e de Policiamento Rodoviário (BPRv) emitiu nota informando que “desenvolve suas atividades tendo como base a legislação brasileira. No caso da fiscalização das películas automotivas, as ações policiais se baseiam na Resolução nº 254, de 26 de outubro de 2007, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que estabelece os requisitos para a aplicação de inscrições, pictogramas e películas nas áreas envidraçadas dos veículos automotores”.

A nota esclarece, ainda, que a transmissão luminosa para o vidro do pára-brisa não poderá ser inferior a 75%, para os vidros laterais dianteiros não pode ser menor que 70% e a do vidro traseiro e vidros laterais traseiros não pode ser inferior a 28%. As películas espelhadas, em qualquer transparência, são proibidas. Nos casos previstos, a autoridade policial pode solicitar a retirada da película sem o equipamento de aferição específico, o luxímetro. Ainda segundo a resolução, a regra considera a necessidade de regulamentar o uso dos vidros de segurança e definir parâmetros que possibilitem atribuir deveres e responsabilidades aos fabricantes, além de aperfeiçoar e atualizar os requisitos de segurança para os veículos automotores nacionais e importados.


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ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Hora de revisar

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esde o final de semana passada, com a chegada do up! TSI, o Brasil tem pela primeira vez um automóvel mais avançado tecnologicamente em termos de motor que o mesmo modelo comercializado na Europa. Em regra o País vai a reboque de países centrais ou, em alguns poucos casos, até recebe primeiramente um novo modelo com alguns meses de antecedência. No caso do produto de entrada da Volkswagen, além de reconhecido como primeiro turboflex fabricado no Brasil (os da BMW e PSA Peugeot Citroën são importados), nem na Europa essa motorização – no caso apenas a gasolina – está, por ora, disponível. Na realidade, a própria VW já produziu motor 1-litro turbo (gasolina), a exemplo deste, para Gol e Parati entre 2000 e 2002 focado em desempenho. Entretanto, o TSI faz o ca-

samento perfeito entre injeção direta e turbocompressor (antes a injeção era indireta) dentro do conceito moderno de aumentar o desempenho e simultaneamente obter menor consumo de combustível. De maneira simplificada, oferece potência 28% maior, 105 cv, e torque 61% superior, 16,8 kgfm (ambos os valores com etanol). Ainda assim, consegue economia de etanol e gasolina de cerca de 6% e se transformou no modelo de menor consumo do País. Aliás, só perde para automóveis híbridos com motores a combustão e elétrico. O desempenho deste 3-cilindros na prática equivale a de um motor comum aspirado de 1,8 l, só que na estrada supera 20 km/l com gasolina a 120 km/h. Motor a apenas 2.900 rpm garante silêncio a bordo. Diferencial foi alongado em nada menos de 26% para o máximo de economia e ainda

RODA VIVA assim acelera de 0 a 100 km/h em 9,1 s (etanol). Sua elasticidade impressiona porque o torque máximo se mantém entre 1.500 e 4.500 rpm. O número de vezes que se troca de marchas é bem menor. A Volkswagen oferece o novo TSI para todas as versões (menos a de entrada, take up!) por R$ 3.100,00, sendo que nas mais caras, incluída a nova speed up!, é de série. Preços vão de R$ 43.490 a 49.900. Para reconhecer o modelo, além do emblema com o “I” vermelho, a tampa do porta-malas é sempre pintada de preto (não reconhecível na cor preta, claro) e o para-choque dianteiro é 4 cm mais pronunciado por abrigar radiador maior. Quem roda dentro da média nacional de 12.000 km/ano obteria retorno do valor pago a mais em pouco mais de 10 anos. Para se ter ideia, um Renegade diesel, caso existisse versão

equivalente mecanicamente à de um motor flex, levaria mais de 20 anos para se pagar com a economia de combustível. Só que o prazer ao dirigir é incomparável: muito mais ágil do que qualquer outro de seu segmento (inclusive de modelos de maior porte e potência), fácil de estacionar (apenas 3,64 m de comprimento) e comportamento em curvas irrepreensível em razão de suspensões um pouco mais firmes. Conceito de subcompacto não foi, até agora, de todo absorvido pelo motorista brasileiro. Tanto que a GM descartou tal produto no plano adicional de investimentos (ver Roda Viva). VW, Fiat e Chery pensam diferente. Ainda assim o up! alcançou 2,4% do mercado de compactos hatches e sedãs no primeiro semestre do ano e com a versão TSI pode chegar a 3%. Meta-alvo bastante razoável para um hatch moderno.

pitstop Focus Fastback esquenta a briga dos sedãs Preço começa com R$ 77,9 mil, mas tem desconto de 15% na troca pelo modelo 2015 Batizado com o nome de Fastback, o Focus de três volumes promete esquentar a briga no segmento de sedã médio. Para diferenciá-lo dos concorrentes, a Ford empreendeu um estilo mais moderno e esportivo ao carro, além de investir em tecnologia. O Focus Fastback chega com o mesmo desenho renovado do hatch; na traseira conta com novas lanternas e tampa mais curta, no estilo do seu irmão maior, o Fusion. Com interior requintado e recheado de equipamentos, o modelo se destaca de seus concorrentes. O Fastback tem motor 2.0 flex de 178 cv e torque de 21,5/22,5 kgfm (para gasolina/álcool), alimentado com

injeção direta de combustível. O câmbio é sequencial de seis marcha e automatizado de dupla embreagem e não tem opção para o modo manual. O modelo foi lançado oficialmente nesta segunda-feira (27) e chega nas concessionárias em agosto. Os preços variam de R$ 77,9 mil a R$ 96,9 mil Conheça as versões e seus equipamentos: - Ford Focus Fastback SE: R$ 77,9 mil Direção elétrica; ar-condicionado; rodas de alumínio aro 17; freios a disco com ABS e EBD nas quatro rodas; controle eletrônico de estabilidade; controle de tração; assistente de saída em rampa, monitoramento de pressão de pneus e luzes de frenagem emergencial; airbag duplo frontal; chave programável; sistema muntimidia Sync com tela colorida de 4,2 polegadas, Bluetooth, duas entradas USB, conexão com aplicativos

de celular AppLink e Assistência de Emergência (com acionamento do Samu em caso de acidente); faróis de neblina; acionamento automático de faróis; sensor de chuva e retrovisor interno anti-ofuscante. - Ford Focus Fastback SE Plus: R$ 79,9 mil Inclui: rodas de 17 polegadas com desenho exclusivo; airbags laterais; bancos de couro; sensor de estacionamento traseiro; controle de cruzeiro com limitador de velocidade; ar-condicionado automático digital de duas zonas; volante com borboletas de troca de marchas. - Ford Focus Fastback Titanium: R$ 87,9 mil Novas rodas de 17 polegadas; airbags de cortina; sistema multimídia Sync , com tela de 8 polegadas, GPS, comandos de voz para áudio, telefone, navegador e arcondicionado, câmera de ré e sistema de

som Sony com nove alto-falantes; quadro de instrumentos com tela multifuncional de 4,2 polegadas; chave inteligente e partida por botão. - Ford Focus Fastback Titanium Plus: R$ 96,9 mil Inclui: assistente de frenagem automático (pára o carro a 20 km/h e reduz impacto até R$ 50 km/h); faróis bi-xenônio adaptativos; sensor de estacionamento dianteiro; assistente de estacionamento para vagas paralelas (entrada e saída) e perpendiculares; retrovisores externos com rebatimento elétrico; banco do motorista com ajuste elétrico; e teto solar. Segunda a marca, o novo Focus Fastback terá o maior investimento em marketing no modelo desde seu lançamento no Brasil. A Ford oferece a mesma promoção que criou para o Focus hatch: desconto de 15% para quem trocar seu Focus 2014/2015.

GENERAL MOTORS dobrou a aposta no Brasil ao anunciar aporte adicional de R$ 6,5 bilhões até 2019. Significa 40% do total para China, México e Índia. Família de seis modelos compactos visa apenas a países emergentes. Para a Coluna, serão substituídos em quatro anos Onix, Prisma, Cobalt, Spin e Montana. E um crossover no lugar do Tracker. INTERESSANTE é a estratégia oposta à da Ford, que alinhou seus produtos aos produzidos em mercados maduros. Carro subcompacto (em torno dos R$ 30.000) estaria fora dos planos, afirma a GM. Investimento inclui motores de três e quatro cilindros novos (inclusive turbos), além de câmbios e expansão de conectividade em toda sua linha. JEEP apresentará em janeiro próximo no Salão de Detroit o modelo que substituirá o Compass/Patriot. Trata-se do segundo produto todo novo (maior que o Renegade) da marca de utilitários na nova fábrica da FCA em Goiana (PE). Produção e vendas começarão primeiramente no Brasil. Mercado americano, porém, será abastecido pela unidade fabril do México. JETTA tem qualidades para avançar no disputado mercado de sedãs médios-compactos. Na versão básica (Trendline) e intermediária (Comfortline), esta produzida em parte no Brasil, os retoques de estilo e bom acabamento são pontos positivos. Motor de 2 L/120 cv não anima no uso cotidiano, apesar do ótimo câmbio automático (6-marchas). Já versão de topo Highline, motor turbo de 211 cv, deixa qualquer rival para trás. DÓLAR ALTO (perto de R$ 3,40 na semana passada) dificulta ainda mais a vida dos importadores. Em quatro anos, a participação nas vendas internas despencou de 24% para 15%. Situação só não está pior porque marcas europeias – maioria entre as importadas – se beneficiam, parcialmente, da desvalorização do euro ante a moeda americana.


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ARTIGO

Muito cuidado com as cascas de banana!!!... JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS

jalm22@ig.com.br

O

s leitores dos meus artigos já devem estar de saco cheio de tanto me lerem sobre a minha chefia no DER/AL, como Diretor da Divisão de Trânsito. Durante 22 anos, eu passei a dirigir essa divisão, na qual cuidava das rodovias estaduais, do seu Trânsito e da sua Sinalização, tanto vertical como horizontal, as chamadas “ALs”. Era o DER/AL, portanto, o órgão que mantinha a jurisdição, também, de todas as Linhas de Ônibus Intermunicipais. O nosso dia a dia era marcado, falando em ônibus, por multas, atrasos de viagens, preços majorados de

passagens, motoristas sem respeito aos passageiros, ônibus sujos, sem cortinas, pneus carecas, etc. Entre a minha pessoa e os senhores empresários, havia um respeito mútuo, sem as propinas que acontecem em certos órgãos. Nessa semana que se findou, todos os meios de comunicação, falaram na divulgação que a Prefeitura Municipal de Maceió está fazendo para divulgar o Edital da Licitação das Linhas Urbanas. Com a falta da licitação, a Justiça resolveu fechar os olhos! Em três dos meus artigos, eu disse que “tivessem muito cuidado com eles....”, referindo-me ao Edital, e cheguei ao ponto de dizer que, se a Prefeitura licitasse as linhas de Maceió, “eu iria andar de minissaia, de tamanco e brincos, pelo calçadão do Comércio”. Por causa da demora da licitação e do edital, aconteceram coisas estranhas

e ainda irão acontecer. Aguardem que vem coisa pesada por aí. Primeiro, vai haver briga por causa dos quatro lotes licitados, pois muitos empresários gostariam que fossem cinco, em lugar dos quatro que estão sendo anunciados. Por que a Prefeitura só vai agir no ano de 2016, perto das eleições? Cadê a Justiça? Eu já participei de umas sete licitações e nunca vi tanto mistério como está acontecendo em Maceió, pois, normalmente, depois dos editais, as possíveis concorrentes já poderiam fazer as suas propostas, um ou dois meses, depois. O que está havendo, já que depois de tantos anos, o povo vem esperando, inclusive já tendo ocorrido muitas “audiências públicas”, muitos “estudos”, muitas pesquisas de “origem-destino” e muita conversa sobre “mobilidade urbana”. Tomara que não aconte-

ça o que eu estou esperando, pois um edital mal elaborado, às vezes, propositalmente, pode levar muita gente aos tribunais. Certa vez, uma órgão disse no edital que os “jeeps” deveriam ter tração nas quatro rodas, só para prejudicar os concorrentes. À época, só quem tinha tração nas quatro rodas era o jeep Willys! Foi briga para gente grande. Outro órgão disse no edital que 40% da frota deveriam ser de ônibus novos, para prejudicar os demais concorrentes que não tinham frotas tão novas assim. Cuidado com os editais!!. Uma vírgula a mais, é muito importante para os que se acham muito sabidos! Cuidado!!!... Em tempo – O meu amigo Carlos Galdino da Silva, que foi servidor do tradicional Colégio Guido de Fontgalland, é um dos meus leitores. Que bom!!!


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ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Orientação

Quadrilha

“Esse período de orientação é muito importante para que possamos envolver a população em todo o processo de mudança do trânsito da cidade dentro do Plano Municipal de Circulação, Mobilidade e Acessibilidade de Arapiraca”, frisou Ricardo Teófilo.

- Polícia desarticulou, na noite desta terça-feira, uma quadrilha especializada em roubo de motos e invasão de residências e fazendas. A operação aconteceu em Batalha, Pão de Açúcar, Belo Monte e Traipu. Duas pessoas foram presas e outras duas estão foragidas.

Campo Alegre

Trânsito em Arapiraca

T

rabalhar em parceria com a população de Arapiraca. Esta é uma das determinações da prefeita Célia Rocha (PTB), principalmente em relação às mudanças no trânsito da cidade. Desta forma, é assim que o titular da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), Ricardo Teófilo, executa as ações da autarquia, que reforçou a orientação dos Agentes de Autoridade de Trânsito (AAT), na manhã de quarta-feira (29), aos condutores sobre a mudança de fluxo das ruas Samaritana e São José, entre os bairros Santa Edwiges, Caititus e Alto do Cruzeiro.

Mudanças É que o prazo da orientação dos agentes de trânsito acabou na quinta-feira (30), e os condutores só podem trafegar pelas duas ruas no sentido shopping, bairros Santa Edwiges e Caititus, à Praça Lions, no bairro Brasília. Aqueles que desrespeitarem a nova sinalização serão autuados pela SMTT.

Trabalhos educativos De volta ao trabalho na sede do órgão de Transportes e Trânsito, o superintendente Ricardo Teófilo solicitou ao diretor de Fiscalização, Marcos Pepeu, o acompanhamento dos trabalhos educativos pelos agentes de trânsito.

Na manhã desta terça-feira, 28, a prefeita Pauline Pereira, juntamente com a secretária de Estado de Infraestrutura, Aparecida Machado, visitou as obras das 99 casas que estão em fase final de construção no Bairro Osmar da Cunha Lima na cidade de Campo Alegre. Essa foi a segunda visita da secretária de Estado às obras das casas que compõe o Conjunto Habitacional Eduardo José dos Santos.

Não foi marcada A data da entrega das novas unidades ainda não foi oficialmente marcada, mas, de acordo com a secretária Aparecida Machado, a inauguração das casas deve acontecer em setembro próximo. A secretária garantiu, ainda, que todas as casas serão entregues com piso e azulejo nas áreas molhadas, como banheiros e área de serviço.

Uma boa atitude O deputado estadual Dudu Hollanda (PSD) está internado em São Paulo, desde esta quarta-feira, para tratamento, em uma clínica para dependentes químicos. Ele foi levado em um voo fretado, depois que seguranças do governo estadual o renderam ao sair do restaurante Takê, na Ponta Verde, em Maceió. Cícero Cavalcante (PMDB) irá assumir a vaga na Assembleia Legislativa. A julgar pelas denúncias envolvendo esse deputado que Deus tenha piedade de nós, alagoanos.

Corpo no Perucaba

Um corpo foi encontrado, nesta terça-feira, boiando no Lago da Perucaba. O homem teria atacado uma família que pescava no lago e depois pulado na água. A vítima ainda não foi identificada.

Novo goleiro

O time do ASA apresentou nesta terça o goleiro Nunes, que firmou contrato com o clube até o final do mês de novembro. O técnico Vica pediu à diretoria a contratação de mais um centroavante, para a sequencia da Série C, o que vai depender da realidade financeira do clube.

Duplicação da AL-110 A Secretaria de Estado de Transportes começa, no dia 10 de agosto, as obras de duplicação e melhorias da AL-110, no perímetro urbano de Arapiraca. As obras serão feitas em duas etapas; passarelas, viaduto e outras intervenções também fazem parte do projeto.

PELO INTERIOR ... Como parte dos trabalhos de elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) de Arapiraca, será realizada nesta segunda-feira (3) a terceira reunião com os gestores e técnicos do plano. ... O encontro ocorrerá a partir das 9h, na sala de reuniões do Centro Administrativo Antônio Rocha, no bairro Santa Edwiges. ... De acordo com o coordenador do PMSB de Arapiraca, Alysson Torres, na pauta serão debatidas propostas acerca do diagnóstico da situação da prestação dos serviços de saneamento básico e seus impactos nas condições de vida e no meio ambiente natural. ... Além disso, faz parte da reunião a carac-terização institucional da prestação dos serviços e capacidade econômico-financeira e de endividamento do município. ... O Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) de Arapiraca tem como bases fundamentais a Lei Federal no 11.445/2007, e o Plano Nacional de Saneamento Básico –PLANSAB, principais marcos de orientação para o desenvolvimento da política pública de saneamento básico. ... Neste sábado (1º), o palco do auditório da Casa da Cultura de Arapiraca receberá uma seletiva de atores e ensaios pelo projeto “Arte & Terapia”. ... O evento é aberto ao público interessado e ocorrerá a partir das 14h30. Na oportunidade, será colocado em questão o andamento do espetáculo “A Luz das Ruas”. ... Haverá, ainda, ensaio de coreografias criadas por Jhefferson Douglas, com dicas levadas por ele do coreógrafo do Michael Jackson e Beyoncé, Lavelle Smith Jr. ... Neste “Arte & Terapia Pela Paz”, mensagens de esperança por meio da arte são compartilhadas com o público, após de o projeto passar um ano e meio parado – a última apresentação teve como tema a violência contra a mulher, no evento Palco Aberto. ... Na quarta-feira (29), o presidente da Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA), Bruno Euclides, foi eleito como representante dos times do Campeonato Brasileiro da Série C na Comissão Nacional de Clubes. ... A reunião aconteceu na sede da Confede-ração Brasileira de Futebol (CBF), no Estado do Rio de Janeiro, e contou com a presença dos presidentes e representantes dos clubes participantes da Série C. ... Aos leitores da coluna desejamos um excelente final de semana com muita paz e saúde. Até a próxima edição. Fui!!!!


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REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

NO PAÍSdasALAGOAS TEMÓTEO CORREIA - Ex-deputado estadual

De olho Seu salário não aumenta, os preços sobem constantemente. Tem que mudar os hábitos de consumo. Primeiro: pesquisar preços à exaustão, só comprando mesmo o essencial, trocar de marcas e reduzir o consumo de energia, água, gás, telefone, combustível. E mais: reduzir o lazer, almoçar em restaurantes nos fins de semana, por exemplo. Esse setor é o que vem aumentando constantemente de preços devido à alta nos preços da carne, massas, etc., principalmente os produtos importados, comprados em dólar.

O dia a dia

“Na ponta do lápis”

D

esde janeiro, venho alertando o leitor da necessidade de pesquisar preços. O orçamento doméstico foi elaborado, para ser “fechado” a cada final de mês, sempre com o objetivo de minimizar os custos e aumentar os lucros (gastar o mínimo possível e poupar o que sobra). As empresas fazem assim, e é como qualquer consumidor deve fazer. Menos o governo, que continua gastando muito mais do que arrecada. O resultado está aí, a “olhos vistos”, com a inflação crescendo, os juros mais ainda, a inadimplência do consumidor e, claro, a queda na produção nacional e desemprego. A pura recessão! A chamada Taxa Selic (entre bancos) passou dos 14% ao ano. Mas isso só funciona entre os bancos, que, aos poucos, vão repassando para o consumidor, exageradamente, ou seja, através dos juros do cartão de crédito parcelado e do cheque especial. São de 19% ao mês. Um absurdo que leva qualquer consumidor ao fundo do poço, sem condições de sair, pois jamais terá condições de quitar a dívida total. O dólar vem subindo e pode chegar aos R$ 4,00 no final do ano. A economia dos Estados Unidos cresce e se recupera da crise de 2008, enquanto a do Brasil despenca. O que fazer?!

As despesas fixas do mês devem ser pagas rigorosamente em dia, evitando juros e multas. Mas os alimentos do dia a dia (alimentos perecíveis, por exemplo), que são hortifrutigranjeiros, podem ser comprados em feira livre, onde se pode pechinchar com o próprio vendedor e conseguir uma boa economia. Raízes, como inhame, batata, macaxeira, são muito mais saudáveis do que as massas (pão, bolachas), que têm como matéria-prima o trigo importado. Mude seus hábitos de consumo, levando em conta a economia que fará, além, é claro, do valor nutritivo dos produtos naturais.

Esqueça a marca A dica não é só para alimentos, material de limpeza e higiene. Serve também para roupas, por exemplo. É um item de consumo que diferencia muito de preços, dependendo da marca. Uma calça jeans de grife famosa, importada dos EUA, tem um preço infinitamente superior ao de uma brasileira. Opte pela nossa. Mas também pela fabricada na China, Índia e outros países asiáticos, que chegam aqui com preços baixos.

A anosmia de João Caldas

O

ex-deputado federal João Caldas, em tempos idos, fora prefeito de sua cidade natal, Ibateguara-AL. Certo dia, recebeu em audiência o vereador José Araújo da Silva, que lhe fez uma petição, em tom de desagrado: - João Caldas, o povo está me impressionando muito e estou andando muito neuvoso. - O que é que está acontecendo, Zé Araújo?! - Aquela bueira que fica perto da casa do sinhô está soltando um grande mau hálito. Não sei como o senhor respira aquele peufume! Os pobrezinhos passam até de venta tapada, capaz de um vômito. Caldas se irritou. - Olhe, Zé Araújo, não venha aqui com essa conversa pisadi-nha pra mim, não, viu! O mau hálito está, agora, nesta sala. - Taí, João Caldas, não tô sentindo nenhum peufume aqui. - Vá, vá embora com o seu peufume, seu mau hálito e as suas bueiras. - Me adesculpe, mas a sua família tem um estambo de vestruz! Os pobrezinhos que passa ali não guenta, não! Tenha caridade, João! - Vá, Zé, vá! Falou Caldas, já agastado. - Eu vou. Agora, no tempo da eleição, venha pedir voto com o mau hálito da sua bueirinha, viu!


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CORRUPÇÃO PETISTA

Gastos do cartão corporativo de Rosemary Noronha serão revelados STJ deve autorizar acesso às despesas da amante de Lula feitas com dinheiro público CARLOS NEWTON tribunadainternet

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stá chegando ao final um dos maiores mistérios da República. Os autos do Mandado de Segurança 20895, impetrado pelo repórter Thiago Herdy e por O Globo já estão conclusos desde 27 de março, na mesa do ministro Napoleão Nunes Maia Filho, do Superior Tribunal de Justiça, para que mande cumprir o acórdão da 1ª Seção da corte, que autorizou o acesso aos dados do cartão corporativo do governo federal usado pela ex-chefe da representação da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha. O tribunal acolheu pedido feito pela rede de jornais Infoglobo e pelo jornalista Thiago Herdy Lana para terem acesso aos gastos, com as discriminações de tipo, data, valor das transações e CNPJ/razão social. TÓRRIDA PAIXÃO Como se sabe, desde a década de 1990, quando se conheceram no Sindicato dos Bancários de São Paulo, numa reunião conduzida pelo dirigente sindical João Vaccari Neto, Rosemary era concubina do então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2003, ao assumir o poder, Lula trouxe a companheira para perto de si, nomeando-a para o importante cargo de chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo. E o romance prosseguiu, com o presidente

usufruindo da companhia de Rose em 32 viagens internacionais que tiveram a ausência da primeira-dama. Tudo continua bem, até que novembro de 2012, já no governo Dilma Rousseff, Rose acabou envolvida na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que investigou venda de pareceres técnicos para liberação de obras favorecendo empresas privadas, foi imediatamente demitida e está respondendo a processo. DILMA USOU ROSE Desde 2013, já rolava na Justiça o mandado de segurança apresentado pelo repórter Thiago Herdy e pelo O Globo para quebrar o sigilo dos gastos do cartão de Rose, sob argumento de que o acesso a documentos administrativos tem status de direito fundamental, consagrado na Constituição Federal e em legislação infraconstitucional. Em 2014, quando cresceu no PT o movimento “Volta, Lula”, para que o ex-presidente Lula fosse candidato, Dilma Rousseff resistiu e não quis abrir mão da candidatura. Lula insistiu e ela então lançou sobre a mesa a cartada decisiva, ameaçando divulgar os absurdos gastos de Rose no cartão corporativo da Presidência, que se tornariam um escândalo capaz de destruir a campanha eleitoral do PT, Lula foi obrigado a recuar. DIREITO LÍQUIDO E CERTO Para o relator do caso no STJ, ministro Napoleão Nu-

da pela secular sabedoria do povo, segundo a qual é melhor prevenir do que remediar”, concluiu o ministro, que vai mandar cumprir a sentença do STJ.

Rosemary Noronha é amiga de Lula desde a década de 1990

nes Maia Filho, a recusa de fornecer os documentos e as informações a respeito dos gastos efetuados com o cartão corporativo, com o detalhamento solicitado, constitui violação ilegal do direito líquido e certo da empresa e do jornalista de terem acesso à informação de interesse coletivo, assegurado pela Constituição e regulamentado pela Lei 12.527/11 (Lei de Acesso à Informação). “Inexiste justificativa para manter em sigilo as informa-

ções solicitadas, pois não se evidencia que a publicidade de tais questões atente contra a segurança do presidente e vice-presidente da República ou de suas famílias, e nem isso ficou evidenciado nas informações da Secretaria de Comunicação”, afirmou em seu parecer. “A divulgação dessas informações seguramente contribui para evitar episódios lesivos e prejudicantes; também nessa matéria tem aplicação a parêmia consagra-

O PT VAI ÀS COMPRAS Segundo o jornalista Cláudio Humberto, do site Diário do Poder, nos governos petistas de Lula e Dilma, de 2003 a 2015, os gastos com cartões corporativos já somaram R$ 615 milhões, o que significa mais de R$ 51 milhões por ano, enquanto em 2002, último ano do governo FHC, a conta dos cartões foi de R$ 3 milhões. Cerca de 95% dessas despesas são “secretas”, por decisão do então presidente Lula, que alegou “segurança do Estado”, após o escândalo de ministros usando essa forma de pagamento em gastos extravagantes, como pagar tapiocas, resorts de luxo, jantares, cabelereira, aluguel de carro, etc. Humberto diz que a anarquia chegou ao ponto de um alto funcionário do Ministério das Comunicações quitar duas mesas de sinuca usando o cartão, enquanto em São Bernardo, seguranças da família do então presidente Lula pagavam equipamentos de musculação com cartão corporativo e compraram R$ 55 mil em material de construção para a filha dele, Lurian. Quando o sigilo for quebrado, esta nação vai estremecer. Será divertido, podem esperar.


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