Edicao844

Page 1

R$

3

0 0 ,

e xtra www.novoextra.com.br

MACEIÓ - ALAGOAS

ANO XVI - Nº 844 - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

FALÊNCIA DE JOÃO LYRA ABRE GUERRA FAMILIAR E BRIGA DE GRUPOS PELA MASSA FALIDA ESTÁ EM JOGO UM PATRIMÔNIO DE R$ 2 BILHÕES E UMA FORTUNA PESSOAL DE R$ 300 MILHÕES

NO MEIO DESSA GUERRA ESTÃO MAIS DE 10 MIL TRABALHADORES DESEMPREGADOS E CENTENAS DE CREDORES P/11 Lourdinha Lyra luta na justiça para ser curadora dos bens do pai enquanto João Daniel tenta se manter no cargo de síndico da massa falida

REFORMA DA PREVIDÊNCIA ESTADUAL PODE PARAR NO STF

Estado quer recursos de fundo para quitar folha de seus servidores P/10

EX-PREFEITO CHICO VIGÁRIO É DENUNCIADO POR DESVIO DE R$ 2 MILHÕES EM ATALAIA P/7 ALAGOANO CHEFE DA QUADRILHA DE CONCURSO ESTÁ FORAGIDO P/8

PACIENTES ALAGOANOS DISPUTAM DIREITO À PÍLULA CONTRA O CÂNCER P/12


2 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

COLUNASURURU

Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados (Millôr Fernandes)

DA REDAÇÃO

Entre amigos

Vara de Família

D

ecidido a cobrar cada centavo devido ao Estado, o secretário da Fazenda, George Santoro, deveria rever o acordo de cavalheiro feito no apagar das luzes do governo Téo Vilela, que beneficiou o usineiro Nivaldo Jatobá. De uma só canetada, o ex-secretário Maurício Toledo, também usineiro, extinguiu uma dívida de R$ 70 milhões em ICMS devida por Nivaldo Jatobá aos cofres públicos. Apesar da ação do Sindifisco para anular a negociata milionária, até agora nada foi feito nesse sentido.

Pelo visto, os herdeiros de João Lyra não confiam nos advogados alagoanos. Na ação em que pedem a interdição judicial do pai, contrataram o famoso escritório Pacheco di Francesco, de São Paulo, especializado em Direito de Família e Sucessões.

Novela sem fim

A empresária Lourdinha Lyra e os demais irmãos explicam que a ação judicial em que pedem a interdição de João Lyra foi inspirada no amor devotado pelos filhos ao pai. Vale lembrar que, no início deste ano, Lourdinha e o marido João Toledo armaram o maior barraco na mansão do usineiro. A briga por herança teve até pancadaria e ameaça de morte e só terminou na delegacia de polícia.

Nome imperial Outra curiosidade observada na ação judicial de interdição de João Lyra é o sobrenome pomposo usado pela bela Thereza Collor. A filha caçula de João Lyra agora assina Maria Thereza Pereira de Lyra Collor de Mello Halbreich. Para os íntimos, simplesmente Têca.

Doações milionárias A possível interdição de João Lyra abrirá caminho para os herdeiros do usineiro entraram com ação judicial para retomar os imóveis doados por JL à ex-esposa Carmosina. As doações podem passar de R$ 10 milhões.

Carões de Collor

- O projeto de lei enviado à Assembleia pelo governador Renan Filho, que altera, mais uma vez, a AL Previdência, está provocando polêmica. O Executivo quer abocanhar, outra vez, os recursos que constituem o Fundo Previdenciário destinado ao pagamento das futuras aposentadorias dos servidores públicos estaduais.

O Supremo Tribunal Federal devolveu ao senador Fernando Collor seus carros de luxo apreendidos pela PF. Collor pediu ao STF para guardar em sua posse os veículos porque são automóveis de luxo que demandam cuidados especiais.

1

São Luiz de Quitunde

2

- Em 2009, no Governo Téo Vilela, o Executivo levou para o tesouro estadual R$ 190 milhões, usados para pagar a folha do 13º daquele ano dos servidores do Estado. Devolveu, algum tempo depois, apenas R$ 120 milhões fruto de um empréstimo junto ao Banco Mundial.

Pelo andar da carruagem, o processo de falência do Grupo João Lyra deve se prolongar por tempo indefinido. E mais grave: ao que parece os 10 mil trabalhadores demitidos e demais credores da massa falida ficarão chupando dedo.

Querido papai...

Projeto polêmico

Ficha-limpa No mar de corrupção em que o país naufraga, o prefeito Rui Palmeira se consolida como gestor competente e honesto. Coisa rara no Brasil de hoje...

Comenda Suruagy O Poder Legislativo instituiu a Comenda Divaldo Suruagy para homenagear alagoanos que se destaquem em prol do desenvolvimento do Estado. De autoria do deputado Marcos Barbosa, a distinção honorífica foi aprovada por unanimidade e faz jus a um dos maiores políticos que Alagoas já teve.

Lual no Maré Cantado por Martinho da Vila, o bar O Maré, no Pontal da Barra, em Maceió, será palco neste sábado, 24, de mais um lual. Para os amantes apaixonados que querem apreciar a lua mais de perto, às margens da Lagoa Mundaú, é uma boa pedida. O encontro acontece a partir das 22 horas e prossegue até os primeiros raios de sol. A animação ficará por conta de Alan Bastos e da Banda Tramela. Sandra Custódio, proprietária do bar, espera a todos de braços abertos.

3

Disputa em PJ Se as eleições fossem hoje ficaria difícil saber em quem votar para governar o município de Paulo Jacinto. Muitos postulantes ao cargo surgem a cada dia e a lista tende a aumentar. Especulações dão conta de que o neto do usineiro Nivaldo Jatobá, o desconhecido Rafael Jatobá, o ex-deputado João Neto, o ex-prefeito Marcos Lisboa, o vereador Fabrício Faustino e o ex-secretário de cultura Paulo Vasconcelos são alguns dos nomes na disputa. Quem dá mais...

- Agora, Renan Filho quer levar esses R$ 120 milhões com as devidas correções para o Tesouro Estadual. O Conselho Deliberativo do órgão já se posicionou contra a medida, e se-gundo seu presidente, juiz Paulo Zacarias, recorrerá à justiça caso o projeto de lei seja aprovado pela Assembleia. Dessa forma, não há fundo de previdência que se sustente sendo sangrado toda vez que o governo precisa fazer caixa.

4

A população de São Luiz do Quitunde espera que o afastamento do prefeito Eraldo Pedro retome à pauta do Tribunal de Justiça na próxima terça-feira. A situação do município é insuportável. Os cofres públicos estão sendo saqueados sem cerimônia.

Corrupção

- Um ponto positivo, porém, contido no projeto de lei, é o que transforma a AL Previdência em autarquia estadual, substituindo uma organização de serviço social criada no Governo Vilela, de caráter privado – uma verdadeira anomalia no serviço público.

Após ação por ato de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público Estadual de Alagoas, o Juízo da comarca de União dos Palmares afastou do cargo, em caráter liminar, o prefeito Carlos Alberto Borba de Barros Baía, mais conhecido como “Beto Baía”, e o atual secretário municipal de Educação, Adelino Ângelo da Silva.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REPORTAGEM: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

ARTE Fábio Alberto - 9351.9882 REDAÇÃO - DISK DENÚNCIA 3317.7248 - 9.9982.0322

FAX - 3317.7245 IMPRESSO - Jornal do Commercio E-mail: contato@novoextra.com.br

Vieira & Gonzalez As colunas e artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste jornal


extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 -

3

JORGEOLIVEIRA arapiraca@yahoo.com

Siga-me: @jorgearapiraca

CPI da Petrobras na latrina Rio - A CPI da Petrobras produziu muito papel, muito papel mesmo. Mas, infelizmente, nem para papel higiênico esses relatórios vão servir pela sua gramatura. Depois de consumir milhões de reais com passagens, assessorias e gastar um tempo precioso de oitenta dias com depoimentos, intimações e envolver uma grande equipe de apoio para os trabalhos, a comissão encerrou seus trabalhos sem respeitar os contribuintes. Considerou-os uns trouxas, tolos, idiotas e alienados. Criada para apurar o roubo na Petrobras, a CPI acabou sem apontar os larápios da estatal. Nem mesmo, imagine, o ex-presidente José Sergio Gabrielli foi citado no relatório como um dos culpados pelos danos causados aos cofres da empresa pela compra da refinaria de Pasadena que causou um prejuízo de 1 bilhão de dólares à Petrobras, responsabilidade que ele jogou nas costas da Dilma. A CPI, porém, prestou um serviço involuntário importante ao Brasil. Serviu para desmascarar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Blindado pelos parlamentares que ele escolheu para compor a comissão, Cunha apresentou-se ao colegiado espontaneamente para mentir. Disse, com todas as letras, que não tinha contas no exterior. E que toda sua movimentação financeira no Brasil era do conhecimento da Receita Federal. A boçalidade, arrogância e a prepotência do presidente, que até então se achava um absolutista, derretem-se agora quando se prova que ele é um dos principais beneficiados do roubo das empresas públicas, principalmente da Petrobras. E no Congresso roubar pode, mentir não. O deputado Cunha provou do próprio veneno ao se apresentar à CPI para depor. Como tinha nas mãos os subservientes deputados que compunham a comissão não foi interrogado por nenhum deles. Falou o que quis e deixou o local empavonado, crente que tinha convencido a plateia da sua inocência. Esqueceu-se que em Curitiba, o juiz Sergio Moro montava o quebra-cabeça do assalto à Petrobras. Mantinha sob a sua guarda os principais personagens de um dos maiores crimes ao patrimônio brasileiro. Um deles não quis se submeter mais ao rigor das leis do magistrado e depois da primeira condenação resolveu abrir o bico. Fernando Baiano decidiu confrontar seu parceiro na divisão do bolo das propinas da Petrobras e entregou Eduardo Cunha & família, identificando a conta dele no exterior. Cunha, entretanto, não perde a pose. Continua insistindo que o dinheiro não é dele, mesmo confrontado com provas irrefutáveis como as suas assinaturas nas contas e os passaportes dele, da mulher e da filha como documentos comprobatórios da abertura das contas. Acha – e está convencido disso – que os seus problemas serão resolvidos politicamente dentro da Câmara dos Deputados. Confia nos parlamentares a quem presta serviço como se fosse um ingênuo político, calouro de primeiro mandato. Esquece que na Casa que dirige nenhum daqueles parlamentares ao seu lado têm tendência a suicida. Quando o carrasco enfiar a corda no pescoço dele no cadafalso, muitos dos que Cunha acha que são seus amigos vão ajudar a apertar o nó para se verem livres do parceiro incômodo.

Sangrando Não adianta; Eduardo Cunha vai sangrar até a cassação. Seu problema maior é com a Justiça. E como ele não goza de boa reputação nos tribunais superiores, mais cedo ou mais tarde vai sentar no banco dos réus. E aí começa o seu martírio, a exemplo dos tesoureiros do PT e de outros parlamentares condenados no mensalão e na Lava Jato, como Zé Dirceu, o mais notório de todos eles. Diante disso é aconselhável que Eduardo Cunha gaste suas energias para os desdobramentos dos seus processos na Justiça, pois dentro da Câmara dos Deputados ele não vale mais um tostão furado.

Bate-boca

Mas até lá ainda vai bater boca com a Dilma para saber quem é o principal responsável pela maior escândalo de corrupção da história do Brasil. Na verdade, é o sujo falando do mal lavado.

Justiça leniente

Do jeito que a corrupção se generaliza no país, não seria surpresa se o próximo alvo dos gangsteres petistas fosse o próprio juiz Sergio Moro que, com valentia e coragem cívica, começou a desbaratar a maior quadrilha de larápios já montada no Brasil. É o preço que ele certamente vai pagar por ser um profissional correto e probo em um país onde a honestidade virou exceção e não regra.

Ajudinha

Veja como o STF agiu até agora: fatiou o processo da Lava Jato, impediu a Câmara de tramitar o impeachment da Dilma, mandou soltar Alexandrino Alencar, da Odebrecht, e o ex-vereador petista Alexandre Romano, intermediário das maracutaias da senadora Gleise Hoffmann, e proibiu os “jabutis” nas medidas provisórias, numa clara interferência nos trabalhos do parlamento. Tudo isso está ocorrendo depois que o Lula assumiu de fato a administração do governo e transformou a Dilma em sua auxiliar, proibindo-a, inclusive, de falar besteira nas solenidades para não imitá-lo.

Marcelo sai?

Anote: o próximo a sair da cadeia é o Marcelo Odebrecht, o homem de 13 bilhões de reais. O STJ até agora rejeitou os pedidos de habeas-corpus para soltá-lo mas não vai resistir por muito tempo. Assim, todos os empregados da empreiteira com envolvimento nas maracutaias vão, aos poucos, deixando a cadeia se o juiz Sergio Moro não os condenar antes pela fartura de provas de que já dispõe.

Criminosos A liberdade desses criminosos prejudica as investigações pelas informações preciosas que eles detém em relação ao roubo na Petrobras e outras estatais. O STF, que até então mantinha-se neutro em relação às investigações, resolveu melar tudo. Veja: o próprio Ministério Público criticou o habeas corpus que o tribunal concedeu ao Alexandrino Alencar, sócio do Lula nas viagens ao exterior (pelo menos seis), um dos homens da Odebrecht com mais informações sobre o envolvimento do ex-presidente nos empréstimos do BNDES ao exterior.

Acordo

Lula está tão sujo pela corrupção que não sabe distinguir mais o certo do errado. Fez um acordo espúrio com Eduardo Cunha, dono, com a sua mulher, de uma fortuna na Suíça, para evitar o andamento do impeachment de sua auxiliar. Convocou parlamentares para uma reunião em um hotel de Brasília (um parênteses: lembra que Al Capone tinha como sede da sua organização criminosa um hotel em Chicago?). Lá, decretou que dali por diante a bancada teria que apoiar o Cunha, contrariando outros 34 deputados (a bancada tem 64) que não foram ao encontro. Assim, enquanto a sua auxiliar for ameaçada pelo Eduardo Cunha, os petistas cooptados por ele vão proteger os milhões de dólares roubados da Petrobras e depositados na conta conjunta do presidente da Câmara.

Felicidade

Lula está feliz da vida depois que conquistou o ex-presidente do STF, Nelson Jobim. Ele agora assumiu a posição de conselheiro do ex-presidente, lugar antes ocupado por Thomaz Bastos, o advogado que mais defendeu criminosos de colarinho branco no país. Jobim é um advogado hábil, articulado em todas as áreas: na política, como ex-deputado, e na justiça como ex-presidente da Corte. Conhece as manhas do ministros e do próprio tribunal. Portanto, certamente não será difícil para ele soltar, por exemplo, seu principal cliente Marcelo Odebrecht que já demonstrou muita esperança em deixar o xadrez sem confessar o seu envolvimento e das suas empresas no assalto aos cofres públicos.

Quem manda

E para mostrar quem de fato manda no país, Lula afastou Dilma das decisões de governo e rearrumou a casa. Pôs seus amigos fiéis em postos chaves nos ministérios e mandou um recado aos adversários: “Agora quem manda aqui sou eu. Quem duvidar pague pra ver”. Exigiu que a Dilma só falasse por escrito e ela, obediente, já largou na frente pra falar da própria honestidade. Esqueceu que assinou a compra da refinaria de Pasadena (l bilhão de dólares de prejuízo à Petrobras), recebeu 15 milhões roubados da Petrobras para sua campanha de dois lobistas e nomeou, em parceria com Lula, todos os diretores ladrões da estatal. Além disso, é responsável pela roubalheira porque é conivente com a quadrilha que se instalou no país sob o seu comando. Coitado do país onde um presidente precisa gritar aos ventos que é honesto, antes de parecer honesto.


4 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

GABRIELMOUSINHO gabrielmousinho@bol.com.br

Tempo perdido

O

governo pensa em enviar secretários para se reunir com deputados no sentido de discutir o projeto que reestrutura o AL Previdência. Parece, neste momento, perda de tempo dos secretários, que deveriam fazer outras coisas em benefício da população. Todo mundo sabe, e os deputados também, que qualquer matéria do governo é aprovada sem maiores problemas, como foi o aumento cavalar de impostos proposto pelo governador Renan Filho. Se os impostos passaram em tempo recorde sem maiores problemas, imaginem um simples projeto do AL Previdência, que vem dando um pouco de dor de cabeça ao governo. Não percam tempo, senhores secretários. Deixem como está. Na primeira sessão, (ou alguém duvida?), a matéria será aprovada como quer o governador do Estado, que manobra como quer a sua bancada na Assembleia Le-gislativa. Os parlamentares, mesmo antes de discutirem o óbvio, sabem que os R$ 120 milhões que sairão dos cofres do AL Previdência serão utilizados no pagamento de benefícios e salários. Melhor justificativa? Claro que não existe. Deixem pra lá essa onda que só faz aborrecer a população. A aprovação pela Assembleia é fato consumado. Ou não?

Secretário bem de vida Se todas as informações recebidas pelo EXTRA forem realmente comprovadas, o secretário George Santoro daqui a pouco entrará na história como o servidor que mais fatura na administração pública. Estaria recebendo como secretário, como funcionário do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro e ainda por cima gordos jetons nos Conselhos em que participa na administração estadual.

Coincidência O presidente a Assembleia Legislativa, Luiz Dantas, do PMDB, deve retornar às atividades parlamentares nos próximos dias, depois de ser submetido à intervenção cirúrgica no Hospital 9 de Julho, em São Paulo. O mesmo hospital que fez uma doação robusta de R$ 2 milhões para a campanha do governador Renan Filho.

Sem explicação Tem situação política que não tem muita explicação. Por exemplo: a Amil, Assistência Médica Internacional, fez uma doação para o PMDB de Alagoas antes das eleições de 2014, de 1 milhão e 500 mil reais. No dia 29 de setembro do ano passado, a Amil mandou mais 400 mil reais para a direção nacional do PMDB, que depois repassou a mesma quantia para a instituição, em Alagoas. Ninguém sabe porque esta generosidade da Amil, desconhecida da maioria dos alagoanos.

Impugnações Ontem, a chapa Advogados por uma nova Ordem, representada pelo advogado Fernando Falcão, entrou com duas impugnações contra as chapas adversárias por estarem utilizando indevidamente a expressão OAB, privativa da Ordem dos Advogados do Brasil. As impugnações foram encaminhadas para a Comissão Eleitoral, que deve remeter as representações para o Conselho Federal da OAB.

Delação premiada

Sem futuro

Já a UTC, de Ricardo Pessoa, que está mergulhada até o pescoço na Operação Lava Jato, também fez muitas doações generosas para a campanha para o governo no ano passado. Enquanto o candidato Biu de Lira recebeu oficialmente R$ 400 mil, Renan Filho abocanhou R$ 1 milhão e 500 mil, divididos em R$ 400 mil e 788, R$ 69 mil e 212 e R$ 500 mil. Números que batem na delação do Fernando Baiano. Se a doação ao Biu foi ilegal, mesmo tendo sido declarada à Justiça Eleitoral, a de Renan também foi.

Aumentar o número de vagas na Câmara de Maceió para as próximas eleições não é o pensamento dos atuais vereadores. Se o projeto for apreciado em plenário o resultado será negativo.

Ninguém sabe de nada Depois que o lobista Fernando Baiano resolveu abrir o bico na Operação Lava Jato, velhos companheiros agora dizem que nunca o viram. Na delação, Baiano arrasta, além de Renan Calheiros, o líder do governo Delcídio Amaral. Todos negam.

Outra linha O governador Renan Filho não parece nada com o seu pai, o senador Renan Calheiros. Mostra-se independente, não gosta que alguém dê opinião nas suas decisões e pouco se importa do que possam achar. Diferente do pai, um eterno conciliador, Renan Filho procura uma carreira solo desvinculada da presença do senador. Autoritário, vai direto ao assunto com seus auxiliares e tem promovido ao longo desses dez meses de mandato alguns constrangimentos com sua equipe de trabalho. Um jeito diferente de fazer política.

Otimismo Marco Fireman, o novo presidente da CBTU, está otimista com relação a investimentos no setor ferroviário, principalmente em Alagoas, mesmo com as dificuldades financeiras que estão sendo enfrentadas pelo país. Fireman, em poucos dias, demonstrou profundo conhecimento da realidade da CBTU em todas as unidades e assegurou que na sua gestão tudo fará pela mobilidade urbana.

Presente

Perdendo terreno Se as pesquisas forem mesmo confirmadas, a prefeita Célia Rocha, de Arapiraca, termina o mandato no próximo ano. Candidatos de oposição sobem na cotação do eleitorado arapiraquense, que projeta para substituir Célia ou o deputado Tarcísio Freire ou o empresário Adoniran Guerra.

Faltam médicos 1

O prefeito Rui Palmeira tem mantido um ritmo de trabalho contínuo, permanente, principalmente com pequenas e médias obras na periferia de Maceió. Depois de um inverno duro, a prefeitura voltou com carga total para acabar com a buraqueira nas principais vias da cidade.

Pra valer? Ninguém sabe até quando o ponto eletrônico anunciado pelo presidente da Câmara, Kelmann Vieira, vai funcionar. Nem também sabe se o atual prédio da administração vai poder abrigar os 250 servidores. Medida dura, do ponto de vista de que na Câmara só ia quem quisesse. Kelmann vai ter que aguentar a pressão de muitos funcionários.

Quem tem plano de saúde e paga os o-lhos da cara, tem encontrado dificuldades até para marcar uma consulta. Quando consegue é para dois, três, quatro meses e até mais, contrariando as normas da Agência Nacional de Saúde. Os médicos alegam ganhar muito pouco por procedimentos e estão optando por deixar os planos. O usuário que se lasque.

Só aqui

Faltam médicos 2

Quem será mesmo indicado pelo gover-nador Renan Filho para a vaga de Luiz Eustáquio Toledo no Tribunal de Contas do Estado?

Outros profissionais, mesmo nos planos de saúde, cobram por fora para realizar um parto cesariana, a não ser que estejam de plantão naquele momento. Pode parecer correto, mas não é. Se a parturiente quiser a presença do profissional no hospital sem ser seu dia de plantão, vai pagar de R$ 2 mil e 500 a R$ 3 mil. Sem direito a recibo para o Imposto de Renda.

Sinal de alerta Muitos vereadores de Maceió já demons-tram preocupação com um time da pesada que faz parte do governo de Rui Palmeira, com a disputa pela reeleição. Pelo andar da carruagem muitos dos atuais auxiliares de Palmeira irão disputar uma vaga na Câmara Municipal. Os bastidores políticos começam a ferver.

De um observador político sobre as picuinhas nas Alagoas: ´´Numa terra onde Fernando CPI é autoridade, só mesmo se mudando para a Síria, com passagem de ida´´.

Perguntar não ofende

Saindo faíscas

A disputa pela presidência da OAB entra na sua fase mais tensa. A partir de agora, é o salve-se quem puder. Os candidatos entraram no corpo a corpo da campanha e impugnações estão na ordem do dia.

Lançamento O candidato Fernando Falcão, que lidera um bloco de oposição à atual diretoria da OAB, lança oficialmente sua candidatura nesse sábado, reunindo advogados no restaurante Maikai. Esta semana, a exemplo de outros candidatos, visitou a Justiça do Trabalho, o Forum do Barro Duro e comarcas no interior.


extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 -

5

ELEIÇÕES 2016

Renan Filho desperta força do Chapão e desafia Rui Palmeira

Já prefeito de Maceió vai às ruas e tenta viabilizar VLT; PMDB quer nomes de peso contra reeleição de Rui ODILON RIOS Especial para o EXTRA

Os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Fernando Collor (PTB) articulam o despertar do Chapão ou do Frentão - como preferem os mais moderados. Mas, o estilo será outro. O governador Renan Filho (PMDB), ao invés de ser trabalhado para virar liderança política no Nordeste, vai assumir uma tarefa mais doméstica: comandar, ele mesmo, as costuras eleitorais tanto em Arapiraca quanto em Maceió. E o novo Chapão marcou sua data de renascimento. Foi no dia 19 de outubro (na última segunda-feira), no lançamento de um mega plano de saneamento em Alagoas, que promete dobrar a captação, o bombeamento e o transbordo do esgoto. E para mostrar o tamanho do seu taco, Renan Filho apresentou os candidatos a prefeito de Maceió para enfrentar o atual prefeito Rui Palmeira (PSDB) nas urnas: os deputados federais Ronaldo Lessa (PDT), Marx Beltrão (PMDB); o secretário de Infraestrutura, Mosart Amaral (PMDB); e o presidente da Câmara, Kelman Vieira (PMDB). Beltrão é considerado coringa. Pela importância em capitanear votos e agregar partidos (manda em sete),

deve sair candidato mesmo ao Senado em 2018. TODOS, MENOS RUI Foi um evento grande e com nomes de peso. Estavam lá o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas, maior liderança política do sertão via PMDB; o presidente da Associação dos Municípios Alagoanos, Marcelo Beltrão, elo dos Calheiros em todas as regiões alagoanas; o procurador-Geral de Justiça, Sérgio Jucá; e representantes do Ministério Público Federal. Não por acaso, o prefeito de Maceió, Rui Palmeira não apareceu. Ele sabia que o evento de Renan funcionaria como declaração de apoio público ao PMDB. Habilidoso, pediu ao vice-prefeito Marcelo Palmeira (PP) que o representasse na empreitada. Mas o PP do senador Benedito de Lira (PP) está com Rui. E Biu não perdeu tempo. No mesmo dia 19, fez questão de trazer o presidente nacional da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), o alagoano Marco Fireman, a Maceió para traçar os detalhes do funcionamento do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) agora em novo trecho: entre os bairros do Cen-

tro e Jatiúca. Primeiro, a linha que atravessa o bairro de Jaraguá será reativada, assim como as estações de passageiros. O prefeito Rui vai assumir, pessoalmente, a paternidade maceioense da obra; em Brasília, o DNA terá o nome de Biu. Na saúde, a principal pasta social da prefeitura, está o exdeputado federal José Thomáz Nonô, que mantém constantes contatos com os vereadores de Maceió e tenta remodelar os postos de saúde na capital. ACORDO PALACIANO Tudo parece de comum acordo no lado do Palácio República dos Palmares. Mas, existe uma clara divisão entre os dois Renans. O presidente do Senado, por exemplo, estava em Alagoas, no mesmo dia do lançamento do plano de esgotamento, só que na sede do PMDB, onde participava de mais uma eleição para a direção estadual da legenda. Renan-pai fez o possível para permanecer anônimo? Não se mostrou para não eclipsar o filho? Por que não apareceu no lançamento do mega-plano de saneamento - uma obra tão importante quanto o Canal do Sertão, presença obrigatória na propaganda de Renan? Renan-pai apoia a reeleição

Renan Filho reuniu em um só evento eventuais rivais de Palmeira

do prefeito Rui Palmeira; Renan Filho quer o caminho oposto. Renan-pai pensa na própria reeleição, daqui a quatro anos, ao costurar aliança local entre o PSDB e o PMDB; Renan Filho opera por mais independência do Chapão. No arranque das primeiras ações do plano, estará à frente Mosart Amaral. Ele assume a função de presidente do Comitê Integrado de Gestão do Programa Sanitário de Alagoas. Terá nas mãos o poder direto em cima de R$ 1 bilhão a serem investidos nos próximos quatro anos; R$ 300 milhões saindo dos cofres do governo. O restante será acordo em parcerias público-privadas. A Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) terá de ter o capital social aberto para rece-

ber investimentos privados. Mosart Amaral tem maior aproximação com Renan-pai e tenta conquistar a confiança do filho. Na Infraestrutura tentou levar adiante ações no trânsito da cidade mas os projetos não saem do papel. Um deles envolve a desapropriação de uma parte do terreno do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado, o Quartel do Exército, para desafogar o trânsito no bairro do Farol. Só que a obra esbarra na burocracia. Por isso, ele assume o plano de saneamento. Será um teste operacional. Renan-pai sabe o tamanho de sua fidelidade. Falta agora provar a capacidade de popularizar o próprio nome. E ainda agregar o restante do Chapão. Tarefa grande para um ano antes das eleições.


6 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

Justiça antecipa depoimento de João Beltrão sobre o assassinato do cabo Gonçalves Deputado matou o militar em emboscada, diz processo; futuro dele depende do Tribunal de Justiça ODILON RIOS Especial para o EXTRA

D

esignado pelo Tribunal de Justiça para instruir o processo por homicídio qualificado em que o deputado estadual João Beltrão é réu, o juiz Alberto Jorge Correia de Barros Lima informou ao EXTRA que os interrogatórios referentes ao caso foram entregues ao desembargador Sebastião Costa Filho, do Tribunal de Justiça, que levará ao pleno do tribunal para que os demais desembargadores julguem se Beltrão é culpado ou inocente pelo assassinato do cabo da Polícia Militar José Gonçalves da Silva Filho, morto em uma emboscada em maio de 1996 no antigo posto Veloz, acesso ao bairro do Benedito Bentes. “Realizei toda a instrução. Foram ouvidos o ex-tenente coronel Manoel Francisco Cavalcante, o irmão dele, [o PM] Garibalde Santos Amorim, e fiz, por último, o interrogatório de João Beltrão. Demorou um pouco porque expedimos precatórias para outro estado, mas concluímos e enviamos para o TJ julgar”, explicou o magistrado. João Beltrão seria ouvido na próxima semana, mas, a pedido da defesa, o depoimento foi antecipado para a última segunda-feira (19). Diabético, JB está licenciado do cargo na Assembleia Legislativa. Faz tratamento em São Paulo contra o

avanço da doença. O EXTRA não conseguiu ter acesso ao depoimento do parlamentar. Na última quarta-feira (21), a assessoria do desembargador Sebastião Costa informou à reportagem que ele estava de férias e voltaria no final do mês. “O desembargador precisa dar autorização para este interrogatório se tornar público”, informou a assessoria. Garibalde foi ouvido no dia 7 de agosto por carta precatória, na cidade de Padre Bernardo (Goiás). Ele está no Programa de Proteção à Testemunha. A data para que o processo entre em pauta no TJ ainda não está definida. Depende do retorno do desembargador aos trabalhos no tribunal. O CRIME Cabo Gonçalves era envolvido em crimes de pistolagem. Escapou de três atentados. Os três- disse Garibalde- a mando do ex-tenente-coronel Manoel Francisco Cavalcante e João Beltrão. Manoel Francisco Cavalcante foi condenado por ser líder da Gangue Fardada, organização criminosa que atuava em Alagoas na década de 90, formada por militares, que trabalhavam para políticos e empresários. Gonçalves foi morto, detalha o processo, porque se negou a matar um desafeto de João Beltrão, que coleciona tantos mandatos parlamentares quantos processos na Justiça.

A pedido de sua defesa, João Beltrão foi ouvido na segunda, 19

É acusado no assassinato do bancário Dimas Holanda, um crime fútil e brutal. Em 3 de abril de 1997, Dimas, 34 anos, casado, pai de dois filhos, havia ido visitar a tia Madalena no Conjunto Santo Eduardo- parte baixa da capital alagoana. Entrou no seu carro, um Ford Escort vermelho. Engatou a primeira marcha e, na segunda, teve o carro fechado por outros três: pistoleiros fizeram uma tocaia em uma caminhonete, um Fiat Uno e um Golf, todos de cor escura. Eles abriram fogo. Dimas tentou correr. Morreu no local. Os detalhes do

crime foram dados por Cavalcante. Motivo: o bancário teria paquerado uma suposta namorada de João Beltrão, conhecida como Clécia. Em 1996 - na assinatura de um convênio com o Ministério do Trabalho-quando era secretário - foram transferidos na gestão de JB R$ 828.470,00 dos cofres da União para Alagoas. O dinheiro foi aplicado, segundo o TCU, mas não por completo. Faltaram R$ 143.502,00. Beltrão se defendeu na época. Alegou que quando saiu da secretaria deixou um saldo de R$ 143.502,00-o valor exato do

que faltava ser aplicado. Mas, em diligência, o Banco do Brasil descobriu que o então secretário havia deixado um saldo de apenas R$ 18,04 na conta. O TCU acusou o deputado de má-fé. JB também é conhecido por obras inacabadas, no TCU, além de apresentar informações falsas e sumiço de dinheiro. Em um convênio assinado em 1992, com verba do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), rejeitaram-se as contas do então prefeito de Coruripe, pedindo que ele devolvesse 64.941.000,00 de cruzeiros aos cofres da União. Motivo: não cumpriu todas as exigências legais para a construção de três salas de aula, para atender 400 alunos e reduzir em 70% a evasão escolar no município, além de manutenção de núcleos temáticos e adquirir material pedagógico. Em Tomada de Contas Especial- realizada pelo TCU em 1992, mais irregularidades quando João Beltrão era prefeito de Coruripe. O tribunal pediu que o então prefeito devolvesse aos cofres públicos 275.500.000,00 de cruzeiros. Qualidade das obras? “Mal executadas (o que ocasionou em rachaduras), ventilação inadequada, e péssima qualidade dos materiais utilizados são por demais evidentes, e podem ser facilmente percebidos”, dizem os técnicos do TCU. De novo, JB depende da Justiça para definir os rumos de sua carreira política. E até hoje, a vantagem esteve, sempre, ao lado do parlamentar.


extra

-

MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 - 7

IMPROBIDADE

Ex-prefeito de Atalaia é denunciado à justiça por desvio de recursos federais Cerca de R$ 2 milhões destinados à construção de quadras poliesportivas não foram empregados no município JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

Mais uma vez o ex-prefeito de Atalaia, Francisco Luiz de Albuquerque (PTB), o Chico Vigário, está no olho do furacão acusado de corrupção. Dessa vez o município foi notificado pelo Ministério da Educação pela não execução de quatro quadras poliesportivas. Vale destacar que as construções estavam orçadas em R$ 1.927.110,40 e o montante foi repassado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao município e as benfeitorias nunca foram concretizadas. O atual chefe do executivo de Atalaia, o prefeito José Lopes de Albuquerque, o Zé do Pedrinho, ingressou com ação de improbidade administrativa contra o exgestor Chico Vigário para se resguardar de possíveis sanções e comprovar que o erário vinha sendo dilapidado. Assim como Vigário, os ex-secretários de Educação também respondem pelo mesmo crime. O jornal EXTRA teve acesso aos extratos de Transferência Eletrônica Disponível (TED) realizada pelo FNDE na ordem de R$1.017.370,49 das seguintes ordens bancárias: 651018,652527 e 652589.

Mas segundo a atual gestão, o dinheiro destinado pela União nunca foi empregado de forma correta. As quadras municipais que tiveram investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nunca saíram do papel nas escolas Francisco Pontes, Joaquim Fortunato, Antônio Vieira e Suzana Medeiros. A atual gestão identificou que “os recursos utilizados para a construção das quatro quadras poliesportivas eram utilizados como fonte de recursos para outras despesas da prefeitura”. Hoje os terrenos desti- Área abandonada onde deveria ter sido construída uma das quadras está tomada pelo mato nados às quadras poliesportivas – que irão servir de minou o bloqueio de ativos apoio e incentivo ao esporte financeiros e veículos dos ex para milhares de crianças e -prefeitos. adolescentes da rede pública O magistrado acolheu o municipal de ensino – estão pedido de liminar e decrecompletamente abandonatou a indisponibilidade dos dos. O matagal e a sujeira bens no montante de R$ tomam contam do local. 1.051.480,59 dos ex-prefeitos Professor Mano e Chico BENS BLOQUEADOS Vigário correspondente aos O município de Atalaia prejuízos causados à Prefeipropôs ação civil de respontura de Atalaia. sabilidade por atos de improTambém são acusados de bidade administrativa conlesar o executivo de Atalaia: tra os ex-prefeitos Manoel Edna Oliveira da Silva, Mada Silva Oliveira (PTB), o ria Roseane Albuquerque e Professor Mano, e Francisco Francisco Lourenço da SilLuiz de Albuquerque (PTB), va Filho, ex-secretários muo Chico Vigário. Devido às nicipais de Educação, além provas “robustas”, como rede Anilson Alves da Silva, lata nos autos do processo, o ex-secretário municipal de juiz da Comarca João Paulo Finanças. Alexandre dos Santos deter- Chico Vigário terá de prestar contas dos recursos repassados


8 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

OPERAÇÃO AFRONTA

Quadrilha aprovava até 40 candidatos por concurso público na área judicial Chefe da organização criminosa continua solto; ele é alagoano sem passagens pela polícia JOSÉ FERNANDO MARTINS ESPECIAL PARA O EXTRA

D

e 2011 para cá, o Tribunal Regional do Trabalho de Alagoas (TRT/AL), que corresponde à 19ª Região, realizou dois concursos públicos para os cargos de técnico judiciário e analista judiciário. Estima-se que 80 pessoas foram aprovadas nos certames de 2011 e 2013 por meio de fraude, uma negociata que podia arrecadar até R$ 3,6 mi por concurso público. O cálculo preliminar se dá com as informações repassadas pela Polícia Federal (PF), em coletiva de imprensa, após realização da Operação Afronta, na última quartafeira, 21. Com núcleo em Alagoas, uma organização criminosa fraudava concursos públicos do Poder Judiciário em todo o país em tribunais regionais Federais e tribunais

Delegado federal Bruno Santos e superintendente da PF Bernardo Torres detalham a ação da quadrilha

regionais do Trabalho. A PF realizou prisões temporárias e mandados de busca e apreensão também nos estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Rondônia. Atuando há quatro anos, a quadrilha, apesar da experiência e aparato tecnológico, deixou vestígios da fraude no último concurso público do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, que chamou a atenção das autoridades: os candidatos apresentaram redações iguais e com pontuação similar. Os documentos foram encaminhados à PF para instauração de inquérito. Os candidatos suspeitos tinham feito a prova em Sorocaba, interior paulista, no ano passado. Segundo o superintendente da Polícia Federal em Alagoas, Bernardo Torres, a organização conseguia aprovar de 30 a 40 candidatos por concurso público. O preço para garantir a vaga era de acordo com o cargo pretendido: R$ 70 mil para técnico judiciário (Ensino Médio) e R$ 90 mil para analista judiciário (Ensino Superior). Mas nenhum acordo era feito com o candidato sem o desembolso de até R$ 10 mil de entrada. O restante era quitado após aprovação.


extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 -

9

OPERAÇÃO AFRONTA

Seis pessoas tiveram prisão temporária decretada em Alagoas “Em Alagoas foram decretadas a prisão temporária de seis pessoas, sendo que uma delas foi detida em São Paulo, onde trabalhava em cargo público no TRT paulista, que pode ter sido conquistado pelo esquema fraudulento. Ao total, foram sete mandados de busca e apreensão em que encontramos a aparelhagem para a fraude, como pontos auriculares e transmissores via rádio que se assemelhavam com cartões”, informou Torres. O dispositivo usado era tão minúsculo que era necessário um ímã para retirá -lo do ouvido. Os mandados

de busca e apreensão aconteceram em Maceió, União dos Palmares e Marechal Deodoro. Os investigadores utilizaram um sistema que apura fraudes em concursos para identificar cada participante da quadrilha. Entre os detidos está um agente da Polícia Civil, que se passava por concurseiro e tirava fotos das páginas da prova para repassar aos membros da quadrilha responsáveis pela resolução das questões, para depois, divulgar as questões corretas àqueles que pagaram pelo “serviço”. Além dele, um analista do Tribunal Regional do Trabalho de Alagoas, um

técnico do Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia, um ex-analista do TRF de São Paulo, um ex-policial civil de Alagoas e dois irmãos foram detidos. Nenhum teve o nome revelado. Segundo a lei, eles podem responder por organização criminosa e fraude em certames de interesse público. Outro concurso que pode ter sido fraudado é do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, lançado em 2012. A nomeação mais recente aconteceu no dia 21 de agosto deste ano. Cerca de 70 pessoas foram convocadas para trabalhar na seção judiciária de Alagoas. De acor-

do com o delegado Bruno Santos Costa, “a PF investigava a ação da organização criminosa há cerca de quatro meses”. Os candidatos envolvidos serão submetidos à análise de cada caso. Eles chegavam até o grupo por meio de indicação. OUTROS ESTADOS Além das seis pessoas detidas em Alagoas, a Polícia Federal prendeu mais oito pessoas acusadas de fraudar provas de concursos públicos nos estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Rondônia. Dez eram candidatos que pagaram va-

lor dez vezes acima do que iriam receber como salário nos cargos pretendidos. Segundo o delegado Victor Rodrigues Alves Ferreira, de São Paulo, 50 suspeitos estão sendo investigados. O líder da organização, que não teve o nome revelado, continua foragido. De acordo com o delegado, o líder é alagoano, mas transitava entre Alagoas e Rondônia. Em caso de condenação, as penas, somadas, vão de quatro a 12 anos de prisão. Victor Rodrigues Alves afirmou que não há ligação com os organizadores do concurso público ou com os tribunais.


10 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 POLÊMICA

Reforma da Previdência de Alagoas pode parar no Supremo Estado quer se apossar de recursos pertencentes a todos os poderes para quitar folha de ativos e inativos VERA ALVES veralvess@gmail.com

F

oi de olho em R$ 170 milhões dos R$ 220 milhões hoje depositados no Fundo Previdenciário do AL Previdência que o governo do Estado enviou para a Assembleia Legislativa o projeto de reformulação da Previdência de Alagoas. O envio do projeto é mais uma manobra engendrada pelo secretário da Fazenda, George Santoro, que, afirmam seus críticos, está fazendo de tudo para “raspar” recursos que consolidem seu projeto de ajuste fiscal e econômico. O problema é que os recursos cobiçados por Santoro pertencem a todos os poderes e não apenas ao Executivo. Explica-se: os R$ 220 milhões em caixa são referentes às contribuições patronais e dos servidores do Executivo, da Assembleia Legislativa, do Poder Judiciário, do Ministério Público Estadual, do Tribunal de Contas e da Defensoria Pública e são eles que garantem que ao menos nos próximos 30 ou 40 anos Alagoas não tenha dificuldades em honrar com o

pagamento dos benefícios aos inativos de todos estes poderes. O secretário, contudo, não pensa assim. Considera que os recursos excedem a necessidade do Fundo Previdenciário e que podem ser transferidos para o Fundo Financeiro do Poder Executivo e foi pessoalmente pedir a transferência ao Conselho Deliberativo do AL Previdência em sua sessão do dia 3 de setembro. Como a solicitação foi oral, Santoro foi instado a apresentar a reivindicação formalmente. Chegou a enviar alguns documentos ao colegiado, inclusive ofício no qual sugeria ao governador Renan Filho a alteração da natureza jurídica do AL Previdência -a unidade gestora do Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores (RPPSS) de Alagoas - de serviço social autônomo para autarquia e a transferência dos recursos do Fundo Previdenciário para o Fundo Financeiro do Executivo. No dia 13 deste mês voltou atrás. Mandou esquecer tudo. Três dias depois, o governador encaminhou à Assembleia o

Com a resistência do colegiado do AL Previdência, George Santoro decidiu ‘atacar’ com mudança na lei

projeto de lei do Executivo que institui a Alagoas Previdência, autarquia vinculada à Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio – Seplag, em substituição ao AL Previdência. São 111 artigos que tratam inclusive do quantitativo de servidores da nova unidade, sendo que o de número 109 é o que trata justamente da transferência dos recursos pretendida pelo secretário da Fazenda. O artigo só não especifica a finalidade da transferência: o pagamento da folha do Executivo. A REAÇÃO Na segunda, 19, o Conselho Deliberativo do AL Previdência se reuniu extraordinariamente e decidiu por as cartas na mesa. A pretensão de George Santoro é inconstitucional. Esbarra na Lei federal 9.717/98, que estabelece as normas para os regimes próprios de previdência por parte da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como em portaria do Ministério da Previdência Social (403/2008). Ambas proíbem a

transferência de fundos, como quer o secretário. Na Resolução 070/2015, os integrantes do Conselho Deliberativo também refutam a pretensão ao salientar que ela esbarra nos termos do empréstimo de R$ 122,5 milhões contraído pelo Estado em 2009 junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) para aporte ao Fundo Previdenciário como antecipação de contribuições patronais. São estes recursos, junto com as contribuições descontadas dos servidores de todos os poderes, que hoje formam o caixa de R$ 220 milhões. Por não terem sido integralizados aos fundos financeiros de cada poder, as antecipações, na avaliação do secretário da Fazenda, significam que não houve contribuição patronal de 2009 até agora, mas o entendimento do colegiado é outro. Tanto que determinou ao Conselho Diretor do AL Previdência o pagamento das contribuições patronais do Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público, do Tribunal de Contas e da Defensoria Pública, relativas aos exercícios de

2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014 e dos meses de janeiro a setembro deste ano, transferindo-as do registro de antecipação de contribuições para o registro de contribuições definitivas. Em termos práticos, tratase de descontar dos R$ 122,5 milhões os 11% da contribuição patronal de cada um dos poderes, tendo em vista que a contribuição patronal é no mesmo percentual da contribuição do empregado. Manobras de transferência de recursos do Fundo Previdenciário como a pretendida por Santoro já foram realizadas em pelo menos dois estados – Paraná e Rio Grande do Norte – e no Distrito Federal. E é do Paraná a primeira ação de inconstitucionalidade sobre o tema que tramita no Supremo Tribunal Federal, onde a reforma previdenciária de Alagoas vai aportar caso a Assembleia aprove na íntegra o projeto enviado pelo governo e qualquer um dos demais poderes resolva agir para evitar a perda dos recursos que lhe dizem respeito. Avisados da manobra eles já foram!


extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 -

11

IMPÉRIO DA DISCÓRDIA

Falência de João Lyra abre guerra familiar e briga entre grupos pela massa falida Está em jogo um espólio de R$ 2 bilhões e um patrimônio avaliado em quase R$ 300 milhões VERA ALVES veralvess@gmail.com

E

nquanto transcorre nos cartórios judiciais e escritórios de advocacia uma verdadeira guerra pelo controle dos bens da massa falida do Grupo JL, o ex-deputado federal João José Pereira de Lyra está às voltas com outra não menos importante batalha: os cinco filhos querem assumir a gestão do patrimônio adquirido pelo usineiro ao longo de mais de meio século de atividade empresarial. Em jogo um espólio avaliado em R$ 2 bilhões, referente à Massa Falida do Grupo João Lyra e bens que chegam aos R$ 300 milhões. Aos 84 anos, com problemas crônicos de saúde, mas com o mesmo temperamento hostil que o notabilizou no meio político e empresarial alagoano, JL está prestes a passar pela humilhante situação de ter que provar em juízo que ainda é capaz de administrar seus bens. Por decisão da juíza Maysa Cesário Bezerra, da 24ª Vara Cível da Capital/Família, o usineiro será interrogado em audiência de instrução no processo em que os filhos pedem sua interdição por prodigalidade. A prodigalidade, no caso, é por doar dinheiro e bens e que os filhos do usineiro qualificam como dilapidação do patrimônio. A possível interdição de João Lyra abre espaço à família para entrar com ação judicial para anular as doações feitas à ex-mulher Carmosina Melo Pereira Leite Kotovicz, avaliadas em mais de R$ 10 milhões e que incluem 14 salas de escritório adquiridas por JL no13º andar do Edifício Norcon Empresarial

– localizado em frente ao Maceió Shopping -, o apartamento de número 301 do Edifício Residencial Saint Moritz e R$ 1,7 milhão em espécie. Quarenta anos mais jovem que João Lyra, Carmosina e o empresário viveram em união estável entre 17 de junho de 2008 e 2 de janeiro de 2013, sendo que algumas das doações foram feitas após a separação. Os filhos também qualificam como sintoma de que o pai não está em condições de administrar a fortuna que acumulou ao longo dos anos a doação de R$ 200 mil ao ex-funcionário da Laginha Valdemir Soares de Souza. Qualificado pela família de JL como “funcionário de baixo escalão”, ele adquiriu com o dinheiro um apartamento que, ninguém duvide, poderá ser alvo também de ação de retomada por parte dos filhos.

um verdadeiro barraco no início deste ano. O caso foi parar na Polícia, onde foi registrado Boletim de Ocorrência no qual o usineiro acusa a filha e o marido dela – João Toledo – de invadirem sua casa no Condomínio OceanView, em Jacarecica, e espancarem Antônio Carlos Pereira Leite Kotovicz, filho de Carmosina, que com ele continuou a morar mesmo após a mãe ter se separado de JL. Das agressões também teriam participado o neto Luis Lyra e Guilherme Lyra, filho do empresário. O motivo da briga segundo pessoas próximas ao ex-deputado: as doações feitas a Carmosina e a predileção de JL pelo enteado. IMPÉRIO FALIDO, PORÉM DISPUTADO

SAÚDE POR UM FIO Portador de diabetes, João Lyra, afirmam os filhos, está senil, com problemas de fala e perda de memória, mas isto terá de ser provado na justiça. Na decisão em que nega a tutela antecipada para nomear como curadora dos bens a filha Maria de Lourdes Pereira de Lyra, a juíza Maysa Bezerra afirma não haver provas e que na audiência em que será interrogado o usineiro deve apresentar também relatório do médico que o acompanha. Além de Lourdinha Lyra, o pedido de interdição por prodigalidade é assinado por Thereza Collor (Maria Thereza Pereira de Lyra Collor de Mello Halbreich), Ricardo José

JL enfrenta verdadeira guerra na disputa por sua fortuna pessoal e pela massa falida

Pereira de Lyra, Guilherme José Pereira de Lyra e Maria Cristina de Lyra Uchoa Costa. A milionária ação é patrocinada pelo escritório de advocacia Pacheco di Francesco, um dos mais tradicionais de São Paulo e especialista em processos de sucessão e vara de Família. BARRACO VIRA CASO DE POLÍCIA Escolhida pela família para ser a curadora, Lourdinha Lyra e JL protagoniram

Tal qual um jogo de xadrez, são lentos, mas bem estudados, os movimentos que cercam a falência da Laginha Agroindustrial S.A., a holding do Grupo João Lyra e cuja massa falida se tornou alvo de uma disputa que já derrubou juízes, advogados e administradores que atuavam no processo judicial. A disputa mais recente nos escritórios jurídicos é a que envolve a administração judicial da Massa Falida da Laginha, cujos rendimentos podem passar dos R$ 100 mil mensais e que atraíram a cobiça até de filhos de ministros de tribunais superiores. Por ora, amparado em uma liminar do desembargador Tutmés Airan, o advogado João Daniel Marques Fernandes permanece como administrador judicial depois de ter sido afastado pelo juiz Kle-

ber Borba – o terceiro magistrado a atuar no processo. A peleja será decidida pela Câmara Cível do Tribunal de Justiça e ainda não tem qualquer previsão de julgamento. No vale-tudo da briga que se trava nos bastidores, adversários de João Daniel relembram sua prisão em 2013 por atraso no pagamento de pensão alimentícia para argumentar que ele não preenche todos os requisitos exigíveis por lei para a função. E lembrando: acusações de má conduta é que derrubaram, em maio deste ano, o administrador judicial anterior, Carlos Franco, junto com os gestores judiciais Felipe Olegário de Souza e X InfinityInvest Ltda. Eles foram acusados pelo Ministério Público Estadual de dilapidarem o patrimônio da Massa Falida e posteriormente inocentados pelo próprio Poder Judiciário. Outra briga paralela se desenrola entre grupos empresariais interessados na aquisição das terras que integram a massa falida do Grupo JL em Alagoas e em Minas Gerais. São milhares de hectares em áreas nobres, que já estão sendo disputados por grupos tradicionais de usineiros, como a família Vilela, e outros interessados. No meio dessa guerra toda, estão os mais de 10 mil trabalhadores desempregados na indústria e no campo, além de milhares de outros credores que dificilmente receberão seus direitos. E, a se manter o ritmo do imbróglio que se arrasta há seis anos, desde a decretação da recuperação judicial do Grupo João Lyra, serão milhares de pais de família sem emprego e sem indenização.


12 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 SAÚDE

Alagoanos vão atrás da cápsula que “cura o câncer” Pacientes pretendem entrar na justiça para conseguir a fosfaetanolamina JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

“E

nquanto houver vida, há esperança”. Essa frase nunca fez tanto sentido para o estudante George Neto, de 24 anos. Nos últimos 30 dias, ele descobriu que o pai, o contador George Oliveira, 54, estava com câncer na vesícula. Durante cirurgia, o médico viu que o tumor já tinha se espalhado pelo fígado, estômago, esôfago e rins. O tratamento indicado foi de seis sessões de quimioterapia, todas realizadas no Hospital Memorial Arthur Ramos, em Maceió. “O médico disse para aproveitar bem o tempo com meu pai. Foi assim que percebi que o caso era mais do que grave”, contou o estudante ao EXTRA Alagoas. Desesperado por ajuda, Neto foi atrás da polêmica cápsula de fosfaetanolamina, que causou frisson em pacientes que buscam a cura do câncer. A novidade de que a substância poderia prolongar a vida do pai veio das redes sociais. “Um amigo sabia do meu drama e me marcou em um grupo que ele mesmo tinha criado. Fiz algumas pesquisas e logo comecei a juntar a documentação necessária para conseguir, com o apoio da justiça, a pílula produ-

zida pela Universidade de São Paulo, em São Carlos”. As famosas cápsulas azuis e brancas são fabricadas no laboratório do Grupo de Química Analítica e Tecnologia de Polímeros pelo químico paulista Gilberto Orivaldo Chierice, 72. Nomeada como a “cura do câncer”, a fosfaetanolamina ainda não passou por testes em seres humanos e muito menos tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa). Sendo assim, não pode ser distribuída ou vendida como medicação. Relatos de pacientes que tiveram melhoras com o suposto “tratamento” não faltam, mas nada comprovado por pesquisas médicas e laboratoriais. “Consultei uma prima enfermeira que faz doutorado no Canadá. Ela foi a favor de eu tentar salvar meu pai com a fosfaetanolamina”, disse. E George Neto não está sozinho. De acordo com o criador do grupo do Facebook “Fosfaetanolamina – Alagoas”, Tarciso Siqueira, mais duas pessoas já estão prestes a entrar com liminar para conseguir as cápsulas diretamente da universidade paulista. “Um senhor que sofre de câncer de pulmão e um professor com câncer na garganta estão atrás dos medicamentos. Acredito que dentro de um mês já teremos a fosfaetanolami-

George Neto acionar justiça para conseguir as cápsulas para o pai

na sendo distribuída para elas aqui em Alagoas”, informou Siqueira, que abastece a rede social com notícias relacionadas à cura do câncer. Embora entenda a preocupação de familiares e pacientes, o presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), Fernando Pedrosa, desaconselha o uso da substância. “Estou ao lado do Conselho Federal de Medicina que também se manifestou sobre o assunto. Não existe comprovação da eficácia da fosfaetanolamina e nem se sabe os efeitos colaterais em longo prazo. Mui-

tos medicamentos, mesmo após anos de teste, acabam sendo proibidos pela Anvisa. Quando o Judiciário entra no meio fica pior porque juiz acha que é médico e acaba estimulando o uso”, opinou. A USP divulgou na semana passada um informe sobre a distribuição das cápsulas. Em nota, reiterou que a universidade foi envolvida, nos últimos meses, na polêmica do uso da fosfoetanolamina anunciada como cura para diversos tipos de câncer. “Por liminares judiciais, a Universidade foi obrigada a fornecer o produto para os que a so-

licitam. Em respeito aos doentes e seus familiares, a USP esclarece: essa substância não é remédio. Ela foi estudada na USP como um produto químico e não existe demonstração cabal de que tenha ação efetiva contra a doença: a USP não desenvolveu estudos sobre a ação do produto nos seres vivos, muito menos estudos clínicos controlados em humanos. Não há registro e autorização de uso dessa substância pela Anvisa e, portanto, ela não pode ser classificada como medicamento, tanto que não tem bula”, anunciou. A universidade alertou ainda que “a substância fosfoetanolamina está disponível no mercado, produzida por indústrias químicas, e pode ser adquirida em grandes quantidades pelas autoridades públicas”. Na segunda-feira, 19, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou, em São Paulo, que a decisão de liberar o uso de fosfoetanolamina a uma paciente do Rio de Janeiro foi um caso a parte que não abrirá precedente para que outros pacientes em situações diferentes consigam acesso às cápsulas. Os protocolos médicos e científicos são requisitos para a liberação de qualquer medicamento. A excepcionalidade se deu em relação a uma paciente que estava em estado terminal.


extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 -

13

SAÚDE EM CRISE

Hospital do Açúcar suspende cirurgias e consultas pelo SUS e preocupa pacientes Anestesistas e outros profissionais estão há quase três meses com salários atrasados DA REDAÇÃO

Q

uem precisa realizar consulta ou cirurgia pelo Sistema Único de saúde (SUS) no Hospital do Açúcar, em Maceió, vai ter que esperar um pouco mais. É que anestesistas e outras categorias que atendem pelo Sistema Único naquela unidade de saúde estão com salários atrasados há quase três meses e por conta disso resolveram cruzar os braços. Os médicos dizem que o atendimento foi precarizado há mais de 20 dias e que não há previsão para voltar à normalidade. A precarização dos serviços atingiu ainda outros setores do Hospital do Usineiro, como também é conhecido. É o caso dos exames de Raio X; segundo usuários que preferem se identificar, é feito o exame, mas por falta de pessoal para emitir o laudo o paciente espera por mais de dois meses pelo resultado. Não há contabilidade do número de pessoas que deixaram de ser atendidas neste período no hospital, mas esta estatística tende a crescer. Para a direção da cooperativa dos anestesistas (Coopanest) a situação é caótica e é preciso que sejam tomadas providências para que o problema não se agrave. Segundo dirigentes da Coopanest, na semana passada aconteceu reunião com a categoria e diretoria do Hospital, mas a proposta apresentada é inviável para qualquer trabalhador. “Fizeram propostas isoladas, sem consistência. Médico

trabalha porque precisa sobreviver, pagar suas contas como qualquer cidadão, mas parece que as pessoas esquecem disso e tratam a categoria com desdém”, criticou um membro da cooperativa. Ainda de acordo com informações da entidade, o serviço não foi paralisado em sua totalidade, mas só estão sendo atendidos pacientes que estavam com cirurgias agendadas ou os internos no hospital. O jornal EXTRA ligou para a central de atendimento do hospital e ao tentar marcar consulta pelo SUS a resposta foi de que o serviço está suspenso, inclusive cirurgias.

O OUTRO LADO O EXTRA manteve contato com a diretoria do hospital, através de sua assessoria de comunicação, que confirmou reunião da semana passada (15/10) com a categoria e se limitou a informar “que a assistência aos pacientes internados na Unidade está garantida.” BOA NOTÍCIA A crise no Sistema Único de Saúde chegou ao Hospital do Açúcar e atingiu também outras unidades em Maceió. Mas a boa notícia é que na se-

mana passada, o Ministério da Saúde destinou R$ 87 milhões para hospitais universitários. O recurso beneficiará 49 instituições que cumpriram indicadores de qualidade e poderá ser utilizado em melhorias como compra de materiais médico-hospitalares e reformas. A medida vai beneficiar 35 municípios de 23 estados. O recurso faz parte das ações do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF), desenvolvido e financiado em parceria com o Ministério da Educação. A Portaria nº 1.727, que autoriza o recurso, foi publicada no dia 15 deste mês no

Diário Oficial da União (DOU). Coube ao Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, em Maceió, o valor de R$ 2.010.757,56. Os valores são definidos de acordo com indicadores e metas de desempenho de cada hospital. Os recursos deverão ser pagos em parcela única e irão reforçar o orçamento das instituições universitárias que comprovaram o cumprimento das metas de qualidade relacionadas a porte e perfil de atendimento, capacidade de gestão, desenvolvimento de pesquisa e ensino e integração à rede do Sistema Único de Saúde (SUS) local.


14 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO

DE 2015

ENIGMA

Negociação de rádio de Almeida com a Globo está envolta em mistério Para trabalhadores da empresa, o comando das negociações feitas nas sombras ficou com Fernando Bezerra, que presta serviços na 96 FM

Q

uem menos conhece das transações entre a rádio AM 710 que já pertenceu a João Lyra são os trabalhadores. A emissora já passou a transmitir parte da programação da Rádio Globo, mas não disse quais as vantagens que o acordo irá contribuir para a estabilização da empresa. Outro aspecto que permanece nas sombras é que os ´´laranjas´´ controladores da 710, no caso Verônica Tibúrcio e José Emílio, cuja rádio está nos seus nomes, não teriam assinado nenhum documento, nem passando para o deputado Cícero Almeida, nem tampouco avalizando contrato com a Rádio Globo. Para trabalhadores da empresa que pedem não ser citados para evitar retaliações, o comando das negociações feitas nas sombras ficou com Fernando Bezerra, que presta serviços na 96 FM, onde Cícero Almeida faz um programa, com a participação do outro sombra, o Anderson Melo. Nos corredores da empresa a expectativa é de que os salários sejam colocados em dia, o que deve acontecer ainda este mês, mesmo a emissora com débitos astronômicos de FGTS, INSS, além de recolhimento de Imposto de Renda e locação de imóveis, a exemplo

da sede onde funcionam os estúdios com o seu proprietário arcando um prejuízo de seis meses sem ver a cor do dinheiro. A Jornal AM 710, ou Rádio Globo, como quiserem chamar, também tem outros débitos que ainda não foram honrados, como, por exemplo, o aluguel do terreno onde ficam os transmissores no bairro da Serraria. Como ninguém sabe ainda quem é o verdadeiro dono, o Ministério Público, a Justiça do Trabalho, a própria Câmara dos Deputados - onde Cícero Almeida é citado como o novo proprietário da mais nova filiada da Rádio Globo - e o Ministério das Comunicações bem que poderiam esclarecer o mistério. Enquanto isso não se resolve, o deputado Cícero Almeida nega de pés juntos não ser o novo empresário de comunicação em Alagoas, muito embora todos os indícios, a partir de seus ´´laranjas´´, indiquem que ele tem muito a ver com isso. Radialistas e funcionários da emissora também estão surpresos, melhor dizendo decepcionados, porque até agora o Sindicato da categoria foi omisso em se posicionar sobre as negociações que foram feitas por baixo dos panos. E mais, ainda não tomou nenhuma providência para esclarecer a real situação da 710.


extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

15


16 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

INTEGRALISTAS

em Alagoas

EDBERTO TICIANELI Jornalista

A

pós a fundação e lançamento da Ação Integralista Brasileira com o manifesto de outubro de 1932, esta corporação de militantes políticos conservadores se instalou em Alagoas no dia 20 de agosto de 1933, com a fundação do Núcleo Integralista local. Sávio Almeida, em seu artigo Notas para a História do Integralismo em Alagoas – I, publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Vol. 41, informa que o evento aconteceu com a presença de Plínio Salgado, líder da agremiação, que veio do Ceará a bordo do vapor “Pará” e desembarcou em Maceió. A fundação do Núcleo Integralista de Alagoas aconteceu às 9h, no Edifício Perseverança e Auxílio, na Rua do Sol. No ato, que foi presidido por Domingos Fazio Sobrinho, falaram José Lins do Rego, Moacir Pereira e Mário Marroquim. Ainda estiveram presentes: Ismael Clack Acioli, Pedro Lima, Esdras Gueiros, Djacir Pereira, Helvécio de Souza e José Ramalho. O “triunvirato” provisório que comandaria o Núcleo Integralista de Alagoas era

chefiado por Moacir Pereira, Carlos Gomes de Barros e Manuel Viana Vasconcelos. Sávio Almeida identifica que o principal ativista do integralismo em Alagoas foi Moacir Soares Pereira, que “era uma pessoa de prestígio na sociedade alagoana, no seio dos intelectuais, catedrático do Liceu alagoano”. Moacir nasceu em 10 de dezembro de 1907 e era formado em Química Industrial pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Ainda no Rio também obteve bacharelado em Direito. Em entrevista a Sávio de Almeida, Moacir Pereira revela que foi o paraibano José Lins do Rego, que chegou a Maceió em 1926, quem o levou para o integralismo. O mesmo José Lins do Rego é apontado como o articulador da visita de Plínio Salgado em 1933. Com muita disciplina e trabalho, no final de 1933, Maceió e Penedo já tinham núcleos integralistas consolidados. O Núcleo de Penedo, que foi estruturado a partir do trabalho de Gustavo Barroso — uma liderança nacional da agremiação —, tinha como expoentes locais Oceano Carleal, Sinay Torres e Eduardo Santa Rita. Em fevereiro de 1934, o núcleo dirigente alagoano é alterado com a inclusão dos seguintes dirigentes: Odori-

Integralistas alagoanos não identificados

co Maciel,que assume a Tesouraria, e Afrânio Salgado Lages, que vai para o Departamento Universitário — e foi eleito deputado em 1934. Em março do mesmo ano, Afrânio Lages é promovido e passa a ser o secretário Político da Província. No dia 6 de junho de 1934, Moacir Pereira é afastado e Afrânio Lages assume o comando supremo. O argumento para o afastamento de Moacir foi o de que ele estava transferindo a residência para o interior. Segundo Sávio Almeida, essa desculpa não correspondia aos fatos: o motivo teria sido o envolvimento do integralismo no processo eleitoral, algo negado doutrinariamente. Moacir Pereira terminou assumindo posições contrárias ao nazismo e rompeu

com o integralismo. Em 1936, cumprindo missão do governo do Estado (foi examinar as estacas que viriam para a construção do Porto de Maceió), esteve na Alemanha e viu a questão do racismo de perto. Há notícias sobre atividade organizada dos integralistas em Alagoas nos seguintes municípios: Murici, Pilar, Viçosa, Santa Luzia do Norte, Água Branca, São José da Lage e São Luiz do Quitunde. Os relatórios internos mostram que os integralistas enfrentavam situações vexatórias nos embates políticos no interior do estado. Eram vaiados e, em alguns casos, precisavam do apoio da Polícia para saírem em segurança das atividades que promoviam. Os integralistas aposta-

Reunião de integralistas na Perseverança,

Agosto/1935: Núcleo Central integralista pr


nça, na Rua do Sol

a promove juramento de membros do núcleo da Usina Uruba

extra

vam que apoiando Getúlio Vargas poderiam chegar ao poder. Investiam na aproximação entre o Brasil, Alemanha e Itália. Plínio Salgado nutria a esperança de ser o candidato de Getúlio para a sua sucessão. Getúlio aproveitou o golpe que implantou o Estado Novo em 1937 para se livrar de todos os partidos, inclusive da Ação Integralista Brasileira, no dia 10 de novembro de 1937. Plínio Salgado e seus “camisas verdes” ainda tentaram reagir articulando um golpe de Estado. Em 11 maio de 1938, um grupo de cerca de 80 integralistas tentou invadir o Palácio da Guanabara, residência oficial do presidente da República, no episódio que ficou conhecido como Levante Integralista. O objetivo dos integralistas era depor o presidente e reabrir a AIB, o que acabaram não conseguindo. O partido seguiu fechado durante todo o governo de Getúlio e o presidente, longe de ser afastado do poder, sufocou a rebelião. Vários dos integralistas que participaram do levante foram presos ou mortos. Depois do dia 11, milhares de militantes da AIB também foram presos em várias partes do país, numa sequência de perseguições por parte do Governo Vargas, que incluiu não apenas os integralistas. Plínio Salgado, sem a possibilidade de disputar a presidência nem o almejado cargo de ministro, fugiu para Portugal de onde só voltaria em 1946, após o fim do Estado Novo varguista. Fontes: Notas para a História do Integralismo em Alagoas – I, de Sávio Almeida, publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Vol. 41; Artigo de Gustavo Neri no Blog do Sávio Almeida; Perfil de Geraldo de Majella no Facebook.

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 -

17

Enterro de simpatizante do integralismo com a presença de membros do movimento


18 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015


extra

PEDROOLIVEIRA pedrojornalista@uol.com.br

Por que eles pecam tanto?

A

s administrações municipais em geral já não vivem como no passado quando o dinheiro público era farto, principalmente vindo de Brasília. Hoje diante de anunciada e alardeada escassez de recursos para investimento e outros gastos os prefeitos vivem em constante movimentação em busca de sensibilizar o governo federal a ser mais generoso fazem greve e chegam a fechar literalmente as prefeituras. As “marchas dos prefeitos a Brasília” , promovidas pelas entidades municipalistas já se tornaram rotina, sempre retornando com mãos vazias ou promessas nunca cumpridas. Mesmo assim diante de um suposto caos financeiro a briga para se ocupar os cargos de prefeitos chega a ser vezes sangrenta e custa milhões em muitas eleições. Após a posse esse dinheiro gasto em campanha normalmente volta para os bolsos dos eleitos. Acontece que mesmo nos pequenos municípios a crise econômica se encarada com seriedade e criatividade é coisa superável e mesmo com o dinheiro curto se pode fazer muita coisa quando se quer. Mas acontece quemuitos desses prefeitos não estão nem ai para o interesse público e reclamam apenas porque não podem “tirar mais”. Metem descaradamente as mãos no dinheiro da merenda e do transporte escolar, nas verbas que serviriam para setores de saúde e assistência social, para atendimento aos milhões de miseráveis que dependem exclusivamente do poder assistencialista. Praticamente todos os dias nos deparamos com ações policiais ou denúncias promovidas pelo Ministério Público afastando ou prendendo prefeitos envolvidos em corrupção e crimes de responsabilidade. São milhões desviados desonestamente para contas pessoais ou de “laranjas”. Esta semana foi a vez da prefeita alagoana da pequena Passo de Camaragibe, Márcia Coutinho Nogueira de Albuquerque, ser denunciada pelo Ministério Público por improbidade administrativa, acusada de desviar mais de cinco milhões dos cofres públicos entre os anos de 2013 e 2015. Burla em licitações, contratações ilegais, superfaturamento, são algumas das graves acusações feitas pelo promotor Vinicius Calheiros, com robustas provas materiais que colocam a administradora em situação de afastamento do cargo de imediato e apuração das irregularidades flagrantes cometidas em sua administração. Há casos já constatados que o superfaturamento em contratações chega a mais de 280 por cento. O fato é que não importa se o desvio foi de um 1 real ou um milhão, o crime é o mesmo , mas muitos ainda apostam na impunidade e na lentidão e artifícios protelatórios dos processos judiciais. Fico a me perguntar quando vejo a choradeira de alguns prefeitos sobre a “miserável” situação em que vivem seus municípios, alguns em gestos dramáticos de demagogia “diminuindo” seus próprios salários para amenizar a crise. Se é tão ruim, se os recursos são insuficientes para administrar, se a arrecadação não cobre as despesas, por que tantos brigam para ocupar o cargo e alguns até insistem em busca de uma reeleição

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

19

Para refletir: “O governo quer sequestrar o dinheiro do AL Previdência. Quer levar o dinheiro para quitar a folha de pagamento dos servidores” (Juiz Paulo Zacarias).

Um relator “171”

Menos burocracia

Escolhido para ser o relator do parecer do Tribunal de Contas da União que condenou as ‘pedaladas fiscais’ e rejeitou as contas do governo Dilma Rousseff do ano de 2014, o senador Acir Gurgacz, de Rondônia, é réu em processo que corre no Supremo Tribunal Federal. Responde por estelionato, artigo 171 do Código Penal, além de crimes contra o sistema financeiro nacional. Investigado pela Polícia Federal e denunciado pela Procuradoria-Geral da República, Gurgacz foi convertido em réu no dia 10 de fevereiro de 2015. O relator da ação penal é o ministro Teori Zavascki, o mesmo que cuida dos processos da Lava Jato. A denúncia contra o senador foi aceita por unanimidade na 2ª turma do STF. Gurgacz era sócio e diretor de uma empresa de ônibus chamada Eucatur. Operava em Manaus (AM) e Ji-Paraná (RO). Foi acusado de ludibriar uma casa bancária estatal, o Banco da Amazônia, para obter empréstimo de R$ 1,5 milhão. No papel, o dinheiro deveria ser usado na compra de sete ônibus novos, orçados em R$ 290 mil cada. Descobriu-se, porém, que foram adquiridos ônibus com quase onze anos de rodagem, ao preço de R$ 12 mil cada. Qual a moral do cidadão para relatar um processo de improbidade?

Ficou para a próxima semana, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, a votação do projeto de lei que racionaliza e simplifica atos e procedimentos administrativos dos órgãos e entidades do Executivo, Legislativo e Judiciário em todos os níveis federativos. O projeto, do senador licenciado Armando Monteiro (PTB-PE), faz parte da Agenda Brasil, pacote de medidas em análisepara combater a crise. Segundo o autor, o objetivo é reduzir a burocracia administrativa sempre que o custo econômico ou social do processo for maior do que o risco de fraudes. Pelo texto, que recebeu voto favorável da relatora na CCJ, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), todos os órgãos e entidades devem se orientar, em sua relação com o cidadão, por princípios como a presunção de boa fé e de veracidade. As medidas poderão significar o fim das exigências de “firmas reconhecidas em cartório” e também a burocrática e desnecessária “autenticação de documentos”. Um valioso avanço e agilidade no serviço público da União, Estados e Municípios.

Pode comemorar Mesmo tendo que tomar medidas duras e contrariando interesses de vários setores o governador Renan Filho pode comemorar o resultado dos primeiros meses de sua administração. Tendo que enfrentar uma forte crise financeira e adotando “remédios amargos” como aumento de impostos, mesmo assim a avaliação positiva pela população alagoana chega aos 67,5 por cento o que torna dono de um cenário que poucos governantes atingem no país, a exemplo da própria presidente da República, Dilma Rousseff que só alcança minguados 12,9 de aprovação. O governador tem adotado medidas austeras e agradado a população nas respostas imediatas aos problemas enfrentados na condução de sua administração. Tem sido exigente com seus auxiliares e não abre mão de sua autoridade. Seu método de governar é exigir eficiência e ficar de olho nos que não atingem as metas por ele determinadas. Tem sido adepto da meritocracia e isto faz a diferença.

Sucupira é aqui Como sempre à frente das noticias, o jornalista Bernardino Souto Maior nos brinda esta semana com uma pérola que certamente vai nos dar pauta na mídia nacional. O ridículo ao que nos expõe o prefeito de São Miguel dos Campos é digno de histórias de Odorico Paraguaçu, personagem vivido por Paulo Gracindo na novela “O Bem Amado”, de Dias Gomes. O prefeito George Clemente, segundo Bernardino, quer criar em seu município um rigoroso “emplacamento” de cães e gatos, sendo inclusive cobrada uma taxa que equivale ao “IPVA dos animais”. Ainda na tresloucada lei, o prefeito de São Miguel dos Campos anuncia a prática de crime previsto na legislação brasileira, punível com condenação à prisão. Diz um artigo “Tratando-se de animal não registrado, se não for retirado por seu dono, dentro de três dias, mediante pagamento de multa diária, será sacrificado”. Um detalhe: o “IPVA” dos animais custará R$ 50,00 e será renovado anualmente. É ou não uma nova Sucupira?

Rota de colisão O juiz Paulo Zacarias sempre pautou sua vida com base na conduta ética e no respeito à coisa pública. Por onde passou deixou a marca de sua integridade o que lhe garantiu o respeito dentro do Poder Judiciário. Agora, presidente do Conselho do AL Previdência dá o tom de sua responsabilidade e contraria o desejo do governo estadual em proceder alterações estruturais no órgão, cujo projeto de lei já se encontra na Assembleia Legislativa. Segundo Zacarias, os integrantes do Conselho já se pronunciaram contrários às modificações.. “O governo quer sequestrar o dinheiro do AL Previdência. Querem levar o dinheiro para quitar a folha de pagamento dos servidores, mas isso não pode ser feito”. E ressalta a gravidade da iniciativa do Executivo: “Não se trata de uma verba apenas do Executivo. Afinal, os outros poderes também contribuem. Querer usar este dinheiro para pagar a folha é uma manobra ilegal. A folha do Executivo deve ser paga com dinheiro do Executivo”. É preciso cautela para que o governador Renan Filho não dê um tiro no próprio pé, numa rota de colisão inevitável, inclusive com o funcionalismo público.


20 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

ARTIGOS

A arte do cinismo CLÁUDIO VIEIRA Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

L

i, semana passada, opinião crítica em jornal de circulação nacional, na qual o articulista, em tom irônico, afirmava ser a política a arte do cinismo. Posteriormente, atentei para crítica semelhante em jornal local, esta da lavra de Aloisio Alves. Singularmente bem postas, as duas opiniões prenderam-me a atenção, ensejando-me reflexões sobre a crise moral na política. A ciência política teve seus estudos iniciados na Grécia clássica, primeiro

com os sofistas e, empós, alcançando o auge com os três mais significativos filósofos helênicos: Sócrates, Platão e Aristóteles. Platão, que deu escrita aos ensinamentos do seu mestre, Sócrates, nas suas obras primeiras, escritas ainda em uma fase jovem (A República, Diálogos etc.), entendeu, como o seu mentor, que a Política, estreitamente ligada à Ética, tem como fim a promoção do bem comum através da solução dos problemas sociais. Seria esse o conceito ideal. Nesse caso, o Estado deveria ser dirigido por homens sábios, os filósofos, única via para a consecução dos nobres objetivos da Política. Desprezando, a princípio, a necessidade de leis destinadas à regulação do Estado e dos governantes, porquanto o governo de sábios dispensaria a normatização de suas condutas, regidas que seriam apenas pelo

Saber e pela Ética, quando na maturidade, embora ainda acreditasse em tal governo ideal, reformulou sua opinião, graças à observação da realidade (governo real), opinando na obra Leis que, à falta de homens sábios, as leis deveriam regular a administração do Estado. Seu discípulo Aristóteles, nesse ponto discordando, pregava serem as leis, em consonância com a Ética, necessárias ao atingimento dos fins da Política e do Estado, ainda que fossem exercidos por sábios. A atualidade política, ou melhor, a práxis, não parece seguir nenhum desses ensinamentos. A política brasileira, e certamente de outras plagas, de há muito enviou a Ética para os confins do Hades, o mitológico Vale da Morte. Por outro lado, as leis, que deveriam regular a vida e a atuação de todos, só

se aplicam ao cidadão comum. São propositadamente feitas deficientemente, o que resulta em interpretações benéficas às situações vivenciadas pelos membros dessa casta privilegiada, os políticos. Pegos com a “mão na massa” das propinas e que tais, negam tudo; ou reverberam contra os acusadores ou procuram desqualificá-los e às provas coletadas; ou se agitam declarando-se vítimas de complô ou de acusações seletivas. E tudo, a despeito do revelador “batom na cueca”. Refletindo sobre isso, e observando como os sem moral da política engalfinham-se com os de sua igual natureza, impossível não dar razão aos dois articulistas aqui referidos: a política tornou-se na arte do cinismo. Aliás, por considerar a arte uma atividade eminentemente nobre, melhor dizer ser hoje a política a prática do cinismo.

governo anterior. Expurgar saldos contábeis inverídicos, glosar obrigações indevidas e impor veracidade aos resultados contabilizados são deveres republicanos cujo descumprimento implica crime de responsabilidade em razão da condescendência criminosa, por favorecimento ao governante predecessor. Além do mais, na hipótese de reeleição, a exatidão contábil deve ser absoluta. Sim, havendo saldos ou resultados fictos ou inverídicos, cumpre ao reeleito, necessariamente, repor, a tempo, se houver tempo e meios idôneos, os valores com registros adulterados ou inverídicos, de tal sorte que, na reeleição a prevaricação praticada responsabiliza a um único governante que é, a um só tempo, sucedido e sucessor. Sim, na reeleição o dolo específico do crime de responsabilidade política emerge candente, consubstanciado nos saldos e nos resultados inverídicos contabilizados e executados sob a responsabilidade do mesmo governante, embora, em mandatos diversos. Sim. Isso mesmo. Os crimes contábeis, por natureza, são crimes continuados. Daí, em regra, não se tem sustentação

jurídica as alegativas de que desvios fiscais – pedaladas - consumados em um exercício ou mandato são exauridos sem contagiar os resultados financeiros dos exercícios e dos mandatos subsequentes. Apenas e tão somente a espontânea e idônea reposição financeira, em tempo hábil, pode, em certa medida, elidir as penalidades legais. Doutra forma, não há como corrigir a prevaricação fiscal que implique fato contábil modificativo diminutivo do patrimônio ou os resultados inverídicos. Esse fundamento é íncito à Contabilidade pública e privada. Configura crime continuado aos olhos de todos. Sem tirar nem por, no âmbito das finanças públicas, pedaladas são continuados crimes de responsabilidade política, são pregos batidos, pontas viradas. Seria um absurdo contábil-jurídico admitir fatos contábeis estanques. A prevaricação havida jamais fica encapsulada no tempo, mas sim, necessariamente, gera saldos e resultados inidôneos que perpassam os exercícios fiscais, os mandatos e espraiam erros por tempo indeterminado. Acaso tribunais de contas ou jurisdicionais

admitam fatos contábeis estanques estariam envenenando as Ciências Contábil e Jurídica com uma tecnicista “jabuticaba” imoral, letal e absurda. Portanto, “pedaladas”, ou qualquer outra prevaricação fisco-contábil, são como tapas na cara, uma vez dadas, não se tiram. Escoimadas as contas públicas dos créditos e débitos lançados por conta dos empréstimos e apropriações contábeis desautorizadas – “pedaladas” - os saldos e os resultados de 2014 seriam outros. O Governo tenta “despedalar” na execução orçamentária atual e em 2016. É tecnicamente impossível. A execução orçamentária funciona com uma catraca, engrena para frente, nunca engata para trás, não dá marcha ré. Os saldos e os resultados de 2014 infectam as contas de 2015 em razão da continuidade patrimonial. Há sim, fundamento jurídico para imputar crime de responsabilidade praticado neste atual mandato presidencial em razão desse efeito caleidoscópico imanente aos saldos e aos resultados contábeis remanescentes de 2014.

Despedaladas IRINEU TORRES Diretor do Sindifisco e conselheiro Emérito da Fenafisco

O

s saldos e os resultados contábeis migram entre os exercícios financeiros. Perpassam dos exercícios anteriores para os subsequentes. O Mundo não acaba a cada noite. Ao fim de cada dia, hora ou minuto, século, restam, no momento seguinte, os saldos e os resultados anteriores. As contas nacionais não fogem a essa regra, têm por termos iniciais os saldos e os resultados finais dos exercícios anteriores. No âmbito das finanças públicas ou privadas há continuidade patrimonial na execução orçamentária em cada exercício e em cada mandato. Daí, cabe ao governante recém-eleito o dever de revisar os saldos e os resultados das contas públicas provenientes do exercício financeiro executado pelo


extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 -

21

ARTIGOS

Passa a régua e fecha a conta JORGE MORAIS Jornalista

E

stamos convivendo há vários anos com um só assunto no Brasil: desvios de verbas públicas. Começou com o mensalão, depois o mensalinho e, há um ano, a Lava Jato, todas essas operações comandadas pela Polícia Federal, com autorização da justiça. Em todas elas, muita gente condenada, como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Roberto Jefersson, só para citar alguns deles, pois foram tantos. José Dirceu, por sinal, grande amigo do ex -presidente Lula, é o chefe de todas essas quadrilhas, e está novamente preso. Agora, só se fala na Lava Jato, com a quebradeira da Petrobras, políticos e empresários presos, muita gente, entre deputados federais e senadores, indicia-

da por recebimento de verbas das operações financeiras feitas pela estatal, e o assunto rende, rende muito, e parece que não tem tempo certo para acabar. Nem poderia ser diferente, dado o volume de dinheiro desviado e de pessoas envolvidas. Quase todo Santo Dia, o juiz paranaense Sérgio Moro manda um para a cadeia. Quase todo Santo Dia, a Procuradoria Geral da República, mesmo que eu não confie cegamente no procurador geral da PGR, pois sempre olho-o com desconfiança por não acreditar no seu olhar, enquadra um político e encaminha um processo de político para o Supremo Tribunal Federal. Pois bem. Pergunta que já fiz nesse espaço: que país é esse? Quem sofre com isso? Para a primeira pergunta, a resposta: é um país feito de gente sem pudor, que vem se locupletando dos cargos e das benesses que muitos governos oferecem, pois isso não é coisa nova, e, pelas facilidades, essa gente da situação e da oposição sempre se beneficiou. Para a segunda pergunta, a resposta

não poderia ser outra: o povo. Hoje, sem distinção, reclamam os ricos e os pobres. Os ricos, porque, muitos deles estão com suas empresas quebradas, provocando o desemprego. Pior para os pobres, que ficam sem seus empregos e vão mendigar. Claro que ainda existem muitas exceções, senão estaríamos próximos de uma grande guerra. Recentemente, uma Organização Não Governamental, mas com estreita ligação com o governo federal, fez uma pesquisa nacional para constatar o número de desempregados no país. O resultado foi assustador, portanto, não divulgado. Descobriram que as famílias estão ficando mais pobres e vivem com mais dificuldades, isso por diversos motivos: 1º – a inflação; 2º- em uma família de quatro pessoas, uma ficou desempregada, em 2015; 3º - uma família com mais pessoas, a perda é maior; 4º - perde o emprego o casal na mesma época; 5º - a família vai viver de “bico”, trabalhando com vendas de lanche ou bugigangas, no popular. Será que estaríamos nessa situação

se a presidente Dilma Rousseff não tivesse escondido o jogo por tanto tempo? Será que se essa gente toda não tivesse roubado tanto o dinheiro da Nação, a realidade não seria outra? Hoje o país gasta muito dinheiro com essas operações da Polícia Federal, com comida, hospedagem, avião fretado, passagem aérea, hora extra; etc. etc. e etc. Mas, pelo menos, esse gasto está sendo feito com a esperança de que as empresas possam receber de volta grande parte desses recursos desviados por essa gente. Enquanto isso, as acusações entre situação e oposição estão dentro daquela máxima que diz: “é o sujo falando do mal lavado”. Exemplo disso é a briga particular entre a presidente Dilma e o presidente Cunha, da Câmara dos Deputados. Em quem você acredita ou confia mais? Na Dilma, que assinou o contrato de Pasadena e concordou com as pedaladas fiscais do seu governo ou no Cunha, que tem mais de R$ 25 milhões na sua conta bancária e dos familiares e diz que isso não existe? Responda. Isso a gente chama de “sinuca de bico”.

povo alagoano precisa conviver com a crise”. Mas o governador que selou o acordo virou presidente da República e os usineiros continuaram ricos. No momento atual, passa o Brasil por momentos difíceis. O ano passado foi de derrame de dinheiro por causa das eleições. Uma festa! Hoje só se fala em crise. O povo precisa economizar água, dizem os dirigentes. Mas a TV mostra diariamente os canos furados pela cidade de Maceió, a população reclamando o estrago ocorrido em determinadas ruas com o líquido correndo indefinidamente sem que providências sejam tomadas. Em algumas casas as torneiras estão secas, mas no fim do mês a conta chega. E a luz? Dentro de pouco tempo voltaremos a usar candeeiros por não podermos pagar a conta de energia. Mas nas cidades maiores, principalmente em Brasília, é um festival de luzes. E os técnicos vão à imprensa ensinar ao povo a economizar. Mas o governo continua gastando... A culpa, dizem os técnicos, é da chuva. E como não chove, usam as termelé-

tricas que são mais caras. Para não fugir ao lugar comum, os dirigentes querem economizar nos salários da classe trabalhadora. Já tramita no Congresso um projeto de lei permitindo às empresas encurtar o horário de trabalho e, consequentemente, diminuir salários. Os bancos lucram muito, mas os bancários fazem greve todo ano em busca de melhoria salarial. Até o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, bancos oficiais, só querem lucrar. Conheço amigos que foram à Justiça reclamar do BB por exigir dos funcionários metas de vendas de seguros e de outros produtos lucrativos ao banco. Existem problemas de saúde ocasionados por tantas exigências. A crise é o resultado de taturanas, mensaleiros, lava jatos e tantas outras operações fraudulentas, das quais não participamos. O lado bom da crise, leitores, é que o povo se educa mais e aprende a conviver com as adversidades da vida. Mas (há sempre um mas) os políticos continuam gastando. Só Deus na causa!

O lado bom da crise ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

O

Brasil é um país sofredor e o Nordeste é a eterna vítima de más administrações. Ouço a palavra crise desde menina e Alagoas, nosso pequeno Estado, sempre passou por fases difíceis. Lembro-me de empréstimos que o governo federal concedia aos usineiros alagoanos e eu não entendia como homens tão ricos, que moravam em belas casas, andavam de carros caríssimos (quando a maioria da população andava a pé ou de bonde), precisavam de ajuda pública. Diziam os mais velhos: “Eles precisam plantar mais cana”! E eu, ingênua menina, filha de funcionário público, continuava sem entender. O dinheiro vai para usinas ou para ostentações escandalosas: passeios à Europa, casas que saíam em revistas nacionais, filhos estudando fora do Estado?

O tempo ia passando e os jornais começaram a noticiar que as usinas deviam valores impagáveis aos cofres públicos. Políticos tentavam amenizar ou perdoar as dívidas de homens tidos como milionários, lá no governo federal. Eis que no fim do Governo Collor apareceu o famoso Acordo dos Usineiros e Alagoas encolheu terrivelmente sua receita. E a palavra crise voltou à berlinda: Moacir Andrade em 9 meses tentou evitar o fundo do poço e Divaldo não conseguiu sobreviver às dívidas anteriores e deixou o Estado em crise. Levou toda a culpa!!! As vítimas fomos nós, sofredores públicos estaduais, que passamos 7 meses sem receber salários. Um horror! Era presidente do Sindicato da Assembleia e vi companheiros vendendo casa, telefone, carro, para sobreviverem. Doía meu coração ver o povo sofrer pela irreverência de políticos e usineiros. Um fiscal de rendas foi morto em Ipioca porque resolveu cobrar uma dívida enorme de contribuintes ricos com nossa pequenina Alagoas. E eles continuavam vivendo nababescamente. Escutava os conselheiros dizendo: “O


22 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

CULTURA AFRO

Roberto Ananias é agraciado com Comenda Centenário da Abolição

Presidente da Escola de Samba Divina Senzala, do Rio de Janeiro, veio a Maceió para receber a homenagem MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

N

a segunda feira, 19, o presidente da Escola de Samba Divina Senzala, no RJ, Roberto Ananias, 91 anos, foi agraciado com a comenda Centenário da Abolição. A proposição foi do vereador Cleber Costa (PT) que defende a recuperação e resgate da história negra em Alagoas. Ananias, que é alagoano, mas mora no Rio de Janeiro há mais de 40 anos, veio a Maceió para receber a homenagem pelos serviços prestados ao samba e à

cultura em geral. O evento aconteceu na Casa Quilombo Real (sede provisória da Fundação Afonso Arinos), no bairro do Farol e contou com a presença de autoridades e militantes da cultura negra de Alagoas. Na ocasião, o presidente da fundação, professor e teólogo Edson Moreira, falou da importância do homenageado para a cultura, a exemplo de ser um dos criadores da passarela do samba do Rio, no governo de Leonel Brizola. Roberto Ananias tem ainda envolvimento com os tradicionais terreiros das matrizes afri-

canas no Rio de Janeiro. Vale ressaltar que ele tem um livro publicado (Talismã) e outro que está sendo escrito pela sua secretária, pois o mesmo perdeu a visão. PRAÇA GANGA ZUMBA A Praça Ganga Zumba, em Cruz das Almas, que foi demolida em 2010 na gestão do prefeito Cícero Almeida para dar lugar ao projeto de revitalização do bairro, vai ser resgatada. Segundo o professor Edson Moreira, a iniciativa vai revitalizar um espaço de valor histórico incalculável por ser o

Aos 91 anos, Ananias é um exponencial da cultura afro no Brasil

ponto do nosso território mais próximo do continente africano. O espaço foi criado na década de 80 na administração do prefeito José Bandeira. A estátua do guerreiro negro quilombola Ganga Zumba que foi colocada no local, e depois arrancada por trator, já foi restaurada e aguarda o momento para voltar ao seu posto. A praça sempre teve forte expressão

cultural em Maceió e servia como palco para apresentações artísticas da cultura negra. “Estamos muito felizes com a iniciativa da Câmara de Maceió. O espaço tem toda uma história de negritude, não é apenas uma praça. A finalidade é mostrar nossa cultura, iguarias, teatro e uma gama de informações envolvendo a cultura negra”, enaltece Moreira.


extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 -

23

PORDENTRODOESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Morrendo na praia?

O

CRB sem Zé Carlos fica difícil de fazer gols. A observação de torcedores e ficou visível na derrota para o Luverdence (2x0) e falhas insistentes no ataque preocupam para o jogo com o Vitória, sábado em Maceió. O Galo é 11º e o adversário está na linha de frente da classificação.

Vem completo O técnico Wagner Mancini (Vitória) não deve ter problema para o jogo em Maceió, neste sábado. A dor de cabeça, se assim pode ser definido,era o goleiro Gatito, mas que ganhou condições de jogo e deve ser escalado. O CRB está num momento do “se não faz gol leva”.

Piada ou desabafo? Do jornalista Felipe Brisola, do Sportv em edição recente: “Estou parecendo um setorista do Congresso”. Frase teve a ver com a participação dele cobrindo um escândalo de corrupção na Federação Internacional de Futebol (Fifa), investigada pelo FBI e várias prisões efetuadas.

Conter a ansiedade “É importante conter a ansiedade para melhorar o rendimento nos jogos. Principalmente nesta etapa do Campeonato Brasileiro e a ver os times que estão na mesma área”. Opinião teve a ver com o momento do Corinthians, líder absoluto da Série A e difícil de ser

Gol decisivo

alcançado.

Primeiros passos

Jardel foi autor do gol da vitória do Benfica, placar 2x1 sobre o Venanse aos 44 minutos do segundo tempo. Clássico era da 3ª rodada das eliminatórias da Taça de Portugal. “Foi difícil e sabíamos disso, mas é assim mesmo”. Ele é um dos principais artilheiros do futebol europeu.

No Mutange foi dada largada para retorno às atividades para 2016. Carlos Kila, diretor de Futebol, confirma os primeiros passos da preparação e plantel sendo decidido com planejamento que mescla prata da casa com reforços. Uns praticamente acertados.

Feminino

Futebol feminino Michel Jackson, coordenadora de futebol feminino no Ministério do Esporte e ex da seleção brasileira, esteve na quarta-feira da semana passada numa audiência pública na Câmara Federal. Foi pauta a profissionalização de equipes femininas no Ministério do Esporte e a situação delas no País.

Profissionalização “Os primeiros passos estão sendo dados, como a construção do Centro de Excelência em Foz do Iguaçu (PR). Já saímos da estaca zero. Hoje já temos uma competição sub-17 escolar, uma adulta universitária e este ano vamos ter também uma de futsal”, esclareceu Michael Jackson.

Mais defesa Marco Aurélio Cunha, coordenador da CBF (futebol feminino), lastima que se a escola não tem educação física, como fazer? Lembra: “No Canadá as meninas jogam futebol o tempo todo”. Defende mais estímulo da modalidade na essência e começando no nascedouro.

Copa do Brasil O Santos saiu na frente vencendo o São Paulo por 3 a 1 no Morumbi e pode perder por até um gol de diferença na Vila Belmiro que se classifica às finais da Copa do Brasil. Com o regulamento nas mãos, o Palmeiras perdeu por 2 x 1, mas deixou o Maracanã esperançoso em chegar à final da Copa do Brasil. Os paulistas ainda reclamaram de um gol de Amaral anulado por impedimento. Pela Copa Sul-Americana o Chapecoense não suportou a pressão do River Plate e perdeu por 3 a 1. Para o técnico Guto Ferreira, no confronto válido pelas quartas de final da Copa Sul-Americana, o time argentino aproveitou as oportunidades que teve em cima dos erros que a equipe catarinense cometeu em campo. Já o Atlético-PR venceu o Luqueño em casa e sai na frente pela Sul-Americana. Furacão fez 1 a 0 na Baixada e leva vantagem para a partida no Paraguai, na próxima quarta-feira. Time tem vantagem do empate.

Dos males o melhor O Tupi após o jogo contra o ASA em Arapiraca comemorou no paralelo à vitória a quebra de um jejum de 26 anos ausente da Série B do Brasileiro. Pega agora o Londrina na rodada semifinal. Quanto ao alvinegro de Arapiraca, o prêmio de consolo é que permanece na Série C em 2016.

O campeonato feminino de futebol,dividido em seis grupos e cada um com quatro clubes, começa a decidir os semifinalistas e teve a segunda fase encerrada no sábado. E para o alagoano ter uma ideia de como andam as disputas, o Atlético-MG já está eliminado.

Jogos Olímpicos Do Ministério dos Esportes: “Se depender do retrospecto do vôlei brasileiro podemos esperar bons resultados nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Nas areias, desde a estreia da modalidade em Atlanta-1996, o país nunca deixou uma edição do evento sem subir ao pódio”.

Ano especial Fulvio Danilas, diretor de Vôlei de Praia da CBV, vê o Brasil com “desempenho extraordinário” e entende, por isso, como natural a boa expectativa para 2016. É confiante no desempenho dos atletas e do otimismo títulos mundiais e medalhas ganhas em Olimpíadas anteriores.


24 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

S.O.S.ALAGOAS CUNHA PINTO

Brasil sem controle

Festa literária

azer o que? Pergunta de cidadão foi ante o descontrole do governo sobre a inflação que, dia a dia, eleva o custo de vida e mais sacrifica o trabalhador. A inflação bate hoje acima de 7% e sem previsões de queda. Só não afeta os “reizinhos“ encastelados em Brasília.

A Festa Literária de Marechal Deodoro (Flimar), com proposta devformar um público leitor na idade e de extensão as regiões vizinhas, promove com apoio da Braskem, uma campanha de doação de livros. Foram entregues até a semana passada, 250 livros, todos de autores alagoanos.

Quem duvida?

Da assessoria: “Obras como ‘Alzirinha’ e ‘Luares para o amor não naufragar’, de Arriete Vilela; ‘Marulheiro’, de Marcos Vasconcelos Filho; ‘O ouro do coronel’, de Jorge Tenório; e ‘Para ti, Graciliano’, de Isvânia Marques, irão compor as bibliotecas comunitárias em casas, igrejas, templos e associações de moradores.

F

Frase do jornalista Marcelo Rezende no programa Cidade Alerta, da TV Record: “O Brasil é um País de porte que muita gente manda, mas que deviam estar na cadeia”, A ver a miséria em que uma parcela enorme da povo vive e uma minoria se locupletando em Brasília.

Cadê as outras? Rui Palmeira começa a prestar conta dos serviços ao maceioense na televisão divulgando a continuidade de obras deixadas inacabadas por antecessores. É natural pelo interesse dele em ser candidato à reeleição e em 2018 quem sabe não saia candidato ao governo do Estado.

Combustíveis Reajuste dos combustíveis ainda é tema de pauta do Planalto para vigorar ainda este ano e argumento cobrir uma baixa nos preços da gasolina (7,8%) e diesel (3,9%) acumulada entre janeiro e setembro. Informação foi de Luciano Libório, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes e divulgada na Agência Reuters.

Guia do Educador

Instituto Girassol de Desenvolvimento Social, com apoio da Petrobras e do Projeto Academia de Desenvolvimento Juvenil, lançou o livro Guia do Educador. É a história do instituto, sua concepção, sem fins lucrativos e que faz o papel do educador no processo de facilitação e mediação do conhecimento. Tem sede em Boca da Mata.

Merecimento O Tribunal Regional Federal, 5ª Região, elegeu dia 14 último, em três votações e critério de merecimento, os juízes federais para compor lista tríplice para a vaga de desembargador federal. Rubens de Mendonça Canuto Neto, alagoano, está na lista de eleitos.

Proposta da Flimar

Sem rodeios

Semiárido

“Tenho uma vaga ideia do que me espera”. Frase dita por Thomaz Nonô após o convite para assumir a Secretaria de Saúde de Maceió.Foi proposta direta de Rui Palmeira e que, segundo ele,“é mais um desafio e já passei tempo de rejeitar desafio”.

Piranhas será sede, dia 29 próximo, do II Seminário Internacional de Convivência com o Semiárido. Proposta: desenvolver e divulgar processos pedagógicos para o aperfeiçoamento de conhecimentos e objetivo permitir uma convivência melhor entre as regiões do semiárido.

Bem recebida No maceioense é próximo da unanimidade que Thomaz Nonô dará certo no que ele mesmo define como desafio.Pesa positivo para ele estar na Saúde de Maceió a experiência na vida pública. Não que resolva todos os problemas, mas que ao menos humanize o setor no atendimento à população.

Conselho Escolar Sessão na Câmara Municipal de Maceió, em caráter extraordinário, aprovou um projeto que disciplina eleição para os conselhos das escolares na rede municipal. De novidade, o vice-diretor agora poder ser candidato à presidência e quem está no cargo tentar a reeleição.

Foi compromisso Kelman Vieira, presidente da Câmara, sobre a tramitação do projeto: “Tínhamos que votar a mensagem como compromisso de não prejudicar o calendário da secretaria, vez que todo o processo da eleição já está deflagrado”,Proposta é para que aconteça já em novembro.

Da novidade Do vereador Galba Novaes Neto: “O artigo que fixa para o vicediretor cumprir 50% de jornada de trabalho em sala de aula e a outra metade nas funções da diretoria acabou. Agora vai dar tempo integral no trabalho mas mantendo as funções específicas de direção”. Decisão foi reivindicada pela categoria.


extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 -

25

MEIOAMBIENTE ambiente@novoextra.com.br

Despoluição

À

s vésperas da candidatura do conjunto arquitetônico da Pampulha a Patrimônio Mundial da Unesco, o TCE de Minas Gerais suspendeu os serviços de recuperação da qualidade da água da lagoa do complexo turístico. De acordo com o órgão, diversas irregularidades no processo licitatório e inconsistências na execução dos serviços provocaram a suspensão. A Pampulha recebeu representantes da Unesco na semana passada, que começaram a avaliar o local. A candidatura será analisada em julho de 2016.

Descoberta Num estudo divulgado na quarta-feira na revista britânica Nature, pesquisadores descobriram uma nova espécie de mamífero que viveu há 125 milhões de anos, no tempo dos dinossauros. Dotado de muitos pelos, mas também de espinhos, era do tamanho de um rato e tinha patas semelhantes às do tatu. Batizado de Spinolestes xenarthrosus, o fóssil perfeitamente conservado foi encontrado em 2011 em Las Hoyas, depósito arqueológico situado na Espanha.

Ninho de dinossauros

Desmate legal Pesquisadores da UFMG descobriram que com os R$ 20 bilhões investidos em pagamentos por serviços ambientais, seria possível reduzir o desmatamento legal no Brasil pela metade até 2030 e ainda evitar a emissão de 3,8 bilhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Os dados estão sendo apresentados para o governo federal como uma sugestão de ações que poderiam ser tomadas para ajudar o Brasil a cumprir a meta apresentada pela presidente Dilma no final de setembro.

Um estudo publicado na quarta-feira pela revista PLOS ONE revelou que um grupo de cientistas encontrou na Mongólia um ninho de dinossauros com “bico de pato”, da família dos hadrossauros, o primeiro no qual se encontram restos de embriões dessa espécie. A descoberta aconteceu em uma área conhecida como “Tumba do Dragão” no Deserto de Gobi, na Mongólia, na qual foram encontrados vários fósseis deste tipo de dinossauros gigantes (Saurolophus angustirostris) desde o descobrimento do lugar em 1947. Estes “lagartos crestados”, como também são conhecidos, viveram no Cretáceo Superior, há aproximadamente 65 milhões de anos, no que hoje é a América do Norte e a Ásia.

Eixos do Sol A teoria sobre os campos magnéticos do Sol assume que os eixos magnético e dinâmico estão alinhados, mas segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Astrofísica das Ilhas Canárias (IAC), na Espanha, não é o que ocorre. Através de dados obtidos por meio do satélite Solar Dynamics Observatory (SDO), foi encontrado um frágil sinal oscilatório que estava associado à rotação diferencial solar. Apesar de novo no caso do Sol, este desalinhamento não é exclusivo das estrelas, e assim na Terra também se observa que os eixos magnético e de rotação não estão alinhados.

Peixes-robôs Pesquisadores italianos vão liberar no mar um cardume de peixes-robôs, chamados de Venus Swarm, criados para estudar o ambiente marinho e informar, em tempo real, as condições de estruturas subaquáticas. A tecnologia foi apresentada na Expo Veneza, e tem o objetivo de ajudar na manutenção da infraestrutura submersa, composta por barreiras metálicas e caixas de concreto, que irá compor o MOSE, uma megaobra que promete acabar com as frequentes inundações na cidade italiana. O programa foi desenvolvido por uma equipe de pesquisadores do Enea (Agência Nacional para Novas Tecnologias, Energia e Desenvolvimento Econômico Sustentável) e da Universidade de Roma Tor Vergata. Cada unidade custa menos de 10 mil euros, contra 1 milhão de euros de outros tipos de robôs subaquáticos.

Cidades cobertas pelo mar Estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences diz que o estado da Flórida (EUA) tem o maior número de grandes cidades sob risco de desaparecer sob o mar. Os cientistas já estabeleceram que, se nada for feito para reduzir a queima de combustíveis fósseis até o ano 2100, o planeta enfrentará uma alta no nível do mar entre 4,3 e 9,9 metros. Empreender reduções de carbono extremas e utilizar energias renováveis poderiam salvar milhões de pessoas que vivem nas zonas costeiras.

Prêmio científico da Unesco O brasileiro Manoel Barral Netto ganhou, junto ao cardiologista Balram Bhargava (Índia) e ao doutor Amadou Alpha Sall (Senegal), o prêmio Unesco-Guiné Equatorial de Pesquisa em Ciências da Vida 2015, que é destinado a fomentar a pesquisa científica dirigida a melhorar a qualidade da vida humana. Diretor do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), Manoel dedicou sua carreira ao estudo da leishmaniose e da malária e contribuiu para o desenvolvimento de ferramentas de controle na área das doenças transmissíveis e relacionadas à pobreza. O prêmio será entregue na sede da Unesco em Paris no dia 14 de novembro.


26 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

CALOTE

Beneficiários carentes do Minha Casa Minha Vida podem perder seus imóveis Em Alagoas, como em todo o país, a medida atinge inadimplentes da faixa 1 do programa DA REDAÇÃO

O

sonho da casa própria para os beneficiários da faixa 1 do maior programa habitacional do país, o Minha Casa Minha Vida (MCMV) deve se transformar em pesadelo devido ao grande número de inadimplência. A decisão de retomar os imóveis partiu após comprovação de que 25% dos contratos celebrados com famílias que possuem renda mensal de até R$ 1,6 mil estão com atraso de mais de 90 dias no pagamento das prestações. A dívida é cobrada de uma só vez e o inadimplente não pode comprar outro imóvel com os descontos e vantagens do programa. A medida drástica divide opiniões e o agravamento da crise no Brasil tem sido o maior vilão. O desemprego e a queda na renda também contribuem para o caos. Independente dos rumores, a decisão do governo federal é legal, pois está amparada nos contratos de financiamento habitacional, inclusive os do MCMV, que são feitos com base na Lei 9.514/97, que trata da alienação fiduciária de bens imóveis, facilitando a execução da dívida e retomada do imóvel pela instituição financeira em caso de inadimplência. Este grupo de beneficiá-

rios paga prestações mensais entre R$ 25 e R$ 80 durante 10 anos, correspondente a 5% do valor do imóvel. No entanto, o calote do mutuário é bancado pelo Tesouro Nacional. Segundo o diretor executivo do escritório de representação da Associação Brasileira dos Mutuários da habitação (ABMH) em Alagoas, Anthony Fernandes Oliveira Lima, após 30 dias do início da inadimplência, a instituição financeira pode iniciar a execução extrajudicial do contrato. Ele esclarece que, neste caso, é obrigatória a notificação pessoal do devedor (via cartório) para pagar o débito no prazo de 15 dias. Ele esclareceu ainda que após o prazo, o registro de propriedade do imóvel é transferido para o nome do credor que leva o imóvel a dois leilões públicos. Caso não haja arrematantes, o imóvel vai definitivamente para o banco. Lima aconselha que os beneficiários fiquem atentos e não deixem que a situação se agrave. Para quem estiver neste grupo de devedor, a dica é que em caso de desemprego ou perda de renda, desde que comprovados, recorra ao Fundo Garantidor, que cobre o pagamento das prestações por até 36 meses a depender da faixa de renda. Mas ele alerta que existem as

Devedores devem tentar sanar dívidas antes que sonho da casa própria se transforme em pesadelo

desvantagens como a de que o Fundo não paga a prestação e sim ela é incorporada ao saldo devedor e cobrada ao final do financiamento. “Se houver dificuldade no pagamento de alguma parcela, o ideal é procurar o banco ou a entidade de defesa da classe e negociar”, aconselhou, ao acrescentar que o importante é não ficar de braços cruzados. DÉFICIT HABITACIONAL O programa foi criado para diminuir o déficit habitacional no país. Mas o discurso mudou e tolerar

inadimplência, agora, é inadmissível por parte do governo. No entanto, o beneficiário é ciente de que a garantia da dívida é seu imóvel. Ou seja, a pessoa pode morar na casa com a família durante o tempo em que durar o contrato, mas não pode vender, alugar, deixar de pagar as prestações ou descumprir as regras. Vale ressaltar que o Programa Minha Casa, Minha Vida-Entidades foi criado em 2009, com o objetivo de tornar a moradia acessível às famílias organizadas por meio de cooperativas habitacionais, associações e demais entidades privadas sem fins lucrativos.

Segundo informações da Caixa Econômica Federal e do governo, o programa fechou acima da meta proposta para os 4 primeiros anos, que era de 2,4 milhões de unidades habitacionais. Já foram contratadas no Minha Casa Minha Vida 1 e 2 mais de 4 milhões de moradias através do programa. Além do que durante os primeiros quatro anos, o governo investiu R$ 328,1 bilhões nos projetos Minha Casa, Minha Vida, de acordo com os números do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Das 4 milhões de unidades contratadas, já foram entregues 1,5 milhão de unidades.


extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 -

27

ALTARODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Erros e acertos

E

nfim, boas notícias chegam de Brasília. Se não nas áreas política e econômica, pelo menos o otimismo vem de algumas regulamentações que afetam 60 milhões de brasileiros habilitados a dirigir os 40 milhões de veículos (sem incluir motos) que formam a frota real circulante, excluídos os sucateados. Sempre é bom reconhecer quando o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e seu órgão executivo máximo, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), acertam em decisões, mesmo quando significa voltar atrás em regulamentações polêmicas ou em desacordo ao bom senso. Verdade que há muitas pressões políticas e de fundo econômico de setores, no ganha-e-perde com as resoluções que têm força de lei, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Depois da decisão que tor-

pitstop

nou o extintor de incêndio facultativo em automóveis e comerciais leves, no mês passado, finalmente revogou a exigência de que todos os veículos viessem de fábrica com rastreador e bloqueador contra furtos e roubos. Já se sabia dos problemas técnicos e também do aumento de custos a onerar compradores em cidades pequenas e médias. No caso de caminhões, cada interessado achou soluções próprias. Também merece aplauso a criação do Registro Nacional de Veículos em Estoque que diminuiu custos na comercialização de veículos usados. Uma sugestão ao Contran é regulamentar o chamado espelhamento dos celulares em telas multimídias. Alguns fabricantes de veículos, por falta de clareza na lei, inibem a reprodução de imagens de aplicativos (Waze, Google Maps e outros) muito úteis no traçado

Toro:

nem chegou e já está se achando

A

Fiat diz que a Toro, picape derivada do Renegade que será lançada em fevereiro, cria um novo segmento no mercado. Mas a Renault Oroch não acabou de ser lançada? Ela também é uma picape intermediária entre as pequenas e as médias, e também é derivada de um carro de passeio, o Duster. Ambas derivam de um utilitário esportivo. A Fiat porém posiciona a Toro num patamar superior, alegando que ela é maior, tem 4,915 metros de comprimento e capacidade para levar uma tonelada de carga além

de cinco pessoas na cabine dupla. E a empresa garante que os ocupantes terão conforto de um carro de passeio. As medidas são superiores às da Oroch, com seus 4,7 m de comprimento e capacidade de carga de 650 kg. Além disso, a Oroch não tem tração 4 X 4 (chega no ano que vem) nem opção de motor a diesel, equipamentos de série nas versões topo de linha da Toro.

RODA VIVA de rotas menos congestionadas em tempo real. Se se permite fixar um telefone no painel ou para-brisa com as mesmas informações, por que não numa tela mais nítida e segura de operar no painel dos veículos? Afinal, não se trata de imagens de filmes ou de TV, mas de mapas. Algumas iniciativas do Congresso Nacional, porém, são desastrosas. Uma decisão puramente demagógica alterou o CTB e tornou falta gravíssima a multa por circular em qualquer faixa de ônibus. Antes havia uma graduação de multas – semelhante à velocidade em excesso – entre corredor (em geral do lado esquerdo e com estações de embarque) e faixas à direita. Não tem sentido igualar os dois tipos de infração. Faixas precisam ser interrompidas antes e depois de vias transversais, além do tráfego de entrada e saída de lo-

jas, garagens e estacionamentos que deixam a “infração” ao arbítrio de quem multa, fora os casos controversos. Entre os projetos que tramitam no Legislativo Federal está a de obrigatoriedade do uso de farol baixo em estradas durante o dia. Em países de alta incidência solar como o Brasil isso não tem sentido, sem considerar que farol de uso diurno precisa ser específico e deixar desligadas lanternas traseiras e dianteiras. Especialistas dos EUA estudaram o assunto e, apesar de 250 milhões de veículos que circulam por lá, descartaram essa medida. O Contran poderia tornar obrigatório a DRL (luzes de uso diurno, em inglês), como se vê em vários modelos. Gastam pouca energia, sinalizam bem melhor e aumentam a segurança em estrada e cidade. Aceitas sem restrições em todos os países.

DURANTE o recente Fórum Direções, organizado pela Quatro Rodas, o ex-presidente da Audi no Brasil e atual presidente da Gol, Paulo Kakinoff, relembrou a frase famosa: “Reconheço duas coisas sobre a crise: não sei quando ela acabará, mas sei que acabará”. Compradores potenciais de carros novos, porém, continuam ansiosos: quando vão parar de adiar seus planos? TERCEIRO trimestre de 2016 parece a resposta com mais adeptos entre os analistas. Supondo que este ano as vendas totais (veículos leves e pesados) alcancem 2,5 milhões de unidades, elas só voltariam a crescer – e lentamente – daqui a um ano. Para alcançar o patamar mágico de 4 milhões de veículos/ ano (em 2012 foram 3,8 milhões) só em 2022. Uma década perdida! NOVA arquitetura (maior por dentro, menor por fora), estilo menos amarrado ao padrão francês e itens sofisticados marcam os novos C4 Picasso e Grand C4 Picasso (7 lugares). Impostos altos e real desvalorizado puxaram os preços: R$ 111.900/117.900 e R$ 120.900/127.900, respectivamente, fora opcionais. Ousadia positiva é diferenciar o desenho das duas versões. PROVA da virada da Volvo é o XC90. Além de imponente (4,95 m de comprimento), leva até 7 passageiros sem sacrificar demais os da terceira fileira. Motor 2 litros/320 cv usa turbo e compressor, mas sua sonoridade deixa a desejar, sem deixar de lidar bem com as duas toneladas de peso em ordem de marcha. Tela multimídia táctil vertical de 9 pol. é um dos pontos altos. YON MOTOR é um rastreador de fácil instalação (menor e mais leve) que acaba de chegar ao mercado e adaptável a qualquer tipo de veículo por ser à prova d’água. Aplicativo gratuito para telefone inteligente permite, por exemplo, os pais monitorarem à distância a forma como os filhos guiam. Custa R$ 960,00, mais plano de dados (R$ 268,00/ano).


28 - extra -

MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

ARTIGO

O fim do mundo está chegando....!!!!. JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS

jalm22@ig.com.br

D

epois dos escândalos que já aconteceram e que ainda estão acontecendo no Brasil, eu fiquei “p...da vida”, com o meu amigo Chico, quando no bate-papo da Barraca Pedra Virada, na praia da Ponta Verde, ele disse, para todos os amigos ouvirem, que o ex-presidente Lula foi o maior homem público que o Brasil já teve. Disse ele: “Veja Zé, depois dos milhares de processos envolvendo vereadores, prefeitos, deputados federais, deputados estaduais, senadores, juízes, ministros, presidentes de empresas e executivos, até aqui nada foi provado contra o ex-presidente Lula, mesmo que a grande maioria dos nossos homens políticos, seja composta de desonestos de carteirinha. Aliás Zé, lem-

bre-se que o nosso ex-presidente Lula já foi agraciado pelos maiores líderes do mundo e pelas melhores universidades americanas e europeias. O negócio é que já estamos vivendo o fim do mundo, com Jesus separando os bons dos maus, tendo o Lula ao seu lado, como o bom ladrão. Agora, é com Jesus, pois, os nossos julgadores não possuem moral para condenar o ex-presidente Lula”. Depois das palavras do meu amigo Chico, eu fui pra casa, para pensar no que disse o Chico e, concluí que ele, até certo ponto, está certo. Realmente, nós já estamos vivendo coisas próprias de um fim do mundo. Estamos vivendo num mundo onde impera a impunidade e onde muitas sentenças são dadas por julgadores inescrupulosos. Estamos sendo tragado pelas águas, pelo fogo e onde o orçamento da nação está sendo apresentado com um “déficit” de R$ 50 bilhões e que para compensar o rombo, das contas públicas, o governo resolveu volta com a tal da CPMF, mesmo que os impostos e

as taxas daqui já sejam as mais elevadas do mundo. O governo gastou demais e, depois de tudo, nos deixou de tanga e de sunga. Para compensar o rombo, nós pagamos mais do que o dobro do preço da água que consumimos, muito diferente dos demais países, mesmo que o Brasil possua 25 % de toda a reserva mundial de água doce. Já estamos numa 3ª guerra mundial, com pessoas passando fome, sede e correndo para locais distantes das guerras. Estamos no fim do mundo, onde as tarifas telefônicas ficaram 60 % mais caras e onde a eletricidade passou a ser 95 % mais cara, de um dia para outro, mesmo com as dezenas de hidroelétricas que temos. No fim do mundo é assim mesmo, com a gasolina passando a ser de má qualidade, caríssima e prejudicando os motores, para beneficiar os usineiros. As fábricas estão demitindo os operários por falta de compradores dos seus carros e onde um só automóvel paga 50 %, só imposto, fazendo com que o carro fique

com o preço dobrado. Mas, fim do mundo é assim mesmo....!!!!! Pagamos 18 % de ICMS, além de PIS, do Confins, do CPMF, do ISS, do IPTU e outros impostos e taxas. Os sinais estão sendo dados para que o brasileiro pague Imposto de Renda num valor correspondente a 4 meses de trabalho, ainda o governo descontando adiantado e ficando com o nosso dinheiro para só liberar no ano seguinte. Estamos no fim do mundo e não vai adiantar nada a turma esvaziar os cofres da Petrobras, pois quem vai ficar com tudo é o satanás. Eu acho que o Chico tem uma certa razão dizendo que o ex-presidente Lula “é o Maior Vulto da História do Brasil”. Fim de mundo, é assim mesmo...!!! Que vergonha...!!! Em tempo – O escrivão da Justiça, Sr. Virgulino Farias da Silva, o meu primo Jairo Lisboa Souza e o químico Dr. Gileno Boia são meus leitores e nunca dei propina a eles


extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 -

29

ABCDOINTERIOR robertobaiabarros@hotmail.com

Muito estranho

Parceria público-privada

Exemplo

Fruto da associação de empresários locais com o frigorífico FrigoVale, empresa do Mato Grosso - estado detentor de um dos maiores rebanhos do país, com mais de 28,5 milhões de cabeças de gado -, a FrigoVale Alagoas nasce no Estado graças à decisão da Prefeitura de Arapiraca de realizar uma parceria público-privada, por meio do instrumento de concessão para a instalação de um frigorífico com os mais altos padrões de qualidade, para prestar um serviço público que impulsionará a economia de toda a região.

Myrka Lúcio cita como exemplo a instalação da empresa AeC Contact Center, em janeiro deste ano, com a geração inicial de 1.200 empregos. Agora, a empresa está ampliando suas atividades e deve contratar mais 500 trabalhadores. No dia 26, com a inauguração da Frigovale, outros 200 empregos diretos serão criados.

Durante a sessão ordinária realizada na terça-feira, 20, na Câmara Municipal de Arapiraca, o vereador Edvânio do Zé Baixinho (PROS) lamentou que os aprovados no concurso da Casal em 2013 até agora não tenham sido nomeados. O vereador lembrou que o prazo para a convocação termina em maio de 2016 e que, até agora, nem o governo do Estado e muito menos a Casal, se manifestaram sobre o assunto.

Geração de empregos

Pediu interferência

Mais uma vez, o potencial econômico e a geração de empregos em Arapiraca são destacados pela imprensa brasileira. O site de notícias UOL publicou reportagem, nesta terça-feira, registrando que 29 das 30 cidades que mais geram empregos no País estão no interior, e entre elas Arapiraca.

O parlamentar informou que pediu até a interferência do deputado federal Marx Beltrão (PMDB), na tentativa de buscar uma resposta sobre a possibilidade da convocação dos aprovados, Edvânio adiantou que vai entrar com uma representação no Ministério Público contra a Casal, pedindo uma explicação e a convocação dos aprovados.

Passo importante A partir do dia 26, próxima segunda-feira, Alagoas dará um passo decisivo para o avanço da cadeia produtiva da carne, com a inauguração, em Arapiraca, do mais moderno frigorífico industrial do Estado – o primeiro a seguir padrões de qualidade exigidos para a certificação da carne.

Instalada em uma área de mais de 100 mil metros quadrados, na região de Olho d’Água dos Cazuzinhas, perto do Distrito Industrial, a FrigoVale Alagoas terá capacidade para abater mais de 10 mil cabeças de gado por mês, gerando cerca de 200 empregos diretos.

Foi destaque

Na contramão da crise A secretária de Indústria, Comércio e Serviços de Arapiraca, Myrka Lúcio, salienta que, apesar das dificuldades financeiras do país, Arapiraca continua na contramão da crise nacional. Ela afirma que, desde o início da gestão, a prefeita Célia Rocha tem adotado medidas de enfrentamento da crise e realizado investimentos para atrair novas empresas para o município.

Estrela de Alagoas Promover projetos que integrem escola e comunidade em torno da leitura na Escola Estadual Luiz Duarte, em Estrela de Alagoas. Há 30 anos, este é o dia a dia da professora de Língua Portuguesa Clara Lúcia Machado. Este ano, a educadora será uma das servidoras da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) na edição 2015 da Medalha Sílvio Vianna.

Tiros na Igreja O padre Sizo registrou um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia de Mata Grande, nesta terça-feira, denunciando um vizinho suspeito de efetuar disparos de arma de fogo em um vitral do Santuário de Santa Terezinha, no centro da cidade. O sacerdote contou que descobriu o estrago quinta-feira, quando visitava as obras do santuário.

Padre Sizo Segundo o padre, a vidraça, que foi atingida por dois tiros de espingarda, tem a imagem de Nossa Senhora do Carmo e se trata de uma obra avaliada em R$ 30 mil. Foi feita pelo artista plástico Fernando Floriano, de Pernambuco.

Demissão em Piranhas Devido à crise vivida pelos municípios brasileiros, causada em grande parte pela queda no repasse do FPM, o prefeito Manoel de Audálio, de Piranhas, irá exonerar cerca de 400 servidores comissionados.

PELO INTERIOR ... A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), em parceria com o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), realizou na terça-feira (20), em Arapiraca, mais uma reunião da Comissão Intergestores Regionais (CIR). ... Durante o encontro, que ocorreu no auditório do Centro de Referência Integrada de Arapiraca (CRIA), foi discutida a possibilidade de criar um Consórcio de Saúde que reúna os 25 municípios de parte do Agreste e Sertão. ... Para isso, representantes do Consórcio Intermunicipal do Sul do Estado de Alagoas (Conisul) estiveram presentes para expor experiências sobre a compra de medicamentos em forma de consórcio, modalidade que já é uma realidade nos municípios da região sul do Estado. ... A VII Região de Saúde é formada pelos municípios de Arapiraca, Batalha, Belo Monte, Campo Grande, Coité do Nóia, Craíbas, Feira Grande, Girau do Poncino, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Lagoa da Canoa, Limoeiro de Anadia, Major Izidoro, Olho d’Água Grande, São Sebastião, Taquarana e Traipu. Já a VIII Região de Saúde é formada pelos municípios de Belém, Cacimbinhas, Estrela de Alagoas, Igaci, Maribondo, Minador do Negrão, Palmeira dos Índios e Tanque d’Arca. ... Aconteceu, no último dia 17, no Centro de Convenções Ruth Cardoso, em Maceió, o Encontro Estadual de Agentes de Desenvolvimento, organizado pela Unidade de Politicas Públicas do SEBRAE Alagoas. ... Neste evento, o município de Pão de Açúcar foi destaque pela brilhante atuação do agente de Desenvolvimento, conhecido como “AD”, Ramon Santos Carvalho, que recebeu o prêmio de Melhor Agente de Desenvolvimento de 2015. ... Para o agraciado, que atua ao mesmo tempo como AD e secretário municipal de Turismo e Esporte, o prêmio conquistado é o resultado de um trabalho em conjunto e que envolve vários parceiros. “O meu papel é articular e fazer as ações acontecerem no município. E isto vem dando certo em Pão de Açúcar”, disse Ramon. ... A solenidade de premiação contou com a presença da gerente da UPP, Izabel Vasconcelos, que ressaltou, durante o ato solene, a importância da atuação dos ADs nos municípios para gerar o desenvolvimento local. ... Aos nossos leitores e amigos desejamos um final de semana repleto de saúde, paz e harmonia. Quanto aos desafetos que são verdadeiros batedores de carteiras e vivem surrupiando o dinheiro público, que passem o sábado e o domingo nos quintos dos infernos. São uns


30 - extra - MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015

REPÓRTERECONÔMICO JAIR PIMENTEL - jornalista.jairpimentel@gmail.com

NO PAÍSdasALAGOAS TEMÓTEO CORREIA - Ex-deputado estadual

Conformismo A palavra de ordem é: viver de acordo com o que ganha, jamais comprando por impulso e exagerando nos gastos. Não se pode comprometer mais de 30% da renda com pagamentos de dívidas, incluindo as fixas e as eventuais. Economizar no consumo de energia, água, telefone, combustíveis e até mesmo na alimentação. Pagar em dia suas contas, evitando juros e multas e evitar o uso do cartão de crédito amortizado, ou seja, pagar o valor mínimo e ir rolando a dívida, que pode ser tornar impagável.

O sapateiro

As vendas caem e os serviços crescem!

A

recessão econômica que o Brasil atravessa vem provocando a queda nas vendas do comércio em geral e o aumento no faturamento dos prestadores de serviços. É o que demonstra pesquisa feita recentemente em Maceió, comprovando que os consumidores estão preferindo consertar o que quebrou ao invés de comprar um novo. Também vem crescendo a preferência de se pagar à vista ao invés de usar o cartão de crédito parcelado, cheque especial ou compras pelo carnê, em prestações de médio prazo. Os juros vão continuar aumentando para controlar a inflação, embora ela teime em crescer, podendo chegar aos dois dígitos anuais em dezembro. A última pesquisa divulgada pela Federação do Comércio de Alagoas mostra que o comércio da capital e principais cidades do interior vem enfrentando uma crise sem precedentes, com o fechamento de lojas e já ultrapassa as 25 mil demissões somente esse ano. A previsão é de que as vendas para o Natal sejam bem inferiores às praticadas no mesmo período do ano passado. Isso é visível quando se vai ao comércio central e aos shoppings centers: lojas vazias, vendedores diminuindo e nem mesmo as promoções estão atraindo consumidores.

Se seu sapato está furado, leve a um sapateiro para consertar. Sai muito mais barato do que comprar um novo. Engraxe em casa, ao invés de utilizar o engraxate. Lembre que um sapato de couro e sola é caríssimo e tem que durar muito tempo, revezando com o mais simples de solado de borracha. Vale tanto para o masculino como o feminino. Ambos podem ser consertados e durar mais um bom tempo.

Eletrodomésticos Podem ser consertados quando apresentar algum defeito. Existem oficinas especializadas, inclusive na marca do produto. Isso é possível e mais barato do que comprar um novo. A dica vale para liquidificador, forno de microondas, máquina de lavar roupa, geladeira, fogão, etc.

Pesquisando Mas antes de se definir por um prestador de serviços, pesquise em vários. Observe com familiares e amigos, peça informações, converse, pechinche e só feche o negócio quando tiver certeza de que fez uma boa economia, além de exigir a garantia e só pagar quando for testado e entregue em suas mãos.

A sagacidade de Val-2000

2006 - Estava eu participando do sepultamento de um político e grande figura humana, o deputado federal Gerônimo da Adefal, quando fui abordado por uma figura consagrada do folclore político da cidade de Maribondo-AL, Givaldo Borges, conhecido como Val-2000. A abordagem foi bastante efusiva, com salamaleques e lisonjas. Sem detença fez-me um pedido: - Eu nunca lhe pedi nada, mas agora estou precisando que você me arranje uma certa quantia em dinheiro. Não é dado não; é emprestado. Eu arrendei uma churrascaria e estou precisando de um capital para movimentar o negócio. Antes que eu respondesse, emendou: - E a política, como vai? Olhe, você não será prefeito de Maribondo ou de Anadia se não quiser. Lá, só se fala em você. Se você for candidato, em qualquer uma das duas cidades, será uma nomeação. - Respondi-lhe: Sobre o empréstimo, não posso arranjar. Estou meio apertado, porém tenho uma notícia boa: quando eu for prefeito, você será meu tesoureiro. -Não, não quero, não! -Você será o meu chefe de Gabinete. -Não, não quero, não! -Por que você não quer? -Você passou 16 anos no poder, nunca me deu nada, agora que é rolete chupado, sem ter nada o que dar a ninguém, fica me prome-tendo cargos que não tem e nem vai ter! Olhe, daqui pra frente é mais fácil eu enganar vocês do que vocês me enganarem. Tá pensando que sou bobo, é? Despedi-me dele e fui saboreando as nuances da malandragem política.


extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015 -

31

CRÔNICA

O menino das cachorras FERNANDO TENÓRIO* fernandoatn@hotmail.com

– Olha ali o menino que mama nas cachorras! Olha ali o menino que mama nas cachorras! A criança apontada chama-se Leleco. Seu nome de batismo era desconhecido por mim. Ele foi criado na miséria em Maribondo, município do qual também sou filho. Seus pais tinham poucas posses materiais e mentais para cuidar dele; todavia, ainda assim, a criança foi crescendo, indo desde cedo para a rua e recorrendo às cadelas que vagavam pela cidade para se alimentar. A cena era horrenda, sendo capaz de chocar qualquer pessoa com um mínimo de decência. Ele devia ter cinco ou seis anos e sua pele já estava ferida por mordidas dos animais e germes de toda natureza. Se as marcas visíveis já chocavam, penso que as internas, que só ele poderia mensurar, deviam ser bem maiores. O menino que tinha o hábito exótico, mais por necessidade do que por qualquer outra coisa, era apontado na rua com frequência, sendo sua aparição quase um evento. Alguns o apontavam por curiosidade, outros por pena, e uma porção significativa de pessoas por estranhamento àquele ato. Leleco criou-se, por assim dizer. Sozinho, foi tocan-

do a vida e aparecendo cada vez mais aos olhos da cidade. Lavando banheiros, cortando grama ou pedindo trocados pelas ruas, foi fazendo sua rede de mecenas e sobrevivendo. A escola, suponho, foi abandonada antes que as primeiras palavras fossem lidas. O menino, que na infância provocava frisson ao passar, cresceu. Deu para larápio, mas tinha seus princípios. Só roubava de desconhecidos e não maribondenses. Contava seus feitos aos homens e mulheres da cidade em tom épico. Certo dia, falou do roubo de um celular e de como quase foi pego, mantendo algo narcísico no discurso: – Se fosse outro, teria sido pego. Sou ligeiro! A vida cuidou em afastar Leleco dos meus olhos. Só sabia dos seus feitos, eventualmente, quando ia visitar meu pai na já referida cidade. Soube do uso ocasional de drogas. Soube do momento em que o uso rompeu seus princípios de gatuno, pois a dependência já havia se instalado. A partir dali, os maribondenses também poderiam ser vítimas dos seus pequenos furtos. Com a busca desenfreada pelo crack, a rede de mecenas foi diminuindo e os desafetos, aumentando. O tempo passou para ele e para mim, ainda que em cadências bem diferentes. Ontem, visitei Maribondo e a primeira pessoa que vi foi Leleco. Ele estava visivelmente alterado, mas fazendo mandados aqui e acolá para conseguir algum dinheiro. Quando conseguiu, partiu pelos becos e vielas da

cidade, em busca do seu eldorado de cinco minutos. No final da noite, lá estava ele deitado na calçada, embaixo de uma marquise. O corpo atirado no chão, sem nenhum conforto, entregue ao relento e à própria sorte. Aquela foi a minha última visão de Leleco, antes de entrar no carro e ir dormir no aconchego do meu lar. A sorte não estava para Leleco. Segundo os presentes, uma moto passou e um homem atirou nele por várias vezes. Tiros certeiros na cabeça, sem nenhuma chance de defesa. A notícia espalhou-se pela cidade e chegou até minha casa. Um vídeo com ele agonizante, nos últimos suspiros, também. Preferi não ver. Já na manhã de hoje, no local do crime, duas mulheres, sentadas em cadeiras plásticas, conversavam furtivamente e sem nenhum pudor. Não houve comoção, estranhamento ou lágrimas por sua partida. Só curiosidade. Por ele, os sinos da igreja não se dobraram. Ninguém fez o sinal da cruz. Nenhuma homenagem foi prestada. A verdade é que Leleco era mais um indigente, quase invisível, como tantos outros, que por sorte ganhou um apelido e deu seu jeito de vaguear pela vida até quando foi possível. **Médico formado pela Ufal, é alagoano de Maribondo e tem 26 anos. Residente em Psiquiatria no Hospital Philippe Pinel, no Rio de Janeiro, é autor do livro A Responsabilidade dos Olhos, lançado pela Editora Viva em 2014.


32 -

extra

- MACEIÓ, ALAGOAS - 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2015


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.