Edicao854

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extra MACEIÓ - ALAGOAS ANO XVII - Nº 854 - 08 A 14 DE JANEIRO DE 2016

www.novoextra.com.br

HISTÓRIA DE ALAGOAS

ESDRAS GOMES

P/ 22

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AMBROSINA MARIA DA CONCEIÇÃO, A ETERNA MISS PARIPUEIRA

R 3,00

JORNALISTA LANÇA LIVRO DE CAUSOS E HISTÓRIAS QUE O POVO CONTA

ALAGOAS ESTAGNADA

INDICADORES AFASTAM FUTUROS INVESTIMENTOS NO ESTADOP/ 10 a 12 GOLPE NA SAÚDE Primeira-dama de União fatura R$ 850 mil do SUS só com seu laboratório P/ 15

CURTO-CIRCUITO Ação popular pode devolver controle da Ceal ao Estado P/ 8

Advogado Adriano Argolo

João Lyra pode usar créditos federais para indenizar 10 mil trabalhadores P/ 5


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MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE JANEIRO DE 2016

Elite predadora

“A

culpa de nossa miséria é dessa elite perdulária que há 200 anos se apoderou do Estado e o transformou em cabide de empregos para manter o status quo”. A frase, em tom de desabafo, é do economista e escritor Fernando Lira, a propósito da divulgação dos últimos indicadores que colocam Alagoas na rabeira do desenvolvimento econômico e social. Segundo o escritor, a única saída para tirar Alagoas do estado de letargia em que vive é investir na educação. Mas alerta que isso só ocorrerá quando a classe média se organizar e se unir em torno desse projeto de salvação.

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

Japonesa na mira da PF

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A Polícia Federal, que abriu inquérito há meses para apurar saques astronômicos, em dinheiro vivo, antes da decretação da falência do Grupo João Lyra, deve chamar para depor a japonesa Sílvia Sacuno, braço direito de JL na época. Ela deve ser interrogada por este e outros assuntos que estão sendo ainda investigados.

Mundo animal “Antigamente os animais falavam. Hoje escrevem”.

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Nesse inquérito já foram ouvidas várias pessoas que, à época, eram da confiança de João Lyra, inclusive o famoso José Brandão, o tesoureiro do Caixa 2 da empresa. Atualmente, José Brandão vive constantemente viajando entre o Rio de Janeiro e a Europa e às vezes dá um pulinho em Maceió, sempre no anonimato. Ultimamente foi visto se deliciando na Itália com vinhos de qualidade reconhecida no mundo em recomendáveis restaurantes de alto luxo.

Millôr Fernandes

Viva o PT ! “Há 8 anos a Petrobras valia R$ 500 bilhões. Hoje só vale R$ 100 bilhões e deve mais de R$ 500 bilhões”.

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Algumas pessoas que foram chutadas no traseiro por motivos óbvios e que conviviam tirando proveito de João Lyra, estão de volta, sorridentes, de bem com a vida. Exatamente os de quem a família de JL não queria nem ouvir falar.

Ricardo Amorim, economista.

Viva o PT 2 “O povo bestificado assiste atônito à destruição da República”. Miguel Reale Júnior, jurista.

Desova imobiliária

O ex-prefeito Cícero Almeida confidenciou a amigos que está no sufoco financeiro e por isso vai vender seus apartamentos, casas, fazendas e outros imóveis para pagar dívidas e se capitalizar para as eleições deste ano, nas quais pretende disputar a Prefeitura de Maceió. Almeida garante que voltará nos braços do povo. Só falta combinar com os eleitores...

JHC X Nivaldinho

O filho de Antônio Albuquerque, Nivaldo Neto, não conseguiu votos para se eleger deputado federal, mas alimenta o sonho de chegar à Câmara pela via do tapetão. Nivaldinho, como é conhecido nas fazendas do pai, pediu a cassação do deputado JHC por infidelidade partidária.

Questão semântica

Inhapi, em tupi guarani, significa campo raspado, ou campo nu. Mas seus dirigentes entenderam “cofre raspado”.

Caso de polícia

(In)Justiça 1

O Ministério Público Estadual anda de olho nas ações de um prefeito no litoral norte de Alagoas. O espertalhão construiu um hotel de luxo com a grana da prefeitura. O Grupo de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) anda atento com os passos do chefe do Executivo e seus laranjas.

(In)Justiça 2

Marcelo Odebrecht, maior empresário do Brasil, deverá ser solto em fevereiro, quando o STF julgar o pedido de liberdade por ele ajuizado. Nabor Bulhoes, advogado da Odebrecht, acredita na concessão do habeas corpus sob o argumento de que a prisão preventiva do emperesário já levou tempo demais.

O desembargador Fernando Tourinho considerou ilegal a greve dos professores da Barra de Santo Antônio. Os servidores estão há três meses sem receber seus vencimentos e mesmo assim são obrigados a trabalhar sob pena de abandono de emprego. A decisão foi vergonhosa.

O prefeito Rogério Farias continua zombando da cara dos trabalhadores, mas agora o chefe do Executivo da Barra de Santo Antônio conta com o apoio irrestrito do judiciário alagoano. Já os professores continuam a pão e água. Justiça tardia é injustiça.

Liberdade

Denúncia vazia

Nabor Bulhões, que também defende Washington Luiz, acredita que os processos contra o desembargador serão julgados improcedentes no CNJ: “Não há nada de concreto contra o desembargador, só denúncias vazias”.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

SERVIÇOS JURÍDICOS

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MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE JANEIRO DE 2016

Esdras, o artista das palavras Maceió – O escritor Esdras Gomes se cercou de jornalistas famosos e intelectuais da terra para apresentar seus livros, duas preciosidades da literatura que o elevam ao patamar dos melhores escritores e memorialistas de Alagoas, quiçá do Brasil. Atrevo-me, diante de tanta gente letrada, tecer alguns comentários das obras que chegaram a mim pelas mãos do próprio autor, jornalista querido e amado, que me brindou com dois autógrafos afetuosos. Podes crer! O cumpade me contô ...causos e histórias que o povo conta, o primeiro dos seus livros, percorre o universo das histórias regionais que de tão verdadeiras parecem inventadas pela alma criadora do escritor. São causos deliciosos, narrados com a maestria de quem sabe burilar as palavras. De quem conviveu e convive com a sua gente no interior, nas esquinas, nas barbearias e nas biroscas dos pequenos povoados sempre atento ao que de mais sagrado existe na cultura nordestina: a linguagem do homem comum, da roça, sem as firulas gramaticais que engessam a simplicidade. Aquela em que a abreviatura e a distorções de nomes e palavras viram o vocabulário recorrente desse povo que se manifesta de forma espontânea e livre. Podes Crer! é um trabalho de fôlego, que faz um passeio saudosista pela nossa Maceió, resgatando personagens que marcaram uma época de ouro nas décadas de 1960/70. Esdras traz de volta ao nosso convívio o “Pai véio”, o velho Mossoró, dono do principal puteiro na época, figura folclórica, que transformou o bairro de Jaraguá no principal pointer da sacanagem. Era parada obrigatória dos marinheiros e embarcadiços. Dos intelectuais, das raparigas e dos jornalistas boêmios que deixavam às redações de madrugada em busca de dois prazeres: bebida e sexo. O autor divide o livro em 49 histórias deliciosas, que amarram o leitor do início ao fim com títulos no mínimo exóticos para cada uma de suas peraltices lite-rárias: O Lobisomem, Orifício Gigante, O Papagaio do Coronel, Cabaço Vencido, O apelido do ânus, etc. etc. São causos extraídos da sabedoria popular em que Chico Anísio também se expirou para criaro Pantaleão, mentiroso peidão, que a todo momento pedia que a Terta confirmasse as suas invencionices. Na verdade, para isso, Chico foi lamber nos livros de Graciliano Ramos de onde tirou esse personagem. Ele continua lá, vivinho da silva, no Alexandre e seus heróis. Esdras Gomes é um dos mais respeitados jornalistas de Alagoas. E, agora, com esses dois livros, um admirável escritor, uma descoberta deliciosa que só cobre de orgulho nós, os alagoanos, sedentos de boas histórias contadas com qualidade.

JORGE OLIVEIRA arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Apresentação Não à toa, Esdras Gomes foi buscar no jornalista José Alves Damasceno, um dos mais conceituados da terra, o prefácio do seu livro Podes Crer! Creio ter sido feliz na escolha porque trouxe para dentro de suas páginas um dos melhores textos do país. Um jornalista, dublê de padre e escritor, que escreve com garra, com o coração e com a sagacidade dos grandes autores. Veja abaixo o que Damasceno diz do livro de Esdras:

Comparação

“O que se vê nesse livro é a facilidade que o autor demonstra em cada página escrita de guardar a mais escorreita fidelidade ao linguajar matuto, superando, sem dúvida, nesse particular, a genialidade do grande João Guimarães Rosa. Este, criava palavras, o tom fonêmico dos tabaréus mineiros, ele inventava um novo vocábulo. Dentro da visão humorística de Ziraldo, era um perfeito ‘novodicionarista’, isto é, alguém que sabe, com “palavras novas, escrever palavras velhas”.

Completo

“Esdras Gomes se me mostra mais completo, eis que sabe, como nunca vi, manter a grafia e o fonema intactos, mostrando por escrito como fala - e pensa – de fato, o nosso matuto, os homens e as mulheres que mourejam na vasta e complexa região nordestina”.

Nordestês

Esdras Gomes vai mais longe. Ele também nos contempla com uma obra de fôlego só comparável aos grandes feitos de Câmara Cascudo nos intricados mistérios do folclore brasileiro. Gomes mergulhou em uma profunda pesquisa anos a fios para nos brindar com o Pequeno dicionário de Nordestês. Uma obra prima, ouso dizer. Poucos escritores foram tão longe nessa missão. Um trabalho que devolve ao país, mais especificamente ao Nordeste, a sua identidade vocabular devorada pela televisão e outros meios de comunicação modernos.

O dicionário

Nordestês é um livro eterno, obra indispensável em qualquer escola, seja ela primária ou universitária; companheira de todos que se dedicam ao estudo da linguística. Esdras foi fundo nas pesquisas para trazer de volta o linguajar do matuto, do homem do interior, do caboclo. A exemplo de Aurélio Buarque de Holanda, outro alagoano, um dos mais importantes filólogos da língua portuguesa, Esdras Gomes – quem sabe – poderá também virar verbete daqueles que vão consultar o seu dicionário para traduzir para o “português” os garranchos verbais do homem do campo.

Agradecimento

O pequeno dicionário, de 392 páginas, vai de A a Z. E o projeto só foi possível porque homens como o industrial José Carlos Lyra de Andrade, presidente da Federação das Indústrias de Alagoas, comprometeram-se com o trabalho, viabilizando a sua realização, um fato raro em Alagoas, quando se sabe que os grandes empresários não dão muito bola para a cultura. Esdras, gentilmente, agradece a FIEA logo nas primeiras páginas do dicionário. É com a produção de obras como essas que Alagoas ainda se faz respeitar lá fora no que melhor sabe fazer: literatura.

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GABRIEL MOUSINHO

Caso de polícia

É

profundamente lamentável que alguns comerciantes gananciosos protagonizem reportagem de cunho negativo na Globo, e em outros órgãos de comunicação, sobre a exploração de turistas na orla marítima de Maceió e outros recantos paradisíacos do Estado, principalmente quando Alagoas é reconhecido pelas sua exuberantes praias e seu povo hospitaleiro. Cobrar 100 reais para entrar numa barraca de praia, além de pagar pelo que possa comer ou beber, é no mínimo um caso de polícia. Esses empresários parecem querer acabar com o turismo em Maceió, atraindo a grande imprensa e causando imensos prejuízos à economia da Capital e do Estado. Quem veio uma vez e poderia retornar em outras oportunidades, fica com a imagem de que aqui, alguns que se possam chamar de empresários, não respeitam as autoridades e muito menos quem vem se deliciar com as águas quentes de um mar sereno. As autoridades municipais e estaduais não podem ficar de braços cruzados com atos desta natureza partindo de um grupelho que espera ficar rico da noite para o dia. Até as tapioqueiras querem tirar o pé do atraso. Cobram os olhos da cara dos nativos e dos turistas, sob as vistas grossas das autoridades. Basta. É hora de todos os alagoanos reagirem a esse tipo de extorsão, para que não acabemos de vez com o turismo em nossa terra. Somente com punições exemplares, mostrando na mídia quem são os predadores do turismo maceioense e alagoano, que essa praga pode acabar. Antes que ela acabe com todos nós. Isso, a nosso ver, é também caso de polícia.

Caixa 2

Com a liberação em alguns pontos da campanha eleitoral, abrese uma janela para a utilização de caixa 2, tão combatido em campanhas anteriores. Ou seja, para fazer santinhos, cartões, adesivos, camisetas e outros recursos técnicos agora permitidos, este dinheiro com certeza não vai aparecer na prestação de contas junto à Justiça Eleitoral, estimulando assim o velho e conhecido caixa 2.

Vantagem 1

Quem tiver uma grana extra e desejar avançar no contato com os eleitores, parece que chegou a hora. A não ser que a Justiça Eleitoral, observando o exagero de algum candidato explicitamente, determine investigações, terminando por punir aquele que deseja ser eleito vereador ou prefeito de algum município no estado. Neste caso o candidato deve ter prudência, para não exagerar na dose.

Vantagem 2

Quem tiver um bom lastro financeiro e já for amplamente conhecido, como candidatos já com mandatos e figuras públicas, com certeza levará muita vantagem em relação àqueles que querem se candidatar pela primeira vez. Por isso, especialistas acham que 45 dias de campanha é muito pouco para quem deseja ser conhecido pela população.

gabrielmousinho@bol.com.br

Condenável

Amigos e admiradores do médico José Wanderley estão surpresos e indignados pelo silêncio do PMDB depois que sua residência foi invadida pela Polícia Federal. Homem público de notável saber, amigo dos amigos, Wanderley, como 1º Tesoureiro do Partido estava emprestando sua competência e respeitabilidade ao PMDB. A indiferença do PMDB na ação da PF foi, para muitos, um ato condenável.

Vai bem, obrigado

Pelo massacre de propaganda em horários nobres em jornal, rádio e televisão, Alagoas vai muito bem, obrigado. Esta comunicação que custa uma nota para os cofres públicos diariamente, paga pelos contribuintes, parece transformar o Estado em outra galáxia. O go-verno pode até não estar fazendo muita coisa, mas pela propaganda aqui é o lugar onde não existem dificuldades.

Os acordos

Mal terminou o ano e as conversas de bastidores de candidaturas majoritárias e proporcionais tomam o assunto em todo o estado. Como sempre, a Barra de São Miguel, área nobre para os endinheirados de Alagoas, é o recanto preferido para discussão de candidaturas e acordos políticos. Nas praias e nas mansões de veraneio o destino de Alagoas é discutido por grupos conhecidos e que estão no poder, costurando alianças para enfrentar novas batalhas políticas pensando nas eleições de 2018.

Alto lá

A deflagração da Operação Lava Jato que aos poucos vai chegando à República, pode modificar o panorama político para as próprias eleições deste ano. Somente em abril ou maio se terá uma projeção de como andam as coisas. Se grandes nomes forem atingidos, a campanha política será reavaliada e os candidatos, também.

Aperto geral

Com inflação de dois dígitos e o salário mínimo a 880 reais sem incluir impostos e a população consumindo menos, a solução é diminuir o quadro de funcionários. 2016, com certeza será pior do que 2015.

Incerteza

Sem uma política econômica definida e o mercado retraído com o país perdendo investimentos, ninguém quer arriscar. A incerteza do que vem pela frente é o maior problema do empresariado brasileiro.

Projeção funesta

A perspectiva para o ano que se inicia é de demissão em massa no comércio de Maceió. Em dificuldades, os empresários não irão ter outra solução a não ser diminuir o quadro funcional. No mês de dezembro a contratação de funcionários temporários foi zero. O comércio vendeu menos 20% do que em 2014. A crise bateu também à porta de grandes empresas, a exemplo da rede Walmart-Bompreço. Outras deverão seguir o mesmo caminho.

Sub judice

Alguns candidatos podem disputar as eleições, mas com um pé atrás. São aqueles que respondem na Justiça por acusações de desvio de recursos, improbidade administrativa e outras coisinhas mais.

Investindo

O deputado federal Marx Beltrão é forte candidato ao Senado em 2018. A exemplo de Renan Calheiros, Beltrão quer fazer o maior número de prefeitos em Alagoas e, pelo menos aparentemente, não vê dificuldades no seu projeto.

Operação em curso

A composição política para a Prefeitura de Maceió, onde Rui Palmeira parte para a reeleição, está andando rápida. Embora o vice-prefeito Marcelo Palmeira mantenha uma parceria cada vez mais forte com Rui, outros partidos também querem participar do que seria uma grande coligação. Mesmo sem decidir qual o futuro na eleição para prefeito de Maceió, o PMDB vê com bons olhos uma grande composição política.


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João Lyra pode quitar débitos com créditos da União

REMÉDIO JURÍDICO

DIREITOS CREDITÓRIOS DA LAGINHA SÃO SUFICIENTES PARA POR FIM ÀS DÍVIDAS COM MAIS DE 10 MIL TRABALHADORES JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

A

Laginha Agro Industrial S.A. e outras empresas do setor sucroalcooleiro ingressaram há alguns anos com ação judicial nº 90.1948-6 de caráter indenizatório contra a União. A ação Principal nº 96.16763-0 cuja beneficiária é a Laginha visa o ressarcimento pelos danos patrimoniais causados em virtude da fixação, pelo extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) e pelo governo federal dos preços de comercialização do açúcar e do álcool em desacordo com os parâmetros

Adriano Argolo afirma que União não tem mais chance de mudar resultado de ação em que João Lyra saiu vencedor

determinados pela Lei 4.870/65 a partir da safra de 1983/1984. Hoje a Laginha possui “Direitos Creditórios” que foram originados da ação ordinária de reparação de danos nº 90.19486 proposta por 32 litisconsortes ativos do setor sucroalcooleiro, enquanto sucessora da Unisa (União Industrial do Nordeste S.A.) e da Companhia Açucareira Alagoana. O crédito de R$ 604.955.083,13 com a data/ base de junho de 1992, atualmente já ultrapassou a casa de R$ 1 bilhão. A empresa de João Lyra alega ter sofrido em decor-

rência das diferenças de preços praticados no mercado de canade-açúcar. O IAA foi criado em 1933 tendo como principais objetivos resolver os problemas de superprodução da agroindústria canavieira por meio de planejamento e controle anual da produção e, ainda, adequar as necessidades do consumo interno e externo. Com a extinção do IAA em 1990, toda oferta e demanda de produtos e matérias-primas ligadas ao setor passaram a ser regulados pelos critérios de livre mercado. Entre os anos de 1985 a 1989 o IAA não considerou os índices oficiais, o que acabou por gerar uma série de prejuízos para as empresas do setor sucroalcooleiro, que passaram a pleitear a demanda judicial que pode por fim os débitos fiscais e trabalhistas contraídos pelas empresas do Grupo João Lyra.

Um grupo de advogados - Francisco Malaquias de Almeida Neto, Vítor Mendonça Maia, Rodrigo da Costa Barbosa, Adriano Argolo e Alessandre Argolo - encaminhou uma petição ao juiz da Comarca de Coruripe responsável pelo processo de falência da Laginha narrando os fatos e relatando a intenção legal do empresário João Lyra em quitar os débitos fiscais e com os credores trabalhistas. O documento ainda relata: “Ação rescisória proposta pela União é meramente protelatória, na medida em que visa rediscutir a perícia do processo do conhecimento inequivocamente consolidada pelo trânsito em julgado. Estes Embargos – único fator que hoje ainda impede a requisição de expedição de precatório dos valores integrais devidamente atualizados – encontrandose hoje no TRF 1ª Região, em razão da apelação interposta pela União”. Em contato com o EXTRA, o advogado Adriano Argolo colocou: “De pronto, vê-se que, apesar da ação rescisória proposta, cuja última decisão é favorável à Laginha, há inequivocamente o trânsito em julgado da ação que condenou a União a indenizar Laginha e que deu origem aos Direitos Creditórios”. O advogado relatou que a União apenas tenta, com expedientes procrastinatórios, postergar uma situação já bastante consolidada – a que ela tem que indenizar a Laginha pelos prejuízos sofridos e

demonstrados já no laudo pericial feito ainda na ação de conhecimento, hoje transitada em julgado. Quando o crédito da Laginha foi periciado mais uma vez a pedido do Bank of America Merrill Lynch, ainda em 2012, chegou-se a um valor de R$ 1.763.486.968,53. A Laginha encontra-se numa contenda acirrada na Justiça que envolve bilhões de reais. Inúmeros são os motivos dessa demora. Um deles, provocados por ensejos internos, pelo enfrentamento do próprio judiciário. Outros, por ocasião de determinadas circunstâncias em que há a necessidade dependente, para esta solução, da intervenção de outros Poderes e de terceiros, ou seja, as causas externas. Quem continua no meio de toda essa situação são os credores, que podem com uma única decisão judicial receber o que lhes é de direito. “Não só do ponto de vista do direito processual, mas também do direito material, haja vista que o Poder Judiciário reconheceu que a União Federal/Fazenda Nacional deve à Laginha, certamente, ela não estaria na situação atual se os créditos judiciais da assim denominada Ação 4870 tivessem sido pagos no tempo certo. Isso permite a conclusão de que a União, depois de tantos anos, ainda continua a contribuir com a dilapidação do patrimônio da empresa quando protela infindavelmente as ações envolvendo as indenizações relativas à Lei 4.870/65”, expôs Argolo.


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Emendas para Alagoas somam R$ 1,1 bilhão

ORÇAMENTO 2016

BANCADA FEDERAL PRIORIZA INVESTIMENTOS NA CAPITAL: SÃO R$ 65,6 MILHÕES PARA MACEIÓ ODILON RIOS Especial para o EXTRA

A

maioria das emendas coletivas da bancada federal para Alagoas que consta no parecer da Comissão Mista de Orçamento da Câmara dos Deputadosem relatório assinado pelo deputado federal Ricardo Barros (PP/PR)- será destinada à capital: R$ 65,6 milhões (exatos R$ 65.691.547). Ao todo, para o estado, são R$ 1,1 bilhão (exatos R$ 1.131.682.265), que constam no relatório. Isso não significa que o dinheiro vai chegar a Alagoas. Até lá existe um peneirão- e mesmo aprovado, o orçamento pode ser retido por contingenciamento determinado pela presidente Dilma Rousseff. As emendas de bancada vão para as áreas de trânsito, transporte público coletivo, a construção de um viaduto no entroncamento da Polícia Rodoviária Federal, projetos de infraestrutura turística, esgotamento sanitário e saúde. Para o interior, os recursos (no papel) devem ser destinados para o abastecimento de água na Bacia Leiteira; reestruturação e expansão dos institutos federais; duplicação da AL-101 – trecho Arapiraca e São Sebastião; implantação da infraestrutura para a banda larga; saúde (incluindo o Programa Saúde da Família); apoio a projetos de desenvolvimento sustentável; apoio à Política

Emendas de Marx Beltrão, Cícero Almeida e Paulão visam ações pelas quais eles podem vir a ser diretamente beneficiados

Nacional de Desenvolvimento Urbano (para Arapiraca); infraestrutura turística para Coruripe, Porto Calvo, Delmiro Gouveia e Palmeira dos Índios. INDIVIDUAIS E nas emendas individuais? Em ano de eleição, os parlamentares representantes de Alagoas em Brasília pulverizaram a proposta de investimentos para seus celeiros de votos ou em ações em que serão diretamente beneficiados. É o caso de Marx Beltrão (PMDB). Previu recursos para o setor agropecuário, desenvolvimento urbano, cultura, unidades de saúde em Jequiá da Praia, desenvolvimento sustentável em Coruripe, para a área da pesca e apoio a entidades do ensino superior não federais.

Cícero Almeida (PSD), que se diz candidato à Prefeitura de Maceió, reservou recursos para cultura, compra de equipamentos para o Hospital Sanatório, na capital, desenvolvimento urbano em Maceió, Maribondo (onde nasceu) e Rio Largo. Outro candidato à chefia do Executivo na capital, Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT), não pediu investimentos exclusivamente para Maceió. Na sua proposta, há pedidos para a cultura, saúde, turismo e desenvolvimento urbano. Outro a não seguir a exclusividade de recursos para a capital foi João Henrique Caldas, o JHC (PSB). Os petitórios foram para a rede de atenção básica da saúde, esporte, turismo e desenvolvimento urbano. Nada destinado a Maceió.


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Ronaldo Lessa (PDT) previu recursos para a área tecnológica da segurança pública, áreas urbana, turística, esgotamento sanitário e de saúde. Arthur Lira (PP) também quer investimentos em cultura, desenvolvimento sustentável, saúde e, especificamente, academias de saúde. Givaldo Carimbão (PROS) também quer recursos para unidades de saúde, preservação do patrimônio cultural, turismo e, especificamente, verbas para a rede de proteção social especial em Palmeira dos Índios. Maurício Quintella (PR) pede recursos para a agropecuária, unidades de atenção básica em Maceió, turismo, cultura e na pesquisa científica na estação Comandante Ferraz, na Antártica. Pedro Vilela (PSDB) também pediu recursos para a manutenção de unidades de saúde, projetos de desenvolvimento sustentável, inclusão digital, setor agropecuário, esporte e cultura. BOLSA FAMÍLIA A proposta de maior impacto em Alagoas não é de nenhum parlamentar, mas é iniciativa do próprio relator do orçamento, Ricardo Barros: corte de R$ 10 bilhões do Bolsa Família. A presidente Dilma descartou a proposta. Das 1,4 milhão de pessoas que recebem os recursos em

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De forma geral, bancada prioriza investimentos para a saúde

Alagoas, 616 mil seriam excluídas do cadastro único. Os efeitos deste corte em Alagoas prometem, no próximo ano, e se valerem, mexer com a economia de cidades inteiras, sobrevivendo em

torno de feiras de rua ou mercadinhos. Em 2015, o programa federal investiu mais de R$ 730 milhões por aqui- apenas em Maceió R$ 116 milhões. Há uma vantagem para as

famílias de baixíssima renda atendidas pelo programa: a obrigação de fazer o pré-natal. Em especial numa epidemia de casos de microcefalia ligada ao zika vírus. O principal argumento do

deputado-relator é que 61,3% dos atendidos pelo Bolsa são pobres ou vivem na extrema pobreza. O resto integra um circuito de fraudes ou não existem informações o bastante sobre as famílias.


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Ação popular tenta reaver Ceal para Alagoas

CONTRA PRIVATIZAÇÃO

NEGOCIAÇÃO MILIONÁRIA ENVOLVENDO A DISTRIBUIDORA DE ENERGIA DEVE SER DECIDIDA PELA JUSTIÇA ODILON RIOS Especial para o EXTRA

A

s discussões sobre a privatização da antiga Ceal - suspensa na última semana de 2015 pela Eletrobras- encontram mais um problema: uma ação popular impede a venda da estatal. Pior: pode levar por água abaixo todas as negociações do governo do Estado para reaver R$ 2 bilhões, em restos jamais pagos pela União- argumenta a Secretaria da Fazenda- no final de 1997, quando as ações da Ceal foram entregues à Eletrobras e os passivos trabalhistas ficaram com os cofres alagoanos, resultado do acordo com a era Divaldo Suruagy/Manoel Gomes de Barros para pagar folhas salariais em atraso. Por que a Ceal não pode ser vendida? Segundo o advogado Richard Manso- autor da ação popular que tramita no Supremo Tribunal Federal- existe uma dúvida: a quem pertence a companhia? Se a resposta for “a Alagoas”, ela pode ser reintegrada e até os trabalhadores que pediram demissão da estatal na época da crise do Governo Divaldo Suruagy (que culminou na passagem das ações para a União) podem ser reintegrados. Se for “a União”, a operação de entrega das ações da estatal ao governo federal foi irregular. DETALHES A questão da privatização

da Ceal iniciou em 1997. A ação popular foi ingressada em 1998. Entre 1997 e 1998, enquanto havia a discussão sobre a vinda de dinheiro federal em socorro a Alagoas, a Ceal foi colocada pelo governo estadual como garantia de empréstimos vindo dos cofres federais, através dos bancos. “Dizem que o dinheiro era para quitar as folhas de pagamento, mas o Estado naquela época, mesmo em situação de crise, constatou que poderia pagar aos funcionários públicos e não pagaram e só o foram por causa daquela revolução na porta da Assembleia. Ou seja, uma omissão grande das autoridades”, disse Manso. Assinou-se um contrato de confissão e renegociação de dívida, integrou-se quase um bi-

A questão tem de ser julgada no mérito. O que existiu foi má-fé no contrato de confissão da dívida. E isso pode anular até 50% de toda a dívida da Ceal que foi incorporada à dívida do Estado” RICHARD MANSO

advogado

Definição do futuro da Ceal pode levar mais 12 anos, diz Manso

lhão de reais nesta negociação. E Alagoas passou ao governo federal e ao banco BNDES 100% de todas as ações da Ceal. “Não faz sentido passar as ações para o governo federal e ficar com os passivos trabalhistas da Ceal”, disse o advogado, que na semana de discussão, na Eletrobras, da abertura do capital social da Ceal, enviou mensagens ao governo federal alertando do problema e pretensos compradores da companhia, no futuro. “O Ministério Público Federal emitiu um primeiro parecer para que a ação volte à Justiça Federal para ser definida. Do ponto de vista do Direito, serão mais doze anos de processo”, explica. “A questão tem de ser julgada no mérito. O que existiu foi má-fé no contrato de confissão da dívida. E isso pode anular até 50% de toda a dívida da Ceal que foi incorporada à dívida do Estado”, afirmou o advogado. Mais: se for reintegrada, a Ceal vai gerar uma questão: e o destino dos pedevistas da companhia? Eles podem ser reintegrados? Em tese, é impossível o retorno. “A Ceal não é inviável mas o número de administradores que passaram pela Ceal causaram esta situação. Terceirizaram serviços que não deveriam ser terceirizados porque tem servidores lá dentro que têm condições de fazer e até os que se afastaram da empresa poderiam retornar com esta função”, explica.


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Ministério das Minas e Energia renova concessão da estatal

PELA PRIVATIZAÇÃO

EM ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA, ACIONISTAS DA ELETROBRAS ADIARAM DECISÃO SOBRE VENDA DO CONTROLE ACIONÁRIO E AUMENTO DO CAPITAL ODILON RIOS Especial para o EXTRA

M

ais um passo para a privatização da Companhia Energética de Alagoas (Ceal): a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou que a Eletrobras retome os repasses dos encargos setoriais para a companhia e que o Ministério das Minas e Energia desconsidere a recomendação de não prorrogar a concessão da antiga estatal local. A decisão saiu na semana do Natal. A companhia alagoana estava inadimplente com o setor elétrico. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que centraliza os pagamentos e recebimentos entre as empresas do setor, informou à Aneel que Ceal devia cerca de R$ 65 milhões em meados de outubro. No dia 28 de dezembro, às três horas da tarde, em Brasília, os acionistas da Eletrobras se reuniram em Assembleia Geral Extraordinária para decidir a venda do controle acionário e o aumento do capital da estatal até o final de 2016. Acabaram adiando qualquer decisão. Este seria o primeiro passo- oficial- para a privatização da Ceal por ordem do Governo Dilma Rousseff. Não só ela. Na lista estão a Eletroacre; a Ceron, de Rondônia; a Cepisa, do Piauí; a Boa Vista Energia, de Roraima; a Amazonas Distribuidora de Energia; e a Celg, de Goiás. Juntas, o valor de mercado delas

varia entre R$ 1 bilhão e R$ 1,2 bilhão, mas precisam de aproximadamente R$ 3,5 bilhões em investimentos para se adequar aos níveis de qualidade da Aneel. Vinte e nove usinas hidrelétricas já foram vendidas em leilão e arrecadados R$ 17 bilhões, depositados na conta do ajuste fiscal. A crise política e o endividamento do país ajudam a explicar a decisão da era petista. Mas, relatório do governo federal, divulgado em novembro, mostra que a Ceal aplicou menos da metade dos recursos destinados a ela este ano. O orçamento era de R$ 216 milhões. Somente 41% deste dinheiro saiu dos cofres: pouco mais de R$ 88 milhões. Apesar dos números, a Ceal superou a média de desempenho do grupo Eletrobras. ORÇAMENTO MAIOR Em meados de dezembro, ficou definido o orçamento da companhia para 2016. Maior que o de 2015: R$ 296 milhões. Pelo relatório do orçamento, da Câmara dos Deputados, o valor a ser destinado para a Ceal não terá os cortes que, por exemplo, o Bolsa Família registrou: menos R$ 10 bilhões. Haverá mais dinheiro também para o Programa Luz para Todos- que permitiu aos meios rurais receberem luz elétrica: R$ 58 milhões, também para Alagoas, e sem a tesourada federal do ajuste

fiscal. Mesmo assim, o processo de desmantelamento da Ceal é visível no histórico de seu orçamento. Relatório da Controladoria Geral da União (CGU) aponta que a companhia teve uma redução brusca, no ano de 2012, de 46,4% em seu orçamento de investimento. Naquele ano, seriam R$ 285,8 milhões (exatos R$ 285.869.320) a serem investidos na companhia, via União. Mas, a mesma União passou a tesoura e finalizou aquele ano injetando R$ 153 milhões (exatos R$ 153.091.833). TRANCOS Entre trancos e barrancos, a antiga companhia alagoana de luz é o resumo da tragédia da politicagem no setor elétrico brasileiro. Desde o Governo Sarney, o PMDB mandou e desmandou no Ministério das Minas e Energia. E a Ceal virou o resumo de escolhas fracassadas dos pa-

drinhos eleitorais. Em auditoria, assinada pela CGU alagoana, e datada de 17 de setembro de 2012, constataram-se desde contratos sem registros no sistema interno da companhia, passando por procedimentos licitatórios sem formalização de termos de referências, fracionamento de despesas, planilhas semelhantes em processo de coleta de preços (que deveriam ser diferentes e repetiam até erros de tabulação, conforme análise dos técnicos da CGU). Registram-se deficiências de capacidade gerencial, contratos sem identificação do contratado ou testemunhas ou sem aprovação do setor jurídico da Ceal, contrariando normas da própria empresa. Havia ainda funcionários que acumulavam dois, três, quatro empregos públicos. Na prática, teriam de ficar sem dormir- um sonho para qualquer empresário em ter um quase escravo na função. Em verdade, algo impossível na prática, mais próximo de uma

fraude. Em alguns casos, os funcionários simplesmente faltavam, sem avisar a ninguém. E nem precisavam arrumar atestados médicos para comprovar as ausências. Não eram registradas nem as faltas nem os atrasos. Por causa disso, o índice de absenteísmo- ausências dos trabalhadores- foi de 2,05%. Parece pouco. Mas, os auditores compararam estes dados aos da Agência Nacional de Energia Elétrica. E este índice foi de 3,59% a 4,10%contando as faltas, atrasos e atestados médicos. “Quando se analisa este dado com outras empresas, como a ANEEL por exemplo, que nos relatórios de gestão de 2010 e 2011 apresentou uma taxa de absenteísmo de 3,59 e 4,10%, incluindo faltas e atrasos, infere-se que a taxa de absenteísmo da entidade deve ser mais alta do que a contida em seu relatório de gestão”, detalha o relatório da CGU local.


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Alagoas é o menos atrativo do país para investimentos

RETROCESSO

INDICADORES SOCIAIS AFASTAM PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO E DE CRESCIMENTO ECONÔMICO DO ESTADO A CURTO PRAZO VERA ALVES veralvess@gmail.com

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triste ter de reconhecer, mas aquilo que o alagoano comum percebe e sente no dia a dia é confirmado por um estudo de caráter internacional lançado em novembro do ano passado mas que, só na primeira semana deste novo ano, provocou um rebuliço com a divulgação de que Alagoas recebeu nota 0, numa escala que vai até 100, para dois setores essenciais à vida da população: educação e segurança. Encomendado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), o Ranking de Gestão e Competitividade dos Estados teve sua primeira edição em 2011 e tem como objetivo orientar gestores públicos de todos os estados e do Distrito Federal na tomada de decisões que mudem para melhor a realidade local. O levantamento é elaborado pela Tendências Consultoria e pela Economist Intelligence Unit, braço do grupo britânico The Economist. Usa a mesma metodologia adotada nos 35 países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e tem sido utilizado por investidores do mundo inteiro para analisar os potenciais mercados para novos investimentos. Em 2015, foram analisados 64 indicadores divididos em 10 categorias: Potencial de Mercado, Infraestrutura, Capital Humano, Educação, Sustentabilidade Social, Segurança Pública, Sustentabilidade Fiscal, Eficiência da Máquina Pública, Inovaçãoe Sustentabilidade Ambiental. Alagoas foi o “lanterninha” dentre as 27 unidades de federação; obteve 24,9 pontos ao cair 10 posições desde a primeira edição do estudo, em 2011, quando obteve a 17ª colocação. O estado de São Paulo man-

Ranking da Competitividade 2015 traz Alagoas na ‘lanterninha’; em 2011, estado foi o 17º colocado

teve a liderança das edições anteriores e fechou 2015 com média 90,7. E mais, em comparação aos anos anteriores, evoluiu, o que o mantém como alvo preferencial para novos investimentos. Já na terrinha dos marechais, o que se vê é um retrocesso, reflexo das políticas públicas adotadas pelos últimos governos, notadamente nas duas gestões do tucano Teotonio Vilela Filho (2007-2014) e ainda não suficientemente modificadas pelo governo de Renan Filho (PMDB). Os indicadores avaliados revelam também que as gestões municipais têm fracassado em melhorar o nível de vida de seus munícipes, mercê que estão, em muitos casos, da ganância e descompromisso de seus prefeitos. Não é à toa que tantos hoje são alvos de ações por improbidade. O mau usodos recursos públicos, aliás, parece ser a regra num estado ainda nacionalmente marcado pela liderança nas estatísticas de violência e analfabetismo. Ser o último num país classificado como o último dentre oito que tiveram sua competitividade avaliada deixa evidente não ser nada promissor o futuro dos alagoanos, ao menos a curto prazo. É também de novembro do ano passado a divulgação do levantamento feito pela consultoria A.T. Kearney no qual, em comparação à Rússia, Índia, China e África do Sul (os Brics), e mais o México, Estados Unidos e Alemanha, o Brasil acabou ficando com a última colocação em competitividade. Os altos juros, a elevada carga tributária e a instabilidade cambial, somados à crise conjuntural, acabaram afastando os investidores, segundo o estudo.


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Endividamento do Estado não eleva indicadores Um dos estados mais endividados do país, Alagoas não conseguiu reverter nos últimos anos seu histórico de baixos níveis de escolaridade, péssima infraestrutura em relação às necessidades da população e ainda se manteve no topo do ranking dos estados mais violentos do país. Estes são os principais indicadores avaliados pela Tendências Consultoria e pela Economist Intelligence Unit na elaboração do Ranking da Gestão e da Competitividade. O retrocesso alagoano é visível no resultado dos estudos feitos entre 2011 e 2015. No primeiro ano do levantamento, Alagoas era o 17º na classificação geral dentre as 27 unidades da federação. Obteve média 32,9 e coube ao Piauí a condição de “lanterninha”, com média 19. Na classificação que vai de 0 a 100, a média do Brasil foi de 41,6 e o estado mais bem avaliado, São Paulo, obteve média de 78,1. No ano seguinte, 2012, Alagoas desceu três posições e obteve média de 30,2. O Piauí subiu uma posição ficando com 22,6 de pontuação e o último colocado foi o Amapá, com média de 17,7. A média do Brasil foi de 41,5 e São Paulo, ainda na liderança, obteve 77,1 de média. Na avaliação conjunta dos anos de 2013 e 2014, a média de Alagoas subiu para 34,1 embora tenha se mantido na 20ª posição, enquanto o Amapá continuou como último em termos de competitividade com média 18,6. São Paulo, no topo do ranking, obteve média 77,2 ao passo que a média nacional foi de 43. Chegamos então a 2015. Alagoas retrocede e despenca para a 27ª posição, encerrando o ano com média de 25 pontos. São Paulo aumenta sua média para 90 pontos e, claro, se mantém na liderança. Mas, o que isto significa?

Em 2012, Alagoas cai para o 20º lugar em termos de condições para atrair investimentos e mantém a posição na avaliação dos anos de 2013/2014

Tão somente que Alagoas retrocedeu em alguns dos principais indicadores, notadamente na segurança e educação cujos conceitos foram 0. Em termos práticos, o resultado traduz a realidade de escolas sucateadas, um ensino de baixa qualidade e o crescimento da violên-

cia, ainda que as estatísticas oficiais afirmem ter havido redução no número de homicídios e outros tipos de crimes. Está também nos baixos índices de esgotamento sanitário –pouco mais de 30% da capital possui rede coletora de esgoto – na ausência de mobili-

dade urbana, nas deficiências da rede elétrica e na baixa qualificação da mão-de-obra a explicação para o péssimo desempenho do estado. Com a explicação dada, falta apenas o poder público se ater ao que é prioritário paraalavancar o desenvolvimento

de Alagoas. O resultado completo do ranking e a pontuação de cada estado em cada um dos pilares e respectivos indicadores, metodologia utilizada e detalhes podem ser consultados em http://www.rankingdecompetitividade.org.br.


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Especialistas analisam estudo e defendem prioridade para educação TRÊS ECONOMISTAS DE DIFERENTES SEGMENTOS OUVIDOS PELO EXTRA FORAM UNÂNIMES EM AFIRMAR A NECESSIDADE DE POLÍTICAS PÚBLICAS QUE PRIORIZEM A EDUCAÇÃO. A ELEVADA CONCENTRAÇÃO DE RENDA, MANUTENÇÃO DAS PRÁTICAS DE NEPOTISMO E INEFICIÊNCIA DO SETOR PÚBLICO TAMBÉM FORAM DESTACADAS ANA CÉLIA DE OLIVEIRA PRADO ESPECIALISTA EM ESTRATÉGIA, DESENVOLVIMENTO E GESTÃO

- Alagoas ficou na última posição no ranking de competitividade dos estados brasileiros, com nota 25 de classificação. Os menores índices apontados foram Educação e Segurança. Embora muitas ações foram desenvolvidas pelo poder público, falta uma política pública de longo prazo para reverter esses baixos índices. A segurança vem como reflexo da baixa ou falta de escolaridade. O que mais preocupa é a população jovem, principalmente pela falta ou pouca educação, pois sem oportunidades de inserção no mercado de trabalho, esses jovens ficam à mercê da própria sorte, mais propícios aos riscos de criminalidade e vícios de drogas. A economia alagoana apresentou nos últimos anos crescimento relevante na produção, porém os principais indicadores sociais da região ainda encontram-se abaixo da média nacional. As condições socioeconômicas de Alagoas indicam que o etado é um dos menos favorecidos de todo o país. A renda média, por exemplo, embora tenha registrado um incremento positivo nos últimos anos, ainda é menor que a média nordestina. A concentração de renda no estado é mais elevada que a apresentada no Nordeste e Brasil, evidenciando as desigualdades entre as classes sociais. O fenômeno da desigualdade social é algo que requer atenção

especial das políticas públicas, sendo um dos maiores problemas a ser enfrentado pelos governantes. A disparidade da desigualdade social, em Alagoas, pode ser explicada pelo nível de escolaridade. Mesmo tendo oportunidades de trabalho, com o crescimento da economia, os jovens com pouco ou sem estudo, ou estudo de baixa qualidade, não têm oportunidade de inserção no mercado de trabalho; ou, quando têm, ganham pouco, não conseguindo reverter o ciclo da pobreza. As classes de renda mais elevadas tendem a ter as melhores oportunidades de emprego, pois, além de mais estudo, têm o chamado network. Esse nepotismo leva essa classe a conseguir as melhores vagas, o que faz que a renda tenda a se concentrar cada vez mais. Embora Alagoas tenha avançado em algumas áreas sociais, continua com índices muitos baixos para as exigências da sociedade atual, apontada nas últimas posições do ranking social brasileiro, obrigando a reflexões sobre a eficácia das políticas públicas que estão sendo adotadas. O estado possui elevada dependência das Transferências Correntes, sobretudo da União. Nota-se a pouca capacidade do governo na geração de recursos próprios, através da arrecadação. Isso faz com que o orçamento fique dependente das transferências públicas federais, e comprometa os investimentos necessários para alavancar o almejado desenvolvimento e atrair novos investimentos privados.

EDMILSON CORREIA VERAS

PROFESSOR UNIVERSITÁRIO E ESPECIALISTA EM ECONOMIA BRASILEIRA E ECONOMIA ALAGOANA

- Embora tenha melhorado, Alagoas continua detendo os piores indicadores sociais, notadamente na segurança e na educação, lembrando que no que diz respeito ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o estado só não está pior do que o Maranhão. É importante lembrar que está na educação a raiz e solução de tudo. Qual empresa vai querer investir em um estado onde a educação vai mal. Se a situação do Brasil como um todo neste aspecto não vai bem, a de Alagoas é pior ainda. Veja que a China, um dos mercados em franco crescimento, priorizou investir na educação. Não há como Alagoas atrair investimentos de alta tecnologia diante da realidade de uma população que em sua maioria detém apenas o ensino fundamental. Historicamente, os governos não têm priorizado a educação. Basta lembrar que na gestão passada mais de cinco secretários passaram pelo comando da Secretaria de Educação, o que demonstra a pouca prioridade dada ao setor. Em 2012, por exemplo, a maioria das escolas esteve fechada por conta de obras de recuperação. E o pior, todos os anos os estudantes são prejudicados por greves. Reflexo direto do baixo investimento na educação, a violência também cresceu de forma assustadora; assumiu contornos inaceitáveis. Não se concebe que a cada final de semana entre15 e 16 pessoas sejam assassinadas no estado. Enquanto em São Paulo a taxa de homicídios está em 10 mortes a cada 100 mil habitantes, em Alagoas temos 70 homicídios por 100 mil habitantes e o mais grave, em sua maioria as vítimas são jovens. Para mudar esta realidade é preciso rever as políticas públicas, priorizar de fato a educação como base que é para melhoria dos demais indicadores sociais e isto inclui a valorização efetiva do magistério com salários dignos e dotar a rede pública de infraestrutura adequada. Sem isto não há como Alagoas evoluir.

FERNANDO JOSÉ LIRA

ESPECIALISTA EM CONJUNTURA SOCIOECONÔMICA - A elevada

concentração de renda em Alagoas segue ditando as mazelas no estado. Hoje são 40 famílias muito bem dotadas de renda em situação que lembra a dos antigos marajás. Não existe distribuição de renda no estado, o que seria possível mediante investimentos na educação. A educação é um dos principais pilares da economia. Temos um poder público que deixa muito a desejar no que diz respeito às atividades de infraestrutura, enquanto o setor privado só existe quando beneficiado pelo poder público. Não se consegue tocar um negócio sem sonegar. O exemplo mais latente hoje é o de Arapiraca, onde o empresariado deixa de aplicar recursos para gerar atividade econômica. Outro exemplo de ineficiência em Alagoas está no turismo que, a despeito do seu potencial, não consegue atrair o turista de renda média. Temos lindas praias, mas a infraestrutura do estado deixa muito a desejar. Mesmo que se disponha de apartamentos confortáveis, falta água, falta energia e isto afeta a cadeia como um todo. E de uma forma geral não há moradia decente para toda a população, reflexo da má distribuição de renda, a mesma que impede a faixa mais carente da população de desfrutar de um ensino de qualidade, num círculo vicioso que apenas faz manter o status quo de uma classe média que já detém o poder e o distribui conforme suas conveniências. A saída para este quadro continua sendo o da educação. Investir em educação é investir no crescimento econômico do estado.


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Oito meses de aluguel atrasado

RÁDIO DA DISCÓRDIA ALMEIDA DEVOLVE RÁDIO DE JOÃO LYRA, MAS DEIXA UM RASTRO DE DESTRUIÇÃO

DA REDAÇÃO

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deputado Cícero Almeida acertou uma coisa com o empresário João Lyra sobre a antiga rádio AM 710 e fez completamente outra. Disse, no acordo, que pagaria três meses de folhas atrasadas e administraria o débito existente da emissora. Dias depois de assumir sua direção através de dois laranjas, um deles que presta serviços na FM 96,5, acertou com os trabalhadores que os meses atrasados seriam parcelados em dez suaves prestações. Pagou dois, ficou devendo oito e quando saiu deixou os funcionários a ver navios com

um crédito de mais três meses, além do 13º salário. Um negócio da China, mas para ele, que queria utilizar a emissora para fazer política como pretenso candidato à prefeitura de Maceió. Mas não foi só isso que Cícero Almeida aprontou. Ele deixou no prego oito meses de aluguel do imóvel que já havia sido dele, além de contas atrasadas de água, energia elétrica, locação do terreno onde ficam os transmissores que pertence ao Grupo Verdes Maresl e, naturalmente, de impostos, a exemplo de Imposto de Renda, INSS e FGTS. Por cima vendeu um veículo Volkswagen semi-novo, deixando assumir de

cumprir as pautas de jornalismo e esporte. AGONIA Como não tinha outra solução aparente, João Lyra recebeu a rádio, agora com programação da Globo e com mais débitos de que quando fez negócio com Cícero Almeida e nomeou novo diretor. O seu ex-funcionário Washington Miranda, que havia sido demitido do então Grupo Empresarial por suspeita de ter se beneficiado mais do que devia no cargo que ocupava, ficou com a incumbência de resolver o pepino mas, sem dinheiro, somente conseguiu até

agora pagar uma folha e meia de salários atrasados e o restante só quando Deus quiser. Aliás, dizem os funcionários, que Washington entende tanto de rádio como João Lyra de nave espacial. E a verdade é que o Sindicato dos Radialistas ainda não sentiu firmeza na direção para pagar os salários atrasados e os funcionários atribuem esta devastação ao ex-prefeito de Maceió e atual deputado federal Cícero Almeida, que prometeu uma coisa e fez exatamente o contrário. Aliás, procedimento comum, a quem, mesmo no poder, não fez nenhuma amizade, a não ser com Deus como ele próprio diz.

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Primeira-dama é beneficiada com esquema na prefeitura

GOLPE NA SAÚDE

APENAS LABORATÓRIO DE CONCEIÇÃO BAIA É CREDENCIADO PELO SUS PARA “ATENDER“ A POPULAÇÃO DE UNIÃO DOS PALMARES

DA REDAÇÃO

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s opções para a comunidade carente ser atendida nos laboratórios de União dos Palmares são variadas, mas a determinação de Conceição Baia, esposa do prefeito afastado Beto Baia é imperiosa. Ao desembarcar no posto de primeira-dama do município, tratou de colocar o SUS à disposição do Centro de Diagnóstico Laboratorial de União Ltda (Cedlab) de sua propriedade, mesmo com a existência de um laboratório pertencente ao município, especialista em vários exames, inclusive de um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA). Do LAC (Laboratório de Análises Clínicas), Conceição Baia comandou a demissão de servidores experientes e deu ordens expressas para que o laboratório fosse aos poucos depenado com a falta de alguns equipamentos importantes para exames gratuitos à população, a ponto de ser fechado tendo que transferir o CTA para a residência de um parente do esposo-prefeito no bairro de Fátima. Foi com seu poder de interferência diante do marido prefeito, que ela conseguiu demitir secretários municipais que contrariavam suas decisões, principalmente quando o assunto era exame do SUS. “Tive problemas com ela aos montes, a ponto de travar algumas discussões pesadas quando o assunto era o seu laboratório, que tem vínculo com o município através da secretaria muni-

cipal de Saúde. Sucatearam o LAC e com isso a população carente foi literalmente prejudicada com a falta de insumos”, disse Carla Tereza, ex-secretária municipal de Saúde que se demitiu da função de secretária e com ela levou todo o PT num rompimento com o prefeito Beto Baia. Quem denunciou a máfia dos exames foi um servidor da área de atendimento à população que falou ao EXTRA sob a condição de ter seu nome preservado. Segundo ele, “o paciente enfrenta a madrugada em busca de algumas fichas numa longa fila e quando é atendido, um servidor municipal encaminha a sua solicitação para o Cedlab de Conceição Baia”. Ainda segundo o servidor: “Os exames mais procurados são de fezes, urina, sangue e exames de rotina. O paciente sai da secretaria municipal de Saúde direto para o laboratório de propriedade de Conceição Baia que ela montou a menos de 20 metros da secretaria. Ao chegar no balcão ele é informado que não está sendo feito naquele momento dois ou três exames, principalmente de hormônios, que são terceirizados. Com a retenção da receita, o paciente vai embora recomendado que o resultado do exame vai estar pronto num mínimo de 20 dias; muitas das vezes ele nem retorna para saber o grau de sua enfermidade, acaba deixando para trás, mas para Conceição Baia ele foi atendido em todas as solicitações do médico”.

Conceição Baia recebe quase R$ 1 milhão por ter seu laboratório a serviço da prefeitura de União

O SUS recomenda que primeiro seja feito atendimento ao público pelo laboratório do município, e destina uma cota; depois vem o Hospital Filantrópico (no caso o São Vicente de Paulo), cuja direção não quis comentar sobre quanto recebe de cota do município, apenas se queixou alegando ser a mínima possível; e, depois os particulares, sendo que em União o comando é o do Cedlab, único credenciado pela secretaria municipal de Saúde dos quatro existentes no município. O jornal EXTRA teve acesso às ordens de pagamento da Prefeitura de União dos Palmares. De 2013 a 2015 o Executivo municipal pagou mais de R$ 850 mil ao Centro de Diagnóstico Laboratorial de União Ltda (Cedlab), de propriedade da primeira-dama. Conceição Baia embolsou só

em 2015, R$ 258.676,45. O esquema de Conceição Baia avança também em outro tipo de crime. Na secretaria ela montou um esquema que conta com o apoio de um funcionário identificado como Valdemar. Para atender aos caprichos da primeira-dama, ele é acusado de supostamente criar um aplicativo capaz de manipular encaminhamentos de outros municípios da Zona da Mata para o laboratório de Conceição Baia, como se tivesse sido realizado os exames. E com isso, o faturamento sempre dobra para o caixa da primeira-dama que se especializou nesse tipo de golpe nos últimos anos da administração do seu marido, prefeito afastado, Beto Baia. Para o vereador Paulo César Félix (PMN), “essa quadrilha que ataca o direito do povo

humilde e sofrido que busca a prestação de serviços na área da Saúde em União dos Palmares precisa ser desbaratada, presa, porque assalta os cofres do município e mexe com o direito de quem não tem condições nenhuma de realizar um exame médico em um laboratório particular existente na cidade”. “A primeira-dama é tão cruel que não dá a chance sequer de um cidadão carente, pobre, realizar um exame de fezes, urina e de rotina, muito menos hormônios credenciado pelo SUS de União dos Palmares. O DNA dessa senhora é do mal”, finalizou Paulo César. O EXTRA tentou entrar em contato com o prefeito Beto Baia e sua esposa através do xxx-7300, mas o telefone não foi atendido até o fechamento da edição.


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Diego Lima lança romance sobre Rainha da Chita

AQUARELAS PARA LUÍSA

OBRA ILUSTRADA PELO ARTISTA PLÁSTICO EDMILSON OLIVEIRA SERÁ LANÇADA DIA 16 EM PAULO JACINTO MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

O

escritor Diego da Silva Lima escolheu a cidade de Paulo Jacinto como cenário para lançamento de seu 3º livro “Aquarelas para Luísa”. O evento acontece no sábado, 16 de janeiro de 2016, no Clube Recreativo Paulo-jacintense, a partir das 19 horas. O Romance tem como enredo a escolha da rainha da Chita, evento que acontece durante o Baile da Chita, principal atração turística do município e que existe antes mesmo de sua emancipação política. “Aquarelas para Luísa” remete o leitor a um cenário onde a mulher é o centro das atenções, a ponto de vez por outra a protagonista se achar autossuficiente. Mas esta mesma mulher forte e decidida também se mostra fragilizada a ponto de buscar ajuda de outras pessoas, inclusive do sexo oposto. No entanto, sua astúcia é frequentemente posta à prova nas mais variadas situações do cotidiano. Assim, a temática passa pela inconstância de Luísa, fruto da TPM em que se encontra. No romance, Diego convida o leitor a descobrir as peripécias de Luísa que em cada aquarela das páginas deste livro exibe as cores do amor. E para aguçar a curiosidade, saber como é a escolha da rainha, momento mágico de todas as meninas de Paulo Jacinto um dia já coroadas ou aquelas que sonham um dia desfilar no salão como atração principal, o escritor não poupou detalhes, cores e sabor. Para a arquiteta Roseline Oliveira, o cenário em que se passa o enredo é frenético, porém leve e colorido. Vez por outra, Diego nos remete a um jogo de palavras onde o popular e o erudito caminham

juntos, sem deixar de expressar o cotidiano simples da gente hospitaleira da Terra do Baile da Chita. Um atrativo a parte é que as aquarelas que ilustram a obra foram criadas e cedidas pelo artista plástico paulo-jacintense Edmilson Oliveira. “Fiquei surpreso com o convite do Diego para o projeto, mas desde o primeiro instante compreendi o conceito da obra e como retratar as cores de Luísa”, afirmou o artista plástico. O prefácio, “Ave Diego!”, foi um presente de Alberto Rostand Lanverly, vice-presidente da Academia Alagoana de Letras e ex-professor de Diego Lima no curso de engenharia civil da Ufal. E assim, o imortal escreveu sobre a criatura e o criador: “Senti que, como eu, ele vivia o dilema de conciliar as letras com os estudos das ciências exatas, vertentes que tanto o entusiasmavam”. E o professor Rostand foi além ao prefaciar “que Luísa deixe de somente merecer aquarelas, para também receber aplausos de toda a intelectualidade deste Brasil que Deus nos deu”. Dividido em cinco capítulos, o romance abre os trabalhos com “Antenada”, onde a música “Anjo de vitrô”, de Djavan, aparece como atrativo à parte e aperitivo para mostrar o dia a dia de Paulo Jacinto. Ele traz ainda a questão do diálogo virtual com suas abreviações e mudanças de vocábulos tantas vezes criticadas ou aceitas. O segundo capítulo, “Quadrilha”, apresenta a noite da cidade, pontos turísticos e outros acontecimentos inusitados nos quais o leitor precisa se debruçar na leitura do livro para poder descobrir. Ainda nesta parte, a canção “A fúria do sexo frágil”, de RPM, abrilhanta o cenário. Na terceira parte, “Disputa”, o autor apresenta a história do Baile da Chita, desde

Diego Lima lança seu terceiro lçivro no dia em que faz 22 anos

seu surgimento até os dias atuais. Nele, Fagner dar o ar de sua graça com a música “Você endoideceu meu coração”. O quarto capítulo mostra a eleição da rainha da chita com seus bastidores e como acontece o baile na atualidade. Vale lembrar que Gonzaguinha é quem aparece para dizer que “Começaria tudo outra vez”. O quinto capítulo faz um elo entre o passado e presente do baile, mas apresenta um enfoque mais artístico com os quadros, já que as aquarelas ganham protagonismo por serem peças fundamentais para o desfecho do romance. Concluindo o repertório, Flávio Venturini com “Céu de Santo Amaro”. Inclusive, o autor simplesmente colocou letra na composição de Bach. Publicado pela Editora Multifoco, o romance “Aquarelas para Luísa” é composto por 118 pági-

nas, todas recheadas com surpresas, emoção, intrigas, amores, desamores e tudo mais que faz parte do cotidiano do povo da Terra do baile da Chita: “Luísa sintetiza de forma inteligível os elementos da mulher paulo-jacintense. Extrovertida, trabalhadora e contumaz, porém solidária e intensa.”, define o autor. Vale ressaltar que a publicação desta obra é inovadora, pois em um mesmo projeto o autor conseguiu a façanha de reunir a literatura, as artes plásticas e a música, tudo para contar a história do município. Levando em conta que os artistas envolvidos neste marco histórico são filhos de Paulo Jacinto e que estarão presentes durante a noite de autógrafo de Diego Lima.

O AUTOR

Diego da Silva Lima nasceu

em Campinas (SP) no dia 16 de janeiro de 1994 e erradicado em Alagoas desde os seis anos. Aos 16 anos ingressou no universo literário com a obra “No Tempo dos Meus Avós”. Aos 19, publica “Sanha das Águas”. Mas o gosto pela leitura vem desde os três anos quando aprendeu a ler e escrever. É estudante do curso de Engenharia Civil da Ufal, organista, bolsista do PET Ciência e Tecnologia e Técnico em Edificações. Tal currículo lhe rendeu em 2012 o prêmio PJ Destaque. Em 2015 é homenageado pelo governo de Alagoas, durante desfile da Emancipação Política do Estado. Cosmopolita, urbano e proativo, sua linguagem literária é sutil e o estilo preciso, onde fantasia e realidade andam lado a lado. Filho de Jorcicley e Josefa, o paulista que completa 22 anos no dia do lançamento do livro, agora, presenteia seu público com “Aquarelas para Luísa” .

SERVIÇO

Livro: Aquarelas para Luísa Valor: R$ 30,00 Quando: 16 de Janeiro de 2016, às 19h Onde: Clube Recreativo PauloJacintense Contato: 99305-1471 / diegoedificacoes@gmail.com / diego. lima@ctec.ufal.br/ facebook.com/ diegoedificacoes


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ARTIGO

HERÍLIO MACHADO

Escritor, jornalista e membro da Academia Maceioense de Letras

Vícios da ética podre

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nossa sociedade e a herança da miscigenação de costumes imposta à civilização brasileira evoluiram para um lamaçal onde o homem comum perdeu toda noção da dignidade de conduta. O ancião que era uma reserva de valores que registrava na psique a história da evolução dos tempos, é hoje nada mais que ob-

Na campanha para prefeito de Maceió, na qual concorriam Renan Calheiros e Guilherme Palmeira, recebi uma proposta de um milhão de reais e um carro, ofertado pelo grupo de Guilherme, para eu trair Renan. jeto de chacota e exploração da demência da idade avançada. Li, recentemente, casos de homens que já foram significativos esteios da labuta do nosso crescimento econômico e hoje serem manipulados por profissionais inescrupulosos, no puro objetivo da posse do vil metal. João Lyra, Cid Porto e creio que outros, bem dão o exemplo da degenerescência ética que hoje eu também amargo. Trabalhar é necessário para o idoso libertar-se da ociosidade. Como jornalista e escritor, preciso de moças que organizem e digitem meus trabalhos. Aí é onde mora o perigo. Contratei uma certa moça, de nome Maria Karolina dos Santos cuja família é de Passo de Camaragibe. O próprio tio a trouxe para minha casa. Muito embora, de-

pois, houvesse revelado que a moça era uma vadia, que fora expulsa da casa da mãe por seduzir o padrasto. As façanhas da ninfeta não ficam só aí. Disse também o tio, assim tido por ser marido da tia da moça, que quando a mãe a expulsou de casa, a tia a acolheu e, logo essa também estava seduzindo o marido da tia. Também foi expulsa e se juntou a um certo malandro e ambos se deram ao uso de drogas. Me pergunto porque Adilson, que era meu funcionário, resolveu colocar para trabalhar em minha casa essa doidivanas calamitosa. Ao deixar de trabalhar em minha casa essa espalhou que eu a havia estuprado. Coisa grave que essa declarou ao delegado do 6º DP, Eduardo Davino. Esse, sem me ouvir, acreditou na delinquente e recomendou a essa denunciar-me na Delegacia da Mulher. Creio que a omissão da polícia em apurar o meu caso se deve ao artigo “Shammara de Deus” que publiquei no EXTRA, no qual revelei que a vítima havia me dito que a polícia queria matá-la. A mãe de Karolina de nome Jane e a tia, mulher de Adilson, ajudaramna a divulgar o boato e, hoje, nenhuma moça direita quer trabalhar na minha casa. O objetivo do complô era eu ser condenado a indenizar a golpista, o que beneficiaria todos os familiares envolvidos na trama. Esse Adilson está sendo processado, porque tocaiava as mulheres que trabalhavam numa fábrica de coco próxima a minha casa,

para fazer-lhes propostas indecentes. Um dos maridos afrontados quis matá -lo no meio da rua. Só encontrei um certo apoio para limpar meu nome no Dr. Cícero, diretor geral da Polícia Metropolitana. Esse encarregou um policial conhecido por Barata a intimar as envolvidas para serem ouvidas, na minha presença, na direção do órgão acima citado. Porém o Barata não localizou a delinquente, pois essa zomba da polícia e se esconde, desrespeitando as intimações. No entanto, pouco tempo depois eu a encontrei na garupa de uma moto. Um caso idêntico de extorsão aconteceu comigo antes e quem limpou meu nome foi o Dr. Carlos Alberto Reis e o Dr. Alcides Andrade. No caso que citei acima, de perceber certos policiais me descriminando, isso deduzi, pois, preveni Shammara de que se ela ainda se prostituísse obrigada pela mãe, não fosse mais a minha casa e, se fosse, eu dava-lhe uma surra. Ela fez programa obrigada pela mãe e eu dei-lhe a surra que prometi. Depois do caso resolvido, recebi um telefonema de um policial, perguntando quanto eu pagava para ele matar Shammara. Perguntei como ele faria isso. Esse me respondeu que, após matá-la, colocaria droga no sutiã dela, para que o crime fosse atribuído aos traficantes de droga. Respondi-lhe que eu nunca mandaria que matassem Shammara, porque eu a amava. Tenho 70 anos de idade e, só no

Sítio São Jorge resido há mais de 25 anos. Não consta nessa minha estadia no bairro que eu tenha faltado com respeito a qualquer mulher, jovem ou casada. Essa moça chegou na minha casa num estado de desnutrição que chegou a desmaiar de fome. Roupa, essa só tinha uma n’água e no corpo. Comprei roupas e cestas de alimentos para ela levar para casa duas vezes por semana. A gratidão foi deprimente e debochada. Fui político e na internet consta meu perfil como escritor e jornalista. Na campanha para prefeito de Maceió, na qual concorriam Renan Calheiros e Guilherme Palmeira, recebi por intermédio de Ildo Rafael uma proposta de um milhão de reais e um carro, ofertado pelo grupo de Guilherme, para eu trair Renan. Respondi-lhes que no meu vocabulário não existia a palavra traição. Em 1963, fui a Cuba e treinei fabricação de explosivos e terrorismo suicida. Ao voltar ao Brasil fui preso e, ao ser solto, fui recomendado pelo general Murici ao Cel. Ezequiel, Comandante da Guarnição Federal em Alagoas, para prestar colaboração ao Exército Brasileiro. Junto com o Major Darlan, demitimos todos os chefes de Junta Militar que usavam esse órgão para induzir o eleitor a votar em seus candidatos. Um deles foi Zé Crente, depois prefeito de Inhapi. Essa um pouco da história proba e edificante de minha vida.


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Para refletir: Como nenhum político acredita no que diz, fica sempre surpreso ao ver que os outros acreditam nele” (Charles De Gaulle)

Ninguém é culpado ou os culpados somos nós? Um fato pouco divulgado: o ministro Teori Zavascki (ele mesmo), do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o arquivamento da petição que poderia resultar em uma investigação contra o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) no âmbito da Lava Jato. O ministro acatou um pedido formulado pela Procuradoria Geral da República (PGR). Rodrigues foi citado em depoimento de delação premiada de Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, um dos entregadores de dinheiro do doleiro Alberto Youssef. Segundo Ceará, Youssef mencionou o pagamento de R$ 200 mil ao senador. Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, as informações colhidas contra Rodrigues não são suficientes para indicar de modo concreto e objetivo a autoria de crimes. Em depoimento à PGR, Youssef contradisse o ex-funcionário ao negar que conhecia o senador e ao afirmar que nunca conversou com Ceará sobre entrega de valores a Rodrigues. Em nota, a assessoria do senador diz que a declaração de Rocha é “falsa, descabida, caluniosa e irresponsável”. “O Senador Randolfe jamais teve qualquer contato com os envolvidos e o próprio delator afirma, em mesmo depoimento, que não sabe se esse valor foi efetivamente pago, que nunca entregou dinheiro para Randolfe nem o viu.” O teor da delação de Ceará, citando o senador, só se tornou público na semana passada, mas a decisão de Zavascki sobre o arquivamento da petição foi em meados de dezembro. No mesmo depoimento, Ceará afirma que efetuou repasse de valores ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Todos negam as acusações. Na verdade o brasileiro começa o ano do jeitinho que terminou. Muitas denúncias (um pouco desaquecidas por conta do recesso do Legislativo), muitas negociatas em busca de salvar “gargantas” importantes na República apodrecida e tudo voltará ao normal mais cedo que se pensa. O fantasma do impeachment já não apavora tanto os moradores do Palácio do Planalto, Lula e Lulinhas ficarão cada vez mais ricos, Michel Temer volta à sua condição de “mordomo de filme de terror”, os ladrões petistas e empresários gradativamente vão se livrando da cadeia, a operação Lava Jato vai ficar apenas como um exemplo de algo que quase deu certo, as licitações voltam a ser feitas e corrompidas com as mesmas empresas porque o país não pode parar e vem eleição por aí para ter com o que se preocupar. Ao povo brasileiro resta, como sempre acontece, se conformar, afogar suas mágoas no mar da indignação e aceitar que nascemos e vivemos em um país doente, com políticos marginais, mas que são os únicos que nos restam para votar. Ou não votar. Lamentavelmente este é o país que temos. Mas com certeza não é o país que merecemos.

Cheiro de mudança

Há uma inquietação e nervosismo nos bastidores do governo estadual com a decisão já tomada pelo governador Renan Filho em efetuar mudanças no secretariado nos próximos dias. É muito provável que pelo menos quatro substituições sejam efetivadas em uma primeira leva. A outra acontecerá nas negociações políticas com vistas a composições para as eleições deste ano. Segundo informações palacianas, apenas são intocáveis para o governador: Casa Civil, Planejamento e Gestão, Fazenda, Educação, Defesa Social e Infraestrutura. Com as demais pode acontecer tudo. Inclusive nada.

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PEDRO OLIVEIRA

pedrojornalista@uol.com.br

Casal dá calote

Não bastasse os atropelos nos quais a administração da Casal tem se envolvido no péssimo cumprimento de suas atividades fins, contrariando boa parte da população, também sua diretoria não se preocupa em honrar seus compromissos. Quatro servidores do órgão foram inscritos para participar de um treinamento sobre “Contratação Pública” e embora assíduos no curso não puderam receber seus certificados. Apesar da insistência do organizador do evento e dos vários prazos concedidos, a empresa preferiu não honrar seu compromisso optando por dar um vergonhoso calote. Uma nota lamentável para os administradores do órgão público.

Detran em ação

O Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas (Detran/AL) iniciou na última terça-feira (05), na Barra de São Miguel, o programa “Detran Presente”, possibilitando acessibilidade a todos que necessitassem resolver pendências ligadas ao órgão. Uma unidade móvel foi instalada próxima à Villa Niquin, disponibilizando diversos serviços aos usuários. A iniciativa faz parte de um projeto do Governo do Estado que irá funcionar durante todo o período do verão, oferecendo atendimento aos cidadãos de todo o estado, de maneira célere e eficaz. Os usuários poderão resolver pendências relacionadas à habilitação, veículo, banca examinadora e vistoria veicular. A atual gestão do órgão tem dado evidências de responsabilidade social e cumprimento do dever. Quando se quer se faz.

A burocracia que atrapalha O governo Renan Filho completa um ano com conquistas importantes e avanços em alguns setores vitais da administração. Se não fosse a burocracia emperrando e atrapalhando, poderia ter feito muito mais. Em praticamente todas as secretarias e administração indireta são visíveis a falta de vontade ou quem sabe falta de preparo de técnicos competentes para fazer a máquina andar. Um processo de contratação, por mais simples que seja, tem levado o triplo do tempo necessário à sua consecução, o que tem causado prejuízos aos cofres públicos e desconforto para aqueles que têm relação institucional com o governo. Alguns órgãos estão pondo a culpa em suposta falta de comando e agilidade da Procuradoria Geral do Estado, onde esbarra tudo. Por sua vez, a PGE e seus procuradores apontam os setores jurídicos e de contratação dos órgãos que cometem deslizes nas instruções processuais, fazendo com que o processo retorne diversas vezes para reparação de erros. Está na hora do governador Renan Filho chamar essa briga para seu gabinete e exigir mais compromisso e o cumprimento do princípio da eficiência, do contrário o governo vai parar.

Outro Tribunal de Contas

Esta semana, em visita ao Tribunal de Contas, me demorei um pouco em alguns setores cumprimentando colegas e aproveitei para um abraço de ano novo. Em uma roda de antigos servidores na qual eu era o mais antigo (entrei no órgão em 1971 e me aposentei em 2002) ouvi com tristeza relatos sobre o quanto mudou para pior a nossa Corte de Contas, outrora composta por exemplares personalidades de homens públicos dignos do respeito e admiração. Há tempos nada mais é que um depósito de políticos e apadrinhados de governos, alguns de evidentes e duvidosas condutas públicas e privadas. Ouvi relatos de “desesperança” de alguns que ingenuamente acreditaram em mudanças, mas estão vendo a continuidade e repetição de todas as práticas do passado, que prometeram abolir. Como não tinha o que dizer me despedi com esta frase: “Pena que não deu para tirar cópias de Jorge Assunção e de outros grandes homens públicos que aqui passaram. Aqui nada vai mudar jamais”.

Eles contra eles

O senador Paulo Paim (RS) anunciou esta semana que começou a articular uma campanha popular contra as propostas de reformas trabalhista e previdenciária anunciadas pelo governo. Mesmo em recesso parlamentar, o congressista divulgou nota convocando sindicatos, centrais, associações, federações e confederações de trabalhadores de todas as categorias, aposentados e pensionistas a pressionar deputados e senadores para rejeitar as propostas de ajuste fiscal anunciadas pelo governo. “As centrais sindicais, confederações, federações, sindicatos de base, associações de classe e congressistas comprometidos com os trabalhadores, aposentados e pensionistas demonstraram publicamente a indignação com o anúncio de um pacote do governo federal de reformas trabalhista e previdenciária”.


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ARTIGOS

PERCIVAL PUGGINA

Arquiteto, empresário e escritor - site www.puggina.org

O silêncio de Dilma

J

á fizemos desastrosas experiências com líderes carismáticos. Fomos do empresário bem acabado e milionário Collor ao operário mal acabado e pobretão Lula. Hoje não se sabe qual o mais abastado. Exceto pelos dois beneficiários, foi tudo em vão porque líderes carismáticos são causa de instabilidade e insegurança política. Embora tantos preguem diferente, a política pode passar muito bem sem pessoas assim. Ela

Melancólico final de ano vivido pelo Brasil! Somos objeto de escárnio e do descrédito internacional. Somos vistos como um país onde governantes roubam e deixam roubar. precisa é de líderes capazes de conduzir competentemente o barco nacional. Nós temos Dilma Rousseff. Entre honrosas exceções, a maioria dos políticos brasileiros cuidam do pró-

prio barquinho. Essa condução, quando envolve interesse nacional, decide seu rumo sentindo para onde aponta o vento da opinião pública. Não são líderes, mas seres erráticos liderados por orientações mutáveis como as brisas, os ventos e os redemoinhos. Observem o PMDB e depois me digam se estou errado. Quantos deputados têm tutano para subir à tribuna e enfrentar a ira das galerias? Agora, a presidente Dilma. O governo petista, desde 2003, deu continuidade àquilo que o PT sempre foi - uma escola da mentira. Mentiam sobre si mesmos, sobre a História, sobre os outros destruindo injustamente muitas reputações, mentiam sobre suas reais intenções, sobre a conduta de suas referências internacionais. Mentiram tanto que convenceram a maioria da sociedade que as demagógicas bandeiras e propostas com que atacavam todos os governos ao longo de seu caminho, trariam a prosperidade e a paz social. No entanto, às vésperas da eleição de 2002,

“Pedaladas” são crimes continuados

rasgaram toda a parolagem num picador de papel e redigiram a famosa “Carta ao povo brasileiro”. Nela, desmentiram-se publicamente. Quatro anos mais tarde passaram a desmentir a própria carta e, gradualmente, foram quebrando o país. Para esconder a quebradeira mentiram como nunca em 2014. Melancólico final de ano vivido pelo Brasil! Somos objeto de escárnio e do descrédito internacional. Somos vistos como um país onde governantes roubam e deixam roubar. Ou você já viu algum alto dirigente do partido, ou gestor no governo, tomar a iniciativa de denunciar pixulecos e falcatruas ocorridos sob seus olhos? Nosso governo enfrenta indizível rejeição popular e não renuncia. Apenas silencia. O silêncio de Dilma no Natal, por exemplo, deve ter sido muito apreciado por sua fiel devota, a CNBB. Sobre a reunião e confraternização das famílias e o espírito natalino, nenhuma palavra sequer da pessoa que deveria liderar o

país. Nem mesmo genéricos votos de uma Noite Feliz. De Jesus, nem se fale. Agora, ao encerrar-se 2015, a presidente limitará sua fala à Nação, assim foi dito, a um artigo na Folha de S. Paulo. Todo esse silêncio resulta de simples adição, cujas parcelas são: falta do que dizer, sentimento de rejeição, orgulho ferido, incompetência para o desempenho de suas funções. Se falar antes dos foguetes, leva panelaço. Se falar durante os foguetes, ninguém a ouvirá. Então, total silêncio desde o topo do poste. Vamos enfrentar as dificuldades de 2016 com as instituições engasgadas, sob o comando de quem produziu o caos, tendo na presidência uma pessoa que confunde grosseria com autoridade, mau humor com seriedade, impeachment com golpe, mentira com verdade e verdade com mentira. É a receita certa para o fracasso. Por tudo isso, o silêncio de Dilma é muito preferível à sua fala. Sua ausência desejada e sua presença incômoda.

IRINEU TORRES

Diretor do Sindifisco e conselheiro Emérito da Fenafisco

A

s mentiras são péssimas companhias. O diabo criou a mentira para roubar, matar e destruir. Política e mentira, no entanto, convivem. Adolf Hitler professorava que as massas populares são vítimas preferenciais das grandes mentiras. Daí, seguidores de Hitler e de Lúcifer, vira e mexe, saturam a política e a economia com mentiras e meias verdades para viabilizar roubos, assassinatos e destruição. Os ardis

“Pedaladas”, são estelionatos e são estelionatos continuados a exemplo de toda espécie de depravação financeira, econômica e contábil da mentira urdidos por mentes depravadas pela ganância negam e omitem a verdade. Na política, mentirosos institucionalizam a depravação através da mentira e a despeito da escassez econômica. Sim, os problemas de mercado são políticos e os problemas

políticos são problemas de mercado, são, concomitantemente, fatos políticos e fatos econômicos. Porém, no que dize respeito à economia, as mentiras da política causam tragédias, expressam-se em números e não têm as habilidades do discurso político para escamotear a verdade. Daí, a crise econômica não ser apenas uma palavra da moda, um termo ameno para dizer que a Nação agoniza mercê da corrupção e impostura de um governo desonesto que usou a mentira para chegar ao poder e nele permanecer agarrado às mentiras como sendo tábuas de salvação política para consumar um partido estado a preço de uma tragédia que retumbará em desgraças e misérias por tempo indeterminável. Chega de mentiras e meias verdades, chega de vulgarizar conceitos. A propósito disso, saltam aos olhos o eufemismo que denomina estelionato como “pedaladas fiscais”. “Pedaladas”, de fato e de direito, são crimes de responsabilidade política e crimes comuns também. “Pedaladas” são viabilizadas pela utilização de repetidos ardis ilegais, colimam vantagens ilícitas para

os autores e para terceiros. Pedaladas são estelionatos sim, são roubos. Infelizmente, as “pedaladas fiscais” têm alcoviteiros. “Juristas”, data vênia à parte, certamente teúdos e manteúdos dos bilionários “mensaleiros”, “pedaleiros”, “lavajateiros”, et caterva, pregam que as “pedaladas” são prevaricações fiscais, porém não implicam cultivo perene de crimes de responsabilidade e de crime comum. Negam o óbvio. Enfim, “pedaladas” são estelionatos e são estelionatos continuados a exemplo de toda espécie de depravação financeira, econômica e contábil, não ficam encapsuladas no passado, na data da execução inicial, sua consumação não se exaure, daí o nome de “pedaladas”, seguem andando, concorrem para com a crise atual, darão causa às crises futuras, tal qual concorreram para com as crises do passado. A intensidade das “pedaladas fiscais” dos últimos anos repercutirá em mais mortes, mais roubos e destruição por sobre o capacho vermelho estendido pela diabólica omissão da verdade, pela

covardia e pelo oportunismo político. “Pedaladas fiscais” são estelionatos continuados sim, seus efeitos e práticas perpassam exercícios financeiros e mandatos. Tanto é assim que o governo federal, de forma astuta, pagou, no mês passado, com o dinheiro público, o estelionato praticado contra os bancos públicos. Enfim, lambuzou-se com a própria sujeira, deu seguimento ao golpe financeiro, pagou com dinheiro público o estelionato efetuado contra os bancos públicos, a fim de encobrir um estelionato monumental de R$ 171 bi, mais uma pilantragem dos “pedaleiros” em série que ousaram pagar o estelionato havido com o próprio dinheiro das vítimas, cobriram o dinheiro rapinado do FGTS, BB, Caixa e do BNDES com recursos do próprio Tesouro Nacional, sob a alegativa chula de que a autorização legislativa para pagar aos agentes financeiros hoje anistiaria e tamponaria o rombo causado pelos crimes entabulados no passado. Nem uma coisa nem outra são possíveis. “Pedaladas” foram e são estelionato indo, voltando e vice-versa.


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ARTIGOS

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JORGE MORAES Jornalista

Ano Novo, vida nova

É

como a gente imagina ou gostaria que fosse 2016. Mas, lamentavelmente, não teremos essa vida nova que sonhamos, tudo por conta do que passamos no Ano Velho, cheio de problemas na política, nos governos, nas empresas, com incertezas em todos os segmentos. Será uma vida difícil outra vez, com inflação, desemprego, denúncias, brigas no Congresso

Mesmo aqueles que votam por 50 ou 100 reais já estão ficando mais sabidinhos. Eles pegam a grana antes da eleição e, depois, vão para a porta das prefeituras cobrar emprego. Nacional e muitas promessas. E o que seria capaz de desviar as atenções em 2016? As eleições municipais marcadas para outubro. Como quem está no Poder não quer largar facilmente, é possível que alguns se-

jam enganados e acreditem que estão melhorando de vida. Quem deixou para fazer alguma coisa diferente somente nos meses finais do mandato pode se complicar na corrida pelo voto. Mesmo aqueles que votam por 50 ou 100 reais já estão ficando mais sabidinhos. Eles pegam a grana antes da eleição e, depois, vão para a porta das prefeituras cobrar emprego, principalmente nas pequenas cidades do interior onde não se tem nada para fazer. E os prefeitos eleitos comprando votos e sem projetos para seus mandatos, acabam como muitos: com uma administração ruim. Por outro lado, o eleitor experiente vem com sede de mudança. Se a reeleição não vai ser fácil para quem está trabalhando, imagine os que não fizeram nada ou muito pouco em seus três anos à frente dos municípios brasileiros. Ainda existem aqueles que não honraram os compromissos financeiros e ainda são acusados de desviarem as verbas de seus municípios.

E a vida continua...

V

ivemos um 2015 tumultuado, com alguns procedimentos judiciais que nos trouxeram um certo alívio. Até um Senador da República foi preso em flagrante! Figuras importantes no cenário político estão sendo investigadas por uso indevido do dinheiro público. Reacendeu em nossos corações a vela da esperança: o Brasil vai melhorar!!! Imaginamos as medidas que devem ser tomadas e o juízo ferve. Em primeiro lugar seria necessário mudar os políticos, retirar a Presidente e o Vice, explicar aos candi-

O que faremos para mudar o Brasil se as autoridades eleitas pelo povo estão, em sua grande maioria, envolvidas em escândalos? datos o que é verba de campanha e o que é propina, reestruturar os partidos políticos, fechar as Casas Legislativas e reabri-las com caras novas. Isto tudo seria apenas o começo de uma grande mudança, pois o mais importante de tudo é a conscientização do povo, ou

melhor, ensinar os eleitores a votar. Não se admite que os “eternos políticos”, responsáveis pelo desastre ocorrido no Brasil, continuem mamando nas tetas da nação. Os leitores vão pensar que estou louca! Como mudar tudo isto? Só existe uma maneira saudável de consertar nosso Brasil: através do voto. Enquanto os eleitores trocarem seu direito de escolha por favores, telhas, dinheiro, empregos, nada mudará. O correto é votar no candidato que apresentar mudanças, que queira corrigir os erros, que não pense em usar o dinheiro público indevidamente. Temos exemplos gritantes em nosso Estado: deputados estaduais envolvidos em escândalos, indiciados na Justiça, se reelegem com a maior facilidade, compram redutos e ainda exercem cargos importantes na direção da Casa de Tavares Bastos. Se procurarmos parlamentares com ficha limpa (como o Tiririca), encontraremos poucos, muito poucos. Este ano haverá eleição para vereadores e prefeitos. O cenário político deve mudar, pois as empresas vão ficar temerosas na hora do “é dando que se recebe”. As ajudas de campanha não vão ser fartas. Os

Depois desse preâmbulo, o que devemos esperar do processo eleitoral no estado de Alagoas? Como em qualquer outra parte do País, não vai ser fácil, mas podemos apresentar e desenhar um quadro um pouco mais conhecido. No interior, por exemplo, as cidades maiores estão com um perfil traçado e que não vai fugir muito do esperado. Em Arapiraca, mesmo com as dificuldades iniciais do seu atual mandato, a prefeita Célia Rocha leva, ainda, uma pequena vantagem sobre seus possíveis adversários, tendo como grupo mais forte de oposição nesta disputa o do ex-deputado Rogério Teófilo. Não esquecendo o deputado estadual Tarcísio Freire, que corre pelas laterais com o apoio do ex-deputado Dudu Albuquerque, podendo ser o calcanhar de Aquiles desse processo todo. Em Palmeira dos Índios, o prefeito James Ribeiro tenta emplacar seu sucessor. O detalhe especial e interessante nessa cidade é que os grupos de oposição não conseguem marchar

juntos, lançando muitos nomes, e isso termina favorecendo a quem está com a máquina na mão, que é o caso do prefeito atual, que promete fazer no último ano de administração o que ficou faltando fazer nos três anos anteriores. Em Marechal Deodoro, Barra de São Miguel, Coruripe e Penedo, esses municípios devem continuar nas mãos de seus administradores e dos novos indicados, pois formam grupos fortes e consolidados na região Sul do estado, um pouco diferente da realidade atual de São Miguel dos Campos, onde teremos uma boa disputa. Algumas situações apertadas deverão ser vistas no Sertão e Alto Sertão de Alagoas, menos na cidade de Delmiro Gouveia, se o candidato a prefeito for mesmo o deputado federal Givaldo Carimbão, apoiado pelo atual, Lula Cabeleira. E Maceió? Ah!... Essa deixamos um capítulo especial e mais completo para a próxima edição. Até lá!

ALARI ROMA- TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

comissionados da Câmara e da Prefeitura vão pensar duas vezes antes de irem às ruas pedir votos para seus patrões. Ainda existe o apadrinhamento de governadores, senadores, deputados federais e estaduais com seus prefeitos, que precisam ser reeleitos ou elegerem seus sucessores. Dentro de dois anos, prefeitos e vereadores vão trabalhar para elegerem seus padrinhos. Este é o célebre esquema político. Quem estiver fora dele dificilmente será beneficiado com um mandato. As exceções são raras e, depois de eleito, o vencedor entra na conversa dos velhos políticos engajados no sistema. Em Alagoas, os taturanas continuam no poder, administrando verba pública e se achando no direito de julgar servidores e proteger, com salários dobrados, os assessores que eram e serão seus cabos eleitorais. É uma máquina forte e nos faz lembrar a Máfia Italiana. Vejo pessoas que entraram no sistema, prejudicaram a si mesmas e a família inteira. Vivem submissas aos patrões, recebendo migalhas, oprimidas nos gabinetes e não podem nem fazer concurso público.

Entretanto, conheço outras que pularam fora do sistema e refizeram suas vidas. Neste caso são poucas, mas existem. Apesar da luta do Janot, do MP de Alagoas, do Supremo Tribunal Federal, as mudanças foram poucas. Ainda vemos um deputado federal, indiciado como taturana, envolvido em várias denúncias, ser Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal. Temos, também, um deputado estadual, envolvido em vários processos, ser Presidente da Comissão Contra a Violência no Legislativo alagoano. E aí vamos meditando, chegando a tristes conclusões: o que faremos para mudar o Brasil se as autoridades eleitas pelo povo estão, em sua grande maioria, envolvidas em escândalos? Só há uma saída: educar o povo, mostrar-lhe a importância do voto, esperando que saiba escolher. Quem sabe, assim, os políticos possam andar pelas ruas de cabeça erguida e não precisem ficar escondidos em suas fazendas, casas de praia ou em “salas vip” nos aeroportos. Vamos à luta!!!


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HISTÓRIA DE ALAGOAS

MISS PARIPUEIRA NO REINADO DA FANTASIA DE UM ETERNO CARNAVAL EDBERTO TICIANELI Jornalista

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ão se conhece precisamente onde e quando nasceu Ambrosina Maria da Conceição. As informações mais antigas registram a sua participação nos anos 60 e início dos 70 nas procissões de Santa Rita de Cássia em Paripueira, Alagoas. Maria Cícera da Silva, casada com um dos seus netos, lembra que depois ela continuou homenageando Santa Rita de Cássia numa festa organizada em recinto fechado, na Rua das Velhas, Alto da

Boa Vista, em Paripueira. “Os que não recebiam convites ficavam curiosos, ‘brechando’ pelas janelas e portas do barraco. A cantoria amanhecia o dia”. Ambrosina, que deixou a filha Almira Maria da Conceição, “perdeu o juízo” em meados dos anos 70. “Ela amanheceu um dia assim”, recorda Maria Cícera, que lhe deu abrigo até a sua morte em 1998. Com a enfermidade, assumiu o papel de beata e passou a percorrer as ruas e praias de Paripueira portando uma bandeja com a imagem de Santa Rita sobre flores. “Vizinha”, como era conhecida, pedia con-

tribuição para uma novena que seria realizada em sua casa. SURGE A MISS Quem contou como surgiu a Miss Paripueira foi o já falecido advogado Carlo Ramiro Basto. “Num domingo de Carnaval, quando ela estava na praia pedindo espórtulas, várias jovens, inclusive minha filha Elizabeth, perguntaram se ela não queria ser candidata a Miss Paripueira. Ela ficou satisfeita com a proposta e respondeu afirmativamente. Imediatamente, as jovens improvisaram uma fantasia com

a faixa de miss e uma coroa, e colocaram-na num jipe sem capota, que seguia o caminhão da orquestra. Foi aclamada miss durante todo o percurso do corso. E, daí por diante, a Vizinha deixou de ser ‘beata’ e passou a ser Miss Paripueira”. O ator e cineasta José Márcio Passos também conviveu um período com Ambrosina para produzir o curta metragem Meu Nome é Miss Paripueira. “Ela não descuidava da aparência, pois, caso contrário, Lulu da Barra, invejosa, poderia roubar a sua coroa e o seu título”. Lulu, segundo Miss Paripueira, não sabia

desfilar e nem tão pouco dançar o Carnaval. Somente ela conhecia o “passo da onça”, um estilo de dança com o qual pretendia desafiar a “invejosa rival”. Antes de sua morte verdadeira, Miss Paripueira foi “assassinada” por um jornal, que publicou a sua morte por atropelamento no Centro de Maceió. Meses depois, já recuperada do acidente que a levou a ficar internada por um bom tempo, voltou a circular. Quando soube da notícia sobre sua morte, não vacilou: a responsável pela mentira era a sua arquirrival Lulu da Barra.


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PEDRADAS Sobrevivendo das contribuições que pedia para o “concurso” de miss Paripueira ou cobrando “taxas” para ser fotografada pelos turistas, Miss Paripueira vivia exposta às provocações das crianças e mesmo de alguns adultos. Para conhecer seu lado

agressivo, bastava se referir a ela como “Sabiá”, “Canela de Sabiá” ou dizer que “Salgado Sales” — personagem de uma novela da época adotado como noivo — tinha deixado ela por outra mulher. Nestes momentos, se munia de pedras e era um salve-se quem puder. Ruim na pontaria, o alvo passava a

ser qualquer objeto ou pessoa num raio de 360 graus. Outro momento em que a agressividade aparecia era quando pedia dinheiro e recebia um não como resposta. Insistia com os pedidos e terminava incomodando, gerando atritos. Quando percebia que não teria sucesso, esculhambava até a quinta geração de quem se negava a lhe oferecer uns trocados. MODELO PUBLICITÁRIO DE COLLOR Em 1982, o prefeito Fernando Collor se desincompatibilizou para ser candidato a deputado federal. José Helinton,

publicitário que trabalhava a imagem de Collor, resolve utilizar Miss Paripueira no Guia Eleitoral. A gravação seria rápida, com a “modelo” dizendo apenas “estou com quem trabalha”. Para convencer a ambiciosa atriz, José Helinton garantiu que ela seria remunerada. Como foram necessárias várias gravações, descobriu-se que, no entendimento dela, cada uma das filmagens teria que ser paga. Collor conseguiu a declaração da miss, mas o publicitário terminou o dia com a carteira vazia. José Helinton não foi o primeiro a ser cobrado pelo uso da imagem da Miss Paripueira. Quando o Banco do Estado de Alagoas lançou a Poupança Produban, a peça publicitária veiculava uma rápida imagem dela. Dias depois lá estava dona Ambrosina, devidamente paramentada, conversando com o gerente e cobrando os seus “di-

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reitos autorais”. Cheia de adereços e sempre de óculos escuros, Miss Paripueira se sentia bonita e cobiçada pelos homens, mas sempre aguardando o português da novela, seu eterno noivo Salgado Sales. Gostava de ouvir música para dançar, principalmente no carnaval, quando se postava como se fosse a porta-bandeira dos principais blocos de Maceió. Vulcão, Cavaleiro dos Montes e Vou Botar Fora tiveram a honra de ter Miss Paripueira fazendo o passo e trazendo alegria para seus foliões. Com a sua morte, em 1998, Alagoas perdeu uma de suas figuras mais populares. Fonte: Jornal Última Palavra de dezembro de 1988, nº 51, reportagem de Joaldo Cavalcante e o texto Olha a Miss Paripueira!, de Francisco Ribeiro, publicado em Graciliano On-Line; fotos de Celso Brandão


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S.O.S. ALAGOAS

Quinto mandato

R

enan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, mesmo sob fogo cruzado da Lava Jato, não descarta a possibilidade de disputar seu quinto mandato na presidência da Casa.

CUNHA PINTO

Pros na dúvida

Pros nacional inicia o ano com dúvida naconvivência das suas lideranças. Preocupa o ano serde eleições e haver expectativa dorompimento dodeputado Domingos Neto, líder da bancada na Câmara, com a cúpula do diretório nacional.

Doações ocultas

Vigora, já para as eleições de outubro, decisão do TSE proibindo doações ocultas de campanha. O ato é analisado pelo ministro Luís Roberto Barroso(STF) que, se confirmado e segundo a mídia do Sul, “fecha uma das grandes fontes de corrupção eleitoral .“

Sem desgaste

De Kelmann Vieira (PMDB), presidente da Câmara Municipal de Maceió: “Todas as matérias do Poder Executivo, enviadas ao Legislativo, foram aprovadas na legislatura anterior, o que mostra a harmonia da Câmara e a Prefeitura”. Citou o orçamento de 2016 e projetos tributários, uns já vigorando.

Republicano “O caráter republicanoadotado pela Mesa da Câmara, ao longo do ano de 2015,buscou atendera todas as demandas e foi com esse espírito que conseguiu implementar um trabalho transparente e mais próxima dascomunidades”. Do vereador Galba Filho (PMDB).

Projetos

Na Câmara de Maceió,projetos aprovados já foram encaminhados para o prefeito Rui Palmeira. Dentre eles, o que altera a planilha de cálculo da taxa paga pelos bancos para instalar caixas eletrônicos em área pública.O valor, que em 2015 foi de R$ 70, será reavaliado.

Mais outro

Não será surpresa a Prefeitura de Maceió vir a cobrar das empresas de telefonia uso de postes da iluminação pública como suporte das antenas. Caso foi comentado na Câmara mas ainda não em termos oficiais e sim no princípio de “onde há fumaça há fogo”.

Padre Cícero

Ainda na Câmara, os vereadores aprovaram proposta do vereador Sílvio Camelo (PV).Trata da Medalha Padre Cícero para homenagear quem tenha serviços religiosos prestados. E lembrou: “Padre Cícero, finalmente, é reconhecido pela Igreja Católica, através do papa Francisco”.

Áreas de praia

Ambulantes que ocupam faixa de areia da orla em Maceió querem o apoio de vereadores para ocuparem outras áreas da cidade. Argumento:“Queremos trabalhar e esta época é importante para nós”. Base da proposta é projeto aprovado na Câmara exigindo deles cadastramento na Prefeitura.

A proposta

É do Poder Executivo a proposta que disciplina o comércio ambulante na faixa de areia das praias de Maceió. Mas as exigênciaincluídas para manter a ordem não estariam sendo atendidas. Esse é problema em que vereadores mediam uma negociação com o prefeito Rui Palmeira pró consenso.

Começa o jogo

É comum ouvir de líderes políticos com mando em diretórios municipais, inclusive em Maceió, queixas com pauta nas dificuldades para conversas sobre a campanha.Uns por indignação com o momento político do País, outros interessados em negociar o voto.

Recesso A Câmara Municipal de Maceió, na análise do vereador Kelmann Vieira (PMDB), entrou no recesso parlamentar sem atropelos nas sessões para apreciar o orçamento deste ano e outros projetos que estavam pendentes de votação em plenário, alguns do Executivo.

Fato inédito De Kelmann Vieira: “Não medimos esforços para aprovar o orçamento do município dentro do ano vigente, o que é um fato inédito. Os vereadores trabalharam com dedicação, desde as audiências públicas sobre a Lei Orçamentária Anual (LOA) até o momento de elaborar as emendas, assim como a aprovação da proposta orçamentária”.


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MEIO AMBIENTE

JULLYANE FARIAS meioambiente@novoextra.com.br últimas semanas.

Cantareira em alta

O nível de água do Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento da população da cidade de São Paulo, se mantém em elevação no início de 2016. Ele subiu 0,5% no segundo dia do ano e chegou a 30,4% da sua capacidade. No dia 30 de dezembro de 2015, o sistema registrou elevação e se livrou da dependência do volume morto após 19 meses. A reserva técnica começou a ser bombeada em maio de 2014, quando ainda havia água no volume útil. Em julho, porém, o sistema passou a operar somente com o volume morto.

Lago Poopó

O lago Poopó, localizado no departamento de Oruro, na fronteira com o Chile, tinha uma extensão de 2.337 km², mas foi reduzido a menos de 1 km² com apenas 30 centímetros de profundidade. Essa catástrofe vinha sendo anunciada há anos e tem um forte impacto ecológico, econômico, social e político. Segundo especialistas, cerca de 200 espécies de aves, peixes, mamíferos, répteis e uma grande variedade de plantas desapareceram com a seca do Poopó. Nessa semana, o governo boliviano anunciou que seriam destinados US$ 3,25 milhões para “reconstruir” o lago.

Americanos apreensivos

Os americanos estão apreensivos com as mudanças climáticas que vêm ocorrendo nos Estados Unidos nos últimos dias. Além dos tornados, a população norte-americana está enfrentando uma diversidade de ocorrências climáticas nunca vistas antes no país. Seca no Oeste, muita chuva em alguns estados do Sul, neve e granizo em estados do Norte. Depois do calor registrado nos últimos em Nova York e Washington, o serviço de meteorologia dos Estados Unidos (Noaa) está prevendo para os próximos dias uma onda de neve e gelo em extensas áreas do país, incluindo Colorado, Kansas, Montana, Dakota do Sul e Dakota do Norte.

Cataratas do Iguaçu

A vazão das Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, está duas vezes acima da média normal nos primeiros dias de 2016. O volume está em 3,8 milhões de litros por segundo, quando o normal é de 1,5 milhão de l/s. A vazão de água acima do normal se deve à quantidade excessiva de chuvas que está caindo no estado nas

Fauna Brasileira Parque das Aves

O Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, bateu recorde histórico de visitações em 2015. Foram 780.605 pessoas que passaram pelo local, atraídas pelas cerca de 1,2 mil aves de 140 espécies nativas e exóticas. O índice é 22% maior do que em 2014, quando foram registradas 636.452 visitações. Apesar do saldo positivo, a expectativa para 2016 é de uma pequena redução nos números por conta da atual crise econômica do país. O Parque das Aves fica ao lado da entrada do Parque Nacional do Iguaçu e está aberto todos os dias das 8h30 às 17hrs e o ingresso custa R$ 30.

O governo federal lançou, no final do ano passado, o primeiro Catálogo Taxonômico da Fauna Brasileira. O estudo lista as mais de 116 mil espécies de animais encontradas em território nacional, o que representa 9% da fauna mundial. Com o material, o Brasil atende à meta nacional de biodiversidade de número 19, prevista para ser alcançada até 2017, com a compilação completa dos registros já existentes da fauna, flora e microbiotas, disponibilizadas em bases de

dados online de livre acesso.

Cidade submarina

Um arquiteto belga criou um projeto de cidades submarinas autossuficientes para a utilização das 8 milhões de toneladas de lixo plástico encontrado nos oceanos. Vicent Callebaut idealizou o projeto Aequorea, onde arranha-céus flutuantes com 250 andares de profundidade seriam produzidos com impressão 3D a partir do “algoplast” – material obtido a partir da mistura dos plásticos. A bioluminescência de organismos marinhos iluminaria os ambientes internos, a água do mar seria dessalinizada para consumo, o lixo orgânico reciclado com o auxílio de algas e


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Guardiola quer Messi

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pesar de ainda não ter confirmado seu destino após o fim da temporada, Pep Guardiola deixou o a imprensa europeia ainda mais agitada ao anunciar na última terça-feira que quer trabalhar na Inglaterra. A versão de que o técnico já tem um acordo com o Manchester City - noticiada há alguns meses - gahou ainda mais força, e alguns veículos já falam até mesmo sobre a montagem do time. O “Daily Express”, por exemplo, diisse que Messi é o primeiro pedido de Pep à diretoria. O jornal inglês afirma que o treinador já solicitou ao City que faça uma reunião com Messi para explicar o projeto do clube nos próximos anos, com Guardiola no comando. O treinador acreditaria que sua presença possa ser um atrativo para convencer o argentino a mudar de ares, depois de explodir para o mundo do futebol sob seu comando no Barcelona, há sete anos.

Corinthians acerta com André

O atacante André, que disputou o Brasileirão 2015 pelo Sport, deve ser o novo reforço do Corinthians. O jogador, com pré-contrato assinado com o Timão, tenta ser liberado pelo Atlético-MG, clube detendor de seus direitos. Aos 25 anos, o atleta tem contrato até junho com o Galo e deve até o fim da semana oficializar seu acerto com a nova equipe. O documento que garante a ida de André ao Timão está redigido, porém ainda não foi assinado.

Neymar na mira do Manchester

O Manchester United deve abrir o caixa para tentar trazer o brasileiro Neymar no meio do ano. Segundo o site Le 10 Sports, os Red Devils estão dispostos a pagar a multa rescisória do brasileiro, de 190 milhões de euros (cerca 815 milhões de reais) para contar com o craque na próxima temporada. A intenção dos ingleses é aproveitar os sinais confusos que Neymar e seu staff estão passando sobre a extensão de contrato com o Barcelona. Desta forma, o time de Old Trafford confirmaria o desejo de ter o jogador, já demonstrado na última janela de transferências.

Cárdenas no Peixe

Depois de uma temporada discreta no Atlético-MG, o meia colombiano Sherman Cárdenas ainda não desistiu de jogar no futebol brasileiro. Por meio de um representante, o baixinho foi oferecido nos últimos dias ao Santos, como sugestão para substituir Marquinhos Gabriel, cujo contrato de empréstimo terminou. A diretoria do Santos não deu um parecer sobre a possibilidade de reforçar o elenco com o ex-astro do Atlético Nacional, então comandado por Juan Carlos Osorio. Antes, quer uma posição do técnico Dorival Júnior.

PORDENTRODO ESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Zidane assume comando do Real Na corda bamba há algumas semanas, o técnico Rafael Benítez não resistiu a mais um tropeço do Real Madrid e foi demitido nesta segunda-feira, dando lugar ao ex-craque francês Zinedine Zidane, que comandava o time B, anunciou o presidente do clube em entrevista coletiva. “Zidane é a partir de agora o novo treinador do Real Madrid, e para mim é um orgulho tê-lo ao meu lado porque para ele o impossível não existe”, afirmou o dirigente, que resolveu se livrar de Benítez um dia depois do empate em 2 a 2 no domingo com o Valencia

Del Nero pode ser banido

Indiciado nos Estados Unidos por corrupção, Marco Polo del Nero deve ser suspenso pela Fifa nos próximos dias. A entidade, segundo o jornal O Estado de S.Paulo apurou, deve afastar o brasileiro de todas as atividades do futebol por 90 dias e, neste período, avaliará a aplicação uma sanção que pode ir até seu banimento completo e para sempre do esporte. A Fifa planejava uma “punição severa” contra Del Nero e a punição viria já no início de 2016. A entidade apenas aguardava os documentos que a Justiça norte-americana enviaria e também, na lista de casos, precisava primeiro examinar a situação de Jerome Valcke, com a proposta de uma suspensão de nove anos.

Corinthians perde mais um Renato Augusto aceitou a proposta do Beijing Guoan, da China, e deve ser mais um jogador a deixar o Corinthians para o futebol asiático. O meia recebeu oferta salarial milionária nos últimos dias, pediu um tempo para pensar e na segunda-feira avisou o presidente corintiano Roberto de Andrade de que irá se transferir. O Corinthians agora espera pelo envio de uma proposta oficial por escrito para efetivar a transfe-rência. O clube chinês pagará o valor equivalente à multa rescisória, que é de 8 milhões de euros (cerca de R$ 35 milhões). Metade do valor ficará para os cofres corintianos, enquanto o Bayer Leverkusen tem direito a outros 40% da operação.

Missão complicada

Muricy Ramalho está renovado. Em entrevistas e conversas, o novo técnico do Flamengo não esconde a disposição para o novo trabalho após alguns meses de descanso e estudo. As primeiras missões na reformulação do questionado departamento de futebol rubro-negro, no entanto, não serão das mais fáceis. Uma delas, quase fundamental, dirá muito sobre o futuro do time: a recuperação do atacante Paolo Guerrero. O novo comandante do time da Gávea terá a responsabilidade de ajudar o jogador mais caro do elenco a superar a má fase que já dura alguns meses. O craque da camisa 9 não sabe o que é balançar as redes desde 23 de agosto de 2015.

Ex-Chapecoense no CRB Contratado com o status de ter defendido a Chapecoense, clube que disputa a Série A do Campeonato Brasileiro, o atacante Flavinho garante que chega ao CRB com vontade de mostrar serviço. Bem referendado pelo técnico Guto Ferreira, com quem trabalhou na equipe catarinense, o jogador justificou porque optou em defender a camisa regatiana na temporada 2016.

São Paulo acerta com Mena O São Paulo chegou a um acordo para ter o lateral-esquerdo Mena, do Cruzeiro, por empréstimo até o fim deste ano. O anúncio do primeiro reforço depende da iminente assinatura de contrato. Campeão da Copa América em 2015 – começou como titular, mas terminou o torneio no banco –, o jogador de 27 anos poderá, caso a negociação se concretize, se apresentar ao técnico argentino Edgardo Bauza


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Futuro a hidrogênio?

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o recente Salão do Automóvel de Tóquio não foram apenas modelos autônomos e futurísticos que roubaram a cena. O governo japonês se empenha em disseminar a ideia da era do hidrogênio e nada como os carros para dar partida a uma verdadeira aposta. Esse elemento químico é o mais abundante do universo e está presente na água (H2O) que representa 70% da Terra. Uma nova “sociedade baseada no hidrogênio” será difícil de florescer. Para obtê-lo a partir da água é preciso eletricidade em grande escala. Se esta vier de fontes fósseis ou não renováveis – como na maior parte do mundo – o balanço final é negativo em termos de emissões de CO2 e do temido efeito estufa. Mas se pode obtê-lo também de biogás de esgoto ou lixo. A pilha a hidrogênio para gerar eletricidade a bordo seria boa solução para carros elétricos, pois emite apenas vapor d’água. Permite tempo de abastecimento e autonomia semelhantes aos combustíveis líquidos, ocupa menos espaço e é mais leve e fácil de reciclar. Incentivada pelo governo do Japão, a Toyota desistiu de esperar pela evolução das baterias. Em 2015 passou a fabricar em pequena série e vender apenas no seu país o Mirai, com estética de certa forma discutível por ousar demais. A produção, de 700 unidades no primeiro ano, subirá para 3.000 em 2017, contando com exportações para EUA e Europa. Até os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, o fabricante esperar ver 12.000

carros circulando no Japão e 30.000 no mundo. O preço do Mirai, pouco maior que um Camry, é bem elevado: US$ 70.000 (R$ 280.000). Mas pelo menos 25% desse valor terá subsídio governamental. Mas onde abastecer? Há uma meta de abrir 100 postos no Japão até março próximo, mas cada um custa lá US$ 4 milhões (R$ 16 milhões), 15 vezes mais que um convencional. Apenas 80 estarão inaugurados, quase todos dentro de instituições públicas e privadas. A Honda aproveitou o Salão para apresentar a versão definitiva do seu elétrico com pilha a hidrogênio, o Clarity. Chamados de FCX Clarity, 50 carros rodam em quatro cidades da Califórnia, EUA, desde 2008, em leasing por se tratar de unidades experimentais de propriedade do fabricante. Ela perdeu a corrida para oferecer o primeiro automóvel específico fabricado em série no mundo, pois só estará à venda em março próximo, inicialmente no Japão. Este modelo, do mesmo porte do Mirai porém mais elegante, tem autonomia de 700 quilômetros, superior à do rival. O conjunto pilha e motor elétrico ocupa volume um terço menor que no FCX, equivalen-

ALTA RODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

te a um motor V-6 convencional. Isso permitiu colocá-lo sob o capô e liberou espaço no habitáculo para cinco adultos e porta-malas mais amplo. A Honda desenvolveu um container transportável para produzir hidrogênio e um conversor para o Clarity fornecer energia elétrica a uma casa ou de forma emergencial.

Grandes fabricantes mundiais também desenvolvem pilhas a hidrogênio há mais de uma década. A Hyundai tem um Tucson adaptado à venda nos EUA. Alguns ainda não consideram a tecnologia suficientemente madura para justificar um modelo específico, como Mirai ou Clarity. O tempo dirá quem, de fato, está certo.

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ARTIGO

JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

As minhas previsões para o ano de 2016

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nualmente, em cada início de Ano Novo, quem vem me acompanhando nas minhas previsões deve estar lembrado que eu não errei em nada. Tudo que eu previ aconteceu no ano de 2015. Agora mesmo, eu estou, novamente, dizendo o que irá acontecer durante os

Parece que eu fui o único brasileiro que não acreditou quando a Sra. Dilma disse que iria diminuir o preço da energia elétrica, poucos meses depois, ela mandou um aumento de 72 %. 365 dias de 2016. Inclusive, todos os grandes jornais e revistas, do mundo inteiro, parece que vivem me copiando no que diz respeito às previsões para o Brasil. Às vezes, alguns leitores e amigos me perguntam por

que as minhas previsões são tão precisas. Eu, simplesmente, acerto em tudo porque é muito fácil da gente saber quando os nossos políticos estão mentindo, quando estão roubando, quando estão enganando o povo e quando acham que nós somos babacas, palhaços ou “fila...da..put..”. Parece que eu fui o único brasileiro que não acreditou quando a Sra. Dilma disse que iria diminuir o preço da energia elétrica, pois, poucos meses depois, ela mandou um aumento de 72 %. Parece que eu fui o único a não acreditar nos tais PAC-1, PAC2 e PAC-3.!!!. Eu fui o único a dizer que a Sra. Dilma estava enganando o povo, quando dizia que não mexeria nos ganhos dos assalariados. Eu não sabia o que eram “pedaladas fiscais”, mas, sempre desconfiava do tal do ministro Mantega, com seu

“jeitinho muito suave”. Ora, diante de tudo que aconteceu nos Governos do Lula e da Sra. Dilma, eu já sei como vai ser o nosso ano de 2016: Primeiro – devido o Brasil estar todo desmantelado pela Sra. Dilma, vai ser um ano de muita compra de votos e de muita compra de apoios políticos. Segundo – os ministros que foram escolhidos e nomeados por Lula e pela Sra. Dilma, mesmo honestos como são, terão que ser gratos para com os seus afilhados. Terceiro – os caras que já estão presos, logo, logo serão soltos, principalmente, por causa das festas do Natal, o Ano Novo, do Carnaval, da Semana Santa, do São João e das Olimpíadas. Quarto – os políticos de prestígio terão “habeas corpus”, prisão domiciliar e outras regalias e, o “povo que vá para a ponte que caiu...”. Quinto

– Lula será aplaudido de pé pelos políticos brasileiros, por ministros, por grande parte do Judiciário brasileiro e pelo povo. Sexto – a Sra. Dilma será inocentada e apresentará como seu candidato o inteligente, Lula. Sétimo – todos os políticos processados serão julgados e inocentados pelos melhores juízes e ministros do Brasil. Oitavo – brevemente, haverão novos escândalos, novos “lavajatos”, novos escândalos no futebol, novas arenas para serem construídas. Nono – novas quadrilhas serão formadas, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica, na Receita Federal e na Petrobras. Décimo – lamento dizer que o ano de 2016 será um dos piores anos para o Brasil, pois, sem impunidade, sempre seremos os piores do mundo em corrupção.


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No epicentro da corrupção

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raipu, que continua no epicentro dos municípios alagoanos que registram atos de corrupção, segue como um mau exemplo de gestão pública. E o que é pior: os servidores foram abandonados até pela oposição que, como diria o poeta, “de repente não mais que de repente”, abriu os braços e o “coração” para a atual prefeita Conceição Tavares. Para se ter uma ideia do caos na cidade banhada pelas águas do Velho Chico, os servidores da saúde estão com salários atrasados e sem ver a cor do salário. O mais absurdo é que as autoridades que receberam dossiês denunciando a atual administração estão “agindo” lenta, mais muito lentamente. Quanto à oposição, que vergonhosamente calou-se, carregava um cartaz de “vende-se” e ao que parece já recebeu o carimbo de “vendido”. Pode uma coisa dessas????!!!!

Sucessão em Palmeira

Com informações do jornalista Roberto Gonçalves: A sucessão municipal em Palmeira dos Índios está indefinida em um cenário em que nove pré-candidatos anunciam a pretensão de ocupar a cadeira do prefeito James Ribeiro (PSDB), que está concluindo o seu segundo mandato no final deste ano.

Não anunciou

Comedido, Ribeiro até o momento não anunciou o nome do pré-candidato que pretende apoiar. É evidente que o seu grupo político é o mais forte, conta com o deputado estadual Edval Gaia Filho (PSDB) que representa a família Gaia- Ribeiro, com tradição política e liderança na terra que já foi governada por Graciliano Ramos.

Pré-candidatos

Um elenco de nove nomes está sendo anunciado como pré-candidatos: a ex-vice-prefeita Verônica Medeiros (PSDB), o vereador Júlio Cezar (PSB) dissidente do grupo de James Ribeiro, a ex-secretária municipal de Educação, Alcineide Nascimento, e o esposo, ex-vereador Júnior Miranda (PDT); nessa pretensão, o pré-candidato deve ser Júnior Miranda.

Outros nomes

Flávio Targino (PRTB), vereadora Sheila Duarte (PT) - esposa do ex-vice-prefeito e médico Pedro Paulo-, deputado estadual Chico Tenório (PMN) e o secretário municipal de Infraestrutura, Rodrigo Gaia (PSDB). Ele é irmão do deputado estadual Edval Gaia Filho (PSDB). Outro nome é o do ex-secretário estadual da Paz do governo Téo Vilela, Adalberon Sá Júnior, que também é aliado do deputado federal Givaldo Carimbão (PSB).

Os mais fortes

Nesse cenário politico, três nomes estão em destaque: vereador Júlio Cezar, que foi candidato a governador em 2014, obtendo mais de 110 mil votos no Estado. Foi o vereador mais votado em Palmeira dos Índios nas últimas eleições. Um dos representantes da família Gaia –Ribeiro, que pode ser Rodrigo Gaia ou o pai, o conselheiro aposentado do Tribunal de Contas do Estado, Edval Gaia, que está filiado ao PMDB. Outro nome forte com densidade eleitoral, oxigênio financeiro, experiência e força política é da médica e ex-vice-prefeita Verônica Medeiros.

Verônica Medeiros

Com discurso e serviços prestados, Dra. Verônica, como é mais conhecida, conta com a força política do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Fernando Toledo e do seu filho, o deputado estadual Bruno Toledo. Filiada ao PSDB, a médica está motivada para entrar na disputa pela Prefeitura de Palmeira dos Índios e dentro do prazo de até seis meses antes da eleição pode mudar de partido. “O tempo será o senhor da razão”, diz.

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ABCDO INTERIOR

robertobaiabarros@hotmail.com

Casas para Evento prestigiado evento foi realizado no Ginásio Poliesportivo João Paulo II, e 999 famílias Otambém contou com a presença da coordenadora de Projetos Em solenidade ocorrida na manhã de terça-feira (5), o vice-prefeito Yale Fernandes, representando a prefeita Célia Rocha, realizou com a secretária de Assistência Social, Anadja Almeida, o sorteio da localização das quadras e lotes para 999 famílias que irão morar no Residencial Vale do Perucaba.

Habitacionais da Secretaria Municipal de Assistência Social, Maísa Cruz; da representante da Construtora City, Gilvânia Vieira; do gerente de Relacionamento do Banco do Brasil, Silvânio Vieira, bem como da secretária de Planejamento, Cícera Pinheiro, a subsecretária de Governo, Giane Silva, e o representante da Procuradoria Geral do Município, Castro Neto.

Parceria com governo

Durante a realização do sorteio das quadras e lotes, a secretária de Assistência Social, Anadja Almeida, destacou a parceria com o governo federal, por meio do Banco do Brasil, e demais órgãos e instituições que fazem parte do projeto para entrega das moradias.

PELO INTERIOR ... Com informações do jornalista Adalberto Custódio: Uma iniciativa da Secretaria de Estado de Saúde (Sesau), em parceria com o Conselho de Secretarias Municipais de Alagoas (Cosems/ AL) e os médicos ortopedistas da Liga Alagoana de Ortopedia do Interior, resultou na realização de grandes mutirões ortopédicos que, durante o ano de 2015, beneficiaram centenas de pessoas no interior de Alagoas.

... Os moradores da área central e, também, de bairros periféricos de Arapiraca estão sendo contemplados com a realização de obras de drenagem e pavimentação de ruas e avenidas.

... A subespecialidade ortopédica com maior demanda de pacientes atendidos nos mutirões foi a de joelhos, que contabilizou um grande número de atendimentos.

... Os serviços estão sendo executados desde o início desta semana, por meio de engenheiros e técnicos da Secretaria Municipal de Obras e Viação.

... Entre os meses de julho e dezembro, o Hospital Santa Rita, em Palmeira dos Índios, realizou mais de 100 procedimentos de videoartroscopia do joelho, atendendo a pacientes de mais de trinta municípios do interior.

... O vice-prefeito Yale Fernandes, representando a prefeita Célia Rocha, está acompanhando de perto a realização dos serviços juntamente com o secretário de Viação, engenheiro Valdeir Galindo.

... Já no Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT), anexo ao Complexo Hospitalar Manoel André (Chama), em Arapiraca, foram realizadas outras dezenas de cirurgias de joelho com maior complexidade, atendendo a pacientes do Agreste e do Sertão de Alagoas.

... O empresário Betinho Alexandre, filho do industrial José Alexandre, também foi ver de perto a realização das obras na área central de Arapiraca.

... Uma das propostas dos mutirões foi atender à demanda reprimida da área ortopédica na região, ou seja, pessoas que há meses ou até anos estavam sem conseguir realizar tratamento adequado ou procedimentos cirúrgicos. ... Um dos beneficiados com as cirurgias de joelho foi o agricultor Sebastião Moreno, morador de Coité do Nóia. Há um ano ele fraturou a tíbia e

rompeu os ligamentos do joelho, ficando impossibilitado de trabalhar. Após ser avaliado por um especialista, o agricultor foi submetido a cirurgia e já está praticamente recuperado.

... A Avenida Governador Lamenha Filho, localizada nas imediações do terminal rodoviário, no bairro Jardim Tropical e um dos principais corredores de transporte da cidade, está sendo totalmente recuperada e recebendo pavimentação asfáltica. ... A todos, um excelente final de semana com muita paz e saúde. Até a próxima edição. Se Deus e os homens assim permitirem né? Valeu!!!!


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REPÓRTER ECONÔMICO

JAIR PIMENTEL jornalista.jairpimentel@gmail.com

Um mês longo

Janeiro tem 31 dias e muitas despesas que devem ser cumpridas obrigatoriamente: matrícula e material escolar, por exemplo. As aulas só começam em fevereiro, quando os pais já devem pagar a primeira mensalidade, para o final do mês ter outra obrigação: o IPTU, que este ano vem com um reajuste de 9%. Quem seguiu à risca o orçamento, não se preocupa com isso, mas aqueles que gastaram exageradamente nas festas de final de ano vão se endividar mais uma vez.

Outro aumento

Feliz Ano Novo

C

omo sempre fui, e continuo sendo, um verdadeiro otimista com o nosso País, é o que desejo aos leitores da coluna, com um alerta: viva de acordo com o que ganha, jamais ultrapassando os limites, comprando por impulso, usando o cartão de crédito parcelado e o cheque especial, além de compras pelo carnê. Os juros vão continuar subindo, assim como o dólar, o que exige que deixe de comprar produtos importados, optando pelos similares brasileiros. A inflação também tende a crescer, mas existe a chance dos preços continuarem sendo competitivos, diferenciando de um local para o outro, exigindo uma intensa pesquisa antes de comprar. O ano já começou com aumento de combustíveis e provavelmente vem mais outros: energia, telefone e demais controlados pelo governo. Todo mês de janeiro, quando se anuncia o reajuste do salário mínimo, os preços sobem antes mesmo do assalariado “ver a cor do dinheiro”, só pago no final do mês. E desta vez com um “um sabor mais amargo”, já que o País se encontra em recessão (queda na produção, inflação e juros em alta e desemprego). Portanto, reduza os gastos, e procure até mesmo deixar algum dinheiro de sobra para sua reserva financeira (poupança).

Quem mora em condomínio e possui empregada doméstica, terá mais um aumento (o salário mínimo), repassado para esses dois serviços. E não adianta reclamar! Anote tudo isso em seu orçamento doméstico e vá seguindo tudo mensalmente, procurando não se endividar e fechar o balanço anual no “azul”, inclusive com uma boa poupança.

Disciplina

Siga seu orçamento iniciado agora com disciplina, anotando tudo que entra e sai de sua renda mensal, conversando com a família, conscientizando de que estamos vivendo mais uma recessão e precisamos sobreviver economicamente corretos. Nas compras de supermercado, vá pesquisando para saber qual o mais barato e vá trocando de marcas.


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CRÔNICA

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FERNANDO Tenório

Médico formado pela Ufal, é alagoano de Maribondo e tem 26 anos. Residente em Psiquiatria no Hospital Philippe Pinel, no Rio de Janeiro, é autor dos livros A Responsabilidade dos Olhos e Bloco dos Corações Despedaçados

fernandoatn@hotmail.com

Pelo direito de adoecer em paz, sem selfie

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á algum tempo, tive de conviver com um dos meus piores momentos: o adoecimento de uma pessoa que amo. O susto inicial, a celeridade do quadro, a tomografia, o veredicto médico, a internação, a ida ao CTI. Tudo isso em menos de um dia. Não havia tempo de assimilar nada. Somente o agir mecânico visando dar as melhores condições para o que acontecia. Não havia tempo de chorar, praguejar, de desejar a cura da minha irmã... Para piorar a situação, eu estava no Rio de Janeiro, sabendo

Ninguém se importava com a verdade, esquecendo-se dos sentimentos das pessoas envolvidas. Havia, ali, uma competição de quem tinha mais notícias, quem tinha mais poder. de tudo pelas informações passadas por terceiros. Se por um lado conseguia ter notícias em tempo real, aplacando minha angústia, de outro via um fenômeno incrível ocorrendo: a espetacularização do padecimento alheio. O espetáculo montado sobre o nosso

sofrimento. Nos grupos das redes sociais, as pessoas veiculavam as mais variadas informações sem nenhum compromisso com a verdade. Uma teia de fofoca que crescia mais rapidamente do que um tumor em rápida progressão mitótica. Ainda assim, fui trabalhar e pedir dispensa do trabalho nos dias posteriores para cuidar dela. Após falar com meus familiares, sabendo que o quadro estava estabilizado, respirei aliviado e decidi atender os pacientes marcados. Quinze minutos depois, uma onda de comentários nas redes sociais dizia que minha irmã já estava sendo intubada. Não consegui contato com ninguém e fiquei ainda mais desesperado. Parti como um louco, comprando a passagem na hora, sem levar nenhuma roupa para Maceió. O voo direto, que dura cerca de três horas, pareceu durar uma eternidade. Uma vida inteira repassada naqueles instantes, muito pelo celular desligado. Nosso futebol na área, os canos quebrados com a bola, as brigas que arranjei na escola para defendê-la. Tudo corria na minha memória e eu só conseguia pedir aos céus mais um tempo com ela. Só desconectado do mundo

cibernético, pude conectar o meu mundo interno e chorei. Ver a vida ameaçando levar quem a gente ama quebra com o nosso mito da autonomia.E isso dói, como dói. Cheguei a Maceió apressado e apareci no hospital para surpresa de muitos. Para nossa sorte, as previsões macabras dos grupos, inclusive dos que a pessoa doente participava, não se confirmaram e lá estava minha irmã sem nenhum tubo ou aparelho. Assustada, ela me olhou nos olhos e disse: - O que estão falando nos grupos é verdade? Eu tenho algo sem cura? Eu quero saber de tudo! As especulações sobre as mais diversas doenças e seus mais variados desfechos se deram numa velocidade alucinante. Um tumor avassalador? Um olho que teria de ser retirado? Cadeira de rodas para o resto da vida? Uma doença neurodegenerativa com rápida progressão? Tudo virava uma certeza por quinze minutos. Ninguém se importava com a verdade, esquecendo-se dos sentimentos das pessoas envolvidas. Havia, ali, uma competição de quem tinha mais notícias, quem tinha mais poder, pois infor-

mação é uma forma de poder. Claro que existia a preocupação, mas ela ficava escondida diante da ansiedade por novas notícias. Na hora das visitas era um terror. Ninguém queria sair sem uma selfie. Minha irmã, com um acesso venoso central no pescoço, era cobrada a sorrir para desfilar nos perfis alheios. Áudios também eram solicitados a todo o tempo, bem como um resumo completo de todo o ocorrido para “atualizar os grupos”. Saímos da situação fortalecidos, apesar de tudo. Todavia, fiquei com essa questão rondando meus pensamentos até a presente data, já que percebi que um dos maiores desafios dos nossos tempos é adoecer com dignidade. Todos temos o direito de adoecer em paz e sem selfie! Pude sentir na pele o processo de adoecimento virando um espetáculo transmitido instantaneamente, tornando o sujeito doente em questão num personagem público, ainda que esse não queira e/ou saiba. Os holofotes se voltam para o sujeito gerador de notícias, no caso o doente, com tanta força que, ao invés de colocá-lo em evidência, acabam ofuscando-o em sua subjetividade.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE JANEIRO DE 2016


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