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extra MACEIÓ - ALAGOAS ANO XVII - Nº 855 - 15 A 21 DE JANEIRO DE 2016

HISTÓRIA DE ALAGOAS

JORNALISTA ALAGOANO FOI PRIMEIRO A NOTICIAR A MORTE DE LAMPIÃO E SEU BANDO, EM ANGICOS P/ 22 e 23

www.novoextra.com.br

R 3,00

PADRE SIZO

RELIGIOSO ALERTA QUE PADRE PERSEGUIDO NO SERTÃO TAMBÉM PODE VIRAR SANTO P/ 12

JUIZ SUSPENDE COMPRA DE KITS ESCOLARES SEM LICITAÇÃO SECRETÁRIO LUCIANO BARBOSA TEM 10 DIAS PARA JUSTIFICAR A COMPRA DIRETA DO MATERIAL NO VALOR DE R$ 6,6 MILHÕES P/ 10

Deputado quer mais transparência na gestão do fundo de combate à pobreza Bruno Toledo quer mais transparência no Fecoep

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Jornalista Jorge Oliveira lança em Maceió livro sobre a própria morte

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MACEIÓ, ALAGOAS - 15 A 21 DE JANEIRO DE 2016

Máfia dos kits

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ssim como a merenda escolar, a compra de kits educacionais virou sinônimo de falcatrua em todo o país nos últimos tempos, e parece que a máfia que atua nesse setor se mantém mais viva do que nunca. No governo tucano de Téo Vilela foi um escândalo atrás do outro e até hoje existem galpões lotados desses kits escolares que nunca chegaram aos alunos carentes da rede pública. Esta semana, a justiça suspendeu um contrato da secretaria estadual de Educação para aquisição desses benditos kits. Segundo a denúncia, a compra - no valor de R$ 6,6 milhões - foi feita sem licitação. Com a palavra, o secretário Luciano Barbosa, que também é vice-governador do Estado.

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

Sem transparência 1 - Dos 102 municípios de Alagoas, só oito não criaram o Portal da Transparência, como manda a lei. 2 - São eles: Barra de Santo Antônio, Belém, Flexeiras, Girau do Ponciano, Jaramataia, Joaquim Gomes, Piranhas e Roteiro. 3 - Outros 10 municípios tentaram burlar a lei com a criação de Portais de faz-de-conta, sem nenhuma informação sobre a gastança dessas prefeituras. 4 – Todos eles estão na mira do Tribunal de Contas do Estado, que fará uma varredura geral nas contas desses municípios.

Sem intermediário

Walmir Pinheiro Santana, delator da Lava Jato, revelou que Arthur Lira recebeu R$ 1 milhão de propina na roubalheira da Petrobras. Nada de anormal não fosse o fato de o deputado ter ido pessoalmente receber a grana, repassada pela UTC Engenharia.

A pão e água Dentre os oito vetos da presidente Dilma Rousseff à Lei de Repatriação, que regulariza os recursos enviados por brasileiros ao exterior sem o conhecimento da Receita Federal, está um que injetaria parte desses recursos no Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal e no Fundo de Participação dos Municípios.

DA REDAÇÃO

Capiba

Lourenço da Fonseca Barbosa, o popular Capiba, é o grande home-nageado do Baile Vermelho e Preto que acontece neste sábado no Jaraguá Tênis Club. Alafrevo, maestro Almir Medeiros, Sambassim, Wilma Araújo e Maria Bateria é que animarão a prévia carnavalesca que também homenageará o centenário do samba e a Banda Vulcão.

Faltou combinar com os russos O deputado Ronaldo Lessa convocou a imprensa alagoana para defender uma candidatura única à Prefeitura de Maceió, desde que seja ele o candidato. Lessa não foi explícito nessa pretensão nada democrática, mas deixou isso claro nas entrelinhas de seu discurso manjado. Só faltou combinar com Rui Palmeira, Cícero Almeida, Kelmann Vieira, JHC, Paulão e outros possíveis candidatos a prefeito da Capital.

COLUNA SURURU

Capiba 2

Numa realização de Leonardo Júnior e Weldja Miranda e tendo por tema Capiba, o Mestre do Frevo, o baile começa às 22h30. Estrutura, equipamentos e som a cargo do DJ Peixe e de Paulo Medeiros.

De olho na Lava Jato

A Organização das Nações Unidas (ONU) acompanha de perto a Operação Lava Jato. Para a advogada Indira Fernandes, especialista em Anticorrupção e Lavagem de Dinheiro do UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime) no Brasil, as delações premiadas e a realização de acordos de cooperação internacional sustentam os êxitos do trabalho feito pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal para desvendar esquemas de corrupção na Petrobras.

Dia das Flores

A comunidade de matrizes africanas de Alagoas comemora neste sábado, 16, o Dia das Flores, com o lançamento de oferendas no mar, na praia de Cruz das Almas, em homenagem a suas divindades, os orixás. Será um momento para pedir proteção contra os males da humanidade e em busca de amor, paz, harmonia, saúde e prosperidade para todo o povo brasileiro. Dentro das comemorações, o vereador Cleber Costa e a Fundação Afonso Arinos irão promover na Praça Ganga Zumba, entre 16h e 20h, a apresentação de terreiros da Mãe Mirian, Mãe Jeane e Pai Jedilson, além de banho na estátua de Ganga Zumba.

PF na pista de crime financeiro

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A Polícia Federal deve concluir as investigações sobre grandes saques em dinheiro feito pelo então Grupo João Lyra quando as empresas estavam em recuperação judicial e na mira da falência. Foram milhões de reais sacados. O inquérito está sendo presidido pelo delegado Bergson Toledo, que já ouviu o próprio JL, José Brandão, o homem do caixa 2, e outros assessores bem próximo do empresário.

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Algumas denúncias indicam que mais gente ainda pode ser ouvida, principalmente por terem exercido forte influência junto ao empresário João Lyra. Na lista, a nissei Sílvia Sacuno, considerada a toda poderosa do grupo falido e o que era braço direito de JL, Washington Miranda, que foi enxotado pelo próprio João Lyra por ter se aproveitado do cargo

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Sobre a nissei Silvia Sacuno, a Polícia Federal também investiga como foi que ela intermediou a remessa de dólares de João Lyra da Suiça para o Brasil e se pagou os impostos decorrentes da operação. A Receita Federal também deve investigar se esses recursos foram declarados no Imposto de Renda do empresário. A grana transferida em diversas oportunidades também envolveria a ex-mulher de João Lyra, Carmosina Pereira, com a participação do seu neto, Luiz Lyra. A família de JL também quer saber o tamanho do prejuízo.

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

Luiz Carnaúba (presidente), Mendes de Barros, Maurício Moreira e José Arnaldo Lisboa

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MACEIÓ, ALAGOAS - 15 A 21 DE JANEIRO DE 2016

JORGE OLIVEIRA

Um alerta! Maceió - Ninguém é maluco de achar que um estado pode prescindir da segurança à sua população. Mas esse tipo de cuidado não deve ser feito com arrogância, prepotência e abuso de autoridade como fez a polícia de Alagoas nas festas de fim de ano. Para os mais afoitos nessa área, aqui vai um alerta: dois secretários de segurança pública linha dura, que se achavam acima da lei, foram mortos no estado nos idos de 1960-0 por agirem com truculência. (Conto a história no meu livro Curral da Morte). Os criminosos, ou seus mandantes, fizeram justiça com as próprias mãos, atitude que deve ser condenada e repudiada pela sociedade. Os policiais que foram às ruas para fazer a prevenção do crime, na sua maioria, estavam despreparados. Tratavam o cidadão como bandido, criminoso. Não tinha civilidade nem respeito no trabalho de abordagem. Muitas vezes sacavam da arma numa simples revista, num ato covarde e descabido. Davam a impressão de que queriam espetacularizar suas ações. É como se quisessem provar que o estado está sob vigilância permanente, portanto, qualquer meio para salvaguardá-lo é justificável, mesmos os mais arbitrários. Foi assim que agiram alguns deles com os condutores de carros nas ruas de Maceió. Penso que também no interior, pois me pareceu que atuavam sob a orientação dos seus comandantes. Em qualquer lugar do mundo, a polícia existe para proteger o cidadão, estar ao seu lado para defendê-lo dos bandidos, dos arruaceiros, dos bardeneiros e dos ladrões. A polícia que não respeita o seu próprio povo está agindo acima da lei, contra a administração pública e os contribuintes que a sustentam. A Barra de São Miguel, invadida por turistas e veranistas, foi palco da arbitrariedade desses policiais. Muito deles faziam questão de constranger os jovens que circulavam pela cidade. Revistavam-nos com o intuito de mostrar autoridade, apalpando-os e agindo com truculência diante dos moradores como se quisessem castigá-los pelo fato de estarem se divertindo com os amigos num local de veraneio. Os criminosos de Alagoas não estão em cidades como a Barra de Sao Miguel. Eles atuam organizados como ladrões de bancos e traficantes de drogas. São quadrilhas que muitas vezes trabalham com a cumplicidade da própria polícia. É para esses bandidos que a segurança pública precisa estar preparada técnica e cientificamente para combater. Evitar que muitos crimes cometidos virem papéis encardidos dentro das gavetas das delegacias por falta de investigação competente.

Queda

Não deixa de ser louvável a preocupação com a violência em Alagoas, ainda uma das mais altas do país, apesar da queda expressiva no último ano, mas nada justifica a indelicadeza da polícia. O homem de bem não pode ser nivelado ao bandido. Agindo dessa forma, as pessoas sérias e honestas ficam a mercê desse comportamento incivilizado da segurança pública quando são tratadas como delinquentes. A polícia precisa estar preparada para proteger o cidadão. Se for para assustá-lo, é melhor “chamar o ladrão”, como bem disse o Chico Buarque em uma de suas canções.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Cuidados

Os poucos quilômetros de ciclovias no litoral estão precários. E pelos bairros que pedalei é um Deus nos acuda, um salve-se quem puder. Não existe demarcação para ciclistas, os carros particulares circulam nas faixas exclusivas dos ônibus e são raros os guardas de vigilância para impedir os abusos no tráfego.

Bueiros

O maior perigo para quem se atreve a conhecer Maceió pedalando ainda são os bueiros abertos no meio das ruas, onde carros e ônibus desviam ao mesmo tempo do mesmo buraco ameaçando pedestre e ciclista. Além disso, nem todas as ruas dos bairros por onde andei têm pavimentação. Muitas delas ainda estão no barro e outras em paralelepípedos, o que impede um passeio tranquilo, sem atropelos. É incrivel, mas ainda existem ruas sem pavimentação nas áreas turísticas da cidade.

Um abismo!

Pedalar pela ciclovia do litoral de Maceió passou a ser uma aventura perigosa. A pista entre a Cruz das Almas e o Pontal da Barra está em péssimo estado. Ninguém respeita ninguém: pedestres e atletas invadem as pistas, skatistas trombam com ciclistas e ciclistas atropelam as pessoas que passeiam pela calçada.

Buracos

Buracos e ondulações nas pistas, poças d´água, falta de sinalização, areia entulhada ao longo do percurso mostram que a manutenção é carente e preguiçosa. Enquanto outras cidades brasileiras constroem e mantêm suas ciclocias e ciclofaixas, as que existem em Maceió ameaçam a integridade daqueles que ousam trafegar por essas vias esburacadas e perigosas.

Modernidade

Percorri vários quilômetros de bicicleta por diversas ruas de Maceió, principalmente pelos bairros que os turistas costumam frequentar. E lamentavelmente constatei que a cidade ainda não está preparada para a modernidade nem os motoristas, principalmente dos ônibus, educados para uma convivência pacífica com os ciclistas.

Calçadas

Os meios fios desalinhados, as calçadas onduladas e as ruas esburacadas, sem falar nos bueiros abertos nas vias públicas, são algumas das dificuldades enfrentadas por quem se atreve a percorrer os bairros da Jatiúca, Ponta Verde, Pajuçara, Stela Maris, Poço, Avenida, Sobral, Prado, Trapiche da Barra e Pontal da Barra.

Avaliação

Mesmo com todos esses percalços numa área específica, avaliação do prefeito Rui Palmeira é a segunda melhor do Brasil, com mais de 60% de aprovação, inferior apenas à de ACM Neto, de Salvador, que passou dos 80%. Palmeira, mesmo em um partido de oposição ao governo federal, conseguiu melhorar Maceió e a sua infraestrutura abandonada pela administração anterior.

Honesto

Para alcançar níveis tão fantástico de aprovação, Rui Palmeira administra a cidade com honestidade. Não se conhece um ato de corrupção na sua administração, como ocorria em outros governos anteriores. Maceió, durante muito tempo, permaneceu nas páginas policiais pelos escândalos de corrupção em várias áreas do município. Agora, os maceioenses têm consciência de como a corrupção é danosa ao serviço público depois que Rui Palmeira chegou à prefeitura e moralizou os serviços.

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MACEIÓ, ALAGOAS - 15 A 21 DE JANEIRO DE 2016

GABRIEL MOUSINHO

Campanha antecipada

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liberação por parte da Justiça Eleitoral da exposição de candidatos através de adesivos em veículos e outros meios de propaganda, de acordo com a Lei 13.165 de 2015 da reforma eleitoral aprovada em outubro passado, vai estimular quem deseja disputar um mandato neste ano, seja para prefeito ou vereador. Agora, mesmo com algumas pequenas restrições, o pretenso candidato pode utilizar além de outros instrumentos, as redes sociais para manifestar opiniões pessoais sobre questões políticas, e ainda utilizar camisetas, cartões e outros meios que lhe identifique e mostre, mesmo subliminarmente, que tem condições de disputar um mandato nas eleições deste ano. Portanto, o que era proibido e fiscalizado pela Justiça Eleitoral, está liberado. Mesmo assim, dizem especialistas do Direito Eleitoral, é bom se ter cautela na utilização desses instrumentos de propaganda antecipada para não ultrapassar os limites da lei. Os amadores que irão disputar um mandato pela primeira vez também terão pouco tempo para se fazerem mais conhecidos na comunidade onde residem, já que a campanha propriamente dita nos meios de comunicação terá apenas quarenta e cinco dias, ao contrário de eleições anteriores.

Degola em fevereiro

O governador errou, e feio, quando estabeleceu critério de notas para o secretariado como numa escolinha de primeiro grau. Quando fizer a reforma administrativa em fevereiro próximo, como ele mesmo disse, com certeza vai jogar às traças os auxi-liares que pouco ou nada produziram no seu primeiro ano de mandato. Será um vexame para as pessoas e população vai interpretar como sendo profissionais incompetentes ou preguiçosos.

Exposição

O critério escolhido pelo governador para avaliar sua equipe bem que poderia ser entre os auxiliares mais chegados e não torná-lo público como aconteceu, expondo as pessoas e naturalmente suas famílias. Agora, o governador não pode recuar e qualquer alternativa para mascarar o que já disse torna-se inútil.

Vestibular

Antes de nomear os substitutos dos auxiliares que serão defe-nestrados, bem que o governador deveria realizar uma espécie de vestibular com os concorrentes, para saber quem realmente teria condições de assumir os cargos, para evitar vexames desta natureza.

Rumo certo

Ao admitir a extinção ou fusão de muitos órgãos improdutivos da administração pública, a exemplo da própria Casal, Ideral, Lifal, Ipaseal, Centro de Convenções e outros, o governador Renan Filho está fazendo o dever de casa para cortar gastos e estabilizar as contas do Estado.

gabrielmousinho@bol.com.br

Lava Jato

Atirando para todos os lados, o ex-diretor da Petrobras e da BR Distribuidora Nestor Cerveró voltou à carga contra os senadores Delcídio do Amaral, Renan Calheiros e Fernando Collor. Os dois últimos negam sistema-ticamente qualquer envolvimento de recebimento de propinas. Mas, mesmo assim, Collor e Renan já estão sendo investigados em pelo menos seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal.

Esperando sentados

Os amigos do médico José Wanderley Neto ainda esperam um ato de desagravo do PMDB, por ter sua residência invadida pela Polícia Federal em dezembro passado. Wanderley, um peemedebista de primeira hora e com relevantes serviços prestados ao partido, agora como 1º tesoureiro, ainda relembra tenso das horas vividas com a PF na sua casa às primeiras horas da manhã. Mas, pelo visto, para o PMDB, isso são águas passadas.

Confronto

Mesmo que o PMDB esteja próximo ao prefeito Rui Palmeira, dificilmente integraria a chapa majoritária com Kelmann Vieira, como anda se falando por aí. O bom relacionamento e a confiança mútua entre Rui e Marcelo Palmeira afastam qualquer dúvida de mudança na chapa majoritária.

Credenciado

Candidatíssimo à reeleição, Rui Palmeira está disposto a enfrentar qualquer adversário nas urnas. Com um trabalho de fôlego realizado esses anos na capital, onde transformou Maceió num canteiro de obras, Palmeira tem cacife suficiente para disputar voto a voto com qualquer um.

Mobilidade urbana

Além das obras realizadas, a prefeitura trabalha forte para, junto com a CBTU, colocar o VLT até o bairro de Jaraguá, o que deverá acontecer ainda neste primeiro semestre. Este é um dos objetivos do prefeito Rui Palmeira, preocupado com o transporte coletivo de massa na capital do Estado para oferecer melhores condições para a mobilidade urbana dos maceioenses.

Corte forçado

O corte de algumas despesas na Prefeitura de Maceió não é pela vontade própria do prefeito Rui Palmeira. Ele prefere, neste momento de crise, priorizar obras inadiáveis na capital e os salários dos servidores públicos.

Páginas sangrentas

Em que pese os assassinatos terem diminuído no Estado, como diz o governo, o último final de semana foi drástico. A pistola vadeou em todas as regiões do Estado.

Começando

Mesmo discretamente, a campanha para prefeito e vereadores já começou no estado. Candidatos já botaram o bloco na rua mesmo que o dinheiro não esteja tão fácil como antigamente. Alguns já fizeram economias para enfrentar as eleições e outros já começam a fazer caixa para não despertar a fiscalização da Justiça Eleitoral.

Implosão

A crise está atingindo diretamente os municípios mais pobres de Alagoas, principalmente aqueles que vivem unicamente do FPM. A perspectiva é de que salários comecem a atrasar e os serviços básicos como saúde e educação sejam afetados.

Agonia

Os associados do plano de saúde do Ipaseal estão comendo o pão que o diabo amassou. Estão pagando tudo, além do que descontam no contracheque e não têm perspectiva da situação ser resolvida rapidamente.

Indecisão

Até agora apenas o prefeito Rui Palmeira já definiu sua candidatura à reeleição. Os outros possíveis candidatos mantêm a discrição e observam as reais possibilidades de disputar com o tucano. Somente depois do carnaval se terá um quadro mais consistente das candidaturas nos principais municípios, como Maceió e Arapiraca.

Dificuldades

Mesmo sendo o maior partido de Alagoas, o PMDB não tem um nome forte para disputar a Prefeitura de Maceió. Mozart Amaral ainda não estaria devidamente preparado politicamente para enfrentar Rui Palmeira. Como a Secretaria de Infraestrutura do Estado que comanda ainda não lhe deu visibilidade, uma provável candidatura sua terá que ser muito bem avaliada.

Vai mal

O PMDB, nos últimos dias, tem sofrido bastante na política brasileira. Se o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, passa por um processo de denúncias e pode perder o cargo a qualquer momento, o presidente do Senado também é alvo de seis inquéritos. Em Alagoas, a sede do PMDB também foi vasculhada pela PF.

Com Rui

O deputado federal Ronaldo Lessa não tem dito publicamente, mas admite fechar com Rui Palmeira nas eleições deste ano. Lessa vê com simpatia o trabalho que vem sendo realizado pelo prefeito e não quer pelo menos nos bastidores, divisão do grupo sobre o assunto.


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Alagoas pode sediar terceira usina do país

ENERGIA NUCLEAR

REGIÃO DO RIO SÃO FRANCISCO É VISTA COMO MAIS PROPÍCIA AO EMPREENDIMENTO DE US$ 5 BILHÕES JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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lagoas recebeu equipes da Eletronuclear para avaliar se o estado é propício para a construção de uma usina nuclear. A visita aconteceu no ano passado, assim como em Minas Gerais e Pernambuco. Nesta semana funcionários da estatal passaram por Sergipe para realizar os mesmos estudos. Caso aprovado, Alagoas sediaria a terceira usina nuclear do país, que atualmente conta com duas usinas em funcionamento: Angra 1, com 640 megawatts (MW) de potência, e Angra 2, com 1.350 MW. De acordo com a Eletronuclear, a região do Rio São Francisco, de Xingó até a foz, tem melhores possibilidades de implantação. Sendo assim, as cidades do trecho, como Piranhas, Pão de Açúcar, Penedo e Piaçabuçu, entre outras, poderiam receber o novo empreendimento. O investimento previsto é de aproximadamente US$ 5 bilhões para uma unidade de 1.000 MW, que resultaria em US$ 5.000/ KWe instalado. Esse valor seria o montante a ser pago se a usina fosse quitada de uma única vez. No entanto, o pagamento se dará ao longo de 15 anos com juros. O investimento poderá ser amortizado durante esse período a partir da geração de caixa da própria usina. Em 2014, a energia nuclear respondeu por 2,87% da geração do Sistema Interligado Nacional. A escolha do sítio para a instalação de uma central nuclear obedecerá à legislação vigente e às normas estabelecidas pela

COMO FUNCIONA

Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Os estudos se baseiam em princípios estabelecidos pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e pelo Electric Power Research Institute (EPRI), dos Estados Unidos. Nesses estudos são considerados aspectos geográficos, demográficos, meteorológicos, hidrológicos, geológicos, sismológicos e geotécnicos dos sítios potenciais candidatos à instalação da central. A busca por sedes para a expansão nuclear brasileira ocorre em um momento em que a usina de Angra 3, no Rio de Janeiro, que seria a terceira planta atômica do país, encontra-se com obras totalmente

paralisadas após acusações de propinas e desistência do projeto por construtoras que alegaram inadimplência por parte da Eletronuclear. O Plano Decenal de Energia do Brasil, elaborado pela EPE, um braço de estudos e planejamento do Ministério de Minas e Energia, ainda não aponta para a construção de novas usinas nucleares nos próximos dez anos, porém o governo revelou em diversas ocasiões que poderá contar com a fonte no futuro. No ano passado, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse que 21 pontos estratégicos em todas as regiões brasileiras estavam em estudo para que sejam instaladas mais

quatro usinas nucleares no país. Conforme a estatal, o processo de seleção, além dos aspectos citados, considera a promoção do envolvimento do público em geral. Uma seleção adequada de sítio é o primeiro passo para a viabilização empresarial da nova central e para a sustentabilidade do empreendimento. MUDANÇAS NA REGIÃO A SER ESCOLHIDA A Eletronuclear informa que a primeira mudança com a implantação da usina diz respeito à produção interna de energia elétrica. “O Nordeste poderá passar outra vez a produzir a sua própria energia. Segundo, os municípios e a região que ins-

talarem a usina nuclear deverão ter um grande desenvolvimento socioeconômico e cultural”. Em nota enviada ao EXTRA Alagoas, a assessoria da estatal também destaca que “a região escolhida também teria disponibilidade de energia interna própria e limpa; possibilidade de desenvolvimento de projeto integrado com usina nuclear para adução de água do Rio São Francisco, usando energia da própria usina para irrigação e consumo humano em grande parte do Nordeste; volume de recursos envolvidos na construção, operação e manutenção, com consequente geração de empregos; fortalecimento do núcleo básico de recursos humanos na área de energia nuclear e das demais especialidades envolvidas nessa tecnologia e a possibilidade de obtenção de royalties para o município que abrigar a Usina”. A estatal aguarda o lançamento do Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050). Esse documento vai determinar o planejamento energético brasileiro para as próximas décadas e dizer qual será a contribuição futura da energia nuclear. A empresa espera essa definição para dar continuidade ao trabalho de prospecção de sítios para sediar novas usinas nucleares. Inicialmente, o foco foi na região compreendida pelo litoral entre Recife e Salvador, os dois maiores centros de carga da Região Nordeste, e o vale dos grandes rios que desembocam nesse litoral, conforme orientação do PNE-2030 e a atual configuração da Rede Básica do Sistema Interligado Nacional.


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Governo e Prefeitura “caçam” mais dinheiro

ANO DE CORTES

FAZENDA ESTADUAL AUMENTA ICMS; SECRETARIA DE FINANÇAS DE MACEIÓ DETERMINA CORTE DE R$ 160 MILHÕES ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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execução da Lei Complementar 148, que recebeu o aval da presidente Dilma Rousseff, alterando o indexador dos contratos de refinanciamento da dívida entre a União com os estados e os municípios, transformou a Secretaria da Fazenda em um posto de maratona: entre papéis, interpretações jurídicas e tabelas com números, há uma lista de pré-requisitos exigidos pelo Ministério da Fazenda para que a lei possa valer para cá. Entre eles: uma lei estadual que facilite os entendimentos com a União. A lei já existe, adiantou ao EXTRA o secretário da Fazenda, George Santoro. “Perguntamos ao Tesouro sobre a nossa lei e eles têm um entendimento verbal positivo”, disse. A lei é apenas a versão local da lei complementar 148. O quê, de fato, muda? Estima a Secretaria da Fazenda que a redução do estoque da dívida (hoje em quase R$ 11 bilhões) será entre R$ 1,8 bilhão e R$ 1,9 bilhão. A mudanSantoro diz que aumento de ICMS acompanha outros estadosdasdsad-

ça era reivindicada principalmente pelos governadores, que enfrentam problemas nas finanças estaduais. Com uma margem maior, a vantagem- diz o Governoé pedir novos empréstimos mais adiante, com o aval do mesmo Ministério da Fazenda. Há uma carteira de empréstimos aberta para o segundo semestre. É trabalhada, diz o governo, para uma grande obra de esgotamento sanitário na capital, proposta de gerar impacto positivo na gestão Renan Filho (PMDB). Essa é uma das

principais fontes de dinheiro que a era Calheiros busca em Brasília. A outra é convencer os técnicos a descontar, da dívida pública, R$ 2 bilhões- resultado da venda da Ceal, em 1997, um imbróglio jurídico que se arrasta há anos e deve continuar. Outras estão em prática. O Ipaseal Saúde, por exemplo, passa a ser um plano de coparticipação (o usuário vai pagar por uma parte dos serviços além de ver descontado no salário

uma parcela do plano de saúde). Mais outra está no ICMS. As perdas na arrecadação federal fizeram alguns estadosincluindo Alagoas- aumentarem o valor do imposto que corresponde a 85% da arrecadação alagoana. E a alíquota passou de 17% para 18%. O reajuste veio no dia 11. E, aos poucos, o aumento vai chegando ao bolso do consumidor: seja na ligação telefônica mais cara, aparelhos eletrônicos, maquiagem, conta de luz, cigarro e bebidas alcoólicas. A escolha dos produtos em que o ICMS incide com mais força varia com o grau de necessidade. E o aumento local foi para se alinhar às alíquotas de outros estados, argumenta a Secretaria da Fazenda. Produtos da cesta básica, a tributação foi zero. PACOTE CONTRA CORTES Principal justificativa do Governo Renan Filho é que, nos primeiros dez dias de 2016, as finanças públicas de Alagoasacompanhando o ritmo nacional- seguem em queda nos repasses do Fundo de Par-

ticipação dos Estados (FPE). Os cortes são de R$ 112,2 milhões- na comparação com o mesmo período do ano passado, que registrou, nos primeiros dez dias de 2015, R$ 153,7 milhões. QUEDA DE 26,99%. Os repasses do FPE representam 40,65% da receita corrente líquida de Alagoas. Um resultado tão ruim quanto o da dívida pública, que encerrou 2015 em R$ 10,950 bilhões e o pagamento de R$ 240 milhões em precatórios ao Tribunal de Justiça. A dívida era de R$ 10,219 bilhões em dezembro de 2014. Aumento de 6,83%. Estima-se que o pagamento do serviço da dívida total seja de R$ 838 milhões. A análise é feita por Wagner Torres, administrador e com Especialização em Gestão Fazendária na Universidade Federal de Alagoas. “O populismo fiscal e cambial já aumentou ainda mais o colapso das receitas do Tesouro a perda da arrecadação líquida do Imposto de Renda Pessoa Física foi de 36,79% no 1º decêndio de janeiro de 2016 ante o mesmo período de 2015, efeito das pedaladas das restituições do IRPF, as quais cresceram 33.372%. Ressalta-se, ainda, que a arrecadação do IRPF bruta cresceu 26,82% em razão do confisco através da tabela do IRPF em 60%”, disse Torres.


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Santa Luzia entregará em junho 151 casas populares PREFEITO JOÃO PEREIRA FAZ BALANÇO POSITIVO DAS REALIZAÇÕES AO LONGO DE 2015 CÍCERO SANTANA

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Gustavo Novaes diz que prioridade é concluir obras já iniciadas

Maceió passa a tesoura e corta R$ 160 milhões Já a Prefeitura de Maceió vai cortar orçamento de secretarias para encerrar, em dezembro, as obras com ordem de serviços assinadas na era Rui Palmeira (PSDB). O aviso é do próprio prefeito, que tem como meta economizar R$ 160 milhões - é a resposta do Executivo à frustração de receita federal. A Secretaria de Comunicação terá corte de 50%, mesmo percentual na Secretaria de Infraestrutura. A Secretaria de Governo teve corte de 70%.

“Temos mais de 30 ruas a serem pavimentadas, além de outras ações nesta área que serão tocadas. No entanto, não haverá tempo, até que se conclua, para novos projetos de acordo com o calendário eleitoral. Então, esses novos investimentos terão que ser reprogramados para o exercício seguinte. A meta da prefeitura é concluir as obras iniciadas e as que já disponham de ordem de serviço”, informou o secretário de Finanças, Gustavo Novaes.

ueima de fogos e apresentação musical, na praça de eventos, marcaram a virada de ano no município de Santa Luzia do Norte, que começou 2016 com perspectivas de desenvolvimento para a população. Uma delas será a entrega do conjunto residencial Duda Balbino, com 151 residências construídas pelo programa do governo federal Minha Casa Minha Vida, contratado pelo prefeito petista João Pereira, que transformou o município em um canteiro de obras. Durante toda manhã do dia 31, o prefeito, acompanhado de assessores, fez visitas a moradores residentes em várias comunidades. Primeiro foi no Quilombola, a mais antiga do município, onde o prefeito nasceu e foi recepcionado pelos moradores.Lá, ele reviveu o passado, fez corte de cabelo, enfrentou o desafio de quebra de braço e venceu. Em sua avaliação Pereira disse ter sido bastante produtiva a visita e os apoios que recebeu dos amigos. “Foi muito boa essa visita que realizei e garanto que saí bastante fortalecido por gestos solidários que me encorajaram para continuar a trabalhar pelo meu povo. Graças a Deus, apesar das dificuldades, conseguimos terminar 2015 com um saldo positi-

vo de realizações e no último dia do ano me dediquei a visitar locais onde nós iniciamos o nosso processo de desenvolvimento de Santa Luzia. Ao contrário de alguns municípios, não fomos vítimas de greve por falta de pagamento. Nossos professores são os melhores pagos do estado; proporcionamos isonomia, nossos garis recebem um salário bem maior do que os da capital, e já estamos nos preparando para o novo salário mínimo, determinado pelo governo federal “, afirmou Pereira. CANTEIRO DE OBRAS Na verdade, o município se tornou um canteiro de obras que deverão ser entregues à comunidade até o segundo semestre deste ano. A principal delas é o conjunto residencial Duda Balbino, com 151 residências, construídas com recursos do governo federal través do programa Minha Casa Minha Vida, com previsão de entrega para o mês de junho. Em fase de conclusão estão o Ginásio Poliesportivo, que irá atender aos estudantes do ensino municipal na prática de várias modalidades esportivas, a ampliação do posto de saúde da comunidade Quilombola e construção de outro no Guardiano. “São obras em andamento que pretendemos entregar até setembro deste ano”, disse o prefeito João Pereira.

Conjunto construído pelo Programa Minha Casa, Minha Vida será entregue em junho


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Escritórios de advocacia brigam por honorários

FUNDEF COBIÇADO

TRIBUNAL DE CONTAS SUSPENDE PAGAMENTOS MILIONÁRIOS POR PARTE DE PREFEITURAS DEVIDO À AUSÊNCIA DE LICITAÇÃO VERA ALVES veralvess@gmail.com

C

onfirmados no segundo semestre do ano passado, os milhões de reais que estão sendo devolvidos pela União aos municípios alagoanos a título de complementação de recursos do extinto Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) estão provocando uma verdadeira guerra entre escritórios de advocacia. No cerne da questão, um contrato firmado em 2003 com a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) com o escritório Monteiro e Monteiro Advogados Associados, com sede em Recife (PE). O Monteiro pleiteia o pagamento de 20% em honorários advocatícios a cada uma das prefeituras que estão recebendo os milionários recursos. Argumenta ter atuado ao longo de 12 anos na ação movida pela AMA contra a Fazenda Pública e que em 2014 teve seu desfecho com o trânsito em julgado, após recursos em todas as instâncias pela União, quando foi confirmado o direito dos municípios alagoanos à complementação de recursos do Fundef, valores que deixaram de ser repassados pelo governo federal durante os anos de 1998 a 2006, quando o Fundef foi substituído pelo Fundeb (Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Ocorre que, em 2014, várias prefeituras passaram a contratar outros escritórios de advocacia para execução da sentença favorável obtida junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O problema é que tais contratações foram feitas sem licitação e agora estão sendo questionadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) que já determinou a suspensão do pagamento de honorários por parte de quatro prefeituras: Cajueiro, Boca da Mata, Passo do Camaragibe e Maragogi. As primeiras suspensões – para Cajueiro e Boca da Mata – foram determinadas ainda no ano passado pelo conselheiro do TC Anselmo Brito, acatando parecer do Ministério Público de Contas, provocado que fora pelo advogado Bruno Romero Pedrosa Monteiro, representante do Monteiro e Monteiro Advogados e Associados. Em despachos publicados no Diário Oficial Eletrônico do TC de 23 de dezembro de 2015, ele defere “a medida cautelar requerida pelo Ministério Público de Contas, de modo a determinar a indisponibilidade dos valores correspondentes aos honorários advocatícios contratualmente ajustados, supostamente devidos em decorrência de atuação em processo judicial envolven-

Site da Justiça Federal confirma: ação foi impetrada em 2003 pelo escritório de Bruno Monteiro

do recomposição de verbas relativas ao FUNDEF, determinando que o Prefeito se abstenha de realizar o referido pagamento e suspenda a execução do contrato de prestação de serviços respectivo até o encaminhamento e a análise pela Corte de Contas”. Integrante da primeira lista de municípios com cro-

nograma definido para recebimento dos recursos, Boca da Mata recebeu na primeira quinzena de dezembro mais de R$ 30 milhões; exatos R$ 30.767.659,80. No dia 7 deste mês, despachos idênticos foram proferidos pela conselheira Rosa Maria Ribeiro de Albuquerque, desta vez em relação às prefeituras de Passo do Ca-

maragibe e Maragogi. No caso de Passo, que tem R$ 16.335.454,38 a receber, está sendo questionada a contratação do escritório Prata, Maya & Maranhão- Advogados Associados. Já Maragogi, com R$ 34.522.711,72 a receber da União, contratou igualmente sem licitação em 2014 o escritório goiano Castro e Dantas Advogados.


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Conselheiro Anselmo Brito foi o primeiro a determinar suspensão dos contratos

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Rosa Albuquerque é a relatora dos processos envolvendo Passo e Maragogi

Primeira leva de devolução envolve mais de R$ 430 milhões Somente para se ter uma ideia do que está em jogo, os mais de R$ 438 milhões que começaram a ser devolvidos pela União a partir de outubro do ano passado a 18 municípios representam mais de R$ 87 milhões em honorários advocatícios. A lista inicial de liberações de pagamento da complementação do Fundef abrange, além de Boca da Mata, os municípios de Feira Grande (R$ 14.239.243,24), Branquinha (R$ 10.013.522,18), Canapi (R$ 17.634.971,47) Novo Lino (R$ 15.018.301,50), Arapiraca (R$ 139.089.384,20), Flexeiras (R$ 14.003.152,93), Ibateguara (R$ 7.955.052,07), Teotônio Vilela (R$ 58.927.638,44) e Traipu (R$ 46.864.870,33); Completam a rela-

ção Monteirópolis (R$ 4.161.958,20), Jequiá da Praia (R$ 8.693.579,77), Lagoa da Canoa (R$ 21.432.656,76), Minador do Negrão (R$ 11.823.714,61), Olivença (R$ 13.181.281,45), Santa Luzia do Norte (R$ 9.798.499,95), São Miguel dos Milagres (R$ 1.287.813,34) e Capela (R$ 14.570.680,34). JUSTIÇA FEDERAL O escritório Monteiro e Monteiro Advogados Associados tenta desde o ano passado cancelar os contratos firmados individualmente pelas prefeituras alagoanas com outros advogados e chegou a recorrer à Justiça Federal com este objetivo. Mas em setembro do ano passado, foi derrotado em

sua reivindicação em setença proferida a 23 de setembro pela juíza da 2ª Vara Federal Isabelle Marne Cavalcanti de Oliveira Lima. Segundo ela, a relação contratual foi estabelecida pelo Monteiro e Monteiro com a AMA e não com as prefeituras. No que diz respeito à ausência de licitação para contratação dos escritórios concorrentes, o entendimento foi de que caberia ao Tribunal de Contas atuar neste sentido. Mas este não é o único entrave na verdadeira guerra de bastidores no meio jurídico em que se transformou a milionária devolução de recursos do Fundef aos municípios alagoanos. O Ministério Público de Contas entende que não

cabe a utilização de recursos destinados à educação para pagamento de honorários advocatícios, sobretudo em valores tão exorbitantes quanto os que foram acordados entre as prefeituras e os escritórios contratados a partir de 2014. O mesmo entendimento tem o Focco/AL (Fórum de Combate à Corrupção de Alagoas) que, no início de dezembro último, alertou para o fato de que as prefeituras iriam receber o reforço milionário em seus caixas e temia a má utilização da verba. O temor fazia e ainda faz sentido. O entendimento externado pelos prefeitos foi de que, por se tratarem de recursos a título de devolução por valores que deveriam ter sido repassados pela União mas não o foram, e os encargos na época - de dezembro

de 1998 a dezembro de 2006 - foram assumidos pelos municípios, o que recebem hoje pode ser utilizado para outros fins e não especificamente na educação. Em termos simples, o que ocorreu foi que, por conta de erro de cálculo para fins de repasse do Fundef com base no número de alunos, os municípios receberam menos do que tinhm direito à época. Como em ano eleitoral todo cuidado é pouco e a história tem sido pródiga em exemplos de má versação de recursos públicos e uso indevido da máquina adminstração em prol de políticos que querem se reeleger ou eleger seus sucessores, o MPC e o Ministério Público Estadual decidiram se manter vigilantes no que diz respeito à utilização destes recursos.


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Juiz suspende contrato sem licitação na Secretaria de Educação

SOB SUSPEITA

SECRETÁRIO LUCIANO BARBOSA É DENUNCIADO AO MINISTÉRIO PÚBLICO POR COMPRA DIRETA DE KITS ESCOLARES NO VALOR DE R$ 6,6 MILHÕES

JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

O

secretário de Educação do Estado e vice-governador Luciano Barbosa foi denunciado pelo proprietário da empresa Project Educacional, Luiz Carlos Garcia Júnior, ao Ministério Público Estadual pela aquisição de kits escolares com dispensa de licitação em favor da empresa Mind Lab, sediada em São Paulo. O material foi adquirido para atender a demanda de escolas de ensino fundamental da rede estadual de ensino público. Na última terça-feira, 12, o juiz Manoel Cavalcante de Lima Neto, da 18ª Vara Cível da Fazenda Pública Estadual, acatou de forma liminar o pedido da Project Educacional e suspendeu a contratação da Mind Lab, feita através do processo administrativo nº 18007682/2015, assim como emissão de notas de empenho ou ordens de pagamento. A justificativa do magistrado: “Há probabilidade de inexistência dos requisitos para contratação direta por inexigibilidade de licitação disposta no art. 25 da Lei nº 8.666/93 pela ausência de singularidade do método pedagógico e tamanha notoriedade que tornasse inviável a competição com outras empresas”. O secretário Luciano Barbosa terá 10 dias para apresentar sua defesa junto à Justiça, assim como a empresa Mind Lab. Vale ressaltar que a empresa paulista contratada pela Secretaria de Educação responde a vários processos de improbidade em outros estados da Federação, inclusive por contratos

Juiz Manoel Cavalcante suspendeu contratação milionária sem licitação realizada pelo secretário Luciano Barbosa

firmados da mesma forma com que foi contratada em Alagoas. A ausência de licitação foi confirmada pela PGE na edição do Diário Oficial do Estado de 21 de dezembro de 2015: “Reconheço a situação de inexigibilidade de licitação, tendo em vista o despacho PGE/GAB nº 2870/2015, de fls. 515/518, da Procuradoria Geral do Estado, para contratação direta, pelo Estado de Alagoas, por intermédio da Secretaria de Estado da Educação da empresa Mind Lab do Brasil Comércio de Livros Ltda., inscrita no CNPJ/

MF sob o nº 10.391.836/000118, cujo objeto é a aquisição do Programa Pedagógico ‘Menteinovadora’”. Em sua justificativa, a secretaria argumenta que o método pedagógico oferecido pela empresa contratada é o único disponível no mercado e por isso a dispensa da licitação. Já a decisão do magistrado afirma: “Há outras opções nas empresas Mackenzie, Positivo, COC e Atíla” que realizam a confecção de matérias similares. “Não houve estudo prévio pela Secretaria de Educação

que indicasse o método e o material pedagógico desenvolvidos pela empresa contratada e que demonstrasse ser a opção mais vantajosa para a administração, seja em termos técnicos e econômicos, além de ausência de análise adequada para atender as necessidades dos alunos da rede estadual”, destaca um dos trechos da decisão. QUAIS SÃO OS KITS? O jornal EXTRA teve acesso à nota de empenho 2015NE07884 que tem como favorecida a empresa Mind Lab do Brasil Comercio de Livros Ltda no valor de R$ 6.599.232,00 e referente à aquisição de Kits Educacionais “Menteinovadora”. A descrição do material trata: “jogos pedagógicos de raciocínio lógico, livro de registro de atividades, jogo pedagógico para utilização em atividade extra classe, livro de raciocínio avançado, livro de professor com conteúdo metodológicos e técnicos e livro de mediação de aprendizagem”. O advogado José André de Souza Barreto, representan-

te da Project Educacional, que denunciou o secretário Luciano Barbosa ao MP, destacou que há no Tribunal de Contas da União (TCU) um acórdão sobre irregularidades ocorridas na aplicação de recursos federais pela Prefeitura de Pompéia, no estado de São Paulo, devido ao mesmo processo de contratação, por meio de inexigibilidade de licitação, da Mind Lab do Brasil Comércio de Livros Ltda. “Como se pode observar, a empresa e os executivos públicos, Brasil afora, transformaram numa prática comum a dispensa de licitação, o que fere diretamente o disposto no artigo 25, l, da Lei 8.666”. SILÊNCIO DO SECRETÁRIO O jornal EXTRA manteve contato com a assessoria do secretário Luciano Barbosa desde terça-feira, 12, mas até o fechamento da edição, nesta quintafeira, 14, sua posição não foi exposta. O email encaminhado pela reportagem também não foi respondido.


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Dono de terreno tem que pagar por manutenção

TAXA DE LOTEAMENTO INADIMPLÊNCIA EM CONDOMÍNIOS CHEGA A 25% ENTRE AS CLASSES C E D E 15% NAS CLASSES A E B

JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

O

ano de 2015 foi considerado de entressafra para muitos setores que movimentam a economia brasileira. Entre eles, está o da habitação que não ficou ileso à crise econômica e política nacional. Segundo o presidente do Sindicato da Habitação de Alagoas (Secovi-AL), Nilo Zampieri Júnior, 15% dos condôminos das classes A e B deixaram de quitar as taxas eventuais, por exemplo, de condomínio e/ou loteamento, no ano passado. Já nas classes C e D a inadimplência chegou aos 25%. “São valores que impactam os condomínios porque não existe folga em caixas”, explicou. E na avaliação dele, este ano ainda não será de botar “ordem na casa”. “Nada nos faz acreditar que o mercado em 2016 será maravilhoso. Penso que somente a partir de 2020. Porque após o novo presidente ser eleito em 2018, ainda precisará de mais dois anos para encaminhar o país. Porém, não acho que esse ano será pior que 2015”, opinou. Em meio à dificuldade do setor da habitação, há quem entre na justiça para se eximir de quitar as taxas, como a de loteamento. Em dezembro de 2015, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) tomou uma decisão que interessa muito

a quem possui esses terrenos. Todos os cinco ministros que formam o colegiado negaram recurso especial ao proprietário de um lote que não queria pagar taxas de manutenção e conservação cobradas pela empresa que administra o loteamento. A empresa entrou na Justiça para que o dono do terreno pague essas taxas. No recurso especial que chegou ao STJ, o homem alegava que a cobrança era indevida porque o loteamento não podia ser comparado a um condomínio e nem a empresa administradora do loteamento a uma associação de moradores. O proprietário acrescentou no recurso que apenas o contrato de compra e venda do loteamento não seria suficiente para criar uma relação jurídica com a administradora do terreno. DECISÃO Para o relator, ministro Villas Bôas Cueva, a relação jurídica entre quem compra um terreno e quem administra é estabelecida no cartório que registra a transação. “A

cobrança das taxas de manutenção está fundamentada em cláusulas contratuais estabelecidas quando da formação do loteamento em contrato padrão registrado no Cartório de Registro de Imóveis; em escritura pública de compra e venda firmada pelos primeiros compradores registrada no mesmo Cartório e em escritura pública de compra e venda assinada pelos réus”, disse o ministro. Villas Bôas Cueva citou ainda o artigo 29 da Lei de loteamento (Lei 6766). Segundo o dispositivo, “aquele que adquirir a propriedade loteada mediante ato inter vivos, ou por sucessão causa mortis, sucederá o transmitente em todos os seus direitos e obrigações, ficando obrigado a respei-

tar os compromissos de compra e venda ou as promessas de cessão, em todas as suas cláusulas, sendo nula qualquer disposição em contrário ressalvado o direito do herdeiro ou legatário de renunciar à herança ou ao legado”. NECESSIDADES “É necessário pagar taxa de loteamento exceto quando for uma associação de moradores, pois há um entendimento da Justiça que torna facultado esse tipo de pagamento”, especificou o presidente do Secovi -AL. Ainda conforme Júnior, a diferença entre condomínio fechado e loteamento é que no primeiro caso todos os terrenos já abrigam construções. No condomínio horizon-

tal, o fechamento do terreno é legítimo e regulamentado. Já para os loteamentos, esse fechamento é concedido pela Prefeitura, gerando direitos e obrigações tanto para o governo quanto para o morador. “Quem possui loteamento deve quitar as taxas que servem de manutenção da parte da área pública, que inclui o abastecimento de água, taxas de iluminação nas ruas, a manutenção da segurança e portaria. Aquele que mora em loteamento ou condomínio fechado tem que pagar a taxa de loteamento, embora esta seja diferente da taxa de condomínio e tenha prazo definido, por exemplo, cinco meses no ano”, disse. No que tange às regras internas, a que rege o loteamento é o estatuto social e/ ou regulamentos internos sociais e de obras, muito mais abrangentes do que a convenção condominial (no caso dos condomínios horizontais). No loteamento, paga-se taxa de contribuição associativa. Atualmente, Alagoas conta com 2.500 condomínios, entre verticais e horizontais, sendo 2.200 localizados em Maceió. O número também inclui os loteamentos.


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Religioso de Alagoas pode virar santo

SÓ FALTA O MILAGRE PERSEGUIDO PELA IGREJA, PADRE SIZO É COMPARADO AO PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA

ODILON RIOS Especial para o EXTRA Comparado por romeiros ao padre Cícero Romão Batista, o também padre Sizino Lemos Teles Júnior, mais conhecido como Sizo de Santa Teresinha do Menino Jesus, da cidade de Mata Grande, pode ter o mesmo destino do famoso religioso do Ceará- e vir a ser transformado em santo após sua morte. A opinião é de um dos maiores especialistas na história de Cícero, o também padre Manoel Henrique, autor de uma tese de mestrado sobre o homem chamado de “santo” pelos nordestinos. Para ele existem características que aproximam Sizo de Cícero. “É possível (que padre Sizo vire santo). Eu tenho uma entrevista gravada com ele no meu trabalho de douto-

rado, andei por todo o sertão, falando, escrevendo, vendo, ouvindo as opiniões sobre a religiosidade popular e ao padre Sizo, que não tem o poder de celebrar também pois foi tirado dele este poder, faltaria a ele uma assessoria mais tranquila que ele pudesse conduzir o povo sem o envolvimento político que aquilo atrai”, disse. Padre Sizo não pode celebrar missas por proibição de dom Dulcênio Fontes de Matos, de Palmeira dos Índios. A decisão saiu no dia 10 de julho do ano passado e o motivo é o Santuário de Santa Teresinha do Menino Jesus, construído em terreno da família de padre Sizo. Dom Dulcênio exige que o sacrário milionário seja administrado por ele; padre Sizo não aceita. Em 10 de novembro de

Mesmo proibido de celebrar missas, padre reúne multidões

1893, dom Joaquim Vieira, 2º bispo de Fortaleza, proíbe que Cícero celebre missas, confesse ou faça pregações. Por causa do milagre da hóstia, que desde 1º de março de 1889 repetiuse, com Cícero, 48 vezes. Todos os anos, a romaria do Senhor do Bomfim- liderada por padre Sizo- reúne mais e mais fiéis. Eram milhares em maio do ano passado. Mais de dois milhões de pessoas seguem a romaria em Juazeiro do Norte, onde houve o milagre do padre Cícero. “O bispo dele também não teve o tato necessário, o jeito mais fraternal, o jeito mais eclesial de tratar o assunto. O bispo queria que o padre Sizo desse tudo para ele quando o padre Sizo diz que aquilo é dele, da família dele. ‘É patrimônio da minha família. Não posso tirar isso e dar de graça à diocese. E o povo?’ É a pergunta que eu também faço: e o povo? O povo vai ficar abandonado? Se tiram o padre Sizo e o povo não quer saber do padre Sizo, quem vai substituir a figura paterna, amiga, fiel do povo

que é o padre Sizo? O bispo não respondeu a isso”, disse o padre Manoel Henrique. SEMELHANÇAS As semelhanças entre os padres Cícero e Sizo não são apenas materiais- Cícero também construiu uma basílica, a Nossa Senhora das Dores, em 1875, e também administrava uma fortuna em bens e dinheiro dos fiéis, doando tudo ao Vaticano após sua morte. Tal como o religioso de Juazeiro do Norte, padre Sizo é um dos líderes religiosos e políticos mais poderosos do sertão alagoano. Não é filiado a nenhum partido, nem entrou na atividade política- diferente de Cícero, prefeito de Juazeiro, deputado federal, - mas sua influência é inquestionável entre novos romeiros que se apinham todos os anos pelas ruas de Mata Grande atrás de suas palavras, incentivos e conselhos. O Santuário de Santa Teresinha do Menino Jesus é um dos mais visitados do sertão alagoano; já a Basílica de Nossa Senhora das Dores, no Vale

do Cariri, no Ceará, é o templo católico mais visitado do Nordeste. Foi nele que aconteceu em 1º de março 1889 o chamado milagre da hóstia, quando ela se transformou em sangue na boca da beata Maria de Araújo. O milagre se repetiu 48 vezes. E a igreja nunca reconheceu. E isso apenas aumentou a fé popular em Cícero, que chegou a ser excomungado pelo Vaticano. Do milagre nasceram as romarias, hoje reunindo mais de dois milhões de pessoas. Ano passado, o Vaticano aceitou o pedido de reconciliação com padre Cícero - primeiro passo para a beatificação. O processo começou com o papa Bento XVI e segue com Francisco. COM O PADRE SIZO, FALTA APENAS O MILAGRE “Esse processo de santificação de alguém, no começo, era feito com o próprio povo. Não era a igreja quem definia. Muitos santos foram aclamados santos pela própria comunidade religiosa. Naturalmente a igreja mudou, para evitar algum abuso na escolha; a gente sabe e conhece pela história da igreja que muitas vezes a política e os políticos, nos momentos históricos da igreja, prevaleceram sobre a caminhada da igreja. Então, é um processo. Para alguém se tornar santo, oficialmente colocado para devoção dos fiéis, é necessário que a igreja diga e defina quem é e qual a história, qual a indicação de riqueza, de aproveitamento do povo para essas pessoas. Mas o povo não se engana”, disse padre Manoel Henrique, ao falar de Cícero.


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Confira as novas regras para trabalhadores da iniciativa privada

APOSENTADORIA

APESAR DE CRITICADA PELO SEU PRÓPRIO PARTIDO, DILMA DECLARA SER IMPOSSÍVEL A MÉDIA DE IDADE PARA REQUERER BENEFÍCIO NO BRASIL

IPQUALITY COMUNICAÇÃO

O

ano já começou com medidas austeras do governo federal em diversas áreas. Em um café com jornalistas promovido dia 7 de janeiro, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que pretende garantir a solvência do país, combater a corrupção e trabalhar junto com a sociedade e trabalhadores a reforma da Previdência Social, que em 2015 ficou sob suspeita de rombo em seus orçamentos. Em relação a este tema, o gabinete do Executivo nacional implantou novas regras para aposentadoria, que causou repercussão em seu projeto desde sua apresentação. O intuito do projeto é o de aumentar a idade para que o trabalhador possa se aposentar, o que resultou em críticas até no próprio PT. Entretanto, de acordo com Dilma “não é possível que a idade média de aposentadoria das pessoas no país seja de 55 anos”. De acordo com a advogada do CENAAT – Centro Nacional de Apoio e Trabalhador, Marceli Silva, a medida do governo deve criar uma regra de transição para preservar direitos adquiridos, como foi em 1998 com a EC 20/1998 e em 1999 com a lei 9.876/99 que instituiu o Fator Previdenciário. Segundo o governo a sociedade está envelhecendo, e a previdência está “quebrada” e a médio e longo prazo teremos mais pessoas dependendo da Previdência do que trabalhadores contribuindo ativamente para a Previdência, sendo necessárias medidas para sanear em parte o problema.

“Com isso foi criada a MP 676/2015 convertida na lei 13.183/2015, instituindo a regra 85/95 de forma progressiva, de acordo com a expectativa de vida dos brasileiros”, declara a advogada. Marceli defende que o mais adequado, para quem estiver entrando no RGPS, seria planejar a velhice, uma opção são os planos de previdências privadas.

ENTENDA AS NOVAS REGRAS A presidente Dilma Rousseff vetou o fim do fator previdenciário, mas manteve como base para uma nova regra, criada pela Medida Provisória nº 676/2015, a Fórmula 85/95 progressiva. A fórmula ou regra 85/95 representa o resultado que deve ser obtido da soma de

idade e o tempo de contribuição para definir o valor do benefício. Diante desse cenário temos hoje duas regras para fins de cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição: A regra normal, que aplica o fator previdenciário nos casos em que o segurado tenha o tempo de contribuição mínimo exigido, mas ainda não alcançou a idade; e A nova regra de pontuação 85/95 que viabiliza a aposentadoria com o valor integral do benefício nos casos em que a pontuação 85/95 (soma da idade e do tempo mínimo de contribuição) for atingida. Importante ressaltar que para a regra 85/95 a soma sempre tem que levar em consideração o tempo mínimo de contribuição exi-

gido, ou seja, 30 anos (mulher) e 35 anos (homem). “Na prática representa benefício para quem começou a trabalhar cedo e ainda não atingiu a idade mínima exigida pela lei para se aposentar de forma integral porque com a incidência do fator previdenciário o segurado perde em média até 30% do valor do seu benefício, com esta regra (lei 13.183/2015) o segurado (a) consegue se aposentar de forma integral sem a incidência do fator previdenciário”, comenta a advogada do CENAAT, Marceli Silva. A regra 85/95 progressiva trazida pela Medida Provisória nº 676/2015 que, ainda pode sofrer alterações no Congresso Nacional, inicia com a pontuação 85/95 vigente até 2016 e chegará em 2022 com a pontuação máxima de 90/100.

Infográfico mostra como ficam as novas regras de aposentadoria


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Deputado Bruno Toledo (C) defende maior transparência nas ações e projetos governamentais bancados pelo fundo de combate à pobreza

Bruno Toledo analisa projetos custeados pelo Fecoep

PRESTAÇÃO DE CONTAS MEMBRO DO CIPIS CHAMA A ATENÇÃO PARA A NECESSIDADE DE MAIOR DETALHAMENTO DE PROJETOS FINANCIADOS PELO FUNDO DA REDAÇÃO COM ASSESSORIA

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oi aprovada na tarde de terça (12) a aplicação de R$ 4.063.500,00 (quatro milhões, sessenta e três mil e quinhentos reais) do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep) em três projetos de origem governamental. O deputado estadual Bruno Toledo, membro do Conselho Integrado de Políticas de Inclusão Social (CIPIS), que é responsável pela gestão do fundo, fez profundas análises a três projetos retirados da pauta da reunião anterior por meio de pedido de vistas do parlamentar. O primeiro requerimento posto em votação tratou da liberação da terceira e última parcela da contrapartida financeira do Estado ao Sebrae para operacionalização do projeto da Cadeia Produtiva Têxtil e de Confecções (CPTC). “Como esse projeto já foi aprovado pelo CIPIS em 2011, o que se objetiva

agora é somente a liberação da terceira parcela no valor de R$ 225.000,00 (duzentos e vinte e cinco mil reais), não cabendo mais exercer a análise do mérito do projeto em si, mas ainda nos cabe aferir a execução do mesmo para permitir a liberação dessa última parcela”, explicou Bruno Toledo. Desse modo, o parlamentar solicitou o detalhamento da prestação de contas do projeto e foi informado que tal conteúdo pende de análise da Controladoria Geral do Estado (CGE) sobre a regularidade das contas. Bruno Toledo votou pela liberação do valor pleiteado condicionada à aprovação plena das contas prestadas pela CGE e o CIPIS seguiu o voto do conselheiro. Caso as contas sejam rejeitadas ou aprovadas com alguma ressalva ou condicionante, o parecer deve ser enviado ao CIPIS para deliberação de medidas.

O segundo requerimento posto em votação tratou da liberação de recursos da ordem de R$ 588.500,00 (quinhentos e oitenta e oito mil e quinhentos reais) para a manutenção do Restaurante Popular localizado no bairro do Benedito Bentes, em Maceió, nos meses de janeiro a abril deste ano, com o incremento de 5.500 refeições mensais, passando o projeto a ofertar 27.500 refeições mensais. “Trata-se de um projeto de concepção maravilhosa, que tem como objetivo ajudar diariamente milhares de alagoanos em condição de vulnerabilidade social, mas possui diversas falhas processuais que precisam ser sanadas e cumpridas para não acarretar sua inviabilização”, pontuou o parlamentar. Entre outros pontos, Bruno Toledo destacou a adoção de sistema de cadastramento dos usuários do restaurante para

garantir o real acesso ao seu público-alvo e não mais permitir o acesso livre, destoando de sua finalidade, como constatou em visita ao local realizada na segunda-feira (11), e destacou também a previsão, no contrato, da execução dos cursos e palestras a que se propõe o escopo do projeto, seja pela Administração Pública diretamente, seja pela empresa contratada. O financiamento do projeto foi aprovado com as recomendações feitas pelo parlamentar. O último requerimento apresentado ao CIPIS tratou da suplementação de R$ 3.250.000,00 (três milhões, duzentos e cinquenta mil reais) para finalização dos projetos de 1.426 Unidades de Habitação de Interesse Social nos municípios de Piaçabuçu, Coruripe, Atalaia, Ibateguara e Feliz Deserto. Bruno Toledo foi contrário à liberação do valor devido a insuficiência de documentos comprobatórios da necessida-

de.

“Os projetos de habitação são significativos e, ao mesmo tempo, complexos. Os valores solicitados são vultosos e se faz necessário a apresentação de diversos documentos com informações essenciais como os cinco contratos entre os entes, os relatórios de execução das obras, a composição dos custos dos projetos e o mais importante: os cinco projetos executivos”, informou Bruno Toledo. Como nada disso foi enviado aos membros do CIPIS, o parlamentar conselheiro foi contrário a liberação do valor e solicitou que todos os projetos enviados ao CIPIS sejam acompanhados do maior número de elementos e documentações que os justifiquem e comprovem a eficácia, o que não vem sendo feito a contento. Com cinco votos a favor, um contrário e uma abstenção, a suplementação foi aprovada pelo CIPIS.


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Crise corta meio milhão de postos de trabalho

CONSTRUÇÃO CIVIL

SETOR ENCERROU NOVEMBRO DE 2015 COM 2,9 MILHÕES DE TRABALHADORES COM CARTEIRA ASSINADA E A REGIÃO SUDESTE TEVE A MAIOR RETRAÇÃO AGÊNCIA BRASIL

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construção civil fechou em todo o país 514 mil postos de trabalho, segundo levantamento divulgado na quarta-feira (13) pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP). A pesquisa, feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) a partir de dados do Ministério do Trabalho, indica que o setor encerrou novembro de 2015 com 2,9 milhões de trabalhadores formais, o mesmo patamar de agosto de 2010. Em novembro, foram fechadas 23,2 mil vagas, desconsiderando os efeitos da época do ano sobre a atividade econômica. A queda bruta, considerando os efeitos sazonais, foi de 2% no mês, com a perda de 61,3 mil pos-

tos de trabalho. RITMO Para o Sinduscon, a queda significativa no nível de emprego em novembro reflete tanto o efeito sazonal de demissões nos dois últimos meses do ano quanto a redução, no ritmo das obras. “Sem novos projetos para execução imediata e desprovidas de um horizonte para a retomada da confiança, as empresas da construção continuaram demitindo”, destacou o vice-presidente de economia da entidade, Eduardo Zaidan. PESO MAIOR A Região Norte foi a que teve a maior queda percentual no número de postos de trabalho (-5,13%) com a perda de 9,19 mil vagas. A

Região Sudeste teve a maior retração em números absolutos, com o fechamento de 29,64 mil postos (-1,95%). Em São Paulo, houve o corte de 12,8 mil vagas no estado

de outubro para novembro. O número representa uma redução de 1,62%, sem levar em consideração os efeitos da época do ano e 0,71% no calculo dessazo-

nalizado. No acumulado de janeiro a novembro de 2015, a queda no nível de emprego no estado ficou em 7,77%, deixando o setor com 776,4 mil empregos formais.


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Pablo Garcia conta suas aventuras ao viajar de bicicleta

PEDALANDO

APÓS DAR A VOLTA AO MUNDO, PASSANDO POR MAIS DE 100 PAÍSES, ARGENTINO SAIRÁ DE MACEIÓ COM DESTINO A BUENOS AIRES JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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iajar pelo mundo é o sonho de muitas pessoas mas que poucos conseguem realizar. No entanto, o ex-guia de turismo Pablo Garcia, 42, resolveu fazer diferente. Em vez de contar com veículos automotivos para cruzar continentes, preferiu usar um combustível chamado “saúde”. O argentino pedalou por mais de 140 mil KM dando a volta pelo globo terrestre. Após chegar a Maceió no dia 30 de dezembro de 2015, na Jatiúca, onde foi recebido por um grupo de conterrâneos e amigos, já se prepara para uma nova viagem: irá pedalar de Alagoas até a capital da Argentina, Buenos Aires. A viagem terminará por volta de maio de 2017. Depois da jornada que durou 14 anos, muita história para contar. Foram necessários, no mínimo, seis passaportes para dar conta de tantos carimbos ao passar pela fronteira de cada país. Também precisou trocar de bicicleta quatro vezes. Porém, não se desfez de nenhuma. Todas eram enviadas para a Argentina. Passou frio, calor, medo, mas na memória, a riqueza de ter conhecido de perto tantas culturas diferentes. Na viagem ocorreram situações desagradáveis, em uma delas quase perde sua vida, quando no país africano Quênia, num assalto, foi atacado por um grupo armado de facões. Ou quando procurando por um local para acampar interrompeu uma operação de tráfico de drogas no Irã. Também testemunhou que a bicicleta em países da Ásia

tem um papel muito importante para o transporte de cargas. “Vi transportarem barris, produções agrícolas, safras. Tudo em cima de duas rodas”, contou à reportagem do EXTRA Alagoas. Em um mundo que a sensibilização quanto à preservação do meio ambiente aflora aos poucos, Garcia se surpreendeu com a infraestrutura mais avançada de ciclovias em Bogotá, capital da Colômbia, do que nos países ricos da Europa. “Por exemplo, na Espanha era difícil encontrar ciclovias. Vi que a bicicleta é bastante usada no dia a dia em países como Dinamarca e Holanda. Não são todos os países que estão preparados para receber os ciclistas”, disse. Trocar o carro pela bicicleta em países tropicais como o Brasil ainda é um desafio. Além da falta de ciclovias e de um transporte público de qualidade, o calor faz com que o cidadão opte usar o automóvel para ir ao trabalho, supermercados e visitar amigos. A bicicleta acaba sendo o instrumento de lazer e não de uso rotineiro. “O calor dificulta usar a bicicleta para ir ao trabalho, por exemplo, ainda mais nos casos em que o funcionário precisa chegar com certa presença. Muitos usam bicicletas em Bogotá, mas a cidade é situada em uma região fria”.

MARADONA COMO SALVO-CONDUTO Na década de 1990, Pablo Garcia deixou sua terra natal para se radicar na cidade de Maceió, onde trabalhou na área do turismo com sucesso. Mas a ro-

mavam e vinham falar de Maradona”, contou o aventureiro que tinha como o ex-jogador de futebol como uma espécie de “salvoconduto”. tina o impulsionou a procurar a aventura.Viajando pelo mundo montado na sua bicicleta, Pablo conviveu com pessoas dos 103 países que percorreu. Ele costumava se hospedar nas residências das pessoas interessadas em fazer intercâmbio cultural com viajantes, o que facilitou seguir na sua longa aventura. No Oriente Médio batia na porta de qualquer casa pedindo licença para acampar, mas no mesmo instante era convidado para se hospedar e conviver com a família. Por estes motivos Pablo considera os muçulmanos o povo mais hospitaleiro do mundo. “Quando eu dizia que era da Argentina logo as pessoas se ani-

CICLOVIAS EM MACEIÓ Atualmente, Maceió conta com 43,85 KM de ciclovia e ciclofaixas. O intuito da prefeitura é fazer com que esse número chegue aos 67,45 KM ainda durante o governo de Rui Palmeira, que termina em dezembro deste ano. As ciclovias podem ser encontradas pela orla lagunar enquanto as ciclofaixas em avenidas movimentadas em bairros mais centralizados da capital. De acordo com a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), um dos desafios é sensibilizar os motociclistas e motoristas a respeitarem, principalmente, as ciclofaixas, que são constantemente invadi-

das por esses veículos. Atitudes como essas são consideradas infrações de trânsito que podem ser penalizadas com multa de quase R$ 600,00 e sete pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Em 2007 estimou-se que Maceió teria em torno de 100.000 bicicletas. Em 2008 foram realizadas contagens volumétricas em 30 pontos distribuídos pela cidade, em um intervalo de duas horas ininterruptas, nos horários de 5h30 às 7h30 e das 17h às 19h, durante quatro dias consecutivos e resultaram em valores médios de até 3.000 veículos em trânsito. Em 10 dos 30 pontos totais foram realizadas pesquisas de volume de tráfego geral, contando-se o número de automóveis, ônibus, caminhões, motos e bicicletas. Nesta foram obtidas as seguintes percentagens: mínima de 6% e máxima de 53% na participação da bicicleta.


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Jorge Oliveira lança livro sobre seu assassinato

“MUITO PRAZER, EU SOU A MORTE” OBRA FICCIONAL TEVE LANÇAMENTO NACIONAL NESTA QUINTA-FEIRA EM MACEIÓ Jorge Oliveira conta sua trajetória profissional em obra de ficção lançada nacionalmente ontem em Maceió

ASSESSORIA

U

m jornalista de 36 anosfoi morto por pistoleiros alagoanos às vésperas do Carnaval. Com essa primeira frase, a impressão que temos é que estamos lendo uma notícia atual, mas não se assuste, isso é uma ficção. A frase é um resumo bem breve do livro “Muito prazer, eu sou a morte”, do jornalista e cineasta alagoano Jorge Oliveira lançado nacionalmente ontem no Restaurante Parmegianno, na Jatiúca. Publicado pela Editora Chiado, o livro já está nas livrarias de Portugal, onde foi lançado em 2011. Ganhador de dois prêmios Esso, Jorge Oliveira tem no currículo outros três livros (o último deles “Curral da Morte”) e obras no cinema, como o documentário “Olhar de Nise, um longa-metragem sobre a psiquiatra alagoana Nise da Silveira, e o filme “Perdão, Mister Fiel”, vencedor de 14 prêmios nacionais e internacionais. A história do “Muito prazer, eu sou a morte” tem como palco o Rio de Janeiro, onde Oliveira viveu boa parte da sua vida, e Maceió, onde nasceu e começou a carreira profissional como jornalista. O livro, uma mistura de ficção e realidade, fala da morte do autor por pistoleiros alagoanos, às vésperas do Carnaval, quando tinha 36 anos de idade e trabalhava no Jornal do Brasil, no Rio. “Eu me preparava para sair de casa. Tinha batente pesado pela frente: trabalhar na cobertura do Carnaval de 1984, sob o comando de Moacyr Andrade, redator e coordenador da cobertura carnavalesca do Jornal do Brasil. Seriam quatro dias, sem folgas, cobrindo os desfiles. Uma novidade: inaugurava-se o Sambódromo, obra do arquiteto Oscar Niemeyer, no governo de Leonel

Brizola Beijei meus filhos, minha mulher e me dirigi à porta de casa. Morava confortavelmente em um condomínio no Floresta Country Club, conhecido no Rio de Janeiro porque cedia sua sede para os treinamentos preparatórios dos jogos da seleção brasileira de voleibol. A favela Rio das Pedras, ao lado, era pequena, mas já começava a sitiar o condomínio. Protegida por uma milícia vigilante, que intimidava os delinquentes mais afoitos, era a menos violenta entre as comunidades cariocas. Existia um arranjo, digamos, um arremedo de acordo cavalheiresco entre os moradores do condomínio, ocupado por mais de cem casas de classe média alta, e os xerifes da favela. Os moradores davam emprego ao pessoal da comunidade, e, em troca, recebiam proteção. Essa insólita paz acabou quando Leonel Brizola assumiu

o governo do Rio de Janeiro em 1982, e promoveu a ocupação das favelas cariocas com doações desordenadas de lotes. Rio das Pedras, entre a Barra da Tijuca e Jacarepaguá, atraiu milhares de famílias com a promessa do governador de legalizar os terrenos ocupados e invadidos e urbanizar a favela. O crescimento a partir daí foi incontrolável. Já estava entre o portão da minha casa e a calçada, dividido por um jardim florido, que eu mesmo cuidava. A Collins, a

segunda rua de quem entrava no condomínio, era quase um breu. O sábado de Carnaval contagiava os foliões fantasiados, que subiam e desciam freneticamente as ladeiras do condomínio como estivessem abrindo os desfiles das escolas de samba, ou se exibindo nos concursos de fantasia nos multifacetados bailes espraiados pela cidade. Nem bem botei os pés fora de casa percebi que esquecera a credencial de acesso ao Sambódromo. Voltei para pegá-la. Meu carro, uma Brasília amarela, permanecia na porta desde a noite anterior, suplicando quase por uma trégua, depois de mais um giro errôneo pelo circuito de bares. Essa peregrinação terminava no Café e Bar Lamas, no Flamengo, onde invariavelmente todas as noites eu batia ponto, depois de deixar a Redação do Jornal do Brasil, em São Cristóvão. Ao tentar abrir a porta do carro, vi, de rabo de olho, que uma pessoa, com um objeto em uma das mãos, que tive dificuldade em distinguir, se aproximava de mim rapidamente. Parecia nervoso, mas vinha em passo firme em minha direção. A pouca luz na rua dificultava a identificação. Permaneci em pé. Dei-lhe as costas. Ignorei a sua presença. O tiro atingiu a minha nuca. A bala atravessou o crânio e abriu um buraco imenso na minha testa, por onde ela saiu carregando os toucinhos embranquecidos e avermelhados da massa encefálica. Com o impacto do tiro, minha cabeça estremeceu e tombou para frente e esquentou como uma bola de fogo. Ficou pesada. Fiquei zonzo. Fui perdendo o comando das pernas e segurei na porta do carro para não cair logo. Queria gritar, mas as golfadas de sangue fechavam a garganta, sufocandome. Resistir? Permanecer de pé e

pedir socorro? Como, se o corpo, inerte, estava paralisado? Não respondia mais a nenhum sinal de comando. Os olhos revirados, moribundos, começaram a se fechar lentamente. O sangue jorrava sem parar pelo buraco da cabeça e empapava a minha roupa e sujava a minha credencial de acesso ao Sambódromo. Que sensação esquisita! Tudo estava acontecendo em fração de segundos. Fui me desmoronando em slowmotion. Curioso é que mesmo diante daquela situação escabrosa, da eliminação do corpo e da mente, eu não queria me machucar caindo com o rosto no asfalto e procurava, meio desajeitado, uma forma mais suave de chegar ao chão. Eu não tinha muita escolha. A bala havia paralisado todos os movimentos do meu corpo. Agora não enxergava mais nada. Uma nuvem cinzenta embaçava os meus olhos tingidos de sangue. O corpo, mesmo pesado, parecia flutuar. A sensação de leveza me levava a perder a autonomia, e eu começava a plainar como uma folha de papel ao vento. Caí, finalmente, sob o olhar perplexo e dos gritos assustados das pessoas que chegavam ao local atraídas pelo tiro.

DESEJO DO JORGE Eu, Jorge Oliveira, natural de Alagoas, 36 anos de idade, casado, pai de dois filhos, morri, às 19h35m do dia 2 de março de 1984, sábado de Carnaval, na porta da minha casa, na Rua Collins, 255, no Condomínio Floresta Country Club, Estrada Velha de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Por várias vezes manifestei à minha família o desejo de ser incinerado. Recomendei que as cinzas deveria ser jogada na Praia do Sobral, no Prado, em Maceió, onde nasci no dia 15 de setembro de 1948.


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Para refletir: O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato. (Barão de Itararé)

As lições que o Piauí nos dá Não me surpreendeu ao ler que o grande campeão nacional do ENEM tinha sido um jovem do Piauí. Tenho acompanhado os avanços não só na Educação, mas em muitos outros setores naquele estado por intermédio do amigo jornalista José Osmando, que hoje dirige o maior complexo de comunicação na região o “Sistema Meio Norte”. Às vezes comparamos com nossa Alagoas e nos chega um misto de decepção e até vergonha. Pedi para ele mais informações sobre o brilhante jovem e a educação modelo piauiense. Recebi um texto do jornalista Waldelúcio Barbosa (Jornal Meio Norte) do qual tiro algumas informações. “O piauiense é conhecido por sua essência de determinação e ousadia, que não foge das lutas e dos desafios diários e que tem encontrado na educação a chave para seu desenvolvimento. A mais recente comprovação deste legado veio com o resultado do estudante Vitor Melo Rebelo, de 18 anos, que entrou para história do Enem - Exame Nacional do Ensino Médio, com o maior resultado na prova de matemática do exame: 1008,3.O estudante que quer cursar Medicina, na Universidade Federal do Piauí (UFPI), acertou 166 questões das 180. Na Redação, somou 980 pontos e na prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, totalizou 813,4 pontos. Ele revela que sua rotina de estudos era bem tranquila e que estudava durante a manhã e a tarde intercalando sempre com o descanso. “A educação no Piauí tem se destacado nos últimos anos, não só na rede privada, mas também a pública, com o destaque para escola de Cocal dos Alves”, disse Vitor Melo. A prova de que estudantes da rede pública tem se destacado na educação é a jovem Karolayne Araújo, de 18 anos, aluna da rede pública estadual de ensino - Unidade Escolar Pires de Castro, no bairro Dirceu Arcoverde, na zona Sudeste de Teresina – que obteve 960 pontos na redação do Enem 2015 e sonha em se tornar psicóloga. Outro destaque na educação do Estado tem sido o programa Palavra de Criança, elaborado por profissionais da educação do Piauí e que tem se tornado referência para outros programas nacionais de alfabetização. Uma parceria entre Fundação das Nações Unidas (Unicef) e Governo do Piauí, o projeto visa incentivar a alfabetização de crianças na idade certa. “O programa existe em 80 municípios que ainda apresentam certo índice de analfabetismo no Estado. O programa leva capacitação e formação aos professores, no intuito melhorar as suas estratégias em sala de aula no ensino básico e infantil”, afirmou. É ou não para sentir uma pontinha de inveja quando observamos o flagelo de décadas da educação alagoana que ao que parece cada dia está pior?

A rasteira de Renan em Temer

Muito forte a especulação esta semana de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), articula a candidatura do senador Romero Jucá (PMDB-RR) para presidir a legenda. “Jucá não esconde o desejo de presidir o PMDB, mas não demonstrou, até o momento, predisposição para esgrimar com [o atual vice-presidente da República, Michel] Temer”, disse o jornal Valor Econômico. A convenção peemedebista está prevista para março próximo. Aliado de quase todas as horas do governo Dilma Rousseff, Renan já tentou, sem sucesso, tirar o comando do PMDB das mãos de Temer. Em 2007, junto com o ex-presidente José Sarney, o alagoano articulou a candidatura do ex-ministro Nelson Jobim. Este, no entanto, retirou seu nome às vésperas da convenção por considerar que perderia a disputa. Por sua vez, Temer, que comanda o partido há 15 anos e se definiu como “vice decorativo”de Dilma, vai rodar o país para tentar permanecer comandando da legenda. O discurso é de unidade partidária, mas o atual presidente do PMDB destaca que não vai fugir de uma eventual disputa. Por enquanto Renan desconversa sobre o assunto em público, mas não dá para esconder as articulações de bastidores. Vai ter como aliados ministros de Dilma que também vão trabalhar para “cortar as asas” do “mordomo de filme de terror”.

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PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

Guilherme Palmeira

Impressiona o número de políticos e destacadas figuras do meio empresarial que têm passado na residência do ministro Guilherme Palmeira desde o final do ano passado quando chegou para desfrutar, como faz todos os anos, do convívio de amigos e familiares. Até seu retorno a Brasília, no próximo dia 19, muitos terão o procurado para se aconselhar, trocar ideias ou apenas para um abraço. Guilherme como político apenas plantou o bem, conquistou aliados e adversários. É reconhecido por ter realizado o melhor governo na história de Alagoas. Ocupou alguns dos maiores cargos da República e foi maior do que todos eles. Não enriqueceu no poder, como é a prática política hoje, porém possui um tesouro que os demais jamais poderiam alcançar: o reconhecimento do seu povo e o seu nome escrito com letras de ouro na história honrada desta terra. Em minha opinião Guilherme Palmeira ocupa um lugar no pódio como o maior homem público da história contemporânea de Alagoas.

Comenda Dom Hélder

Tudo na mesma

O impeachment está vivo

Malditos cadastros

Através de resolução de sua diretoria o Instituto Cidadão criou a “Comenda Dom Hélder Câmara de Cidadania e Responsabilidade Social” que se destina a reconhecer personalidades da sociedade civil, instituições públicas e privadas pelos seus serviços prestados nas áreas de direitos humanos, responsabilidade administrativa, ações de cidadania, combate à corrupção, defesa da mulher e da família em situação de riscos, combate às drogas e empreendedorismo público e privado. A Comenda Dom Hélder Câmara será conferida e entregue individualmenteou em solenidade festiva e solene com a destinação de homenagear seus agraciados.

O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha, não para nem no recesso e continua repetindo que o processo de abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff deve durar no máximo até março na Casa. Ele avaliou que não é possível prever o resultado, se os deputados darão ou não permissão para iniciar o processo. Se não autorizarem, o processo termina ali, mas se for aprovado, o impeachment passa a ser analisado pelo Senado. Cunha reiterou que deve entregar as contestações e pedidos de esclarecimento sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal no processo de impeachment assim que a Câmara retomar os trabalhos, no início de fevereiro. O Supremo também está de recesso, mas Eduardo Cunha informou que deve apresentar os embargos de declaração antes mesmo da publicação do acórdão, que é a decisão final sobre o tema. “Mesmo que tenhamos que reiterar depois da publicação, já há jurisprudência de que esses embargos podem ser apresentados com base nos votos dos ministros”, explicou. O impeachment continua vivo.

O deputado Luiz Dantas caminha para concluir sua gestão na presidência da Assembleia Legislativa sem absolutamente nada que o possa diferenciar de seus antecessores. Até parece que é um “carma” que carrega em sua história o Palácio Tavares Bastos. Mesmo com um duodécimo pomposo, praticamente nada se investe de útil na Casa. As instalações são deprimentes, os servidores sempre desprestigiados e a pauta legislativa chega perto de zero em termos de produção para Alagoas. Ao que perece a cada eleição o nível parlamentar vai piorando. Para os deputados uma sinecura, para os alagoanos uma aberração vergonhosa. E o pior: todo mundo continua solto.

Conversava com um político típico de Alagoas recentemente, candidato nas próximas eleições a vereador por Maceió e ele descaradamente me confessava estrar cuidando do aperfeiçoar e ampliar seu “cadastro eleitoral”, agora muito mais sofisticado com recursos digitais e maneiras consideradas perfeitas para burlar a Justiça Eleitoral. Perguntei se não achava que estava cometendo um crime e ele me respondeu: “Um crime que todos cometem. Vacilei na última eleição em 2012 e perdi. Agora não perco mais. Só se ganha eleição em Maceió, com exceção de Heloisa Helena, com dinheiro e organização cadastral”. Falou como se estivesse fazendo a coisa mais honesta possível. E assim será como em todas as eleições passadas. As propostas, as ideias, o compromisso com a moralidade e a legalidade que vão às favas, pois o povo gosta mesmo é de ser enganado, comprado e explorado. A Justiça Eleitoral e o Ministério Público são incompetentes para apurar e para punir. E com práticas imorais desse tipo chegam às casas legislativas e nas prefeituras a maioria dos que não deveriam lá estar, pela desonestidade.


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ARTIGOS

CLÁUDIO VIEIRA

Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

Comédia nada divina

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STF, ao estabelecer o rito do processo de impeachment da presidente Dilma, além de promover a segurança jurídica, em detrimento da pretensão inovadora do ministro Fachin, pôs cobro à barafunda produzida pelo vândalo Eduardo Cunha. Apesar de o STF, em exame mais acurado, não ter pretendido bene-

Talvez Renan represente maior perigo, considerando a frieza calculada com que age, enquanto Cunha é primário, portanto, previsível, em suas reações e atitudes. ficiar este ou aquele lado, havendo apenas privilegiado a própria jurisprudência, fazendo aplicação de rito preexistente, já estabelecido quando do impedimento do ex-presidente

Collor, o governo e seus defensores apregoaram-se vitoriosos, esquecidos, ou apenas ignorando, um fato relevante: a decisão do presidente da Câmara autorizativa do impeachment não foi anulada, estando apta, assim, a ter sequência. A agonia do governo petista foi apenas postergada, o que a situação não pretendia. Por outro lado, ainda que o vandalismo do deputado Eduardo Cunha tenha sido coibido, ao menos quanto ao procedimento do impedimento da presidente, o governo, se bem pensar, deveria continuar preocupado, talvez até mais, por ter a decisão final sobre a decisão do acatamento bicameral da acusação motivadora do processo. Se a presidente Dilma, até então, estava no limbo, agora vêse entre o Purgatório e o Inferno, ou seja, entre as vontades de Cunha e

Minha casa e outros programas sociais

de Renan, ambos vorazes e ciosos dos seus próprios poderes. Dilma Rousseff está, então, igual ao poeta Dante Alighieri, em sua Divina Comédia, conduzido pelas mãos de Vergílio, bardo da Roma clássica, por todas os níveis do Inferno. Essa incômoda situação da presidente fez-me ainda evocar outro poeta, o grego Homero, em seu clássico poema Odisseia, quando, relatando os percalços de Odisseu (Ulisses) em seu tumultuado retorno a Ítaca, seu lar, e aos braços da amada Penélope, após a longa guerra de Troia. Homero narrando a passagem do heroi pelos perigosos e traiçoeiros rochedos Caribdis e Scila, onde os naufrágios eram a única certeza dos marinheiros, deu origem ao ditado, ainda em voga, “entre Scila e Caribdis”, o que significa estar alguém atravessando ingente dificul-

dade, dilema quase insuperável por inexistir terceira solução. Entre Scila e Caribdis é onde está a presidente Dilma. Não sei qual dos rochedos é personificado por Cunha ou por Renan; ambos, porém, são mortais, embora de formas diferentes.Talvez Renan represente maior perigo, considerando a frieza calculada com que age, enquanto Cunha é primário, portanto, previsível, em suas reações e atitudes. De qualquer sorte, não vejo como pode o governo petista comemorar antecipadamente. Aliás, pelas contidas palavras do ministro Jaques Wagner, da Casa Civil, quando da decisão do Supremo Tribunal, ao menos ele parece estar genuinamente preocupado com a opção. Que 2016 traga juízo também aos políticos de todos os credos!

MARIO EUGENIO SATURNO mariosaturno@uol.com.br

Tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)

T

enho defendido diante dos governos a adoção de lâmpadas LED e a isenção de impostos, pois é o melhor investimento no setor elétrico que qualquer um pode fazer, cidadão, empresário ou governo. Sugeri que a Dilma entregasse as casas do programa social do governo já com as benditas lâmpadas, mas esse governo parece a cada dia que passa estar

As fraudes descobertas já provocaram a abertura de mais de 300 ações. As denúncias feitas apontam também irregularidades na escolha de beneficiários. no fim. Não custa relembrar que os programas sociais mais importantes do governo sofreram cortes, verdadeiros golpes, de esquerda e de estelionato eleitoral, como Farmácia Popular (R$ 578 milhões) e

Ciência sem Fronteiras (de 101 mil bolsas para 87 mil), Minha Casa Melhor (para aquisição de móveis e eletrodomésticos para beneficiados pelo Minha Casa Minha Vida, contratações suspensas em fevereiro), Água para Todos (destinado a regiões carentes, R$ 550 milhões), Fies (oferta de vagas do caiu de 731 mil para 313 mil e os juros cobrados subiram de 3,5% para 6,5% ao ano), o Pronatec (uns R$ 2 bilhões, e uns dois milhões de estudantes) e Aquisição de Alimentos (quase R$ 400 milhões) e o Bolsa- Família (dados incompletos e camuflados pela “pedalada”). Além dos cortes orçamentários, o Minha Casa Minha Vida vem sofrendo outro tipo de golpe, um esquema de corrupção como o visto na Operação Lava-Jato. Isso mesmo, organizações criminosas de empreiteiras de médio porte associam-se em cartéis para distorcer concorrências, superfaturando obras e repassar propinas a agentes públicos e a campanhas políticas.

A Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União já descobriram quatro casos em três estados. As fraudes descobertas já provocaram a abertura de mais de 300 ações. As denúncias feitas apontam também irregularidades na escolha de beneficiários, custo excessivo, baixa qualidade das casas, repasses de dinheiro público sem o cumprimento dos serviços ou mesmo sem garantia. O jornal O Globo identificou o enredo no Rio Grande do Sul, no Acre e em Minas Gerais, estados onde projetos investigados somam mais de 4 mil unidades. Quando os envelopes de uma licitação para construção de 336 casas na cidade gaúcha de Novo Hamburgo foram abertos, em agosto de 2012, os promotores do Ministério Público já sabiam quem ganharia, pois nos meses que antecederam a licitação, acompanharam a negociação

por escuta telefônica de seis empreiteiros que formavam cartel e organizavam a fraude da concorrência pública. Um deles afirmava estar disposto a pagar entre R$ 60 mil e R$ 80 mil para outras empresas desistirem do negócio de R$ 18 milhões. Outros comemoravam o fato de o preço por metro quadrado estar acima da média, e acertavam que o valor ofertado seria apenas cerca de R$ 1 mil abaixo do teto estabelecido. Esse processo de investigação começou porque policiais e procuradores deram ouvidos aos moradores das casas nos municípios mineiros de Durandé e Martins Soares que relatavam que o material de suas residências era péssimo. E, agravante, os beneficiários eram escolhidos entre eleitores e cabos eleitorais de dois vereadores, que ignoravam os critérios de vulnerabilidade social estabelecidos pelo Ministério das Cidades. Golpes de pilantragens... até quando?


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ARTIGOS

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JORGE MORAES Jornalista

Maceió e as eleições em 2016

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o artigo da semana passada, palpitamos sobre as principais cidades alagoanas em relação às eleições desse ano. Claro, como pouco entendido no assunto, foi apenas palpite mesmo. Ou seja, escrevi sobre aquilo que imagino possa acontecer na escolha dos novos prefeitos ou na permanência daqueles que já estão no Poder. Escolhidas algumas cidades aleatoriamente, prometemos deixar para esta semana o quadro

Depois de um primeiro ano motivador, o prefeito enfrentou algumas dificuldades com a crise que tomou conta do País e a falta de recursos fez com que promessas assumidas não tenham sido cumpridas. em relação à cidade de Maceió. Se a eleição fosse hoje, não teria a menor dúvida em apontar uma reeleição fácil do prefeito Rui Palmeira. Estamos a oito meses da eleição e o que pode mudar até lá no quadro visualizado hoje? Tem gente que aposta tudo e acha que

essa realidade de hoje pode mudar. Ao mesmo tempo, existem aqueles que não acreditam nessa mudança toda e que o atual prefeito levará uma boa vantagem até o final. Senão, vejamos. O prefeito Rui Palmeira, como oposição na época, foi eleito com uma votação bastante expressiva, fruto até das indefinições da situação, onde o prefeito da época, Cícero Almeida, demorou muito para definir o nome do seu candidato e, também, governou sem formar um grupo que daria a sustentação necessária para emplacar o seu sucessor. Por outro lado, os entraves com a justiça eleitoral, e as dúvidas quanto aos nomes que poderiam ser indicados, fizeram com que essas candidaturas passassem por vários nomes, entre eles o de Ronaldo Lessa, que foi impedido de disputar o pleito pela justiça. Surgiram, então, nomes como Mozart Amaral e Jurandir Bóia, que terminaram não emplacando, deixando, assim, Rui Palmeira com muita folga até ganhar a eleição, além do mérito próprio.

A última morada

P

erdemos dois companheiros neste mês de janeiro – Edvaldo Leão e Noélia Lima Marques – e começamos a pensar na vontade de Deus. Quando morremos, nada levamos. Tudo que construímos durante uma vida inteira fica por aqui. Tanta luta, tantas alegrias, tantos desenganos e, no fim, tudo se perde. Segunda-feira na Missa da Festa de Santo Amaro, apareceu um homem bêbado, sem camisa, deitou-se no chão e gritava

Os parlamentares andam cercados de capangas, e guarda-costas querendo sempre alcançar o último degrau da fama. feito um louco. O padre saiu de altar e levou o coitado para a sacristia, longe da celebração. Imagino a vergonha porque passa a família do moço bem apresentável e dominado pelo vício. Essas cenas me fazem lembrar que a morte será a salvação para o pobre homem, se ele não vencer o vício.

Outra pessoa que leva uma vida normal, trabalha durante anos, cria sua família, compra uma casinha para morar, vai ter o mesmo fim. Dessa maneira, nada vale a pena. É um longo caminho, cuja única certeza é a morte. Outro amigo criou filhos e netos com muito sacrifício. De repente, melhorou de situação, foi morar num condomínio ¨chic¨, estava feliz, realizado. De um momento para outro, começou a emagrecer, a cair e finalmente descobriu que estava com uma doença séria e teria poucos meses de vida. Todas as alegrias recentes viraram sofrimento e espera, com muita dor, a partida. Nos meus 74 anos de vida já presenciei fatos horripilantes de pessoas guerreiras, lutadoras, que realizaram sonhos quase impossíveis e no meio de tanta alegria surge um câncer e tudo vai por água abaixo. Como dizem os Alcoólicos Anônimos: ¨Vivamos só por hoje¨. Amanhã será outro dia! E acompanhamos os políticos brasileiros envolvidos em escândalos monumentais, sem terem ideia do dia de amanhã. Um exemplo significativo do que acabo de afirmar é do ex-deputado Roberto Jefferson, corroído por um câncer, continuou

E hoje? Acho, na minha modesta opinião que o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, vem trabalhando e se articulando para, novamente, ganhar a eleição. Depois de um primeiro ano motivador, o prefeito enfrentou algumas dificuldades com a crise que tomou conta do País inteiro e a falta de recursos fez com que promessas assumidas em campanha não tenham sido cumpridas. Mesmo assim, o ano de 2015 foi de muitas realizações para a Prefeitura de Maceió, pagamento em dia do servidor, que não deixa de ser uma obrigação; pavimentação de ruas; inauguração de praças e obras em áreas esportivas; abertura de novas avenidas; escolas reformadas e construídas, mesmo ainda com problemas; e a pasta da Saúde, que foi o calcanhar de Aquiles do prefeito, com a nomeação de vários secretários e, ainda, com um atendimento que precisa melhorar, além do Natal mais iluminado de todos os tempos. No entanto, no meu entender, a vantagem que o prefeito Rui Palmeira pode encontrar na eleição, se é que em um

processo como esse existe facilidade, não é a sua administração ter cumprido um papel importante no ano passado e que pode se repetir nesse ano novo, mas a ausência, hoje, de um nome de oposição que possa fazer frente nessa eleição de 2016. Dos nomes citados até agora, um já disse não a uma possível candidatura, que é o deputado federal Ronaldo Lessa, e até ensaia uma aproximação com Rui Palmeira. Outro, o também deputado federal Paulão (PT), um nome que toda eleição ensaia essa possibilidade, mas termina caindo fora, principalmente, agora, com os baixos índices de aceitação do seu partido. Por fim, restam duas saídas: Cícero Almeida, antecessor de Rui Palmeira, verdadeiramente oposição, mas desgastado pelos números da eleição para deputado federal, quando quase não se elege; e o nome que deverá ser lançado pelo PMDB, onde o senador Renan Calheiros e o governador Renan Filho têm o maior interesse em conquistar a Prefeitura de Maceió. Mas, hoje, qual seria esse nome, o do vereador Kelman Vieira? Será?

ALARI ROMA- TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

mesmo preso denunciando companheiros, só parando de falar por interferência do ministro relator do mensalão. Imagino o que se passa na cabeça do mensaleiro: ¨Eu morro, mas fiz um grande estrago!¨. Não sei se valeu a pena!!! Aí, um amigo meu me diz: ¨Alari, pense no lado espiritual¨. Mas, a realidade é negra; não enxergo outra coisa além da perda de tudo que foi construído. Na política, as famílias se matam por votos, perdem fazendas, casas, compram outras e a luta pelo poder é enorme. Os parlamentares andam cercados de capangas e guarda-costas, querendo sempre alcançar o último degrau da fama. Não têm tempo para os filhos, nem para olhar a família. De repente, morre o pai, o filho é baleado, a mulher tem câncer, mas eles não entendem os avisos de Deus. Querem mais e mais... Vi um filme espírita que conta a história de um médico famoso, vaidoso e prepotente. Em meio a uma refeição, passou mal e morreu. Apareceu depois um substituto que tomou seu lugar e criou seus filhos. Teve oportunidade de voltar à sua

casa e verificou que todos estavam felizes, sem ele. Foi tão bonzinho que curou o ¨pé de pano¨ (o que casou com a viúva). Este exemplo me lembra um amigo meu: ¨Ninguém é insubstituível¨. Outros ambientes perigosos são o artístico e o do futebol. Pessoas jovens começam a ganhar muito dinheiro e se perdem. Alguns, até, enveredam pela bebida e pelas drogas. Quem não se lembra de Nelson Gonçalves, Cazuza, Renato Russo, Cássia Eller? No momento, Neymar, quis enganar a Receita Federal e está sendo processado. Então amigos, vamos aprendendo com a vida que ¨nada é nosso; tudo é do Pai¨. O que construímos e vamos deixar aqui só valerá a pena se forem transformados em boas lembranças e valores legais. Tudo que for material ficará para outras pessoas e não saberemos se vão entender a nossa luta. Esta semana foi muito triste e me fez verificar o verdadeiro valor da vida: plante coisas boas e deixe seu nome limpo. O resto é balela e não valerá o sacrifício. Só Deus na causa!!!


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MACEIÓ, ALAGOAS - 15 A 21 DE JANEIRO DE 2016

Joaquim Resende sendo entrevistado por Melchiades da Rocha em Santana do Ipanema

Capa do livro que relata morte de Lampião

O encontro de Lampião com o coronel Joaquim Rezende

HISTÓRIA DE ALAGOAS

EM 1938, O JORNALISTA MELCHIADES DA ROCHA ENTREVISTA O PREFEITO DE PÃO DE AÇÚCAR E REVELA DETALHES DA CONVERSA QUE ELE TEVE COM O REI DO CANGAÇO EDBERTO TICIANELI Jornalista

A

notícia da morte de Lampião, em 28 de julho de 1938, chegou ao conhecimento dos jornais da então capital do país, Rio de Janeiro, pelas mãos de um alagoano. Melchiades da Rocha era repórter do jornal carioca A Noite, quando recebeu um telegrama do seu irmão Durval da Rocha, despachado de Santana do Ipanema, em Alagoas, comunicando que “onze bandidos, inclusive Lampião, foram mortos pela polícia alagoana na fazenda Angicos, em Sergipe”. Foi um dos maiores furos de reportagem da época. A título de curiosidade, a participação da família Rocha no episódio não para por aí. Quando as cabeças dos cangaceiros chegaram à Santa Casa de Misericórdia de Maceió, foram autopsiadas pela equipe chefiada pelo Dr. Ezechias da Rocha, outro

irmão de Melchiades. Como prêmio pelo furo de reportagem, e também porque era alagoano, Melchiades recebeu a incumbência de viajar, no dia seguinte para a sua terra e acompanhar os acontecimentos. Do aeroporto, o repórter se dirigiu para Santana do Ipanema, onde as cabeças iriam ser expostas. Foi assim que, no dia 30 de julho de 1938, Melchiades descobre que naquela cidade do sertão alagoano se encontrava também o prefeito recém -eleito de Pão de Açúcar, Joaquim Rezende, a quem se referiam como sendo um dos amigos de Lampião. O coronel Joaquim Rezende foi prefeito de Pão de Açúcar entre 1938 e 1941. Segundo Etevaldo Amorim, em seu livro Terra do Sol, Espelho da Lua, a sua administração foi marcada por investimentos importantes para a cidade, principalmente na melhoria das condições de moradia das populações mais pobres. Morreu assassinado em 1954,

quando ocupava o cargo de delegado de Polícia. Os assassinos foram os irmãos Elísio e Luiz Maia. Elísio era o prefeito do município. A ENTREVISTA Melchiades da Rocha, no seu livro Bandoleiros das Catingas, lançado em 1942, recorda do encontro que teve com Joaquim Rezende em Santana do Ipanema. Ele se refere ao prefeito de Pão de Açúcar como sendo “um abastado proprietário em seu município” e que ele estava em Santana também “à espera da cabeça de Lampião, pois desejava certificar-se se de fato ele havia morrido”. A situação de amigo de Lampião de Joaquim Rezende aguçou os instintos do repórter, que começou a se perguntar o que teria levado um rico cidadão a “se tornar um afeiçoado do Rei do Cangaço”, quando era prefeito de uma cidade que era alvo das ações do bandido.

A narrativa a seguir é um valioso documento de como se davam as relações de Lampião com o poder político e econômico das regiões sertanejas vítimas do cangaço. Com a palavra Melchiades da Rocha: Sem quaisquer etiquetas, pois nós sertanejos não somos, apenas, iguais perante a lei, apresentei-me ao Cel. Rezende e lhe disse à moda da terra: — “Seu” Rezende, eu queria uma palavrinha do senhor! — Pois não! — respondeu-me, amavelmente, o prefeito de Pão de Açúcar. Momentos depois o Sr. Rezende e eu nos achávamos na sede da Prefeitura de Santana. Em poucas palavras relatei os meus propósitos ao cavalheiro que me fora apontado como sendo grande amigo de Lampião. Após ter-me oferecido uma cadeira, o Sr. Rezende sentou-se e narrou, pormenorizadamente,

como e por que se tornara amigo do Rei do Cangaço, amigo ocasional, bem entendido, pois não poderia ter sido de outro modo. Fala o Coronel Rezende Conheci Lampião em 1935, época em que me escreveu ele, pedindo mandasse-lhe a importância de quatro contos de réis, prometendo-me, ao mesmo tempo, tornar-se meu amigo se fosse atendido. Em resposta à carta do terrível bandoleiro, mandei dizer-lhe pelo mesmo portador que lhe daria de muito bom grado o dinheiro, mas que só o faria pessoalmente. Três dias depois Lampião mandou-me outro bilhete do seu próprio punho, dizendo-me que me esperava às 10 horas da noite na fazenda Floresta, município de Porto da Folha, em Sergipe, recomendando-me que fosse até ali, mas não deixasse de levar o dinheiro.


MACEIÓ, ALAGOAS - 15 A 21 DE JANEIRO DE 2016

Cartão usado por Lampião Não obstante os naturais receios que tive, à hora aprazada cheguei ao local do encontro, onde permaneci até uma hora da manhã, quando surgiu um cangaceiro que, ao verme, perguntou-me se eu era o moço que desejava falar ao capitão. Respondi que sim. Dentro de poucos minutos, então, o Rei do Cangaço ali se apresentava acompanhado de quatro homens, “Juriti”, “Zabelê”, “Passa-

rinho” e “Nevoeiro”. Ao ver o grupo aproximar-se, identifiquei logo Virgulino e a ele me dirigi, cumprimentando-o. O famoso bandoleiro, ao contrário do que eu esperava, recebeu-me amavelmente e foi logo perguntando sobre o que lhe havia levado. Sabendo que o Rei do Cangaço gostava de beber, eu, que levava comigo três litros de conhaque, lhos ofereci. A fim de que desaparecesse logo

qualquer suspeita do bandoleiro, prontifiquei-me a ser o primeiro a provar a bebida. Encarando-me com olhar firme, Lampião me disse em tom natural: “Concordo em que o senhor beba primeiro, mas não é por suspeita e sim porque o senhor é um moço decente e eu sou apenas um cangaceiro”. Tomamos, então, o conhaque e, em seguida, abordei o Rei do Cangaço sobre o dinheiro que ele me havia pedido. Como resposta, disse-me ele: “O senhor dá o que quiser, pois eu dou mais por um amigo do que pelo dinheiro”. — Esse fato — disse o conceituado comerciante de Pão de Açúcar — teve lugar no mês de agosto de 1935, e a minha palestra com Lampião durou três horas, tendo ele me falado de vários assuntos, entre os quais o relativo à perseguição de que era alvo, acrescentando que, de todas as forças que andavam em seu encalço, a que mais o procurava era a do então Major Lucena, dada a velha inimizade que o separava desse oficial da polícia alagoana, a quem reconhecia como homem de fato e dos mais corajosos. Quanto às forças dos outros Estados, disse-me Lampião que se

arranjava “a seu gosto…”, fazendo nessa ocasião graves acusações a vários oficiais dos que andavam em sua perseguição. — Aí está como foi o meu primeiro encontro com o Rei do Cangaço. — Depois — acrescentou o prefeito de Pão de Açúcar — Lampião mandou pedir-me bebidas, charutos e também objetos de uso doméstico. Mais tarde, porém, fui informado de que ele estava empregando esforços no sentido de matar o Sr. José Alves Feitosa, ex-prefeito de minha terra que, como eu, o esperara muitas vezes ali, a fim de fazer-lhe frente, pois foi das mais terríveis a ação de Virgulino em nosso município. Tratando-se de um amigo meu o homem que estava destinado a morrer às mãos de Lampião, procurei um pretexto para me avistar com este e não me foi difícil encontrá-lo. Todavia, após uma série de considerações, em que fui até exigente demais, Lampião, dizendo ao mesmo tempo que só fazia tal “sacrifício” para me satisfazer, prometeu-me sustar a realização de sua sanguinária intenção, declarando-me naquele momento que já tinha em campo dois homens para fazer o “serviço” lá mesmo na cidade de Pão de Açúcar, já que o visado andava resguardado,

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não saindo para parte alguma. Tal conhecimento com Lampião, deixou-me, aliás, em situação crítica, pois inimigos meus denunciaram ao Coronel Lucena que eu era um dos coiteiros do celerado cangaceiro. Ao ter ciência de tal acusação, dirigi-me ao referido oficial e lhe expus as razões que me levaram a ter contato com o Rei do Cangaço, após ter andado prevenido contra ele, longo tempo. Jamais faria isso se não fosse a situação em que, como muitos outros sertanejos, me encontrei durante longo tempo. Intercedi, depois disso, em favor de várias firmas comerciais de Maceió e Penedo, cujos representantes teriam caído às garras do bando sinistro se não fora a minha intervenção junto a Lampião. Há dois meses passados, fui forçado, do que não guardei reserva ao Coronel Lucena, a intervir novamente em defesa de algumas vidas preciosas, no que fui feliz, conseguindo que Virgulino desistisse dos seus sinistros propósitos. Fonte: Livro “Bandoleiros das Catingas”, de Melchiades da Rocha, Editora Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1942.


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S.O.S. ALAGOAS

Eleições municipais

E

leição em Maceió não entra ainda com insistência forte em conversas de grupos. É um assunto que a maioria evitar puxar. Mas a razão todos sabem.

CUNHA PINTO

Lazer cultural Festival de Verão em Maceió e Marechal Deodoro neste mês tem espetáculos aos sábados (capital) e às sextas-feiras. Em Maceió público é sempre contado como ótimo.

Neste ano o segundo turno das eleições será dia 30 também de outubro, mas só em cidades com mais de 200 mil eleitores. Prazo das convenções expira no fim de março.

Revoada

Doações ocultas

Na Câmara Federal tensão neste primeiro semestre é pela troca de partidos. Dos 513 deputados, 41 avaliam posição em razão das siglas que estão sendo criadas.

Para as eleições de outubro candidatos se mostram mais atentos à legislação eleitoral. Principalmente com gastos de campanha em razão da fiscalização.

Reforçando Do ministro Luís Roberto Barroso na IstoÉ edição de número 2398:

“Daqui pra frente nada de ocultismo nas campanhas. A doação oculta é uma das grandes fontes de corrupção eleitoral”.

Última que... Vice-presidente Michel Temer se sente como, ante a possibilidade de substituir Dilma no Planalto? Para petistas, em Maceió, é sonho do PMDB um dia ser governo, mas que através das urnas está difícil.

Pra valer Findo o carnaval, na política olhos se voltam para as convenções. Conversas pautam candidatos a vereador se entulhando nos diretórios dos partidos.

Renovado Lei da Mordaça Vigora ou não a Lei da Mordaça? É proposta do 2015 passado para validar este ano mas gerou polêmica e até hoje ninguém sabe o resultado.

Lava Jato Como andam as investigações da Operação Lava Jato? Pergunta é de que tem a ver com ação policial em defesa do princípio de que “lugar de bandido é na cadeia. ATV Globo cita alagoanos investigados .

Seca no Nordeste “Secar mais aonde se já está tudo seco?” Frase é de um agricultor do sertão alagoano e a ver situações previstas há tempos: uma estiagem cada vez mais prolongada.

Do vereador Kelmann Vieira (PMDB), presidente da Câmara Municipal de Maceió, sobre aquisição de 25 computadores:“É um avanço e o fim de uma era”.

Dias de chuvas Chuvas em Maceió, maioria das vezes, não atingem todo litoral do estado e em razão dissonão baixam as visitas. Principalmentenas regiões Sul e Norte.

Regras das eleições Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou no Diário Eletrônico da Justiça resoluções contendo normas e regras para outubro. E lembra: primeiro turno é dia 2 de outubro.

Outra definição

Maior bancada

O PT, com a perda de 10 dos 69 deputados eleitos, deixa de ser o partido de maior bancada na Câmara. Posição ficou com o PMDB, com 67 deputados.


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Oferta de energia

P

esquisadores holandeses realizaram um estudo que analisou como o aquecimento global afetará o comportamento de 26 mil usinas hidrelétricas e termelétricas em todo o mundo. Estima-se que mais de 80% das usinas estudadas terão alguma perda de capacidade útil devido à mudança do clima. As hidrelétricas sofrem porque chove menos, o que reduz a quantidade de água dos reservatórios ou a vazão dos rios. E as térmicas têm problemas não apenas por causa da menor vazão, mas também devido ao aumento da temperatura da água dos rios. Como essas usinas usam água para seu resfriamento, rios mais quentes significam perda de eficiência na geração.

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MEIO AMBIENTE

JULLYANE FARIAS meioambiente@novoextra.com.br

3-Batatas para Marte

A Nasa, em conjunto com o Centro Internacional da Batata, está fazendo experimentos para descobrir como se desenvolveriam os tubérculos peruanos em solo marciano. Para isso, deram início a um cultivo experimental de batata em condições que simulam as do planeta vermelho: solos vulcânicos que não contêm nenhuma forma de vida, no Peru, assim como em Marte. Além das paisagens “marcianas”, há outro motivo que torna o Peru o local ideal para fazer experimentos com batatas. No Peru há 4,5 mil variedades de batata, por isso é um lugar muito bom para descobrir qual delas melhor se ajustaria às condições de Marte.

Relatório de balneabilidade

Lama da Samarco

Uma mancha marrom, provavelmente vinda dos rejeitos das barragens da mineradora Samarco, atingiu o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. A informação foi divulgada na semana passada pela presidente do Ibama, Marilene Ramos. A lama de rejeitos da mineradora Samarco atingiu a foz do Rio Doce no final de novembro (21) e contaminou praias, impactando a desova das tartarugas-gigantes. Chuvas fortes na região fizeram a mancha se espalhar mais ao norte do estado do Espírito Santo. Por enquanto, não há nenhuma restrição de visitação na região sul da Bahia e o parque segue aberto. Os impactos sobre o santuário ainda serão avaliados. O dano imediato é a redução da produtividade da vegetação marinha e corais, o que causa prejuízo para a vida marinha.

O IMA mudou o método de análise das amostras de água do mar coletadas para produção do relatório de balneabilidade da costa alagoana. O novo método de análise deverá conferir maior precisão sobre as condições encontradas. Será verificada a presença das bactérias Enterococos e, principalmente, Escherichia coli (E.coli), consideradas transmissoras de doenças. Até o mês de novembro, a definição de própria ou imprópria para banho era definida a partir da quantidade de Coliformes termotolerantes (Fecais).

Passarinho com malária

Telha sustentável

Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) estão desenvolvendo o protótipo de uma telha sustentável. Ela é feita com fibras naturais da Amazônia, como a malva e a juta, e com uma argamassa que inclui areia, resíduos de cerâmica e pouco cimento. Essa composição, dá mais resistência ao material e pode melhorar a sensação térmica nas residências localizadas nas regiões mais quentes do país. O protótipo da ecotelha deve ficar pronto em 12 meses.

Os passarinhos machos com malária podem apresentar fraqueza, perde de apetite e de peso e, quando a infecção é muito grave, podem até não voar. E isto é ruim para eles, porque as fêmeas estão observando, comparando, escolhendo o par para o acasalamento. Segundo pesquisadores que estudaram a malária no uirapuru-de-coroa-azul (Lepidothrix coronata), a prevalência da malária entre os passarinhos é de 47%. A infecção dura, geralmente, de sete a quinze dias.

Nova época geológica: o Antropoceno

Um novo estudo sugere que as mudanças ambientais causadas pela humanidade na Terra deflagraram o início de um novo período geológico. Os vestígios deixados serão detectáveis em camadas no solo daqui a milhões de anos, mesmo que a humanidade acabe. O termo Antropoceno (da palavra grega anthropos, homem) foi cunhado na década de 1980 para ilustrar o impacto das populações humanas no ambiente. Segundo os geólogos, o Antropoceno passou a exibir a maior parte de seus sinais distintivos a partir de 1950, e encerra a época do Holoceno, que começou há 11.700 anos.


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Custo dos estádios

N

o futebol braseiro preocupação começa a ser os custos para a manutenção dos estádios. Despesas são consideradas acima da receita e o Maracanã espelha esta situação, com despesa fora da realidade e os débitos acumulados nos últimos três anos.

PORDENTRODO ESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Outra vez

Messi foi escolhido o melhor do mundo na temporada pela terceira vez, seguido de Cristiano Ronaldo (2º) e Neymar (3º). Na análise de alagoanos os nomes já eram esperados e, sobre o brasileiro, acham que ficou a confiança de ele um dia superar o argentino e o português. Acrescentam: “Basta jogar com mais seriedade”.

Análise da mídia

“Messi teve uma temporada em 2014/15 brilhante. Levou por isso sua quinta Bola de Ouro para casa, batendo mais recordes e conquistando um triplete na carreira: Campeonato espanhol, Copa do Rei e UEFA Champions League (UCL)”.

Marca histórica

O brasileiro Jardel alcançou marca importante com a camisa do Benfica. Fez o centésimo jogo na Liga Portuguesa dando uma goleada no Marítimo (6×0) com o brasileiro fazendo gol. Foi clássico pela 16ª rodada da competição nacional.

Ficha do craque

Jardel, natural de Florianópolis (SC), iniciou carreira em 2001 no Avaí e passou pelo Joinville, Vitória/ BA, Santos e o Estoril e há anos está no Benfica, que chama “minha casa”. Acrescenta: “Eu sou muito grato por tudo o que vivo”.

CRB vem forte

Alagoano 2016

Sem problemas

Sem imprevistos

O Galo abriu a pré-temporada com a diretoria, no paralelo, anunciando os reforços pretendidos para completar o plantel. Foram Neto Baiano, Érico Júnior, Mafra e Matheus Galdezani. Não surpreenderá caso apresente novos modelos de uniforme;

Marcos Barbosa, presidente do Galo, está confiante no plantel montado para o Brasileiro, na Série B. E a torcida dá aval às contratação dos reforços na Pajuçara. Segundo alguns, são jogadores com currículo que transfere otimismo.

Ponto de vista

Ainda de Marcos Barbosa: “O elenco é qualificado e os novos reforços têm o mesmo nível do grupo que vem treinando. Vamos dar opções a Mazola para realizar um grande ano neste 2016”.

Campeonato Alagoano 2016 de futebol promete boas emoções para esta temporada. A ver, na observação de torcedores, os reforços que chegam para os clubes e a maioria acha que além de CRB, CSA e ASA, o Coruripe também tem chances do título.

Na Federação Alagoana de Futebol, se houverem pendências para o apito da abertura da temporada são poucos. Estádios, que sempre preocupam, e que ainda devem ser vistoriados, não sinalizam problemas para jogos? São 10 os clubes que estão inscritos no estadual.

Alternativa A

No Santos, de finanças em baixa, dúvida para a temporada é se reforça o plantel ou valoriza garotos das bases. Dorival Júnior trabalha no momento com a equipe B (antiga sub-23) como proposta para decidir quem possa ser transferido para o profissional.

Alternativa B

Na Vila Belmiro é proposta também buscar atletas em fim de contrato ou outros que possam ser emprestados mas sem que hajam custos para o clube. Mas, naturalmente, mantendo apoio aos estão treinando, vários da equipe do ano passado.

Santa Campeão.

Em Alagoas o Santa Cruz é o campeão de 2015 na categoria sub-20. Título foi conquista invicta e a taça levantada no jogo com o CRB na Barra de São Miguel e placar de 2x2. O Santa alagoano em 12 jogos somou nove vitórias e três empates.

Tropeço

Desportivo Aliança, também de Alagoas, não foi bem na Copa São Paulo de Futebol Junior 2016. Pegou o Taubaté (SP) na estreia e foi derrotado (2x1) e no clássico seguinte, tendo por adversário o Bahia, tomou goleada (5x0) e voltou pra casa.

Neymar intimado Neymar terá que depor como réu em investigação da Justiça espanhola. A informação foi divulgada pela imprensa espanhola. Segundo o jornal El Mundo, o juiz José de la Mata determinou que Neymar se pronuncie à Procuradoria-Geral da Espanha nos dias 1 e 2 de fevereiro na condição de investigado no caso referente a sua transferência, em 2013. Em documento apresentado na última semana, a promotoria solicitou também que deponham como réus Josep María Bartomeu, presidente do Barcelona; Sandro Rosell, ex-presidente do clube; Neymar dos Santos Silva, pai do jogador; Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro e Odílio

Rodríguez, ex-presidentes do


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Vencedores e vencidos Em um ano tão depressivo como 2015, com queda geral nas vendas de 26,6% (houve recuos mais expressivos de 41%, em 1981, 33%, em 1987 e 28%, em 1998), todos os 15 segmentos em que esta coluna divide o mercado sofreram bastante com exceção de um, os SUVs compactos. Enquanto os carros esporte e stations mergulharam 48% e 34%, respectivamente, os utilitários esporte pequenos subiram nada menos de 34% sobre os resultados de 2014. Tudo indica que podem continuar a crescer com a confirmação, logo no primeiro dia útil de janeiro, da produção do Nissan Kicks ainda este ano no Brasil. Hyundai já trabalha em projeto semelhante. Renault lançará o Captur de dimensões um pouco maiores. Faltam apenas Toyota e VW. O HR-V é o novo líder do segmento, mas o Renegade tende a ultrapassá-lo em 2016, inclusive por ter maior capacidade de fabricação. Onix, mesmo separado do sedã Prisma, foi individualmente e pela primeira vez o modelo mais comercializado (125.931 unidades) com uma vantagem de apenas 3.368 unidades sobre a dupla de hatches Palio/Palio Fire. Os BMW Série 3 e 4 desbanca-

ram também o Fusion do comando do segmento médio-grande. Entre as picapes médias a Hilux quase quebrou os 20 anos de liderança da S10. Nosso ranking soma hatches e sedãs da mesma família e igual distância entre eixos, independentemente do nome do modelo. Sedãs com entre-eixos de significativa diferença classificam-se à parte (Grand Siena, Logan, Etios e outros). A base é a do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores). Só são citados os modelos mais representativos, considerada ainda a importância do segmento. Dados compilados por Paulo Garbossa, da consultoria ADK. Compacto: Onix/Prisma, 13,6%; HB20 hatch/sedã, 11,3%; Palio/Fire/ Siena, 9,6%; Ka hatch/sedã, 8,6%; Gol/ Voyage, 8,59%; Fox, 5,51%; Uno, 5,5%; Sandero, 5,4%; up!, 3,7%; Classic, 3,4%; Fiesta hatch/sedã, 3,3%; Grand Siena, 3%; Etios hatch, 2,4%; Logan, 2,1%; City, 1,83%; Etios sedã, 1,8%; Cobalt, 1,6%; March, 1,59%; Versa, 1,21%; C3/DS3, (1,19 %); Punto, 1,14%; Clio, 1%; 208, (1%). Onix/Prisma confirmam liderança. Médio-compacto: Corolla, 31%;

ALTA RODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

Civic, 14%; Focus hatch/sedã, 10%; Cruze hatch/sedã, 9,4%; Golf/Jetta, 8,8%; Sentra, 6%; A3 hatch/sedã, 3,6%; Fluence, 3,5%; C4 Lounge, 3%; Lancer, 1,6%; Peugeot 308, (1,5%); Bravo, 1,3%. Corolla aumenta margem. Médio-grande: BMW Séries 3 e 4, (29%); Mercedes C, 28%; Fusion, 27%. Novo líder, bem apertado: BMW. Grande: BMW Série 5/6, (35%); Mercedes E/CLS, 31%; Jaguar XF, 20%. BMW confirma. Topo: Mercedes S, 50%; 300C, 16%; BMW Série 7, (12%). Classe S com muita folga. Esporte: Boxster/Cayman, 25%; BMW Z4, (23%); 911, (13%). Liderança apertada. Station: Weekend, 56%; SpaceFox, 36%; Golf Variant, 5%. Weekend amplia vantagem. SUV compacto: HR-V, 27%;

Renegade, 21%; Duster, 18,5%. Novo líder já ameaçado. SUV médio-compacto: Tucson/ix35, 36%; Outlander, 11%; Sportage, 9%. Líderes sossegados. SUV médio-grande: Hilux SW4, (39%); Santa Fe/Grand, 11,55 %; XC60, (11,52%). Sem ameaça à Toyota. SUV grande: Pajero Full/ Dakar, 31%; Grand Cherokee, 16%; BMW X5/X6. Pajeros tranquilos. Monovolume pequeno: Fit, 48%; Spin, 31%; Idea, 9%. Fit consolidado. Crossover: ASX, 55%; Range Rover Evoque, 23%; Freemont/ Journey, 19%. Liderança folgada. Picape pequena: Strada, 54%; Saveiro, 31%; Montana, 13%. Strada imbatível. Picape média: S10, (28,8%); Hilux, 28,4%; Ranger, 14%. Difícil S10 manter posição.

RODA VIVA nPrevisões para o mercado interno de veículos (incluídos leves e pesados) em 2016 são desanimadoras. Todos os números, qualquer que seja a fonte, permanecem negativos. Fenabrave espera menos 5,9%, Anfavea menos 7,5% e a média em uma pesquisa entre jornalistas do setor é de menos 9,4%. Produção deve ficar estagnada, apesar de previstos 8% de aumento nas exportações.

nContrariamente ao esperado, o aumento nominal das tabelas ficou abaixo do índice de inflação (IPCA), sem contar bônus e descontos, segundo a Anfavea. Vários importadores deixaram de repassar a desvalorização cambial, mas certamente o farão este ano. Quebra de escala de produção também deverá ser repassada aos preços este ano e talvez ultrapasse a inflação pela primeira vez em mais de 10 anos.

nFenabrave está otimista quanto ao anúncio em breve do plano de renovação de frota. O maior problema é encontrar sustentação financeira, pois o governo permanece exaurido no seu balanço fiscal. Para caminhões com mais de 30 anos a ideia é trocar por outro menos usado. Quanto a automóveis e motos com mais de 15 anos, é partir para um zero-km. O carro seria reciclado ou sucateado e o interessado receberia um crédito.

nEm planos semelhantes, na Europa e EUA, os governos sempre entraram com dinheiro para estimular o consumidor. Também no exterior há inspeção técnica veicular (emissões e de segurança) e toda uma cadeia de reciclagem. Essa infraestrutura praticamente inexiste aqui. O ministro Armando Monteiro acenou que algo sairá da cartola. Tomara que não seja um coelho...

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MACEIÓ, ALAGOAS - 15 A 21 DE JANEIRO DE 2016

ARTIGO

JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

Cabarés, zonas e puteiros para as crianças brasileiras

E

u admito o modernismo dos costumes, dos comportamentos, dos relacionamentos entre namorados, entre noivos e entre os casais, mas, ainda não me acostumei e não vou nunca me acostumar com os costumes, comportamentos e relacionamentos entre pais e filhos, dos tempos atuais. Está havendo muita

Agora, o governo da presidenta Dilma terá que criar uma “bolsa transa” para as crianças com idades entre 6, 7 e 8 anos. falta de respeito dos filhos para com os pais e mães, sejam eles crianças ou adultos. Sei que os costumes estão diferentes dos de anos passados, principalmente porque eu ainda sou de uma época na qual nós pais, éramos tidos como “cafonas”, porque

não aceitávamos certos modismos ou certos comportamentos deles. Progredimos muito com a televisão, com as novelas, com os filmes e com as redes sociais, mas não notei nenhuma melhoria da moral e da vergonha, da nossa tão falada mídia. Para mim, elas foram para o be-le-léu, diante, leiam com muita atenção, do que está acontecendo no Brasil, em termo de educação sexual. Para as nossas crianças, com idades entre 6,7 e 8 anos, o governo do Sr. Lula e da Sra. Dilma bolou uma cartilha que deixou as nossas prostitutas horrorizadas, já que elas, agora, terão que concorrer com as crianças, para que não sejam prejudicadas nos seu “ganha-pão”. Nas cartilhas que foram idealizadas, programadas, impressas e distribuídas pelo imoral Ministério da Educação do Sr. Lula e da Sra. Dilma, resolveram acabar

de uma só vez com as inocências das nossas crianças que, vão poder ter as suas liberdades para transar, nas suas escolas, com os amiguinhos e amiguinhas, inclusive com as atenções e orientações das nossas professoras sexólogas. Há poucos anos, o Sr. Lula e a Sra. Dilma, deram permissão para que os nossos imorais técnicos em educação proibissem os pais e as mães deste Brasil de darem palmadas nos seus filhos, pois castigos agora são crimes a serem cometidos pelos pais. Portanto, achando pouco, o ministro da Educação da presidente Dilma bolou uma cartilha que está sendo divulgada, na qual as crianças devem saber o que é uma transa, como devem transar, qual a melhor posição para a transa e como vão sentir durante elas. A cartilha está ensinando às professoras como colocar o pênis dentro da vagina,

tudo com direito a aulas práticas, inclusive com as professoras e professores. Pelo que estou notando, o governo do Sr. Lula e da Sra. Dilma está tentando acabar com as famílias brasileiras, quando transformando as nossas crianças em taradinhos, viadinhos, putinhas e prostitutas infantis. Agora, o governo da presidente Dilma terá que criar uma “bolsa transa” para as crianças com idades entre 6, 7 e 8 anos. Ora, se faltava uma “zona”, um cabaré ou um puteiro para as nossas crianças brasileiras, tudo agora chegou. Em Tempo – O Dr. Ronaldo Farias e o Dr. Dilmar Camerino, ilustres procuradores do Estado de Alagoas, são leitores assíduos dos meus escritos. Isso me incentiva muito.


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James estadual em 2018?!

O

prefeito de Palmeira dos índios, James Ribeiro (PSDB), está preparando terreno para ser candidato a deputado estadual em 2018. Para isso, já está contatando lideranças políticas no Agreste, a exemplo de dois ex-prefeitos que possuem um bom reduto eleitoral naquela região. Como perguntar não ofende, como ficaria situação do seu cunhado, o deputado estadual Edival Gaia Filho (PSDB)?

Eleições em Campo Grande

O ex-prefeito Cícero Pinheiro (PMDB) continua sendo a grande liderança de Campo Grande no Agreste alagoano. Em 2012, contra tudo e todos, quase foi eleito, não obtendo êxito por uma pequena diferença de 100 votos. Em 2014, elegeu todos os candidatos que apoiou e tem agora em 2016 o total respaldo do governador Renan Filho (PMDB) e do senador Renan Calheiros (PMDB) para retornar ao comando do município.

Desistência

O atual prefeito de Campo Grande, Miguel Higino (PP), que chegou a ser afastado por mais de seis meses do cargo, anunciou que não irá mais disputar a reeleição. O ex-prefeito Arnaldo Higino, por sua vez, se encontra enquadrado na Lei da Ficha Suja, por ter tido reprovadas suas contas no TCE/AL, o que foi homologada pela Câmara Municipal de Vereadores, conforme noticiado pelo site do TRE/AL.

Direito de resposta

O vice-prefeito, Erasminho Dias, juntamente com os vereadores Valter da Farmácia (presidente da Câmara), Vânia de “João de Deta”, Larissa Palmeira e Zé Eduardo, aproveitando o Direito de Resposta, garantido pela Constituição Federal, vem esclarecer que continuam unidos e atuando de forma responsável em defesa da população e do município de Traipu. O vice-prefeito esclarece que também é vítima da política de atraso salarial, e, atualmente, está com sete meses de atraso em seu salário. Ainda, o vice-prefeito Erasminho Dias esclarece que jamais procurou ou foi procurado pela atual gestora, Conceição Tavares, para qualquer tipo de negociação. Por último, o vice-prefeito explica que as pesquisas realizadas o colocam numa posição de preferência do povo de Traipu, e que isso tem causado o desespero de ex-gestores, plenamente rejeitados pela maioria da população de Traipu.

Nota de Esclarecimento

O presidente da Câmara de Vereadores de Traipu, Valter da Farmácia, esclarece que de forma democrática e respeitosa foi procurado pelos vereadores do grupo de sustentação da prefeita e que o objetivo foi melhorar as boas relações institucionais que já são mantidas no dia a dia da instituição.

Vai fechar

A Prefeitura de Arapiraca emitiu ontem uma Nota Oficial com a finalidade de esclarecer alguns pontos relacionados à atividade de abate e comercialização de animais no município, cujo antigo matadouro será fechado por determinação do MP. Diz a nota: “Atendendo a uma determinação do Ministério Público e demais órgãos de controle sanitário e ambiental, como a Adeal e o IMA, promoveu a operacionalização privada do matadouro frigorífico, pois a atividade não é de caráter público e não cabe mais à prefeitura investir ou subsidiar essa atividade”.

Licitação

“A Frigovale Alagoas é uma empresa privada, que venceu processo de licitação para a concessão do espaço para a atividade que inclui a prestação de serviço de abate e a comercialização dos subprodutos”. “Entendendo que a nova dinâmica para o abate de animais para consumo numa empresa licenciada, destinada a essa operação, envolveria custos maiores para os produtores, a Prefeitura de Arapiraca tomou todas as providências possíveis para auxiliar os pequenos marchantes e fateiras, como a manutenção dos serviços de transporte e as diligências junto à Frigovale, para reduzir na medida do possível os custos dos produtos a serem adquiridos no frigorífico”.

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ABCDO INTERIOR

robertobaiabarros@hotmail.com

Antigo matadouro

Na nota oficial a prefeitura assegura que “é de responsabilidade do município zelar pelo cumprimento das normas e atender às determinações legais nas esferas social, sanitária, ambiental e trabalhista nessa atividade”. “Nesse sentido, as atividades de abate que ocorrem no antigo matadouro público de Arapiraca deverão acontecer somente até o dia 18 de janeiro de 2016, data em que esse estabelecimento será definitivamente fechado, conforme determina o Ministério Público e orientam os demais órgãos de controle”.

Frigovale

A Prefeitura de Arapiraca também informou que a empresa Frigovale irá retomar suas atividades a partir do dia 20 de janeiro de 2016, dentro das condições já estabelecidas no contrato.

ASA de Arapiraca

Com assessoria: Com trabalhos de fortalecimento muscular realizados na academia Better Life na manhã de quarta-feira (13), o elenco da Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA) continua com a sua rotina de treinamentos durante toda esta pré-temporada.

No ritmo

Elevando a carga e colocando os jogadores em um ritmo intenso, o preparador físico Serginho Brasília tem cobrado bastante para que os atletas alvinegros cheguem ao Campeonato Alagoano voando. No período da tarde, o técnico Vica e o seu auxiliar Rúben Furtenbach fizeram treinamentos técnicos e táticos no gramado do Estádio Municipal Coaracy da Mata Fonseca, exigindo das jogadas individuais e nos posicionamentos táticos da equipe. Os destaques desta tarde ficaram por conta dos atletas Rafael, Bruno Souto e Eninho.

PELO INTERIOR ... A cidade de Arapiraca está organizando uma grande festa para receber, no próximo mês de maio, a passagem da Tocha Olímpica.

ao K1, uma tarifa paga pelos agricultores pela implantação da infraestrutura de irrigação de uso comum.

... Segundo o que foi revelado na reunião ocorrida na manhã de quarta-feira (13), a Tocha estará na cidade na última semana de maio.

... O prazo de renegociação se encerra em 2 de fevereiro de 2016 e aqueles que não procurarem a Codevasf poderão ter as dívidas executadas na Justiça, correndo o risco de ter o fornecimento de água suspenso e o lote retomado pela Codevasf.

... O encontro para definir os detalhes do evento aconteceu na sala de reuniões do Centro Administrativo Municipal. ... Os trabalhos foram coordenados pela secretária de Planejamento, Cícera Pinheiro, que reafirmou o compromisso da gestão da prefeita Célia Rocha em fazer um grande evento em Arapiraca. ... A reunião contou com a presença dos gerentes regionais do Comitê Organizador da Passagem da Tocha Olímpica, Rian Maia e Filippo Faria, além das secretárias de Cultura e Turismo, Tânia Santos; Esportes e Lazer; de Indústria e Comércio e Serviços, Myrka Lúcio, bem como de representantes da Secretaria de Educação e de outros órgãos da prefeitura, 3º Batalhão Militar, Corpo de Bombeiros, SMTT, e de escolas particulares de Arapiraca. ... Os agricultores irrigantes dos perímetros irrigados do Boacica, em Igreja Nova (AL), e do Itiúba, em Porto Real do Colégio (AL), têm agora uma chance de renegociar junto à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) seus débitos referentes

... “Essa é uma tarifa que representa uma contraprestação do produtor pelos investimentos realizados pela Codevasf para a infraestrutura de irrigação de uso comum do perímetro irrigado”, informa Roberto Machado, chefe do Setor de Cobrança da Codevasf em Alagoas. Ele explica que em 2002 o Ministério da Integração Nacional extinguiu a cobrança da tarifa de água K1 para agricultores irrigantes com lotes em perímetros públicos de irrigação de Alagoas e Sergipe e que os débitos em negociação se referem a dívidas geradas antes da extinção da tarifa. ... “O que havia de débito de K1 até junho de 2002 deveria ter sido pago pelo agricultor. Muitos já quitaram seus débitos de K1 e hoje não há mais a cobrança dessa tarifa para esses lotes. Em contrapartida, outros lotes ainda possuem valores a vencer, pois mesmo não havendo mais a cobrança desde 2002, esses débitos foram renegociados”, diz Machado. ... Aos nossos leitores desejamos um excelente fi-


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REPÓRTER ECONÔMICO

JAIR PIMENTEL jornalista.jairpimentel@gmail.com

Cortando gastos Siga seu orçamento como se fosse uma empresa: minimizando as despesas e aumentando o lucro, no caso, reduzir o que se gasta com os serviços pagos e inadiáveis: energia, água, gás, telefone, combustíveis e demais despesas do dia a dia; pagando em dia, evita juros e multas. Se tem cartão de crédito, pague o valor total da fatura, jamais amortizando. O mesmo vale para o cheque especial. Usou, pagou no prazo certo. Vá adiando as compras de bens duráveis (eletroeletrônicos) até receber o seu décimo terceiro salário, não se seduzindo pelas promoções e facilidades de prazo de pagamento. Tudo isso embute juros, que são elevadíssimos.

A crise

“Caindo na real”

O

ano que se inicia será de mais aperto financeiro que o que terminou há duas semanas. Portanto, caia na real, com disciplina, responsabilidade, sabendo dar valor ao dinheiro que recebe dignamente e economizando ao máximo, evitando as facilidades do crédito, que só trazem prejuízos incalculáveis e chegando até mesmo a se tornar impagáveis devido aos juros e multas. Siga o orçamento ja divulgado na coluna, com receita e despesa, anotando tudo que entra e sai e vá fechando o balancete a cada final de mês. Não adianta reclamar que os preços de alimentos, material de limpeza e higiene estão aumentando constantemente. Vá à luta: pesquise! Não compre apenas em um local, procure ver os outros e quando encontrar um com preços mais acessíveis para o seu bolso, fique nele. Leve a lista de compras, seguindo à risca, e guardando a nota do caixa para conferir em casa com a anterior. Anote tudo, até mesmo o pão de cada dia. Procure manter pelo menos 10% de seu salário para uma reserva financeira, que pode ser a caderneta de poupança ou mesmo deixar guardado em casa.

Três brasilianistas dos Estados Unidos e Reino Unido deram sua opinião sobre a crise que o Brasil vem atravessando: Bárbara Weinstein, professora da Universidade de Nova York, afirma: “Existe, no Brasil, a combinação de duas coisas: uma ideia enraizada de que se deve fazer o possível para conseguir obter sua posição de privilégio e uma sociedade que não se vê capaz de colocar um freio nessa situação”. O historiador britânico Kenneth Maxwell, fundador do programa de estudos brasileiros da Universidade de Harvard, diz que o Brasil falhou ao tentar buscar um papel internacional efetivo nos últimos anos, e agora sofre as consequências de uma crise internacional sobre a qual não tem controle. E mais: “O PT não inventou a corrupção no Brasil, pois ela é bipartidária”. Já Anthony Pereira, diretor do Brazil Institute do King’s College, em Londres, afirma que “a nova classe média formada no Brasil nos últimos anos sentirá forte impacto na atual crise econômica, mas os avanços sociais recentes serão difíceis de reverter”, argumentando ainda que o Brasil não deixará de ser um país grande e importante por causa de alguns anos de recessão.


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FERNANDO Tenório

CRÔNICA

Médico formado pela Ufal, é alagoano de Maribondo e tem 26 anos. Residente em Psiquiatria no Hospital Philippe Pinel, no Rio de Janeiro, é autor do livro A Responsabilidade dos Olhos, lançado pela Editora Viva em 2014.

fernandoatn@hotmail.com

Meu caro amigo

–A

qui tem um apartamento para alugar? - Tem sim respondeu um senhor de baixa estatura, muito pela curvatura de suas costas, e bigode de policial americano . Ali, naquele instante, findara a minha busca por um lar no Rio de Janeiro. O homem, que se chamava Reginaldo, disse ter gostado do meu sotaque, pois era cearense, considerando-se meu conterrâneo; saindo pelo edifício Kennedy em bus-

Posso dizer que ele era meu melhor amigo no Rio de Janeiro, ainda que nunca tenha ido beber uma cerveja comigo. ca dos três apartamentos vagos. Ele, que não possuía a beleza como um dos seus fortes, saiu arrastando os pés, e foi logo dizendo: - O 416 é melhor. O dono é mais tranquilo para você convencer a não pedir fiador do Rio de Janeiro. Na mudança, lá estava ele,

ajudando na troca da luz, com a pia do banheiro, solidificando uma amizade com gestos e poucas palavras. Na solidão de quem pouco conhece a cidade, eu descia para a portaria do meu prédio e podia contar com Reginaldo. O chefe dos porteiros, como gostava de se apresentar, foi me apresentando a cada morador, revelando também os segredos mais íntimos deles. Com o avançar do tempo, conheci várias pessoas na cidade maravilhosa e o ato de descer para portaria já não era um exercício de combate à carência. Eu avançava para lá visando a jogatina de dominó, as fofocas do dia e as músicas nordestinas entoadas pelo rádio de Reginaldo. Certa feita, ouvimos CSA x CRB, o clássico das multidões em Alagoas, pelo meu computador. O homem sabia do meu amor pelo time azul e vibrava a cada lance, reclamava da falta de gana dos volantes azulinos, idealizando naquele instantes tantas coisas que nem sei imaginar. O amigo demonstrara ali o quanto minha felicidade significava

para ele. Com o avançar da amizade, descobri muito sobre o porteiro chefe. O cearense tinha verdadeira devoção por Paquetá, reclamava dos gastos exagerados da mulher, da falta de empenho do filho na hora de estudar, dos irmãos que não gostavam do trabalho, da mãe que o abandonara com dois anos, do pai que nunca conheceu. Sua vó, essa sim, era uma figura santificada, com direito a uma foto da missa de sétima dia na carteira do meu amigo. Posso dizer que ele era meu melhor amigo no Rio de Janeiro, ainda que nunca tenha ido beber uma cerveja comigo. Por falar em cerveja, um dia exagerei na dose e passei pela portaria antes de subir para casa. O amigo me olhou repreendendo e no dia seguinte me chamou para uma conversa dura. O porteiro não queria que ninguém falasse de mim, afinal, segundo ele, eu tinha uma reputação a zelar. O tempo avançou ainda mais, e o apartamento com vinte e dois metros quadrados já não conseguia guardar os meus sonhos. Resolvi me mudar,

e Reginaldo ajudou a embalar as coisas todas, carregar tudo para fora e embarcar no carro. Quando eu quis pagar a ajuda, ele disse: - Amizade não se compra, não se paga. Aparece aí quando puder, as pessoas vão sentir sua falta. Pela primeira vez e última vez nos abraçamos. Eu segui meu caminho, mas sempre passava por lá quando ia para análise. O camarada trazia doce de mamão ou de laranja e passávamos o fim de tarde “palestrando”, como ele bem definia. Ontem, mesmo sem ter análise, decidi ir para Rua Santa Clara. Adentrei o número 98 e perguntei por meu amigo. Um certo constrangimento daqui, um olhar desajeitado aqui e uma sentença feroz, dura: - Ele morreu. Teve um ataque do coração e morreu dormindo. Saí desnorteado pela rua, ouvindo que o enterro havia sido segunda-feira. Saí desnorteado pelo Rio de Janeiro, sem ter com quem verdadeiramente contar. Saí desnorteado pela vida, por ter perdido um grande amigo.


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