Edicao858

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LITORAL NORTE

SÃO MIGUEL DOS MILAGRES ENTRA NA ROTA DO TURISMO NACIONAL P/18

extra AOS LEITORES O jornal EXTRA voltará a circular dia 19 de fevereiro

MACEIÓ - ALAGOAS ANO XVII - Nº 858 - 05 A 18 DE FEVEREIRO DE 2016

BAFÔMETRO

DETRAN ALERTA: SEMANA DO CARNAVAL TERÁ LEI SECA EM TODO O ESTADO P/ 11

www.novoextra.com.br

R 3,00

REI DA CLONAGEM

BANDIDO FOGE DE ALAGOAS COM SALVO-CONDUTO DO TJ E DÁ NOVO GOLPE NO ESPÍRITO SANTO P/ 6

RETRATO DE ALAGOAS Reduto dos Ferro, Minador vive entre a miséria e a violência P/ 9

DESCASO Antiga sede do TCU é abandonada em ruínas na praia do Sobral P/ 8


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MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 18 DE FEVEREIRO DE 2016

O desserviço das OS

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contratação das chamadas Organizações Sociais (OSs) - para administrar o setor da saúde pública em Alagoas - tem tudo para ser um tiro no pé do governador e mais um descaso contra a sofrida população. Não que todas as entidades sem fins lucrativos pratiquem “pilantropia”, mas essas empresas privadas, também conhecidas como ONGs, em sua maioria, terminam envolvidas em desvios de recursos públicos, denúncias de superfaturamento e outros atos de corrupção. Um péssimo exemplo – na área da saúde - é o Hospital Regional de Santana do Ipanema, administrado pelo Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde (Ipas), que recebe em torno de R$ 7 milhões por mês, mas presta um desserviço à população sertaneja e afronta os órgãos de fiscalização. Se é que eles existem. O hospital dispõe de um moderno tomógrafo, mas por falta de um radiologista, a leitura dos exames é feita em Arapiraca, com grave prejuízo para os pacientes. E tem mais: o Ipas só atende pacientes cuja patologia não seja onerosa para o hospital. Nesses casos, os pacientes são enviados para Arapiraca e Palmeira dos Índios, sobrecarregando esses hospitais. Dirigido pelo médico André Seabra, o Ipas enfrenta vários processos judiciais por exploração de trabalhadores, assédio moral e outros desmandos. Além de comandar o hospital de Santana, Seabra é diretor da UPA de Palmeira dos Índios, presidente do conselho da Frigovale e ainda é médico do Estado. Termina correndo o risco de juntar hospitais com matadouro e confundir vidas humanas com abate de animais.

Frase “Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem”. Bertolt Brecht

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

Caçador de corruptos A revista norte-americana Americas Quarterly transformou o juiz Sérgio Moro em “caçador de corruptos”. À frente da operação Lava Jato, Moro ganhou destaque de capa na última edição da publicação ao lado de outros quatro personagens que, de acordo com o impresso, formam a equipe de “caçadores de corruptos” na América Latina. O juiz brasileiro desarticulou um esquema de corrupção, onde foi desviado mais de US$ 3 bilhões da empresa estatal de petróleo. O petrolão, como ficou conhecido o maior escândalo de corrupção história da República, foi armado durante os governos do PT com o objetivo de financiar campanhas políticas e enriquecer bandidos do colarinho-branco.

Deu na Veja A coluna Radar, da Veja, disse que os “investigadores que atuam na Lava Jato apostam que a apuração sobre a rede de offshores criada pela empresa Mossack Fonseca deve dar origem a uma nova operação, complexa e com potencial de se tornar gigante”. A operação, segundo eles, “tende a ser desmembrada da Lava Jato”. A melhor notícia, porém, é outra: “Diante da nova frente que se abre, a força-tarefa não arrisca um prognóstico sobre o fim da Lava Jato, que já dura dois anos”. A Lava Jato nunca vai acabar. (O Antagonista)

TC e Carnaval

O governo não governa Dilma Rousseff, na primeira votação do ano, foi derrotada na Câmara dos Deputados. Os números dessa derrota, divulgados por Andréia Sadi, da Globo-news, são impressionantes. Houve uma debandada dos partidos da base aliada. No PP, ela perdeu por 21 deputados a 5. No PR, ela perdeu por 18 deputados a 10. No PTB, ela perdeu por 15 deputados a 3. No PSD, a derrota foi ainda mais humilhante: 22 deputados a 1. Só no PMDB houve um empate: 21 deputados contra a MP do governo e 19 a favor. O governo não governa. (Diogo Mainard)

Considerando a orientação dada aos prefeitos dos municípios alagoanos em 2015, para evitar gastos com festividades populares, o presidente do Tribunal de Contas do Estado, conselheiro Otávio Lessa, ratifica essa orientação, para que os gestores não realizem ou patrocinem festejos carnavalescos em seus municípios, em detrimento da situação financeira de suas administrações, especialmente daqueles que foram enquadrados no Decreto de Emergência. Vale lembrar que, neste mês de fevereiro, o TC iniciará as auditorias nos municípios alagoanos.

União 1

As denúncias do Ministério Público Estadual (MPE) indicando irregularidades na contratação e pagamento da ordem de R$ 840 mil ao Centro de Diagnóstico Laboratorial de União de União (CEDLAB), de propriedade da primeira-dama do município, Conceição Baía, foram confirmadas pela Controladoria Geral da União (CGU).

União 2

Com 91 páginas, o relatório preliminar da CGU apresenta uma série de denúncias que comprometem a gestão do prefeito Beto Baía (PSD), afastado do cargo por duas vezes, acusado de improbidade administrativa. A fiscalização da CGU foi realizada entre os dias 1 e 13 de março de 2015. Os técnicos se concentraram, apenas, na aplicação dos recursos federais descentralizados, destinados ao município. De acordo com o relatório, as secretarias de Educação e Saúde foram as mais castigadas com a falta de zelo do dinheiro público.

Demitido

A Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri) exonerou o servidor Nedson Ramon Santos Morais, detido na manhã desta quinta-feira (4), no Tabuleiro do Martins, por embriaguez ao volante.Ele ocupava desde setembro de 2015 o cargo em comissão de assessor técnico de execução de projetos sociais e exercia funções no Programa do Leite.

EDITORA NOVO EXTRA LTDA - CNPJ: 04246456/0001-97 Av. Aspirante Alberto Melo da Costa - Ed. Wall Street Empresarial Center, 796, sala 26 - Poço - MACEIÓ - AL - CEP: 57.000-580

EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

CONSELHO EDITORIAL

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JORGE OLIVEIRA

Lula e a eleição no céu

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aceió - Os evangélicos cortaram definitivamente as relações com Lula. Estão chocados com as declarações do ex-presidente de que é mais honesto do que a igreja deles. O pastor Silas Malafaia, líder espi-ritual de milhares de crentes, foi o primeiro a esbravejar na rede social: “Piada! Lula roubou o discurso de Paulo Maluf. ‘Não existe gente mais honesta que eu’. Vai ser cínico lá no raio que o parta, um palhaço mentiroso”. Lula continua insistindo que é honesto. Se diz o homem mais honesto do mundo. Mais do que Deus, que o papa, que a Justiça e que as igrejas pentecostal e católica. É mais honesto do que Zé Dirceu, Delcídio, Vaccari, Delúbio e Vargas, a sua tropa de choque que está na cadeia. Lula se mostra também um homem sem impurezas, de alma honesta. Nem o papa é tão honesto quanto ele. É possível que a essa altura Lula já tenha desistido de uma provável campanha presidencial em 2018 para fazer um intensivão e virar santo. É um curso rápido para chegar lá em cima com a possibilidade de substituir Deus com as credenciais de ter sido, na terra, o homem mais honesto, o grande benfeitor da humanidade, um homem sem mácula. É bem provável que não passe nem pelo purgatório, um departamento intermediário que limpa os pecados depois de interrogar o candidato a uma vaga no céu. Lula, a estrela maior da honestidade, não passará pela triagem obrigatória, vai direto ao encontro de Deus, a quem dirá cara a cara ser pretendente ao seu trono. Na terra negou tudo, não existiu. Diante de Deus é capaz de dizer que foi o melhor presidente do Brasil. E negar que é dono de um tríplex no Guarujá, que não conhece o presidente da OAS. Negar que ele reformou seu apartamento na beira da praia e um sítio no interior de São Paulo. Que não conhece Zé Dirceu e os diretores da Petrobras. Que não ficou rico – fortuna comprovada de 53 milhões de reais, segundo o Fisco -, e que, por fim, nunca foi sindicalista. Com essa plataforma de campanha tentará mudar o quadro político lá de cima, convertendo os aliados de Deus em opositores. Lula vai organizar no céu um partido que represente os petistas honestos que um dia subirão já redimidos dos pecados que cometeram aqui na terra. Mas só ingressa nessa nova agremiação quem for, compro-vadamente, honesto como ele, uma missão quase impossível, mas que ele promete cumprir.

Oposição

No entanto, diante das injúrias contra os evangélicos, certamente terá uma oposição aguerrida para barrar suas pretensões de virar Deus, a julgar pelas críticas também do líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Sóstenes Cavalcante, deputado federal: “Lula diz que não tem ninguém mais honesto que ele, até o diabo ficou revoltado com ele, otário falastrão, cínico. Os tempos mudaram. As pessoas não são mais desinformadas. Sabem que essa é uma estratégia sua para se descolar do PT, que é um partido de ladrões. Ladrões condenados pelo STF”.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Convencimento

Como se vê, Lula terá sérios problemas para convencer esse exército evangélico que se diz representante de Deus na terra, de que teria sido o homem mais honesto do universo. E, com essa proposta de honestidade, derrubar o Homem lá de cima.

Improviso

Certa vez, o então ministro das Minas e Energia, Cesar Cals, me confidenciou que o governo brasileiro vive de improviso. Ao anunciar o recolhimento dos carros com mais de dez anos de uso como uma das medidas para racionar energia na crise entre as décadas de 1970/80, ele foi chamado pelo presidente João Batista Figueiredo para ser repreendido. A medida, segundo o general, era impopular e, portanto, negativa ao governo. A decisão de Cals não prosperou e os carros velhos continuaram a rodar por esse país afora consumindo mais combustíveis pela desregulagem do motor.

Confissão

O ministro me confessou que a medida surgiu depois de uma conversa com amigos e alguns goles de uísque na Península dos Ministros, onde residia em Brasília. Não foi gerada por nenhum estudo técnico nem baseada em dados que comprovassem a eficácia da economia de combustível. Além disso, lembraria ele, não existiria espaço para estocar tantos carros e logística para mantê-los guardados. Na época, publiquei a matéria no Jornal do Brasil resguardando a fonte.

No gogó

Nada mudou de lá pra cá. Nessa coisa de improviso não existe diferença entre governo ditador e democrático. Em Brasília, tudo é feito ainda na base do improviso. Não há, por exemplo, quem me convença de que essa liberação de 83 bilhões de reais para incentivar o consumo não trilhou o mesmo caminho de uma reuniãozinha movida a uísque. Se a decisão tivesse sido amadurecida por economistas sérios, discutida a sua eficácia e a importância dos seus benefícios, evidentemente que o ex-ministro Joaquim Levy a teria usado para sair do sufoco.

Mágicos

Não precisa ser nenhum gênio em economia para constatar que, mais uma vez, o governo da Dilma trabalha atabalhoadamente. E o seu atual ministro da Fazenda, forjado dentro do Instituto Lula, pensa como o Cesar Cals. Sacou da cartola a solução mágica para tirar a economia do limbo usando o FGTS do trabalhador para estimular o consumo. É mais uma maldade contra os trabalhadores.

Trabalhador

Em vez de reduzir os gastos e procurar outras alternativas para desenvolver o país gerando renda e emprego, a Dilma incentiva o trabalhador a entregar o FGTS aos bancos como garantia de empréstimos. Ora, depois da elasticidade dos créditos para compra de carros e a autorização dos empréstimos também consignados aos aposentados, levando-os à falência, o governo quer agora entregar o cofrinho do trabalhador aos bancos. Quem não lembra, por exemplo, do desastre que foi a compra das ações da Petrobras com o dinheiro do FGTS?

Os gatos

O trabalhador, que vem sofrendo com a recessão econômica, não vai pensar duas vezes para penhorar seu fundo de garantia nos bancos. E, com essa medida, como sempre acontece, os banqueiros vão reforçar o caixa sem o medo de perder o dinheiro emprestado a juros de mercado, um dos mais altos do mundo.

Cofrinho

Na verdade, essas coisas só acontecem em um governo biruta como o da Dilma, que não planeja o país para tirá-lo do buraco. Continua gastando desenfreadamente como se estivesse nadando em dinheiro. Mantém ministros incompetentes nos cargos, como o da Saúde, para agradar aos partidos e evitar o impeachment. E vive gastando milhões de reais em roupas, viagens e boas comidas para se manter elegante e bem alimentada com o dinheiro do trabalhador, o mesmo dinheiro no qual ela agora – em nome do crescimento – vai meter a mão.

Uma fria

E como alegria de pobre dura pouco, mais cedo ou mais tarde o trabalhador, endividado, vai perceber que entrou, mais uma vez, no conto do vigário para melhorar o ranking dos bancos brasileiros, os mais lucrativos do mundo. A teoria de Cals de que tudo em Brasília se faz no improviso continua valendo. Infelizmente, para desespero dos brasileiros.

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GABRIEL MOUSINHO

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Malas pretas

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tempo de Carnaval e também de prognósticos e acertos para as próximas eleições, onde serão escolhidos prefeitos e vereadores. Com as novas regras eleitorais aprovadas pelo Congresso Nacional, não se vai permitir certos tipos de financiamentos de campanha, mas os candidatos, sempre eles, são espertos demais. O Ministério Público e a própria Justiça Eleitoral estão alertas para as chamadas malas pretas que sempre tiveram em alta na campanha eleitoral. E ninguém se engane que não será diferente este ano. O dinheiro já corre solto principalmente no interior do Estado e vai ser difícil, muito difícil, se botar a mão nesses contumazes compradores de votos. E a Justiça sabe disso, porque dinheiro não fala e os acordos são feitos nas caladas da noite. A compra de votos, intermediados por cabos eleitorais já com PhD no assunto, dificilmente será evitada pelos órgãos fiscalizadores, mas as autoridades já devem ir monitorando os grandes saques de dinheiro feitos ao longo dos meses, para garantir como sempre as eleições daqueles que estão acostumando com essa prática ilegal.

Sem largar o osso Os municípios, principalmente os do interior, estão praticamente falidos, sem dinheiro para cumprir as mínimas obrigações que é de manter o pagamento em dia do funcionalismo. Mas mesmo assim, sabendo das dificuldades existentes, muitos não querem largar o osso. É como tivessem uma fórmula mágica de resolver os problemas do município, com olho no seu quinhão.

Os riscos dos cargos A ganância pelo poder cega muitos postulantes aos cargos de prefeito. Mesmo sabendo que de uma hora para outra podem sair algemados da prefeitura, alguns candidatos não estão nem aí.

Reviravolta por aí O governador Renan Filho está com um problemão para resolver nos próximos dias: substituir ou não o diretor do Detran, Antônio Carlos Gouveia, que até então tem pautado a sua administração dentro dos padrões da moralidade e de um trabalho permanente em defesa da população. Mas o deputado Olavo Calheiros, como disse o jornalista Ricardo Mota, quer o cargo. E um pedido de Olavo é certo que dificilmente Renan Filho não atenderia. Poderia até não atender ao pai.

O escolhido Luciano Júnior é o nome que poderá substituir o atual diretor do Detran, mas o governador está entre a cruz e a espada para tomar uma decisão, quando já anunciou que fará substituições no seu secretariado. Será que Gouveia aceitaria uma secretaria? Parece que este não é o seu desejo.

Custou caro A mordida dada por Dudu Hollanda na orelha do ex-vereador Paulo Corintho, está custando muito caro ao deputado. Mesmo que ele ainda possa recorrer da sentença, o Tribunal de Justiça foi implacável: mais de três anos de reclusão. Como ele goza de imunidade parlamentar e tem outras instâncias para recorrer, a condenação pode durar muito tempo para ser efetivada.

gabrielmousinho@bol.com.br

Pesquisa generosa

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Ninguém sabe até agora onde o Instituto Paraná fez pesquisa em Alagoas, mostrando que Renan Filho foi o governador mais bem avaliado do Brasil. A dúvida é porque para um Estado onde mais de 6.600 empresas fecharam as portas em 2015, com milhares de desempregados, é um fato inusitado.

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O Instituto, que deve ter muita credibilidade em nível nacional, precisava esclarecer alguns pontos ainda obscuros, como por exemplo, mostrar onde a pesquisa foi aplicada, quais foram os dias e o mês, quais os municípios, quantas pessoas foram entrevistadas e naturalmente os critérios adotados.

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Numa situação de crise extrema onde o desemprego campeia e as dificuldades aumentam consideravelmente, ser o governador Renan Filho o mais bem avaliado do Brasil, é acreditar no conto da Carochinha. Se em outras pesquisas ele tiver o mesmo desempenho a que o Instituto chegou, pronto: já temos um candidato em potencial para presidente.

A crise é grave Um levantamento feito pela Junta Comercial mostra que o ano de 2015 foi pior do que o ano anterior. Nada menos de que 2 mil e 606 empresas fecharam suas portas, 1 mil e 700 a mais do que no ano anterior. Para 2016 a perspectiva não é nada boa.

Jeitinho O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Luiz Dantas, não desiste. Mesmo sabendo que a hora é de aperto e que o duodécimo do poder legislativa pode sofrer cortes, acredita que numa conversa se chegará a um denominador comum. O Ministério Público, o Tribunal de Contas e o Tribunal de Justiça também estão na mira do governador Renan Filho.

A crise é grande A crise chegou mesmo até no Hospital Geral do Estado. A deficiência no abastecimento de alimentação e medicamentos assustam, além da população, os próprios servidores da instituição. Nas últimas semanas faltava, fraldas e até o leite para crianças. Um desespero para quem só pode procurar o principal hospital do Estado.

Fazendo força O governo vai fazer de tudo para avançar com a duplicação da rodovia até Barra de Santo Antônio. Pelo menos nos primeiros cinco quilômetros. O objetivo é mostrar a eficiência do Estado e consequentemente do secretário Mozart Amaral, único do PMDB com alguma possibilidade de disputar a prefeitura de Maceió.

Vai à luta O deputado federal Cícero Almeida tem dito publicamente que disputará de qualquer jeito a prefeitura de Maceió. Ele gostou da experiência, ao contrário de sua atuação na Câmara que foi apagada no seu primeiro ano de mandato.

Vai com tudo Marx Beltrão alimenta a esperança de fazer uma dobradinha com o senador Renan Calheiros para sair candidato ao Senado Federal. Ele tem investido nas quatro regiões do Estado e tem garantido aos amigos que Biu de Lira nem Téo Vilela são páreos para ele.

Bom desempenho Se não foi primorosa, a Câmara Municipal de Maceió fez o dever de casa no ano que passou. Discutiu projetos, ajudou o prefeito Rui Palmeira a concretizar ações e por cima o presidente Kelmann Vieira mandou todo mundo assinar ponto, se é que resolveu o problema.

Na mídia O governador Renan Filho tem demonstrado que seu objetivo político é voo mais alto na política brasileira. Mesmo com algumas medidas consideradas amargas, principalmente para o funcionalismo público, Renan pulou e brincou na avenida durante a apresentação do bloco Pinto da Madrugada.

Devagar O projeto do governador do Estado de sacrificar alguns auxiliares que não obtiveram nota na sua escolinha parece que esfriou. Ele não tem tocado no assunto nos últimos dias, o que deixaria muita gente constrangida.

Radares em Maceió A instalação de radares em várias avenidas de Maceió que deverão entrar em funcionamento até o final de fevereiro foi uma medida correta da Prefeitura de Maceió. Além de disciplinar os corredores de Fórmula 1, evitará também que os agentes da SMTT interpretem diferente se o usuário cometeu ou não uma infração de trânsito.


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Estelionatário foge de Alagoas com salvo-conduto do TJ

REI DA CLONAGEM

DESEMBARGADOR WASHINGTON LUIZ CONCEDEU BENEFÍCIO A LEONARDO BYERNES DURANTE PLANTÃO DE FINAL DE SEMANA

Foto: Portal 27

REDAÇÃO

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onhecido pela polícia como “Rei da Clonagem”, Leonardo Byernes Carvalho Gonçalves, 32, detido no estado do Espírito Santo na semana passada, deveria estar preso em Alagoas desde o dia 7 de agosto de 2015 por tentativa de estelionato, furto e resistência. Mas, dia 10 de agosto, três dias após ser preso pela terceira vez, foi liberado após pagar fiança. Como Leonardo respondia a outro processo criminal, no dia 13 de agosto o Ministério Público pediu sua prisão preventiva, que não pode ser deferida pelo juiz do processo em virtude de um salvo-conduto, concedido a fim de “preservar seu direito de ir e vir”, sob os argumentos de bons antecedentes, residência fixa. O salvo-conduto foi emitido liminarmente no habeas corpus nº 0803181-23.2015.8.02.00 em favor de Leonardo Byernes e que foi impetrado dia 16 de agosto de 2015, durante plantão judiciário de final de semana, contrário a ato do juiz da 4ª Vara Criminal da Capital. Em sua decisão, o presidente do TJ, desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas, afirma que entendeu como “necessária a concessão da ordem, expedindo-se o competente salvo-conduto a Leonardo Byernes, a fim de preservar o seu status libertatis, (estado de liberdade) salvo se por outro motivo for preso, para que possa contribuir com as investigações sem que o seu direito de ir e vir seja tolhido”. E mais

adiante, reafirmou que a medida foi tomada para “impedir que (Leonardo) venha a ser preso, preservando-lhe prejuízos irreparáveis”. A 27 de janeiro de 2016, a liminar foi ratificada pelo relator-desembargador José Carlos Malta Marques e, no julgamento do mérito, por unanimidade de votos, a Câmara Criminal, em sessão ordinária, concedeu em definitivo o habeas corpus a Leonardo Byernes. Na ocasião, o procurador de Justiça Antônio Arecipo de Barros Teixeira Neto usou da palavra “pugnando pela denegação da ordem impetrada, cassando-se a liminar deferida, sob argumentos trazidos na sustentação”. Na decisão de mérito, acompanharam o voto do relator os desembargadores Otávio Leão Praxedes, João Luiz Azevedo Lessa e Sebastião Costa Filho. Outro fato que chama a atenção é que Leonardo responde a um processo de estelionato (nº 0001117712014.8.02.0012) na Comarca de Girau do Ponciono, mas estranhamente o processo estagnou. Em consulta feita por meio eletrônico, a reportagem do EXTRA detectou que a última informação, com data de 28/07/2014, é de que “não há incidentes, ações incidentes, recursos ou execuções de sentenças veiculados a este processo”. E nem tão pouco audiência. FICHA CRIMINAL Byernes é velho conhecido da polícia alagoana. Natural de Pão de Açúcar, sertão de

Leonardo escapou da prisão em Alagoas graças ao salvo-conduto concedido por Washington Luiz, mas foi pego no Espírito Santo

Alagoas, e residente em Maceió há muitos anos, essa é a quarta vez que o estelionatário vai parar atrás das grades. A primeira prisão foi em 2013. À época, ele já usava diversos nomes de vítimas em cartões e cheques que ele mesmo clonava. Na ocasião, a polícia apreendeu a impressora e as máquinas eletrônicas que clonavam os cartões e cheques. De acordo com informações da polícia na época, o próprio pai do acusado, ao ser informado da ação policial, levou os PMs à residência do filho. Em 2014 o rei da clonagem estava livre para aplicar novos golpes, mas foi preso por homicídio, crime pelo foi absolvido meses depois. Na época, a polícia encontrou com o acusado cerca de 300 cartões clonados, documentos falsos, cheques falsificados e maquinetas de fazer cartões. Ainda foram encontrados cartões de várias bandeiras, inclusive internacionais, além de um pequeno

laboratório com materiais usados para confeccionar os cartões. Parece que Leonardo sente atração por estar atrás das grades. Em agosto de 2015 foi detido pela terceira vez ao tentar fazer compra com cartão falso em uma joalheria no bairro de Mangabeiras, Maceió. Ele estava com R$ 34 mil, além de 12 cartões de crédito de diversas bandeiras. Visado em sua terra natal, Leonardo resolveu fazer novas vítimas na Região Sudeste. Mas ao ser preso no Espírito Santo, o estudante de Direito falou à polícia que estava cansado da malandragem e pretendia parar de aplicar golpes. O CRIME EM TERRAS CAPIXABAS Leonardo Byernes Carvalho Gonçalves, conhecido como Rei da Clonagem, foi preso no último dia 28 (um dia após a decisão da Câmara Criminal do TJ de Alagoas) em Guara-

pari, Espírito Santo, onde se passava por pessoa de classe média alta. Bem articulado, escondia sua vida do crime e conseguiu ganhar a confiança de suas vítimas. Depois, pedia dinheiro emprestado. Ele também pegava empréstimos em financiadoras com falsas identidades. Segundo informações da polícia capixaba, Leonardo possuía mais de 50 cartões de crédito, uma máquina de clonagem, seis identidades falsas, CPFs falsos, 28 chips de celulares, cinco celulares, dois laptops e diversos objetos e roupas de luxo. De acordo com o site de notícias Portal 27, pelo menos duas pessoas foram vítimas dele em Guarapari. Ambas teriam tido um prejuízo de pelo menos R$ 30 mil.


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Governo reduz investimento em educação básica

FAZENDO AS CONTAS

COM AUMENTO NOS INVESTIMENTOS PARA POLICIAMENTO, RELATÓRIO ASSINADO POR RENAN FILHO INDICA QUEDA NOS REPASSES; EXECUTIVO CRIA METAS ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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úmeros do governo mostram que o primeiro ano da administração Renan Filho (PMDB) priorizou investimentos em policiamento e diminuição de recursos para a educação básica- aquela que pode retirar Alagoas da liderança nacional em analfabetismo. Segundo o relatório resumido de execução orçamentária publicado em janeiro - e assinado por Renan Filho, além de técnicos da área fazendária - os investimentos em policiamento somaram, ano passado, R$ 781 milhões. Em 2014, R$ 732,8 milhões. Aumento de 6,69%. Em educação básica - que engloba os níveis infantil, fundamental e médio - foram R$ 505 milhões ano passado contra R$ 532,3 milhões em 2014. Queda de 5,12%. Nos gastos gerais, a Secretaria de Educação tem uma pequena vantagem em relação à Segurança Pública. Fechou em R$ 1,2 bilhão contra R$ 1,1 bilhão, na Segurança. OUTRO LADO Educação, segundo Renan Filho, é prioridade na administração. Em discurso de posse, em 1 de janeiro de 2015, ele prometeu uma “revolução” na área: “Quero reafirmar que considero a Educação o motor da mudança, o impulso e a alavanca para o grande salto que precisamos dar rumo

ao desenvolvimento econômico e social do Estado. Por isso meu governo não faz por menos: a meta é fazer uma revolução na Educação de Alagoas. Já disse, e repito aqui, que a escola será o principal equipamento público deste Estado nos quatro anos que começam hoje”, disse Renan. Completou, em seguida: “A revolução na Educação em Alagoas, além de ser uma necessidade, é uma oportunidade que a História novamente está nos dando para fazer o Estado dar um salto decisivo – e não podemos perdê-la. Alagoas não pode mais adiar sua entrada na Era do Conhecimento. Já estamos atrasados, temos que correr contra o tempo”. Apesar dos números, o secretário de Educação, Luciano Barbosa, pediu união com os municípios alagoanos para que todas as crianças sejam alfabetizadas até o final do terceiro ano do Ensino Fundamental. Esta é a meta número 5 dos planos nacional e estadual de Educação. “Hoje, 95% do Ensino Fundamental é ofertado pelos municípios. É preciso uma efetiva articulação de todos para alcançarmos esta meta. Vamos realizar um trabalho vigoroso, fazer esta torneira parar de pingar e garantir um mundo melhor para nossas crianças”, disse. Mais de 35%- de acordo com o governo- das crianças estão fora da faixa etária na educação.

Gastos com policiamento ostensivo superaram os investimentos com a educação

CENÁRIO Em 2016, o palco da crise federal continua armado no Palácio República dos Palmares. E após o Carnaval, Renan Filho senta à mesa com o secretariado. A despesa bruta com pessoal cresceu - entre 2014 e 2015 - 13,3% mas a arrecadação do ICMS e do IPVA caiu no mesmo período. O ICMS teve queda de 6,25%. Menos R$ 150,6 milhões nos cofres do Estado; o IPVA caiu 10,5%. Menos R$ 22 milhões. A despesa bruta com pessoal somou, em 2015, R$ 3,437 bilhões. Como o Estado contratou mais, a máquina teve de pagar - em relação a 2014 - mais R$ 341,9 milhões. Pior é a folha de aposentados, que em 2016 vai alcançar a casa do bilhão. Em 2015 fechou em R$ 982,2 milhões.

Quanto ao Fundo de Participação dos Estados (FPE), Alagoas perdeu - entre 2009 e 2015 - R$ 2,5 bilhões. Apenas nos dez primeiros dias deste ano, as finanças públicas de Alagoas - acompanhando o ritmo nacional - perderam R$ 112,2 milhões do FPE- na comparação com o mesmo período do ano passado, que registrou, nos primeiros dez dias de 2015, R$ 153,7 milhões. Queda de 26,99%. Os repasses do FPE representam 40,65% da receita corrente líquida de Alagoas. A análise é feita por Wagner Torres, administrador e com Especialização em Gestão Fazendária na Universidade Federal de Alagoas. E a pressão por aumentos nos salários promete se intensificar depois do Carnaval. O diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Isac Jacson, classificou como

“desaforo” o anúncio de Renan Filho de reajuste zero aos servidores públicos. Segundo ele, mesmo com a crise, os cofres do Estado estão arrecadando mais. “O governo subiu agora o ICMS [Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] de 17% para 18%. Olhe, o governo arrecadou mais. 2014 arrecadou mais do que 2013, 2014 o Renan [Filho] arrecada mais do que 2015. Pago caro a quem provar que ele arrecadou um real a menos, comparado a 2014 e eu não vou comparar em termos de real. Vou comparar em termos percentuais. O percentual de crescimento da economia alagoana nos cofres públicos é maior do que 2014”, disse Isac. Ainda de acordo com ele, o corte de cargos comissionados e a redução na quantidade de secretarias geraram reservas financeiras ao Estado.


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Prédio do TCU é abandonado em ruínas na praia do Sobral

DECADÊNCIA FEITO TODO EM AÇO, EMPREENDIMENTO CUSTOU MAIS DE R$ 1 MILHÃO AO ERÁRIO; NOVA SEDE FUNCIONA NO FAROL JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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ocalizada na Avenida Assis Chateaubriand, no bairro do Prado, em Maceió, uma edificação panorâmica chama atenção de quem passa. Com estrutura metálica, a antiga sede da Secretaria de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU) parece estar largada para ser corroída pela intensa maresia da região. A degradação pode ser vista logo da fachada à passarela já desabada e que daria acesso ao segundo andar. O empreendimento é a futura sede do Distrito Sanitário Indígena de Alagoas (Dsei), que recebeu oficialmente o local no dia 15 de maio do ano passado após transferência realizada pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU). Embora ainda tenha serventia, o prédio parece abandonado. Antigos arquivos e móveis jogados no estacionamento, que dividem espaço com um ônibus da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), enquanto caixas estão empilhadas às vistas de um segurança na recepção de paredes de vidro. A situação em que se encontra o edifício não deixa de ser um descaso com o dinheiro público. Construído em 1998, o empreendimento custou R$ 1.372.000. De acordo com a assessoria de comunicação do TCU, a razão da mudança de sede foram os custeios para preservação do local, pois havia “grande dificuldade de contratação de empresas com qualificação para

tal manutenção de prédio com características específicas”. Apesar de não especificarem o valor, a pasta informou que era de “alto custo”. Em sessão pública do Pregão Eletrônico, o TCU se demonstrou ciente da necessidade de uma manutenção acurada da estrutura externa, como a lavagem das treliças, colunas e áreas expostas à maresia com utilização de hidrojato, durante o período de maior salinidade. Após dezesseis anos de uso, o tribunal enfim mudou de lugar. Inaugurada no dia 11 de dezembro de 2014, a nova sede do TCU, que manteve o nome anterior “Antônio Freitas Cavalcanti”, está localizada na Avenida Dom Antônio Brandão, no bairro do Farol, em frente ao hospital da Unimed. Na inauguração, a solenidade contou com a presença de familiares do ex-ministro alagoano que foi senador, deputado federal e deputado estadual. A obra custou aos cofres públicos a quantia de R$ 4.056.237, valor total do contrato ao final daquele ano. A homenagem foi a pedido da família de Freitas Cavalcanti e atendida pelos dirigentes do TCU. A empresa que ficou responsável pela obra foi a TEC Construções, declarada vencedora da licitação no dia 30 de outubro de 2012. À época, o TCU lavrou em ata que foram detectados diversos itens com valores incompatíveis com os preços do mercado, mas que a Comissão Especial de Licitação considerou tal variação imaterial. Segundo documento acessado pelo EXTRA Alagoas, itens

Marcas do abandono do prédio que custou R$ 1.3 milhão aos cofres públicos são evidentes

mais caros ficaram em torno de 1,26% do valor total global ofertado pela empresa. PROJETOS A representante da Sesai em Alagoas e diretora do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Alagoas/Sergipe, Genilda Leão da Silva, informou que o prédio foi uma doação da União para fortalecer os serviços prestados à comunidade indígena no estado. “Não tem como usar o local devido às condições em que se apresenta, mas estamos na fase de elaboração de um projeto para a construção de um novo prédio e manutenção do terreno”, informou.

Para isso, a pasta enviará as documentações para Brasília para obter a sinalização necessária para a obra. De início, de acordo com Genilda, a ideia é de demolir o antigo prédio. “A estrutura está daquele jeito por falta de manutenção. Existem muitos empreendimentos à beira-mar bem preservados”, disse. Pairam suspeitas sobre a qualidade do material empregado, já vez que existem diversos edifícios com estrutura metálica na orla, que apesar de não estarem livre de oxidação, não precisam passar por constantes restaurações. Atualmente, a Sesai funciona em um prédio nas proxi-

midades do shopping Maceió Center, no bairro Jatiúca. “A doação veio a calhar porque assim nos livraremos do aluguel”, destacou. A secretaria tem dois anos para iniciar a construção no terreno. Os DSEIs são de responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), e foram delimitados a partir de critérios epidemiológicos, geográficos e etnográficos. Cada DSEI possui um conjunto de equipamentos que permite a realização do atendimento de casos simples, ficando as ocorrências de alta complexidade a cargo de hospitais regionais com aparato para remoção dos doentes.


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Mais de 70% dos habitantes de Minador são eleitores

CIDADE DAS INCONGRUÊNCIAS

COM QUASE METADE DA POPULAÇÃO FORMADA POR ANALFABETOS, MUNICÍPIO SOFRE COM RIVALIDADE ENTRE MEMBROS DA FAMÍLIA FERRO VERA ALVES veralvess@gmail.com

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inador do Negrão, município do Agreste alagoano a 169km de Maceió e dominado há décadas pela dividida família Ferro, é também o segundo do país onde quase metade da população é formada por analfabetos: 43,8% dos seus habitantes com mais de 15 anos de idade não sabe ler nem escrever. Paradoxalmente, mais de 70% da população local é eleitora, de acordo com os dados oficiais da Justiça Eleitoral atualizados até dezembro do ano passado. Com 5.425 habitantes, Minador tem oficialmente registrados junto ao Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL) um total de 3.936 eleitores, ou seja, 72,5% de sua população vota. Enquanto isto Maceió, cuja população é de 1.013.773 habitantes, o número oficial de eleitores é de 566.031: 55,83% votantes. Os indicadores sociais revelam que Minador está longe de se libertar dos feudos familiares: entre os 5.570 municípios brasileiros, é o 4.984º no ranking do Índice de Desenvolvimento dos Municípios (IDH-M) que reúne os indicadores sobre qualidade de vida da população, incluindo nível de escolaridade, saúde, trabalho e renda e habitação. Embora nem sempre presente na mídia local, o mu-

Socorro Cardoso Ferro e Cícero Ferro disputam o controle da cidade; hoje ela é a prefeita

Com 5.425 habitantes, Minador tem oficialmente registrados junto ao Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE -AL) um total de 3.936 eleitores, ou seja, 72,5% de sua população vota

nicípio é também alvo de frequentes denúncias contra a administração municipal, hoje encabeçada por Maria do Socorro Cardoso Ferro (PSDB). Contra ela, pesam desde acusações de nepotismo – filhas e sobrinhos compõem o staff da prefeitura – a má gestão dos recursos públicos. Devendo três meses de salários a servidores da educação e saúde, Socorro Cardoso é acusada por seus opositores de desviar recursos do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Município (Ipam). Até 2004, o órgão próprio da Previdência municipal dispunha em caixa

de recursos para bancar as aposentadorias, pensões e benefícios, mas desde 2005 a situação de insolvência é latente. Por conta disto, servidores aposentados a partir daquele ano ainda hoje figuram e recebem como efetivos, embora não mais trabalhem. E as contribuições previdenciárias dos funcionários continuam a ser normalmente descontadas. Só não se sabe o destino dos recursos. Sem opositores na Câmara de Vereadores, já que todos os seus nove integrantes estão alinhados à prefeita, não existe uma ação oficial que cobre a prestação de contas da gestão de Socorro Cardoso ou explicações para

a total ausência de medicamentos nas três unidades de saúde existentes no município. Tanto quanto em relação à prefeitura, há também denúncias de irregularidades na Câmara Municipal, a mais recente delas dando conta de balancetes forjados. No final do ano passado, por exemplo, para fechar a contabilidade referente aos gastos da Casa, foram incluídas viagens internacionais de três vereadores que sequer saíram do município: Clélio Cardoso Ferro, Valdemir Tenório (conhecido como Aleijado) e Elton Bulhões (Careca), atual presidente da Câmara. Com um histórico de violência que lhe rendeu significativos espaços na imprensa nacional, Minador do Negrão é uma terra marcada pela rivalidade entre membros da família Ferro, de um lado os adeptos da atual prefeita e do outro os seguidores do ex-deputado Cícero Ferro que já se anunciou candidato nas eleições de outubro próximo. A rivalidade entre as duas correntes já teve muitos episódios sangrentos. O marido de Socorro e primo do ex-parlamentar, Jacó Ferro, foi executado a tiros em 2005, um ano depois de uma emboscada contra Cícero Ferro. Meses depois, Sebastião Ferro, irmão de Jacó e que havia prometido vingar a morte deste, também foi assassinado.


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Detran e SMTT intensificam fiscalização de trânsito

LEI SECA À VISTA

SEMANA DE CARNAVAL TERÁ OPERAÇÕES EM TODO O ESTADO; APÓS PERÍODO MOMESCO, CONVÊNIO GARANTIRÁ AÇÕES AMPLIADAS

VERA ALVES veralvess@gmail.com

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Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas (Detran-AL), a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) de Maceió e os batalhões da Polícia Militar de Alagoas vinculados ao trânsito – Polícia Rodoviária Estadual e BPTran – iniciam hoje a Operação Carnaval, cujo objetivo é reduzir as estatísticas de acidentes durante o período momesco e inibir as infrações. O foco da operação é a Lei Seca, que prevê multas e penalidades a motoristas flagrados dirigindo após ingestão de bebida alcoólica. Mas quando o Carnaval passar, motoristas de Maceió que vinham dirigindo mais relaxados nos últimos três meses que se preparem: o Detran e a SMTT irão renovar o convênio que permite aos dois órgãos igualdade de competência nas autuações de infrações de trânsito. Com a renovação, o Batalhão de Policiamento de Trânsito volta a multar, por exemplo, quem esteja estacionado em calçadas e outros locais proibidos, o que no momento só a SMTT pode fazer. Firmado em 2011 pela primeira vez, o convênio esbarrou em novembro do ano passado na ausência de Certidão Negativa por parte da SMTT, documento que atesta não possuir o órgão qualquer pendência junto à União. O motivo: débitos no

Operação do BPTran em rodovia do Pilar, um dos 13 municípios alagoanos a contar com órgão próprio de fiscalização de trânsito total de R$ 24 mil junto ao INSS e referentes ao ano de 1999 e que quase levaram a prefeitura a ingressar com ação na Justiça contra a Previdência pois já haviam sido quitados. Com o fim do impasse, a certidão já foi emitida e o convênio será renovado após o Carnaval. Dos 13 municípios com órgãos próprios fiscalizadores de trânsito em Alagoas e com os quais o Detran de Alagoas firmou convênios, seis estavam até o final do ano passado com pendências junto à União que impediam a renovação, sendo que, até a semana passada, quatro já haviam regularizado a situação e obtido a Certidão Negativa de Débitos, dentre entre os quais Pilar e Rio Largo. Com este último a renovação também será assinada após o Carnaval. Nos municípios em que ainda não há órgãos próprios, a fiscalização de trânsito continua sendo feita pelo BPTran e BPRv no caso

de rodovias estaduais, e pela Polícia Rodoviária Fedral, nas estradas federais.

SMTT de Maceió aumentou número de viaturas para fiscalização

Estacionar em local proibido: autuação de competência municipal

MUNICIPALIZAÇÃO Os municípios passaram a integrar o Sistema Nacional de Trânsito (SNT) a partir da vigência do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) em 1998, mas a municipalização do trânsito deve seguir uma série de trâmites, dentre os quais a criação de órgão municipal com este objetivo. O artigo 24 do CTB define as competências destes órgãos que devem estar capacitados a exercer cinco grandes funções: fiscalização de trânsito (que pode ser efetuada mediante o emprego de agentes próprios e/ou por convênio com a Polícia Militar, nos termos do artigo 23); educação de trânsito; engenharia de tráfego; controle e análise de estatística; e julgamento de recursos administrativos contra penalidades aplicadas (constituição de sua JARI – Junta Administrativa de Recursos de Infrações).


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De clássicos da literatura a utensílios domésticos

BAZAR SOLIDÁRIO EVENTO SE DESTINA A AUXILIAR JORNALISTAS QUE LUTAM CONTRA DOENÇAS DEGENERATIVAS

JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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m livro lido e relido que já não é aberto por muito tempo encostado na estante. Um porta-retratos sem foto guardado dentro da gaveta. Roupas que não servem mais, porém em bom estado dobradas dentro do guarda-roupa. São itens, utensílios e objetos que vão sair do “fundo do baú” e ver a luz do Sol para uma causa: ajudar o próximo. Acontece no sábado, 13 de fevereiro, no Ginásio do Sesc no bairro do Poço, das 8h às 12h, o Bazar da Solidariedade, evento promovido por jornalistas com a finalidade de angariar fundos para auxiliar o tratamento de dois colegas da profissão que sofrem de doenças degenerativas. A jornalista Olívia de Cássia Cerqueira, 56, sofre da Doença de Machado-Joseph, conhecida como ataxia espinocerebelar do tipo 3 (ou SCA 3), uma doença crônica hereditária dominante. Olívia acompanhou de perto o sofrimento do pai e do irmão, também portadores da Machado-Joseph. Alertada pelo médico da possibilidade de sofrer pelo mesmo problema, o prognóstico foi confirmado anos depois. Atualmente, trabalha no jornal Tribuna Independente, mas precisa de acompanhamento médico que inclui exames que custam em torno de R$ 1500 a R$ 2500. Um desses exames é necessário para que ela consiga benefícios do INSS ou a aposentadoria. Já Carlos Miranda, 50, foi uma das vozes da informação da CBN Maceió. Após fraqueza nos membros inferiores e

superiores, o jornalista combatente foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), provocada pela degeneração progressiva no primeiro neurônio motor superior no cérebro e no segundo neurônio motor inferior na medula espinha, que, ao perderem a capacidade de transmitir os impulsos nervosos, dão origem à doença. Um ano e meio após da notícia de que era portador de ELA, Miranda encontra-se tetraplégico, fala pouco e precisa de cuidado em tempo integral. Um dos medicamentos para que o paciente tenha qualidade de vida se chama Riluzol, que aumenta o período de sobrevida do portador. O valor é superior a R$ 1000. Sensibilizados pelas histórias de vida de cada profissional, jornalistas de Alagoas resolveram se unir para realizar o bazar. Para isso, criaram um grupo no Facebook, o Amigos da Olívia, e o Solidários, no WhatsApp, para trocar ideias de como seria realizado o evento solidário. Foi questão de tempo para que o local já fosse escolhido e os pontos de coleta selecionados. Porém, de acordo com um dos organizadores, o jornalista Odilon Rios, a ajuda veio de diversos setores, não só do meio da comunicação. “A campanha mobilizou muita gente, de funcionários da Eletrobras, por exemplo, a empresários. Muitos aprovaram a causa e quiseram ajudar, o que foi ótimo porque cada doação é mais do que bem-vinda”, contou à reportagem do EXTRA Alagoas. As doações estão sendo reunidas e catalogadas no Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal). O que não irá faltar são

variedades. Entre as doações, estão livros de autores renomados, como Arnaldo Jabor, Jorge Amado, Stephen King e Stephenie Meyer. Títulos que vão agradar aqueles que gostam de literatura brasileira e internacional. Também será vendida uma coleção de enciclopédia “Barsa”, livros bem conhecidos para quem tem por volta de 30 anos de idade. Quem curte minisséries poderá se deparar com uma edição especial e original de “Riacho Doce”, protagonizada por Vera Fischer e Carlos Alberto Richelli. Já aficionados por cinema vão ter a oferta de clássicos do mundo fantástico e da Sétima Arte. Além de DVDs, serão vendidos CDs, de Ana Carolina a Padre Fábio de Mello, e jogos de Playstation III. O Bazar da Solidariedade também contará com a venda de roupas, como ternos e vestidos, além de sapatinhos para recém-nascidos feitos em crochê de diversas cores e utensílios para o lar. “Vamos oferecer livros de capa dura por preços a partir de R$ 3, de autores como Jorge Amado, Graciliano Ramos, Jô Soares, Érico Veríssimo e Paulo Coelho. Estamos colocamos os produtos a valores acessíveis para estimular a solidariedade e a participação dos compradores. Quem não puder ir ao bazar, pode contribuir diretamente nas contas bancárias dos beneficiados”, informou o jornalista. Durante o evento estará disponível aos visitantes a realização de teste de glicemia e aferição da pressão arterial. O local ainda terá barraca de lanches cuja renda também será revertida à causa.

Livros, artigos femininos e calçados estarão à venda no bazar

DADOS DOS JORNALISTAS Olívia de Cássia Correia de Cerqueira CPF: 228.793.584-34 Caixa Econômica Federal Agência: 1557 Conta: 82294-2 Operação: 013

Carlos Antônio Miranda de Oliveira CPF: 677.149.354-72 Bradesco Agência: 3047-3 Conta: 8604-5

ONDE DOAR Sindicato dos Jornalistas: Rua Sargento Jayme Pantaleão, 370 – Prado Fecomércio Alagoas: Rua Prof. Guedes de Miranda, 188 – Farol Sesc: Rua Pedro Paulino, 40 – Poço Senac: Rua Pedro Paulino, 77 – Poço Eletrobras Alagoas: Avenida Fernandes Lima, 3349 – Gruta AMA: Avenida Dom Antônio Brandão, 218 Santa Lolla Maceió: 2º Piso do Maceió Shopping Sodiê Doces: Rua Mário de Gusmão, 930 – Ponta Verde Ministério Público Estadual: Avenida Deputado Humberto Mendes, 79 – Poço Fapeal: Rua Melo Morais, 354 - Centro Jornal Extra Alagoas: Centro Empresarial Wall Street – Avenida Humberto Mendes, 796, sala 26 - Poço


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Advogado é agredido por policiais em Maceió

ABUSO DE AUTORIDADE OAB/AL SAI EM DEFESA DE JOVEM AGREDIDO, ALGEMADO E PRESO DURANTE CONFUSÃO EM BLOCO CARNAVALESCO NA SERRARIA

REDAÇÃO

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que poderia ter sido mais um dia de diversão terminou em pesadelo para um jovem advogado na parte alta de Maceió. Segundo vídeos que circulam nas redes sociais, o rapaz assistia ao desfile do bloco Bonecas da Serraria, mas no início da madrugada do domingo, 31, um grupo que estava com som de carro ligado foi surpreendido pela PM que chegou “batendo em todo mundo”. Segundo relato do advogado, que não participava da farra, ao perguntar o que estava acontecendo foi agredido com tapas no rosto, recebeu spray de pimenta nos olhos, algemado e colocado em uma viatura sob insultos e palavrões. Ao se identificar como advogado, disse, um policial ficou “extremamente ofendido” e aumentou a fúria. Como se não bastasse, foi levado para a Central de Polícia onde ficou detido por muito tempo. Só foi liberado após ser lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e ele fazer um BO (Boletim de Ocorrência). No relato, o advogado mostra-se indignado ao afirmar que mesmo alertando aos policiais de que não era bandido, de que não estava conseguindo respirar, foi o único algemado e ficou horas no camburão. “Eu pensei que ia morrer, achava que os caras ‘tavam’ me amassando. Fizeram de propósito para me

Silvio Arruda disse que todos os procedimentos serão adotados e a Ordem vai cobrar o andamento das representações

humilhar. Desdenharam e me humilharam porque eu disse que era advogado”, comentou a vítima com um amigo em seu WhatsApp. De acordo com o relato do advogado, no TCO os agressores inventaram uma história em que ele no momento da abordagem teria dito que não iria abaixar o som. No entanto, afirmou: “Mas eu nem tinha som”. A noite de terror estava apenas começando. Em outro momento da conversa, ele afirma ao amigo que tem um vídeo em que

um policial bate em uma mulher que fica com a boca sangrando, embora a mesma não tenha apresentado reação. Os vídeos mostram que as agressões foram desnecessárias e que houve abuso de autoridade. Ao relatar o fato, o advogado disse que em nenhum momento houve de sua parte qualquer disposição ao confronto. “Até compreendo o clima áspero daquele momento, mas nada justifica a agressão a ponto de ser tratado como um marginal”.

OAB EM AÇÃO O presidente da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB/AL), Sílvio Arruda, considerou absurda a agressão sofrida pelo advogado e disse que a Ordem vai tomar as medidas cabíveis. De acordo com Arruda, a partir do relato da vítima e dos vídeos apresentados, será encaminhada queixa para a Corregedoria da Polícia Militar, para o secretário de Segurança e ao Conselho de Segurança para que as providências sejam adotadas. Segundo Arruda, o vídeo é chocante não apenas por a vítima ser um advogado, mas por qualquer cidadão. “O absurdo é a polícia não saber tratar o cidadão. Polícia tem que ser temida pelo bandido e não sair usando da força contra as pessoas. Não estamos nos referindo apenas pelo fato de o rapaz ser advogado, mas defendemos o estado de direito”, criticou Arruda. MAIS ABUSO Na mesma semana, outro advogado também foi vítima da polícia em Maceió. Na quinta-feira (4), representantes da Ordem e os advogados agredidos, Roberto Lima e Diego Cavalcante, formalizaram representações contra os militares responsáveis pelas agressões a Lima (na Serraria) e os atos de desrespeito contra Diego Cavalcante que aconteceram durante desfile do Pinto da Madrugada.

DESRESPEITO No sábado, dia 30 de janeiro, o advogado Diego Cavalcante teve sua carteira da OAB e alguns documentos jogados ao chão por policiais militares na orla de Maceió. O fato aconteceu após Diego se solidarizar com uma mulher e a filha que aguardavam a liberação do parente, detido por suposto desacato. De acordo com a vítima, ao intervir porque me solidarizou com a situação das mulheres alguns policiais agiram educadamente e explicaram o que havia ocorrido. De repente, um militar se aproximou e começou a questionar o motivo dele estar intervindo na situação. Para sua surpresa, o policial iniciou uma série de agressões verbais. Em seguida, outro policial se aproximou e pediu a identificação do advogado, que ao apresentar teve os documentos jogados. “Fui ameaçado de ser preso apenas pelo fato de eu ter me solidarizado com uma família. Estava cumprindo meu papel de advogado. Como advogado, fui humilhado e esse é um caso que não posso deixar passar. Estamos indo ao Conseg e a OAB irá tomar todas as medidas possíveis para que haja a punição dos culpados”, disse Diego Cavalcante, segundo informações do site da OAB/AL.


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Prefeitura de Coruripe persegue servidores

FEUDO NO LITORAL

PROFESSORES DA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL E EDUCAÇÃO BÁSICA SANTA SOFIA SÃO RETALIADOS POR PEDIREM PRESTAÇÃO DE CONTAS

JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

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ais uma vez o município de Coruripe, no litoral Sul de Alagoas, é notícia pelo tratamento abusivo contra os servidores do município. Dessa vez as vítimas da administração pública foram os professores Joelma Ferreira Lessa e Rivaldo Oliveira Santos. Ambos foram transferidos da escola de ensino fundamental e educação básica Santa Sofia, localizada na região de Botafogo. Agora a educadora vai trabalhar a 38km de distância das proximidade da sua residência; o “novo” local de trabalho é o colégio Cláudio Daniel. Já Rivaldo se quer foi informado. Segundo Joelma, desde agosto de 2015 até o último mês de janeiro uma série de ofícios foram encaminhados para o secretário de Educação, Arthur Rocha. Entre os pedidos dos ofícios estavam: o rateio do Fundeb de final de ano para os professores, a prestação de contas do exercício 2015, o realinhamento das progressões do PCCV, a exigência de concurso público e o reajuste salarial dos servidores da educação. “Tanto eu, quanto Rivaldo, somos representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal) e os pedidos que fizemos para a administração fazem parte das nossas prerrogativas. Vale afirmar que nenhum dos ofícios encami-

MP pede explicações ao secretário Arthur Rocha e ao prefeito Joaquim Beltrão sobre transferência de professores por retaliação

Joelma Lessa afirma que vai lutar por seus direitos Ofício enviado pela Promtoria de Justiça de Coruripe

nhados foram respondidos”, enfatizou Lessa. Com as omissões do secretário de Educação e do prefeito de Coruripe, Joaquim Beltrão, a representante do Sinteal levou o caso ao Ministério Público Estadual local. A Promotoria de Justiça de Coruripe prontamente notificou o secretário para prestar esclarecimentos sobre os ofícios não respondidos. “Ao saber que teria que

prestar esclarecimentos no dia 27 de janeiro para o MP, o secretário nos transferiu para essa escola longe da minha residência, numa clara tentativa de intimidar a minha postura em defesa da categoria e da transparência do erário”, relatou a profissional de Educação. Joelma ainda afirmou que está no cargo de auxiliar de biblioteca por recomendações médicas por possuir calos nas

cordas vocais. “O colégio para o qual fui transferida sequer há essa função. Além de ter sido remanejada não recebo nenhum auxílio, o chamado difícil acesso, tudo sai do meu bolso, estou pagando para trabalhar”, desabafou. A reportagem do Jornal EXTRA teve acesso ao documento assinado pelo gestor escolar, Fábio Pereira dos Santos, no dia 26 de janeiro que trata da “lotação de ser-

vidor público”. Lessa garantiu que o secretário se negou a entregar o documento que trata da sua remoção de escolas, que ela avalia como ilegal e imoral. Joelma disse que vai procurar seus direitos e espera que a Justiça seja feita, pois, segundo ela, as práticas arbitrárias e revanchistas ainda são uma tônica no município comandado pela família Beltrão.


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Disputa por patrimônio milionário segue na Justiça

HERANÇA MALDITA AEROCLUBE DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS É MANTIDO COMO PATRIMÔNIO PRIVADO

JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

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ma trama marcada por brigas, dinheiro e morte envolve o Aeroclube de Palmeira dos Índios. Durante anos um local bem frequentado e sinônimo de “boa vida”, o clube social clube palmeirense tem um terreno de 10.000 m2 e hoje alguns avaliadores afirmam que a área vale mais de R$ 8 milhões. Mas o que poucas pessoas sabem é como a atual briga judicial começou. Com a morte dos proprietários dos títulos patrimoniais, o ex-presidente do Aeroclube de Palmeira dos Índios, José Almeida de Araújo, hoje falecido, foi se apropriando de forma indevida da herança patrimonial. Com o passar dos anos o aeroclube foi precisando de reformas e o então presidente pediu empréstimos financeiros ao empresário Jair Gomes de Oliveira, o Grilo. O grande volume de dinheiro emprestado gerou um débito que jamais foi pago pelos sócios-proprietários e a solução de José Almeida de Araújo foi transferir mais de 200 títulos para Grilo. O fato é questionado na Justiça até hoje. A ação originária foi movida pelo advogado Everaldo Damião, que questiona o “modus operandi” da dupla, que ele considera ilegal. “Títulos patrimoniais não podem ser usurpados, eles não podem ser repassados para quem não é herdeiro. A audiência para sanar a problemática desse caso já foi adiada mais de 10 vezes”, revelou Damião em contato com a reportagem do

Morto em 2010, Grilo recebeu 200 títulos do aeroclube em pagamento aos empréstimos que concedera a Araújo

Zé Leão se apossou do clube após o assassinato do irmão

Jornal EXTRA. De posse da maioria dos títulos de sócio do aeroclube, Grilo começou a agir como proprietário do espaço e a característica de clube social foi deixada de lado. As reclamações eram constantes, mas Grilo era temido na região por ser conhecido como um sujeito violento. Em uma de suas discussões na cidade, Grilo agrediu o fazendeiro Fernando Medeiros, que posteriormente encomendou a execução do então “dono” do aeroclube. Grilo foi assassinado com vários tiros no dia 22 de novembro de 2010, em frente

ao Colégio Cristo Redentor, localizado no município de Palmeira dos Índios. O empresário estava se deslocando para uma partida de futebol entre amigos, quando foi alvejado por quatro tiros na cabeça, deflagrados por dois homens que estavam em uma motocicleta. Com a morte de Jair Gomes de Oliveira, seu irmão o também empresário José Leão de Oliveira, o Zé Leão, ficou com os títulos patrimoniais tão polêmicos até os dias atuais. Hoje o Aeroclube se transformou num elefante branco no Centro de Palmeira dos Índios, enquanto a Justiça continua fazendo pouco caso para os últimos acontecimentos. Há quase uma década os verdadeiros proprietários seguem sem saber de fato a validade dos seus títulos. UM POUCO DE HISTÓRIA No dia 17 de agosto de 1943 foi fundado o Aeroclube de Palmeira dos Índios, com sede social na Rua Major Cícero de

Góes Monteiro - o primeiro clube social da cidade - onde hoje está edificado o prédio da CARPIL. O local era residência do tabelião do Primeiro Oficio da cidade, Cícero Pereira da Silva, que também foi correspondente de vários jornais da capital. Na época, o prefeito José Pinto de Barros (1941–1947) foi um dos seus sócios fundadores. No ano de 1951, o deputado federal Padre Luiz Medeiros Neto conseguiu uma verba federal com o brigadeiro e comandante do DCA (Departamento Civil de Aviação) para a construção de uma nova sede do clube social. Foi aí que o aeroclube mudou sua sede para a antiga Rua Pinga Fogo (atual Rua José Pinto de Barros), no local onde funcionava o antigo matadouro público. Desde 1947 até os dias atuais o Aeroclube permanece no mesmo local, tendo a concessão de posse do terreno sido oficializada na gestão do prefeito José Jota Duarte Marques, já que se tratava da cessão de um imóvel público, segundo o advogado Everaldo Damião. A documentação escrita

foi assinada pelo gestor com a diretoria do clube, na presidência do sócio-proprietário Dirceu Oliveira Souza. No terreno foram construídos um restaurante e um cassino sobre o restaurante; uma área de entrada com chapelaria ao lado; uma área de entrada de post-ball de salão e vestuário, todas em alvenaria e cimento armado, com janelas de madeira, ferro e vidro, tendo sido obtido “Alvará de Licença” para tais edificações, conforme escritura pública que se encontra de posse de Damião. Em 19 de maio de 1952 foi aprovado pelo Congresso Nacional um auxílio financeiro para a aquisição de uma aeronave, para a construção de um campo de pouso e de um hangar em Palmeira dos Índios para servir às finalidades aerodesportivas do aeroclube, que teve como terreno escolhido a atual Praça da República e a Igreja São Vicente, no bairro Jardim Brasil. Tanto a aeronave quanto o campo de pouso e o hangar foram alienados em face das dificuldades da diretoria do Clube em manter os serviços, permanecendo a entidade com suas atividades meramente sociais e recreativas.


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Largo do Cotinguiba e as obras do Teatro XVI de Setembro em plena Praça Deodoro; foi demolido em 1905

Largo do Cotinguiba em 1890 e o local onde seria construído o Teatro Deodoro

A maldição do Teatro Deodoro

HISTORIA DE ALAGOAS

A PRIMEIRA TENTATIVA DE SE TER UMA CASA DE ESPETÁCULOS DE GRANDES DIMENSÕES (PARA A ÉPOCA) EM MACEIÓ SE DEU EM 1898, NO GOVERNO DE MANOEL JOSÉ DUARTE EDBERTO TICIANELI Jornalista

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uando, em 1910, Gaston Leroux lançava em Paris uma das mais famosas novelas de todos os tempos, Le Fantôme de l’Opéra (O fantasma da ópera), jamais poderia imaginar que naquele mesmo ano, na distante Alagoas, estavam inaugurando um teatro que comprovaria a tese de que a realidade sempre surpreende a fantasia. Na novela francesa é o fantasma Erik quem perturba a Ópera de Paris, enquanto que por aqui o problema é uma igreja não construída que ficou enterrada embaixo do Teatro Deodoro. Uma pesquisa de Marcos Peixoto publicada no site da instituição nos revela os detalhes da

“maldição”, que fez o teatro ficar fechado por longos períodos. A primeira tentativa de se ter uma casa de espetáculos de grandes dimensões (para a época) em Maceió se deu em 1898, no governo de Manoel José Duarte. O início da construção de um teatro no antigo Largo do Cotinguiba, também chamado Largo das Princesas, onde hoje fica a Praça Deodoro, ocorreu no dia 16 de setembro em homenagem à emancipação política do estado. O projeto já era o do arquiteto Luiz Lucariny. As obras do teatro que deveria ser chamado 16 de Setembro foram interrompidas no dia 31 de dezembro do mesmo ano, quando já se encontravam bem adiantadas. Como os recursos para a construção vinham

de apólices estaduais e elas foram proibidas, a obra parou. Depois, em 1905, derrubaram tudo para a construção no local de um monumento equestre do proclamador da República, Deodoro da Fonseca, que seria inaugurado em 1910. Somente em 1905 é que o projeto volta a ser executado, já no

Praça Deodoro na década de 1950


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Intendência Municipal (hoje Prefeitura de Maceió) e os banquetes e recepções do governo do Estado, a exemplo dos oferecidos aos presidentes da República Nilo Peçanha e Washington Luiz.

Praça Deodoro em 1907 durante a construção do teatro

Praça Deodoro em 1920

Salão Nobre do Teatro Deodoro em 1920

Teatro Deodoro em 1915

Teatro Deodoro em 1920

Teatro Deodoro em 1950

governo de Antônio Máximo da Cunha Rego, com o lançamento da pedra fundamental, desta feita no local onde hoje se encontra o Teatro Deodoro. A construção ficou a encargo dos mestres-de-obras Antônio Barreiros Filho e Oreste Scercoeli e durou cin-

co anos. O projeto executado era do arquiteto Luiz Lucariny, que faleceu em 1909 sem ver sua obra terminada. Sua morte serviu para reforçar a ideia de que o Teatro era amaldiçoado e que desabaria no dia da sua inauguração. Esses temores sugiram porque no local onde o

teatro foi erguido existia em construção uma igreja, que foi demolida contra a vontade de muitos religiosos. No dia 15 de novembro de 1910, quando da inauguração do Teatro Deodoro com a presença do governador, muita gente ficou em casa com medo da profecia e não

assistiu ao drama “Um Beijo”, da autoria do alagoano J. Britto, representado por Lucilla Péres e Antônio Ramos. No salão Nobre do Teatro Deodoro já funcionaram a Biblioteca Pública, a Câmara dos Vereadores de Maceió e a Justiça Federal. Ali também aconteciam bailes oficiais da

AS RESTAURAÇÕES Com duas décadas de inaugurado, os efeitos do uso intensivo exigiram que prédio passasse pela primeira restauração. Isso ocorreu em 1933, quando Alagoas era comandado pelo interventor Afonso de Carvalho. Em 1946, após novas reformas, o Deodoro recebeu a visita do Teatro de Amadores de Pernambuco, que encenou “Primerose” de Cavaillet. Era Interventor Federal no Estado o Dr. Guedes de Miranda. Por carência de hotéis na época, o TAP foi hospedado em casas de famílias. A terceira reforma, em 1954, foi forçada por um incêndio que destruiu os mais importantes trabalhos do cenógrafo italiano Orestes Scercoelli, inclusive o pano de boca original inspirado na cachoeira de Paulo Afonso. Foi reinaugurado em 1957. Em 1975 houve mais uma reforma, mas a maldição não deixou o teatro em paz. Em 1988 foi interditado e mergulhou numa das suas mais longas restaurações, passando dez anos fechado ao público, provocando prejuízos incalculáveis às artes cênicas alagoanas. Foi reaberto com estardalhaço em 1998. No final de 2007, o Deodoro voltou a receber reformas, só reabrindo em setembro de 2010. Em janeiro de 2014, novamente o teatro é fechado para uma rápida reforma de dois meses, voltando a funcionar em março, quando recebeu a “Valsa nº 6” de Nelson Rodrigues. O Complexo Cultural Teatro Deodoro é a obra mais recente da velha casa de espetáculos. Iniciada em 2011, tinha a previsão de terminar no ano seguinte. Novamente a maldição atuou e a ampliação do Teatro Deodoro só foi concluída em dezembro de 2014.


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São Miguel dos Milagres tem opção de lazer para o Carnaval

MILAGRES DO TOQUE COMPLEXO DE CHALÉS, BEACH BAR E RESTAURANTE REABREM NESTA SEXTA-FEIRA E AGORA FUNCIONARÃO O ANO INTEIRO

ASSESSORIA

Elevada à categoria de cidade-balneário predileta de alagoanos e visitantes de outros Estados, a pequena São Miguel dos Milagres, distante 91 km ao norte da capital Maceió, é um paraíso tropical de mar plano e águas tranquilas de cor verde azulada. Somente por esse motivo – uma natureza quase intocada –, o município litorâneo já merece uma visita. E no Carnaval – se você quer uma festa mais íntima entre familiares e amigos – a cidade se torna o destino ideal, especialmente por causa do lindo complexo de chalés, beach bar e restaurante Milagres do Toque, construído à beira mar na praia do Toque, reformado e inaugurado em dezembro passado para o Réveillon. Agora que chegou o Carnaval o chalé abre definitivamente (não somente para temporadas festivas), nesta sexta-feira (5), para a felicidade de quem gosta de natureza, boa música, comida sofisticada e um atendimento cheio de regalias e de bom gosto. “Estamos disponibilizando os nossos quatro chalés, além do nosso beach bar com drinques especiais e a cozinha do restaurante Fidel, que, também, permanecerá no Milagres do Toque o ano inteiro”, comemora o proprietário Diogo Albuquerque, que mantém em Maceió, no bairro central do Prado, o bem sucedido bar e restaurante Fidel Cozinha Boêmia. “No Milagres do Toque teremos música ao vivo como no Fidel, mais um time de DJs fazendo um som eletrônico no

Complexo reabre hoje num cenário paradísiaco para quem aprecia a natureza e a boa cozinha

Opções: descansar na rede, ouvir a música do DJ Rapha ou saborear os sucos de Ton Lucas

lounge e na pista de dança do bar”, informa Albuquerque, avisando que o telefone para reservas – que podem ser feitas com ele mesmo – é o (82) 9 8832 4075. O beach bar funciona das 10h à meia-noite, mas, se a festa estiver rolando, o dono da casa garante o mesmo lema do Fidel, ou seja, fica aberto até o último cliente. “Se estiver bombando, o

bar vai até virar o dia”. Entre os drinques, destaque para os diversos “mojitos” (o coquetel cubano feito com rum legítimo, o Havana Club, e frutas diversas: limão, maracujá, kiwi, morango). Mas se você é da cerveja ou do destilado (além de outras modalidades de coquetéis), pode escolher entre a geladinha e espumante, vinho, uísque, caipirinha e

vodca. O cardápio à cubana da cozinha do Fidel foi renovado, apresentando, entre pratos e petiscos, as receitas clássicas da casa, como a costela suína ao molho de morango, as “trouxinhas” com recheio de batata doce e charque e o espetinho de picanha. As novidades da temporada são o camarão à cubana e o polvo reduzido ao creme e ao forno.

Os chalés de madeira, inspirados na arquitetura praieira indonésia, fortalecem a intenção de recanto natural, rústico e convidativo. “O espaço foi criado para ter essa fragmentação do bar, lounge e espaço de dança e dos chalés e restaurante. O Milagres do Toque tem esse leque – a função do espaço é essa”, observa o arquiteto Saulo Barros, responsável pela reforma e decoração do complexo. “A proposta foi direcionada a não destruir o que já existia. Aqui é uma rota de charme – ativamos esse projeto inspirados nessa rota, harmonizando-se com a natureza. É um projeto totalmente sustentável. Tudo foi pensado, desde a entrada até a praia. A ideia era dar esse conforto a mais ao cliente.” SERVIÇO Milagres do Toque – Praia do Toque, município de São Miguel dos Milagres (distante 91 km ao norte de Maceió) Contato para reservas dos chalés: (82) 9 8832 4075. Aceitam-se todos os cartões de crédito.


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Para refletir: Os americanos são otários individualmente, mas espertos coletivamente. Os brasileiros são espertos individualmente, mas OTÁRIOS coletivamente. (Max Gehringer)

Corrupção brasileira em Nova York (Nova York/EUA) - Assistindo os canais de televisão locais parece até que estou no Brasil. Em pelo menos 3 canais as notícias fizeram citações à corrupção desenfreada do governo Dilma Rousseff, sempre citando a figura do ex-presidente Lula como o possível mentor de toda a trama nacional que ganha o mundo nos envergonhando. As revelações da operação Lava Jato sobre o pagamento de propinas a funcionários da Petrobras, os protestos contra a presidente Dilma Rousseff, o enriquecimento de Lula e sua família e o processo de impeachment foram destaques no programa de entrevistas “Last Week Tonight”, que é exibido pela emissora americana HBO. Na verdade acho que por aqui a imprensa está falando mais até que os jornais e as emissoras de televisões nacionais, a maioria mantida às custas de gordas e imorais verbas publicitárias do Palácio do Planalto. Hoje o “The Wall Street Journal” em sua edição “on line” trouxe também uma ampla matéria falando da corrupção no governo brasileiro. No seu programa, o apresentador John Oliver abordou os casos e comentou o atual cenário político brasileiro. O apresentador também ironizou a presidente Dilma quando ela pediu “paciência” à população e mencionou vários episódios de corrupção promovidos pelo Partido dos Trabalhadores e com toda certeza sob a proteção de Dilma e Lula. Em menos de vinte e quatro horas após chegar em Nova York já vi tanta informação sobre a corrupção brasileira que realmente me surpreende diante da pouca importância que o americano em geral dá ao Brasil.

O que eles pensam de nós? Importante veículo de mídia publicou recentemente uma pesquisa com opiniões de americanos que visitaram o Brasil a negócios ou a passeio. Vejam um pouco dessas opiniões. Algumas verdadeiras, outras só lorotas. “Os brasileiros não têm respeito por seu ambiente. Eles despejam grandes cargas de lixo em qualquer lugar e em todos os lugares, e o lixo é inacreditável. As ruas são muito sujas. Os recursos naturais abundantes, como são, estão sendo desperdiçados em uma velocidade surpreendente, com pouco ou nenhum recurso”. “Brasileiros toleram uma quantidade incrível de corrupção nos negócios e governo. Enquanto todos os governos têm funcionários corruptos, é mais comum e desenfreado no Brasil do que na maioria dos outros países, e ainda assim a população continua a reeleger as mesmas pessoas”. “Os brasileiros têm um sistema de classes muito proeminente. Os ricos têm um senso de direito que está além do imaginável. Eles acham que as regras não se aplicam a eles, que eles estão acima do sistema, e são muito arrogantes e insensíveis, especialmente com o próximo”. “Eletricidade e serviços de internet são absurdamente caros e ruins” É mentira Terta?

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PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

Cometi uma injustiça Em quase 50 anos de jornalismo foram poucas as vezes que tive que retificar uma informação e nunca o fiz por determinação judicial, mas sempre movido pelo meu senso de justiça e reconhecimento do erro. Na edição passada fiz uma crítica injusta ao conselheiro Otávio Lessa, presidente do Tribunal de Contas. Apressei-me em dar uma informação sem conferir e errei. Não busquei a versão verdadeira dos fatos. Ao conversar com lideranças dos servidores do TC tive a constatação de que há sim uma nova maneira de administrar o órgão com eficiência, compromisso com a moralidade e total apoio à valorização do pessoal. No Tribunal de Contas só sofreu consequências aqueles que não querem trabalhar e por anos viviam na ociosidade remunerada. Infelizmente foi este lado que ouvi primeiro. Minhas desculpas ao presidente Otávio Lessa e a todos os que fazem o Tribunal de Contas. O faço por dever de oficio, norteado pelos princípios que sempre me nortearam em minha missão de jornalista.

Preconceito pelo “avesso”

Nossa Zika chega aqui

A Ordem dos Advogados no Brasil (OAB) entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Corte declare a constitucionalidade da Lei nº 12.990/2014, que reserva 20% das vagas em concursos públicos para negros nos órgãos da administração federal. A ação foi protocolada uma semana após um juiz da Paraíba garantir a um candidato aprovado em um concurso público para o Banco do Brasil direito a ser nomeado na frente de candidatos que se autodeclararam negros e que obtiveram notas menores. Na decisão, o juiz considerou a lei inconstitucional. Considero uma aberração a posição da OAB diante de um absurdo “preconceito pelo avesso” que beneficia negros e pune alguém por ser branco. Oferecer privilégio em detrimento da cor do cidadão é errado seja qual for o lado. Isto sim é preconceito racial mesmo.

Três pessoas apresentaram resultado positivo para zika em Nova York, o vírus apontado como a causa de nascimentos de crianças com microcefalia no Brasil, anunciaram funcionários do governo esta semana. As três pessoas viajaram para áreas na América Latina onde o mosquito transmissor tem rápida expansão, segundo o Departamento de Saúde do estado de Nova York, que não especificou os locais. Os funcionários informaram que uma pessoa está completamente recuperada, enquanto as outras duas registram melhora. As autoridades dos Estados Unidos ampliaram para 22 o número de países da América Latina, Caribe e outras regiões que as mulheres grávidas devem evitar devido ao surto de zika. O vírus foi vinculado a milhares de casos de nascimentos de crianças com microcefalia, que pode provocar danos cerebrais. As autoridades de Nova York advertiram que qualquer viagem para regiões mais quentes deve seguir uma série de precauções.

Nossa corrupção Balanço divulgado esta semana pela Controladoria-Geral da União (CGU) mostra que, desde 2003, foram desviados R$ 2 bilhões destinados à merenda e ao transporte escolar em diversos municípios no país. Os recursos foram desviados de programas federais que recebem repasses da União. Os ministérios da Justiça e da Educação e a CGU assinaram uma portaria conjunta estabelecendo medidas para combater as irregularidades e atuar na fiscalização desses recursos. Ao todo, 2,7 mil municípios foram fiscalizados durante esse período. Em 199 deles foram constatadas irregularidades. Em operações conjuntas feitas pela CGU e Polícia Federal, foram presas 350 pessoas. “A corrupção retira recursos públicos que servem para atender as demandas da sociedade. É indiscutivelmente mais grave e doloso quando se vê desvio de verbas na educação e, ainda mais, em áreas como merenda e transporte. Estão minando a possibilidade que o jovem ou a criança venham a ter um futuro melhor”, disse o ministro interino da CGU, Carlos Higino Ribeiro de Alencar. Proporcionalmente Alagoas é um dos estados onde mais prefeituras estão investigadas por corrupção.

Nomes que se destacam Na equipe do prefeito de Maceió alguns nomes têm se destacado e conseguem uma excelente avaliação em suas atividades no serviço público. O “núcleo de eficiência” do prefeito conta com nomes a exemplo de José Thomaz Nonô (Saúde); Clayton Santos (Comunicação): Fellipe Mamede (Administração) Ib Breda (Iluminação); Antônio Moura (Esporte) e Fábio Palmeira (Parque Municipal), que têm dado inestimável contribuição à qualidade positiva da administração. O “entorno político” e o gabinete de Rui Palmeira ainda são fracos, o que não é bom em ano de eleição. Mas o prefeito sabe o que faz e saberá ajustar.


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CLÁUDIO VIEIRA

ARTIGOS

Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

Ondas da vida

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atéria de capa da Folha de S. Paulo, semana passada, a fotografia do ex-ministro José Dirceu sendo conduzido por policiais à presença do Juiz Sérgio Moro. Ainda que não nutra simpatia pelo petista, impressionou-me a decadência física do homem outrora poderoso, arrogante, combativo.

Enquanto eu prestava os meus esclarecimentos, ouvi a provocação de Dirceu, secundado por Genoíno e Mercadante: “Esse queimaria qualquer detector de mentiras”. Quem quiser apreender o estado psíquico de uma pessoa, observe seus olhos, “as janelas da alma”, como se diz. Os de Dirceu, naquele momento, demonstravam imenso desencanto, mór-

bida tristeza, medo, vergonha, ou tudo isso junto. Esta semana a UOL postou vídeos do depoimento de Dirceu ao Juiz Moro. Algo da fortaleza do homem ainda se pôde entrever em algumas respostas ao magistrado, embora já aí as reações do interrogado demonstrassem algo de nervosismo: inquietude na cadeira de réu, constante necessidade de saciar sede, olhos quase sempre infixos. Tal comportamento, aduzido à constante repetição de que ali estava para dizer a verdade, era revelação do exato contrário. Esses sinais acentuaram-se de forma indisfarçável quando a palavra foi passada para o órgão acusador, o procurador federal, que o inquiriu com maior profundidade. A cada pergunta, a inquietação do interrogando subia de graduação, os olhos não mais se fixavam em coisa ou lugar algum, as respostas tornaram-se dú-

Sobram Chefs. Faltam cozinheiros

bias, ou ao menos evasivas, a boca ressecada exigindo contínuos sorvos d´água. A situação fez-me recordar certo dia de 1992, quando o interrogado era eu mesmo, na CPMI do PC Farias. José Dirceu, então deputado federal por São Paulo, estava lá, irônico, arrogante, instigante. Ele só, não! Havia outros do mesmo naipe: José Genoíno, Aloisio Mercadante, Mário Covas, etc. Enquanto eu prestava os meus esclarecimentos, ouvi a provocação de Dirceu, secundado por Genoíno e Mercadante: “Esse queimaria qualquer detector de mentiras”. Fiz ouvidos surdos à provocação, e continuei realizando a minha defesa, olhando a todos de frente. Posteriormente, já na Justiça, vim a ser absolvido das acusações que me impingiram, sendo que no processo-mãe, julgado pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal, fui o único acusado absolvido por unanimidade, com o

pedido de absolvição feito pelo próprio acusador, o procurador-geral da República Aristides Junqueira. Voltando aos dias atuais, quando os mesmos Dirceu e Genoíno são condenados em processos crimes nos quais as acusações são as mesmas que sofri; o ministro Mercadante é citado em uma dessas operações da Polícia Federal; e o governo Mário Covas (ele já falecido) é objeto de investigação sobre propinas e corrupção no Metrô de São Paulo, vêm, então, à mente aquela realista afirmação da música de Lulu Santos: a vida vem em ondas como o mar, um indo e vindo infinito. Por fim, ao assistir esse vídeo do depoimento de José Dirceu, tive a mesma impressão que o então deputado tivera de mim: esse, sem dúvidas, queimaria qualquer detector de mentiras.

JÂNIO FERNANDES Restaurateur

P

enso que muita gente não sabe o que está por trás de um bom prato. E você poderia me dizer, com simplicidade, que o que está por trás de um bom prato são os ingredientes corretos, usados da maneira correta e nas quantidades exatas. Certamente você teria me dado uma boa resposta, simples e deliciosa. Mas eu quero ir mais adiante nessa questão e conversar com você sobre

Nos cursos de gastronomia. Neles há legiões de estudantes que não querem aprender a cozinhar, querem criar, pulando a etapa mais importante do processo. quem é o profissional por trás destas escolhas. Está na moda se autoproclamar chef. Tanto na mídia como no ambiente dos restaurantes ser chef parece algo glamoroso, como se esse

título pudesse transformar alguém numa celebridade. Tem chef demais para pouco prato realmente bom. Quando sobra chef não significa que o mundo da gastronomia sai ganhando com isso. Em 2014, o empresário Rogério Fasano, publicou um artigo na Folha de São Paulo em que dizia: “Tenho tido enormes dificuldades para entender diversos textos sobre gastronomia que têm sido publicados recentemente. Hoje, muitos chefs de cozinha, quando não estão em reality shows, falam mais de ciência, tecnologia, texturas, desconstrução, antropologia, do que da profissão em si”. O que quero discutir é se ainda existem autênticos chefes de cozinha que não precisam de exposição nos meios de comunicação para ter clientes em seus restaurantes. Alta culinária não depende de quanto tempo um chef aparece na mídia. Então vamos esclarecer uma coisa: há di-

ferença entre se dizer chef e ser chefe de cozinha. Eu nem vou discutir que o termo “chef de cuisine” tenha surgido na França e que desde de o século XIX é usado para designar o profissional que cria os pratos, dirige a cozinha do restaurante e supervisiona o trabalho dos cozinheiros. Não sou contra o que surge de novo na cozinha, muito pelo contrário. Mas realmente não fico a vontade com essa moda de todo mundo querer ser chef. Admiro o Alex Atala, é um gênio. Ele fez pela gastronomia brasileira o que ninguém fez. Além do mais, se vende magnificamente bem e é um grande cozinheiro. Sem contar que foi o único chef de cozinha brasileiro a dar aula na Alimentaria 2004 de Barcelona. Outro exemplo é o Rodrigo Oliveira, do Mocotó, que também tem muito mérito e vem transformando a comida nordestina sem agredir sua essência e aproximando o Brasil da nossa culinária.

Se dizer chef infla o ego de muita gente que ainda tem muito o que aprender na cozinha. Essa falta de humildade talvez tenha origens diversas. Por exemplo na mídia e nos cursos de gastronomia. Neles há legiões de estudantes que não querem aprender a cozinhar, querem criar, pulando a etapa mais importante do processo. Deve ser por isso que não gosto de ver esses grupinhos de cozinheiros que vivem plagiando, sem nenhum pudor, o trabalho de importantes chefs e que ainda alardeiam que o prato é criação sua. Acredito que a coisa mais importante que se perdeu nessa metamorfose de chefe de cozinha para chef superestrela tenha sido a falta de humildade. Mas outra grande virtude na cozinha segue íntegra: a paixão por cozinhar. Não dá a impressão de que sobram chefs e faltam chefes de cozinha?


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ARTIGOS

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JORGE MORAES Jornalista

Quem faz um país é o povo

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caba mês e entra mês e os assuntos destacados pela imprensa brasileira continuam sendo os mesmos. Deixando de lado a violência enfrentada pelas polícias e o cidadão em todas as cidades e, agora, em qualquer lugar de dia e de noite, a principal notícia continua sendo a Operação Lava Jato, com novas denúncias, delações premiadas,

O ex-presidente vai, inclusive, ter que se explicar como o Instituto Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu arrecadar tanto dinheiro em tão pouco tempo de fundado. condenações, prisões, perdões, uma vergonha nacional. Na verdade, o que muda nesse enredo todo são alguns novos personagens, entre eles, a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz

Inácio Lula da Silva, como os mais novos integrantes dessa bandalheira toda. Novos em relação ao fato de terem sido enquadrados e convidados a depor, porque não é novidade para ninguém, seus nomes aparecerem agora, já que no ano passado já havia um forte indicativo nesse sentido e de que isso, fatalmente, ocorreria. Lula, como o homem mais honesto do País, terá muito que se explicar: como é que, pobrezinho, saído lá de Pernambuco, metalúrgico em São Paulo, perdeu um dedo e se aposentou pelo INSS, mas conseguiu fazer uma fortuna, extraordinária, somente com palestras, representando os interesses de empreiteiras no exterior, com um lobby de fazer inveja aos grandes profissionais desse segmento. O ex-presidente vai, inclusive, ter que se explicar como o Instituto Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu arrecadar tanto dinheiro em tão pouco

Desindustrialização do Brasil

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partir da primeira revolução industrial há mais de 200 anos todos os países do mundo procuraram de uma maneira ou outra, industrializar-se. Ao longo do tempo uns lograram êxito extraordinário e, outros, nem tanto. No pós-segunda guerra o mundo foi dividido em três grupos de países: primeiro mundo, capitaneado pelos Estados Unidos, segundo mundo liderado

Há evidências de que a desindustrialização no Brasil iniciou-se a partir da década de 70 continuando a ocorrer até nossos dias. pela URSS e o terceiro mundo abrangendo toda a América Latina, África e quase toda Ásia. Essa divisão estava relacionada com o valor da produção industrial em relação ao PIB. O processo de industrialização do Brasil inicia-se, timidamente, no século

XIX com a produção de bens de consumo não duráveis tendo por base as usinas de açúcar (substituíram os engenhos) e as fábricas têxteis disseminadas por todo o país inclusive em Alagoas. Nos primeiros 50 anos do século XX a industrialização se restringia à produção de bens de consumo não duráveis e bens intermediários. Somente com o Plano de Metas de JK é que a indústria de bens de consumo duráveis capitaneada pela indústria automobilística, deslancha. Mesmo assim, em 1959, a indústria de bens de consumo ainda participava com 46,6% da produção industrial ao lado de 5,0% da indústria de bens de consumo duráveis e apenas 11,1% de bens de capital. A esse processo de industrialização chamou-se de substituição de importação. Entre as décadas de 60 e 90 a economia brasileira passou por vários ciclos econômicos permeados por um complexo conjunto de problemas políticos e econômicos: ditadura civil/militar,

tempo de fundado. Como conseguiu comprar um luxuoso apartamento com três andares, sem saber de sua existência. E o pior: o apartamento foi reformado por uma construtora e ele não ficou sabendo, mesmo que tivesse ido lá algumas vezes, inclusive a sua esposa e os familiares também. Amnésia total! É por essas e outras coisas que transcrevo uma pequena história que recebi esta semana. É o relato do professor doutor Décio Tadeu Orlandi, bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Literatura pela Universidade Federal de Goiás (UFG): “Há alguns anos, entrei numa estação de metrô em Estocolmo, a tão civilizada capital do primeiro mundo, a Suécia, e notei que havia, entre muitas catracas normais e comuns, uma de passagem grátis livre. Questionei à vendedora de bilhetes o porquê daquela catraca permanente-

mente liberada, sem nenhum segurança por perto. Ela me explicou que aquela era destinada às pessoas que, por qualquer motivo, não tivessem dinheiro para o bilhete da passagem. Minha mente incrédula e cheia de jeitinhos brasileiros não conteve a pergunta óbvia (para nós!): ‘E se a pessoa tiver o dinheiro, mas simplesmente quiser burlar a lei?’ Aqueles olhos suecos e de límpidos azuis se espremeram num sorriso de pureza constrangedora: ‘Mas por que ela faria isso?’, me perguntou. Não lhe respondi. Comprei o bilhete, passei pela catraca e, atrás de mim, uma multidão que também havia pago por seus bilhetes. A catraca livre continuava vazia, tão vazia quanto minha alma brasileira, e muito envergonhada”. Por isso o título desse artigo: Quem faz um país é o povo. E faz os políticos também...

EDIMILSON CORREIA VERAS Doutor em Economia e professor universitário

redemocratização, alta inflação, déficit fiscal, déficit externo, recessão e baixo crescimento e/ou estagnação do PIB. Indiscutivelmente, o setor industrial é de fundamental importância para qualquer economia mas, nos últimos 50 anos, de uma maneira geral, instalou-se no mundo um processo de redução da industria de transformação em relação ao PIB. Há evidências de que a desindustrialização no Brasil iniciou-se a partir da década de 70 continuando a ocorrer até nossos dias. No entanto, é importante destacar dois aspectos: o primeiro é a aceleração desse processo em anos recentes e em segundo lugar a partir de 2010 a produção industrial deixa de crescer em termos absolutos e, mais recentemente, se expande negativamente. As explicações e as consequências desse fenômeno são complexas e polêmicas não havendo consenso entre os economistas. De qualquer modo, há indicação de que a desindustrialização

está relacionada, de alguma forma, a questões externas e internas. No primeiro caso é o reflexo da crise mundial que se instalou a partir de 2008 e, no segundo, em decorrência de como o governo brasileiro reagiu à crise principalmente a partir de 2011 culminando com o excesso de gastos em 2014. No que concerne às consequências as mais evidentes, estão a perda de postos de trabalho e o rebaixamento da renda média da economia. Todos sabemos que as crises, ao longo do tempo, tem diagnósticos e soluções diferenciadas. Contudo, a atual tem uma peculiaridade: é uma combinação de recessão, falta de liderança política e comportamento ético reprovável de importantes atores públicos e privados. Nenhum analista, em sã consciência, poderá prever uma saída, pois perdemos 2015 e certamente perderemos 2016 e 2017. Resta acreditar que Deus é brasileiro!


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ARTIGO

LUIZ DE GONZAGA MENDES DE BARROS Advogado

Desvio de rota Diz a Constituição Federal : Art. 133: “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”. Até 1960, quando Brasília passou a ser a capital da República Federativa do Brasil, quando alguém, submetido a processo judicial em grau de recurso, chegava ao Rio de Janeiro, ainda sede dos Poderes

A desfaçatez chegou a tal ponto que, se no trâmite do processo mudar o relator, a parte terá de mudar o advogado, perdão, o “patrono acessível”. da República, procurava um advoghado para patrocinar sua causa no Supremo Tribunal Federal ou em qualquer outro Tribunal Superior, sem dificuldade para encontrar causídicos que honravam a profissão como Heráclito Fontoura Sobral Pinto, Evandro Lins e Silva, Nehemias Gueiros, Hermes Lima, bem como uma plêiade de profissionais com preparo intelectual sob a proteção de uma formação moral que os fazem referência além do tempo. Hoje o quadro é absolutamente diferente. Quem tem problemas judiciais em grau de recurso nos Tribunais Superiores e ou, por mais vergonhoso que seja, em qualquer instância judicial, procura, primeiro, tomar conhecimento do juiz ou, nos Tribunais, do relator do seu processo, para saber, não o grau

de conhecimento do advogado a ser contratado, mas o que tenha “acesso” àquela autoridade. A desfaçatez chegou a tal ponto que, se no trâmite do processo mudar o relator, a parte terá de mudar o advogado, perdão, o “patrono acessível”. Já vimos um advogado, então ministro do Supremo Tribunal Federal, órgão judiciário conhecido como “guardião da Constituição”, no exercício da presidência da instituição, declarar que “fraudou” a Carta Magna Nacional fazendo com que o presidente da Assembleia Nacional Constituinte publicasse o texto constitucional com dispositivos sobre os quais os deputados e senadores constituintes não haviam deliberado. Na oportunidade, exercendo a presidência de uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Alagoas, redigi e assinei uma representação contra o malfeitor, solicitando do então presidente da OAB-AL que a remetesse ao Conselho Federal, o que, parece, não ocorreu, do mesmo modo que se não ouviu, ou leu, qualquer protesto de advogados sobre tão infame declaração. Refiro-me ao exuberante Nelson Jobim. Mais recente vimos um reconhecido e muito festejado advogado com carreira brilhante, nos ambientes público e privado, passar algumas horas sentado e silente em sessão de Comissão Parlamentar de Inquérito para assegurar que um seu cliente, famoso em ga-

tunagem público-privada, Carlinhos Cachoeira, estava protegido contra a autocondenação. Frente a tais exemplos ocorre-me uma indagação, com as desculpas solicitadas aos sábios pela ignorância do autor: “Será justo e estará sendo aplicada a justiça de que trata o dispositivo constitucional quando o advogado nega a autoria de um crime praticado por seu cliente que matou um ser humano?”. “Haverá administração de justiça, a que o advogado é constitucionalmente indispensável, quando se pretende impedir a comprovação processual da culpabilidade de ladrões privados, exercitantes do comando de empresas potentes, no caso as maiores do País, que, em conluio com ladrões públicos no exercício dos mais importantes cargos de governo e empresas públicas, praticaram e confessaram a maior gatunagem nos cofres da nação e de sua maior empresa?” Não, jamais! Em assim fazendo, como temos visto em nosso País, desenvolve-se, em paralelo com o PAC do Governo, um novo procedimento similar, cognominado PLI- Programa para Legalização da Impunidade – sob o patrocínio do PT e, quem sabe, com uma nova composição do governo da presidente-a Dilma e a participação de Marcola, Fernandinho Beira-Mar, claro que adrede preparados por José Dirceu, Vacari, Delcídio, Bumlai, Cerveró, Carlinhos Cachoeira, dispensado de preparo por reconhecida competência e ligações via Waldomiro Diniz,

para ministro do Jogo, em fase de legalização, assim como Marcelo Odebrecht, Ricardo Pessoa e demais integrantes da quadrilha petrolífera para o Ministério da Fazenda, BNDES e demais órgãos financeiros . Aliás, lugar de bandido é na cadeia. Lamentando a manifestação de Técio Lins e Silva, tenho a satisfação de afirmar que o destino do nosso Brasil depende da competência e honradez com que o juiz Sérgio Moro e o grupo de Integrantes do Ministério Público Federal se dedicam à apuração dos crimes contra o tesouro nacional, com o apoio da Polícia Federal que se vem fixando como um órgão público respeitável. O advogado haverá de ser, sempre, um porto seguro onde seus clientes sintam confiança para enfrentar as intempéries da vida, nunca um raio a iluminar a rota de ladrões, confessos e provados, na atmosfera catastrófica da corrupção que desmoraliza e destrói nosso Brasil. Que cheguemos à vitória final, com a proteção da OAB aos advogados e sua repulsa aos esquemistas. *Advogado 870 OAB-AL, foi procurador-geral da ALE (Assembleia Legislativa Estadual) de Alagoas por 48 anos, aposentado, consultor-geral do Estado de Alagoas de1979 a 1982, ex-presidente da ANPAL (Associação Nacional dos Procuradores das Assembleias Legislativas Estaduais), membro do IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros) e membro da Academia Brasileira de Ciências Morais e Políticas


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S.O.S. ALAGOAS

Cidade dormitório

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onos de casas no litoral alagoano reclamam dificuldade para alugar seus imóveis no carnaval. Razão, segundo alguns, não é preço mas a crise por que passa o País.

CUNHA PINTO

Combustível Foi “banho de água fria nos foliões“. Frase de José Emanoel ante o reajuste no preço do litro da gasolina. Argumento, o de sempre: inflação de dezembro e há de vir outro mais adiante.

Contra o tempo Vereadores Dudu Ronalsa, Antônio Hollanda e Chico Filho correm contra o tempo para tentar suspender o leilão do prédio do Mercado do Artesanato. Datas estão previstas para os dias 11 e 23 de fevereiro.

Temporário Lojistas de Maceió acham que vendas nesta época do ano são razoáveis. Mas fazem figa para maio, mês das noivas e em junho face os festejos juninos.

Chico Filho:

Lado inverso

“Mais de mil pessoas, seja direta ou indiretamente, dependem há anos do Mercado para sobreviver. O prédio, além do valor social, tem importância histórica, cultural e foi avaliado pela Justiça em R$ 6,4 milhões”.

Nos shoppings, áreas de alimentação pontuam bem em frequência. Uns até ampliaram áreas das mesas, mesmo estreitando o espaço para quem transita.

Aedes Aegypti Algás aderiu à campanha do Ministério de Minas e Energia no combate ao Aedes Aegypti, mosquito transmissor da Dengue, da Zika e agora da Chikungunya.

Pequenas ações Arnóbio Valente, presidente da Algás, prega a necessidade da população tomar medidas contra o mosquito da dengue. “Com pequenas ações conjuntas podemos, vencer essa luta”, diz.

Primeiro passo Dilma Rousseff sinaliza interesse em ter uma aproximação com o povo. Ou pontuam como as aparições dela mais frequentes na televisão? E mais os pronunciamentos em rede nacional?

Apoio à polícia Ações recentes da Secretaria de Segurança Pública, Estado afora, têm apoio da sociedade. E lembrando que os bandidos hoje estão muito bem armados e organizados.

Reconhecimento

O secretário Alfredo Gaspar de Mendonça divide o mérito dos bons resultados das ações policiais com o Ministério Público Estadual. Palavras dele: “É um grande parceiro”.

Quem acredita? No Brasil, por mais que políticos falem em preocupação ante a realidade que o País passa, quem leva a sério? E também que disposição terá o eleitor para votar este ano?

Sem resultado Propostas do governo para tapar rombo das contas públicas têm dado resultado? Pergunta é de quem paga imposto e, paralelo, não ganha um salário que permita conviver com a inflação no País.

Sessão de abertura O senador Renan Calheiros, presidente do Senado, definiu presença da presidente Dilma Rousseff na sessão de abertura dos trabalhos como um “gesto que sinaliza abertura de diálogo com o Congresso”. E mais: “É a oportunidade para discutir os rumos do País”.

Produção de grãos O Brasil, segundo divulgou o IBGE, produziu no ano passado 209, 5 milhões de toneladas de grãos e de cerais. Foi considerada safra recorde, superando em 7,7% a de 2014.


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MEIO AMBIENTE

Rio Doce

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m estudo realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica concluiu que dos 853 km de extensão do Rio Doce, a condição ambiental é considerada péssima em 650 km dele. Ou seja, em mais de 75%. De acordo com os dados das 29 amostras de lama e água que foram coletadas para análise, de Bento Rodrigues (MG) até Regência (ES), a água do rio é imprópria. Nas amostras, foram encontrados níveis de metais acima do permitido pela legislação, além do nível de turbidez estar em 5.150 NTU, bem maior do que o aceitável de 40 NTU (Unidade de Turbidez Nefelométricas). Dez anos é o prazo mínimo dado pelos pesquisadores, para a recuperação do Rio Doce.

Rio Branco Roraima está sofrendo a mais intensa estiagem dos últimos 20 anos e esta seca levou o Rio Branco a registrar a marca de -47 centímetros no final de janeiro, nível este que normalmente está em 2,40 metros. Conforme a Femarh (Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), a causa é o fenômeno El Niño, que reduz as chuvas e intensifica o calor, facilitando também a propagação de queimadas. Para enfrentar a seca, a governadora Suely Campos (PP) decretou emergência em 10 dos 15 municípios do estado. E 50 poços estão sendo perfurados para evitar o desabastecimento da população.

Caça ilegal Pesquisadores do Instituto Mamirauá desenvolveram estudos sobre vídeos de caça veiculados no Youtube desde 2014. Descobriram 285 postagens que apresentavam pessoas caçando, 174 com abate e 94 tentativas frustradas. O estudo revelou que os principais animais abatidos são: pacas, antas, veados, queixadas, catitus, capivaras, cotias e tatus. A temporada maior de caça acontece nos meses de julho e dezembro e os caçadores são na maioria urbanos e praticam a caça como lazer. A caça de animais silvestres e a comercialização de produtos ou objetos que impliquem na caça foi proibida no Brasil em 1967 pela Lei de Proteção da Vida Silvestre.

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JULLYANE FARIAS meioambiente@novoextra.com.br

Salgueiro Um ensaio técnico da escola de samba carioca Acadêmicos do Salgueiro acabou em tragédia. No final do mês passado, a escola desfilava na Sapucaí quando soltou dezenas de pombos que faziam parte da apresentação, mas com o som alto e a profusão de luzes no sambódromo, algumas aves ficaram desorientadas, não conseguiram levantar voo, caíram no chão, foram pisoteadas e morreram. Sessenta e oito pombos foram recolhidos pela ONG SOS Aves, que pretende denunciar o caso no Ministério Público, porém só vinte sobreviveram, alguns com ferimentos. A escola recuou e disse que não vai mais soltar pombos durante a apresentação.

Restauração florestal No começo do ano, a Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo detalhou as regras do Programa de Regularização Ambiental (PRA) para que os proprietários rurais que desmataram ilegalmente regularizarem sua situação junto ao órgão ambiental. A condição, prevista no Código Florestal, determina que cada proprietário rural preserve uma parte de suas terras. Quem desmatou precisa reflorestar na própria terra ou em outra área. Os ruralistas lutam para poder compensar o desmatamento fora do estado de São Paulo.

Carros elétricos compartilhados A Prefeitura de Fortaleza lançou um projeto de carros elétricos compartilhados que deve começar a funcionar em abril. Inicialmente, o projeto prevê o funcionamento de 15 carros e de dez estações. Trinta minutos de uso custarão R$ 20 e os minutos excedentes serão cobrados de forma inversamente proporcional: quanto mais tempo com o carro, menor o valor do minuto. Outros benefícios do sistema são a possibilidade de dividir os custos com um carona e de estacionar em vagas da Zona Azul gratuitamente. O modelo dos carros são BMWs 100% elétricos que utilizam vários materiais reciclados na sua estrutura, inclusive pneus. O veículo tem autonomia para rodar 200 quilômetros.

Ajuda ao planeta A Arts University Bournemouth (AUB), uma universidade britânica, está plantando uma árvore para cada novo estudante matriculado. A iniciativa tem como objetivo eliminar a quantidade de dióxido de carbono dos alunos emitida na atmosfera. A universidade fechou uma parceria com a organização Woodland Trust, que fornecerá as árvores para serem plantadas no sul da Inglaterra. Dentre as árvores, estão 500 carvalhos ingleses e uma mescla de outras espécies nativas.

Aquecimento global Segundo um estudo publicado na revista especializada Nature Climate Change, a meta da COP21 de manter o aquecimento global abaixo dos 2º C pode não ser cumprida se o foco das ações for apenas na implantação de tecnologias de emissões negativas de carbono (reflorestamento, produção de biocombustíveis, produtos químicos). Procurar gastar menos energia “suja”, como petróleo, carvão, e priorizar o uso eólico, solar e de biomassa são as melhores alternativas. Segundo os pesquisadores, cortes rápidos e agressivos nas emissões de gases de efeito estufa serão mais eficientes.


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Copa do Mundo

A Zika

Fifa confirmou, segunda-feira, os jogos da fase eliminatória da Copa do Mundo de 2018 na Rússia. O Brasil estreia no Recife contra o Uruguai.

Uruguaios, no bota lenha na fogueira do jogo que a seleção deles fará no Recife. Motivo? O temor dos jogadores, membros da delegação e torcedores é de que contraiam a Zika ou dengue.

Preocupação A mídia uruguaia está confiante na presença, no Recife, de Luís Suárez. Mas lembrando: foi ele o autor da mordida no zagueiro Chiellini (Itália) no mundial de 2012.

PORDENTRODO ESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Bauza “pede mais” do camisa 10 No início do trabalho do técnico Edgardo Bauza no São Paulo, Paulo Henrique Ganso começa a assumir um papel de protagonismo na equipe. A percepção foi feita pelo próprio treinador, depois do empate por 1 a 1 com o Cesar Vallejo, no Peru, pela primeira fase da Copa Libertadores. No duelo, o camisa 10 deu assistência para o gol de Calleri, além de criar as principais jogadas de perigo. Jogo de volta será quarta-feira,10, no Murumbi “O mais importante é que Ganso começa a sentir que pode ser protagonista e o time começa a se dar conta de como é importante quando a bola passa por ele”, explicou Bauza. “O que precisamos fazer é exigi-lo para que faça mais isso, porque quando o talento dele aparece, pode resultar em gol”, completou.

Pré-olímpico Quarta rodada

Neste fim de semana conclusão da 4ª rodada do alagoano e CSA e CRB além de invictos são líderes das chaves em que atuam. O Galo está na A e o Azulão na B.

Bom momento Anderson Conceição, zagueiro e ex-Atlético-MG, está no Philadelphia Union, clube que participa da Major League Soccer (MLS) 2016. Outros do Brasil no time são Fabinho e Léo.

Sobre adaptação “Os dois são importantes para mim, dando suporte no dia a dia. E quanto mais cedo me adaptar mais rapidamente vou poder render o melhor do meu futebol”. (Anderson Conceição)

Grupo B Brasil, nas eliminatórias da Copa do Mundo, pegou o Grupo B. Terá como adversários “ossos duro de roer”. Na roda de de abertura pega a Colômbia e vem na sequência Uruguai, Bolívia e Equador.

Museu de cera Neymar está “imortalizado” com uma estátua sua no museu de cera Madame Tussauds, que a mídia paulista define como um dos mais famosos do mundo. É homenagem que chega em um momento que ele mais precisa.

Na Ásia, fase final de classificação do Pré-Olímpico, das 16 vagas disponíveis 15 estão preenchidas. E na disputa da última estão Colômbia e Estados Unidos.

Roger Federer se desculpou por ficar de fora das competições em Roterdã e Dubai. Federer está hospitalizado, se recuperando de uma cirurgia.

Petkovic sonha treinar Adriano

O Santa Cruz, mas de Maceió, é campeão alagoano de futebol na categoria sub-12. Foi uma conquista invicta e 12 jogos e final com o CRB foi empate (2x2)

Sem treinar um clube desde outubro, quando foi demitido do Criciúma, Petkovic se divide entre duas expectativas: o carnaval e o futebol. Protagonista do enredo “Tem gringo no samba”, da Caprichosos de Pilares, da Série A, o ex-jogador não vê a hora de subir no carro alegórico na madrugada de domingo. E no futuro, já com os pés no chão, sonha ver Adriano, parceiro rubro-negro no título brasileiro de 2009, brilhar no futebol, pelo Miami United.

Campanha

Com muito dinheiro

Campeão sub-12

Da assessoria da FAD: “O Santa Cruz fez 12 jogos, com nove vitórias e três empates. Na final podia ser derrotado pelo CRB até com dois gols de diferença no tempo normal que levaria a taça”.

Proposta de Feijó Copa Nordeste de futebol sub-20, neste ano, pode ter apoio da CBF. É dúvida ainda, mas se confirmada, o presidente da Federação Alagoana de Futebol, Felipe Feijó, deve incluí-la no calendário das competições de base no Estado.

Azulão goleia Oliveira Canindé tranquila a torcida. O CSA começa 2016 líder do estadual e transmite confiança de voltar a festejar o título estadual. Na quarta-feira venceu (4x1) o Penedense.

Federer

De uns tempos para cá, a China virou o novo pólo futebolístico do mundo. Não pela qualidade ou tradição dos seus clubes, muito longe disso, mas sim pelos gastos astronômicos com contratações e salários, principalmente neste ano de 2016. Juntando apenas as 15 maiores contratações que os times da China fizeram nesta temporada até agora, desde o meio do ano passado - o mercado por lá fecha no fim de fevereiro -, chegamos aos 225,84 milhões de euros - ou o equivalente a R$ 978 milhões, quase chegando à marca de R$ 1 bilhão. Dessas negociações, em seis delas estão envolvidos jogadores brasileiros.

Mourinho perto do United Diante da iminente possibilidade de demissão de Louis Van Gaal do comando do Manchester United, especulações sobre quem poderia ser o novo treinador dos Red Devils não param de correr na imprensa europeia. E segundo o site Sky Sports Itália, José Mourinho está muito próximo de acordo para chegar ao comando do time na próxima temporada.


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Pressa inimiga da perfeição

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o primeiro mês de 2016 as notícias sobre o mercado são piores do que se esperava. A queda de quase 40% sobre janeiro de 2015 fez recuar as 153.000 unidades vendidas a números de nove anos trás. Explicações são várias: antecipação de compras para aproveitar oportunidades, utilização do 13º salário aumentou o valor da entrada para, assim, pagar menos juros, além de disputa entre os fabricantes no fechamento do exercício anual com novos bônus e descontos extras. Fenabrave, associação nacional das concessionárias, lembrou que em janeiro de 2015 ainda havia automóveis faturados com IPI reduzido. “Os resultados de janeiro não devem ser balizadores para as projeções de 2016. Mês é atípico historicamente e carrega aspectos negativos que não se repetem ao longo do ano”. Bem, esses são argumentos tangíveis, juntamente com a falta de confiança dos compradores e as crises política e econômica. Mas o

que preocupa de verdade são fatores intangíveis. A região da grande São Paulo responde por cerca de 22% das vendas de todo o País. Proprietários de carros estão apavorados em guiar na maior cidade do Brasil. Existe um cerco e uma atribuição de culpa do automóvel completamente irracional e estressante que vão desde criação de faixas de ônibus à direita sem critérios (diferente dos poucos e racionais corredores à esquerda) ou ciclovias que levam do nada a lugar nenhum sempre em detrimentos de faixas de circulação de veículos ou de estacionamento. Há outros: n Companhia de Engenharia de Tráfego antecipou para outubro de 2015, com óbvio viés político, a estatística apontando a velocidade média menor na cidade ter diminuído as mortes nos trânsito em 30,7%. Só que o consumo de combustível caiu em 15% e, portanto, retirou carros das ruas. n São Paulo não é Manhattan, em Nova York, onde as pessoas

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ALTA RODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br fervilham em torno dos carros e a velocidade foi reduzida para 40 km/h em parte da cidade. Ciclovias lá são pouco usadas. n Prefeitura instalou contadores de bicicleta na mais segura e racional ciclovia da cidade. Nas inúteis, nem pensar. n Faixas de ônibus à direita em São Paulo têm sinalização do solo entrecortada por onde carros podem sair à direita ou acessar essas as vias em grande parte improvisadas ou inúteis em custo-benefício na fluidez geral do trânsito. E há inúmeras saídas de garagens, estacionamentos e comércios no meio da quadra que sujeitam o motorista a multa máxima de sete pontos (antes de cinco pontos). Essas faixas de ônibus entrecortadas estão se apa-

gando e não são repintadas, além de haver em muitas delas horários em que os carros podem circular, mais para confundir do que ajudar. n Vias de 50 km/h são de repente diminuídas para 40 km com apenas uma placa e um radar 20 metros depois. Em São Paulo há algumas frases educativas em uns poucos painéis de avisos de trânsito. Uma delas muda o conhecido dito popular “pressa é inimiga da perfeição” por “pressa é inimiga da direção”. Se for só frase de efeito, melhor “pressa é inimiga da inteligente ação”. Se possuir carro quase se tornou crime na maior cidade do País por que o motorista vai trocar por um modelo novo ou pouco usado, mais seguro e menos poluidor?

RODA VIVA n FONTES desta coluna indicaram atraso do terceiro produto da fábrica FCA, em Goiana (PE). O projeto Jeep 551 será um SUV com base na picape Fiat Toro. Produção pode começar só em 2017, de acordo com recente declaração de Sergio Marchionne, presidente mundial da FCA, sem citar diretamente o adiamento ao falar sobre planos no Brasil. nJETTA é primeiro carro não premium parcialmente montado no Brasil (versão intermediária, 60% das vendas, sai de São Bernardo do Campo) em que todos têm motor turbo de 1,4 L ou 2 litros. Pelo elevado torque de 25,5 kgfm a partir de

apenas 1.500 rpm, o motor menor anda mais e bebe menos que o 2-litros aspirado anterior. Ainda não é flex pela arquitetura diferente da do Golf. nSEGUNDA geração do Audi Q7, além de mais sofisticada e 325 kg a menos de massa, lança novos recursos de segurança e conforto. Acionamento da terceira fileira de banco para dois passageiros (opcional) é elétrico. Parte de R$ 399.990 e chega a R$ 489.490. Esterçamento das rodas traseiras ajuda em baixa velocidade,

inglês), de série, em modelos de veículos leves no Brasil, nacionais e importados (no caso estes são maioria). Análise é qualitativa não quantitativa: carros mais baratos, aplicação bem menor.

nas mudanças de direção e em curvas ao se andar mais rápido. nBOM SINAL: Cesvi indica crescimento de 22,3%, em 2015 sobre 2014, do sistema de controle de estabilidade (ESC, em

nENTRE os cuidados na compra de carros usados está o histórico legal sobre adulterações de chassi, alertas de roubo, alienações, multas e débitos, participações do veículo em leilões e também no caso de sinistros com perda total (no jargão, PT). No site www.boavistaservicos.com.br/ servicos/certocar informações podem ser obtidas por R$ 19,00. Há versão mobile também.


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ARTIGO

JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

Outro monumental escândalo!!!

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inguém sabe qual é o maior escândalo, no Brasil e no mundo, se é o da Petrobras ou o da Transposição das Águas do Rio São Francisco. São escândalos debitados ao Sr. Lula, mas ele ainda não foi punido e, caso aconteça a impunidade, será melhor que fechem todos os juizados e tribunais para

Vão ser retirados do Rio São Francisco 252 milhões de litros de água por hora e levados, também, para irrigação das fazendas de empresários, amigos do Sr. Lula. que os prédios sejam transformados em salas de cinema e teatros. Vocês devem estar lembrados que no primeiro governo do Sr. Lula, há uns 13 anos, colocaram na cabeça do ex-presidente que seria uma “boa ideia” fazer essa transposição, de modo que

o Ceará, o Rio Grande do Norte, a Paraíba e Pernambuco ficassem abastecidos com as águas do Velho Chico. Todos os técnicos de renome, tanto do estrangeiro como do Brasil, foram contra a ideia, principalmente os do Instituto Joaquim Nabuco, especialistas em Hidráulica, Hidrodinâmica, Geologia, Eletrotécnica e outras especializações da Engenharia. Todos opinariam contra a ideia, dizendo que a seca nordestina não seria resolvida desta maneira e que seria um absurdo fazer um canal com 2.000 quilômetros só para que os empresários cearenses ganhassem milhões de reais com a criação de camarões para exportação. Aconteceu que o Sr. Lula tinha compromissos com 14 empreiteiras para o dinheiro chegar logo aos canteiros de obras. O projeto para ser executado teria que desviar 280 metros

cúbicos de água por segundo, mesmo não sendo beneficiado a Bahia, Sergipe e Alagoas, hoje flagelados pela seca, com a falta de água para beber, para os animais, para as plantações e demais necessidades. Vão ser retirados do Rio São Francisco 252 milhões de litros de água por hora e levados, também, para irrigação das fazendas de empresários, amigos do Sr. Lula. O Velho Chico ficará mais seco e irá prejudicar a geração da energia elétrica, nas hidrelétricas, como está acontecendo com a represa do Sobradinho. Da tomada d´água entre Bahia e Pernambuco até Cabrobó-CE, será construído um canal numa distância de 2.000 quilômetros, distância esta que vai de Maceió até o Rio de Janeiro, aproximadamente. Só com a evaporação a céu aberto, as bombas deverão elevar as águas a uma altura de 160 metros,

pois, precisarão de 1.060 megawatts que serão gerados, numa usina, como a de Sobradinho, além de ser construído um túnel com 1.500 metros, que correspondem ao comprimento de 15 campos de futebol. É uma maluquice! É um desperdício de dinheiro, porém “o absurdo do século” estava parado pelo Tribunal de Contas da União por causa de gritantes irregularidades e pelas grandes rachaduras nas obras. Ora, o Rio São Francisco está secando e só Deus é que deveria criar rios e canais com mais de 2.000 quilômetros através de quatro estados da federação. Em tempo – O promotor de Justiça Itamar Gama é um excelente amigo que tenho e que gosta de ler meus textos. Que bom!!!


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Abriu o jogo

O ex-presidente da Câmara Municipal de São Sebastião, Átila de Lima, disse estar disposto a desmontar um esquema de corrupção existente na prefeitura e que é comandado pelo ex-prefeito José Pacheco e pelo filho Henrique Pacheco, atual secretário de Planejamento. Segundo Átila, o prefeito Charles Pacheco, primo-irmão de Henrique, também é conivente com as falcatruas que têm por finalidade desviar recursos do município.

Enriquecimento Com documentos em mãos, Átila de Lima assegura que tem como provar que Henrique Pacheco enriqueceu ilicitamente e também é suspeito de comprar três apartamentos de luxo na Jatiúca, uma mansão em Barra de São Miguel e outros imóveis em São Sebastião com dinheiro público. Átila fez um apelo para que o Ministério Público acompanhe de perto a bandalheira que está ocorrendo na prefeitura e que aja com pulso firme. Pelo jeito, o pavio foi aceso e, agora, é aguardar a explosão bomba. Pode uma coisa dessas?!

Yale assume Yale Fernandes assumiu na quinta-feira (4) o cargo de prefeito de Arapiraca pelo período de 30 dias. Com problemas de saúde, a prefeita Célia Rocha (PTB) decidiu se afastar do cargo para realizar tratamento de saúde.

Problemas de saúde A gestora sofre de um sério problema de coluna e, nos últimos meses, o problema se agravou por conta do aumento da quantidade de visitas a obras que estão sendo executadas no município.

Momento importante Yale Fernandes assumiu a prefeitura em um momento importante de Arapiraca, que vivencia um período de execução da várias obras na área urbana e também nas comunidades rurais. Publicitário e bacharel em Direito, Yale Fernandes já foi secretário de Comunicação nas gestões passadas de Célia Rocha, entre os anos de 1996 e 2004, e no governo do ex-prefeito Luciano Barbosa, no período de 2005 a 20012.

Imposto no Carnaval Em pleno Carnaval essa notícia tem som de brincadeira. É, a Secretaria de Finanças de Maragogi fará plantão durante os dias 06, 07 e 08, para atender aos contribuintes que quiserem quitar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de 2015 e garantir o desconto de 30% na cota única. Ora, será que em plena folia momesca os contribuintes vão sair de casa para pagar imposto? Pois é. Tem quem acredite que sim.

Acredite se quiser E o secretário de Finanças, Ítalo Farias, explica que a medida visa estimular os maragogienses a optarem pelo pagamento da cota única. “A crise financeira é uma realidade, então buscamos oferecer facilidades e estímulos para os contribuintes pagarem à vista e de forma antecipada”, argumenta. Até parece...

Carnaval nas praias E por falar em Carnaval, após a realização das animadas prévias carnavalescas, com o Folia de Rua e Desfile do Bloco Mandacaru, com policiais e oficiais do 3º Batalhão Militar, na semana passada, os foliões de Arapiraca já começam a se deslocar para as praias do Litoral Sul de Alagoas e cidades ribeirinhas.

Arapiraca “vazia” Como ocorre há vários anos, a cidade fica praticamente vazia durante os quatro dias da folia de Momo. Quem fatura alto nesta época são as empresas de ônibus e os proprietários de transportes alternativos, a exemplo de kombis e vans.

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ABCDO INTERIOR

robertobaiabarros@hotmail.com

Vão viajar

Transporte alternativo

Muitos foliões deixam a cidade na noite desta sexta-feira, enquanto outra parte segue viagem no início da tarde de sábado (6). Os destinos mais procurados pelos arapiraquenses são as cidades litorâneas de Coruripe, Piaçabuçu e Barra de São Miguel.

As vans que fazem o transporte alternativo entre Arapiraca e Maceió terão reforço neste sábado e na Quarta-Feira de Cinzas, datas em que o número de viagens deve aumentar em mais de 100% em relação aos dias anteriores por conta do feriado de Carnaval.

Cidades ribeirinhas Os foliões também procuram as cidades ribeirinhas de Penedo, Traipu e Pão de Açúcar, a fim de se divertirem e depois banharse nas águas do São Francisco. Empresários do setor de turismo alegam que existem diversos ônibus e vans com reservas completas para o transporte dos foliões.

PELO INTERIOR ... Mais de 40 mil pessoas acompanharam, no fim da tarde de terça-feira (2), a festa de encerramento das homenagens a Nossa Senhora do Bom Conselho, a padroeira de Arapiraca. ... A festa religiosa teve início no dia 23 de janeiro, com o novenário e apresentações artísticas e culturais no Largo Dom Fernando Gomes, em frente à Concatedral de Nossa Senhora do Bom Conselho, no centro da cidade. ... A prefeita Célia Rocha e o vice Yale Fernandes, mais uma vez, estiveram presentes às celebrações juntamente com o vice-governador de Alagoas, Luciano Barbosa, o bispo da Diocese de Penedo, Dom Valério Breda, o bispo emérito de Estância (SE), Dom Hildebrando Mendes; o pároco de Arapiraca, padre Danilo Santos, entre outras autoridades eclesiásticas. ... O evento religioso também contou com a presença de vereadores, secretários municipais entre outras lideranças comunitárias do município e região. ... Técnicos, agentes e engenheiros de tráfego da SMTT realizaram um planejamento e interditaram várias ruas nas imediações da Concatedral de Arapiraca,

para garantir a segurança das pessoas na chegada da cavalgada e saída da procissão. ... A Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri) tem auxiliado a Prefeitura de Santana do Ipanema, por meio das secretarias municipais de Saúde e Agricultura, no combate ao mosquito Aedes aegypti. ... Em janeiro, a Seagri doou à Prefeitura de Santana 5.000 alevinos usados no povoamento de 787 cisternas de primeira água instaladas no povoado Areia Branca, zona rural da cidade, para testes de controle do vetor da dengue, da Zyka e da Chikungunya. Na quarta-feira (3), outros 2.000 alevinos foram entregues aos santanenses. ... Os alevinos também foram colocados em caixas d’água do bairro São José, zona urbana do município e, segundo o coordenador de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde, José Gildo Gomes da Silva, os resultados já começam a ser observados. ... Desejamos a todos um excelente Carnaval, cheio de paz, saúde e muita tranquilidade. Até a próxima edição!!!!


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REPÓRTER ECONÔMICO

JAIR PIMENTEL jornalista.jairpimentel@gmail.com

Mais aperto A chamada Taxa Selic (entre bancos) não subiu na última reunião do Banco Central. Mas vai subir na de fevereiro, após o Carnaval. Isso significa que depois influi decisivamente nos juros e taxas diversas que todos pagam aos bancos, principalmente no cheque especial e no cartão de crédito. Aumenta também nos empréstimos consignados. Portanto, evite esses mecanismos de crédito, mesmo com tantas “facilidades” que bancos e financeiras oferecem.

Negociando

Um Carnaval sem exageros

A

dica da coluna tem dois sentidos: nos dias de folia, não exagere na bebida nem usando seu dinheiro descontroladamente, usando o cartão de crédito e o cheque especial, lembrando que esses dois sistemas de crédito cobram juros altíssimos, podendo levar qualquer um ao fundo do poço. Como não existem mais os bailes de clube, faça a opção caseira: na sua própria ou na de parentes e amigos, dividindo despesas e se divertindo com descontração e segurança, ao invés de festas populares na praia e praças. Lembro que o mês de fevereiro é o mais curto do ano, o salário de janeiro já foi recebido e as despesas fixas e do dia a dia são as mesmas de qualquer outro mês. Tem ainda uma extra: o pagamento do IPTU. Os preços vão continuar subindo, assim como os juros. Não adianta reclamar! Pesquise e procure sobreviver de acordo com o que ganha, tendo ainda uma sobra para sua reserva financeira. Na semana seguinte ao Carnaval já estaremos na segunda quinzena do mês. Vá fazendo seu orçamento doméstico iniciado em janeiro e siga à risca as minhas orientações: minimizando os custos e maximizando os lucros.

Se você tem débitos impagáveis com bancos, financeiras e lojas, tente negociar, mostrando sua dificuldade financeira, prometendo pagar e pedindo redução ou até mesmo isenção de juros e multas. Mas cumpra o prometido, dentro de suas possibilidades, eliminando outros gastos e priorizando essa quitação. Não adianta seguir aquele velho adágio popular: “Devo não nego, pago quando puder”. Isso é vigarice e os credores não aceitam.

Sua conta O governo já anunciou uma redução na conta de energia elétrica a partir de fevereiro. Mas isso não significa que vá gastar mais. Continue economizando, principalmente no consumo de eletrodomésticos como ar condicionado, chuveiro elétrico, ferro de engomar e máquina de lavar.


MACEIÓ, ALAGOAS - 05 A 18 DE FEVEREIRO DE 2016

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FERNANDO TENÓRIO

CRÔNICA

Médico formado pela Ufal e escritor

fernandoatn@hotmail.com

Deus me livre!

S

empre que vou a Maceió busco reencontrar as pessoas de quem gosto. Buraco da Bruxa, Churrasquinho do Kaká, Bar do Delegado, Bar do Lula, Roberto Ladrão, Maria Furadinha, Bar da Tapa ou Rosa Mossoró surgem como os locais para esses encontros. O meu local favorito talvez seja o bar da Rosa, apesar de nem conhecer o nome fantasia do lugar. A cerveja gelada com tira-gosto de moela; as inúmeras histórias de seu pai, dono do bordel mais famoso da cidade outrora, e os amigos frequentadores

Todos nós devemos estar na lista do Deus me livre de alguém. Sim, todos nós! Para entrar na lista não existe um padrão são os convidativos do lugar. Além, é claro, de fechar quando o dia está raiando, o que deixa minha insônia à vontade. Falei de Rosa porque estava em seu bar na semana passada, quando encontrei uma garota. Ela namorou um cole-

ga meu por um bom tempo e veio falar comigo em tom cordial. O camarada não estava presente, e o coleguismo não permitiu que eu soubesse sobre o término da relação deles, a ponto de perguntar para a moça: – E seu namorado, não veio hoje? – Namorado? Deus me livre! Aquele ali nunca mais! – retrucou a moça. Ruborizei e pedi desculpas pela indelicadeza. Não toquei mais no nome do defunto, como ela definiu, seguindo por outras searas da conversa fortuita. Pouco depois, segui para minha cadeira e me pus a pensar naquele “Deus me livre”. As pessoas passavam e falavam comigo animadamente, e eu só pensava no tal livramento orquestrado pelo divino. Quando o casal desfeito namorava, era amor de balde (definição sublime do nobre Marcelo Calazans). Era amor para dar e vender, daqueles que vêm feito o vento que levantou o vestido da Marilyn Monroe ou desgrenhou a cabeleira do David Luiz. Não pareciam, pelo menos ao longe, um casal infeliz. Viagens, selfies e tudo o mais que os relacionamentos estereotipados exigem para que a sociedade os aceite como felizes.

Peguei o táxi rumo à casa da minha mãe – que já não é tão minha – e o “Deus me livre” me acompanhou. Sentou ao meu lado, e fomos dialogando pela madrugada. Pensei nas mulheres que poderiam ser elencadas na hora de pedir a proteção aos céus e fiquei mais aliviado. Eram poucas. No entanto, também pensei nas que me colocariam no tal livramento, ficando angustiado. Muitas seriam as que têm motivos. Todos nós devemos estar na lista do Deus me livre de alguém. Sim, todos nós! Para entrar na lista não existe um padrão. Pode ser desde aquela ficada única aos relacionamentos de quase uma vida encerrados por conta de uma descarga não dada. Do beijo que não encaixou, com direito à batida de dentes atroz, até uma sacanagem sem tamanho envolvendo o saldo bancário. Entramos na tal lista pela mentira mais bonita que se pode contar, ou até pela verdade dita de maneira equivocada ou no tempo errado. Entramos na lista por um eu te amo dito antes da hora, que fez a moça pensar que o desespero bateu em nossa porta, colocando-nos na lista dos carentes.

Entramos na lista por dizer um eu te amo depois do momento certo, fazendo a moça pensar que dissemos por pena ou para ter algum ganho secundário, principalmente se pouco depois o relacionamento acabar. Temos o costume de pensar que se algo dura para sempre, é sinal do sucesso amoroso, que deu certo. Mas, ao entrarmos no time do Deus me livre, nunca seremos esquecidos, e aí mora a contradição da coisa. A relação é doente, mas não deixa de haver afeto. Aconteceu, portanto, um sucesso amoroso? Quando disserem Deus me livre, em relação a mim, ficarei mais aliviado. Não digo orgulhoso, mas aliviado. Nem tudo está perdido. Ainda existem coisas a serem resolvidas nesse plano. Só pedimos para tirar aquilo que está dentro de nós. Pedimos livramentos de coisas que podem nos afetar. Quando alguém diz Deus me livre em relação à gente, é devido à importância que ainda temos. Pedem aos céus aquilo que não conseguem concretizar na terra. Colocam para o divino uma responsabilidade enorme, de que ainda não dão conta.


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