Edicao859

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ENTREVISTA

MAIOR TEÓRICO DA COMUNICAÇÃO DO PAÍS, JOSÉ MARQUES DE MELO FALA DE SUA TRAJETÓRIA P/16 e 17

extra MACEIÓ - ALAGOAS ANO XVII - Nº 859 - 19 A 25 DE FEVEREIRO DE 2016

PAPELADA CARA

DEPUTADOS FEDERAIS DE ALAGOAS GASTAM ATÉ R$10 MIL COM CORRESPONDÊNCIAS P/ 12

www.novoextra.com.br

R 3,00

FILHO DE JUIZ É REPROVADO E JUSTIÇA SUSPENDE CONCURSO GERALDO SILVEIRA JÚNIOR PRIVILEGIA RAPHAEL CAVALCANTE DE OLIVEIRA, FILHO DO JUIZ ROLDÃO DE OLIVEIRA NETO P/ 10

LEI ATROPELADA MP recorre da decisão que devolveu mandato ao prefeito de Japaratinga P/ 11 NEGOCIATAS Lessa discute cargos para apoiar reeleição de Rui Palmeira P/ 6


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Decisões sob suspeita O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) precisa conhecer as recentes decisões da desembargadora Elisabeth Carvalho em que reintegra os prefeitos de União dos Palmares e de Japaratinga. Beto Baía e Newberto das Neves estavam afastados a pedido do Ministério Público por atos de corrupção e retornaram aos cargos através de liminares concedidas pela desembargadora durante plantões judiciários, em pleno Carnaval. As decisões de Elisabeth atropelam a Resolução 71 do próprio CNJ, que define as regras do plantão judiciário para evitar medidas direcionadas. Nos casos em questão, o retorno dos prefeitos aos cargos não se enquadra em nenhuma das regras do plantão por não ser matéria de urgência. Logo, são decisões sob suspeita, que devem passar pelo crivo do CNJ.

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

FHC no Duty Free

Fernando Henrique Cardoso pagou 3 mil dólares por mês, entre dezembro de 2002 e dezembro de 2006, à sua velha amante, Mirian Dutra, por meio de um contrato fictício com a Brasif, proprietária de lojas Duty Free. O fato foi relatado pela própria Miriam Dutra, em entrevista à Folha de S. Paulo. FHC que se explique. (Diogo Mainard)

Baixaria no TJ

A pressa da desembargadora Elisabeth Carvalho em reintegrar prefeitos acusados de corrupção tem gerado um clima tenso no TJ, com acusações mútuas que beiram à baixaria. No último round, Pedro Mendonça quase foi às vias de fato com a colega de toga, ao ser chamado de “desembargador bostinha” e “sem caráter”. Tudo porque ele discordou das apressadas decisões da desembargadora. Pedro Mendonça devolveu a baixaria chamando-a de “bostona”, e insinuou que a desembargadora ganhava dinheiro desonestamente. Elisabeth não gostou nada das insinuações e pediu explicações, ao que Mendonça disse que o faria no “momento certo”. Até agora, pelo menos não se falou em “venda de sentença”.

Cartel As auto-escolas de Alagoas estão cobrando uma taxa unificada de R$ 1.260,00 pelo curso de preparação de motorista, o que caracteriza a prática de cartel. Atribuem o preço único a uma portaria do Detran-AL estabelecendo esses valores. Com a palavra o diretor-presidente do Detran-AL, advogado Antônio Carlos Gouveia.

“Presuntão de inocência”

Responsável pela repatriação de milhares de dólares do empresário João Lyra para o Brasil, a nissei Sílvia Sacuno anda inconformada por não ter sido aproveitada no governo de Renan Filho. Auto intitulando-se como responsável por JL ter feito a coligação entre PSD e PMDB, Sacuno, que já foi expulsa várias vezes do escritório do empresário, tem reclamado entre “amigos” que foi abandonada por Renan. Mesmo que seu filho, concursado, tenha sido nomeado para o Senado Federal.

Lava Jato

Ao suspender um concurso de juiz para atender pedido de revisão de provas feito por um candidato reprovado, a justiça alagoana dá margens para se duvidar da seriedade de seus concursos. Por decisões como a do juiz Geraldo Tenório Silveira Júnior, o apresentador Jô Soares fez troça com Alagoas ao afirmar que o nosso Tribunal de Justiça havia se transformado em simples Vara de Família. Em tempo: o privilegiado é Raphael Cavalcante de Oliveira Neto, que vem a ser filho do juiz Roldão de Oliveira Neto, auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça de Alagoas. Leia matéria na página 10.

A decisão do STF que autoriza a prisão de condenados depois de julgamento em segunda instância pode alterar os rumos de muitos dos acusados na Lava Jato. Agora vão ter de recorrer a Brasília estando presos. Deve aumentar o número de delações premiadas. (Marco Antônio Villa)

O “gato” do GG

Fim da chicana A decisão do STF de mandar para cadeia condenados em segundo grau acaba com a farra dos recursos protelatórios que garante a impunidade de criminosos ricos. Agora sentenciados, como o Cabo Luiz Pedro, que pegou 21 anos de prisão, estão mais perto de ver o sol nascer quadrado.

Japonesa inconformada

A OAB manifestou-se contrária à decisão do STF de colocar na prisão quem já foi condenado em segunda instância. Diz que traz “danos irre-paráveis”. Danos irreparáveis só se for às contas bancárias dos chicaneiros. A OAB não apoia a presunção de inocência, mas o “presuntão de inocência” que rendia honorários ainda mais gordos aos especialistas em esticar processos e garantir impunidade a criminosos ricos e poderosos. (O Antagonista)

O ex-deputado Gilberto Gonçalves levou mais uma cacetada da lei ao ter o seu supermercado “Felicidade” fechado pelo poder público. GG é acusado de roubar energia e vender alimentos estragados. Coisa feia, deputado!!

Vara de família

Arapuca

O MP precisa investigar um certo Consórcio Intermunicipal de Gerenciamento de Iluminação Pública (CIGIP).

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

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JORGE OLIVEIRA

Última garrafa do boteco

Maceió - O Lula é um cara que disfarça bem a arrogância. Que esbanja prepotência desde que chegou à presidência. Sua primeira ação autoritária no poder foi pedir a expulsão de um jornalista do New York Times que disse aos seus leitores o óbvio: Lula bebe. Bebe por prazer e por vício, segundo noticiou. Uma doença crônica que atacou o seu pai até à morte. Ele mesmo não nega. Sempre exaltou o gosto por uma cachacinha, uma preferência nacional. Mas irritou-se quando o repórter, ao traçar o seu perfil, divulgou para o mundo a sua afeição pela bebida. Enrolado na Lava Jato, Lula vive hoje depondo na PF. Por enquanto para esclarecer crimes de corrupção nos quais ele e a família estariam envolvidos. Como um sultão, achou que poderia fazer tudo impunemente, desde comprar apartamento luxuoso, reformar e decorar com dinheiro de origem suspeita até sitio também ampliado pelas empreiteiras que assaltaram a Petrobras. Ao se eleger, nem bem sentou na cadeira de presidente, já encomendou um avião de mais de 100 milhões de dólares para substituir o sucatão que até então servia ao governo para suas inúmeras e infrutíferas viagens internacionais. Fora do poder, substituiu-o pelos jatinhos das empreiteiras de quem virou lobista de luxo. Despreparado, convocou os pelegos sindicais para dirigirem a nação com ele, profissionais do ócio, que nunca deram um murro numa broa. Viviam de fazer greves e atravancar o desenvolvimento do país, como se a paralisação fosse o único instrumento reivindicatório da categoria. Hoje, essas centrais vivem a serviço do governo. Raramente saem às ruas para combater a incompetência petista. E quanto se reúnem, com a bandeira vermelha do partido, é para apoiar a administração atabalhoada da Dilma que enterrou o país na maior crise econômica de todos os tempos. Lula administrou o Brasil como um botequim, renovando sempre que possível o estoque de bebida. Apenas o de bebida, depois de receber o bar arrumado e com vários outros produtos à venda. Surfou na onda da prosperidade porque pegou uma nação sem inflação e crescimento positivo, mesmo com a economia europeia e americana em crise. Não soube tirar proveito da situação e danou-se a gastar alardeando que a “marola” não atingiria o Brasil.

Incompetentes

No comando do país trabalhou com duas pessoas notoriamente incompetentes: Guido Mantega e Mirian Belchior, esta viúva do prefeito de São André, Celso Daniel, cujo assassinato é atribuído à cúpula do PT. Por isso, o cala boca que a levou a bons cargos, sendo o último deles o de presidente da Caixa Econômica Federal, como se fosse uma expert em finanças.

O legado

O Ministério das Minas e Energia ele entregou a Dilma Rousseff, que dispensa comentários. Para quem não sabe, a Dilma chegou a esta pasta depois de apresentar um laptop ao Lula, um computador portátil que falava e mostrava imagem, um bicho esquisito que encantou o presidente. A Dilma, à frente do setor, foi a responsável pela compra da refinaria de Pasadena, uma sucata que deu um prejuízo de 1 bilhão de dólares ao pais.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Irresponsabilidade

Para fazer uma média com políticos e fortalecer a base do seu partido nos estados, Lula, de cara, anunciou a construção de três refinarias de petróleo. Uma delas, a de Pernambuco, é alvo de escândalo de corrupção e superfaturamento. As outras duas, a do Maranhão e a do Ceará, não saíram da terraplenagem, sufocando as finanças da Petrobras. A de Pernambuco teria a parceria do governo bolivariano da Venezuela. Hugo Chávez morreu sem botar um tostão nas obras.

Manipulação

Manipulando o povo com programas assistencialistas, verdadeiros criadouros de votos, Lula ainda conseguiu fazer o sucessor. Deixou como herança a Dilma, que, a exemplo do mestre, continuou o trabalho de terra arrasada.

Ressaca

Cabide

O Ministério da Saúde, ao qual estaria afeto o problema, foi sempre usado como um órgão de barganha pelos partidos de olho nos recursos que dispõe. O critério de escolha do ministro é feito por políticos medíocres que se alternam no comando da pasta como aves de rapina de olho no cofre. Nos últimos anos, os escândalos se sucederam dentro do ministério. O maior deles, denominado de Operação Vampiro, tinha entre os seus personagens o então ministro Humberto Costa, senador, um dos políticos mais influentes do PT.

Esses fatos, quando lembrados, mostram como o Brasil andou para trás, cambaleando como bêbado trôpego durante a última década. Agora, envolvido em uma grande ressaca, o botequim corre o risco de perder a única garrafa que resta na prateleira. O depoimento da Dilma sobre o mosquito é mais uma retórica alienígena do seu governo despreparado e ineficaz. Com exceção de alguns anúncios mal ajambrados na mídia, não se conhece uma ação concreta do governo para combater o mosquito antes que o zika vírus virasse epidemia. Para No final do ano, como é de praxe, o presidente da República normalmente se dirige à nação para eximir-se da reponsabilidade pela tragédia, a Dilma disse não fazer um balanço do ano que se encerra. Em 2015, saber a origem do mosquito. Ou seja, ele não é brasileiro, portanto, estamos combatendo invasores estrangeiros. com medo da reação dos brasileiros que têm reagido com panelaço, a Dilma não se apresentou Talvez, por isso, ela tenha apelado para o Barak Obama, presidente do EUA, antigo desafeto, para enfrentar a batalha. em cadeia de TV.

Alienígena

Blablabá

Desaprovação

Com uma aprovação de apenas 5%, a pior da história do país, a presidente preferiu prestar contas pela rede social. Ela usou a televisão para falar do mosquito aedes aegypti e do zika vírus que promete bravamente exterminar para frear a epidemia que se alastra pelo país.

Demagogia

O pronunciamento da Dilma é oportunista e demagogo. Ela tenta fazer o papel de paladina da nação aproveitando-se de uma situação de calamidade pública que o seu governo, por incompetência, não consegue evitar. O mosquito da dengue e o zika vírus se espalham pelo país sob os olhares indiferentes do seu governo. É bem verdade que a população também tem sua parcela de culpa quando relaxa no combate à proliferação. Mas o fato é que até agora o governo mostrou-se incapaz de uma política séria de combate ao mosquito.

Em coma

Ora, os brasileiros assistem todos os dias pela televisão milhares de pessoas em busca de atendimento nos hospitais. Muitos morrem sem assistência e outros nem conseguem marcar consultas. Não se sabe, por exemplo, até hoje, a contribuição dos médicos cubanos à saúde do Brasil, vendidos durante a campanha eleitoral como os salvadores da pátria.

O mosquito

Dilma, na televisão, quer tirar proveito da tragédia, fazer uma média com os brasileiros. Aparece como o general da guerra contra o mosquito. Quer esmagá-lo com a retórica de que “ele não nos vencerá, somos mais forte”, como enfatizou no pronunciamento. Uma bobagem para vender a imagem de uma mulher valente, guerreira, obstinada, preocupada com o bem estar da população.

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GABRIEL MOUSINHO

Cenário confuso

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partir de agora os partidos políticos centram suas forças para definir candidatos à Prefeitura de Maceió. Como saiu na frente e soube costurar acordos, o prefeito Rui Palmeira avança para a reeleição e não deve mudar sua chapa com Marcelo Palmeira na vice. Além do PP, do senador Benedito de Lira, o PSDB de Rui vai contar com o Partido da República do deputado Maurício Quintela, do PDT de Ronaldo Lessa, do DEM de José Thomás Nonô, do SD e outros que estão sendo conversados. Já o PMDB, que detém o governo do Estado, somente deve tomar sua decisão no final do mês ou logo nos primeiros dias de março. O problema é a escolha de um nome que possa fazer frente a Rui Palmeira e que, a princípio, não tem. O partido dominado pelos Calheiros pode fazer uma aposta nos nomes de Mosart Amaral, que teria que se desincompatibilizar do cargo de secretário de Infraestrutura, do ex-ministro do Turismo, Vinicius Lages – ilustre desconhecido em Maceió -, e do médico José Wanderley Neto. Afora isso, pode até mesmo pensar numa composição com o PSDB para apoiar Rui Palmeira. O cenário, como se vê, ainda está nebuloso, mas os grupos teem que decidir o mais rápido possível para não perder espaços na corrida para a prefeitura.

Apressado O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, queria, mesmo antes do processo ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal, que os carros do senador Fernando Collor fossem levados a leilão. Logo ele, que sabe perfeitamente que uma atitude dessa natureza somente poderia acontecer com a condenação do senador, o que não é o caso. O STF negou o pedido. Bem feito.

Caso Depois de muitos anos o caso do senador Renan Calheiros com a jornalista Mônica Veloso volta à tona. Um caso particular, diga-se de passagem, que deveria estar fora dos holofotes. O senador afirmou que já prestou todos os esclarecimentos aos órgãos e que não houve o uso de dinheiro público no caso.

Nos bastidores Muitos políticos não cumpriram com as promessas de que somente iriam descansar no Carnaval. Na Barra de São Miguel, por exemplo, o vai e vem nas residências de veraneios de deputados e senadores foi intenso.

Esforço concentrado As eleições deste ano serão fundamentais para os projetos políticos de 2018. É por isso mesmo que as lideranças apressam os passos para definir acordos e composições.

Escanteio Mesmo insistindo que será candidato a prefeito de Maceió de qualquer jeito, o deputado federal Cícero Almeida aos poucos vai perdendo terreno juntos aos partidos. Além de estar fora da tropa de choque que apoia Rui Palmeira, o PMDB, por baixo dos panos, não quer nem ouvir falar no nome do ex-prefeito.

gabrielmousinho@bol.com.br

No ar O governo do Estado paga o aluguel de um jatinho pertencente ao Grupo Carlos Lyra para transportar Renan Filho pra cima e pra baixo. Bem que essa dinheirama, em momento de crise extrema, poderia ser aproveitada para abastecer com alimentação e remédios o Hospital Geral do Estado e também colocar combustível em muitas unidades do Samu que há alguns dias não tinham como se locomover para fazer atendimento à população.

Desacostumado O governador Renan Filho tem demonstrado aversão àqueles que lhes fazem críticas construtivas na imprensa, parecendo que busca a unanimidade, um mal que acompanha muitos políticos pelo Brasil afora. Desacostumado com observações criteriosas, já que a maioria ao seu redor e muitos outros só sabem bater palmas para qualquer ação do chefe, seja boa ou não, Renan Filho só pensa naquilo.Tem sido aconselhado, muito precipitadamente, a encarar um projeto político nacional.

Desemprego em massa O saldo de demissões no Estado nos últimos meses é impressionante. Somente até agora foram demitidos 226 servidores da Companhia de Recursos Humanos e Patrimônio, Carhp. Mais 80 tomaram o mesmo rumo no Laboratório Farmacêutico de Alagoas, o Lifal. Pelo andar da carruagem as demissões devem continuar, atingindo órgãos como a Emater, Ideral e Adeal, que já está sem técnicos para dar sequência ao combate à febre aftosa.

Exemplo 1 Além da Assembleia Legislativa abrir as votações como deseja a Justiça, deveria também aproveitar para mostrar à população o que ali tem sido feito com o dinheiro do povo, as contratações de cargos comissionados, relação de servidores do Poder Legislativo, seus salários e os recolhimentos de tributos federais, que já terminou na Operação Taturana.

Exemplo 2 Ninguém também sabe por que a Câmara de Vereadores dificulta tanto as informações sobre número de servidores, salários e gastos com as verbas de gabinete. É uma oportunidade e tanto para o presidente, Kelmann Vieira, completar o seu trabalho de transparência na instituição.

Fogo de palha A duplicação da AL-101 Norte até Maragogi, num raio de 130 quilômetros, é o sonho de milhares de alagoanos, mas ainda vai passar por muitos governos para ser concretizada. Sua conclusão não é tão fácil como andam dizendo por aí. A primeira etapa iniciada vai contemplar apenas 5 quilômetros e o gasto inicial tem previsão de 45 milhões de reais, com uma contrapartida de 5 milhões de reais do governo de Alagoas. Com o Brasil em recessão não se pode esperar muita coisa do governo federal.

Quem sai do governo? O governador Renan Filho vê amortecendo o impacto sobre a substituição no secretariado para aqueles que, na sua escolinha, não atingiram as notas desejáveis. Como as anteriores declarações deixaram um quadro constrangedor e um verdadeiro mal-estar junto à sua equipe, o governador vem aos poucos tentando minimizar os efeitos danosos da precipitação. Já dizem por aí que se houver remanejamento não passará de dois secretários.

Engana-me que eu gosto Parece brincadeira a conversa do governo em promover auxiliares do segundo escalão para o primeiro, depois de avaliação do desempenho dos auxiliares de Sua Excelência .Um deles seria Cacá Gouveia que hoje dirige o Detran, órgão muito maior do que algumas secretarias de Estado. Essa ´´promoção´´ seria para atender acordos políticos visando as eleições deste ano.

Comemorar o quê? O governador Renan Filho apressouse a comemorar os feitos da segurança pública durante o Carnaval, o que gerou uma peça publicitária com gráficos generosos. Mas as estatísticas dizem que em 2015 assassinaram nas festas de Momo, 24 pessoas. Em 2016, 28.

Mar revolto Navegando em águas tranquilas até agora, o governo do Estado parece que vai encontrar turbulências daqui pra frente. Forçado pela crise a diminuir os duodécimos dos Poderes, a convivência com a Assembleia Legislativa, por exemplo, não será fácil como no ano passado. O inconformismo dos deputados já se faz notar entre grupos na Assembleia.


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PDT discute cargos na era Rui Palmeira

LIGAÇÕES ELEITORAIS

ALIANÇA COM LESSA ESTÁ QUASE CONSOLIDADA PELA REELEIÇÃO DO PREFEITO; RENAN FILHO INSISTE EM MOSART ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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revista para acontecer hoje, uma reunião do PDT alagoano com a direção nacional da legenda, em Brasília, define o futuro dos trabalhistas em Maceió: eles não devem lançar um nome na disputa à chefia do Executivo na capital- neste caso seria o deputado federal Ronaldo Lessa- e escolhem apoiar a reeleição do prefeito Rui Palmeira (PSDB). E isso significa, também, cargos comissionados em postos-chave da era Rui. E quais postos estão vagos para unir a fome com a vontade de comer? A Superintendência Municipal de Trânsito (SMTT), comandada por Thácio Melo e que vai sair da administração para concorrer a uma vaga à Câmara de Vereadores da capital. Ou a Secretaria do Meio Ambiente, hoje sob a batuta de David Maia. A Superintendência de Iluminação Municipal (Sima) é inegociável. Apesar da saída da Ib Brêda- também para concorrer à Câmara de Vereadores- ela está na cota do Partido Republicano, o PR. Significa que o deputado federal Maurício Quintella, líder do partido em Alagoas e um dos primeiros a declarar publicamente apoio a Rui, vai continuar indicando os comissionados da pasta. Lessa fez elogios públicos a Rui Palmeira (ano passado quase fechou a aliança com o prefeito), defendeu apoio

do grupo a Rui (“Falei o que eu sinto”, disse mais tarde ao prefeito), mas foi brecado pelo governador Renan Filho (PMDB), que tenta viabilizar o secretário dos Transportes e do Desenvolvimento Urbano, Mosart Amaral, como o candidato dos governistas contra o tucano, mas o tempo (teria de sair da administração pública em março, por causa do calendário eleitoral) é o maior obstáculo do momento. Obstáculo porque, além da dificuldade de Renan Filho em colocar o secretário na vitrine política e associá -lo a obras na cidade- como a duplicação da AL-101 Norte e mudanças no trânsito no entorno do Polícia Rodoviária Federal- o projeto dos Calheiros não inclui a palavra “derrota”. Pesquisas internas apontam que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), carrega grande resistência do eleitorado na capital. Ao mesmo tempo é candidato à reeleição em 2018. Portanto, precisa de um prefeito que chame de “seu” para ajudar na transferência de votos. VIDAS OPOSTAS O que antes unia hoje não é tão consenso assim. Renan Calheiros e o senador Fernando Collor (PTB) buscam o apoio ao mesmo candidato a prefeito de Maceió. Collor tenta se aproximar da reeleição de Rui. Renan busca inflar Mo-

Prefeito Rui Palmeira busca reforços a seu projeto de reeleição

sart Amaral. Se as pesquisas apontarem que Mosart é candidato competitivo, Renan vai aclarando a oposição a Rui Palmeira. Caso contrário, muda de lado e pode negociar o vice: José Wanderley Neto ou o presidente da Câmara, Kelmann Vieira, são alguns dos nomes ao posto. E a aliança com o PP, do senador Benedito de Lira, que garante Marcelo Palmeira como o vice atual de Rui? Nada está fechado. MOSSORÓ-NONÔ No dia em que abriria os trabalhos legislativos na Assembleia, com a leitura da

mensagem do Governo para 2016, Renan Filho, segundo sua assessoria, não estava em Alagoas. E, sim, em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Lá foi conversar com empresários do campo e levar adiante a proposta de atrair o setor agrícola para o entorno do Canal do Sertão. Objetivo é gerar emprego, melhorando a renda do sertanejo. Em Maceió, Rui lida com algo mais complexo: a crise do SUS que engole a gestão do secretário municipal de Saúde, José Thomáz Nonô. Ao assumir há quatro meses o cargo, ele prometia encarar a crise de peito aberto.

Apesar do empenho pessoal dele, o secretário não vem conseguindo desatar o nó do SUS. A aposta agora é que o PAM Salgadinho- o maior posto de Maceió- feche as portas para reforma e seja reaberto em março e a UPA do Trapiche da Barra funcione enquanto outra unidade, no Benedito Bentes, vai sendo programada durante este ano. A avaliação nacional é que o SUS vem sofrendo cortes enquanto a tabela de procedimentos médicos está defasada. Em novembro do ano passado foram cortados R$ 3,8 bilhões da saúde- decisão do ajuste fiscal federal para pagar os juros da dívida pública. E a crise arrastou meio milhão de brasileiros dos planos privados para o SUS. Apesar do Brasil ser o segundo na América Latina que mais gasta em saúde, na relação com o PIB, o gasto per capta é pouco superior a 500 dólares enquanto na Argentina é de 721 dólares. Rui Palmeira acreditou que gerir a saúde era uma questão de estilo do administrador. E Nonô, promotor público aposentado, é um gerentão sem forças para enfrentar, por exemplo, a falta de vacinas no II Centro de Saúde, que não é problema da saúde alagoana e sim uma questão nacional. E agora? Nem o prefeito nem Nonô têm a resposta.


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Desembargador vai decidir se Maceió fica com dinheiro da Casal

PENDENGA JURÍDICA DISPUTA JUDICIAL ENVOLVE RUI PALMEIRA E RENAN FILHO; EM JOGO, R$ 12 MILHÕES ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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aberá ao desembargador do Tribunal de Justiça Fernando Tourinho Filho decidir o futuro de uma pendenga jurídica entre o governador Renan Filho (PMDB) e o prefeito Rui Palmeira (PSDB): o dinheiro que a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) arrecada em Maceió e que Rui quer que seja empregado exclusivamente na capital. O processo está pronto desde segunda-feira (15), com o parecer da Procuradoria Geral de Justiça. Em meio ao esgoto que corre na direção da orla pela rede de água da chuva, Rui entrou em agosto com a ação na Justiça para deixar de pagar R$ 12 milhões/mês à companhia para obras na capital. O argumento é que a estatal repassa menos de 10% do valor arrecadado em conserto na rede de esgotamento na capital. Um defeito no gerador mantido pela companhia acabou no transbordamento do esgoto que é acumulado para despejo no emissário submarino. A Casal admitiu o problema e justificou a falta de luz e a quebra do equipamento como causas do transbordamento. O caso aconteceu em agosto. “A Casal nunca cuidou do saneamento de Maceió, nem no passado, nem no presente e, muito menos, cuidará no futuro. Se não teve condições até agora, não vai conseguir

jamais assumir com esta responsabilidade”, disse Rui, na época. Em setembro, ele conseguiu uma liminar do juiz Emanuel Dória, favorável à Prefeitura, mas a Casal recorreu e conseguiu, em dezembro, modificar a decisão do juiz no TJ. A discussão chegou a arranhar a relação política entre Rui e Renan, hoje retomada. Mas ainda promete render um imbróglio que envolve a dívida bilionária da estatal, o projeto de privatização da companhia- hoje em banho maria no Palácio República dos Palmares- e a discussão em torno de um serviço público, essencial- e estrangulado. A companhia prevê dobrar o abastecimento em Maceió; hoje, atende 30%. Os investimentos são de R$ 500 milhões. Porém, em 2014, segundo a direção da companhia, a Casal teve um prejuízo de R$ 53 milhões. ABERTURA DE CAPITAL E o futuro da Casal pertence a quem? Por enquanto, a Casal tem um destino conhecido: está na gaveta do governador, à espera da resposta sobre o futuro dela mesma. Uma das principais propostas é a abertura do capital social da estatal. O go-

verno retirou na Assembleia o projeto que discutiria este propósito. “A solução que eu quero para a Casal é equilibrar as contas para que ela não leve prejuízo mensalmente. Ampliar os investimentos em esgotamento sanitário com recurso privado e, com isso, criar condição para ampliar o investimento em abastecimento d’água. Com recurso privado ou público, mas com a empresa equilibrada”, disse o governador. Abrir este capital significa a participação de empresas privadas no lucro da companhia. Daí vem dois desafios:

empresas investem em estatais que tenham segurança jurídica e não política, ou seja, leis internas discutidas e aprovadas no Conselho de Administração sem serem alteradas pelo partido do momento ou o governador. Segundo: transformar prejuízo em lucro sem mexer na tarifa ao consumidor. O governo poderia subsidiar a água para evitar que os efeitos da privatização da Casal chegassem ao bolso do consumidor? Resposta: sim e não. Sim porque o subsídio garantiria maior democratização da água, mais acesso para todos; não porque o Executivo

Fernando Tourinho Filho é relator da ação no TJ

teria de encontrar dinheiro novo para cobrir o déficit nas próprias contas, dinheiro que o governo alega arranjar se aumentar impostos. Inviável, portanto. O que deve acontecer? Empresas serão chamadas para dividir o capital social da Casal como acontece na Algás. E depois? O governo ainda não tem a resposta.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE FEVEREIRO DE 2016

Empresa lança proposta para arrendar Usina Guaxuma

IMPÉRIO DIVIDIDO GESTOR DA MASSA FALIDA DO GRUPO JL NEGOCIA DÍVIDA DA UNIÃO EM BRASÍLIA JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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administrador judicial da Massa Falida da Laginha, João Daniel Marques Fernandes, viajou na última quarta-feira, 17, para Brasília, a fim de se reunir com o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. O assunto pautado foi quanto à negociação dos valores tributários que deverão se quitados pela massa. A atualização desses valores, segundo Fernandes, será necessária para quitar a dívida com créditos tributários. Em dezembro do ano passado, o EXTRA Alagoas noticiou que o ex-usineiro João Lyra possuía os chamados “Direitos Creditórios”. Trata-se de um processo de ressarcimento com base na Lei nº 4870 por danos patrimoniais causados em virtude dos preços de comercialização do açúcar e do álcool que estavam em desacordo com os parâmetros determinados por lei partir da safra de 1983/1984. Em 2014, uma decisão dos embargos chegou a um cálculo de R$ 1,7 bilhão, um valor que pode aumentar conforme atualização. A ação, segundo o advogado de João Lyra, Vitor Maya, se encontra em estado avançado. No entanto, o administrador judicial vê os créditos com cautela. “Esses créditos não deixam de ser uma questão complexa. Mas, primeiro, temos que quantificar as dívidas para começar o trabalho de compensação. Precisamos ser realistas que isso não acontecerá de um dia para o outro, po-

rém é uma das metas de 2016 para começarmos a pagar os trabalhadores, que são nossa prioridade”, disse Fernandes. Depois de quatro meses de arrendamento, a Usina Uruba possibilitou a geração de recursos para a manutenção da Massa Falida. Uruba, localizada em Atalaia, voltou a moer a partir da iniciativa da Cooperativa da dos Produtores Rurais do Vale de Satuba (Coopervales), que arrendou a unidade. Para suprir a moagem de 700 mil toneladas de cana foi previsto a abertura de 1.500 postos de trabalho. O arrendamento da usina forneceu recurso que deverá ser incrementado com o arrendamento de Guaxuma, que já dá passos para ser concretizado. “Já temos uma empresa de fora do estado de Alagoas interessada pela negociação. Porém temos notícias de que outros grupos também querem dar suas propostas. Vamos seguir o mesmo rito de Uruba”, explicou. Junto ao juiz responsável pelo processo de Massa Falida, Kléber Borba, o administrador judicial analisará a vantagem pecuniária das propostas, além da segurança da operação. A empresa interessada deverá comprovar a capacidade financeira para custear a operação, condições de contrair um seguro e fornecer lucro à massa falida. “Se, por exemplo, a empresa não moer a cana, terá que pagar à massa uma quantia como se tivesse moído. Embora tenhamos que cuidar e proteger o patrimônio precisamos evitar aventuras jurídicas por-

que temos responsabilidades com os credores”. Quanto à Usina Laginha, Fernandes destacou que a situação é atípica. “Houve invasões de movimentos sociais. O Incra faz um estudo de limites para fins de aquisição dessas áreas. Semana passada, em Brasília, nos reunimos com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, para tratar da usina. Começamos a discutir a reforma agrária e formas de pagamento”, informou. À época, durante arrendamento de Uruba, uma espécie de acordo foi traçado para que as 1.500 famílias acampadas na usina abandonassem o local para serem remanejadas a ou-

Daniel Fernandes foi a Brasília discutir créditos da Massa Falida e revela interesse de empresas de fora pela Laginha

tra área, no caso, a Usina Laginha. O Movimento dos Sem Terra em Alagoas espera ter direito às terras de João Lyra como um marco na reforma agrária do estado. As famílias estão acampadas nas áreas das usinas de Lyra desde o mês de julho exigindo o pagamento das dívidas trabalhistas aos antigos funcionários. Já quanto às usinas de Minas Gerais, Vale do Paranaíba e Triálcool, que geralmente são alvos de boatos sobre vendas e arrendamentos, Fernandes informou que não há nada programado. Em inspeção realizada em janeiro foi constatado que os empreendimentos estão mais conservados do que as usi-

nas de Alagoas devido à ausência da maresia. A situação abre a possibilidade de arrendamento, pois a manutenção não seria onerosa. Entre os mais interessados de ver as usinas voltando às atividades é o próprio governo daquele estado. “O Governo de Minas Gerais pretende conceder incentivos fiscais e financiamento a partir do Banco do Estado para quem vier a arrendar ou comprar as usinas. Autoridades de lá vieram até nós com o objetivo de sermos parceiros. Então, quem arrendar terá gastos, mas nada fora do mercado e do que as operações de moagem exigem”, contou Fernandes.


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Justiça mantém empresa sem licitação em Rio Largo

MÁFIA DO LIXO

PREFEITA MARIA ELIZA, QUE JÁ RESPONDE A VÁRIOS PROCESSOS DE IMPROBIDADE, FIRMOU CONTRATO DE R$ 3 MILHÕES JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

M

ais uma vez o município de Rio Largo está no olho do furacão. Dessa vez pela contratação milionária sem licitação da empresa Eco Ambiental, que atualmente é responsável pela limpeza urbana do município. O município através da prefeita em exercício Maria Eliza Alves da Silva, a Dra. Eliza (PRP), decretou o estado de emergência para realizar a transação que deve custar pelo menos R$ 3 milhões aos cofres públicos sem qualquer transparência. O caso já foi encaminhado ao Ministério Público Estadual através dos representantes legais da empresa Conserg, Barbara Daniella de Barros Monteiro e Clebson Marcelo Quaresma da Silva. O documento relata o descaso da atual administração em relação aos contratos firmados. Outra questão que pesa contra a Eco Ambiental é que a empresa não possui licença ambiental expedida pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA), ou seja, ela segue atuando de forma irregular no município de Rio Largo com a conveniência do órgão, que deveria tomar as providências cabíveis, e o Executivo municipal que avalizou todo esquema. Vale salientar que a empre-

Contrato irregular assinado pela prefeita Maria Eliza foi denunciado ao Ministério Público

sa não tem experiência em coleta de resíduos sólidos. A mesma empresa que denunciou a Eco Ambiental no Ministério Público Estadual ingressou com um mandato de segurança para que atuação da empresa irregular fosse paralisada em Rio Largo, mas a juíza Marclí Guimarães de Aguiar manteve a Eco Ambiental em atividade.

As provas robustas de incapacidade técnica e legal não foram suficientes para o município continuar no lixo. Quem também denunciou a Eco Ambiental e a prefeita Eliza no Ministério Público foi o vereador Maurício Pinto (PR). O legislador cobra explicações e não permanência de uma empresa totalmente irregular atuando na cidade de Rio

Largo. Atualmente a coleta de lixo é realizada por caçambas e não caminhões de lixo, além de profissionais sem o devido equipamento de proteção. O amadorismo e a incompetência da empresa vêm colocando em risco a vida de trabalhadores e da população, que vem destacando o descaso nas redes sociais e nas rádios locais.

MAIS DENÚNCIAS Maria Eliza, que comandou a Prefeitura de Rio Largo no período de 1997 a 2004, é acusada de nomear servidores sem concurso público, realizar compras com empresas fantasmas a partir de notas fiscais frias, efetuar serviços superfaturados e habilitar empresa sem licitação e posteriormente contratar empresa sem registro junto à entidade profissional competente. Ainda em 2013, o então juiz da 2ª Vara da Comarca de Rio Largo, Ayrton de Luna Tenório, julgou procedente a ação civil de responsabilidade por ato de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público do Estado de Alagoas contra a prefeita Maria Eliza Alves da Silva. Na época a Justiça também determinou a suspensão dos direitos políticos da gestora por oito anos; a proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios pelo prazo de dez anos; e ao pagamento de multa civil de duas vezes o valor do acréscimo patrimonial da ré que ocorreu durante a sua gestão. O jornal EXTRA tentou inúmeras vezes entrar em contato com a prefeita através do telefone de final 2950, mas até o fechamento desta edição o mesmo se mantinha desligado e/ou fora de área.


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Filho de juiz é reprovado em concurso e Justiça suspende certame

DECISÃO SOB SUSPEITA

MAGISTRADO ADOTA POSIÇÕES DIVERGENTES NO JULGAMENTO DE AÇÕES COM O MESMO OBJETO E MESMO PEDIDO VERA ALVES veralvess@gmail.com

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ecisões divergentes tomadas para um mesmo tipo de ação colocam em xeque a liminar do juiz Geraldo Tenório Silveira Júnior que suspendeu esta semana o concurso público para provimento do cargo de juiz substituto do Tribunal de Justiça de Alagoas e que, pelo cronograma do edital, deveria ter concluído mais uma etapa na última terça-feira, a de divulgação das notas das provas de sentença. A suspensão se deu um dia antes, na segunda, 15, na ação impetrada por um dos candidatos, o advogado Raphael Cavalcante de Oliveira Neto, filho do juiz auxiliar da presidência do TJ Roldão de Oliveira Neto. A liminar destoa de todas as demais decisões tomadas pelo mesmo magistrado em ações de cunho idêntico: questionamentos à correção das provas e a não aceitação, pela comissão organizadora do concurso, dos recursos impetrados pelos candidatos com o fito de serem classificados para a etapa posterior do certame. À exceção do filho do juiz Roldão de Oliveira Neto, sete dos oito candidatos que ingressaram com ações contra a Fundação Carlos Chagas, organizadora do concurso, obtiveram liminares do juiz Geraldo Tenório Silveira Júnior determinando que fossem incluídos entre os classificados para a etapa posterior. Um teve o pedido negado e apenas Raphael Cavalcante de Oliveira Neto obteve decisão paralisando o processo quando bastaria que, tal qual ocorreu com os demais, tivesse tido assegurado por liminar o direito de permanecer no certame até o julgamento do mérito da ques-

Geraldo Tenório (E) suspende concurso em ação impetrada por Raphael Oliveira

tão. Iniciado em maio do ano passado, com a abertura das inscrições, o concurso público para provimento de 20 vagas de juiz substituto do TJAL e formação de cadastro de reserva teve 4.028 candidatos habilitados à realização da prova objetiva seletiva, aplicada no dia 9 de gosto de 2015. O resultado, publicado a 2 de outubro, ensejou a primeira ação contra a Fundação Carlos Chagas por não ter aceito um recurso à correção. Impetrada no dia 14 daquele mesmo mês por Mirian da Silveira Monte, a ação nº 0724856-31.2015.8.02.0001 tramitou na 16ª Vara Cível da Capital/Fazenda Estadual mas acabou sendo extinta pelo juiz Antônio Emanuel Dória Ferreira por desistência da própria candidata, alertada que fora para o fato de que não se tratava da vara competente para julgar este tipo de demanda. No dia 15 de outubro, foi a vez das candidatas Fernanda Soares Bastos e Rafaela Morei-

ra Rezende Rocha se insurgirem contra a não aceitação de seus recursos. Ambas obtiveram no processo de número 072499495.2015.8.02.0001 que tramita no Juizado da Fazenda Pública Estadual e Municipal - Foro de Maceió liminar favorável do juiz Geraldo Tenório Silveira Júnior determinando à Fundação Carlos Chagas que as habilitasse à segunda etapa do certame, a de provas escritas discursiva e de sentença, que foram aplicadas em novembro. No mesmo juizado, liminar idêntica foi concedida pelo magistrado aos candidatos Juliana Nunes Félix (processo nº 0725616-77.2015.8.02.0001), Mirian da Silveira Monte (0725946-74.2015.8.02.0001) e Alberth Augusto Araújo Pinheiro (072630961.2015.8.02.0001) e negada a Plínio Marco Barros de Araújo (processo nº 072609133.2015.8.02.0001) porque este, ao contrário dos demais candidatos que obtiveram 71 pontos na prova objetiva – o

mínimo para classificação era de 70 pontos - sua pontuação foi de 72 pontos. A SUSPENSÃO Passada a segunda etapa do concurso, com a aplicação das provas discursivas em novembro, a terceira fase terminou sendo interrompida esta semana por conta da liminar na ação de número 070353333.2016.8.02.0001 que tem como autor Raphael de Oliveira Neto. O filho do juiz Roldão de Oliveira Neto não teve acatado pela comissão organizadora seu recurso à correção da prova discursiva. Ele questiona os motivos que não o levaram a obter uma pontuação maior em duas questões, as de número 3 e 5. No resultado final destas provas divulgado no dia 5 deste mês, sua nota foi 5,95 quando o mínimo exigido para classificação à próxima etapa do certame é de 6,0. De acordo com o candidato, sua nota deveria ter sido, no

mínimo, de 6,3. Isto porque, diz, suas respostas atenderam aos critérios estabelecidos no espelho de respostas e do edital do concurso. É o mesmo argumento de outro candidato, Luis André Costa Buarque (070002578.2016.8.02.0066) e ao qual o juiz Geraldo Tenório Silveira Júnior concedeu liminar no dia 9 deste mês determinando à Fundação Carlos Chagas a correção de suas provas de sentença e a divulgação das notas na sessão que deveria ter ocorrido na última terça, 16. O candidato, cuja nota divulgada pela comissão do concurso foi de 5,6, questiona, tal qual Raphael de Oliveira Neto, a baixa pontuação a questões que segundo ele tiveram respostas condizentes com as do espelho-edital, no caso as de números 3, 4 e 5, o que lhe teria conferido a nota 6,45. O que se questiona, no caso, é a suspensão de um certame há anos reivindicado pela sociedade em geral e em especial pelos próprios magistrados alagoanos, sobrecarregados que estão por conta da alta demanda judicial no estado. O fato foi destacado inclusive pela Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB-AL) cuja presidente, Fernanda Marinela, divulgou nota ainda na segundafeira lamentando a decisão do magistrado. A suspensão do concurso com base em processo cuja solução é de caráter administrativo e se dará após o julgamento do mérito, é considerada inédita nos anais dos concursos públicos em Alagoas. Outros concursos já foram suspensos, mas com base em questionamentos quanto a seu objeto ou constitucionalidade do edital.


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MUDANÇA DE VARA O juiz Geraldo Tenório Silveira Júnior assumiu como substituto o Juizado da Fazenda Pública Estadual e Municipal de Maceió no dia 5 de agosto do ano passado por meio da Portaria 1352 assinada pelo presidente do TJAL, desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas. Até então, ele respondia pelo 2º Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca da Capital. O argumento para sua transferência foi de que o titular do juizado, José Cícero Alves da Silva, fora afastado de suas funções para atuar junto à Corregedoria-Geral de Justiça. Mas há um detalhe: José Cícero Alves da Silva foi designado para a Corregedoria sete meses antes, através da Portaria 44 de 6 de janeiro de 2015.

Membro da comissão do concurso relata ação contra ele mesmo Há coisas que parecem só acontecer em Alagoas. Em julho do ano passado, findas as inscrições para o concurso, o desembargador Tutmés Airan foi relator do Mandado de Segurança 0802778-54.2015.8.02.0000 impetrado no dia 21 daquele mês por Arnaldo José Pedrosa Gomes contra ato do presidente da comissão do concurso que indeferiu seu pedido de inscrição no certame. Nada demais não fosse Airan um dos integrantes da comissão, conforme a Portaria 779 de 29 de abril de 2015 e que define como presidente o desembargador João Luiz Azevedo Lessa. Também integram a comissão o desembargador Fábio José Bittencourt Araújo, o juiz Orlan-do Rocha Filho e o advogado Adrualdo de Lima Catão, na qualidade de representante da OAB-AL. Um outro mandado de segurança (080283220.2015.8.02.0000) pelo mesmo motivo foi impetrado por Gilnei Chaves Prates a 24 de julho do ano passado, mas o relator, desta vez, foi o desembargador Pedro Augusto de Mendonça Araújo.

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MP recorre contra retorno de prefeito ao cargo

LEI ATROPELADA

NEWBERTO DAS NEVES REASSUME MANDATO ATRAVÉS DE DECISÃO SUSPEITA DA DESEMBARGADORA ELIZABETH NASCIMENTO

VERA ALVES veralvess@gmail.com

O

Ministério Público Estadual ingressou na terça, 16, contra decisão da desembargadora Elisabeth Carvalho Nascimento que, em pleno feriado de Carnaval (dia 9) concedeu liminar determinando a recondução de Newberto Ronald Lima das Neves ao cargo do prefeito de Japaratinga. Ele estava afastado por decisão judicial desde outubro do ano passado, acusado de improbidade administrativa e de chefiar um esquema com a participação de familiares, entre os quais a esposa Aqnna Karollyni Marques de Souza, o sogro Marcos Paulo de Souza e um tio-avô, Benjamin das Neves. O problema na decisão de Elisabeth Nascimento ao Incidente de Suspensão de Liminar nº 080507012.2015.8.02.0000, datada da Terça-Feira de Carnaval, é que não cabe o julgamento deste tipo de ação em plantões judiciários. E o mais grave, ela simplesmente atropelou o relator do processo de afastamento do prefeito, o desembargador Pedro Augusto de Mendonça, que negara a reintegração do prefeito ao cargo por duas vezes. E mais, o próprio incidente deu entrada no TJ em 15 de dezembro do ano passado e estava sob a relatoria do presidente do Tribunal de Justiça, Washington Damasceno, cujo último despacho, datado de 5 de janeiro último, havia sido o de requerer informações à ProcuradoriaGeral de Justiça. Damasceno, que estava em licença médica, foi subs-

Em pleno feriado de Carnaval, Elisabeth Nascimento manda Newberto ser reconduzido ao cargo tituído no plantão judiciário pela desembargadora Elisabeth Nascimento na qualidade de decana no exercício da presidência, já que o vice-presidente da Corte, o desembargador João Luiz Azevedo Lessa, também se licenciara devido a um problema nos olhos. As regras sobre plantão judiciário constam da Resolução 71 do CNJ e foram elaboradas justamente com o objetivo de evitar decisões direcionadas. De acordo a norma, são os seguintes os casos em que cabe análise: a) pedidos de habeas corpus e mandados de segurança em que figurar como coator autoridade submetida à competência jurisdicional do magistrado plantonista; b) medida liminar em dissídio coletivo de greve; c) comunicações de prisão em flagrante e à apreciação dos pedidos de concessão de liberdade provisória; d) em caso de justificada urgência, de representação da autoridade policial ou do Ministério Pú-

blico visando à decretação de prisão preventiva ou temporária; e) pedidos de busca e apreensão de pessoas, bens ou valores, desde que objetivamente comprovada a urgência; f) medida cautelar, de natureza cível ou criminal, que não possa ser realizado no horário normal de expediente ou de caso em que da demora possa resultar risco de grave prejuízo ou de difícil reparação. g) medidas urgentes, cíveis ou criminais, da competência dos Juizados Especiais a que se referem as Leis nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 e 10.259, de 12 de julho de 2001, limitadas as hipóteses acima enumeradas. § 1º. O Plantão Judiciário não se destina à reiteração de pedido já apreciado no órgão judicial de origem ou em plantão anterior, nem à sua reconsideração ou reexame ou à apreciação de solicitação de prorrogação de autorização judicial para escuta telefônica. § 2°. As medidas de comprovada urgência que

tenham por objeto o depósito de importância em dinheiro ou valores só poderão ser ordenadas por escrito pela autoridade judiciária competente e só serão executadas ou efetivadas durante o expediente bancário normal por intermédio de servidor credenciado do juízo ou de outra autoridade por expressa e justificada delegação do juiz. §3º. Durante o Plantão não serão apreciados pedidos de levantamento de importância em dinheiro ou valores nem liberação de bens apreendidos. Pesam contra Newberto das Neves a contratação irregular de veículos para o município, alguns deles pertencentes à esposa, e ônibus velhos pertencentes ao pai dela, além de um contrato no valor de R$ 84 mil mensais tendo por beneficiário o tio-avô do prefeitoi, Benjamin das Neves. Alvo de dois inquéritos civis por improbidade, o prefeito é também suspeito de enriquecimento ilícito e de nepotismo.


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Deputados federais gastam até R$ 10 mil com correspondências

PAPELADA CARA

COM A VERBA DE INDENIZAÇÃO, HOJE COTA PARLAMENTAR, ENVIO DE TELEGRAMA CHEGA A CUSTAR MAIS DE R$ 800 AOS COFRES PÚBLICOS

JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

O

s deputados federais Arthur Lira (PP-AL) e JHC (PSB-AL) gastaram este ano, até o mês de fevereiro, respectivamente, R$ 839,80 e R$ 532,80 em serviços postais quitados pelas Cotas para Exercício Parlamentar, verba mensal repassada para custear despesas do exercício do mandato, como transporte, telefone, pedágios, serviços de segurança, consultorias, gastos em palestras, seminários e passagens aéreas. No caso de Lira, de acordo com o Portal da Câmara dos Deputados, o valor corresponde a serviços com telegrama. Já JHC gastou com Sedex Convencional. As quantias gastas com os Correios em 2016 não param por aí. O deputado Marx Beltrão (PMDB-AL) pagou R$ 151,50 para enviar uma carta comercial, valor considerado alto se comparado com o mesmo serviço utilizado por Givaldo Carimbão (PROS-AL), que enviou duas cartas comerciais que custaram, respectivamente, R$ 36 e R$ 12. Carimbão também fez o uso do Sedex 10, que garante a entrega da encomenda até às 10 horas da manhã do dia útil seguinte ao da postagem. O serviço custou R$ 62,90. O telegrama de Lira, por exemplo, saiu mais caro do que uma viagem de Maceió para Brasília. No dia 18 de janeiro, em pleno recesso parlamentar, o deputado federal pagou R$ 563,64 para utilizar a empresa aérea Avianca. Os valores dos serviços prestados pelos Correios variam conforme o peso, a exigência de notificações e a urgência da entrega. Conforme simulação de preços disponível

R$

80

, 839

res, prefeitos e também para a população. Além de também de mandar correspondências sobre minhas atividades em Brasília e congratulações de aniversários”, explicou. Já a assessoria de imprensa de JHC detalhou que os envios são referentes a: envio de ofícios a todas as Câmaras Municipais do estado de Alagoas, solicitando que seja realizada audiência pública com o deputado, os vereadores e a população; envio de ofícios ao Governo do Estado, prefeituras e secretarias estaduais e municipais; envio de ofícios a embaixadas e órgãos federais; envio de Constituições e outros materiais jurídicos aos eleitores; e, envio de convites para órgãos de todo o país envolvidos com os eventos realizados na Câmara Federal. A assessoria do deputado Arthur Lira não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta edição. COTAS

Arthur Lira não explica os R$ 839,80 com telegrama este mês; JHC gastou R$ 532,80 com Sedex

no site dos Correios, um telegrama de 10 páginas sai em torno de R$ 130. No caso das cartas comerciais, resmas com até 500 gramas, ainda segundo o site, saem em média por R$ 21. Quanto ao Sedex Convencional utilizado por JHC, o valor pagaria o envio de encomenda com um peso de 30 quilos. BALANÇO DE 2015 O deputado federal que mais gastou em serviços postais no ano passado foi o Paulão (PT-AL). Foram R$ 10.664, sendo R$ 9.025 destinados a

Mala Direta Postal Domiciliária. Em segundo lugar está Givaldo Carimbão que pagou R$ 7.515 em envios; seguido por JHC com R$ 6.871 e Arthur Lira que destinou R$ 3.812 da cota para custos com os Correios. Ronaldo Lessa (PDT-AL) aparece com R$ 2.766; Maurício Quintela (PR-AL) R$ 1.878; Marx Beltrão R$ 1.748; Cícero Almeida (PRTB-AL) R$ 1.377; e Pedro Vilela (PSDB-AL) R$ 658, respectivamente. Se somados, os serviços postais utilizados pelos deputados federais alagoanos superam os R$ 37 mil.

O EXTRA Alagoas entrou em contato com os assessores dos quatro deputados federais que mais gastaram com correspondências. Em nota enviada pela assessoria de comunicação, o deputado Paulão informou que os gastos estão no Portal da Transparência, com a devida previsão legal, e por isso não existe irregularidade nessa questão. A reportagem conversou por telefone com o deputado Givaldo Carimbão que justificou o uso dos envios postais. “Faço o uso para enviar de materiais e informes mando para vereado-

A Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) é a antiga verba indenizatória. Uma cota única mensal destinada a custear os gastos dos deputados exclusivamente vinculados ao exercício da atividade parlamentar. O valor máximo mensal da cota depende da unidade da federação que o deputado representa. Essa variação ocorre por causa das passagens aéreas e está relacionada ao valor do trecho entre Brasília e o Estado do político eleito. O valor correspondente a Alagoas é de R$ 40.572,24 por deputado federal. Se multiplicado pelos nove deputados federais, o valor com as despesas pode chegar a R$ 365.150 mensais.


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TJ mantém suspensão de contrato de kit escolar sem licitação

FIM DA FARRA

MIND LAB FOI CONTRATADA POR MAIS DE R$ 6 MILHÕES PELA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO

JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

O

desembargador Pedro Augusto de Mendonça Araújo julgou na sexta-feira da semana passada, 12, o agravo de instrumento da Mind Lab e decidiu pela manutenção da decisão de primeira instância que suspende o contrato da empresa e os pagamentos que seriam realizados pela Secretaria de Educação do Estado à mesma. O jornal EXTRA teve acesso à nota de empenho 2015NE07884 que tem como favorecida a Mind Lab do Brasil Comercio de Livros Ltda no valor de R$ 6.599.232,00 referente à aquisição de Kits Educacionais “Mente inovadora” sem licitação. Os magistrados entenderam que há probabilidade de inexistência dos requisitos para contratação direta por inexigibilidade de licitação disposta no art. 25 da Lei nº 8.666/93 pela ausência de singularidade do método pedagógico e tamanha notoriedade que tornasse inviável a competição com outras empresas. Vale ressaltar que a empresa paulista contratada pela Secretaria de Educação responde a vários processos de improbidade em outros estados da Federação, inclusive por contratos firmados da mesma forma com que foi contratada em Alagoas, sem licitação. A prática ilegal culminou com o secretário de Educação do Estado e vice-governador Luciano Barbosa sendo de-

Pedro Augusto de Mendonça mantém suspenso contrato firmado pelo vice-governador e secretário de Educação Luciano Barbosa

nunciado pelo proprietário da empresa Project Educacional, Luiz Carlos Garcia Júnior, ao Ministério Público Estadual pela aquisição de kits escolares com dispensa de licitação. O material foi adquirido para atender a demanda de escolas de ensino fundamental da rede estadual de ensino público. A descrição do material: “jogos pedagógicos de raciocínio lógico, livro de registro de atividades, jogo pedagógico para utilização em atividade extra classe, livro de raciocínio avançado, livro de professor com conteúdo metodológicos e técnicos e livro de mediação de aprendizagem”.

Em recente contato com o EXTRA a Secretaria de Educação negou que exista qualquer ilícito, pois ela garante que só a Mind Lab do Brasil possui esse tipo de serviço e produto, inclusive, citou que a Secretaria de Educação de Maceió tinha feito contrato nos mesmos moldes do Estado. O contrato da prefeitura foi assinado já na gestão do prefeito Rui Palmeira, ainda em 2014, no valor global de mais de R$ 1 milhão. A ausência de licitação da Mind Lab foi confirmada pela PGE na edição do Diário Oficial do Estado de 21 de dezembro de 2015: “Reconheço a situação de inexigibilidade de licitação,

tendo em vista o despacho PGE/GAB nº 2870/2015, de fls. 515/518, da Procuradoria Geral do Estado, para contratação direta, pelo Estado de Alagoas, por intermédio da Secretaria de Estado da Educação da empresa Mind Lab do Brasil Comércio de Livros Ltda., inscrita no CNPJ/ MF sob o nº 10.391.836/000118 [...]”. A decisão do magistrado nega a exclusividade da Mind Lab na produção e realização dos serviços, contrariando o que disse a Secretaria de Educação: “Há outras opções nas empresas Mackenzie, Positivo, COC e Atíla que realizam a confecção de materiais similares. Não houve

estudo prévio pela secretaria de Educação que indicasse o método e o material pedagógico desenvolvido pela empresa contratada e que demonstrasse ser a opção mais vantajosa para a administração, seja em termos técnicos e econômicos, além de ausência de análise adequada para atender as necessidades dos alunos da rede estadual”. Por fim, o desembargador Pedro Augusto de Mendonça Araújo ressalta que o processo administrativo já foi encaminhado para o Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE-AL) que examinará sua legalidade. Até aqui a Mind Lab segue sem meter a mão no erário.


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Professores da rede privada denunciam sindicato

DESCONTO INDEVIDO MPE E MPT SÃO ACIONADOS PARA QUE SINPRO DEVOLVA VALORES REFERENTES À TAXA DE CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL

REDAÇÃO

te de conduta”. Vasconcelos disse ainda que essa questão é um debate nacional e que o entendimento de sua gestão é de devolução das valores recolhidos dos professores que se opõem ao pagamento, no entanto não fará isto neste momento, tendo em vista que existe um procedimento no âmbito federal discutindo a questão”. Ele esclareceu ainda que o sindicato não realiza desconto nos contracheques dos professores, pois isto é feito pelas escolas. Mas a professora Jandete rebateu ao afirmar que as escolas realizam os descontos a pedido da diretoria do sindicato.

I

nsatisfeitos com o desconto indevido em seus vencimentos, professores da rede privada de ensino de Alagoas entraram com representação junto ao Ministério Público Estadual e Ministério Público do Trabalho contra o Sindicato dos Professores de Alagoas (Sinpro/AL). Na denúncia, eles reclamam do desconto de 4% de seus salários sem autorização referente a taxa de contribuição assistencial e pedem que sejam restituídos. Em audiência no dia 10 de dezembro de 2015, com a promotora de Justiça Faildes Soares Ferreira de Mendonça, a professora Jandete Melo de Sena disse que não autorizou qualquer desconto em seu contracheque e que inclusive fez oposição informal e escrita para o sindicato solicitando que não fossem descontados os valores referentes a tal contribuição, pois já paga desconto sindical e mensalidade ao sindicato. Ela acrescentou ainda que não tem conhecimento de onde são aplicados tais recursos e que este ano foi a primeira vez em que aconteceu esse problema. A indignação da professora foi maior porque, segundo ela, os descontos em seu salário aconteceram a partir de agosto de 2015, embora tenha enviado documento ao sindicato afirmando “não autorizo o desconto de 4% do sindicato- SINPRO- referente a taxa de contribuição

AUDIÊNCIA

Contracheques de Luciano, que não é sindicalizado, e de Jandete comprovam o desconto

assistencial” em julho de 2015. Como se não bastasse, o desconto foi feito nas três escolas em que trabalha, o que equivale a 12%. “Essa atitude fere ao direito do trabalhador. Não sabemos para onde vai a arrecadação, mas queremos apenas que devolvam o dinheiro de quem não quer participar dessa contribuição, como é o meu caso”, argumentou a educadora. Vale ressaltar que tal desconto atingiu aos servidores sindicalizados ou não. Exemplo de Luciano leite,

que não é sindicalizado, mas teve valores descontados de seu contracheque sem sua autorização. Durante a audiência, ele se posicionou contrário à postura do sindicato e relatou que “não participava das assembleias da entidade, não tendo sequer visto, nunca, nas escolas por onde trabalha, qualquer convocação ou informação de reunião do SINPRO/AL e que este ano foi o primeiro que teve desconto referente a contribuição assistencial retirado de seu salário”. Diante da

promotoria e representantes do sindicato, ele pediu ainda que sejam restituídos os valores pagos indevidamente. Na ocasião, o presidente do Sinpro, Eduardo Vasconcelos, disse que respeitava a oposição dos sindicalizados ou não a esse pagamento, mas não se manifestaria nesse (naquele) momento e que levaria de volta a questão ao Ministério Público do Trabalho, já que o “mesmo reconheceu erro na redação da convenção coletiva e ficou de propor um termo de ajus-

O problema se arrasta há tempo e tem dado o que falar. A professora afirmou que não entende o porquê de o sindicato ainda não ter ressarcido de forma coletiva os professores, uma vez que sua diretoria reconheceu diante da Justiça que houve erro. Ela reforçou que o sindicato tinha conhecimento de quem não concordava com a colaboração, pois as cartas feitas a punho foram recebidas por eles e mesmo assim ignoraram a vontade dos profissionais. Na tentativa de resolver o impasse, no dia 12 de abril vai acontecer audiência no Ministério Público do Trabalho a partir das 9 horas com as partes interessadas. “Queremos a devolução de nosso dinheiro e que este desconto acabe”, finalizou Jandete.


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Sinpro diz que denúncia é em retaliação a eleição De acordo com a Assessoria de Imprensa do Sindicato dos Professores de Alagoas, a taxa assistencial está instituída há décadas na entidade e só agora foi reclamada no MPT por um grupo de professores derrotados na última eleição. A professora Jandete foi a vice candidata a presidente do Sinpro/AL ao lado do cabeça de chapa Murílo Firmino, que por sua vez é irmão do ex-presidente do sindicato, Fernando Firmino, o dirigente que instituiu a taxa. Há décadas Firmino e seu grupo controlaram com mão de ferro um sindicato que ficou conhecido por sua ligação espúria com o setor patronal. Hoje esse mesmo grupo busca subterfúgios para tentar descredenciar uma gestão marcada pela transparência dos seus atos. O ex-presidente do Sinpro/AL, que apoiou a professora Jandete e seu irmão Murilo, foi denunciado ao Ministério do Trabalho e Emprego e à Polícia Federal. Quanto à legalidade da taxa assistencial, quem irá decidir sobre sua legalidade ou não é o Ministério Público do Trabalho, através do procurador responsável pelo inquérito civil, tomando como base deliberação da Coordenadoria Nacional de Promoção de Liberdade Sindical, composta por vários procuradores do Trabalho, que tem como objetivo garantir a

liberdade sindical e a busca da pacificação dos conflitos coletivos trabalhistas. “A Emenda 45/2004 da Constituição Federal determina a ampliação da competência da Justiça do Trabalho, onde afirma que toda matéria relacionada a sindicatos é de competência da Justiça do Trabalho, portanto responsabilidade do Ministério Público do Trabalho. Vamos aguardar a audiência e a decisão do MPT. Pautamos nossa gestão pela legalidade, ao contrário do que foi feito há anos no Sindicato dos Professores. A oposição tem direito de espernear; faz parte do processo democrático”, enfatizou Eduardo Vasconcelos, presidente do Sinpro/AL. O sindicalista ainda relatou onde a taxa assisten-

“Curioso é que as pessoas que tentam usar a imprensa para denegrir um trabalho sério nunca foram a público cobrar explicações dos saques ilegais que estão sendo investigados pelos órgãos competentes” EDUARDO VASCONCELOS presidente do Sinpro/AL

cial é empregada: “serviço de interesse da categoria como formação, campanha salarial, comunicação institucional, campanhas publicitárias, cursos, palestras, seminários, workshop, investimentos na sede social”. Ainda de acordo com a assessoria, a taxa assistencial vem dando uma sobrevida ao sindicato, já que a atual gestão pegou a conta bancária zerada, onde só um saque de R$ 50 mil foi feito um dia antes da eleição pela gestão que apoiava Jandete e Murilo para comandar a entidade. “Curioso é que as pessoas que tentam usar a imprensa para denegrir um trabalho sério nunca foram a público cobrar explicações dos saques ilegais que estão sendo investigados pelos órgãos competentes”, destacou Vasconcelos. Por fim, o presidente da entidade classista salientou: “Pegamos um sindicato com uma base de 12 mil professores com 900 filiados, hoje temos 1.678, em menos de um ano, isso é um fruto de um trabalho sério, inclusive reconhecido nacionalmente com matérias publicados em diversos estados. A sociedade em geral, assim como os filiados, possuem acesso à informação sobre aonde dinheiro do sindicato é empregado. Toda transparência é dada através das nossas redes sociais e do nosso portal institucional”.

Eduardo Vasconcelos rebate acusações da professora Jandete


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Quando a teoria se sobrepõe à prática

JOSÉ MARQUES DE MELO VÍTIMA DE DOENÇA DEGENERATIVA - MAL DE PARKSON - JOSÉ MARQUES DE MELO, ALAGOANO DE SANTANA DO IPANEMA, TEM UMA TRAJETÓRIA DE HERÓI NACIONAL REINALDO CABRAL Especial para o EXTRA

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uem imaginaria que o professor José Marques de Melo na sua última visita a Maceió, em dezembro passado, estivesse praticamente se despedindo da vida? Calma: ele ainda está em São Paulo, onde passa seus últimos dias em profunda depressão, vítima de uma doença degenerativa, o Mal de Parkson. José Marques de Melo, alagoano de Santana do Ipanema, teve uma trajetória de herói nacional. Está terminando os seus dias como um dos principais teóricos mundiais da comunicação social, podendo ser comparado, sem favor algum, a Herbert Schiller, George Gerbnet (EUA), Bernard Miège (França) e Alberto Dines (Brasil), quatro dos principais comunicólogos do planeta ainda vivos. Com ele, a mídia impressa mundial está acabando, sendo substituída pela mídia virtual. Esta entrevista com ele ocorreu num momento delicado quando esteve em Maceió entre 29 de setembro e 20 de outubro do ano passado. RC - Quem é José Marques de Melo? JMM- José Marques de Melo é um sertanejo alagoano que guarda na memória cenas da vida cotidiana enraizadas na personalidade do trabalhador intelectual que veio a ser na idade adulta. Quando começou a ler as novelas de Graciliano Ramos, os romances de Adalberon Cavalcanti Lins ou os contos de Breno Accioli, foi percebendo a semelhança de personagens e cenários daqueles escritores com as recordações de sua “infância”. As “vidas secas” persistentes no meio ambiente calcinado por es-

tiagens cíclicas nos confins daquela “terra espinhosa” (como descreveu Graciliano Ramos) provocaram a “insônia” que induziu os donos do poder nativo a lançar a “Operação Nordeste” (Celso Furtado). Esta foi insuficiente para aplacar a “angústia” dos sócios internacionais, que patrocinaram a “Aliança para o Progresso” (Nelson Rockfeller), temerosos da “cubanização” dos “retirantes” que engrossavam as correntes famélicas, nutrindo o estereótipo alagoano da “terra de emigração” (como J. Silveira Camerino preferiu registrar em sua peculiar Geografia de Alagoas). Essa literatura o induziu, muito cedo, a tomar consciência das escassas perspectivas existentes na região, aguçadas pelo golpe de 1964, que o converteu em emigrante natural. Acolhido pelo gueto caeté na terra dos bandeirantes, logo perdeu a ilusão de retornar no “próximo inverno”. O instinto de sobrevivência o induziu a integrar-se à colônia nordestina e com o passar do tempo a aculturar-se à vida paulistana. Assim sendo, posso afirmar: JMM é um cidadão que faz parte da diáspora alagoana na cidade de São Paulo, onde fincou raízes. Mesmo compartilhando o cotidiano de filhos e netos, parentes e aderentes, nunca esqueceu suas origens. Por isso mesmo, retorna às Alagoas, sempre que a saudade aperta o coração. Retemperando a identidade luso-batavo-fulniô, desfruta cores, sabores e aromas, degusta paisagens e ambientes que correm o perigo de fenecer nas lembranças matutinas ou nos devaneios vespertinos. Mas nunca desaparecer das evocações oníricas que alimentam a esperança no porvir, constituindo a própria razão de viver. RC – A história da sua vida parece um filme de Fellini e Pasolini com um roteiro de Kafka. Comente.

JMM – Como pertenço culturalmente a uma geração pós-aristotélica, nutrida em símbolos nativos que articulam a erudição verbal da retórica romana (Cícero e Quintiliano) e a simplificação cognitiva dos enciclopedistas franceses (Diderot e D`Alembert), confesso que ainda permaneço vacilante entre a civilização impressa e o fantástico espaço audiovisual, sem dizer Goodbye Gutenberg!. Isso esclarece a dificuldade de transpor minha história de vida para os universos fílmicos de Fellini ou Pasolini, mediados pelo roteirista Kafka. Como disse em outras ocasiões, considero-me um intelectual cujo itinerário foi determinado por contingências históricas – ou pelas “circunstâncias” (Ortega y Gasset). Embora tenha sido educado no catecismo humanista dos pensadores cristãos, particularmente dos filósofos católicos do pós-guerra, fui introduzido ao pensamento marxista, refugando a ortodoxia leninista e outras do mesmo tipo. Interesseime particularmente pelo existencialismo sartreano e pelo marxismo ocidental de Gramsci, sem esquecer os exegetas do neo-marxismo latino -americano. Entre eles, o argentino José Ingenieros, autor do bestseller “O Homem Medíocre”, cuja ideiaforça “querer é poder” seduziu minha geração. Na contramão, perfilava o apocalíptico Gustavo Corção, vociferando suas “lições do abismo”. Pesando prós e contras, fui empurrando com a barriga minhas decisões cruciais. Em outras palavras: nunca agendei tempo suficiente para planejar minha vida. Procurei, contudo, ser fiel às minhas utopias, enfrentando trancos e barrancos. Ultimamente, sofrendo de mal incurável, tento manter o bom humor. Adoto a “filosofia” do compositor popular Zeca Pagodinho: “deixo a vida me levar...”. Não será a mesma filosofia que Fellini difundiu na película “I la nave va...” ?

RC – O senhor esteve na boca do furacão mais de três vezes entre 1968 e 1978 e conseguiu livrar-se de uma prisão. Qual foi o mistério e seus momentos mais marcantes? JMM – Mistério? Nenhum. Fui preso em 1964, por ter colaborado com o governo deposto pelos golpistas. O jovem Arraes fez uma revolução social, aplicando a legislação trabalhista ao campo. Criou alternativas de consumo dos bens de primeira necessidade aos trabalhadores rurais. Quis libertá-los do monopólio ancestral mantido pelo barracão dos canavieiros. Interrogado no DOPS pernambucano, fui liberado da clausura, mas continuei vigiado, acuado, intimado a depor nos IPMs do movimento estudantil. Amedrontado, decidi emigrar. Tive participação ativa na política estudantil, testemunhando e participando de episódios históricos. O mais relevante foi a visita da médica argentina Célia Guevara, mãe do então ministro cubano de Economia, Ernesto Che Guevara, ao Nordeste. Sua anfitriã era a nutricionista Naide Teodósio, que agendou uma conferência da colega visitante, a pedido do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito, com o apoio tácito da União dos Estudantes de Pernambuco. Ao receber a conferencista no saguão da escola, os dirigentes dos órgãos estudantis – Antônio Carneiro Leão e Marco Antonio Maciel – foram informados que o diretor Soriano Neto proibira o ato. Revoltados com a decisão arbitrária, os estudantes decidiram realizar a conferência numa sala de aula. Quando começou a saudar os estudantes, a conferencista foi surpreendida pela escuridão resultante do corte da energia elétrica, determinada pelo diretor. Imediatamente os alunos providenciaram velas, compradas numa mercearia

das redondezas, iluminando o salão. Quando terminou o ato, os estudantes fizeram uma assembleia decidindo ocupar o edifício até que fossem dadas garantias de que as lideranças não seriam punidas por insubordinação. Esta foi provavelmente a primeira ocupação de faculdade no país. A ocupação durou muitos dias até que o presidente Jânio Quadros designou o então coronel Arthur da Costa e Silva para atuar como mediador. Os estudantes exigiram que a negociação fosse feita na faculdade, cercada pelas tropas do IV Exército. Para não enfraquecer a autoridade federal, o diretor foi promovido para um cargo superior na Reitoria; as tropas militares foram retiradas e o coronel Costa e Silva recebeu as chaves da faculdade, depois da vistoria feita pelos funcionários e da constatação de que nenhum dano fora cometido pelos ocupantes. Lembro que, no dia seguinte à ocupação, o jornal O Estado de S. Paulo publicou um editorial com o título: “Pavio aceso”. Não demorou muito e alguns dias depois, o cheiro de pólvora inundou o país, com a renúncia de Jânio Quadros. Anos à frente, o coronel Costa e Silva foi promovido a general. Concluiu sua carreira como marechal no exercício da Presidência da República. Depois desse episódio, permaneci engajado no movimento juvenil. Mas logo me decepcionei com os meandros dos grupos em torno das quais gravitei meteoricamente: a cruzada eucarística infantil, a juventude estudantil católica, a mocidade evangélica e a juventude comunista. Insatisfeito com a aplicação distorcida dos princípios democráticos, favorecendo sempre os mais espertos, resolvi mudar de rumo. Pouco antes do golpe, decidira


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“Tive participação ativa na política estudantil, testemunhando e participando de episódios históricos. O mais relevante foi a visita da médica argentina Célia Guevara, mãe do então ministro cubano de Economia, Ernesto Che Guevara, ao Nordeste”

me afastar da militância estudantil e recuperar o tempo perdido. Como pretendia fazer carreira no Jornalismo, adquiri consciência da impossibilidade de fazer jornalismo atuando na política partidária ao mesmo tempo. Desde então, mantive distância da política militante, intervindo na política como cidadão, mas sem qualquer envolvimento com as organizações clandestinas. Apesar disso, nunca me livrei da vigilância dos meganhas. Agora que os arquivos do DOPS foram liberados para conhecimento dos interessados, fiquei impressionado com a vigilância policial sobre as minhas atividades. Produziam relatórios quase diariamente, anotando o que fazia, para onde ia, com quem andava, o que dizia. Comecei a abandonar o Nordeste em 1965, quando ganhei uma bolsa da Unesco para fazer pós-graduação no Ciespal, o Centro Internacional de Estudios Superiores de Comunicación para América Latina. Voltei ao Recife decidido a migrar para São Paulo, o que se deu em 1966, quando fiz concurso para o corpo docente fundador da Escola de Comunicações Culturais da Universidade de São Paulo. No ano seguinte fui nomeado diretor do Departamento de Jornalismo, por ser o mais titulado, dentre os meus colegas. Permaneci nessa função até 1972. Denunciado como subversivo, fui sumariamente afastado da chefia do Departamento de Jornalismo e enquadrado no Decreto 477. Enfrentei um processo kafkiano, que culminou com a minha demissão arbitrária em 1974. O ato foi assinado pelo reitor da USP, mas a ordem veio do Quartel-General do II Exército, mandando demitir sumariamente 10 professores. Ordenada pelo general Edinardo d`Avila, o comandante do II Exército, foi parte de uma trama da linha dura para desestabilizar o governo Geisel. Mas este agiu rapidamente, demitindo, logo a seguir, o general Ednardo. O cerco foi completado em Brasília, com a demissão de Silvio Frota, o chefão da linha dura. Considero-me o vilão dessa trama, pois o processo a que fui submetido na USP, em 1972, resultara na minha absolvição pelo general Jarbas Passarinho. Aconselhado a sair do país por algum tempo, candidatei-me a uma bolsa de pós-doutorado da Fapesp, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Quando retornei, em 1974, com o projeto de implantação do programa de Pós-Graduação em Jornalismo na USP, fui surpreendido com a publicação do ato sumário

do reitor Orlando Paiva, cancelando meu contrato de trabalho com a USP. A punição de cinco anos fora do sistema público, também chamada de “cassação branca”, permaneceu vigente até 1979, quando “amparado” pela lei da anistia de 1979, a USP me abriu, não a porta da frente, mas uma janela lateral, permitindo meu retorno à instituição, para cumprir um contrato em tempo parcial. Pressionado por amigos e colegas, requeri a anistia que me era devida pela nova lei da era Lula-Dilma, ampliando o prazo para processar os requerimentos das pessoas que tinham direitos adquiridos. Meu processo tramitou regularmente até que a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, na sessão de 13 de julho de 2015, aprovou por unanimidade o voto do relator, momento em que o seu presidente me pediu desculpas, em nome do Estado Brasileiro, pelos sofrimentos que padeci, juntamente com minha família. Essa decisão finalmente foi homologada pelo ministro da Justiça em ato publicado no Diário Oficial da União de 22 de agosto de 2015. RC- O Brasil real das desigualdades sociais da primeira metade do século XX é o mesmo Brasil urbano deste século com os mesmos paradoxos sociais. O que interferiu e conspirou para isso? JMM – Os dois Brasis são completamente diferentes, embora persistam os paradoxos das desigualdades sociais. O Brasil do início do século XX é fruto da revolução industrial, causadora da concentração das unidades produtivas no litoral e da importação da mão de obra ociosa na Europa para substituir a mão de obra afro-descendente que a Lei Áurea libertou cruelmente, abandonando-a à própria sorte, sem indenização ou recompensa. Deu-se então o êxodo rural e a favelização das grandes cidades. O fenômeno voltou a repetir-se no século passado; a mecanização da lavoura deixou ociosa a população rurícola, agravando a marginalidade urbana. Desqualificada para operar os equipamentos agrícolas e tampouco reciclada para disputar os novos empregos gerados pela modernidade urbana. O maior problema do Brasil sempre foi o descaso educacional, que inviabiliza a redução das desigualdades sociais. Hoje, como dantes, no quartel de Abrantes, os 10% mais ricos concentram 54% da renda nacional. RC- O senhor tinha tudo para ter produzido uma das maiores obras do jornalismo, da sociologia e da antropologia do Brasil do sé-

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culo XX. O que lhe atrapalhou? JMM - Francamente, nunca pretendi ser bam-bam-bam. Sempre tive consciência de labutar num campo desprovido de reconhecimento acadêmico. Modéstia à parte, meu livro de estreia Comunicação Social: Teoria e Pesquisa (Petrópolis, Vozes, 1970) foi um best seller adotado em todo o país. Alcançou seis edições sucessivas, vendendo cerca de 20.000 exemplares. Meu livro seguinte, Estudos de Jornalismo Comparado (São Paulo, Pioneira, 1972), foi lançado com uma tiragem de 9.000. Mas nem por isso me dediquei a escrever livros de impacto que repercutissem no mercado acadêmico para me conduzir aos píncaros da glória... Optei pela sedimentação do nosso campo cognitivo, solidário com as novas gerações, contribuindo para formar novos autores e fundar espaços de construção coletiva do saber comunicacional. Recebi três prêmios que me recompensaram suficientemente: o Prêmio Wayne Danielson da Universidade do Texas, pela minha contribuição intelectual ao campo da comunicação, o Prêmio Ibero-americano de Teoria da Comunicação da Universidade de Oviedo (Espanha) e agora a Medalha de Ouro do Ciespal pela conjunto da minha obra sobre a Escola Latinoamericana de Comunicação. Dentre as recompensas literárias, destaco o Prêmio Jabuti que reconheceu meu livro História do Jornalismo (São Paulo, Paulus, 2013) como a melhor obra nacional na área de comunicação, naquele ano. No entanto, não posso deixar de dizer que a maior emoção vivenciada, neste fim de carreira universitária, foi o presente que acabo de receber dos meus ex-alunos, reunindo toda a minha obra na série Fortuna Crítica de JMM (São Paulo, Intercom, 2014/2015) em quatro volumes, com anotações que espero sejam úteis às futuras gerações. Tive a ilusão de escrever um ensaio sobre a evolução do Pensamento Comunicacional Brasileiro, mas, como estou com o meu prazo de validade vencido, como se diz popularmente, reuni todos os textos que seriam objeto de análise. Com a ajuda do jovem Guilherme Fernandes, logrei arrebanhar um contingente de uma centena de colaboradores de todo o país, lançando a trilogia Pensamento Comunicacional Brasileiro: o legado das ciências humanas (São Paulo, Paukus, 2015).


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Félix de Vandesmet

HISTÓRIA DE ALAGOAS

O BARÃO FRANCÊS DA USINA BRASILEIRO

EDBERTO TICIANELI Jornalista

F

élix Eugene nasceu na França, filho de um industrial francês proprietário de uma fábrica de fiação e lã. No Brasil, o Baron du Saint Siége Félix Eugène Wandesmet passou ser conhecido como o Barão de Vandesmet. Em Alagoas, escolheu as terras férteis de Atalaia para implantar, em 1891, a Usina Brasileiro, a primeira usina de açúcar do estado. Antes de chegar a Alagoas, Vandesmet esteve com um amigo em Guadalupe, nas Antilhas, onde fundaram uma usina de açúcar. Chegando ao Brasil, desembarcou no Rio de Janeiro e procurou o Imperador Dom Pedro II em sua residência de verão em Petrópolis, em busca de investimentos para seus negócios, mas nada conseguiu. Decepcionado, foi para a Bahia, onde assumiu a gerência de uma usina de açúcar. Desentendeu-se por lá e desembarcou em Alagoas, no Pilar, na época o mais importante empório comercial do interior, onde construiu a mais moderna usina de açúcar de Alagoas. A construção foi demorada e todos os equipamentos foram importados da Europa, que tinha a mais avançada tecnologia do ramo açucareiro. Os navios com os equipamentos faziam a lenta e perigosa travessia do Atlântico, e após chegar ao porto de Maceió, o maquinário seguia pela estrada de ferro até Atalaia, onde era desembarcado e transportado para as obras da usina no antigo Engenho Olho d’Água.

Barão de Vandesmet e familiares

A usina teve várias denominações. “Usina Brasileiro Félix Wandesmet” desde a sua fundação até 21 de outubro de 1922, quando passou a se chamar “Usina Brasileiro Wandesmet& Cia”. O início da sua primeira moagem foi no dia 18 de janeiro de 1892, ano em que produziu uma safra de 4.000 sacas de açúcar, atingindo posteriormente a mais de 300.000 sacas. O açúcar seguia para o Pilar, e daí, em embarcações lacustres para o porto de Maceió. Moeu pela última vez na safra de 1957/58 com uma produção de 36.562 sacas de açúcar demerara e 700 de açúcar cristal. A instalação primitiva da usina ficou sob a responsabilidade do mecânico João Siqueira, pai dos jornalistas atalaienses Valdir e Valmir Calheiros de Siqueira. Montada inicialmente com um motor de 90 HP e 8 turbinas, sofreu reformas em 1905 passando a moendas de tríplice pressão – três motores de explosão a óleo diesel, de fabricação inglesa (Blackstone) e dois de fabricação tcheca (Esokad) comprados à Cotrimonte. A instalação destes motores coube ao

Casa Grande da Usina Brasileiro

mecânico João Monteiro Malheiros, conhecido por João Dezenove, por ter perdido um dedo da mão por acidente. É do Barão de Vandesmet, também, o empreendimento que prolongou a estrada de ferro de Atalaia até a Usina Brasileiro e que construiu uma ponte sobre o Rio Paraíba. Com a estrada de ferro pronta, Vandesmet comprou duas locomotivas e as batizou de França e Brasil. Félix Vandesmet, que era também o cônsul da França no Brasil, além de construir uma usina em Atalaia, instalou também no Pilar uma destilaria de álcool, cuja matéria prima – o mel – era fornecida pelos engenhos de açúcar daquele município e de Atalaia. A Usina Brasileiro passou a se constituir num modelo de empreendimento industrial para a sua época. Na área de saúde, foi instalada uma farmácia que importava medicamentos da França. Médicos de renome daquela época passaram por lá. O barão foi o primeiro a usar em Alagoas a irrigação de fazendas através de motor a gás

Usina Brasileiro começou a operar em 18 de janeiro de 1892

pobre (lenha). Instalou um telefone a manivela para a sua comunicação entre a usina e Atalaia.Introduziu em Alagoas as variedades de cana de açúcar: Demerara, Barbados e White Transparent. Outro avanço da época foi a instituição da aposentadoria dos empregados. Reservava-se parte do lucro da usina para garantir o salário integral a todos aqueles que chegavam à idade de se aposentar. Não existia le-

gislação trabalhista no Brasil, mas Vandesmet implantou a sua própria, sendo reconhecido em todo o país por isso. O então presidente Afonso Pena, atraído pela fama da Brasileiro, fez uma visita à usina e provou da aguardente lá fabricada, que ele próprio rotulou de “uísque Vandesmet”. A Usina Brasileiro, mesmo mudando de nome, funcionou até 1958. Em 16 de agosto de 1929, aos 81 anos, morreu o Barão de Vandesmet.


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CLÁUDIO VIEIRA

ARTIGOS

Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

O símbolo incontestável

“O

demagogo é exatamente aquele que exerce a mais ousada das identificações políticas: o povo (está) no seu líder e o líder no seu povo. O líder é órgão do povo e este é órgão do líder. (...) o próprio líder é o símbolo: o sinal de todos os valores, as expectativas, as esperanças convergentes do seu povo”

Enquanto eu prestava os meus esclarecimentos, ouvi a provocação de Dirceu, secundado por Genoíno e Mercadante: “Esse queimaria qualquer detector de mentiras”. (G.Zagrebelsky). A constatação do jusfilósofo italiano é severa crítica ao culto à personalidade. Adianta o professor que, em tal situação, alguém se impõe ao povo

como símbolo ele mesmo, cria uma redoma em volta de si de tal forma que todo aquele que o contraria é declarado inimigo, e assim aceito pelos sequazes do pretenso líder. O professor emérito da Universidade de Torino ilustra a crítica com os casos de Napoleão, Franco, Mussolini, Hitler, Stalin, Mao, Kim Jong-il e Kim il-Sung. Os demagogos-símbolos contrapõemse aos verdadeiros símbolos políticos, que visam unir pessoas, ou a sociedade como um todo, em torno de proposições que transcendem a subjetividade, e objetivam-se em uma dimensão institucional. O demagogo é, portanto, um mal em si mesmo. À política recente brasileira é bem assentada a crítica do autor de “Simboli al potere” (Enaudi ed., Torino/ It.,2012), cujo excerto, em tradução livre, transcrevi acima. Salvo rarís-

simas exceções, a grande maioria dos nossos políticos veem exercendo a demagogia, muitas vezes com sucesso, malgrado transitório. O mais destacado dos demagogos brasileiros, na atualidade, é sem dúvidas o ex-presidente Lula. Também o mais carismático, inteligente, esperto e sagaz de todos. O desencanto da Nação com os governantes anteriores guindou-o à Presidência da República, cargo que exerceu com apelo institucional. Não se pode negar ter ele, aperfeiçoando institutos preexistentes ou criando outros, melhorado a vida do brasileiro mais empobrecido, ao menos por um bom período de bonanças econômicas que não dependeram da sua intervenção, uma vez que resultavam da evolução global. Soube aproveitá-las, no entanto, como nenhum outro antes nesse País. Infelizmente, vê-se hoje

não terem sido mais do que castelos de areia, a duras penas, e através de mentiras, mantidos mais ou menos íntegros pela sua sucessora, do mesmo partido político, todavia sem a sua arte. Demagogo, Lula não perdeu a oportunidade de sublimar-se, transformando-se ele mesmo em símbolo de governança, o “pai dos pobres” a quem tudo é permitido, inclusive aproveitar-se das benesses do poder para enriquecimento próprio e dos seus. E, como observou Zagrebelsky, quem não comunga do seu círculo é inimigo. Em suma, como pretenso (mau) símbolo político, não promove a união, mas a divisão maniqueísta entre o Bem (ele) e o Mal (quem se lhe opõe). Tudo tão igual àqueles personagens demagógicos acima referidos! Ainda bem que, historicamente, os falsos líderes são transitórios.

DENIS VIEIRA ROCHA

Liberação da maconha

Médico, escritor, pesquisador e auditor fiscal federal

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oda droga viciante é prazerosa: é fato. O que se discute são seus malefícios. O tema “liberação da maconha”, por demais polêmico, é pauta em debates acalorados no âmbito nacional. A par disso, o STF julga acerca da descriminalização dessa erva. Ministros já deferiram, até o momento, três votos (do total de onze) a favor da liberação de

Convivi por anos (com olhar de pesquisador) com dezenas de usuários de drogas ilícitas em recuperação, mas que iniciaram sua adicção pela maconha. posse para uso próprio. As correntes prós e contras digladiam entre si. São múltiplas. Expõem, a rigor, argumentos especulativos e um tanto confusos. Nesses embates, invariavelmente, os defen-

sores da legalização, inclusive para fim comercial, saem vitoriosos, uma vez que são mais convincentes. Isso porque seus opositores (ou seja, os que são contra a liberação) não aludem para a “síndrome amotivacional” consequente ao uso do THC (tetrahidrocanabinol), uma das substâncias presentes na maconha. Talvez por desconhecimento de causa, creio eu! Essa síndrome, conjunto de sinais e sintomas, é por demais comum no usuário de média-longa data. Caracteriza-se por apatia, desorganização, negligência, perda do senso ético, desinteresse pelo futuro, ausência de metas ou projeto de vida, prejuízo na capacidade de julgamento e de tomar decisões, deficiência cognitiva (de aprendizagem, memória, atenção, raciocínio), o que leva à evasão escolar, absenteísmo e perda de rendimento no trabalho. Enfim, à ausência de ascensão so-

cial. Não aprecio a Sociologia Comparada, em razão de que a causa do fato social é multifatorial, e cada sociedade tem suas peculiaridades. Todavia, anos atrás, assisti a um documentário de TV que retratava certo país oriental de pequeno território, cujo nome não me vem à tona no momento. Ao ensejo, percebi um mundo de desempregados, vadios, ociosos e desregrados. Tal calamidade ocorreu, segundo o noticiário, devido à liberação estatal de uma erva de efeitos similares à Cannabis sativa. Ademais, convivi por anos (com olhar de pesquisador) com dezenas de usuários de drogas ilícitas (em sua maior parte crack e cocaína) em recuperação, mas que iniciaram sua adicção pela maconha. E em quase todos lhe acometeram a síndrome amotivacional, quando do uso desta planta. E aqueles em que não lhes

acometeram tal doença tinham usado a erva por pouco tempo, passando logo à cocaína e derivado (o crack) – drogas de efeito oposto no que tange ao tipo de estímulo psíquico: são estimulantes, produzem euforia; enquanto a maconha produz apatia. O usuário, ao desfrutar desta, fica “numa boa, relaxado”, segundo os maconheiros. Há exatos dois anos, perdi um filho de 21 anos assassinado, que, pela maconha, foi ao crack e cocaína, e desembocou na criminalidade. Donde, convivi em casa com a síndrome amotivacional. Porém, não obstante a síndrome, o THC produz resolução miraculosa de inapetência, náusea e convulsões. Donde seu uso terapêutico médico. De modo que, de maneira inconsequente, sem mensurarem efeitos biopsíquicos e sociais adversos, correntes advogam a liberação da maconha. Insensatez, não?!!


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ARTIGOS

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JORGE MORAES Jornalista

O ano vai começar

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ara quem não acredita que o ano está começando agora, vou tentar explicar algumas situações para você entender que estou com razão quando faço essa afirmação. Na virada de 2015 para 2016, mesmo com o mundo pegando fogo e o Brasil voltado para as operações Lava a Jato e Zelotes, o povo só queria saber de comer o peru do Natal e da queima de fogos na virada do

Um País sem dirigente, sem ordem, sem governantes e autoridades que mereçam respeito, não pode ser levado a sério. Quem vai acreditar nas novas promessas dos políticos brasileiros? ano, viagens para alguns e férias para muitos. Entre os meses de dezembro e janeiro, o Congresso Nacional entrou de recesso, a justiça também, e todo mundo só queria praia. De repente, mais do que de repente, chegou o Carnaval, que,

para desgraça de muita gente e felicidade de outros, foi logo na primeira semana de fevereiro. Então, pergunto: como é que a gente pode imaginar que o ano começou depois de tudo isso? Agora, passado o Carnaval, resta pouca dúvida ou quase nenhuma que as coisas voltem à normalidade, principalmente no campo político, quando Eduardo Cunha vai continuar fazendo mil manobras para manter-se, no mínimo, na condição de deputado; vai tentar se livrar da cadeia; vai continuar dizendo que o dinheiro não é dele, mesmo que apareçam mais denúncias de novos recursos em suas contas bancárias no exterior. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é outro que vai prestar contas das vezes que não viu nada, não ouviu nada e não sabia de nada. As coisas estavam acontecendo ao seu derredor e ele não desconfiava de nada. Desconhecia qualquer atividade ou artimanhas feitas dentro do Palácio do Governo, em Brasília, quando era presidente da Repú-

Rifa-se uma velha

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ou ficando velha e percebendo, com mais tranquilidade, os comentários feitos a respeito dos idosos. As pessoas pensam que os pobres coitados não escutam e repetem bobagens sem pensar na própria velhice, se não morrerem antes disso. Segunda-feira passada, 15 de fevereiro, no Bom Dia Alagoas, um consultor da Rede Globo falava sobre ginástica para velhinhos e emitiu o seguinte comentário: “Ao invés de os idosos ficarem enchendo o saco dos filhos...” Fiquei extasiada, perplexa, com os

O Brasil é um país que não respeita os idosos. Basta ver a fila do SUS, a falta de medicamentos nos postos de saúde. Isso no país todo! termos usados pelo moço! Durante o Carnaval, alguns parentes meus estavam comentando, “a título de brincadeira”, quem viria morar perto de dois velhinhos e uma dizia: “Eu não saio da minha cidade. Você, que é mais querida, venha”. Logo depois, uma parenta com mais de cin-

quenta e poucos anos, afirmou: “Já avisei a meus filhos: não quero incomodar ninguém; quando ficar velha, coloquem-me num asilo, de preferência, na Flórida”. O interessante nisso é que os interessados estavam presentes e ouviram tudo. Eu me senti literalmente rifada, ofendida. Passei a noite matutando como sair da enrascada e cheguei à seguinte conclusão: minha casa, em Paripueira, à beira mar, é enorme e pode, tranquilamente, virar o “Lar Romariz”. Não sairei do meu lugar e ajudarei alguns companheiros que pensem em morar num bom asilo. Comuniquei o fato aos parentes, preocupados conosco no dia anterior. Minha cabeça, ainda não atingida pelo “alemão” (Alzheimer), trabalha muito e raciocinei: quando casamos, juntamos duas famílias. Torna-se natural que as mulheres pretendam morar perto de seus familiares. Esquecem, pobres coitadas, que os maridos têm pais e não serão eternamente jovens. Mas diz o velho ditado: Mateus, primeiro os teus! O resto, dane-se! Minha irmã Salvelina, certa feita, disse às sobrinhas: “Quando casamos, não há minha família, nem a sua. Todos viramos uma só!” Mas é muito alto para a juventude enten-

blica, com o gabinete do José Dirceu lá dentro, colado no do Lula. Com certeza, o ano vai ser de mais ações policiais. A Polícia Federal vai continuar trabalhando e muito. Em 2015, a categoria profissional de funcionário público que mais recebeu diária foi a do policial federal. Para cumprir todos os mandados expedidos pela justiça, principalmente do juiz paranaense Sérgio Moro, os policiais viajaram o Brasil de ponta a ponta. E essas viagens não saíram de graça para os cofres da Nação. Foi um custo alto com diárias, hotéis, alimentação, combustível, etc., etc. e etc. E esse ano não vai ser diferente. Quem pensa que isso chegou ao final, que ninguém mais vai ser preso, que não teremos novas operações, além das já existentes, está redondamente enganado. Esse País não tem jeito. A ladainha vai ser a mesma dos últimos dois anos: a polícia correndo atrás e os caras correndo dela, mas serão presos de qualquer maneira, doa em quem doer, chore quem chorar.

Faço um desafio: se a partir de hoje você enxergar alguma situação diferente dessas todas e que o País seja outro em relação a 2015, não vou mais ocupar esse espaço. E sabe por que faço o desafio? Porque tenho certeza que não vai mudar nada. Um País sem dirigente, sem ordem, sem governantes e autoridades que mereçam respeito, não pode ser levado a sério. Quem vai acreditar nas novas promessas dos políticos brasileiros? Quem vai, de sã consciência, respeitá-los? Portanto, amigos, como é fácil prometer no Brasil. Começo a semana pensando sempre positivamente. Chego a imaginar que meus artigos serão feitos com narrativas positivas e de elevada estima. Penso, até, em mudar, na tentativa de contribuir com algo melhor para todos. Fico sonhando com o que possa escrever, mas, tristemente, chego à conclusão que posso ser mais útil como sou e ficar calado não faz parte do meu jeito de ser. Mesmo assim, quem sabe um dia, juntos, mudaremos tudo isso. Assim seja!

ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

der o significado da frase! Para minha sorte, tenho duas filhas e dois filhos; a metade, com certeza, cuidará de nós. espero ainda faltar muito tempo para isso se tornar realidade. No lançamento do meu livro “A Velhinha das Alagoas”, Vera, minha irmã, disse que eu era defensora incansável da maior idade e presidente, sem vice, quando o assunto é o respeito aos velhinhos. Realmente fico chocada quando vejo gozação a respeito da melhor idade, piada pejorativa sobre sogra, ou qualquer comentário jocoso aos idosos. E não é porque tenho mais de 70 anos!!! Tenho lidado com os aposentados do Poder Legislativo alagoano e me atormenta a falta de respeito da atual Mesa Diretora para conosco. Este mês os deputados ficaram com mais de 900 mil reais dos inativos. Não pagaram as nossas consignações à Unimed, à Caixa Econômica, ao sindicato, às associações. Retiraram o dinheiro dos nossos salários e não repassaram a quem de direito. Apropriação indébita, crime inafiançável, e ninguém faz nada! Todos os componentes da Mesa Diretora estão soltos! Quem tem pais com mais de 70 anos sabe

quanto eles gastam com plano de saúde, com remédios, com alimentação diferenciada. E, ainda, vem um louco deputado que retira o dinheiro dos inativos, a fim de comprar R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) de livros para uma biblioteca inexistente. É de fazer rir!!! O Brasil é um país que não respeita os idosos. Basta ver a fila do SUS, a falta de medicamentos nos postos de saúde. Isso no país todo! Na Inglaterra, nos Estados Unidos, os velhinhos têm saúde paga pelo Estado, exercícios físicos também por conta da nação e carteirinha atualizada. Não sei se adianta falar, reclamar pelos direitos negados, pedir socorro às autoridades para que punam os parlamentares apropriadores indevidos do nosso dinheiro. Mas é um alento muito grande saber que posso escrever, que respiro, que respondo pelos meus atos e que preciso ser ouvida. Um dia, quem sabe, depois dos 80, se perder a lucidez, poderei ser rifada pelos parentes e não sofrer. Isso porque a memória estará falhando! Quem viver, verá!!!


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MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE FEVEREIRO DE 2016

ALOISIO VILELA DE VASCONCELOS

ARTIGO

ARQUEÓLOGO - aloisiovilela@terra.com.br

Apocalipse brasileiro

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ltimamente tenho lido todas as matérias sobre a política brasileira. Confesso que são algumas notícias oriundas do Poder Judiciário ou os pronunciamentos de determinados parlamentares que, às vezes, me fazem vislumbrar, mesmo que seja a bilhões e bilhões de anos luz, uma tênue luz no fim do tenebroso túnel que,

A democracia, entre outros, tem como principais pressupostos básicos, a alternância do poder através do voto e a honestidade. infelizmente, encontra-se metido o atual momento político brasileiro. A democracia, entre outros, tem como principais pressupostos básicos, a alternância do poder através

do voto e a honestidade. O cumprimento destas obrigações exige a atuação de outros poderes que ajam imparcialmente e tenham a função de fiscalizar e fazer cumprir a lei, isto é, que sejam totalmente autônomos e fortes o suficiente para aplicarem as sanções necessárias aos personagens políticos que, comprovadamente, cometeram erros e, também, nos que foram e continuam sendo coniventes com os que erraram, pois uma democracia onde medidas como essas não são tomadas compara-se a um dos piores regimes de exceção. Acredito que nosso Judiciário e Legislativo há muito atingiram esta capacidade. É por este motivo, por achar que possuímos um Judiciário e um Legislativo que não admitem que ninguém esteja acima do bem e do mal, que ninguém se

considere acima da lei, que ninguém seja inatingível, que tenho absoluta certeza de que todos aqueles que merecem ser punidos serão, sem dúvida alguma, alvos do merecido castigo, seja ele qual for, porque se a lei não for devidamente aplicada por quem de direito e a quem merece, o sofrido povo brasileiro perceberá a inércia dos poderes que têm por obrigação precípua a defesa e fiscalização da democracia, se revoltará e sairá às ruas para exercer com as próprias mãos a justiça que lhe falta. A história comprova que movimentos populares com esta origem e objetivo são extremamente violentos e completamente descontrolados, pois ao não mais respeitarem a lei e a ordem vigentes, comete-se atrocidades inauditas, as instituições são completamente desmorali-

zadas, patrimônios materiais e morais destruídos e inocentes e justos trucidados, isto porque revoluções como esta, no grupo que sobe, a heterogeneidade de idéias entre os novos donos do poder, o ódio e a exacerbada vontade de cometer vingança são tão grandes que se age mais por instinto do que por racionalidade. Em assim sendo, como evitar um gigantesco banho de sangue no país que, infelizmente, necessitar que seu território sirva de palco para tão dantesco acontecimento? Portanto, se não acreditarmos na eficácia do Judiciário e do Legislativo, é chegada a hora do apocalipse brasileiro e só nos resta acreditar nas baionetas ensangüentadas e nos milhares de corpos sem vida.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE FEVEREIRO DE 2016

Seguindo o orçamento

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esde o início de janeiro os leitores que seguiram as dicas da coluna vêm mantendo o orçamento doméstico em dia, ou seja, anotando tudo que entra e sai da renda mensal. É um exercício salutar, envolvendo toda a família. No caso de renda dupla (casal), cada um fica com a responsabilidade das despesas, conversando civilizadamente, sem brigas, com um único objetivo: sobreviver com tranquilidade, em paz, sem dívidas e ainda mantendo uma reserva financeira para alguma emergência ou realização de um sonho de consumo. Num País em plena recessão, com inflação crescendo, juros altos e salários defasados, ou se conscientiza da necessidade de economizar ao máximo, pesquisar preços e não comprar por impulso, além de pagar as contas em dia e comprar sempre à vista, ou termina mesmo com o nome incluído na lista de inadimplentes do SPC/Serasa, chegando ao ponto de não conseguir quitar as dívidas. Na verdade, é saber viver de acordo com o que ganha.

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REPÓRTER ECONÔMICO

JAIR PIMENTEL jornalista.jairpimentel@gmail.com

Danos morais Uma cliente do Bradesco que teve seu nome incluído no SPC/Serasa indevidamente recorreu à Justiça que, depois de analisar seu pedido, considerou procedente e obrigou o banco a pagar uma indenização de R$ 5 mil por danos morais. São casos como esse que ocorrem constantemente entre empresa e cliente e que a Justiça considera como danos morais. Caso ocorra com você, procure seus direitos.

Pesquisando preços Isso deve ser seguido por todo consumidor, que sabe perfeitamente o valor de seu dinheiro e que deve economizar muito para conseguir sobreviver. Assim, vá às compras com tempo livre para pesquisar em vários locais e só comprar mesmo quando tiver certeza de que fez uma boa economia. Nada de pressa. No caso do casal, essa tarefa deve ser para quem tem realmente mais disciplina e jamais compra por impulso.

Negociando o débito Quem tem uma dívida e não consegue pagar, tendo o constrangimento de receber cobranças constantes, deve negociar com o credor, tentar mostrar o interesse em quitar, mas tentar a diminuição ou isenção de juros e multas. Como as vendas estão em baixa, geralmente o credor quer dinheiro em caixa e aceita a negociação. Mas pague mesmo. Não adianta seguir aquele velho adágio popular: “Devo não nego, pago quando puder”. Isso é prática dos verdadeiros caloteiros.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE FEVEREIRO DE 2016

S.O.S. ALAGOAS

Agricultura familiar

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gricultores da região do São Francisco, inscritos no Projeto Agricultura Familiar, receberam orientação de como proceder para solicitar renegociação de dívidas com os bancos do Brasil e do Nordeste. Encontro foi em Olho d´Água das Flores.

Cadeia produtiva Jaime Silva, do projeto Agricultura Familiar: “Ao renegociarem as dívidas os agricultores voltam a ter acesso a linhas de crédito para continuarem investindo na terra e na sua cadeia produtiva”.

Como fica Moradores da Ponta da Terra pedem ao prefeito Rui Palmeira instalação de um semáforo no cruzamento das ruas Jangadeiros Alagoanos/Domingos Lordslen. É necessidade ante os riscos que correm na travessia de lado da rua e motorista não ter hábito de parar em faixa de pedestre.

Motociclismo Ante o número de motocicletas nas ruasde Maceió e estatísticas de acidentes com eles envolvidos, curiosidade do pedestre é saber quantos são os habilitados. E pior é serem tão frágeis quanto o pedestre.

Motociclista ou... A forma como conduzem motos identifica o motociclista do motoqueiro. Explicando: motociclista é atento às leis; o motoqueiro, irresponsável no tráfego e de fácil identificação.

Projetos comunitários A Petrobras iniciou dia 15 - e estende até março - oficina de Elaboração de Projetos Comunitários para moradores de Maceió, Boca da Mata e São Miguel dos Campos. É iniciativa com apoio dos fóruns das Agendas 21 Comunitárias.

Até tu... Lula? “Na vida nada como um dia atrás do outro”. Frase é inclusa nas denúncias contra Dilma e Lula. É quadro novo na política do País que motiva dúvida sobre o futuro do PT nas eleições de outubro.

CUNHA PINTO

Jacarecica É natural nos primeiros dias motorista sentir dificuldade para se adaptar a mudanças no trânsito em Jacarecica. Mesmo havendo aviso na televisão, apareceram queixosos, mas uma maioria sem razão, vez que são moradores do bairro.

Sessão de abertura Vereadores abriram terça-feira o ano legislativo com sessão na Câmara Municipal de Maceió. Pauta esteve sobrecarregada de mensagens (85), várias do Executivo para discussão e votação. Dos vereadores propostas foram sobre projetos de lei, moções e decretos legislativos.

Água: reutilização Kelmann Vieira (PMDB) propôs na Câmara permissão para o reuso da água de água da chuva, mas sem o uso potável. Sugere como locais de uso clubes, condomínios, conjuntos habitacionais,residências, industriais, comerciais e órgãos públicos.

Bolso fechado No principio do “manda quem pode obedece quem tem juízo”, virou rotina maceioenses em compras pesquisar os preços para depois decidir o que leva. Máquina de calcular é indispensável, daí ser comum aparecer nos supermercados e feiras livres.

Combustível Gás natural veicular (GNV) vem tendo aceitação mais expressiva no Brasil. Maior até que a gasolina. E a Agência Nacional do Petróleo (ANP) revela: o GNV é 61% mais econômico para o consumidor e 52% mais barato que a gasolina.

Mais combustível Assessoria da ANP: “Na segunda semana deste mês (fevereiro), o custo do quilômetro rodado com GNV em Alagoas foi de R$ 0,16, contra R$ 0,34 da gasolina e R$ 0,4% o etanol.

Violência “A gente fica entregue aos bandidos e ninguém faz nada”. Frase foi do jornalista Marcelo Rezende na TV Record. Dá como razão “uma ausência de ações pelos governos e o silêncio dos políticos no Congresso Nacional”.

Corte de despesas “Não se deve gastar mais do que se pode”. Frase divulgada na mídia nacional adverte ao cidadão para não ir além dos limites do bolso. Compras a prazo no cartão e contrair empréstimos não são recomendáveis.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE FEVEREIRO DE 2016

MEIO AMBIENTE

Educação em biodiversidade

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Programa FAPESP de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (Biota) abre uma chamada de propostas para selecionar e apoiar projetos de pesquisa que contemplem a área de educação em biodiversidade. As propostas podem ser feitas até 31 de março, no site www.fapesp.br/sage e apresentadas nas linhas de Auxílio à Pesquisa – Regular, Auxílio à Pesquisa – Projeto Temático ou Programa Jovem Pesquisador em Centros Emergentes.

JULLYANE FARIAS meioambiente@novoextra.com.br

Descarte A dengue, chikungunya e a Zika têm vitimado milhares de brasileiros em todas as regiões da país e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) alerta para a necessidade de se fazer o descarte correto de resíduos, especialmente materiais recicláveis, como pneus, para evitar o criadouro do mosquito Aedes Aegypti. Muita gente não sabe, mas os fabricantes têm a obrigação de recolher os pneus que foram descartados e levá-los para um lugar adequado e protegido por eles, o que na maioria das vezes, não acontece.

Abrolhos Expedições científicas têm acontecido continuamente no Parque Nacional Marinho de Abrolhos (BA) devido ao rompimento das barragens de rejeitos da mineradora Samarco, que têm sido uma constante ameaça para a área de proteção ambiental. Os pesquisadores estão fazendo um diagnóstico completo, coletando amostras de água, sedimentos, peixes, crustáceos, invertebrados e micro-organismos, para analisar as condições da água e da vida marinha na região, especialmente nas áreas próximas à foz do Rio Doce. As conclusões vão subsidiar futuros programas de monitoramento e orientar medidas para os impactos que forem identificados.

Ararinhas azuis Foi aprovada na última reunião do Programa Bolsa Verde a criação de um programa onde famílias em condições de extrema pobreza e que morem em áreas habitadas por animais ameaçados de extinção ganhem um auxílio para protegerem os animais. As ararinhas azuis serão reintroduzidas em seu lugar de origem e a população do programa educada e preparada para a soltura das aves. A reintrodução dos animais no meio ambiente é iniciativa do Projeto Ararinha na Natureza, desenvolvido pelo ICMBio, em parceria com a ONG alemã Associação para Conservação de Papagaios em Extinção (ACTP).

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Fundo Amazônia O Fundo Amazônia, criado como importante instrumento para o combate ao desmatamento e promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no bioma Amazônia, encerrou o ano de 2015 com 80 projetos apoiados que recebem aportes de países desenvolvidos no valor de R$ 1,2 bilhão. Os repasses de recursos não representam compensações por emissões de gases provenientes das nações doadoras, porém têm repercussão em suas articulações políticas nas negociações internacionais.

Cerrado Um edital para apoiar projetos que evitem o desmatamento, a degradação e que promovam a proteção e a conservação dos recursos naturais do cerrado foi aberto até 25 de abril, disponibilizando até R$ 4 milhões para financiar essas iniciativas. Podem participar as organizações representativas dos povos indígenas, comunidades quilombolas e comunidades tradicionais, ou ainda Organizações Não Governamentais (ONG) de assessoria a esses povos. O objetivo é potencializar a participação dos povos nativos na promoção do uso sustentável das suas terras, além de restaurar os ecossistemas para redução da pressão sobre os recursos naturais e redução dos efeitos das mudanças climáticas.

Golfinho morto em Santos Mais um golfinho foi encontrado morto no final de janeiro, e dessa vez em Santos (SP). O Instituto Gremar, que trabalha com resgate de animais na região, explica que ao longo dos anos são encontrados muitos animais mortos ou feridos nas praias da região. As causas são as redes de pesca nas quais eles se enroscam acidentalmente e o lixo dos oceanos. O instituto recolheu das praias, somente este ano, 24 animais vivos (22 aves e duas tartarugas) e 78 animais mortos (19 aves, 52 tartarugas e 7 golfinhos).

Parques nacionais

Dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) mostram que a visitação às unidades de conservação federais aumentou 238% na última década, passando de 3 milhões em 2007 para 7 milhões em 2015. Embora não tenha um estudo efetivo que indique o motivo desse aumento, o investimento em ações estruturantes e a atuação em conjunto com instituições parceiras é essencial. Os parques mais visitados são o da Tijuca (RJ), Iguaçu (PR), Jericoacoara (CE) e Brasília (DF).


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MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE FEVEREIRO DE 2015

Domingo de clássicos

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odada do campeonato alagoano neste fim de semana, que fecha a primeira fase do turno, tem bons clássicos e. dentre eles CRB x CSA no Rei Pelé. E os dois na linha de frente da tabela deixa expectativa para o confronto neste fim de semana. Otimismo de ser batido o recorde de público.

PORDENTRODO ESPORTE JOÃO

DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Outros jogos

Chave de ouro

Demais clássicos da rodada são Coruripe x Murici; Santa Rita x ASA; Sete de Setembro x Penedense; CSE x Ipanema. E atenção: clubes à direita são os que têm mando de campo.

Marta, maior destaque da seleção brasileira feminina de futebol, não promete medalha de ouro para o Brasil nos Jogos Olímpicos deste ano, no Rio. Mas pretensão é fechar com chave de ouro a sua história na competição. As duas que já tem são de prata.

Espelha confiança

“Muito especial”

O nível técnico que o CSA exibe neste começo de temporada permite aos torcedores tranquilidade. Uns já otimistas em ganhar o título e tem motivo pós goleada recente que aplicou no Penedense (4x1), jogo no Rei Pelé.

“Pode ser que sejam meus últimos jgos, por isso no Rio será muito especial. Em 2008, estivemos perto de ganhar a medalha de ouro, portanto, agora tentaremos fazer o máximo possível”, disse a camisa 10, Marta, à emissora britânica BBC”.

Está confirmado? Murici fica fora do campeonato alagoano, primeira divisão ou segue em frente no segundo turno? A expectativa é de torcedores que gostam do futebol como espetáculo e veem o clube estruturado e com bom nível técnico com condições de disputar título do estadual.

Millôr Fernandes “O futebol é o ópio do povo e o narcotráfico da mídia”. Frase é do jornalista Millôr Fernandes, dita nos tempos em que estavam em campo craques como Pelé, Garricha e Didi, mas que ainda merece ser lembrada.

Leo Baptistão Leo Baptistão, atacante, é hoje destaque no exterior. Joga no Villarreal, que está invicto na Liga desde o dia 28 de novembro de 2015 “Estamos muito concentrados e sabemos que esse feito não é nada fácil. Sabemos também o que devemos fazer para continuar ganhando e acho que isso nos tem ajudado bastante”.

Primeira no Brasil “A próxima edição é extremamente importante para nós, já que será a primeira Olimpíada do Brasil. Temos uma grande oportunidade de mostrar que somos os melhores. Todas as equipes do Brasil sempre têm pressão e desta vez não será diferente”, afirmou Marta, mas confiante no título.

Alagoano Sub-20 Nota da Federação Alagoas de Desportos: “O Campeonato Alagoano Sub 20 de 2016 inscreve equipes até às 18 horas do dia 26 com os clubes protocolando ofício na Federação Alagoana de Futebol. Só podem se inscrever times com anuidade em dia na Federação Alagoana de Futebol”

Mais feminino

Grande passo

Quais vão ser os clubes que representarão Alagoas nos jogos da Copa Brasil de Futebol Feminino deste ano? Na do ano passado, realizada no primeiro semestre, foi campeão o Kindermann de Santa Catarina e oito clubes participaram das finais.

De Mazola Júnior: “Demos um grande passo para a classificação. Temos agora que fazer apenas o nosso dever de casa para que nos deixe bem encaminhados às quartas de finais. Temos, por isso, que valorizar esse feito”.

Pé direito

A FAD mantém também interesse em promover este ano a Segunda Copa do Nordeste Sub-20, mas é decisão que para ser oficializada vai ainda depender da confirmação da CBF que, recebendo, a inclui no calendário das competições de base.

A vitória do CRB sobre o Estanciano no sábado (13), no interior sergipano. marcou a estreia da Galo na Copa do Nordeste. Foi comemorada pelo técnico Mazola Júnior. O Galo está líder isolado do Grupo B.

Confiante

Mazola Júnior analisou a vitória como importante, isso em face de ter acontecido fora de Maceió e por credenciar o CRB entre os favoritos para se classificar à fase seguinte do torneio. Mas lembrando que o percurso tem outros obstáculos pela frente.

Copa do Nordeste

Libertadores Sempre temido em seus domínios, na altitude de La Paz, o The Strongest costuma ser presa fácil quando joga fora de casa. Na quarta-feira, porém, o time boliviano surpreendeu o São Paulo no Pacaembu e protagonizou uma grande zebra ao vencer por 1 a 0 na abertura do grupo 1 da Libertadores. O gol da vitória foi marcado por Matías Alonso, de cabeça, aos 17 minutos do segundo tempo. Jogando em Arequipa, no Peru, o Atlético-MG levou um susto, mas se recuperou e virou o jogo ainda no primeiro tempo, derrotando o Melgar por 2 a 1. Omar Fernández abriu o placar para os donos da casa aos 13 minutos. Rafael Carioca empatou aos 20 e Patric garantiu a vitória aos 38. Na pequena cidade de El Salvador, no deserto do Atacama, no Chile, o Corinthians sofreu, mas ganhou do Cobresal por 1 a 0 com um gol nos instantes finais da partida. Aos 45 minutos do segundo tempo, Lucca cruzou rasteiro e o zagueiro Escalona marcou contra ao tentar cortar. O Grêmio enfrentou o Deportivo Toluca, do México e se deu mal na sua estreia na Copa Libertadores. O time mexicano, mesmo com um jogador a menos conseguiu superar o time gaucho e saiu com a vitória por 2 x 0, gols marcados na segunda etapa.


MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE FEVEREIRO DE 2016

Toro chega com ambições

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á muito tempo a Fiat deseja entrar no lucrativo segmento das picapes médias de cabine dupla para cinco passageiros. Em 2007 a marca italiana desistiu de acordo com a Tata porque a picape indiana era tosca demais. A líder das picapes compactas, Strada, é homologada para apenas duas pessoas atrás. A Toro resolve essa situação e se apresenta como alternativa racional por ter 43 cm a menos em comprimento que a média dos concorrentes e a mesma capacidade nominal de uma tonelada (incluindo passageiros) na versão a diesel. A Fiat se apresenta ao mercado de forma objetiva – vender 50.000 unidades por ano – contra os atuais seis concorrentes (S10, Hilux, Ranger, L200, Amarok e Frontier) que em 2015 representaram 116.000 veículos. Para tanto mostra pelo menos dois atributos imbatíveis. A começar pelos preços – R$ 76.500 (4x2, motor flex e câmbio automático 6-marchas) a R$ 116.500 (4x4, diesel e automático 9-marchas). Isso ocorre, entre outras razões, por herdar o trem de força do Renegade e pela grande diferença de

IPI entre SUV (diesel, 25%) e picape (10%). Sua dirigibilidade é nada menos que a referência no segmento. Estrutura monobloco e suspensão traseira independente com três braços, direção eletroassistida bem calibrada e posição de guiar mais próxima possível de um automóvel explicam essa diferença. Os 2,99 m de distância entre-eixos oferecem espaço para três adultos atrás que viajam com encosto em posição menos vertical que a maioria dos concorrentes. Túnel central também é mais baixo. Estilo, outro de seus pontos fortes, nasceu aqui mesmo e se destaca por ser menos radical que o do Cherokee. Audacioso na medida certa chama atenção nas ruas e demonstra que a FCA brasileira atingiu níveis internacionais. A inteligente tampa da

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ALTA RODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

caçamba bipartida, bastante leve e prática, ajuda no acesso. Ela serve de base a um extensor opcional para objetos compridos muito bem projetado, aproveita as lanternas originais e inclui suporte para cópia da placa traseira. No interior há materiais menos nobres que os do Renegade, justificável pelo preço e eventual uso em

serviço pesado. Destaque para desenho e anatomia dos puxadores de portas e alças de apoio nas colunas dianteiras. A Toro perdeu o freio de estacionamento elétrico, mas nesse ponto é como todas as outras picapes. Tela multimídia de apenas 5 pol. é pequena para os padrões atuais. A Fiat não perdeu tempo e colocou o macaco no lugar antes previsto para o extintor. A fábrica espera uma divisão de 40% para motores flex (sem possibilidade de câmbio manual, provisoriamente diz a Fiat) e 60% para diesel (nesse caso é possível câmbio manual). Strada de cabine dupla de três portas deve perder clientes para a Toro. Motor flex passou de 132 para 139 cv e, se já era fraco no Renegade, piorou um pouco em razão de a picape ter peso em ordem de marcha cerca de 10% maior.

RODA VIVA n AUDI Q3 começa a sair da linha de S. José dos Pinhais (PR) mês que vem, mas motor turbo de 1,4 L será movido apenas a gasolina, como o Jetta montado em S. Bernardo do Campo (SP). Ao contrário do Golf (estrutura MQB) com o mesmo motor na versão flex, os dois primeiros usam arquitetura anterior (PQ35) e exigiriam investimento adicional. BMW e Mercedes são flex.

n DEPOIS de a guinada econômica argentina adotar câmbio flutuante em relação ao dólar, seguindo o Brasil, aumentou a possibilidade de início de um verdadeiro livre comércio entre os dois maiores integrantes do Mercosul, a partir de julho deste ano. Acabaria o intervencionista e complicado sistema de “equilíbrio” entre importações e exportações, imposto pelo país vizinho.

n PEUGEOT 308, mesmo sem estar alinhado ao modelo oferecido hoje na Europa, tem ótimos equipamentos de série e bom acabamento. Versão de câmbio manual e motor 1,6 l/122 cv oferece desempenho honesto para um médio-compacto. Já motor 1,6 turbo/173 cv (etanol) e câmbio automático 6-marchas representa a melhor relação preço-desempenho do segmento.

n APESAR de o mergulho de unidades vendidas internamente, de 2015 sobre 2014, ter sido de 27% (quase um milhão de unidades), o faturamento do setor encolheu em torno de 8% apenas. Fabricantes com preço médio superior padeceram menos que os chamados Quatro Grandes. Estes vendem carros mais baratos e sofreram prejuízos grandes.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 19 A 25 DE FEVEREIRO DE 2016

ARTIGO

JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

Auxiliares desleais e bajuladores

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ocês sabem muito bem que não são os presidentes, governadores e prefeitos que escolhem seus secretários, superintendentes e demais auxiliares. Vocês sabem que eles são indicados ou impostos pelos partidos, pelos políticos ou devido às amizades que possuem com essas autoridades. Vocês sabem que tais au-

Eu notei que o cara estava querendo uma manchete de primeira página, para prejudicar colegas da mesma profissão. De qualquer maneira, o tiro poderia sair pela culatra. xiliares ou subordinados nem sempre são leais para com os chefes. Vocês sabem que as escolhas sempre são feitas com o critério de “Quem Indica” ou de quem tem um “QI” forte, pois, poucas vezes, acontecem escolhas pela

experiência, pelo mérito, pela lealdade, capacidade ou honestidade. Como vocês sabem, o nosso sistema é assim mesmo e, não iremos mudar tão cedo a nossa tão anarquizada democracia. Há poucos meses, eu recebi um telefonema de um cara conhecido na mídia, dizendo que gostaria de falar comigo, pois eu, como articulista do jornal EXTRA, o mais lido em Alagoas, tinha a “coragem” de dizer certas verdades que outros jornais não diziam. Mesmo sabendo o tal informante muito conversador e muito perigoso, eu disse que estava às suas ordens. Imediatamente, ele me telefonou e marcamos um encontro. Ele entrou no meu carro e justificou seu pedido, com mais detalhes. Pediu-me para que eu ouvisse uma gravação, tida como “incendiária” e como uma “bomba”, conseguida através de um mini-gravador colocado na sala de uma certa autoridade do nosso mundo empresarial e político,

envolvidos em corrupção. Ouvi com muita atenção e, realmente, eu estava diante de uma bomba que poderia explodir, a qualquer instante, caso eu aceitasse a aquela oferta. Quais seriam os meus cuidados? Primeiro, eu fiquei sem saber o que fizesse com aquele “cavalo de Tróia”. Segundo, por saber como é grande a impunidade no Brasil, diante de tantos escândalos, crimes e de tantas corrupções. Terceiro, eu tive medo de alguma possível chantagem e que tudo ficasse sem as provas, de cunho jurídico. Quarto, eu notei que esse cara estava com um certo ciúme, por não ter sido “indicado” para um cargo ou função que ele almejava. Quinto, eu notei que o cara estava querendo uma manchete de primeira página, para prejudicar colegas da mesma profissão. De qualquer maneira, o tiro poderia sair pela culatra, já que a impunidade campeia no nosso país.

Na ocasião, telefonei para o meu amigo, o “dono do EXTRA”, jornalista Fernando Araújo, dizendo “o porquê” do meu telefonema. Fernando achou interessante o assunto para o EXTRA, porém, com a sua experiência de ex-editor geral da Gazeta de Alagoas, pediu-me o nome do autor da denúncia, pediu segurança na informação e provas mais consistentes. É que atualmente, com a tecnologia avançada, podem ser preparadas armadilhas através do som e das imagens, principalmente, durante o período que vem aí. O denunciante deve estar danado comigo e com o EXTRA, porém nós sempre tivemos certos cuidados, já que alguns dos nossos julgadores nem sempre se comportam bem. Em tempo- Os cariocas Eng. João Anache e sua esposa Clara Luiza, sempre que estão em Maceió, leem meus artigos, no EXTRA. Que bom !!!!


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Escândalo a vista Além da abertura da “caixa preta”, que deve revelar os recursos que recebe mensalmente por meio de duodécimos, a Câmara Municipal de Arapiraca está na mira do Ministério Público Estadual. Como se não bastasse esse problema, o plenário da Casa Herbene Melo, localizado na Avenida Rio Branco, no centro, está ameaçado de desabar.

Uma vergonha A justiça alagoana acatou parecer da Defensoria Pública do Estado de Alagoas e determinou o fechamento do matadouro público de Palmeira dos Índios. A decisão, proferida pelo juiz da 3ª Vara Cível do Município, Jairo Xavier Costa, fixou uma pena de multa diária no valor de R$ 10 mil por dia de descumprimento.

Muita grana

De acordo com o servidor Josivaldo Rodrigues, presidente da Associação dos Servidores da Câmara municipal de Arapiraca - Ascama, o prédio não recebe manutenção há várias décadas apesar do repasse mensal do Executivo mensalmente da ordem de R$ 854.528,00 que é maior em razão da atualização no exercício de 2016.

Outro local E diante do perigo que ameaça servidores e até mesmo os 15 vereadores, os trabalhos legislativos relativos a 2016 foram reiniciados na terça-feira, (16), após o recesso do Natal, Ano Novo e carnaval, no auditório do Centro de Referencia Integrado de Arapiraca (Cria), no bairro Santa Edwirges próximo ao Centro Administrativo. Detalhe: o presidente Márcio Marques faltou à sessão.

Tragédia anunciada Segundo o presidente da Ascama, que também é diretor de Material e Patrimônio, Josivaldo Rodrigues, o plenário da Câmara Municipal de Arapiraca em razão da falta de manutenção faz parte de uma tragédia anunciada e diante do problema, em um prazo de 30 dias, foi realizada uma reforma na estrutura da cobertura corroída por cupins e na parte elétrica, com material inadequado.

Batata quente Após essa reforma, o Grupamento do Corpo de Bombeiros ainda não realizou a vistoria para aprovação ou interdição do prédio. O primeiro secretário da Mesa Diretora, Moisés Machado Filho (PSD), está com a batata quente nas mãos, mas até o momento não se pronunciou.

Pediu fechamento De acordo com informações da Ascom da Defensoria Pública, em 2014, o defensor público Fábio Ricardo de Albuquerque ingressou com uma Ação Civil Pública, com pedido de antecipação de tutela, requerendo o fechamento do referido matadouro devido à falta de estrutura e condições higiênicas constatadas durante uma vistoria realizada pela Defensoria Pública no local.

Matança inadequada Segundo consta na ação, quando a inspeção aconteceu, foi constatado que o abate dos bovinos estava sendo realizado por funcionários da Prefeitura que não utilizavam equipamentos adequados, que o local estava em precário estado de conservação, que o processo de matança era inadequado, pois consistia em insensibilização através de marreta; que durante a sangria eram utilizadas facas inadequadas, sendo o sangue dos animais despejado diretamente no chão para ser drenado para lagoa situada nos fundos do terreno, que os bovinos eram pendurados em trilhos suspensos através de carretilhas enferrujadas e a evisceração era feita diretamente no mesmo local, onde não era feita a separação das vísceras brancas e vermelhas, dentre muitas outras irregularidades.

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ABCDO INTERIOR

robertobaiabarros@hotmail.com

Não tomou providências Um ano após o ingresso da ação, a justiça concedeu a liminar de interdição, mas o Município recorreu ao Tribunal de Justiça e o Presidente do TJ/AL suspendeu a decisão fixando prazo para que o município apresentasse comprovações de que havia adotado as medidas necessárias para sanar o problema. No entanto, esgotado o prazo, o município não juntou nenhum documento que demonstrasse a adoção de quaisquer medidas.

Interdição Diante desse quadro, a Defensoria requereu o fechamento imediato do matadouro e o juiz de Direito da 3ª Vara Cível do de Palmeira dos Índios, acatou o pedido, ordenando o fechamento do local imediatamente.

Investimento A Pajuçara FM de Arapiraca está fazendo altos investimentos no parque de transmissores com o objetivo de aumentar a potência da emissora e em sua qualidade de som. A Pajuçara, emissora componente do Pajuçara Sistema de Comunicação (PSCOM), pretende dar uma virada e entrar de vez na briga pela audiência e pelo mercado publicitário. Segundo informações do radialista arapiraquense Ailton Avlis, comunicadores consagrados serão sondados para entrar no staff da empresa.

PELO INTERIOR ... O governador Renan Filho e o vice-governador e secretário de Estado da Educação, Luciano Barbosa, retornam à cidade de Arapiraca, na manhã desta sexta-feira (19), para uma extensa agenda de compromissos e inaugurações. ... O prefeito Yale Fernandes vai recepcionar as autoridades a partir das 10h. ... A programação a inauguração do ginásio poliesportivo da escola estadual Isaura Antônia Lisboa (Epial), que também recebeu investimentos para reforma e ampliação de suas instalações, juntamente com a Escola Quintela Cavacanti. ... As autoridades também vão participar da inauguração dos ginásios poliesportivos das escolas estaduais Padre Jeferson, Arthur Ramos e Pedro Reis. ... Ainda como parte da programação, o prefeito Yale Fernandes, o governador Renan Filho e o vice-governador e secretário de Estado da Educação, Luciano Barbosa, terão na agenda o lançamento da campanha Dia Z, de combate ao mosquito Aedes aegypti,

transmissor da Zika vírus, dengue e febre Chikungunya, para continuar orientando e mobilizando a população nas ações preventivas e educativas para promoção da saúde. ... O prefeito Yale Fernandes reali-zou, na manhã da terça-feira (16), visita às obras de reforma das escolas municipais Jany Camelo Lima e Guimarães Passos, nas comunidades do Capim e Vila Fernandes, e da creche na Lagoa Cavada, também zona rural. ... As obras consistem na reestrutura-ção da parte elétrica e hidráulica, reforma de uma parte do prédio, incluindo as salas de aula, e revisão de todo o telhado das escolas, que recebem ainda adequações de acessibilidade e melhorias nos banheiros e na pintura. ... Yale, que estava acompanhado pelo secretário municipal de Governo, José Lopes, destacou a importância da realização das reformas em várias escolas e creches de Arapiraca. ... Aos leitores da coluna um excelente final de semana, repleto de paz, saúde e muita alegria. Até a próxima edição. Fui!!!!


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Vem aí o segundo Bazar Solidário

CORRENTE DO BEM

SUCESSO LEVA JORNALISTAS A ORGANIZAREM MAIS UM EVENTO PARA AJUDAR CARLOS MIRANDA E OLÍVIA DE CÁSSIA, PORTADORES DE DOENÇAS DEGENERATIVAS MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

O

sucesso do Bazar Solidário realizado dia 13 deste mês em prol dos jornalistas Carlos Miranda e Olívia de Cássia, que sofrem de doenças degenerativas, foi tanto que a comissão organizadora resolveu realizar o segundo evento. As doações já começaram e qualquer pessoa poderá colaborar. A previsão é que o próximo aconteça no início do mês de abril, e os trabalhos já estão a todo vapor. A qualidade do material arrecadado, o preço acessível e a simpatia da comissão organizadora foi um atrativo à parte dessa primeira etapa solidária. Mas o que dizer da satisfação da Olívia e do Miranda que viram de perto a força e corrente do bem formada pelos colegas e amigos de profissão? Nas redes sociais o apoio surgiu das mais diversas formas. No grupo do Facebook “Amigos da Olívia” ela se manifestou e avisou que já fez o exame para confirmar a Doença de Machado-Joseph. E resumiu: “Obrigada, obrigada, obrigada! Só tenho a agradecer pelo carinho”. No grupo “#Força Miranda” o apoio e mensagens de carinho foram as mais variadas. Não é a toa que durante o bazar solidário a emoção falou mais alto. Os momentos foram mesclados ora com pitadas de humor, ora com ajudas mútuas e houve até reencontros de amigos de longas datas. E neste clima de união, o grupo resumiu bem a emoção daquele momento ímpar: ”Em nome do Carlos Miranda, agradecemos de coração

Miranda e Olívia (vestido florido) rodeados de companheiros

por esse apoio e iniciativa”. No grupo do WhatsApp “Solidários”, os trabalhos dos colegas de profissão recomeçaram ainda no mesmo dia do primeiro bazar. De lá prá cá, novas ideias surgiram, outras pessoas aderiram à causa e a tendência é o movimento crescer. A ideia inicial do bazar foi do jornalista Odilon Rios, mas tomou uma proporção tão grande que além do engajamento de outros profissionais da comunicação, vários setores da sociedade civil e organizada de Alagoas abraçaram a causa. Dessa vez, os pontos de coletas também foram ampliados e já estão recebendo doações de roupas, livros, CDs, DVDs, calçados, acessórios, bolsas, brinquedos e produtos artesanais que estejam em boas condições de uso. O PORQUÊ DA CORRENTE Jornalistas sensibilizados com o problema de saúde da Olívia e do Miranda resolveram criar algum mecanismo para ajudar nos custeios de

exames, remédios e outras despesas dos colegas de profissão. A ideia do bazar surgiu e o resultado foi a venda de mais de 95% do material arrecadado. A causa é justa e merece ser abraçada. É que a jornalista Olívia de Cássia Cerqueira, 56, sofre da Doença de Machado-Joseph, conhecida como ataxia espinocerebelar do tipo 3 (ou SCA 3). Doença crônica hereditária dominante já afetou o pai e o irmão da jornalista, que vieram a óbito. Natural de União dos Palmares, Olívia trabalha no jornal Tribuna Independente. Carlos Miranda, 50, é mineiro de Caratinga, mas reside em Maceió há mais de 20 anos. Foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) em janeiro de 2015, doença que provoca degeneração progressiva no primeiro neurônio motor superior no cérebro e no segundo neurônio motor inferior na medula espinha. Miranda está tetraplégico, fala pouco e precisa de cuidado em tempo integral. Ele trabalhou em várias rádios em Alagoas, entre elas Gazeta AM, Difusora, CBN e Rádio Correio.

Ginásio do Sesc ficou lotado durante o evento do sábado, 13

CONTAS PARA DOAÇÕES Olívia de Cássia Correia de Cerqueira CPF: 228.793.584-34 Caixa Econômica Federal Agência: 1557 Conta: 82294-2 Operação: 013

Carlos Antônio Miranda de Oliveira CPF: 677.149.354-72 Bradesco Agência: 3047-3 Conta: 8604-5

ONDE DOAR PARA O BAZAR Sindicato dos Jornalistas: Rua Sargento Jayme Pantaleão, 370 – Prado Fecomércio Alagoas: Rua Prof. Guedes de Miranda, 188 – Farol Sesc: Rua Pedro Paulino, 40 – Poço Senac: Rua Pedro Paulino, 77 – Poço Eletrobras Alagoas: Avenida Fernandes Lima, 3349 – Gruta AMA: Avenida Dom Antônio Brandão, 218 Santa Lolla Maceió: 2º Piso do Maceió Shopping Sodiê Doces: Rua Mário de Gusmão, 930 – Ponta Verde Ministério Público Estadual: Avenida Deputado Humberto Mendes, 79 – Poço Fapeal: Rua Melo Morais, 354 – Centro Jornal Extra Alagoas: Centro Empresarial Wall Street – Avenida Humberto Mendes, 796, sala 26 – Poço Cesmac- Campus IV: Rua Ângelo Neto (antigo Colégio Guido)- Farol Faculdade Maurício de Nassau- Unidade Ponta Verde: Avenida Sandoval Arroxelas, 239 - Ponta Verde Rubi Jóias: Galeria Afrânio Lages – Rua Barão de Penedo, 61 – Centro Aliança Comercial de Maceió: Rua Dois de Dezembro, 110, 2º andar – Centro


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FERNANDO TENÓRIO

CRÔNICA

Médico formado pela Ufal e escritor

fernandoatn@hotmail.com

A culpa O

utro dia, ouvi um amigo desesperado queixando-se da máquina fotográfica de seu telefone. Dizia-se rejeitado numa rede social de relacionamentos por não ter uma boa câmera. A câmera era tudo e ele nada. O sujeito em questão era o aparelho eletrônico. O homem era apenas uma imagem mal captada. O caso, por mais simples que pareça, trouxe-me a uma reflexão sobre o que vivemos. O ser humano, com seus traços narcísicos e instinto de sobrevivência, tende a acumular tudo, até mais do que necessita, privando, muitas vezes, os pares daquilo que consegue para si. O poder nasce disso: ter algo que outro não possui. Muitos dizem que o capitalismo está

O fato de o Lula ser um sacana, não diminui seu erro de tentar sonegar o imposto de renda! Os exemplos não têm fim. enraizado na cultura em que vivemos, pois ele reproduz o que inconscientemente buscamos. Somos eternos acumuladores. Temos o medo da morte e por isso nos precavemos. Temos o medo da vida e por isso nos cercamos de bens de consumo, como uma afronta à nossa finitude. Mas, dentre todos os acúmulos que buscamos, existe

uma exceção. Só há uma coisa que queremos dar tudo aos outros para ficarmos sem nenhuma parte: a culpa. O fato é que passamos a vida buscando desculpas para culpar alguém ou algo. Essa objetificação da existência, onde não somos sujeitos em nada e por nada, tem criado raízes na nossa forma de enxergar o mundo. Vivemos uma era histérica e pagamos o preço dela! Em dois minutos no metrô pude ouvir várias histórias que ratificam minha teoria. O amor que não deu certo foi culpa da amante que não se vestia adequadamente para as ocasiões. A conta de energia não foi paga, pois os correios não a trouxeram no tempo correto. O amigo desaparecido deixou de nos telefonar. O filho que vai mal na escola é apenas um revoltado que não valoriza tudo que foi fornecido. O país não dá certo, pois a Dilma administra pessimamente. A brochada de ontem foi obra das preocupações com a moralidade do país, já que estamos de mal a pior, vide o tríplex do Lula dado pelas empreiteiras. Em todas essas ocasiões, somos apenas uma pluma leve que voa e observa o desenrolar das coisas. Tudo nos acontece, mas nada é por nossa culpa. A insustentável leveza do ser, meu caro Kundera. É difícil admitir que o amor não deu certo, pois já não desejávamos mais aquela pessoa. A conta de energia não foi paga porque não quisemos, já que poderíamos pegar a segunda via na internet. O amigo sumiu porque também para-

mos de telefonar. O filho vai mal na escola e nem nos damos conta, pois passamos tempo demais no whatsapp vendo grupos de sacanagem. O país vai mal porque compro o voto da empregada doméstica com cem reais para meu amigo ladrão deputado. É ladrão, mas é ladrão amigo. A sua brochada é obra e graça de um decréscimo da testosterona circulante, ou seja, você não é mais um menino. O tempo corre para todos e com você não será diferente. O fato de o Lula ser um sacana, não diminui seu erro de tentar sonegar o imposto de renda! Os exemplos não têm fim. Direta ou indiretamente, somos responsáveis por tudo. A culpa, meus caros, é nossa! Nesse processo de desresponsabilização em que vivemos, outra coisa que enxergo como sintomática são os tais relacionamentos abusivos, onde um lado faz e acontece com o outro. Homens e mulheres vivem verdadeiros infernos, mas não conseguem sair deles. Acotovelam-se em relações masoquistas só para reclamar do parceiro e culpá-lo por todos os males da existência, como se não pudessem fazer nada . Acusam o parceiro, vitimando-se, mesmo quando podem sair daquilo. O parceiro/a parceira realmente não presta, todavia precisamos nos posicionar, dar um basta. Temos coragem para tal? Muitos de nós não! Aceitamos o amor que achamos merecer... e ao que parece, merecemos muito pouco. Pensando bem, essa questão é muito louca. Se você está lendo esse texto de um computador, com uma televisão ligada, a luz do quarto acesa,

carregando o seu celular, saiba que seu gasto de energia tem repercussão na água do planeta que está indo embora. Não adianta postar reclamando e dizendo que o sistema Cantareira está no volume morto, tendo tal comportamento predatório. Não culpo somente vocês, eu também tenho o ranço da hipocrisia e faço as mesmas coisas que condeno. O fato é que quando disparamos o gatilho da culpa, ninguém sai ileso. Eu sei que é doloroso admitir que somos sujeitos de um tempo onde 1% das pessoas têm mais dinheiro que o resto da população mundial. Somos sujeitos de uma sociedade que oprime o trabalhador para dar lucros soberbos aos empresários, chamando de “vagabundo”, “porco comunista” quem vai às ruas denunciar que somos coniventes a tudo isso. Somos sujeitos e, portanto, culpados. Se serve de alento, sendo nossa a culpa, temos a chance repará-la, a chance mudar as coisas, fabricar um novo jeito de fazer o mundo. Meu amigo, aquele que culpa a máquina, tem de olhar de si para si e ver que não é uma bela figura. Que, talvez, a imagem não seja seu melhor método de conquista. A verdade, meus caros, é que estamos buscando os culpados para tudo durante toda a vida, quando, na verdade, os culpados não estão longe. Eles comem nas nossas casas, dormem nas nossas camas e bebem em nossos copos. Os culpados, por mais doloroso que seja, somos nós. Saber disso dói, mas liberta.


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