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BARRA DE SANTO ANTÔNIO

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MACEIÓ - ALAGOAS ANO XVII - Nº 877 - 24 A 30 DE JUNHO DE 2016

R 3,00

VOLTA DE ROGÉRIO FARIAS À PREFEITURA PROVOCA REVOLTA NA CIDADE P/ 6 e 7

PISTOLEIRO DE JOÃO BELTRÃO É EXPULSO DA POLÍCIA MILITAR TENENTE TALVANES ERA “ASSESSOR” DO DEPUTADO E UM DOS CONDENADOS PELO ASSASSINATO DE PEDRINHO ARAPIRACA, NO TOCANTINS P/ 9

MÁFIA DO LIXO

CÍCERO ALMEIDA SERÁ INTERROGADO EM SETEMBRO ÉPOCA REVELA: Filho de Humberto Martins recebeu R$ 10 milhões de processos que não atuou P/ 11

P/8


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MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 30 DE JUNHO DE 2016

Deu na Veja 1

- A Polícia Federal descobriu uma ligação entre a organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro alvo de investigação da Operação Turbulência e o senador Benedito de Lira (PP) e seu filho, o deputado federal Arthur Lira (PP), que preside a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

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- A investigação foi desencadeada na terça-feira (21) em alguns estados, especialmente em Pernambuco, e os parlamentares, que também são alvos da Lava Jato, teriam recebido propinas por meio de uma empresa fantasma.

COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

Abraço de tamanduá

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- A revista teve acesso a documentos sigilosos e revela que os parlamentares teriam recebido propinas através de uma empresa-fantasma que, desde 2010, movimentou cerca de R$ 600 milhões. Essa empresa recebeu recursos de empresas controladas pelo doleiro Alberto Yousseff e tais repasses teriam sido efetuados para Benedito de Lira e Arthur Lira.

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- Os dois não são alvos diretos da Operação Turbulência. Mas são investigados por suspeitas de recebimento de propina em contratos na Petrobras. Eles já tiveram R$ 4,2 milhões em bens bloqueados por decisão do ministro Teori Zavascki, relator do Petrolão no STF.

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- Procurado pela revista, o senador Benedito de Lira disse que já prestou esclarecimentos aos federais e que não tem contato algum com o doleiro Alberto Yousseff. Já Arthur Lira optou por nada comentar.

Deu na Época A revista Época noticiou esta semana que o advogado Eduardo Filipe Alves Martins, filho do ministro do STJ, Humberto Martins, recebeu R$ 10 milhões de honorários – pagos com dinheiro público – sem nenhuma assinatura nos processos. Vale lembrar que o alagoano Humberto Martins foi promotor público, procurador de Estado, presidente da OAB e desembargador do TJ.

No País das Alagoas Acusado pelo MP de embolsar milhões dos cofres públicos, o prefeito foi afastado pelo juiz. Mas o desembargador não viu crime algum e determinou a volta do gestor. O juiz voltou a afastar o prefeito, mas o desembargador afastou o juiz e garantiu a volta do prefeito. Simples assim. Nessa queda de braço entre o juiz e o desembargador, quem pagará o pato é a população.

Cidade dos sonhos A partir de agora, o eleitor brasileiro terá à disposição o projeto Cidade dos Sonhos, uma ferramenta que permitirá indicar aos candidatos à prefeitura de seu município quais medidas acha prioritárias para que sua cidade seja aquela que sempre sonhou. Por meio de uma plataforma interativa online, o projeto Cidade dos Sonhos vai abordar quatro grandes temas fundamentais para qualquer cidade brasileira: mobilidade, resíduos sólidos, áreas verdes e energia.

O tapa de JL

O dia 17 de junho foi de festa para o ex-empresário João Lyra. Ele fez questão de comemorar os 85 anos de vida com muita festa. Diversas fotos foram postadas em uma rede social do deputado federal Cícero Almeida (PMDB) com direito a homenagens. O local de comemoração assemelha com a parte recreativa do escritório da Massa Falida, localizado em Guaxuma, na capital. “Foi com muita satisfação que fiz uma surpresa a esse homem ao qual nutro grande respeito e admiração. Ver nos olhos do amigo, a surpresa ao ver a minha chegada tocando sanfona acompanhado por um trio de forró, foi gratificante. Fizemos uma grande festa. Ele é merecedor”, afirmou Almeida em postagem no Facebook. Lyra aparece sorridente e feliz. Mas, muitos ex-funcionários do falido Grupo JL que souberam e viram as fotos da comemoração ficaram revoltados. Foi tal qual um tapa na cara, pois enquanto o usineiro e ex-deputado federal comemora, muitos trabalhadores passam necessidades financeiras. Para se ter uma ideia da gravidade, um levantamento feito pela Advocacia-Geral da União mostra que os 135 maiores devedores no Brasil, entre pessoas físicas e jurídicas, têm débitos que, juntos, somam R$ 272,1 bilhões. Segundo a AGU, o montante equivale a 20% de toda a dívida ativa da União e cobriria o deficit fiscal previsto para este ano (R$ 170 bilhões) com sobre de R$ 82 bilhões. Entre os maiores 20 devedores do FGTS do país, a Laginha Agro Industrial, a holding do grupo, ocupa a sétima posição. Quando o assunto é dívida com a Previdência, o grupo de empresas de João Lyra aparece em décimo sexto lugar.

O deputado Cícero Almeida é muito cara lisa. Depois de falar tempos atrás horrores do empresário João Lyra e ajudar a quebrar a radio AM 710 com uma administração incompetente, teve a cara de pau de tentar redimir as mágoas de JL durante seu aniversário. Meteu uma sanfona nas costas, o que ele só sabe fazer, e danou-se a cantar para Lyra numa cena pra lá de ridícula, no sentido de tentar apagar também da memória a perseguição que fez com Lourdinha Lyra, a filha de JL, quando era vice-prefeita da capital. O abraço de tamanduá é próprio daqueles ingratos, aproveitadores e que só pensam em vantagem a qualquer custo.

Fora Janot Desembarcou esta semana no Senado mais um pedido de impeachment contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot: é o décimo. Quatro já foram arquivados e cinco estão sendo apreciados, informa a Folha. Desta vez, o autor do pedido é Gustavo Sampaio Braga, de 21 anos, morador de São José dos Campos. Ele alega que Janot “descumpriu com suas prerrogativas” ao pedir a prisão de Renan Calheiros, que já foi negada pelo STF.

Organização criminosa A Odebrecht precisa ser extinta. A esta altura, não há dúvida razoável: a Odebrecht é uma organização criminosa disfarçada de empresa. Como tal, tem de ser totalmente desmantelada. A Odebrecht precisa ser extinta. (O Antagonista)

Audiência Pública Na próxima segunda-feira (27) às 15 horas, acontece na Assembleia Legislativa, a Audiência Pública em Defesa da Política de Assistência Social e do Sistema Único de Assistência Social.

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

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MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 30 DE JUNHO DE 2016

JORGE OLIVEIRA

A ditadura do Judiciário Brasília - O Rodrigo Janot, o procurador-geral da República, empavonou-se, se auto proclamou justiceiro da moralidade. E isso não é bom para a democracia, quando homens que representam os poderes começam a se digladiar para saber quem realmente é o arauto dos bons costumes, o responsável pela faxina ética do país. A Lava Jato, para quem o povo brasileiro bate palmas, precisa retornar o rumo da sobriedade para não ser acusada de espetacularização e irresponsabilidade. O depoimento de um delator, por si só, não pode resultar na prisão de alguém. Corre-se o risco de se cometer injustiças e condenar por antecipação pessoas ainda investigadas. A medida coercitiva do Lula em São Paulo, por exemplo, foi um exagero, porque o ex-presidente na estava foragido e nunca se negou a depor quando convocado. O pedido da decretação preventiva de Renan, Sarney e Jucá também está na agenda da petulância e da arrogância da procuradoria geral. Tanto é que o STF, com bom senso, indeferiu o pedido a bem da harmonia dos poderes. A delação em outros países, como nos Estados Unidos, é usada como complemento às investigações. As informações são checadas, apuradas e só então os nomes são revelados quando não existem mais dúvida sobre a participação do acusado nos crimes. Aqui, no Brasil, percebe-se que a delação virou um instrumento simples e prático para o criminoso suavizar suas condenações e guardar o dinheiro do crime, como um investimento financeiro, até se livrar da pena, muitas delas suaves e tranquilizadoras para quem roubou milhões dos cofres públicos. As denúncias seletivas existem, algumas são reais. Exposto ao linchamento público, o cidadão muitas vezes não tem o direito de se defender porque, na verdade, não sabe nem do que é acusado. Em outros tempos, isso se chamava autoritarismo, regime de exceção, ditadura que suprimiu o habeas corpus, em um ato de truculência, para manter na cadeia, sob tortura, aqueles que ousavam desafiar o regime. Os promotores mais jovens, que hoje vivem debruçados sobre as delações premiadas, talvez não tenham alcançado essa prepotência. São jovens que queimaram as pestanas em concurso para fazer carreira no serviço público, o que às vezes os deixam limitados a outras ciências. O escritor italiano Pitigrilli (Dino Segre, 1893-1975) tinha um certo tédio por esses senhores da Justiça. Defendia a teoria de que se fossem competentes, como alardeiam, estariam ganhando muito dinheiro na iniciativa privada. Por isso, muitas vezes, tratam os advogados com desdém porque, no fundo, sentem-se frustrados por não ganhar a fortuna de alguns deles quando defendem seus clientes. Ninguém, de sã consciência, pode negar o trabalho abnegado desses jovens procuradores como defensores da lei e guardiões dos cofres públicos. Mas o país não pode se submeter à ditadura do judiciário, quando pessoas indiscriminadamente são jogadas no pantanal da corrupção com base apenas na delação de um criminoso que precisa se safar das penas mais rigorosas. Do jeito que a coisa anda, dedo duro virou um grande negócio no Brasil.

A mídia O mais apavorante de tudo isso é que os nomes são jogados na mídia sem culpa formada. Ou seja: a imprensa brasileira já não apura notícias, não investiga. Ela se transformou em porta-voz de lobistas oficiais com outros interesses no mercado da notícia. Veja que coisa: quando você já viu o Jornal Nacional, por exemplo, abrir o seu noticiário no horário nobre para retificar uma informação, uma coisa saudável no bom jornalismo? É muito raro. É o jornalismo infalível, imperativo, por isso a Globo não se sente obrigada a se retratar.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Intenção A PGR do senhor Rodrigo Janot até deveria estar bem intencionada quando fez o pedido. Queria usar os quase 18 milhões de reais no combate à corrupção e proteção de outros “direitos difusos”. Mas que história é essa de decidir de cima para baixo sem consultar o Legislativo e o Executivo? Isso demonstra o quê? Que a PGR está atraindo para si poderes maiores do que aqueles emanados pela Constituição. Precisamos analisar com cautela tudo que se passa no Brasil de hoje para que não se cometam equívocos levados pela euforia de que todo mundo tem que ir para a cadeia.

Investigação

Atestado

Tanto na Polícia Federal como no Ministério Público investiga-se cada vez menos. As informações chegam de graça pelas mãos dos próprios criminosos que transformaram a delação em um grande mercado. Alguns até se antecipam às prisões para abrir o jogo, satisfazendo o ego de quem está à frente dos inquéritos. Os telefonemas como as gravações muitas vezes são editados de forma a envolver gente que, por um descuido, deixou escapar uma frase ou uma palavra comprometedora com o seu interlocutor.

Com a sentença que alardeava a sua inocência, Dilma enfrentou os adversários bradando aos ventos que nada existia contra ela. Não se passaram muitos dias, Cerveró, seu amigo, ex-diretor da Petrobras, disse diante do juiz Sérgio Moro que a presidente foi, sim, a responsável pela compra da refinaria. Afirmou que ela sabia de tudo, inclusive para onde ia o dinheiro da tramoia. Fica claro, agora, que Janot se precipitou ao absolver a presidente das acusações.

Autoritarismo

Esta semana, Teori Zavascki, ministro do STF, relator da Lava Jato, botou a boca no trombone quando negou pedido da Procuradoria-Geral da República para ficar com parte dos recursos desviados da Petrobras e que foram repatriados a partir da delação premiada do ex-diretor da estatal Roberto Costa. Pela curiosa proposta, a PGR ficaria com 20% dos 79 milhões de reais que, por direito, serão devolvidos à Petrobras, de onde o dinheiro foi roubado. A PGR defendia para embolsar a grana, que o dinheiro fosse destinado aos “órgãos responsáveis pela negociação e pela homologação do acordo de colaboração premiada que permitiu tal repatriação”. E aí, você não acha que é um pedido no mínimo estranho esse da PGR?

O Poder Judiciário precisa ser mais cauteloso quanto aos grampos e as informações dos delatores, antes que voltemos aos tempos do arbítrio e da vigilância da liberdade tão comuns em regime autoritário.

O pavão Como disse lá em cima, o Rodrigo Janot está empavonado. Isso pode ser constatado por suas atitudes em relação a alguns acusados. Por exemplo, ele foi o primeiro a se pronunciar em uma sentença sobre a compra de Pasadena, a refinaria texana que deu um prejuízo de mais de 1 bilhão de dólares à Petrobras. E antes que as apurações chegassem ao final inocentou a Dilma de qualquer responsabilidade, mesmo sabendo que ela era, à época, a presidente do Conselho da Petrobras.

Vexame

Negou Teori disse não. Ele entendeu que todo o valor deveria ser repassado à Petrobras, uma vez que a própria procuradoria apontou prejuízo contabilizado pelo petrolão que deve ultrapassar 1,6 bilhão de reais.

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GABRIEL MOUSINHO

A culpada é a Petrobras

À

medida que as delações premiadas vão aparecendo com novos e surpreendentes depoimentos, vai-se chegando à conclusão de que ninguém roubou nada da Petrobras e isso é invenção dos delatores. Até agora, nenhum político sequer admitiu que tivesse recebido 1 centavo de dinheiro desviado dos cofres públicos e, aos poucos, parece mesmo que neste processo todo da Lava Jato ninguém é culpado, ninguém é ladrão, ninguém trilhou pelo caminho da desonestidade. Então, sobra a Petrobras e os delatores. Ninguém sabe, porém, onde foi parar tanto dinheiro, bilhões de reais, embora, a conta-gotas, os larápios delatores vão dizendo onde a grana foi parar. Mas todos reagem. Do presidente do Senado, Renan Calheiros, ao mais desconhecido dos deputados e até mesmo de governadores, que também mamaram nas tetas da ilegalidade. Como todo dinheiro surrupiado dos brasileiros foi considerado doação legal, e segundo parte da classe política devidamente declarado à Justiça Eleitoral, chega-se à conclusão de que esses delatores deveriam ser crucificados, esquartejados, guilhotinados ou morrerem numa masmorra pelo resto da vida. Eles são mentirosos e acusaram sem provas, dizem os acusados. Que o Supremo Tribunal Federal decida já sobre quem roubou e sobre quem mentiu. Mesmo que imploda o Brasil e muitos parem na cadeia.

Danos morais Políticos envolvidos até o pescoço com a Lava Jato já pensam seriamente em acionar a União com ações de danos morais. Eles negam, negam e negam qualquer participação no assalto aos cofres públicos.

Resistente A dúvida ronda os maiores políticos brasileiros nas investigações da Lava Jato. O senador Renan Calheiros, por exemplo, já é citado em doze inquéritos, mas continua reafirmando que nada tem a ver com essa bandalheira. Até quando Renan vai resistir ninguém sabe. Sabe, entretanto, que ele é atualmente o homem mais forte da República.

Os laranjas Os procuradores federais já sabem que muito dinheiro roubado da Petrobras e de outras empresas passaram para as mãos de laranjas. Em todos os estados de políticos envolvidos, uma extensa lista está sendo analisada pelos investigadores.

Para agradar A ansiedade é tão grande no Palácio dos Martírios, que muitos bajuladores do governador Renan Filho falam nos corredores que Cícero Almeida ganhará a eleição para prefeito já no primeiro turno. Esquecem que até agora ainda não combinaram com o povo.

gabrielmousinho@bol.com.br

Biu bate forte 1

O senador Benedito de Lira não economizou palavras para bater forte no candidato a prefeito pelo PMDB em Maceió, Cícero Almeida. Ele disse a jornalistas que estavam no Maceió Mar Hotel, na última segunda-feira, que ´´Rui Palmeira é dez vezes mais ético, trabalhador e decente do que Cícero Almeida´´.

Biu bate forte 2 Na entrevista a uma emissora de rádio, Biu disse que Cícero Almeida nunca foi a uma grota, o que agora faz a tiracolo do governador Renan Filho. Aliás, disse o senador, o governador deu agora até para tocar pandeiro em aparições meramente eleitoreiras nos grotões de Maceió.

Fortalecido O senador Biu de Lira demonstrou força política na última segunda-feira, ao reunir centenas de pessoas no auditório do Maceió Mar Hotel. Dezenas de prefeitos, vereadores, pré-candidatos e simpatizantes do PP estiveram presentes, em solenidade que também contou com a presença do presidente do partido, senador Ciro Nogueira.

Otimismo exagerado

Eleitorado indeciso

Dizer que Cícero Almeida é mesmo candidato a prefeito, é subestimar os processos que correm contra o deputado no Supremo Tribunal Federal. O da Máfia do Lixo é um deles, onde Almeida vai ser interrogado como réu na ação no próximo dia 1º de setembro.

Se os números estiverem certos e as pesquisas forem reais, é preocupante a posição do eleitorado de Maceió. Mais de 60% ainda estariam indecisos para escolher o prefeito da capital.

Sem fazer falta O governo de Renan Filho está respirando aliviado com a ida para o governo federal de Rosinha da Adefal, indicação do senador Romário Farias. Rosinha, se comenta nos bastidores, era uma das mais ineficientes auxiliares de Renan Filho.

Tarefa impossível Todo mundo conhece bem o temperamento do deputado federal Cícero Almeida e passa a se imaginar como será que ele, se prefeito eleito for, irá administrar os interesses de dezessete partidos que ele diz fecharam com o PMDB. De difícil temperamento, como todos e os seus ex-auxiliares sabem, Almeida poderá até ter mudado de comportamento.

Partidos sem voto

Com tudo O governador Renan Filho sabe que sua possibilidade de reeleição vai depender dos resultados das eleições para prefeito, principalmente em Maceió. Rui Palmeira reeleito seria um forte candidato para disputar o governo de Alagoas.

Jogando no futuro O senador Fernando Collor joga forte com o G8 e pode ser o fiel da balança em um eventual segundo turno nas eleições em Maceió. Estrategista, o senador já fez avaliação de com quem deve ficar, mas prefere aguardar o momento oportuno.

Nadando em dinheiro Não será por falta de dinheiro, agora, que o governo de Renan Filho não vá deslanchar. Até o final do ano os cofres estarão recheados com mais de 300 milhões de reais e outros tantos até 2018. O que dá pena são os servidores, que continuarão mendigando reajustes salariais.

E os servidores?

Dos dezessete partidos que fecharam com o PMDB de Cícero Almeida, dizem observadores políticos que pelo menos 80% só têm mesmo o voto dos seus presidentes.

O governo de Alagoas briga para receber pelo menos 5 bilhões de reais pela federalização da Ceal, mas sequer fala do débito astronômico da empresa com os antigos servidores da empresa que ganharam em todas as instâncias o famoso Plano Bresser. A dívida já chegou a 1 bilhão e meio de reais e a Justiça continua morosa como sempre.

Empate técnico

Pra variar

Pesquisas que circulam por aí dão empate técnico entre o prefeito Rui Palmeira e Cícero Almeida. Uma eleição dura, disputada, onde grupos políticos vão abrir espaços pensando em 2018.

Os assaltos continuam sem freios, mas o governo diz que tudo está sob controle. No início da semana um ônibus sofreu um arrastão em pleno Centro de Maceió onde foi roubado o cobrador e, naturalmente, os passageiros.


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Retorno de Rogério Farias à prefeitura leva desespero à Barra

JOGO DO PODER

DESEMBARGADOR WASHINGTON LUIZ SUBSTITUI JUIZ DA COMARCA E ESTE SUSPENDE DECISÃO DE AFASTAMENTO DO GESTOR TOMADA PELO ANTECESSOR JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

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insegurança jurídica toma conta da Barra de Santo Antônio. O presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), desembargador Washington Luiz, decidiu de forma liminar, no último domingo, o retorno de Rogério Farias ao comando da Prefeitura da Barra de Santo Antônio. A determinação foi de encontro com o julgamento do juiz John Silas, que respondia pela comarca de Paripueira. Na segunda-feira, 20/6, ainda pensando estar na comarca de Paripueira, o juiz Jonh Silas determinou um novo afastamento do prefeito Rogério Farias, dentro daação em que o chefe do Executivo é acusado de irregularidades no repasse de valores ao Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Município (Barra Prev). Mas a decisão não teve legitimidade já que o desembargador Washington Luiz decidiu através da portaria nº 2480 que o titular da Comarca de São Luiz do Quitunde, Wilamo de Omena Lopes, responde pela Comarca de Paripueira, devido sua vacância. Jonh Silas que estava de forma substituta foi retirado após o novo afastamento do prefeito Rogério Farias. O novo afastamento, agora sem validade, se refere a um novo esquema criminoso detectado na Barra de Santo Antônio, que teria lesado o município em pelo menos R$ 6.297,488,30. O juiz Jonh Silas explicou que o afastamento de Rogério se daria porque serviria para evitar intimidações de outros servidores

Rogério Farias ao reassumir cargo de prefeito da Barra na terça-feira

que podem ser ouvidos nos autos do processo. A decisão, sem efeito, também bloqueava os bens do prefeito. Através da assessoria de Comunicação do TJ/AL, o magistrado se posicionou: “Analisando os autos, apontadas estão diversas irregularidades na condução da gestão do sistema de previdência dos servidores do Município de Barra de Santo Antônio. A petição inicial traz em seu bojo dados alarmantes e apresenta, ao final, um prejuízo de R$ 6.297,488,30”. Ele completou: “Valores esses que foram descontados dos servidores e não repassados ao Instituto, além de descontos efetuados aos aposentados sob a forma de empréstimos de consignação e não repassados aos bancos credores, caracterizando uma apropriação indébita e consequentemente trazendo consigo uma gama de sanções previstas tanto na Lei de Improbidade como no Código Penal”.

A decisão de John Silas atingiria em cheio outros acusados de improbidade no município, dentre os quais o filho do prefeito e atual secretário de Finanças do município, José Rogério Cavalcante Farias Filho. No processo, são citados ainda Simony de Fátima Bianor Farias (ex-secretária de Saúde); André Luiz Coimbra de Medeiros (exsecretário de Finanças); Maria Quitéria Ferreira da Silva e Tânia Maria Sales (ex-secretárias de Educação); Aline Regina dos Santos Martins (ex-secretária de Administração) e Ronaldo José Lessa Campos (ex-secretário de Assistência Social). DESABAFO Em contato com o EXTRA, o vice-prefeito Carlos Alexandre, destacou: “A decisão do presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas deixou a Bar-

Washington Luiz afasta John Silas (acima) que teve decisão revogada por Wilamo de Omena

ra em total insegurança jurídica, uma vez que foram três decisões retornando o prefeito ao cargo, num plantão de final de semana, o que é muito estranho, além da substituição do juiz que deu os três afastamentos”. Ainda segundo Carlos Alexandre: “Isso é muito estranho ao Poder Judiciário e realmente fica muito difícil se trabalhar de forma legal, transparente, impessoal, com moralidade num município onde cria-se essa insegurança, causada por três decisões, num final de semana, só pelo presidente do Tribunal de Justiça”. O vice-prefeito ainda revelou que o juiz John Silas deu a quarta decisão de afastamento contra Rogério Farias sem sequer ter sido comunicado da existência da portaria de sua substituição pelo juiz Wilamo de Omena Lopes. Com data de

17 de junho, a portaria só foi publicada na edição de segunda, 20, do Diário da Justiça Eletrônico. “Uma total falta de respeito do presidente do Tribunal de Justiça para com o magistrado; isso é muito triste para nossa sociedade; isso é muito triste para o nosso Judiciário, onde decisões como essa maculam o Poder”, opinou. ANULAÇÃO Foi protocolado no TJ/AL um agravo regimental, já que a decisão foi monocrática, para anular a determinação do desembargador presidente do TJ, que fez com que Rogério Farias retornasse ao Executivo da Barra. Pessoas ligadas ao grupo político de Carlos Alexandre relataram que esperam que nos próximos dias o mérito seja julgado e a ordem seja restabelecida na Barra de Santo Antônio.


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Protesto e temor

porque não aceitou indicar Carlos Alexandre, seu vice, como candidato

Na última terça-feira, 21, populares da Barra de Santo Antônio foram até a frente da sede do Tribunal de Justiça de Alagoas protestar contra a decisão do desembargador Washington Luiz, que fez com que Rogério Farias retomasse o comando da prefeitura. Em sua decisão, o presidente do TJ expôs: “[...] se não há prova incontroversa de que o prefeito esteja embaraçando a instrução processual da ação de improbidade administrativa, não há que se cogitar no seu afastamento [...]”. Pessoas que estavam nas proximidades do TJ e outras com as quais o EXTRA entrou em contato, na Barra de Santo Antônio, foram taxativas em afirmar que quando Farias voltasse a ter a “caneta na mão o inferno no município iria ser retomado”. Durante meses Rogério Fa-

ACUSAÇÕES VAZIAS “Carlos Alexandre passou a ser meu adversário mesmo eu tendo prestigiado durante todo o meu mandato” Assessoria de comunicação do prefeito Rogério Farias destacou que todas as denúncias feitas pelo vice-prefeito da Barra de Santo Antônio, Carlos Alexandre, foram feitas porque ele não aceitou indicá-lo à sua sucessão. Assegurando que não será candidato à reeleição, Rogério Farias garantiu que todas as denúncias contra ele foram fabricadas pelo seu vice, que por cinco vezes através de seu escritório de advocacia pediu seu afastamento. “O Carlos Alexandre passou a ser meu adversário mesmo eu o tendo prestigiado durante todo o meu mandato. Eu nomeei a esposa do vice, Ana Paula Pe-

rias ficou sem pagar o funcionalismo público, aparelhou os cargos de alto escalão com parentes e segundo o Ministério Público Estadual desviou milhões de reais do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para construir uma pousada de luxo na Barra de Santo Antônio. Um funcionário público que preferiu não se identificar, temendo sofrer represálias com a volta de Farias ao poder desabafou: “É claro o interesse pelo poder, briga no judiciário, briga entre políticos, e no meio de tudo isso o povo sofredor da Barra. Essa prefeitura é enxergada como uma máquina de fazer dinheiro e não como um bem público”. Rogério Farias diz que a perseguição política aconteceu

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Em frente a sede do TJ, protesto contra volta de Rogério Farias

reira Lins, como secretária de Ação Social da Barra de Santo Antônio, mas mesmo assim ele queria mais, ou seja, que fosse indicado como candidato a prefeito da Barra”, disse Rogério. Segundo o prefeito, todas as denúncias são vazias e todas elas

serão comprovadas na Justiça. O prefeito voltou a dirigir o município já na terça-feira, depois de que o juiz Wilamo de Omena Lopes publicou despacho tornando sem efeito a decisão do afastamento de Rogério Farias pelo juiz John Silas.


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Cícero Almeida será interrogado dia 1º de setembro

MÁFIA DO LIXO

INVESTIGAÇÃO QUE TRAMITA NO STF TERÁ DEPOIMENTOS NA 13ª VARA CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL EM ALAGOAS VERA ALVES veralvess@gmail.com

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icenciado para concorrer à disputa pela Prefeitura de Maceió nas eleições de outubro, o deputado federal Cícero Almeida (PMDB) foi intimado a depor no dia 1º de setembro na Ação Penal 956 que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e na qual é réu, acusado de vários crimes dentro do escândalo que ficou conhecido como Máfia do Lixo. A intimação foi determinada por Richard Pae Kim, magistrado instrutor do gabinete do ministro Dias Toffoli, relator da ação. O ex-prefeito de Maceió foi denunciado pela ProcuradoriaGeral da República por ter infringido os artigos 89 e 92 da Lei nº 8.666/93 (Lei das Licitações), os artigos 319 e 359-D do Código Penal e o artigo 1º, V e XI, do Decreto-Lei n° 201/67. Ao se decidir pela denúncia junto ao STF, a PGR se baseou nas investigações efetuadas pela Procuradoria-Geral de Justiça de Alagoas e na decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas que em 2013 acatou a denúncia ofertada pelo MP Estadual. Com a eleição de Almeida para a Câmara dos Deputados em 2014, o processo foi remetido ao Supremo. Cícero Almeida, que nos últimos dias tem sido levado pelo governador Renan Filho (PMDB) a acompanhá-lo na periferia da capital no lançamento de seu programa de recuperação de grotas, vai depor às 14 horas do dia 1ª de setembro na 13ª Vara Criminal da Justiça Federal, localizada no bairro do Barro Duro, em

Maceió. Neste mesmo dia, e antes dele, também serão ouvidas seis testemunhas de defesa: Marcelo Henrique Brabo Magalhães, João Lipo Neto, Niradelson Salvador da Silva, Hiran Calheiros Malta, Carlos Roberto Ferreira Costa e Carlos Alberto Marques dos Anjos. Um dia antes, a 31 de agosto, também a partir de 14 horas e na mesma Vara, deporão outras seis testemunhas de defesa do ex-prefeito, que deverá se fazer presente: Paulo Valter Gondin, Max Luciano da Rocha Trindade, Elionaldo Maurício Magalhães Moraes, Luiza Beltrão Soares, Carlos Roberto Lima Marques e Fernando Sérgio Tenório de Amorim. AS DENÚNCIAS José Cícero Soares de Almeida foi acusado de beneficiar duas empresas de lixo na capital ainda durante sua gestão como prefeito, em 2005. A denúncia foi levada ao MP Estadual pelo então vereador Marcos Alves (falecido em 2011) e terminou sendo confirmada após investigações efetuadas a pedido da Procuradoria-Geral de Justiça e autorizadas pelo Tribunal de Justiça. De acordo com a denúncia acatada pelo TJ, o ex-prefeito e auxiliares seus na época burlaram a Lei de Licitações ao contratarem, sem licitação, a Viva Ambiental e Serviços Ltda. após forjarem a saída da Construtora Marquise S/A, que dividia os serviços de coleta de lixo em Maceió com a Limpel- Limpeza Urbana Ltda. A saída da Marquise também foi marcada por irregularidades. A empresa ameaçava abandonar

os serviços de limpeza urbana reivindicando o pagamento de valores em atraso e dera ao prefeito a opção de reajustar os valores do contrato firmado em 2000 após licitação. Faltando três meses para o término do contrato – que expiraria em julho de 2005 – o então prefeito Cícero Almeida não só autorizou o pagamento do que era devido à empresa como também reajustou os valores e o fez retroativamente a janeiro daquele ano e aceitou a “renúncia”. Ocorre que, pela legislação em vigor, não poderia a empresa ter renunciado. Trata-se de prerrogativa da administração pública, o que foi ignorado pelo então prefeito. A celeridade na contratação da substituta também chamou a atenção. Foram apenas cinco dias entre a abertura do processo para escolha da sucessora e o anúncio de que a Viva Ambiental se sagrara vencedora. E dentre as três que apresentaram cotações de preços, uma tinha ligações com a Viva, a Trópicos Engenharia e Comércio Ltda., com mesmo endereço e mesmo gerente na época. A Viva também seria beneficiada por Almeida com o reajuste de valores do contrato emergencial firmado para um periodo de seis meses. O valor global inicial de R$ 8.740.213,92 subiu para R$ 10.923.511,37 no quarto mês de vigência. E mais uma vez contrariando a legislação, ao invés de ter providenciado a licitação para contratação de uma empresa definitiva, ele simplesmente assinou novo contrato emergencial de seis meses com a empresa. Só mudou o valor: R$ 15.055.178, um aumento de mais de 172% em relação ao primeiro contrato.

Os crimes pelos quais Almeida é acusado Lei nº 8.666/93 Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade. Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. Código Penal Art. 319- Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Art. 359-D- Ordenar despesa não autorizada por lei: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Prestação de garantia graciosa Decreto-Lei n° 201/67 Art. 1º- São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipais, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores: V - ordenar ou efetuar despesas não autorizadas por lei, ou realizá-Ias em desacordo com as normas financeiras pertinentes XI - Adquirir bens, ou realizar serviços e obras, sem concorrência ou coleta de preços, nos casos exigidos em lei Pena de detenção de um a três anos


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Militar ligado a pistolagem é demitido por Renan Filho

DA TURMA DE BELTRÃO TALVANES MATOU, COM 15 TIROS, DESAFETO DE DEPUTADO NO TOCANTINS ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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oi preciso uma decisão da Justiça do Tocantins para que um dos últimos pistoleiros ainda ligados à Polícia Militar de Alagoas fosse demitido do serviço público. O tenente Talvanes Luiz da Silva está, oficialmente, fora dos quadros da PM, após assinatura do governador Renan Filho (PMDB). A demissão foi publicada na edição de segunda-feira (20), do Diário Oficial do Estado. Até outubro de 2014, Talvanes estava preso em Palmas, no Tocantins. Foi condenado por executar Pedro Daniel de Oliveira Lins, o Pedro Arapiraca, em 9 de julho de 2001. Pedro Arapiraca foi morto a mando do deputado João Beltrão, dizem as investigações. Arapiraca cobrou de Beltrão R$ 54 mil pela compra de 337 cabeças de gado. O parlamentar não gostou. E ele foi assassinado com 15 tiros, em frente a um posto telefônico, em Taguatinga, no Tocantins. Também foram condenados por este crime Paulo Nei de Morais, Wilton Luiz da Silva e Jaires da Silva Santos. CRIMES Até o ano passado, Jaires era assessor parlamentar de João Beltrão, na Assembleia, com salário de R$ 1.442,58. É réu confesso no assassinato de Pedro Arapiraca.

Em maio de 2011, o EXTRA revelou que Jaires é citado em outro crime: em 30 de maio de 2000, na cidade de Santa Luzia do Paruá, no Maranhão, o agricultor Paulo José Gonzaga dos Santos foi assassinado a tiros. A emboscada foi armada por Jaires, Geovânio Mendes dos Santos, o “Veneno”, e Mendes dos Santos, o “Velho”, que eram empregados de João Beltrão. O motivo do crime do Maranhão seria a compra de uma propriedade da vítima pelo deputado - a Fazenda Bons Amigos. O imóvel estava hipotecado pelo Banco do Nordeste do Brasil e as parcelas eram amortizadas mensalmente. Ao efetuar a compra da propriedade, o deputado teria pago a Paulo José a quantia de R$ 35 mil, assumindo o compromisso verbal de pagar as parcelas restantes da hipoteca, o que não teria acontecido. O modus operandi no Tocantins se repetia no Maranhão, tendo, por trás, João Beltrão. PASSADO SUJO Com a demissão de Talvanes, aos poucos, a Polícia Militar vai se livrando de seu passado sujo: alguns PMs se tornando sicários da elite alagoana para exterminar desafetos. Parte deste passado é ligado à atuação da Gangue Fardada. E, também, ligado a políticos da terra, como João Beltrão. Em 9 de maio de 1996, foi assassinado o cabo da

O agora ex-tenente Talvanes Luiz da Silva em foto de 2008

PM José Gonçalves da Silva Filho. Talvanes foi um dos acusados. E João Beltrão é citado pelo ex-tenente-coronel Manoel Francisco Cavalcante, explicando que a morte do cabo fazia parte de um acordo envolvendo Beltrão e outros parlamentares, citando ainda o deputado Fran-

cisco Tenório. Ano passado, Talvanes teve pedido negado, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), de evitar a perda da patente. O Comando Geral da polícia alegava que o militar afetou a “honra pessoal, o pundonor policial militar e o decoro da classe”. Além de

“ludibriar ostensivamente a boa fé do Comando Geral”. A ação foi movida pelo Conselho de Justificação da PM alagoana. O Tribunal de Justiça manteve a perda da patente. Talvanes recorreu ao STJ. E perdeu. Por outro lado, até hoje, João Beltrão é beneficiado com uma excrescência: o foro privilegiado que, no Brasil, protege os políticos de quase tudo. Mais ainda das responsabilidades da lei. Ainda assim, o processo em que ele é réu por assassinato (Pedro Arapiraca) está pronto para decisão do relator, o desembargador José Carlos Malta Marques. Espera entrar na pauta do Tribunal de Justiça, o que deve acontecer após o recesso do Judiciário. Ou seja, em julho. Beltrão responde ainda a ação penal, no TRE, por calúnia, difamação e injúria. Porém, doente (sofre de diabetes), está de licença médica na Casa de Tavares Bastos. E espera-se o retorno dele para que ele seja citado nesta ação. Difícil ele perder o mandato, onde se perpetua na Assembleia há quase 30 anos. Mais fácil continuar mandando em Coruripe, onde a família se ramifica no poder e o filho, Marx Beltrão, é deputado federal e está de olho no Senado em 2018. O filho é réu em uma ação penal por falsidade ideológica, por comprovar quitação previdenciária em Coruripe que não existia. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal. E segue a dança dos herdeiros.


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“Dez vezes mais ético e mais decente do que Cícero Almeida”

BIU DEFENDE RUI

MARCELO PALMEIRA DEVE SER CONFIRMADO PRÉ-CANDIDATO A VICE-PREFEITO DE MACEIÓ JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

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encontro do Partido Progressista (PP), esta semana, num hotel na orla de Maceió reuniu dezenas de prefeitos, précandidatos a prefeito e vereador, além de centenas de correligionários.Com o auditório lotado, vários temas foram debatidos, como: a legislação eleitoral, as regras da campanhas, aspectos contábeis. O encontro teve a presença marcante do presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira, que destacou: “Deixo Alagoas na certeza de que teremos uma importante vitória nas eleições municipais para ratificar as condições de Alagoas em 2018 enviar de volta essa liderança nacional que é o senador Benedito de Lira para o Senado Federal”. Durante o evento, o senador Benedito de Lira fez questão de ratificar o apoio do Partido Progressista à reeleição do prefeito Rui Palmeira (PSDB). Ao que tudo indica o pepista, Marcelo Palmeira, deve disputar o pleito desse ano como vice-prefeito, repetindo a dobradinha de 2012. Os assessores mais próximos a Benedito de Lira entendem que sua reeleição ao Senado passa por uma composição forte nos dois principais colégios eleitorais do estado: Maceió e Arapiraca. Assim como em Maceió, o senador alagoano se posicionou na política arapiraquense e disse que o PP vai marchar com o deputado estadual Tarcizo Freire (PP), pré-candidato a prefeito no município do Agreste. Ainda sobre o pleito em Maceió, Benedito de Lira disse para os membros da imprensa presentes que “Rui Palmeira é dez vezes mais ético, mais trabalhador e mais decente do que Cícero Almei-

Prefeito Rui Palmeira tem gestão defendida por Biu de Lira e seu apoio para reeleição

da”. Uma alusão aos escândalos de corrupção que envolvem o nome do ex-prefeito de Maceió, como a “Máfia do Lixo”. Ainda em tom de ataque, Lira expôs que Cícero Almeida nunca esteve nas grotas quando foi prefeito de Maceió. O senador ainda ironizou o vídeo que circula nas redes sociais afirmando que o governador Renan Filho “virou tocador de triângulo”. Outros nomes no páreo Além de Rui Palmeira e Cícero Almeida, a cidade de Maceió conta com pelos menos mais quatro précandidaturas. Um deles é o presidente do Partido Trabalhista Cristão em Alagoas, Paulo Memória. O presidente do PTC integra um grupo de partidos nanicos intitulado G8. Outro que anseia disputar o Executivo de Maceió é o deputado federal Paulão (PT). Os bastidores da política dão conta de que um acerto com o PMDB não está descartado e o Partido dos Trabalhadores pode engrossar o palanque de Almeida. Recente reportagem do jornalista Odilon Rios no EXTRA revelou um novo nome: “Com o discurso da terceira via (nem a reeleição de Rui Palmeira nem o voto a Cícero Almeida), o PSOL tem como précandidato a prefeito o professor de História Gustavo Pessoa. Ele investe no campo das esquerdas em busca dos eleitores insatisfeitos”. Quem também segue de olho na prefeitura da capital alagoana é o deputado federal João Henrique Caldas (PSB), que foi o deputado mais votado em Alagoas no pleito de 2014 e teve a votação mais expressiva em Maceió em comparativo com seus adversários. Alinhado com um discurso de moralidade e juventude no poder, JHC promete entrar de cabeça na disputa.


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Época questiona pagamentos a filho do ministro do STJ

REVISTA DENUNCIA

EDUARDO MARTINS TERIA RECEBIDO R$ 10 MILHÕES; HUMBERTO MARTINS DESCARTA QUALQUER TIPO DE INGERÊNCIA NOS PROCESSOS DA REDAÇÃO

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eportagem exclusiva publicada no site da Revista Época na sexta-feira da semana passada (17) afirma que Eduardo Filipe Alves Martins, 31, filho do ministro do Superior Tribunal de Justiça Humberto Martins recebeu R$ 10 milhões por dois processos na Corte em que o pai é vice-presidente sem que tenha atuado nos mesmos. Os pagamentos, afirma a publicação, foram feitos pela Fecomércio -RJ (Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro) e se referem a uma prolongada disputa judicial sobre a permanência de Orlando Diniz à frente da federação, Sesc e Senac do Rio. De acordo com a matéria, o filho do alagoano não consta omo advogado nos processos que ele mesmo registrou nas notas fiscais emitidas pela Fecomércio. Não tinha sequer procuração para os mesmos. Os dois processos citados pela Época são dois Agravos em Recursos Especiais para decidir sobre a continuidade de Orlando Diniz no comando da Fecomércio, Sesc e Senac do Rio de Janeiro em contraposição à tentativa da Confederação Nacional do Comércio de decretar intervenção nas entidades. “Em dezembro de 2015 e janeiro de 2016, o escritório Martins Advogados emitiu quatro notas seriadas, cada uma de R$ 2,5 milhões, fa-

Registro da OAB do DF do filho do ministro

Humberto Martins nega ingerência em processos do filho e

Nota fiscal emitida pela Federação do Comércio do RJ

zendo referência à ‘prestação de serviços advocatícios no agravo em recurso especial’, citando os números específicos dos processos. De acordo com os documentos, a fatura de Eduardo Filipe Martins pode chegar a R$ 25 milhões, uma vez que cada nota, de cada um

dos dois processos, remete a cinco parcelas de R$ 2,5 milhões. Sobre o fato dos processos não levarem a assinatura do advogado nas petições, Eduardo Martins afirma que ‘como o protocolo do Superior Tribunal de Justiça é eletrônico, somente fica

registrada a assinatura eletrônica do advogado que realizou o peticionamento’. Nos processos, contudo, há diversos documentos que levam a assinatura ou o nome de diversos advogados, de mais de um escritório”, afirma trecho da reportagem. Procurado por Época, o ministro Humberto Martins, atual vice-presidente do STJ, afirmou que não discute processos com o filho: “Eu não converso com meu filho sobre processos. Não sei nem de quem ele é advogado e não falo com ministros sobre processos. Eu não sei nem o endereço do escritório dele em Maceió, só sei o bairro”, afirma.

Ainda segundo a publicação, Humberto Martins disse que “caso ocorra de um processo do filho chegar à turma em que atua, ele se declara impedido e não julga o caso. ‘Já comuniquei ao setor responsável no STJ para que todo processo dos meus filhos, dos sócios e ex-sócios eu me declaro impedido. Eu não tenho nenhum conhecimento sobre os processos’”. A reportagem completa da Época pode ser acessada no endereço http:// epoca.globo.com/tempo/ noticia/2016/06/filho-deministro-do-stj-recebeu-r10-mi-por-processos-que-nao-tinha-procuracao.html.


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Tanque d’Arca vive situação inusitada

RODÍZIO DE GESTORES PREFEITO EM EXERCÍCIO, DE 21 ANOS, SERIA “TESTA-DE-FERRO” DO ELEITO PELA CÂMARA NO DIA 13 VERA ALVES veralvess@gmail.com

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á pelo menos três anos, Tanque d’Arca, pequeno município do Agreste alagoano localizado a 107 km de Maceió, vive uma situação inusitada, um entra e sai de prefeitos acusados de atos de improbidade com lances que beiram entre o trágico e o cômico, como o do prefeito interino flagrado em vídeo colocando dinheiro nos bolsos e nas meias. Tratava-se de propina recebida de uma construtora por cujo contrato o antecessor fora afastado. Amparado por uma liminar concedida pelo desembargador eleitoral Orlando Rocha Filho, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Antônio Teixeira de Almeida, o político do PMN flagrado no vídeo, foi eleito no último dia 13 prefeito-tampão do município de 6.319 habitantes (Censo de 2015 do IBGE) e 5.023 eleitores (dados da Justiça Eleitoral até maio deste ano) mas renunciou dois dias depois acossado por novas denúncias, a de desvios de recursos do Ipam- Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Tanque d’Arca. Em seu lugar assumiu o vice, Edilson da Conceição Ferreira, um jovem de 21 anos que desde o ano passado trabalhava como assessor de Teixeira. Nomeado para um cargo comissionado, Edilson da Conceição recebia até abril R$ 1.500 – foram R$ 500 em maio - e agora passa a desfrutar de um salário de R$ 10 mil. Pelo menos este é vencimento que Teixeira recebia como prefeito interino da cidade e o recebeu também em maio, mesmo após ter sido

afastado pela Justiça em abril último. O afastamento de 180 dias se encerra a 14 de outubro, quando ele reassume o comando da Prefeitura de Tanque d’Arca até a posse de quem for eleito nas eleições de 2 de outubro. Ligado ao deputado estadual Francisco Tenório - presidente estadual do PMN e que praticamente invadiu a cidade com seus correligionários no dia 13 - Teixeira vai disputar a eleição pelo voto popular, segundo afirmam os assessores que ele deixou na prefeitura. Ninguém sabe, porém, quem será seu vice. Opositores de Antônio Teixeira afirmam que ele continua gerindo o Executivo. Edilson seria apenas um “testa-de-ferro”, já que nunca teve qualquer experiência política e costumava executar serviços para o ex-prefeito antes mesmo de ser contratado como comissionado. O prefeito em exercício nega. Em resposta aos questionamentos do EXTRA, afirmou, através de sua assessoria de imprensa, desafiar qualquer pessoa a provar a ingerência do ex-chefe. O jovem que chegou a cursar Administração de Empresas mas largou a faculdade, disse ainda que em seu governo “os benefícios trazidos à população pela gestão de Antônio Teixeira com certeza serão mantidos e ainda aprimorados. O desempenho eficaz dos serviços básicos na saúde, educação e assistência social estarão, sem dúvidas, no topo das minhas prioridades”. Reconheceu os prejuízos à população por conta do trocatroca de prefeitos, mas assinalou que “com a eleição indireta realizada pela Câmara a segurança política-administrativa

Edilson da Conceição em reunião com “seu secretariado”

Reprodução do vídeo exibido no Fantástico em 2015 com Teixeira

do nosso município foi restabelecida”. UMA CIDADE PARADA O semanário esteve na cidade uma semana após a eleição indireta de prefeito e vice pela Câmara de Vereadores. Edilson da Conceição não estava na prefeitura. A informação foi de que estaria na vizinha cidade de Maribondo, em uma agência da Caixa. Na Câmara de Verea-

dores, onde sequer energia havia, apenas duas funcionárias. Na Unidade Básica de Saúde Mariza Tavares Valença Silva, apenas três funcionárias e nenhum atendimento. “A médica só está aqui de terça, quarta e quinta”, explicou uma delas. A ida ao município foi na segunda, 20. Movimento mesmo só o de poucos funcionários municipais e alguns aposentados na principal praça da cidade onde a

mudança constante de gestor é alvo de piadas. E de revolta também. Isto porque nada garante que daqui a uma semana o prefeito ainda seja Edilson. Desde janeiro, quando a Câmara cassou os mandatos de Roney Valença e o vice Valdemir Bezerra Lima – ambos do PMDB e eleitos em 2012 – já passaram pelo comando do Executivo o próprio Teixeira, que era presidente da Câmara e havia assumido o cargo de prefeito em agosto de 2015, quando a Justiça afastou a dupla peemedebista, e José Luiz dos Santos (PMN) que, na condição de presidente do Legislativo sucedeu a Teixeira em abril. Mas a dança das cadeiras entre eles remonta a 2013, quando começaram as primeiras investigações sobre irregularidades na prefeitura e atos de improbidade administrativa. PREVIDÊNCIA AMEAÇADA Os aposentados agora é que são a bola da vez na cidade. Desde o início de junho são cada vez mais insistentes os comentários de rombo nos cofres do Ipam, o instituto de Previdência da cidade. Dos cerca de R$ 1 milhão e 300 mil que haviam em caixa, somente R$ 600 mil estariam disponíveis. O EXTRA questionou o prefeito-tampão afastado, mas ele preferiu ignorar as indagações do semanário. O contato foi feito através do Whatsapp de Antônio Teixeira que limitou-se apenas a informar não ter assumido a prefeitura após a eleição do dia 15 porque estava proibido pela Justiça, embora tenha sido a própria Justiça a lhe autorizar a disputar os votos dos vereadores. Disputa não é bem o termo correto. Ele teve 7 dos 9 votos possíveis. O único declaradamente contra foi da vereadora Cícera Porto, também do PMN, enquanto o vereador José Oliveira, do PRTB, não compareceu.


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Barroso é relator da ação que foi ajuizada pela entidade nacional que representa os trabalhadores da educação

Ministro do STF diz que lei “impõe restrições ao ensino”

ESCOLA LIVRE

CONFEDERAÇÃO DE TRABALHADORES ENTRA COM AÇÃO CONTRA ASSEMBLEIA JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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novela sobre a Lei 7.800/2016, mais conhecida como a “Lei Escola Livre”, ganhou um novo capítulo. Após declarações de diversas entidades, inclusive o próprio Ministério da Educação (MEC), se posicionando contra, foi a vez da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) entrar na briga. A entidade ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a homologação da lei. “Há vários meses, a Contee vem se manifestando contra projetos e atitudes que buscam cercear a atuação dos professores e professoras nas salas da aula. Projetos como o que propõem a criação do “Programa Escola Sem Partido” colocam os professores como manipuladores e dou-

trinadores com a capacidade de induzir crianças e jovens a defender determinada corrente ideológica, partidária ou política”, disse a presidente Madalena Guasco Peixoto. O caso está sob relatoria do ministro Luís Roberto Barroso e, na ação impetrada, a entidade explica que o texto foi vetado pelo governador, mas que a Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE-AL) derrubou o veto e promulgou a norma. A Contee lembra que o chefe do Executivo alagoano, quando vetou a lei, frisou que com a aprovação do projeto, seriam impostas restrições à ampla liberdade de ensino, de tal modo que ficariam os professores proibidos, desproporcionalmente, de tecerem quaisquer considerações de ordem política, religiosa ou ideológica que estejam relacionadas às suas convicções. “Ressaltamos que esse

projeto é anticonstitucional, mas a Contee, como entidade nacional, e o Ministério da Educação, estão tomando as devidas providencias”, lembra a presidente. A ação também traz em destaque que “ao proibir o mestre de se manifestar sem qualquer parâmetro, a norma, frisou o governador no veto, acabaria por tolher o amplo espectro de atuação do profissional”. Ainda ressalta que a lei impede os alunos de terem contato com outros universos, necessários à formação de sua adequada convicção e compreensão de mundo. No texto, a entidade usou duras palavras para criticar a ALE dizendo que a aprovação pretende “transformar a educação em presídio eterno da liberdade, gravado com segurança máxima e a prevalecer a tese da Assembleia Legislativa de Alagoas, que nega e renega o

pluralismo político, de ideias e de concepções pedagógicas, e, como corolário, a construção da cidadania”. A Contee ressalta também que o Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada instituição não foi levado em conta, e que ele é a constituição de toda unidade escolar, de construção coletiva, que, em consonância com a legislação educacional, define o seu programa de ensino, conteúdo e forma de desenvolvê-los. A entidade também destaca o planejamento pedagógico, que é de construção coletiva e que visa garantir a plena eficaz e satisfatória execução do PPP. Este seria outro aspecto esquecido na elaboração da lei. “Tentar engessar a escola, os professores e os alunos, fazendo-os amordaçados e meros agentes de informação e não de formação e transformação, caracteriza-se como a mais abjeta e certeira nega-

ção da ordem democrática; tão cara à humanidade, em especial, ao povo brasileiro”, concluiu a entidade ao requerer a concessão de liminar para suspender a norma questionada e, no mérito, a declaração de inconstitucionalidade da Lei 7.800/2016. No despacho emitido na última terça-feira (7), o ministro Roberto Barroso lembrou que a liberdade de pensamento está prevista na Constituição Federal: “A CF prevê, dentre outras coisas, liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino, e gestão democrática do ensino público, na forma da lei”. Barroso destacou que a lei aprovada pelos deputados “impõe restrições à ampla liberdade de ensino, de tal modo que ficariam os professores proibidos, desproporcionalmente, de tecerem quaisquer considerações de ordem política, religiosa ou ideológica, as quais estejam relacionadas às suas convicções”. O magistrado usa uma parte do texto da ação impetrada pelo Contee, em seu despacho: “Com efeito, a partir do momento que se proíbe o tempo em que, muitas vezes, impede que o aluno tenha contato com universos outros necessários à formação de sua adequada convicção e compreensão de mundo”. A ALE informou ao EXTRA que não foi informada oficialmente sobre o processo em tramitação.


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Venda desvaloriza usina da Guaxuma em R$ 14 milhões

MASSA FALIDA

JUSTIÇA DÁ PROSSEGUIMENTO À NEGOCIAÇÃO COM EMPRESA DE PERNAMBUCO

JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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arece que mais uma usina do ex-empresário e ex-deputado federal mais rico do Brasil, João Lyra, vai deixar o grupo Laginha. Segundo publicado no Diário da Justiça Eletrônico no último dia 10, o juiz Kléber Borba, responsável pelo andamento da Massa Falida, deferiu o pedido do Comitê de Credores para autorizar a administração judicial a realizar a venda direta da Usina Guaxuma, localizada na cidade de Coruripe, a 80 Km de Maceió. A interessada é a pernambucana CPM Brazil Comércio, Importação e Exportação de Commodities Ltda. Após a proposta de compra da empresa, o Comitê de Credores manifestou-se favoravelmente e pugnou pela realização de venda direta, afirmando que a realização do ativo constitui prioridade por viabilizar o processo falimentar, por exemplo, o pagamento dos credores. Segundo os autos do processo, o comitê destacou ainda “que a proposta está nos parâmetros de valores do mercado e a forma de pagamento é justa e bastante objetiva, inclusive com a previsão de arras e de garantia financeira”. Advertiu, porém, sobre a necessidade de se manter, paralelamente, o trâmite do arrendamento, justificando que a não concretização da compra e venda poderá inviabilizar o procedimento já iniciado. Por fim, frisou que não haverá prejuízo para a massa falida, caso as demais parcelas do contrato não sejam cumpridas, pois a primeira parcela ocorrerá em

CPM Brazil ofereceu R$ 42,5 milhões pela Usina Guaxuma, localizada em Coruripe

apenas dez dias úteis, a contar da assinatura do contrato, e será previsto o pagamento de um sinal de 5% do valor total do contrato, o que seria de R$ 42.500 milhões, o suficiente para manter a usina até o próximo ano/safra.

Segundo os autos do processo, o comitê destacou ainda “que a proposta está nos parâmetros de valores do mercado e a forma de pagamento é justa e bastante objetiva, inclusive com a previsão de arras e de garantia financeira”.

Antes da CPM Brazil, a Nova Cana Agro-Industrial Ltda, da sociedade empresarial Everest Distribuidora de Petróleo Ltda, apresentou proposta para o arrendamento da Usina Guaxuma. LYRA DESCONFIA De acordo com a avaliação dos ativos da Laginha Agro Industrial S/A feita pela Valor Engenharia e homologada pela Justiça, a Usina Guaxuma valeria sem cana a quantia de R$ 864,1 milhões. Depois de anos sem operar, o empreendimento será negociado por R$ 850 milhões. No entanto, o acionista majoritário, João Lyra, relatou que, após ter feito uma pesquisa rápida e limitada dos possíveis futuros donos da usina surgiram fundadas dúvidas quanto à capacidade financeira da sociedade empresária proponente.

A CPM Brazil tem como sócios-administradores o executivo Reovaldo Santos Nogueira e o engenheiro agrícola Alfredo José Gonçalo Filho. Criada em 2008, a empresa, que começou no ramo da mineração de ferro e ouro, passou a investir em commodities depois de investir na área de plantio de cana-de-açúcar no Nordeste brasileiro, em especial Pernambuco e Alagoas. Em 2013, o grupo decidiu adquirir parques industriais de usinas de açúcar aumentando os ativos da empresa e a produção. Hoje também atua no ramo de soja, café, milho e ração animal. O capital social da CPM, montante necessário para se constituir e iniciar as atividades de uma nova empresa enquanto não gera recursos suficientes para se sustentar, é de R$ 6 milhões. Conforme o Diário da Jus-

tiça, “o Comitê de Credores e da Administração Judicial aduziram ser interessante para a Massa Falida o prosseguimento, em paralelo, das tratativas referentes ao arrendamento, nos moldes sugeridos pelo Comitê de Credores. Ao fim, argumentou ser favorável à venda direta, por entender que a medida encontra espeque na legislação de regência e gerará celeridade na realização do ativo, circunstância que vai ao encontro das singularidades do setor sucroalcooleiro e redunda em incontroverso benefício à Massa Falida”. O comitê entendeu também que a proposta apresentada está nos parâmetros de valores de mercado, especialmente considerando o tempo em que a Usina Guaxuma se encontra sem funcionamento, bem como que a forma de pagamento se encontraria justa e objetiva. Apesar dos benefícios elencados, Lyra, externando preocupação com a saúde financeira dos proponentes, peticionou nos autos para requerer a intimação dos empresários a fim de que pudesse esclarecer as dúvidas acerca de sua capacidade de adequar a sua proposta à exigência do negócio. Todo processo que envolve a massa falida tem engatinhado nos últimos meses. Após o arrendamento da Usina Uruba, em Atalaia, a Justiça autorizou o leilão de bens móveis inservíveis. Um bem é considerado inservível quando não encontra mais aplicação na unidade que o detém. É classificado como: antieconômico, irrecuperável, ocioso e recuperável.


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Governo quer Banco Mundial contra pobreza em Alagoas

VIABILIDADE ECONÔMICA

IDEIA DE RENAN FILHO É ACABAR COM A MISÉRIA NA REGIÃO LAGUNAR; BID VEM A ALAGOAS EM 30 DE JUNHO ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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Governo Renan Filho (PMDB) prepara pelos próximos dois meses projetos na área social para erradicar a miséria, pelo menos em algumas áreas de Maceió, que concentram grande população em condições de pobreza e tem viabilidade econômica e social. A ideia é aparentemente simples: a presença do Banco Mundial na região do Dique Estrada, Virgem dos Pobres e Vergel do Lago, em Maceió. A proposta é elaborada pelo secretário de Assistência Social, Antônio Pinaud. Ele gosta de falar, é atleta nas horas vagas (foi nadador no Clube de Regatas Flamengo, no Rio, e hoje é corredor), ex-fumante e tem 60 anos de idade, que aparenta menos. O projeto de combate à pobreza não é novidade: o Banco Mundial faz a mesma coisa em áreas mais pobres no Rio. “Se conseguirmos o apoio do Banco Mundial para este projeto, haverá uma mudança radical no perfil da parte baixa de Maceió”, explica. A proposta é capacitar os catadores de sururu, possivelmente criando uma cooperativa. Números não-oficiais indicam que duas mil famílias se revezam na cadeia produtiva do sururu à beira da Lagoa Mundaú, no lugar a ser atendido pelo banco. “Apoiamos o Bolsa Família mas ele não pode ser um programa que dure para sempre. É preciso criarmos ideias que ajudem a elevar a renda das pessoas que dependam do programa. Daí teremos a responsabilidade de colocar em prática”,

Pinaud se reúne dia 30 com membros do Conselho do BID para discutir detalhes de programa para catadores de sururu

avaliou Pinaud. “Temos gerações de alagoanos com déficit intelectual. Pessoas que perdem a capacidade cognitiva porque não foram estimuladas corretamente até os seis anos de idade- quando a Ciência nos diz que o aprendizado e a formação da personalidade definem quem e como será o futuro adulto”, analisa. “Um programa social como este que vamos apresentar ao Banco Mundial, quantas crianças não serão incentivadas pelos pais a novas atividades, com os pais tendo dignidade na cata do sururu? Famílias tendo cursos, orientações?”. No dia 30, Pinaud traz a Alagoas membros do Conselho de Administração do BID (o Banco Mundial). Em duas semanas- diz o secretário- vai estar pronto um esboço do projeto “Cadeia do Sururu e Coco”, a ser entregue

na visita dos membros do BID a Alagoas. “O projeto do governador é que tenhamos em Maceió uma cidade sustentável e inclusiva. Costurarmos uma rede de empreendedorismo, com mercados locais, negócios sociais. Com tudo isso funcionando, em várias partes de Maceió e avançando pelo interior, em dez anos o Bolsa Família não será mais necessário”, acredita o secretário. Em Alagoas, 1 em cada 4 famílias é atendida pelo Bolsa Família. Ano passado, 500 famílias pediram para sair do programa. “Elas tiveram incremento da renda. Não precisaram mais do programa”, explica Pinaud. Segundo o IBGE, 37,5% das pessoas no Nordeste sobrevivem de benefícios federais ou simplesmente de esmolas. Em Alagoas, são muitos os

que tentam a sorte no lixo, catando latas ou garrafas de plástico. Segundo o IBGE, a cada dois alagoanos, um sobrevive dos programas do governo ou à espera de ajuda dos outros. Em Maceió, treze anos e duas gerações depois, o programa Bolsa Família ainda sustenta 20 mil pessoas desde 2003- e elas vão gerando filhos e netos. Nestes treze anos, Alagoas ainda permanece como o terceiro lugar mais pobre do Brasil, só perdendo para o Maranhão e o Piauí. O nível educacional da população melhorou, mas não o suficiente para viabilizar a instalação de grandes indústrias, que exigem mão de obra mais qualificada. Alagoas ainda é o primeiro — como há treze anos atrás, no nascimento do Bolsa Família — no número de analfabetos no país.

Em 13 de novembro do ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) publicou estudo sobre a situação geográfica e econômico-social do estado. E mostrou “deficiências no capital humano, como altos índices de analfabetismo, baixa qualificação da mão de obra local e baixa qualidade da educação básica oferecida pela rede pública de ensino”. “Entre os fatores que impedem o desenvolvimento do estado, a auditoria constatou problemas de governança e gestão, principalmente no que se refere à baixa capacidade de investimento do Estado e dos municípios e às deficiências desses governos no planejamento e na implementação de políticas públicas. A desarticulação entre os diversos órgãos que atuam visando a indução do desenvolvimento no estado também foi verificada”, detalha o tribunal.


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Atividade apícola vive momento promissor com preços nunca alcançados

MEL DE ALAGOAS MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

ESTADO TEM PRODUÇÃO EM TORNO DE 100 TONELADAS/ANO E POSSUI POTENCIAL AMBIENTAL E CLIMÁTICO PARA ULTRAPASSAR 5 MIL

A

demanda de mel está crescente tanto no Brasil como no exterior e este é um momento promissor para a atividade apícola. Em Alagoas não é diferente. E este mercado animador alcança preços historicamente nunca alcançados. Segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Mel e Derivados (Abemel) a demanda nacional somada às exportações tem um potencial de 172 mil toneladas de mel/ano até 2025 e a produção nacional está ainda em 40 mil toneladas/ ano. Alagoas, por sua vez, está com produção em torno de 100 toneladas/ano e possui potencial ambiental e climático para ultrapassar 5 mil toneladas por ano. Segundo o presidente da Federação Alagoana de Apicultura e Meliponicultura (Faamel) e federado na Confederação Brasileira de Apicultura (CBA), Diego Gomes dos Anjos, os apicultores do estado estão cada vez mais cientes da importância da atividade para o crescimento econômico e pessoal. Prova disso é que vão participar de um encontro que tratará apenas de meliponicultura. O evento acontece em Irecê/BA dos dias 12 a 14 de julho. “Estamos incentivando a profissionalização da atividade, apresentando a apicultura como atividade lucrativa e de sucesso”, disse Anjos. O presidente da federação afirma que o rstado é um grande celeiro de abelhas brasileiras, as melíponas (abelhas sem ferrão), embora, a Uruçu (Meliponascutellaris) seja uma das mais criadas por aqui. Mas a espécie de abelha com maior número de colônias racionais é a abelha conhecida por “Europa ou Italiana”. Anjos esclarece que uma espécie mais forte, higiênica e de grande potencial defensivo (estes organismos apenas defendem-se, nunca

atacam à toa) é a abelha africanizada (Apis melífera). “Esta é a espécie da qual nós apicultores produzimos o mel tão apreciado pelas pessoas, bem como o pólen e também a nossa própolis vermelha, substância muito valorizada de nossa atividade e que foi descoberta pelo apicultor José Marinho de Lima em seu apiário na Ilha do Porto, em Marechal Deodoro. Esta própolis possui a denominação de origem Manguezais de Alagoas, abrangendo a região produtora no litoral alagoano desde o município de Piaçabuçu até Maragogi”, disse ele. DIVERSIDADE Outro fator importante é que o mel alagoano tem seu diferencial. O estado possui uma diversidade de méis devido aos biomas desde a Mata Atlântica com Manguezais e áreas de restinga, bem como da Caatinga. “Esta variedade de ambientes nos proporciona a produção de méis diversos em cores e sabores. Existe aqui um mel diferenciado, na verdade um melato, que é produzido na região de produção da cana-de-açúcar, pois em épocas de colheita da

cana as abelhas vão em busca do exsudado desta planta e trazem para suas colmeias, resultando um mel (melato) muito saboroso, bastante escuro e riquíssimo em sais minerais como potássio e magnésio e com sabor que lembra rapadura, porém numa textura espetacular tendo em vista que foi elaborado pelas abelhas”, comparou Anjos. Outro fato que deve levar em conta é a produção média nacional, que está em torno de 15kg/colmeia/ano, o que, de acordo com Anjos, é muito fraco pois uma colmeia bem manejada produz até 40kg/colmeia/ ano. Ele aponta dados relevantes em relação à atividade e mostra que o mel hoje está com preço em torno de R$ 9,00/ kg, podendo variar R$1,00 para mais ou para menos. “Para nosso cálculo vamos utilizar o preço do mel a R$ 6,00/Kg e a produção média nacional. Daí, temos que uma colmeia rende R$ 90,00/ano. Parece bom? Para obter renda líquida (descontados 30% de custos) de R$ 6.300,00/ano necessitaríamos ter 100 colmeias, esta é uma perspectiva nada profissional

da atividade apícola”. Anjos acrescentou ainda que outro panorama é profissionalizar cada vez mais a atividade. E a expectativa concreta é de alcançar média de 30 kg/colmeia/ano. Assim, o retorno com as mesmas 100 colmeias passa para R$12.600,00. Em relação às abelhas sem ferrão, tipo Uruçu, uma colmeia tem potencial para produção de apenas 1L de mel por ano. Porém, este mesmo litro tem um retorno de R$150,00/l, fracionado em potes de 100ml, podese chegar a R$250,00/l. “Estas abelhas possuem um potencial enorme e que podem ser criadas por pessoas de diversas idades, pois não possuem ferrão e as estruturas produtivas são bem menores”. SAFRA Em Alagoas, o período da safra em geral é na primavera e verão. Mas, como há variação climática no estado, há um período diferenciado de produção no Sertão com as floradas do inverno chuvoso. De acordo com Anjos, em Alagoas existem 14 associações federadas. Mas pode participar da associações e entidades como cooperativas, institutos ou empresas do setor apícola e meliponícolas. Embora o maior número de apicultores esteja situado no Sertão, de acordo com dados da produção de 2014, os maiores produtores foram Santana do Ipanema e Senador Rui Palmeira , com 14 e 19 toneladas respectivamente. Mas, União dos Palmares vem mostrando

crescente produção. O presidente da Faamel disse que o governo do Estado investe junto com o Sebrae através dos APLs de apicultura na região do Litoral e Lagoas e região do Sertão. Mas afirma que uma falha é o governo não abrir chamadas públicas para oferta de mel na merenda escolar das escolas públicas estaduais, além da falta de assistência técnica continuada para o setor. “Temos desenvolvido discussões neste sentido com apoio da Secretaria de Agricultura do Estado, através da Câmara Setorial da Apicultura e Meliponicultura”. O mel de Alagoas é consumido no estado principalmente através das organizações que vem conseguindo fornecer mel na merenda escolar de muitas escolas da rede pública de municípios, bem como na rede de supermercados, lojas de produtos naturais e feiras. Anjos informou ainda que “parte do nosso mel tem sido comprado por empresa exportadora cearense e muitas vezes importamos mel de outros estados através de cooperativas e empresas do setor.” Além do mel são comercializados também o extrato de própolis vermelha, pólen apícola, méis compostos, sprays de mel com sabores diversos, geleia real, produtos cosméticos como sabonetes e produtos gourmet como méis de melíponas como Uruçu e Jataí, também Hidromel e Vinagre de Mel. Enfim, uma diversidade de produtos para o benefício das pessoas.


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Para refletir: O PT afirma que o partido só recebe doações oficiais, todas declaradas à Justiça. Além de ladrões, são cínicos.

Roubar no Brasil compensa

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om os episódios que vêm acontecendo frutos da Operação Lava Jato, delações premiadas, gravações de conversas de bandidos entregues à justiça, e outros mecanismos de “convencer” presos a entregar seus comparsas no roubo do dinheiro público, me chama a atenção um fato: o marginal usa de suas informações muitas vezes sem provas para se safar. Esses delatores que são bandidos também são beneficiários do “perdão”, escapam das prisões fétidas e promíscuas e passam a curtir suas penas abrandadas em mansões de luxo, além de manter fortunas em paraísos fiscais, tudo com o dinheiro roubado do povo. Todos querem ser “delator” para se sair bem. Nestor Cerveró, réu condenado em ações penais da Lava Jato, deve deixar a prisão hoje. Preso desde janeiro de 2015 firmou acordo de delação premiada e deve passar a cumprir pena em prisão domiciliar a partir de hoje. Ele vai colocar uma tornozeleira eletrônica e será escoltado em voo comercial até o Rio de Janeiro. Na capital carioca, ele será recebido por uma equipe de policiais federais que o levarão até Itaipava, no Rio de Janeiro, onde fica a casa em que vai cumprir a pena. Ficará em sua deslumbrante mansão na região serrana do Rio, com direito a farta mordomia, vinhos dos melhores e recebendo seus amigos para farras com parte do dinheiro que roubou. Prometeu devolver aos cofres públicos R$ 18 milhões (imaginemos quanto deve ter sobrado em paraísos fiscais em suas gordas contas). A invejável pena foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal. O bairro Dunas, em Fortaleza, uma das áreas mais nobres – e desiguais – da cidade, será o cenário da prisão domiciliar de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro que em seu acordo de delação premiada na operação Lava Jato acusou mais de 20 políticos dos principais partidos brasileiros. Machado, que relatou ter passado R$ 100 milhões em recursos ilícitos, vai iniciar nos próximos dias o cumprimento de três anos de pena em sua casa. O delator passará seus dias em uma mansão com piscina e quadra poliesportiva, construída num terreno de cerca de 3.000 m² e cercada por outras construções de alto padrão. Segundo corretores imobiliários de Fortaleza, imóveis na mesma região, com piscina e metragem semelhante (entre 2.500 m² e 3.000 m² de área total), custam de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões. Machado vai devolver aos cofres públicos R$ 75 milhões que “sobraram” após distribuir propinas com as mais altas figuras da República. Com certeza não é apenas esse “troco” que ele tem muito bem guardado onde só ele sabe. Essa tal de delação premiada se torna tão imoral quanto as condenações impostas aos maiores ladrões

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PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

Atropelando atribuições As ações do governador Renan Filho em plena pré-campanha para eleger o seu candidato a prefeito de Maceió extrapolam os limites da harmonia institucional e se tornam agressivas no ponto de vista do respeito devido ao prefeito Rui Palmeira, um político honesto, cordato e leal a seus princípios e ao interesse público. Não é correto que o governador agressivamente passe a construir obras de apelo popular e invadir a periferia com ações como se o prefeito fosse. Ele não é o “dono” do estado, especialmente de Maceió. Compromete sua biografia ao apoiar um candidato marcado por denúncias de corrupção e improbidades quando administrou a capital. Renan Filho poderá pagar muito caro por esses equívocos. O tempo dirá.

Não explicou nem justificou Esta semana o deputado Marquinhos Madeira foi alvo de uma ação da Polícia Civil que realizou uma operação de busca e apreensão na Assembleia Legislativa com o objetivo ter acesso aos documentos que permitiram uma licença médica duvidosa. A ação policial foi legal e obedeceu a todos os ritos necessários à sua realização. O delegado responsável pela operação é um dos mais capacitados e íntegros no quadro da Policia Civil, o Dr. Denisson Albuquerque, cuja conduta sempre esteve dentro dos limites da lei e da ordem. Se sentindo atingido em sua imunidade,o parlamentar foi a tribuna não para provar sua inocência, mas para fazer acusações levianas e afirmando que tudo seria “uma perseguição política e um show midiático”. O delegado Denisson Albuquerque nunca teve nenhuma relação política com quem quer que seja e muito menos é dado a ações midiáticas. A única coisa que o deputado tem a fazer é mostrar que sua “doença” não foi inventada com um atestado fraudulento. Coisas que o Ministério Público e o Conselho de Medicina irão ver e se pronunciar.

Marcelo Odebrecht a “Elba” da Dilma O executivo Marcelo Odebrecht não é um vagabundo qualquer e sua delação que caminha para ferir de morte as principais figuras da República não pode ser comparada à credibilidade de um marginal tipo Sérgio Machado e tantos outros apanhados pela Operação Lava Jato. Tem sob seu comando a maior empresa de construções do país e um conglomerado de outras que faturam bilhões aqui e no exterior. Precisa contar tudo o que sabe para diminuir o seu castigo e com certeza o fará. Marcelo Odebrech vai assumir no acordo de delação que negocia com procuradores da Lava Jato que controlava pessoalmente os recursos legais e ilegais que irrigaram as campanhas presidenciais de 2010 e 2014, vencidas pela presidente afastada, Dilma Rousseff, segundo a Folha apurou. O executivo vai relatar que teve uma conversa com Dilma no México em 26 de maio de 2015, quando teria alertado a então presidente que os investigadores da Lava Jato estavam prestes a descobrir os pagamentos ilícitos que a Odebrecht fez ao marqueteiro João Santana na Suíça. De acordo com o executivo, Dilma não deu atenção ao que ele dizia. A conversa ocorreu 24 dias antes de Marcelo ser preso pela Polícia Federal —a prisão preventiva de Marcelo completou um ano no último domingo (19). O ex-presidente da Odebrecht chegou a tratar de pagamentos ao PT com representantes do partido, em sua casa no Morumbi, na zona sul de São Paulo. Já se comenta em Brasília que Marcelo Odebrecht é “a Elba da Dilma”. Em alusão ao caso que derrubou o então presidente Fernando Collor.

O “inocente” Almeida O ex-prefeito Cicero Almeida insiste em afirmar que as graves denúncias que lhe são atribuídas pelo envolvimento na Máfia do Lixo fazem parte de uma “armação” contra ele. É como se ele achasse que fossem tolos ou desmemoriados. Uma investigação rigorosa, competente e cuidadosamente minuciosa, não só com indícios, mas provas robustas, mostrou que o então prefeito fez parte de um esquema criminoso que desviou mais de R$ 200 milhões dos cofres da prefeitura. A denúncia do Ministério Público tem como autor o promotor Marcus Rômulo, considerado um dos mais preparados no quadro da instituição, mestre em Direito Público e profundo conhecedor da matéria improbidade. Se a Justiça realmente funcionar, as acusações do MP terão que ser consideradas e o ex-prefeito condenado. Não há como escapar.

Agora os municípios O senador Benedito de Lira elogiou a sensibilidade do governo federal ao firmar acordo em que suspende, por seis meses, a cobrança das dívidas dos estados com a União. Após esse prazo, explicou o senador, a cobrança das parcelas voltará a ser feita, alcançando o seu valor integral num prazo de 18 meses. Além disso, o acordo prevê o alongamento de 20 anos para o pagamento da dívida. Em contrapartida, os estados, e não somente a União, também deverão limitar o aumento de suas despesas ao índice da inflação do ano anterior. Com esse acordo, Benedito de Lira acredita que alguns estados terão uma folga no orçamento para minimizar ou regularizar sua situação financeira. - Agora nós teremos que nos debruçar para também encontrar um caminho para as dificuldades dos municípios brasileiros. Quantos e quantos prefeitos estão abdicando da reeleição, porque não têm como tocar a sua gestão atual e não sabem o que virá no futuro. Por isso, estão abrindo mão da reeleição - disse o senador.


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CLÁUDIO VIEIRA

Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

A desconcertante Comissão do Impeachement

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riação inglesa, o impeachment chegou ao constitucionalismo brasileiro através do direito americano. Previsto na secção III, do artigo 1º da Constituição dos Estados Unidos, esse instituto é necessariamente político, embora lá, como aqui, seja presidido pelo presidente da Suprema Corte. O Estado brasileiro, sem dúvidas mais interveniente, produziu um direito detalhista do procedimen-

O ridículo dos depoimentos tendenciosos desafia o falso testemunho, mesmo daqueles depoentes que, como advogados ou destacados servidores públicos, deveriam conhecer a sua posição diante daquela corte circunstancial. to que se inicia na Câmara dos Deputados para, afinal, chegar ao Senado e, ali, ser o presidente da República afinal julgado. Precede o julgamento pelo pleno da Casa senatorial uma espécie de instrução processual em comissão de senadores que, no nosso caso, “macaqueiam” uma investigação que se pretende “judicial”. As fases do impeachment previstas no direito brasileiro até que parecem salutares, impedientes que são, em tese, de oportunismos políticos, embora a duração do processo causem mal estar à Nação. Esse sacrifício nacional, no entanto, é apequenado pelo comportamento dos ilustres senadoras e senadores, a quase totalidade jejunos de cultura jurídica as mais primárias. À parte as briguinhas pessoais, às discussões inócuas recheadas de palavreado chulo, é constrange-

dor observar a indigência intelectual daqueles políticos que, arvorando-se em juízes, dependendo de que lado se encontrem, mal imitam advogados de acusação e de defesa. Senadoras e senadores pró-impeachment não conseguem ferir os pontos reais das acusações que pretendem impingir à presidente afastada. Já os do outro lado, defensores da Dilma, restringem-se a discursos mesmeiros, monotemáticos, que revelam apenas o intuito de aparecerem para um público eleitoral que, a cada dia, lhes minguam. Interessante anotar que, prestando-se bem atenção ao desenrolar das sessões da denominada Comissão do impeachment, nota-se que a defesa da presidente Dilma vem também minguando, hoje praticamente resumida às vozes esganiçadas das senadoras Gleise Hoffman e Vanessa Graziotí, e ao afogueamento do fogoso senador Lindberg Farias, sem esquecer a senadora Fátima Bezerra, de uma limitação temática que dá dó. As testemunhas, por sua vez, em nada ajudam à constatação da seriedade de dita Comissão. Tem-se testemunhas de acusação e de defesa, quando na verdade deveriam ser testemunhas do fato, embora arroladas pelas partes. O ridículo dos depoimentos tendenciosos desafia o falso testemunho, mesmo daqueles depoentes que, como advogados ou destacados servidores públicos, deveriam conhecer a sua posição diante daquela corte circunstancial. É dai, dessa Comissão que beira a idiotia e o ridículo, que sairá um primeiro veredicto do impeachment. Valha-nos Deus!


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ARTIGOS

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JORGE MORAES Jornalista

Crise generalizada

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Semanário EXTRA na semana passada trouxe uma matéria da jornalista Maria Salésia, com o título CRISE FINANCEIRA, mostrando a dura realidade da maior e mais movimentada região de Maceió, a Avenida Fernandes Lima, no Bairro do Farol. Além do mais, é o acesso mais antigo para a parte baixa da cidade e que chama a atenção por ser uma pista dupla, dividida por um canteiro

Hoje, muitos empresários estão endividados pelos altos investimentos e não vislumbram possibilidades de recuperação em curto prazo. Fazer o quê, então? espaçoso em toda sua extensão, com árvores enormes, passarelas e com todo tipo de negócio, desde o Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, já no vizinho município de Rio Largo, percorrendo a Avenida Durval de Góes Monteiro, no Tabuleiro do Martins. A matéria é cheia de detalhes sobre

os números relacionados com a crise e as explicações das partes diretamente ligadas ao “cemitério” de empreendimentos fechados na famosa Fernandes Lima. Desde os pequenos até os grandes negócios, não tem perdão. Não chegaria a tanto em dizer que a avenida está virando um deserto, mas do jeito que está caminhando, vai ser de pior a pior. Hoje, é preciso saber quais serão os últimos, se as coisas não mudarem da água para o vinho. Exagero a parte, aproveitei o assunto para fazer, também, a minha própria linha de investigação: bares e restaurantes. O local escolhido foi a parte baixa da cidade, região de praia e ruas de maior movimento das noites maceioenses do final de semana. Dois exemplos, apenas: Avenida Amélia Rosa (Jatiúca) e Engenheiro Paulo Brandão Nogueira (Stella Maris). O susto foi igual ou maior em relação ao da Avenida Fernandes Lima. Um número, infinitamente, de estabelecimentos do ramo foi fechado na comparação aos que abriram, agora, no primeiro semestre de 2016. E outro agravante:

Um grito de socorro

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i um documentário na TV a respeito dos refugiados que saem dos países em guerra e procuram, principalmente, a paz. Enquanto os governantes e parte da população se matam por motivos religiosos e outros inatingíveis, o povo perde tudo que tem, passa fome, famílias se separam numa triste realidade. Comparo, então, tamanha crise com a situação do Brasil, vítima da ganância do PT e de seus aliados de outrora. Não sabemos quem escapou ou vai escapar do sistema eleitoral poluído que se instalou em nosso país. Alagoas, pequeno estado da federação,

Um fato interessante: já se diz, há muito tempo, que parte dos salários dobrados dos assessores do Legislativo vai para os deputados. vítima de dirigentes indiciados nos processos de corrupção, não foge à regra. Nesses últimos anos o dinheiro público sustentou as campanhas eleitorais. Ganhava o candidato que arrecadava mais. As empresas públicas e privadas doavam somas incalculáveis para os políticos mais famosos e lá

vamos nós para um buraco negro de enormes proporções. O voto virou moeda de troca. Era preciso distribuir camisas, doar material de construção ou dar aos eleitores dinheiro vivo para a vitória de determinado candidato. Os redutos eleitorais tinham dono e poucos, muito poucos, conseguiam se eleger caso não entrassem no sistema corrupto. Quando viravam vereadores, deputados, senadores, precisavam pagar às empresas que os ajudaram. Era o célebre “é dando que se recebe”. Lembro-me de um fato curioso: Um parente próximo (que não foi o meu irmão) se elegeu deputado estadual e chegou em nossa casa eufórico: “Podem me emprestar 20 mil reais para eu saldar dívidas da campanha?” Rimos, pois não tínhamos tal quantia. Um mês depois, voltou mais contente ainda: “Não preciso mais de dinheiro; com o meu voto para a eleição da Mesa, faturei muito mais”. Coisas das Alagoas. Histórias de políticos que eram pobres e ficaram ricos são inúmeras: O bedel de colégio da periferia que virou senador. O pastor protestante que usa os fiéis em suas campanhas sem pagar nada hoje mora à beira mar de Maceió, é deputado estadual e está sendo investigado. O homem que confiscou a poupança dos brasileiros é senador e tam-

quem continua aberto reduziu o espaço do seu negócio e, consequentemente, demitiu a metade de seus funcionários, colaborando com o crescente número de quase 12 milhões de brasileiros desempregados. Dois exemplos claros disso: Stella Maris Gril e Divina Gula, dois dos melhores e mais tradicionais restaurantes de Maceió. O Divina, por exemplo, famoso por sua comida, ampliações e no número de pessoas no atendimento, encolheu. Fiquei assustado quando presenciei aquele quadro. O restaurante foi cortado ao meio. Só funciona, agora, a área externa e o primeiro salão. E mesmo assim, sobravam mesas. O Stella, como a gente se refere quando vai marcar algum encontro, passou por uma reforma agradável, mas também encolheu. O primeiro andar não existe mais e, ao lado, surgiu uma farmácia. Sábado, à noite, a rua tinha vaga para estacionar em toda a sua extensão. Na Avenida Amélia Rosa, o quadro não é diferente. De dificuldade para se conseguir local para estacionar, a área ficou fácil, dado ao movimento reduzido dos estabelecimentos. Atualmen-

te, sobram mesas e os proprietários estão com as mãos na cabeça. Isso dito por eles mesmos. Hoje, muitos empresários estão endividados pelos altos investimentos e não vislumbram possibilidades de recuperação em curto prazo. Fazer o quê, então? Fechar as portas ou reduzir o número de empregados, colaborando com o crescimento do desemprego no País. Em Alagoas, o povo está assando e comendo. O que ainda salva, é que o maior empregador do estado, o governo, vem conseguindo pagar dentro do calendário anunciado o salário do servidor público, diferentemente de alguns estados que atrasam ou parcelam esse compromisso mensal. Em Maceió, não é diferente. A Prefeitura também mantém a sua regularidade, inclusive dentro do mês trabalhado, mas é muito pouco para garantir a sobrevivência de outros negócios. Por tudo isso, a matéria da Maria Salésia pode ser ampliada para outras situações, com uma realidade cruel que é fruto de uma política econômica brasileira destroçada.

ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

bém está sendo processado. Passaríamos o dia inteiro contando aos leitores histórias engraçadas, cujos personagens são políticos. Mas, a atual mesmo é a do torneiro mecânico que virou presidente do Brasil e pode ser preso a qualquer momento. Se chegarmos ao Legislativo alagoano encontraremos a triste realidade de políticos indiciados em processos, que usam e usavam o dinheiro público indevidamente, sem o menor constrangimento. A Mesa anterior foi afastada, deputados foram presos e surgiram os “taturanas”. Foram publicadas listas de distribuição do dinheiro público para fins eleitorais. Já se passaram 7 anos e o povo pergunta: Alguém devolveu o dinheiro? Respondo eu: não. Continuam administrando o duodécimo da ALE, praticando atos ilegais. Estive conversando com um assessor de uma autoridade do Judiciário. Eu contava os fatos e ele dizia: “O Fulano já sabe de tudo isso”. Eu me assustava e continuava contando o que todos sabem. Mas, nada acontece.

Estão reapresentando na TV a história do PC Farias. Não vejo qualquer novidade: era o dinheiro das empresas que ia para os candidatos. E Collor dançou porque não quis dividir o bolo com as velhas raposas do Sul e do Sudeste. O MP sabe de muita coisa; o TJ também não desconhece os fatos degradantes praticados pelos políticos; o STF decide, julga, quase que diariamente vários processos e poucos são presos, principalmente em Alagoas. Ora, se a Justiça sabe de tudo, o que ainda devemos provar? Um fato interessante: já se diz, há muito tempo, que parte dos salários dobrados dos assessores do Legislativo vai para os deputados. Mas, não se pode dizer somente; é preciso provar. Seria bom aparecer um funcionário comissionado que “abrisse a boca”. Uma pergunta que não quer calar: quando vão obrigar a Assembleia Legislativa a publicar sua folha de pagamento? É preciso provar o quê? Que ela tenta sempre, sempre, desrespeitar a justiça estadual? Só nos resta pedir socorro...ao papa!


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TJ decide que Estado não precisa homologar licitação

KITS ESCOLARES

PROCEDIMENTO DA GESTÃO ANTERIOR FOI ALVO DE INQUÉRITO CIVIL PÚBLICO QUE QUESTIONOU SOBREPREÇO DOS MATERIAIS DA REDAÇÃO

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Procuradoria-Geral do Estado obteve, na terça-feira (21), junto ao Tribunal de Justiça de Alagoas, por unanimidade dos votos dos desembargadores aptos a votar, a denegação de pedido em mandado de segurança impetrado pela empresa Fergbras Comércio e Serviços LTDA, que exigia a homologação do procedimento licitatório para compra de kits escolares. O Pregão Eletrônico para Registro de Preços nº SEE 002/2014 permitiria o registro de preços para futura compra de até 600 mil kits escolares, com o valor limite de R$ 63,9 milhões. Para relembrar, em janeiro do ano passado, o próprio governador Renan Filho já havia despachado pela desnecessidade da homologação do certame, após receber orientação jurídica da PGE. Os valores estão sendo investigados em um Inquérito Civil do Ministério Público

Federal a partir de uma reportagem veiculada no jornal Gazeta de Alagoas que apontava sobrepreço nos itens incluídos no kit - cadernos, caneta, lápis, mochila e garrafa de água, entre outros. Por envolver recursos federais, a investigação passou a cargo do MPF, que à época da gestão anterior também recomendou que o Estado não adquirisse os kits com os valores apresentados – que estariam muito acima do valor de mercado. Na argumentação apresentada no TJ referente ao mandado de segurança movido pela empresa, o procurador Roney Leão apontou que a homologação do procedimento ficava a critério de conveniência e oportunidade do governador do Estado, o qual entendeu, baseandose em dados técnicos da Secretaria de Estado da Educação, que o procedimento não era mais necessário, além de não haver dotação orçamentária para a aquisi-

ção dos kits. Assim, não fazia sentido homologar o procedimento se o Estado não tinha mais interesse na aquisição do objeto licitado. A Procuradoria ainda acrescentou que o decurso do tempo entre o resultado final do procedimento, em 2014, e o julgamento do mandado de segurança tornou os preços registrados impraticáveis, não havendo mais como proceder à homologação. Além disso, ainda que houvesse obrigação do Estado quanto ao fornecimento do material, “o Ente Público não seria obrigado a comprar da empresa impetrante da ação, posto que poderia realizar novo procedimento licitatório e adquirir o material com preços compatíveis com o mercado”. Comemorando o resultado da decisão unânime, o procurador-geral do Estado, Francisco Malaquias, assegurou que o recurso foi necessário para sanar os questionamentos que eram

Francisco Malaquias qualifica decisão como vitória do Estado

apresentados pela empresa, afinal a PGE busca a eficácia nos investimentos dos recursos públicos de Alagoas. “A PGE irá até a última

instância para garantir ao Estado a realização de gastos dentro da mais estrita legalidade”, adiantou o procurador-geral do Estado.


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REPÓRTER ECONÔMICO

O segundo semestre

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stamos iniciando o segundo semestre de 2016, com mais aperto financeiro e agora, mais do que nunca, a palavra de ordem é disciplina financeira. É saber conviver com o que ganha, procurando ainda formar uma reserva, como caderneta de poupança, que apesar de render apenas a inflação e juros, é a certeza de que tem dinheiro rendendo para qualquer emergência. O orçamento doméstico, iniciado em janeiro, deve ser fechado o primeiro semestre, para iniciar o segundo, seguindo a mesma dica: economizar ao máximo e só comprar mesmo o necessário para a sobrevivência, procurando pesquisar preços, já que eles diferenciam muito de um local para outro. Anote tudo que entra e sai (receita e despesa), como se fosse uma empresa, procurando minimizar custos (reduzir despesas) e maximizar o lucro (manter uma poupança).

Juros A taxa de juros, denominada Selic, é entre bancos e anunciada a cada mês pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central e há três meses permanece em 14,25% ao ano. Mas esse percentual não vale para o consumidor, que paga até mais (cerca de 20% ao mês) se utilizar o cartão de crédito parcelado ou o cheque especial. Evite esse prejuízo.

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JAIR PIMENTEL jornalista.jairpimentel@gmail.com

As compras Ao se dirigir a um supermercado, leve uma lista e siga sem comprar por impulso, mesmo sendo promoção. Se encontrar algum produto que precisa e se encontra na lista, mas com uma marca diferente da que costuma sempre comprar, não conte conversa, coloque no carrinho. Você fez economia e vai se habituando a fazer sempre isso. A quantidade de produtos disponíveis é muito grande e, o que deve ser preferido mesmo é o mais barato.

Evite o cartão Jamais use o cartão de crédito parcelado para comprar alimentos. As administradoras de cartão garantem pagamento em até 10 vezes, sempre alegando que não se cobra juros. Mas fuja disso, o juro está embutido no preço final. E pior ainda se compra e paga apenas o mínimo, deixando a dívida ir crescendo a cada mês. É o fundo do poço!

Prestamistas São aqueles comerciantes ambulantes, que vendem de porta em porta e sempre oferecendo “vantagens” aos compradores. Compram mercadorias em grande quantidade e vendem a prestação. Na primeira, já conseguem tirar o valor do que compraram à vista e as demais prestações que recebem é tudo lucro. O correto é comprar à vista e na própria loja, com um bom desconto.


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S.O.S. ALAGOAS

Jogo da Política

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relativamente antigo (criado em 2014) pelo Instituto Vladimir Herzog e proposta é de apoio ao projeto Jogo da Política. Segundo criadores, foi originado pelo Sonho Brasileiro da Política, em conjunto com o Énois-Inteligência Jovem (escola de jornalismo online) e o LabHacker.

CUNHA PINTO

Ações da Federal

Atitude dos jovens

Operação Lava Jato da Polícia Federal tem 20 homens públicos e empresários divulgados em lista do MPF. A investigação segue o rumo que o Brasil anseia: direitos iguais para todos e lugar de bandido é na cadeia.

“Jogo da Política foi criado ante mudança da atitude dos jovens com a política (manifestações de 2013) e base pesquisa “O Sonho Brasileiro da Política” em 2014. Foram, na época, entrevistados mais de 1.400 jovens entre 18 a 32 anos das classes sociais A e B.

Convenções

PIB 2017

Líderes dos partidos políticos, que se organizam para as eleições de outubro, têm agenda de 20 de julho a 5 de agosto para tomada de posições. Duas delas, importantes: definir os seus candidatos e coligações e datas para realizarem as convenções.

Banco Central tem previsões com expectativas favoráveis sobre crescimento econômico no País. É um otimismo impulsionado na confiança do mercado e a ver medidas anunciadas pelo governo de Michel Temer, presidente em exercício.

Registro

Junho: inflação Inflação este mês deve fechar com variação de preços em queda de 0,59% em maio para 0,45. Previsão é da Fundação Getúlio Vargas tomando como base o Índice de Preços do Consumidor na segunda semana do mês em curso.

Comenda Tavares Bastos Deputado Alcides Andrade (PSD) propôs concessão da Comenda Tavares Bastos a Hélio Lopes, médico e ex-deputado. Justificou a homenagem pelos serviços prestados na medicina e na política alagoana. Propôs ainda a honraria ao ex- eputado Alcides Falcão.

Ganha corpo Michel Temer, na proposta de organizar a economia, ganha corpo a expectativas pela recuperação do Produto Interno Bruto (PIB). A ver, dados levantados pelo Banco Central confirmando previsões de números melhores ainda neste ano e em 2017.

Dá pra viver!

Título de eleitor Prazo para tirar o título de eleitor findou dia 30 de maio mas no Tribunal Regional Eleitoral segue vigorando prazos para alterar endereço residencial e para que deficiente físico com mobilidade reduzida solicite transferência para uma seção eleitoral especial.

Violência contra idoso Psicóloga Simone Matias, da Rede Star Club, explica que atos de violência podem gerar maior nível de desesperança às pessoas da terceira idade. Estatísticas situam o Brasil hoje com cerca de 20 milhões de idosos - cerca de 10% da população do país.

Bom momento?

É observada em Maceió uma certa prudência do consumidor no movimento de compras, em lojas de shoppings em especial. E até no setor de alimentação a frequência baixa é sentida no vazio das mesas de lanchonetes, ocupadas mais por grupos jogando conversa fora que consumindo.

Da psicóloga Simone Matia em email à Coluna: “Este crescimento influenciou na economia, na educação e até mesmo na busca por políticas públicas que auxiliem melhor qualidade de vida desta parcela populacional. Contudo, o aumento da violência contra os idosos segue ainda na contramão das iniciativas”.

Trânsito melhor?

Ações em conjunto

Pedestre analisa o movimento de veículos na cidade como menos perigoso para quem caminha. Mas lastima a má educação de quem dirige e razão, além de transtornos, com dor no bolso, o risco de o veículo ser apreendido. Este ano números sinalizam serem recordes.

No trânsito, motorista deve se cuidar. A ver ações das polícias Civil e Militar e agentes do Detran em blitze em Maceió, saídas da cidade e municípios estado afora. É habitual voz de prisão em flagrante a motoristas inabilitados e documentação dos veículos vencidos. É recorde a frota de apreendidos.

Os partidos, nos preparativos para as eleições de outubro, devem estar atentos ao dia 15 de agosto, até às 19 horas e sem prorrogação, para entregarem requerimento para o registro de candidatos. Isso tanto em cartório como também na Secretaria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


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MEIO AMBIENTE

JULLYANE FARIAS meioambiente@novoextra.com.br

Avião agrícola Representantes do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola defendem a aplicação aérea de inseticidas como uma das alternativas para tentar evitar uma nova epidemia causada pelo mosquito Aedes aegypti. O avião consegue cobrir uma área de 400 hectares/hora, o efeito sobre o mosquito adulto é maior do que o dos métodos utilizados hoje e o custo é reduzido. Mas a proposta de fazer o “fumacê aéreo” encontra resistência dentro do Ministério da Saúde, que teme que a pulverização aérea cause doenças nos seres humanos.

Belo Monte

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Norte Energia, empresa responsável pela Usina de Belo Monte, no Pará, que já tinha dito que encerrou as negociações com as famílias que moravam no local, está se negando a reconhecer algumas famílias como beneficiárias das indenizações estabelecidas pelo Ibama. Segundo a empresa, o Ibama determinou o cadastramento de apenas dois bairros, onde foram cadastradas 446 famílias.

Unidades de Conservação A Prefeitura Municipal de Bonito (RJ), por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, convida os órgãos ambientais e a sociedade em geral, para participar da consulta pública para a apresentação da proposta de criação de três unidades de conservação no município: o Parque Natural Municipal de Guavira com 60 hectares, o Refúgio da Vida Silvestre do Banhado do Rio da Prata com 4.647 hectares e o Refúgio da Vida SIlvestre do Banhado Rio Formoso com 2.275 hectares.

Ecoforte Extrativismo Interessados em participar do edital Ecoforte Extrativismo, que vai até 4 de julho, podem contar com o auxílio de consultores da Agência de Cooperação Alemã (GIZ) na elaboração dos projetos. Por meio do edital, serão disponibilizados R$ 8 milhões para a inclusão socioprodutiva de comunidades extrativistas do bioma Amazônia. Os consultores ficarão à disposição para tirar dúvidas, avaliar documentação a ser apresentada e se os projetos estão de acordo com edital, através do e-mail extrativismoecoforte2016@ gmail.com e pelo telefone (61) 2028-9326 ou 2028-1662

Alertas no semiárido O Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), desenvolveu em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Sistema de Alerta Precoce de Seca e Desertificação (SAP). Através de levantamentos, análises e consolidação das informações georreferenciadas sobre desertificação, degradação da terra e aridez, o sistema além de avaliar e monitorar a degradação do solo, também irá disseminar informações e orientar melhor a definição e a implantação de políticas públicas. Com o SAP, o governo federal será capaz de prever períodos de seca no semiárido brasileiro.

Crime ambiental Um relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma), estima que o lucro do saque de recursos naturais foi de aproximadamente US$ 258 bilhões só em 2015, crescimento de 26% com relação ao ano anterior. Segundo esse relatório, o crime ambiental é a quarta atividade ilegal mais lucrativa do mundo, atrás apenas do tráfico de drogas, falsificação e tráfico de pessoas. As leis para coibir esse tipo de crime são fracas e as forças de segurança são mal financiadas, impossibilitando o enfrentamento contra as redes criminosas internacionais. O crime ambiental vem crescendo entre 5% a 7% ao ano no mundo na última década, duas a três vezes mais rapidamente que o PIB mundial.

Peixes Exóticos Após uma enxurrada de críticas do Ministério do Meio Ambiente e Ministério Público Federal, o governador do Amazonas, José Melo (Pros) anunciou que encaminhará à Assembleia Legislativa uma mudança na Lei 4.330/2016, sancionada em 30 de maio, que permite a introdução de peixes exóticos no rio Amazonas.

Privatização A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou no começo do mês o projeto de lei nº 249, de autoria do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que concede à iniciativa privada a gestão de 24 unidades de conservação administradas pela Secretaria do Meio Ambiente. Por meio de licitação, empresas poderão explorar as atrações turísticas das unidades, mas em contrapartida terão de fazer manutenção das áreas e melhorar os serviços prestados. Em sua primeira versão, o projeto previa a concessão de apenas cinco unidades de conservação, mas os deputados expandiram a proposta: 13 parques estaduais, 5 estações experimentais e 6 florestas estaduais.


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CRB na linha de frente

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pós encarar o Paraná na terça-feira (21), no Rei Pelé e empatar em 1 x 1, o CRB pega nesta sexta-feira o Vasco da Gama. No confronto mais recente dos dois o cruz de malta carioca levou vantagem. Foi segundo jogo da Copa do Brasil em São Januário. Mas o Galo na Série B caminha também na linha de frente da classificação.

PORDENTRODO ESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Nocaute em líder Regatianos lembraram a vitória em Goiás, de virada no placar, e adversário o Atlético. Além de somar três pontos quebrou uma invencibilidade de 9 jogos do adversário. Mas também bom do jogo foi rever Junior Viçosa jogando, mesmo que no time adversário.

Com o pé direito Welinton Junior, revelado no futebol goiano, entrou no jogo, segundo tempo, mas com a camisa do CRB e foi autor do segundo gol na virada do Galo (2x1) sobre o Atlético Goianense. O Galo, com os três pontos ganhos, ficou em 3º na classificação da Série B.

Zagueiro artilheiro Adalberto joga no CRB como zagueiro mas vem aparecendo bem também no apoio ao ataque, a ponto de ser um dos artilheiros do Galo na Série B. Contra o Atlético Goianense balançou a rede adversária vestindo pela primeira vez a camisa titular do Galo.

Rivalidade A rivalidade no esporte, em qualquer modalidade de jogo, dobra o ânimo dos jogadores e fortalece a paixão das torcidas. E tem espelho o futebol alagoano montado na rivalidade entre CRB e CSA, na capital , e ASA x Murici no interior.

Futebol de salão Seleção brasileira masculina adulta estreia na segunda-feira, 4 de julho no Mundial de Futebol de Salão Universitário. Pega Israel em Goiânia e das novidades na Canarinha, a confirmação de Gadeia eleito como o terceiro melhor jogador de futsal do mundo.

Otimismo natural Fernando Cabral técnico do Brasil: “Vamos ter respeito por todas as seleções. Nós queremos deixar esse título no Brasil”. Acha que apesar do pouco tempo de treino a equipe está entrosada com atletas que participaram da edição anterior.

Aposentadoria

Muricy Ramalho revela desinteresse de voltar ao futebol. Deixou transparecer isso ao deixar o comando técnico o Flamengo em maio, face uma arritmia cardíaca. “Tenho que me cuidar”, disse ele, mas é decisão sobre a qual ainda vai ouvir a família.

Contrato vitalício O clube madrilenho Real Madrid prepara um “contrato vitalício” para segurar o galês Gareth Bale, como descreve o jornal inglês “Daily Mail” (sem dar valores da proposta). Diante do assédio do Manchester United, a duração do vínculo proposto poderia ser de sete anos, e o atleta passaria a se tornar um dos jogadores mais bem pagos do mundo.

Futsal escolar Finda etapa dos jogos regional, expectativa passa a ser a fase final da modalidade em Maceió proposta para julho. Na fase inicial do estadual a Federação inscreveu na primeira fase 1.500 atletas o que dá confiança de os investimentos oficiais no esporte amador oferecerem resultados.

Novidade do evento

Fora da final Lavezzi teve uma noite de extremos. Assinalou o primeiro gol da vitória argentina de 4 a 0 sobre os Estados Unidos e depois sofreu uma lesão que o tira da final da Copa América. O jogador fraturou o cotovelo em um lance de “muita vontade” ao tentar dominar a bola na lateral. O técnico Tata Martino estuda quem colocar na vaga. A boa notícia é o provável retorno de Angel Di Maria. A Argentina enfrenta o Chile que venceu a Colômbia por 2 x 0 em jogo marcado por tempestade. A decisão será domingo, às 21h (de Brasília), em Nova Jersey. O SporTV transmite ao vivo.

De Henrique Alves, coordenador do JEAL: “Feitas as inscrições e disputas no interior entre escolas, na sequência tem a etapa final prevista para a segunda quinzena de julho e Maceió como sede”. Ante rivalidade das escolas no JEAL ,prenúncio é para recorde de público nos ginásios onde acontecerão os embates.

Volei: lembranças

Sonho concretizado

Dicas sobre esporte

Treinar a seleção brasileira era propósito de Tite desde 2014. Ele fixou essa ideia após a Copa de 2014 quando foi preterido por Dunga. E Del Nero, presidente da CBF, ao fazer o convite confirma o princípio do “nada como um dia atrás do outro”.

Para análise Os Jogos da Juventude, este ano, terão o mesmo regulamento do proposto no nacional. É, no caso, a presença dos campeões escolares nos estados. É uma mudança com istas a melhorar o nível técnico da competição.

Brasil, vôlei masculino, tem dois recordes mundiais de público. Primeiro foi dia 26 de julho de 1983 no Maracanã e vitória sobre a Rússia. O segundo, em 1995, venceu a Itália no Mineirão e teve público de 25.326 pesoas. Foi classificatório às finais da Liga Mundial e placar (3x2).

Fernando Melegeni, de histórico com grandes conquistas no tênis e hoje um dos comentarista na ESPN, lançou livro com dicas sobre os vários aspectos do esporte. São 388 páginas lembrando momentos dele nas quadras.


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Resultados incertos

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conturbado cenário político atual levou à criação de mais uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados. Pretende investigar o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), mais conhecido como seguro obrigatório. Criado por lei, em 1974, é confundido com uma taxa. Trata-se, porém, de um fundo administrado pelo consórcio Seguradora Líder. Arrecadação bastante alta – mais de R$ 8 bilhões no ano passado – tem potencial de atrair criminosos para fraudar laudos e falsificar documentos. O DPVAT tem alcance social por pagar indenizações sem apontar culpado por acidente ou atropelamento. O valor para morte e invalidez permanente é muito baixo, R$ 13.500, mas a burocracia atrapalha quem não consegue informações sobre o trâmite. Também há ressarcimentos de despesas hospitalares, fora do sistema SUS, de R$ 2.700 por pessoa.

A CPI pretende verificar eventuais desvios já sob suspeita da Polícia Federal. Outros questionam a administração cartelizada e a contratação de serviços sem seguir regras de transparência. Também há repasse de 5% da receita bruta para o Denatran que deveria usá-la em campanhas educativas. São R$ 400 milhões/ano e pouco resultado visível. Além de estatísticas de acidentes de trânsito pouco confiáveis, há conflitos de dados. Para a Seguradora Líder o prazo de até três anos para solicitar indenizações gera distorções. Ainda assim, em 2012 pagaram-se 60.752 compensações por morte e no ano passado, 42.501. Esse último número está bem próximo das estatísticas do SUS de 2014. Uma diferença de 43% em apenas quatro anos pode apontar algum tipo de descontrole, por mais que a lei seca, a introdução de ABS e airbags nos carros e a diminuição de circulação pela crise econômica contribuíssem para aliviar o número de acidentes

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ALTA RODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

fatais. Ainda assim, implantar nova regulamentação para o DPVAT será tarefa nada trivial. Cenário ideal, de livre concorrência entre as seguradoras, funcionaria só sem evasões, em particular, de veículos mais antigos. O mercado existe: 55 milhões de carros, caminhões e motos segundo estudos estatísticos confiáveis. A frota oficial registrada é de quase 80 milhões, distorção grave porque no Brasil só existe certidão de nascimento de veículos. Certidões de óbito dependem de alta burocracia que levou 25 milhões de unidades ao abandono ou a desmanches ilegais. Há pouco se tentou criar um seguro “popular” que alcançasse os

18 milhões de veículos entre seis e 15 anos de idade. Estes representam 44% da frota real e não têm qualquer cobertura. Para tanto, seria necessário utilização de peças recuperadas por meio de empresas recicladoras, como já ocorre na Argentina. A reciclagem descartaria qualquer componente que afetasse a segurança dos veículos. Um aditivo de danos pessoais e mortes por acidente, com cobertura de valor decente, poderia ser agregado e livremente disputado entre as seguradoras. Mas a ideia não prosperou. Parece que a indústria de autopeças viu na iniciativa uma ameaça à sua produção. Alternativa é rediscutir ou emendar a lei do DPVAT com resultados incertos.

RODA VIVA n CHEGA às lojas, praticamente de forma simultânea ao Peugeot 208, o Citroën C3 com o novo motor de três cilindros, 1,2 L, de 90 cv (etanol). Substitui o 4-cilindros de 1,45 L restrito agora ao Aircross. A nova unidade se destaca pelo baixo consumo de combustível com números do Inmetro quase iguais aos do 208, único com triplo A (na sua categoria, na geral e em emissões) à venda no Brasil. n EMBORA os dois modelos da PSA dividam a mesma arquitetura e o coeficiente de forma aerodinâmica seja semelhante, há pequenas variações de peso em ordem de marcha. Novo motor tem boa elasticidade. O C3 teve reajuste de preços: vai

de R$ 46.490 a R$ 52.690 com câmbio manual. Continua o motor de 1,6 L e caixa automática de 4 marchas na versão de topo, Exclusive. n MACAN é um SUV de dimensões aceitáveis para o dia a dia, espaçoso internamente e ótimo porta-malas. Ao mesmo tempo tem robustez, sensibilidade e refinamento mecânico de um Porsche. Tração 4x4 com diferencial central transfere maior parte do torque

pradores do seu primeiro SUV, o F-PACE. Lançará ações ligadas às corridas de rua até a entrega das primeiras unidades, em setembro próximo, por preços entre R$ 309.300 e R$ 405.900. Nada de pegar pesado fisicamente, pois afinal não há tantos jovens com contas bancárias recheadas.

para as rodas traseiras. Direção mostra sensibilidade invejável. Sua base é a do Audi Q5, inclusive motor turbo 4-cilindros/2 37 cv. n JAGUAR montou uma estratégia diferenciada de aproximação com com-

n INVESTIMENTOS muito altos estão associados à célula de sobrevivência, ou seja, a parte central do carro onde viajam motorista e passageiros. Em recente seminário da SAE Brasil, vários fabricantes de veículos compartilharam alguns dos principais avanços que os engenheiros conseguiram. Participaram FCA Fiat, Ford, GM, Honda, Mercedes-Benz, PSA e VW.


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ARTIGO

JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

Meirelles é o novo deus da economia

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a época dos governos corruptos do Sr. Lula e da Sra. Dilma, diariamente, as televisões, as rádios e os jornais enchiam os nossos sacos, com as cansativas propagandas do Sr. Guido Mantega, como nosso amanteigado Ministro da Fazenda. Aos poucos, os rombos na nossa economia apareciam e o povo besta desta

Agora, a festa está sendo em Brasilia, onde os cofres arrombados, estão servindo ao Michel e ao Meirelles para agradarem aos governadores. nação acreditava que tudo ia bem. O “manteiguinha”, com seu jeitinho suave, inventava a redução de preços dos automóveis, enquanto o Brasil fechava as suas fábricas, demitia operários

e parava máquinas. Ele mentia, dizendo que o Brasil já não mais devia ao FMI e que a nossa economia era umas mais sólidas do mundo. Paralelamente, os “ratos” e as “ratazanas” ficavam gordinhos com os queijos que comiam “na moita”, cevados pelo Sr. Lula que, em silêncio, quebrava a Petrobras, em bilhões e mais bilhões de reais. Agora, o “manteiguinha” está caladinho, esperando a hora de ir para a prisão, juntamente com o Sr. Lula e seus felizes “propineiros”. Os salvadores da pátria agora são outros, uns com os nomes franceses de Michel Temer e Henrique Meirelles. São eles que estão ditando todas as normas de conduta para seus ministros e seus auxiliares. Num país “quebrado”, com rombos e mais rombos, agora as reuniões passaram a ser em Brasília, com todos os governadores, uns falidos e sem fazerem

os pagamentos aos seus funcionários e aos safados empreiteiros. Agora, a festa está sendo em Brasilia, onde os cofres arrombados estão servindo ao Michel e ao Meirelles para agradarem aos governadores que, com a cuia na mão, estão esperando que os senhores governantes perdoem seus débitos de milhões e mais milhões de reais. As novas “catitas” dos cofres públicos já poderão melhorar de vida, mesmo que o rombos continuem existindo, para aumentar a falência do Brasil. Por sua vez, o Meirelles vem prometendo consertar as nossas economias, nos dando empregos, melhorando a saúde e a educação do povo besta. Vocês estão lembrados de que, esse Meirelles é o mesmo que foi processado por ter sonegado impostos e que ninguém sabe o que fizeram com o seu processo. Ele é o mais novo “deus” que diz resolver todos os nossos problemas,

com suas “sábias” palavras. Inclusive, é provável que ele seja contratado pelo Lula para fazer algumas palestras sobre economia, daquelas que foram feitas, de “mentirinha”, pelo bilionário ex-presidente. O mais interessante de tudo é que na mesma semana que o Temer assumiu o governo no lugar da Sra. Dilma, a turma aumentou todos os vencimentos dos três poderes, fazendo com que um ministro dos Tribunais Superiores passasse a ganhar R$ 39.000 em lugar dos R$ 33.000 que ganham. Ora, um ministro trabalha 120 horas por mês, o que corresponde a R$ 325,00 por cada minuto do seu trabalho, com direito a motorista, carros, ajuda moradia e inúmeras outras mordomias. O Meirelles é danado!!! Agora, ele é o novo “deus” da economia arrombada do Brasil.


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ABCDO INTERIOR

Novo fôlego

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om a desistência do deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB) de disputar a Prefeitura de Arapiraca nas eleições municipais que serão realizadas em outubro próximo, o nome do advogado e professor Rogério Teófilo ganhou um novo fôlego e até mesmo o tucano Téo Vilela, que defendia com unhas e dentes a pré-candidatura de Rodrigo, já entendeu, finalmente, que Teófilo é a melhor opção para enfrentar a forte candidatura do deputado estadual Ricardo Nezinho (PMDB), que tem o apoio do Governo do Estado e da Prefeitura de Arapiraca.

robertobaiabarros@hotmail.com

Eleições em Palmeira 1

Derrubaram

O presidente estadual do PSL, Neno da Laje, disse que o partido não abre mão de uma candidatura própria a prefeito de Palmeira dos Índios e que não vai fazer alianças com outras agremiações partidárias para indicar o nome do pré-candidato a vice-prefeito para disputar as eleições que serão realizadas no dia 2 de outubro.

“Queimaram a prefeita, mas ela tem sim grandes chances de se candidatar e ser reeleita. É um nome respeitado, que merecia mais atenção de políticos como Renan Filho e Luciano Barbosa”, observou um secretário municipal, que pediu para não ter o seu nome revelado. “Se eu me rebelar, perco o emprego”, afirmou.

Eleições em Palmeira 2 Na terra dos índios Xucurus-Kariris, o ex-secretário de Educação, Luiz Lobo, já confirmou a sua pré-candidatura que tem total apoio do PSL em nível estadual e nacional. “Se não for Luiz Lobo, apresentaremos outro nome para disputar as eleições”, assegurou Neno da Laje.

Nome forte Igreja Nova 1 Candidato à reeleição, o prefeito de Igreja Nova, Augusto Santos, não deve encontrar moleza para o pleito que será realizado no dia 2 de outubro. Ele deve enfrentar a professora Vera Dantas, esposa do ex-prefeito daquela cidade, Neiwton Silva.

Igreja Nova 2 Outro nome considerado “peso pesado” é do médico conhecido politicamente como Dr. Maurício, que tem como pré-candidato a vice-prefeito o professor Paulo Silva, nome bastante respeitado e que ficou como segundo colocado nas eleições municipais de 2012 quando foi eleito Augusto Santos.

Prefeito “fantasma” Outro prefeito que dificilmente é visto em seu local de trabalho, é o de Penedo, Marcius Beltrão, que já anunciou sua preensão de disputar a reeleição este ano. Ele deve encarar nas urnas a vereadora Ivana Toledo, esposa do ex-prefeito Alexandre Toledo, principal adversário de Marcius, que por notada ausência na Prefeitura está sendo conhecido como “prefeito fantasma”.

“Passando a mão” Um vice-prefeito de uma cidade do Agreste esteve com o presidente do Tribunal de Contas de Alagoas, Otávio Lessa, onde externou a sua preocupação com a atitude de um conselheiro que estaria “passando a mão na cabeça” de um gestor público, denunciado pelo Ministério Público de Contas que detectou diversas irregularidades que comprovam atos de improbidade administrativa. A expectativa é de que as contas do tal prefeito sejam finalmente julgadas no próximo dia 4 de julho. Se é que não vai haver alguma manobra para adiar o julgamento.

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A prefeita Célia Rocha já anunciou seu apoio às pré-candidaturas do deputado Ricardo Nezinho e Yale Fernandes na corrida pela prefeitura mais importante do interior alagoano. Nos bastidores do Centro Administrativo, no entanto, ainda existe uma forte resistência de um grupo que defende a reeleição da prefeita arapiraquense.

Violência O clima político em Feira Grande, cidade localizada a 22 quilômetros de Arapiraca, não é nada saudável e se as autoridades policiais não tomarem providências podem acontecer atos de violência. Os grupos políticos rivais que defendem a reeleição do prefeito Veridiano Almir e a pré-candidatura de Fabinho do Chico da Granja estão em pé de guerra e a qualquer momento pode haver confronto, como ocorreu nas eleições passadas.

PELO INTERIOR ... Com a presença da maioria dos vereadores e com os trabalhos presididos pelo vereador Márcio Marques (PSL) e secretariados pelo vereador Moisés Machado (PDT), a Câmara Municipal de Arapiraca realizou movimentada sessão ordinária na noite de terça-feira (21). ... Uma das matérias mais importantes aprovadas foi a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o exercício financeiro do município de Arapiraca 2017. ... Foi aprovada indicação da vereadora Gilvânia Barros (PMDB) solicitando ao secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Alexandre Ayres, a perfuração de poços artesianos nas comunidades de Pau Ferro, Carrasco, Olho d’Água de Cima, Mundo Novo, Capim, Fazenda Velha, Flexeiras e Bom Jardim. ... De acordo com vereadora, esse sistema é utilizado nas comunidades em que os mananciais

superficiais não são suficientes para o abastecimento humano e animal. ... “Além disso, o município possui comunidades com populações expressivas e essa acaba se tornando uma alternativa muito eficaz, oferecendo um sistema inédito que atende inclusive as comunidades menores”, destacou a vereadora Gilvânia Barros. ... Foi aprovado requerimento da vereadora Aurélia Fernandes (PSB) solicitando ao secretário municipal de Saúde, Ubiratan Pedrosa, esclarecimentos sobre os reais motivos do fechamento do laboratório municipal, uma vez que é um serviço público de grande utilidade para a comunidade carente do município que depende unicamente da prestação desse serviço essencial. ... De acordo com a vereadora, é necessário para atender a população, e não deveria ter sido fechado sem nenhuma explicação para a população.

... E na Agremiação Sportiva Arapiraquense (ASA), que segue se fortalecendo para a sequência do Campeonato Brasileiro da Série C, na tarde de terça-feira (21) a diretoria executiva alvinegra anunciou a contratação do lateral-direito Alex Travassos. ... O atleta é um velho conhecido da torcida do Gigante Arapiraquense. A sua primeira passagem pelo clube alvinegro aconteceu em meados de 2013, quando participou da Série B do Brasileirão. ...Após sair do ASA, o lateral-direito atuou pelas equipes do Vitória da Conquista, Guarani de Campinas, Santo André, Foz do Iguaçu e Operário Ferroviário. Nesta temporada, Travassos vestiu a camisa da Sociedade Desportiva Juazeirense, da Bahia. ... Aos nossos leitores desejamos um excelente final de semana, com saúde e paz. Até a próxima edição!!!


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MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 30 DE JUNHO DE 2016

Campanha ajuda jornalista a pagar indenização por danos morais

SOLIDARIEDADE

ODILON RIOS FOI CONDENADO POR ARTIGO SOBRE A MORTE DO FILHO Livros serão vendidos para arrecadar o valor arbitrado pela Justiça

JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

A

ssassinado três vezes. Embora pareça impossível foi assim que a vida do adolescente José Alexystaine Laurindo, 16, foi ceifada pela violência que impera na sociedade. A primeira vez foi aos 12 anos enquanto andava bicicleta em Matriz de Camaragibe. Alex ou Taine, como era conhecido pelos amigos, foi preso pela Guarda Municipal e, segundo endossado pelo Ministério Público, torturado pelas autoridades. O motivo foi sacudir, para trás, uma pedra, que acabou atingindo, sem querer, uma viatura policial após consertar a corrente da bicicleta a qual ele brincava. Foi jogado para dentro da viatura. O veículo sacolejou por uma hora pelas ruas da cidade. Em seguida, Taine foi descarregado na delegacia e os próprios criminosos, presos nas celas, gritavam que ele era uma criança e não

merecia aquele tratamento. Após esse episódio, o jovem murchou e começou a enxergar a vida de outro modo, entre pesadelos e silêncios que duravam dias. Conforme a mãe Ana Claudia Laurindo, o filho tinha ataques de pânico e momentos de

revolta. “Mudou completamente o modo de ser”, disse ao EXTRA Alagoas. Anos se passaram e, aos 16, ao tentar separar uma briga na mesma cidade, Taine perdeu a vida física. O assassinato foi com dois tiros: na barriga, para que ele caísse. E no ouvido, o disparo

fatal. A terceira morte foi proferida pela própria polícia alagoana. Ana Claudia e o marido Odilon Rios viram acusações de que o filho era usuário e participava do tráfico de drogas. Pior: as acusações envolviam a própria mãe do adolescente, chamada de traficante. Depois de assassinarem os sonhos e o corpo de Alex, a reputação também não ficaria intacta. Do dia 22 de novembro de 2010 até os dias de hoje, familiares lutam para que a morte de Alex não seja mais apenas um número estatístico. “A afirmação de que meu filho foi assassinado por causa de drogas, para a sociedade alagoana, é algo corriqueiro. A polícia afirma isso todos os dias quando alguém é assassinado. Cria-se uma ideia de assepsia social a partir da criminalidade. O crime se torna uma limpeza da sociedade e ninguém questiona isso”, desabafou Ana Claudia. Na época, em resposta à posição da Polícia Civil, Odilon Rios, jornalista combatente e que atua em várias mídias de Alagoas, incluindo esse periódico, escreveu um artigo externando a sua revolta. As palavras, enfim, cumpriram o seu papel, pelo menos em parte. O artigo atingiu a Polícia Civil que acabou processando o jornalista. Vários processos por danos morais e uma ação penal, esta última vencida pelo jornalista. Mas, um dos processos tramitou na surdina. E foi recebido com surpresa pela família do jovem assassinado.

Condenado pelo desabafo crítico referente às autoridades policiais, Rios terá que pagar uma indenização de cerca de R$ 5 mil. Por que na surdina? Somente na semana passada ele descobriu ter sido julgado e condenado, à revelia, sem chance de defesa. Foi citado por uma correspondência deixada, em 2012, na portaria de um prédio onde funcionava a redação de um dos locais onde o jornalista trabalhou. E a correspondência não chegou às suas mãos. Julgado e condenado, Odilon está proibido de falar do caso. A Justiça acatou o pedido da delegada que o processou. De acordo com o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal), Flávio Peixoto, o condenável é qualquer tipo de ação que tolha a liberdade de expressão do profissional. “Estamos passando por momentos difíceis no Brasil pelo grande número desses casos. Estão tentando calar os jornalistas de toda a forma possível. A condenação do Odilon Rios será informada à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)”. A CAMPANHA Para ajudar o marido, Ana Claudia teve a ideia de vender livros para angariar fundos. Os títulos das obras são relacionados ao drama que a família passou com a morte do filho. De autoria de Ana Claudia e Odilon Rios, o livro “Bastidores da Violência (E dos Violentos) em Alagoas” é uma espécie de diário que conta como foi a experiência de enfrentar a perda do adolescente. Já o segundo livro, “Construção da Alma Alagoana: De Graciliano aos Nossos Dias”, trata da violência alagoana como cultura e como forma de se expressar no mundo. “Existe um movimento entre amigos e jornalistas solidários que estão se organizando para vender os livros na rua fechada (Sílvio Viana) na Ponta Verde, no próximo domingo, 26, a partir das 13h. As obras são vendidas pelo valor que a pessoa pode pagar”, informou Ana Claudia. Mais informações: (82) 98808-4903.


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CRÔNICA

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FERNANDO TENÓRIO Médico formado pela Ufal e escritor

fernandoatn@hotmail.com

Ensaio sobre a culpa Outro dia, ouvi um amigo desesperado queixando-se da máquina fotográfica de seu telefone. Dizia-se rejeitado numa rede social de relacionamentos por não ter uma boa câmera. A câmera era tudo e ele nada. O sujeito em questão era o aparelho eletrônico. O homem era apenas uma imagem mal captada. O caso, por mais simples que pareça, trouxe-me a uma reflexão sobre o que vivemos. O ser humano, com seus traços narcísicos e instinto de sobrevivência, tende a acumular

Somos sujeitos de uma sociedade que oprime o trabalhador para dar lucros soberbos aos empresários. tudo, até mais do que necessita, privando, muitas vezes, os pares daquilo que consegue para si. O poder nasce disso: ter algo que outro não possui. Muitos dizem que o capitalismo está enraizado na cultura em que vivemos, pois ele reproduz o que inconscientemente buscamos. Somos eternos acumuladores. Temos o medo da morte e por isso nos precavemos. Temos o medo da vida e por isso nos cercamos de bens de consumo, como uma afronta à nossa capacidade de morrer. Mas, dentre todos os acúmulos que buscamos, existe uma exceção. Só há uma coisa que queremos dar tudo aos outros para ficarmos sem

nenhuma parte: a culpa. O fato é que passamos a vida buscando desculpas para culpar alguém ou algo. Essa objetificação da existência, onde não somos sujeitos em nada e por nada, tem criado raízes na nossa forma de enxergar o mundo. Vivemos uma era histérica e pagamos o preço dela! Em dois minutos no metrô pude ouvir várias histórias que ratificam minha teoria. O amor que não deu certo foi culpa da amante que não se vestia adequadamente para as ocasiões. A conta de energia não foi paga, pois os Correios não a trouxeram no tempo correto. O amigo desaparecido deixou de nos telefonar. O filho que vai mal na escola é apenas um revoltado que não valoriza tudo que foi fornecido. O país não dá certo, pois a Dilma administra pessimamente. A brochada de ontem foi obra das preocupações com a moralidade do país, já que estamos de mal a pior, vide o tríplex do Lula dado pelas empreiteiras. Em todas essas ocasiões, somos apenas uma pluma leve que voa e observa o desenrolar das coisas. Tudo nos acontece, mas nada é por nossa culpa. A insustentável leveza do ser, meu caro Kundera. É difícil admitir que o amor não deu certo, pois já não desejávamos mais aquela pessoa. A conta de energia não foi paga porque não quisemos, já que poderíamos pegar a segunda via na internet. O amigo sumiu porque também paramos de telefonar. O filho vai mal na escola e nem

nos damos conta, pois passamos tempo demais no whatsapp vendo grupos de sacanagem. O país vai mal porque eu compro o voto da empregada doméstica com cem reais para meu amigo ladrão deputado. É ladrão, mas é ladrão amigo. A sua brochada é obra e graça de um decréscimo da testosterona circulante, ou seja, você não é mais um menino. O tempo corre para todos e com você não será diferente. O fato de o Lula ser um sacana não diminui seu erro de tentar sonegar o imposto de renda! Os exemplos não têm fim. Direta ou indiretamente, somos responsáveis por tudo. A culpa, meus caros, é nossa! Nesse processo de desresponsabilização em que vivemos, outras coisas que enxergo como sintomáticas são os tais relacionamentos abusivos, onde um lado faz e acontece com o outro. Homens e mulheres vivem verdadeiros infernos, mas não conseguem sair deles. Acotovelam-se em relações masoquistas só para reclamar do parceiro e culpá-lo por todos os males da existência, como se não pudessem fazer nada. Acusam o parceiro, vitimando-se, mesmo quando podem sair daquilo. O parceiro/a parceira realmente não presta, todavia precisamos nos posicionar e dar um basta. Temos coragem para tal? Muitos de nós não! Aceitamos o amor que achamos merecer... e ao que parece, merecemos muito pouco. Pensando bem, essa questão é muito louca. Se você está lendo esse texto de um computador, com uma televisão ligada, a luz do quarto acesa,

carregando o seu celular, saiba que seu gasto de energia tem repercussão na água do planeta que está indo embora. Não adianta postar reclamando e dizendo que o sistema Cantareira está no volume morto, tendo tal comportamento predatório. Não culpo somente vocês, eu também tenho o ranço da hipocrisia e faço as mesmas coisas que condeno. O fato é que quando disparamos o gatilho da culpa, ninguém sai ileso. Eu sei que é doloroso admitir que somos sujeitos de um tempo onde 1% das pessoas têm mais dinheiro que o resto da população mundial. Somos sujeitos de uma sociedade que oprime o trabalhador para dar lucros soberbos aos empresários, chamando de “vagabundo”, “porco comunista” quem vai às ruas denunciar que somos parte de tudo isso. Somos sujeitos e, portanto, culpados. Se servir de alento, sendo nossa a culpa, temos a chance repará-la, a chance de mudar as coisas, fabricar um novo jeito de fazer o mundo. Meu amigo, aquele que culpa a máquina, tem de olhar de si para si e ver que não é uma bela figura. Que, talvez, a imagem não seja seu melhor método de conquista. A verdade, meus caros, é que estamos buscando os culpados para tudo durante toda a vida, quando, na verdade, os culpados não estão longe. Eles comem nas nossas casas, dormem nas nossas camas e bebem em nossos copos. Os culpados, por mais doloroso que seja, somos nós. Saber disso dói, mas liberta.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 24 A 30 DE JUNHO DE 2016


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