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MACEIÓ - ALAGOAS ANO XVII - Nº 878 - 01 A 07 DE JULHO DE 2016

R 3,00

OLHAR DE NISE

JORGE OLIVEIRA, CINEASTA ALAGOANO, GANHA MAIS UM PRÊMIO INTERNACIONAL P/17

JUDICIÁRIO EM XEQUE

Desembargador Washington Luiz e os juízes Léo Denisson, de Marechal Deodoro, e Galdino Vasconcelos, de Pão de Açúcar, serão investigados no CNJ por denúncias de conduta incompatível com o cargo

CNJ VAI INVESTIGAR PRESIDENTE AFASTADO DO TJ E MAIS DOIS JUÍZES P/8 e 9

IMPUNIDADE OPERAÇÃO GABIRU NÃO PUNE NINGUÉM; ROUBO DA MERENDA CONTINUA P/ 6 e 7

Nivaldinho gasta toda cota da Câmara; Marx Beltrão tem menor gasto da bancada P/ 5


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MACEIÓ, ALAGOAS - 01 A 07 DE JULHO DE 2016

Política & Justiça 1

- O CNJ afastou o desembargador, que afastou o juiz, que afastou o prefeito, que meteu a mão no dinheiro do povo e continua no poder.

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- Estes fatos, aparentemente, não têm ligação entre si, mas estão na raiz da decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que afastou o presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas.

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

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– Usar o poder e os favores da lei para socorrer gestores públicos com contas a prestar à Justiça tem sido uma prática comum no Poder Judiciário de Alagoas.

Pela primeira vez em sua história, o Ministério Público de Alagoas caminha para eleger seu próximo comandante sem disputa. Pode até não ser chapa única, mas qualquer nome que integrar a lista tríplice dificilmente terá chance de ser nomeado procurador-geral de Justiça em substituição ao procurador Sérgio Jucá. E não será por falta de mérito dos possíveis postulantes ao cargo, mas pela unanimidade em torno do nome de Alfredo Gaspar de Mendonça Neto tanto dentro como fora do Ministério Público Estadual. Nomes fortes como Eduardo Tavares, Lean Araújo, Coaracy Fonseca, Luis Carnaúba e tantos outros com ampla folha de serviços prestados ao Estado têm chances reais de vitória, não fosse a força política conquistada pelo colega Alfredo Gaspar de Mendonça dentro e fora de sua instituição. O próprio governador Renan Filho - a quem cabe escolher um entre os integrantes da lista tríplice – não esconde de ninguém que seu candidato é Alfredo Gaspar de Mendonça, ex-secretário de Segurança Pública, posto em que se consolidou como o mais sério dirigente da pasta nesses tempos de violência generalizada. Mas nada acontece por acaso. Antes de comandar a segurança pública, Alfredo Gaspar teve atuação marcante no Ministério Público Estadual, não apenas como promotor, mas como cidadão íntegro.

– Originário do meio político, o atual presidente do TJ não seria a exceção, mas a própria regra. Ele usou e abusou dessa prática maléfica à democracia como nenhum outro ma-gistrado jamais o fez.

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– Se tirou proveito pessoal dessas ações, ainda não foi provado. E é possível até que terceiros tenham usado o nome e o prestígio do desembargador para achacar prefeitos, vereadores e demais gestores públicos enrolados com a Justiça.

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– Ao afastar o magistrado para investigar as denúncias que pesam contra ele, o CNJ mostra que a lei é para todos e que nem tudo está perdido no apodrecido reino do Judiciário.

O próximo

Viúvas políticas O afastamento do desembargador Washington Luiz Damasceno vai deixar muitos políticos órfãos. Desde que trocou a Assembleia Legislativa pelo Tribunal de Justiça, o magistrado nunca se afastou da política, até mesmo pelos laços familiares que mantém no Sertão de Alagoas.

Sangue Latino O show do cantor Ney Matogrosso, que deixou de acontecer no Maceió Verão 2016, no dia 9 de janeiro, em decorrência das fortes chuvas, que provocaram desabamento de parte da estrutura do palco, ainda causa polêmica. No momento da ocorrência, o artista já estava pronto para entrar e fazer o show, ou seja, cumpriu ao que determinava em contrato, já que o problema que resultou no cancelamento não decorreu dele ou da equipe que o assistia. Como o problema também não foi causado pela prefeitura, já que havia uma empresa contratada para o serviço, o caso foi levado ao Ministério Público com audiência marcada para o próximo dia 19, na qual a Prefeitura de Maceió, através da Fundação Municipal de Ação Cultural, irá solicitar ressarcimento do prejuízo à empresa alagoana Vas Promoções e Eventos.

DA REDAÇÃO

Chapa única

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O CNJ pediu o afastamento do juiz Léo Denisson, de Marechal Deodoro, por denúncia de corrupção e favorecimento ao prefeito da cidade. O processo – que estava na pauta desta semana – foi adiado pelo pedido de vista de um dos conselheiros.

COLUNA SURURU

O golpe de Temer

O dono dos votos

Michel Temer vai torrar 125,4 bilhões de reais para se manter no poder até 2018. Isso, sim, é um golpe. O Estadão calculou o “pacote de bondades” aprovado pelo governo que apoiou o reajuste do funcionalismo, renegociou a dívida dos Estados sem deixar claras as contrapartidas, liberou recursos para o Rio, não barrou o aumento do Supersimples, inflacionou o Bolsa Família, comprou o Poder Judiciário e distribuiu 742,8 milhões de reais para a educação básica de Estados e municípios. Total (por enquanto): 125,4 bilhões de reais. Considerando que o rombo previsto para o ano que vem é de 150 bilhões de reais, pode-se dizer que o prejuízo é obra de Michel Temer e Henrique Meirelles. (O Antagonista).

A família Bulhões recebeu um reforço e tanto na disputa pela prefeitura de Santana do Ipanema. Trata-se do apoio à candidata Renilde Bulhões, garantido pelo médico Gustavo Pontes de Miranda, dono de um caminhão de votos espontâneos, gratidão do povo sofrido do Sertão ao trabalho do “Dr. Gustavo”.

A licença do Ciço Com apenas 4 presenças registradas nas sessões da Câmara ao longo do mês de maio e 6 ausências, não se consegue entender como o deputado Cícero Almeida conseguiu a façanha de gastar R$ 77.558,84 da Cota Parlamentar daquele mês. A matemática fica ainda mais difícil quando se sabe que Ciço se licenciou do mandato por 122 dias a partir de 23 de maio, sendo que 2 dias para tratamento de saúde e os demais por interesse particular: o da campanha para prefeito de Maceió. Só este ano são seis licenças para tratamento de saúde, o que deve deixar o eleitor com a pulga atrás da orelha: vale a pena votar em candidato doente?

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MACEIÓ, ALAGOAS - 01 A 07 DE JULHO DE 2016

JORGE OLIVEIRA

O indulto de Dirceu Brasília - Existe um estranhamento entre os comandantes da Lava Jato em Curitiba e o Ministério Público que atua em Brasília. Enquanto o juiz Sérgio Moro denuncia mais uma vez José Dirceu por corrupção e lavagem de dinheiro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede o indulto do petista pela condenação que ele sofreu do mensalão. A coincidência é que tudo ocorreu no mesmo dia para constrangimento dos procuradores que investigam o ex-ministro. Dirceu, que já está condenado a mais de vinte anos de prisão, pela sua conduta como presidiário, não parece merecer o indulto dado por sua companheira de partido, a presidente afastada Dilma Rousseff, que também beneficiou outros parceiros de crimes. Pelas investigações da Lava Jato, Dirceu, mesmo preso, infringiu a lei porque continuou recebendo propinas do dinheiro que era roubado da Petrobras pelos ex-tesoureiros do PT. Ao denunciar mais uma vez Dirceu, o juiz Sérgio Moro disse que havia indícios fortes da participação do ex-ministro em mais uma maracutaia. Disse o magistrado em seu despacho: “Presente, portanto, justa causa para a imputação, a justificar o recebimento da denúncia. Presentes indícios suficientes de autoria a materialidade, recebo a denúncia contra os acusados acima nominados”. A acusação agora é que Dirceu teria recebido 2 milhões de reais em propina do esquema da Petrobras, gerenciado por Renato Duque, diretor que o petista apadrinhava dentro da estatal. Constatado o crime, Dirceu será certamente julgado mais uma vez pelo juiz Sérgio Moro, que tem sido implacável com os ladrões das empresas públicas. Com todos esses crimes nas costas, é estranho que Rodrigo Janot solicite ao STF o perdão da condenação de Zé Dirceu quando ele continua sendo investigado pelos procuradores da operação Lava Jato. Além disso, ainda pesa contra o ex-ministro de Lula a acusação gravíssima de que, mesmo depois de condenado, ele continuou operando dentro da cadeia com os seus comparsas da Petrobras e em outras empresas públicas, de onde recebiam milhões em propinas. Há, na verdade, uma contradição jurídica entre o que se investiga em Curitiba e o que se decide na Procuradoria-Geral da República. O indulto, se concedido pelo STF, permitiria que Zé Dirceu respondesse apenas pela última condenação, o que facilitaria a sua saída da prisão em pouco tempo por bom comportamento ou por ter cumprido uma parte da pena. Os procuradores que estão à frente da Lava Jato pensam diferente: Zé Dirceu, considerado o chefe da organização criminosa, ainda terá que responder por outros crimes e, se condenado por todos eles, terminará seus dias na cadeia. É assim que pensam também os brasileiros que viram seu patrimônio ser dilapidado pela quadrilha petista que, como aves de rapinas, devoraram os bilhões das empresas públicas no maior escândalo de corrupção já acontecido no país.

Harmonia Para que esses petistas paguem por seus crimes e não fiquem impunes, Janot e Moro devem trabalhar em parceria visando a convergência jurídica entre as duas investigações. Pelos menos é assim, com um trabalho harmonioso, que os brasileiros esperam pela condenação desses gangsteres, já que não serão ressarcidos do dinheiro que foi saqueado dos cofres públicos.

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Os tesoureiros Se realmente Edinho Silva, ex-ministro da Comunicação Social, for preso, como se comenta em Brasília, este será o quarto tesoureiro do PT a entrar em cana. É a maior operação de combate a corrupção já ocorrida no Brasil com a prisão de ministros, políticos e empresários que assaltaram os cofres públicos em bilhões de reais. A última blitz da Polícia Federal arrastou também para a cadeia o ex-ministro Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffmann, que também responde a processo na operação Lava Jato.

Intimidade

Delação

O cerco se fecha em torno de Lula que continua negando todas as acusações de participação na organização criminosa. Mas a verdade é que não se pode negar que os tesoureiros petistas gozavam da intimidade do ex-presidente, responsável pela aproximação deles com os empresários e os políticos presos sob a acusação de dilapidar o patrimônio público. Um fato, porém, precisa ser investigado: o envolvimento dos presidentes do PT nas tramoias. Até agora, apenas o ex-deputado José Genoíno foi preso e condenado no mensalão. Falta apurar, portanto, a responsabilidade dos outros dirigentes da agremiação no recolhimento do dinheiro sujo para as campanhas. Nenhum tesoureiro tem autonomia para decidir sozinho uma questão de colegiado. Assim, os ex e o atual presidente têm responsabilidades nas decisões do partido.

Quem já conversou com o ex-tesoureiro garante que a delação de Vaccari não vai deixar pedra sobre pedra. Ele pretende contar como eram financiadas as campanhas do PT e de onde vinha o dinheiro para eleger os companheiros. Se isso de fato ocorrer, o juiz Sérgio Moro terá nas mãos provas irrefutáveis da participação do Lula e da Dilma no desvio do dinheiro público para as eleições. Aí a coisa muda de vez.

Recado Trancafiado há quase um ano, Vaccari Neto já mandou recado à cúpula que pretende fazer delação premiada. Sente-se abandonado pelos companheiros e não quer ter o mesmo destino de Marcos Valério, o empresário condenado a mais de 40 anos no mensalão. Vaccari vive isolado no presídio. Não recebe visitas dos companheiros de partido e nem auxílio para pagar os advogados. Aconselhado pela família, começa a escrever tudo que sabe do financiamento do caixa dois das campanhas de Lula e Dilma.

Empréstimos Enquanto isso não ocorre, o Ministério Público não tem pressa. Já tem em mãos o depoimento do ex-ministro Paulo Bernardo sobre a operação dos empréstimos consignados que lesou milhares de aposentados. Parte do desvio dos mais de 100 milhões de reais chegava às campanhas petistas no país e tinha o ex-ministro como o articulador financeiro. Era ele quem decidia, junto à cúpula do partido, para onde seguia o dinheiro sujo para os candidatos.

Movimento Agora, sem poder se articular, depois que a Dilma foi impedida de governar, o PT ensaia mais uma tentativa de trazer de volta a presidente. A palavra de ordem é uma nova eleição presidencial. Para isso, a CUT – a central petista – promete mobilizar a militância para os movimentos de rua. Pretende, assim, destronar o Temer e tentar a sorte nas urnas para voltar a governar. Se a economia mostrar sinais claros de recuperação, dificilmente isso ocorrerá até porque o Senado não estaria propenso a mudar a Constituição para satisfazer Lula & Companhia.

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GABRIEL MOUSINHO

Choque na magistratura

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afastamento do desembargador Washington Luiz de suas funções deixa uma profunda ferida no coração da magistratura alagoana. Independente dos motivos alegados por maioria dos integrantes do Conselho Nacional de Justiça, pegou mal em todo o Brasil o afastamento, mesmo que temporário, do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas. Se de um lado é ruim para a imagem do Judiciário alagoano, composto na sua maioria de homens probos, por outro lado o CNJ dá demonstração de que não vai capitular ante as muitas denúncias que tem recebido ao longo dos anos. Culpado ou inocente, o afastamento de Washington demonstra que o Conselho Nacional de Justiça pode chegar rápido a outros integrantes da magistratura e que ninguém está livre de receber a mão pesada da Justiça. O desembargador tem todo o tempo necessário para provar que as questões contra si são frutos do ´´ouvi dizer´´ e portanto começa a trabalhar em sua defesa para mostrar que tudo não passa de denúncias vazias. Mas, até lá, se não provar sobre os processos a que responde, poderá ser compulsoriamente aposentado. Se voltar, talvez não dê tempo para concluir seu mandato na presidência do Tribunal de Justiça.

Provocação desnecessária Investindo maçiçamente na divulgação de seus cursos, tem Universidade em Maceió que não se contenta somente com isso. Provoca suas concorrentes no território adversário e vê nisso uma ação normal, como se não estivesse infringindo o código de ética. Não são desta forma que se consegue mais matrículas para encher os cofres da instituição. É necessário, acima de tudo, ter afirmação perante a sociedade, quadro docente da melhor qualidade e condições de oferecer o melhor para o alunado e, claro, preços compatíveis com a realidade nordestina. O Cesmac, a vítima deste processo na semana passada, não precisa disto. Tem uma grande folha de serviços prestados aos alagoanos, concede anualmente mais de 1 milhão de reais em bolsas de estudos e é dirigido por pessoas experientes, competentes e de respeitabilidade, a exemplo de João Sampaio e Douglas Apratto. Não será desta forma que irá perder alunos para qualquer outra instituição de ensino. O Cesmac faz parte da nossa cultura, faz parte da nossa história e principalmente faz parte da nossa gente. Que outras universidades venham, mas com respeito e ética.

Risco iminente A possibilidade de Cícero Almeida ganhar as eleições seria trágica para muitos grupos políticos de Alagoas, principalmente aqueles que fazem frente ao governador Renan Filho. Com Almeida na prefeitura, o PMDB ganharia nova munição para controlar a política no estado.

gabrielmousinho@bol.com.br

Pra onde Collor vai O candidato do G8 à Prefeitura de Maceió, Paulo Memória, já deu a entender quem o grupo vai apoiar num eventual 2º turno caso não chegue lá. Depois de uma reunião com Fernando Collor, Memória saiu do encontro fazendo críticas a Cícero Almeida.

Opção de Collor Sem até agora emitir opiniões sobre as eleições em Maceió, o senador Fernando Collor deixa transparecer que optará pelo tucano Rui Palmeira em um eventual 2º turno, caso seu candidato não esteja na disputa. Parece que o santo de Collor não bate bem com o santo de Cícero Almeida.

Desprotegido Como a segurança pública não passa seus melhores momentos, mesmo que a mídia oficial insista em dizer o contrário, a momentânea saída da Força Nacional durante o período das Olimpíadas, vai causar um sério desfalque. Se com a Força a situação já é muito preocupante, imagine sem ela.

Sem ter o que fazer Transformar a demolição de uma casa velha num evento de governo é, no mínimo, não ter o que fazer. O governo de Alagoas aproveita tudo para fazer um ato político e mostrar que também está trabalhando por Maceió. Pelo andar da carruagem, vai terminar fazendo festa para aniversário de boneca.

Só com prisão Essa história da Assembleia Legislativa não levar em consideração os repasses financeiros obrigatórios e ficar indiferente às decisões judiciais, só vai mesmo resolver quando um deputado for para a cadeia.

Alto lá É incompreensível que a possibilidade do deputado federal Marx Beltrão ser nomeado Ministro do Turismo dependa do aprovese do senador Renan Calheiros. Por dois motivos: o primeiro seria por que Renan já disse que não se envolve mais com nomeações no governo federal. Segundo, é por que todo mundo sabe que Marx é candidato a candidato ao Senado, naturalmente se mudar de partido, o que ele pretende. Assim, iria disputar os votos com Renan em várias regiões, especialmente em Coruripe e adjacências.

Marx está pronto

Mais uma de Lyra

Trabalhando a 120 por hora para disputar uma das duas vagas no Senado em 2018, o deputado Marx Beltrão já deu o chute no balde. Para alguns amigos, Beltrão está pronto para a campanha. É tanto que fez acordos em quase todo o estado de Alagoas com lideranças políticas. Em Maceió já está certo de contar com o apoio de Cícero Almeida, para quem vem trabalhando há algum tempo.

O lobista Milton Lyra, que teve muita atuação em Alagoas em campanhas eleitorais, volta ao noticiário nacional por envolvimento em desvio de recursos públicos da Petrobras e outras instituições. Na sombra, como sempre atuou, Milton é denunciado como pessoa muito ligada ao presidente do Senado, Renan Calheiros. Mais cedo ou mais tarde vai parar na cadeia.

A vez de Freire

O ex-deputado Elionaldo Magalhães, técnico da melhor qualidade e que preside o Solidariedade em Alagoas, já avisou que não será candidato, mas está disposto a ajudar os amigos. Ele assegurou que está fora da disputa este ano e em 2018.

Acostumado a fazer campanha franciscana, com pouco dinheiro, o deputado Tarcísio Freire é o mais bem cotado para se eleger prefeito de Arapiraca. O grupo de Célia Rocha está em decadência e os outros candidatos não têm cheiro de povo, diz um amigo de Freire. O deputado tem contado com o apoio do PP do senador Benedito de Lira, que aposta em sua eleição.

Cadê os gabirus?

Pegando fogo

Somente depois de uma ação da Polícia Federal sobre maracutaias na merenda escolar é que muita gente voltou a se lembrar da Operação Gabiru, onde vários prefeitos foram parar na cadeia. De lá pra cá ninguém foi preso e desconfia-se que as artimanhas ainda correm de vento em popa em muitas prefeituras do estado.

Falta um pouco mais de 1 mês para começar pra valer a campanha para prefeito de Maceió. Como já começou quente, a campanha tende a ferver daqui pra frente. Quem tiver contas a prestar à Justiça é bom ir se preparando porque vem chumbo grosso por aí.

De fora

Cadê os taturanas? A exemplo dos gabirus, os taturanas, que são acusados de roubarem 300 milhões de reais da Assembleia Legislativa, estão livres e fagueiros. Até agora os processos dormem em berço esplêndido na Justiça.

PPS apoia Rui Foi com surpresa que o ex-deputado Régis Cavalcante decidiu apoiar o prefeito Rui Palmeira à sua reeleição. Agora o PPS, que tem como presidente nacional o deputado Roberto Freire, passa a integrar o grupo de apoio a Rui, aumentando o time que marchará unido nas próximas eleições.


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Nivaldo Albuquerque usa mais de R$ 50 mil em um mês

CHEGOU GASTANDO!

MAIORIA DOS DEPUTADOS ALAGOANOS FAZ “ECONOMIA” COM A COTA PARLAMENTAR DE JUNHO JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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mês de junho foi de economia por parte da maioria dos deputados federais de Alagoas. Mas, nem todos optaram em restringir os gastos. Pelo menos é o que consta no relatório de junho, em comparativo a maio, da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar, destinada a custear as despesas vinculadas ao trabalho do político. Um exemplo de quem não economizou na verba de gabinete foi Nivaldo Albuquerque (PRP), que assumiu a cadeira de Maurício Quintella, hoje ministro dos Transportes. O filho do deputado estadual Antônio Albuquerque assumiu o mandato a 17 de maio e fechou o mês com menos de R$ 40 em gastos. Já em junho, as coisas mudaram. Os gastos chegaram a R$ 51.186,55 com divulgação do trabalho parlamentar e contratação de empresa para pesquisas e trabalhos técnicos. Do valor, R$ 12.000 são para serviços de fotografia, filmagens e gravação de áudios para divulgação em rádios, jornais, revistas e televisão. Se na última reportagem sobre os gastos dos parlamentares o deputado Arthur Lira (PP) se destacou pelas viagens, no mês de junho, isso não acontece. Do dia 1º até 29 foram gastos R$ 2.351,80, sendo que desse valor, R$ 1.468,20 é referente a serviços postais. Em maio, Lira gastou R$ 8.336,50 de sua cota. Givaldo Carimbão (PHS), que usou R$ 21.028,27, desta vez, a conta chega a R$ 287,40. As despesas, segundo Portal da Transparência, foram destinadas a serviços telefônicos e

Nivaldo Albuquerque: nem bem chegou já gastou mais de R$ 50 mil; Marx Beltrão faz economia

envio via Sedex. O candidato à Prefeitura de Maceió, o deputado federal JHC (PSB), também apresentou um decréscimo em suas despesas. O valor de R$ 20.921,95 caiu para R$ 389,96. Dessa quantia, R$ 128 foram destinados para a compra de papel e canetas para o escritório. Uma das maiores economias vem de Marx Beltrão (PMDB), que em maio gastou R$ 43.166,19, sendo R$ 30 mil foram para um grupo de pesquisa e marketing para a “avaliar a situação e as principais demandas da população com relação aos projetos e propostas que estão sendo debatidas no âmbito da Câmara dos Deputados”. No entanto, no mês de junho, suas contas não chegaram a R$ 70.

Paulão (PT) também aderiu à economia. Gastou R$ 3.930,18 em vez de R$ 44.149,17 em comparativo ao quinto mês do ano. Do valor atual, R$ 2.292,50 foram usados para combustível. Já os gastos de Pedro Vilela (PSDB) caíram de R$ 12.698,95 a R$ 208,15. Ronaldo Lessa (PDT), que se mostrou adepto à culinária mais requintada utilizando a cota para custear a alimentação em Maragogi, gastou quase R$ 40 mil a menos. De R$ 51.308,56, em maio, os gastos foram para R$ 9.288,63, em junho. Cícero Almeida (PMDB), mais um parlamentar candidato à prefeitura da capital, gastou em maio R$ 77.558,84, sendo R$ 53.681,51 para divulgação da atividade como polí-

tico. Como está licenciado do mandato desde 23 de maio por um período de 122 dias, no mês de junho não houve nenhum registro de gastos. Seu substituto, Val Amélio (PRB) tem registrados gastos de R$ 1 mil em maio (combustíveis, alimentação e telefonia) e R$ 1.018,99 em junho. ABUSOS Em matéria recente publicada pelo EXTRA, alguns gastos dos deputados federais chamaram a atenção. Arthur Lira, de janeiro a fevereiro, gastou R$ 5.231,83 em passagens aéreas de ida e volta a Salvador. Segundo documentação da Câmara dos Deputados, teria ficado na capital baiana por oito dias, de 2 a 10 de fevereiro. Já em abril,

o destino preferido foi o Rio de Janeiro, terra do também deputado federal Eduardo Cunha. Foram quatro passagens do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, para Brasília, e seis com o trajeto inverso. Essas viagens custaram ao erário a quantia de R$ 6.928,95. Givaldo Carimbão usou R$ 43.600 da Cota Parlamentar, nos meses de janeiro a abril, para a locação de veículos de alto padrão para transitar na cidade de Maceió. Os carros escolhidos foram: Toyota Hilux, Honda Civic e um Polo Sedan, da Volkswagen. De acordo com a nota fiscal expedida pela empresa de locação de veículos, os três carros eram alugados simultaneamente pelo valor de R$ 10.900. Cícero Almeida (PMDB) fez suas consultorias de fevereiro a maio no valor de R$ 42.000. O serviço foi contratado para “a fundamentação dos votos em plenário”. Quem se destaca por especificar todos os gastos em mínimos detalhes é o deputado Paulão (PT). Assim como os outros parlamentares, também usou o dinheiro público para transportes, propaganda política e consultoria. Porém, o petista pede reembolso pelo consumo de tablete de chocolate diet, de R$ 8,20, até do Quarteirão com Batata Grande, ao custo de R$ 25, comprado em uma lanchonete do McDonalds, em Brasília. O filho de João Caldas, o deputado JCH, gastou entre os meses de janeiro a abril cerca de R$ 30 mil com divulgação da atividade parlamentar. Conforme especificado em nota fiscal, os serviços eram referentes à produção de audiovisual para o YouTube e Facebook.


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Pregões eletrônicos são ignorados para facilitar fraudes

MERENDA ESCOLAR

ESQUEMA EM LICITAÇÃO DE MERENDA É DESARTICULADO PELA POLÍCIA FEDERAL JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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raudar licitações para merenda escolar se tornou um golpe recorrente em Alagoas. Nesta semana, a Polícia Federal, em parceria com o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle, antiga Controladoria-Geral da União (CGU), desarticulou um grupo acusado de atuar em pelo menos cinco cidades no estado: Traipu, Tanque d’Arca, Girau do Ponciano, Roteiro e Ibateguara. Durante a primeira fase da Operação Brotherhood foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão e 15 mandados de condução coercitiva nos municípios, que também se estenderam a Maceió, Cajueiro, Penedo e Arapiraca. Entre as similaridades do esquema estão a dispensa por parte das prefeituras do pregão eletrônico para utilizaram o meio presencial. A medida, segundo o chefe do Ministério da Transparência em Alagoas, José William Gomes, abre brecha para as empresas fraudulentas. “Infelizmente, os municípios alegam dificuldades tecnológicas, como a falta de pessoal capacitado e problemas de conexão. É quando optam pelo pregão presencial facilitando as fraudes em licitação”, informou ao EXTRA Alagoas. “No pregão presencial há ajustes até chegar a um acordo conveniente com o interessado. Às vezes, adiam as datas do pregão por várias vezes para desmotivar as empresas idôneas a participarem do processo porque já sabem que tudo não passa de um esquema de

Policiais federais em Traipu durante a Operação Brotherhood deflagrada na terça, dia 28 e que investiga 20 empresas alagoanas

cartas marcadas”, explicou. Outro agravante que facilita o esquema de fraudes em merendas é a fragilidade dos controles internos de gestão. “Era para ter uma controladoria atuando dentro dos municípios para verificar a aplicação dos recursos da merenda escolar e se a mercadoria está sendo entregue corretamente na escola”. Nas investigações, a Polícia Federal identificou casos de que a empresa, ao ver que ainda tem merenda nas escolas, voltava com a mercadoria. Tal situação se configuraria como superfaturamento. “Apesar de existir controladoria municipal nas cidades investigadas, o órgão não funciona adequadamente. Há uma instrução nor-

mativa do Tribunal de Contas do Estado (TCE), de 2011, que manda os gestores constituírem as controladorias ou um assessor de controle interno. Mas também não podemos depositar toda a culpa nesses servidores, que muitas vezes, não têm estrutura para trabalhar”, destacou Gomes. A FRAUDE A estimativa é que o grupo, composto por cerca de 20 empresas alagoanas, tenha causado prejuízo superior a R$ 12 milhões em licitações de alimentos custeados com recursos federais do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Iniciadas em 2015, as investigações apuraram que um grupo de empresas

teria fraudado pelo menos três processos licitatórios promovidos em Traipu. De acordo com o ministério, a operação teve origem em denúncias formalizadas, entre outros, por agentes públicos do próprio município. Os auditores consideraram o histórico de irregularidades já praticadas por gestores anteriores, que já resultaram na Operação Tabanga, deflagrada em 2009. As investigações apontaram indícios da mesma natureza de fraude em outros quatro municípios, além de Traipu. As irregularidades apuradas são o direcionamento de processos licitatórios; sobrepreço; superfaturamento; conluio entre as empresas participantes das concorrências; “jogo de pla-

nilhas”; constituições de empresas de fachadas; utilização de sócio oculto; e omissões por parte das prefeituras no recebimento das mercadorias. As empresas também chegaram a usar pessoas humildes como “laranjas”. Segundo o delegado Roberto Curi, chefe da Delegacia de Crimes de Combate à Corrupção da Polícia Federal, “as empresas forneciam para mais de 20 municípios alagoanos, porém, ainda não há como afirmar se todos fazem parte da fraude”. O secretário de Finanças de Traipu, Everson Santos, teve que depor sobre as licitações da merenda escolar. Suspeito de envolvimento nas fraudes, a polícia investiga suas ações durante a fase contratual da licitação.


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Há 10 anos PF atua contra roubalheira da merenda em Alagoas

IMPUNIDADE CRIMINOSA

HÁ TRÊS GESTÕES TRAIPU REPETE O MODUS OPERANDI DE LESAR OS COFRES PÚBLICOS JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

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dia 17 de maio de 2005 foi marcado pela Operação Gabiru desencadeada pela Polícia Federal (PF), que revelou um esquema milionário de desvio de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e outras verbas do Ministério da Educação destinadas à aquisição de merenda escolar. Segundo a PF, a fraude teria causado um prejuízo de R$ 150 milhões ao governo. O líder da quadrilha foi apontado como José Rafael Torres Barros, ex-prefeito de Rio Largo. A operação foi fruto de uma investigação realizada pelo Ministério Público Federal entre 2001 e 2005 e que identificou irregularidades em pelo menos 10 municípios. Além do líder, entre os presos levados para as dependências da Polícia Federal em Maceió estavam os então prefeitos Cícero Cavalcanti, de Matriz do Camaragibe; Marcos Santos, Traipu; Carlos Eurico Leão e Lima, o Kaíka, de Porto Calvo; Danilo Dâmaso (já falecido), de Marechal Deodoro; Paulo Roberto Pereira de Araújo, o Neno, de São José da Laje; Fábio Apóstolo de Lira, de Feira Grande; José Hermes de Lima, de Canapi; Neiwton Silva, de Igreja Nova; e os ex-prefeitos de Maragogi, Fernando Sérgio Lira, e de Ibateguara, José Valter de Azevedo. Parte dos envolvidos foi condenada a mais de 10 anos de prisão, mas seguem

Marcos Santos quando da prisão pela PF em 2005; 11 anos depois esquema de fraudes continua

recorrendo as instâncias superiores na Justiça. A certeza da impunidade e a não devolução do montante lesado fizeram com que a prática delituosa voltasse a se repetir durante anos. TRAIPU Nos últimos 12 anos a cidade Traipu foi alvo de quatro operações da Polícia Federal: Gabiru, Mascotch, Tabanga e a dessa semana, a Brotherhood, todas elas com o objetivo de desarticular quadrilhas especializadas em desviar recursos públicos da merenda escolar. O primeiro a operar o esquema no município foi o ex-prefeito Marcos Santos.

Já na Operação Mascotch, além de Marcos Santos, envolveu a ex-primeira-dama, Juliana Kummer Freitas dos Santos. As investigações mostraram que a quadrilha desviava dinheiro da merenda escolar para compras particulares da família de Marcos Santos. Itens como ração para cães e uísque entravam na lista dos produtos adquiridos com verba pública. O MPF descobriu ainda que, em alguns casos, os alunos ficavam sem merenda durante cerca de três meses; em outros, dispõem apenas de bolachas para alimentação. Agora a Operação Brotherhood coloca em cheque

a gestão da prefeita de Traipu, Conceição Tavares, que estaria operando um esquema similar ao praticado por Marcos Santos durante seus oitos anos frente ao executivo do município. A quadrilha que operou o máfia da merenda teria causando um prejuízo na ordem de R$ 12 milhões em Traipu, Tanque d’Darca, Ibateguara, Roteiro e Girau do Ponciano. RESPOSTA Sobre a Operação Brotherhood, assesosoria de comunicação da prefeitura de Traipu disse que não existe denúncia contra o executivo municipal. A operação surgiu a partir de documentos

entregues pela Prefeitura de Traipu à Controladoria Geral da União. Ressalte-se que a nota à imprensa elaborada pela Polícia Federal é clara ao afirmar que a operação visa “investigar um grupo de empresas que, em conluio, teria fraudado pelo menos 3 processos licitatórios” realizados em Traipu. Ou seja, a própria PF afirma que a Prefeitura nada tem a ver com a suposta fraude. Não existem declarações da PF quanto a sobrepreço ou faturamento em processos de Traipu, apenas de outros municípios. Todas as empresas licitadas pela Prefeitura de Traipu, de qualquer setor, estão formalmente constituídas e em pleno funcionamento, bem como toda mercadoria recebida é atestada, incluindo por fotos. As investigações são sobre empresas. O valor de R$ 12 milhões é referente, inclusive, ao contrato de outras duas prefeituras, conforme informou a Polícia Federal em entrevista coletiva. Não se trata, sequer, de desvio, mas apenas do valor somado de contratos de outras prefeituras. De acordo com a Polícia Federal não há indício de desvio, mas tão somente da possível existência de um consórcio de empresas para vencer licitações. De acordo com a Assessoria de da Prefeitura de Traipu, todos os documentos coletados pela Polícia Federal já haviam sido entregues espontaneamente à Controladoria Geral da União em outubro de 2015.


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Washington Luiz será investigado em quatro processos

JUDICIÁRIO EM XEQUE CNJ AFASTA PRESIDENTE DO TJAL E APURA CONDUTA DE OUTROS DOIS MAGISTRADOS VERA ALVES veralvess@gmail.com

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mês de junho termina com um saldo preocupante para o Judiciário de Alagoas. Em três diferentes decisões, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), colegiado que regulamenta as ações do Judiciário em todas as suas esferas e também a conduta dos magistrados brasileiros, aprovou a abertura de procedimentos que colocam em xeque a Justiça Estadual. A mais contundente delas foi o afastamento do presidente do Tribunal de Justiça, Washington Luiz Damasceno Freitas, que será investigado pelo CNJ em quatro processos, sendo três procedimentos administrativos disciplinares (PADs) e uma revisão disciplinar. As demais decisões envolvem os juízes Léo Denisson Bezerra de Almeida e Galdino José Amorim Vasconcelos. Em relação ao presidente afastado do TJ, um dos PADs vai apurar as denúncias de favorecimento do desembargador a uma das empresas envolvidas com o escândalo da merenda escolar, a SP Alimentações Ltda. Washington Luiz foi acusado de ter recebido R$ 400 mil para conceder uma liminar determinando que a Prefeitura de Maceió retomasse o contrato com a empresa. Seus advogados, contudo, argumentam que a liminar foi concedida pelo desembargador José Fernando Tourinho (já falecido). O CNJ também vai investigar a conduta dele nos processos envolvendo o prefeito cassado de Joaquim Gomes, Antônio

Araújo Barros, o Toinho Batista, e vereadores daquele município afastados pela 17ª Vara Criminal e que também tiveram seus mandatos cassados pela Câmara Municipal. Neste caso, o desembargador Washington Luiz teria concedido decisões favoráveis aos mesmos e por meio de liminares durante plantões judiciários, contrariando resoluções do CNJ e do próprio TJ que disciplinam o tipo de matéria a ser alvo de análise em tais plantões. Em outro procedimento será investigada a conduta dele nos processos que envolvem o prefeito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus. O ex-genro do desembargador foi denunciado pela procuradoria-geral de Justiça por uma série de irregularidades e atos de improbidade administrativa e o Tribunal de Justiça levou cinco meses para decidir se autorizava ou não a realizações de investigações. A acusação contra o desembargador é de tráfico de influência. O CNJ também decidiu rever a absolvição do desembargador, em 2014, por uma Comissão Especial do Tribunal de Justiça em uma reclamação de fraude na distribuição de um agravos regimental interposto pelo município de Pilar. PEDIDOS ARQUIVADOS Outros dois pedidos de abertura de PAD feitos também pela corregedora nacional de Justiça, a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nancy Andrighi, foram arquivados pelo CNJ, um relativo à sua possível ingerência na concessão de um salvo conduto preventivo à filha

Mellina Freitas pelo desembargador José Fernando Tourinho que impediu que ela fosse presa durante uma operação do Gecoc (Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas, vinculado ao Ministério Público Estadual) no município de Piranhas, em 2013. Segundo o MP, a ex-prefeita de Piranhas - de 2008 a 2012, tem contra si 482 acusações de crimes de peculato, falsificação de documento particular e fraude em licitações, dentre outros e teria sido responsável por um rombo de R$ 15.930.029,33 nos cofres públicos. O segundo pedido de investigação arquivado pelo CNJ é o que trata da acusação de envolvimento de Washington Luiz com três homicídios: o do advogado Nudson Harley Mares de Freitas - morto por engano pois o alvo seria o juiz Marcelo Tadeu -, o do estudante Fábio Acioli e o de uma traficante conhecida como “Negona do Pó”. Por maioria de votos, o colegiado optou pelo arquivamento diante dos argumentos do conselheiro Norberto Campelo (representante do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil) de que já existe uma investigação sobre esta denúncia em curso no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A princípio, os três PADs e a revisão disciplinar deverão ter o mesmo relator, a ser designado pelo presidente do CNJ, Ricardo Lewandowsy. Em nota, a Assessoria de Comunicação do Tribunal de Justiça informou que por ora o desembargador Washington Luiz não vai se posicionar sobre as decisões do CNJ.

Com afastamento, Washington Luiz perde gabinete e carro oficial

O CASO DO JUIZ DE PÃO DE AÇÚCAR Outro magistrado alagoano a estar na mira do CNJ é Galdino José Amorim Vasconcelos que durante muitos anos atuou na Comarca de Pão de Açúcar e hoje responde pela 3ª Vara da Comarca de Rio Largo para onde foi por remoção compulsória, penalidade imposta pelo TJ. No caso dele, foi aprovado por unanimidade o pedido de revisão disciplinar apresentado pela corregedora Nacional de Justiça. A decisão foi dada durante a 14ª Sessão Virtual do conselho, realizada entre os dias 31 de maio e 7 de junho mas somente tornada pública no dia 20 do mesmo mês. O CNJ considerou praticamente inócua a penalidade imposta pelo TJ no procedimento disciplinar de n° 021754.2014.001 de remoção compulsória do magistrado: sair de uma comarca do Sertão para outra localizada na Grande Maceió. Galdino Vasconcelos, que em dois anos já tinha recebido

duas punições de censura, atuava em Pão de Açúcar mas concedeu liminares a ações patrocinadas por um mesmo advogado – José Ronivo Vaz, eleito vereador de Maravilha nas eleições de 2012 – em nome de pessoas que sequer moravam em Alagoas e determinando a adjudicação de imóveis localizados em outros estados, portanto fora de sua competência. Em outros processos também de adjudicação, o valor atribuído às causas – sempre de R$ 1 mil – acabou chamando a atenção, já que as demandas envolviam imóveis com valores variáveis de R$ 14.800 a R$ 600 mil. Em 2013, o magistrado chegou a ser afastado da 11ª Zona Eleitoral da cidade de Palestina após ser denunciado pelo Gecoc, acusado de receber propinas. Também no dia 7 de junho último, o Pleno do TJ de Alagoas considerou improcedente e arquivou o Processo Administrativo Disciplinar nº 023280.2015.001 contra o juiz Galdino Vasconcelos.


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Pedido o afastamento do juiz Léo Denisson Na mesma 234ª sessão ordinária em que aprovou o afastamento de Washington Luiz de todas as atividades jurisdicionais, realizada na terça, 28, o CNJ também recebeu o pedido de afastamento do juiz da Comarca de Marechal Deodoro Léo Denisson. Requerido pela Corregedoria Nacional de Justiça, com base em uma investigação iniciada há um ano, a decisão, contudo, foi adiada em virtude do pedido de vistas do conselheiro Emmanuel Campelo de Souza Pereira, membro do colegiado indicado pela Câmara dos Deputados. Léo Denisson foi alvo de uma investigação da Polícia Federal com autorização do Tribunal de Justiça depois que uma operação de flagrante que resultou na prisão dos advogados Augusto Jorge Granjeiro Carnaúba e Júlio Cezar Castro

Silva apresentou evidências do seu envolvimento em um esquema de venda de sentença. O caso remete ao processo do assassinato do advogado Marcos André de Deus Félix, ocorrido em março de 2014 na Praia do Francês. Um ano após o crime, Augusto Granjeiro, na época também procurador da Prefeitura de Marechal Deodoro e advogado de defesa de dois dos acusados no crime, propôs a Júlio Cezar, defensor do casal Janadaris e Sérgio Sfredo – apontados pela polícia como os mandantes do assassinato de Marcos André – a soltura de Sérgio mediante o pagamento de R$ 200 mil ao juiz do caso, Léo Denisson. A primeira parcela, de R$ 100 mil, foi entregue no dia 26 de março de 2015 durante uma operação de flagrante montada pela PF à qual o casal denun-

Léo Denisson teria pedido R$ 200 mil para soltar preso

ciara o esquema. Interceptações telefônicas realizadas pela PF com autorização da 17ª Vara Criminal de Maceió confirmam os contatos entre Augusto e o juiz no mesmo dia do flagrante e entre duas pessoas ligadas ao magistrado, José Narciso da Fonseca Filho e Sílvio Romero de Miranda. Este último, conhecido na cidade como assessor de Léo Denisson, até maio do ano passado figurava na folha de pagamento da Prefeitura de Marechal Deodoro como serventuário efetivo contratado no gabinete do prefeito Cristiano Matheus. Apontado como a pessoa que receberia o dinheiro a ser entregue ao magistrado, Narciso é também suspeito de ser “laranja” do juiz. Sem ocupação definida, possui vários bens em seu nome que, segundo suspeita a PF, pertenceriam a Denisson.

De acordo com o relatório da corregedora nacional de Justiça, elaborado a partir das investigações da PF e do inquérito que tramita no TJ, o magistrado é conhecido em Marechal como “Léo Cinquentinha”, em referência a R$ 50 mil mensais que receberia da prefeitura pa -ra atuar de forma amigável nos processos envolvendo o prefeito ou a administração municipal. Estas e outras acusações de infração de conduta contra o magistrado é que serão apuradas pelo CNJ caso o Procedimento Administrativo Disciplinar requerido pela ministra Nancy Andrighi seja aprovado. A corregedora também quer o afastamento do magistrado de suas funções. Hoje ele responde pela 1ª Vara da Comarca de Marechal Deodoro e está como juiz substituto da 2ª Vara em função das férias do titular.


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Volta de Rogério Farias fere Resolução do CNJ

INCOERÊNCIA JURÍDICA DESEMBARGADOR WASHINGTON LUIZ IGNOROU SUAS PRÓPRIAS DECISÕES AO DEVOLVER CARGO A PREFEITO JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

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ouco antes do afastamento temporário do desembargador Washington Luiz Damasceno de Freitas ter sido decidido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ele foi acusado de conceder uma decisão política em relação à Prefeitura Municipal de Barra de Santo Antônio. A acusação refere-se a três decisões proferidas pelo magistrado no plantão judicial do Tribunal de Justiça do domingo, dia 19 de junho, quando suspendeu três liminares de primeira instância que determinavam o afastamento do prefeito Rogério Farias. O acusador, o vice-prefeito Carlos Alexandre, foi a uma rádio local e afirmou que a decisão teve apenas cunho político. A motivação deve-se a um dos processos que tramitavam no CNJ, e que acabaram motivando o afastamento do magistrado, ter sido originado a partir de uma denúncia feita por Carlos Alexandre. Na denúncia ele acusou o desembargador de proferir uma sentença favorecendo o prefeito de Antônio Araújo Barros, de Joaquim Gomes, em troca de apoio à candidatura do seu irmão, Inácio Loyola, que na época concorria a uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado (ALE).

Ainda assim, as decisões recentes do magistrado em relação ao caso da Barra de Santo Antônio são consideradas, pelos advogados de Carlos Alexandre, contrárias a decisões anteriores do próprio Washington Luiz. A banca alega ainda que ele não observou a Resolução 71 do CNJ que determina quais processos podem ser julgados durante os plantões judiciais. Em dois dos três processos que pediam a suspensão das liminares para o retorno de Farias ao cargo de prefeito, o desembargador afirmou que a matéria não poderia ser julgada no plantão judicial, conforme a Resolução 71, mas no terceiro pedido o desembargador, num domingo, foi de encontro ao seu próprio raciocínio e devolveu Farias ao cargo. Além disso, o desembargador fez publicar no Diário Oficial da Justiça do dia 20 de junho Portaria n.º 2480, onde nomeou o juiz Wilamo de Omena Lopes para responder pela Comarca de Paripueira, que estava sendo ocupada interinamente pelo juiz Jonh Silas, o mesmo que através de liminares afastara Rogério Farias da prefeitura em três oportunidades, e que no mesmo dia da nomeação havia proferido outra decisão afastando o prefeito pela quarta vez, esta última sem valor legal. DINHEIRO EM CAIXA

Vice Carlos Alexandre deixou R$ 2 milhões em caixa para pagar atrasados deixados por Rogério

A reportagem do Jornal EXTRA manteve contato com assessores mais próximos ao vice-prefeito, que garantiram que Carlos Alexandre deixou pelo menos R$ 2 milhões nos cofres do município, como pode ser comprovado em demonstrativos bancários. O montante seria usado para quitação dos débitos da prefeitura com os servidores. Um parcelamento vinha sendo planejado para que os funcionários públicos recebessem seus atrasados, dei-

xados na gestão do prefeito Rogério Farias. Há relatos de funcionários efetivos que ficaram até quatro meses sem receber seus vencimentos. DESCONTOS ILEGAIS Os servidores da Educação puderam detectar, recentemente, descontos ilegais em sua folha de pagamento. Foram deduzidos dos seus salários, como revelam seus contracheques, o período em que os mesmos se mantiveram em greve. Vale ressaltar

que a Lei Nº 7.783 assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Um grupo de professores e demais servidores já se movimentam para ingressar com uma ação coletiva na Justiça contra o município da Barra de Santa Antônio. A medida visa ressarcir os danos materiais e morais causados pelo desconto arbitrário, ilegal praticado pela


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MPF abre investigação por desvios na Assistência Social

MARAGOGI NA MIRA

ATUAL PREFEITO É CITADO; FAMÍLIA MADEIRA ENFRENTA PROBLEMAS NA SUCESSÃO MUNICIPAL ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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três meses das eleições, a família Madeira em Maragogi enfrenta uma das suas piores fases na política local. Acossados por denúncias, pressão da Câmara de Vereadores, do Ministério Público Estadual e Federal, do Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior Eleitoral, o prefeito Henrique Madeira (PSD), o ex-prefeito e candidato mais uma vez Marcos Madeira, e o deputado Marquinhos Madeira (PMDB) tentam se manter no comando de Maragogi em meio a salários atrasados de servidores públicos. Marcos Madeira quer mostrar prestígio em inaugurações apesar de cercado de acusações de corrupção; o filho-deputado foi alvo de ação de busca e apreensão em uma investigação que apura se ele apresentou atestado médico falso para requerer licença na Assembleia Legislativa. E o primo, Henrique Madeira, prepara seus advogados para o mais novo abacaxi administrativo: o procurador da República, Marcelo Toledo Silva, instaurou esta semana inquérito civil para apurar possíveis desvios de recursos do Fundo Municipal de Assistência Social. O alvo é o prefeito, Henrique Madeira. Os vereadores da cidade também não poupam o prefeito. É cada vez mais complicada a relação política com o Legislativo mirim. No dia 16, o juiz Diogo de Mendonça Furtado não acatou recurso dos vereadores. Eles dizem que o prefeito não faz o repasse integral do duodécimo da Câmara. A

Marcos, Henrique e Marquinhos: família Madeira tem contas a acerta com a Justiça

vitória do Madeira-prefeito é de Pirro. Mostra que o diálogo com a Câmara está a ponto de se partir. Diálogo que se partiu há tempo com os servidores municipais. No mesmo dia 16, o mesmo juiz extinguiu ação civil pública do Ministério Público Estadual pelos salários atrasados do funcionalismo. Diz o magistrado em sua decisão que a ação perdeu o objeto porque a parte autora, o MP, perdeu interesse na ação. Aparentemente, houve um acordo entre os servidores e a Prefeitura. Mas, ainda assim, o clima é de tensão entre os lados. Some-se a isso uma ação de investigação judicial eleitoral que apura compra de votos, além do abuso de poder político, do prefeito, movida pelo Ministério Público Eleitoral e o candidato derrotado nas eleições passadas, o médico Fernando Sérgio Lira. Apesar do TSE ter rejeitado a ação (a relatora foi a ministra Maria Thereza Rocha

de Assis Moura), dá para se perceber que o caminho até as urnas envolvendo os Madeira tem muitos problemas. MADEIRA-FILHO No dia 21, um parlamentar na maioria das vezes silencioso subiu à tribuna da Assembleia Legislativa. Marquinhos Madeira preparou discurso para reclamar da ação policial registrada no dia 15, em seu gabinete: uma busca e apreensão, a pedido do procurador-geral de Justiça, Sérgio Jucá, e autorizada pelo Tribunal de Justiça. Motivo: apesar dos reiterados pedidos, desde 2012 o parlamentar se recusava a apresentar atestado da licença médica de 121 dias. No mesmo período da licença, quatro anos atrás, ele mostrava ter bastante disposição para um rally. Fez questão de posar para fotos, ao lado dos amigos, em meio à lama da diversão. “Sempre estive à disposição,

até por ser uma pessoa pública. Meu gabinete está sempre aberto e as sessões desta Casa acontecem nas terças, quartas e quintas-feiras. Qual seria a dificuldade de me encontrar ao longo desses quatro anos? Onde está o erro deste tão cobiçado atestado médico?”, perguntou o deputado. Problema é que o documento tem uma letra indecifrável. Poderia ser os famosos garranchos de um médico, aqueles tão conhecidos por quem é consultado por um especialista e o balconista de uma farmácia mais próxima ajuda a traduzir. Neste caso, porém, nem Sérgio Jucá nem os médicos mais experientes do Conselho Regional de Medicina decifraram a assinatura. Quem foi o médico que assinou? Pior: o quê estava escrito? Ofícios foram enviados para a Assembleia e solenemente ignorados. Nenhuma resposta. “Não sou bandido tampouco cometi crime de improbida-

de, estelionato ou falsificação. Muito pelo contrário, sou um legítimo representante dos alagoanos, reeleito com mais de 26 mil votos”, jubilava-se o parlamentar. Votos que são investigados. Após o recesso, o desembargador José Carlos Malta Marques, do TRE, põe em julgamento a ação em que Marquinhos é acusado de comandar “um grande esquema de compra de votos” na cidade de União dos Palmares nas eleições de 2014. Para o Ministério Público Eleitoral, um cabo eleitoral que trabalharia para o parlamentar em União teria prometido pagar pelos votos. Eles fariam parte de um cadastro. Entrevistas em uma rádio da cidade mostram eleitores cobrando o pagamento dos votos. Madeira-pai (candidato a prefeito) também tem problemas. Em dezembro de 2012 foi acusado pelo Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) de desviar R$ 2,5 milhões da Prefeitura de Maragogi. Ele era chefe do Executivo. Para não ser preso, fugiu. Crimes: dispensa ilegal de licitação por 42 vezes, apropriação de bens ou renda públicos ou desvio em proveito próprio, por 114 vezes, falsidade ideológica, por 169 vezes, uso de documentos falsos, por 57 vezes, e formação de quadrilha. Resta saber até quando Madeira-pai vai aguentar o peso das denúncias. Ou se ele será empossado, se ganhar nas urnas. O pouco tempo até as eleições em Maragogi é tão misterioso quanto as garatujas da licença médica de Madeirafilho.


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“Queremos crianças nas escolas ou no mundo do crime?”

EVASÃO ESCOLAR

PRESIDENTE DA FAPEAL DIZ QUE BOLSA FAMÍLIA PRECISA SER ACEITO COMO PROGRAMA PARA A ALAGOAS DO FUTURO ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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om R$ 15 milhões para investir em pesquisas e sinal verde do governador Renan Filho (PMDB), o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), Fábio Guedes, prepara editais para criar uma geração de alagoanos altamente qualificados em tecnologia. Alagoas lidera em desempregos no Brasil, segundo o Ministério do Trabalho, porque, diz uma das explicações do Governo, não tem mão de obra qualificada para preencher espaços vazios no mercado. Ouvido pelo EXTRA, Guedes diz que a qualificação profissional de Alagoas passa pela aceitação em manter o Bolsa Família, renegociar a dívida de Alagoas com a União e um olhar sobre as crianças. Veja entrevista: O governador Renan Filho (PMDB) vem aumentando os investimentos em Ciência e Tecnologia, mesmo em tempos de crise. O que isso significa? De fato, dentro desse pacote de investimentos o governador se comprometeu em finalizar as obras do Polo de Tecnologia, Informação e Comunicação, garantindo R$ 15 milhões, viabilizar o funcionamento dos dois polos agroalimentares (Arapiraca e Batalha) e aumentar, gradativamente, os repasses financeiros para que a Fapeal tanto possa atender a demanda por pesquisas da comunidade científica, quanto fomentar iniciativas tecnológicas e a inovação produtiva. Essa visão estratégica coaduna com a necessidade de se formar novos segmentos econômicos de base tecnológica e construir pontes de aproximação entre pesqui-

sadores, iniciativa empresarial e políticas públicas. Nesse sentido, os editais lançados pela Fapeal em maio, envolvendo cerca de R$ 8 milhões, buscam atender esses objetivos e, especialmente, atrair e reter em Alagoas recursos humanos altamente qualificados. Alagoas tem uma mão de obra desqualificada, iniciativas de Governo ainda pequenas para reverter este quadro e altas taxas de desemprego. Como essa mudança poderia ser mais acelerada? Esse é um problema estrutural que levará um certo tempo para ser equacionado. Entretanto, iniciativas como a instalação de escolas públicas estaduais em tempo integral, abertura de novas faculdades, expansão do ensino técnico, através da criação de novas unidades do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), a interiorização do ensino superior, tudo isso somado, trará retornos concretos para melhorar o padrão da qualidade da mão de obra dos jovens do estado. Além disso, o sistema estadual de pós-graduação estadual cresceu muito na última década e contamos hoje com 38 pós-graduações em nível de doutorado e mestrado acadêmicos e 12 mestrados profissionais. O maior problema encontra-se em alfabetizar as crianças na idade certa e conter a evasão escolar nos níveis fundamental e médio. Nesse sentido, ter escolas com infraestrutura adequada, professores bem remunerados e qualificados e incentivos aos alunos para se dedicarem aos estudos e atividades esportivas e lúdicas, são aspectos prioritários. Já assinamos termo de cooperação com a Secretaria Estadual de Educação visando,

Fábio Guedes destaca importãncia da escola em tempo integral

em pouco tempo, a concessão de bolsas de iniciação científica, cultural e artísticas para os alunos do ensino médio e para professores da rede estadual se qualificarem na pós-graduação acadêmica. Alta carga tributária, teto fiscal para os programas sociais, críticas quanto ao tratamento do Governo Michel Temer com áreas assistenciais. Por que uma das saídas corretas, neste momento, é a discussão sobre a dívida pública e os juros em torno dela? A opinião das autoridades governamentais e econômicas geralmente gosta muito de se apoiar em exemplos da economia doméstica para justificar medidas de política econômica. Quando o Governo Federal precisa realizar um ajuste fiscal, compatibilizar receitas com despesas, comparam a situação de uma família com o que o Governo deveria fazer para adequar as despesas às receitas. Interessante que no caso das famílias uma das principais sugestões dos especialistas, além

de cortar despesas, é para que elas negociem suas dívidas com credores para tentarem obter descontos, alongamento dos contratos e juros mais baixos. No caso do Governo Federal somente se usa o argumento dos cortes e aumentos de receitas, principalmente via elevação dos impostos. E, quando se fala em cortar, quase sempre são nos gastos sociais e investimentos. Entre tantas consequências, essa política de austeridade no âmbito federal irremediavelmente contribui para a queda da atividade econômica e aumento das desigualdades sociais. Por sua vez, ao contrário do que se sugere para as famílias, não se pode falar em negociar a dívida pública, rever contratos etc. Espertamente apenas uma parte dos conselhos às famílias é aproveitada pelas autoridades econômicas: de cortar, cortar e cortar. O sacrossanto compromisso com credores da dívida pública e despesas com juros é intocável. Por essa razão é muito importante os governadores estarem, nesse momento, questionando o pagamento das respectivas dívidas públicas, seus

contratos, regras e prazos para pagamento. Ninguém é a favor de que os governos deem calotes, mas a negociação, no caso das dívidas públicas, importa e é necessário para destravar esse país e investir recursos em infraestrutura, saúde, educação, ciência, tecnologia e inovação. Apesar dos resultados, o Bolsa Família é alvo de resistências, por exemplo, no interior de Alagoas. E, treze anos depois de criado, ainda não conseguiu oferecer acesso integral nas áreas de saúde e educação àqueles a quem se destina. O problema é de dinheiro ou de vontade política? O programa Bolsa Família é extraordinário e suas falhas não o condenam em absoluto. É o maior programa social já implantado na periferia do mundo desenvolvido e permite que as famílias pobres e miseráveis não vivam sob a ameaça constante de não poder contar com um mínimo de recursos que lhes traga dignidade. Os efeitos do programa são de curto e longo prazo. No curto prazo, a massa de recursos financeiros distribuídos pelas famílias faz girar a roda da economia, especialmente em localidades muito pobres e sem perspectivas de desenvolvimento econômico, nos termos da modernidade. O comércio e serviços populares são os mais beneficiados, mantendo o emprego e a geração de renda nesses locais. No longo prazo, a obrigatoriedade de manter os filhos dessas famílias matriculados nas escolas e a vacinação em dia, contribuem para gerações futuras com menos problemas de saúde e com uma base educacional mais adequada, mesmo questionando-se a qualidade do ensino básico e fundamental. Mas qual o melhor: crianças nas escolas ou dedicando tempo à formação desumana no mundo do crime ou alocadas em formas de trabalho degradantes?


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nham ou têm. É necessário um baixo nível de monetização da economia e o sistema bancário precisa ser altamente integrado para que ele funcionem de modo eficaz. O Brasil possui.

Entrevista/MARCOS CINTRA

IMPOSTO ÚNICO “PAI” DA CPMF REVELA QUE SONEGAÇÃO NO BRASIL O ANO PASSADO PASSOU DE MEIO TRILHÃO DE REAIS RICARDO SANTANA Jornalista Jurídico

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uem é o Dr. Marcos Cintra? Obteve quatro títulos superiores pela Universidade de Harvard (EUA): Bacharel em Economia (B.A cum laude, 1968), Mestre em Planejamento Regional (M.R.P., 1972), Mestre em Economia (M.A., 1974) e Doutor em Economia (Ph.D.,1985) (Tese apresentada ao Departamento de Economia da Harvard University para obtenção do título). É professor-titular da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas- EAESP/FGV. É professor de microeconomia, macroeconomia, finanças públicas, economia agrícola e desenvolvimento econômico da FGV. É autor de diversos livros sobre finanças públicas, teoria econômica e economia agrícola, no Brasil e no exterior. Vice-presidente da Fundação Getulio Vargas, é o idealizador da proposta do Imposto Único sobre transações bancárias. Dr. Marcos Cintra, em qual

ano e sob quais circunstâncias o senhor teve a ideia de elaborar o Imposto Único? Em meados dos anos 80 passei a estudar uma alternativa para mudar o burocrático e caro sistema tributário brasileiro. A ideia foi substituir os tributos declaratórios por um imposto que seria cobrado sobre as movimentações financeiras. Simulações mostram que o imposto único teria enorme impacto positivo sobre a renda das pessoas e das empresas e traria eficiência na gestão das contas públicas. Seria uma forma eficaz de combater a sonegação, que no ano passado ultrapassou a marca de meio trilhão de reais. Como seria esse impacto positivo sobre a renda das pessoas e das empresas? E em qual sentido se daria a eficiência na gestão das contas públicas? Considerando que o combate à sonegação seria por conta desta eficiência na gestão pública, em números atuais, então, como o imposto único não foi implantado em 1990, ou seja, há 26 anos, o Brasil deixou de arrecadar

quanto em imposto? O impacto sobre a renda vem da substituição dos tributos que incidem sobre o consumo, como o IPI, Cofins, ICMS, ISS e outros. Juntos eles representam mais de 50% de toda a arrecadação pública. O impacto dos tributos sobre os preços poderia ser reduzido entre 60 e 70%. Teríamos uma elevação do poder aquisitivo do consumidor com essa medida. Em relação à renda, a ideia é a mesma. A substituição do imposto de renda, cuja alíquota nominal é de 27,5%, por um imposto sobre a movimentação financeira com alíquota de 2,8%, significa um aumento da renda disponível das famílias. Para as empresas os benefícios viriam da substituição de impostos como o IRPJ e a CSLL. Além disso, elas deixariam de ter um custo administrativo que hoje é de R$ 60 bilhões por ano apenas para cumprir as leis fiscais. Em relação às contas públicas, a eficiência se daria pela redução dos custos que o Estado tem com fiscalização. Em termos de sonegação os benefícios

seriam extremamente importantes. Só no ano passado os fiscais estimam um montante superior a meio trilhão de reais. Com o Imposto Único a evasão tende a desaparecer. O imposto único foi lançado para ser único em 1990, mas foi desvirtuado e se transformou em mais um imposto. O IPMF foi criado em 1993 e depois virou CPMF em 1996. O governo foi oportunista e usou apenas para arrecadar mais, quando a ideia era racionalizar o sistema fiscal brasileiro. Mas, a experiência foi útil e revelou que essa forma de tributação é mais eficiente, de baixo custo e praticamente imune à sonegação. Existe algum país no mundo onde o Imposto Único (com a mesma denominação ou semelhança de funcionamento) foi implantado? Quais os resultados? Alguns países do leste europeu criaram sistemas semelhantes ao unificarem três ou quatro tributos. Porém eles usaram como base a renda das pessoas e das empresas. O imposto único como idealizei demanda características que poucos países ti-

Quando o senhor fala em Imposto Único temos se tratar de um imposto que substitui todos os outros existentes até a implantação do mesmo, correto? O Imposto único substitui essencialmente os tributos declaratórios. Ficam as taxas, que são contraprestação de serviços; os impostos regulatórios (comércio externo), que são instrumentos de política industrial; a contribuição recolhida pelo segurado ao INSS, por conta de nosso modelo previdenciário; e os tributos que se caracterizam como poupança do trabalhador (FGTS e PIS), em razão da individualização dessa reserva para o funcionário. Os tributos que seriam substituídos representam cerca de 65% da atual carga tributária brasileira. A adoção do Imposto Único teria, como resultado imediato, a redução da corrupção, a eliminação da sonegação e a redução dos custos tributário para as empresas e trabalhadores. Como se daria isto? Segundo o Sindicato dos Fiscais da Fazenda, no ano passado foram sonegados mais de meio trilhão de reais no Brasil. O custo das empresas: mais de R$ 60 bilhões por ano apenas para cumprir as normas fiscais. Com o imposto único a estrutura é automatizada. Quais suas mensagens para o povo brasileiro e para os que estão no poder? A reforma tributária é uma das três principais mudanças estruturais que o país precisa implementar de modo urgente. As outras são a política e a previdenciária. Hoje a estrutura tributária é o maior entrave para a competitividade do setor produtivo brasileiro e onera de modo pesado os assalariados. O Fórum Econômico Mundial diz que temos o pior sistema de impostos do mundo. A PEC 474/01 continua parada no Congresso, sendo que foi aprovada em 2002 pela Comissão de Reforma Tributária. Resta à sociedade pressionar os políticos para que essa proposta seja discutida e aprovada pelo parlamento.


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Em 2015, Agência de Fomento investiu R$ 9,5milhões

DESENVOLVE ALAGOAS A FORTE INJEÇÃO DE RECURSOS NOS PEQUENOS EMPREENDIMENTOS E AOS PEQUENOS PRODUTORES AJUDAM A FORTALECER ESSES NEGÓCIOS

Silva é outra assentada que foi beneficiada e não mede palavras para falar da alegria em poder contar com a Agência. “A Desenvolve mudou a nossa vida. Só tenho que agradecer. Busque ajuda. Pode crer, a Desenvolve é nosso padrinho”, elogiou.

MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

A

Desenvolve, Agência de Fomento de Alagoas, foi criada em janeiro de 2006 e desde então tem mostrado sua função social que é não ter lucro, mas dar lucro. Apenas em 2015 foram investidos RS 9,5 milhões e a meta para este ano é de R$ 20 milhões. Outro dado importante para 2016 é beneficiar diretamente a 5 mil pessoas e indiretamente este número deve ultrapassar 15 mil. Alagoas foi pioneiro na criação da Desenvolve. Existe apenas mais uma - a Desenvolve São Paulo. Nos demais estados, o formato tem outras denominações. A Agência funciona como um banco e tem foco nos pequenos produtores e cooperativas. A vantagem é que a linha de microcrédito tem taxa de 1,2% ao mês, bem abaixo do mercado. Vale ressaltar que a forte injeção de recursos nos pequenos empreendimentos e aos pequenos produtores ajuda a manter e fortalecer esses negócios. Segundo o presidente da Desenvolve Alagoas, Rafael Brito, a agência é fiscalizada e regulamentada pelo Banco Central. E como banco, diz Rafael, “pagamos toda tributação e somos fiscalizados”. À frente da pasta a pouco mais de 60 dias, Brito comemora os avanços e tem como meta em 90 dias formalizar mais 150 contratos. Para tanto, vem realizando reuniões com lideranças comunitárias para ampliar o número de agentes de créditos e assim possibilitar que mais pessoas sejam beneficiadas. “Queremos dar oportunidade às pessoas que não

NAS GROTAS DE MACEIÓ

Rafael Brito comemora avanços e diz que tendência é aumentar o número de beneficiários

tiveram acesso ao crédito para que passem a ter. Que a marca dessa minha passagem por aqui seja de o dinheiro ir onde deve estar”, afirmou. A Desenvolve é uma empresa solvente, com capital sólido e baixo índice de exposição ao risco. O empréstimo vai de R$ 300 a R$ 3 milhões, mas o foco maior é em pequenos empréstimos de R$ 300 a R$ 15 mil. Com linha de capital de giro muito forte, neste período de crise o diferencial da Agência é emprestar dinheiro a cooperativas e cooperados. “A inadimplência é muito baixa. Estamos nas grotas, na cidade e no campo emprestando dinheiro, fazendo ser formal e melhorando o negócio. Isso muda a vida do beneficiado e de todos ao entorno e isso é gratificante”, comemora Brito. Rafael Brito disse que é um

desafio, mas o ganho é social. E a fala do presidente da Desenvolve é reforçada por depoimentos de beneficiados que agradecem o incentivo do governo do Estado, através da agência de Fomento. É o caso de Praxedes Francisco Silva que comprou uma ordenha mecânica com dinheiro da Desenvolve. “Eu sou feliz com o trabalho que faço. O melhor caminho é procurar a Desenvolve”, ensinou ao acrescentar que depois do empréstimo conseguiu mobiliar a casa, comprar moto para facilitar as vendas e passear e ainda colocou os filhos em “colégio bom”. E o que dizer de Rivaldo Vasconcelos, do Assentamento Bom Jesus? O produtor que cultiva graviola garante que com o microcrédito da Desenvolve o negócio melhorou bastante. “Procure a Desenvolve que será

bem atendido”, garantiu. O excortador de cana Ivaldo Calheiros também é só elogios. Em sua loja de bicicletas, fala da importância da agência e recomenda os serviços. Laudicéia Maria da

“A inadimplência é muito baixa. Estamos nas grotas, na cidade e no campo emprestando dinheiro, fazendo ser formal e melhorando o negócio. Isso muda a vida do beneficiado e de todos ao entorno e isso é gratificante”, comemora Brito.

A Agência de Fomento de Alagoas também está nas grotas de Maceió com ações de desenvolvimento econômico que estão sendo implementadas nestas localidades. Segundo Rafael Brito, ações fazem parte do programa Pequenas Obras, Grandes Mudanças, do Governo do Estado e, no âmbito da Desenvolve articula um planejamento que fortaleça a economia local. As estratégias buscam manter cada pequeno empreendimento instalado nessas comunidades. “Temos que trabalhar cada vez mais para que a Desenvolve seja um polo ativo, fomentando a economia, principalmente melhorando a vida dessas pessoas”, afirmou Brito. O presidente disse ainda que há muito o que fazer, mas que existem vários canais para chegar até a Desenvolve. Assim, o atendimento aos clientes pode ser feito na sede (localizada na rua Dr. Antonio Carlos Cansanção, 465 - Ponta Verde, Maceió/AL) ou nas salas do empreendedor em diversos municípios do Estado. Para mais informações, o contato pode ser feito pelo e-mail: atendimento@ desenvolve-al.com.br ou pelo telefone (82) 3315-3468.


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NOTA OFICIAL As entidades representativas dos jornalistas alagoanos e brasileiros (Sindjornal e Fenaj) vêm a público manifestar solidariedade ao colega Odilon Rios, que está proibido pela Justiça alagoana de se manifestar abertamente sobre o processo em que foi obrigado a indenizar em R$ 5 mil autoridades policiais, citadas por ele em artigo publicado na imprensa local. No artigo, Odilon Rios havia externado sua revolta diante da afirmação da polícia de que o assassinato de seu

enteado supostamente ocorreu por ser usuário de drogas. O silêncio e a indenização impostos ao jornalista pela decisão judicial viola frontalmente a liberdade de expressão, um dos direitos fundamentais consagrado pela Constituição de 1988. Na prática, é o restabelecimento da censura. Sem falar que o profissional foi condenado à revelia – sem direito à defesa – uma vez que não foi pessoalmente notificado. O livre acesso à informação e à circulação de ideias

são postulados que não podem ser violados sob qualquer pretexto, principalmente quando o país vive um momento crítico para o jornalismo. Multiplicam-se as tentativas de calar jornalistas colocando-os sob a ação da Justiça, com a clara intenção de intimidá-los. O Sindjornal e a Fenaj reafirmam seus compromissos com a luta pela liberdade de expressão e repudia a decisão tomada pela Justiça alagoana, que utilizou recur-

sos oriundos de um passado ditatorial recente, quando a censura atuava como instrumento político para calar os brasileiros. Ao tempo em que emprestam total solidariedade ao companheiro Odilon Rios, as entidades de classe se colocam ao seu dispor para as ações pertinentes que visem preservar o seu legítimo direito de continuar se expressando livremente. Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Alagoas - Sindjornal Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj.


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Documentário de Jorge Oliveira e Pedro Zoca ganha mais um prêmio

OLHAR DE NISE SELECIONADO ENTRE 600 INSCRITOS NO FESTIVAL DO MERCOSUL, FILME É ELEITO O MELHOR PELO JÚRI POPULAR ASSESSORIA

O

lhar de Nise, de Jorge Oliveira e Pedro Zoca, saiu, mais uma vez, consagrado de um festival de cinema. Desta vez recebeu o prêmio de melhor filme do Júri Popular no FAM – Festival do Mercosul – em Florianópolis, que ocorreu entre os dias 17 e 24 de junho. Ovacionado pelo público depois da exibição, o filme deixou o festival sob aplauso também dos críticos de cinema que estiveram no festival. O documentário, que tem produção executiva e direção de edição de Ana Maria Rocha, foi escolhido entre os 600 inscritos para o festival. Desses, apenas seis foram selecionados e só dois premiados. Cinco Vezes Chico, documentário de quatro diretores pernambucanos, recebeu o prêmio de melhor filme do Júri Oficial. Pelos critérios do FAM, apenas dois filmes são premiados. Os dois ganhadores estão automaticamente selecionados

para vários outros festivais de cinema da América do Sul, segundo acordo feito entre o FAM e representantes de outros festivais sul-americanos. Aliás, esta é a segunda vez que o diretor Jorge Oliveira é premiado no FAM. Em 2010, recebeu Menção Honrosa com o filme Perdão, Mister Fiel que conta a história da morte do operário alagoano Manoel Fiel Filho, morto sob tortura no DOI-CODI de São Paulo. O documentário recebeu outros 14 prêmios em festivais de cinema no Brasil e no exterior. A exibição do Olhar de Nise, que conta a história da psiquiatra alagoana Nise da Silveira, emocionou o público do festival de Florianópolis. “Nise da Silveira”, segundo o diretor do filme, “foi uma das mulheres mais importantes do século XX. Até então desconhecida do grande público brasileiro, ela agora é reconhecida pelo seu trabalho com doentes mentais do Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, com

Ana Maria Rocha e Jorge Oliveira recebem o Prêmio de Melhor Filme na categoria Júri Popular

a exibição de dois filmes que contam a sua história: Olhar de Nise, o documentário, e o Coração da Loucura, ficção, já em exibição nos cinemas”. DEPOIMENTOS “Olhar de Nise é simplesmente um filme apaixonante. Enquanto o Coração da Loucura exibe Glória Pires no papel da Nise, o que assistimos no documentário de Jorge Oliveira é a própria Nise narrando a sua vida. Nunca assisti até hoje um filme que me emocionasse tan-

to”, disse Marlene, psiquiatra, depois de sair da sessão com lágrimas nos olhos. A exemplo de Marlene, outros espectadores deixaram a sala do cinema elogiando o filme e a qualidade da produção, destacando principalmente a arte, o áudio e o refinamento do documentário, além das cenas de reconstituição de cenas e os entrevistados que garantiram o conteúdo da história de Nise da Silveira. Exibição de Olhar de Nise contagiou também o estudante universitário André Arieta, que

comentou sobre o filme depois da sessão: “Vi Olhar de Nise no FAM e foi foda, fiquei muito emocionado, não lembro se algum filme que eu já tenha visto me afetou tanto assim, acho que foi uma profunda empatia com os artistas do Engenho de dentro, e a expressão artística como veículo da emoção. Isso sem falar da luz, do fogo de Nise, e seu brilho solar. Obrigado equipe do FAM pela possibilidade de poder apreciar e sentir uma obra de tamanha magnitude”.


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Jornalista Teófilo Lins

HISTÓRIA DE ALAGOAS LÍDER DA SUA CATEGORIA E FUNDADOR DO SINDICATO DOS JORNALISTAS FOI PRESO PELA DITADURA MILITAR EM 1964

Teófilo Lins era da velha guarda do Jornal de Alagoas

EDBERTO TICIANELI Jornalista

O

jornalista Teófilo Alves Lins nasceu no Povoado Poço Grande, em Pão de Açúcar, Alagoas, no dia 24 de julho de 1930. Filho de Manoel Pedro Lins e Aurelina Alves da Cruz, em sua terra natal foi aluno da primeira turma da Escola Estadual Bráulio Cavalcante, onde estudou até o 4º ano primário. Veio para Maceió com a mãe no início dos anos 40 para estudar no Colégio Guido de Fontgalland. Com 19 anos, em 1959, foi trabalhar no Sesi, ao mesmo tempo que também ingressava no jornalismo, no Diário de Alagoas. Casou com Lionete Acyoli Lins, com quem teve três filhos: Teófilo Alves Lins Júnior, já falecido, Yara e Jaciara Acioly Lins, que lhes deram três netos, Pedro, Paulo e Tomas. Sua atuação destacada no jornalismo o levou a liderar a categoria em várias lutas. Esse compromisso com a profissão colocou-o como um dos fundadores e dirigente do Sindicato dos Jornalistas em várias diretorias. Também participou da fundação do Comando Geral dos Trabalhadores – CGT e foi um dos seus dirigentes. Por ter vínculos com os dirigentes comunistas Nilson Miranda e Jayme Miranda, Teófilo foi preso durante o Golpe Militar de 1964. Sua irmã, Maria Lêda Lins, em recente depoimento à Comissão da Verdade dos Jornalistas. lembrou que ele “sempre foi conciliador e conseguia trabalhar com todos os segmentos políticos, sem problemas. Ele tinha amigos que eram comunistas e por conta disso achavam que ele também era militante e que era comunista”.

Teófilo Lins continuou participando do movimento sindical dos jornalistas até os anos 80

Em 1963, na segunda quinzena de janeiro, Teófilo participou do 1º Congresso Brasileiro de Radialistas em Porto Alegre. Nesta época também trabalhava no departamento de notícias da Rádio Difusora de Alagoas. A delegação alagoana era composta ainda por Cláudio Alencar, Nilton de Oliveira, Umberto Guerrera, Jorge Lamenha Lins (Marreco) e Eliezer Inácio da Silva. A delegação alagoana foi recebida por Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul. A PRISÃO Uma das primeiras ações dos golpistas em Alagoas foi calar a imprensa e prender jornalistas. A maior vítima foi o jornal A Voz do Povo, onde Teófilo escrevia como colaborador. Segundo Lêda Lins, ao ver seus amigos sendo procurados e presos, Teófilo sabia que mais cedo ou mais tarde também seria detido. “O Teófilo já tinha dito que não queria dar o prazer à polícia de prendê-lo e que preferia se entregar”. Dias após o Golpe de 1964, Teófilo Lins estava dormindo

na casa onde morava, na Rua João Severiano, sem saber que a polícia estava a sua procura na casa da sua mãe, na Rua Cláudio Manoel, na Ponta Grossa, onde revistaram tudo à procura de documentos e livros. Teófilo, acordado pela mãe, que se deslocou até sua casa para avisá-lo, trocou de roupa e correu para a Rádio Difusora, que naquela época funcionava na Rua Pedro Monteiro. Segundo Cláudio Alencar, no livro Histórias do Rádio, Teófilo estava sabendo que seria preso e o procurou apreensivo. Alencar estava respondendo pela direção da Rádio Difusora e resolveu esconder o amigo no primeiro andar do prédio, onde ficavam o auditório e os estúdios de locução e da técnica. No dia seguinte pela manhã, a Difusora foi invadida pela polícia civil comandada pelo investigador Barbosa. Cláudio Alencar se deslocou para o local, protestou contra a invasão e ameaçou ligar para o governador denunciando a arbitrariedade. Com isso, a polícia se retirou e Alencar, aliviado, foi ver como estava Teófilo. Para sua surpresa ele

não estava mais lá. Segundo sua irmã Lêda Lins, ele se entregou no outro dia, após a intervenção de Divaldo Suruagy, então secretário da Fazenda e da Produção do governador Luiz Cavalcante. “Ele nunca esqueceu isso e o Suruagy chegou a ser padrinho do filho dele”. Teófilo passou três meses detido. No início, na antiga Cadeia Pública de Maceió, mas depois foi transferido para o xadrez da 20ª CSM. “Minha mãe sofreu muito. Ela ficava angustiada quando ia visitá-lo. Ele se dizia muito magoado e injustiçado com a prisão. Acredito que prenderam ele para ver se ele falava alguma coisa dos amigos, mas ele era firme e nunca falou nada”, lembra sua irmã Lêda Lins. Meses após, em liberdade, Teófilo voltou a trabalhar como jornalista. Uma das marcas deixadas por Teófilo foi a de ter sido o primeiro jornalista a escrever sobre automobilismo em Alagoas. Mas, mesmo quando escrevia sobre automóveis, Teófilo fazia um jornalismo de denúncia. Foi assim que novamente se viu como vítima de perseguição. O motivo,

desta feita, estava longe de ser a proximidade com o PCB. Em 1975, uma reportagem assinada por ele denunciava que o automóvel Passat, da Volkswagen, tinha problemas de aerodinâmica, o que estaria provocando vários acidentes. Essa mesma denúncia já tinha sido feita uma semana antes no jornal A Tarde, de Salvador. Joaquim Monteiro de Carvalho, um dos maiores acionistas da Volkswagen no Brasil, não gostou e intercedeu junto aos proprietários da Gazeta de Alagoas, pedindo o afastamento do jornalista responsável pela matéria. Ao morrer, no dia 19 de maio de 1994, Teófilo Lins tinha realizado o sonho alimentado desde criança que era o de ser jornalista. Trabalhou no Diário de Alagoas, Gazeta de Alagoas, Jornal de Alagoas, Tribuna de Alagoas, Jornal de Hoje e foi editor do Semeador, jornal da Arquidiocese de Maceió. Em sua homenagem, Maceió tem hoje a Av. Jornalista Teófilo Alves Lins, no Clima Bom. Seguindo os passos de Teófilo Lins, seu sobrinho Rodrigo Lins é também jornalista e trabalha na área da comunicação como repórter cinematográfico. Fonte: Informações da família, depoimento de Lêda Lins à Comissão da Verdade dos Jornalistas Alagoanos e o livro Histórias do Rádio, de Cláudio Alencar, 2004.


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Militar divulga seu livro “O Poder da Pulseira e do Fogo”

A ORDEM FERIDA

ELIAS BARBOZA PROPÕE DEBATE ACERCA DA CAÓTICA SITUAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA BRASILEIRA

MARIA SALÉSIA sallesia@hotmail.com

O

sargento da Polícia Militar de Alagoas, músico e jornalista Elias Barboza lançou em 2015 o livro “O poder da pulseira e do fogo: A ordem ferida, o dever, a honra e a farda em 30 anos divulgados na imprensa brasileira”, durante a 7ª Edição da Bienal do Livro, em Maceió, mas a divulgação continua a todo vapor. O militar disse que o interesse pelo tema surgiu após ler uma reportagem publicada pela revista Veja, em 1995, intitulada “O poder da pulseira e do choque”, que retratava a tortura sofrida por pessoas em delegacias para confessar crimes, muitos nem praticados. Segundo o autor, o livro não pode ser considerado como nova denúncia, pois todos os casos citados na obra foram divulgados em revistas e jornais do País. “A intenção é abrir um debate acerca da caótica e grave situação da segurança pública brasileira”, disse o escritor ao acrescentar que o ponto central da obra são os desvios de conduta, crimes e corrupção, presentes também nas polícias Civil e Federal. O livro prende o leitor do começo ao fim. Cada história contada remete a reflexão e chama a atenção sobre a violência, seja ela praticada pela polícia ou sofrida por ela. Na obra, Barboza mostra que a problemática da violência policial é constante. “Não se pode fugir do debate; a rigor, o respeito e a ordem não podem ser quebrados ou vilipendiados por nefastos que representam o Estado. Ao ingressar na carrei-

ra policial, todos fizeram seus juramentos: ‘proteger a sociedade dos foras da lei’”, afirma o militar escritor. Elias Barboza argumenta que o País cresceu, os efetivos das PMs do Brasil aumentaram e com isso alguns comandos perderam o controle de seus batalhões. “Homens treinados para policiar as cidades, agora, já assustam com violências e corrupção. A corrida pelo eldorado seduzido pelo dinheiro rápido, desperta nos fracos de personalidade o desejo insano para o mundo do crime”, lamentou. No Capítulo II- “No delírio do poder e da impunidade”Barboza relembra o caso de dois policiais alagoanos que terminou de forma trágica por uso de drogas. O primeiro foi a morte da 2º sargento Iara Laura Silveira,43, assassinada em 2008, em uma boca de fumo na Vila Brejal, em Maceió. O outro, também de grande repercussão à época, foi do soldado PM Dener Esteves, 40, que em 2010 morreu de overdose. “O número de policiais militares usuários de drogas nas PMs do Brasil se multiplica,”, afirma Barboza em seu livro. O caso do jornalista da Rede Globo Tim Lopes, morto por traficantes na favela da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, em 2002, também está narrado na obra do militar. Em “As milícias que afrontam a ordem no Brasil” Barboza remete o leitor à Guerra de Canudos (BA) em 1896, quando Antônio Conselheiro preparou uma milícia. Passeia por outros momentos da história e vai até “Os grupos de militares ou ex- que agem ao bel prazer

Elias Barboza faz passeio pelos casos policiais mais emblemáticos

com violência armada nas comunidades pobres do Rio de Janeiro”, sem esquecer-se de falar do crime organizado. Para reavivar a memória ou até mesmo conhecer um pouco mais sobre o crime em Alagoas, basta ir até a página 72, onde Barboza conta em “Magistrados e advogados na mira das balas” um dos episódios mais marcantes de Alagoas. E volta ao tempo ao narrar a saga da família do excabo Henrique, “personagem principal de uma história de

dor, violência e mortes”, e da família de Ernesto e Paulo Calheiros. O episódio aconteceu em 1982, mas ainda continua vivo na memória alagoana. A pesquisa foi intensa e o escritor nos remete ainda ao ano de 1968 quando o coronel Adauto Gomes Braboza foi assassinado dentro do quartel da Polícia Militar de Alagoas. Para saber o desfecho, o leitor deve ir até a página 95, no capítulo IV, que trata da “Corrupção e assassinatos praticados por policiais em Alagoas”.

A história do ex-coronel Manoel Cavalcante “bem que merecia um romance policial”, diz Barboza no livro. Mas, reservou um capítulo para falar sobre o caso, “A gangue fardada, prisão do ex-coronel e sentença condenatória, em Maceió”. Na verdade, esta parte é outra passagem bastante interessante do livro. O militar escritor falou ainda dos grupos de extermínios em Alagoas, a pistolagem que aterroriza o Nordeste e casos que marcaram a violência policial no Brasil. Passa por Sergipe, Ceará, Diadema (SP), Rio de Janeiro, entre outros. Mas o autor teve também o cuidado de mostrar o outro lado. E em “Policiais na mira: réus ou vítimas de uma vocação” ele mostra que “muitos PMs têm morrido no cumprimento da missão.” E mais: “A rigor, a violência de polícias, mortes trágicas de policiais e prisão de policiais, tem chegado ao limite da tolerância dos que fazem a segurança no país”, relata Elias Barboza. O AUTOR O sargento Elias da Silva Barboza é graduado em Jornalismo e Música pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Fez o Curso de Formação de Sargentos em 2008, em Alagoas. Dentre as unidades que o militar já atuou, destacamse o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran); o 1º BPM; Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP); Companhia de Choque; e no interior no 3 º, 7º e 11º batalhões. Auxilia a 4ª Seção do EMG e integra a Banda de Música da PM.


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ARTIGOS

CLÁUDIO VIEIRA

Advogado e escritor, membro da Academia Maceioense de Letras

De Machado a Molière

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literato há de supor, pelo título da crônica, que estarei a falar de Machado de Assis e do dramaturgo francês Jean-Baptiste Poquelin, mundialmente conhecido por seu pseudônimo, Molière. Acerta pela metade, pois o Machado da

A forte comédia de Molière legou à língua portuguesa substantivo, adjetivo, verbo e advérbio derivados de TARTUFO. crônica não se trata do nosso maior escritor, mas de um certo Sérgio Machado, ex-senador e ex-presidente da Transpetro, uma empresa nacional a mais espoliada pelo próprio

e seus padrinhos políticos Renan Calheiros, Romero Jucá, Jader Barbalho, Edison Lobão e o onipresente José Sarney. Explicado o título, devo esclarecer qual a relação que encontro entre o literato francês do século XVII e o delator (premiado) brasileiro dos séculos XX/XXI. À primeira vista, improvável qualquer nexo entre os dois, separados por cinco séculos, sabendo-se que do Machado “denuncista militante” se desconhece pendores literários. A comparação, todavia, veio-me da leitura do bem posto artigo de Roberto Pompeu Toledo (Veja, 22/06/2016), no qual ironiza o nome TARTUFO atribuído ao trust do rapinador da Transpetro. TARTUFO é título e personagem de peça de Molière, na qual o mestre da comédia francesa debocha da

A vida começa aos 50. E eu posso provar isso para você

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ompletei meio século de vida há poucos dias. Com a experiência que tenho acumulado, sinceramente posso dizer que hoje sou mais paciente, mais humilde, mais tolerante. Mas, principalmente, sou mas feliz e sei o que quero. 50 anos! Dependendo do tom isso pode soar como algo duro, pesado, cansado. Mas afinal de contas, é apenas um número. Um tempo al-

Aos cinquenta anos percebo quanto posso ser relevante para a vida de outras pessoas. Aprendi a ouvir e a admitir meus erros. cançado na existência. E dependendo de sobre quem você está falando, terá sido uma jornada enriquecedora. Sim, datas redondas sempre convidam à reflexão, sobretudo quando estamos falando de encher o coração e cabeça de sonhos e planos. Claro que essa é uma idade que muita gente parece temer alcançar, mas chegar até aqui realmente é de-

licioso. Mais que uma data que todos deveriam almejar, sei que atingir esse momento é como ganhar um presente para celebração da vida. Para continuar caminhando. Para seguir vivendo mais e mais enquanto a vida nos oferece a oportunidade para a gente ter um olhar otimista sobre o cotidiano. Completar ano é crescer. Sempre foi assim. Entendo que ganhar maturidade pode melhorar qualquer pessoa. Esse é o lado bom da maturidade: poder encarar a vida com determinação para crescer e melhorar. Disse acima que hoje sou mais paciente. Pode parecer uma contradição, mas neste momento eu não tenho muito tempo. Não tenho tempo para as urgências excessivas que tinha quando era mais jovem. Agora penso antes de agir, e sei que tudo se constrói em seu próprio tempo. Recordo quando iniciei no mundo da hotelaria. Queria que as respostas fossem sempre imediatas. Agora sou mais meticuloso, mais exigente. Não preciso de imediatismos vazios.

hipocrisia da sociedade francesa de sua época, afeita à corrupção e ao apadrinhamento político de servidores públicos ocupantes de cargos relevantes. Tudo bem atual entre nós. A forte comédia de Molière legou à língua portuguesa substantivo, adjetivo, verbo e advérbio derivados de TARTUFO. Provocado pelo excelente artigo, vou ao AURÉLIO e lá, no verbete tartuficar, encontro os seguintes significados: enganar, embair, iludir, seduzir, com tartufices. Eis como encontrei a relação entre o Machado, da política brasileira, e Molière. Aliás, essa relação não se resume ao delator da Lava Jato, mas aos políticos que fingem nos representar, que nos enganam, nos iludem e nos seduzem com tartufarias. Nesse ponto, para ser fiel

à origem da palavra, lembro que a língua francesa também alberga o termo TARTUFFE com significado igual ao nosso. Essa constatação deixa-me em dúvida se o dramaturgo criou a palavra ou se já a teria encontrado posta no léxico do seu país. Independentemente das digressões linguísticas, infelizmente, em nossa sofrida Pátria, os tartúficos são quase todos os representantes políticos, incômoda maioria que atua tartuficamente nos governos e nos parlamentos nacionais. Duvidam da generalização? Não precisamos ir muito distante para constatarmos a verdade dessa observação, bastando ligeira vista d’olhos sobre os nossos próprios próceres, quase todos de alguma forma envolvidos com a Lava Jato e quejandas.

JÂNIO FERNANDES Restaurateur

A juventude parece tornar todo mundo arrogante. Me lembro de palavras que disse. De coisas que fiz e atitudes que tomei em determinadas situações. Em muitas delas eu poderia ter agido diferente. Aos cinquenta anos percebo quanto posso ser relevante para a vida de outras pessoas. Aprendi a ouvir e a admitir meus erros. Mas isso não foi algo mágico ocorrido ao completar a nova idade, é claro, isso é parte do processo lento e continuo. O carinho familiar e a genética formam dois grandes pilares de minha felicidade. Minha adolescência e juventude foi acompanhada de amores e amigos. Eles foram fundamentais para minha formação. Agora já acumulo trinta e cinco anos de experiência profissional. Comecei a trabalhar aos 15 anos. Me reinventei várias vezes. Me adaptei às mudanças. Me adaptei ao mudar de cidade, de país, de língua, de cultura e de trabalho. Isso me valeu

mais que é uma formação. Foi meu doutorado, adquirido com esforço e muita paixão pelo que faço. Penso que isso me traz confiança e autoridade. Algo que aos vinte anos eu não tinha. Sei perfeitamente que quero continuar inspirando pessoas. Quero vê-las crescer. Quero seguir escrevendo com a suavidade de quem caminha na praia. Quero viajar. Mas não quero viajar sozinho, quero ter minha companheira ao meu lado. Quero seguir jogando tênis. Quero dançar e seguir aprendendo. Quero correr, sorrir, amar e viver. Uma pessoa não envelhece vivendo uma certa quantidade de anos, uma pessoa envelhece pelos seus medos, e seus temores de sentir-se com espírito de gente maior. Quando você completar 50 anos, sugiro que tenha em conta que o “riso” é a vitalidade da alma. E que a única coisa que nos distingue dos jovens é a experiência.


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ARTIGOS

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JORGE MORAES Jornalista

A mesma conversa mole

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auditoria feita pelos técnicos do Senado da República nas contas da presidente licenciada Dilma Rousseff apontou como resultado parcial que não houve “pedalada” do governo, mas mostrou outras irregularidades, o que não muda em nada o quadro em relação ao afastamento e a possibilidade de aprovação do impeachment da maior autoridade do País,

Sabe o que acho mesmo: o Brasil precisa ser passado a limpo de cabo a rabo. Mas eleições gerais vão resolver os nossos problemas? É outra dúvida. que está recebendo sem fazer nada. Com base nessas informações, os parlamentares defensores da volta de Dilma Rousseff estão mais assanhados do que antes. Voltaram aos microfones e aos discursos mais inflamados do que nunca, tudo pela possibilidade de enganar, mais uma vez, o povo com

a mesma ladainha. Esquecem os ditos cujos que quem tem roupa suja para lavar, não fala da roupa dos outros. Quem tem telhado de vidro, não joga pedra no telhado de vidro dos outros. É o caso da inconseqüente e chata senadora Gleisi Hoffmann que, mesmo com todas as provas contra o seu marido Paulo Bernardo, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, preso por desvios de verbas de empresas ligadas ao governo e por tráfico de influência dentro dos seus ministérios, a metralhadora da Gleisi continua alimentando um discurso cansado e faltando com respeito aos seus colegas senadores. Abro um espaço no assunto para lançar um concurso: quem é mais chato Lindbergh Farias ou Gleisi Hoffmann? Um no outro não quero torna. Pense em duas figuras asquerosas e comprometidas com um discurso cansativo e que não empolga mais ninguém. É como querer defender o indefensável. Eles tentam cobrir o sol com uma peneira, diante de todas as

Impunidade pública

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uvi na TV uma frase de um economista de renome nacional que me deixou irritada e impressionada: “Já prenderam os empresários, os doleiros, os intermediários, mas a maioria dos políticos corruptos continua solta. Então, pouco muda o cenário político brasileiro”. Concordo plenamente com tudo isso e não me canso de repetir denúncias contra o Poder Legislativo de Alagoas. Nada muda. Parece até, a “Velhinha de Alagoas” pedindo socorro às autoridades e não escutando respostas. Nesses 40 anos de Assembleia Legislativa só vejo as coisas piorarem. Quando,

Os comissionados do Legislativo eram 10 por deputado (270). Aos pouquinhos o número foi crescendo e atualmente são mais de 800, com salários dobrados. após a Constituição de 1989, nós, servidores, adquirimos o direito de formar nosso sindicato e reclamar nossos direitos na Justiça, obtivemos algumas vitórias; a realidade era outra. Darei um exemplo bem simples: quando o TJ nos dava ganho de causa em qualquer processo, a Mesa era obrigada

a obedecer; hoje, já ganhamos duas vezes a mesma ação (reajuste salarial de 15%) e os dirigentes não cumprem, desobedecem, “empurram com a barriga” e nada acontece. Na época em que denunciei enxertos na folha de pagamento, foi um horror. “Ela vai ter que provar na Justiça” dizia o presidente da Casa. E nós chegamos a 5.000 funcionários ativos. O PDV (Plano de Demissão Voluntária) amenizou a questão e resolveu muito pouco. Os comissionados do Legislativo eram 10 por deputado (270). Aos pouquinhos o número foi crescendo e atualmente são mais de 800, com salários dobrados. Todas as autoridades sabem disso. Por incrível que pareça o Legislativo passou mais de 10 anos sem pagar o terço de férias a seus servidores. Reclamações administrativas, ações na Justiça, nada adiantaram! E um segundo-secretário, “eminência parda” do Poder, dizia alto e em bom som: “Não pago férias porque vocês não trabalham”. O tempo foi passando e agora eles pagam a metade do terço de férias. E nada acontece. A mais recente novidade é não pagar o auxílio permanência para as pessoas que completaram o tempo de serviço e continuam trabalhando. O primeiro-secretário diz: “Não é porque o Procurador é bonzinho

provas de roubos do dinheiro público. Nem o Lula, que é o todo poderoso do Partido dos Trabalhadores e chefe maior desses quadrilheiros, tem tanto discurso assim. Voltando ao assunto Dilma Rousseff, quem acredita que ela possa ainda voltar ao comando do país? Eu mesmo não acredito nessa possibilidade. As chances são tão pequenas que quase não existem, mesmo que ela esteja falando em um governo diferente. Como, depois de tantos escândalos, alguém pode falar em governo diferente? Por onde ela vai começar: sem o PT na administração, o maior responsável por todos esses escândalos, sem a participação de outros partidos e quem vai sobrar limpo para ajudar a governar? E Michel Temer: será mesmo que o presidente recebeu a visita do Eduardo Cunha, lá no Palácio do Governo? Se isso ocorreu, estamos perdidos. Não podemos acreditar mais em ninguém, pois isso seria o fim

da picada. Como um presidente da República aceita conversar com um homem condenado a terminar seus dias na prisão. Eles se encontraram para conversar o quê? Sabe o que acho mesmo: o Brasil precisa ser passado a limpo de cabo a rabo. Mas eleições gerais vão resolver os nossos problemas? É outra dúvida. Quem está preparado para assumir e que seja ficha limpa? Com Dilma ou sem Dilma não acredito em mais nada. Estamos ferrados e mal pagos. Do jeito que as coisas estão caminhando, gostaria de escrever um palavrão (estamos ...). Finalizando, meus amigos leitores, desculpem os meus desabafos e acho que as preocupações são suas também. Depois de tudo o que aconteceu durante esta semana, não sei se devo continuar com esperança, se entrego os pontos ou se continuo lutando, achando que um dia, como é contado nas histórias infantis, poderemos viver felizes para sempre.

ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

que vou pagar o auxílio permanência”. Na semana passada estourou outro escândalo: o presidente e o vice-presidente da ALE estavam desobedecendo à Justiça, pois não queriam cumprir o acordo do Imposto de Renda; seriam obrigados a depor coercitivamente e pagar multa diária de sessenta e um mil reais. Sabem o motivo? Descontavam os valores dos nossos salários e não os repassavam a quem de direito. E a dívida cresceu assustadoramente! Outro fato ridículo é a situação dos aposentados da ALE: de repente, foram jogados no Alagoas Previdência e serviram de peças de manobra entre Executivo e Legislativo. Até hoje não sabemos onde está a verdade. Quem saiu ganhando no acordo? Com certeza não foram os “velhinhos”. E o presidente do Legislativo afirma emocionado: “Os aposentados estão no meu coração”. Só rindo com a afirmação! Além de mais de 800 comissionados e uns 500 funcionários ativos, a Mesa alimenta e humilha os prestadores de serviço. Contratou uma empresa para administrar algumas pessoas e agora está na Justiça.

Por que? Quem sabe! Coisa boa não pode ser. Outro mistério de filme de terror é o salário dos deputados. Dou um doce a quem acertar. Ele deveria ser composto de verba de gabinete mais o salário propriamente dito, congelados há quatro anos para prejudicar os servidores que atingiram o teto constitucional. Deveria, digo eu. Mas não é a realidade. Uma prova disso: no ano passado, uma deputada entrou no elevador e afirmou: “Estou danada com fulano (primeiro-sSecretário); não depositou a minha cota mensal”. Cota de que? Quem sabe? Pois bem, leitores, estes homens eleitos pelo povo continuam dirigindo os destinos do Legislativo alagoano, humilhando os ativos, inativos e pensionistas, usando o dinheiro público de maneira ilegal e rindo de nós todos. É preciso intervir na Casa de Tavares Bastos, levantar os erros e punir os culpados, ou chegaremos ao caos. O economista da TV tem razão. O que acontece na ALE é uma verdadeira impunidade pública!!!


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REPÓRTER ECONÔMICO

Cuidados com a recessão O Brasil fechou o primeiro semestre de 2016 com 60 milhões de consumidores inadimplentes, o que representa algo em torno de R$ 225 bilhões de dívidas não quitadas. É um número assustador, que tende a aumentar se a recessão se prolongar por mais tempo. Mais: esse número não representa a grande quantidade de consumidores do crédito consignado, já que esse sistema não registra inadimplência, por ser descoNtado diretamente do salário pago a aposentados, pensionistas e pessoal da ativa. O desemprego ronda constantemente as empresas, por isso é importante que não se faça empréstimo de longo prazo no crédito consignado. A dívida não paga diante do desemprego, jamais será anistiada pelo credor. A anistia é só em caso de morte. Procure se disciplinar para não precisar assumir um compromisso com prazo de até mais de cinco anos. Sobreviva de acordo com o que ganha, comprando sempre à vista e sempre pesquisando, já que os preços oscilam muito de um local para outro.

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JAIR PIMENTEL jornalista.jairpimentel@gmail.com

Fuja dos juros Os juros cobrados no cartão de crédito parcelado e cheque especial são infinitamente superiores aos utilizados no crédito consignado, por exemplo. Jamais use seu cartão e pague apenas o mínimo da fatura, o mesmo ocorrendo com o cheque especial. A dívida vai aumentando e se torna impagável.

Acompanhando Seja um consumidor atento ao que vem ocorrendo na política e economia brasileira, lendo jornais, revistas, assistindo noticiários na TV, ouvindo rádio e acessando a Internet. Monte seu orçamento doméstico e siga à risca a receita e despesa, jamais comprando por impulso e produtos supérfluos.

Suas compras Ao se dirigir às compras mensais ou semanais, no caso do casal, deve ir o mais disciplinado, levando a lista e só comprando o que estiver anotado. Troque de marcas. As opções são muitas. Mas evite os produtos importados, que seguem o dólar em alta constante. Prefira os produtos nacionais similares, que fazem o mesmo efeito. Troque também de supermercado, procurando saber qual o que vende mais barato.

Orgânicos Opte por produtos (hortifrutigranjeiros) comprovadamente que utilizam adubo orgânico no plantio, evitando o verdadeiro veneno do agrotóxico. Também evite os enlatados. Peixe, só fresco mesmo, comprado nas balanças a beir-mar ou no Mercado da Produção preferencialmente os de alto-mar.


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S.O.S. ALAGOAS

Lei mais rigorosa

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lanalto sancionou a Lei de Responsabilidade das Estatais. É proposta aprovada na Câmara e no Senado. E visa tornar mais rigorosas condutas para compras, licitações e também nomeação de diretores e presidentes nas empresas públicas e de sociedade mista. “É gesto altamente moralizador,” disse Paulo Rabello de Castro, presidente do IBGE.

CUNHA PINTO

Está demais

Merece atenção

No sábado da semana anterior o site G1 divulgou chamadas de notícias focando a violência nos estados do Nordeste. Alagoas teve um bom espaço nas estatísticas de homicídios, a maioria ocorridos no interior.

O IMA lembra a fiscalização como permanente e que também multou em Santana do Ipanema uma distribuidora de gás que não estava dentro das normas recomendadas. Equipes prosseguem monitorando e fiscalizando os municípios do Sertão até Maceió.

Cartão de crédito

Financiamento

Em Jundiaí, São Paulo, foi lançada proposta para tentar minimizar assaltos em ônibus, linhas urbanas: pagar passagem com cartão de crédito e em Maceió usuários simpatizam com ideia. Agiliza a passagem na catraca. E empresários analisam a proposta como?

Caixa Econômica Federal faz análise de proposta para financiar imóveis usados em até 70% do preço de mercado. Informação foi divulgada no jornal da TV Globo e citou como prazo para quitação de débito, mas sob análise, de 30 anos e valor do financiamento sendo definido por região.

Código Penal

Tarifas reajustadas

Maceioense acha melhor esperar para opinar sobre sugestões do Ministério Público para renovar as leis penais e processuais no Código Penal que foram entregues no Congresso Nacional. Advogados são favoráveis.

Escassez de água Deputados Luís Dantas, Alcides Andrade, Inácio Loiola, Rodrigo Cunha, Galba Novaes e Jó Pereira debateram com moradores de Piaçabuçu a escassez e a má qualidade da água que é distribuída no município. Ausência de representante do governo federal, convidado, foi também merecedora de crítica.

Descaso Deputado Alcides Andrade definiu como “lastimável a prestação de serviço e liberação de água em Piaçabuçu e vizinhança apenas quatro horas/dia”. Ele propõe ampliar o debate para Assembleia com participação ainda de representantes dos governos federal e estadual e da região ribeirinha.

Limite de gastos Em outubro, nas eleições municipais, as prestações de contas não mais serão feitas através dos comitês financeiros. E mais: findo o processo eleitoral caberá ao pleno do TSE julgar prestações de contas rejeitadas pelos tribunais regionais eleitorais.

Advertência do TSE O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vem recomendando que os candidatos, seja a prefeito ou vereador, tenham atenção para as alterações na Reforma Eleitoral de 2015 (Lei nº 13.165) e a ver limites de gastos. Principalmente no período da campanha

Tabela explicita TSE postou na sua página eletrônica tabelas com os valores por município. É material anexado na Resolução nº 23.459 situada no link “Normas e documentações das Eleições de 2016”.

Políticas públicas

Em Murici, e à frente Renata Calheiros, foi lançado projeto com proposta de fortalecer e ampliar no estado políticas públicas que beneficiem recém-nascidos e crianças até 6 anos de idade. São propostas a serem aplicadas nas áreas da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social.

Exemplo Renata Calheiros analisa a proposta como “importante para amadurecer ações no estudo da primeira infância” e os técnicos admitem que, no caso de vir a dar certo, poderá ser estendida estado afora.

Esquema de propina Sérgio Machado, acusado em atos de corrupção e hoje preso em Brasília, deu datas e detalhes sobre uma propina distribuída e confirmou que entre políticos havia pedidos e um percentual da parcela recebida. Gravações descrevem o esquema que foi usado no desvio do dinheiro.

Mais acusações Revelou ainda, Sérgio Machado, que tratava da propina com 12 fornecedores da Transpetro e também presidentes e donos de empresas com quem tinha contato direto. E acrescentou que o PMDB esteve no topo da lista e embolsou R$ 100 milhões.

Irregularidades O Instituto do Meio Ambiente (IMA), em uma fiscalização recente, flagrou dois postos de combustíveis funcionando sem atenção às leis. Um em Ouro Branco e outro em Canapi. Foram flagrados com documentação vencida e multados em R$ 11.390,00.

Correios, autorizado pelo governo federal, reajustou em 10,7% os valores das taxas de serviços prestados, isso a nível nacional e internacional. É o segundo em menos de um ano. O primeiro ocorreu em dezembro com percentual de 8,89%.

NOTA ESCLARECIMENTO

O restaurante Bistrô Fernandes, representado pelo sócio administrador Jânio Fernandes, esclarece que diferente do que foi veiculado nos meios de comunicação alagoanos nesta terça-feira, dia 28 de maio de 2016, o restaurante não é alvo de investigação da operação “Brotherhood” deflagrada pela Polícia Federal em parceria com o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle (MTFC), antiga Controladoria-Geral da União (CGU). Na oportunidade, o Bistrô Fernandes está colaborando com as autoridades policiais e judiciárias a fim de que as mesmas possam cuidar de responsabilizar os envolvidos. O estabelecimento tem um sócio investidor que atua no segmento alimentício e já prestou esclarecimentos a polícia, sendo liberado logo em seguida. Todos que fazem o Bistrô reiteram que repudiam qualquer ação fraudulenta.


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MEIO AMBIENTE

Coral Vivo

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Projeto Coral Vivo acaba de lançar o livro “Conhecendo os Recifes Brasileiros: Rede de Pesquisas Coral Vivo”, uma compilação de 360 páginas que abordam desde aspectos mais técnicos, até poluição, turismo e preservação. O livro é o primeiro de divulgação científica sobre o tema, em português e discute questões relevantes para a conservação e o uso sustentável dos recifes de coral brasileiros.

JULLYANE FARIAS meioambiente@novoextra.com.br

Conservar

Arararinha-azul

A Declaração de Compromissos que foi assinada por pesquisadores e organizações não governamentais, em Lima, no Peru, durante a Conferência Internacional das Águas Amazônicas, tem como objetivo expandir a abordagem da Bacia Amazônica, fortalecer o manejo de pesca, promover pesquisas e buscar a compreensão dos impactos ambientais.

A Ararinha-azul é considerada extinta na natureza, mas um vídeo publicado no YouTube na última sexta-feira (24), mostrou a ave voando em Curaçá, na Bahia. Segundo os especialistas, esta ararinha talvez seja uma ave de cativeiro, não registrada. O ICMBio e a SAVE Brasil estão organizando um grupo para vasculhar a região com o objetivo de localizar a ararinha e garantir sua segurança.

Desmatamento O desmatamento acumulado na Amazônia caiu 10% este ano em comparação com o mesmo período no passado: atingiu 2.068 quilômetros quadrados (km²), contra 2.286 registrados no mesmo período do ano passado. Entretanto, desde fevereiro os alertas de desmatamento voltaram a crescer. O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), em seu último relatório, registrou que no mês de maio houve uma perda florestal 22% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Detectou-se 474 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, o equivalente a quase 12 Parques Nacionais da Tijuca em apenas um mês.

Santuário de Baleias Foi aprovada pelo Comitê Internacional da Baleia (CIB) a criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul. A proposta é de reafirmar os interesses de conservação para pesquisa, e na promoção do uso não letal e não extrativista das baleias, especialmente sua observação. Se aprovado na próxima plenária da CIB, em outubro, o Santuário de Baleias do Atlântico Sul será o terceiro do tipo, juntamente com o Santuário do Oceano Índico, criado em 1979, e o Santuário Meridional ao redor da Antártica, criado em

Poluição Os poluentes liberados para a atmosfera pela queima da lenha em restaurantes foram colocados em evidência num artigo publicado este mês na revista científica Atmospheric Environment. Em São Paulo, são assadas cerca de um milhão de pizzas diariamente, em 8 mil pizzarias. Isso equivale a mais de 7,5 hectares de floresta de eucalipto sendo queimados a cada mês. Os efeitos da queima de lenha e carvão devem ser uma preocupação real quando se pensa em qualidade do ar.

1994.

Floresta Nacional do Jamanxim Durante uma operação do Ibama de combate ao desmatamento e garimpo dentro da Floresta de Jamanxim, no Pará, no dia 17 deste mês, um policial foi morto. A emboscada contra a operação ocorreu por volta das 15h30, numa estrada conhecida como Vicinal da Francy, a cerca de 80 quilômetros da área urbana. Ao destruir um acampamento de madeireiros, a equipe foi atacada a tiros e o sargento João Luiz foi baleado no pescoço e no ombro e morreu a caminho do hospital.

Mesa Brasil Sesc O Programa Mesa Brasil busca alimentos onde sobram e entrega onde faltam, além de atuar do atendimento de vítimas de eventos naturais. De um lado, contribui para a diminuição do desperdício, e de outro, reduz a condição de insegurança alimentar. Só este ano já foram distribuídos 12.331.528 kg de alimentos. São 1.599.414 pessoas atendidas por dia, 60.097.533 refeições complementadas, 3.087 empresas parceiras (doadores sistemáticos), 88 unidades em funcionamento em todo o Brasil e 480 cidades na abrangência.


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Na vizinhança do G-4

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CRB, agora no G-4 da Série B, pega neste sábado à noite o Goiás, no Rei Pelé. É páreo duro mas o Galo tem time para surpreender. A vitória da terça-feira em Goiás, 3x1 sobre o Joinville, transmite à torcida confiança para lotar a estádio.

Análise do jogo Zé Carlos, no Paraná, estreou no CRB e mesmo ainda sem estar em plenas forma e entrosado no time deixou marca de artilheiro. Fez o gol de abertura do placar ((3x1)fora de casa, mas a mídia local achou que “faltou sorte para o time. Não foi bairrismo?

Figa positiva Torcedor do CRB não vê motivo para desânimo. A Série B está ainda na 13º rodada do primeiro turno e oferece ainda caminho longo pela frente e o Galo tem comando técnico e plantel que permite otimismo.

Estreia de Zé Carlos Na terça-feira no Paraná após o confronto com o Joinville, jogo no Paraná, torcedores não tiveram do que se queixar. O adversário, bem como o time alagoano, vem bem na classificação fez jogo em casa. Observam que no segundo turno tem revanche em Maceió.

PORDENTRODO ESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Salário recorde Prestes a ser oficializado como novo reforço do Shanghai SIPG, Hulk foi festejado por torcedores do clube em sua chegada à China. Titular da seleção brasileira na Copa de 2014, Hulk deverá receber cerca de 12,5 milhões de euros por temporada na China. Informações divulgadas pela imprensa chinesa, porém, dão conta de que o Shanghai SIPG irá pagar cerca de 55 milhões de euros por Hulk, o que faria com que a sua transação batesse o valor da contratação do também brasileiro Alex Teixeira, que trocou o Shakhtar Donetsk, pelo Jiangsu Suning após o clube chinês desembolsar aproximadamente 50 milhões de euros, valor recorde no futebol do país.

ASA na liderança

Seleção Brasileira

Zé Carlos concordou que treinando na Pajuçara mantém o ritmo de jogo. Mas reconhece que precisa de tempo para se entender melhor com os companheiros no campo.

ASA e Cuiabá se enfrentaram domingo pela sexta rodada da Série C do Campeonato Brasileiro em Arapiraca. O resultado favorável ao alvinegro com gol de Jailton nos minutos finais já do segundo tempo. É líder do grupo, com 12 pontos e domingo, às 18 horas, joga no Ceará.

Rogério Micale, técnico da seleção brasileira, definiu na quarta-feira lista com 29 jogadores para selecionar os 18 que vão estar nos Jogos Olímpicos em agosto e o Rio como sede. Neymar está na lista. Todos os nomes convocados fizeram parte de uma pré-lista enviada ao COI um dia depois da demissão de Dunga, que comandaria o Brasil na Rio 2016, do time principal.

Na linha de frente

Ganso: renovação

Apresentação

Fala o artilheiro

Ainda sobre o CRB: contra o Vasco foi flagrante o bom futebol exibido, mas o time carioca, além da qualidade técnica teve ainda o fator sorte do seu lado. E isso ficou explícito no pênalti perdido pelo Galo nos momentos finais do clássico. Mas não é do futebol?

Jogos Olímpicos Um pouco da história: O Brasil competiu pela primeira vez nos Jogos Olímpicos em 1920 na Antuérpia e até hoje, com exceção dos jogos de 1928, em Amsterdã, esteve em todos. Já nos Jogos de Inverno a estreia aconteceu em 1992 e a França como sede.

Mais história O Brasil soma 30 participações na história dos Jogos Olímpicos. Foram 22 na edição de verão, 6 de inverno, uma nas Olimpíadas da Juventude de Verão e outra na de Inverno. E foi primeiro entre países sul-americanos a receber uma edição de Jogos Olímpicos e sede o Rio de Janeiro (Com assessoria).

Carlos Augusto de Barros, presidente do São Paulo, conversa com Ganso e pauta renovação do contrato, mesmo o vínculo do atleta com o clube estando ainda para vencer em setembro de 2017. Motivação? Interesse declarado de um clube chinês pelo jogador.

A Seleção Brasileira olímpica se apresenta no dia 18 de julho na Granja Comary, em Teresópolis. A delegação viaja dia 27 para Goiânia, onde três dias depois, dia 30, faz o único amistoso antes da estreia contra o Japão.

Primeiro lance

Uma revelação de 19 anos que desponta como uma das principais promessas do Brasil. Um veterano de 37 anos, ídolo do seu time e que vive sua primeira oportunidade na Seleção. Ambos unidos pela alegria de representar o futebol brasileiro na disputa das Olimpíadas do Rio.Os palmeirenses Gabriel Jesus e Fernando Prass festejaram muito a convocação para a disputa do inédito ouro. Ao falar sobre uma possível parceria com o craque Neymar, do Barcelona, Gabriel se disse ansioso. – Só o conheço no videogame. Nunca vi ele. Vou conhecer lá. Tudo indica que a gente vai se dar bem, dentro e fora de campo.

Do presidente são-paulino: “Acho que Ganso não quer jogar na China. É muito pessoal. O salário dele no São Paulo não é comparável com o da China, mas é muito digno e recompensa um bom profissional”.

Libertadores Ainda do São Paulo, a torcida só necessitou de 10 minutos para adquirir 1.200 ingressos do lote extra disponibilizado para são-paulinos assistirem no estádio a semifinal da Libertadores das Américas. É jogo dia 6 de julho no Morumbi e adversário o Atlético Nacional.

Dupla palmeirense


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Acorda Brasil

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eficiência energética é tema importante e que veio para ficar. Pode-se considerar até uma conquista e o único aspecto merecedor de apoio incondicional do controvertido programa Inovar-Auto implantado no quinquênio 2013-2017. Sua principal consequência está sendo a modernização e o lançamento de motores novos por quase todos os fabricantes de veículos leves no Brasil. Ainda causa suspense saber quem vai optar pelo bônus para superar a meta obrigatória na média de todos os veículos produzidos por cada fabricante. A exigência é redução mínima de 12,1% no consumo de combustível em km/l (na realidade, autonomia) ou megajoule/km, unidade que expressa de forma correta as diferenças de poder calorífico entre etanol e gasolina. Entretanto, há um prêmio de 1% no IPI para os que atingirem 15,5% de incremento na eficiência energética e mais 1% para alcançar 19%, ou seja, a meta-alvo. Em 1º de outubro próximo se conhecerão as marcas habilitadas

para tal e esse se trata de segredo estratégico. Recentemente, em São Paulo, a Associação Brasileira de Engenharia (AEA) organizou o II Simpósio de Eficiência, Emissões e Combustíveis. Ficou ressaltado o sucesso de 30 anos do Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores) e a junção bem sucedida com as metas do programa de eficiência energética, a única parte do Inovar-Auto que merece e deve ter continuidade depois de 2017. Também recebeu total reconhecimento o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), conduzido com alta competência pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), e a consolidação confiável dos valores de consumo de combustível, emissões de poluentes e de gás carbônico (CO2) numa única tabela. Daí se consolidou a nota triplo A no País para automóveis e comerciais leves fabricados aqui ou importados. Vários outros pontos foram debati-

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ALTA RODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

dos entre eles as futuras normas de emissões PL7. Está difícil de chegar a um consenso. A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do governo paulista) chamou atenção sobre a necessidade de apertar o controle de emissão de vapor de combustível durante o abastecimento nos postos e a utilização de parâmetros nacionais. Esses gases são precursores de ozônio ao nível do solo, um problema nas grandes cidades agravado no inverno. Aditivos para gasolina foi assunto considerado importante quando se analisa em conjunto meio ambiente e eficiência energética. Infelizmente a aditivação básica obrigatória está atrasada

por discordâncias entre a Petrobras e o órgão regulador ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Deve-se ressaltar que cada distribuidora, se assim optar, continuará a desenvolver e comercializar seu próprio pacote de aditivos, o que significa combustível ainda melhor. A consultoria AVL destacou a eletrificação de sistemas e tecnologias híbridas. A combinação entre motores a combustão interna e elétrica, que na Europa ganhou muita força depois do atual imbróglio do diesel em automóveis, significará um grande salto em eficiência energética. O Brasil ainda não acordou para essa realidade.

RODA VIVA n NOVELA de livre comércio de veículos entre Brasil e Argentina concluiu mais um capítulo. Agora o acordo se estenderá até 2020 e continua o estranho regime: a cada US$ 1,5 exportado, o Brasil pode importar US$ 1, sem taxas. Pelo tratado do Mercosul, desde o ano 2000 deveria haver livre circulação de produtos. Este é o sexto adiamento e, se espera, o último. n QUARTA geração do Kia Sportage chegou ao mercado com mais espaço interno, estilo bastante atual e até com melhora aerodinâmica (Cx 0,33). Motor continua o 2-L/167 cv (etanol). Oferta será limitada pelas cotas de importação, porém a preço competitivo: R$ 109.990 a R$

134.990. Há dois bancos elétricos na frente; falta indicador de consumo no computador de bordo.

década. Hoje o cenário é oposto, segundo dados do Banco Central. As matrizes enviaram, de janeiro a maio deste ano, quase US$ 2 bilhões para cobrir o “prejuízo Brasil”. Há marcas perdendo US$ 1 milhão por dia.

n AUDI A4 teve mudanças estilísticas discretas, mas ao rodar em cidade e estrada é fácil de notar as diferenças. Motor turbo 2-L/190 cv impressiona também pelos 32,6 kgfm de torque e economia de combustível. Interior está mais moderno e comportamento em curvas, exemplar. Avanços em direção

n LEITOR Everton Lima, de São Paulo, chama atenção para as seguidas negativas que vem enfrentando para obter carteira de habilitação por ter baixa acuidade visual. Nos EUA as leis de trânsito permitem o uso de lentes de correção acopladas aos óculos, chamadas de telelupa kepler, de acordo com regulamentação específica. Pena o Brasil não aceitar essa possibilidade.

semiautônoma ainda dependem de homologação no Brasil. n POUCO mais de três anos atrás, desavisados atribuíam automóveis caros ao “lucro Brasil”, embora os preços tenham caído em termos reais por quase uma


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JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS

ARTIGO

jalm22@ig.com.br

Bilhetinho para a Sra. Dilma

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u nem sei como devo tratá-la, se como presidenta, ex-presidenta, Senhora Dilma, corrupta, incompetente, como mentirosa, teimosa, como terrorista, gastadeira, pedaleira, ou, simplesmente, como minha patrícia. Primeiro, quero informar que não vou usar nenhuma ironia, neste meu

Sra. Dilma, onde estão os que votaram a favor do impeachment da senhora? Foram eles, os mesmos que roubaram milhões e mais milhões e que exigiram propinas para suas campanhas eleitorais. bilhete. Ele vai, apenas, reproduzir tudo que já foi dito sobre a ilustre gaúcha que, de agora em diante, vai ser chamada por mim, simplesmente, como Sra. Dilma. Estou escre-

vendo este bilhetinho, Sra. Dilma, não para humilhá-la, como muitos já fizeram. A oportunidade que tenho de poder escrever num jornal, como é o EXTRA, me deixa com a liberdade de comentar o que vem acontecendo no Brasil nos últimos anos. Por causa da situação atual, eu, como inúmeros brasileiros, não podemos e não devemos ficar calados, sem os nossos gritos de revolta, diante de tudo que vem acontecendo, já com o conhecimento de todos os jornais, rádios, televisões e redes sociais. Sra. Dilma! Eu sei e todos os demais brasileiros sabem, que nós estamos diante de um grande problema, ético, pecuniário e moral, contudo, não podemos aceitar, Sra. Dilma, que a senhora perca uma Presidência da Répública só porque

cometeu alguns erros, descumprindo algumas normas fiscais. Sabemos, Sra. Dilma, que lei é lei, porém, o pecado da senhora foi muito menor do que os pecados que já foram cometidos nos anos do Governo do Sr. Lula. Diante deles, a senhora é inocente e imaculada. Até certo ponto, eu acho que a senhora está sendo injustiçada, pois eles deram um golpe para tirar-lhe da Presidência. Ora, Sra. Dilma, onde estão os que votaram a favor do impeachment da senhora? Foram eles os mesmos que roubaram milhões e mais milhões e que exigiram propinas para suas campanhas eleitorais. Foram os mesmos que levaram dólares para o exterior e os que estão com vários processos engavetados pelos tribunais? Foram eles que exigiram a saída da senhora da Presidência e que ainda não de-

volveram o que roubaram dos cofres públicos. Foram eles que atiraram pétalas sobre a senhora e depois jogaram pedras. Eles estão aí no Senado Federal e na Câmara Federal, sorrindo e com suas substanciais contas bancárias. Foram eles, os mesmos que inventaram as tais de pedaladas, coisas tolas, comparadas com os rombos na Petrobras e com o que foi tirado para atendimento às queridas empreiteiras. É, Sra. Dilma, o seu pecado aconteceu, porém, a senhora está sendo muito injustiçada, diante da roubalheira dos seus amigos, os mesmos que sempre compareciam aos almoços e aos jantares em seus Palácios. Seus amiguinhos, Sra. Dilma, agora correram, mas, são os mesmos que lhe davam beijinhos e presentinhos!!!


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ABCDO INTERIOR

Disputa acirrada

A

disputa pela Prefeitura de Campo Grande promete ser uma das mais acirradas nas eleições municipais que serão realizadas no próximo dia dois de outubro. Os ex-prefeitos Cícero Pinheiro e Arnaldo Higino já travam uma verdadeira batalha com direito a troca de acusações e denúncias de toda ordem.

Troca de acusações Para se ter uma ideia, Cícero Pinheiro acusa Higino de falsificar documentos da Câmara Municipal para driblar as autoridades e disputar as eleições. “Ora, ele está inelegível já que a Câmara reprovou as suas contas durante sessão realizada no dia 13 de maio de 2011.

Está na Justiça Arnaldo, por sua vez, apresenta uma ata onde, segundo ele, prova que não houve quórum para aprovação ou reprovação de qualquer pauta e muto menos para reprovação de suas contas. O caso está na Justiça e no Tribunal de Contas que deverá dar um parecer e definir e decidir os rumos políticos de uma das mais importantes cidades do Agreste alagoano.

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robertobaiabarros@hotmail.com

Não dá em nada

Alguns prefeitos vão terminar o mandato com os bolsos cheio de grana. Deixam a administração, já que a lei proíbe disputar um terceiro mandato, com sorriso de canto a canto da boca. Mas não querem perder a “boquinha” e lutam com todas as forças para eleger os seus sucessores. Infelizmente, a roubalheira desses malfeitores vai ficar impune e mesmo que não elejam os seus candidatos, vão curtir o resto da vida com dinheiro que surrupiaram dos cofres públicos.

Taquarana O construtor Geraldo Cícero (PPS) e o prefeito Bastinho Anacleto vão novamente disputar as eleições em Taquarana. Com apoio do deputado estadual Antônio Albuquerque e do seu filho deputado federal Nivaldo Albuquerque, Cícero ganhou novo folego e já está com o pé na estrada. Por sua vez, Bastinho Anacleto ganhou apoio d ex-prefeito Alair Correia, que indicou o filho para vice-prefeito em sua chapa. Alair está sendo acusado de trair Geraldo Cícero, a quem indicou nas eleições passadas para o seu sucessor.

Combate ao crime Girau do Ponciano, Traipu, Tanque d’Arca, Ibateguara, Roteiro, Maceió, Arapiraca, Penedo e Cajueiro foram alvos da operação “Brotherhood” desencadeada pela Polícia Federal nas primeiras horas da manhã de terça-feira, 28, que teve como finalidade desbaratar uma organização criminosa, formada por mais de 20 empresas, que foi responsável por fraudar R$ 12 milhões em licitações para merenda escolar.

“Vazamentos” De acordo com a PF, mais de 20 municípios alagoanos podem estar envolvidos no esquema que provocou um rombo de mais de R$ 40 milhões. As investigações foram iniciadas de forma sigilosa há três anos após uma reunião na Controladoria Geral da União (CGU). Para garantir que não houve “vazamentos” sobre a operação, policiais alagoanos só foram informados na última hora.

PELO INTERIOR

Denúncia gravíssima O vereador Jarbinhas Barros (PRP) acusou diretores do Sinteal de Girau do Ponciano de receberem propina da Prefeitura para não denunciarem as irregularidades do Governo “Forte e Abençoado”. De acordo com parlamentar, diretores ocupam cargos de chefia e coordenação na Secretaria Municipal de Educação, recebendo salários diferenciados.

Não questiona O vereador Jarbinhas disse que dentre os absurdos cometidos pelo gestor Fabinho Aurélio, e que está sendo encobertos pela direção local do Sinteal, está à falta de prestação de contas de cerca de R$ 10 milhões recebidos dos precatórios relativos ao ano de 2014. “Ninguém e tampouco o Sinteal questiona onde foram aplicados essa fortuna que deveria ser prioritariamente revertida em prol do setor educacional. A entidade deixa a desejar por seu comprometimento com o poder público municipal.

... Combate ao crime - Girau do Ponciano, Traipu, Tanque D’Arca, Ibateguara, Roteiro, Maceió, Arapiraca, Penedo e Cajueiro foram alvos da operação “Brotherhood” desencadeada pela Polícia Federal nas primeiras horas da manhã de terça-feira, 28, que teve como finalidade desbaratar uma organização criminosa, formada por mais de 20 empresas, que foi responsável por fraudar R$ 12 milhões em licitações para merenda escolar. ... De acordo com a PF, mais de 20 municípios alagoanos podem estar envolvidos no esquema que provocou um rombo de mais de R$ 40 milhões. As investigações foram iniciadas de forma sigilosa há três anos após uma reunião na Controladoria Geral da União (CGU). ... Para garantir que não houve “vazamentos” sobre a operação, policiais alagoanos só foram informados na última hora. ... Com Roberto Gonçalves: A

médica e ex-vice-prefeita de Palmeira dos Índios, pré-candidata a sucessão municipal, Verônica Medeiros (PMDB) descartou a especulação sem sentido, nas redes sociais da participação do seu esposo, o agropecuarista Fernando Medeiros na sua campanha eleitoral este ano. Em entrevista ao blogueiros Berg Moraes, a pré-candidata do prefeito James Ribeiro (PMDB) bastante segura e consciente considerou natural o surgimento de “inverdades” nesse momento político.

so, filho, Victor Medeiros para vereador em 2007, ele participou, suas atividades sempre estiveram ligadas ao seu trabalho na agropecuária”, explicou a médica.

... A notícia obteve repercussão em todo o município dessa possibilidade do agropecuarista Fernando Medeiros como coordenador da sua campanha política e provocou uma resposta imediata, a altura, e sem ataques pessoais da médica, ex-vice-prefeita e ex-secretária de saúde e de Planejamento da gestão de James Ribeiro.

... João Luiz Azevedo Lessa foi eleito desembargador pelo critério de antiguidade, em sessão administrativa do TJ. 28 anos depois de seu ingresso na magistratura alagoana. Durante este período, atuou em diversas comarcas do Sertão e do Agreste de Alagoas com uma maior permanência na Comarca de Arapiraca.

... “O Fernando é muito tímido. Nem nas minhas campanhas políticas nem na do meu saudo-

... Um excelente final de semana para os leitores, com paz e muita saúde. Até a próxima edição!!!

... O desembargador João Luiz Azevedo Lessa assume o comando do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-Al), enquanto o desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas permanecer afastado do cargo conforme decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).


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Forró Brasileiro faz sucesso na Europa

NA ESTRADA

BANDA +AXÉ, CRIADA POR CAMINHONEIROS, VAI PARTICIPAR DE FESTIVAL CULTURAL NA SUÍÇA MARIA SALÉSIA com assessoria sallesia@hotmail.com

A

banda de forró e axé music +Axé (Mais axé), criada em 2010, em Minas Gerais, por um grupo de amigos caminhoneiros, vai participar em 15 de agosto desse ano de um Festival de Cultura na Suíça. O planejamento e divulgação da banda no exterior ficam por conta do alagoano Adnor Pitanga e de Fernando Natalici, ambos residentes em Nova York. Uma marca da dupla Adnor e Fernando é a de sempre que promovem a apresentação de artistas brasileiros em Nova York aproveitarm para filmar os shows. Depois, partem para a divulgação em televisão e nas redes sociais. E é isto que eles pretendem fazer com a banda +Axé. A banda caiu na estrada após um grupo de amigos aproveitar os dias de folga para tocar no bar de um amigo em comum. A ideia deu certo e em pouco tempo outros amigos, também caminhoneiros, começaram a falar da +Axé nas cidades por onde passavam e nos bares e churrascarias das estradas e cidades por onde iam. A atração caiu na boca e no gosto do povo. E assim, não demorou muito para os donos de

bares e restaurantes começarem a convidá-los para se apresentar profissionalmente. Em pouco tempo eles estavam fazendo o circuito musical das estradas de Minas Gerais e outros estados como São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Mas, pouco a pouco a música começou a ocupar a maior do tempo deles e a profissão de caminhoneiro foi ficando para trás. Como costumam dizer, “hoje é uma nota biográfica na história de cada um”. Nas redes sociais a Banda +Axé também faz sucesso. E os comentários e elogios virtuais são os mais variados. “Uma banda que é a cara do povo, com seu repertório variado, vem conquistando todo o público de todos os gostos e idades”, disse um seguidor. Em 2014, quando tocavam na Cidade Maravilhosa, o empresário musical Aloíso Silva assistiu a apresentação e gostou tanto do grupo que os apresentou ao diretor do “Pavilhão de São Cristóvão”, um dos mais conhecidos locais de apresentações musicais do Rio de Janeiro. E assim veio o convite para se apresentarem no espaço, onde fizeram muito sucesso. Tal parceira rendeu no ano passado a primeira viagem ao exterior,quando o empresário levou a banda para tocar na Argentina.

Banda +Axé, depois de percorrer o Brasil, ganha o mundo e vai se apresentar na Europa

No início de 2016 os integrantes da +Axé conheceram Waguinho do Cavaco, artista com larga experiência de tocar no exterior. Inclusive, já se apresentou várias vezes na Europa e nos Estados Unidos. Eles passaram a tocar juntos e, com essa formação, foram convidados a participar de um Festival Cultural na Suíça. Com larga experiência na estrada, a banda é formada

por Ítalo Santos (guitarra), Maxwell Farias (surdo e percussão), Lúcio Pereira (bateria), Kamilla Barreto (teclado), Joelma Vasconcelos (voz) e participação especial de Waguinho do Cavaco (voz e cavaquinho). CIDADÃOS DO MUNDO Após a viagem à Europa, a banda tem planos para fazer um show em Nova York, aproveitando o fato de que o

forró está crescendo no cenário musical dos EUA, não apenas entre a comunidade brasileira mas também entre os americanos que apreciam World Music. Basta lembrar que no East Village foi criada,alguns anos atrás, a banda Forró In The Dark, que teve reconhecimento de grandes personalidades musicais da cidade, inclusive o internacionalmente famoso músico David Byrne.


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Sodomia virou pandemia no Brasil

POLÊMICA

SEGUIDOR DA MAIÊUTICA AFIRMA QUE PRÁTICA TEM EFEITO MAIS DEVASTADOR PARA O SER HUMANO DO QUE UMA BOMBA NUCLEAR GEOVAN BENJOINO Especial para o EXTRA

“Sodomia virou pandemia no Brasil”, afirma categoricamente Gutemberg Lopes, palestrante da linha maiêutica, ao atribuir as mazelas que acontecem no país à prática de penetração anal, que virou rotina entre a elite, a classe artística e as camadas populares. Gutemberg Lopes vai mais além ao enfatizar que “a prática da Sodomia tem efeito devastador no ser humano milhões de vezes pior do que a bomba nuclear jogada no Japão”. O palestrante, que é economista e estudioso do assunto controverso e polêmico, garante que a sodomia é vício que produz doenças e violências, responsável pela devastação de milhões de brasileiros. Misturar sodomia com sexo segundo Gutemberg Lopes é a mesma coisa que misturar fezes com esperma. “Essa mistura provoca todo tipo de doenças infectocontagiosas, inclusive microcefalia”, diz.

NÃO É SEXO, É VÍCIO Gutemberg Lopes ressalta que devido a falta de conhecimento, as pessoas confundem sodomia com sexo. “Penetrar pênis no ânus é vício, sodomia, que é uma transgressão violenta à vida. Ânus não é órgão sexual, é órgão excretor de fezes. Sexo é o uso dos órgãos sexuais”, enfatiza. A sodomia onera a saúde pública e a segurança, uma vez que provoca doenças e violências de toda espécie, de acordo com o palestrante da linha maiêutica. “Seria mais cômodo, mais prático e mais econômico conscientizar a população da importância de não praticar a sodomia”, ressalta. Para Gutemberg Lopes, a sodomia é desamor. Por isso as doenças, a violência, o sofrimento, a dor e a morte. “A prática da sodomia provoca consequências imensuráveis em todas as áreas, inclusive na economia e na política”, enfatiza o palestrante, convicto de sua afirmação. Gutemberg Lopes afirma

Gutemberg Lopes: “A Sodomia gera vício, aberrações e violências”

que a prática da sodomia aliada à cachaça e a entorpecentes é ritual de magia negra que alimenta a corrupção no Brasil. Ele diz que é fundamental a promoção de uma campanha permanente nas escolas e universidades para desconstruir esse quadro, que está entranhado na cultura do País. “Deus é vida e o sexo é uma fonte natu-

ral. O Diabo é vício antinatural personificado na sodomia”, afirma. PARIR UM NOVO CONCEITO DE VIDA A Maiêutica, que literalmente significa Dar a luz, ou seja, parir, foi criada pelo filósofo grego Sócrates (469/399 a.C.). Através de indagações irônicas

o filósofo destruía o saber construído, para então reconstruí-lo no processo de definição do conceito. O questionamento sistemático formulado por Sócrates levava as pessoas a uma tomada de consciência crítica, descobrindo a verdade no seu interior, proporcionando assim o “parto intelectual”. O termo Maiêutica era uma referência à mãe de Sócrates, que era parteira. De acordo ainda com Gutemberg Lopes o processo maiêutico proporciona o conhecimento de si mesmo e do mundo que o cerca levando o ser humano à prática do bem, desnudando as verdades que a ignorância ocultava. Gutemberg Lopes, que morou nos EUA, onde cursou Economia e conheceu vários países, percorre o Brasil proferindo palestras sobre Capital Intelectual. Contatos com o profissional podem ser feitos no email gutemberglopes@hotmail.com ou no celular (11) 9-98197-5107.


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