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ENSAIO

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MACEIÓ - ALAGOAS ANO XVII - Nº 879 - 08 A 14 DE JULHO DE 2016

R 3,00

HISTORIADOR DOUGLAS APRATTO MOSTRA AS RAÍZES DA MISÉRIA ALAGOANA P/ 2

FILHOS QUEREM TIRAR JOÃO LYRA DO PROCESSO DE FALÊNCIA LOURDINHA, GUILHERME E TONICO LYRA SÃO ACUSADOS DE FORJAR DOCUMENTOS PARA AFASTAR O PAI DA FUNÇÃO DE FISCAL DA MASSA FALIDA; EM OUTRA AÇÃO, FILHOS JÁ PEDIRAM INTERDIÇÃO JUDICIAL DO USINEIRO P/ 6 e 7

RIO LARGO MP pede afastamento da prefeita Maria Eliza por corrupção P/ 8 e 9

CONLUIO Marcelo Gouveia teria fraudado documento para beneficiar Bispo Aroldo P/ 10


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MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE JULHO DE 2016

Raízes da nossa miséria 1 2

- Muito se fala da falta de sorte de Alagoas que tem levado seu povo à ruína e à desgraça ao longo da história. Afinal, são 500 anos de luta na busca de um desenvolvimento que nunca chega. - Quem quiser saber por que a miséria fincou raízes em Alagoas deve ler o ensaio do historiador Douglas Apratto – Geografia, História e Capitalismo no Território Alagoano – publicado domingo (3 de julho) no jornal Gazeta de Alagoas.

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- Segundo Apratto, o modelo de desenvolvimento imposto a ferro e fogo aos alagoanos por uma elite predadora só produziu a devastação do território (fauna e flora), deixando, como herança, pobreza e miséria.

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– “A sua concepção capitalista foi de exploração da natureza, do meio ambiente e acabou ativando exatamente o contrário, o subdesenvolvimento, a miséria do povo alagoano”, diz o professor em seu ensaio.

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– Douglas Apratto reconhece que do ciclo do pau-brasil ao da cana-de-açúcar houve períodos de boom desenvolvimentista, mas nenhum avanço em termos de inclusão social. Só a política da terra arrasada.

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- “Nada nessas fugazes eras de ouro que Alagoas atravessou foi de benefícios para a população. A materialização desses períodos de boom desenvolvimentistas, e seus discursos falaciosos, industrialização do açúcar, Proálcool, Salgema, etc., foi o discurso do grande capital e de seus áulicos, que na prática redundou apenas em agravar a degeneração dos processos sociais, de uma política de explícita exclusão”.

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– Em seu ensaio, o historiador destaca ainda que a casa grande continua dominando a vida alagoana. E mais grave: após exaurir todos os recursos naturais, essa elite predadora – mesmo em declínio - se mantém encastelada nos poderes do Estado, usufruindo de benesses e privilégios.

“Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” (Millôr Fernandes)

COLUNA SURURU DA REDAÇÃO

País de ladrões

Mudança de zona

Definitivamente o Brasil é um país de ladrões, e a Previdência é um dos órgãos mais atacados por corruptos de todos os coturnos. Entre tantas falcatruas praticadas contra o INSS, descobre-se agora o golpe do seguro-defeso, criado para financiar pescadores artesanais nos períodos de reprodução das espécies pesqueiras. Um rápido levantamento feito pela União revela a existência de um milhão de “pescadores” que recebem auxílio-defeso em todo o país. E pasmem: desse total, 45 mil estão em Brasília, que não tem mar, rios e nem lagoas. Apenas um lago poluído (Paranoá), que não produz nem lambari; só “peixes grandes”, comedores de dinheiro público.

Paulo Jacinto perdeu sua comarca para Quebrangulo e os paulo-jacinteses pagam o preço. Como se não bastasse ter que recorrer sempre ao município vizinho para resolver pendências da Justiça, agora os eleitores são obrigados a mudar o título eleitoral. As datas já foram divulgadas pelo juiz eleitoral.

País de ladrões 2 Estudo da ONU revela que R$ 200 bilhões por ano são desviados no Brasil pelas vias da corrupção. O SindiReceita informa que o país perde R$ 100 bilhões com o contrabando, por ano; em 2014, foram R$ 500 bilhões de sonegação; em 2015, somente no primeiro semestre, a sonegação foi de R$ 258 bilhões. Cerca de 1.300 contribuintes devem R$ 41 bilhões.

Falência das elites Enquanto a família do usineiro briga na Justiça pelo controle da massa falida do Grupo João Lyra, 10 mil pais de família aguardam as indenizações trabalhistas que não chegam. E pelo andar da carruagem jamais chegarão!

Auxílio moradia Apesar do auxilio moradia, tem desembargador que está devendo mais de 20 mil reais em taxa de condomínio. Abre os olhos, CNJ.

Luto A jovem publicitária alagoana Geórgia Feydit faleceu na quinta-feira, 7, vítima de um ataque cardíaco fulminante. O mundo da comunicação fica mais triste e perde uma profissional exemplar com o futuro brilhan-te. Fica a saudade.

País de ladrões 3 “A corrupção e a sonegação não são de agora. Elas vêm de décadas de descaso com a coisa pública. Mas temos de entender que elas são mantidas com a conivência do status quo vigente. Não há interesse político individual e nem atitude coletiva dos Poderes constituídos e partidários para resolver o problema. O país precisa colocar o dedo nessa moleira”. (Senador Paulo Paim)

Disputa em PJ A disputa pela Prefeitura de Paulo Jacinto anda acirrada. Os rumores dão conta de que o ex-prefeito Marcos Lisboa não abre mão de sua candidatura. O vereador Fabrício Faustino já começou o corpo a corpo e está no páreo. O radialista Paulo Hernrique aparece como sangue novo na disputa. O ex-deputado João Neto também faz parte da lista. Sem contar que Nildo do Jaime pode ir para reeleição. Pelo jeito, é muita gente querendo governar a Terra do Baile da Chita.

Estratégia de Cunha O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou nesta quinta-feira, 7, à presidência da Câmara. Ele estava afastado do cargo desde 5 de maio por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que também suspendeu o seu mandato parlamentar por tempo indeterminado. Sob gritos de “fora Cunha” ao chegar ao Salão Verde da Câmara, ele fez o anúncio da decisão em um pronunciamento no qual ficou com a voz embargada ao se referir à família.

Estratégia de Cunha 2 “Estou pagando um alto preço por ter dado início ao impeachment. Não tenho dúvida que a principal causa do meu afastamento reside na condução desse processo de impeachment. Tanto é que o pedido de afastamento foi protocolado pelo procurador-geral da República logo após minha decisão de abertura do processo. Só foi apreciado em 5 de maio, numa decisão sem qualquer previsão constitucional”, justificou Cunha.

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EDITOR: Fernando Araújo CHEFE DE REDAÇÃO: Vera Alves

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JORGE OLIVEIRA

O indulto de Dirceu

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aceió - Eu nao sei se é apenas impressão minha, mas acho que o Brasil está mais calmo, sem aquela histeria coletiva de fim de mundo do período pré-impeachment. Se não fosse o burburinho da operação Lava Jato – que já ameaça afetar o brilho dos jogos Olímpicos no noticiário diário e banalização da violência no país – poderíamos até afirmar que estamos saindo da tormenta e navegando em mar de pouca turbulência. As ideias turvas e delirantes da Dilma dissiparamse em pouco tempo. As passeatas de ruas diminuiram, os movimentos sociais, sem o patrocínio do governo, hibernaram na expectativa do que vai acontecer daqui pra frente, e a economia já mostra nítidos sinais de recuperação. Não é exagero dizer que existe um presidente (interino) que transmite o que pensa sem arranhar a gramática e o cérebro. Ali ou acolá, alguns insatisfeitos ainda fazem coro com a Dilma para quem o impeachment foi um golpe. É bom que seja assim, pois vivemos em um país que procura preservar e garantir a liberdade de expressão e de pensamento diante das crises, como prova de amadurecimento de suas instituições. A unanimidade, como disse, magistralmente, Nelson Rodrigues, “é burra”. Mesmo nesse clima de paz, com o governo peemedebista tentando se esforçar para acertar, ele ainda guarda algumas semelhanças retrógadas com o do PT. As principais delas são a demagogia e o populismo. Vejamos: quando Temer aumenta o Bolsa Família em 12% para ajudar as 13,9 milhões de famílias que vivem penduradas no programa, diz que faz isso para melhorar a vida dos excluídos, tirando-os da miséria. Ele está, na verdade, usando o mesmo discurso fisiológico dos petistas para quem o dinheiro público servia para comprar consciências (votos) e anestesiar os cérebros deformados pela fome. O Lula era mestre nisso. Enganou o povo durante muito tempo com o discurso do Fome Zero. Tentava colar a oratória à sua condição de retirante nordestino para sensibilizar seus conterrâneos. Assim, com esse apelo demagógico, transformou o Bolsa Família no maior reduto eleitoral do país. Enquanto reafirmava a sua decisão de tirar o povo da miséria, permitia que seus comparsas roubassem bilhões das empresas públicas empobrecendo o Brasil. Tanto ele como a Dilma utilizaram-se de forma irresponsável o Bolsa Família nas campanhas políticas. Chantageavam os eleitores com o fim do programa caso perdessem a eleição. O apelo deu tão certo que os petistas ficaram no poder durante doze anos com os votos das regiões mais carentes do país, onde a população sentia-se assustada com o fim do programa.

O Messias Lula, na verdade, fez o discurso do Messias: “Eu, como retirante, sou o único que pode tirar vocês da miséria porque, como vocês sabem, também vim da miséria, sou um retirante nordestino. O resto é elite”. Colou, reelegeu-se e ainda fez o sucessor, enquanto subia os degraus da escalada social da elite surrupiando o dinheiro do povo brasileiro.

arapiraca@yahoo.com Siga-me: @jorgearapiraca

Assistencialismo

Michel Temer poderia ter sido mais discreto ao anunciar o aumento do Bolsa Família congelado desde abril para não incorrer no vício da demagogia. Afinal de contas, o programa ajuda as famílias mais pobres, mas não deixa de ser um assistencialismo que desnivela mais ainda as classes sociais.

Reféns

O Bolsa Família asfixia e paralisa os reféns dessa migalha porque o governo não tem projetos para reduzir o programa a curto prazo. Ou seja: não recicla os dependentes para o mercado de trabalho, mantendo-os no ócio e na escravidão da doação. Se pensou, com o ajuste, fazer uma média com os miseráveis, certamente acertou. Atitude, porém, condenável para quem acena com a bandeira da mudança e da moralidade administrativa.

O reajuste Acredito que o brasileiro até apoia o aumento do Bolsa Família, afinal de contas é certo que o dinheiro tira alguns da miséria absoluta. Mas duvido que apoie o reajuste de mais de 40% do servidor público, que eleva salários até em 12 mil reais para quem ganha 30 mil reais, a exemplo dos ministros do STF e do STJ. Ora, uma decisão política como essa, em um país com a economia fragilizada, só aprofunda o fosso social.

Exaltação Ora, doutor Temer, Vossa Excelência deveria ter sido poupado de tal constrangimento por seus assessores. Anunciar que vai gastar 56 bilhões de reais até 2019 com o servidor público e aumentar apenas em 12% o Bolsa Família, o senhor há de convir, não é motivo para nenhum discurso de exaltação em um país com a economia em frangalhos. Se Vossa Excelência estivesse na iniciativa privada, saberia que não se reajusta empregado quando a empresa está quebrada. E o Brasil, como é notório, está pré-falimentar. O governo, portanto, administra o caos. No entanto, esbanja riqueza quando aumenta seus funcionários, distribui bilhões para o governo irresponsável e perdulário do Rio de Janeiro, perdoa temporariamente as dívidas dos estados e gasta além da conta.

Vos rouca Doutor Temer, este foi o modelo adotado pelo PT que levou o país a bancarrota, o modelo do improviso e do populismo desenfreado, que o Brasil conhece. O povo espera do senhor mais austeridade no comando do governo para que o país não volte anarquia da corriola petista, de triste lembrança. A voz rouca das ruas não está muda.

Os ciclistas É lamentável a situação da ciclovia que contorna a orla de Maceió. Poça de água, ondulações desnecessárias, buracos, trechos inacabados, falta de sinalização e lombadas desnecessárias é o retrato, sem retoque, de uma obra inacabada.

Demência A ideia de transformar a orla da cidade em um passeio agradável numa das praias mais lindas do país virou um transtorno para os ciclistas que pedalam sem segurança. O pior trecho é do Pajuçara, onde alguns trechos não foram concluídos e são uma ameaça à vida de quem trafega por lá.

Mosquito Ora, uma administração que tanto fez por Maceió está se engasgando com um mosquito. Não estar envolvida em atos de corrupção como seu antecessor já é uma proeza que certamente levaria a população de Maceió a reconduzir o prefeito nas eleições deste ano. Mas deixar que pequenas obras fiquem inacabadas depõe contra a quem está à frente do município e pode levar o eleitor a dúvida quanto à eficiência do gestor. Gente, por favor, melhorem a ciclovia antes que alguém se acidente na pista.

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GABRIEL MOUSINHO

O paraíso é aqui

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governador Renan Filho é considerado um craque na comunicação. Ele fala, fala e deixa a todos boquiabertos, inclusive jornalistas especialmente convidados para alguns eventos no Palácio dos Martírios. Esta Alagoas de Renan Filho é outra. Ele afirma que a Educação e o magistério vão muito bem, os assassinatos diminuíram 50% em um ano e meio de governo, as delegacias irão ser recuperadas, o portal da transparência é um dos mais eficazes do Brasil e até pontos de internet nas escolas públicas fazem uma extraordinária economia com relação ao governo de Téo Vilela. Renan também alardeia a construção de novos hospitais, recuperação de outros, mas às vezes esquece a situação crítica de algumas unidades, a exemplo do Hospital Geral e as dificuldades enfrentadas pelo Samu. Sobre a segurança que ele diz ter avançado em relação a dezenas de outros estados, o sentimento não ser o mesmo da população, que enfrenta arrastões em ônibus, assaltos nas residências, nos estabelecimentos comerciais e nas explosões de caixas eletrônicos em todo o estado. O governador só mostra avanços e, estrategicamente, deixa todos sem chances de fazer perguntas pontuais, mostrando os pontos mais fracos do governo se é que eles existem. Pelo que demonstra tudo estava errado e agora tudo começa a ficar certo. Palmas para o governador, que dá um show de comunicação sem ser muitas das vezes questionado pela imprensa convidada. Pelo visto e pelo que diz o Renan Filho, o paraíso realmente é aqui.

O novo alvo Milton Lyra, o lobista que casou e batizou no início do primeiro governo de Cícero Almeida na Prefeitura de Maceió, está sendo o novo alvo preferido da Lava Jato. Supostamente ligado ao senador Renan Calheiros, Lyra poderia, se preso, ser um ótimo colaborador da Polícia Federal que apura estripulias de políticos e empresários. O famoso lobista, cuja mansão em Brasília foi alvo de um mandado de busca e apreensão, poderia também abrir novas frentes e contar o que fez também quando atuou em Maceió. Milton sabe muito. Muito mais do que muitos pensam. Investigado na Lava Jato, bem que Lyra poderia contar tudo que sabe sobre corrupção, esquemas, desvio de dinheiro público, achaques e outras coisas mais, abrangendo não só a grande e vasta cúpula política, mas também acertos escusos por onde atuou inclusive em Alagoas. Prende ele PF, prende ele.

Delação premiada Parece que tem gente sem dormir em Brasília. O lobista Milton Lyra que deitou e rolou desde quando andava em Alagoas, parece que já está em processo de delação premiada. Quer se livrar das grades, depois de investigações em que é alvo da Operação Lava Jato. Citado como suposto operador do senador Renan Calheiros, Milton está dando dor de cabeça à cúpula do PMDB.

gabrielmousinho@bol.com.br

Fantasma 1

Marx Beltrão que pode assumir como ministro do Turismo, começa a ter sua vida pública vasculhada pela imprensa nacional. No seu currículo, uma denúncia de improbidade administrativa quando dirigiu o município de Coruripe. Para quem quer chegar ao topo da política, começa mal.

Fantasma 2

Seu pupilo Tadeu Lira, hoje na administração do Porto, também tem problemas de denúncias quando foi secretário de Educação do município de Maceió durante a gestão de Cícero Almeida. Em tempos de eleição é o gato escondido com rabo de fora.

Tremendo nas bases Depois que a JBS que comanda a Friboi foi citada na Operação Lava Jato, o estoque de Lexotan e analgésicos começaram a sumir das prateleiras. Políticos alagoanos que receberam milhões durante a última campanha política devem estar roendo as unhas. Se a direção da JBS falar, o mundo pega fogo.

Cerco perigoso O cerco da Lava Jato está deixando muita gente sem dormir, desde políticos a empresários e lobistas. Um assessor especial do governo de Alagoas anda sem dormir, depois que foi flagrado certa vez com milhões escondidos nas portas de um veículo no trajeto entre São Paulo e Brasília. Apontado como o ´´homem de negócios´´ de gente graúda em Alagoas, poderá ser o novo alvo da Lava Jato. Vai ter que contar muita coisa à Polícia Federal e ao Ministério Público.

Rastreando Pessoas em cargos estratégicos e com grande relação com políticos locais também deverão ser investigadas pela Lava Jato. Uma forma de descobrir onde está o dinheiro roubado dos cofres públicos. Além da grana, os procuradores federais também investigam compra de obras de arte, fazendas e imóveis em nomes de laranjas. Em Alagoas, bem. Deixa isso pra lá.

A Aloo e o Itec Ultimamente muito se falou num contrato onde a Aloo Informática está tendo um prejuízo incalculável com o governo de Alagoas. Seria bom que se fizesse uma investigação profunda para saber se o presidente do Itec, José Luciano, que cuida desses assuntos, tem alguma empresa do setor registrada em seu nome e quem seria seu sócio na Telenews.

Sem volta Dizem que na política só não se viu boi voar, mas parece que o afastamento de Tadeu Lira e de seu primo César Lira com o senador Biu de Lira e do seu primo deputado Arthur Lira é definitivo. É por isso mesmo que Tadeu e César mergulharam de cabeça na campanha de Cícero Almeida, com o aval do deputado Marx Beltrão.

Ficha limpa Nesta campanha para prefeito de Maceió, a tônica será de quem é ficha limpa, mesmo que ainda não tenha sido julgado pela Justiça. No páreo para disputar a prefeitura da capital, Rui Palmeira, Cícero Almeida, Paulão, Paulo Memória e outros.

Cala a boca O Senado deve apreciar sugestão do senador Renan Calheiros de definir regras para as delações premiadas. A princípio, as delações não poderiam vir a público e os políticos com foro privilegiado também deveriam ser preservados até julgamento das ações, no caso da Lava Jato. Ou seja, parece que ninguém quer que a sociedade tome conhecimento das patifarias feitas até agora com o dinheiro público roubado da Petrobras e de outras instituições.

A coisa é séria O afastamento do presidente do Tribunal de Justiça, Washington Luiz, pelo Conselho Nacional de Justiça, pode desencadear uma verdadeira investigação sobre procedimentos considerados suspeitos na justiça alagoana.

Os traumas Mesmo com os inúmeros e graves problemas que o senador Renan Calheiros enfrenta em Brasília, seus olhos estão voltados para Alagoas. O senador não esquece que perdeu eleição em Maceió para Guilherme Palmeira e que tinha como seu vice o saudoso radialista Sabino Romariz e para o governo do Estado para Geraldo Bulhões. Como conseguiu ganhar o governo para seu filho, agora o objetivo é dar o troco e eleger Cícero Almeida prefeito de Maceió.

Boa disputa Mesmo com o governador Renan Filho mergulhando na campanha de Cícero Almeida, a parada é dura. Rui Palmeira tem mostrado muito trabalho em Maceió, além de ser um administrador até agora acima de qualquer suspeita. Com sua origem, não poderia ser diferente. Almeida, entretanto, vai ter que dar muitas explicações nas complicações em que se meteu.

Corrupção na Barra O prefeito de Barra de Santo Antônio, Rogério Farias, decidiu reagir. Ao voltar ao comando da prefeitura, denunciou que o vice, Carlos Alexandre, durante seu tempo como administrador do município gastou mais de 1,3 milhões de reais sem licitação. Superfaturamento na aquisição de medicamentos e outros itens básicos, além do gasto com combustível, são outras denúncias de Rogério, que prometeu mandar tudo para o Ministério Público investigar.


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Filhos de João Lyra querem afastar o pai da Laginha

IMPÉRIO FALIDO

IRMÃOS LANÇARAM MÃO DE DOCUMENTOS FALSOS PARA ASSUMIREM OS NEGÓCIOS JOSÉ FERNANDO MARTINS Especial para o EXTRA

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lém de enfrentar a missão de ter que pagar uma dívida bilionária aos credores da Laginha, o ex-usineiro João Lyra, 85, vivencia uma guerra dentro da própria família. O dilema envolve uma disputa de poder entre os filhos e o patriarca com direito a falsificação de documentos. Embora o fato de que os herdeiros de Lyra planejam afastar o pai das decisões que cabem à falência da massa falida não seja novidade, o ex-deputado federal mostra que ainda sabe lidar com as intempéries quando se trata de seu império, mesmo que decadente. Foi protocolado no dia 3 de julho um peticionamento em primeiro grau de João Lyra contra os filhos Guilherme José Pereira de Lyra, Maria de Lourdes Pereira de Lyra e Antônio José Pereira de Lyra (Tonico Lyra). Estão anexados à petição diversos documentos que alegam que o ex-usineiro está sendo vítima de calúnias e de uma possível fraude para a posse irregular de ações. Lyra, que é o fiscal do próprio patrimônio, se surpreendeu ao consultar as ultimas petições no processo da massa falida. Ele se deparou com a existência de uma petição de dois de seus filhos, Maria de Lourdes e Guilherme José, pedindo a sua substituição e para torná-los representantes do processo de falência. De acordo com a documentação analisada pelo EXTRA Alagoas, os irmãos “se auto intitularam acionistas da Laginha” a partir de uma suposta transferência de ações. Tonico teria transferido mil ações para

Lourdinha Lyra e demais irmãos são acusados de forjarem documentos para substituirem JL no processo de falência

Lourdinha, que acabou passando para o outro irmão, Guilherme, 400 ações. A transação teria ocorrido nos meses de abril e maio deste ano. No entanto, JL é acionista majoritário de Laginha com 99,9984% das ações. Além disto, sua defesa destaca que, em ambos termos de transferência de ações, houve omissão completa em relação ao estado falimentar de Laginha, “com intuito claro de dar um aspecto legal inexistente ao documento firmado”. A papelada apresentada pela prole do ex-usineiro foi descrita como “fabricada para ter aparência de que os dois réus são legítimos acionistas”. “Diante do forte receio de má utilização desse documento em prejuízo de Laginha e, até mesmo de terceiros, é imperioso o pleito imediato e, em caráter antecedente de tutela de urgência, visando inibir a utilização do documento produzido ao arrepio da legislação, inclu-

sive para afirmarem perante terceiros que são acionistas de Laginha, sob pena de multa, até que se tenha oportunidade de se obter tutela jurisdicional final sobre a matéria em futura ação”, pontua a petição. No ano passado, cinco filhos do empresário entraram com ação na Vara de Família de Maceió pedindo sua interdição sob a alegação de que ele estaria dilapidando o patrimônio, inclusive mediante doações “extravagantes” com risco à sua própria subsistência, citando, como exemplo, os benefícios dados à ex-mulher Carmosina Melo Pereira Leite Kotovicz, 40 anos mais jovem e com quem ele foi casado por quatro anos. Na lista dos bens entregues a Carmosina estão a quantia de R$ 1,7 milhão e 14 salas do 13º andar do Norcon Empresarial. À época, os filhos argumentaram que o pai vinha apresentando sinais de senilidade, perda de memória e repetição de

falas além de, mesmo sendo portador de diabetes, se recusar a realizar exames. O EXTRA teve a informação de que Lyra não só conseguiu reverter a situação como apresentou à Justiça um laudo que comprovaria sua sanidade mental. Além disso, indignado com a família, também preparou documentação que revelaria a índole dos filhos. “As transferências que se pretendiam representadas pelos documentos forjados como sendo ‘termo de transferência’ são inexistentes. O perigo de dano, por seu turno, se faz presente porque terceiros de boafé podem ser enganados com esta transferência irregular de ações, de modo que esta pode produzir efeitos indevidos, diante de uma atuação descabida em nome de Laginha”, firmou a documentação. Não é a primeira vez que surgem notícias em que os filhos estão tentando agir em nome de Laginha, sem terem qualquer

título que agasalhe suas ações. João Lyra lançou até nota à imprensa destacando que ninguém, fora ele e a própria administração judicial da Massa Falida da Laginha Agroindustrial poderiam falar em nome de suas empresas. Na ocasião, o advogado do empresário, Vitor Maya, informou que a nota “teve o intuito de apenas acabar com boatos”. “Foi uma maneira de ele falar que está vivo e que pode falar sobre a Laginha. A nota foi para garantir a credibilidade das negociações que estão sendo feitas, que tem o aval dele ou de alguém que tem procuração para isso”. A reportagem entrou em contato com o juiz responsável pelo processo da massa falida, Kléber Borba, que informou que ainda não foi notificado sobre o caso. Também tentou falar com uma das filhas de Lyra, Maria de Lourdes, sobre o conteúdo da petição, mas não obteve resposta até o fechamento da edição.


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Trabalhadores rurais ameaçam queimar usina em MG O desembargador João Luiz Azevedo Lessa, presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), e o desembargador Tutmés Airan de Albuquerque Melo conversaram, na quartafeira, 6, com prefeitos e vereadores de duas cidades de Minas Gerais, sedes das usinas de Triálcool e Vale do Paranaíba, integrantes da Massa Falida da Laginha. Os políticos de Canápolis e Capinópolis explicaram as dificuldades que os municípios estão enfrentando, desde 2013, devido à falência do grupo João Lyra. Conforme o desembargador Tutmés Airan, a expectativa é que as unidades de processamento de álcool e açúcar em Minas Gerais sejam vendidas o mais rápido possível para evitar o sucateamento e garantir o pagamento das dívidas da massa falida. “Essas providências dependem do desenrolar do processo de falência do Grupo João Lyra. Já há entendimentos no sentido de venda das unidades, o que é muito importante porque além de resolver o problema dos municípios, vai possibilitar pagar os credores, principalmente os fornecedores e trabalhadores”. A prefeita de Capinópolis, Dinair Isaac, explicou que o objetivo da vinda a Alagoas foi sensibilizar o Poder Judiciário alagoano quanto às dificuldades enfrentadas pelo município no qual está localizada a Usina Vale do Paranaíba. “Nossos municípios já não suportam mais a ansiedade e o colapso que aconteceu com o fechamento das usinas. Muitos trabalhadores ficaram sem seus acertos trabalhistas e houve uma influência negativa no comércio local, lojas fechadas, empresários passando por dificuldades e houve

Prefeito de Canápolis, Diógenes Roberto diz que usinas empregavam mais de 6 mil pessoas

Dinair Isaac fala que comércio é um dos setores mais prejudicados em Capinópolis

uma queda na receita do município. Estamos sofrendo muito e não temos onde buscar uma melhora na nossa receita para oferecermos amparo a esses trabalhadores e gerar empregos”, disse. O prefeito de Canápolis, Diógenes Roberto Borges, lembrou a importância econômica que a Usina Triálcool possui para a cidade de 12 mil habitantes e região. As usinas geravam mais de seis mil empregos para os municípios de Canápolis, Capinópolis, Ipiaçu, Cachoeira, Ituiutaba e Monte Alegre. “Estamos realmente muito ansiosos para que tenha uma definição do que vai acontecer com as usinas porque, desde 2013, vivemos com esse transtorno social, dificuldades de empregos e renda em nossos municípios”, afirmou. Já o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Canápolis, Roberto Martins de Menezes, contou que a categoria foi prejudicada, pois não recebeu os valores das terras arrendadas para plantação da canade-açúcar. “Tem mais de três anos que não tem pagamento para o produtor rural, muitos deixaram de pagar a faculdade dos filhos que estavam estudando quando as terras estavam arrendadas. Além disso, os movimentos rurais, junto com os trabalhadores da Triálcool, estão se agrupando em uma área esperando a negociação e se isso não acontecer eles pretendem invadir as terras e falam até em queimar a usina. Estamos vivendo um momento muito difícil no nosso município, porque se isso vier a acontecer jamais vai ter arrendamento ou venda da Triálcool que vai ser sucateada”, ressaltou.


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Maria Eliza: mais uma ação penal por contratos sem licitação

RIO LARGO

NEM MESMO AS PROVAS CONTRA PREFEITA RETIRAM ELA DO CARGO. POR QUE? ODILON RIOS Especial para o EXTRA

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prefeita de Rio Largo, Maria Eliza Alves da Silva (PRP), enfrenta uma nova ação penal, que está no Tribunal de Justiça, e a acusa de improbidade administrativa. O processo está pronto para decisão desde o dia 5, na mesa do desembargador Otávio Leão Praxedes. O Judiciário alagoano está de recesso. Maria Eliza é acusada, pelo Ministério Público, de dispensa ilegal de licitação. Ela ocupava o cargo de vice e assumiu a gestão num dos intervalos de afastamento do então prefeito Toninho Lins. As informações sobre o processo não são públicas- devem ser acessadas apenas por senha do advogado da gestora. O EXTRA tentou falar com Bruno Augusto Prata Lima. Ele defende Maria Eliza. A OAB de Alagoas informou à reportagem não ter o contato do profissional. Como o Tribunal de Justiça está em recesso, não é possível ainda saber o assunto da mais nova ação contra a chefe do Executivo em Rio Largo. Esta é a segunda ação de improbidade administrativa contra a prefeita que tramita no TJ. A outra é cível e está com o desembargador Tutmés Airan, em fase de apelação. Está parada desde 16 de fevereiro. Nesta ação ela é acusada, pelo MP, de contratar servidores sem concurso público, fazer compras em empresas fantasmas com notas fiscais frias e serviços superfaturados, uso de servidores públicos em obras

pagas a empresas privadas. Há ainda, diz o MP, ilícitos na folha de pagamento de servidores comissionados. Citada pela justiça, ela negou as acusações. O juiz Ayrton de Luna Tenório constatou até a reforma de uma escola, que não aconteceu: “Ora, os depoimentos trazidos pelas testemunhas dão conta, quase que em sua totalidade, da existência de UMA ÚNICA REFORMA NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL PROFESSORA EVANDRA CARNEIRO (destaque do juiz), enquanto a ré, isoladamente, insiste em afirmar que foram duas obras com duas empresas distintas”, explica o magistrado. Ayrton Tenório ironizou a gestão da prefeita na cidade: “Como visto, inúmeras foram as tentativas infrutíferas da ré de eximir-se de seus devaneios quando à frente da Prefeitura Municipal de Rio Largo/ AL, quando salta aos olhos as irregularidades observadas pelo Ministério Público Estadual”, afirma, na decisão de 13 de junho de 2013. Devaneios ou não, Maria Eliza tem mais ações na Justiça: supostas fraudes na contratação emergencial de empresa para coleta de lixo; irregularidades na compra de material de expediente e de limpeza e até o abastecimento dos caminhões de lixo, em posto de combustível que, em verdade, pertence a um dos filhos dela. Em uma destas ações é acusada, pelo MP, de contratação irregular de artistas em Rio Largo, nas festas natalinas de 2013, custando R$ 167 mil aos cofres públicos. Este contrato

Maria Eliza nega as acusações a despeito das provas coletadas pelo Ministério Público Estadual

poderia ser executado por R$ 93 mil. O MP viu mais: houve dispensa ilegal de licitação. Em 5 de maio, a juíza Marclí Guimarães de Aguiar decretou a indisponibilidade dos bens de Maria Eliza e do ex-prefeito Toninho Lins. Ela rejeitou o afastamento da prefeita do cargo. Toninho Lins é réu em sete ações de improbidade. O processo está em grau de recurso. A prefeita está na lista dos gestores ficha-suja do Tribunal de Contas da União, divulgada mês passado. Ela é acusada de aplicação irregular de R$ 927.272,46 em recursos públicos do Fundo Nacional de Saúde. Ela ainda responde a quatro ações na Justiça Federal - todas por mau uso de verbas federais no Programa Nacional de Alimentação Escolar, usando documentos falsos e licitações fajutas. É ainda acusada de for-

mação de quadrilha e falsidade ideológica. Nas investigações, o Ministério Público Federal constatou que a merenda estava armazenada na casa da prefeita e muitos produtos, ao serem enviados para as escolas, estavam fora da validade. Mesmo assim, os alunos das escolas públicas de Rio Largoque em parte foi destruída pelas cheias de 2010- ficavam com fome: “Os produtos alimentícios eram transportados para as casas dos serviçais e Diretoria, e quando chegam são divididos entre os funcionários, enquanto os alunos não comem ou se alimentam tão-somente de cuscuz seco com soja. Some-se a isso o fato de que se constatou que na lista de alimentos que chegam às escolas, se coloca o nome de um produto de melhor qualidade, quando na realidade está

sendo enviado outro de marca diferente e inferior, mais barato”, detalha o MPF, em uma das ações. Maria Eliza, diz o MPF, “teria responsabilidade direta em todas as irregularidades administrativas demonstradas. Assim, estaria caracterizada a responsabilidade pela falta da merenda, alimentação inadequada, pelo mal-acondicionamento, má-qualidade dos produtos, ilegalidades nos procedimentos licitatórios e desvio de verba pública, etc., nos termos da Lei n. 8.429/92”. Por que Maria Eliza se mantém no cargo, mesmo com as provas levantadas em investigações? “Simples, falta a autoridade judicial deferir o requerimento do Ministério Público visando o afastamento da prefeita do cargo”, responde o procurador-Geral de Justiça, Sérgio Jucá.


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MPE recebe nova denúncia contra prefeita VERA ALVES veralvess@gmail.com

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nquanto aguarda que a Justiça se decida sobre seus pedidos de investigação contra a prefeita de Rio Largo, Maria Eliza Alves da Silva, a Procuradoria-Geral de Justiça continua a receber novas denúncias contra a gestora. A mais recente delas deu entrada esta semana, na quarta-feira (6), e foi feita por um empresário que acusa a prefeita e o filho dela, Filipe Gustavo Alves da Silva, de cobrarem propina de R$ 100 mil mensais para manterem o contrato com a Eco Ambiental, de propriedade da esposa do denunciante. Os documentos e conversas mantidas pelo filho da prefeita com o empresário André Ferreira da Silva através da rede social Telegram entregues ao Ministério Público Estadual foram igualmente apresentados na Câmara de Vereadores de

Rio Largo na segunda, 4, com pedido de instauração de Comissão Especial de Inquérito (CEI) e impeachment de Maria Eliza e que também é assinado pelo ex-vereador Cícero Severino Santana, o Dadá. A pressão pelo pagamento de propina teria começado antes mesmo da assinatura do contrato com a empresa, formalizado no dia 13 de janeiro último, “através de processo emergencial para execução dos serviços de limpeza urbana”, conforme a denúncia. O contrato tem o valor global de R$ 1.895.618,28. Além do filho da prefeita, que é secretário de Planejamento, a denúncia envolve o então secretário de Infraestrutura de Rio Largo, Reginaldo Alves de Mendonça Filho, o Reginho, apontado como provável interlocutor de Maria Eliza. Até o momento a Prefeitura de Rio Largo não se posicionou sobre as acusações.

Prints das conversas entre Reginho e o empresário André Ferreira foram entregues ao MPE

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Pastores fraudam documento para se beneficiarem politicamente

CRIME ELEITORAL

MARCELO GOUVEIA E JOSÉ AROLDO MARTINS SÃO DENUNCIADOS PELO MCCE DA REDAÇÃO

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Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) encaminhou denúncia à Justiça Eleitoral de Alagoas contra os pastores Marcelo Gouveia (PRB), que atualmente exerce o cargo de deputado estadual, e José Aroldo Souza Martins, conhecido como Bispo Aroldo. Segundo documento enviado para o juiz da 2ª Zona Eleitoral de Maceió, Jamil Albuquerque de Hollanda Ferreira, a inscrição eleitoral número 001515842852 do pastor José Aroldo Souza Martins é fraudulenta. Bispo Aroldo morava em Israel e posteriormente mudou-se para o estado do Mato Grosso, onde foi candidato a deputado estadual em 2014. No ano de 2015, até 26 de junho, o bispo não residia em Maceió. O fato pode ser facilmente comprovado com sua falta ao lançamento da sede local do PRB, mesmo tratando-se de uma liderança. A sua mudança ocorreu de fato no mês de setembro de 2015, como pode ser demonstrado nas passagens aéreas onde o trecho final é Maceió. Mesmo não residindo na capital alagoana e sem manter qualquer vínculo, uma vez que residia em Mato Grosso com sua família e lá desenvolvia suas atividades profissionais e religiosas, conseguiu de forma “fraudulenta” sua inscrição eleitoral, como ressalta o documento do MCCE. Isso foi possível com a coparticipação e coautoria do vereador Pastor Marcelo Gouveia, uma vez que o Bispo Aroldo utilizou uma conta

Vereador Pastor Marcelo Gouveia utilzou a conta de energia da sua residência para fraudar documento em favor de Bispo Aroldo

de energia elétrica em nome do pastor Marcelo para “comprovar” que residia na Rua Escritor Antônio Saturnino de Mendonça Júnior, no Edifício Ágata, no bairro da Ponta Verde. Várias testemunhas, como vizinhos e demais residentes podem comprovar que Aroldo não residia no documento que encaminhou para Justiça Eleitoral. “Em razão da conta não estar em seu nome, não tendo valor legal, Aroldo fez de próprio punho uma declaração, de teor fraudulento, falso, constando que residia no aludido endereço, datando-o do dia 2 de setembro do ano pretérito. Em data bem posterior é que o mesmo passou a residir em Maceió, tendo como endereço

um apartamento na rua São Francisco de Assis, no bairro da Jatiúca”, revelou o MCCE. Ainda segundo a denúncia, a declaração falsa prestada pelo Bispo Aroldo, obtida com auxílio do pastor vereador por Maceió, Marcelo Gouveia, tinha como finalidade permitir que ele assumisse o controle do PRB em Alagoas. A ideia inicial da igreja e do partido era a “dobradinha” de ambos no pleito de 2018, o bispo como candidato a deputado federal e o pastor como estadual.

contato com o seu líder maior, o presidente nacional Marcos Ferreira. Bispo chegou no Estado destituindo diretórios municipais e dando as regras do jogo, numa clara demonstração de poder. Uma negociação nacional colocou o PRB em Alagoas no controle da família Beltrão. A verdadeira missão do Bispo ao vir para Maceió estava configurada. Sem grandes pretensões políticas e sem “ajuda” da igreja tanto o pastor Marcelo Gouveia quanto o Bispo Aroldo parecem ter tido uma curta história política na Terra dos Marechais.

NEGOCIAÇÕES ESPÚRIAS Com o desembarque do bispo em Maceió, o PRB passou a ser controlado por ele a mão de ferro, sempre em te

SILÊNCIO DE KELMAN VIEIRA No dia 31 de maio do correnano o presidente da Câmara

de Maceió, Kelman Vieira, recebeu uma documentação de Manuilson de Andrade Santos narrando o seguinte fato: “O deputado estadual Galba Novaes afastou-se das funções e em razão da licença o primeiro suplente da coligação, Marcelo Gouveia, assumiu o aludido mandado. A posse não poderia ocorrer, vez que mesmo é atualmente vereador por Maceió, havendo vedação na Constituição Estadual, como federal que impendem, que o mesmo seja titular de mais de um cargo ou mandato eletivo”. Manuilson de Andrade Santos solicitou que a Câmara de Maceió examinasse essa questão e que tomasse as medidas cabíveis e legais contra o pastor Marcelo Gouveia. Mais de um mês depois, nada foi feito.


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Tecnologia será decisiva para o pleito de 45 dias

ELEIÇÕES 2016

REDES SOCIAIS PODEM SER O FIEL DA BALANÇA NUMA ELEIÇÃO REPLETA DE RESTRIÇÕES JOÃO MOUSINHO joao_mousinho@hotmail.com

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s redes sociais se tornaram uma mídia barata e rápida, por isso cada vez mais ganham adeptos no mundo todo e no Brasil não é diferente. Esse fenômeno da comunicação instantânea ganhou utilização nos últimos pleitos eleitorais, mas com o advento do crescimento do público consumidor desse conteúdo e a democratização do acesso à internet as eleições de 2016 prometem ser a eleição mais tecnológica da história. No ultimo mês de abril o Facebook, maior rede social do mundo, anunciou ser acessada por um bilhão de usuários de todo o mundo todos os dias. Os dados são referentes ao primeiro trimestre de 2016. O Facebook Brasil revelou um estudo que aponta que 62 milhões de brasileiros acessam a página todos os dias, sendo que 50 milhões o fazem por meio de dispositivo móvel, smartfone, tablet. Quando o acesso é mensal esse número salta para 92 milhões de brasileiros ligados na Face. Os pré-candidatos a prefeito de Maceió têm utilizado suas redes sociais para divulgar trabalhos, ações e posicionamentos. Quando o assunto é a principal rede de acesso, o Face, o ranking está da seguinte forma: Rui Palmeira (PSDB) (80.313 curtidas/ seguidores), JHC (PSB) (38.449 curtidas/seguidores), Cícero Almeida (PMDB) (12.739 curtidas/ seguidores), Paulão (PT) (14.231 curtidas/seguidores), Gustavo Pessoa (PSOL) (4.923 curtidas/seguidores) e Paulo Memória (PTC) (1.212 curtidas/seguidores). O Tribunal Superior Eleitoral determinou que o pleito desse ano terá apenas 45 dias de campanha

e uma séria de vedações em relação ao pleito de 2014 foram estabelecidas, como: a imagem de placa de candidatos nos quintais das casas não existirá mais, este tipo de apoio foi banido da campanha; as bandeiras são permitidas, mas não podem ser fixadas em lugar algum, devem estar sempre com uma pessoa, seguindo a mesma lógica de evitar locação de espaço. A tradição do bandeiraço nos semáforos não tem problema. Só não vale fixar a bandeira em carro, moto ou bicicleta e sair passeando com ela pela cidade. Já os adesivos encolheram, para carros, a legislação estipulou o tamanho máximo de 40 cm x 50 cm e tentar colocar vários adesivos próximos uns dos outros para aumentar a visibilidade da propaganda não será permitido. A regra estabelece que só um adesivo pode ser visto quando se olha de uma única vez. Nas casas, tanto papel quanto adesivo devem medir até meio metro quadrado e podem ser colocados em janela, muro ou parede. É vedado colar em placas. Não é mais permitido envelopar os carros. É possível apenas cobrir o vidro traseiro com plástico perfurado, que mantém a visibilidade externa para quem está no interior do veículo e exibe a propaganda para quem está vendo do lado de fora. Como a campanha visual fí-sica está cada vez mais restrita, a comunicação virtual é o norte para os pretensos prefeitos e vereadores. A especialista em marketing digital, Marília Fattori, ressalta em um de seus artigos: “Os meios de comunicação de massa, como o rádio e a TV, vão perdendo terreno para a rede mundial de computado-

Rui, JHC e Cícero Almeida apostam nas redes sociais para se elegerem

res. Percebe-se que até mesmo tradicionais veículos vão sendo substituídos, gradualmente, por sua versão eletrônica, a exemplo do Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, que, a partir de 2010 interrompeu a circulação de sua edição impressa”. Ainda segundo Fatorri: “Na verdade, é praticamente impossível competir com os recursos tecnológicos e o caráter dinâmico da internet, e as redes sociais, nesse aspecto, têm servido para difundir informações com uma velocidade espantosa. A par disso, na web é possível encontrar versões alternativas dos fatos, que diferem, muitas vezes, da posição ‘oficial’ adotada pelos meios de comunicação convencionais”. Já o analista Judiciário e Chefe da Seção de Publicações Técnico -Eleitorais do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, Rodrigo Piva, explanou: “Infelizmente, a evolução da humanidade, nos planos ético, moral e ecológico, não tem acompanhado com a mesma rapidez os avanços tecnológicos e o desenvolvimento de novos recursos para a difusão de informações na sociedade contemporânea. Se, por um lado, a internet revolucionou costumes e encurtou distâncias, além de ser uma fonte inesgotável de pesquisa, percebe-se que o seu uso pode ser facilmente desvirtuado, conforme se viu nas eleições de 2014”.


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Administrador do Porto de Maceió é réu na Justiça Federal

NOVA LEI DAS ESTATAIS

TADEU LIRA NÃO PREENCHE OS REQUISITOS DAS REGRAS DE RESPONSABILIDADE APROVADAS PELO CONGRESSO VERA ALVES veralvess@gmail.com

S

ancionada no último dia 30 pelo presidente em exercício Michel Temer, a Lei de Responsabilidade das Estatais já está em vigor e, a despeito de não ser retroativa, atinge em cheio o administrador do Porto de Maceió, o ex-secretário municipal de Educação Nilton Tadeu Lira Neto. Réu em um processo da Justiça Federal, acusado de irregularidades em licitações para a merenda escolar, ele também vai responder a outros dois processos por favorecimento em licitação a duas empresas. Com este currículo, o secretário da gestão de Cícero Almeida se enquadra nos artigos que proíbem sua permanência à frente da empresa responsável pela infraestrutura portuária da capital. Mas não é só. A experiência profissional de Tadeu Lira, que protagonizou um dos episódios mais constrangedores na história recente do Porto de Maceió ao ser nomeado, exonerado e novamente nomeado administrador no curto período de 70 dias – entre 12 de abril e 22 de junho últimos – destoa dos requisitos estabelecidos pela Lei Nº 13.303/16. Formado em Engenharia Química, ele é muito mais conhecido como empresário do setor educacional e como dono do TDL Pesquisa & Marketing, nome fantasia do Grupo de Pesquisa Marketing São Judas Tadeu Ltda. Especializado em pesquisas de mercado e de opinião, o TDL se envolveu em uma polêmica há dois anos com o

Ibope, ao questionar os números do instituto para a disputa ao governo do Estado. É que pelos números da empresa de Tadeu Lira, haveria um empate entre Renan Calheiros (PMDB) e Benedito de Lira (PP) embora a disputa oficial tenha se dado com Renan Filho (PMDB). Pelo artigo 17 da nova lei, os membros do Conselho de Administração das estatais e empresas de economia mista e os indicados para os cargos de presidente, diretor-geral e diretor-presidente devem ter experiência profissional no mínimo de 10 anos na área de atuação da empresa – no setor público ou privado – ou 4 anos ocupando pelo menos cargo de direção ou chefia superior em empresa de porte ou objeto social semelhante ao da empresa pública; cargo em comissão ou função de confiança equivalente a DAS-4 ou superior no serviço público; cargo de docente ou pesquisador em área de atuação da empresa; ou 4 anos de experiência como profissional liberal em atividade direta ou indiretamente vinculada à área de atuação da empresa pública ou sociedade de economia mista. A permanência de Tadeu Lira como administrador do Porto de Maceió também infringe uma outra regra da Lei de Responsabilidade das Estatais: a de quarentena de 36 meses para quem tenha participado de direção partidária ou campanha eleitoral. Em 2014, além de gerir pesquisas eleitorais, ele também foi marqueteiro do tio Benedito de Lira. A situação fica ainda mais complicada com a

da Secretaria Municipal de Educação e integrante da Comissão de Licitação da Semed Luciana Silva de Morais Oliveira. A acusação do MPF é de tomada de preços direcionada diante da exigência do sistema construtivo pvc-concreto – que somente a construtora teria – para construção de uma escola em área doada pela Braskem. Os acusados se defendem afirmando que a exigência foi da própria doadora do terreno. DISPUTA POLÍTICA Tadeu Lira tomou posse a 12 de abril e foi substituído em 9 de maio por Djalma Barros que a 22 de junho ‘devolveu’ o cargo ao antecessor

revelação de que ele integra como marqueteiro a equipe de campanha de Cícero Almeida, o pré-candidato do PMDB à Prefeitura de Maceió. OS PROCESSOS Denunciado pelo Ministério Público Federal, Tadeu Lira é reú na Justiça Federal desde fevereiro último, conforme decisão da juíza Isabelle Marne Cavalcanti de Oliveira Lima, da 2ª Vara Federal, por “dispensa de licitação para compra de merenda escolar e dispensa e realização de licitação inferior (tomada e convite) para construção e reformas de

escolas”. Em um segundo processo, ele vai responder por licitação na modalidade convite “supostamente direcionada à empresa MCG Construções e Serviços Ltda.”, junto com Danilo Antônio Barreto Accioly Neto, sócio à época das irregularidades da empresa supostamente favorecida. Um terceiro processo foi instaurado na Justiça Federal tendo também Tadeu Lira como réu. Neste caso, a denúncia é de suposto favorecimento à Construtora Borges & Santos, cujo sócio também figura como réu, assim como a então coordenadora de Engenharia

A disputa política pela administração do Porto de Maceió ficou fortemente evidenciada no troca-troca dos últimos meses. Depois de quatro anos à sua frente, Rosiana Beltrão, figura intimamente ligada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à presidente afastada Dilma Rousseff, foi exonerada no mês de abril. No dia 12 do mesmo Tadeu Lira foi empossado como administrador pelo presidente interino da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern, responsável também pelo Porto de Natal e pelo Terminal Salineiro de Areia Branca), Hanna Yousef Emile Safieh. No dia 9 de maio, Safieh empossa outro administrador para o Porto de Maceió: Djalma Barros Siqueira Neto, filho de Rosiana Beltrão e que ocupara o cargo interinamente entre o segundo semestre de 2014 - quando a mãe cogitou se candidatar a um cargo eletivo - e abril do ano passado, quando ela reassumiu. Mas no dia 22 de junho último Tadeu Lira voltou ao posto. Por ora permanece o mistério sobre quem o levou de volta: o senador Renan Calheiros, o deputado Cícero Almeida (afastado para disputar a Prefeitura de Maceió e exchefe de Tadeu) ou o deputado federal Marx Beltrão, todos do PMDB.


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Senadores alagoanos defendem legalização dos jogos de azar

DINHEIRO FÁCIL

RECEITA BILIONÁRIA E MILHARES DE EMPREGOS MOVIMENTAM DISCURSOS, MAS COMO CONTROLAR CRIMES ASSOCIADOS À JOGATINA? ODILON RIOS Especial para o EXTRA

A

legalização do funcionamento de cassinos, bingos, jogo do bicho e vídeo jogos (máquinas caça-níquel) movimenta Brasília e com destaque para dois senadores em Alagoas. Pode representar, no Brasil, uma injeção de R$ 15 bilhões a R$ 25 bilhões nos cofres públicos- uma estimativa bastante modesta, considerando o potencial financeiro do mercado do jogo. Benedito de Lira (PP) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), este mais discreto, defendem argumentos semelhantes: seria legalizado aquilo que já existe e o controle do Estado poderia incrementar as receitas na arrecadação. Mas, a jogatina caminha lado a lado com a lavagem de dinheiro do crime organizado incluindo o tráfico de drogas. Relatório da CPI dos Bingos, do Senado Federal, anota, na página 126, que o país não tem auditores fiscais suficientes para controlar o que entra e sai nos portos, por exemplo. E isso abre a chance para a entrada de máquinas caça níquel, “todas estrangeiras”, anota o relatório. A CPI dos Bingos, do Senado, começou a funcionar em 2004. Porém, já em 1995, a Câmara dos Deputados havia instalado uma CPI para tratar de bingos. Chegou a três conclusões: vinculação do bingo ao crime organizado, à prostituição, à lavagem de dinheiro, aos jogos de azar e sonegação fiscal;

os bingos favorecem mais as empresas operadoras de mérito esportivo nulo e reputação duvidosa; e know-how para fraudar o Fisco e enganar o apostador. A legalização do jogo no Brasil é um dos pontos da Agenda Brasil, de Renan Calheiros. Políticos estariam proibidos de explorar os jogos. Mulher, filho, marido ou parente em linha reta até o 1º grau, também do político, estariam proibidos de deter os direitos de exploração dos jogos de azar. O texto estabelece requisitos de idoneidade para todos os sócios da pessoa jurídica que detiver os direitos de exploração de jogos de azar.

Haveria uma casa de bingo a cada 150 mil habitantes. Nos estados, até três cassinos. O mesmo grupo econômico não poderá ser credenciado a explorar mais de três cassinos. Neste ponto, a Agenda Brasil fala em geração de empregos - algo que mexe com um país e seus 12 milhões de desempregados em tempos de crise. O senador Benedito de Lira é um dos principais defensores dos jogos de azar: “Nós teremos que dialogar, conversar, encontrar fórmulas, soluções. E não apenas eu chegar aqui e começar a xingar. Todo mundo sabe

como estamos vivendo. Agora, quando eu digo é chamando a responsabilidade do Congresso Nacional, que tem que ajudar a encontrar os caminhos, porque se continuarmos nessa discussão sectária não chegaremos a lugar nenhum”, disse. Renan Calheiros disse que a legalização ajudaria o país a superar a crise econômica. O assunto ainda não movimenta toda a bancada federal alagoana. Líder da bancada, o deputado federal Ronaldo Lessa (PDT) confirmou que a proposta não foi discutida. O governador Renan Filho (PMDB) acha a legalização “interessante” e aposta na regulação. “A proposta mais viável no Congresso é que cada Estado tenha uma área autorizada para explorar o

jogo”, explica. A presidente da OAB, Fernanda Marinella, espera uma posição da OAB Nacional sobre o tema para se manifestar a respeito. Mais preocupado com a legalização do jogo está o Ministério Público Estadual. O procurador-Geral de Justiça, Sérgio Jucá, acredita que a jogatina vá mexer com a saúde das pessoas. Por causa do vício. “A provável liberação da exploração do jogo de azar será mais um grande erro do Congresso Nacional. Uma bofetada no rosto do povo brasileiro. Essa terrível atividade estimula a prática de um vício incontrolável, que deforma o caráter, prejudica a capacidade laborativa e gera a ociosidade. É o que revelam os estudos de médicos e psicólogos”, explica. E diz mais: o jogo “arruina a vida do cidadão”, “leva o jogador à deliquência, quando não à morte pelo envolvimento com o submundo da marginalidade”. “A sociedade tem de se unir para, formando uma corrente de elos inquebrantáveis, lutar contra a aprovação desse nocivo projeto de lei, que beneficia apenas aos maus parlamentares e às organizações criminosas, desejosos de auferir lucros extraordinários em detrimento dos interesses da coletividade”, analisa. A proposta é de autoria do senador Ciro Nogueira (PP -PI). Define os jogos que podem ser explorados, os critérios para autorização e as regras para distribuição de prêmios e arrecadação de tributos. Ele defende que o Estado deve apenas criar regras para disciplinar e fiscalizar a exploração dos jogos de azar no país. Na quarta-feira (6), o Senado Federal adiou, pela segunda vez, a análise do projeto de lei. Os jogos de azar estão proibidos no Brasil há 70 anos.


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Conselheiro do TC é acusado de favorecer prefeito de Girau

BLINDAGEM AÇÃO DE IMPROBIDADE CONTRA FABINHO AURÉLIO TERIA SIDO “ENGAVETADA” POR CÍCERO AMÉLIO

REDAÇÃO

O

processo em que o prefeito de Girau de Ponciano, Fábio Rangel Nunes de Oliveira, o Fabinho Aurélio, responde por improbidade administrativa se arrasta há algum tempo. No Tribunal de Contas até que a questão entrou em pauta no mês passado, mas o conselheiro Cícero Amélio pediu vistas ao processo e “esqueceu” de devolver dentro do prazo em que o regimento interno da Casa prevê. A “blindagem” a Fabinho, como ficou conhecido o episódio, tem dado o que falar e a população daquele município pede explicação e espera resposta do Tribunal. Segundo o vice-prefeito de Girau, Severino Correia Cavalcante, o Severino do Chapéu, a relatora do processo Rosa Albuquerque acolheu a denúncia e colocou em votação. Outro conselheiro, que ele não citou o nome, acompanhou o voto favorável da relatora, mas o andamento esbarrou no pedido de vistas de Cícero Amélio. O fato intrigante é que, segundo o regimento interno do Tribunal de Contas, Amélio teria duas sessões para ficar com o processo e na terceira deveria voltar à pauta, o que não aconteceu.

Severino do Chapéu afirmou que ao atrasar a tramita-

ção do processo, Amélio teria violado deveres funcionais, fato que protege o prefeito Fabinho Aurélio. As denúncias contra Fábio Rangel foram protocoladas ainda em outros órgãos como PF, AGU, TCU, coordenação do Gecoc, Procuradoria da República, MPE e promotoria do município de Girau do Ponciano. As irregularidades cometidas pelo atual gestor vão desde celebração de contratos, fraude em licitação,

dinheiro pago a mais em reforma de escolas que não aconteceu, incorrendo em improbidade administrativa. “Não estamos reclamando da relatora Rosa Albuquerque e nem dos demais conselheiros. Queremos apenas saber por que o conselheiro Cícero Amélio continua com o processo, mesmo atropelando o regimento interno”, criticou o vice-prefeito. O possível “engavetamento” do processo é assunto constante em Girau do Ponciano, município com 45 mil habitantes. Segundo Severino do Chapéu, já existe mobilização para que, se o caso cair no esquecimento, grande parte da população acampe em frente ao Tribunal de Contas. “E só vão sair de lá quando ele (Cícero Amélio) colocar em pauta”, afirmou o vice-prefeito. Outro fato intrigante é que, apesar das irregularidades cometidas pelo prefeito Fabinho Aurélio, os vereadores do município continuam indiferentes ao caos administrativo. “A Câmara não vê nada, não sabe nada. A omissão impera naquela Casa”, criticou Severino.

AÇÃO SERÁ VOTADA

O conselheiro Cícero Amélio, por meio de sua assessoria, disse que esta semana o processo não voltou à pauta porque é necessário que ele e a relatora (Rosa Albuquerque) estejam presentes à sessão. Como o mesmo se encontra em Brasília, a serviço da Corte, e a conselheira Rosa e outros membros promovem capacitação técnica no interior do estado para prefeitos, presidentes das Câmaras e demais jurisdicionados da Corte de Contas não será

possível a apreciação agora.

A assessoria, porém, afirmou que na próxima sessão que os dois participarem ele irá apre-

Fabinho Aurélio é acusado por Severino do Chapéu de cometer irregularidades em Girau

sentar seu voto e o processo entrará em pauta. A previsão é que na próxima semana volte à votação.

FORNECEDOR PRESO

Entre as irregularidades cometidas pelo gestor de Girau do Ponciano está aluguel de veículos que ficou apenas no papel e notas frias. Não é a toa que um dos contratados por Fabinho, o empresário Luciano Lima Lopes tenha sido preso ( horas depois solto) em abril deste ano durante operação integrada comandada pelo Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) do Ministério Público do Estado de Alagoas. Ele é suspeito de envolvimento em fraudes à licitações em municípios dos litorais Norte e Sul do estado. Também foram feitas buscas na empresa de locação de veículos e máquinas que pertence a Lopes. Segundo as investigações, Lopes é suspeito de fornecer notas fiscais frias para várias prefeituras com a finalidade de desviar recursos públicos. As investigações apontam que a fraude se dava por meio de empresas fantasmas que forneceriam essas notas falsas para justificar as despesas feitas pelos gestores. Segundo o

MP, havia um acordo firmado em que Lopes receberia 7% do valor desviado. Lopes teria sido denunciado por vítimas e, além de responder por fraude em licitação, e é suspeito de estelionato. Na ocasião, a empresa dirigida por Lopes, a Locadora de Veículos LLMAR, divulgou uma nota afirmando que todos os contratos entre a LLMAR e os entes públicos são lícitos. Mas como explicar os contratos 034/2013 e 035/2013 entre a Prefeitura de Girau do Ponciano com a empresa Luciano Lima Lopes e CIA-ME e CNPJ 06097298/0001-86. Os dois contratos foram assinados no mesmo dia (27 de agosto de 2013). O contrato nº 034/2013 decorreu de uma adesão ao pregão presencial- adesão de ata da Prefeitura Municipal de Traipu. O contrato nº 035/2013 decorreu da adesão ao pregão presencial- adesão de ata da Prefeitura Municipal de São Luiz do Quintude. Porém, na denúncia, a informação é contestada, pois ninguém sequer sabe quando o pregão ocorreu. E mais: no contrato 034/2013 com vigência de quatro meses, o pagamento mensal é de R$ 357.013,70, total: R$ 1.428.154,80. Já o de nº 35/2013 o prazo de vigência é de 4 me-

ses, com pagamento mensal R$ 167.380,40, num total de R$ 669.521,60. E mais, no endereço citado não consta a empresa LLMAR e sim um lava-jato. De acordo a denúncia, apesar do valor do contrato, “não se vê um carro locado sequer em nenhuma secretaria do município, exceto carros locados pelo prefeito e seu pai para transporte de alunos”, diz documento. O número de irregularidades parece não ter fim. E a pasta da Educação foi colocada em xeque. É que o contrato nº 09/2013 chama a atenção pelo valor R$ 1.578.580,25 com a empresa Colibrer LTDA, CNPJ 04918243/0001-64. Trata-se de reforma e ampliação de 10 escolas da rede municipal de ensino. Mas, ao visitar os locais em que aconteceriam as reformas foram encontradas inúmeras irregularidades. Dessas, apenas cinco foram concluídas as reformas e o mais grave é que a empresa mesmo deixando de cumprir o contrato na totalidade recebeu o valor total de R$ 2.590.000,00. Vale ressaltar que a prefeitura pagou a mais do contrato R$ 1.011.000,00. Conforme ofício 1415/2015-GP, tais contratos não foram encaminhados ao Tribunal de Contas de Alagoas.


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Biodiversidade e sustentabilidade em pauta

RIO CORURIPE

PROJETO DE RESTAURAÇÃO LANÇA SEGUNDO VOLUME COM RESULTADO DE ESTUDOS DA BACIA HIDROGRÁFICA ASSESSORIA

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ois anos de intensas atividades em sete municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Coruripe resultaram na publicação do segundo volume do livro “Restauração do Rio Coruripe – Um projeto de resgate socioambiental”, lançado na quarta,6. Dividido em onze partes, apresenta informações sobre biodiversidade e sustentabilidade, fruto das ações desenvolvidas pelo Projeto Restauração do Rio Coruripe nesse rio eminentemente alagoano. Selecionado no programa Petrobras Socioambiental, em 2014, o Projeto RECOR pode dar continuidade as suas ações na Bacia do Rio Coruripe, atuando no biênio 2014/2016 com a gestão de corpos hídricos superficiais e subterrâneos com base na reversão de processos de degradação desses recursos e ampliando sua área de atuação nessa segunda fase para o Alto, Médio e Baixo Coruripe. De acordo com a coordenadora do projeto, a bióloga Marcela Daher, a equipe técnica do RECOR diagnosticou que “as nascentes, em sua maioria, apresentam forte impacto ambiental, no que tange ao assoreamento, à conservação e à qualidade da água, em virtude das áreas onde estão inseridas, as quais são ocupadas pela agricultura ou pecuária, com forte desmatamento e, portanto, susceptíveis aos conta-

minantes externos”, aponta. Dessa forma, a intervenção direta a fim de minimizar a situação de contaminação das águas foi urgente. A par dessa situação, o Projeto RECOR criou nessas nascentes ações mitigadoras para a manutenção do fluxo de água na região hidrográfica do Coruripe, melhorando a qualidade ambiental dessas nascentes e fornecendo água de melhor qualidade para as comunidades rurais que delas dependem utilizando a técnica de solo-cimento. Em dois anos, o projeto superou a meta entregando setenta nascentes recuperadas para comunidade ao longo da Bacia. Aliado a esse trabalho, também foram desenvolvidas ações de reflorestamento de áreas de mata ciliar. Quanto à biodiversidade da Bacia do rio Coruripe, o livro apresenta os resultados do estudo desenvolvido durante cinco campanhas de levantamento de fauna onde foram inventariadas espécies da mastofauna alada e terrestre, herpetofauna e avifauna, resultando em informações inéditas para a área. Segundo o coordenador das campanhas de fauna, o ornitólogo Lahert Lobo, “uma das grandes contribuições do Projeto RECOR para a avifauna foi o primeiro registro de uma espécie rara de gavião, o gavião-gato-donordeste (Leptodon forbesi), para as três principais áreas de estudo. Esses dados são de extrema relevância devi-

Espécies dan fauna e flora da região estão registradas na obra

do à escassez de informações da espécie, que se encontra globalmente ameaçada de extinção”, alerta. Lobo destaca que trabalhos de restauração de ambientes florestais e Áreas de Preservação Permanente

na Região Hidrográfica da Bacia do Rio Coruripe têm um potencial positivo para o aumento da diversidade e conservação da fauna decorrente do ganho esperado de habitats. O presidente da Asso-

ciação Pró-Gestão de Recursos Hídricos do Coruripe (AGERH), o economista Geraldo G. de Barros Neto, esclarece que o pilar em que o RECOR se sustenta é a aliança entre o econômico com bem estar social e a preservação ambiental, teoria desenvolvida pelo ecossocioeconomista polonês Ignacy Sachs. Segundo Barros, “a importância do projeto está baseada na integração entre as esferas ambiental, social e econômica. Dessa forma, a gente vem contribuindo para melhora na qualidade de vida da comunidade do Coruripe”, explica. Barros também destaca que além das pesquisas em biodiversidade e das ações sustentáveis, o livro apresenta informações sobre o trabalho de educação ambiental desenvolvido pelo projeto. “Sem as ações de educação ambiental, o projeto não ganharia a força que tem hoje tampouco a gente garantiria o engajamento da comunidade a fim de multiplicar a importância de respeitar e cuidar do meio ambiente”, conclui.


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Tropas alagoanas participaram da Guerra de Canudos

HISTÓRIA DE ALAGOAS

SOLDADOS DO 33º BATALHÃO DE INFANTARIA ESTIVERAM NO SERTÃO BAIANO ENFRENTANDO OS REBELADOS COMANDADOS POR ANTÔNIO CONSELHEIRO EDBERTO TICIANELI Jornalista

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Guerra de Canudos entrou para a história do Brasil por ter sido um dos mais violentos confrontos entre um segmento da população e o Exército da República. De fundo sócio -religioso, os enfrentamentos duraram de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, interior do estado da Bahia. Entre os fatores que contribuíram para o surgimento das contradições que terminaram em massacre destaca-se a grave crise econômica e social em que se encontrava a região. A esperança de dias melhores estava depositada numa salvação milagrosa que tiraria os sertanejos do sofrimento imposto pelo clima e pela exclusão econômica e social. A primeira mobilização dos seguidores de Antônio Conselheiro, o líder dos rebelados, foi contra a municipalização da cobrança de impostos. Mas o que assustava a imprensa, o clero e os latifundiários da região era a migração de pessoas para aquela nova cidade, que surgia em Canudos com 25.000 habitantes. Aos poucos foram identificados como de contestadores do regime republicano recém-adotado no país. Antônio Conselheiro e seus adeptos eram tratados como “perigosos monarquistas” a serviço de potências estrangeiras, querendo restaurar no país o regime imperial. Deflagrado o conflito, as tropas do Exército foram derrotadas nas três primeiras expedições contra o povoado. Essa informação apavorou o país e deu legitimidade para a perpetração do massacre que culminou com a morte de mais de seis mil sertanejos. Todas as casas foram queimadas e destruídas. ALAGOAS CONTRA C ANUDOS Segundo a pesquisa de Moa-

Divisão de Artilharia em Monte Santo e as temidas matadeiras, canhões Withworth 32, usados na última expedição militar enviada a Canudos em 1897

Mulheres e crianças prisioneiras em Canudos

cir Medeiros de Santana, a primeira notícia sobre a presença de tropas alagoanas no conflito de Canudos surge no jornal O Gutemberg de 25 de novembro de 1896, em Maceió. Na primeira página se lia: “Movimento de força. O comandante da guarnição deste Estado, atendendo ordens do General Solon determinou ficasse de prontidão um contingente de 100 praças que devem seguir hoje para a Bahia. Esse movimento de força é necessário pela atitude hostil que tomou o fanático Antonio Conselheiro em Lavras e Lençóis, na Bahia, contra as forças federais e policiais daquele Estado.

Os srs. Alferes Elesbão, Ormínio, Montenegro e Maurício devem seguir com essa força do exército”. Entretanto, somente no dia 6 de dezembro é que embarcaram no vapor “Alagoas” 200 praças do 33º Batalhão da Infantaria, como registrou O Gutemberg de 10 de dezembro, sob o título “Sucessos na Bahia”. O 33º BI, ao chegar à Bahia, foi incorporado à 2ª Coluna comandada pelo general Cláudio do Amaral Savaget, que por sua vez estava sob o comando do general Arthur Oscar. A tropa alagoana compunha a 6ª Brigada em conjunto com o 26º BI de Sergipe e o 32º BI do Espírito Santo. O co-

Oficiais do 28º Batalhão de Infantaria,1897

mandante da Brigada era o coronel alagoano Donaciano de Araújo Pantoja. Se o Exército recebia ajuda das forças militares de Alagoas, Antônio Conselheiro também bebia na mesma fonte. O Gutemberg de 13 de março de 1997 informa que desertores da polícia de Alagoas e Sergipe, praças do Exército e cassacos despedidos da Estrada de Ferro do São Francisco se agregavam às forças sitiadas em Canudos. No mesmo dia em que ocorreu a rendição de Canudos, às 16 horas do dia 5 de outubro de 1897, o diretor do jornal O Gutemberg, Dr. Eusébio de Andrade, entrevistava o coronel alagoano Virgínio Napoleão Ramos, comandante do 33º BI e que se recuperava em Maceió de ferimentos recebidos em combate, no dia 27 de junho na localidade Macambira. Virgínio Napoleão se referia aos combates de Canudos como “oficina da morte” e calculava que os engajados com Antônio Conselheiro ultrapassavam os dois mil combatentes. O comandante do 33º BI também estranhava a não utilização pela expedição Moreira César dos fuzis de guerra “Kropatchek”, quando essa arma era utilizada pelos atiradores de Canudos. Ele suspeitava que os “fanáticos” dispunham de maior

número de armas que o Exército na 3ª Expedição (foram quatro expedições), e que após a vitoriosa 4ª Expedição foram encontradas muitas munições, aumentando a suspeita de que os rebelados receberam auxílio externo. O segundo deslocamento de soldados alagoanos para a Campanha de Canudos aconteceu em março de 1897. A partir do dia 12 de março, o 33º BI passou a aguardar o transporte para Salvador, que só aconteceu no dia 21 do mesmo mês. Às 16h30, o vapor “Espirito Santo” recebeu todo o efetivo do Batalhão. O 33º BI voltou a Alagoas no dia 11 de novembro, a bordo do “Prudente de Moraes”. Desembarcaram somente 110 homens e 30 mulheres. Os demais ficaram sepultados nos sertões baianos, ou estavam feridos em hospitais. Foram recebidos sem festa, principalmente porque havia ocorrido recentemente, no Rio de Janeiro, o assassinato do ministro da Guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt, que esteve em Canudos comandando o massacre.

Fontes: Site Só História e Alagoas na Guerra de Canudos, de Moacir Medeiros de Santana / Fotos de Flávio de Barros - Acervo Museu da República


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Para refletir: A política brasileira está de tal modo contaminada pela corrupção que o próprio eleitor sente que erra todas as vezes que vota, independente do candidato escolhido”

A podridão que nos sufoca Brasília é um cadáver putrefato. As instituições se transformaram em cadáveres insepultos. Tudo está apodrecido. Pelo cenário apresentado e a cada dia revelado não se salva ninguém. Pode nem ser o “fim do mundo”, mas parece que é o fim do Brasil. O grande temor é que não haja um recomeço. Por falta de personagens capazes de operar a reconstrução. Perdemos nossa pátria Usurparam nossa cidadania. Roubaram nossa dignidade. As previsões do grande Rui Barbosa estão se concretizando. Haverá um dia, não muito distante, que teremos vergonha de ser honestos. E o povo brasileiro, dormindo eternamente em berço esplêndido, sem nenhum grito heroico ou retumbante, pagará um alto preço por ter fugido à luta. E seremos nós no mundo conhecidos como ”terra de ninguém”. Este é o Brasil que ajudamos a construir com o equívoco do voto. Mas, com certeza não é o que merecemos.

Aí é que mora o perigo O presidente interino Michel Temer disse que tomará medidas consideradas impopulares “a partir de certo momento”. A fala foi precedida pela entrega de um manifesto de confiança no governo assinado por 46 entidades de vários segmentos do agronegócio brasileiro. “Eu vou colocar esse acordo em um quadro no meu gabinete. É uma coisa importantíssima para nós, porque (esse apoio) nos permite ganhar forças para enfrentar os problemas. Nós temos o apoio dos setores produtivos do País”, disse Temer. “Esse apoio é fundamental porque a partir de certo momento, começaremos com medidas, digamos assim, mais impopulares”, acrescentou, sem entrar em detalhes. Se sacramentar a saída de Dilma vem coisa pesada por aí. Para o contribuinte, sem dúvida.

Tragédia esquecida Apoiando a justa iniciativa da 19ª Promotoria de Justiça da Capital (Fazenda Estadual), os desembargadores da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça acordaram, por unanimidade, em manter a sentença do juiz Manoel Cavalcante de Lima Neto que obriga o Estado de Alagoas a garantir moradias dignas para várias famílias desabrigadas. Trata-se de vítimas das fortes chuvas que atingiram cidades alagoanas em junho de 2010 e que até hoje vivem de forma precária, cercadas de proliferação de doenças e ambientes impróprios em ocupações. A grande verdade é que os governos nunca deram a importância humanitária às inúmeras famílias vítimas da tragédia. Vivem na promiscuidade, expostas a todo tipo de violência, sem nenhuma condição humana de vida. Foi assim no momento da enchente e persiste esta situação até hoje.

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PEDRO OLIVEIRA pedrooliveiramcz@gmail.com

Fazendo acontecer

O Tribunal de Contas do Estado depois de muita exposição negativa perante a sociedade e se afastando do seu papel institucional, enfim vive dias com um cenário positivo e vem retomando o importante papel na administração diante da sociedade. Na gestão do conselheiro Otávio Lessa como presidente o órgão tem conseguido avanços muito importantes. Saiu da letargia anterior para um processo dinâmico de gestão. Há efetivo investimento em tecnologia, modernização e preocupação constante com a preparação e valorização do pessoal técnico. Para um futuro muito breve a sociedade vai se surpreender com os resultados de uma administração séria, competente e empreendedora. É o trato zeloso com a coisa pública que deve ser exemplo.

Alagoas na mídia nacional

Cabeças vão rolar I

Mais uma vez Alagoas é manchete nacional e como não poderia deixar de ser, até por tradição, pelo viés negativo que nos expõe ao ridículo em todo o país. Agora foi a vez do histórico e desprezível estado em que se encontra o Instituto Médico Legal. Em um flagrante gesto de desrespeito e desumanidade os restos mortais são tratados, como sempre foram, como lixo em ato considerado criminoso. Úmeros (ossos superiores dos braços), fêmures (os das coxas), pedaços de costelas e ao menos dois crânios espalhados pelo local, foram mostrados na reportagem que nos envergonha. Ouvida, a direção do IML se saiu com respostas evasivas e injustificáveis ao afirmar que “não há dinheiro” no órgão para arcar com suas atividades. . Onde estão o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina? Ao permitir ou fazer que não estejam vendo cometem o mesmo erro dos responsáveis pela administração caótica do IML. Por que Alagoas é assim?

Vazam informações do Ministério Público que preocupam as mais destacadas cabeças da república. A tática é esperar o impeachment da presidente afastada e logo em seguida deflagrar sucessivas operações da Policia Federal com mandados de prisão, além busca e apreensão de documentos e bens. A lista é longa e com muitos poderosos.

Do que se fala em Brasília Agradando O novo decreto de Temer prevendo canal direto do comando militar com o presidente da República diminui o poder do ministro da Defesa. Agora, os chefes das Forças Armadas despacharão diretamente com o presidente interino. Temer está disposto a agradar os militares. Marcou para o fim de julho a assinatura da promoção de 25 generais. A queixa do setor sobre a demora de Dilma para assinar as transferências eram constantes.

Cabeças vão rolar II

No rol dos nomes cujas investigações já estão concluídas existem duas figuras emblemáticas. “Uma delas haverá unanimidade e o país vai aplaudir. A segunda é uma incógnita qual a reação nacional. Por isto mesmo ambas têm que ser no momento oportuno e estão sendo estudados todos os detalhes”m segundo confidenciava um procurador da Lava Jato.

Todos iguais As investigações que vão resultar na grande operação preparada pelo Ministério Público e Polícia Federal já receberam o aval do STF, mas há uma grande preocupação de que nada seja vazado, pois são tantos os envolvidos que poderá por em risco a estabilidade institucional do país. PT e PMDB encabeçam a lista, mas é vasto o envolvimento de integrantes de vários partidos. Inclusive algumas surpresas. Todo o planejamento da grande operação está guardado em um cofre forte. E sabe quem tem a única chave? O juiz Sérgio Moro.

A maior de todas

Há no momento uma dúvida entre os investigadores da Lava Jato quanto ao momento e o tamanho da largada da Bondade pura operação. São tantos os personagens que um grupo defende Técnicos do STF se espantaram com a decisão do ministro o “fatiamento” em várias etapas, mesmo que sucessivas, Dias Toffoli de mandar soltar Paulo Bernardo, ato que não enquanto alguns acham que “tem que limpar de uma vez constava no pedido da defesa. só”. Da operação muita gente sabe, mas a “lista negra” essa “É como se os advogados pedissem uma Caloi e ganhasninguém tem acesso. Vamos aguardar, pois em Brasília é sem uma Harley Davidson”, declarou um dos especialistas. assim: pode acontecer tudo. Inclusive nada.


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LUIZ CARLOS AMORIM

ARTIGOS

Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA

Impérios religiosos

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ejo os impérios financeiros “religiosos” prosperarem cada vez mais, infelizmente. E existem dois assuntos que eu não gosto de abordar: política e religião, mas há ocasiões em que

Não seria tempo de nossos governantes, o poder Legislativo, quem sabe, rever essa lei que isenta as igrejas de qualquer ônus. a gente é obrigado a falar sobre os referidos, pois fazemos parte do contexto em que eles estão inseridos; queiramos ou não, eles nos

dizem respeito. Então enveredamos por discussão sobre religião, em família. E aí a coisa pega, pois sou muito cético em relação ao assunto. Para mim, fé é uma coisa e religião é outra. Acho crime o que fazem certos “bispos” e “pastores” de tantas novas igrejas que usam o nome de Deus para conseguir dinheiro dos pobres fiéis. E quando digo pobres, quero dizer pobres, mesmo, nos dois sentidos: pobres porque são enganados, aliciados e pobres porque têm poucas posses, a maioria deles. E as igrejas proliferam, porque no Brasil essa é uma modalidade de “empresa” ou “entidade” que não paga nenhum imposto. En-

O golpe enexistente e o planejado pelo PT

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o longo das últimas semanas tive oportunidade de observar a conduta da tropa de choque petista na Câmara e no Senado durante as longas etapas de deliberação sobre o impeachment da presidente Dilma. Havia duas linhas paralelas de atuação e ambas convergiam para aquela câmera que dava publicidade às

A primeira das linhas de defesa do governo repetia, à nossa fadiga, que assistíamos a um ‘golpe’. infindáveis sessões. A primeira das linhas de defesa do governo repetia, à nossa fadiga, que assistíamos a um “golpe”. A segunda pretendia, com gritos, tumultos, questões de ordem e contestações, evitar que fossem mencionados outros crimes não constantes do processo. Desses não poderíamos

ouvir falar. O PT insistentemente varria seu lixo para debaixo do tapete. Quem são os agentes do “golpe” que o PT insistentemente denuncia? Vamos a eles: 1. a população brasileira, que aos milhões saiu às ruas para sacudir as instituições de sua inércia; 2. os autores de dezenas de requerimentos de impeachment que, ao longo de 2015, foram transformados por Eduardo Cunha em moeda de negociação para salvar a própria pele; 3. os signatários do requerimento finalmente escolhido para prosseguir, subscrito, entre outros, por um fundador do PT e, não por acaso, o que reduzia a apenas dois os muitos crimes de responsabilidade praticados pelo governo (opção que muito contrariou a Dra. Janaína Paschoal, como ela fez questão de deixar bem claro); 4. o Tribunal de Contas da

tão os “religiosos” alugam um espaço físico, fundam uma igreja e atraem os “féis”, com a promessa, por exemplo, de livrá-los do inferno, se doarem certa quantia à casa de Deus, que eles representam. E com esse dinheiro que pedem aos “fiéis”, pagam o aluguel, pagam os pastores e “funcionários” da igreja e ficam ricos, constroem impérios milionários, bilionários. Até na “política” eles estão se impondo, pois há muitas “autoridades” que são pastores e bispos de “igrejas”, “religiões”. Não seria tempo de nossos governantes, o poder Legislativo, quem sabe, rever essa lei que isenta as igrejas de qualquer ônus, de

qualquer taxa, para acabar com essa coisa de usurparem o pouco dinheiro que as pessoas ganham com sacrifício em troca de promessas formuladas em nome de Deus, em tom de coacção? Pois ameaçar que alguém vai pro inferno se não colaborar, que não vai conseguir sucesso na vida, se não colaborar, é enganar, é roubar as pessoas. Está na hora de mudar esse estado de coisas. Isso é usar o nome de Deus em vão, é usar a fé em Deus dos nossos semelhantes para conseguir benefício próprio, usando o princípio do dízimo, que é mencionado na Bíblia. Isso é estelionato protegido pelo Estado. Não pode haver lei que proteja isso.

PERCIVAL PUGGINA

Arquiteto, empresário e escritor - site www.puggina.org

União, que por seus técnicos e pela unanimidade de seus ministros rejeitou as contas e apontou os crimes de responsabilidade ao Congresso Nacional; 5. o Supremo Tribunal Federal, que definiu minuciosamente o moroso rito a ser seguido pelas duas casas do Congresso em sua deliberação; 6. a Câmara dos Deputados, que em duas etapas e por quase três quartos de seus membros votou pela admissibilidade do processo; 7. o Senado Federal, que na próxima quarta-feira, por grande maioria de seus membros, salvo contratempo, acolherá a denúncia e dará início ao processo público de julgamento da presidente. É a todos esses que a presidente e sua tropa de choque se referem quando insistem no discurso do golpe, cuja única utilidade é legitimar

as ações efetivamente golpistas que se sucederão e para as quais estão sendo motivadas as milícias a serviço do partido e do governo. Não é mesmo, Gilberto Carvalho? Não basta terem, através de uma organização criminosa, assim designada pelo Procurador Geral da República, conduzido o país à mais caótica situação dos últimos 80 anos. É preciso, por todos os meios, impedir que ele se recupere. Assim, de um lado, temos um processo transparente, fundamentado, dispondo de amplo apoio popular e congressual, contando com reiterado reconhecimento judicial. De outro, as motivações e condutas golpistas do governo, como essa traquinagem inventada pela AGU com a cumplicidade do presidente interino da Câmara dos Deputados, que ronrona fidelidade nos ouvidos do governo pedindo cafuné.


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ARTIGOS

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JORGE MORAES Jornalista

Correios: a pior empresa do Brasil

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aldita a hora em que precisei dos serviços da Agência Central dos Correios, no Centro de Maceió. No dia 30/06, recebi a senha H 1463, às 12:13:41, é como está marcando no papel liberado pela máquina, para atendimento no caixa preferencial. Depois de uma longa e irritante espera, me dirigi a um caixa de atendimento para reclamar a longa demora. Como resposta, recebi a informação

Além do pior serviço prestado no Brasil, as pessoas, todas concursadas, talvez sobrecarregadas de trabalho, atendem de mau humor, um tratamento maldito e perverso. que estava demorando porque o rapaz teria saído para o almoço. E era verdade. O caixa indicado como preferencial estava vazio. E, no intervalo dos outros, ninguém apareceu para substituir. Somente às 13:26:26 é que o atendimento foi rea-

lizado, porque uma filha de Deus me chamou e indicou um caixa que faria o registro de um documento que precisava ser postado naquele dia para o Rio de Janeiro. Pergunto: existe empresa mais perversa do que essa no atendimento ao usuário? A reclamação não é só minha. Estou, apenas, como tenho o espaço, reclamando em nome de tantas outras pessoas que estavam se sentindo prejudicadas naquele e em outros momentos. Pessoas, como eu, que esperaram o mesmo tempo e não foram atendidas, desistiram e foram embora, com o mesmo tipo de reclamação. Para se ter uma ideia como é ruim o serviço da Agência Central dos Correios, em Maceió, ruim porque não consegui encontrar outro adjetivo pior, mas poderia utilizar bagunçado, desrespeitoso, um absurdo, uma falta de capacidade, uma sacanagem, e por aí vai. Algumas empresas, entre elas, agências bancárias, estão cancelando seus contratos com os Correios e enviando suas correspondências via

O vírus da mosca azul

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m momento crítico e atípico o que estamos vivendo no Brasil: empresários, políticos (poucos), laranjas e doleiros são presos e processados. A Polícia Federal trabalha incessantemente na luta contra a corrupção. E as surpresas se sucedem. O primeiro exemplo gritante de uso indevido do dinheiro público é o PT e seu chefe maior, o ex--presidente Lula. Acuado, com medo de ser preso, concedendo entrevistas malucas, é um homem fragilizado. O segundo é a presidente Dilma. Mulher de temperamento agressivo, tratou mal os políticos que compunham sua base

Fui algumas vezes ao Pleno do TJ, assistir ao julgamento de processos de meu interesse ou de servidores do Legislativo e lá estava o jovem magistrado, hoje com 57 anos, vaidoso, orgulhoso. no Congresso. Está afastada, aguardando possível condenação. Quanto ao terceiro exemplo ocorre em Alagoas: o presidente do Tribunal de Justiça foi afastado temporariamente do cargo de desembargador e da presidência do TJ. Os três estão unidos pelo excesso de

vaidade e por acharem que poder e dinheiro não se acabam. Receberam de “mão beijada” tantas benesses, altos cargos e jogaram tudo fora. Lula e Dilma, só os conheço através da imprensa, mas o julgamento que faço corresponde a anos e anos de exposição na mídia e pelo grande número de irregularidades cometidas. Já o presidente afastado do TJ conheço de perto há vários anos. Quando deputado estadual, eu era presidente do Sindicato dos Servidores do Legislativo e fui ficando assustada com sua transformação. Nunca deixou de ser político e teria sido melhor para ele que não entrasse no Tribunal de Justiça; continuasse como parlamentar. Escolhido pelo governador Mano para o cargo ainda jovem, ligou para mim e disse: “Pode parabenizar-me, sou desembargador”. Começou aí seu crescimento em vaidade, poder e novos amigos. Afastou-se de antigos conhecidos e passou a conviver em plagas mais refinadas. Perdemos o contato, mas a imprensa não o perdeu de vista. Nas entrelinhas tomávamos conhecimento de suas peraltices. Tinha um bom relacionamento com os deputados estaduais e sempre os protegeu nas ações que tramitavam no Judiciário. Recentemente passou

emails ou disponibilizando os documentos na própria agência. O problema é que essas empresas estão sendo penalizadas com ações na justiça por pagamentos atrasados, pois os boletos nunca chegam, pelo menos, com 48 horas de antecedência em nossas residências. É uma vergonha o serviço prestado por eles. Além do pior serviço prestado no Brasil, as pessoas, todas concursadas, talvez sobrecarregadas de trabalho, atendem de mau humor, um tratamento maldito e perverso. O órgão de Defesa do Consumidor (Procon) pune as agências bancárias que demoram atender os usuários. Por uma demora acima de 15 minutos, o banco é multado e, às vezes, de acordo com o tempo esperado nas filas, são severamente multados. Não acho isso ruim, muito pelo contrário, já que eles ganham muito dinheiro às nossas custas. Os bancos e banqueiros estão cada vez mais ricos. Mas por que o Procon não age da mesma forma com as agências dos Correios? Punindo em defesa

dos usuários. Como resposta não precisa dizer que, para os bancos, existe uma lei nesse sentido. Acho que uma aberração como essa independe de lei. O que mais nos deixa irritados é saber que existe a Lei 6538/78, que trata dos Direitos e Deveres dos Correios, que em um de seus parágrafos diz o seguinte: “O serviço postal e o serviço de telegrama são explorados pela União, através de empresa pública vinculada ao Ministério das Comunicações”, e talvez seja por isso que o Procon não atua. Bem que essa lei poderia ser estendida para determinar um tratamento e um atendimento decente, com pessoas capacitadas, desde a sua direção geral ou superintendência, até o colaborador mais humilde em seus diversos setores. Não é coisa nova, mas as denúncias de desvios de verbas já começam a “pipocar” contra a empresa. Para finalizar, estou entrando com uma ação na justiça contra a Agência Central dos Correios, em Maceió. É só esperar...

ALARI ROMARIZ TORRES Aposentada da Assembleia Legislativa

por cima da decisão de um de seus pares, e, através de liminar, derrubou um bloqueio de contas da ALE e o mais importante: num fim de semana. E os boatos cresciam: o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) vai afastar o presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas; lá já tramitam vários processos contra ele. Mas ninguém acreditava que chegasse a tanto; nem ele. Finalmente, o CNJ afastou o moço por 120 dias, quando então será julgado definitivamente. Uma verdadeira bomba explodiu no nosso estado. Fui algumas vezes ao Pleno do TJ, assistir ao julgamento de processos de meu interesse ou de servidores do Legislativo e lá estava o jovem magistrado, hoje com 57 anos, vaidoso, orgulhoso. Enquanto alguns desembargadores conversavam conosco, ele, de longe, só assistia à luta de pobres servidores por dias melhores. Olhava-nos de cima para baixo, porque se considerava um ser superior, tendo à sua disposição dezenas de pessoas. Nós, simples mortais, estávamos na dependência de seu julgamento. Os deputados da Mesa da ALE perdem

por 120 dias o “grande pai”, que apesar de ser irmão de parlamentar, ter dezenas de parentes funcionários da Casa, nunca se averbou suspeito nos processos de interesse do Poder Legislativo. Um fato que me chocou foi o possível envolvimento do magistrado em “crimes de mando”. Não estou acreditando, mas a internet (Google) mostra o fato numa de suas páginas. Fazendo uma detalhada análise desses tipos de criaturas, fico estarrecida com o comportamento delas. Acreditam que nunca serão punidas. Estão acima do bem e do mal. No meio militar existe uma frase interessante para o excesso de vaidade de uma pessoa quando nomeada para um alto cargo: “Foi mordido pela mosca azul”. Pois bem leitores, acho que o vírus da mosca azul atingiu Lula, Dilma e o presidente afastado do TJ. O pior é que não há vacina para tal doença. O remédio... Ah!...O remédio é muito forte e bastante difícil: só uma bela queda. Deus existe. Não duvidem!


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TJ e Instituto Cidadão promovem novo curso

CAPACITAÇÃO

INDEPENDÊNCIA, LIDERANÇA E PACIÊNCIA SÃO O FOCO DO TREINAMENTO ASSESSORIA

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Tribunal de Justiça de Alagoas, através do Instituto Cidadão, iniciou mais uma capacitação de seus servidores dando prosseguimento ao projeto de capacitação continuada com o curso “Gestores de Alta Performance no Serviço Público”. O treinamento que é promovido pela Diretoria de Gestão de Pessoas do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), teve início na segunda-feira (4) e prossegue até esta sexta (8), no auditório Desembargador Antônio Nunes de Araújo, no primeiro andar do

TJ/AL. O curso é voltado a servidores efetivos e comissionados que atuam na área administrativa. As aulas têm como objetivo desenvolver técnicas de autoconhecimento para potencializar nos participantes as capacidades de independência, liderança e paciência. A capacitação está sendo ministrada pela coaching e especialista em Gestão do Trabalho e Educação em Saúde Camille Lemos Cavalcanti Wanderley, que também é coordenadora pedagógica do Instituto Cidadão. “O participante é levado a se permitir a pensar de uma forma

Camille Cavalcanti é a instrutora do curso

diferente e isso faz com que ele impacte dentro da realidade de trabalho”, explicou a professora. Este é o sexto curso realizado neste ano pelo Departamento de Desenvolvimento da Di-

retoria de Gestão de Pessoas e faz parte do Plano Nacional de Aperfeiçoamento dos Servidores do Poder Judiciário. “O treinamento do servidor é muito importante para que ele desenvolva melhor o seu

trabalho, aqueles que estão participando, estão aplicando os conhecimentos e conseguem desenvolver um melhor trabalho e isso é fundamental”, explicou o responsável pela realização do curso, Cleiton Falcão.


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Convivendo com disciplina

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inguém sabe como será o futuro do País a curto prazo. Os juros não vão baixar, a inadimplência vai continuar aumentando e os salários sempre defasados. Para sobreviver a essa crise que não acaba tão cedo, tem que ter disciplina financeira. Se conformar com o que ganha e procurar pesquisar os preços, trocar de marcas, reduzir o consumo. A inflação vem sendo controlada, mas não significa que os preços não aumentam. Tem ainda o fator climático: chuva ou seca. Assim, procure ver o que se encontra na safra (hortifrutigranjeiros) e vá consumindo. O que está na entressafra, substitua por outro que faz o mesmo efeito. Vá a uma feira-livre, principalmente se for de produtos orgânicos. Pague em dia suas contas, evitando juros e multas. Também evite amortizar o seu cartão de crédito, pagando apenas o valor mínimo e deixando a dívida crescer, que vai chegar o tempo em que não tem mesmo condições de quitar.

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REPÓRTER ECONÔMICO

JAIR PIMENTEL jornalista.jairpimentel@gmail.com

Sabendo as novidades Procure ler jornais, assistir aos noticiários da TV, ouvir os das emissoras de rádio e acessar os sites de notícias na Internet. Acompanhe as novidades do novo governo, principalmente as econômicas, que mexem em seu bolso. Reajustes de produtos e serviços são controlados por ele.

Comprando sem pressa Ao se dirigir às compras, seja em supermercados ou lojas do comércio, não vá com pressa. Escolha o dia em que estiver realmente de folga, com tempo suficiente para pesquisar os preços. No caso de compras de bens duráveis, converse com o vendedor, pechinchando e pedindo descontos.

Empréstimo O crédito consignado cobra uma taxa de juros que se imagina “caber no bolso”. Mas atente para o tempo que vai pagar obrigatoriamente as prestações, já que são descontadas de seu salário. No final, o valor pago é o triplo do que tomou emprestado. O mesmo vale para compras pelo carnê.


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S.O.S. ALAGOAS

Desinteresse

É

comum em conversas entre maceioenses pressentir indecisos para votar em outubro. E do desinteresse custo de vida sem controle, principalmente alimentos, tarifas públicas e também corrupção desenfreada.

CUNHA PINTO

Impeachment O processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff já não dá mais pauta principal de conversas entre maceioenses. Decisão, para a maioria oferece projeção de ela não retornar ao Planalto. A fase de depoimentos na Comissão Especial do Impeachment terminou na quarta-feira.

Justifica? Jorge Viana, vice-presidente do Senado, sobre o reajuste dos funcionários do Congresso: “Em momento de crise é difícil relatar matéria que aumenta o salário de mais de 120 mil servidores, mas a categoria teve perdas salariais significativas desde 2008”

Distorção Servidores do Judiciário, mas de Brasília, tiveram aprovado um reajuste de salários no Senado com percentual de 41,47%. Foi votado em sessão realizada na quarta-feira da semana passada(29). O do salário mínimo foi em que percentual?

Recesso parlamentar O PSB na Câmara Federal é contra o recesso de 18 a 31 de julho. Defende continuidade dos trabalhos e a votação de processos nas comissões e em plenário. Prega a importância de “votar matérias relevantes para o País antes das campanhas municipais”.

Manual das eleições Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), com apoio do Google, lançou manual para as eleições de 2016 com inovações de conhecimentos sobre jornalismo dedados e de políticas públicas municipais. Com 98 páginas, está disponível nas versões digital e impressa.

Por trás do problema “Nem príncipe nem Sapo”, livro, escrito pelo médico sexologista João Luiz Borzino e o terapeuta educador e jornalista Edvaldo Pereira Lima. Texto oferecendo respostas para perguntas de consultório, está também disponível nas versões digital e impressa.

Ação suspensa Supremo Tribunal Federal no dia 30 suspendeu ações promovidas por magistrados contra jornalistas da Gazeta do Povo, no Paraná. Eram queixas com pedido de indenização e causa uma matéria publicada sobre remunerações do Judiciário naquele estado.

Intimidar o trabalho Da mídia paranaense: “Os processos na Justiça não buscaram uma reparação de eventuais danos gerados pela matéria divulgada e sim intimidar a imprensa. É um atentado à democracia“. Jornalistas paranaenses lançaram a campanha “Fora assédio judicial”;

Feira semanal A frequência de consumidores nos supermercados registra uma baixa fora das previsões no começo do ano. E quem manteve o hábito das feiras semanais faz cortes na lista de produtos e prioriza levar produtos em promoção.

Prazo eleitoral Dirigentes de partidos políticos têm do dia 20 próximo até 5 de agosto, às 19 horas, para resolverem os casos pendentes sobre candidaturas e coligações.

Lava Jato É ilusão homens públicos acharem o alagoano alheio às ações da Polícia Federal na Operação Lava Jato. Mas pelo contrário, entre uns poucos é que brota pessimismo, mesmo ante as prisões feitas recentemente em Brasília.

Segurança viária Detran/AL dá continuidade ao Plano de Segurança Viária e meta a redução de no mínimo 6% de acidentes de trânsito, envolvendo motociclistas principalmente. Maceió hoje tem boa sinalização nas ruas, mas é comum desatenção no tráfego de motoqueiro e de motoristas.

Lixo na rua “Não jogue lixo na rua”. A campanha recente da Prefeitura é positiva, mas o maceioense, com rara exceção, precisa aprender que lugar do lixo é na lixeira. É vício insistir no abuso da prática de jogar lixo notadamente em esquinas e calçadas alheias.


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MEIO AMBIENTE

JULLYANE FARIAS meioambiente@novoextra.com.br

Baleias Todos os anos o litoral da Bahia recebe milhares de baleias jubarte, que procuram suas águas rasas e quentes durante a estação reprodutiva, em especial na temporada de julho a novembro. A baleia jubarte foi recentemente excluída da lista nacional de espécies ameaçadas de extinção, como consequência da recuperação de sua população em águas brasileiras. Isso se deve, entre outras coisas, à criação do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, área de principal concentração reprodutiva da espécie no Brasil, às ações de educação ambiental junto a comunidades e pescadores, além dos esforços internacionais para o combate à caça das baleias.

Cerrado

P

esquisadores da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) descobriram que há um grande risco da vegetação de Campo Mourão, no Paraná, sumir do mapa. Apesar de ter mais de 7,2 mil anos de existência, a área já é quatro vezes menor do que há 5 mil anos e pode sumir em menos de três décadas se não houver mudanças drásticas de comportamento humano.

Mariana A Samarco foi autuada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) por causar impactos em três áreas de proteção ambiental no Espírito Santo. Juntas, as multas totalizam R$ 143 milhões. A autuação se deu em decorrência do acidente do dia 5 de novembro do ano passado, quando ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, que espalhou dejetos no meio ambiente.

Exposição O projeto “Transformação do Mercado de Eficiência Energética no Brasil” (Projeto 3E) inaugurou na segunda-feira (4), em Brasília, uma exposição para divulgação dos conceitos do projeto que tem como objetivo de contribuir com a economia de 4 milhões de MWh de eletricidade nos próximos 20 anos, além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 2 milhões de tonela-

Desmatamento O Ibama, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Receita Federal realizaram no final do mês de junho a operação Rios Voadores contra organização criminosa especializada no desmatamento ilegal e na grilagem de terras públicas no estado do Pará. Segundo investigações, o grupo desenvolveu nova metodologia para conversão forçada de florestas em pastagens e, com isso, movimentou R$ 1,9 bilhão em quatro anos e destruiu 290 km quadrados de florestas em Altamira (PA), gerando um prejuízo ambiental estimado em R$ 420 milhões. A operação envolveu 95 policiais federais, 15 auditores da Receita, 32 analistas do Ibama e duas aeronaves.

Prêmio da Biodiversidade Estão abertas até 22 de outubro de 2016, as inscrições para a segunda edição do Prêmio Nacional da Biodiversidade. Instituída pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), a premiação reconhece ações e projetos que se destacaram pela conservação das espécies da fauna e da flora brasileira. A cerimônia de premiação está prevista para 22 de maio de 2017. As inscrições são gratuitas e deverão ser efetuadas exclusivamente na página eletrônica do prêmio (www.pnb.mma.gov.br).

das.

Velho Chico Uma pequena espécie de bagre foi encontrada nos fundos do Rio São Francisco, no norte de Minas Gerais e a presença dele indica bom estado de conservação do ambiente. A descoberta foi publicada na revista científica Neotropical Ichthyology, da Sociedade Brasileira de Ictiologia. A pesquisa teve apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Crime ambiental Duas fazendas localizadas na região banhada pelo Rio da Prata foram autuadas pela Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul. Já são cinco fazendeiros multados por danos ambientais como armazenamento irregular de embalagens de agrotóxicos, construção de sistemas de drenagem sem licenciamento ambiental, criação de gado em área de preservação permanente e desmatamento. A fiscalização é feita por terra ou por imagens de satélites, fotografias e vídeos aéreos, para constatar as ilegalidades e avaliar os danos ambientais para


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Empreitada difícil

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RB enfrenta o Náutico no sábado (9), no Recife, às 16 horas, e Juliano está liberado. Mazolla Júnior, nos treinos, mexeu no time. Uma decisão motivada por haver jogadores com o terceiro cartão e outros contundidos. Mas os cotados estão física e tecnicamente prontos para jogar.

PORDENTRODO ESPORTE JOÃO DE DEUS jdcpsobrinho@hotmail.com

Zé Carlos “Fizemos um trabalho intenso, agradeço a quem ajudou e estou feliz em estrear marcando gol”. Frase de Zé Carlos após a vitória do CRB sobre o Joinville (3x1). Já domingo, em casa, passou em branco contra o Goiás e torcida acha que ele esteve distante da área adversária, por isso passou em branco.

Noite frustrante! A ansiedade virou frustração. O São Paulo perdeu o primeiro jogo da semifinal da Libertadores da América. A derrota de 2 a 0 para o Atlético Nacional está totalmente ligada à expulsão de Maicon. Agora, a situação está complicada para o São Paulo. Na próxima quarta-feira, às 21h45, em Medellín. Para passar à final, o placar necessário é 3 a 0. Ou dois gols de diferença desde que faça um (3 a 1, 4 a 2...).

Estatística No Campeonato Brasileiro o Joinville ocupa as estatísticas como o clube com número mais baixo em cruzamentos de bola na área adversária. Tem também pontuação mais baixa nas finalizações para o gol.

Buscada reabilitação ASA, domingo, pega o Botafogo na Paraíba e o técnico Paulo Foiani não surpreenderá fazendo mudanças no time. Na opinião de torcedores alvinegros está como fera ferida mas não citam qual a razão.

Retorno ao G-4 A derrota para o Fortaleza é passado e expectativa da torcida do alvinegro é o pontuar domingo, mesmo o time não jogando fora de Arapiraca. E complementam analisando o time passando por boa forma e exibindo futebol de bom nível técnico. É jogo que deve começar às 16 horas.

Recado dado Itamar, técnico do Botafogo-PB, não escondeu que o time vai jogar ofensivo contra o ASA e a imprensa paraibana estimula presença da torcida no estádio. “No ritmo que estamos logo vamos somar vitórias”, diz. E completa: “Fomos superiores contra o América e o Confiança”.

Agora é líder CSA foi bem domingo no clássico pela Série D. Venceu o Central, em Caruaru (2x01) e assumiu a liderança no Grupo A-6. Soma 7 pontos e pega como próximo adversário o Guarani em Juazeiro do Norte (Ceará) às 19 horas.

Olímpiadas no Rio Os Jogos Olímpicos no Rio terão 306 provas e entrega de161 medalhas masculinas, 136 femininas e 9 mistas. Para o público estão disponibilizados 7,5 milhões de ingressos e cerca de 45 mil voluntários vão trabalhar na organização.

Eventos antecipados Durante a preparação das Olimpíadas foram realizados 39 eventos-testes como proposta para identificar possíveis falhas ou promover melhorias

Falcão é exemplo Falcão, aos 39 anos de idade, somou mais um título na carreira: é ídolo dos brasileiros no futebol de salão e consagrado melhor jogador do mundo em várias temporadas. Ele conquistou recentemente o nono título brasileiro da modalidade e jogando no Brasil.

Transmissão de Jogos José Roberto Maciel, vice-presidente do SBT, sugere mudança no modelo vigente de negociação entre clubes e a rede de televisão para transmissão de jogos de futebol no Brasil. Observação dele foi em entrevista na Folha de S. Paulo.

SBT tem proposta Roberto Maciel disse ainda haver encaminhado ofício ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O SBT, segundo ele, quer transmitir o Brasileiro, mas avalia como insustentável o modelo atual. Propõe negociação individual dos clubes com as entidades e uma reavaliação dos custos.

Outra queixa O vice-presidente do Grupo Silvio Santos condena a forma como ocorre a negociação de direitos de TV. No caso individual entre clubes e emissoras, com custos altos. E naturalmente foi o motivo da desistência do SBT nas transmissões do futebol.

Futebol de Salão Decisão do Mundial Universitário de Futebol de Salão é sábado. Tem presença de 22 delegações de 16 países. A Seleção Feminina brasileira é tetracampeã mundial, título conquistado em 2014. Já a masculina é também habitual no pódio mas como vice.

Endividados Barcelona e Real Madrid são hoje no mundo os clubes mais endividados do planeta, mas o débito não os impede de gastanças para manterem um elenco estrelado. Renovação de Neymar com o Barcelona, com validade até 2021, que o diga.

Nova casa Agora é oficial. Com aval da CBF, o Botafogo vai estrear sua nova casa no clássico contra o Flamengo, no dia 16 de julho. A entidade confirmou a realização da partida na Arena Botafogo. O estádio terá capacidade para 17.250 mil torcedores.

Boi bandido Carinho da torcida, artilharia do Campeonato Chinês, mas fora de sintonia com a atual diretoria. Assim termina a história de Aloísio com a camisa do Shandong Luneng. Desde 2014 na China, o atacante cansou de esperar pela prometida renovação de contrato e comunicou que não mais defende o clube. Com mais um ano e meio de vínculo, o jogador pediu para ser negociado e mantém o sonho de retornar ao futebol brasileiro. Boi Bandido se incomoda com demora na renovação de contrato e critica presidente; atacante revela prioridade para o Tricolor, mas não descarta outro clube brasileiro.


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Caminho aberto

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combinação de turbocompressor e motor de 1 litro é uma tendência e, tudo indica, vai se expandir. Na realidade, não chega a ser uma novidade pois o Gol, em 2001, tinha uma versão com esse arranjo que desenvolvia 112 cv, mais voltada para desempenho do que economia de combustível. Em julho do ano passado, a Volkswagen lançou o up! de 1-litro, três- cilindros, turbo e injeção direta (etanol/gasolina) para buscar desempenho e, ao mesmo tempo, menor consumo. Hyundai deu sua resposta em abril último com o HB20. Seu tricilíndrico turbo também é flex e a potência de 105 cv iguala-se à do up!, mas perde em torque. Ao adotar a injeção no duto (na Coreia do Sul a injeção é direta na câmara de combustão), teve de manter a partida auxiliar a gasolina em dias frios. Solução harmoniosa entre desempenho e consumo acaba de estrear no Fiesta. Motor EcoBoost de três cilindros alcança 125 cv e 17,3 kgfm. Em relação ao motor aspirado de 4 cilindros de 1,6

L (que continua em linha), ao utilizar gasolina, a potência é igual, mas o EcoBoost ganha não apenas 1,5 kgfm de torque. Sua curva de torque máximo começa bem antes, às 1.400 rpm, e continua constante até 4.000 rpm. Na prática, é mais rápido que o seu irmão de maior cilindrada em todas as situações. Duas características impressionantes são silêncio na marcha-lenta e baixo nível de vibrações. O compacto da Ford supera nesses quesitos os três-cilindros no mercado, embora ao se acelerar a fundo seja fácil de notar a sonoridade típica. A fábrica indica aceleração de 0 a 100 km/h em 9,6 s. Sua desvantagem é ter apenas versão a gasolina. O motor vem da Polônia e a Ford, por ora, não pretende aumentar a oferta para outros modelos. No consumo de combustível, como esperado, destaca-se em relação ao motor de 1,6 litro. O EcoBoost faz, de acordo com o fabricante, 10,2 km/l em cidade e 15,3 km/l na estrada. O motor só está disponível na nova versão

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ALTA RODA

FERNANDO CALMON fernando@calmon.jor.br

superRODAequipada Titanium Plus. Único câmbio, comum nessa faixa de mercado, é o automatizado de duas embreagens e seis marchas, um pouco mais lento nas trocas do que outros do mesmo tipo. Um ponto de discussão é o preço. O Fiesta 2017, nesta versão de topo e motor de 1,6 L, custa R$ 70.690. Inclui equipamentos como chave com sensor de presença, bancos de couro, rodas de 16 pol., acendimento automático dos faróis, espelho retrovisor eletrocrômico, sensor de chuva, e ar-condicionado digital. O EcoBoost vai a R$ 71.990 ou cerca de R$ 1.300 a mais. No entanto, se beneficia de 4 p.p. a menos de IPI, em relação ao 1,6 L flex, por se

tratar de motor de 1 litro. Uma parte pequena dessa vantagem tributária se perderia, pois o motor vem do exterior, porém o governo reduziu a taxa de importação, em março último, no caso de “inexistência de capacidade de produção nacional equivalente”. Assim, mesmo ao considerar aumento de custo de um motor turbo, o preço está dentro dos parâmetros de outros de mesmo nível tecnológico e, em parte, pode ser compensando pela economia de combustível. Estima-se que 10% dos compradores do Fiesta optem pelo EcoBoost. Motores turbo de 3 cilindros devem aparecer em breve no Golf e, provavelmente, também no Focus. O caminho está aberto.

RODA VIVA n CITROËN Cactus, crossover que utiliza mesma arquitetura do C3, está em fase final de desenvolvimento. A fábrica não confirma, mas pode ser exibido no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro próximo. Modelo nacional será mais “enfeitado” que o francês. Vendas só em 2017. Já o C4 Lounge argentino receberá reestilização e novo interior. n FORTE queda do mercado brasileiro inviabiliza modelos de baixo volume de vendas. No mês passado, estatísticas da Fenabrave apontam Linea, Bravo e Idea com apenas 79, 58 e 165 unidades vendidas, respectivamente. Ou seja, fim de linha para os três. Até o Punto, com apenas 510

unidades comercializadas, não se sustenta, conforme fontes de fornecedores. n TOYOTA investiu no Etios para melhorar seu aspecto interno. Mostrador central agora tem ótima visibilidade e até se diferencia pelo ponteiro do conta-giros deixar uma sombra ao se movimentar. Hatch compacto continua a oferecer motores de 1,3 e 1,5 L que estão mais potentes, têm torque superior e consumo médio de combustível menor.

maiores do segmento. Estilo externo pode não agradar tanto, mas suspensões são um ponto alto. E o pequeno diâmetro de giro facilita muito manobras de retorno e estacionamento.

Estreante câmbio automático de quatro marchas vai muito bem, até na versão de menor cilindrada. n ETIOS sedã, apenas com motor de 1,5 L, se destaca pelo porta-malas entre os

n SEMPRE é bom lembrar-se de ligar o ar-condicionado no modo frio, mesmo em temperaturas baixas de inverno. Esse cuidado evita ressecamento das mangueiras e ajuda na lubrificação do compressor. Causa algum desconforto, mas bastam 10 minutos de funcionamento de quinze em quinze dias. Termostato não precisa estar na posição de menor temperatura.


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ARTIGO

JOSÉ ARNALDO LISBOA MARTINS jalm22@ig.com.br

Uma olimpíada com medalhas de ouro para os corruptos

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as rodas de bate-papo, eu sempre gosto de fazer indagações, aos parentes, colegas e amigos, sobre a situação do Brasil, principalmente nesta fase da Operação Lava Jato. Noto que todos estão preocupados com a carestia, com os assaltos diários

Durante oito meses o Brasil vem assistindo a uma novela, repleta de palhaçadas, quando um Senado e uma Câmara de Deputados tentam tirar das suas presidências os seus dirigentes, envolvidos em todo tipo de bandalheira. e cinematográficos, com a roubalheira que se instalou no Senado Federal, na Câmara dos Deputados, nos governos e em todas as empresas e repartições. Noto que

estamos arrodeados de safados, de trambiqueiros, de propineiros, de assaltantes dos cofres públicos e, principalmente, de políticos imundos que enganaram e continuam enganando o povo besta dessa nação. Alguns brasileiros estão revoltados com a impunidade que vem acontecendo às vistas da Polícia e da Justiça. Uns, reclamam da falta de governo e acham que estamos perdidos, num mundo de drogas, de violência, de mentiras, de corrupção e sem leis. Os comentários sempre se voltam contra os nossos dirigentes que se embrenharam no mundo das falcatruas, dos desvios e das quadrilhas. Eu gostaria muito que nesta fase da Lava Jato o Brasil acordasse para um mundo mais justo, onde os nossos dirigentes e políticos tomassem vergonha

e respeitassem as leis e os costumes. Já não temos bons exemplos a serem seguidos e nossos jornais com os noticiários só falam em roubos e propinas, perante um povo revoltado, principalmente, com o comportamento das nossas autoridades, já sem autoridades morais para levar o país para um outro patamar. Nossos dirigentes optaram por um mundo safado que tem nos levado para um precipício moral. Estamos atolados numa lama fétida de impunidade e de imoralidade. Durante oito meses o Brasil vem assistindo a uma novela, repleta de palhaçadas, quando um Senado e uma Câmara de Deputados tentam tirar das suas presidências os seus dirigentes, envolvidos em todo tipo de bandalheira e não conseguem,

tudo acontecendo às vistas de um Judiciário sem forças para levar às prisões alguns dos principais culpados. Dentro de poucos dias, o mundo inteiro vai assistir a uma olimpíada, na qual os camarotes vão ser reservados para os maiores corruptos deste Brasil. Melhor teria sido se não tivessem escolhido o Brasil para sediá-las, pois só assim ficaríamos livres das decepções que ainda virão. As nossas medalhas de ouro serão dadas aos nossos ladrões de milhões de reais que resolveram disputá-las em todas as modalidades. Agora, nestas olimpíadas, o Brasil também poderia mostrar que somos bons nos roubos, nas propinas e na impunidade. Vamos mostrar que as nossas quadrilhas são melhores do que as quadrilhas dos demais povos.


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ABCDO INTERIOR

Ficou furiosa

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ex-prefeita de Maceió, atualmente presidente estadual do PSB, Kátia Born, ficou furiosa com o presidente do diretório municipal do partido em Arapiraca, o empresário Ricardo Barreto. Barreto, que faz parte do grupo de oposição na terra de Manoel André, sem o aval dos demais integrantes dos 12 partidos que lideram a frente, tentou um entendimento com o vice-governador Luciano Barbosa (PMDB) que está na coordenação política da pré-candidatura a prefeito do deputado estadual Ricardo Nezinho e do vice-prefeito Yale Fernandes.

robertobaiabarros@hotmail.com

Agora sai!

Oposição dividida

O ex-deputado federal Rogério Teófilo encontrou com o colunista social Aroldo Marques e logo tratou de passar uma boa informação: estão chegando os recursos para a conclusão do Teatro Thereza Auto Teófilo. Aroldo, que sempre esteve ligado a movimentos culturais vibrou, e em bom tom disparou: Agora sai!!!!!

Do blogueiro Roberto Gonçalves: O grupo de oposição em Arapiraca, formado por 12 partidos, segue em caminhos opostos e dificilmente fará um pacto no objetivo de uma candidatura única, ganhando musculatura para enfrentar o candidato situacionista. Essa possibilidade seria lógica, sensata e equilibrada para não reprisar o que aconteceu em 2012, quando um candidato entrou na disputa e prejudicou o projeto político de Rogério Teófilo (PSDB) que perdeu para Célia Rocha (PSL).

Alô polícia!!!

Isolamento A investida do empresário, que foi candidato a vice-prefeito em 2012, na chapa de Rogério Teófilo e que foi derrotada por Célia Rocha (PSL), não obteve sucesso e o pior está amargando um isolamento dentro do grupo de oposição. A situação de Ricardo Barreto é bastante desconfortável existindo a possibilidade de uma intervenção da presidente estadual Kátia Born no diretório do PSB em Arapiraca. Born chegou a advertir Barreto de que o PSB poderá fazer aliança com o PP, PSC, PRB e PSD, menos com o PMDB do governador Renan Filho e do vice Luciano Barbosa.

Nas grades A polícia colocou atrás das grades integrantes de uma quadrilha que compravam cigarros falsificados. A operação, denominada Kapnós, foi realizada não só em Alagoas como nos estados da Bahia, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Em Alagoas contou com a participação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), do Ministério Público e das polícias Civil e Militar.

Arapiraca Foram cumpridos mandados de busca, apreensão e prisões foram efetuadas até mesmo em Arapiraca, de integrantes de duas quadrilhas agiam. Além da comprava de cigarros falsificados, os membros da gangue compram de bens de luxo com o objetivo de efetuar a lavagem de dinheiro.

Operação Kapnós “Em Alagoas foram cumpridos 14 mandados de prisão e 29 de busca e apreensão, todos expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital, nas cidades de Maceió, Anadia e Arapiraca. Para o cumprimento das medidas cautelares, 100 agentes da PRF e 45 homens das Polícias Civil e Militar de Alagoas foram acionados.

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Dois marginais “trepados” em uma motocicleta estão levando moradores do populoso bairro do Alto Cruzeiro, em Arapiraca, ao desespero. Em plena luz do dia e de cara limpa os delinquentes atacam, de arma em punho, crianças, adolescentes e adultos, roubando celulares, notebooks e tablets. Mostrando que não temem a ação da polícia, os dois bandidos colocam o produto do roubo em uma mochila e saem sorridentes, ironizando as vítimas. “Enquanto, a população desarmada continua sofrendo nas mãos desses marginais”, desabafou um morador.

Corpo a corpo Ainda de acordo com Roberto Gonçalves, até o momento, as duas pré-candidaturas majoritárias estão polarizadas entre os deputados estaduais Ricardo Nezinho (PMDB), que tem como vice Yale Fernandes, e Tarcizo Freire (PP) que ainda não definiu o pré-candidato a vice na sua chapa. Tarcizo, no entanto, aproveita bem o tempo de pré-campanha no corpo a corpo junto e no contato direto com o eleitorado.

PELO INTERIOR ... A ilha do Ferro, em Pão de Açúcar, é um dos maiores celeiros de artista do nordeste, segundo Jairo Campos. O local possui uma média de 30 homens que trabalham esculturas em madeira, e mais de 100 mulheres que fazem o histórico bordado Boa noite, uma arte passada de gerações em gerações da Ilha do Ferro.

daquele município está sendo acusado de crime de desobediência por não ter atendido as requisições feitas pelo Ministério Público de Contas (MPC/AL), que suspeita de processos licitatórios feitos pela Prefeitura. A denúncia foi formalizada perante o Tribunal de Justiça, haja vista o foro privilegiado do prefeito, em função da sua prerrogativa de função.

... Jairo Campos é um estudioso que há mais de dez anos faz pesquisas na Ilha do Ferro, povoado ribeirinho de Pão de Açúcar. Por isso sua dedicação à arte local lhe rendeu o título de cidadão de Pão de Açúcar. Ele é membro efetivo da Academia Maceioense de Letras-AML, ocupando a cadeira Nº. 02, cujo patrono é Graciliano Ramos.

... A ação penal foi movida contra Marcius Beltrão Siqueira após a Procuradoria Geral de Justiça receber da 1ª Procuradoria de Contas do Ministério Público de Contas de Alagoas de Justiça à representação criminal nº 5678/2015, dando conta da omissão do prefeito de Penedo em atender, em duas oportunidades, as requisições de cópias de processos administrativos daquele ente federativo.

... Com Ascom/MP-AL - O Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/ AL) denunciou, na terça-feira (05), o prefeito da cidade de Penedo, Marcius Beltrão Siqueira. ... O chefe do Poder Executivo

... O transporte intermunicipal entre Maceió e Marechal Deodoro passará, ainda no mês de julho de 2016, por uma completa revitalização. É o que garante a Arsal (Agência Reguladora de Serviços de Alagoas),

em resposta às constantes reivindicações de estudantes e servidores do Instituto Federal de Alagoas – Campus Marechal Deodoro. ... Representantes da Arsal participaram de uma reunião no Campus na quarta-feira (6), com alunos e servidores do Ifal, e adiantaram que uma nova empresa de ônibus assumirá os serviços em substituição à Real Alagoas. A empresa cumprirá uma nova tabela de horários, com cerca de 26 viagens diárias por sentido, buscando atender não somente à demanda do Ifal, mas de toda a comunidade de Marechal Deodoro. ... A Arsal também se comprometeu a intensificar a fiscalização dos veículos do transporte complementar, buscando encerrar os conflitos com os horários de chegada e saída dos ônibus, além de garantir o respeito no tratamento aos usuários do sistema. ... A todos, um excelente fim de semana, repleto de paz e tranquilidade. Até a próxima edição. Fui!!!!


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Jornalista alagoano lança livro no Rio

SOBERANIA ESTATAL ANDRÉ APRÍGIO ABORDA PAPEL DAS CIDADES PARA ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS NO CENÁRIO INTERNACIONAL ASSESSORIA

O

administrador e jornalista alagoano André Aprigio iniciou a pré-venda nacional do seu livro “Paradiplomacia e Interdependência: as cidades como atores internacionais”. O livro revela a importância da atuação dos municípios na esfera internacional para atração de investimentos e defesa de seus interesses locais, ao mesmo tempo que analisa as questões da soberania estatal, sob aspectos contemporâneos, em razão do fenômeno da globalização, lançando um olhar prático para a cidade do Rio de Janeiro, como estudo de caso. Segundo o autor, “dife-

rentemente de outras cidades brasileiras, o Rio primou por um arcabouço formal para estruturar a sua atuação e interlocução internacionais, atividades que têm se intensificado nos últimos anos, sobretudo nas últimas duas gestões administrativas”. A obra ainda apresenta um raio-x da estrutura paradiplomática das capitais brasileiras, demonstrando que ainda há um vasto caminho a ser percorrido, mas com inúmeros ganhos para as cidades. Com essa obra, André Aprigio espera poder contribuir com a troca de conhecimentos – teóricos e práticos – servindo como um ponto de partida para a conscientização da mudança

cidades devem assumir uma postura mais ativa na defesa de seus interesses e na busca de recursos externos”, afirma Aprigio. Para garantir um exemplar em condições especiais, basta acessar o link http:// bit.ly/paradiplomacia. O livro será lançado primeiramente no Rio de Janeiro, pela Editora Gramma, em outubro de 2016, nas versões impressa e e-book. SOBRE O AUTOR

de postura das cidades e de seus agentes políticos. “Durante muito tempo, o Estado foi visto como uma espécie de cornucópia, de

onde deveriam surgir todas as soluções para os problemas e anseios das sociedades. Principalmente em razão da crise econômica, as

André Aprigio é administrador e jornalista, possui mestrado europeu em Relações Internacionais, é doutorando em Ciência Política pela Universidade do Minho e também é pesquisador visitante da Universidade de São Paulo (IRI/USP). É membro colaborador do Centro de Investigação em Ciência Política – CICP em Portugal e membro da Associação Americana de Ciência Política – APSA.


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CRÔNICA

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FERNANDO TENÓRIO Médico formado pela Ufal e escritor

fernandoatn@hotmail.com

“Se eu morrer, foi o marido da Fulana” U

m grande amigo, aqui do Rio, mandou essa mensagem de texto, acordandome na madrugada. Tentei ligar logo em seguida, e não obtive nenhuma resposta. Mais algumas tentativas, sem nenhum êxito. Depois de quase duas horas acordado, imaginando tudo de possível no mundo, vi no meu celular outra mensagem, que dizia que ele estava passando na minha casa para irmos à Lapa, pois precisava conversar. Obedeci cegamente às recomendações. Sabia que meu amigo tinha muito para falar, e a

– A sorte é que não era o marido dela. Ouvi uma voz feminina diferente e o nome ‘mãe’ pra lá e pra cá. curiosidade já me consumia. Tratei de lavar o rosto, colocar qualquer roupa e descer para esperá-lo. Já no táxi, depois das formalidades, meu amigo disparou: – Passei por uma hoje... Não desejo nem ao pior inimigo. E continuou versando acerca da sua primeira aventura sentimental com uma mulher casada. A dama aproveitara que o marido estava em Búzios e convidou-o para um jantar romântico em sua residência, na Barra da Tijuca. Meu amigo, num misto de fascínio e medo, não conseguiu rejeitar o convite. Embarcou na onda de ser talarico, pé de pano ou qualquer outro adjetivo

que o torne o Ricardão da parada. Com lágrimas nos olhos, contou-me ainda que aquela havia sido a primeira e última vez. Se arrependimento matasse, ele estaria morto. Não me contive: – E foi tão ruim assim? – Não. O jantar aconteceu no maior clima de romance, mas depois, quando já estávamos nos finalmentes, eis que a campainha tocou. Pense na agonia da hora! Surpreso, entendi rapidamente os motivos que fizeram meu amigo falar em arrependimento ao atravessar a relação alheia. Nem precisei perguntar nada para que ele continuasse: – Entrei no armário, nu, com as roupas em uma mão e o sapato na outra. Uma humilhação. Só pensava no meu obituário: amante morre nu na casa de marido traído. Ela ficou à beira de um ataque, pensando que era o companheiro, e chegou a pedir para que eu arrumasse um jeito de sair do apartamento. Na certa, queria que eu pulasse do quarto andar... O taxista não resistiu e soltou uma gargalhada. Nesse momento, já conseguíamos ver a enseada de Botafogo pela janela do carro. Para dar sequência, indaguei: – E aí? – E aí que eu pensei em mandar a mensagem para você. Morrer e aparecer boiando na praia como indigente não é para mim. Se eu fosse assassinado, alguém tinha que saber quem foi meu algoz. Agradeci pela lembrança, afinal, nessas horas de aperto, só pensamos em alguém com quem realmente podemos contar. Porém, logo depois disparei:

– Você ia me colocar numa cocó sem precedentes. Um problema sério! – É, mas de que valem os amigos? Nesse momento, me calei. O nobre camarada continuou: – A sorte é que não era o marido dela. Ouvi uma voz feminina diferente e o nome “mãe” pra lá e pra cá. Meu amigo explicou que a mãe da sua enamorada apareceu do nada para visitá-la, para não deixá-la sozinha. Contou que passou quase duas horas preso no armário, enquanto as duas falavam sobre política, economia, a vida da tia solteirona e do primo que morava com outro camarada. Disse que sentiu o cheiro de café e tudo o mais. Perguntei: – E você nu, lá no armário? – Sim. Por isso não atendia suas ligações. Não podia ser descoberto. Estava um escuro triste, e não dava para colocar a roupa. A situação era muito humilhante. Eu já estava todo suado, tanto pelo calor quanto pelo nervosismo, e nada da mãe dela sair da casa. Fiquei ao lado dos casacos de inverno. Pense! Depois de um tempão foi que a Fulana apareceu para me libertar. Meu amigo balançou a cabeça e começou a rir para o nada, com uma ironia requintada. Logo depois, continuou: – A Fulana, ao abrir a porta do armário, falou bem assim: “vamos continuar de onde paramos”. Eu, que havia passado por aquela emoção toda, neguei. A bandeira do Brasil não ia nunca conseguiu subir até o topo do mastro. Foi muita agonia. – Nem tentou? – Claro que não. Tenho princípios, apesar

de ser um canalha. Ela estava para jogo, mas eu não. A situação foi demais para mim. Podia estar morto agora. Lacônico, ele repetia sem cessar que era um calhorda, que não merecia o perdão por atravessar o samba alheio e que ser Ricardão é para quem pode, não para quem quer. Expressava toda a sua pusilanimidade ao dizer: “Nunca mais!”. Quando o taxista notou as lágrimas brotando da face do meu nobre amigo, disse: – A gente só aprende errando, meu filho. Por exemplo, dei uns pegas na minha sogra quarta-feira. Levei ela ao motel e tudo o mais. Foi ruim? Foi! Mas já valeu a experiência. Nunca mais faço. O tom professoral, quase catedrático, foi demais. Ele contava que havia ficado com a sogra na maior naturalidade do mundo. Falava como se tivesse ido à missa e seu maior pecado fosse o não pagamento do dízimo. Continuou falando que agora a sogra o procura todos os dias, e que já não sabe como resolver o conflito. As palavras tiveram um forte impacto sobre meu amigo. Pareceram libertá-lo da condição de maior canalha do mundo. Se de fato a história do taxista é verdade, nunca saberemos. Ele pode ter sido generoso para criar aquele contexto tenebroso, facilitando a vida do novo Ricardão do Rio de Janeiro. Meu amigo disse, descendo do carro: – Quando a gente pensa que não presta, vem alguém que mostra ser pior que a gente. Vida velha doida essa! Descemos na Lapa, sorrindo, e bebemos até de manhã.


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MACEIÓ, ALAGOAS - 08 A 14 DE JULHO DE 2016


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