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Sem força e grupo políticos, extrema direita alagoana patina
from Edição 1212
Estreia de Alfredo Gaspar e Fábio Costa no Congresso segue manual bolsonarista
ODILON RIOS
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Especial para o EXTRA
Osdois primeiros meses de atuação no Congresso Nacional das bancadas dos estados também são preparativos para as eleições de 2024, quando votos de deputados federais e senadores serão testados nas urnas, atraindo vereadores e prefeitos para “seus grupos”. Neste quesito, os federais Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil) e Fábio Costa (PP) disputam o posto de líder da extrema direita alagoana, mas este movimento é fraco e nem de longe vai arrastar prefeitos e vereadores em quantidade gigantesca como os arrastões promovidos pelo senador Renan Calheiros (MDB) e o presidente da Câmara Arthur Lira (PP).
Calheiros quer o MDB filiando 80 prefeitos e, desde o ano passado, iniciou sua operação de atrair gestores municipais em nome de um futuro garantido pela ele: a reeleição ao Senado em 2026. Vereadores e prefeitos são fundamentais neste movimento porque agregam eleitores, poeira que vale ouro, segundo o ex-governador Silvestre Péricles.
O MDB Maceió é presidido pelo presidente da Câmara Galba Netto que, junto ao líder do prefeito JHC na Câmara Chico Filho, formam um emedebismo pró-Jota, sob protestos de Calheiros, que exige licença das atividades políticas de Filho no partido.
”Fui escolhido pela minha bancada, conversamos bastante e avaliamos que é um movimento importante para somar forças. É claro que existem diferenças entre os dois campos, mas nada que a boa conversa não resolva. Este é o meu perfil, sempre foi assim. Dialogar, apontar quais caminhos podemos seguir e até onde podemos chegar. Ganham todos, especialmente, os maceioenses”, disse o vereador, buscando construir uma ponte entre Jota e o senador.
Preso em Brasília pelo cargo que ocupa e bastante centralizador nas decisões, Arthur Lira está às voltas para a criação de um bloco de partidos que supere, em poder e número, os 142 deputados federais da chamada oposição lirista e alinhado ao Palácio do Planalto.
Em Alagoas, vem perdendo espaço nas costuras eleitorais, mas não tem líderes menores: constrói aproximação com JHC e o prefeito de Arapiraca Luciano Barbosa, ainda no MDB e ocupando a direção estadual. Também exigiu de Fernando Pereira, irmão do diretor-presidente da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) Joãozinho Pereira, apoio à ex-deputada Ângela Garrote, que disputará a Prefeitura de Pal- meira dos Índios.
Nas brechas ou sobras destes blocões políticos estão Fábio Costa e Alfredo Gaspar, que mesmo investindo pesado nos discursos extremistas ou soluções fáceis na área de segurança pública, não atraem uma quantidade de vereadores e prefeitos suficientes para grandes emoções nas urnas. Na estreia de ambos na Câmara, mostraram ser mais do mesmo, acompanhando o previsível coro bolsonarista.
Mendonça ganhou destaque nacional por virar alvo de chacota do ministro da Justiça Flávio Dino, chamado para audiência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O deputado perguntou se Dino teria a mesma “macheza” de prender integrantes de organizações criminosas como ele teve ao “botar um monte de véio, menino, no ônibus e levar para academia de polícia”.
Ele se referia aos terroristas presos por destruírem prédios públicos na praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.
A resposta de Flávio Dino levou o plenário às gargalhadas: “Sobre minha macheza, se o senhor está interessado nesse assunto, eu não estou. Eu não tenho medo de ninguém, nem de nada. Pode ter certeza disso, mas claro que não sou justiceiro”.
O episódio rendeu mais seguidores para Alfredo Gaspar nas redes sociais, mas também mostrou uma atuação bem diferente do parlamentar quando era procurador-geral de Justiça e secretário de Segurança Pública.
Ele e Fábio Costa defendem mais armas, discurso alinhado com a propaganda das empresas bélicas, em defesa do mito da igualdade entre o bandido e o cidadão, os dois armados. Algo que se alinha às ideias de Jair Bolsonaro (PL) que, na sua administração, pressionava pela flexibilidade geral no porte e posse de armas de fogo.
Nos episódios envolvendo violência nas escolas, dizem que seguranças armados são fundamentais para a solução de conflitos, medida criticada por entidades educacionais.
O bolsonarismo segue como tímido movimento com mais adeptos em Maceió, única capital do Nordeste a dar maioria de votos ao ex-presidente da República.
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