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Voluntariado, uma missão de vida

Márcia Helena Ritzel Tischler, 58 anos, é formada em educação artística. Começou no voluntariado ainda criança, influenciada pela sua avó, que prestava serviços beneficentes para uma comunidade com 12 famílias em Cachoeira do Sul, cidade distante aproximadamente de 160 quilômetros de Porto Alegre. Somando mais de 30 anos de trabalho voluntário e atualmente na presidência da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Cachoeira do Sul, Márcia começou a trabalhar na instituição após ter três familiares que sofreram com esta doença. Após isso, percebeu o quão difícil pode ser esse enfrentamento. Assim, decidiu que era hora de entrar para a Liga e atuar ativamente na instituição, que tem perto de 90 voluntárias. Mesmo passando por um período de afastamento da organização por problemas pessoais, ela sempre cooperou como pôde, tornando-se assim a presidente da instituição após cerca de 15 anos atuando na área social. Como presidente da instituição, Márcia trabalha diariamente para auxiliar pacientes que enfrentam câncer e os seus acompanhantes. A Liga possui um trabalho importante auxiliando em média 90 pacientes a conseguirem os remédios que precisam para o seu tratamento de maneira gratuita, além de terem acesso a cestas básicas em alguns supermercados de Cachoeira do Sul. Ainda no mandato de Márcia, que começou em março de 2019, e estende-se neste ano, foi realizada uma reforma interna na sede da Liga em Cachoeira do Sul, gerando mais conforto para as pessoas atendidas. Segunda ela, “A sede estava praticamente caindo e, agora, dá um prazer muito grande de estar na sede reformulada, pela felicidade do paciente de chegar e pensar nossa que lugar lindo pra gente vir, esse conforto que a gente dá é maravilhoso, saber que ele está bem acomodado”. A Liga também auxiliou com doações para uma melhora do setor de oncologia do Hospital de Caridade e Beneficência, principal hospital da cidade, com impacto direto no tratamento para os pacientes com câncer que buscam o tratamento pelo SUS na região.

A pandemia mudou a rotina e o anonimato como regra

A pandemia de Covid-19 afetou o trabalho da Liga. Isso porque muito da arrecadação da instituição é feita em festas e jantares. Devido aos protocolos de proteção ao novo coronavírus, os eventos presenciais não estão acontecendo e não há previsão de retorno. Um jeito de superar isso é a realização de uma rifa beneficente, na qual os prêmios foram arrecadados na comunidade e de empresas apoiadoras da Liga. O valor arrecadado será convertido para novas ações da Liga, que segue disponibilizando medicamentos e cestas básicas para quem precisa em Cachoeira do Sul. Ao ser perguntada sobre qual mensagem deixaria aos futuros voluntários, ela destacou o anonimato. Citou que sua vó desde quando ela era pequena sempre trabalhou de modo anônimo. “Porque é assim que funciona o voluntariado, ele é feito para ajudar o próximo, não para ser reconhecido”. Segundo ela, “Não se pode pensar que o trabalho voluntário não tem compromisso, tem que entrar de coração. Não pensar que você vai fazer um trabalho voluntário para sair no jornal”.

Histórias que não saem da memória

Durante a entrevista, ela ressaltou duas histórias marcantes no voluntariado. A primeira foi quando ela ainda trabalhava na Casa da Amizade, que foca em ações para grupo de famílias ou hospitais, sem foco em pessoas específicas. Diferentemente dos trabalhos usuais, ela contou: “Fui procurada por uma mãe de trigêmeos recém nascidos e fizemos uma campanha para arrecadar berços, carrinhos e enxoval”. Já a segunda é a de uma senhora que veio com o marido doente. Enquanto ele era atendido na sala da frente, a senhora ficou conversando com as voluntárias. Após o término do tratamento do marido, a senhora afirmou que queria passar o dia inteiro ali. Márcia observou que “várias vezes os acompanhantes são os que mais precisam, o acompanhante sofre tanto quanto o paciente e muitas vezes ele é esquecido. Então, isso dá uma satisfação de a gente estar ajudando alguém, não só de forma financeira, mas dando aquele carinho, conforto e abraço que agora não estamos podendo dar. Mas para mim, o melhor de tudo do trabalho voluntário é este retorno de eles terem o mesmo carinho que nós temos por eles”.

Confira o depoimento dos repórteres –Making Of

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Crédito: arquivo pessoal

Conheça a seguir a história de Daniella Cordeiro, engenheira civil e cofundadora da startup social Moeda do Bem. Lançado no final de 2019, o projeto já arrecadou 145 mil reais em doações durante a pandemia e mais de 15 toneladas de alimentos já foram distribuídos para membros da comunidade do Morro da Cruz, em Porto Alegre.

Reportagem de Luiza Schirmer e Marcos Corrêa

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