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MARCO ZERO MARCO ZERO

Curitiba, maio de 2010

CULTURA

Adeus a Ivo da banda Blindagem

Ronaldo Freitas

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Facinter • Ano I • Número 3 • Curitiba, maio de 2010

Conheça os fatos mais marcantes da carreira do ex-vocalista de rock paranaense Ivo Rodrigues, da banda Blindagem, que faleceu recentemente. Página 10

Violência no centro é preocupante Equipe de reportagem do jornal Marco Zero aponta os problemas com a violência no centro de Curitiba e traz dicas de prevenção de assaltos. Páginas 6 e 7

PERFIL

Paixão pelo radiojornalismo

Um bate-papo descontraído com o jornalista Toni Casagrande, ex-âncora do programa de notícias da Bandnews. Página 3

Catedral precisa de reformas

Infiltrações, paredes rachadas e pinturas desgastadas são os principais problemas Página 5. que afetam a estrutura da Catedral Metroplitana de Curitiba.


EDITORIAL

Aos leitores

MARCO ZERO

Foto: divulgação

O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter) Coordenador do Curso de Comunicação Social: Gustavo Lopes Professores Responsáveis: Roberto Nicolato Tomás Barreiros Diagramação: André Halmata (5º período) Facinter: Rua do Rosário,147 CEP 80010-110 - Curitiba-PR

Paixão pelo radiojornalismo

Produto com a validade vencida

resultado pode ocasionar no futuro. O candidato imaginava que após ganhar a eleição tudo estaria resolvido. As falsas promessas de emprego e os incentivos na área de saúde para a população geraram uma grande revolta no país, ocasionando violência e desordem. Devido a esses conflitos, Goni foi obrigado a abandonar o poder. As pessoas capazes de colocar limites em ações como essas são as que utilizam os produtos e compram essas imagens. Nesse caso, se a população boliviana tivesse um conhecimento melhor sobre os propósitos do político, com certeza Goni não teria se reeleito, e alguma

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MARCO ZERO

Curitiba, maio de 2010

PERFIL

RESENHA

Esta edição do jornal Marco Zero traz assuntos como violência na área central da cidade, que tem crescido nos últimos anos com o aumento do tráfico Paulo Veiga de drogas, uma matéria sobre o Paço O filme “Crise é o nosso negóMunicipal e uma resenha sobre o filme cio” analisa os riscos da simbiose “Crise é o nosso negócio”, que aborda a entre ideologia e marketing para a relação entre a política e o marketing. conso-lidação da democracia numa A reportagem especial é sobre a re- nação à beira do colapso. Conta uma forma da Catedral Basília de Nossa história sobre como a política, através Senhora da Luz, a catedral de Curiti- da mídia e o reforço de estrategistas, ba. Outro assunto que merece destaque pode manipular o sistema ajudando é o tradicional Largo da Ordem, com um candidato a vencer uma eleição. suas construções antigas, a famosa ferÉ o primeiro filme de Rachel inha que acontece aos domingos e os Boynton, narrando a campanha barzinhos, pontos de encontro, princi- política de Gonzalo Sánchez de palmente, nos finais de tarde. Na edi- Lozada, o “Goni”, à presidência da toria de cultura, o leitor poderá saber Bolívia em 2002, feita pela empresa coisa poderia mudar no país. Mescomo funciona a Cinemateca de Cu- de consultoria de James Carville, mo assim, o povo não teve paciênritiba e conhecer o perfil do músico Ivo, bem conhecida por conduzir Bill cia para esperar os resultados, e, por outro lado, a equipe de consultoria da Banda Blindagem, uma homena- Clinton ao primeiro mandato. não trabalhou bem a pós-eleição. As fórmulas utilizadas pela gem que o jornal faz ao vocalista, que Goni foi eleito novamente com equipe ao vender um produto, no faleceu em Curitiba no mês passado. ajuda de seus assessores. Esses pucaso, a candidatura, deixa claro como O Marco Zero é o jornal-laboratório a imprensa pode ocasionar a ceguei- blicitários utilizaram os veículos de do curso de Comunicação Social com ra nas pessoas, expondo vantagens comunicação como ferramenta de habilitação em Jornalismo da Faculdade que não existem, graças ao poder de poder, mas não pensaram como isso Internacional de Curitiba (Facinter). persuasão e à força da televisão, ca- poderia acabar futuramente. Esse é As matérias envolvem a região cen- muflando assim a realidade. um dos exemplos de como os diritral de Curitiba e buscam revelar inOs grandes meios de comunica- gentes de veículos de comunicação formações, curiosidades, e fatos dessa ção de massa influenciam e manipu- não pensam no resultado daquilo área da capital paranaense. lam as pessoas para elas comprarem que oferecem às pessoas. Não analPor se tratar de um jornal-lab- certos produtos. A mídia pensa nos isam o futuro e sim o que estarão oratório, o Marco Zero é um espaço resultados financeiros e no lucro que lucrando. Ao oferecer um produto, os para a prática dos estudantes e, por- determinados produtos ou ações potanto, sujeito a lacunas e falhas even- dem dar aos donos do poder. Pensar meios de comunicação deveriam tuais, normais nesse tipo de veículo, nas consequências que essas infor- pensar na garantia que ele pode dar mas também às experimentações porta- mações causam na vida das pessoas às pessoas. Mas nem sempre isso doras de novidades, sempre bem-vindas é outra questão, e o próprio filme acontece. Antes de finalizar uma ação pumostra isso. na formação de futuros jornalistas. A consultoria americana con- blicitária, uma informação jornalísO contato pode ser feito pelo e-mail: tratada pelos assessores do can- tica e até uma propaganda eleitoral, assessoriajr@grupouninter.com.br ou pedidato Goni é o espelho real de deve-se pensar nos resultados e que los telefones 2102-7953 e 2102-7954. como a propaganda pode vender influência isso pode ter sobre a popBoa leitura! um produto sem pensar no que esse ulação. Mas isso depende de quem

Expediente

Curitiba, maio de 2010

compra esses produtos. Nesse caso, é a própria sociedade. Deveria haver limites ou regras contra ações publicitárias enganosas. Cabe a cada um de nós saber até onde certos produtos são necessariamente bem-vindos em nossas casas. O impulso de comprar determinadas coisas é estimulado pelos meios de comunicação. Basta analisar se esses produtos - no caso, a propaganda política na Bolívia estão vencidos ou não, pois, mais cedo ou mais tarde, se não tiver a devida garantia, com certeza quem comprou tem todo direito de fazer a devolução.

Toni Casagrande fala sobre sua vida de jornalista e dá dicas aos novos profissionais O que você acha da segurança nos ônibus de Curitiba? Bruna Mermer “Acredito que o principal problema começa na infraestrutura. Curitiba deixa a desejar no transporte público. E as mudanças não são somente colocar mais ônibus para circular; a segurança deve ser maior nas vias públicas onde circulam pessoas, ônibus e consequentemente dinheiro. Isso atrai a atenção dos assaltantes.” • Hagatha Weber, 22 anos, auxiliar de contabilidade “Não há nenhuma segurança. Todos que utilizam o transporte coletivo dependem da própria sorte, pois não há nenhum parâmetro de segurança. Você fica vulnerável a partir do momento em que embarca em um ônibus. Dependendo do horário, o caos é muito grande, pois, além de ônibus superlotados, você corre o risco de sofrer um assalto.”. Caroline Helena Nolli, 23 anos, recepcionista “Os órgãos responsáveis pelo sistema coletivo deveriam se empenhar mais em oferecer segurança a todos que dependem desse tipo de transporte. Afinal, o valor das passagens tem aumentado, porém, a segurança tem diminuído”. • Franciele Germano, 32 anos, gerente administrativa “Creio que a propaganda sobre a segurança em Curitiba esconde a realidade das ruas na cidade. Quem realmente anda e precisa de ônibus está sujeito a superlotação e a pequenos furtos por esse motivo.” • Paulo Veiga, 26 anos,- técnico em vendas “Volte e meia tenho amigas que são assaltadas, mas isso é mais na Região Metropolitana. No centro, elas se sentem mais seguras”. • Daniela Siqueira, 23 anos, diarista “Os próprios ônibus já têm uma gravação que diz: ‘cuide de seus pertences no interior do veículo’. Não é seguro”. • Schirlei Prado, 25 anos, estudante “Cada dia que passa, tenho mais medo de andar de ônibus. A falta de segurança não é só nos ônibus, pois as ruas estão cada vez mais perigosas. Fico pensando quando meu filho, que ainda é pequeno, começar a andar por aí.” • Michele Michels, 24 anos, recepcionista

Adriano Gomes

“Estudem. Preparem-se melhor, estejam sempre informados, sempre se atualizando”. Esse é o conselho do jornalista Toni Casagrande aos futuros profissionais da área da comunicação. Nascido em Arapongas, região Norte do Paraná, ele morou em sua cidade natal até os 19 anos. Veio para Curitiba em 1991, após ser transferido em seu emprego. Na época, ele trabalhava na Caixa Econômica Federal e cursava Direito na Universidade de Londrina. Toni teve que abandonar a faculdade por causa da transferência, tentou voltar, mas não conseguiu. Após alguns anos, formou-se em Jorna-lismo e Letras. Foi âncora da CBN e da Band News, além de atuar em outros veículos de comunicação de Curitiba. Nesta entrevista, concedida ao jornal Marco Zero, ele fala de sua trajetória no rádio, da profissão de jornalista e sobre um romance de ficção científica que escreveu.

Em quais rádios já trabalhou e de qual mais gostou? Por quê? Arapongas, Cultura de Arapongas, Cruzeiro e Folha de Londrina. Em Curitiba, já passei pela Banda B, Clube B2, CBN e Bandnews. O melhor período de todos foi em 2003-2004, quando assumi o comando do jornalismo da CBN. Foi um período de muita autonomia e tínhamos uma equipe muito unida, competente, responsável e feliz. Após 25 anos de profissão e de rádio, sente-se parte da história do radiojornalismo no Paraná? Não. Sei que dei minha contribuição e foi uma boa dose, mas não tenho essa presunção. Estou feliz de ter feito o melhor que podia, com responsabilidade e sem abrir concessões. Qual a entrevista que nunca irá esquecer? Por quê? Acho que foram várias, mas houve uma que me deixou perturbado. Milla Christie estava em Curitiba para participar de um evento e me deu uma entrevista gravada. No final do papo, ela me convidou para ir ao evento, pediu à assessora - que estava ao lado - para me incluir entre os convidados do camarote, chegou a me dar o número da suíte em que estava no Bourbon e perguntou se não poderíamos conversar depois. Eu disse que sim... Eu era casado, preferi ficar em casa.

Por que escolheu o jornalismo como profissão? Até bem pouco tempo, eu acreditava que o único lugar em que eu conseguia fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo era dentro de um estúdio de rádio, apresentando um radiojornal. Espero estar errado e poder fazer o mesmo fora do jornalismo. Além disso, sempre foi um prazer trabalhar com jornalismo. No começo, eu imaginava que iria mudar o mundo, depois a frustração colocou as coisas nos Você acha que a não obrigatoriedade do diploma de jornalista lugares certos. desvalorizou a profissão? Não, sempre achei o diploma mais Qual o veículo com que mais se instrumento corporativista do que identifica e gosta de trabalhar? uma defesa da qualidade do jornalPor quê? Rádio. Tudo é instantâneo, não ismo. Mas acho que a decisão deveria existe depois. É agora ou nunca. valer para outras profissões também. A adrenalina que isso gera é vici- Advogado, por exemplo. Qualquer ante, cria dependência. É difícil um pode ser autodidata e passar no exame da OAB. Diploma pra quê, enviver sem. tão? Acho que o lobby dos jornalistas Como e onde começoua sua tra- foi muito fraco nesta questão. jetória no rádio? E quantos anos Qual o conselho você daria para você tinha? Comecei com 16 anos, na Rádio os futuros profissionais que temem a não obrigatoriedade? Arapongas, na minha cidade natal.

Foto: arquivo pessoal

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Casagrande: “Estudem. Preparem-se melhor, estejam sempre informados, sempre se atualizando”

Estudem. Preparem-se melhor, estejam sempre informados, sempre se atualizando. A verdadeira formação de um jornalista deve ser humanística. É preciso saber História, Filosofia, Sociologia; entender os meandros da Política, Geopolítica, as relações sociais e de poder na comunidade; ter habilidade para traduzir os inúmeros discursos que mais escondem a realidade que a revelam. Como você vê o jornalismo hoje? Ele mudou muito desde o início de sua carreira? Hoje se tem mais liberdade, mas ainda há muitos profissionais e veículos sem compromisso com o bem público, que trabalham para grupos ou por interesse próprio. Não haveria mal algum nisso se essa postura fosse clara. Mas sob o manto da diversidade, isenção e defesa da população, muitos escondem os mais sórdidos objetivos. Você escreveu um livro, “Ânnima”, qual o assunto abordado nele? Trata-se de um romance de ficção científica que aborda temas como criogenia, clonagem, biodiversidade, efeito estufa e uma boa dose de filosofia e psicologia cognitiva.

O livro é narrado em primeira pessoa. O protagonista, portador de uma doença fatal, tomou a decisão de ser congelado após a morte, no início do século XXI. Sem herdeiros, ele investe todo o seu dinheiro em uma fundação cujo objetivo seria pesquisar a cura da doença que o vitimou. Ele é reanimado mais de cem anos depois, quando a fundação transformou-se em uma mega-corporação, os países não existem mais, uma parte da Amazônia transformou-se em deserto, seres humanos, andróides e robôs convivem lado a lado (e até mesmo participam de jogos de futebol!) e há uma profusão de animais e plantas modificados geneticamente, sem falar nas máquinas orgânicas. O que o motivou a escrever o livro? Eu sempre quis ser escritor. Achava que para ser escritor era preciso ser, antes, jornalista. Pretende continuar a carreira de escritor? Caso continue, irá seguir na mesma linha ou pretende mudar? Por quê? Sim, sempre. Minhas histórias são sempre loucas, não tenho como mudar. Acho que, na verdade, o louco sou eu.


Paço da Liberdade livre do esquecimento

TRILHAS DO TEMPO

Fé que resiste a séculos

Museu de Arte Sacra de Curitiba reúne acervo com mais de 100 peças Foto: Larissa Glass

Silvana Kogus William S. Ferreira

Foto: Larissa Glass

O museu conta com imagens sacras, mobílias, quadros e esculturas, além de fotografias

Larissa Glass

Além dos famosos bares e da tradicional feira do domingo, o Largo da Ordem é palco de diferentes manifestações artísticas. Nele se encontra o Memorial de Curitiba, que recebe apresentações musicais e teatrais, entre outras. E também o Museu de Artes Sacra da Arquidiocese de Curitiba. O Museu está localizado em um anexo ao lado da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, a mais antiga da cidade, construída em 1737. Já esteve na Cúria Metropolitana de Curitiba, nas dependências do Seminário Menor da Arquidiocese e na Rodovia do Café, antes de ir para o anexo da Igreja da Ordem, em 1981. Com mais de cem obras em seu acervo, conta com objetos de culto, mobílias, pinturas, fotografias e esculturas em estilo barroco. O museu apresenta obras do século 17. O destaque fica para a imagem de São Miguel Arcanjo, que ocupava um dos altares da Matriz, e para o retábulo do altar-mor da antiga matriz, em madeira policromada, no qual o Papa João Paulo II celebrou missa quando esteve em Curitiba, em 1980. Além das exposições permanentes, o museu conta com um espaço para exposições temporárias, com temas ligados à religiosidade. As peças são adquiridas por meio de uma parceria entre a Cúria Metropolitana e a Fundação Cultural de Curitiba. A divulgação do museu é feita pelo site www.fccdigital. com.br, da Fundação, e pelo caderno Curitiba Apresenta, distribuído em pontos culturais da capital paranaense, que traz toda a programação cultural mensal. Segundo o coordenador Joarez Lazaroto, passam pelo local mensalmente, em média, cerca de mil pessoas, na maioria de fora da capital.

Estátua de São Francisco das Chagas

Para Lazaroto, o museu não é um lugar de culto, ao contrário do que muita gente pensa, por estar em um anexo da Igreja Católica. É um espaço artístico, que conta com obras de séculos passados. Segundo o coordenador, os objetos expostos no museu têm valor histórico e estão relacionados com a religiosidade, mas são obras que sobrevivem ao tempo e mostram a habilidade artística de quem as produziu. “São peças ricas em detalhes e elaboradas com o mínimo de estrutura, monstrando a capacidade de criação e produção de cada artista em cada época”, ressalta. SERVIÇO: • Museu de Arte Sacra de Curitiba - anexo à Igreja da Ordem, Largo Cel. Enéas, s/n. •Aberto de terça a sexta-feira, das 9h às 12h, e das 13 às 18h, sábado e domingo, das 9h as 14h. Tel. (41) 3321-3265.

O Paço da Liberdade, localizado na Praça Generoso Marques, foi inaugurado em 1916 com a finalidade de abrigar a Prefeitura de Curitiba, que ali permaneceu até 1969. Foi projetado pelo então prefeito e engenheiro Cândido Ferreira de Abreu, com a colaboração do escultor Roberto Lacombi. A construção apresenta características ecléticas, com predomínio do estilo “art noveau”, e é o único monumento arquitetônico da cidade tombado pelas instâncias municipal, estadual e federal. Entre 1973 e 2002, foi sede do Museu Paranaense, ficando desocupado até a reforma e restauração, concluídas há um ano. Durante o período em que esteve vazio, sofreu vários danos devido ao abandono, como infiltrações que estragaram boa parte das paredes, prejudicando algumas pinturas originais que infelizmente se perderam. O trabalho de restauração foi resultado de uma parceria entre o Sistema Sesc-Senac do Paraná e a Prefeitura de Curitiba, que cedeu o local em comodato por 25 anos. A revitalização levou dois anos, envolvendo cerca de 50 artesãos e mais de 150 trabalhadores, entre engenheiros, antropólogos, artistas plásticos e outros profissionais Foram gastos cerca de R$ 7,6 milhões. A praça também foi revitalizada, incluindo a modernização das calçadas, nova iluminação pública, rede subterrânea de cabos, despoluição visual e sinalização turística para pedestres. A inauguração do novo centro cultural ocorreu em 29 de março de 2009, durante as comemorações dos 316 anos de Curitiba. O estudante de Biologia e músico Victor Shultz acredita que o prédio é um dos mais bonitos de Curitiba e merecia há muito tempo ser restaurado. Ele elogia o novo estúdio de gravação que, segundo ele, é um dos melhores da cidade. O novo Centro Cultural Sesc tem café com piano, biblioteca, estúdio de gravação, acesso à internet e sala de cinema, entre outras atrações

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Catedral necessita de reformas MARCO ZERO

Curitiba, maio de 2010

Apesar da falta de recursos, pároco e fiéis se mobilizam para a restauração da igreja, que vai custar R$ 7 milhões Gabriel Sestrem

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estaurada pela última vez em 1992, por ocasião dos 300 anos de Curitiba, a Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz (ou Catedral Metropolitana de Curitiba) caminha para uma nova reforma que se estenderá desde a estrutura básica até o teto. A obra é uma iniciativa dos fiéis que se mobilizaram ao perceberem os problemas que atingem a estrutura da igreja. José Maria de Paula, de 62 anos, funcionário da Catedral há cinco, avalia a reforma como urgente. Segundo ele, a pintura é o que mais desagrada os fiéis. “Mas também são necessários reparos no patrimônio artístico”, salienta. As danificações acabam prejudicando a concentração dos fiéis para a oração, segundo a psicóloga Marlene Torres, de 38 anos. “É triste ver o mau estado de conservação da Catedral. A casa de Deus merece ser reformada”, avalia. Segundo o cônego Genivaldo Ximendes da Silva, pároco da Catedral, uma equipe está se reunindo desde o ano 2000 para planejar a reforma. “Ela tem problemas estruturais que exigem um carinho especial desde dentro da terra até o teto. Várias infiltrações, o reboco carcomido por fungos, pinturas desgastadas, telhados, calhas e toda a questão artística.

Pároco Genivaldo: “Ela tem problemas estruturais desde dentro da terra até o teto”

Tudo precisa de reparos”, destaca o pároco. Após aprovados os projetos arquitetônicos, que custaram R$ 455 mil para a igreja, as obras estão caminhando para a segunda etapa. Para isso, porém, os recursos ainda são insuficientes. A reforma está estimada em R$ 7 milhões, mas alcançar esse valor ainda é uma realidade distante para o pároco. “Já temos firmas contratadas, mas só vamos iniciar a obra com pelo menos parte do recurso. Não é necessário todo ele, mas com alguma parte podemos planejar o início das

No berço de Curitiba A Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz está localizada na Praça Tiradentes, e é por muitos considerada a mais importante construção do local. Reside, portanto, no lugar privilegiado onde Curitiba nasceu. Era, inicialmente, uma pequena capela de madeira, vindo a se tornar em 1715 a primeira Igreja Matriz da cidade. A imagem original do altar, dedicada a Nossa Senhora da Luz, veio de Portugal e foi entronizada em 1640 (localiza-se hoje no Museu Paranaense). Uma outra edificação de pedra e barro, em estilo colonial, foi então erguida para ser a matriz. No entanto, em 1860, por

ocasião do levantamento das torres, a construção apresentou rachaduras, o que motivou, em 1875, sua demolição. Sua arquitetura atual foi construída de 1876 a 1893, em estilo neogótico, inspirado na Sé de Barcelona. Ocupa o mesmo local da antiga matriz do século 17, bem como o da sua sucessora, construída em 1720. A Catedral tem atualmente capacidade para abrigar 600 fiéis. Segundo estimativa do pároco Genivaldo Ximenes, entre 800 e 1,4 mil pessoas passam pela igreja a cada dia. Ainda como curiosidade, nas missas dominicais, cerca de 40% dos participantes são turistas.

reformas. Não posso ser imprudente em começar o trabalho e depois não poder pagar”. O Programa Nacional de Apoio à Cultura, do Ministério da Cultura, que permite angariar fundos para restauração de patrimônios históricos, é fonte de uma das parcelas de ajuda do governo. Além disso, o pároco Ximendes afirma que a igreja conta com a doação dos fiéis, os mesmos que incentivaram o início das obras de restauração. Pessoas físicas ou jurídicas que quiserem colaborar podem ligar para (41) 3324-5136.

Rachaduras e infiltrações comprometem a estrutura e os afrescos da Catedral Metropolitana de Curitiba

Fotos: Gabriel Sestrem

Curitiba, maio de 2010

Fotos: Gabriel Sestrem

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Foto: André Halmata

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MARCO ZERO

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Violência aumenta no centro de Curitiba

o intuito de pegar o dinheiro. Quando estavam indo para o Largo da Ordem, policiais da Rotam – Ronda Tática Motorizada pararam e atiraram contra os três, acertando três tiros nas pernas de um deles, segundo relata um dos rapazes, que afirmou ainda ser foragido da polícia.

ONG combate violência usando a educação A questão da violência relacionada ao tráfico ou uso de drogas é comum entre muitas famílias de comunidades carentes. A ONG Projeto Jônatas atua nessas regiões, dando atenção especial às crianças e adolescentes em situações de risco - que não têm seus direitos respeitados, ou aos quais faltam alimentação adequada ou moradia, ou sofreram abandono parcial dos pais ou abusos diversos. A entidade trabalha com a evangelização e a inclusão social dessas pessoas. No Projeto, são realizadas oficinas de artesanato em madeira duas vezes por semana, para adolescentes; uma oficina de costura e patchwork para mães, também duas vezes por semana, e atividades aos domingos com turmas específicas de adultos, de crianças até oito anos e de adolescentes. A voluntária Sheila Christina F. de Sousa, de 32 anos, trabalha na ONG Projeto Jônatas há cerca de seis anos e ajuda essas famílias na prevenção da violência. “Nosso trabalho geralmente é de prevenção e não de recuperação. Os alunos normalmente são irmãos, sobrinhos ou filhos de pessoas diretamente envolvidas com o tráfico”, explica Sheila. Ela diz que

Izis Bittencourt

Izis Cristine

Crianças participam do Projeto Jônatas

o grande problema é quando os envolvidos começam a usar o crack (ou “pedra”, como o chamam), porque a pessoa começa a perder o rumo da vida e a consciência e comete delitos cada vez piores. Charles Kenny M. de Sousa, de 39 anos, também voluntário do Projeto, explica que gosta muito de trabalhar na comunidade. “Servir a quem precisa é bom, faço isso com alegria, não como obrigação religiosa ou coisa do tipo”, relata o voluntário. “Nossa intenção é justamente apresentar-lhes alternativas de vida, para que no momento certo estejam preparados para se recusarem a envolver-se com o tráfico”, ressalta Sheila. “Luto pra ajudar meninos e meninas a dar valor à vida e encontrar um caminho alternativo, que, conforme creio, é Jesus”, finaliza Charles.

A

auxiliar de serviços gerais Lizete Parize Moreira, de 59 anos, foi assaltada cinco vezes em apenas um ano na região central de Curitiba. A pior das ações praticadas pelos bandidos aconteceu nas imediações da Praça Rui Barbosa, onde ela foi abordada por três menores de idade quando pegava o dinheiro do ônibus. Os menores tentaram arrancar o dinheiro das mãos de Lizete, que reagiu, e eles feriram seus dedos com canivete, levando todo seu salário, na véspera do Ano Novo de 2009. “Eu fiquei ali, caída no chão, sem saber o que fazer. Tive que pedir dinheiro emprestado”, relata. Em outra ocasião, dessa vez na Praça Osório, assaltantes também agrediram Lizete e levaram sua bolsa com todos os documentos. “Isso me aconteceu perto de um posto policial, só que estava vazio”, conta a vítima. Ela chegou a dar queixa, mas não conseguiram nem recuperar seus documentos. Ela novamente deu entrada na documentação e mesmo com o boletim de ocorrência teve que pagar pela segunda via. Situações como essas, e ainda mais graves, acontecem diariamente em Curitiba, e as pessoas parecem ter se acostumado com esse tipo de notícia nos jornais. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR), no segundo trimestre de 2009, houve um aumento da violência em Curitiba em comparação com 2008. Na capital, houve um crescimento de 30,4% dos furtos entre 2008 e 2009, e de 3% dos roubos. A Prefeitura Municipal de Curitiba investiu R$ 30 milhões, nos últimos cinco anos, para melhorar a segurança na capital paranaense. A presença da Guarda Municipal cresceu 65% em toda a cidade. Em 2010 e 2011, deverão ser recrutadas mais duas turmas com cerca de 150 guardas aprovados em concurso público. A frota da Guarda aumentou de 46 para 81 veículos, entre carros, motocicletas e microônibus. O número de equipamentos para comunicação também passou de 73 para 391. Outras medidas de seguranças estão sendo adotadas para que a população saia às ruas com mais tranquilidade e possa

Ex-usuário conta como largou o crack Sophia de Souza

As batidas policiais no centro da capital paranaense já viraram rotina

contar com o apoio dos órgãos públicos, como a instalação dos sistemas de monitoramento por câmeras. De acordo com o coronel Ariovaldo Alves Nery Junior, responsável pelo Departamento de Proteção Comunitária, desde 2001, já foram instaladas na região central da cidade 45 câmeras que vigiam a área 24 horas por dia, monitoradas na Central de Monitoramentos na Praça Osório. Com o sistema de observação atenta, houve uma redução da violência no centro da cidade, bem como das ocorrências de tráfico de drogas e assaltos, segundo a PM. “As estatísticas demonstram que houve uma redução de 62% no índice de atendimento de ocorrências de 2008 a 2009”, afirma o coronel. Apesar disso, a violência no centro da cidade ainda assusta. O taxista Luis Roberto Moraes, de 38 anos, conta que já foi assaltado oito vezes, sempre no período da noite, por jovens entre 16 e 25 anos. “Em 1996, entrou um casal no meu táxi e pediu para que eu os levasse até São José dos Pinhais. Durante o percurso, o rapaz, que portava armas de fogo, me ameaçou pedindo para que eu lhe entregasse o dinheiro”, conta o taxista. O estudante Fabio José Falavinha, de 21 anos, relata que já foi assaltado quando estava saindo da faculdade Camões, no centro de Curitiba. Ele estava indo até

o ponto de ônibus, e dois rapazes, de 26 ou 27 anos, roubaram seu celular e mais 20 reais. “Foi constrangedor, pois, além de ficar com medo, sofri ameaças, e me xingaram muito”, diz o rapaz. A estudante Fernanda Ricardo, de 22 anos, também teve seu celular roubado por dois rapazes, enquanto esperava um ônibus na Travessa Nestor de Castro. Segundo ela, eles queriam seu aparelho para comprar drogas. Até as pessoas que vivem na rua e que, aparentemente, não possuem objetos de valor são alvos de jovens criminosos. Ary de Souza Cordeiro, de 37 anos, morou em Santo André, no ABC Paulista, cursava Direito na Universidade Estadual de Londrina, mas se afastou da carreira e da família porque sofria de depressão e resolveu partir para Curitiba. Hoje, ele é morador de rua e afirma que já foi humilhado muitas vezes. Numa delas, foi roubado por usuários de drogas que levaram os únicos R$ 2,00 que ele tinha. Caso inusitado e assustador é o do estudante Marlon Alan Marcelino, de 23 anos. Ele estava perto do terminal do Portão quando 30 rapazes roubaram suas roupas, deixando-o apenas de roupa íntima. Segundo ele, eram “gângsteres”, na faixa de 18 a 20 anos.

O narcotráfico é o segundo item do comércio mundial, só sendo superado pelo tráfico de armamento. Foi sempre um negócio capitalista, por ser organizado como uma empresa, estimulada pelo lucro. A partir do tráfico de drogas se estabelece um conjunto de conexões com outras atividades criminosas, como homicídios, roubos e furtos, inclusive o tráfico de armas. Segundo a Divisão Estadual de Narcóticos da Polícia Civil do Paraná (Denarc), é complicado ter uma estatística sobre a violência ligada ao tráfico no centro de Curitiba, uma vez que as apreensões são sempre grandes e na sua maioria não acontecem na parte central da capital. Isso apesar de Curitiba ser um dos pontos de ligação para levar e trazer drogas para outros estados e por estar próxima do Paraguai. A Prefeitura de Curitiba criou uma secretaria antidrogas, cujo atual secretário é Nazir Abdalla Chain, com o objetivo de desenvolver ações de combate ao uso indevido de drogas. Além disso, a pasta dá apoio para casas de reabilitação aos usuários de entorpecentes. A Secretaria vem tentando há alguns anos, juntamente com empresários, por meio de diversas ações, combater a comercialização e o consumo de drogas nas raves e casas noturnas que tocam música eletrônica. Mesmo com a notícia de que as drogas estão cada vez mais acessíveis, principalmente aos jovens, ainda existe esperança para aqueles que são usuários e querem deixar o vício. Um exemplo é André Roberto Romkoski (foto), de 25 anos, ex-usuário de drogas e que hoje trabalha com serviços gerais. Quando começou a se envolver com drogas ilícitas? André Romkoski – Quando tinha 12 anos, comecei com a maconha. Conheci o crack e me afundei. Fiquei sete anos envolvido com essa droga.

Sophia de Souza

Um artesão que trabalha na rua XV de Novembro, centro de Curitiba (e que não quis ser identificado), revelou à equipe de reportagem do Marco Zero que já cometeu alguns crimes. Ele tem um apelido no mundo do crime e conta que roubou um malote de dinheiro das prostitutas que trabalham num bar da região central da cidade. O “avião”, como é chamada a pessoa que pega o dinheiro das garotas de programa, estava com o malote de dinheiro. Ele e mais dois companheiros deram chutes no rapaz com

Izis Cristine Sophia de Souza

Foto: Hamilton Junior

Sophia de Souza

Sophia de Souza

Rapazes revelam como cometem assaltos

Apesar da redução ocorrida após instalação de câmeras, assaltos ainda são constantes na área central da cidade

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MARCO ZERO

Curitiba, maio de 2010

Cruz Machado no índice da criminalidade Izis Cristine Em entrevista ao Marco Zero, o inspetor Álvaro José Ditzel, de 41 anos, há 20 anos na Guarda Municipal de Curitiba, esclarece alguns fatores em relação à violência no centro da cidade.

André Roberto passou por sete internamentos

Já roubou para comprar drogas? Várias vezes. Meu primeiro roubo foi em casa, tirando as coisas que eram da minha mãe. Me arrependo até a morte por isso. Tudo que era dinheiro fácil, eu queria. Tentou se recuperar do vício? Quantas vezes e de qual maneira? Passei por sete internamentos de reclusão em fazendas, chácaras e sítios. Porém, quando retornava para a rua, voltava pior. A recaída é horrível, senti na pele o que é isso. Qual foi o momento mais marcante quando era usuário? Tive vários. O primeiro quando assaltei minha própria mãe que no momento não tinha dinheiro para me dar. Menti que era para pagar o traficante. Queria o dinheiro para usar as drogas. O segundo momento foi quando a polícia me pegou com o “cachimbo”, e me espancaram na sola do pé para que não deixasse marcas visíveis. Outra vez foi quando vi um amigo sendo assassinado por causa das drogas. Desde quando não usa as drogas? Não sei ao certo porque não gosto de contar, mas mais ou menos um ano. Consegui largar o vício com a ajuda de Deus, frequentando a Terceira Igreja Quadrangular, no Água Verde, e lá me sinto bem. Conheci pessoas que me ajudam e jamais imaginei que teria esta chance. Hoje posso dizer que sou feliz de verdade junto a pessoas que querem

Sobre as estatísticas de violência no centro, se comparadas a 2009, melhoraram ou estão piores? Qual a região do centro mais perigosa? Na área próxima onde se encontram instaladas as 56 câmeras de monitoramento, o índice diminuiu, sendo que nos locais onde não temos câmeras, como a Cruz Machado e um pedaço da Rua Riachuelo, ainda é alto o índice de ocorrências. Quais ações são feitas em combate à violência? Ações educativas e preventivas, com palestras ou com Teatro de Fantoches e a Guarda Mirim nas escolas. O principal objetivo é a orientação quanto às inúmeras irregularidades criminais. Como é feita a segurança nos finais de semana no centro histórico, uma área frequentada por turistas? Patrulhamento 24 horas, e há no local câmeras de monitoramento, além de rondas da PM. Como é o trabalho da Guarda Municipal com a Polícia Militar? De integração, parceria e treinamento.

Dicas de segurança No dia do pagamento Se precisar transportar muito dinheiro, peça a companhia de parentes, amigos ou seguranças. No ônibus Mantenha a bolsa na frente do corpo. Em deslocamentos Ao notar que está sendo seguido, procure mudar várias vezes o lado da calçada. Em caixas eletrônicos Em caso de dificuldade, comunique-se com funcionários do banco. Seqüestro relâmpago Não reaja em nenhuma circunstância. Os interessados em dicas de segurança podem encontrar uma cartilha disponível para download no site da PM: www.pm.pr.gov.br.


Do povo para o povo: a democratização das rádios Você sabia que os sinais usados pelas rádios AM e FM são de domínio público? Mas, afinal, sendo da população os sinais, ou seja, também seus, você define a programação da sua rádio preferida? Provavelmente não. Assim como no caso das tevês, as rádios são concedidas na maioria das vezes à iniciativa privada, atendendo a interesses mercadológicos ou de pequenos grupos, de acordo com o relações-públicas Anderson Luiz Moreira, de 31 anos, formado em pela UFPR e educador há sete anos na área de comunicação do Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefúria). Para Anderson Moreira, uma das saídas seria a democratização das rádios, e isso deve passar por um conceito maior que o do próprio veículo, que é o da democratização da comunicação. “Está relacionado à democratização do acesso e da produção, com uma maior atuação do Ministério das Telecomunicações no sentido de liberar as concessões às rádios comunitárias”, defende. Rádios Comunitárias Há cinco rádios comunitárias registradas em Curitiba, no Bairro Novo, na Cidade Indistrial (CIC), no Boqueirão, no Cajuru e na Boca Maldita. Esta última, no entanto, só no papel. Foi legalizada como rádio comunitária para a Sociedade Civil Cavalheiros da Boca Maldita, mas nunca operou. “Essa sociedade, formada por alguns daqueles homens que ficam nos cafés na Boca Maldita, tem uma característica muito peculiar que é não permitir a participação de mulheres. Como se autoriza uma rádio comunitária a uma associação que exclui indivíduos? Rádio comunitária não pode fazer esse tipo de discriminação”, critica Moreira. Para ele, a rádio que mais se aproxima do conceito “comunitária” é a do Bairro Novo, que tem programação na internet voltada à comunidade. Segundo o educador, a programação das demais é predominantemente musical. Outro fator que desvirtua o conceito da rádio é o fato de elas serem presididas por políticos ou líderes religiosos, o que, segundo ele, pode influenciar na programação e direção do conteúdo veiculado. “O que deveria haver de fato é presença da população nas rádios comunitárias. Hoje, se vê muita rádio comunitária nas mãos de políticos, pastores, padres, entre outros. Há interesses de pessoas em usar as rádios como trampolim”, alerta.

Talentos locais Eliaquim Junior Na coluna “Estante” desta edição, escritores curitibanos e livros indispensáveis, de grandes talentos locais que merecem serem descobertos por aqueles que sabem apreciar uma boa leitura.

Foto: Alexsandro Ribeiro

Alexsandro Ribeiro Daysi Passos

Estante

Curitiba, maio de 2010

Chá das Cinco com o Vampiro Miguel Sanchez Neto

Para Anderson Moreira, antes das rádios deve ser pensada a democratização da comunicação no país

“O que deveria haver de fato é presença da população nas rádios comunitárias. Hoje, se vê muita rádio comunitária nas mãos de políticos, pastores, padres, entre outros. Há interesses de pessoas em usar as rádios como trampolim” A democratização das rádios De acordo com Anderson Moreira, a democratização deveria passar primeiro pela mudança da legislação, um dos pontos também defendidos pela Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraco). Depois, pelo aumento da potência das rádios, que atualmente é de 25 watts, pela permissão das rádios trabalharem com transmissão em rede, o que é proibido atualmente às rádios comunitárias. “O principal ponto é a alteração da Lei, com menos burocracia e mais agilidade na liberação das concessões”, afirma o educador. Outra forma de garantir a democratização é com maior participação da comunidade na decisão e na formação da programação e na organização da entidade. De acordo com Anderson Moreira, a população deve estar incluída na direção da rádio, ou seja, ela deve ser parte integrante do conselho da emissora. “Quando falo em participação da população na rádio, não é alguém ligar para lá e pedir música. Certa vez, em uma rádio comunitária, perguntei se havia participação da comunidade. O locutor me disse que sim, pedindo música. Não é isso, e sim participar do conselho, da organização da rádio”, diz o educador.

Barreiras à democratização Para o educador do Cefuria, além da burocracia, que dificulta a liberação das concessões, uma das principais barreiras que impedem a democratização do rádio é a limitação geográfica. “Se há uma emissora em um determinado local, só poderá haver outra num raio de quatro quilômetros. Menos que isso não é permitido”, afirma o comunicador, que ainda aponta a existência de interesses nas liberações das concessões. “Estava sendo aprovada a criação de uma rádio no Shopping Pinheirinho e ainda não sei se já foi autorizada. A Terra de Direitos (entidade que atua na defesa e promoção dos direitos humanos) preparou um documento e encaminhou à Anatel mostrando que a rádio do shopping infringia o limite geográfico da rádio comunitária da CIC. Mas não deram muita bola. Já a solicitação da criação de uma rádio por uma associação de padarias comunitárias não foi liberada porque há a rádio do Pinheirinho. No centro de Curitiba, não pode haver outra rádio, pois já existe a da Sociedade Boca Maldita. Por mais que ela nunca tenha operado, a Anatel não libera o espaço”, critica Moreira.

Durante muitos anos, Dalton Trevisan e Miguel Sanchez Neto foram mestre e discípulo, respectivamente. Sanchez, que veio do interior, foi acolhido no círculo literário pelo famoso e recluso escritor paranaense. Em 2001, Trevisan ficou furioso com Sanchez ao saber que este estava escrevendo um livro sobre ele e suas intimidades. Foi o fim da amizade. Mas Miguel revelou à imprensa que não era uma biografia de Trevisan, mas uma ficção na qual os personagens eram livremente inspirados em personalidades conhecidas do mundo literário e do jornalismo paranaense. Trevisan reagiu e xingou , por meio de um poema o seu ex-discípulo de “araponga louca”, “hiena papuda” e outros nomes nada agradáveis. Fato que só serviu para causar polêmica e divertir o tão sério mundo literário. A fúria de Trevisan é justificável? Bem, agora todos podem saber mais sobre essa controvérsia, já que o livro foi lançado. Em “Chá das Cinco com o Vampiro”, os personagens são reais, somente os nomes são diferentes. E a história do livro é basicamente a mesma citada lá no começo do parágrafo: “Jovem escritor se muda para Curitiba, ingressa na vida literária e trava amizade com um grande escritor antissocial.” Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

O Filho Eterno Cristovão Tezza Eleito pela crítica como um dos melhores livros no ano em que foi lançado (2007) e ganhador de vários prêmios, “O Filho Eterno”, apesar de ser tratado como romance, é escancaradamente uma autobiografia, pois aborda a relação do escritor com seu filho deficiente. O livro de Tezza, catarinense radicado em Curitiba, narra, por exemplo, o momento em que os médicos revelaram aos pais que o filho tinha Síndrome de Down, o conflito do pai com a diretora da escola que não aceita uma criança “especial’, enfim, uma bela história que expõe inúmeros percalços e as grandes alegrias de se criar um filho com deficiência.

CULTURA

Onde todos se encontram Largo da Ordem, no Centro Histórico de Curitiba, reúne bela paisagem, patrimônio histórico e muita diversão num único lugar

André Halmata O Largo da Ordem é um dos principais pontos históricos de Curitiba. É conhecido por seus bares, sua arquitetura, seus monumentos e pela tradicional feirinha realizada todos os domingos desde 1973. “Eu gosto muito da feira de artesanato. Tem muita coisa fofa, e é impossível passar rapidinho por lá”, diz a dona de casa Elvira Seer, afirmando que sempre frequenta o local e aproveita para almoçar na feirinha. O que mais chama a atenção dos turistas, e mesmo dos moradores de Curitiba, é a grande variedade de bares na região do Largo. Eles servem como ponto de encontro na cidade e ganham a preferência de Fabio Hadas, estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). “Lá estão as melhores casas noturnas com apresentações de shows de rock e hardcore, estilos de que eu gosto”, explica. O restaurante Sal Grosso é um dos mais tradicionais do Largo da Ordem, com mesas ao ar livre e a tradicional alcatra na tábua, acompanhada de arroz, alface e maionese. Por isso, é muito disputado, principalmente durante a ferinha dos domingos. O Tuba’s bar é o escolhido pelos apreciadores de rock com música ambiente e exibições de shows de rock, além do Fire Fox, por contar com um salão para exibições de jogos de futebol e

É de graça! Kyria Mousquier “Novas gravuras” de Eduardo Fausti As gravuras de Eduardo Fausti foram criadas a partir de fotos tiradas por ele próprio e de outras obtidas com amigos. O artista reproduz rostos de mulheres de diferentes origens culturais e étnicas. As obras de Eduardo Fausti integram o acervo do prestigiado Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque (EUA), cidade onde o artista vive há mais de 20 anos. Eduardo é também bolsista na renomada Universidade de Columbia, dedicando-se ao estudo de assuntos ligados à gravura. Datas: 10/03/2010 a 09/05/2010. Horários de visitação: de terça a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h. Museu da Gravura Cidade de Curitiba – Solar do Barão Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533, Centro, Curitiba-PR (41) 3321-3367

Professor Concertino Melodia Os bares à direita, a igreja e ao fundo a casa Romário Martins, única em estilo colonial.

shows na TV. Isso sem falar das comidas exóticas, como carne de avestruz e jacaré. Já o restaurante Saccy apresenta MPB e inspirou criação do nome do grupo carnavalesco Garibaldis & Sacis. Há ainda o The Farm, com música ao vivo de diversos estilos e decoração temática de fazenda, além do famoso Schwarzwald, popularmente chamado de bar do alemão. Mas toda essa diversão não seria possível se não fosse o aumento da segurança do local proporcionada por novas câmeras instaladas ao longo do Largo. Quatorze das 16 novas câmeras têm ângulo de 360º. Três delas estão instaladas na estrutura externa do Belvedère, mirante art-nouveau construído em 1915, próximo às ruínas de São Francisco. Outras duas monitoram o interior da sede do Batalhão da Patrulha Escolar Comunitária.

marca registrada da casa é o submarino: um caneco de chope de 500 ml com uma dose de Steinhäger dentro de uma canequinha de porcelana mergulhada no caneco. Segundo a estudante Jéssica Silva, “é um grande barato pedir um submarino”. As pessoas “passam a mão” no canequinho como um souvenir para descobrirem mais tarde a frase gravada no fundo da lembrancinha: “Este caneco foi roubado honestamente”. Seja para diversão, happy hour ou saborear um bom chope, o Bar do Alemão é um dos melhores lugares do Largo.

O professor Concertino adora música clássica. Observa atentamente o som do violino, do violoncelo e do piano e com eles vê se formarem sonatas e sinfonias encantadoras. Seu amor por esse gênero musical é tão grande que não cabe só nele: Concertino deseja que todos os seus amigos também ouçam música clássica e, como ele, se apaixonem por ela. O que parecia muito simples para o personagem acaba se tornando uma grande e difícil aventura criada por Jorge Miyashiro, que também atua como “O Professor Concertino Melodia”. Data: 02/05/2010 Horários: aos domingos, às 11h Teatro do Piá Praça Garibaldi, 7 – São Francisco, Curitiba-PR (41) 3213-7568

O que poucas pessoas conhecem é a origem do nome do Largo da Ordem, que mudou três vezes para homenagear grandes nomes da cidade. No século 18, foi inaugurado como Páteo da Nossa Senhora do Terço, em virtude da presença da Igreja da Ordem Terceira. Posteriormente, passou a chamar-se Páteo de São Francisco das Chagas e em 1917 chamou-se oficialmente de Largo Coronel Enéas, em homenagem ao Coronel Benedito Enéas de Paula. No Largo da Ordem, estão as edificações mais antigas de Curitiba, como “Hiperplano” de Rodrigo Dulcio a Casa Romário Martins e o bebedouro A exposição mostra a modificação do amno qual os tropeiros e fazendeiros da biente pela operação de desenhar diretaregião costumavam dar de beber a seus mente sobre a estrutura interior do espaço e evidencia um estreito interesse pela cavalos e mulas. As duas construções dado relação entre arte e arquitetura. são do século 18. Há ainda a Igreja Datas: 10/03/2010 a 09/05/2010. da Ordem Terceira de São Francisco, Horários: visitação: de terça a sexta das 9h 12h e das 13h às 18h sábados, dominde 1737 e outros prédios da segunda às gos e feriados das 12h às 18h metade do século 19. Museu da Gravura – Solar do Barão. Presidente Carlos Cavalcanti, 533 – Centro, Curitiba-PR (41) 3321-3367

A tradição alemã de Curitiba Quando se fala em Largo da Ordem, um dos locais mais conhecidos é o Schwarzwald, ou Bar do Alemão, que atrai muitos turistas. Suas características rústicas remetem o cliente a um ambiente bastante regional e familiar europeu. É quase uma taverna. Esse local aconchegante e diferenciado oferece um cardápio composto por pratos tradicionais da culinária alemã, como o eisbein (joelho de porco) e petiscos como a carne de onça. Por dois anos consecutivos, o chope do Bar do Alemã foi eleito o melhor da cidade, de acordo com o júri da Revista Veja Curitiba. Outra

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“A Arte em Tesselas” Foto: William Kasprsak

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Foto: William Kasprsak

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Bar do alemão, o mais procurado pelos turistas

A cidade retratada na arte do mosaico é a proposta da mostra “Tesselas: liberdade de expressão”, que reúne trabalhos de 25 artistas. A mostra foi organizada pelas mosaicistas Patrícia Ono, Fernanda Czelujinski e Adriane Smythe, e os trabalhos desses expositores proporcionam ao público as possibilidades de olhar Curitiba nas suas mais diversas formas: detalhes em flores, clima, arquitetura etc. Datas: 12/04/2010 a 30/05/2010. Horários de visitação: das 8h30 às 12h e das 13h às 21h; aos sábados, das 8h30 às 12h. Centro de Criatividade de Curitiba Rua Mateus Leme, 4700, Parque São Lourenço – São Lourenço, Curitiba-PR (41) 3313-7193 – (41) 3313-7192 Contato: 3313-7193 com Rosa Ribas E-mail: apires@fcc.curitiba.pr.gov.br


Curitiba, maio de 2010

CULTURA

Um cara piadista e boa gente O mês de abril ficará marcado na memória dos admiradores da boa música paranaense. Aos 61 anos, Ivo Rodrigues Jr., vocalista da banda Blindagem, faleceu. Na quinta feira, dia 8 de abril, foi vítima de uma parada cardiorrespiratória decorrente de problemas causados por um câncer. Familiares, integrantes da banda, amigos e fãs do músico se despediram dele na sextafeira, dia 9, no Cemitério Municipal de Curitiba, ao som de músicas e homenagens. Dias depois, a banda recebeu milhares de telefonemas e e-mails incentivando a continuação das atividades. “Reservado, simpático, piadista, contador de histórias e aventuras”. Assim o descreve Cláudia Falce, de 37 anos, fã do Blindagem desde os 15. “Ao contrário dos outros integrantes do Blindagem, que andavam pelos bares conversando com os fãs, Ivo era mais reservado e esperava que as pessoas fossem até ele. Era humilde e gente boa e não tinha inimigos. Fazia caminhadas no Parque Barigui e vivia da música”, recorda. Cláudia Falce é presidente do fãclube oficial do Blindagem (Fã Clube Loba da Estepe), que possui mais de 600 membros cadastrados. Ela revela que, no início, o objetivo da criação do fã-clube era apenas ajudar na divulgação da banda, mas, com o andamento do trabalho, ela se aproximou mais dos integrantes, tornando-se amiga e frequentando as casas dos músicos. Junto com o marido, Humberto Falce, de 40 anos, levou Ivo Rodrigues Jr. diversas vezes até os bares e casas noturnas em que ele costumava tocar. Segundo ela, o filho de apenas sete anos é fã incondicional do músico. “O Blindagem tem fãs de todas as idades. Conheço fãs crianças, adolescentes e adultos. Acredito que a maioria deles tem de 30 a 60 anos. Vi filhos que aprenderam com os pais a apreciar o trabalho do Ivo e do Blindagem”, conta. Ivo Rodrigues, que também era chamado carinhosamente pelos amigos de “Ivão”, ou “O Rocha”, tinha problemas de saúde há mais ou menos dez anos, mas a situação se agravou há quatro. Um mês antes do seu

O vocalista Ivo Rodrigues (ao centro), junto com a formação atual do Blindagem

falecimento, foi detectado um tumor no canal da uretra. No ano passado, ele também havia sido submetido a um transplante de fígado, decorrente de uma cirrose hepática. Paulo Juk, grande amigo de Ivo e baixista do Blindagem, define o colega como ciumento e piadista. Segundo ele, a relação de amizade entre os integrantes era tão positiva que, entre eles, eram padrinhos de casamento e de batismo dos filhos uns dos outros. “A relação com Ivo era de muita amizade. Há 25 anos, eu era fiel e ria

das mesmas piadas que ele contava”. A amizade “de boteco”, como define Juk, teve início na década de 70, na praia de Itapoá, quando Ivo apresentou algumas músicas e Paulo decidiu produzi-las. Após algum tempo, Ivo entrou na banda. Para Cláudia, os momentos mais inesquecíveis ao lado do músico foram os shows no Guairão em que o Blindagem foi acompanhado pela Orquestra Sinfônica do Paraná, em 2007 e 2008. Segundo ela, foram shows de qualidade excelente, e em todas as

Linha do tempo 1977 - Surge a banda Blindagem, em Curitiba. O grupo, formado por Paulo Juk, Amauri Stochero, Alberto Rodriguez e Mário Júnior, tocava, inicialmente, em festivais, parques, colégios e concursos, com um som que variava do lírico ao pesado. 1979 - Ivo Rodrigues entra na banda. 1980 - Primeira apresentação do Blindagem no Guairão. 1981 - Lançamento do primeiro LP, “Blindagem”. A música “Marinheiro”, de Ivo Rodrigues e Paulo Leminski, entra na programação das rádios de São Paulo. 1983 - Dois compactos da banda são lançados pela Gravadora Pointer. Destaque para as músicas “Malandrinha” e “Me Provoque pra Ver”. 1984 - Ruben Pato Romero, baterista ar-

gentino, ingressa na banda. 1985 - Mais um compacto: “Operário Padrão”, pela Polygram. 1987 - Lançamento do disco independente “Cara x Coroa”. 1997 - O CD “Dias incertos” é produzido de forma independente, com apoio da Lei de Incentivo à Cultura. 1998 - Comemoração dos 20 anos da banda no Guairão. 2008 - Em comemoração aos seus 30 anos, a banda lança o primeiro DVD, “Rock em Concerto – Banda Blindagem e Orquestra Sinfônica do Paraná”. 2009 - Ivo Rodrigues recebe um transplante de fígado. 2010 - Ivo Rodrigues falece, devido a uma parada cardiorrespiratória decorrente de um câncer.

apresentações o espaço ficou lotado. Antes de passar pelo transplante de fígado, Ivo havia iniciado um projeto solo com oito músicas, alternando folk e blues. Após a cirurgia, o músico se uniu com o violonista Gerson Bientinez e deu continuidade ao trabalho, que passou a ter uma cara de MPB. Os projetos paralelos de Ivo sempre foram apoiados pelos outros integrantes da banda. “Sempre apoiamos e incentivamos. Todos os membros têm projetos paralelos”, afirma Paulo Juk. Desde junho de 2009, quando Ivo foi operado, o músico Rodrigo Vivaz assumiu provisoriamente os vocais da banda. O cantor, que também trabalha paralelamente com a banda The Elder, ocupou oficialmente o posto de vocalista do Blindagem a partir da morte de Ivo. Paulo Juk conta que Vivaz é grande fã de Ivo e no início se emocionava muito ao cantar com a banda: “É difícil para nós tocarmos sem o Ivo, mas a dificuldade se torna maior para o Rodrigo, por ficar no lugar dele”. Quem pensa que o Blindagem diminuirá o ritmo das atividades após a perda se engana. Na última conversa de Ivo com Paulo Juk no hospital, poucos dias antes de sua morte, o cantor pediu que a banda não terminasse. Seguindo o conselho do amigo, a banda já tem uma série de shows agendados e por cima cogita o lançamento de um novo álbum. arquivo pessoal

Gabriel Sestrem

Foto: foto divulgação

Ícone do rock paranaense, Ivo Rodrigues, da banda Blindagem, falecido recentemente, deixa esposa, dois filhos e uma enorme legião de fãs

ACONTECEU

Festival de Curitiba marca presença no Teatro Uninter O Festival de Curitiba aconteceu entre os dias 16 a 28 de março, completando sua 19ª edição com mais de 400 espetáculos de companhias de todo o país. O evento é considerado um dos mais importantes do Brasil na área teatral. A Facinter foi um dos locais privilegiados, pois recebeu alguns espetáculos em seu auditório, além de apresentar peças teatrais da Volátil Cia. de Teatro Uninter, da própria faculdade. O Teatro recebeu neste ano 12 peças, como “Planejamento Familiar”, “Céu”, “As Heroides” (cartaz da foto), ambas do Grupo Uninter, “Isso me atormenta”, “Sua majestade, o executivo”, “Se correr a bicha pega, se ficar o bicho come”, “O que?!”, “Morrendo e aprendendo”, entre outras. Criado em 1992, o teatro Uninter, localizado no campus Divina, já foi visitado por mais de 1 milhão de pessoas, em variados tipos de eventos, incluindo peças de teatro e palestras.

Aniversário de Curitiba No dia 29 de março, a capital paranaense comemorou seus 317 anos. A data foi festejada com festas, concertos musicais, passeio ciclístico e shows por toda a cidade. Dois dias antes do seu aniversário, o centro de Curitiba ficou agitado, pois várias pessoas compareceram à Boca Maldita e assistiram à apresentação de um grupo de dançarinos voluntários, que criou uma coreografia especial para comemorar o aniversário da cidade. O grupo contou com bailarinos profissionais, dançarinos de jazz, dança do ventre e dança de salão e de grupos de dança da Prefeitura, além de profissionais de outras áreas, como professores, artistas e interessados em participar da ação. Curitiba foi fundada em 1693 pelo capitão Matheus Martins Leme com o nome de Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, mais tarde chamada de Curitiba. A palavra é de origem Guarani: kur yt yba, que quer dizer “grande quantidade de pinheiros, pinheiral”, na linguagem dos índios, os primeiros habitantes da cidade.

Beto Richa deixa o cargo Após um ano e três meses de mandato, o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), renunciou ao cargo no dia 30 de março, para poder disputar o governo do Estado do Paraná nas eleições de outubro. Quem assumiu o lugar de Beto foi seu vice, Luciano Ducci (PSB). Para oficializar a sua pré-candidatura, o ex-prefeito realizou um jantar para cinco mil correligionários, incluindo o presidente nacional dos tucanos, senador Sérgio Guerra.

Feira da Páscoa na Praça Osório Cláudia Falce, junto com o ídolo: “O mais reservado da banda”

SERVIÇO Fã Clube Loba da Estepe www.lobadaestepe.mus.br

Curitiba promoveu a Feira da Páscoa entre os dias 20 de março e 4 de abril, na Praça Osório e na Praça Santos Andrade, no centro da cidade. Na feira, puderam ser vistos vários trabalhos, como artesanatos, objetos decorativos, chocolates e produtos artesanais em 57 barracas, que oferecerem também alimentos típicos da Páscoa e pratos brasileiros. Feiras similares acontecem nessas praças em diversas outras datas importantes, como o Natal.

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CULTURA

O último cinema de rua da cidade

A Cinemateca é espaço alternativo para a arte e a reflexão em Curitiba Foto: Osvaldo Soares

Osvaldo Soares

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Cinemateca é um espaço cultural importante de Curitiba por contar com um cinema diferenciado, alternativo, de arte e reflexão. Sua programação é composta por mostras culturais que acontecem por intermédio de diversas parcerias, entre elas as realizadas com embaixadas e organizações sociais, gerando muita discussão e debates a partir dos filmes exibidos. Segundo a diretora da Cinemateca de Curitiba, Solange Straube Stecz, a sala Groff, onde são exibidos os filmes, é hoje a única sala de rua da cidade, que já teve espaços importantes como os Cines Groff, Ritz e Luz. “Foram salas que, por uma série de circunstâncias, foram sendo fechadas, até ficar somente o cine Luz, que encerrou sua programação em novembro do ano passado”, explica. A Cinemateca oferece cursos de formação no Núcleo de Formação Digital do Ministério da Cultura, o NPD, que tem parceria com a Associação de Cinema e Vídeo Paraná (Avec). “Fizemos 11 cursos de formação de vídeo, e a procura é muito grande. É preciso fazer um teste de seleção, e a média é de 20 e 30 pessoas por vaga, praticamente um vestibular por curso livre. Isso forma e não só dá noções como a possibilidade de realização de um filme”, conta Solange ao explicar que os cursos abrem uma perspectiva de um olhar mais crítico sobre o cinema e a produção cinematográfica, seja ela nacional ou estrangeira.

Solange Stecz fala ainda sobre o público que frequenta a Cinemateca e a programação para 2010: “É um público diferenciado, que busca um cinema mais de arte, um cinema que faça pensar”, diz a diretora da Cinemateca, lembrando que no mês passado foi aberto um ciclo de debates que será realizado até o final deste ano. O primeiro debate versou sobre a questão do teatro, com a exibição, pela primeira vez em Curitiba, do filmeBR3, de Evaldo Mocarzel, um documentário sobre o trabalho do grupo Vertigem, de São Paulo. A película foi também exibida na Mostra Internacional “É Tudo Verdade”. Além de exibir o filme, a Cinemateca trouxe os cineastas Evaldo Mocarzel e Murilo Hausen, paranaense da Sutil Cia de Teatro. Eles discutiram a relação entre o cinema e a filmagem de uma peça de teatro, destacando a imagem. A Cinemateca tem projetos de formação de plateia e, por isso, tem recebido escolas e organizações da comunidade em projetos específicos. Um exemplo é o projeto “Primeira Sessão”, destinado às escolas.

Quartel dará lugar a novos cinemas Já está em fase de projeto e definição de verbas o novo Centro de Cultura da Rua Riachuelo com Carlos Cavalcanti. O antigo Quartel do Exército Brasileiro (desativado) é um espaço da área cultural do município e ali vão ser construídas duas salas de cinema: o Cine Luz e o Cine Ritz. Além disso, o espaço vai abrigar salas para cursos e centro de convivência com café e biblioteca, ampliando a ação da Coordenação de Cinema e Vídeo, a área da Fundação Cultural de Curitiba que envolve todas as ações do audiovisual do município, inclusive a Cinemateca de Curitiba.

Foto: Osvaldo Soares

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ENSAIO FOTOGRÁFICO

Nas trilhas de Poty Lazarotto Texto e fotos de Walter Alfredo

Ao caminhar pelo centro de Curitiba, pode-se notar várias peças que compõem o cenário urbano, desde detalhes na construção das calçadas a obras de arte. Algumas das figuras que embelezam a cidade são de autoria de Napoleon Potyguara Lazarotto, mais conhecido por Poty. O artista nasceu em 1924 na capital paranaense, onde faleceu em 1988. Sua vida foi marcada pela intensa atividade artística, e suas criações estão espalhadas por vários locais de Curitiba, como na avenida Augusto Stelfeld, na Praça do Homem Nu e na fachada do Teatro Guaíra.


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