MARCO ZERO Curitiba, setembro de 2011
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MARCO ZERO
Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Facinter • Ano III • Número14 • Curitiba, setembro de 2011
O transporte público em discussão
Claudia Bilobran
Será que Curitiba tem infraestrutura para receber mais ônibus circulando pelo centro da cidade? E o metrô, trará mais tranquilidade e conforto para quem utiliza o transporte público ou apenas mais transtornos? (p. 6 e 7)
Você sabe quem são os candidatos a prefeito de Curitiba? (p. 4 e 5)
Divulgação
A luta por um sonho Conheça a história da cantora paraibana cega que conseguiu realizar seu sonho em Curitiba (p. 3)
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MARCO ZERO
EDITORIAL
ARTIGO
Ao leitor
E quando a greve acabar?
se atrás de países como Paraguai, Equador e Bolívia. No entanto, temos que confessar que, aos trancos e barara buscar maior valorização, rancos, a educação vai sendo consmelhores salários e melho- truída. Mas não com a excelência res condições de trabalho, de que todos gostariam de ver. norte a sul, as greves de professores E enquanto essa briga convãos surgindo e se prolongam dia tinuar, lá estão os estudantes sem após dia. Uma novela que vai adian- aulas, vendo a horas passarem sem do um final feliz. ao menos estarem com um livro nas Nessa verdadeira batalha en- mãos enquanto as inúmeras reuniões tre governo e professores, os docen- entre professores e as secretarias, tes querem ganhar mais, e o governo, prefeituras e governos mostram que pagar menos. Se os educadores não o impasse está longe de agradar as têm respeito nem dentro das próprias duas esferas. salas de aula, vão conseguir alguma E lá se vão as férias dos escoisa fora? tudantes. Passeios, nem pensar. E o Em Planaltina-GO, por exem- descanso forçado, fora de época, acaplo, cerca de 40 professores que de- ba não sendo descanso. ram início a uma manifestação foram Com isso, no ano em que as interrompidos por policiais civis, que paralisações se evidenciaram de norte dispararam uma artilharia de ofensas a sul do país, a maior preocupação dos em cima dos educadores. Por mais professores e também dos estudantes que a greve seja é sobre a reposição justa para os pro- “Dependendo de quanto das aulas. Será nas fissionais da edutempo dure uma greve, férias ou aos sábacação, não é muito dos? pode atrasar conteúdos, e bem assim que a As reposições podemos ficar sem aprenJustiça vê o caso. das aulas após as der por falta de tempo” Em Minas Gerais, paralisações se a greve foi consitornam um granBoa Leitura. derada ilegal pelo de desafio para os Tribunal de Justiça (TJ), mas, mesmo gestores que buscam desenvolver um assim, os professores permaneceram ensino de qualidade. Para recuperar o sem trabalhar, completando mais de tempo perdido, a retomada das ativicem dias de paralisação. dades faz com que sejam improvisaO jornal Marco Zero é uma Para alguns professores, não das. Mesmo assim, há uma tentativa publicação feita pelos alunos do basta simplesmente alcançar um au- de levar certo ânimo aos estudantes, Curso de Jornalismo da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter) mento no piso salarial. Eles querem depois de meses parados. também melhores condições de trabaPara a estudante Taynara Cris* Melhor jornal-laboratório do Paraná lho, valorização e reconquista de algo tina, aluna da rede estadual em Curitiem 2010: primeiro lugar no Prêmio que está muito além do que havia se ba-PR, além das mudanças do calenSangue Novo no Jornalismo Paranaense, promovido pelo Sindicato perdido: o respeito. dário escolar, geradas pelas greves, dos Jornalistas Profissionais do Paraná De fato, isso mostra que, há prejuízos como a não abordagem no ano em que as paralisações se de determinados conteúdos essenCoordenador do evidenciaram com grande força, de ciais para o Ensino Médio, por exemcurso de Jornalismo: norte a sul do país, uma das preocu- plo. “Dependendo de quanto tempo Tomás Barreiros pações dos professores, e também dure uma greve, pode atrasar conteProfessores responsáveis: dos estudantes, é também uma re- údos, e podemos ficar sem aprender Roberto Nicolato viravolta no calendário escolar e a por falta de tempo”, lamenta. Tomás Barreiros reposição das aulas. Será nas férias Porém, por parte do goverDiagramação: ou aos sábados? no federal, parece que eles estão André Halmata (7º período) É por causa de impasses cumprindo o seu papel. Pelo menos, como esses que nossa educação alguns cursos disponibilizados pelo Facinter: Rua do Rosário, 147 pode estar tão longe de ser conside- MEC foram oferecidos, e concursos CEP 80010-110 • Curitiba-PR E-mail: assessoriajr@grupouninter.com.br rada como educação de excelência para divulgar o bom trabalho dos proTelefones: 2102-7953 e 2102-7954. nos parâmetros mundiais, mantendo- fessores foram criados.
Esta edição do Jornal Marco Zero trata dos principais problemas existente no transporte público da capital paranaense. A reportagem aborda temas polêmicos, como super lotação, atrasos e acidentes que vêm acontecendo no transporte coletivo. Também nesta edição, uma matéria mostra os estilos dos curitibanos frente às variações climáticas da cidade, com depoimentos de várias pessoas e dicas das estilistas Natalia Canalli e Karla Pereira para se vestir de maneira prática e com estilo. O leitor irá também conhecer Luciene Pereira, uma cantora paraibana cega que veio tentar a vida em Curitiba, após diversas dificuldades. Além disso, são revelados mistérios e curiosidades dos bares e restaurantes subterrâneos do centro da cidade. Esta edição mostra ainda o projeto arquitetônico da mesquita de Curitiba, uma construção antiga e rica em detalhes. Assim está o Marco Zero nesta edição, com variedade de assuntos e um conteúdo desenvolvido especialmente para você.
Expediente
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Boca no trombone!
Hamilton Zambianck
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Cláudia Hein
Você notou alguma diferença nos novos ônibus? “Sim, os novos ônibus têm mais espaço, os bancos preferenciais são confortáveis e estofados e consequentemente cabem mais passageiros”. Rodrigo dos Santos Custodio, estagiário, 22 anos “Sim, eles mudaram totalmente o design, trazendo mais conforto e espaço para as pessoas e assim deixaram a cidade sorriso ainda mais bonita.” Débora Cruz, estudante, 21 anos “Sim, o ônibus é espaçoso, é muito mais rápido; portanto, diminui o tempo para chegar no centro, já que ele não pára em todos os pontos. Eles ficaram mais bonitos e modernos”. Michele Rosana Hubie Borges, estudante, 23 anos “Sim. Por ganhar tempo para chegar, o número de passageiros dobra. Dessa forma, se ganha tempo e perdese conforto. E também parece que foram retirados os ônibus antigos, porque o horário de espera aumentou”. Gilles Bruno Benício, analista de Marketing, 28 anos “Não, porque eles só circulam em um determinado ponto da cidade e não é o meu caminho”. William Kasprsak, estudante, 26 anos
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PERFIL
Pelos bares da vida
É na noite curitibana que a cantora paraibana Luciene Pereira busca firmar-se na profissão Regiane Silva
Regiane Silva
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as casas noturnas curitibanas, em casamentos e formaturas, Luciene Pereira de Oliveira encontra espaço para mostrar seu trabalho. Cantora desde pequena, a paixão de Luciene pela música e seu talento foram descobertos quando ela tinha apenas três anos, em 1981, durante a primeira visita do Papa João Paulo II ao Brasil, quando cantou “A Benção, João de Deus”. O sucesso foi tal que Luciene não parou mais. Em Lagoa Seca na Paraíba, cidade onde nasceu, Luciene cantou em bandas de forró, gravou CDs e alcançou reconhecimento regional. Mas foi em Curitiba, para onde se mudou em 2003, que ela finalmente conseguiu dedicar-se à carreira solo e à sua grande paixão: a Música Popular Brasileira. Hoje, ela conta com músicos contratados para a acompanhar nos shows. “Sempre gostei de MPB, mas como na Paraíba comecei cantando em bandas de forró, não consegui me dedicar a esse estilo musical como sempre sonhei. Claro que não posso reclamar, pois a música regional me proporcionou a oportunidade de conseguir me dedicar à MPB. Sem dúvida, me sinto agora mais realizada”, declara Luciene. “Canta aí, fia, pro pessoal ou-
Luciene cantando em show beneficente em prol do Instituto Paranaense de Cegos
vir”. Quem sempre dizia isso era seu ciene passou por muitas dificuldapai, o agricultor Antônio Ferreira des, mas isso não a impediu de sede Oliveira, granguir seus anseios: de incentivador do “Quando eu era Luciene passou por sonho de artista da criança, tinha apemuitas dificuldades, mas filha. A cada múnas um tio com isso não a impediu de sica nova que Luboas condições seguir seus anseios ciene aprendia, ele financeiras. Nos já queria mostrar a finais de sematodo mundo, orguna, após saber do lhoso dos dotes da filha. meu talento, ele ia até minha casa e Nascida deficiente visual, Lu- montava um palco, me pagando pequenas quantias para que eu fizesse Hamilton Zambiancki um show para a família. Eu achava aquilo maravilhoso, e meu sonho só aumentava”, lembra a cantora. Era nesses shows que Luciene deixava os pais babando. Até aí, tudo normal. Mas os tios também? Sim, eles ficavam tão animados quanto os pais e, logo que chegavam à casa de Luciene, já perguntavam: “E aí, já aprendeu uma música do Roberto Carlos?” Os limites musicais da casa em que vivia foram ultrapassados quando Luciene foi morar no Instituto de Cegos de Campina Grande, na Paraíba, aos oito anos. Lá, ela conseguiu uma coisa inesperada: “Eu fui a primeira Luciene Pereira em show no Restaurante Beto Batata, em Curitiba
criança a fazer parte do coral, antes composto apenas por adultos”. A paixão pela música era tamanha que, no Instituto, Luciene também aprendeu a tocar violão, teclado e flauta para acompanhar quando cantasse. “Eu comecei a cantar profissionalmente em 1995, na banda Nova Geração, do Instituto de Cegos da Paraíba. Em 1996, gravei meu primeiro CD, com a banda de forró paraibana Anjos e Demônios, na qual fiquei por quatro anos e gravei quatro CDs. Somente em 2000 saí da banda para me dedicar à MPB”, conta. Em suas apresentações, Luciene passou por situações no mínimo hilárias. “Eram engraçadas demais as coisas que aconteciam! Um dia, em um show, percebi que tinha caído algo líquido no meu pé... Achei estranho, mas continuei cantando. No final, descobri que era um rapaz que tinha jogado cerveja na minha perna. Quando minha amiga perguntou para ele porque fez aquilo ele disse: ‘Sua amiga canta bem, mas é muito metida. Fiquei o show inteiro falando com ela, e ela nem me olhou’”, conta a cantora. Ela recorda outra ocasião em que, ao final do show, um menino foi falar com ela e disse que gostava muito do seu show, que a achava muito bonita, mas que a coisa que ele mais gostava era quando ela virava o “zóinho”. “É muito engraçada a reação das pessoas quando descobrem que sou cega”, comenta Luciene. Regiane Silva
Luciene Pereira ao lado de André Deschamps e da atriz Letícia Sabatela em show beneficente
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POLÍTICA
A corrida já começou
Quem são os pré-candidatos?
A disputa para as eleições de 2012 na capital promete ser a mais acirrada desde 2000. Oito candidatos já se preparam para chegar à Prefeitura de Curitiba Divulgação
Gilmar Sergio Pallar
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altando um ano para as eleições municipais de 2012, a corrida eleitoral na capital paranaense já começou. A disputa para comandar a cidade sempre mexe com muitas forças e interesse políticos. Mesmo porque se trata do segundo maior orçamento do estado e um dos maiores do país. Até o momento, oito nomes despontam como pré-candidatos à prefeitura. O atual prefeito Luciano Ducci será o nome do PSB. Já o PT apresenta ainda uma indefinição nos seus quadros. O partido tem três nomes como pré-candidatos: o deputado estadual Tadeu Veneri e os deputados Federais Dr. Rosinha e Ângelo Vanhoni. O PPS promete sair com Rubens Bueno, caso não apóie Ducci. Outro velho conhecido do público curitibano também promete voltar: é Rafael Greca, que já foi prefeito e poderá ser lançado pelo PMDB, com o apoio do senador e ex-governador Roberto Requião. Outro nome muito popular que aparece é o de Ratinho Júnior (PSC), deputado federal mais votado no estado nas eleições de 2010. Por fim, um candidato que promete mexer com a disputa: Gustavo Fruet (filho do falecido ex-prefeito Maurício Fruet), que se filiou recentemente ao PDT e aparece como um dos favoritos no pleito. Segundo o professor Ricardo Costa Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a eleição de 2012 promete ser a mais disputada
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desde 2000. Naquela ocasião, Cassio Taniguchi, do PFL, hoje Democratas, venceu Ângelo Vanhoni no segundo turno. O resultado foi apertado: Cassio ficou com 51,48% dos votos, e Vanhoni atingiu 48,52%. Um ponto que Oliveira aponta é a polarização entre PSDB e PT, até porque as alianças acontecerão em torno desses partidos. Outro fator será o destino que Fruet poderá seguir. Ele será o ponto de desequilíbrio, pois se trata de um nome forte e com densidade eleitoral. O professor ressalta que o ex-deputado foi o candidato ao Senado mais votado em Curitiba em 2010. Com nomes como Ducci, Fruet, Ratinho Júnior e Vanhonhi, a pulverização dos votos é tida como quase certa. Todo o equilíbrio na disputa já pôde ser notado nas pesquisas divulgadas. Na consulta feita pelo Ibope para a rádio CBN, Fruet aparece com 34%, Ducci tem 23%, Greca tem 7%, e Dr. Rosinha atinge 6%. Foram ouvidas 812 pessoas na pesquisa estimulada. Já em outra pesquisa encomendada por um dos pré-candidatos, Ducci obteve 23%, Ratinho Júnior 22%, Fruet 18%, Vanhoni 10% e Greca ficou com 5%. Esses resultados fora divulgados em 30 de agosto. São números que já retratam a pulverização dos votos na capital. Enquanto a maioria dos curitibanos nem pensa em eleição, os candidatos já travam uma verdadeira batalha para conquistar o eleitorado e conseguir espaço na mídia. Até porque quem não é visto, não é lembrado, como reza um velho ensinamento da política.
Veja quais são os os cidadãos que querem conduzir o destino da capital paranaense nos próximos anos Gustavo Fruet
Gustavo Bonato Fruet nasceu em Curitiba em 1963. É filho de Ivete e Maurício Fruet, que foi deputado estadual, deputado federal constituinte e prefeito de Curitiba. Formado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), possui os títulos de mestre em Direito Público e doutor em Direito das Relações Sociais, também pela UFPR. Foi vereador e deputado federal pelo Paraná. Recentemente, filiou-se ao PDT para disputar as eleições em Curitiba
Ratinho Júnior
Nascido a 19 de abril de 1981, em Jandaia do Sul, Região Norte do Paraná, Carlos Roberto Massa Júnior, mais conhecido por Ratinho Júnior, veio para Curitiba, junto com a família, ainda pequeno, em 1984. Filho de Solange e do famoso apresentador e hoje empresário dos meios de comunicação Carlos Ratinho Massa, foi deputado estadual e federal.
Rafael Greca
PT
Rafael Greca de Macedo nasceu em Curitiba em 17 de março de 1956. É filho de Terezinha Greca de Macedo e do engenheiro Eurico Dacheux de Macedo e casado com a jornalista Margarita Pericás Sansone. É formado em Economia e Engenharia, com especialização em Urbanismo, e funcionário concursado do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. Foi vereador, deputado estadual e prefeito de Curitiba e atualmente é deputado estadual
O Partido dos Trabalhadores vive um dilema. Não sabe ainda se vai lançar candidato próprio (os nomes cogitados são Tadeu Veneri, Dr. Rosinha e Ângelo Vanhoni) ou se apoiará Gustavo Fruet já no primeiro turno. A partir do momento em que o partido apontar seu nome à disputa, terá espaço para divulgação do perfil do candidato.
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TRILHAS DO TEMPO
Rubens Bueno
Tire os sapatos e coloque o véu
Mesquita Imam Ali Ibn Abi Tálib reune comunidade islâmica em Curitiba Juliana Rodrigues
Rubens Bueno nasceu em Sertanópolis, em 1948. Deputado federal em seu terceiro mandato, é professor. Além de secretário de Justiça, Trabalho e Ação Social do Estado do Paraná (1987-1990), foi duas vezes deputado estadual (1983-1987 e 1987-1991), deputado federal (1991-1995) e prefeito de Campo Mourão-PR (1993-1996).
Luciano Ducci
Luciano Ducci é o atual prefeito de Curitiba. É filiado ao PSB e herdou a prefeitura quando Beto Richa foi eleito governador do Estado, pois era o vice-prefeito. Nasceu em Curitiba em 23 de março de 1955. É casado e pai de dois filhos. Ducci já foi deputado estadual, vice-prefeito e secretário municipal de saúde da capital paranaense. Formado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), é servidor de carreira na Prefeitura Municipal há 22 anos.
Juliana Rodrigues A curiosidade bate à porta de quem passa em frente à mesquita. Alguns dão uma olhadinha de fora, mas não entram. Perdem a oportunidade de conhecer uma história fantástica, contada com detalhes, à quem se atreve a entrar, pelo vice-presidente da Sociedade Mulçumana do Paraná, Gamal Fouaad El Oumairi. Ele trata logo de deixar bem claro que a mesquita é aberta à todos. “Nossa religião é aberta, ela não esconde nada de ninguém. Muita gente vem nos visitar. Temos turistas quem vêm de Santa Catarina para conhecer nosso templo”, diz ele. A mesquita foi construída em 1972. Ela segue em um estilo arquitetônico islâmico e possui em sua estrutura uma cúpula central e duas torres na lateral, todas em tons de verde, o que identifica a mesquita de longe. Dentro, os visitantes podem caminhar, sempre descalços, por tapetes persas. O uso do véu dentro da mesquita é obrigatório para as mulheres, mas Gamal conta que as visitantes não se sentem incomodadas com isso. Pelo contrário, gostam de tirar fotos como uma forma de recordação. “Aqui as pessoas se sentem à vontade. Nós só queremos o respeito dos visitantes para com a nossa religião. E nunca tivemos problemas
A imponência e o estilo arquitetônico característico da mesquita chamam a atenção
com isso. Todos obedecem às regras da casa”, ressalta. A mesquita fica localizada próxima ao Largo da Ordem, bem próximo ao coração de Curitiba, tem mais de 40 anos, e é uma homenagem ao líder espiritual, primo de Maomé. Dentro da Mesquita, pode-se encontrar um acervo de livros que contam um pouco sobre a religião muçulmana, e um quadro da cidade de Meca com seus milhões de Juliana Rodrigues
Em consulta feita pelo Ibope para a rádio CBN, Gustavo Fruet aparece com 34% das intenções de voto, Luciano Ducci tem 23%, Rafael Greca tem 7%, e Dr. Rosinha atinge 6% Interior da Mesquita: grandes espaços e luminosidade natural
visitantes. A mesquita Imam Ali Ibn Abi Tálib é uma referência não só para a comunidade islâmica de Curitiba e para os cerca de cinco mil muçulmanos que existem na capital. Ela recebe muçulmanos de todo o Sul do País, Interior de São Paulo e até do exterior, além de milhares de turistas e estudantes, anualmente. Gamal conta com orgulho sobre o que é repassado aos turistas que visitam a Mesquita. “É uma satisfação poder contar um pouco sobre a nossa história e nossos costumes. Isso é importante para tirar as más impressões que muita gente, ainda tem, em relação à nossa religião” afirma ele. Vale à pena conhecer esse local. Saber mais sobre o povo, suas crenças, costumes e fazer da Mesquita Imam Ali Ibn Abi Tálib um novo ponto turístico de Curitiba. Serviço: A Mesquita Imam Ali Ibn Abi Tálib fica na Rua Kellers, 383, São Francisco, em Curitiba. Quem tiver interesse também pode acessar o site da Comunidade Muçulmana do Paraná no http://www. ibeipr.com.br/ e saber mais sobre a religião e os costumes.
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ESPECIAL
O biarticulado em discussão O sistema de transporte público e integrado de Curitiba foi comentado, estudado e copiado em várias cidades, no Brasil e no Exterior, mas hoje vive um impasse: ainda há espaço para expansão? Claudia Bilobran
Simone Lima Guilherme Barchik
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m maio deste ano, o consultor do governo Obama e cientista político Parag Khanna veio a Curitiba e andou de ônibus para conhecer o festejado sistema de transporte público e integrado da cidade, o RIT. Eram 9 horas da manhã, e o convidado, com esposa, filha e babá, teve a oportunidade de dar uma voltinha da Praça Carlos Gomes até o Boqueirão com poucos passageiros para disputar o espaço. O visitante ficou maravilhado com o que viu. Da mesma forma que algumas semanas antes, quando já ha- As filas para entrar em algumas estações tubos são imensas nos horários de pico via escrito um artigo favorável sobre o transporte público de Curitiba para e 20% como ruim ou péssimo, ou mais de 70% da população curitibana a revista Times, Parag Khanna foi só seja, mais da metade das pessoas que andava regularmente de ônibus, hoje elogios e comparou o serviço com o realmente utilizam o sistema em seu este número diminuiu. Isso se deve de cidades como Nova York e Lon- dia a dia está com algum grau de in- em parte ao aumento da frota de carros das grandes cidades brasileiras e, dres, onde, segundo ele, “você não satisfação. “Considero muito complica- ao mesmo tempo, ao esgotamento consegue nem entrar na estação em do pegar ônibus, pois atravesso a cida- do transporte público da cidade, que alguns momentos”. de para trabalhar. precisa se remodelar para atender às No entanto, Usuários criticam Tem dias que levo necessidades de 1,678 milhões de hamuitos curitibanos os atrasos e a mais de duas ho- bitantes (conforme dados do IBGE que usam o sistema de transporte coletisuperlotaçãonos ônibus ras para chegar em de 2010), sem contar a Região Metrocasa. Esperar ôni- politana. vo com regularidade da capital paranaense bus é estressante. Segundo o Departamento Nanão compartilham Vivem atrasados e cional de Trânsito (Denatran), a cidada opinião de Parag. A cabeleireira Marlene Pereira, de 49 super-lotados”, desabafa Marlene, que de de Curitiba possui 1,3 milhões de anos, utiliza quatro ônibus diferentes não se sente incluída no tão propa- veículos, o que dá um índice de 0,77 por dia em seu trajeto de casa até o gandeado sistema integrado e rápido carro para cada habitante da cidade. trabalho, do bairro Boa Vista até o Re- de transporte curitibano, um modelo Esse número elevado de veículos particulares enche as ruas, principalmente bouças. Segundo Marlene, não exis- para o mundo. no centro e suas imediações, e provotem conexões neste trajeto. “E com ca diariamente os engarrafamentos o preço atual da passagem, pago 10 Possíveis soluções em horários de pico. reais de ônibus todo dia”. Para o engenheiro GarroAinda quando o assunto é para o transporte ne Reck, ex-diretor de operações da transporte público, sobra espaço para público de Curitiba Urbs e professor do Departamento opiniões divergentes. Para quem tem de Transportes da UFPR, uma das acesso ao sistema integrado, como o empresário Gerson Garcia, de 43 Segundo a Companhia de Ur- soluções para desobstruir o trânsito anos, a satisfação é maior: “O valor da banização e Saneamento de Curiti- da cidade nesses horários é impor grapassagem em Curitiba é barato, se se ba (Urbs), empresa responsável pelo dativamente restrições ao transporte considerar a possibilidade de conexão transporte público de Curitiba e re- privado, dando maior prioridade ao e o tamanho do trajeto percorrido, gião metropolitana desde 1963, com transporte público, com a proibição sem falar no preço da passagem aos uma frota operante de 2.284 veículos de estacionamento de carros em vias domingos, que é 1 real. (1.915 integrado e 369 do metropo- congestionadas e a implantação de faiSegundo levantamento feito litano não integrado), transportando, xas exclusivas para ônibus. Outra solução vista como “mineste ano pelo instituto Paraná Pes- por dia útil, em torno de 2,3 milhões lagreira” por boa parte da população é quisas, 31% dos curitibanos avaliam de passageiro. o transporte da cidade como regular No início da década de 70, a construção do metrô curitibano que,
pelo menos a princípio, deve ser uma medida paliativa. Tanto que os investimentos iniciais liberados pelo Governo Federal (R$ 1 bilhão) de um total de R$ 2,25 bilhões a serem investidos na obra, dariam conta somente das obras da fase inicial do metrô, ligando a Cidade Industrial, na região Sul, ao centro da cidade. Segundo Garret, “se o metrô for implantado no corredor NorteSul (dos bairros Cidade Industrial até o Santa Cândida) completo, pode obter sucesso, em função de já possuirmos uma rede integrada de linhas que facilita a alimentação dos corredores. Contudo, se construído apenas no trecho sul até o centro, terá um resultado mais limitado, com uma elevada transferência de passageiros na estação central, exigindo um novo terminal no local ou mais linhas de ônibus na região, fazendo mais conexões”. A Prefeitura de Curitiba promete começar as obras em 2012 e, segundo o projeto inicial, assim que ficar pronto, em 2016, o usuário poderá usar o metrô e fazer integração com as linhas de ônibus disponíveis com uma única tarifa.
De casa para o tra A rotina diária de milhares de curitibanos é afetada pelos aumentos no preço das passagens de ônibus. Segundo estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), de 1994 a 2011, o valor das passagens na capital paranaense aumentou 519,71%. Nesses 17 anos, a inflação foi 257,44%. Esses reajustes chegam a ser de quase 10% do preço da passagem, enquanto o do salário mínimo não chegou a 7%. Atitude abusiva, se pensarmos que o transporte está entre os três maiores gastos da família brasileira, segundo o IBGE. Mas a qualidade do serviço continua a mesma de sempre: ruim e, às vezes, péssima. O sistema público de transporte é alvo de crítica pelos usuários. Os diversos aumentos no pre-
ço d bus qual blem do t estã princ e nã Bras tivo que acor
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ESPECIAL
Tudo na vida é passageiro, menos o motorista e o cobrador... Se os usuários reclamam, quem vem mostrando cada vez mais insatisfação com os atuais problemas de circulação em Curitiba são aqueles que ganham a vida no trânsito da cidade: os motoristas e cobradores de ônibus, representados pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana, o Sindimoc. Hoje são várias as reivindicações que a categoria tenta negociar com o sindicato patronal (Setransp), a Urbs e a prefeitura: mais segurança, melhores condições de trabalho, cancelamento das multas disciplinares consideradas abusivas (como a que multou funcionários por usar mantas em dias frios), o fim das tabelas de horários impossíveis de serem cumpridas nos horários de pico, uniforme adequado ao clima da cidade e a questão de dupla função (sobre o caso dos motoristas que também são cobradores, que já chegou a ser votada pelos vereadores curitibanos). Segundo o Sindimoc, esse motorista-cobrador recebe um aumento na folha de pagamento de 70 centavos por
hora, o que está longe de ser uma remuneração justa, além de representar um profissional a menos com carteira de trabalho assinada. Um motorista de ônibus com dez anos de profissão, atualmente de licença médica por estresse (e que preferiu não se identificar), revela que as pressões do trânsito, dos usuários e do baixo salário o levaram a um estado psicológico tão deplorável que há mais de um ano o impede de trabalhar. “Na verdade, só entrar em um ônibus, mesmo como passageiro, me deixa em pânico”, conta. O presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, revela que esse problema é bem mais comum do que o divulgado, tanto que o sindicato possui consultório próprio para atender esses casos específicos, e o levantamento de motoristas e cobradores parados por estresse está sendo realizado pela entidade de classe. Até o fechamento desta reportagem, a Urbs e o Setransp, procurados pelo Marco Zero, não se posicionaram sobre os pontos aqui informados.
Biarticulados OPINIÃO
abalho...
das passagens, a ausência de ônipara atender à população, a baixa lidade da frota, dentre outros promas, são resultado da privatização transporte. As empresas de ônibus ão nas mãos de empresários cujo cipal objetivo é garantir seus lucros ão um transporte de qualidade. No sil inteiro, todo o transporte coleestá nas mãos de empresários, determinam o valor das tarifas de rdo com suas próprias vontades. Se o transporte não fosse utilio com o único objetivo de gerar lupara meia dúzia de famílias, você acha que a passagem seria mais xa? Que os cobradores e motorisreceberiam salários justos? Que amos passe-livre para estudantes? nse bem... Guilherme Barchik
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Em outubro de 1991, a Volvo começou a desenvolver o primeiro ônibus biarticulado brasileiro. Batizado de “Metrobus”, ele tinha 25 metros de comprimento e capacidade para transportar até 270 passageiros.
Em 1999, o Sistema Expresso comemorou 25 anos com a inauguração da linha Biarticulado Circular Sul.
Em 2000, houve a substituição de 87 veículos articulados por 57 de maior porte e capacidade.
Dois milhões de passageiros utilizam diariamente o Sistema Integrado de Transporte Coletivo, composto por 1.980 ônibus que atendem 395 linhas.
Linha do tempo Em 1928, começaram a circular os primeiros ônibus da Companhia Força e Luz Paraná. A primeira etapa foi a implantação das canaletas exclusivas, onde circulavam os ônibus convencionais.
Primeiros expressos Em setembro de 1974, entram em funcionamento experimental os 20 primeiros expressos. Em 1980, Curitiba foi a primeira capital a adotar a tarifa social. Em 1980, os ônibus articulados, com capacidade 80% maior, começaram a substituir gradativamente os antigos expressos. No início da década de 90, já existiam 80 linhas alimentadoras para os usuários se deslocarem nos cinco eixos atendidos pelos expressos, com 239 linhas em todo o sistema. Divulgação
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Regiane Silva
ESPECIAL
Estilo para qualquer tempo Quando o tempo parece não se firmar, a melhor saída é investir em roupas funcionais e práticas, que se adequem ao estilo de vida do curitibano, sujeito diariamente a todo tipo de variação climática Regiane Silva
Rodrigo dos Santos
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imprevisibilidade climática é uma marca registrada da cidade de Curitiba. Em um só dia, é possível sentir o frio do inverno e o calor do verão e, muitas vezes, correr o risco de se molhar com uma chuva repentina. Por mais que seja possível conferir a previsão do tempo para os próximos dias, o clima incerto da capital paranaense exige precaução na hora de sair de casa, o que significa estar sempre carregando uma blusa e um guardachuva na bolsa ou mochila. No entanto, enfrentar as intempéries da cidade pode ser resultado de uma mistura de roupas costumeira aos curitibanos. Estar precavido também pode ser sinônimo de ter estilo em qualquer situação. Na hora de escolher as roupas, que podem ser usadas tanto num dia frio como num dia mais quente, várias pessoas recorrem a peças como o cardigan, de origem inglesa, que cada vez mais ganha adeptos masculinos. O subgerente Tom Alves, 24 anos, que trabalha com moda, é um exemplo: “Para os dias frios, uso muito uma jaqueta de couro, mas não tem como fugir de alguma peça de lã por baixo. Com este Regiane Silva
Raffo Corrêa, 25 anos, produtor e maquiador: “Na bolsa, levo sempre um casaco a mais, que uso com jeans e algo estampado. Se o tempo varia durante o dia, há a oportunidade de trocar a roupa e poder adaptar diferentes peças”.
Victor Marchesi, 20 anos, professor de inglês: “Sempre estou de jeans, camisa e jaqueta de couro, mas na bolsa carrego sempre um cachecol de lã e um suéter extra”
frio que anda fazendo, eu morreria congelado” diz ele, bem humorado. Tom acha que Curitiba é uma cidade que possibilita várias maneiras de usar peças que caem bem juntas, disseminando uma maneira de vestir que pode ser vista em várias pessoas na cidade. “Vejo muitos meninos se vestirem melhor no inverno que no verão, porque há possibilidade de usar peças coringas, como a camisa xadrez, e outras meio militares, que estão bem em moda”, completa. Para os estilistas curitibanos, criar para uma cidade que possui tempo instável é um desafio, mas há possibilidade de desenhar peças funcionais e que estão dentro das propostas da marca. A estilista Natália Canalli, da marca Canalli, explica que as peças precisam ser versáteis. “Camisas de manga longa que podem ser dobradas e virar mangas três-quartos, casaquinhos de botão para serem abertos ou fechados, calças com corte de alfaiataria que podem ser usadas tanto com bota quanto com sapatilha, coletes e xales para as horas mais frias completam o look e podem ser tirados com facilidade durante o dia”, diz. Natália, que tem sua marca presente no line-up dos desfiles da Semana de Moda de Curitiba no Centro Histórico da Cidade, reali-
Regiane Silva
zados duas vezes ao ano, tenta não se prender às características climáticas da capital paranaense porque vende para todo o Brasil, mas diz que é possível imprimir um estilo próprio, mesmo com as condições climáticas oscilantes de Curitiba. “Se fosse pensar em uma coleção voltada para o curitibano, fundiria o clássico com detalhes modernos, em cores mais fechadas, mas acabo pensando logo em uma coleção de inverno com casacos pesados e saias curtas”, conclui. As peças funcionais e até mesmo as comuns se tornam as mais usadas por muitas pessoas que saem de casa de manhã para voltar só à noite. É o caso da atriz e produtora Ana Martha Sá, de 31 anos, que acaba transformando o próprio carro em um guarda-roupa. “Saio às sete da manhã de casa, então, nunca dá para saber se vai fazer frio, calor ou chuva. Por isso, tenho sempre que ter alguma coisa no carro, na verdade, várias coisas”, brinca. Entre suas medidas provisórias, estão casacos de lã, guardachuva e um par de tênis a mais. No entanto, ela tem uma peça que acaba usando sempre, principalmente
quando está frio: “Uso este macacão o tempo todo. Gosto muito dele porque ensaio minhas peças com mais conforto e acabo usando sempre por baixo de vestidos”, conta, mostrando seu macacão. A praticidade nas roupas também se reflete no que marcas jovens, como a Hype, tem criado.
Regiane Silva
Regiane Silva
Eloísa Flores, 25 anos, fotografa: “Minha peça favorita é a legging, que dá para usar com tudo, independentemente da temperatura. Uso muito com All-star, a coisa que mais amo no meu guarda-roupa”
Eduardo Murph, 22 anos, estudante de cinema: “Meu estilo é o mais básico possível, sempre jeans e moleton, mas todos os dias antes de sair de casa eu jogo luvas e guarda-chuvas na mala”
Tom Alves, 24 anos, subgerente de loja: “Uma peça que uso sempre, por ser bem prática, é a jaqueta de couro”.
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ESPECIAL Regiane Silva
Cabe no Bolso Cláudia Hein As dicas para a coluna “Cabe no Bolso” deste mês são culturais, começando pela indicação de um tour pelas livrarias virtuais, sebos e museus. As opções de livros bons e baratos são muitas, já que os sebos apostam na praticidade e na qualidade. Se antigamente havia livros quase impossíveis de encontrar, hoje isso mudou, já que vários sebos de Curitiba trabalham com grande diversidade de autores e títulos. O da Praça Osório oferece mais de cinco mil títulos e facilita a forma de pagamento e também oferece a comodidade da compra online, além de muitas promoções nos livros, CDs, DVDs e revistas.
Exposições no Museu Oscar Niemayer Divulgação
Talita Rosa, 21, estagiária: “Meu estilo é básico, mas com uma pegada retrô, meio boneca.” André Santi, 24 anos, gerente de Recursos Humanos: “Sempre estou de jeans e blazer, mas quando bate um vento gelado eu pego um cachecol de lã que sempre carrego no carro.”
A estilista Karla Pereira, proprietária da grife, diz que é preciso ter um mix de produtos que atendam às necessidades dos consumidores em geral, oferecendo peças com materiais mais leves e também com tecidos mais pesados, dependendo ainda da proposta da coleção. “Optando por tais peças, o estilo do curitibano se torna mais diversificado, assim como em toda grande capital”, destaca.
Regiane Silva
Ana Martha Sá, 32 anos, atriz e produtora: “Como trabalho muito com figurinos das peças que produzo, acabo levando muita roupa no carro, mas estou sempre com roupas bem confortáveis, como este macacão que uso por baixo de vestidinhos leves”
Dicas para enfrentar o frio e a chuva em um só dia • Num dia em que chove e faz frio e calor, como acontece frequentemente em Curitiba, é possível usar jaquetas de tecido mais leve e sintético, que isole a temperatura, sobrepondo uma malha de tecido natural, como o algodão, que não retém a transpiração. Deve-se optar por peças mais práticas e versáteis, como jaquetas que viram coletes, por exemplo. [Dica de Karla Pereira, da Hype].
banos é a sobreposição, criando o chamado “efeito cebola”. Você veste várias camadas de roupas: primeiro, uma regata; depois, uma blusinha de fio e uma jaquetinha. Joga um lenço no pescoço para o friozinho e a calça jeans ou uma saia com meia calça. Mantendo harmonia de tons entre todos eles, não tem muito erro! E tentar estar sempre estiloso, desde a regata básica até a capa de chuva. [Dica de Natália • A principal dica para os curiti- Canalli, da marca Canalli].
Para quem quer se manter informado e abrir o leque para novas idéias, o Museu Oscar Niemayer (MON) é uma ótima pedida, já que a entrada custa R$ 4 e estudante paga meia e no primeiro domingo de cada mês a entrada é gratuita. Neste mês, uma das atrações é a Coleção Brasiliana Itaú (foto), considerada uma das mais completas relacionadas à cultura brasileira. São mais de 30 itens em exposição. Também há a exposição Marc Riboud, com 61 fotografias, algumas delas conhecidas no mundo inteiro, como, por exemplo, uma na qual uma mulher com uma flor nas mãos enfrenta soldados com baionetas, em 1967, em Washington, durante uma manifestação contra a guerra do Vietnã.
Opções de livros na internet
Cláudia Hein
Se o seu foco é a leitura, vale uma conferida no sebo da Praça Osório (foto) e na Estante Virtual, que disponibiliza on-line mais de oito milhões de livros de diversos preços e com descontos que chegam até 80%. Os mais vendidos são os clássicos, e o acervo é bastante variado. A Estante Virtual reúne os acervos de diversos sebos em todo o Brasil. O endereço virtual que coloca à disposição do usuário é: www.estantevirtual.com.br.
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MARCO ZERO
Curitiba, setembro de 2011
ENTRETENIMENTO
“E necessário que alguém nos escute”
Os porões de Curitiba
Larissa Corumbá
A cidade esconde boas opções de lazer em seu subterrâneo Regiane Silva
Patrícia Strogenski
A
s pessoas que procuram por algo diferente para fazer nas noites curitibanas têm opções bastante variadas. Os restaurantes temáticos no subsolo da cidade podem ser uma boa pedida para aqueles que desejam desfrutar de um ambiente confortável e tranquilo. O restaurante A Sacristia, situado na Rua João Manoel, 197, no bairro São Francisco, conta com um ambiente rústico que remete às antigas sacristias. Os vitrais e a luz de velas tornam o espaço romântico e agradável. Para a funcionária pública Marilda Sudol Plinta, que visitou o lugar com a família, o restaurante oferece pratos variados e de boa qualidade, acompanhados de um preço razoável e bom atendimento. Para ela, a experiência foi marcante. “O ambiente é aconchegante, e ser em um porão torna o restaurante diferente dos outros”, ressalta Marilda. Outra opção é O Calabouço, que fica na Rua Mateus Leme, 1.000, no Centro Cívico. O restaurante conta com decoração medieval desde a entrada, na qual os clientes passam por um corredor que lembra os calabouços da idade média. Segundo a dona do local, Jucimara Kolinowski, antes o espaço era uma garagem, que precisou ser escavada
A sugestiva entrada do restaurante Calabouço
para cumprir com a altura mínima obrigatória para os restaurantes. Jucimara conta que a decoração foi feita em grande parte pela própria família, mas algumas peças são presentes ou compradas na Europa. A música clássica e a luz de velas tornam o ambiente romântico para os casais, mas faz com que todos os clientes passem um período agradável enquanto fazem suas refeições. Para a dentista Vanessa Stramandinoli, a decoração antiga deixa o local muito bonito, e o cardápio é de boa qualidade. BALADAS Para aqueles que preferem uma balada, Curitiba também traz boas opções em porões. Uma delas é o Blood Rock Bar, num imóvel
de mais de 100 anos de idade, localizado na Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1.212, no bairro São Francisco. A entrada e o pub localizamse no porão da estrutura, no estilo de bares europeus. A decoração é baseada nos ícones do terror, e a fachada da casa lembra as mais estigmatizadas mansões mal-assombradas de filmes e livros clássicos. O cardápio traz diversas opções de bebidas e porções com preços acessíveis. Além disso, o local ainda conta com a apresentação de bandas de rock, na maioria curitibanas. Outra boa opção é o Wonka Bar, na Rua Trajano Reis, 326, no Centro da cidade. O nome foi dado em homenagem ao filme “A Fantástica Fábrica de Chocolates”. A casa reúne estilos musicais que vão desde os clássicos do jazz e da MPB até o rock alternativo, além de oferecer apresentações de teatro e exposição de obras de artistas plásticos. O Wonka conta com diversos ambientes, sendo um deles o porão, onde tocam os ritmos mais agitados. A iluminação especial no bar e na pista de dança são um diferencial na noite dos seus frequentadores. Nesse espaço, destaca-se um piano que ajuda a compor a decoração do ambiente. Regiane Silva
Regiane Silva
Interior do restaurante Calabouço, um subterrâneo com decoração medieval
O restaurante Sacristia: vitrais e velas no interior remetem ao ambiente religioso da Idade Média
Abraham Maslow, famoso psicólogo americano já falecido, classificou a interação social como um dos principais fatores na pirâmide de necessidades dos seres humanos. Porém, os números cada vez maiores de diagnósticos de pessoas com casos de depressão, estresse e distúrbios de ansiedade indicam que essa troca de experiências não está acontecendo com a frequência que deveria. A psicóloga Cristiane Correa afirma que todas as pessoas têm necessidade de serem ouvidas: “É necessário alguém que nos escute. Escutar é diferente de ouvir. O primeiro garante a compreensão e a atenção total do que foi falado, enquanto o segundo, geralmente, não garante interesse por parte da outra pessoa”. Segundo ela, o fato de alguém compartilhar seus problemas com outros faz com que o indivíduo sinta-se capaz de superar suas dificuldades, assim como também pode permitir que ele, sozinho, ache um modo para solucioná-los. Mesmo que ser escutado seja fundamental, muitas pessoas não têm acesso ao ouvido amigo. Como modo de oferecer apoio emocional e gratuito a essas pessoas, em 1962, foi fundado na cidade de São Paulo o Centro de Valorização da Vida (CVV), que tem como objetivo prevenir o suicídio e valorizar a vida. O CVV é uma Organização Não-Governamental e, como tal, depende do trabalho de vários voluntários, que, por telefone, chat, e-mail, correspondência ou pessoalmente, oferecem ajuda a quem precisa de “escuta”. Adriana é uma dessas voluntárias e diz que aprendeu muito ao longo dos 13 anos em que trabalha no CVV: “Todas as pessoas me marcaram pelo modo como me contaram seus problemas. Cada uma reagia de modo desigual frente aos diferentes atritos que possuíam. Para mim, a reação delas não era justificável para problemas simples do dia a dia, mas isso me fez ver que a minha visão de mundo não é única”, conta. O CVV possui postos distribuídos por todo o Brasil. A pessoa que sentir a necessidade de ter alguem que a “escute” pode ligar para o telefone 144 ou participar do chat disponível no site da CVV: www.cvv.org.br.
Curitiba, setembro de 2011
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TÁ NA WEB
RESENHA
Lixo Extraordinário
Claudia Bilobran Divulgação
Cérebro masculino e cérebro feminino: há diferenças? Divulgação
nados a elas. No caso do trabalho exibido no documentário Lixo Extraordinário, o artista elabora imagens a partir de obCriar uma nova cor: uma faça- jetos do próprio lixão, objetos antes connha para os artistas, impossível para os siderados lixo se transformam em arte. A primeira visão que temos dos leigos e um desafio para os exploradores. Uma nova cor poderia ser símbolo catadores é de que eles possuem mais de um futuro inalcançável ou até um so- consciência ambiental do que os moranho nunca antes imaginado. Uma nova dores da Barra e do Leblon. Nos seus cor mudaria os estudos cromáticos do depoimentos, eles relatam o quanto é nosso “ver” e revelaria um novo mundo. desperdiçado e quanta coisa poderia ser Um novo mundo que ainda per- reaproveitada. Um exemplo no filme são manece preso no antigo sistema, em os livros, jogados fora e recuperados peque os burgueses gastam, e os pobres los catadores. A trilha sonora ficou por conta vivem do que resta. Afirmar que ainda estamos no velho mundo pode soar de Moby, cantor e artista de música eleexagero, pode até criar um sensaciona- trônica, embasando ao extremo a senlismo, mas vale a pena lembrar que vi- sibilidade das cenas e gerando efeitos vemos no exagero: exagero do dinheiro, sensacionais. Após as fotos e suas transposido consumo e, infelizmente, o exagero ções em objetos, os catadores acabam do lixo. E foi no meio desses milhares descobrindo que tudo é arte e relatam de exageros que Vik Muniz, artista bra- que foram transformados completamente a partir do lixo sileiro conceituado no exterior, desco- Lixo Extraordinário consegue que os prendia, brincam dizendo briu um novo modo transformar nosso modo que até viraram de criar a arte. de ver o lixo, assim como “celebridades”. Ele utiliza divertransformou os catadores do Alguns podem sos objetos para aterro de Jardim Gramacho exergar o filme compor fotografias como um chamado surprendentes, cívico para os citransformando uma massa “heterogênea” num singelo dadãos enxergarem a reciclagem como conceito “homogêneo”. Além disso, suas o melhor meio de impedir o exagero fotos, quando vistas bem de perto, reve- crescente do lixo. Mas outros, se forem lam ao espectador uma série de objetos além, sentirão que o documentário Lixo Extraordinário consegue transformar ou materiais. Em “Lixo Extraordinário”, do- nosso modo de ver o lixo, assim como cumentário premiado em Sundance e transformou os catadores do aterro de Berlim, o artista realiza um trabalho com Jardim Gramacho, e isso não se rescatadores de materiais recicláveis do tringindo somente a eles: o próprio Vik, aterro de Jardim Gramacho, em Duque em certo momento, confessa que sentiu de Caxias, no Rio de Janeiro, conside- uma transformação. Assim como uma obra de arte, o rado um dos maiores da América Latina. Vik conhece o lixão e seus catadores, filme vislumbra utopicamente um futuro escolhe modelos e tira suas fotos. Nou- ainda inalcançável, ou um sonho pouco tro momento, ele realiza a transposição compartilhado. Seus personagens alde objetos sobre as fotos selecionadas, cançam também um novo mundo, que gerando imagens inigualáveis e cheias antes permanecia obscuro e preso no lixo. Vik pode não ser considerado um de vida. Mas o detalhe neste trabalho e explorador, mas como artista atingiu que percorre todos os outros de Vik é uma façanha que, sem exageros, todo que os objetos escolhidos para compor artista sonha em atingir: conseguiu criar suas imagens são intimamente relacio- uma nova cor. Natanael Lucas Chimendes
Que existem diferenças entre os cérebros masculino e feminino todo mundo sabe, isso não é novidade. O pastor e palestrante Mark Gungor mostra num vídeo, de forma bem humorada, por que os homens às vezes parecem se “desligar” da realidade e por que essa “mania” deixa muitas mulheres com os nervos à flor da pele. Já as mulheres não conseguem a façanha de se desligar do mundo ao seu redor. Muito pelo contrário, conseguem pensar no almoço e logo em seguida pensar na roupa que vai usar naquela festa de família, que tem que
levar o cachorro ao veterinário, ligar a uma amiga para contar a última fofoca do trabalho e por aí vai. A explicação do pastor é hilária, e cada um dos dez minutos do vídeo vale a pena ser assistido. A mulherada vai ficar mais tranquila quando falar com seu precioso “objeto amoroso” e ele não responder de imediato. E os homens terão (ou pelo menos tentarão ter) mais paciência com as suas digníssimas “faladeiras”. Confira o vídeo no endereço: http://www.youtube.com/watch?v= RLbOuHX8rMA.
Você sabe com quem está falando? Quem já não ouviu, ou pelo menos sabe de alguém que tenha ouvido a clásica frase autoritária: “Você sabe com quem está falando?” Pretensão? Pedantismo? Um ego superinflado? Seja quem for a “criatura” que usa essa “ferramenta” para impor respeito, jamais o terá, não verdadeiramente. O filósofo brasileiro Mario Sérgio Cortella, mestre e doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, fala sobre isso em uma das muitas palestras dadas pelo Brasil. Ele consegue colocar o mais arrogante dos homens em seu lugar: o de apenas mais um em meio a 7 bilhões de indivíduos da mesma espécie, no caso, o Homo sapiens, que é apenas mais um em meio a três bi-
Divulgação
lhões de seres vivos classificados, e pelo menos mais 30 bilhões de seres vivos ainda não classificados. E tem gente que ainda se acha a última Cocacola gelada do deserto. Assista ao vídeo no endereço: www.youtube.com/ watch?v=P3NpHryB-fQ.
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ENSAIO FOTOGRÁFICO
Curitiba, setembro de 2011
Na menor avenida do mundo
P
equena em extensão, grande em encanto e história. Esses podem ser atributos da Avenida Luiz Xavier, no centro de Curitiba. Formada em meados da década de 1880, a via resume-se a uma só quadra, o que lhe concede o posto de “menor avenida do mundo”. O nome é uma referência a Luiz Antônio Xavier, quarto prefeito eleito de Curitiba. Registros históricos relatam que a administração de Xavier era extremamente aberta à população, fato que angariava o afeto dos curitibanos. A avenida, entre o Palácio Avenida e a Praça Osório, é frequentada por artistas de rua, empresários, engraxates e cidadãos em geral, e nela localiza-se um dos espaços mais democráticos da cidade: a Boca Maldita.
Textos e fotos Ronaldo Freitas