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Curitiba, outubro de 2011
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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Facinter • Ano III • Número15 • Curitiba, outubro de 2011
À espera do futuro
Hamilton Zambiancki
As dificuldades e os sonhos das profissionais do sexo na noite curitibana (p. 6 e 7)
Tudo por uma vaga Com a chegada do final de ano, aumenta o drama dos motoristas que utilizam estacionamentos no centro, frequentemente lotados e com os preços aumentados. (p. 5)
Hermeto Pascoal, o bruxo do som Divulgação
Hermeto Pascoal, alagoano radicado em Curitiba, é mestre na arte de transformar meros barulhos em obras consideradas clássicas. (p.3)
Um encontro surpreendente A professora de teatro do Grupo Uninter, Geisa Muller, fala sobre o poder do encantamento do curso. Para ela, o teatro tem o poder da resistência e da transformação. (p. 10)
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MARCO ZERO
EDITORIAL
Ao leitor Nesta décima quinta edição do jornal Marco Zero, nossos repórteres nos levam ao mundo não muito mágico da prostituição e mostram o outro lado dessa vida nada fácil. Revelam detalhes que fazem pensar duas vezes antes de recriminar essas pessoas que, por vários motivos, acabam escolhendo essa profissão. E descortinam um mundo cheio de sonhos e desejos de pessoas comuns, que ganham a vida ofertando prazer, muitas vezes sem segurança e sem a certeza de receberem seu pagamento ao final do “atendimento”. Falando em “mundo mágico”, matéria sobre Hermeto Pascoal conta como esse mago da música consegue transformar qualquer objeto que caia em suas mãos - panelas, bacias de água, chaleiras, máquinas de costura, frangos, cabras, gansos, perus e até porcos - em instrumentos afinadíssimos. E para aqueles que não conseguem desgrudar as nádegas do banco do carro, matéria mostra que é preciso pensar bem antes de se aventurar pelo centro de Curitiba atrás de vagas para estacionar, principalmente neste fim de ano. Para os envergonhados e com dificuldades em falar em público, a matéria sobre teatro é muito inspiradora, pois mostra o relato de uma aluna da comunicação que superou sua timidez no palco do Teatro Uninter com a professora Geisa Muller. Boa leitura!
Expediente O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter) Coordenador do Curso de Jornalismo: Tomás Barreiros Professores responsáveis: Roberto Nicolato Tomás Barreiros * O jornal Marco Zero foi premiado como melhor jornal-laboratório do Paraná no 16º Prêmio Sangue Novo, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná. Diagramação: André Halmata (8º período) Facinter: Rua do Rosário, 147 CEP 80010-110 • Curitiba-PR E-mail: assessoriajr@grupouninter.com.br Telefones: 2102-7953 e 2102-7954.
Curitiba, outubro de 2011
Boca no trombone!
ARTIGO
Sem cheiro, sem cor e sem gosto
Hamilton Zambiancki
Cláudia Bilobran
Qual a sua opinião sobre os banheiros públicos do centro de Curitiba?
No entanto, nós, brasileiros, não temos a noção de que um dia a Abrir a geladeira e não ter água pode acabar. Para nós, isso é nada para comer é uma situação nada um mito. Por quê? Simples: vivemos cômoda. Mas se em vez de comida rodeados por um volume imensamenvocê a encontrasse repleta de barras te grandioso de água. Praias belísside ouro, certamente nem pensaria mas, com suas mulatas ou loiras desem comida. Até a fome passaria. E se filando de fio dental. São quilômetros todos tivessem barras de ouro espa- e quilômetros, e benditos sejam esses lhadas ou empilhadas por toda casa? milhões de litros de água! Certamente esse ouro não teria tanta Contudo, enquanto lavamos importância. nossos carros três vezes ao dia no Hoje temos acesso todos os verão e ao menos uma vez nos dias dias a um bem tão precioso e, com de chuva, enquanto lavamos a louça e certeza, bem mais valioso que o ouro: deixamos o líquido escoar ralo abaixo a água. Sem ouro, qualquer um sobre- e tomamos banhos demorados (sem vive naturalmente, mas sem água é falar nos banhos íntimos de casais), impossível. milhares de pessoas em países do Há projeções de estudos feitos continente africano andam quilômetros pela ONU de que até 2050 teremos para matar a sede. Outras centenas pouquíssima água pomorrem a caminho da tável no planeta. Isso Há projeções de estudos busca pela água, despoderá resultar numa nutridas. Esses sim feitos pela ONU de Terceira Guerra Munque até 2050 teremos sabem o quão impordial, com países britante é economizar pouquíssima água gando por água. Isso esse líquido precioso. potável no planeta já acontece em países O foco do modo Oriente Médio, que mento ainda é o petróse localizam próximo ao Rio Jordão, leo, o ouro preto! Mas muito em breve um dos poucos que ainda possuem muitos olhos se voltarão para o Brasil, água potável. sim, isso mesmo, para o Brasil, que é Até quando os latino-ame- considerado o pulmão do planeta Terra, ricanos tratarão a água com tama- com a Amazônia. Milhões de litros de nho desdém? Há um ditado que diz: água doce. Como exemplo, basta citar“enquanto a água não bater na bun- mos as Cataratas do Iguaçu, que jorda...”. Mas o problema é que a água ram aproximadamente 60 milhões de está acabando, e logo teremos que litros de água a cada quatro segundos. trocá-lo por: “enquanto a bunda não É bom começarmos a cuidar e seca...”. Essa é a verdade. Falamos a preservar essa futura riqueza, abunem preservar as águas, os manan- dante no país, mas que ainda não saciais, cuidar da natureza, não gerar bemos o quanto vale realmente. Será esgotos que desemboquem nos rios, preciso outras potências ditarem o não jogar lixo nos mananciais... É que irão fazer com nossa água para tanto discurso emocionante que brota que despertemos. Espero que ainda água até dos meus olhos. dê tempo de saboreá-la com gosto. Luís Fernando Matoso
“É necessário que tenha mais banheiros públicos pelo centro de Curitiba. Eu me lembro do banheiro que tem na Praça Osório, e não é das melhores lembranças, pois sempre tem algumas pessoas mal encaradas ali por aquelas bandas. Nem que a gente pague alguns centavos para poder usar.” Yolanda Maia, 63 anos, do lar. “Precisa ter mais banheiros sim. Aqui pelo Largo da Ordem, só tem mesmo no Memorial. Nem que fosse aqueles banheiros móveis, como os que há nas feiras livres. Com certeza, banheiros públicos pelo centro de Curitiba seriam muito bem vindos”. Jéssica Piasescki., 17anos, estudante ““Não tem banheiros públicos suficientes. Quando é preciso usar tem o do Mcdonalds que acabou virando um mictório publico e nojento de tão sujo. Com certeza a prefeitura precisa providenciar mais banheiros no centro.” Virginia Silva, 18 anos , estudante “Acho que a situação dos banheiros públicos do centro é crítica. Além de ter poucos, os que têm não são bem limpos. Precisa aumentar o número de banheiros, e precisam ser bem higienizados.” Regiane Paula de Lima Soares, 33 anos, porteira
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MARCO ZERO
PERFIL
Hermeto Pascoal, o bruxo do som
Radicado em Curitiba, o músico alagoano alia técnica e experimentações com todo tipo de objeto Divulgação
Guilherme Barchik
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le é um mestre da música espontânea, capaz de transformar meros barulhos em obras clássicas. O alagoano representa a variedade da música no Brasil e pode ser considerado uma pessoa que revolucionou a música brasileira de ponta, influenciando gente no mundo inteiro. É criador da chamada “Música Universal”. Compositor de mais de 4.000 músicas e improvisador, construiu uma carreira internacional com obras que envolvem simplicidade e complexidade, sempre com sotaque brasileiro. Hermeto Pascoal tem o poder de surpreender seu público com apresentações sempre cheias de novidade. Privilegiado com o dom de transformar qualquer objeto que caia em suas mãos - panelas, bacias de água, chaleiras, máquinas de costurar, frangos, cabras, gansos, perus e até porcos em instrumentos afinadíssimos, esse bruxo do som hipnotiza a platéia com seu carisma e talento, agressividade musical e ousadia. Criado numa família de sanfoneiros, o menino que se destacava da multidão pelos traços claríssimos logo deu sinais de que tinha jeito para a música. Começou tocando flauta e aos oito anos já dominava a sanfona. Com 11, já tocava em bailes da região. Aos 14 anos, mudou-se para Recife com a família, onde passou a participar de programas de rádio. Nunca mais parou, mas foi na década de 60 que sua carreira finalmente se consolidou, com o ingresso no grupo conhecido como Quarteto Novo, formado por Heraldo do Monte, Airto Moreira e Theo de Barros, além de Geraldo Vandré. É dono de ouvido absoluto e de uma boa visão peculiar. Apesar da dificuldade de fixar o olhar, consequência de um comprometimento de seu nervo ótico, e da baixa tolerância à luz devido ao albinismo, o músico diz que não fica atrás de ninguém quando se trata de enxergar, muito por causa de seus óculos. Seu primeiro disco, Música Livre de Hermeto Pascoal, foi lançado em 1973. O título era quase profético: livre é o adjetivo mais exato para definir o som do artista. Para ele, quanto mais ingredientes, melhor. Hermeto pode misturar choro, baião, frevo, jazz
Hermeto Pascoal é capaz de aproximar o popular do erudido, encantando plateias em todo o mundo
e maxixe na mesma obra sem nenhum acanhamento. Seu segundo disco, Slave Mass, foi gravado em 1977 nos Estados Unidos. Essas aparentes excentricidades musicais, entretanto, não significam que Hermeto não domine o lado teórico da arte. Foi, na verdade, essa capacidade de inovar aliando técnica a experimentação e, consequentemente, aproximando o popular do erudito que fez com que ele ganhasse o público internacional. Nesta entrevista ao jornal Marco Zero, o mago do som conta histórias de seus 73 anos de vida, fala sobre sua carreira e de sua paixão pela música. Como surgiu o Hermeto multi-instrumentista? É de pequeno. Pegava tudo da cozinha da minha mãe para tocar, tudo que sobrava eu guardava para mim. Meu avô era ferreiro, então ficava torcendo para ele dizer que os penicos e panelas que os clientes deixavam lá não prestavam mais. Hoje, pego uma bomba de encher bolinha de aniversário e toco clássico e popular. Faço suspense com o público, e é lindo quando começo. Quando vejo alguma coisa que tem um som, por exemplo, uma lata no chão, eu disfarço, volto e pego. Pode ser calota de carro, mola de carro, tudo isso já vem com um som da natureza. As coisas da cidade grande também me
fascinam muito. Tudo tem som. Às vezes, pego a camisa e faço um som, o povo fica maluco. A ideia vem do céu, mas os sons vêm do corpo. Como é ser um músico do seu gênero no Brasil? Tem espaço para tudo no mercado nacional. Quem toca bem sempre tem mercado. Só que nunca vai ganhar como o que eu chamo música de consumo, que é produto. Esses artistas de consumo lotam ginásios, mas não têm muita qualidade. Esse tipo de música dá mais dinheiro, mas meu lance não é dinheiro. Sempre fiz o que eu gosto. Quando eu tocava em boate, digamos que eu ganhasse mil reais por mês e estava num lugar que não gostava muito. Aí vinha um cara dizendo “...Tem uma boate, não é pra dançar, mas tem um piano lá”. Eu falava: “Diz quanto é” e ele respondia “R$ 500”. Aí eu só pedia para ele pagar minha passagem de ônibus, ida e volta todo dia, e ia trabalhar por R$ 500. A Ilza (sua primeira mulher, já falecida) não queria nem saber, reclamava. Mas depois ela mesma dizia: “Vai tocar como você gosta”. Meu coração não tem preço. Como é ser um cidadão do mundo e ter reconhecimento internacional do seu trabalho? É importante ter esse reconhecimento
de músico também, porque para mim foi uma luta muito grande. Eu vim aprender teoria com 42 para 43 anos de idade. Sou autodidata e fui aprendendo com as minhas deduções, intuições. Aprendi assim, tocando com um, tocando com outro, escutando as pessoas conversando nos corredores. Eu, com ouvido de mercador, ficava ouvindo o cara falar e tocar; eu já escutava e queria saber a tessitura do instrumento. Então, até hoje sou um curioso e me considero um músico intuitivo, tenho até hoje muita facilidade para descobrir e para sentir as coisas bem rápido. Você acha que falta liberdade para os músicos? Falta liberdade, coragem, criatividade. Isso tem que partir também das escolas, dos professores. Sei que eles não têm culpa porque também não tiveram essa formação, mas os músicos têm que exigir, no bom sentido. A minha religião é a música. Já pensou a energia que ela tem, principalmente na hora em que você está compondo? Esses compositores que estão no outro plano estão mais vivos do que nunca. Acho que sou um dos porta-vozes deles, pedindo, quase como quem pede socorro, que as pessoas peguem essas músicas e façam outros arranjos, modifiquem. [Continua na página seguinte]
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Uma atitude polêmica
O cartunista Solda fala sobre o perigo do politicamente correto no humor Claudia Bilobran
Simone Lima
Primeiro disco de Hermeto, lançado em 1973
Todo mundo quer que as pessoas dêem uma vestimenta nova. Essa é a minha maneira de pensar e sentir. Você é tão a favor da liberdade que em seu site existe uma carta autorizando qualquer pessoa a fazer uso de suas músicas e partituras... Exatamente. Todas as músicas que eu gravei. Foi uma luta com as gravadoras, que ficaram chateadas, mas nunca me pagaram. Você acha que eu vou deixar as músicas paradas, com a turma a fim de tocar? Então, é melhor não ter dinheiro, mas que toquem a música. Não receber e não tocar é pior. Que mensagem você quer deixar para os jovens músicos brasileiros? O que os jovens precisam é conversar com seus professores, não podem ficar na mesmice sempre, não podem estabelecer padrões. Cada aluno tem que saber que uma alma é semelhante a outra, porém não igual. As coisas têm que ser somadas, e eles devem dar carinho ao professor, mas, na hora de pegar no pé, com respeito, têm que pegar. Porque às vezes eles deixam a música pagar o pato. Outra coisa importante é lembrar sempre que pra tocar Bossa Nova tem que se tocar diferente. A turma da Bossa Nova hoje poderia ser chamada de Bossa Velha. Você imagina agora... A Bossa Nova é uma música linda, não é mais algo novo, é uma música que já está assentada. São vários edifícios velhos e antigos, porém, sem restauração, e a Bossa Nova precisa de restauração. Com muito carinho, porque as melodias são muito lindas, muito bonitas e maravilhosas. Claro que não é para fazer igual, mas para usar de inspiração. Mas não, os velhos da Bossa Nova vão falar: “Assim não, isso não é Bossa Nova”. Porque a maioria deles é de tradicionalistas, e nós temos que acabar com isso. A música, você tem que vesti-la toda hora com algo novo e tocar diferente. Às vezes, você toca o mesmo acorde, mas se faz uma divisão diferente com o mesmo acorde irá soar como duas coisas diferentes, duas coisas maravilhosas.
L
uiz Antonio Solda é curitibano por adesão. Nascido em Itararé, interior de São Paulo, o chargista vive na cidade há mais de 40 anos, onde já na adolescência começou a desenvolver seu estilo bem característico e onde trabalhou com jornalismo, publicidade, literatura, ilustração e direção de arte para vários tipos de publicações, sendo hoje reconhecido como um dos maiores cartunistas do país. No começo deste ano, Solda foi alvo de uma polêmica nacional depois de uma charge sobre a vinda de Barack Obama ao Brasil, publicada na versão online do jornal O Estado do Paraná. Na imagem, havia um macaco fazendo um gesto de “banana” para alguém. Depois que um blog nacional publicou o desenho e os leitores enfurecidos comentaram, o cartunista foi demitido do jornal onde trabalhava. Solda se defendeu dizendo que a imagem é uma metáfora e que de maneira alguma é racista. No dia 26 de outubro, Solda esteve na Semana de Comunicação da Facinter junto de seus colegas chargistas Bennet e Paixão (ambos do jornal Gazeta do Povo) para um bate papo com alunos e professores, quando foram discutidas suas influências, as polêmicas atuais sobre os limites para o politicamente correto e para a criação humorística, suas carreiras e o futuro da charge no Brasil. A seguir, confira a entrevista com o cartunista Solda.
Quais suas influências no traço, na forma de desenhar? Quando eu tinha 16 anos, descobri o Pasquim, e lá tinha os mestres do humor nacional. Todos eles estão hoje com 70, 80 anos, e eu gostava muito dos desenhos do Jaguar. Eu não copiava, mas me inspirava nele. Após a polêmica charge sobre a vinda de Obama ao Brasil e sua demissão de um jornal local, você pensou em se mudar de Curitiba? Na década de 90, a internet estava caminhando ainda, o Angeli tinha saído da Folha de S. Paulo, e a diretora de redação me ligou e me convidou para trabalhar lá. Na época, eu trabalhava em uma agência de propaganda aqui em Curitiba e ganhava uma fortuna, um salário bem agradável. Eu ia para casa almoçar, via o Jornal Hoje, dormia e voltava a trabalhar. Então, fui obriga-
Solda e a charge polêmica que motivou sua demissão do jornal O Estado do Paraná
do a retornar o telefonema dela e dizer: “Olha, infelizmente, eu recuso o convite”. Eu não gosto de grandes cidades, prefiro a tranquilidade de Curitiba, embora não esteja mais tranquilo. Mas daqui eu publiquei muita coisa para fora, publiquei muito tempo na Folha, publiquei no Jornal do Brasil. Só que o Jornal do Brasil não chegava aqui em Curitiba na época. Então, é como ser estudante, ter 15 anos e namorar a menina mais bonita da cidade e ninguém ficar sabendo. Eu publiquei três anos nesse jornal e só fui ver meu desenho nele quando viajei para Paraty. Como está o mercado para cartunistas e para os chargistas? A internet trouxe mais espaço? É inevitável que os jornais impressos acabem. Eu sabia que o meu jornal ia deixar de ser impresso, mas sei lá, a nossa cabeça não funciona desse jeito. E no dia em que acabou, eu não fui mais na frente de casa pegar o jornal, e foi: “Meu Deus! E agora?” Agora o cara só vai para a internet e aperta um botão e tá lá. Eu tenho um blog que tem 2 milhões e 200 mil visitas por mês, então os caras lá de Belém do Pará, de Santarém, copiam os meus desenhos, tiram a legenda e botam outra coisa. É bom e é ruim, quer dizer que o cara gosta de mim, mas... A internet é uma coisa nova, nós não sabemos onde estamos ainda. Você continua achando os chargistas mal humorados? Não, não é isso. Nós, chargistas paranaenses, nós nos divertimos, porque não somos teóricos, nós somos práticos. É a diferença entre os chargistas cariocas e os paulistas. Quando eles se encontram, ficam discutindo sobre humor, “o humor tem que ser assim e tal”. Nós não fazemos isso. É até um pouco trágico, porque eles ficam assim: “Quais os caminhos do humor?” (e imita o sotaque carioca), “porque o humor nacional,
porque o humor, humor, humor” (risos). Pô, chega! Eu digo: “vamos tomar uma Coca-Cola ali, cara.” E sua relação com o Paulo Leminski? Eu trabalhei oito anos com o Leminski. Em certo período, já não havia mais em mim aquela consciência de que eu trabalhava com o Paulo Leminski. Era o meu amigo que estava ali. Meu grande amigo. Então, nunca me passou pela cabeça tirar foto com ele, nada. Mas foi uma coisa que aconteceu na minha vida e foi muito enriquecedor. Porque eu deixei de estudar, mas eu trabalhei com pessoas que compartilharam comigo tudo o que eu sei. Todas as pessoas com quem eu trabalhei compartilhavam o conhecimento. Com o Leminski, isso foi fantástico. Eu deixei a poesia dele mais engraçada, e ele deixou meu desenho mais poético. Além do que, ele morreu em virtude do alcoolismo, e eu sou alcoólatra também, mas eu não bebo há 24 anos. Tem que sobrar alguém pra contar a história. Quem é o melhor ou os melhores chargistas hoje do Brasil? O Bennet, o Paixão, o Angeli, o Chico Caruso. Tem um pessoal lá na Paraíba também que eu não lembro os nomes agora. O pessoal aqui de Curitiba é muito bom. Onde eu vou, as pessoas dizem que Curitiba tem um celeiro de gente da melhor qualidade em todos os setores artísticos. Como você trabalha seus direcionamentos políticos nas suas charges? Você já se pegou sendo muito partidário alguma vez? O chargista tem que ser apolítico. Eu e o Bennet somos da escola de Groucho Marx. Nós somos grouchomarxistas politicamente. Porque você não pode ter orientação política. A partir do momento em que você tem um envolvimento político, isso passa a ser partidário, e daí é encrenca na certa.
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MOBILIDADE
Tudo por uma vaga
Estacionar no centro de Curitiba virou um drama que deve se agravar com a chegada do final do ano Juliana Rodrigues
Diego Rodrigues: “Preciso dar várias voltas para encontrar uma vaga no centro da cidade”
Juliana Rodrigues
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ncontrar uma vaga para es- gue vaga somente depois de dar tacionar nas ruas do centro várias voltas na “caça” por um lude Curitiba é uma missão gar. Quando não encontra, não tem difícil, e com a chegada do final de outra escolha: tem que colocar o ano isso deve piorar. Muitas vezes, carro em um estacionamento. “Não o motorista não consegue um lugar há outra saída, porque preciso vir na primeira tentativa e precisa dar para o centro. Ontem tive muita várias voltas na quadra ou ir atrás sorte, encontrei um lugar na pride um local mais distante do cen- meira tentativa”, comenta. Para ele, tro. Os condutores, em geral, não o ideal seria aumentar o espaço para estão satisfeitos com a quantidade estacionar nas ruas da região cende vagas na região central e gosta- tral. “Muita gente reclama de pagar riam que o espaço para o EstaR, mas sem Apesar de parecer estacionamento fosse ele seria muito pior. mais fácil, para os ampliado. Muitos carros ficamotociclistas a O motorista situação é ainda pior riam o dia inteiro na Diego Rodrigues, que vaga”, ressalta. com a falta de vagas enfrenta o trânsito do Apesar de pacentro da capital todos recer mais fácil, para os dias, diz que sempre tem dificul- os motociclistas, a situação é ainda dades para encontrar um lugar para pior. Em determinados horários do estacionar. Quando não tem outra dial eles precisam estacionar as moopção e se cansa de procurar, opta tos em uma área específica destinapor deixar o carro em um lugar mais da somente a eles, o que, segundo afastado. “Prefiro deixar em locais o motoboy Rafael Alves Machado, mais distantes do centro a perder não facilita a sua vida. tempo procurando uma vaga em Ele conta que muitas vevão. Eu sei que vou achar, mas isso zes falta espaço para tantas motos. só vai acontecer se eu der mais de “Chega uma hora em que não tem dez voltas na quadra”, diz ele. lugar para todo mundo. Se os moO representante comercial toqueiros colocarem na faixa reguCelso de Carvalho diz que conse- lar, tomam multa. Um pouco mais
Preços para estacionar no centro de Curitiba Para estacionar no centro de Curitiba, o motorista de carro pequeno pode pagar entre R$ 1,50 a R$ 8,00 a hora. Por isso, a atenção aos preços cobrados pelos estabelecimentos que oferecem esse tipo de serviço deve ser redobrada. A maior diferença está no custo da diária para o carro, com o menor preço em R$ 5,00 e o maior em R$ 21,00. Para os carros pequenos e médios, a diferença é de R$ 5,00 a R$ 20,00. Para o pernoite, o valor fica entre R$ 5,00 e R$ 18,00, dependendo do estabelecimento, independentemente do tamanho do veículo. Quanto ao pagamento mensal, os preços começam a partir de R$ 70,00 até R$ 180,00.
Juliana Rodrigues
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é o número de vagas do Estar na região central de Curitiba e nos bairros de maior movimento de espaço seria suficiente”, avalia. Machado comenta ainda os espaços reservados a motos com placas de fundo vermelho, no tempo máximo de uma hora. “Até agora, não consegui tirar meu alvará para estacionar nos motofretes. Isso me
prejudica bastante”, reclama. As motos que não têm as placas dessa cor ou as que ultrapassarem o prazo podem ser penalizadas. A infração é considerada leve, mas rende três pontos na carteira de habilitação e pagamento de multa.
O sistema do Estar ajuda a promover a rotatividade das vagas de estacionamento no centro da cidade
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ESPECIAL
A dura realidade de quem vive da
Elas têm a prostituição como forma de sustento. Subjugadas, as profissionais do sex e hipócrita, que busca nas ruas uma maneira de satisfazer seus desejos, mas relega a Hamilton Zambiancki
A transexual Caroline, na esquina da Alfredo Brufren com a Rua Riachuelo, no centro de Curitiba: “Fui vítima de preconceito desde quando era criança”
Rodrigo Custodio
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ayane* é uma travesti que, aos 18 anos, decidiu largar a faculdade de Psicologia na Unip, em São Paulo, para morar em Curitiba. Ao chegar à capital paranaense, trabalhou em diversas empresas e lojas, até que decidiu começar a fazer programas na noite. Há um ano trabalhando nas ruas do centro de Curitiba, ela tenta manter aluguel, luz e telefone em dia cobrando a partir de R$ 80 por cliente. Além dessa renda, Nayane conta ainda com o seguro desemprego da última empresa em que trabalhou como auxiliar administrativo, o Hospital Pequeno Príncipe. “Eu não gosto, não quero essa vida pra mim, não. Depois que conseguir juntar algum dinheiro, quero sair dessa vida, quero ter uma família”, conta ela, uma morena alta, robusta, cuja blusa com um
grande decote em V evidencia ainda mais um corpo masculino, com costas e ombros largos. Um carro pára, e Nayane vai ao encontro de mais um dos oito clientes que atende por noite. O carro tem uma cadeirinha e um cobertor de bebê no banco de trás. “A maioria dos homens que saem comigo são casados, e a maioria quer realizar fantasias”, diz, rindo. A prostituição é uma profissão sem carteira assinada em uma organização sem CNPJ. Os locais de trabalho são as ruas, hotéis e casas das próprias garotas de programa, localizadas no centro de Curitiba. Os clientes, homens de estratos sociais diferentes. O uniforme, roupas ousadas, justas e decotadas. Os ganhos variam de acordo com as exigências e o tempo de programa. As operárias são mulheres de todas as idades, de todos os tipos, para todos os gostos. Mulheres que, assim como todas as pessoas,
têm desejos e objetivos, se divertem e meçou a fazer programa. “Aí eu comefazem planos para o futuro. É o caso cei a experimentar, ganhei bem e agora da curitibana Gabi*, de 22 anos, mãe estou aí”, explica. A maior dificuldade, de três filhas, uma de seis anos, outra segundo ela, é fazer programa com os de dois e a mais nova de seis meses. homens mais velhos. “Eles precisam Ela permanece num ponto próximo que a gente cuide mais deles”, brinca. Segundo a fundadora da ONG a uma estação tubo e cobra R$ 120 Grupo Liberdade – por um programa de Direitos Humanos da meia hora. “Eu guar“Eu guardo meu do meu dinheiro, já dinheiro, já comprei meu Mulher Prostituída, Carmem Costa, exiscomprei meu carro, carro, estou montando tem em Curitiba aproestou montando miminha casa e com o ximadamente 30 mil nha casa e, com o que que ganho aqui” garotas de programa, ganho aqui, pretendo trabalhando em 3.972 crescer na vida e não afundar”, conta. Três meses após co- pontos. A profissão não é considerada meçar a fazer programas, o marido de ilegal no Brasil e está regulamentada na Classificação Brasileira de OcupaGabi descobriu e ela se separou. Hoje, ela consegue sustentar ções (CBO), na categoria de Trabaas filhas e a mãe com o que ganha nas lhadores do Serviço, Vendedores do ruas, algo em torno dos R$ 4 mil a R$ Comércio em Lojas e Mercados, mes6 mil por mês. Sobre como começou ma em que se encontram as profissões na profissão, Gabi diz que as contas de catadores de materiais recicláveis e começaram a apertar, e então ela co- motociclistas de entregas rápidas.
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a noite curitibana
xo expõem a realidade de uma sociedade hedonista as “garotas de programa” à marginalidade Hamilton Zambiancki
Muitas vezes, elas são apresentadas ao mundo das drogas por insistência de clientes, que chegam até a pagar mais para que elas os acompanhem no uso de certas substâncias, quase sempre a cocaína. O perigo também anda ao lado das profissionais do sexo, que estão expostas ao risco de serem assaltadas ou sofrerem algum tipo de abuso. No entanto, as travestis e transexuais são as que se sentem mais seguras em relação a isso. “Não tenho medo de agressão pelo meu porte físico. Às vezes, tem um ou outro que é mais louco. Já aconteceu de [um cliente] me pegar aqui, não querer me pagar e me deixar lá no Hauer. Daí eu dei um tapa na cara dele, desci do carro, ele me pediu para entrar, me pagou e hoje em dia faz programa comigo só para eu dar tapa na cara dele, sabe?”, revela Nayane. Já Gabi diz que nunca enfrentou problemas porque procura receber o dinheiro antes, para depois fazer o programa, geralmente em hotéis do centro. Suprir as necessidades sexuais dos clientes também é outro fator que pode aumentar o preço do programa. A transexual Caroline*, de 30 anos, acredita que todos os seus clientes, na maioria empresários e até políticos, são homossexuais enrustidos, que sentem vergonha de concretizar fantasias com outras pessoas. “Os homens têm mil e uma fantasias, e o que eles não podem fazer com a esposa procuram fora, e é fora onde ele sai do armário, pois seria talvez um enrustido. Ele procura uma transexual, ele sabe que a trans vai entender ele, a opção dele, e é com quem ele fantasia e vai achar algo que ele quer”, diz Caroline, que faz programas há 15 anos. Vítima de preconceito desde criança, quando ia para a escola vestida de menina, ela já conseguiu tirar sua mãe do aluguel graças ao dinheiro que consegue tra-
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balhando nas ruas. Já fez vários cursos na área de estética e, futuramente, pretende abrir um salão de beleza, talvez fora do Brasil. “Porque no Brasil você só consegue morar, ter um carrinho, o dia a dia, essa é a sua vida. No Brasil, você não passa disso. Você pode ter uma formação acadêmica de altíssima qualidade, mas no Brasil você só ganha para sobreviver”, justifica ela, refletindo sobre uma possível ida à Europa, onde já trabalhou por sete anos, também como garota de programa, em Milão. Ela enfatiza que a diferença entre os clientes de lá e do Brasil está na maneira como eles se dirigem a uma profissional do sexo. “Se você é uma trans que quer se casar, lá é um ótimo lugar. Se o cliente gostou de você, ele te assume e te apresenta para a família, para os amigos. É uma relação sem preconceitos. Não é igual o cliente daqui, que já está num quarto te esperando, fecha as portas e dali não passa. Lá você não sofre preconceitos, não é vista como um objeto sexual”
conclui. O local de trabalho é outro imbróglio enfrentado por muitas garotas de programa. Na região central, onde travestis, transexuais e mulheres dividem alguns espaços, quem tem mais vantagens é a travesti e a transexual. Gabi conta que, na rua em que ela trabalha, uma garota só pode permanecer se possuir autorização do travesti: “As travestis mandam mais. Elas que podem, elas são a maioria. Você obedece a elas”, relata. A afirmação de Gabi é corroborada por Caroline: “Todas têm um ponto, tudo tem um dono. É como qualquer empresa, ninguém vai invadir o espaço da sua loja e dizer ‘aqui é minha loja’. Tudo o que envolve dinheiro, envolve brigas”, destaca Caroline, que também cede pontos para outras meninas. “Eu só fico brava se não vier falar comigo e se estabilizar ali, mas tento conversar ainda”, diz. [*Nomes fictícios para preservação da identidade dos entrevistados].
Cada cabeça é uma sentença “A sociedade é podre. Felizes somos nós que vemos a realidade da sociedade. Eu tenho pena da esposa que está em casa esperando pelo esposo que está trabalhando, e ele ainda nem pensa no preservativo, quem pensa é o trans. Agora, se é uma prostituta com problema e que não pensa nisso, a esposa que está lá cuidando dos filhos, da vida social dele, você já imaginou o presente que ele vai levar para ela?” desabafa a transexual Caroline. em tom de sabedoria. Para a diretora da ONG Grupo Liberdade, Carmem Costa, ser profissional do sexo é um trabalho digno como qualquer outro. “A profissional do sexo não está cometendo nenhum crime. O crime, quem comete é quem fomenta a prostituição: motéis, casas de shows, o homem que busca o prazer fora de casa”, explica. Carmem fundou a ONG em 1994, com o intuito de oferecer assistência psicológica, jurídica e hospitalar às garotas de programa. “Vejo as garotas de programa como prestadoras de serviço. Prostituta é aquela que vai, trabalha e leva sustento para casa. O sexo tinha
que ser realmente comercializado, sexo é prazer”, argumenta. Para o sociólogo Doacir Quadros, a prostituição se coloca como qualquer outra prática social. “Ela passa a ser vista como qualquer outro crime moral, ou não, em virtude dos valores sociais que determinada sociedade ou grupo social, preserva”, ressalta. Segundo ele, a prostituição envolve fatores como o costume, a miséria, crise familiar, preconceito, exploração sexual, drogas, entre outros. Além disso, ele diz que existe a flexibilidade no cumprimento do horário, a não rigidez em ter que seguir regras e o dinheiro ganho. “Inclusive o retorno financeiro, que pode ser superior a muitas profissões”, esclarece. Caroline diz que pretende abandonar a carreira, mas só daqui a dez anos. Já Gabi quer ter sua própria empresa. Nayane quer ter o corpo mais feminino possível e constituir uma família. Os sonhos são para o futuro, mas por enquanto, elas buscam recursos para concretizar o desejo de ter uma vida como qualquer outra pessoa, arriscando a própria pele na satisfação dos desejos alheios.
Os direitos das garotas de programa É numa viela próxima ao Largo da Ordem, no centro de Curitiba, que está localizada a ONG Grupo Liberdade – Direitos Humanos da Mulher Prostituída, responsável por dar assistência às profissionais do sexo. A fundadora, Carmem Costa, de 53 anos, explica que o objetivo principal é atender às mulheres, travestis e transexuais de alto e baixo meretrício com o apoio de psicólogos e advogados e encaminhamento hospitalar. “A pessoa que bater aqui na porta, pedindo ajuda, nós procuramos atender, distribuindo camisinhas, conversando e também trabalhando com a família dela”, diz. Concebida a partir de uma ideia do presidente da organização LGBT Grupo Dignidade, Toni Reis, o Grupo Liberdade foi fundado em 18 de maio de 1994 e atende hoje aproximadamente cinco mil mulheres, direta e indiretamente. Com o apoio da Secretaria de Saúde, que fornece as camisinhas distribuídas pela organização, e da Comunhão Cristã Abba, o objetivo inicial da ONG era combater a mortalidade de mulheres portadoras de doenças sexualmente transmissíveis. São ainda oferecidos cursos de artesanato, oficinas sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e cidadania e conscientização diretamente nas casas de famílias e casas noturnas. Em 2006, foram colhidos depoimentos de profissionais do sexo atendidas pelo Grupo Liberdade para a produção do filme “Mulheres do Brasil”, da diretora Malu de Martino. Carmem viu no filme uma oportunidade de divulgar o trabalho realizado pela ONG. “É bom para mostrar como é o trabalho feito pela ONG e que prostituição não é crime, mas um trabalho digno, desde que a garota de programa seja maior de idade”, enfatiza. O filme conta a história de várias mulheres de diferentes regiões do Brasil e tem a participação de atrizes consagradas, como Débora Evelyn. A história, ambientada em Curitiba, foi inspirada no conto da escritora gaúcha Maria Helena Weber, em que uma das personagens acaba se tornando garota de programa após uma desilusão amorosa. SERVIÇO Grupo Liberdade – Direitos Humanos da Mulher Prostituída. Fone: (41) 3324-8023. Horário de funcionamento: das 14h às 19h. E-mail: grupoliberdade@hotmail.com
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SAÚDE
Uma doença muito complexa O transtorno afetivo bipolar independe de faixa etária, podendo ter início na infância Claudia Bilobran
Flávia de Souza
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té pouco tempo, o transtorno afetivo bipolar era conhecido como psicose maníaco-depressiva. O termo passou a ser invalidado porque esse transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, pois, na realidade, esses sintomas não aparecem na maioria das vezes. A classificação dos transtornos afetivos não está finalizada. O provável é que nos próximos anos novos subtipos desses transtornos surgirão, melhorando a precisão dos diagnósticos. Muito se fala hoje em dia sobre a bipolaridade, mas a maioria das pessoas não faz ideia do quanto a doença é complexa. a psicóloga Annelise Scheffer, explica o que é esse mal: “É um transtorno que se caracteriza pela variação extrema de humor. O indivíduo oscila en- doença. Em geral, os fatores genétitre uma fase maníaca, ou eufórica, cos e biológicos podem determinar e uma fase depressiva. Na fase ma- como o indivíduo reage aos estresníaca, ele apresenta sintomas como sores psicológicos e sociais, mantenhumor exaltado, alegria exagerada, do a normalidade ou desencadeaninquietação física e mental, extrema do a doença. O transtorno bipolar irritabilidade, pensamentos acelera- do humor tem uma importante cados, gastos excessivos, otimismo e racterística genética, de modo que a confiança exagerados, agressividade tendência familiar à doença pode ser física e verbal, entre outros. observada. Na fase depressiva, a pessoa A doença independe de faixa possui humor melancólico, depressi- etária, podendo ter início na infânvo, fadiga ou perda de energia, senti- cia, com sintomas de irritabilidade mentos de culpa excessiva ou pessi- intensa, porém, um terço das pessomistas, dificuldade de concentração, as a manifestará na adolescência, e pensamentos suicidas, quase dois terços até os entre outros.” A psi- “É um transtorno que 45 a 50 anos de idade. cóloga alerta sobre a se caracteriza pela Ela raramente começa importância de se ob- variação extrema de acima dos 50 anos. É servar a permanência o caso de G. J. Soares, humor. O indivíduo e a quantidade desses que não quis se identioscila entre uma fase sintomas: “No caso da ficar, que desenvolveu eufórica e uma fase fase maníaca, deve hao transtorno bipolar depressiva” ver no mínimo três dos quando tinha apenas sintomas apresentados 14 anos de idade: “A e com permanência de uma semana, minha infância inteira eu fui esquie na fase depressiva os sintomas se sito. Minha irmã e eu brigávamos manifestam na maior parte do tempo bastante, e, quando discutíamos, por pelo menos duas semanas.” eu perdia o controle facilmente. A origem do transtorno bi- Eu também perdia a paciência com polar não é inteiramente conhecida. qualquer pessoa que discutisse coSabe-se que os fatores biológicos, migo. Além disso, tinha dias em que genéticos, sociais e psicológicos eu estava feliz e no outro eu ficava somam-se no desencadeamento da deprimido e nada fazia sentido.”
pecialista disse que não era necessário tomar nenhum medicamento, porque a hipomania não tem sintomas psicóticos. Ele me recomendou terapia e atividades relaxantes para ajudar a resolver o problema. Hoje, com 20 anos de idade, eu me sinto bem, minha raiva excessiva diminuiu, não é como antes quando eu discutia com alguém. O que eu tinha melhorou com a idade, se tranquilizou. Sou uma pessoa normal, não me descontrolo facilmente.”
Veja quais são os medicamentos mais usados A mãe de G. J. começou a desconfiar do comportamento do filho cada vez que ele se irritava em excesso, além de sua pouca necessidade para dormir, mesmo tendo muita energia. Percebendo que aquilo não era normal, ela foi procurar a opinião de um profissional pra tentar esclarecer a situação: “Minha mãe me levou ao psicólogo, e ele deu o meu diagnóstico para ela, com indícios do que seria, e depois disse para que procurasse um especialista”, conta G. J.. Ele foi ao especialista, que o diagnosticou com a doença de tipo II, caracterizada por apresentar episódios de hipomania com depressão. A hipomania é uma alteração no humor, com a qual a pessoa se sente bem, com uma energia intensa, tendo a diminuição do sono e o aumento da libido. Os outros sintomas são: fuga de ideias, resultando em pouca concentração, compulsão para falar demais, agitação psicomotora, excesso de atividades prazerosas com riscos aparentes, entre outros. É importante lembrar que o paciente não apresentará necessariamente todos esses sintomas ao ter um episódio de hipomania. “Como o meu caso não era tão grave, o es-
O psiquiatra americano Hagop Akiskal, responsável pela descoberta do transtorno bipolar, enumerou seis tipos de distúrbios bipolares, mas apenas dois deles foram considerados pela comunidade psiquiátrica, chamados de tipo I e tipo II. O medicamente utilizado para o tratamento dos casos mais graves é o carbonato de lítio, mais estudado e empregado atualmente, mas que não é o melhor para todos os casos. Usam-se também anticonvulsivantes como o Tegretol, Trileptal, Depakene, Depakote e Topamax. O tratamento com lítio ou com algum anticonvulsivante deve ser definitivo, ou seja, é recomendado o uso permanente dessas medicações mesmo quando o paciente está completamente saudável e mesmo depois de anos sem ter problemas. Essa indicação se baseia no fato de que tanto o lítio como os anticonvulsivantes podem prevenir uma fase maníaca, poupando a pessoa de maiores problemas. O uso contínuo desses medicamentos não é garantia para não ter recaídas, eles apenas diminuem as chances de acontecer. Além dos remédios, Annelise Scheffer comenta que há outras formas de ajuda ao paciente: “O acompanhamento psiquiátrico mantido por um longo período e a psicoterapia também podem auxiliar no tratamento.”
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Cabe no Bolso
CULTURA
Um espaço para leitura, lazer e muita discussão
Uma amostra da cultura local no Largo da Ordem
Mariana Lima
A Biblioteca Pública do Paraná oferece projetos que promovem interação com seus frequentadores Deyse Duarte
Afonso Padilha Deyse Duarte
Quando você pensa em ir a uma biblioteca, qual é a primeira coisa que vem a sua cabeça? Livros, pesquisa, estantes, poeira? Para mudar essa imagem estática e para muitos “chata”, a Biblioteca Pública do Paraná (BBP) vem oferecendo projetos que promovem a interação com seus frequentadores. Dentre eles, estão: Um Escritor na Biblioteca, Oficina BPP de Criação Literária, Cineclube Jorge de Souza, Projeto Extremos e Oficina Permanente de Poesia. Um Escritor na Biblioteca é uma releitura do projeto homônimo realizado pela biblioteca durante os anos 80, com convidados como Helena Kolody e Fernando Sabino. No mês de setembro o convidado foi o escritor paulista Marçal Aquino, que falou sobre suas obras e a importância que a biblioteca teve em sua formação como escritor. A procura pelas oficinas vem crescendo muito. Um exemplo é a oficina de Narrativa e Ficção ministrada pelo escritor Michel Laub, que teve 70 inscritos para
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apenas 30 vagas. Outra atração fixa é o Cineclube Jorge de Souza, que exibe filmes e documentários, todas as sextas-feiras a partir das17h30min, no Auditório Paul Garfunkel, no 2° andar da BPP, com entrada franca. José Castello e Flávio Stein coordenam o projeto Extremos: Círculo de Leitura de Ficções Radicais, que realizou uma leitura na íntegra de “A hora da estrela”, de Clarice Lispector, propondo uma intensa participação do público. O chefe de divisão da difusão cultural, Luiz Rebinski, comenta a intenção da BPP ao realizar esses projetos: “Transformar a biblioteca num lugar vivo, um lugar onde as pessoas participem das atividades voltadas para a leitura e a difusão da leitura.” Para ele, a maior prova de que esses projetos estão atraindo a atenção do público é a grande procura pelas oficinas. Os projetos provam que a biblioteca não é apenas um lugar de estudos e pesquisa, mas também um local adequado a cultura, o entretenimento e a troca de experiências.
Uma opção de lazer barata e interessante no centro da capital paranaense é assistir aos shows apresentados no Teatro Universitário de Curitiba (TUC), que fica na da Galeria Júlio Moreira, no Largo da Ordem. O espaço existe desde 1979 e traz uma história que faz parte do crescimento cultural de Curitiba. Desde a década de 1980, foi marcado por ser ponto de encontros de artistas, fotógrafos, escritores e músicos. Revitalizado em 1984, passou a sediar a tradicional Canja de Viola, que acontece todas as tardes de domingo. Durante a semana, o Teatro Universitário de Curitiba oferece uma programação diversificada entre teatro, música e literatura. Geralmente, os ingressos são a preços populares ou gratuitos. O espaço é aberto para a divulgação de bandas locais, com shows de grupos como Garagem CWB, Pinéia Psychotria, Grade, Banda Banks - Teoria De Inverno, Maquinomem, Motorcrafters - Galaxie 69 e Ovos Presley. “Foi emocionante tocar no TUC por causa da qualidade de som do local. Podemos gravar para o CD da banda”, comenta o baixista da banda Ovos Presley, Wallace Barreto. O apoio a bandas de garagem faz parte de um edital da Fundação Cultural de Curitiba, que proporcionou a oportunidade de mostrar o cenário musical das bandas curitibanas. A banda Ovos Presley, por exemplo, já completou 18 anos no cenário musical da cidade e tem uma música com letra escrita por Marcos Prado. Na galeria também estão localizados o Clube de Xadrez Erbo Stenzel e o Espaço de Arte Urbana. Durante a semana, estão abertas ao público aulas gratuitas de xadrez, e aos domingos o Clube de Xadrez reúne profissionais e amadores para torneios. Já o Espaço de Arte Urbana
oferece o espaço para a divulgação dos trabalhos dos artistas visuais locais de Curitiba. Passar pela Galeria Júlio Moreira e aproveitar a programação é sem dúvida uma oportunidade para o público participar da cultura de Curitiba.
Veja a programação do Largo da Ordem TEATRO INFANTIL 13 de novembro CAIPIRADOS PRA BURRO Direção: Gerson de Andrade Horário: 11h (domingo) Local: Teatro do Piá Praça Garibaldi, 7, Largo da Ordem Ingresso: gratuito MÚSICA CANJA DE VIOLA Horário: 15h (todo domingo) Ingresso: R$ 2 Local: Teatro Universitário de Curitiba (TUC) Galeria Julio Moreira, Centro Até janeiro de 2012 EXPOSIÇÃO “A Magia do Infinito” Data: 29 de setembro de 2011 a 1º de janeiro de 2012 Horário: de terça a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 18h, e as sábados, domingos e feriados, das 9h às 14h Local: Museu de Arte Sacra Rua do Rosário, 160 Ingresso: gratuito SERVIÇO: TUC - Espaço da Arte Urbana Galeria Julio Moreira, Centro Tel. (41) 3321-3312
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CULTURA
Um encontro surpreendente Professora de Teatro do Grupo Uninter, Geisa Muller, fala sobre o poder do encantamento do curso Arquivo pessoal
“Os alunos-atores sempre me surpreendem, para o bem e para o mal. Não consigo citar um nome “O propósito do teatro é fapróprio para efeito de exemplo, mas zer o gesto recuperar o seu sentido; posso falar da turma de 2010, visto a palavra, o seu tom insubstituível, que ela reverbera pela afinidade copermitir que o silêncio, como na boa letiva, pelo respeito ao ritual do teamúsica, seja também ouvido e que o tro, pela vontade de enxergar e conscenário não se limite ao decorativo e truir o invisível”. Segundo Geisa, nem mesmo à moldura apenas, mas esta turma teve um gosto de algodão que todos esses elementos, aproxidoce. Turma lúdica, alegre, engajamados de sua pureza teatral específida: “Posso desfiar maravilhas dessa ca, formem a estrutura indivisível de moçada, posso dizer que se tratou de um drama”. um encontro marcado”. As palavras de Clarice LisOs alunos da turma de 2010 pector são um incentivo àqueles que apresentaram no final do ano a peça pretendem entrar no mundo do te“Sortidos”, que ia da comédia ao atro, para os que esperam com ele drama, ao gosto do “freguês”. Geientrar no exercício da autoria, da resa Muller conta que ficou nervosa flexão e da autocrítica. ao vê-los subir no palco: “Eu semPara a professora do Curso pre fico muito ansiosa em estreias. de Teatro Uninter, Geisa Muller, o Acho que com 80 anos ainda será teatro tem o poder de transformar, deste jeito”. Mas, conforme ela, de encantar. Ela, como Tchekhov a imagem que tem a esse respeito dizia, também diz ser casada com a é a de um grande peso saindo das literatura e amante do teatro: “Sou costas: “Depois que uma turma de casada com a literatura porque se iniciantes encontra a plateia, todo o trata de uma relação estável, de um processo que se cumpre para cheamor sem fissura, feito de desesgarmos à apresentação da peça faz tabilidades seguras; sou amante do sentido, ou seja, as histerias, as proteatro pelo fato de ele me virar do vocações, as infantilidades, as difiavesso, de testar minha resistên- Geisa: “É como se da larva que entrou no casulo eu visse sair uma borboleta” culdades, os medos são metamorcia, minha paciência, meu tesão, aspectos pertencentes à esfera da damente um ano, período que nor- do”. Larissa fala sobre a sensação de foseados em criação. É como se da paixão. Então, eu sou apaixona- malmente conta com uma peça de subir no palco pela primeira vez: “A larva que entrou no casulo eu visse da pelo teatro, pois ele representa conclusão das atividades, produzida sensação é difícil de definir. É algo sair uma borboleta”. Divulgação sensacional, a energia e a adrenalina a possibilidade de minha vida ser e apresentada pelos alunos. A estudante de Jornalismo vão a mil. O teatro estava lotado no efetivamente viva”. Geisa começou no teatro Larissa Glass, ex-aluna de Geisa, dia da apresentação, o que deixava o em 1994, fazendo um curso livre. soube do curso pelos cartazes es- nervosismo lá em cima, mas foi maSegundo ela, esse primeiro contato palhados pela faculdade e, segundo ravilhoso. Sinto falta do pessoal do foi muito importante, pois tatuou ela, ficou um ano “namorando” o curso, das brincadeiras. Cresci e me em sua epiderme o “Quero voltar aos palcos cartaz até fazer a diverti muito”. Ela confidencia que inscrição, em 2009: pretende retornar ao palco: “Queprincípio da criação ano que vem, pois “Procurei o curso ro fazer isso no ano que vem, pois artística, o que fez metade de mim ficou inicialmente por ser metade de mim ficou nele e preciso com que ela não panele, e preciso dessa muito tímida, para dessa metade para viver”. rasse mais. metade para viver” Geisa conta que é muito ajudar no desenvolO Curso de (Larissa Glass, vimento pessoal, bom orientar a turma dos chamados Teatro Uninter, mimas foi além disso, alunos-atores, pois uma das coisas nistrado por ela, dá ex-aluna do curso) pois desenvolvi o boas que acontece nessa trajetória é aos alunos a oportunidade de um contato com a criação que queria no início e depois me a transformação de estruturas mentais, principalmente no que diz resartística que se faz por meio da ex- apaixonei pelos palcos”. Ela conta que nunca havia peito ao olhar disponível para a arte. pressão corporal e vocal, da improvisação e da literatura. Com aulas feito teatro: “Por isso, fiz os dois Segundo ela, nesse sentido, trata-se aos sábados pela manhã, o curso é anos no iniciante, em 2009 e 2010, também de um trabalho que envolve gratuito e tem duração de aproxima- mas só me apresentei no ano passa- formação de plateia. Preparação para a peça “Sortidos” Regiane Silva
RESENHA
A fabulosa expressividade de “Planeta dos Macacos”
Gabriel Eloi de Marchi O filme “Planeta dos Macacos A Origem” foi produzido pela Fox Film e apresenta um elenco pouco famoso para o público brasileiro, em que o único ator razoavelmente conhecido é James Franco, o Harry de “Homem-Aranha”. A película narra os acontecimentos anteriores à película original, quando um experimento desencadeou a revolta símia contra as regras humanas. Em “Planeta dos Macacos”, a trama gira em torno de César, um chimpanzé dotado de grande inteligência por ter herdado da mãe as propriedades de uma droga inicialmente testada com o propósito de combater o mal de Alzheimer. Ocorre que a doença afeta o pai de um dos funcionários do laboratório que fabrica a droga, que é também o dono de César. Os anos passam e a capacidade de raciocínio do animal agiganta-se, originando a nova ordem primata já retratada nos filmes anteriores. A narrativa do filme é agradável, por ser dinâmica e concisa e não apresentar pequenas tramas paralelas. Significa dizer que não há momentos de monotonia, já que a trama “vai direto ao ponto” e ao mesmo tempo apresenta ao telespectador todas as nuances da criação do chimpanzé César. E dessa vez os macacos realmente se parecem com animais reais, diferentemente dos bizarros humanoides dos filmes anteriores. Um ponto impressionante é a expressi-
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TÁ NA WEB Claudia Bilobran
I love Luiza Marilac Divulgação
vidade de César: os efeitos são convincentes, fazendo com que o animal pareça claramente estar feliz, chateado ou indiferente. É uma expressividade que confere credibilidade à inteligência do personagem. Em pouco tempo de filme, o telespectador identifica-se com as percepções do animal e o seu propósito. “Planeta dos Macacos – A Origem” é um filme excelente e mesmo superior aos anteriores. Evidentemente, é uma nova metáfora das consequências que os experimentos humanos podem causar à natureza. É importante lembrar também que, historica e cientificamente, o homem identifica no símio o animal mais próximo de sua imagem, o que é um artifício tão usado no cinema quanto o que mostra a intimidade entre humanos e cães. Neste filme, mesmo que César revolte-se contra a espécie que o concebeu, ele não se desfaz do vínculo de amizade com o homem que o criou, o que certamente confere ao chimpanzé uma ética humana. A receita do filme é esta: mostrar como a natureza não é submissa aos caprichos do homem, mas também atribuir a ela valores que nós consideramos fundamentais à vida. “Planeta dos Macacos – A Origem” não é somente um bom filme de ficção científica com efeitos especiais bonitos. É uma releitura sobre as ações humanas na natureza e de que forma elas podem acarretar consequências, às vezes irreversíveis.
Era para ser apenas um vídeo para “cutucar” o ex-namorado, mas Marilac acabou ganhando fama instatânea e virou ícone do chavão “Uns bons drink”. Tem gente usando camiseta com “I LOVE UNS BONS DRINK”. A MTV Brasil também aproveitou os jargões usados por Marilac para fazer as chamadas do prêmio Video Music Brasil 2011, e todas ficaram geniais e super bem humoradas. Mas por que um video como esse faz tanto sucesso? Deve ser pelo fato de o público se identificar com o personagem real, que mostra para o mundo a sua intimidade, talvez sem se dar conta disso. Em entrevista a um programa da MTV, Luisa revelou que fez o vídeo sem intenção alguma de ganhar fama, apenas para mostrar ao ex-namorado como ela estava bem. O vídeo só tem 1 minuto de duração e vale a pena ver: http://www.youtube.com/watch?v=ikzC29rV75A
Vídeo da Semana de Comunicação Evary Anghinoni
Já que o tema é criatividade, este vídeo mostra como a semana da Comunicação da Facinter foi super criativa, com palestras de vários profissionais da área da comunicação, cartunistas consagrados, professores polivalentes e alunos cheios de ideias. Foi uma semana de muita energia positiva, muita troca de informações e novos aprendizados. A segunda edição foi melhor do que a primeira, e a terceira com certeza será muito melhor do que a segunda. http://www.youtube.com/watch?v=ZUUvA1nBNVg Divulgação
Cerveja, cerveja, cerveja...
Criatividade aqui não faltou, nem um pouco. O que um homem não faz por uma cerveja... http://www.youtube.com/watch?v=SnCn9YAdoCc
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ENSAIO FOTOGRÁFICO
Opção ou necessidade? Janile Ramos
Keity Marques
Texto: Keity Marques Fotos: Assíria Almeida, Janile Ramos, Keity Marques e Maria Luiza Okoinski Assíria Almeida
Janile Ramos
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ão muitos os trabalhadores da capital paranaense que fazem das ruas o local de trabalho de onde tiram seu sustento. A maioria vive do trabalho informal por necessidade, em função da falta de oportunidade e das exigências do mercado de trabalho. Por outro lado, existem aqueles que optam pela informalidade alegando a falta de reconhecimento no mercado formal. Seja por opção ou necessidade, o trabalhador informal permanece, muitas vezes, socialmente invisível na paisagem urbana. Assíria Almeida
Maria Luiza Okoinski