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Batuque com sotaque baiano

Fotos: Franciane Bubniak e Gabriel Eloi

Foto: Claudia Bilobran

Percusionista do Stomp realiza projeto social no Brasil página 4

Cidade limpa, mas nem tanto

A tradição nas ruas Leitura de mão e casamento arranjado na história misteriosa de um povo. página 9

O ataque dos zumbis Semana de Comunicação do Uninter é marcada pela diversidade de temas. páginas 6, 7 e 8

Lixeiras transbordando, papeis e plásticos no chão fazem parte da realidade do centro de Curitiba página 3

Foto: Claudia Bilobran

Foto: Divulgação

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER – ANO IV – NÚMERO 23 – CURITIBA, OUTUBRO DE 2012


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MARCO ZERO

Número 23 – Outubro de 2012

OPINIÃO Filme mostra como a mídia desmascarou a indústria dos cigarros nos EUA

Cena do filme O Informante, com Russel Crowe

Mariana Ayres

Expediente O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Uninter Coordenador do Curso de Jornalismo: Tomás Barreiros Professores responsáveis: Roberto Nicolato e Tomás Barreiros O jornal Marco Zero foi premiado como melhor jornal-laboratório do Paraná no 16º Prêmio Sangue Novo, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná. Edição • Ana Luiza Cordeiro • Cláudia Bilobran • David D’visant • Emanuelle Buerger • Lucas Queiroz Diagramação • Cíntia Silva • Letícia Ferreira Uninter Rua do Rosário, 147 CEP 80010-110 – Curitiba-PR E-mail tomas.b@grupouninter.com.br Telefones 2102-7953 e 2102-7954.

Claudia Bilobran Foto: Divulgação

Nesta edição, o jornal Marco Zero visita uma academia de escalada e descobre que este esporte vai bem além do esforço físico. Leia a matéria e vá às alturas com o paredão mais alto da América do Sul. Nossos repórteres mostram que Curitiba não anda tão limpa quanto parece. E as ruas da capital têm mais mistérios que nossa vã filosofia imagina. Leia reportagem feita no centro da capital sobre as ciganas que praticam a quiromancia. O Marco Zero também revela que a leitura pode estar mais perto do que você pensa, pois os livros podem ser encontrados até nos bancos das praças. Libere a sua imaginação! Na 3ª Semana de Comunicação, a Saca Só, nossos repórteres também estiveram presentes, e mostram nesta edição a participação e o comprometimento dos alunos durante o evento. Confira a matéria e a galeria de fotos. Boa leitura!

A luta do jornalismo contra a indústria tabagista

Foto: Divulgação

Ao Leitor

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informante foi produzido em 1999, nos Estados Unidos, e dirigido por Michael Mann. O longa, que é baseado em uma história verídica, conta com estrelas como Al Pacino e Russell Crowe e seu roteiro é uma adaptação do livro The Man Who Knew Too Much, de Marie Brenner. A trama se passa em 1994 e tem como um dos pilares a indústria do tabaco e a névoa de dúvidas sobre os malefícios que a droga pode causar ao corpo humano. Adjacente à isso, é mostrada a cena midiática da época e como era feito o controle de conteúdo dos jornais por interesses externos. Lowell Bergman (Al Pacino) é um jornalista e produtor do famoso programa “60 minutos”, que tem como apresentador e entrevistador o renomado Mike Wallace (Christopher Plummer). A fim de desmascarar a máfia tabagista, Lowell procura Jeffrey Wigand (Russel Crowe), um químico que acabara de ser demitido de uma das maiores fábricas de cigarro do país. Mais tarde é mostrado ao público que Wigand foi demitido justamente por descobrir que a composição do produto era extremamente prejudicial e viciante. Porém, como vice-presidente da empresa Brown & Williamson, foi estabelecido um

contrato de confidencialidade sobre qualquer assunto que envolvesse a empresa. Os problemas acontecem quando, pressionado por Bergman e por sua preocupação com a saúde pública, Jeffrey Wigand decide ser entrevistado no programa e contar tudo que sabe, inclusive que os grandes empresários do ramo não só sabiam da capacidade viciante do cigarro, como ainda acrescentavam aditivos químicos, como amoníaco, para aumentar essa característica. Logo, a empresa descobre as intenções do ex-funcionário e passam a ameaçá-lo de várias formas. Devido à pressão causada pelas ameaças e pelos envolvidos com o programa, a mulher de Wigand desaba e larga o marido, levando as duas filhas com ela. Sozinho e sem renda, Jeffrey Wigand vira professor de química. Ao mesmo tempo, a Brown & Williamson usa de sua influência e pressiona a CBS, canal do programa “60 minutos”, ao ponto de fazê-los cortar a entrevista do programa. É nesse ponto crucial que percebemos a paixão de Lowell Bergman pelo jornalismo e sua vontade de lutar pelo o que ele acredita. O produtor não só fica indignado por fazer sua testemunha passar por várias situações de risco morais e emocionais, mas também por ver que o maior canal jornalístico de TV do país não pratica o jornalismo de forma tão séria assim. É um jogo de poderes que faz Bergman contatar um amigo do

New York Times para, em outras palavras, jogar toda a merda no ventilador. Ele dá uma pseudo entrevista por telefone divulgando todas as informações sobre a relação da Brown & Williamson com a CBS no meio desse escândalo que tomou conta de todas as notícias na época. É com a matéria de primeira página, de um dos mais importantes jornais do mundo, que Bergman consegue o que buscou desde o início deste drama. A matéria desclassifica o canal por não levar impreterivelmente a notícia como o foco principal no meio jornalístico e fala tudo sobre como a CBS cedeu à indústria tabagista por motivos econômicos. O desfecho do filme se dá com a matéria sendo finalmente reproduzida no programa “60 minutos”, Bergman pedindo demissão do canal e Wigand seguindo a profissão de professor numa escola de ensino médio. O filme é interessante não apenas por retratar uma história real, mas por mostrar como grandes indústrias agem em favor próprio, economicamente falando, sem se preocupar com seus consumidores. O viés jornalístico é maravilhoso para apaixonados pela área, pois mostram como, nem sempre, é possível fazer jornalismo do jeito romântico e lutando pela ideologia do jornalista, ao mesmo tempo em que mostra o poder que cada um de nós, como informantes da realidade, podemos exercer.

A coluna Boca no Trombone desta edição quis saber o que a população curitibana acha sobre os valores cobrados pelos estacionamentos do centro da capital. Confira a indignação geral abaixo. Acho abusivo. Um verdadeiro cartel. Os donos de estacionamento se unem e cobram um preço elevado por Benito, 22, vendedor horas e períodos. O sistema de Estar não é tão seguro, por isso os senhores do estacionamento cobram o que querem. É conforme a oferta. Muitos carros, muita procura, poucos estacionamentos. Com isso, os donos de Neila estacionamentos Kawase, 49, cabeleireira cobram o que querem. Em Foz do Iguaçu, por exemplo, é R$ 1,00 a hora e R$ 10,00 o dia todo. Pouca demanda, pouca oferta. Justo não é. É o capitalismo. Um absurdo. Hoje, por exemplo, como vou aproveitar o carro para lavar, vou gastar em torno de Júlio Eloy, 39, comprador uns R$ 60,00. Mas é o preço do comodismo e da segurança. Na rua, mesmo pagando Estar, corremos o risco de ter o carro batido, roubado. Por esses motivos, os donos de estacionamentos se aproveitam e cobram esse absurdo. Vale a pena só pela segurança, mas o custo é inviável. Até o Estar está caro. Pela falta de segurança, deveria custar o mínimo. O valor cobrado pelos estacionamentos é alto e abusivo. A pessoa que precisa deixar todos os dias vai ter um “rombo” no seu orçamento mensal.

Edi dos Santos, 25, auxiliar de depósito


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MARCO ZERO

CIDADANIA

Curitiba nem tão limpa Segundo frequentadores e moradores, a capital paranaense já não é mais exemplo de limpeza pública

Jean Kuss

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os últimos anos, a cidade de Curitiba tem enfrentado uma crise em seu sistema de limpeza pública. Se antes era conhecida como a cidade mais limpa do Brasil, tal título já não compreende tamanha ambição. O setor de limpeza pública da cidade patina no quesito falta de contingente. Com o crescimento da cidade, o descarte de resíduos de toda a ordem aumentou, mas o setor manteve seu quadro de funcionários, com ligeiro crescimento de 7% em cinco anos, informa Andressa Marchioratto, da assessoria de comunicação da Cavo (consórcio que administra o sistema de limpeza pública da capital). “Após rigoroso estudo, entendemos, junto à Secretaria

Uma das razões que espanta a clientela para os shopping centers é essa sujeira que tomou o centro - Geraldo Siqueira, comerciante

Não é raro observar o lixo espalhado pelo chão. Foto: Andreson Grossll

Gari faz a limpeza no Largo da Ordem.

Foto: Andreson Grossll

César Haisi

espanta a clientela para os shopping centers é essa sujeira que tomou o centro”, argumentao comerciante. A operadora de telemarketing Angélica Maria dos Santos reclama que convive com ratos e insetos,enquanto espera no ponto de ônibus na avenida Marechal Floriano Peixoto, todos os fins de tarde. “Enquanto aguardo meu ônibus, o Jardim Mercês/Guanabara, vejo a movimentação de ratos e insetos ao redor dos sacos de lixo de uma lanchonete, que, sinceramente, parece que estão ali há mais de uma semana, esperando para serem retirados”, relata Angélica que tem como alternativa ir até a praça Rui Barbosa, segundo ela, melhor cuidada. O síndico de um edifício da rua Ermelino de Leão, que não quis se identificar, alerta para uma suposta desorganização no sistema de coleta de lixo: “Tenho observado que os itinerários dos caminhões não estão correspondendo ao que foi divulgado pela prefeitura. Além do mais, a coleta tem sido feita no fim da madrugada, quando muitos sacos já foram rasgados por catadores de lixo, mendigos ou mesmo cães atrás de comida”. No prédio de 11 andares de apartamentos residenciais, Joares Machado, morador há quinze e sindico há três anos, diz que toda a semana é descartada aproximadamente uma tonelada de lixo de seu edifício.

Foto: Claudia Bilobran

Anderson Grossll

do Meio Ambiente de Curitiba, que não há necessidade de aumento do número de funcionários para atender a demanda existente na cidade”. Hoje, ao andar pelo centro da cidade, nos deparamos com lixeiras transbordando resíduos, papeis e plásticos jogados no chão. O mais preocupante são os sacos de lixo esquecidos em pedestais ou ao pé de postes, com forte odor e, por vezes, rasgados, situação que coloca em risco a saúde das pessoas que transitam no centro e, principalmente, para quem reside ou trabalha na região. Geraldo Siqueira, de 52 anos, comerciante no tradicional calçadão da rua XV de Novembro, desde 1983, admite que o centro da cidade não é motivo de orgulho, pois junto com a visão desconfortável que a sujeira causa, vêm o mau cheiro, insetos e o sentimento de descaso com a limpeza, algo que, segundo ele, contribui para piorar a reputação do local. “A nossa região ja foi o lugar mais aconchegante e cheio de vida da cidade. Com o movimento do calçadão, coloquei duas filhas na faculdade, e hoje mal consigo pagar o aluguel do meu estabelecimento. Uma das razões que

Secretaria nega precariedade Em nota, a Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba (SMMA) afirma que atualmente a região central conta com 520 lixeiras e um efetivo de 500 garis e relata que esse dimensionamento de pessoal e equipamento tem se mostrado satisfatório. Além disso, o município dispõe de equipes de fiscalização que dão suporte relevante na questão de manutenção e limpeza. Atualmente o Município está viabilizando um teste do sistema de coleta conteinerizada subterrânea. A SMMA informa ainda que a coleta dos resíduos gerados tanto por edifícios residenciais quanto comerciais executada porta a porta por caminhões compactadores diariamente no anel central. O Decreto Municipal 983/04 estabelece que pode dispor à coleta pública até 1200 litros/semana de resíduos, sendo 600 litros de orgânico e 600 para recicláveis. Acima dessa quantidade a unidade é considerada grande geradora e, consequentemente, deve contratar o serviço de coleta.


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Número 23 – Outubro de 2012

PERFIL

New Bahia

O percursionista Marivaldo dos Santos, do Stomp, apresenta ao Brasil o balanço do projeto “Quabales”, que ele desenvolve no país David D’visant

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á 15 anos um jovem brasileiro fazia uma audição para um grupo que prometia fazer música com elementos nada convencionais: caixas de fósforos, vassouras, galões de água, baldes, todo e qualquer tipo de objeto inanimado que pudesse gerar algum tipo de musicalidade combinada com precisos movimentos corporais. O grupo se intitulava “Stomp” e seus membros vinham de diversos países. O brasileiro que representaria o Brasil era Marivaldo dos Santos, um baiano, nascido na cidade de Salvador. Músico simples, com seu carisma e sua dedicação despretensiosa, conseguiu seu lugar no grupo, hoje mundialmente conhecido. “Eu vim para Nova York no início dos meus 20 anos, tocando em um show e escrevendo músicas para as coreografias da minha irmã, a coreógrafa Rosangela Silvestre. Uma das minhas inspi-

rações para vir foi o Rap, queria muito ouvir de perto e entender melhor esse gênero”, comenta. Hoje, com bagagem musical e com o total apoio dos criadores do Stomp, Marivaldo apresenta seu mais novo desafio: um projeto social chamado “Quabales“, que tem como objetivo proporcionar a crianças carentes uma oportunidade na sociedade através da música e da arte. Além da técnica e da criatividade desenvolvida dentro do Stomp, Santos leva para o “Quabales“ principalmente a disciplina, requisito essencial para o sucesso em qualquer área. “Temos a participação do elenco do Stomp, que através de workshops ensina a técnica para as crianças”, conta o músico. Para o percursionista, a maior importância deste projeto está no fato de tirar os jovens das ruas, das drogas e da violência, o que proporciona a eles um lugar na sociedade através da arte. O projeto é aberto a crianças e jovens, desde que estejam frequentando a escola. Além do projeto Quabales, Marivaldo está trabalhando com a Quabales Band, preparando um

Bastidores do show do Stomp em Amsterdam

CD solo, um show, um filme, um projeto com Naná Vasconcelos e Pretinho da Serrinha, além de gravações e produções. Segundo Marivaldo, “o que não falta são idéias e projetos, o problema é tempo para realizar todos”. Durante um show do Stomp, via e-mail, Marivaldo dos Santos respondeu a algumas perguntas do Marco Zero. Marco Zero - Pretende formar novos percussionistas com o projeto? Marivaldo - Isso será consequência, mas acredito que é inevitável. O principal é tirar as crianças das ruas proporcionando um novo aprendizado, disciplina e respeito. O que é necessário para se tornar um percussionista? Muita disciplina, saber ouvir e seguir seus instintos. Em quantos países já apresentou o “Quabales”? A princípio no Brasil. O Quabales é um projeto novo, começou oficialmente em Janeiro de 2012 e eu já vinha desenvolvendo a ideia há alguns anos. Qual é a diferença entre o Marivaldo dentro do Stomp e o Marivaldo no Quabales? Nenhuma, a seriedade e o prazer são os mesmos. Pretende trazer parceiros para dentro deste Projeto? Quem? Já temos alguns parceiros, o Stomp, Ivete Sangalo e Cynthia Sangalo juntamente com a empresa Caco de Telha. Como é o Marivaldo professor? Educar não é fácil, tem que ter muito jogo de cintura. Como todo professor, vou ensinando e aprendendo, sabendo ser sério quando necessário. Qual o estilo do Quabales e para onde caminha? O Quabales é um projeto social que tem intensão de abrir para todas as direções em termos da educação musical, criando o seu próprio estilo que une a linguagem do Stomp com a linguagem percussiva baiana. Como se cria o som do Marivaldo? Sabe que isso não sei lhe dizer. Gosto muito de coisas novas e de misturar tudo. Estou sempre ligado em novidades e gosto de expe-

rimentar e, dessa fusão, eu encontro o meu som. Quais as principais dificuldades que já se deparou como músico? Acho que até hoje o de mostrar uma coisa nova e diferente para as pessoas entenderem. Fora isso só alegria! Em sua opinião, como o Brasil adere aos novos experimentos da arte musical? Acho que o Brasil está mudando e como o país é grande, o gosto é bem diferente, mas tem espaço para todos. Acho que o Brasil é bem receptivo a novidades, sempre estão buscando coisas diferentes.

Marivaldo dos Santos salta em um dos momentos da apresentação do Stomp

O que Marivaldo dos Santos espera alcançar após o projeto Quabales? Como o projeto Quabales não tem limite de alcance, acho que eu como Marivaldo espero encontrar outros Marivaldos para dar continuidade, ajudando a comunidade a crescer e abrindo portas.

Momentos de atenção ao professor Marivaldo

Eu, como Marivaldo, espero encontrar outros Marivaldos para dar continuidade, ajudando a comunidade a crescer e abrindo portas


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ESPORTE

Escalada, um estilo de vida A cada ano que passa, Curitiba ganha novos adeptos da escalada esportiva

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escalada praticamente surgiu junto com a humanidade. Desde que o ser humano precisou se locomover atrás de terras férteis e alimentos esta prática tornou-se necessária. O Marco Zero visitou uma academia de escalada em Curitiba e descobriu que, além de prazeroso, o esporte é acessível a qualquer pessoa, desde que tenha o mínimo de preparo físico, pois exige boa elasticidade e força nas pernas e braços. Curitiba abriga o maior paredão de escalada indoor da América do sul, com 17m de altura, perfeito para o treinamento, seja atletas profissionais como amadores ou iniciantes. O cordenador Anderson Gouveia, da academia Via Aventura, é um dos poucos praticantes da escalada no Brasil a viver do esporte.

Sete vezes campeão paranaense e três vezes vice-campeão brasileiro credencia-o como um dos melhores instrutores para divulgar a essência desse esporte que cada vez mais ganha espaço em Curitiba e no Brasil. Gouveia explica que a escalada esportiva não exige idade mínima ou máxima, pois qualquer um pode praticar e que a pessoa mais velha que já escalou o paredão foi um senhor de 85 anos. Numa escalada indoor, ou seja, dentro de um ambiente fechado, o praticante precisa vencer alguns desafios por níveis de dificuldade. Existem paredes de diversos tamanhos e os circuitos são formados por cores, sendo que cada cor corresponde a um nível. Claro que cada aluno tem seu ritmo. Há aqueles que apresentam certa dificuldade de início, mas com o treinamento alcançam seus objetivos e outros logo de cara conseguem sair do circuito básico e passar para o nível intermediário.

Foto: Divulgação

Lucas Queiroz

Os suportes para o atleta se agarrar à parede são feitos de resina e colocados nos paredões de forma estratégica para cada nível. Normalmente quem monta esses circuitos são os próprios professores das academias. Dentro delas, o aluno recebe todas as instruções para começar a escalada. O principal em qualquer escalada é a segurança, ou seja, cordas que suportam até 2,3 toneladas, mosquetões de aço, sapatilha, cadeirinha e pó de magnésio. Todo esse material é fornecido durante as aulas, não havendo nenhum custo de equipamentos. Mas é claro que se o aluno se tornar um bom praticante e quiser participar de eventos outdoor, ele terá que adquirir seu próprio equipamento. A escalada consiste em superar desafios, ir cada vez mais longe, além de melhorar muito a condição física. Muitos praticantes não consideram a escalada somente um esporte, mas também uma filosofia, religião e muitas outras coisas.

Foto Guilherme Barchik

Os paredões dos desafios e superações Para o praticante de escalada Diego D’avila, assim como na vida, cair faz parte do processo de aprendizagem. “Você não pode viver com medo da queda, assim como não se consegue escalar se ficar com medo de cair. Deve aceitar o risco da queda controlando o medo, não deixando que ela impeça de viver essa nova experiência na vida. É assim que se escala, e é assim que se deve viver. Esse foi um dos ‘insights’ mais reveladores da minha vida”. Quem quiser passar uma tarde muito divertida e gostosa pode escalar em uma das academias de Curitiba. Além de prazeroso a atividade física lhe trará boa saúde e bem-estar.

A escalada consiste em superar desafios, ir cada vez mais longe

Equipamentos e preços* CADEIRINHA CLÁSSICA

R$90,00 SAPATILHA ESCALADA

R$260,00 PÓ DE MAGNÉSIO 56G

R$19,00 MOSQUETÃO D AÇO 45KN TRAVA DE ROSCA

R$61,00 CORDA ESTÁTICA 11,5MM / METRO

R$6,90 O maior paredão de escalada da América do Sul está em Curitiba

* Os preços pesquisados podem variar para mais ou para menos.


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ESPECIAL

Zumbis invadem a Seman

A Semana de Comunicação 2012 do Uninter foi totalmente dif outubro, os alunos puderam se servir em um banquete com di Franciane Bubniak

22 a 26 de outubro

Leticia Mueller

Dia 22/10 (Segunda-feira) O professor e coordenador Paulo Negri abriu a Semana de Comunicação já com elogios aos alunos que criaram a campanha de divulgação do evento. Em seguida, o aluno Marcos Paulo Furlan apresentou o seu TCC, trabalho orientado pelo professor Marcelo de Oliveira e que lhe rendeu uma nota 10. O tema era “Criação de um website de e-commerce para curso de treinamento on-line”. Os jornalistas Rogério Galindo, da Gazeta Povo, e Nilson Monteiro deram continuidade ao evento com palestra sobre comunicação e política. Monteiro, que já trabalhou nos maiores veículos de comunicação paranaenses e nacionais e atualmente é assessor do governador Beto Richa, retomou um assunto que para muitos permanece um mistério: a época da ditadura militar no Brasil. Ele explicou como era difícil para os jornalistas fazerem seu trabalho em um cenário tão restrito pela censura e muitas vezes chegou a se emocionar. “A inteligência ficou proibida neste país, absolutamente proibida. O maior palavrão que eu aprendi na minha vida foi não. Tudo era permitido, menos pensar; vivíamos 24 horas com medo, nós éramos uma ameaça para o regime”. Monteiro falou ainda sobre o impacto da profissão do jornalista na vida das pessoas. Para ele, abolir a censura nos dias atuais também significa assumir que isso é do tamanho de nossa responsabilidade. Em relação ao diploma, Nilson é irredutível. “O diploma não dá direito a nada. Mais importante do que discutir sobre isso é discutir a qualidade das escolas de comunicação”. Em seguida, Rogério Galindo, repórter e colunista da Gazeta do Povo que assina o Blog Caixa Zero, fez uma abordagem geral sobre a profissão e disse que o que importa para um jornalista é saber pensar, e não saber operar “traquitanas”, como iPad, tablets, iPhones, entre outros. Ele aproveitou o momento para defender a política e afirmou que devemos sim nos preocupar com o tema para não sermos censurados, torturados e passarmos fome, pois se não Professor Paulo Negri, na abertura da Semana de Comunicação pensarmos nisso, outros vão pensar. “Nada substitui a política. Temos o direto de sermos bem informados, por causa da nossa liberdade, por causa da nossa vida”.

Foto: Claudia Bilobran

T

emas atuais pautaram toda a Semana de Comunicação do Uninter, ou melhor, a SacaSó, como ficou definido o nome do evento realizado anualmente pelos e para os alunos de Comunicação Social da instituição. Copa do Mundo no Brasil, censura na época da ditadura e na atualidade, imparcialidade no jornalismo, o papel dos blogueiros, incentivo do governo ao cinema foram alguns dos temas abordados e discutidos não só por professores da Instituição, mas também profissionais de fora convidados para ministrar as palestras, como o jornalista Dary Junior e o publicitário Roberto Souza. A campanha de divulgação procurou seguir uma linha inovadora, assim como os temas pautados durante a Semana. A equipe organizadora aproveitou a febre dos zumbis para chamar a atenção dos alunos e incentivá-los a participar das palestras. O grande destaque do evento ficou por conta do viés escolhido para tratar dos temas. Praticamente todos os palestrantes citaram pelo menos uma vez em seu discurso a novela, considerada fenômeno nacional, “Avenida Brasil”. Os jornalistas foram unânimes em afirmar que a discussão sobre o diploma e o uso das novas ferramentas tecnológicas é irrelevante se comparada com o domínio das técnicas jornalísticas e do conhecimento de uma forma geral, e os publicitários enfatizaram a importância de aproveitar este novo momento para caçar oportunidades. O evento também contou com uma gincana, que mesclou provas individuais e em grupo de habilidades práticas, de raciocínio e criatividade. Esta edição ainda contou com oficinas, debates, gincanas e shows de talentos. Os alunos que tiveram mais participações nas atividades também receberam a moeda “SacaSó” e foram premiados. Entenda as principais mudanças e os acontecimentos mais marcantes com os resumos de cada dia do evento.

Dia 23/10 (Terça-feira) Às 19h, a aluna Fernanda Rocha apresentou seu TCC sobre “Campanha de comunicação interna para os gestores do Hospital XV de Curitiba” e lembrou aos alunos que esse é um mercado amplo e que está sempre precisando de profissionais de comunicação. Às 19h15, começou a série de oficinas sobre os mais diversos assuntos. As inscrições eram gratuitas, mas deveriam ser feitas antecipadamente. O professor de Historia da Comunicação do Uninter, Otacílio Vaz, ministrou a “Oficina de Podcast”, como produzir material de comunicação via podcast”; o professor Paulo Negri falou sobre a desmistificação dos padrões de infância nos desenhos a mão livre; Profissionais da Rádio Mix deram a oficina sobre edição de rádio; o professor de Telejornalismo, Regis Rieger, ensinou sobre textos para a televisão – da pauta à edição de um texto para televisão”; Como elaborar textos no estilo crônica de forma criativa foi o tema tratado pelo professor Tomás Eon Barreiros e o engenheiro Klaus Stromberg falou sobre como montar uma apresentação de TCC no Prezi. Depois das oficinas, os alunos voltaram para o anfiteatro para assistir à palestra sobre direção e produção de cinema, com o produtor executivo, pesquisador cinematográfico e sócio da produtora independente Grafo Audiovisual, Antonio Júnior. Formado em Relações Públicas, ele tratou das dificuldades de se conseguir fazer do cinema a sua renda única, mas lembrou que a Grafo conquistou essa liberdade e, ao contrário da maioria das produtoras, pôde dispensar o serviço de publicidade para manter suas portas abertas. Ele também citou o curta “A Fábrica”, um dos mais premiados Antônio Junior: leis de na história do cinema brasileiro, e mostrou o trailer do mais novo longa de sua produtora, o “Circular”, em cartaz incentivo e cinema nos cinemas de Curitiba.


Número 23 – Outubro de 2012

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na de Comunicação

ferente dos anos anteriores. De 22 a 26 de iversos cérebros da área de comunicação.

Dia 24/10 (Quarta-feira)

Foto: Gabriel Eloi

A quarta-feira da Semana da Saca Só começou com a apresentação da ex- aluna Tais Micheli, que falou sobre o seu TCC, intitulado a “Atuação das Marcas nos Blogs”. Logo em seguida, Luiz Juk, editor de saúde do jornal Indústria & Comércio falou sobre comunicação na área da saúde, focado principalmente na relação da redação com as assessorias de imprensa da área médica. Ele também enfatizou a importância de se falar de prevenção nas mídias sociais e sobre os cuidados que os publicitários devem ter ao trabalhar com remédios. “Assegurar resultados, como afirmar que tal medicamento melhora, resolve, é proibido”. Juk ainda aconselhou os alunos a fugirem do famoso “CTRL C + CTRL V” e a irem diretamente na fonte de informação, com olho no olho. “Não é aconselhável mandar questionário, porque você nunca sabe quem está respondendo e, logo, você não se relaciona”. Para ele, quem for mais competente, estiver mais atualizado, falar mais de um idioma, dominar bem as regras formais do português, é quem vai se destacar, mas ressalta que os futuros comunicadores podem ficar tranquilos porque há mercado para todos. A outra palestra do dia foi sobre “Televisão: Audiência x Conteúdo”, com o renomado jornalista Dary Junior, que acumula mais de 25 anos de experiência na área. Ele começou falando sobre os blogs de jornalistas famosos e alertou os alunos. “É preciso antes de mais nada saber com quem você está lidando”. Segundo ele, as informações podem estar contaminadas e conhecer a fonte é essencial para não passar uma notícia errada. Outro ponto muito abordado pelo palestrante foi o fato de que quem define a pauta que vai para o ar não é mais apenas o editor, o patrocinador ou o dono da emissora, mas o próprio público. “Viramos reféns da audiência e dançamos conforme sua música”. Hoje, o sucesso de uma matéria é baseado nos pontos de audiência. Com o advento da aferição do Ibope, perde-se o bom conteúdo em bons programas, como o Globo Repórter, hoje limitado a temas como natureza e saúde, afirma Dary Junior. E aconselhou: “A TV precisa estar um degrau acima do público, e é preciso fugir do apelo popular”. Para o palestrante, um dos grandes erros atuais dos programas jornalísticos é justamente o conteúdo. Os jornalistas prezam muito pela boa imagem, a tecnologia e a espetacularização, mas esquecem de oferecer informações relevantes e com qualidade. “O novo senso comum das redações é repetir aquilo que provocou audiência”, afirmou o jornalista. Dary Junior, repórter da Rede Massa.

Os jornalistas Nilson Monteiro e Rogério Galindo falaram sobre jornalismo político, tendo o professor Roberto Nicolato como mediador

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ESPECIAL Dia 27/10 (Quinta-feira) Vicente, em contrapartida, falou sobre a postura extremista do público. “Quem acompanha jornalismo esportivo é mais fiel, e também mais ignorante. O leitor coloca o time acima de tudo. O que mais recebemos é e-mail de torcedor do Coxa falando que somos atleticanos e vice-versa ”. Ele ainda falou sobre os conhecimentos que o jornalista esportivo deve ter e alertou que o futebol exige um conhecimento aprofundado. “O futebol vai muito além do que rola no gramado. Se quiser seguir nessa área, é bom levar essa visão diferente para não ser tão bitolado”. O jornalista, que foi um dos enviados especiais da Gazeta do Povo na cobertura da Olimpíada de Londres, comentou também que quando foi cobrir o evento teve que falar sobre a recessão no Reino Unido e os cuidados com a segurança no local.

Fotos: Gabriel Eloi

O TCC “HQtrônica Literária: Adaptação do conto ‘A Cartomante’ de Machado de Assis Para o Formato Hqtronica”, de Leandro Dallazuanna, abriu a quinta-feira da Semana de Comunicação Saca Só. Em seguida, o assunto abordado foi Jornalismo Esportivo, com os palestrantes Leonardo Mendes Junior e Marcos Xavier Vicente. Ambos começaram o discurso desmistificando a ideia de que jornalista esportivo não faz jornalismo de verdade. “O jornalista deve entender um mínimo de tudo, desde medicina esportiva, direito, legislação com investimento público, etc.”, lembrou Mendes. Ele afirma que a diferença do assunto esportivo para os outros é que esse é um tema que lida muito com a paixão. “O público que lê o caderno lê com paixão, enquanto pra gente é trabalho”.

Marcos Xavier Vicente, professor Tomás Barreiros e Leonardo Mendes Junior, no debate sobre jornalismo esportivo

No último dia da SacaSó, a palestra foi de Roberto Souza (Bob), da Joy Comunicação. O publicitário falou sobre redes sociais e deu dicas de como mantê-las, além dos cuidados necessários que uma empresa deve ter na rede. Bob também falou da importância de manter os perfis pessoais das redes sociais bem atualizados, com informações corretas e verídicas, já que muitas empresas de RH checam a vida on-line dos candidatos a empregos. Ele também citou a importância de uma boa assessoria de imprensa junto às empresas, para gerenciamento de crises. Segundo ele, “jornalistas são os maiores inimigos dos advogados, mas os melhores amigos das crises”. Para finalizar a Semana, aconteceu o show de talentos com os vencedores de cada dia e a premiação dos melhores. A apresentação dos professores Jack Holmer e Otacílio Vaz fez todos os espectadores cantarem. Os seguintes alunos se destacaram no show de talentos e foram premiados: Vinícius Camilo (bolsa de francês), Aryadne, Carla e Luana (Book Fotográfico com Hamilton Zambianchi), Vinicius Duare (bolsa de inglês). A semana terminou com a participação especial dos professores Jack Holmer e OtacÌlio Vaz, que cantaram Legião Urbana.

Foto: Gabriel Eloi

Dia 26/10 (Sexta-feira)


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COMPORTAMENTO

Andarilhas, feiticeiras, artistas... Elas se destacam na Praça Rui Barbosa e vivem pela sorte dos desconhecidos curiosos Emanuelle Buerger

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uem passa pela Praça Rui Barbosa logo as identifica. Saias coloridas e compridas, sorrisos com dentes encapados de ouro, brincos e pulseiras, pés descalços. Já virou rotina para quem passa por lá ser abordado insistentemente pelas ciganas para ter a sua sorte lida. É assim que elas ganham a vida, desvendando os mistérios escondidos nas palmas da mão. As tradições ciganas são cheias de crenças e lendas de diversas culturas. As danças, as festas alegres, a música, o uso do ouro como bem de consumo e todos os costumes que fazem sua identidade cultural correm o risco de extinção. Estão se perdendo o conhecimento da língua cigana e o uso de ervas, cristais e banhos como técnicas terapêuticas alternativas e naturais. Tradições presentes em famílias ciganas há séculos, passando de geração em geração, vêm sendo desaparecendo com o tempo. Uma situação irreversível em alguns casos. Característica marcante dos ciganos são as mulheres que usam a quiromancia (leitura das mãos) para prever o futuro de seus clientes. A crença virou parte de sua cultura. Outra forma de prever o futuro é pelas cartas do tarô. Para a lojista Renata Albuquerque, as ciganas presentes na praça são extremamente desagradáveis: “Eu não acredito que elas possuam esse dom de prever o futuro. Além disso, ficam nas ruas incomodando os que passam,” reclama. Já o estudante universitário Fagner de Oliveira, no entanto, é mais condescendente: “É o artifí-

cio que elas adotam para ganhar dinheiro, assim como os pedintes de sinaleiros, que usam malabarismos e outras formas de ganhar alguns trocados. Mas não acredito nessa ou em qualquer outra forma de previsão de futuro. Acho que abusam da boa fé de algumas pessoas que acreditam mesmo que seu futuro está escrito nas palmas de suas mãos.” As ciganas se defendem: “É uma tradição presente em nossa família. Desde pequenas, aprendemos os costumes e os seguimos. Se o povo ainda nos estranha, tem medo, não podemos fazer nada, é nosso modo de vida,” afirma a cigana Cristal. Segundo o despachante Marcelo Felício, “as ciganas são pessoas que se dizem sensitivas, que têm o dom de prever o futuro das pessoas pelos traços das mãos. Não só na Rui Barbosa, como em outras praças e na cidade, há pessoas com esse dom de leitura.” Ele conta que foi abordado algumas vezes, mas apenas agradeceu e seguiu em frente. Quanto a elas continuarem na praça abordando as pessoas, não vê problema algum, “pois a decisão é de cada um,” justifica. Uma tradição ainda viva entre as ciganas são os casamentos arranjados de adolescentes, acertados entre as famílias. A mulher cigana virgem se casa cedo, antes dos 20 anos. Para eles, o amor está em segundo plano e vem com o tempo, após o casamento. A família é essencial, é o valor mais importante. “Quando uma filha se casa, ela passa a ser parte da família do noivo, passa a adotar as normas da

O povo que não respeita seu passado e seu futuro não existe. cigana Iolanda família de seu marido. Hoje, a maior virtude que um pai pode ter é casar sua filha virgem, é mostrar a sua virgindade. Temos uma cerimônia, no terceiro dia de festas do casamento, em que o pai mostra o lençol manchado com sangue da virgindade da filha,” relata a cigana Salomé. Sem endereço fixo, documentos, direito ao voto, à bolsa família, a escolaridade e a saúde pública, é como se os ciganos não existissem. A sociedade ainda carrega o preconceito, a indiferença, a ignorância e o medo de um povo que existe há séculos, com uma história misteriosa e cheia de suposições. Estima-se que hoje existam 15 milhões de ciganos espalhados pelo mundo. No Brasil, são cerca de 800 mil a um milhão. No Paraná, perto de três mil. Segundo dados do censo do IBGE de 2010, 90% são analfabetos. Isso se deve ao fato de a maioria ser nômade, o que dificulta a continuidade nos estudos. “Mulher antigamente não ia para a escola. A maioria de nós, adultas, não somos alfabetizadas. Podemos frequentar uma escola, mas sem perdermos as raízes de nosso povo. O povo que não respeita seu passado e seu futuro não existe,” argumenta a cigana Iolanda.

Fotos: Emanuelle Buerger

Ciganas e seus mistérios pelo centro da capital paranaense


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CULTURA

Imaginação no banco da praça Foto: Claudia Bilobran

Livro viajante, de mão em mão, para revelar muitas histórias Ana Luiza Cordeiro

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Para saber mais

Livro no banco da praça: o próximo escolhido pode ser você.

pessoa e esquecido novamente, somando assim mais histórias do que jamais caberiam em suas páginas. Mas a surpresa foi muito mais encantadora. A audácia daquele pequeno livro solto em meio à praça, carregando muito mais história do que seus outros exemplares. Assim o fiz, carreguei-o nas mãos ciente de que aquilo sim era uma bela história.” Ah, mas como são belos esses momentos meio torpes que a vida proporciona. Há quem goste de ler e há quem goste de livros. Os leitores leem tudo, revistas, colunas, jornais, panfletos. Os amantes de livros mergulham em uma biblioteca em êxtase, afogam-se entre páginas, absorvem as palavras, respiram as histórias. E vejam só, Aline, que sempre escolheu, como a grande maioria, os livros que lê, desta vez foi escolhida. Naquele dia, no meio do centro de Curitiba, o pequeno “Trem-bala”, de capa verde, a escolheu, chamou e ela ouviu. “Li. Mas antes me apaixonei por ele. Sim, antes mesmo de lê-lo me entreguei. Assim como as paixões que começam com olhares misteriosos, eu me apaixonei

pela história do livro. Me apaixonei pelos seus leitores passados, mesmo sem saber nada mais do que suas iniciais. Me apaixonei pelo encantamento de ser personagem desta história”. E, assim como se acha um livro num lugar sem pretensões de achá-lo, perdê-lo deve ser totalmente pretensioso. Afinal, quantas vezes podemos perder uma grande história que nos escolheu? Então, onde mais há de se es-

quecer um livro senão em uma biblioteca? Recostando o audacioso trem-bala na escadaria da Biblioteca Pública, Aline se despediu de seu grande achado, para que ele escolhesse o próximo leitor, o próximo fascinado, o próximo desatento. Pois é assim que se tropeça em histórias. Andando com a mente mais aberta do que os olhos, você não acha as boas histórias, elas acham você. Foto: Ana Luiza Cordeiro

uem anda no centro de Curitiba buscando grandes fatos, corre o risco de passar desapercebido por dezenas de histórias e personagens fascinantes que habitam e tecem pedaços de uma Curitiba que poucos conhecem. É andando com a mente mais aberta do que os olhos, que podemos tropeçar em maravilhosas histórias. Esta história começa na Praça Osório, centro de Curitiba, e tem como personagem principal ‘’Trem-bala’’, livro de Martha Medeiros. Parecia esquecido. Ali, no cantinho do banco da praça. Discreto, quase imperceptível. Sozinho na imensidão da praça, ignorado pela agitação da vida, Um ou outro olhar o encontrava, mas ninguém teve a coragem ou curiosidade de resgatar aquele livro. Assim começa uma descoberta apaixonante de Aline Maria. Chame de frieza curitibana, mas há quem diga que é educação de não mexer no que não lhe pertence. Seja como for, o pequeno viajante continuou repousando no canto do banco. Sem sequer um olhar mais curioso, nem pretensão de resgate. Após alguns outros olhares despretensiosos e desinteressados ao pequeno livro, Aline cedeu à curiosidade de chegar mais perto, abri-lo, resgatá-lo. “Me sentei no banco receosa, prestes a ser interrompida pelo dono do livro. Mas não, nada aconteceu. Peguei o pequeno emaranhado de histórias nas mãos procurando algum motivo para o terem deixado ali, mas aparentemente não havia páginas rasgadas, nem defeitos visíveis. Eis a surpresa: dentro um pequeno bilhete que trazia oito nomes e, logo embaixo: “Sou um livro viajante. Leia-me, marque seu nome e me esqueça’’. Ela Já tinha ouvido falar de algum movimento deste gênero – um livro esquecido em um lugar público para ser lido por outra

Andando com a mente mais aberta do que os olhos é que podemos tropeçar em maravilhosas histórias.

O movimento de deixar um livro em local público surgiu nos Estados Unidos, em 2001, criado por Ron Hornbaker. A ideia principal é transformar o mundo numa grande biblioteca. Compartilhando os livros, as histórias e os leitores também. Você registra seu livro num dos portais participantes, perde-o em um local público, e deixa para que outra pessoa encontre-o. Achou um livro? Registre-o! Marque a história dele. Alguns livros têm os nomes de seus leitores marcados na contra-capa. Outros têm a história registrada nos portais online. Vale a pena procurar. Além de registrar seu livro, você pode acomanhar por onde ele tem passado. Cada vez que alguém registra o código do livro no site do Movimento, é feito um rastreamento. Seu livro pode viajar o país, ou quem sabe o mundo todo!

Principais portais do movimento Bookcrossing Brasil - http:// www.bookcrossing.com.br/ Bookcrissing Internacional - http://www.bookcrossing. com/ Livr.us - http://www.livr.us

Mensagem escrita na contracapa do livro “Trem-Bala”


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CULTURA Claudia Bilobran

Uma breve homenagem a Gilda, a famosa beijoqueira da Boca Maldita Como toda metrópole, Curitiba tem seus personagens extravagantes. Há quem venha somente para tirar uma foto com o Oil Man ou passar em frente à casa do vampiro, o escritor Dalton Trevisan. E todo turista que se preze passa pela rua XV e pela Boca Maldita, ali entre o Bondinho e a Praça Osório, palco de grandes acontecimentos, desde manifestações fervorosas até o transito livre das excêntricas e inusitadas personagens da cidade. Na segunda metade da década de 70 e início dos anos 80 surgiu Gilda, a rainha beijoqueira da Boca Maldita. Considerado o primeiro travesti conhecido de Curitiba, Rubens Aparecido Rinke, ganhou muitas moedinhas, roubou beijinhos e fez muita folia desfilando pela região central da cidade, usando seu batom e maquiagem, quebrando os tons de cinza da capital paranaense. Seu estilo de vida livre e alegre não agradava a todos, mas isso não importava. Fazia muitos amigos que se divertiam com sua liberdade de transitar, fazer brincadeiras e viver do modo que lhe conviesse. Gilda era mais que um simples personagem de rua, era uma verdadeira pedra no sapato da sociedade curitibana da época, recatada e provinciana. Vale muito a pena ver o documentário sobre Gilda dirigido por Yanko del Pino, que entrevista pessoas da época.

Las Bibas de Vizcaya Las Bibas de Vizcaya é Marisa Touch-Fine e Dolores (Ambas são o alter ego do DJ George M.), que depois de 16 anos vivendo entre Barcelona, Londres e Amsterdam volta ao Brasil. Envolvido com música eletrônica há mais de dez anos, e também produzindo remixes e bootlegs de seus amigos e companheiros de DJ, a idéia por trás, de Las Bibas de Vizcaya é se divertir, não importa como. A música é uma mistura de electro, house, tribal, funk e pop, criando baladas especialmente para a pista de dança. Las Bibas de Vizcaya já lançou uma série de singles e remixes sempre utilizando a Internet como principal canal de distribuição de seus produtos. Um dos pontos altos de Las Bibas é o humor escrachado usado juntamente com http://lasbibasfromvizcaya.podomatic.com/ música e imagens. Para a divulgação do último trabalho, LBFV fez uma paródia da minissérie Gabriela Cravo e Canela, que acabou dando tão certo que rendeu sete episódios. Vale ótimas risadas. Confira Gaybriela, Trava e boneca: https://vimeo.com/lbfv/videos

http://www.youtube.com/watch?v=H9PwgxAtKLI

Crônica Adoro segunda feira Débora Abrahão

Ilustração: Gabriel Elói

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dia que mais gosto da semana é sem dúvida segunda-feira! Tudo bem que esse dia não tem o frescor de liberdade da sexta e que “todo mundo espera alguma coisa de um sábado a noite”. Mas aí já é concorrência desleal. Estou falando aqui daqueles dias que entram nas 40 horas semanais do trabalhador, os “úteis”. Entre eles o melhor com certeza é a segunda. Melhor, a manhã de segunda. Mesmo sendo um dia tão la-

mentado a segunda é o dia da esperança. As dietas começam na segunda. Aposto que a maioria dos fumantes que deixou o cigarro fez isso em uma segunda-feira. Há alguns dias notei que os astros sempre são favoráveis nesses dias. Também notei que, como eu, muitas pessoas só lêem horóscopos na segunda-feira. Esse é aquele dia em que a sensação de que tudo vai dar certo ainda não foi abalada. Você ainda não descobriu que os planos da sua chefe foram frustrados pela chuva e por um final de semana cinza. E o pior, que isso irá deixa–la até quinta com um péssimo humor.

O primeiro dia útil da semana é o melhor para trocar novidades com os colegas de trabalho ou de estudos. Sem contar, é claro, que as manhãs de segunda em Curitiba geralmente são de sol. Ótimas para ler textos recheados de abobrinhas. Como este aqui. Enfim, gostem ou não das segundas, elas inevitavelmente chegam. Nesse caso o melhor mesmo é começar a semana com bom humor e disposição. Sem esquecer de que a magia da coisa toda está em nunca saber que surpresas podem acontecer na terça


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ENSAIO FOTOGRÁFICO

O vírus que contaminou o curso de Comunicação Gabriel Eloi

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Centro Universitário Uninter foi invadido durante os dias 22 e 26 de outubro por um vírus chamado “SacaSó”, a terceira edição da Semana de Comunicação. Durante o evento foram realizadas várias palestras, gincanas e oficinas. Alunos formaram equipes e fizeram diversas tarefas para ganharam os “SacaSós”, que valeram pontos. A equipe ou aluno que arrecadou o maior número de pontos ganhou um prêmio. Estava valendo tudo: participar das palestras, interagir com os convidados, contar piadas, fazer uma paródia musical, dançar e até se vestir com um modelo de sucata. A equipe do sexto período de Jornalismo fez a cobertura da Semana de Comunicação, orientada pela professora Josiany Vieira Stromberg, na disciplina de Assessoria de Imprensa. Vários momentos da SacaSó 2012 foram registrados. Confira!

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