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págs. 6 e 7

Por uma internet livre

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER – ANO IV – NÚMERO 33 – CURITIBA, DEZEMBRO DE 2013

O contador de histórias Jornalista, filósofo e cronista. José Carlos Fernandes conta sua trajetória. pág.3

Educação infantil

SACASÓ

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Semana de comunicação agita o Centro Universitário Uninter e Ceará é o grande homenageado.

Psicólogos dão dicas de como educar os filhos. O segredo está no diálogo.

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OPINIÃO

Vamos tomar uns goles?

Ao Leitor

Wikimedia Commons

Na terceira página da edição 33 do jornal Marco Zero você vai encontrar uma entrevista com José Carlos Fernandes, jornalista que se dedica a “encontrar a dobra da vida do personagem” e que é colunista da Gazeta do Povo. Na segunda reportagem da série sobre jornalistas, na página 4, o assunto é a carteira de identificação dos profissionais, que pode ser usada no lugar da identidade. A reportagem das páginas centrais desta edição (6 e 7) explica o Marco Civil da Internet, projeto que está em tramitação no Congresso Nacional e que pode mudar a maneira como a internet funciona em todo o mundo. O blogueiro Sérgio Bertoni fala sobre os principais pontos da lei e o que devemos fazer para ajudar a internet a continuar livre. Leia também crônica sobre a Boca Maldita e o que está fazendo sucesso na internet na página 11. Boa leitura!

Jennifer Pulcinelli

Qual sua opinião sobre o barulho no centro de Curitiba?

Agentes do governo norte-americano no ato de confiscar e descartar bebidas clandestinas (Chicago, 1921).

Equipe Marco Zero

Letícia Mueller

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Na Praça Tiradentes, bem em frente à Catedral, está o Marco Zero de Curitiba, que oficialmente é tido como o local onde nasceu a cidade, além de ser o ponto de marcação de medidas de distâncias de Curitiba em relação a outros municípios. Ao jornal Marco Zero foi concedido este nome, por conter notícias e reportagens voltadas para o público da região central da capital paranaense.

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esde 30 de janeiro desse ano, a tolerância é zero no consumo de álcool para quem for dirigir. Uma gota já é passível de infração. A intenção da mudança na Lei Seca era justamente diminuir o número de acidentes de trânsito no Brasil, porque o que parece acontecer é que impor limites já não basta, ainda mais quando se trata do álcool. Em junho, uma campanha promovida pela Prefeitura de Curitiba, cujo lema era “Lei Seca. Vai Pegar”, apertou ainda mais o cerco para os beberrões. O foco da campanha é alertar sobre o quanto a combinação beber e dirigir pode ser prejudicial, causando acidentes e mortes. Diversos bares estão criando ações para contribuir para um trânsito mais seguro, distribuindo vale-táxis e descontos para o motorista da vez que não bebe. Afinal, sem essas ações em prol do “Saia Sem Beber”, provando que existem diversas vantagens em ficar só na água de coco, os bares

correriam grande risco de darem uma boa esvaziada. Ficar só em um copo de cerveja está cada vez mais difícil entre os jovens, que se sentem na obrigação de saber beber para se mostrarem adultos. É a tal da maturidade etílica. O mais cool da turma é aquele que bebe, bebe e bebe e não aparenta estar bêbado. É justamente aí que mora o perigo. Existe uma síndrome de super-homem entre os jovens que acreditam permanecer sãos após uma noite de bebedeira e, por isso, não têm medo em arriscar voltar dirigindo para casa. O resultado a gente vê nas trágicas estatísticas. No ano passado, 268 pessoas morreram no trânsito de Curitiba e, segundo um estudo feito pelo Instituto Médico Legal (IML), quase metade das vítimas fatais tinha altos índices de álcool no sangue. O fato é que uma noite com os amigos não regada a álcool parece cada vez mais improvável. Os convites são, na maior parte das vezes, justamente para beber. “Vamos tomar uns goles hoje?” O que está por trás dessa frase é justamente todo o mito que reveste uma gar-

O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Uninter Coordenador do Curso de Jornalismo: Nívea Canalli Bona Professor responsável: Roberto Nicolato

rafa de cerveja: o álcool serve para socializar e as pessoas não gostam de beber sozinhas, acompanhadas somente de si mesmas. Esse pode, portanto, ser muito mais um convite-desculpa para apreciar uns drinks do que uma vontade de realmente estar com os amigos.

O fato é que uma noite com os amigos não regada a álcool parece cada vez mais improvável Louvado é aquele que ainda consegue apreciar um bom copo de Jack Daniel’s com duas pedras de gelo sentado no conforto da sua casa, sozinho, só sentindo o gostinho doce e forte da bebida quente. Longe de todos os holofotes, o apreciador do whiskey pode ser um bom candidato a começar uma nova moda do sair-para-beber-suco, porque a sua pequena dose de álcool, aquela feita para degustar, e não para embebedar, dá para tomar em casa, sem problemas, sem tabus.

Diagramação: Cíntia Silva e Letícia Ferreira

Uninter Campus Tiradentes Rua Saldanha Marinho, 131

Projeto Gráfico: Cíntia Silva e Letícia Ferreira

E-mail comunicacaosocial@grupouninter.com.br

Telefones 2102-3336 e 2102-3377

Conforme pesquisa realizada pelo professor e doutor Paulo Zanin da Universidade Federal do Paraná, com 860 pessoas, na cidade de Curitiba no ano de 2002, os principais barulhos apontados pelos entrevistados, como pertubadores do sossego, foram trânsito (automóveis, caminhões, buzina, etc) e a vizinhança (vizinhos, animais, construção civil, templos religiosos, danceterias). O resultado da exposição ao barulho, segundo esse mesmo estudo, foi irritabilidade, dificuldade de concentração, distúrbio do sono e dores de cabeça, além de lentamente nos casos mais graves irem causando distúrbio mentais e psicológicos e estresse. “O conjunto de informações de diversos estabelecimentos misturados através de músicas e Kelly Hirata, 27 anúncios com anos, gerente o som do trânfinanceiro sito tira a minha concentração, e me distrai. Isso é ruim quando eu estou dirigindo. E o som muito alto também me traz um desconforto pessoal.” “ A poluição sonora sempre irrita, atrapalha principalmente a comunicação e a concentraTatiane Pulcição. Hoje pra nelli, 38 anos, trabalhar no secretária centro de Curitiba, só se estiver em um ambiente fechado para todos se ouvirem bem.” “O barulho incomoda muito, principalmente de noite. Acredito que deveKelvin Pereira, ria ter políticas 21 anos, de fiscalização vendedor noturna para que a lei do silêncio fosse realmente respeitada em Curitiba.”


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PERFIL

O extraordinário no meio do ordinário José Carlos Fernandes, o jornalista que encontra a dobra da vida do personagem

Todos têm uma dobra na vida, aquele momento onde foi chamado para viver algo especial José Carlos Fernandes, jornalista

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lha da Madeira, Portugal. É nesse cenário que nasce uma contadora de histórias, que passa seus dias vendo pessoas partirem e visitantes chegarem. A contadora de histórias vive assim, contando as histórias dos que foram e descobrindo a dos que chegam. Ela tem um dom: enxergar a grandeza nas coisas pequenas. Ela tem uma filha, que não tem esse dom, mas é uma rezadora. “Ela reza pelas pessoas, vai pondo as histórias dentro da bíblia dela e falando direto com Deus e pedindo pelas pessoas. É como se escrevesse uma história dentro daquela bíblia, pois em cada página que você abre tem um papelzinho escrito: ‘rezar pela Odete que perdeu o emprego e era perseguida pelo patrão, rezar pela Juliana que terminou com o namorado’”. A revelação é feito pelo neto da contadora de histórias, filho da rezadeira, José Carlos Fernandes, jornalista que tem o dom de encontrar o extraordinário no meio do ordinário. José Carlos Fernandes é repórter especial e colunista na Gazeta do Povo. Nascido e criado em Curitiba, tem 49 anos e muita coisa para contar. Aos 13 anos, foi para o seminário, onde dizem para ele, que ele tem o talento para a comunicação. “No seminário éramos estimulados a descobrir que profissão poderíamos seguir. Nós fazíamos um jornal mural e eu adorava participar. Fiz durante muitos anos, então os meus companheiros começaram a me dizer que eu devia fazer jornalismo”. Fernandes passou 13 anos no seminário, quando decidiu pedir uma dispensa temporária e fazer jornalismo para adiantar a vida. Ele nunca mais voltaria para aquela instituição. “Eu acabei fazendo jornalismo mais pela escolha dos colegas do que por mim, pois eu achava que não tinha perfil para a profissão. Não tinha a agressividade que um jornalista deveria ter, aquela sede pela investigação. Comecei a trabalhar na Gazeta antes de me formar, e acabei indo para o caderno de cultura,

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onde essa agressividade não era muito necessária. Fiquei no Caderno G durante 13 anos”. Alguns anos depois, quando escrevia o prefácio da dissertação de mestrado, Fernandes se lembrou de algo que mudou a sua forma de ver o jornalismo. “Meu pai foi jornaleiro por muitos anos e, do jeito dele, sempre foi muito interessado nas pessoas. Ele procurava saber o que o público queria, e isso acabou marcando, pra mim, uma identidade dentro do jornalismo, que é esse interesse pelo público. Quem é a pessoa do outro lado? Como ele recebe o jornal? Como ela lê o jornal? Em que circunstâncias?”. A recepção do público acabou se tornando algo que move o jornalista, sempre interessado na pessoa do outro lado e, assim, Fernandes encontrou uma paixão

dentro do jornalismo. Além de se dedicar ao trabalho no jornalismo diário, Zeca, como é chamado pelos amigos na redação, encontrou no magistério uma forma de se salvar de sua primeira profissão. “Eu passava o dia todo na redação. Quando percebi que estava saindo daqui todos os dias às 10 da noite, sempre atrás de mais uma fonte, decidi que tinha de arrumar um novo emprego para me salvar do jornalismo, e foi aí que me tornei professor”. Fernandes é professor na Universidade Federal do Paraná. Formado também em Belas Artes e Filosofia, o jornalista viu na sala de aula uma forma de se sentir ajudando outras pessoas. “Eu passei os 13 anos importantes pra mim sonhando em uma vida religiosa, e trabalhando no caderno eu me sentia fazendo o bem. Mas querendo ou não, você acaba falando mais pra uma elite pensante, então dar aula era uma forma de continuar um pouco aquela história que tinha ficado recalcada lá atrás”. Agora, Fernandes já não consegue mais imaginar sua vida sem dar aulas e conta que não saberia decidir se por acaso tivesse que escolher entre a sala de aula e a redação. “Eu gosto muito de dar aula, de ensinar e aprender com os alunos, mas também gosto dessa vida que o jornalismo diário me dá, de conhecer uma pessoa nova todos os dias.” Mas como nem tudo é perfeito, as aulas acabaram tirando a mobilidade da vida de Zeca. “As aulas acabam me limitando muito, o máximo que eu vou é até Mandirituba e volto porque eu não posso faltar na universidade. Então isso acabou me ensinando a olhar para o espaço que me é possível, olhar para o que está em volta sem pensar no que está longe”. Talvez o fato de ter se habituado a olhar mais para o local, tenha sido um influenciador em um projeto que Fernandes toca na Gazeta do Povo, que é uma coluna semanal, um misto de crônica e perfil, sobre os personagens de Curitiba.

A invenção do cotidiano Desde 2008, Fernandes decidiu mudar sua rotina no jornalismo, uma vez que deixou o caderno cultural em segundo plano e começou a se dedicar a uma coluna. “O inspirador da coluna é o Michel de Certeau, antropólogo francês que escreveu ‘A invenção do cotidiano’. Lá ele escreve: ‘nesse momento alguém está pintando um móvel de vermelho, nesse momento alguém está batendo na porta de um vizinho, alguém esta inventado algo’. Essas são as pequenas revoluções que surgem no cotidiano e isso que eu acho legal revelar para o leitor, ou seja, que existe alguém criativo na vida comum, e que está fazendo algo de extraordinário. É isso que eu busco, mostrar esse extraordinário no meio do ordinário”. Durante esses cinco anos em que a coluna foi publicada, Fernandes já recebeu os mais variados tipos de recepção, desde cartas e e-mails elogiando os textos, até ligações de pessoas querendo a cabeça do jornalista em uma bandeja. Foi o que aconteceu quando o texto ‘As gurias do Caça Marido’ foi publicado. O texto conta um pouco da trajetória das alunas do Caça Maridos, consideradas as mais rebeldes e as mais bonitas de Curitiba. Fernandes achava que estava fazendo um elogio às meninas, mas elas não receberam o texto dessa forma. “Uma senhora me ligou dizendo que o marido dela teve que convencê-la que aquilo era um elogio, porque ela não se via mais naquele papel, mas eu só fui entender isso um tempo depois, lendo um texto da Danuza Leão dizendo que mulheres casadas não têm passado. Aquelas meninas hoje já são mães, e talvez elas não queiram que as filhas leiam aquilo”. Já em textos como “Manual de leitura no ônibus”, o jornalista recebeu vários e-mails comentando sobre experiências pessoais de leitura no coletivo. “Eu gosto, fico triste quando as pessoas não reagem ao texto, mas eu entendo que de vez em quando o leitor não se identifica com o personagem, então ele não tem muito o que dizer. Eu tenho uma interpretação livre disso, eu acredito que o leitor só responde nos casos onde ele sabe que pode opinar, ou que ele pode influenciar”. Um exemplo disso foi um texto sobre as casas de madeira, quando vários leitores mandaram e-mails sobre as residências que mais gostavam em Curitiba e alertavam para aquelas que poderiam ser demolidas. “O leitor não é insensível, quando ele sente que pode mudar algo, ele tenta”. Em relação à escolha dos personagens, Fernandes tem um critério. “Eu fujo do exótico. O jornalismo de personagem tem uma tradição em trabalhar com o exótico, mas eu acho isso muito circo. Por exemplo, eu não escrevo sobre o Oil Man por ele ser exótico, os meus leitores não se enxergam nele. Eu procuro personagens que possam servir como espelho para o leitor, personagens onde o leitor possa se ver”. O jornalista acredita que todas as pessoas, por mais comum que elas sejam, têm uma coisa legal para contar, têm uma dobra na vida. “É aquele modelo do Joseph Campbell, a jornada do herói. Todos têm uma dobra na vida, aquele momento onde ela foi chamada para viver algo especial.” José Carlos Fernandes é assim: tem no DNA o dom de contar histórias, de encontrar dobras em vidas, de enxergar grandes feitos em pequenas histórias enfim o extraordinário do meio do ordinário. Para saber mais dos textos do José Carlos Fernandes é só entrar no site www.gazetadopovo.com.br e acessar a seção dos colunistas.


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Carteira de Jornalista, sua nova identidade O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná explica o que é necessário para obter o documento, e fala sobre prêmios e eventos promovidos pela entidade

Prêmios e eventos Qualquer estudante de jornalismo que realize atividades profissionais na faculdade, pode inscrever seus trabalhos nos

Divulgação

O desprestígio com a profissão

Guilherme Carvalho, presidente do Sindijor-PR mais altos está Alagoas, Paraná e São Paulo, numa faixa de R$ 2, 6 mil. Em alguns estados, o piso não está definido, como Bahia, Amazonas e Mato Grosso do Sul. Mais informações podem ser obtidas no site sindijorpr.org.br.

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carteira de jornalista deve ser obtida pelo profissional que acabou de se formar. Apresentou o TCC, foi aprovado, pegou o certificado, corre para o sindicato, levando consigo o diploma, carteira de trabalho, documentos e duas fotos 3X4 e pede para fazer a carteirinha nacional da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). Há também a carteira internacional da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), caso você pretenda trabalhar no exterior. Para quem é sindicalizado, a carteirinha é muito mais barata, e com muitas vantagens. Guilherme Carvalho, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor), diz que para quem não é sindicalizado, custa em torno de R$ 300,00, mas para quem se filiou ao sindicato, fica em média em torno de R$ 80,00. A carteira de jornalista vale como identidade, pois você pode ir em qualquer lugar e apresentá-la como forma de identificação (no momento para a foto dessa reportagem, Carvalho apresenta a sua carteira de jornalista, azul, com marca d’água, foto e o símbolo da Fenaj).

A carteira de jornalista vale como identidade. Você pode ir em qualquer lugar e apresentá-la como forma de identificação

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prêmios que o sindicato oferece. É uma forma de mostrar e valorizar o trabalho feito na instituição e de, também, unir as classes numa grande confraternização. O Prêmio Sangue Novo, por exemplo, que já está na sua 18a edição, e se tornou uma premiação valorizada no mercado de trabalho, ou seja, uma forma de enriquecer o seu currículo profissional durante a universidade. O sindicato também realiza campeonatos esportivos, como futsal masculino e feminino de jornalistas. Sempre termina com churrasco, para uma confraternização e comemoração do fim do torneio. Mas essas ações não são o principal motivo do sindicato. Não são atividades fim do SindiJor. Para Guilherme Carvalho, a principal atividade da entidade, é a defesa dos interesses da categoria, no que se confere aos direitos trabalhistas, à qualidade de vida, o respeito à jornada de cinco horas (sim, jornalista tem o direito de trabalhar cinco horas diárias) e o respeito mínimo ao piso salarial, que é um dos maiores pisos do país. De acordo com o site da Fenaj (www.fenaj.org. br), o piso salarial mais baixo está no estado do Rio de Janeiro (R$ 893,97 para o repórter com carga horária de cinco horas); entre os

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De acordo com site de notícias do Sindijor/PR, a Rede Bandeirantes de Televisão sofreu várias denúncias da irregularidade dos salários dos repórteres cinematográficos, que foram contratados como operadores de câmera para que a empresa não precisasse pagar o que é de direito previsto pela CLT. No dia 25 de abril, a Band enviou um comunicado para o sindicato, alegando ter regularizado a situação. A RIC TV também sofreu esse impasse que, de acordo com informações do Sindicato de Jornalistas, está chegando ao fim. Depois de 25 anos com esse histórico da irregularidade dos contratos dos repórteres cinematográficos, a empresa se reúne para decidir o fim do problema, com o intuito de enquadrar adequadamente o profissional, de acordo com o seu registro. A Central Nacional de Televisão (CNT), demitiu todos os seus jornalistas no dia 8 de abril, extinguindo o noticiário e o conteúdo jornalístico de sua emissora. Para alguns profissionais da área, isso foi um completo desrespeito com a profissão.

A principal atividade do Sindijor-PR é a defesa dos interesses da categoria em relação aos direitos trabalhistas Guilherme Carvalho, presidente do Sindijor-PR


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COMPORTAMENTO

Ignorar ou denunciar?

Davi Oliveira

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Foto: Douglas Rengel

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Doações e vendas ilegais ainda ocorrem nos ônibus da capital

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edido de esmolas e venda de mercadorias dentro do transporte público de Curitiba é uma prática ilegal, isso a maioria das pessoas já sabe. A ação é proibida por regulamento desde 1991 pelo decreto municipal número 210 e, atualmente, existem adesivos dentro de todos os ônibus para que essa regra fique clara a todos que o utilizam. Mas parece que ainda assim esse tipo de comércio acontece. O cobrador da estação-tubo Eufrásio Correa, Claudio Vicente de Lima, faz uma reclamação: “Há alguns dias fui multado em R$ 68,00, valor descontado do meu salário. Tudo por causa de um vendedor de cocada que fica no tubo. No entanto, eu não tenho como abandonar meu posto para retirá-lo de lá", conta. Os motoristas e cobradores reclamam que recebem ordens para mandar os vendedores e “pedintes” embora dos ônibus e estações-tubo, porém é muito difícil para eles controlar a situação. “É muito raro perceber que eles estão por ali, pois surgem nos horários de pico e como o veículo está cheio, não dá para perceber o que se passa na parte de trás”, comenta Ovídio Moreira, motorista da linha Santa Cândida/Capão Raso.

Muitos ignoram a presença de vendedores e pedintes nos ônibus e terminais, alguns se irritam e outros não veem nada de errado. “Eles têm que conseguir dinheiro para comer, sustentar a família. A gente sabe que não tem emprego bom para todos, principalmente para quem tem algum tipo de deficiência”, diz um motorista que preferiu não se identificar. Segundo ele, sempre que pode, procura deixar que as pessoas exerçam suas atividades e só interfere quando há fiscais por perto. Vender nos ônibus acaba sendo uma saída para quem tem dificuldades em conseguir emprego, pois a maioria das mercadorias é de baixo custo de compra e de fácil revenda. Uma vez nos ônibus vale tudo para vender: cantar, gritar, brincar ou até contar a história de vida na tentativa de comover os passageiros que muitas vezes se incomodam com a insistência dos vendedores. Muitas crianças e adolescentes também aproveitam a falta de fiscalização para trabalhar livremente. O vendedor Moacir de Souza afirma conhecer a lei, mas ainda assim continua a vender cocadas nos coletivos e tubos. Ele conta que de segunda a sexta, das 17h à meia noite, é quando tem maior

lucro. Menciona também que é apenas uma forma de complementar a renda, pois que se dependesse somente das vendas "ilegais" não conseguiria sustentar uma família de cinco filhos, uma vez que nenhum deles ainda tem idade para trabalhar. Para a vendedora Jaqueline dos Santos, dar dinheiro a essas pessoas é incentivar que elas se acomodem e não procurem um emprego com carteira assinada. “A quantia que eles arrecadam não recebe nenhum tipo de dedução, e é mais fácil trabalhar assim”, opina. O analista de sistemas Luiz Henrique Silva compartilha da mesma ideia, mas não julga os vendedores como preguiçosos. “Infelizmente essa é a melhor forma que eles encontraram para ganhar seu sustento, porém, a maioria não entende que esse tipo de trabalho não garante um futuro, férias e condições mínimas de qualidade de vida”, conclui. Por isso, a Urbs (Urbanização de Curitiba S/A) orienta os passageiros que evitem dar doações e comprar produtos, pois a falta de “cliente” é o único jeito de desestimular e acabar com esse tipo de ação ilegal. Ainda segundo a Urbs, o problema é difícil de ser controlado

porque alguns motoristas e cobradores não apontam esses trabalhos. Muitas reclamações de passageiros abordados de forma intimidadora e inconveniente pelos vendedores irregulares chegam às equipes de fiscais que percorrem os terminais e estações-tubo. Essas queixas muitas vezes ajudam a empresa a planejar com mais eficiência as ações de fiscalização. As denúncias também podem e devem ser feitas através da central telefônica 156, que atende 24 horas por dia. Os motoristas e cobradores também são orientados a acionar a Guarda Municipal e até mesmo a Polícia Militar quando necessário.

Há alguns dias fui multado em R$ 68,00, valor descontado do meu salário. Tudo por causa de um vendedor de cocada que fica no tubo. No entanto, eu não tenho como abandonar meu posto para retirálo de lá. Cláudio Vicente de Lima, cobrador

A quantia que eles arrecadam não recebe nenhum tipo de dedução, e é mais fácil trabalhar assim. Jaqueline dos Santos, vendedora

Serviço: E quem quer ajudar de verdade pode contribuir para o Fundo Municipal da Criança e do Adolescente ou para o Fundo Municipal de Assistência Social, com mais informações pelo site da prefeitura de Curitiba (www.curitiba.pr.gov.br). Para saber quais entidades assistenciais realmente fazem um trabalho sério, o interessado pode procurar a Fundação de Ação Social (FAS), pelo telefone 156 ou os núcleos regionais das Ruas da Cidadania.


O que pensam as empresas de telecomunicações em comparação às propostas da sociedade Civil: Sociedade Civil • Garantir a Internet livre e aberta; • Garantir a transparência do usuário; • Preservar o direito de escolha; • Filtragem ou privilégios de tráfego devem respeitar apenas critérios técnicos e éticos, não sendo admissíveis motivos políticos, comerciais, religiosos, culturais, ou qualquer outra forma de discriminação ou favorecimento; • Garantir a liberdade de comunicações e acessibilidade; • Garantir tratamento não discriminatório.

Empresas de telecomunicações • Não pode haver restrição à livre iniciativa e a competição; • Não pode haver delimitação de planos de negócios dos provedores de acesso; • Não se deve restringir a oferta de serviços diferenciados; • Desde que preservados os direitos à privacidade dos usuários, os provedores de acesso poderiam ter o direito de realizar a guarda e fazer o uso consentido dos registros de acesso e a partir daí poder criar serviços novos; • O usuário que deseja fazer uso da Internet para aplicações real time, que demandam maior banda e tratamento diferenciado dos pacotes para garantir a qualidade desses serviços, deve pagar por essa facilidade que o provedor de acesso lhe garante.

A luta pelo Marco Civil tem o mesmo peso para os cidadãos que a luta pelas Diretas Já.” – Sérgio Bertoni Lei mais avançada O blogueiro diz que o Marco Civil da Internet é a primeira lei do mundo construída em rede. Ela recebeu considerações da sociedade, técnicos, usuários, provedores, telefônicas, do comitê gestor da internet, universidades, entre outros. O próprio criador da web, Tim Berns Lee, defende a aprovação do Marco Civil, e acredita que esta é a legislação mais avançada e a única que consegue respeitar o espírito da web como ela foi criada. A internet no mundo pode ser outra a partir da decisão tomada pelos deputados brasileiros nesta pauta. “Se o Marco Civil for aprovado, a internet pode continuar livre e progressista e se tornar um bom exemplo para o mundo todo, ou pode se tornar uma ditadura das empresas telefônicas e servir de mal exemplo”, ressalta Bertoni. O Marco Civil da Internet é uma iniciativa da Sociedade Civil com apoio do Governo Federal, que encaminhou a proposta de Lei para o Congresso Nacional. Este criou a Comissão e fez audiências públicas. Uma delas aconteceu na Assembleia Legislativa do Paraná, na qual blogueiros do Estado fizeram uma proposta extensa, e que foi incluída no relatório final. Bertoni explica ainda que muitos serviços públicos e privados, alguns dos quais a população não pode mais

tantas outras.

Lobby

Dos 513 deputados que fazem parte da Câmara, 100 já declararam apoio ao Marco Civil da Internet. Porém, corre à boca pequena que um dos deputados está fazendo muito barulho no Congresso Nacional, e a favor das empresas telefônicas. Trata-se de Eduardo Cunha (PMDB/ RJ), que se posicionou contra o Marco Civil e está fazendo o lobby das teles. Lobby é um grupo de pessoas ou organizações que tenta influenciar as decisões do poder público em favor de seus interesses. Segundo Bertoni, o que todas as pessoas que frequentam o Congresso comentam é que as empresas telefônicas estão lá, marcando presença e oferecendo apoio financeiro aos deputados para as próximas eleições. Para o blogueiro, o restante de deputados indecisos ainda não assumiu uma posição porque está esperando uma proposta mais alta das telefônicas ou do Governo. “Este é outro complicador que existe no parlamento: o fisiologismo desses deputados vendidos, que vão esperar a Dilma abrir o caixa para poder votar a favor do Marco Civil. Ou seja: eles não vão votar a favor do Marco Civil porque são conscientes de que a internet precisa ser livre e de que é um avanço pra democracia brasileira que a internet continue sendo como ela é hoje. Eles vão votar porque alguém comprou. Ou a favor ou contra, esse é o grande perigo”, completa.


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Entenda como o Marco Civil da Internet pode afetar sua vida

Raíssa Domingues

Fran Bubniak

ro cada vez maior de outros usuários conectados à internet. A elaboração da proposta foi aberta e contou com a colaboração de representantes de diversos setores da sociedade. Na primeira fase das discussões sobre o tema, foram registradas mais de 800 contribuições. Após um ano de debates, em 24 de agosto de 2011, o projeto de lei foi apresentado à Câmara dos Deputados, propondo mudanças baseadas no uso livre e aberto da internet e que permita o desenvolvimento político, econômico e cultural da sociedade, tendo como base os três princípios fundamentais de defesa da privacidade, inimputabilidade da rede e neutralidade. A defesa da privacidade proíbe a inspeção de informações compartilhadas na internet para fins de pesquisa, transações ou comunicações entre pessoas e empresas além de proteger a liberdade de expressão e de escolha do usuário. A inimputabilidade da rede trata da responsabilidade que cada usuário tem do conteúdo publicado, respondendo judicialmente por suas ações consideradas ofensivas e criminosas.

A neutralidade da rede, por sua vez, é o princípio que determina que todos os usuários da internet sejam tratados com igualdade, sem benefícios para alguns ou limitações para outros, e garante que possam ser transmissores, produtores e receptores de conteúdo. Sérgio Bertoni, blogueiro, mestre em Filosofia e coordenador da Rede Blogoosfero.cc explica que, sem este princípio, o acesso de uma pessoa a determinados serviços da web pode ser limitado. Funcionaria mais ou menos assim: para ter acesso às redes sociais, por exemplo, ela precisará pagar por um pacote que permita a visita a estes sites; para manter um blog, um pacote adicional poderá ser cobrado; para acesso a vídeos, aconteceria a mesma coisa, e assim por diante. Bertoni explica que, hoje, pagamos pelo “canal”, ou seja, pela velocidade da internet, e podemos usá-la da maneira que quisermos. Em outras palavras, o usuário que contratou uma velocidade de dois megas pode acessar os mesmos endereços da web de quem assinou dez megas de velocidade. Segundo Bertoni, es empresas telefônicas

querem mudar isso e já se posicionaram contra a aprovação do Marco Civil da Internet. Ou seja, querem cobrar mais pelos serviços que já prestam, sem precisar investir na sua melhoria. “Se a gente for levar ao pé da letra, essa luta tem que ser igual à luta pelas Diretas Já. A luta pelo Marco Civil tem o mesmo peso para os cidadãos que a luta pelas Diretas Já. Esse é um risco grande do qual as pessoas não estão se dando conta, e que vai influenciar a vida de todo mundo”, defende Bertoni.

prescindir, são acessados pela internet, como os serviços bancários. Caso o Marco Civil não seja aprovado e a neutralidade da rede não seja respeitada, o acesso a esses serviços também será cobrado. Para entender como essa medida pode afetar toda a população, é simples: as empresas privadas pagarão pelo acesso ilimitado ou ampliado à internet, mas repassarão este custo ao consumidor final. Conforme o coordenador do Blogoosfero, é preciso que a população entenda também que a não aprovação do Marco Civil pelo Congresso brasileiro vai concentrar as informações e o conhecimento nas mãos daquelas pessoas que têm mais dinheiro para pagar pelo acesso à internet, enquanto o restante ficará excluído. “Além de mal informados, vamos ficar burros e sem conhecimento”, completa. O blogueiro ainda destaca que a exclusão digital será uma mazela a mais para o país, que já convive com a exclusão por gênero, raça, idade, classe social, entre

Saiba o que a lei propõe e como ela pode mudar o acesso à rede em todo o mundo

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uitas pessoas ainda não sabem disso, mas está nas mãos dos deputados, no Congresso Nacional, uma decisão que pode mudar a maneira como a internet funciona em todo o mundo. Trata-se do Marco Civil da Internet, a proposta de Lei mais moderna já criada, que está em tramitação no Congresso Nacional e que garante aos usuários da web a liberdade de expressão, a privacidade e a neutralidade da rede. O projeto surgiu a partir da necessidade de regulamentação de condições mínimas para a proteção dos direitos civis e políticos dos cidadãos, que atualmente convivem e interagem com empresas, governos, organizações e com um núme-

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COMPORTAMENTO

Qual a melhor maneira de educar? Os pais encontram cada vez mais dificuldades em educar os seus filhos. De acordo com psicólogos, é importante haver muito diálogo. Ribaski

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s pais são aqueles que influenciam direta e indiretamente a vida dos seus filhos, desde o primeiro dia de vida. Seja em seus gostos ou até mesmo em aflições, eles possibilitam uma base sólida que irá trazer educação e conforto para essas crianças. Isso é correto desde que busquem sempre o seu bem. O pai e a mãe são os que ensinam em um primeiro momento toda a base para que a criança cresça com educação e princípios. Educar com o exemplo diário é educar no presente, corrigir o que não está de acordo antes que se torne algo normal para a criança. O importante é sempre haver muito diálogo, e conversar sempre mostrando qual é o melhor caminho. Essas influências antigamente eram mais eficazes, quando era a mãe que cuidava dos seus filhos. Hoje com as interferências externas, que são muito mais fortes, as crianças recebem a educação de uma forma diferente. Isso ocorre, porque os pais passam cada vez menos tempo com seus filhos. Elas aprendem muito observando, isso é natural, copiar tudo que os adultos fazem. Costumam observar a reação dos pais, e, ao passarem por situações semelhantes, podem ter uma ideia de que atitude tomar e se aquela situação pode lhe proporcionar um prazer ou trazer algum perigo. Também se espelham em outras pessoas, mas até pouco antes da adolescência o ponto de referência predileto das crianças serão os pais, assimilando para si mesmos defeitos e qualidades. Segundo a psicóloga Vanessa Shigunov, para uma criança receber de bom grado o “não” dado pelos pais, é importante ressaltar a qualidade desse “não”. Deve ser acompanhada com coerência e diálogo, e a criança precisa entender o que ela pode ou não fazer, bem como o motivo para isso. Os pais também precisam ser coerentes quando estabelecem esses limites. Muitas vezes as crianças reagem com birra, escândalos e muito choro quando suas vontades não são atendidas. É nesse momento que os pais precisam intervir e estabelecer limites. Essa medida é

Foto: Agência Brasil

Suzelly

muito importante para seu amadurecimento emocional. Ainda, é importante não ignorar os sentimentos dela e não abandoná-la. Na hora de conversar, é relevante olhar nos seus olhos e ser firme no tom da voz, estabelecendo os limites e atribuindo segurança ao mesmo tempo. O adulto pode perguntar se a criança entendeu o motivo de ela ter recebido o não. Nesse instante, terá a oportunidade de ouvir e verificar se realmente ela entendeu. É importante não mudar de ideia e cumprir com o que foi estabelecido.

Ensinar o sim e o não Ensinar o sim e o não pode ser feito desde bebê, até para treinar os pais para esse exercício e para a criança começar a perceber o sentido dessas palavras. No entanto, quando se passa a compreender a linguagem e entender um pouco melhor o mundo, pode ser considerado o melhor período para explorar essa questão de estabelecer limites.

A rigidez ou o carinho isolado não são suficientes para educar uma criança. É preciso diálogo, respeito, carinho e ao mesmo tempo ter uma postura firme Vanessa Shigunov, psicóloga As crianças são encaminhadas para atendimento psicológico através das escolas. As principais queixas se referem às com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e também àquelas que possuem comportamentos inadequados, que supostamente estariam ligados à falta de limites. Vanessa diz que a maneira de se aproximar e de ganhar a confiança é brincando. Jogos, brinquedos, brincadeiras, desenhos, entre outros, são as melhores formas de se aproximar das crianças, além de muito amor, carinho, atenção, escuta e diálogo. A psicóloga complementa: “a rigidez ou o carinho isolado não são suficientes para educar uma criança. É preciso

equilíbrio entre as características mencionadas. É preciso diálogo, respeito, carinho e, ao mesmo tempo, ter uma postura firme”. Para o psicólogo Flávio Obladen Ferreira, a priori, é importante sempre pensar que cada pessoa é diferente das demais, sendo única e exclusiva. Assim, o ponto em que a criança recebe este “não” dado pelos pais pode variar, lembrando que tanto o pai quanto mãe podem impor limites aos seus filhos. Pais que agridem os filhos fisicamente ou verbalmente tendem a gerar medo e não respeito, assim como acontece entre os adultos. Então, o mais aconselhado, é que sempre haja uma explicação para a criança sobre o porquê deste não, sem agredi-la. Dizer somente “não” para uma criança que já se utiliza da verbalização (por mais simplória que seja) não é suficiente, pois é necessário explicar à ela que tal comportamento é indevido ou perigoso, sempre baseado na compreensão da criança sobre o assunto. Também não é correto alimentar histórias como: “se você for lá o monstro vai te pegar!”, nem nada fantasioso a ponto que possa se traumatizar uma criança dali para frente, o que é muito comum dos pais fazerem, sem se darem conta disto no momento. Segundo o psicólogo, vivemos em meio a uma cultura em que os pais tendem a ser mais permissivos do que em gerações de nossos avós, o que é um comportamento errado. A maioria idealiza fazer com que o filho não sofra, querendo tornar-se próximos (como um amigo ou amiga) sendo constantemente liberais na educação de suas crianças. Isto ocorreu a partir das

décadas de 80 e 90 quando os pais queriam erroneamente educar seus filhos de maneira diferente do que foram educados por seus pais, com vários limites e obrigações, que são saudáveis na educação. Desde a educação de um bebê, é possível e mais indicado não mimar a criança, mostrando a ela de fato o que pode e o que não pode – o que é e o que não é um comportamento adequado. “Geralmente há uma dificuldade nos pais em lidar com choro dos filhos, bem como

respostas ríspidas (agressão verbal) e até mesmo agressões físicas, quando estes contrariam o não. O mais indicado é que os responsáveis permaneçam firmes com o que foi estabelecido à criança; não é não!, sem repensar ou mudar de opinião logo em seguida”, afirma o psicólogo. Segundo ele, o ideal seria que cada resposta dos pais perante um comportamento negativo do filho fosse o mais firme possível.Liciis ut quiata di officillit aut poreratum nam rem quaeratem

Principais queixas no consultório De acordo com Obladen, os pais procuram seu consultório, na busca de um socorro para seus filhos, queixando-se de traumas sociais (abusos diversos muitas vezes causados por familiares, medos, instabilidade no relacionamento conjugal dos pais que refletem no psicológico dos filhos, dificuldades de adaptação...), hiperatividade (transtorno de atenção, concentração, inquietude, geralmente aflorado na escola, sendo trazida pela escola a queixa de que a criança necessita de acompanhamento psicológico) e enurese (crianças sem controle do aparelho urinário), entre outros. É necessário descobrir gostos específicos da criança (jogos, brincadeiras, passatempos favoritos e que lhe sejam saudáveis), a fim de desenvolvê-las em psicoterapia, reforçando valores e comportamentos positivos, pontuando e mostrando-lhe suas falhas e negatividade. Crianças tendem a se abrir e se soltar brincando, mas não

podemos subestimá-las, achando que o diálogo entre elas e nós adultos jamais ocorrerá com eficácia. Na relação adulto-criança, seja em ambiente de psicoterapia ou não, a criança se sente mais segura para contar os detalhes daquilo que fere depois que estabelece um vínculo com o adulto. A eficácia da rigidez depende de caso para caso. Ser rígido com alguém pode nos significar ser menos empático, bem como mais objetivo, o que muitas vezes inibe a pessoa, seja ela paciente ou não, lembrando que a psicologia é uma ciência subjetiva, e cada um tem um tempo diferente para responder à psicoterapia. O mesmo ocorre com as crianças. É preciso entendê-las e buscar “falar a mesma língua” delas. Caso seja uma criança com tendências agressivas, é necessário então mostrar positivamente seu outro lado bom, onde ela não necessita de agressividade para conseguir o que quer, por exemplo.


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EVENTO

Uma semana para os comunicadores

Letícia Ferreira

D

epois de três anos, a Semana de Comunicação do Centro universitário Uninter tornou-se um marco no calendário acadêmico. Esse ano, os alunos e professores organizadores conseguiram atrair os universitários por meio de uma campanha publicitária que retratava o próprio cotidiano dos estudantes. Aos poucos a campanha da Sacasó foi despertando o interesse dos alunos e funcionários da instituição, e até em lugares inusitados, como os banheiros, haviam cartazes de divulgação do evento. O grande garoto propaganda da campanha da Sacasó foi Ceará, um homem de um grande carisma dono do bar em frente ao Campus Tiradentes do Uninter, no qual os alunos de comunicação se reúnem nos intervalos das aulas. Além de homenagear um amigo dos alunos e conseguir retratar o cotidianos deles com uma figura comum e conhecida, os organizadores do evento conseguiram fazer com que o Ceará se despedisse (ele vendeu o seu bar) da comunidade acadêmica em grande estilo. A Sacasó desse ano trouxe palestras, debates, oficinas e exposições fotográficas. Todas essas atividades da semana foram divulgadas em forma de cordel, por meio de rimas. Cada palestra foi anunciada pelos alunos do 6° período dos turnos da noite e manhã de Comunicação Social orientados pelos professo-

res Jheison Holthausen, Adriana Baggio e Guilherme Carvalho. As turmas foram divididas em grupos, e cada grupo ficou responsável por um setor de organização da Sacasó, sendo que o planejamento foi realizado com quase um mês de antecedência. O foco dos grupos, segundo o aluno Ewerson Borssuk, “era que em cada atividade desenvolvida atraísse os alunos para o evento, e despertasse o interesse, fazendo-os sentirem que o evento foi feito para eles.” Um dos diferenciais desse ano foi a possibilidade de votação de temas para palestras e oficinas, ou seja, o aluno votava pelo Facebook na página da Sacasó sobre o que ele gostaria de participar. Os prêmios sorteados a cada evento foiram um chamariz para os alunos, e eles acompanhavam até o final de cada evento para ver o resultado do sorteio. Segundo o professor Jheison “a grande sacada da divulgação do evento desse ano foi a utilização de uma figura pop, como o Ceará. Essa escolha acabou motivando os alunos a se envolverem mais no trabalho.” E

Cada atividade desenvolvida atraía os alunos para o evento, fazendo-os sentir que a programação foi feita para eles.

Fotos: Arquivo

Para os organizadores, a Sacasó de 2013 alcançou todas as expectativas com um grande envolvimento dos alunos.

Ewerson r. Borrsuk, aluno de Publicidade, 6° período noite acrescentou: “Vai ser difícil pensar em algo para superar a campanha deste ano.” A Sacasó foi encerrada com o cumprimento das atividades. As turmas organizadoras do evento, além de obterem um crescimento profissional, conseguiram unir mais a turma, fazendo com que alunos de turnos opostos trocassem ideias e experiências, e conseguissem unificar o trabalho desenvolvido em sala de aula e beneficiar o Curso de Comunicação Social.

Solenidade de abertura da Semana de Comunicação

“O que diferencia os ‘loucos’ dos normais?”

Publicitário e empreendedor Ricardo Doria, sobre os desafios dos profissionais da área de comunicação.

Curitiba é um ovo?

Professor Jheison Holthausen ao falar sobre a capital paranaense nas áreas da comunicação e cultura.

“Eu sempre tive dificuldade de me comunicar e procurei neste trabalho trazer, para minha vida, que todos nós temos limitações. Mas não devemos desistir porque nenhum dos meus personagens reais e suas famílias desistiu e que devemos acabar com esse preconceito com pessoas que têm essas limitações, pois somos todos iguais”.

Jornalista e escritor Diego Giani.

“Muita gente da faculdade vai estar no mercado de trabalho. Isso gera visibilidade com os profissionais e, também, com os professores que algumas vezes indicam alunos para vagas em agências”. Publicitária Samara Camargo.


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ESPORTE

Receita para chegar ao topo Espaços no centro da capital paranaense possibilitam treinos e lazer para aqueles que gostam de escalar paredes e montanhas. Jéssica Libério

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Beatriz Moura praticando escalada

trabalho, hidratação, enfim. Hoje a escalada é parte fundamental da minha rotina física e mental. Ela mudou radicalmente meus hábitos e costumes”, explica. Um item que compõe o esporte é a paixão que nasce em fazê-lo na montanha. É o lugar onde os esportistas colocam em prática todas as técnicas treinadas no ginásio. Sua regra é simples: despertar o desejo pelo cheiro da mata, a beleza do natural e o toque do vento. E não foi diferente para Silva, que comenta sobre a escalada fora da base: “O ambiente da montanha muda bastante o esporte. O ginásio é um evento social e treino. Já na montanha, você testa sua capacidade física e mental. Existe maior foco, concentração e medo. O controle do corpo e da mente está sempre em xeque. O fator natureza ajuda muito a manter a paz de espírito e o cérebro focado. Você fica longe dos problemas, do stress e do barulho da cidade”, finaliza. Fotos: Jéssica Libério

categoria de esporte Escalada vem conquistando os curitibanos com o seu conceito diferente de vida e estilo próprio voltado para a valorização da natureza. No centro da cidade, é possível encontrar pelo menos dois locais para treino e lazer que revelam um ambiente simples com músicas de reggae, livros, revistas com o perfil do esporte, quadros com paisagens de escaladores em rocha, incentivando os esportistas também à prática da escalada em montanhas. A escaladora Beatriz Moura, 27, advogada, pratica o esporte há sete anos, treina em Curitiba e conta que nos feriados e finais de semana, sempre que pode vai para a “rocha”. Ela descreve que o contato com a natureza é incrível, as paisagens são encantadora e escalar precisa ser prazeroso e não algo que te deixe inquieto. “O contato com a natureza é diferente; o ginásio é mais indicado para treino e um aperfeiçoamento para fazer a escalada em uma montanha. O melhor é escalar na rocha, a gente conhece lugares lindos, encontra novas pessoas, além do visual incrível. Você passa a ter mais respeito pela natureza, a cuidar daquele lugar que você sempre vai e, a ter consciência da importância da preservação”. Segundo Beatriz, antes de conhecer a modalidade ela não fazia nenhuma atividade física. “Antes da escalada eu não praticava nenhum tipo de esporte, na verdade não tinha interesse, pois desde pequena não gostava. A escalada foi o primeiro que realmente me empenhei e gostei. E por causa dessa prática teve momentos que precisei fazer musculação e corrida para melhorar meu desempenho e fortalecimento”, comenta. O designer João Guilherme Fermino da Silva, 28, treina há um ano no ginásio e pratica o esporte na rocha. Ele conheceu a modalidade pesquisando na internet e também conversou com um amigo que já treinava. O esportista descreve que sua rotina mudou completamente: “Me preocupo com alimentação, descanso, postura no

Dica de equipamento Dois elementos são essenciais para quem deseja praticar escalada: sapatilha e magnésio, que servem tanto para treino no ginásio quanto na montanha. O esportista que optar por comprar sua sapatilha precisa estar atento ao tamanho dela: o indicado normalmente é um número menor do que calça. Essa regra do tamanho da sapatilha evita calos e ferimentos nos pés, pois quanto mais ela estiver justa ao seu pé, melhor será o seu desempenho.

A função do magnésio é a de ajudar no deslocamento. Como as mãos suam bastante, o pó dá mais aderência e permite mais sustentação entre a mão e a rocha ou as agarras do ginásio. O esporte contém vários materiais de seguranças, como capacete, cordas, cadeirinhas, freios, mosquetões, fitas e grampos. Como já dito acima,o importante para as pessoas que estão iniciando no esporte ter ou alugar para treinar nas bases é a sapatilha e o magnésio.

O melhor é escalar na rocha. A gente conhece lugares lindos, encontra novas pessoas, além do visual incrível. Você passa a ter mais respeito pela natureza Beatriz Moura, advogada e escaladora

Dica de filme Limite Vertical ano: 2000 | diretor: Martin Campebell Sinopse e detalhes: Uma equipe de escaladores liderada por uma determinada jovem (Robin Tunney) enfrenta condições de tempo adversas ao tentar alcançar o cume do K2, a segunda maior montanha do mundo. Após uma série de desastres, eles ficam presos na montanha, forçando que o irmão da líder da equipe (Chris O’Donnell), também um escalador experiente, monte uma equipe de emergência para resgatar os sobreviventes na montanha.


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CRÔNICA

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sol toca o chão do calçadão lentamente. Suas pedras frias aos poucos vão se aquecendo. O relógio, na entrada da Praça Osório marcava, se não me engano, oito horas e quarenta e quatro minutos, aproximadamente. A XV, como nós, íntimos curitibanos a chamamos, estava um tanto vazia. Vazia demais se formos comparar com as datas festivas, por exemplo. No Natal, antes das dezoito horas, toda essa rua fica cheia de carapuças curiosas e uma infinidade de magia, todos para vislumbrar o espetáculo do coral das crianças no Palácio Avenida. Mas esse não era o cenário dessa manhã. O café nem estava pronto, o cheiro do damasco fervido era imperceptível. Um café com leite iria bem, o frio ainda tomava conta do corpo e deixava aquela tremedeira leve, tímida. Desejava o sol como nenhum outro, enquanto ele se esforçava para amarelar as pedras brancas e derreter o orvalho criado nas folhas das árvores da Osório. As lojas nem abertas estavam. Pessoas, teimosas com o horário do comércio, esperavam pacientemente uma livraria abrir, apenas para folhear algumas páginas do livro que talvez comprariam. A XV não parecia XV, estava diferente, algo faltava. Olhei e procurei pelos senhores que sempre discutem política, eles estavam agasalhados encolhidos perto do Café Avenida, esperando pelo bule

@TÁ NA WEB Cíntia Silva

2O Guerra mundial no Facebook Reprodução/Facebook.

Eloi

Se as suas aulas de história no ensino médio tivessem sido dadas pelo professor Paulo Alexandre Filho (e o Facebook já existisse naquela época), com certeza você se lembraria de todos os detalhes da 2o Guerra Mundial. O professor de história fez uma longa montagem explicando passo a passo do que aconteceu no confronto, usando recursos como fotos, o “curtir” e a criação de eventos como “O dia D” e grupos como “Os aliados”. Para ver o conteúdo integral acesse: @: h ttp://oglobo.globo.com/educacao/professor-reproduz-segunda-guerra-mundial-emfacebook-10687769 Wikimedia Commons

Gabriel

fervido, o café que os guiaria nesse dia que prometia mudanças de clima. Não era para eu estar ali, era cedo demais, cedo demais para se falar de política, cedo demais para se estar tomando café, cedo demais para folhear livros. O que eu estava fazendo ali? Algo estava estranho. Procurei pelos mendigos que sempre pedem moedas que nunca ganham. Lá estavam, deitados, aproveitando a liberdade de dormir e poder acordar a hora que quiser, sem compromisso, sem euforia, sem perdas decepcionantes de ônibus, apenas dormindo, um do lado do outro como uma lata de sardinha recém aberta, aquecendo assim, seus colegas. Não era deles a ausência. Maldita Boca ou Boca Maldita, o que lhe falta? Há um som, uma presença que ainda não me dei conta, talvez por distração, talvez por mero costume de passar por ali todos os dias, onde tudo e todos já fazem parte definidas da paisagem do calçadão. Foi então que me dei conta de algo que sempre presenciei e hoje já não percebo mais, exceto nesse momento, quando me pego prestando atenção ao meu redor. Não havia cordas balançando, não era notável a voz falha do “Cobra, corre hoje”, onde estavam? Cedo demais para estarem aqui. Uma barba grisalha faltava de um senhor que andava de bicicleta, nem o cheiro da tinta fresca, muito menos aquele som irritante do grafite rabiscando um pedaço de papel. Sem eles perpetuava o silêncio, o silêncio dos artistas, o silêncio da XV. Agora, mais quieta do que nunca.

Foto: Cláudia Bilobran

A boca sileciosa

CHARGE Cadê as marquises? Uma marquise por favor

Ufa

Só pode ser brincadeira


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ENSAIO FOTOGRÁFICO

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Nós no Sangue

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Novo!

Tatiana

O 18o prêmio Sangue Novo de jornalismo paranaense aconteceu no dia 30 de outubro no Memorial de Curitiba. O Centro Universitário Uninter levou seis prêmios:

Varela

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- 1° lugar na categoria “jornal laboratório impresso” – Coordenado pelo professor Roberto Nicolato. 2 - 2° lugar na categoria “Monografia” – Matias Peruyera, orientado pela professora Renata Duarte. 3- 2° lugar na categoria “Pesquisa em Jornalismo” – professora Máira Nunes com participação do professor Guilherme Carvalho e dos alunos Pablo Bandeira, Allyson Dolenga, Camila Borges, Diego Machado, Daniele Lara e Alisson Souza 4 - 2° lugar na categoria “Telejornal laboratório” – Coordenado pelo professor Régis Rieger. 5 - 3° lugar na categoria “Reportagem impressa” – Allyson Dolenga e Deborah Abrahão, orientados pelo professor Roberto Nicolato 6 - 3° lugar na categoria “Jornal laboratório online” – Coordenado pelo professor Roberto Nicolato Menção honrosa na categoria “Monografia” – Beatriz Szymanski, com o trabalho “A censura no telejornalismo brasileiro de 1964 a 1975″, orientado pela professora Máira Nunes

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