Foto: Divulgação
JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER - ANO VI - NÚMERO 37 – CURITIBA, JUNHO/JULHO DE 2014
METRÔ EM CURITIBA
Agora vai?
PARAPSICOLOGIA
COMUNICAÇÃO PELO TATO Curitibana desenvolve uma forma de adaptar imagens para cegos. pág.3
pág. 8
Falta de conhecimento e misticismo ainda confundem as pessoas.
BELEZA CRIMINOSA Soltar, fabricar, transportar ou vender balões é crime. pág. 5
Foto: Thaise Oliveira
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pág.6 e 7
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OPINIÃO Esta edição do jornal Marco Zero traz como matéria de capa uma reportagem sobre o tão esperado metrô de Curitiba, que ajudaria a desafogar o trânsito e melhoraria muito a qualidade do transporte público da cidade. A verba para sua construção já foi liberada pelo Governo Federal. Será que agora vai? Leia nas páginas 6 e 7 uma entrevista com a Secretaria de Planejamento e Gestão de Curitiba sobre o assunto. Na página 4 você verá uma matéria sobre cuidadores de carros, pessoas que enxergaram nas ruas a oportunidade de ganhar dinheiro e sustentar suas famílias. A profissão divide opiniões. Na Câmara Municipal tramita um projeto que regulariza a profissão, e um que proíbe a presença dessas pessoas nas ruas. Na página 8, o Marco Zero vai desvendar alguns mistérios da parapsicologia, que já foi comprovada pela ciência e tem até cursos de capacitação em Curitiba. Boa leitura!
Equipe Marco Zero
O Marco Zero
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Na Praça Tiradentes, bem em frente à Catedral, está o Marco Zero de Curitiba, que oficialmente é tido como o local onde nasceu a cidade, além de ser o ponto de marcação de medidas de distâncias de Curitiba em relação a outros municípios. Ao jornal Marco Zero foi concedido este nome, por conter notícias e reportagens voltadas para o público da região central da capital paranaense.
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Somos todos iguais, Sandro César
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culpa foi dos militares? Dos norte-americanos? Ou dos grandes empresários brasileiros da época? A resposta para essa pergunta ainda não é exata, mas o que se sabe com absoluta certeza é que no ano de 1964, 50 anos atrás, começou a ser escrito um dos capítulos mais tristes da história do Brasil. Esse capítulo está recheado de palavras como: morte, desaparecimento, tortura e tristeza. O Brasil, que hoje é conhecido no mundo inteiro como um país alegre e festeiro, teve seus anos de repressão durante o periodo ditatorial. O mais triste de tudo isso é ver que o tempo passou, mas muitas atitudes da sociedade brasileira de hoje remetem àquele capítulo triste de 50 anos atrás. Por exemplo, a Polícia Militar do nosso país continua utilizando muitas das mesmas torturas que eram realizadas nos quartéis das décadas de 1960 e 1970, e em vez de ser vista como uma heroína pela população, é tica, muitas vezes, como currupta e vilã. Outro exemplo é a censura praticada diariamente no período de ditadura aos jornais da época. Hoje não são os militares que censuram os jornais, mas sim os donos dos jornais por conta de “interesses econômicos”. Mas não podemos ser tão pessimistas, pois o país evoluiu, sim, depois da ditadura. Hoje o povo brasileiro assiste na televisão a notícias sobre o regime na Coréia do Norte e fica horrorizado, porém esquece que tudo aquilo já aconteceu no Brasil. Não podemos comemorar os 50 anos de uma mancha negra em nossa história, assim como também não podemos esquecer esse fato lamentável. Para o país evoluir, temos que olhar para trás, avaliar os erros cometidos e seguir em frente.
Mas talvez seja tão difícil seguir em frente por conta da falta de vergonha na cara de algumas instituições, como por exemplo, o Exército Brasileiro, que talvez não seja o único responsável pela barbárie cometida no país durante a ditadura, mas com toda certeza tem seu percentual de culpa e nunca fez um pedido de desculpa pelo ato cometido. Outras instituições, como a grandiosa Rede Globo e a Folha de S. Paulo, que até já chegaram a se retratar timidamente pelo apoio dado ao regime, ainda estão em dívida para com o Brasil por conta de suas atitudes. O fato é que esse capítulo chamado “Ditadura” não terminou com final feliz, pois sempre vamos ter que ler suas páginas novamente, mas torcendo para que alguém um dia adicione nele a frase: “E os culpados foram punidos”.
Qual é a sua opinião em relação ao bloqueio que será feito pela FIFA com o apoio das força de segurança? Eu não acho que vai ferir os direitos das pessoas, é só por alguns dias. Esse bloqueio de algumas horas não irá influenciar em nada na Luciana Cristo vida das pessoas depois da Jornalista 30 copa, tudo vai voltar ao normal.
Vladimir Herzog na cela do Doi-Codi e, abaixo, o enterro do jornalista morto pela ditadura militar
O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Internacional Uninter Coordenadora do Curso de Jornalismo: Nívea Canalli Bona Professor responsável: Roberto Nicolato
Luiz Henrique Macedo
Fotos: Reprodução
Ao Leitor
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A minha opinião é a favor e contra ao mesmo tempo. Sou a favor do bloqueio em relação à segurança. O país não está preparado para receber Evelin um evento Schelbauer 24 dessa magniJornalista tude, então para que nenhuma tragédia aconteça algumas medidas terão de ser feitas. Pena que algumas tenham que interferir no direito de ir e vir das pessoas e quanto a isso não sou muito a favor. Eu acho ruim, por que muitas pessoas que têm parentes morando perto dos estádios não vão poder visitá-los, pois Thiago não tiraram as Pereira, 28 credenciais. E a Estudante de copa não é um Jornalismo evento para o povo brasileiro? Então por que a copa no Brasil não vai poder ter gente na rua? Isso não é justo. Eu sou a favor do Bloqueio da Fifa, os protestos deveriam ter acontecido no momento em que o Brasil foi um dos Lucimara nomes cotados Santos 26 anos, assisten- para a copa. Com ela aconte contábil tecendo quase não adianta nada protestar. E para que não passemos vergonha é bom que haja um bloqueio por segurança.
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PERFIL
A comunicação do sentir Quando a visão não se faz presente na comunicação, é preciso sentir a informação
Letícia Ferreira
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á parou para pensar como o mundo da comunicação é visual? Recebemos mensagens que são fundamentadas em cores e formas que encantam e seduzem os olhos. Porém, quando não se tem a visão, como compreender essas mensagens? Os cegos ainda não recebem a atenção necessária, ou melhor, não são compreendidos pelos profissionais da comunicação. Há muitos estudos sobre formas de se sentir a informação, porém as experiências desenvolvidas, quando colocadas em prática, não funcionam efetivamente. Nesse universo de estudo encontra-se a designer gráfica Dominique Adam (27 anos, de Curitiba). Formada na Universidade Federal do Paraná (UFPR), ela conseguiu fazer com que alunos do Instituto de Cegos do Paraná compreendessem a mensagem de um livro. Após o sucesso da pesquisa, Dominique conseguiu fazer várias exposições do seu trabalho no Brasil e na Alemanha. Hoje, ela está concluindo a disertação de mestrado que dá continuidade ao estudo da comunicação do sentir. Seu trabalho consiste em representar imagens digitalmente adaptadas para os cegos, pois quando impressas, apresentam formas em alto relevo, visando a compreensão
tátil. Como você iniciou esse projeto? Eu estava com grande dificuldade de definir meu tema de TCC na área de design gráfico. Queria fazer algo diferente que não fosse só um livro bonitinho com uma identidade visual legal. No início pensava em mexer muito com cor, só que tinha ideia de cor e relevo, mas como fazer isso? Pensei em adaptar um livro “Flicts” do Ziraldo, sobre cores, formas e poesias. Eu queria adaptar esse livro para os cegos. Mas ele não possuía nenhuma ilustração, era composto de formas geométricas, texto e uma cor chapada. Então um professor indicou “O livro negro das cores “, de autoria das artistas venezuelanas Menena Cottin (escritora) e Rosana Faría (ilustradora), e resolvi testá-lo com pessoas cegas. Fui ao Instituto de Cegos Paranaense e testei, porém o livro não cumpriu sua finalidade.
Mas o que atrapalhava a compreensão dos alunos? Qual era a maior falha do livro? O livro foi adaptado com base em uma visão errônea, pois o mundo deles é diferente do nosso. Não basta somente adaptar uma imagem, sem testá-la. As ilustrações continham muitas linhas sobrepostas e isso gera uma dificuldade muito grande de compreensão para quem é cego. A única ilustração compreDesigner gráfica endida foi a página que Dominique Adam falava da chuva. E, dentro dessa dificuldade de compreensão da mensagem desse livro, decidi adaptá-lo para ele se tornar funcional para os cegos. Então, desenvolvi uma sequência de dez imagens, nas quais fiz quatro versões de cada. Sempre uma delas sendo mais complexa (com mais linhas), até chegar a última mais simplificada (com menos linhas). Fui testando essa sequência com um aluno do Instituto, analisando quais ele conseguia interpretar. Estas foram as que defini para o livro. As mais simples foram as escolhidas para serem utilizadas no livro, porém houve casos em que o contexto que o aluno possuía influenciava demais
na compreensão. Por exemplo, o desenho do morango sem o cabinho superior, para o aluno era uma melancia. Só com o cabinho que ele conseguia identificar o desenho da fruta. Ou seja, tudo depende do repertório tátil do cego. E esses desenhos, fez como a marcação deles? Primeiro eu testei vários tipos de papéis, para tentar passar o relevo de uma forma fácil de percepção. O papel que se adaptou melhor foi o vegetal de alta gramatura, o de 300 gramas. Para fazer a marcação, utilizei uma caneta sem tinta. Eu imprimi os desenhos, os virava ao contrário sobre o papel vegetal e contornava os desenhos. Alguns estão até furadinhos, pois fiz a mão. Não havia como ter muita precisão nos traços. Contudo, consegui fazer com que o relevo transpassasse a página e se tornasse perceptível. E o texto em braile, como você desenvolveu? A parte em braile eu consegui desenvolver com umas das professoras do Instituto dos Cegos. Ela digitou em uma máquina braile, pois eu não tinha a máquina, e mesmo que possuísse não iria conseguir digitar o braile corretamente. Como foi o processo de juntar todo o material para o livro? Foi bem complicado. A encadernação foi difícil. Encontrar o papel certo em alta gramatura foi exaustivo. Juntar tudo foi um desafio. Na escola os alunos usam mais papel sulfite em alta gramatura, que é o mais fácil de se encontrar. No projeto queria aliar também o olfato. Queria fazer com que cada página possuísse um cheiro da mensagem. Pesquisei muito e era possível fazer, porém estendia muito minha pesquisa e possuía pouco tempo para entregá-la. Eu fiz tudo sozinha. Algumas vezes aconteceu de ir ao Instituto de Cegos e as crianças não comparecerem à aula, pois havia ocorrido algum problema. E voltava para casa sem respostas, ou, às vezes, eu apresentava o material e dava tudo errado, tudo que havia planejado não dava certo, tinha que modificar e mudar do zero minha pesquisa. Quando você viu seu trabalho concluído e os alunos do instituto conseguiram compreender a mensagem, o que você sentiu? Nossa, foi uma gratificação mui-
Adaptação do livro das Cores feita por Dominique Adam
to grande e muito bonita. Porque eu percebi como é diferente planejar os materiais gráficos para cegos. Na faculdade aprendemos a planejar um material lindo, super descolado e colorido, só que ele não é acessível para todos. Mas você quer que aquela informação chegue a todos, não quer excluir ninguém. Só que a informação que aprendemos a produzir na faculdade não está preparada para ser compreendida por todos. Essa foi a minha proposta: utilizar do design e a diagramação para atingir esse público e assim cumprir o meu papel na sociedade. Depois da sua banca de TCC a sua pesquisa ganhou novas proporções. Como isso ocorreu? Depois que apresentei o projeto na defesa de TCC, que por sinal foi muito bem recebido pela banca, fui indicada para mestrado de Design de Sistema de Informação. Apresentei o projeto em um congresso de Pesquisa e Desenvolvimento em Natal (na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN), no Maranhão (na Universidade Federal do Maranhão UFMA). Fui muito elogiada por vários ícones da pesquisa em design, tanto que acabei escrevendo minha pesquisa no prêmio Bom Designer de 2012 e ganhei em primeiro lugar na categoria de Design Gráfico. E a partir dessa premiação, fui convidada a representar a UFPR em uma exposição na Alemanha e meu trabalho foi exposto no MAAK - Kölner Design Preis 2012 – (Alemanha), na área de imagem como veículo de acesso à informação em objetos de aprendizagem para deficientes visuais. Foi bem complicado enviar um trabalho para a Alemanha, mas deu certo. Fiz um banner, enviei e foi exposto em um museu. E isso me gerou uma gratificação enorme, pois meu esforço valeu a pena. E agora, que rumos está tomando sua pesquisa? A minha dissertação de mestrado está voltada para auxiliar a aprendizagem - um objeto de aprendizagem on line - que fale, por exemplo sobre anatomia humana. Quando se fala
em material impresso para pessoas cegas pensamos no braile, mas será que transmite toda a informação? Nós, quando lemos uma matéria em jornal, assimilamos o texto e a foto, um complementa o outro. Para os cegos, a descrição da imagem pode não ser suficiente para a compreensão. Mas como representar uma foto em um material impresso para eles? É a partir dessa premissa que estou desenvolvendo a minha tese, mas não para material impresso e sim para digital. » Como você está pensando em desenvolver essas imagens? Bom meu objeto de estudo está voltado para a aprendizagem, um artigo em um site que fale sobre anatomia humana, contendo várias imagens sobre o corpo humano. Mostrando, por exemplo, como acontece a circulação de sangue no coração, onde temos veias e artérias, nas quais as veias são azuis e as artérias são vermelhas, mas como representar isso para os cegos? Eles não sabem a diferença da cor. Para os cegos, a descrição da imagem, nesse caso, não é suficiente para a compreensão. Até que ponto a descrição é suficiente? Então, entra meu projeto como representar essa imagem de forma simples, com poucos traços.... Existem normas internacionais, só que são muito genéricas. Elas não dizem as espessuras de linhas, ou se podem ser pontilhas para se referirem a algo específico. Quando você vai alfabetizar uma criança que enxerga as editoras seguem várias normas do Ministério da Educação (MEC), mas quando você vai alfabetizar uma criança cega, não existem normas, pois há vários tipos de materiais. Se tivessem um padrão para imprimir os desenhos em relevo, seria mais fácil. É esse o meu objetivo; tentar alcançar um padrão de linhas aplicado na plataforma on-line e quando impresso apresente relevo.
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CIDADE
Profissão? Cuidador de carros Alguns deles viram na profissão uma oportunidade de ganhar a vida; Baiano, por exemplo, criou quatro filhos e mantém a casa com o dinheiro que ganha nas ruas Fogaça
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cada ano há mais carros nas ruas das grandes cidades. Em Curitiba não é diferente e, com isso, “apareceu” uma nova profissão. Muitos os conhecem por cuidador de carro, flanelinha ou como aquele “cara” que só quer saber de ganhar um troco e na maioria das vezes não está nem aí para o seu veículo. Hoje, é tão difícil achar uma vaga para deixar o carro, assim como escapar destes profissionais que se não estiverem na hora que você estaciona, com certeza, vão estar lá quando voltar. Pois é, e sempre fica a dúvida, pagar ou não pelo “serviço”? Na incerteza e, principalmente, por receio de ter seu automóvel danificado, muitos acabam dando pelo menos algumas moedas. Mas, não podemos generalizar, pois há muita gente boa que ganha a vida cuidando de carro. Neste caso, podemos
Eles estão em todas as ruas movimentas de Curitiba
mas e pequenos consertos. “Geralmente trabalho com carteira assinada, mas nos últimos meses a construção civil não está com tantas oportunidades e preferi ficar nas ruas cuidando de veículos, aqui em Curitiba e também no litoral durante a temporada de verão”, conta Teixeira. Mas o assunto é polêmico. Em Curitiba há dois projetos tramitando na Câmara Municipal que tratam dos cuidadores de carro: um pela proibição desta atividade e outro pela legalização da profissão. Segundo o estudante Leandro Luiz, a forma que muitos ficam exigindo dinheiro é o que chateia. Esta é a grande reclamação da maioria das pessoas que é contra este serviço. Por isso, o aborrecimento de muitos motoristas quando ouvem “bem cuidado”, “sai um café”, “tem um trocado para completar na compra da marmita”. A dúvida também paira no ar sobre se realmente o carro está sendo cuidado ou apenas se paga para o motorista não ter problemas.
Com meu trabalho criei meus quatro filhos, mantenho minha casa e esposa. E, posso me orgulhar de ter uma filha pedagoga Carlos R. da Silva - Cuidador de carro
Sempre compro Estar e não me incomodo com o pessoal que cuida de carro. Desde que haja respeito e eles aceitem o valor que dou para eles Mauro Piovesan - Médico
Fotos: Michel Fogaça
Michel
citar Carlos Roberto da Silva, que passa todos os dias na Rua Voluntários da Pátria. Isto acontece há mais de 30 anos. Segundo Baiano, como é mais conhecido, ninguém lhe dava uma oportunidade de trabalho, então começou lavando carros e depois começou a cuidar dos veículos, já que dava mais grana. “Com meu trabalho criei meus quatro filhos, mantenho minha casa e esposa. E, posso me orgulhar de ter uma filha pedagoga”, comenta. Outro detalhe importante é que tem muita gente que confia nestas pessoas e até costumam deixar a chave do veículo para que eles troquem o Estar e até mesmo manobrem o carro. “Sempre compro Estar e não me incomodo com o pessoal que cuida de carro. Desde que haja respeito e eles aceitem o valor que dou para eles”, afirmou o médico Mauro Piovezan. Já há casos como o do pedreiro Lauro Teixeira que costuma dividir seu tempo entre cuidar de carros e fazer “bicos” em refor-
Venda de EstaR também é uma boa fonte de renda
Propostas distintas Na Câmara Municipal de Curitiba existem duas propostas distintas que diretamente influenciam a atividade do trabalho de guardadores de veículos. O vereador Felipe Braga Côrtes (PSDB) protocolou um projeto de lei que visa a proibição da atividade no município. Segundo o parlamentar, a insegurança e o medo da violência obriga o cidadão a pagar. “O motorista se sente coagido ao pagamento de valores aos flanelinhas, por temer por sua integridade física”, justificou. Já o vereador Ailton Araújo (PSC), diz que a profissão tem que ser regulamentada. Por isso, ele registrou o projeto de lei na Câmara. “Existem elementos bons e elementos de má índole que fazem uso da função para a prática de roubos e outros delitos. Com isso, precisamos registrar e fiscalizar”, concluiu o parlamentar. O Sindicato dos Guardadores de Carros do Paraná (Singuapar), que é presidido por Paulo Negrão e existe há mais de 5 anos, defende que a atividade já é regulamentada por lei federal. Segundo ele, a lei é a 6242/75, assinada pelo então presidente Ernesto Geisel, e estabelece que para exercer essa atividade é necessário registro prévio na Delegacia de Trabalho competente. Ainda por informações do Singuapar, a falta de estrutura e uma união da classe trabalhadora dificulta uma melhor condição para o segmento.
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SEGURANÇA
Balões representam perigo no ar Fotos: Thaise de Oliveira
Tradição nas festas juninas, os balões são verdadeiros vilões da comunidade Thaise Oliveira
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e acordo com a Lei de Crimes Ambientais, de nº 9.065, criada em fevereiro de 1998, não somente soltar balões é "crime", como também fabricar, vender ou transportar. A pena prevista é de detenção de um a três anos ou multa de até R$ 5.593,99 por balão apreendido, ou ambas as penas cumulativamente. Diferente do que muitos pensam, eles não são soltos apenas nos meses de junho e julho devido às festas tradicionais, mas sim durante o ano todo. Segundo os praticantes, nesse período é mais arriscado, pois a fiscalização é muito maior. Apaixonado por essa arte perigosa, A.F. é baloeiro há 12 anos. “A primeira vez que vi um balão foi na minha infância, fiquei fascinado. Vê-lo subir é uma sensação inexplicável. Uma mistura de alegria e emoção. É algo mágico. Através do balão tenho meus melhores amigos e minha família, minha filha linda que foi por meio do balão que conheci a mãe dela. O balão é minha vida.” Segundo A.F., para confeccionar um objeto de grande porte, o investimento financeiro pode variar de R$100,00 até R$ 50.000,00 e tudo depende do tamanho e da carga, sem contar que exige muita criatividade, dedicação e paciência, já que possuem muitos detalhes. “O tempo pode variar de um mês até 5 anos. Alguns já passaram de 10 anos (risos).” Baloeiro há 10 anos, A.T. afirma que é muito triste chegar nessa época do ano, na qual se realizam as festas juninas, sem poder soltar balão livremente. “Somos oprimidos por fazer parte da cultura de um país que proíbe o balão e em diversas partes do mundo é tido como arte. Os maiores e mais belos são os daqui, e vivemos nesta injustiça. Lamentável!” A.T. conta que a maior preocupação na hora da soltura é em relação à polícia: “A maior dificuldade é chegar ao local sem a polícia saber. É muito triste ser visto como criminoso por manifestar uma cultura nacional e uma festividade folclórica.” Segundo o soldado Bombeiro Militar Tiago da Silva de Andrade,
Festival de Balão sem Fogo em Cerro Azul-PR, 2013
do 7° Grupamento de Bombeiros de Curitiba, em junho e julho o número de ocorrências envolvendo balões aumenta em 50% devido à associação com as festividades. Os alvos são, na maioria das vezes, residências. “Vemos famílias perderem seus bens ou parte deles por momentos de diversão de pessoas que não medem as consequências de seus atos.” Para ele, é importante que as pessoas denunciem essa prática ilegal pelo telefone 190 e em caso de incêndio 193. Buscando preservar essa prática e tentando mudar a visão que as pessoas têm em relação aos balões e aos baloeiros, a SAB (Sociedade Amigos do Balão), criou eventos com balões ecológicos, ou seja, balões sem fogo e com materiais biodegradáveis para tentar mudar essa realidade. Para os baloeiros, isso representa um grande avanço. “Os festivais de balão sem fogo são uma boa iniciativa do pessoal da Sapec (Somos Arte Papel e Cola) e da ABB ( Associação Brasileira de Baloeiros), que mostra o mesmo balão, feito com material biodegradável. Quem saiba assim, o balão volte a ser livre como em outros países”, afirma A.T.
Vemos famílias perderem seus bens ou parte deles por momentos de diversão de pessoas que não medem as consequências de seus atos
Balões ecológicos são permitidos Mas existe uma maneira para quem deseja praticar soltura de balões dentro da lei. Pensando em preservar a natureza, a SAB (Sociedade Amigos do Balão) criou uma nova técnica ao desenvolver os balões ecológicos (que não usam bucha para sustentar voo). Eles são confeccionados com materiais frágeis, totalmente biodegradáveis e que não agridem a natureza, como papel de seda, fita, cola e barbante. Além de não conterem fogo, não possuem qualquer material ou parte metálica que possam gerar curto circuito. Um exemplo dessa prática aconteceu em março de 2013, quando foi realizado em Cerro Azul - Paraná, o 2º Festival de Balão sem Fogo, reunindo em torno de cinco mil pessoas. Entre os baloeiros, a aceitação dessa nova modalidade foi excelente, pois são em sua grande maioria são pais de família, trabalhadores que possuem o único defeito de não conseguirem se livrar do vício de colar papel e transformar papel em arte. Para B. G., esse tipo de evento além de unir os baloeiros, é muito importante para que mais pessoas conheçam essa arte, mostrando-a que pode, sim, ser praticada sem oferecer riscos à população. “Acho muito importante no apoio à nossa arte.” Ele acredita que o balão ecológico será a grande mudança e o futuro dessa prática. “Não há preço que pague você poder mostrar seu trabalho sem ficar se preocupando com a chegada da polícia, além de poder levar sua família para apreciar sem medo. É lindo ver o céu colorido com tantos balões.”
Curiosidade
A arte de confeccionar e soltar balões de papel impulsionados por ar quente é muito antiga e tem sua origem na China, chegando ao Brasil em 1583, por meio dos colonizadores portugueses. Muitas pessoas pensam que os balões só são soltos no mês de junho, por causa das festas juninas, já que fazem parte dessa festa tradicional. Nelas, eles serviam como uma forma de comunicação, sendo soltos de cinco a sete balões para se identificar o início das festanças.
Tiago da Silva - Bombeiro
Através do balão tenho meus melhores amigos e minha família, minha filha linda que foi em meio do balão que conheci a mãe dela. O balão é minha vida A. F. - Baloeiro
Soltura de balão em campo
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ESPECIAL
Metrô em Curitiba Roberto Oliveira
Andressa Manzani
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Um metrô em Curitiba será ideal, já que o transporte coletivo está precário”, diz a atendente Elsa Meri Guimarães, de 48 anos, que mora na cidade desde que nasceu. Ela, portanto, acompanhou as inovações implantadas há cerca de 40 anos no transporte público da capital paranaense, que atenderam à demanda da época. As vias rápidas que permitem aos ônibus cortarem a cidade em tempo reduzido, praticamente em linha reta, bem como a adesão dos biarticulados, apelidados na época de “metrô de superfície”, que começaram a circular por aqui nos anos 1990, se tornaram referência. Esse sistema, internacionalmente conhecido por BRT (Bus Rapid Transit), foi implantado em várias outras cidades no Brasil e até no exterior. “Aqui temos vias exclusivas que funcionam muito bem”, ressalta o empresário Adilson de Jesus, 40 anos, também nascido na capital. No entanto, esse outrora inovador sistema de transporte, começou a dar sinais de cansaço, por conta do fluxo de pessoas que só aumenta a cada ano. “A população usa muito o transporte coletivo e a Prefeitura não consegue aumentar e manter a frota de acordo com o número de usuários,” observa Elsa. Em meio à estafa da população curitibana, eis que surge a
notícia, vinda do Governo Federal, da liberação de uma verba de R$ 5 bilhões dedicada a uma série de melhorias voltadas para a mobilidade urbana da capital, entre elas a tão aguardada e adiada construção de um sistema metroviário que, de acordo com o previsto, deverá começar a operar daqui a, no mínimo, seis anos. Mas, diante de tantos adiamentos, uma vez que não é de hoje que se fala em metrô de Curitiba, como a população recebe essa notícia? Adilson vê com muita desconfiança. Ele cita o metrô de Salvador, há 14 anos em obras, só inaugurado agora, às vésperas da Copa, e com um atraso de uma década em relação ao projeto original. “E ainda querem que acreditemos que o de Curiti-
Mais conforto, mais velocidade e mais segurança, recolocando Curitiba, que é uma das maiores metrópoles do Brasil, de volta àquele cenário de cidade-modelo. Jackson Bittencourt - economista ba vai sair?” A Copa do Mundo no Brasil tem sido polêmica desde que foi anunciada, em 2007. E o povo parece ser unânime em relação a seus custos. Ao contrário de Elsa, Adilson considera o transporte públi-
co de Curitiba um dos melhores, senão o melhor do Brasil. “É só comparar com São Paulo e Rio.” Porém, os dois concordam que boa parte do investimento na Arena da Baixada poderia muito bem ser aplicado para o dia-a-dia do curitibano, o que inclui, além do transporte, a educação e a saúde. Fato é que o metrô de Curitiba, que durante muitos anos foi cogitado, mas jamais havia saído do papel, agora está oficialmente anunciado. Resta ao cidadão curitibano acompanhar o desenrolar dos acontecimentos, seja com desconfiança ou com esperança. A seguir você confere o que a Prefeitura de Curitiba tem a dizer sobre a construção do metrô.
“Agora
O governo federal já liberou a v de um sistema de transporte co será que agor
Modelo é o da linha 4 de São Paulo Abaixo, o economista Jackson Bittencourt, da Secretaria de Planejamento e Gestão da Prefeitura de Curitiba, fala sobre o projeto do metrô na capital paranaense. Quando foi a primeira tentativa de construção do metrô em Curitiba e porque ele não foi viabilizado naquela ocasião? Em 1969 já se discutia a implantação do metrô em Curitiba. Mas devido ao projeto do Jaime
Lerner, na década de 1970, dos BRT’s, os expressos do eixo Norte-Sul, Leste-Oeste, isso atendeu à demanda de passageiros da época. Projeto esse inclusive copiado por cidades de outros países e também aqui no Brasil, se tornando uma referência. Ocorre que nos últimos dez anos tem se percebido um saturamento desse transporte, muita gente e muitos carros na cidade. A partir de 2009 começou a se discutir que Curitiba teria que ter inevitavelmente um metrô. O motivo do projeto não ter ido adiante até então era o seu custo elevadíssimo. Não dá para a Prefeitura de uma cidade bancar sozinha. E o Governo Federal sinalizou um fundo de 1 bilhão de Reais e, com isso,
a possibilidade real de efetivamente se construir o metrô. A Prefeitura e iniciativas privadas também entraram com valores, só que mudou a gestão municipal. A equipe técnica que assumiu revisou o projeto e percebeu que havia limitações, inclusive orçamentárias para se fazer um metrô mais eficiente, que seria o “subway”, ou seja, o metrô que realmente passa por baixo da terra. E o custo no mínimo dobraria. Construtoras recomendam que, para a realização de um metrô realmente eficaz, o ideal é por meio do método de tuneleira,
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vai?”
verba, e a cidade carece oletivo mais eficaz. Mas ra vai?
uma máquina que perfura, atravessando a cidade inteira, que é o método que esta gestão estará fazendo. Criou-se uma expectativa muito grande após o anúncio da presidenta Dilma Roussef da liberação de R$ 5 bilhões para obras de mobilidade urbana, das quais a maior verba será destinada ao metrô. É uma conquista conjunta dos governos Estadual e Municipal? Mudanças de gestão poderiam comprometer o andamento dessa obra? Até o presente momento, os go-
Em no máximo três meses, após uma assinatura de contrato, por volta de Setembro ou Outubro as obras poderão estar começando. Quanto ao tempo de obra, é difícil dizer, porque esse trabalho irá atravessar a cidade do CIC até o Cabral por baixo da terra. Jackson Bittencourt - economista
Estação das Flores: a primeira fase do metrô de Curitiba deverá ligar o bairro Cidade Industrial ao Cabral.
vernos federal, estadual e municipal, a princípio estão de acordo com as obras do metrô, em pleno desenvolvimento para que aconteça. Para quando, efetivamente, está previsto o início das obras, de maneira que o curitibano veja, perceba e acompanhe o seu andamento? A previsão é que as obras se iniciem no segundo semestre. Será publicado um edital no site da Prefeitura para chamar as empreiteiras interessadas. Elas vão analisar esse edital e apresentar as suas propostas. Em no máximo três meses, após uma assinatura de contrato, por volta de Setembro ou Outubro as obras poderão estar começando. Quanto ao tempo de obra, é difícil dizer, porque esse trabalho irá atravessar a cidade do CIC até o Cabral por baixo da terra. E a perfuração exige uma análise profunda. As sondagens geológicas que foram feitas a princípio não apontaram problemas, mas só cavando para se ter certeza. Essa fase pode durar de quatro a cinco anos. Em 2018 ou 2019, portanto, nós já deveremos ter o metrô operando de início do CIC até a Rua das Flores. Quais seriam as implicações dessa obra para o trânsito, em relação aos transtornos que inevitavelmente acontecem? Como será a mobilidade nesse período, inclusive em relação aos ônibus biarticulados que estarão circulando exatamente por cima das futuras linhas do metrô? A opção do método construtivo por meio da tuneleira vai diminuir os impactos no trânsito. Enquanto se escava por baixo, os expressos podem circular normalmente por cima. As implicações serão nas estações-tubo. Em algumas delas, por serem mais robustas, as perfurações terão que ser mais intensas e a céu aberto. A Praça Eufrásio Correia, por exemplo, que será uma das estações centrais, nesse caso será
necessário um desvio para o expresso. Algo semelhante foi feito recentemente, com o desalinhamento das estações-tubo, para que um ônibus não travasse a passagem de outro nas caneletas. Nas regiões das estações, portanto, o trânsito, inclusive dos expressos, terá que ser desviado para as vias rápidas paralelas. Então, haverá transtornos, mas não serão tão agressivos. Qual será o modelo do trem do metrô adotado para circular em Curitiba? Será mesmo similar à Linha 4 do metrô de São Paulo ou até lá pode haver mudança nesse sentido? Vamos adotar, sim, como modelo, o mesmo utilizado pela linha 4 do metrô de São Paulo. Essa linha, ao contrário das outras, tem uma parede de acrílico que protege o passageiro de uma eventual queda na vala, além de impedir que seja jogado lixo nos trilhos. Outro diferencial é que as portas de acesso, localizadas nessas paredes de proteção, só se abrem quando o veículo chega, exatamente igual às estações-tubo. As estações do metrô serão as mesmas das já existentes para os bi-articulados? Não. Hoje, em média, a distância entre as estações-tubo dos biarticulados é de 400 a 500 metros. No metrô a distância será, em média, de 1 Km. O custo da obra dobraria se fosse colocada uma estação a cada 500 metros, pois elas é que são o mais caro da obra. Cada estação pode custar em torno de R$ 200 milhões. Mas, deixando o lado financeiro de lado, vamos pensar em mobilidade. Atualmente, em horário de pico, o percurso de um biarticulado do CIC até o Cabral dura cerca de uma hora e meia. Com o metrô, e as estações mais distantes umas das outras, esse trajeto não passará de 30 minutos, pois o veículo poderá alcançar todo o seu potencial de velocidade, sem trânsito nem
sinaleiro. Vamos supor que em 2020 o metrô já esteja operando plenamente, atendendo à demanda da população. Porém, a cidade não para de crescer. Assim como São Paulo hoje tem quatro linhas, a população curitibana pode esperar por um trabalho constante de ampliação do metrô? Curitiba está dando o primeiro passo para o metrô. E a partir da primeira linha operando, será estruturada uma malha. Este será o eixo do qual outras linhas irão derivar, como a Leste-Oeste, e poderemos até extrapolar a cidade de Curitiba, alcançando o núcleo metropolitano com a mobilidade oferecida pelo metrô. Araucária, Colombo, São José dos Pinhais, uma linha passando pelo Aeroporto, a região ganharia muito com isso. Se um núcleo metropolitano alcança 3 milhões de habitantes, como é o caso de Curitiba somada às cidades limítrofes, este núcleo precisa de metrô, caso contrário começaria a ter sérios problemas. Esta primeira linha já vai reduzir significativamente o número de carros circulando, pois muitos deixarão seus veículos em casa para utilizar o metrô que será muito mais rápido e seguro, e não tem classe social, alias nenhum transporte coletivo deve ter. Mas o metrô harmoniza mais isso, com ar condicionado e mídia embarcada com notícias atualizadas. Com esse primeiro passo, portanto, a cidade terá um ganho qualitativo sem-igual. Mas já se pensa, sim, em novas linhas para o futuro. O que a população de Curitiba pode esperar do metrô? Mais conforto, mais velocidade e mais segurança, recolocando Curitiba, que é uma das maiores metrópoles do Brasil, de volta àquele cenário de cidade-modelo.
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COMPORTAMENTO
Mistérios do sobrenatural com a ajuda da parapsicologia Márcia Carli
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á passa da meia noite e no interior de uma casa grande, confortável e bem protegida uma família não consegue dormir há algumas noites. O incômodo é causado por portas e janelas que batem sozinhas, barulhos que ecoam pelos corredores vazios. E ao buscar sua origem nada se vê. Que fenômeno é esse? Seriam fantasmas? Espíritos ? Demônios? O psicólogo, parapsicólogo e Frei Alvadi Pedro Marmentini responde que não, e conta como resolveu o problema depois de uma visita ao local. Não foi com reza, e nem com uma máquina para caçar fantasmas, e sim com a parapsicologia. A parapsicologia hoje já é considerada uma ciência, e tem suas aplicações comprovadas por pesquisas. Conta com uma escola formadora de terapeutas profissionais na área. O terapeuta e Frei explica que esses fenômenos acontecem com a liberação das energias que compõem todo ser humano. Quando as pessoas passam por problemas sérios, como desentendimentos, perdas, situações em que sentem raiva e rancor, irradiam muita energia negativa. E é essa energia exteriorizada que ao circular pelos ambientes causa deslocamentos de ar que podem bater portas e janelas, sons e ainda vultos. No caso acima, o problema era causado por um adolescente em desarmonia com a família. O parapsicólogo fez a harmonização através da conscientização do problema por toda a família e acerto de suas diferenças, e assim os fenômenos cessaram. Este caso não é único e muito menos raro, pois Frei Alvadi já fez vários atendimentos dessa natureza. A terapia também é usada atualmente para se chegar à raíz da depressão, uma doença cada vez mais decorrente neste século.
A origem do problema Enquanto a psicologia trata seus sintomas, a parapsicologia busca descobrir sua origem que, segundo Alvadi Marmentini, é proveniente do nosso inconsciente. Pois pesquisas nesta área com-
provaram que há uma herança genética de sentimentos passada de geração em geração. Por exemplo, pessoas que possuem medos e fobias não explicados trazem essa bagagem de algum ancestral, como avós, bisavós e mães. Mulheres que mesmo sem nenhum problema biológico não conseguem engravidar também contam com uma herança que pode implicar em uma avó que sofreu muito com Frei Avaldi: a alguma gravidez e passou parapsicologia este forte sentimento. Nestes hoje é uma ciência casos, as pessoas em questão desconhecem o fato ocorrido ao parente. Na parapsicologia, a terapia é iniciada após a investigação da origem do problema e isso é feito com pesquisa na família, hipnose e quando necessário com a regressão de idade. E a cura se dá pela reprogramação mental. Classificação dos fenômenos paranormais Frei Alvadi explica que há três São fenômenos que manifestam a capacite encontra a descrição da batalha ou episódio, escolas na parapsicologia: a Católidade do ser humano e outros seres vivos, de inclusive com ilustrações ou assiste a um filca, a Espirita e o Sistema Grisa. Esta comunicar-se e perceber elementos e ocorrênme no qual a batalha ou episódio são apresenúltima é que o terapeuta pratica. Ela cias sem fazer uso dos cinco sentidos visão, tados precisamente como se manifestaram na é voltada à ciência e tem suas técniaudição, tato, olfato e paladar. A pessoa sente visão mental. cas comprovadas por pesquisa. e percebe como se estivessem fazendo uso dos Clarividência - É perceber algo que ocorO Sistema Grisa possui em Curisentidos, contudo sem fazê-lo. re além dos limites da visão, contudo percebe tiba uma sede e oferece cursos de Estas são suas subdivisões: como se estivesse vendo, independentemente qualificação profissional e de pósTelepatia – É a transmissão de uma mende barreiras ou grande distancias; claripercipi-graduação na área da parapsicolosagem entre um transmissor e um receptor, ência, termo criado pelo Sistema Grisa, a fim gia. E conta com vários terapeutas sem fazer uso dos sentidos. Exemplos: você de englobar todos os fenômenos nos quais se formados e em exercício em várias pensa em alguém, logo depois essa pessoa lhe tem a percepção de estar vivenciando a sencidades. telefona ou você a encontra andando numa sação dos diferentes sentidos. Exemplo: AlPorém, mesmo sendo uma ciência comprovada, o parapsicólogo corua ou num shopping, você sonha com uma guém vivencia sensações de frio e sente odomenta que ainda existe preconceito pessoa, no dia seguinte recebe carta, e-mail ou res de determinadas flores e velas, decorrido com a terapia, causado pelo desconotícia da mesma. determinado tempo recebe a notícia da morte nhecimento e o misticismo que ainda Pré-cognição - É a capacidade do ser hude um ente querido. confundem as pessoas. mano de captar o que irá ocorrer no futuro; Bilocação de Consciência - É o fenômeOutro dado importante mencioPremonição é a crença de que um mensageino paranormal que ocorre quando a pessoa nado pelo Frei é a necessidade de ro espiritual avisaria o que está para ocorrer. vivencia a sensação do corpo se expandindo, que as pessoas, em geral, procurem Exemplo: você sonha com um amigo acidenalongando ou inchando; de sair do corpo ou atendimento psicológico sempre tado, dias depois o fato ocorre como tinha sido perceber-se como se estivesse fora dele ou que passarem por situações difíceis, previsto em seu sonho. em duplicata. Esse fenômeno, segundo outras pois toda dor guardada se manifesta Pós-cognição - É perceber mentalmente escolas e doutrinas pode ser denominado de em algum momento e de diversas um fato ocorrido no passado, sem ter obtido viagem astral, desdobramento e clarividência formas. Uma delas segundo ele é o objetivamente tais informações. Exemplo: viajeira câncer. E no caso dessa doença o traAlguém, repentinamente, tem uma visão com tamento da raiz do problema seria a sonoplastia correspondente e vê mentalmente Fonte: Fonte: http://www.lipappi.com.br solução. O Frei ainda fala que terapia uma batalha ou outro episódio. Posteriormennão é “coisa de doido” como ainda se pensa, e sim coisa de gente saudável. Serviço No santuário em que atua, o Frei Instituto de parapsicologia e potencial psíquico – Escola do Sistema Grisa oferece o serviço de graça a quem http://www.lipappi.com.br/ não pode pagar e também atende Santuário São Leopoldo - atendimento Frei Alvadi Pedro Marmentini particular. Conta com a ajuda de alEndereço: Rua Santa Eulália de Barcelona, 273, Cidade Industrial - Contato: (41) 3246-7148 gumas terapeutas que fazem este serviço voluntariamente.
Foto: Divulgação
O psicólogo e parapsicólogo Frei Alvadi Pedro Marmentini explica como funciona esta terapia
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SAÚDE
Porque rir é o melhor remédio, sempre Baseada neste pensamento, a risoterapia é uma nova forma de tratamento psicológico
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Quebrar paradigmas, ou até mesmo enfrentá-los não é tarefa das mais fáceis, levando em conta que muitos desses modelos são produtos de séculos de experiência
riso terapia, terapia do riso ou yoga do riso como também é conhecida, é um tipo de terapia que leva o indivíduo a rir-se a fim de proporcionar relaxamento físico e emocional como forma de tratamento psicológico. Está baseada na evidência científica de que rir é o melhor remédio. Ao rir-se são liberadas substâncias fundamentais para a saúde, como a serotonina e endorfinas que promovem Maristela Vallim o relaxamento muscular e a sensa- Psicóloga ção de bem estar físico e emocional. Tom Shadyac, temos um grande Os terapeutas afirmam que os benefícios da risoterapia são ain- exemplo de um homem em busca da maiores quando rir-se intensa- de “mudanças”. Esse homem é Pamente. O ideal é que a pessoa não tch Adams, interpretado pelo ator esboce somente um sorriso, mas Robin Williams – que acredita ser que este produza algum som e se a risada a chave para a melhoria da possível gargalhadas. Segundo os estudiosos, cada pessoa deve rir- qualidade de vida. Ele não tinha -se em média 250 vezes por dia formação em risoterapia, porém, para beneficiar-se de todos os po- com seu carisma e sensibilidade, deres que o riso tem. conseguia levar alegria para as De acordo com a psicóloga crianças expondo-se muitas veMaristela Vallim, especialista em zes às punições da instituição, que análise do comportamento em proibia estas intervenções.” formação, a terapia do riso não Reprodução Mas a ciência comé um trabalho exclusivo prova que o riso faz de psicólogos, pois qualquer pessoa que bem a saúde, a conheça as técnicas alegria libera enpoderá desenvolvêdorfinas que são -la. No Brasil, há calmantes natugrupos da que trarais então, você balham em hospipode observar que tais, principalmente com crianças. a risoterapia tem Maristela Vallim diz uma fundamentação Cena do filme Patch que existem bons curcientífica comproAdams - O amor é sos no mercado, mas é contagioso vada. “Não é que ela preciso que o candidavá curar os paciento atenda alguns requisitos básites, mas vai criar condições para cos. Antes de tudo, é importante que o profissional tenha carisma promover o bem estar. O que ocore goste de lidar com pessoas, es- re é que nós estamos vivendo a era pecialmente aqueles em situação da medicalização, ou seja, existe de vulnerabilidade, uma vez que uma tendência a "curar" a tristeza esta técnica pode (também) ajudar pessoas hospitalizadas. Portan- com remédios. Os indivíduos fito, sensibilidade é fundamental. cam tristes, às vezes por motivos “Um exemplo clássico, é o filme banais e já correm no psiquiatra. Patch adams - O amor é conta- Este, por sua vez, poderá lhe regioso. Quebrar paradigmas, ou ceitar um "calmantezinho" pra até mesmo enfrentá-los não é ta- relaxar e de fato, ela ficará mais refa das mais fáceis, levando em "light", porém sem condições de conta que muitos desses modelos são produtos de séculos de expe- pensar sobre o que de fato a levou riência. Diante disso, são poucos a tristeza, ou seja, terá uma alegria os que se dispõem a enfrentar esse fabricada e estéril, diz Maristela desafio. No filme, dirigido por Vallim.
“Nosso palhaço é tudo o que o nosso humano não consegue ser ou não consegue
res Hinke
Arialle
Fot o: Claudia Soa
Shamia
Depoimento da palhaça Magricela Entrar no Terapia Intensiva De Amor - O TIA foi um sonho. Começou em 2005 como um desejo para Caroline, a palhaça Magricela, sua fundadora, que ao visitar e fazer sorrir uma criança hospitalizada prometeu a Deus e a ela mesma, que multiplicaria aquele sorriso.No começo, ela não entendia muito bem qual era o objetivo mas não desisitiu, pois sempre teve vontade de ajudar o próximo, vontade de fazer algo por alguém que necessitasse de atenção ou talvez só de uma boa conversa. O grupo é Interdenominacional, e busca levar a palavra de Cristo, conforme explica em depoimento abaixo Caroline. “Quando comecei a ir nos hospitais, asilos, Casa de Crianças com Câncer (APACN), orfanatos entre outros, percebi que as pessoas necessitam da nossa ajuda, da nossa força muito mais do que imaginamos e cada lugar é diferente um do outro. Nos asilos, por exemplo, os idosos amam conversar, contar suas histórias, suas experiências de vida. Já em hospitais, usamos mais as piadinhas, as brincadeiras ou simplesmente uma boa conversa
pois muitos deles sentem dor. Com o tempo, fui aprendendo muito e tendo experiências maravilhosas e inesquecíveis com pacientes e familiares. Cada palhaço é um presente de Deus, é um dom que ganhamos para fazer o próximo sorrir e esquecer por um momento de suas dores e tristezas. E esse presente vem acompanhado de um nariz vermelho que quando colocamos nos sentimos heróis, prontos para realmente fazer a diferença no dia de cada um, porque quando conseguimos ganhar um simples sorriso, é suficiente para ganharmos o nosso dia. Nosso palhaço somos nós mesmos que criamos, nossas roupas, maquiagem, nome e personalidade e isso faz com que amemos nosso palhaço de uma forma inexplicável. Minha palhaça se chama Magricela, e hoje posso dizer com toda a certeza que ela faz parte de mim, porque quando amamos nosso palhaço conseguimos expressar isso aos pacientes e crescer para trabalhar cada vez melhor. Nosso palhaço é tudo o que o nosso humano não consegue ser
ou não consegue expressar, por exemplo, se eu sou tímida, quando coloco meu nariz me transformo e a timidez voa pra longe de mim, e isso é maravilhoso! Lutamos por um dia com mais sorriso e menos lágrimas e aprendemos sempre que quando fazemos as coisas por amor, não tem como ser imperfeito. Tudo torna as coisas mais fáceis e no fim das visitas saímos sempre com um sorriso no rosto e aquela sensação de gratidão a Deus. Ser palhaço é ser digno de toda a felicidade, é saber que independente da situação você não precisa ser perfeito, só precisa ser palhaço. Enquanto o bem e o amor existirem, o mal e as dores nunca vão prevalecer e não ter cura! Nosso objetivo é deixar o amor de Deus tornar nossas vidas mais alegre, para podermos passar toda essa alegria a quem precisa.” ''Acima de tudo tenha amor, pois o amor une perfeitamente todas a coisas'' Colossences 3:14
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CIDADE
Uma viagem no Bondinho da Leitura
O vagão, que era sala de recreação infantil, passou a ser um espaço para apreciar históMatos
Roberto Oliveira
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oje ele funciona como uma biblioteca itinerante, sendo carinhosamente conhecido por todos como o Bondinho da Leitura, mas nem sempre foi assim. Por uma iniciativa cultural da Prefeitura Municipal de Curitiba, o vagão instalado no calçadão da XV de Novembro – cujo design detalhado e cores vivas evidenciam sua vocação turística – foi devidamente adaptado para sua inauguração em outubro de 1973, inicialmente como local de recreação para as crianças que circulassem pelo centro da capital. Os pais, enquanto iam às compras, deixavam lá seus filhos que eram entretidos com as atividades pedagógicas que eram propostas. “Tinha brincadeiras, desenhos para pintar e hora do conto”, lembra Juliana Cristina da Costa, 37 anos, empresária, há cerca de 20 anos frequentadora do bondinho. Mas o vagão também passou por sua fase de posto de informações turísticas, entre 1986 e 1989. Passado esse período, ele voltou a ocupar sua função original, entreter as crianças. Após algumas desativações, ocorridas a partir de 2004, o Bondinho da Leitura foi reformado e reaberto em 2010, desta vez com uma proposta diferente, a de ser uma biblioteca, voltada exclusivamente para a literatura, não apenas para as crianças, mas também para todos os públicos, de todas as idades. Essa ideia de tornar o bondinho um espaço para a leitura foi
Serviço: Para retirar um livro é preciso: ser morador(a) de Curitiba ou região metropolitana, e apresentar um documento de identidade. Horário de funcionamento: De 2ª a 6º feira, das 8h30 ás 18h30 Sábados, das 8h30 às 14h30 Rua XV de Novembro (esquina com a Rua Ébano Pereira) – Centro.
As crianças são curiosas em querer ver de perto e, ao entrar, descobrem um mundo novo da leitura
Fotos: Divulgação
Adriele
uma iniciativa do ‘Curitiba Lê’, um programa que implanta bibliotecas exclusivamente dedicadas à literatura. Os livros didáticos e técnicos foram para as bibliotecas especializadas e o bondinho ficou responsável pelos livros de literatura. Há cerca de quatro anos, portanto, o Bondinho da Leitura existe como biblioteca. As escolhas para a compra dos livros são feitas pelos próprios mediadores de leituras e profissionais da área como professores e escritores. O objetivo destes pensadores de livros de literatura é que a população também tenha mais acesso a livros clássicos, literatura contemporânea, de autores curitibanos, paranaenses, para que a população que mora aqui conheça quem produz cultura na cidade e sejam apreciadores de literatura. Os livros são comprados pela Prefeitura Municipal de Curitiba. Juliana sempre apoiou essa iniciativa da Fundação Cultural, que tem beneficiado gerações. “Gosto de ler desde aquela época. Já retirei muitos livros. Um dos títulos que mais gostei recentemente foi “O Menino do Pijama Listrado”.” Hoje com 3 filhos, ela também os incentiva a serem frequentadores do exótico vagão cultural. Segundo Lilian Soares, mediadora de leitura e coordenadora do Bondinho, os turistas e cidadãos de Curitiba se sentem gratificados em poder tocar nos objetos que permanecem preservados até hoje. A época de férias é a temporada em que há mais movimento, chegando a registrar mais de 600 pessoas para visitação em um único dia. “O Bondinho da Leitura recebe muitas visitas de jovens de escolas e universidades, além de adultos. Mas a maior concentração é de pais e filhos com crianças pequenas, pelo fato do formato do bonde ser parecido com um trem. As crianças são curiosas e querem ver de perto e, ao entrar, desco-
Suzana Lara Padilha - Mãe brem um mundo novo da leitura”, comenta. Suzana Lara Padilha, 37 anos, do lar, e seu filho Matheus Padilha, de apenas 7, que acabaram de conhecer o bondinho, falam de suas primeiras impressões do local. Ela achou o vagão bonito e simpático. E ele quer que sua mãe o leve lá mais vezes. Lilian deixa um convite para as pessoas que passam em frente, sabem que existe o bonde, porém nunca se interessaram em entrar: “Sejam curiosos, a cidade está cheia de espaços gratuitos, todas as coisas que são públicas são construídas com nosso dinheiro, então é como se tivesse comprado alguma coisa e largado para ninguém usar. Não visitar espaços públicos é um desperdício sem tamanho”, ressalta.
Se você pegou o bonde andando, saiba quando e como eles circularam pela capital paranaense As janelas estão intactas, o forro permanece o mesmo, os bancos foram trocados por estantes e a tintura restaurada. Confortavelmente acomodado no calçadão da Rua VX de Novembro como se sempre tivesse pertencido àquele lugar, o Bondinho da Leitura deve despertar ao menos uma curiosidade a respeito de como ele foi parar ali, e qual sua funcionalidade atual. Ao contrário do que se pensa, este charmoso vagão nunca antes havia circulado pelas ruas de Curitiba. Ele na verdade foi trazido de Santos-SP, já com intenção turística. Os veículos que trafegaram sobre os trilhos da capital paranaense transportando passageiros eram bem diferentes, muito mais antigos e rústicos do que esse. O ano era 1913, e Curitiba presenciava uma notável melhoria em seu sistema de transporte urbano. Bondes elétricos começavam a circular pelos trilhos da capital, onde permaneceram por quase 40 anos. Esses primeiros bondes possuíam apenas 14 bancos de dois lugares cada, e mais um corredor onde algumas pessoas poderiam se acomodar em pé. A lotação, portanto, seria de algo em torno de 40 passageiros. Uma realidade muito diferente da atual frota de ônibus biarticulados que hoje circulam por Curitiba e tem capacidade para transportar cerca de 300 pessoas por veículo.
Os bondes paravam para embarque de passageiros em vários trechos do caminho e tinham como seus pontos finais a Praça Zacarias ou a Praça Tiradentes. O ofício de condutor do bonde era chamado de motorneiro, sempre com seu quepe avermelhado sobre a cabeça. Como não havia meios para o veículo manobrar sobre os trilhos, cabia ao motorneiro, ao chegar em cada ponto final, sair da cabine de um extremo do bonde para assumir a direção do outro lado, além de virar também o sentido de todos os bancos dos passageiros. Uma das linhas era a “Centro-Portão”, que durava cerca de uma hora, com veículos circulando a uma velocidade que podia alcançar até 40 Km/h. A última viagem de bonde em Curitiba teria sido feita por volta de julho de 1952. Até 2002, um modelo do Birney, o veículo sobre trilhos norte-americano que atendeu a capital entre os anos 1930 e 1950, estava aberto à visitação na Praça Tiradentes. Ele teria sido retirado devido à incidência de atos de vandalismo. Esse vagão ainda existe, guardado na garagem da URBS que fica no bairro Tingui. E com ele, as lembranças de uma Curitiba mais provinciana, que permanece viva na memória dos mais saudosistas.
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CRÔNICA
Friamente Esquecido Rocha
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té onde me lembro aquele foi o inverno mais rigoroso dos últimos anos, em Curitiba, e sinceramente não sei o como ele passou uma semana inteirinha sem mim. Vocês devem estar se perguntando quem é ele. Ele de quem eu falo é Jorge, um cara alto, cabelo castanho e muito cuidadoso. Mas como todo mundo, ele tem seus momentos de esquecimento. E infelizmente sábado passado foi o meu dia de ser esquecido, pela primeira vez. Estávamos no Passeio Público, local aonde íamos todo fim de semana, e passamos a tarde toda lá. Porém, no fim do dia o sol resolveu dar uma passadinha pela cidade, o que não é nada estranho em se tratando de Curitiba. Foi então que ele me deixou no banco e resolveu aproveitar o clima para dar uma caminhada. Quando se levantou, seu celular tocou, era sua amada, e então foi correndo ao seu encontro me deixando para trás. Pois é, é triste ser esquecido assim, logo eu que sou tão importante na vida dele. Confesso que bateu um desespero! O que seria de mim? Já era noite e eu ainda estava no banco. E de repente apareceu um homem, ele me notou, olhou para os lados para ver se eu estava sozinho, como não viu ninguém, aproximou-se devagar e me agarrou, não pude fazer nada. Não sabia para onde ele iria me levar, mas tempo depois chegamos a sua casa. Até que gostei de lá. Desco-
@TÁ NA WEB
bri que seu nome era Carlos. Passei uma semana com Carlos e no sábado seguinte, logo cedo, ele recebeu um telefonema de seu amigo Eduardo que o chamava para dar um passeio. Ele me pegou e saímos. Estava ansioso para saber aonde íamos. Quando estávamos quase chegando ao ponto de encontro, reconheci a paisagem em volta e de cara já deduzi que o local onde íamos era o Jardim Botânico, um dos parques mais belos da cidade. Ao chegarmos lá, Eduardo e um amigo estavam nos esperando. Não acreditei quando o vi, pois lá estava ele aquele mesmo cara alto, cabelo castanho e seu jeito completamente cuidadoso. Estava sentado ao lado de Eduardo e quanto se virou para cumprimentar Carlos, seus olhos olharam diretamente pra mim. Jorge perguntou onde Carlos havia me comprado, no entanto, ele explicou que tinha me encontrado no Passeio Público. Já não restavam dúvidas de que eu pertencia a Jorge, assim que ele terminou de explicar a história e mostrou seu nome que estava gravado em minha etiqueta. No final daquela tarde, voltei para casa protegendo Jorge do frio, porque afinal de contas, o melhor amigo de um homem no inverno é o seu casaco.
Cíntia Silva
Os melhores da Copa Com protesto ou sem protesto a Copa está aí, e como já diria a Dilma Boladona, se reclamar vai ter duas. Mas uma coisa até quem não viu os jogos, está vendo nas redes sociais. Os memes surgidos ao final de cada partida estão virando manchete de grandes jornais e motivo de risadas no mundo todo. Já deu uma olhada neles?
Os memes da Copa estão em todas as redes sociais
O Orkut está se despedindo Você lembra do Orkut? Aquela rede social da qual você fazia parte antes do Facebook tomar conta dos seus dias! Ele vai morrer. O Orkut já esta distribuindo e-mails para seus integrantes (e ex-intregrantes) se despendindo depois de tanto tempo de convivência. O Orkut permaneceu firme e forte por 10 anos e com certeza vai fazer falta. Para dar um “tchau” à altura, o site Youpix fez uma seleção com as comunidades que deveriam ter existido na rede social. Com certeza você faria parte de pelo menos uma delas!
Fotos: Mathieu Bertrand Struck/Wikimedia Commons
Eduardo
Passeio Público Curitiba (PR)
O site Youpix fez uma seleção com sugestões de comunidades que fariam o Orkut renascer
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ENSAIO FOTOGRÁFICO
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não tem preço! Claudia Bilobran
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uanto você pagaria por um amigo que estivesse disposto a te dar carinho em todos os momentos da sua vida? Que ficasse ao seu lado mesmo quando nem você se aguenta? Que te recebesse sempre com brilho nos olhos? Gestos como esses não tem preço! Adotar é um sinal de amor e, acima de tudo, de respeito pela vida animal. Como olhar para essas carinhas e não se apaixonar?
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