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JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER - ANO VII - NÚMERO 41– CURITIBA, FEVEREIRO/MARÇO DE 2015

Um dos edifício mais antigos de Curitiba é cercado de histórias págs. 8 e 9

Foto: Divulgação

pág. 4

Até onde vai o limite dos editoriais de moda

Foto: Divulgação

págs. 6 e 7

Histórias e lendas do Edifício Asa

Foto: Thais Choma

pág. 10

Roteiro para um bom dia de domingo no centro

Foto: Jaqueline dos Santos

Toda graça do Garcez


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Número 41 – Fevereiro/Março de 2015

OPINIÃO Ao leitor

Marco Zero

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Na Praça Tiradentes, bem em frente à Catedral, está o Marco Zero de Curitiba, que oficialmente é tido como o local onde nasceu a cidade, além de ser o ponto de marcação de medidas de distâncias de Curitiba em relação a outros municípios. Ao jornal Marco Zero foi concedido este nome, por conter notícias e reportagens voltadas para o público da região central da capital paranaense.

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Foto: divulgação

Entre as tantas atrações que a edição de número 41 do Jornal Marco Zero reserva aos leitores, está a entrevista especial com o jornalista Luiz Geraldo Mazza. Apontado como um dos co municadores mais influentes do Estado, Mazza conversou com os estudantes de Comunicação do Uninter sobre sua carreira de jornalista, além de temas como mídia, censura e motivação. Em “Cidade”, você confere uma matéria sobre as dificuldades de locomoção por parte de pessoas com deficiência visual. Em que pé anda a questão da acessibilidade? No caderno “Especial”, uma visita a dois edifícios famosos de Curitiba: o Asa e o Garcez. E para finalizar a leitura com um pouco de descontração, essa edição também traz dicas para quem quer fazer do domingo um dia bem animado. Boa leitura!

O armário midiático Fillipe Fernandes

A novela das nove da Rede Globo é um dos produtos midiáticos mais consumidos pelos brasileiros, e como tal, é alvo dos olhares diretos e indiretos de todo o país. Um tema que vem se tornando mais recorrente nos folhetins é a homossexualidade. Pode-se afirmar que isso é positivo, pois auxilia na conscientização das pessoas a respeito de um tema que aos poucos está deixando de ser um tabu. Mas nem tudo são flores quando se trata de desenvolver um produto que é amplamente assistido. Por mais que a inserção de personagens homossexuais tenha sido feita, o tabu ainda permanece enraizado em vários segmentos da sociedade brasileira, principalmente entre os fundamentalistas religiosos cristãos. A última polêmica do assunto envolve um casal lésbico interpretado por Nathalia Timberg (Estela) e Fernanda Montenegro (Teresa). No primeiro capítulo da novela “Babilônia” (que foi ao ar em 16 de Março de 2015), as duas protagonizaram uma cena curta que se encerrava com um beijo. A sequência teve em torno de trinta segundos e isso já foi tempo suficiente para a “tradicional família brasileira” se sentir violada moralmente por assistir duas senhoras com idade avançada trocando uma carícia. Rapidamente, as redes sociais se dividiram entre pessoas a favor e contra a veiculação do beijo. O resultado se refletiu na audiência da trama de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, que diminuiu um terço durante a primeira semana de exibição (o primeiro capítulo deu 33 pontos de audiência e o de sábado 21, deu 22 pontos), segundo o Ibope. Outro autor que precisou lidar com a rejeição do público conservador foi Aguinaldo Silva, que assinou a recém-terminada “Império”, novela das nove que contava a história do comendador José Alfredo Medeiros (Alexandre Nero), que enriquece contrabandeando pedras preciosas e constrói uma rede de joalherias por todo o mundo. A trama possuiu um diferencial que não foi visto antes nas telenovelas. Na sinopse, existiam quatro personagens homossexuais que tinham tudo para

Isabela Collares

Mesmo em tempos de informação democratizada e quebra de tabus, a tradicional família brasileira ainda insiste em manter os homossexuais dentro de seus armários. retratar a categoria com uma propriedade que ia além dos clichês já explorados pela “vênus platinada”. O casal Cláudio (José Mayer) e Leonardo (Klebber Toledo) mostrariam o amor proibido entre um homem na casa dos 50 anos, casado (com uma mulher) e um jovem ator iniciante. A drag queen Xana Summer (Aílton Graça) era dona de um salão de beleza do subúrbio e mostraria a realidade de um homem que se mantém masculino no sexo, porém, tem alma feminina. E, para fechar a lista, tinha o jornalista Téo Pereira (Paulo Betti), que tinha como principal missão na vida tirar o personagem de José Mayer do armário à força. Dos quatro, o menos diferente. Durante a trama, as histórias dessas personagens foram se desenvolvendo e aos poucos, o que tinha tudo para ser uma forma inovadora de se tratar um assunto que ainda é tabu para uma parcela da sociedade se converteu em um gigantesco “mais do mesmo”. Depois da rejeição das tramas, as personagens de Aguinaldo Silva passaram por um processo de volta para o armário. Cláudio teve sua vida estampada na internet pelas mãos de Téo Pereira, se preocupou com sua reputação e voltou para os braços de sua mulher, a compreensiva Beatriz (Suzy Rêgo) que em nome de “um amor maior que tudo” fez vista grossa a traição do marido e ainda o apoiou durante os momentos difíceis. Leonardo foi abandonado pelo homem que amava e se envolveu rapidamente com uma mulher, Amanda (Adriana Birolli). Em dado momento da trama, o ator foi despejado de seu

O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Internacional Uninter Coordenadora do Curso de Jornalismo: Nívea Canalli Bona Professores responsáveis: Luis Otávio Dias e Roberto Nicolato

apartamento, entrou em depressão e virou mendigo. Xana Summer mostrou um ciúme exacerbado de sua colega de trabalho, a manicure Naná (Viviane Araújo), criticando as suas roupas curtas, as suas saídas noturnas, os homens que se enamoraram dela, em resumo: um machista tradicional vestido com paetês. Apenas ao final da trama, sem o devido planejamento verossímil que a situação exigia, Cláudio se separa da mulher e vai viver com Leonardo. E Xana Summer, que começou a trama atraída por homens, se casou com Naná para poder adotar uma criança. Os rumos dos homossexuais de “Império” mostraram que mesmo um autor que já foi militante da causa LGBT (o primeiro jornal gay do país, “O Lampião”, foi criado por ele na década de 70) pode com o tempo se render aos discursos conservadores da sociedade brasileira. Discurso que os autores de telenovelas teriam poder para desconstruir por meio de suas obras televisivas. O saldo de toda essa questão é a constatação de que em pleno século XXI a sociedade brasileira, cuja constituição é laica e assegura as liberdades individuais, ainda tem fortes limitações na aceitação do que é diferente. Paira no ar uma forte indagação: a tradicional família brasileira quer fechar as portas do armário midiático a sete chaves, porém, essa mesma família aceita tranquilamente personagens corruptos, fortes cenas de sexo entre homem e mulher e uns alavrões aqui e ali. A perda da moral e dos bons costumes realmente reside na demonstração de carinho entre duas pessoas do mesmo sexo?

Diagramação: César Marques

Uninter - Campus Tiradentes Rua Saldanha Marinho, 131

Projeto Gráfico: Cíntia Silva e Letícia Ferreira

80410-150 |Centro- Curitiba PR E-mail comunicacaosocial@uninter.com.br

Telefones 2102-3377 e 2102-3380.

Inconformados com o não cumprimento de acordos, como o pagamento de promoções e progressões atrasadas por parte do governo do Estado, os professores vão às ruas. E você, o que acha da greve? “ Jessica Barbosa, estudante de Jornalismo

“Sou favorável às manifestações. Parafraseando aquela música do Chorão, ex-vocalista no Charlie Brown Junior, que dizia que “o jovem no Brasil nunca é levado a sério”, vejo que “o professor no Brasil não é valorizado” Vanessa Sandini, secretária da coordenação de Comunicação

“Com frequência, há aumento para juízes e deputados. Com os professores, é o inverso: o pouco que é dado é retirado. Sou a favor da greve. Tá na hora do povo ver que sem educação se descontrói um país.” Daniel Yonamine, estudante de Publicidade e Propaganda

“Sou favorável à greve e acho que a questão do reconhecimento (ou a falta dele) faz muita diferença. Estudei em escola pública boa parte da vida e pude acompanhar a fase de transição daquele professor que era admirado, para o docente de hoje que, além de não ser respeitado como deveria, também é desmerecido pelos trocados que recebe no fim do mês.” Jaqueline Gomes dos Santos, estudante de Jornalismo

“Poucas categorias são tão desrespeitadas como a dos professores. Estudei em escola estadual até o Ensino Médio e sei de perto como é esta realidade.”


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PERFIL

Um jornalista à moda antiga Com 63 anos de profissão, Mazza é um dos jornalistas mais prestigiado do Estado

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Fernando

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Centro Universitário Uninter realizou a Semana da Comunicação em outubro de 2014. Um dos palestrantes mais aguardados foi o jornalista Luiz Geraldo Mazza. Em pouco mais de uma hora, ele abordou assuntos como o sotaque paranaense que, segundo ele, tem a ver com a didática dos povos que vieram morar na região; a dificuldade dos jornalistas das “antigas” para se adaptarem às novas tecnologias; e a interatividade que o novo jornalismo precisa ter para com

o público. Atualmente, Mazza escreve uma coluna diária para o jornal Folha de Londrina e faz parte da equipe que compõe o programa de rádio da CBN de Curitiba, como comentarista. Quando falamos de jornalismo político com opinião crítica e independente, podemos ter Luiz Geraldo Mazza como referencial neste segmento. O jornalista participou da primeira transmissão de televisão realizada no Paraná. Apesar de ser um profissional consa-

O senhor é jornalista há quanto tempo?

grado por suas matérias críticas e comentários, Mazza também conta com espaço para divulgar a informação em redes sociais como Facebook e em seu blog, onde apresenta diversos assuntos através de tópicos, permitindo àqueles que acessam a página o acesso ao material. Em entrevista para o jornal Marco Zero, o jornalista Luiz Geraldo Mazza comenta, explica e dá conselhos sábios para os estudantes de jornalismo que desejam trilhar o mesmo caminho desta profissão.

Quando eu estava estudando direito eu já era jornalista. Como a profissão não era regulamentada, nós tínhamos o direito de escrever. Eu comecei o jornalismo em 1950. O curso de jornalismo só existia em São Paulo. Então, era difícil sair daqui e ir estudar lá. A maioria dos estudantes de curso superior se formavam em medicina ou direito. Naquela época, o jornal não pagava. Foi o Diário do Paraná que trouxe novidades para o Estado. Como, por exemplo, a diagramação. A partir disso, as pessoas começaram a ter noções de concepções gráficas, como a construção do layout do jornal. A primeira Universidade a oferecer o curso de jornalismo foi a PUC (Pontifícia Universidade Católica). Depois, a Universidade Federal do Paraná.

Visto como ícone do jornalismo paranaense, o que o senhor acha primordial nessa profissão? Eu acho a informação, a energia. O jornalista precisa ter essa energia, essa pegada. Ele não pode começar a se abater com as primeiras decepções. Há uma ilusão no jornalismo de que se pode mudar o mundo.

Foto: David D’Visant

Sabemos que na atualidade a dificuldade em encontrar um jornalista com perfil crítico e analista é grande. Quais são os desafios em apresentar sua própria opinião? Por exemplo, uma das coisas que facilitou para o regime militar no Paraná foi a autocensura. Era regra nos jornais. Alguns jornalistas, com o tempo, conseguiram emitir sua própria opinião, como eu, por exemplo. Os jornais melhoraram o padrão. Hoje, por exemplo, o Estadão procura mostrar o contraditório das coisas. Então, é diferente, a nossa sociedade, que não cultua a autocensura. Acho a autocensura mais abominável que a censura. A censura vem de fora, o que se pode fazer? Mas a autocensura é o que você faz consigo próprio e é o que havia aqui no Paraná. E isso não era medo, era um comprometimento que a imprensa tinha com o regime militar. Por exemplo, me chamaram para trabalhar no Canal 12 e apresentar um programa de futebol, porém disseram que o meu salário seria pago pelo Tribunal de Justiça. Eu não aceitei dessa forma. Eu disse: eu sou funcionário, procurador do Estado, afastado por um ato institucional. E, dessa forma, prejudicaria o pai daquele que me fez a proposta. Havia muito comprometimento, as coisas eram muito amarradas, o que hoje, não existe na mesma proporção.

O que o motiva participar da vida e do cotidiano das pessoas, levando a elas a informação? Para mim o jornalismo é a vida. Não há nada mais existencial e que te envolva do que o jornalismo, e da maneira como nós fazemos. Eu me envolvo. Eu não preciso ir na redação, na rádio, mas eu vou. Esse é o lado melhor: colecionar afetos e essa carga de amor no dia a dia com as pessoas. Eu sou um colecionador de musas. Muitas das quais eu escrevo poemas. Quando eu fui diretor no Canal 12, ao invés de deixar flores nas mesas das minhas colegas, eu deixava um poema para cada uma. Nós temos de saber o passo que vamos dar e quais são os limites.

Deixe uma palavra aos estudantes de Comunicação Social do Centro Universitário Uniter.

Luiz Geraldo Mazza, ícone do jornalismo paranaense, concede entrevista exclusiva ao jornal Marco Zero

Firmeza, perseverança. Não se deixar abater porque nós temos um mercado complicado. Procurar estar ligado em todas as coisas novas. Estar antenado para, de repente, não ficar prescrito, pois você pode ficar para trás. Eu mesmo tenho dificuldade com internet, acho que há um exagero oculto porque deve existir um trabalho grande de seleção para encontrar qualidade nos materiais publicados. Assim, como encontramos contra informações no jornal impresso, encontramos também na internet, no rádio. E, você precisa estar atento a tudo isto. Na internet é muito fácil e rápido encontrar material. Eu trabalho com a memória, pois a internet nos habitua a fazer uma consulta rápida. A questão da memória é um exercício permanente. Hoje, as pessoas precisam ter o conhecimento na internet, mas não podem se alienar com isso.


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MODA

Editorial de moda causa discussão em redes sociais e é retirado de circulação

Revista Vogue Kids Brasil é obrigada a suspender distribuição após editorial de moda com crianças em posições sensualizadas

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s redes sociais tornaram-se palco, no ano passado, de uma discussão que envolveu uma grande revista de circulação nacional, a Vogue Kids Brasil. A edição de setembro de 2014, da revista trouxe um editorial de moda denominado “Sombra e Água Fresca”, várias crianças trajando modelitos de primavera/ verão em locações como a beira de rio. Para muitas pessoas, os modelos infantis foram expostos em posições sensualizadas e até mesmo com uma conotação sexual, fazendo com que uma liminar determinasse que a Editora Globo, responsável pela revista, suspendesse a distribuição e retirasse de circulação os exemplares. Toda esta repercussão pode ser explicada por uma teoria. “Para o antropólogo Erving Goffman, no livro ‘Gender Advertisements1, o efeito de realidade da publicidade tem a ver com a apresentação de pessoas em posturas, gestos e interações com outras figuras humanas em situações similares àquelas que vivenciamos na vida real. Este conjunto de padrões de representação é chamado de display e nos permite reconhecer e ser reconhecidos em atuações sociais. Neste caso, a posição das crianças, o olhar, a boca entreaberta e demais questões indicam uma situação de temática sexual”, explica a professora e redatora publicitária Adriana Baggio. “No livro, Goffman apresenta uma grande quantidade de anúncios para mostrar as recorrências de certos displays. No contexto de um anúncio, por exemplo, uma pessoa deitada no chão, sofá ou cama sugere o que o autor chama de “disponibilidade sexual.” Porém não foi Erving que inventou isto; o argumento dele é que na nossa sociedade este tipo de postura serve para comunicar uma disponibilidade sexual. Se verificarmos estas fotos, veremos que trazem algumas meninas nestas posições, e ainda com partes do corpo aparecendo e outros fatores que, somados, podem ter feito com que as pessoas associassem com imagens sexuali-

quada. “Seguimos princípios jornalísticos rígidos, dentre os quais o respeito incondicional aos direitos da criança e do adolescente. Como o próprio título da matéria esclarece, retratamos as modelos infantis em um clima descontraído, de férias na beira do rio. Não houve, portanto, intenção de conferir característica de sensualidade ao ensaio”, diz o comunicado. A nota ainda ressalta que a revista respeita a diversidade de pontos de vista e busca aperfeiçoar as edições. “Repudiamos, porém as tentativas de associar a Vogue Kids ao estímulo de qualquer prática prejudicial aos menores. Lamentamos que o açodamento e a agressividade imotivada de algumas pessoas tenham exposto desnecessariamente as menores que participaram do ensaio, que são nossa maior preocupação nesse episódio. A missão da Vogue Kids foi e continuará a ser a de tratar a infância com o respeito que ela merece, abordando com respeito e sensibilidade questões contemporâneas e que vão muito além dos editoriais de moda”, finaliza. Independente da intenção dos editores da revista o que é importante ressaltar são as consequências que estas imagens podem ter. As fotos trazem crianças em poses que para muitos podem não ter nada demais, mas este produto que circulará por muitos locais pode ocasionar o sofrimento e a perda da infância e inocência de muitas meninas e meninos. Este é um bom exemplo a ser analisado por todos aqueles ligados à área de comunicação, para que verifiquem com mais cuidado seus materiais de publicação. Aqueles que se interessaram podem acessar o site da ONG Fênix, www.fenixacoespelavida.org. br, onde há conteúdos voltados para o combate à violência sexual e doméstica, bem como o preconceito em relação ao HIV/ AIDS por meio da socialização de informações e do apoio psicossocial de crianças, adolescentes e seus familiares, buscando uma mediação de conflitos. O trabalho da instituição é sério e envolve profissionais em diferentes áreas, sendo uma ótima opção de pesquisa e consulta aos comunicadores. Aviso: A equipe do jornal Marco Zero não publicou as fotos mais sexualizadas divulgadas na Vogue Kids

Foto: divulgação

Mahara Paola

zadas”, completa Baggio. De acordo com a equipe multiprofissional ONG Fênix, que presta atendimento a pessoas que sofreram abusos e, inclusive, os próprios abusadores, as fotos têm e muito uma conotação sensual e forte para a idade das crianças. “Com certeza para um agressor sexual ou um pedófilo estas fotos podem e serão usadas de forma errônea por uma destas pessoas que violam constantemente o direito de nossas crianças e adolescentes”. A assistente social, Marilene Cardoso, que faz parte da equipe da ONG Fênix, denuncia que as imagens ferem os direitos das crianças e do adolescente, colocando-as em situação de vulnerabilidade pessoal e social, além de entrar em questões como trabalho infantil, despertar a sexualidade antes do tempo, confundir uma criança sobre o que é natural do que é uma possível violência. “ É triste ainda ver algo do tipo colocando nossas crianças e adolescentes na berlinda e em situação de risco”, lamenta. A equipe multiprofissional da instituição ressalta que é importante diferenciar o agressor sexual do pedófilo. Os pedófilos estruturados ou preferenciais sentem atração sexual primária por crianças, a qual se manifesta em tenra idade, abusam de muitas crianças que geralmente pertencem a um grupo extrafamiliar. Os abusadores oportunistas não são considerados clinicamente pedófilos, pois o abuso sexual ocorre por outras razões como a vulnerabilidade da vítima, cultura e abuso cometido sob o efeito de drogas e álcool. Este agressor abusa de poucas crianças, que geralmente pertencem à própria família. O abusador mostra-se muito possessivo, acusa a criança de promiscuidade, crê que o contato sexual é forma de amor filial, mente apontando outros agressores, usa de manipulação ou força física para subjugar a criança, abusa de drogas e/ou álcool, teme ser descoberto e castigado, mas não sente culpa; abusadores são pessoas aparentemente normais. Diante de toda a repercussão que o editorial de moda causou e a retirada da publicação de circulação, a revista Vogue Brasil publicou uma nota na sua página do Facebook em que afirma que jamais pretendeu expor as modelos infantis a nenhuma situação inade-

Para ONG, houve violação dos direitos das crianças.


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CIDADE

Locomoção cada vez mais complicada Deficientes visuais reclamam da falta de estrutura no centro de Curitiba Foto: Isabela Collares

Luiz Nascimento

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Acessibilidade no centro de Curitiba

Um dos maiores problemas da cidade são as estruturas da calçadas. Têm muitos altos e baixos, além de diversos obstáculos, que infelizmente estão fazendo parte da cidade”. Paulo Bueno na rua Visconde de Guarapuava. “Aqui, acredito eu, só tem por ser uma escola de cegos, se não, tenho quase certeza de que não teria nem um semáforo”, reclama o professor do instituto, Roberto de Souza Filho. De acordo com Prefeitura de Curitiba, medidas vêm sendo tomadas todos os anos, para melhorar não apenas a mobilidade, mas também a segurança dos deficientes visuais. Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, foi dada a seguinte declaração. “A faixa que foi colocada no centro da rua Quinze é um dos maiores exemplos de como a cidade vem se adaptando aos portadores de necessidades especiais, estão sendo feitas também reformas para a

remoção de obstáculos que evitariam eventuais acidentes.” No entanto, para os deficientes, a faixa é um retrocesso na orientação dos cegos, e airmam que eles não devem ficar dependentes dela, pois ela não ajuda em nada na locomoção da pessoa com deficiência.

Foto: Luiz Nascimento

e você já se perguntou como os deficientes visuais se localizam, como sabem para onde estão indo, com certeza deve saber que eles só são capazes de se localizarem graças aos planejamentos urbanos feitos na cidade. No entanto, segundo eles, o que ainda faltam são diversas mudanças que poderiam e, muito, facilitar a vida das pessoas com esse tipo de deficiência. A principal reclamação dos deficientes visuais é referente à mobilidade, pois a situação das calçadas em Curitiba ainda é muito precária. Basta andar pelo centro da cidade, que você vai encontrar buracos, reformas inacabadas ou até sem o menor tipo de sinalização, que indique aos cegos, através de algum meio sonoro, que ali é um local perigoso, o qual eles podem vir sofrer um acidente. “Um dos maiores problemas são as estruturas das calçadas, pois tem muitos altos e baixos, além de diversos obstáculos. Infelizmente isso faz parte da rotina dos deficientes visuais e pouca coisa vem sendo feita pelos órgãos públicos”, afirma o consultor Paulo Roberto Bueno. Outra reclamação dos deficientes, é o problema para atravessar as ruas da cidade, pois com a falta de sensores sonoros nos semáforos, fica difícil para eles saber quando podem ou não atravessar a rua. “Os sistemas sonoros fazem uma grande diferenças na mobilidade dos deficientes, pois nem sempre contamos com alguém disposto a nos ajudar a atravessar com segurança. É claro que temos que nos virar sozinhos em algumas situações, mas existem outras que são mais complicadas, ainda mais no centro onde o fluxo de carros é maior”, conta a estudante Maira Ludovic (18). A rua Quinze de Novembro, em Curitiba, uma das principais ruas da cidade, conta apenas com dois semáforos com esse sistema sonoro, o que vem a ser um grande desafio aos deficientes visuais. Porém, outro ponto da cidade que conta com essa tecnologia fica bem em frente ao Instituto Paranaense de Cegos,

Ônibus Quando o assunto são os ônibus da capital, quase não são feitas reclamações a esse respeito. Os deficientes visuais afirmam que os veículos e estações tubos estão bem equipados e atendem as necessidades dos cegos. Já com relação aos motoristas as opiniões mudam. “ O que está faltando é a especialização dos motoristas, que diversas vezes param os biarticulados e os ligeirinhos de forma erradas nas rampas, isso acaba causando diversos acidentes”, afirma Maria Aparecida Bueno, aposentada. Agora, se o assunto é respeito, os deficientes afirmam que são extremamente bem tratados. “As pessoas nos ajudam muito, dão lugares, nos auxiliam dentro dos veículos, nos tratam muito bem, de vez em quando encontramos alguém que não está num bom dia e acaba não sendo tão gentil, mas a maioria da população, é bem consciente”, afirma o consultor Paulo Roberto.

O ombro amigo da Adevipar A Associação de Deficientes Visuais do Paraná (Adevipar) foi fundada, em 1979, por um grupo de portadores de deficiência visual, que desejava criar uma fundação dirigida apenas por pessoas cegas e que teriam condições de defender seus próprios interesses. Nesses últimos anos, diversas reivindicações foram feitas e atendidas, como por exemplo a remoção de obstáculos no centro da cidade, leis que incentivam a adaptação do comércio para os deficientes visuais, entre outras. Como é uma instituição não governamental, não conta com o auxílio da prefeitura ou do go-

verno do estado. Para arrecadar fundos, realiza campanhas para arrecadação de dinheiro, além de promover trabalhos realizados pelos próprios integrantes da associação. A Adevipar também tem sua participação no esporte, com um time de futebol que disputa campeonatos estaduais, regionais e nacionais. Além disso, promove assistência familiar aos portadores de deficiência visual, como auxílio odontológico, substituição de bengalas, distribuição de cestas básicas, leite para as crianças, roupas, calçados, medicamentos, entre outros.


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ESPECIAL

Lendas nas alturas

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Perussolo

Chimendes

Edifício abriga centro comercial e residencial em Curitiba, co moradores e profissionais dividindo histórias e lendas urbana

A vista daqui é a melhor da cidade” enfatizou a senhora V., no momento que perguntei sobre como era morar no décimo quinto andar do Edifício ASA. Quando nos conhecemos eu pensei: Fernanda Montenegro! Certamente a senhora V (que gosta de ser chamada de senhora V. ao invés de Verônica Sula de Souza) possui muitas semelhanças com o olhar premeditado da famosa atriz brasileira. Mas o que costumava responder soava aleatório, como se buscasse nas minhas questões outras respostas, para outras perguntas que não tinham nada a ver com o meu objetivo. Sua postura era delicada. Usava uma bengala Carci tipo T com um pingente pendurado no bastão: um anjo com pequenas asas que só aumenta a ironia por trás de sua residência. A senhora V. olhava sorrateiramente para o meu bloco de anotações quando finalmente respondeu: “Algumas pessoas nascem para morar em fazendas ou casebres, eu nasci para morar no décimo quinto andar do ASA”. O Condomínio Edifício ASA é caracterizado como um dos pontos de referência no centro de Curitiba, capital do Paraná. Sua arquitetura sutil é resultado dos anos 50, quando sua construção foi finalizada. Ele foi o primeiro edifício comercial e residencial da cidade e foi inaugurado com 413 apartamentos. Estima-se que, por dia, circulem mais de quatro mil pessoas. Infelizmente a planta original se perdeu por conta de processos e ainda hoje não se sabe quem foi o arquiteto responsável pela construção. Além de moradores e comerciantes, o ASA abriga histórias e lendas urbanas. A senhora V. se apressa ao contar sobre a Noiva Loira do Asa: “Ela foi abandonada no altar e se jogou do último andar, e o vestido que antes era branco ficou vermelho, virou espírito”. Alguns moradores, segundo ela, juram que a veem vagando pelo prédio. Apesar dessas lendas, o ASA ganhou fama por abrigar histórias reais de suicídio, apesar de pouco divulgado na imprensa local. “Tem histórias bem conhecidas, como a da moça do xerox, de um paciente psiquiátrico e de um advogado depressivo”, relatou a senhora V.

Em 2005 o Jornal do Paraná divulgou uma nota breve sobre um suicídio de um jovem de 20 anos, com o título “Despenca do Asa”. O texto descreve que o jovem se jogou do 20º andar e o que mais chamou a atenção foi o barulho dos vidros da janela e o grande estrondo que ecoou pela rua do edifício e impressionou os transeuntes que passavam na praça Osório.

Algumas pessoas nascem para morar em fazendas ou casebres, eu nasci para morar no décimo quinto andar do ASA” Veronica de Souza Outro detalhe interessante fica por conta do elevador. “É assustador” confessou Letícia Miranda, uma das pessoas que frequentam do ASA (estava com consulta marcada há três semanas com um dentista). “Ele faz um barulho muito alto e costuma tremer um pouco quando sobe” concluiu. Mas o macabro não fica restrito a máquina que sobe e desce do prédio, alguns corredores são escuros demais e lembram um cenário soturno de filmes de suspense. “Isso é coisa de quem não está acostumado” rebateu a senhora V. sobre o visual triste do ASA. “São tantas pessoas entrando e saindo que o prédio que mais parece um animal feroz do que uma mariposa medonha”. Ela se apoiou na bengala e levantou rapidamente: “Olha ali, o que você faria com uma vista dessa?” apontando para a janela. Eu me aproximei do vidro e atravessei os olhos pela luz branca e forte da manhã de sábado. A vista realmente era linda: a senhora V. ganhava todo dia uma paisagem tranquila do centro, incluindo a Boca Maldita, o Bondinho da Leitura e os artistas da rua XV. Fiquei imaginando o que ela deveria ter visto de mudanças e eventos ali durante os mais de 20 anos de estadia e perguntei: “Já viu muita coisa por aqui?”. Desta

Lateral do Edifício ASA. No t

vez ela respondeu rapidamente e com uma convicção estarrecida: “Já, e você não tem ideia”.

A rotina do ASA Renata Camargo, 28 anos, trabalha como assistente administrativo do Edifício ASA há cinco meses. Ela foi convidada pelo responsável de uma imobiliária que ganhou a eleição para síndico. A princípio era para ser um trabalho temporário, “mas fui ficando, fui ficando e acabei me identificando com a função”, afirmou Renata. Suas funções são as mais variadas, ela realiza desde o fechamento das folhas de pagamento dos colaboradores, até orçamentos, balancetes, prestação de contas, entre outras atividades administrativas. Seu contato diário é com os fornecedores, com a equipe de administração

que produz o folheto de condomínio e com os condôminos, tanto da área comercial, quanto residencial. Como administradora, Renata descreveu a rotina do ASA, como “bem agitada durante a semana”, devido ao grande volume de pessoas que circulam, principalmente na área de comércio do prédio. E no final de semana, enfatizando o domingo, resta apenas a movimentação dos moradores. Sobre assuntos atípicos, que fogem da rotina comum do edifício, ela afirmou que vivenciou diversas situações. Contou sobre a história de uma velhinha que possui cerca de dez cachorros em seu apartamento. Quando questionada se seria permitido pelo regimento interno do prédio ter essa grande quantidade de animais, ela sorriu e disse: “essa senhorinha mora aqui há muito tem-

po, foi uma das primeiras moradoras desde que o prédio foi construído, então a gente releva, por que ela é idosa e não tem família”.

O prédio é muito moderno, mas está mal cuidado” Renata Camargo Pelas regras internas é permitido até dois animais de pequeno porte. Com isso, chega até Renata muitas reclamações devido à quantidade de cachorros num único apartamento, mau cheiro e barulho dos animais. Mesmo com alguns constrangimentos, foi notável o carinho que a assistente administrativa teve ao citar a tal velhinha. Devido às histórias de horror que rondam o Edifício ASA, perguntei a Renata qual seria a opinião dela


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Foto: Divulgação

Paula Vilas Boas

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Os prós e contras do ASA Morar em um dos maiores edifícios do centro de Curitiba tem diversas vantagens, mas também pode trazer alguns incômodos para seus moradores. Fabio Luiz Duarte Filho mora e trabalha no ASA. Ele contou um pouco sobre as vantagens e desvantagens de se morar no prédio.

Porque você escolheu o ASA? Teve algum motivo especial? Porque eu queria morar no centro, por questão de segurança. Já morei em outros bairros em Curitiba, mas também já havia morado no centro, e eu gosto muito do centro, prefiro aqui.

Quais são as principais vantagens de se morar no centro, e ainda mais no seu caso, em que mora e trabalha no mesmo edifício? Vantagem é ter tudo à mão e facilidade de locomoção. Se você mora no centro você não depende de carro, e mesmo quando você precisa de ônibus, tem acesso a qualquer dia e qualquer horário, tudo perto.

E as desvantagens? Panorâmica do Edifício ASA Foto: Natanael Chimendes

Estacionamento. O edifício ASA é um prédio que não tem estacionamento. Temos estacionamento a 100 metros, mas pelo fato de eu ter criança, isso acaba me incomodando. O estacionamento não tem nenhum convênio com o edifício, e nós acabamos locando, mas isso causa um pouco de transtorno, ainda mais pelo fato de ter criança.

E a questão do barulho e da segurança? Pelo prédio estar localizado em uma praça muito movimentada, isso é um problema? Por incrível que pareça não temos problema com o barulho. E eu acho que por ser um edifício comercial e residencial, até para que as pessoas não se confundam na hora de pegar um elevador e tudo mais, o residencial tem chave nos elevadores. Por uma questão de segurança, alguns moradores colocaram grade nos andares, não é em todos, depende do morador. No meu andar tem, mas nunca trancamos.

Compraria um apartamento aqui? Não compraria por uma questão: estacionamento. Como eu já havia falado, por causa do meu filho, é muito complicado.

total, são 431 apartamentos

ocupa, pretende ajudar a cuidar melhor do edifício e se dedicar a dar continuidade nessa história tão rica para a cidade de Curitiba.

Idas e vindas Alguns andares abaixo de onde mora a senhora V, trabalha Fabrício Costa, o dentista que recebeu Letícia naquele sábado ensolarado. Fabrício disse que escolheu o centro para o seu consultório pois era o “melhor lugar para todos os clientes virem tranquilamente, sem precisar ficar falando toda vez o trajeto até eles acertarem”. Diferente da cliente, o dentista não se intimida com o edifício. “Eu gosto, tem uma tranquilidade que me faz lembrar de uma Igreja, onde várias pessoas circulam quietas mas que possuem a certeza de onde estão indo ou voltando”, contou.

Sobre idas e vindas, ninguém melhor para contar um pouco do que a ascensorista do ASA. Entretanto quando abordada no elevador ela disse envergonhada: “Tenho vergonha até de tirar foto, não consigo conversar com ninguém que passa aqui, somente aqueles cumprimentos comuns, sabe”, mexendo os dedos recém-esmaltados de vermelho vivo. Nessa hora eu já estava de saída, mas a ascensorista, que se chamava Wanda, fez um ‘psiu’ com a boca e perguntou com uma certa alegria no rosto: “Você já foi falar com a senhora Verônica? Ela mora no décimo quinto andar e adora se orgulhar da vista, diz que é a melhor da cidade, uma figurinha do...”, mas antes que terminasse a frase as portas do elevador se fecharam, resguardando Wanda, a assistente Renata, a senhora V. e todas as histórias burlescas e envolventes do ASA.

Fotos: Divulgação

sobre o assunto, se teria medo ou se acredita não passar de lendas repassadas por anos. Diante da questão, ela deu uma risadinha irônica e disse: “Quando eu comecei a trabalhar aqui, as tias da limpeza me contaram sobre a história da noiva que se suicidou, e ainda disseram que já viram algumas coisas. Mas eu nunca vi nada”, brincou, afirmando não acreditar nessas histórias. Apesar do pouco tempo trabalhando no ASA, a administradora descreveu o edifício como uma relíquia, principalmente por estar envolvida com documentos antigos escritos a mão, fotos e objetos históricos que ainda estão arquivados lá. Depois de conhecer a trajetória do edifício ela se envolveu muito. Em sua concepção mesmo sendo antigo “o prédio é muito moderno, mas está mal cuidado”, lamentou. Renata Camargo com o cargo que

Renata Camargo, assistente administrativo do ASA

Detalhes do Edifício na época que estava sendo construído, em 1953 e 1955.


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ESPECIAL

O edifício que não parou de

A descrição em palavras do sonho de um homem à fre

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utubro de 1929. O silêncio nas ruas norte-americanas, contraditoriamente, ecoa aos quatro cantos do mundo. A nova e mais cruel crise econômica da história requer que a humanidade entre em recessão e traz como consequência uma década repleta de dificuldades. Três anos antes, Moreira Garcez, engenheiro e então prefeito de Curitiba, dá início à construção do primeiro arranha-céu da cidade, inicialmente projetado para abrigar um hotel de luxo. A Rua XV de Novembro mais parece um formigueiro em meio aos bondes elétricos e à circulação de centenas dos quase 79 mil habitantes na época. Ali, no centro da capital paranaense, instalava-se o futuro primeiro arranha-céu do Sul do país, atrás, apenas, do Edifício Martineli, em São Paulo e do prédio do Jornal O Dia, na capital fluminense. Garcez, considerado pelo jornalista Aramis Millarch um dos transformadores da história urbanística e política de Curitiba, imaginava ali, uma cidade que ficasse mais próxima da realidade das metrópoles São Paulo e Rio de Janeiro, já reconhecidas no meio arquitetônico brasileiro. Ana Costa, bisneta do visionário, diz que ele era um homem à frente do seu tempo. “Ele foi muito criticado, mas também elogiado devido à sua decisão”, explica, relacionando as ideias inovadoras do bisavô. O engenheiro não só imaginou como deu o pontapé inicial para o começo da obra. Para isso, foi necessário solicitar à prefeitura da cidade, coincidentemente administrada por ele, uma autorização para que pudesse, assim, iniciar a construção do Edifício Garcez, como é conhecido até hoje. “Ele achava que ter um edifício seria um passo para essa modernidade que Curitiba pretendia alcançar”, comenta Ana, ao falar da visão do bisavô a respeito da cidade que hoje comporta quase dois milhões de habitantes. O então prefeito contratou os serviços da Companhia Construtora Nacional S/A do Rio de Janeiro para a realização da obra. A princípio, o edifício contaria com apenas cinco andares, construídos com troncos de eucaliptos e toneladas de

ferro e cimento vindos da Alemanha. Em sua estrutura, trilhos ferroviários foram utilizados, compondo um porão jamais utilizado a cerca de quatro metros abaixo do nível da rua. Por falar em rua, o prédio surgiu e adquiriu fama antes mesmo da rua XV de Novembro, que só viria a ser idealizada por Jaime Lerner mais de 40 anos depois. Com o passar dos anos, houve a necessidade de ampliar ainda mais a estrutura da obra, que acabou se tornando um prédio comercial. Por volta dos anos 1930, o prédio chegou a ser sede do Consulado da Alemanha no Brasil, que ainda hasteava a bandeira nazista, e da Federação Paranaense de Futebol (FPF).

Ele achava que ter um edifício seria um passo para essa modernidade que Curitiba pretendia alcançar” Ana Costa Feito histórico de Moreira Garcez, o edifício marcou a vida de muitos curitibanos, como Dioneia Santos, que lembra do prédio dos tempos em que seu pai lá trabalhava como contínuo, por volta de 1957. “Na época do carnaval, como meu pai tinha todas as chaves dos escritórios, ele era autorizado a levar a família no terceiro ou quarto andar, não lembro bem, para assistir toda a festa de carnaval lá das janelas. Nossa! Como era divertido”, conta, com tom de saudade. As marchinhas com letras inocentes, segundo Dioneia, remetem a um passado em que Curitiba e sua população eram por ela consideradas mais puras. Anos mais tarde, Julio Takuarai tornou-se um dos comerciantes do Edifício Garcez, na década de 70. Professor e proprietário de uma academia de ginástica que funcionava no terceiro andar do edifício, Takuarai conta que durante 11 anos fez parte da história do famoso arranha-céu da capital paranaense. “O local era excelente, muito movimentado por ser na re-

A fachada do edifício é composta por traços abrasileirados de art-déco


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e crescer

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Janile

Ligia

Rafael

Ramos

Santos

Giuvanusi

ente do seu tempo Fotos: Divulgação

gião central da cidade”, relembra Takuarai. Segundo ele, na época o prédio era repleto de galerias e lojas, além de muita gente interessada em alugar espaços no Garcez devido à fama e por ter se tornado um ponto de referência na cidade. “Assumi a academia em 1970 e fiquei lá até 1981”, declara. De acordo com o comerciante, só saiu do local porque o edifício foi vendido e o aluguel das salas ficou muito caro. “O aluguel subiu depois que compraram, e impossibilitou que alguns comerciantes permanecessem alugando os espaços”, conta, fazendo referência ao Grupo Hermes de Macedo, dono da propriedade até hoje. Ao longo dos mais variados períodos de construção, o idealizador do projeto, Moreira Garcez, tentou elevar ainda mais a altura do edifício. Para isso e para concluir, de fato, a obra, precisou recorrer a empréstimos de Izabel Gomm e Julio Garmater, ricos empresários da época. Uma suposta explicação para o aumento da altura do prédio foi que, segundo determinação de uma lei, o edifício mais alto da cidade não precisaria pagar impostos. Após os anos 80, ele foi vendido ao Grupo Hermes Macedo – que decretou falência em 1989 - e passou por uma reforma. Porém, algumas características da obra anterior foram mantidas, como as escadarias de mármore, os elevadores e o hall de entrada. De acordo com o Acervo Histórico de Curitiba, o edifício foi decretado como Unidade de Interesse de Conservação, devido ao seu potencial histórico em relação à cidade. Em 2003, de acordo com informações do Grupo Uninter, a Prefeitura Municipal de Curitiba concedeu a então Facinter um alvará de funcionamento para o uso educacional do edifício. De acordo com a Coordenação do Patrimônio Cultural do governo do Paraná, a obra do Edifício Garcez só foi finalizada 13 anos após seu início. Entretanto, o engenheiro, que vislumbrava ver uma cidade cosmopolita a partir de seu empreendimento, morreu em 1957, antes mesmo de presenciar seu sonho se tornar realidade. Além de não poder imaginar que seu feito histórico ainda estava muito longe de tocar o céu.

Já na década de 1930, Curitiba contava com sua famosa “Cinelândia” com cerca de 13 cinemas. Um deles, o Cine Palácio, ficava no Garcez

Edifício enquanto sede do Consulado da Alemanha, ainda nazista

Moreira Garcez

O que não contaram sobre o primeiro prédio de Curitiba > Considerada a primeira construção de concreto armado da capital paranaense;

> Foi sede do Cassino Ahú, quando cassinos ainda eram permitidos no Brasil;

> Ao lado do Palácio Avenida, tornou-se o primeiro edifício de apartamentos de escritórios de Curitiba;

>Sede do Clube Curitibano, hoje, no bairro Água Verde;

> Em 1928, durante a construção do prédio, várias pessoas ficaram feridas e algumas morreram em um acidente após forçarem a passagem por um pontilhão de madeiras que dava acesso ao Cine Theatro Palácio;

>Seu estaqueamento foi feitocom troncos de madeira e óleo cru, para que não apodrecessem; >Atualmente, a capital paranaense possui o décimo prédio mais alto do Brasil. O Universe Life Square possui 47 andares, 39 a mais que o primeiro arranha-céu da cidade;

> O edifício Sampaio Moreira foi o primeiro arranha-céu do Brasil, com 12 andares, em São Paulo. Em 1934, seu posto foi ocupado pelo edifício Martinelli, com 30 andares. >O edifício surgiu dois anos após a inauguração da primeira emissora de rádio do Paraná, a Rádio Clube Paranaense.


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CIDADE

Domingo no centro de Curitiba

Ideias para desfrutar o que a capital paranaense oferece Domingo é o dia do pijama?

Thais Choma

Domingo não é dia para ser feliz? Você acha que porque muitos comércios no centro da cidade estão fechados aos domingos, o dia é monótono? Pois você está enganado, e fizemos um roteiro super bacana e cheio de opções diferentes que vão fazer você mudar de ideia sobre o Domingo no centro da captal paranaense.

Manhã na feira Acordando cedo ou não deixe a preguiça de lado e venha aproveitar a feira livre da Praça 29 de Março, que tem seu atendimento a partir das 08h até ao 12h30. As crianças e os animais de estimação podem aproveitar do espaço que a Praça oferece para correr e brincar. Enquanto os adultos dão uma voltinha e podem comer o famoso pastel de feira ou experimentar as frutas diversas e queijos frescos que os feirantes comercializam.

Almoço no Largo da Ordem Não é somente em Santa Felicidade que você encontra bons restaurantes na capital paranaense. A região do Largo da Ordem é recheada deles. E você pode encontrar diversidades de comidas típicas que vão desde a polonesa, mexicana, árabe, alemã, entre outras. E após o almoço, você pode dar uma voltinha na famosa feirinha do Largo da Ordem onde se encontram barracas com artesanatos, quadros, relíquias, lembrancinhas entre outros tipos de diversão e cultura e entretenimento.

Sorvete na Praça do Redentor ou um café musical na Rua São Francisco? Praça do Redentor. Esse nome não lhe parece familiar, mas se a chamamos de Praça do Gaúcho você já consegue se localizar, não é mesmo? Famosa por abrigar a sorveteria do Gaúcho, fundada em 1955, é ponto tradicional onde as pessoas de todas as idades vão à procura do famoso sorvete. Não muito longe dali, nas esquinas da Rua São Francisco e Presidente Faria temos a Praça de Bolso do Ciclista, que foi construída por um grupo de voluntários em parceria com a prefeitura de Curitiba. Aos domingos, os comerciantes do local e pessoas voluntárias promovem vários eventos. A Rua São Francisco é fechada para automóveis e é tomada por jovens e crianças que vão lá escutar música, tomar um café, jogar conversa fora. É um espaço novo de convivência para as pessoas.

A noite pode ser tranquila ou cheia de ritmos A noite está apenas começando e você pode terminar seu dia com um jantar tranquilo ou apenas um chope nos vários bares concentrados próximo ao bondinho da Rua XV de Novembro ou quem sabe uma boa peça de teatro. Há vários teatros localizados no centro da cidade, seu principal é o Teatro Guaíra que fica na Praça Santos Andrade. E se você tiver muita disposição, que tal dançar um forró na tradicional Sociedade Beneficente 13 de Maio, que fica localizada na Rua Desembargador Clotário Portugal? A casa abre a partir das 20h30 e o baile termina a 01h de segunda-feira.

E assim fechar seu domingo nada monótono


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COMENTÁRIO Por um mundo com mais pernas de fora e menos machismo!

@TÁ NA WEB Isabela Collares

Foto: Divulgação

Clássico tem espaço de sobra na web Em dezembro de 1993, estreou o filme “A lista de Schindler”, dirigido por Steven Spielberg. Marco na história do cinema, o longa conta a vida de Oscar Schindler, um empresário alemão que salvou a vida de mais de mil judeus no holocausto. Sucesso de bilheteria e ganhador de 7 Oscars, o filme é sempre uma boa opção. Mas antes de ver a trama completa, vale assistir a breve análise crítica do longa na web.

http://www.youtube.com/watch?v=A99_MiXqucU

Campanhas que valem a pena ver de novo Foto: divulgação

C

omeço meu texto dizendo que não, eu não sou uma feminista nata, mas fico indignada com as palavras que saem da boca de um homem machista. E digo mais, de um homem machista e que acredita fielmente que uma mulher deva se submeter a utilizar roupas “comportadas”, para que ela seja respeitada e então aceita nesta sociedade também machista. Não, eu não sou obrigada queridinho! Como também não sou obrigada a aguentar olhadas, “cantadas” e palavras chulas. Ah, não posso esquecer do item principal: eu não sou obrigada a usar roupas que cubram-me da cabeça aos pés. Nada contra quem usa, longe de eu querer criticar a religião ou opção de vestir de alguém, mas qual o problema do mundo? Do século? Em pleno ano de 2015 e ainda ouço homens dizendo que a mulher, que usa vestimentas com decotes às vezes extravagantes ou até mesmo uma mini saia, está pedindo para ser estuprada. Oi? Vou repetir caso você não tenha compreendido: O homem disse que a

Foto: divulgação

Jéssica Barbosa

mulher pede para ser es-tu-pra-da a partir do momento que ela faz uso de roupas que mostrem mais o seu corpo! O belo corpo da mulher brasileira. Para este ser existente na terra eu digo: não! Você está errado! A mulher é livre e muito independente para ficar usando as roupas que lhe são impostas. O corpo também é nosso, e se eu decidir que hoje vou vestir aquela saia curta que estava guardada há tempos no meu armário, sim, eu vou usá-la e não, não estou me insinuando para ninguém. Por fim, homens e mulheres (existem mulheres machistas), o meu recado é: parem de reparar na indumentária do outro: nós somos livres! Você é livre! Mulheres, por favor, ousem mais, arrisquem mais. Não tenham medo de experimentar uma calça mais justa, ou um vestido curto por exemplo. Eu tenho fé, muita fé, que um dia andaremos pelas ruas da cidade com qualquer roupa e tamanho sem ter aquela preocupação com olhares repreensivos das senhoras, aquelas cantadinhas que não têm um pingo de respeito e os comentários depreciativos dos homens. Um grande beijo, de uma Mulher que gosta de mostrar as pernas e é amante do bom e velho batom vermelho!

Com exceção do dia das mães, o natal é a data que mais dá trabalho (e dinheiro também, diga-se de passagem) para o povo da publicidade. Campanhas regadas a um forte apelo emocional invadem todas as mídias, dando aquela “forcinha” na hora de incentivar o consumidor à compra. Agora, capitalismo selvagem a parte, há campanhas memoráveis (os nascidos nas décadas de 70 e 80 entendem bem o que estou escrevendo) que valem a pena “ver de novo”. A do Banco Nacional, com o coral de crianças, é uma delas.

http://www.youtube.com/watch?v=n4TO-0tQiRY


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ENSAIO FOTOGRÁFICO

O caos social

Não sabemos seus nomes, suas histórias ou que os motivou a tomar o rumo que tomaram. O que sabemos é que a dor, o sofrimento, a euforia, o descaso, fazem parte do que lhes resta de suas vidas. O crack se tornou uma epidemia sem controle, disseminada na sociedade e está muito longe de uma cura. Mas e eles? Eles estão por aí, basta olhar.

Choma

Jânio Bernardino


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